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TRANSPORTES
DEC 1981
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Coleção MAUA
1 -
ANTONIO JOSÉ ALVES DE SOUZA - Paulo Afonso
2 -
LUCAS LOPES O Vale do São Francisco
3 ABC DOS TRANSPORTES Humberto Bastos
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UMA POLÍTICA
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DEC 1981
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Coleção MAUA
1955
- 7
Estuda ainda o autor os dispositivos constitucio
nais e a estruturação administrativa dos transportes
nacionais, mostrando que falta presentemente um ór
gão coordenador dos mesmos, órgão já previsto, aliás,
pelo poder Executivo que propoz ao Congresso a cria
ção do Conselho Nacional de Transportes, com esse
objetivo. Faz do projeto uma crítica elevada, louvan
do-o de um modo geral .
Aprecia também o papel desempenhado pelo sis
tema de transportes na questão da segurança nacional
e mostra que a respectiva rêde deverá atender, em
tempo de guerra, à sobrecarga imposta pelas operações
militares, à movimentação de tropas e material bélico
e, simultâneamente, ao funcionamento eficiente da eco
nomia interna. Justifica, assim , a colaboração militar
no planejamento e no funcionamento harmônico dos
transportes.
Como síntese de sua exposição o autor conclui por
uma “ Política Nacional de Transporte”, que define,
sujeita a nove Diretivas, das quais só se poderá dis
cordar da última, sujeitando o seu financiamento à
constituição de um fundo único que seria distribuido
para custear a construção e o funcionamento dos di
versos meios de transporte.
Com efeito, cada meio de transporte obtém re
cursos de modos diferentes, ligados à sua natureza e
tradições. Assim a navegação e as rodovias em geral
taxam as mercadorias pada pagar as despesas de cus
teio, de conservação e de amortização do veículo, ca
bendo ao Estado os encargos de construção, melhora
mento, e conservação das vias. Só em casos muito par
ticulares as vias são concedidas a particulares que as
8
constroem e exploram , cobrando para isso taxas de
pedágios. Quanto às estradas de ferro são em geral
objeto de concessão a empresas particulares que co
bram fretes sobre as mercadorias visando amortizar o
capital empregado na construção e no equipamento e
cobrir as despesas de conservação e custeio . Mesmo
na concepção moderna de que o transporte deve ser
considerado um serviço público e, portanto , fora de
qualquer preocupação de lucro, as ferrovias são ainda
tidas como auto -suficientes, do ponto de vista finan
ceiro . A tentativa da criação entre nós de um Fundo
Ferroviário , nos moldes do Fundo Rodoviário que tan
tos benefícios tem prestado, fracassou como inexequi
vel.
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1
I
13
maneira que a vista reage diante de instantâneos tomados ha
alguns anos, sofremos o impacto dessa mutação ao compul
sarmos dados relativos à vida nacional, velhos de sòmente
um decênio.
Em 1940 , pela aplicação de leis matemáticas à demo
grafia, foi previsto que a população brasileira em 1950 seria
de 49,5 milhões de habitantes e a apuração do censo de 1950
mostrou que éramos pràticamente 52 milhões ou seja, mais
5 % do que o estimado; e isto se verificou justamente no de
cênio em que as condições criadas pela conflagração mun
dial reduziram a imigração estrangeira aos níveis absolutos
mais baixos dêste século. Finalmente, nesse mesmo decênio,
a nossa população apresentou um crescimento de cerca de
25 % .
Nos diversos setores da atividade econômica, a despeito
do fenômeno inflacionário quase endêmico, e de crises como
a que ora atravessamos, é igualmente manifesta essa tendên
cia ascencional . Inicia-se e desenvolve-se a produção nos se
tores básicos que formarão os alicerces de uma futura potên
cia industrial . Tomando-se como referência o ano de 1939,
verifica -se que, em 1950, a produção alcançava o índice de
240 , atingindo mesmo o elevado índice de 594 nas indústrias
básicas de metal . Instalou-se a grande siderurgia e a produ
ção nacional já atingiu a cota ponderável de 1 milhão de
toneladas anuais sem que cessassem as importações, as quais
só não aumentaram devido à carência constante de divisas;
igual panorama se verifica na situação do cimento apesar da
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produção já haver ultrapassado à casa dos dois milhões de
toneladas.
Na agricultura, esse crescimento tem sido menos acen
tuado, limitando -se a produção a acompanhar, a grosso modo,
o ritmo de crescimento da população, exceto quanto ao trigo
onde a produção "per capita " tem aumentado, pode-se dizer,
continuamente .
Não é, porém, sem óbices e dificuldades que este pro
gresso está sendo conseguido. Na verdade, devido a presen
ça atuante de fatores de natureza diversa, ele não se tem
processado de maneira harmoniosa, de uma forma uniforme
para todas as atividades. Alguns desses fatores podem ser
considerados como naturais e resultantes dêsse mesmo cresci
mento desordenado, enquanto outros são francamente artifi
ciais e resultam frequentemente da excessiva intervenção do
Estado que, a miúde, tem tumultuado certas atividades eco
nômicas e sociais em vez de ordená- las e discipliná-las em
proveito da coletividade.
Esse apanhado rápido de alguns aspectos característicos
da realidade brasileira aos quais se aliam a enorme exten
são territorial e as possibilidades do solo e do subsolo, já nos
permitem antever o grande desenvolvimento que poderá ser
atingido em um futuro próximo.
Simultaneamente, a simplicidade dos números está a mos
trar a necessidade do emprego de novos padrões de gran
deza, mais elevados, no trato dos problemas nacionais; as
soluções desses problemas tornam -se, dia a dia, mais comple
xas e, principalmente, mais dispendiosas.
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E, nesse panorama, dois problemas avultam e represen
tam na atualidade autênticos pontos de estrangulamento da
economia brasileira: transportes e energia. Ambos dizem res
peito a este estudo. O primeiro, de uma forma direta, e o se
gundo, pelos seus reflexos sôbre aquêle.
* *
16 -
Como causa extraordinária, que contribuiu poderosamen
te para o agravamento da situação atual, é preciso que men
cionemos a quase completa estagnação verificada no decênio
que antecedeu à última conflagração mundial e durante o
qual pràticamente nada foi feito. E, para coroar ésse decê
nio , as exigências do período da guerra produziram o desgaste
exagerado do material, em sua maioria velho e obsoleto, e
conduziram à situação calamitosa com que iniciamos o após
guerra .
Esforços têm sido feitos no sentido de melhorar a situa
ção e alguns resultados têm sido conseguidos. Muito resta, no
entanto, por fazer.
Apesar de tudo, crescem em rítmo constante as quanti
dades de cargas transportadas e grande parte dêsse aumento
tem sido conquistado pelo transporte rodoviário; o transporte
aéreo, por suas características peculiares, tem apresentado
desenvolvimento espantoso e já se assenhoreou de importante
parcela do tráfego de passageiros.
Para enfrentarmos esta situação é indispensável a fixa
ção de uma Política Nacional de Transportes. Tal política de
verá abranger, num todo harmonioso, todos os fatores que
atuam neste importante problema, estabelecendo diretrizes e
prioridades na realização de obras de modo a atender não
sòmente as exigências do presente mas também prever para
o futuro. E, para execução de tal política, necessário se faz
a existência de um órgão central, com funções não apenas
coordenadoras mas, de certo modo, executivas.
O Plano de Viação Nacional de 1934 e o Plano Rodo
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viário de 1944 representam um grande avanço no assunto;
não basta porém traçar as vias de comunicações, é preciso
que seja fixada uma orientação para sua execução, sob todos
os seus diversos ângulos, ao mesmo tempo deixando margem
à necessária flexibilidade.
O Plano de 1946, ora no Congresso Nacional com subs
titutivo apresentado pelo falecido deputado Engenheiro Edi
son Passos, tem essa característica de maior realismo . Uma das
suas grandes vantagens é a criação do Conselho Nacional
de Transportes, o órgão central a que vimos de nos referir,
como elemento coordenador e planejador no mais alto esca
lão governamental .
A fixação dessa Política exige a apreciação de todos os
fatores que atuam no problema, alguns dos quais vêm de se
mencionados.
Esses fatôres podem ser assim agrupados:
a ) Fatôres geográficos compreendendo o estudo do meio
físico, em busca das linhas naturais de circulação, e as carac
terísticas econômicas e demográficas das diversas regiões do
país;
b ) Fatores materiais que abrangem as questões relativas
aos investimentos, aspectos técnicos das diferentes vias e meios
de transportes, o problema da energia propulsora e a impor
tância de uma maior participação da indústria nacional ;
c) Fatores políticos onde grupamos como o Governo Fe
deral deverá agir no sentido de assegurar a execução de uma
Política Nacional, a necessidade de interligação entre núcleos
de população dispersos pelo território nacional e os centros
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político -administrativos e a importância de ligações do nosso
sistema com o de outros países, e
d ) Fatores militares, isto é, sob que formas as exigên
cias da Segurança Nacional deverão influir em tal Politica.
A presença desse conjunto de fatores heterogêneos deixa
claramente antever toda a complexidade do problema, face
à existência de interesses vários, muitas vezes conduzindo a
soluções divergentes e dificilmente conciliáveis. Entretanto,
dentre todos, avulta a necessidade de satisfazer aos interêsses
econômicos e a eles daremos a primazia pois, de uma forma
ou outra, dêles derivam as soluções dos demais.
É necessário estudar o problema de maneira metódica e
racional para que seja possível chegarmos a conclusões que
satisfaçam a requisitos mínimos de adequabilidade e exequi
bilidade . Para isso, adotaremos o método cartesiano; será o
problema fracionado em tantas partes quantas se fizerem ne
cessárias, procurando em cada uma delas as conclusões par
ciais a que o estudo conduzir. A interdependência natural en
tre as diversas partes nem sempre permitirá uma aplicação
aparente do método cartesiano que será, então, obedecido
mais no seu espírito do que na sua forma ; igualmente, muitas
vêzes aquelas conclusões parciais se entrechocarão sendo ne
cessário confrontá- las e refazê- las de acórdo com os propó
sitos em vista .
Como é fácil de deduzir, essas conclusões parciais consti
tuirão soluções para problemas parciais ou complementares.
Do conjunto dêsse estudo decorrerá a POLITICA NACIO
NAL DE TRANSPORTES expressa em têrmos genéricos condi
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zentes com a amplitude do problema; aquelas conclusões par
ciais representarão os princípios e normas de ação ou seja
as parcelas formadoras de todo que serão, então: enunciadas
como DIRETIVAS .
-
20
.
II
21
morfologia geográfica. A influência determinista do fator geo
gráfico, entretanto, conquanto ora apresente facilidades, ora
limitações sérias à circulação, não tem um caráter puramente
estático .
O vertiginoso desenvolvimento da técnica aliada à ciên
cia, que constitui característica dominante da nossa época,
permite que obices sejam vencidos, obstáculos removidos e,
algumas vezes, seja alterado o próprio aspecto do meio físico .
Dentre essas alterações se destacam, pela sua projeção mun
dial , a abertura dos canais de Suez e Panamá.
A técnica concede ao homem um poder cada vez maior
no sentido de enfrentar as limitações criadas pela natu
reza, modificando e disciplinando o meio de modo a melhor
utilizá -lo em proveito próprio e em função de interesses poli
ticos, econômicos ou militares.
Apesar dessa capacidade que o homem de hoje possui,
ainda é extraordinária a influência da geografia como fator
condicionante no estabelecimento de vias de comunicações
injunções de natureza econômica, ou melhor, relacionadas
com os custos de construção das vias de comunicações e de
operação dos meios de transporte que delas se utilizam, desa
conselham e, mesmo, tornam proibitivas determinadas soluções
destinadas a vencer obstáculos naturais.
Nasce daí a necessidade de que preliminarmente seja
apreciado o meio físico.
" Em nenhum setor, mais do que na utilização das linhas
naturais de circulação, se relacionam os fatos humanos e as
expressões geográficas.
22
Pelo equipamento daquelas linhas em vias de comunica
ção, pelo judicioso emprego dos meios de transportes, é que
se manifestam as atividades sociais, econômicas e políti
cas " . ( 1 )
Características geográficas
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passo que as suas fronteiras terrestres medem cerca de 16 500
km, aproximadamente o dobro .
Cerca de 18 % da nossa extensão territorial são forma
dos pela faixa de 250 km que acompanha o litoral; 42 %
acham -se entre 250 km e 1 000 km do litoral e, finalmente,
os restantes 40 % de mais de 1 000 km .
Estes dados parecem suficientes para que o Brasil seja
classificado como um país continental do tipo marítimo.
Relevo
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Serra do Espinhaço, nos estados de Minas Gerais e Bahia; esta
serra corre de Sul para Norte e termina na Bahia com o nome
de Chapada Diamantina. Constitui o divisor de águas entre
a bacia do São Francisco e os rios que desaguam no litoral
Atlântico.
Da Chapada Diamantina para o Norte constata-se que
o relêvo se caracteriza por formas suaves formando uma su
perfície plana, com algumas interrupções e que vai baixando
lentamente até os estados do Rio Grande do Norte e Ceará ;
apenas neste último estado se encontram algumas elevações
mais destacadas, formando o planalto da Borborema, a Serra
do Ibiapaba e outras.
Atravessadas essas serras, o planalto prolonga -se para
Oeste através de grandes chapadões, aos quais a erosão tor
na as formas suaves.
Nessa região central destaca-se a Serra do Espigão Mes
tre, no sentido dos meridianos e que se projeta para Oeste,
pelas serras dos Pirineus e Caiapós. Esse maciço tem parti
cular importância que nêle se situam três divisores da
água :
a ) Separando as águas da bacia do São Francisco das
do rio Tocantins ;
b ) Separando as águas da bacia do Amazonas das da
bacia do Paraná-Paraguai, e mais a Oeste, separando as
bacias destes dois rios;
c) Separando as águas da bacia do São Francisco das
dos formadores do rio Paraná .
No extremo Oeste do planalto, situam -se a serra do Ma
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racajú e a Chapada dos Parecis que limitam o bordo do pla
nalto.
Na sua parte meridional, após as regiões mais elevadas
da Serra do Mar, o planalto vai baixando para Oeste, for
mando as vezes degraus mais ou menos acentuados que dão
origem as numerosas quedas dos rios tributários do Paraná e
dêste último .
No extremo sul , vamos encontrar uma superfície baixa e
ondulada, com algumas pequenas serras.
Bacias hidrográficas
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Negro é de apenas 21 m, dai ser fraca a correnteza e como
o leito do canal é cavado em rochas cristalinas, a erosão é
pequena e o canal pode ser considerado como permanente.
O rio Juruá , na margem direita,, navegável por 1 897 km
até Cruzeiro do Sul , e seu afluente Tarapacá com mais de
240 km até a localidade dêsse nome. O Purús, também na
margem direita, é navegável da confluência até Sena Madu
reira , numa extensão de 1 954 km, e com o seu afluente Acre
navegável até Brasiléia, 796 km acima . Esses rios constituem
as únicas vias de acesso ao território do Acre .
Madeira, o principal dos afluentes do Amazonas, nave
gável numa extensão de 1 180 km até Pôrto Velho e que
pode ser alcançado por navios de porte razoável . Acima de
Pôrto Velho se estende um trecho de 300 km sôbre o Madeira
e o Mamoré, com frequentes corredeiras e rápidos contorna
dos por uma estrada de ferro, após o que é atingido extenso
trecho navegável sobre o Mamoré e o Guaporé , entre Gua
jará Mirim e Vila Bela de Mato Grosso e que atinge a
1 417 km .
Os rios Maués e Autaz navegáveis da confluência até
Maués e Castelo na extensão de 100 km e 602 km, respecti
vamente .
- 31
grande área porque se estende a sua bacia criou um regime
alternativo nas cheias entre os seus tributários da margem
Norte e os da margem Sul .
b) Bacia do Prata - É a segunda bacia hidrográfica ,
compreendendo uma área de cerca de 1 400 000 km² ou seja
17 % do território nacional e uma extensão navegável de
6 300 km ou 14,5 % da rêde fluvial do país.
Não se tem projetado até o presente com tanto destaque
como a anterior em virtude de algumas sérias limitações que
apresenta, oriundas de obstáculos naturais e de injunções de
geografia política.
Sobressaem esses fatores políticos. Ainda que todos os
três rios tenham as suas origens e apresentem apreciáveis par
celas da sua extensão em território brasileiro ou fronteiriço ,
a sua união se verifica fora do país. O Paraguai, após atra
vessar o Estado de Mato Grosso separa o Brasil do Paraguai,
atravessa este país para em seguida separá -lo da Argentina
e então se lançar no Paraná; o Paraná, após deixar o terri
tório brasileiro, serve de limites do Paraguai com o Brasil e a
Argentina para, em seguida, penetrar em território argentino,
por onde corre até se lançar no oceano Atlântico; finalmente,
o Uruguai separa a Argentina do Brasil e do Uruguai e vai
desembocar no Atlântico, formando com o Paraná o estuário
do Prata.
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1
bacias hidrográficas (4), o que significa uma apreciação rea
lista da geografia física sob a influência da geografia política .
Dos três, se destaca o Paraná, não somente por ser o de
maior extensão como também pela importância econômica das
regiões servidas por ele e seus tributários. É também aquele
que merece maior atenção pela influência que pode vir a ter,
e provavelmente terá, como via de comunicação entre a prin
cipal área industrial do Brasil, São Paulo e municípios vizinhos,
com o Oeste do Estado de São Paulo, Noroeste do Paraná
e Sueste de Mato Grosso .
A extensão navegável do Paraná em território brasileiro
é de cerca de 600 km, na direção geral NE - SW, entre os
saltos de Urubupungá e Guaíra, e mais 128 km abaixo deste
salto entre Pôrto Mendes e foz do Iguassú, quando deixa o
território brasileiro. É um rio caracteristicamente de planalto.
O primeiro trecho permite atualmente o tráfego de em
barcações calando três pés.
Há, entretanto , possibilidade de, mediante a realização
de melhoramentos tais como limpeza das margens, derroca
mento de parcéis, etc., conseguir -se o tráfego com unidades
com 5 pés de calado.
Dentre os seus afluentes são navegáveis, entre outros, os
rios Paranapanema, Ivinheima, Iguatemi e Amambai, sendo
que ao Ivinheima vêm ter o Brilhante e a este o Dourados. 2
33
Paulo, desde as suas nascentes na Serra do Mar. Estudos, já
bastante adiantados, estão sendo feitos pelo Governo do Es
tado de São Paulo visando a utilização do Tieté como via flu
vial mediante a construção de eclusas e comportas contornan
do inclusive o salto de Itapura, além do aproveitamento do
seu potencial hidroelétrico e de obras de irrigação.
Há igualmente estudos sob o patrocínio da Comissão
Interestadual da Bacia do Paraná Uruguai, no sentido de
ser estabelecida uma ligação com a bacia do Paraguai por
meio de um canal ligando o rio Brilhante, tributário do Para
ná, ao rio Miranda, afluente do Paraguai. Este canal consta,
aliás, do novo Plano de Viação Nacional ora na Câmara dos
Deputados ( 5 ). A melhoria das condições de navegabilidade
do Paranapanema ampliaria ainda mais o sistema.
A realização dessas duas obras notáveis sôbre todos os
aspectos, originaria um sistema fluvial de excepcional valor
econômico pelas regiões que iria ligar. A ação dinâmica do
homem, pela utilização de recursos que a ciência e a técnica
põe ao seu dispor, dominaria aí o determinismo estático da
geografia, transformando-a e criando uma seção brasileira
da Bacia Platina .
Abaixo do salto de Guaíra pequena poderá ser a impor
tância da via fluvial; será uma via de caráter meramente local
e de limitado comércio exterior com os países limítrofes. Os
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se acham o Urucuia, Carinhanha, o Verde e o Velhas que,
entretanto, apresentam condições de utilização. Segundo opi
nião do Engenheiro A. H. Furtado Portugal, do DNPRC e As
sistente da Comissão do Vale do Rio São Francisco , nesses
rios “ não devem ser realizadas obras que venham de futuro
tolher as possibilidades de navegação ". (6)
O rio das Velhas, ainda que apresente sérias dificulda
des cuja remoção depende da construção de barragens, eclu
sas e outras obras dispendiosas, poderá constituir no futuro
um importante elemento dêsse sistema fluvial, por estendê -lo
até às proximidades da capital mineira e zona de minério.
Com as novas condições que estão sendo criadas no Vale
do São Francisco, em consequência de dispositivo constitucio
nal (7) de que já resultou a construção da usina hidroelétrica,
êsse sistema fluvial será de capital importância para o futuro
surto econômico da região .
O Alto São Francisco, a montante da cachoeira de Pira
pora, exige tais obras que as suas possibilidades devem ser
consideradas como remotas.
O Baixo São Francisco tem cerca de 300 km de extensão
navegável. As condições em que se verifica o desnível que o
separa do Médio São Francisco e os problemas da barra re
presentam sérias limitações e a sua importância será sempre
restrita e local .
(6) Eng. A. H. Portugal, “O rio São Francisco como via de Navegação ",
publicação da Comissão do Vale do Rio São Francisco, 1952 .
(7) Constituição Federal, Artigo 29 das Disposições Transitórias.
37
d) Bacia do Nordeste Conquanto esta bacia cubra
uma área de 886 081 km2 ( 10% do território nacional), a sua
expressão é muito reduzida. Alguns rios apresentam conside
rável extensão navegável, porém a navegação não se faz em
condições muito satisfatórias em virtude das águas depende
rem muito do regime pluviométrico. São também, rios isolados
não constituindo um sistema fluvial.
Alguns canais, previstos no Plano de Viação Nacional a
que já nos referimos, permitirão, se construídos, a formação
de sistemas fluviais relativamente amplos; ésses canais são o
de Cerijó ligando as baías de São Marcos e Cuman , e La
jeado -Sant'Ana ligando os rios Tocantins e Grajaú, o canal
Parnaíba - Itapicurú e outros.
As condições econômicas da região e a consequente den
sidade de tráfego não comportam no presente obras de vulto.
As deficiências de transporte nos Estados do Maranhão e
Piauí, especialmente naquele, parecem entretanto justificar a
realização de pequenas obras visando melhorar as condições
de navegabilidade das vias fluviais, onde já existe tráfego
relativamente intenso .
Os principais rios navegáveis são o Mearim ( 1 417 km),
o Pindaré (596 km), o Turiaçú, o Itapicurú ( 1 469 km), o Gra
jaú (500 km), o Parnaíba ( 1 700 km), o Guegueia (739 km) e
o Balsas (280 km ) .
e) Bacia de Leste – A área abrangida pelos rios desta
bacia atinge a 607 505 km ou seja 7,1 % do território brasi
leiro .
Como vimos ao ser apreciado o relevo brasileiro, a bor
38
da oriental do planalto nesta região se oproxima bastante do
litoral do que resulta serem os rios poucos extensos com um
perfil acentuado e numerosos rápidos.
Os principais rios, todos mencionados no Plano de Via.
ção Nacional de 1946 , são o Pardo (165 km), o Jequitinhonha
(614 km ), o Doce (220 ) e o Paraíba do Sul (87) . Dentre
êles, assume um certo destaque o rio Doce que, conforme es
tudo realizado pela C.M.B.E.U. , poderá vir a ser utlizado
para o transporte de minério de ferro.
f) Bacia do Sudoeste -
E a menor das bacias hidrográ
ficas do país, compreendendo apenas 202 583 km² ou seja
2,4 % da nossa extensão territorial.
Os rios dessa bacia e que desembocam no litoral dos
Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina sofrem as
mesmas restrições consequentes da borda escarpada do pla
nalto e sua proximidade do mar. Nesse trecho os principais
rios são o Ribeira de Iguapé e o Itajaí-Açú . A Ribeira do Igua
pé está hoje ligada por um canal interior à baía de Paro
naguá.
Já no Estado do Rio Grande do Sul, os rios se integram
em um sistema fluvial lacustre com as Lagoas dos Patos e Mi
rim formando uma importante rêde. Os rios Jacui (365 km ),
Taquari (84 km), Gravatai (62 km), Caí (50 km), Sinos (30 km)
vão ter as suas águas descarregadas na Lagoa dos Patos
através do rio Guaíba; o Camaquă ( 119 km) desemboca na
Lagoa dos Patos e o Rio São Gonçalo faz a ligação entre as
lagoas Mirim e Patos. Finalmente, o rio Jaguarão, na fron
39
teira entre o Brasil e o Uruguai e com um pequeno trecho na
vegável, descarrega suas águas na Lagoa Mirim .
Através da Lagoa dos Patos, éste sistema se comunica
com o oceano e dadas as condições dos canais dragados, os
portos de Pelotas e Pôrto Alegre dão acesso a navios oceâ
nicos.
Este sistema, apesar do seu âmbito local , é o mais tra
fegado do Brasil . Segundo as estatísticas de 1948 que não
devem ter sido substancialmente alteradas em seus valores
relativos, para um total de 338 759 t. transportadas em todas
as vias fluviais e lacustres, a êsse sistema cabiam 159 905 t.
ou seja cerca de 40 % ; os dados constantes dos trabalhos da
C.M.B.E.U. são, no entanto, muito superiores a ésses.
A característica das regiões que banha e o seu desen
volvimento econômico combinados com a possibilidade de li
gação com o rio Uruguai, através do Ibicui, permitem que se
preveja um grande futuro para este sistema.
Litoral
40
salta logo aos olhos a insignificância da periferia marítima,
repete-se o espetáculo observado na África e Austrália ; nem
o mar invade, nem a terra avança, faltam mediterrâneos, pe
nínsulas, golfos, ilhas consideráveis; os dois elementos coexis
tem sem transições e sem penetração ". (8)
Apesar dessa apreciação, o litoral apresenta um número
razoável de acidentes geográficos que dão origem a numero
sos portos.
A costa Norte e parte da costa Leste, trechos geralmente
baixos e pouco recortados, apresentam os estuários de nume
rosos rios que vem desaguar no Oceano Atlântico e que per
mitem a construção de portos; no saliente do Nordeste, a pre
sença de uma cadeia natural de recifes contribui também
para a criação desses portos, e a eles principalmente, os por
tos de Natal, Cabedelo, Recife e Maceió devem a sua exis
tência .
No trecho restante da costa Leste e a costa Sul, raros são
os rios que desembocam e, assim mesmo, são de descarga
fraca e seus estuários não permitem a criação de grandes
portos; as condições do relevo do planalto criaram, felizmente,
nesse trecho numerosos acidentes que apresentam as condições
necessárias para a construção de portos.
Assim, de uma maneira bastante geral, fácil é consta
tar- se que, com relação as suas ligações com o mar, o litoral
brasileiro não é desfavorecido ; o número de portos atende
42 -
mais sensíveis são registradas e das quais resultam ventos mais
intensos e mar grosso .
- 43
cia progressiva de São Paulo na sua posição com relação aos
demais estados.
Essa desigualdade no crescimento econômico faz com
que os índices de renda "per- capita “ variem intensamente
nas diversas regiões do país, criando migrações internas que
se somando às fracas correntes de imigrações estrangeiras
dão às regiões de maior desenvolvimento uma tendência para
maior crescimento demográfico, mostrando a existência , no
caso brasileiro, de uma interrelação inevitável entre os dois
fenômenos, o econômico e o demográfico.
Por conseguinte, parece indispensável um apanhado,
ainda que sucinto, dos aspectos principais que caracterizam
econômica e demogràficamente as principais regiões do país.
Produção Industrial - A produção industrial e a sua
evolução relativa sob o ponto de vista geográfico pode ser
claramente apreciada pelo quadro abaixo (9) :
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Fácil é constatar-se a posição cada vez mais destacada
que o parque industrial de São Paulo ocupa no cenário nacio
nal, sendo conveniente acentuar que grande parte dessa pro
dução se concentra numa área relativamente pequena forma
da pelos municípios circunvizinhos à capital paulista; sòmente
agora pode ser percebida a existência real de uma tendência
descentralizadora, em busca do Oeste Paulista e ao longo do
vale do rio Paraíba, ao encontro da outra corrente de expan
ção na seção fluminense dêsse vale.
O Distrito Federal, fruto de limitações naturais e do
desenvolvimento de alguns estados, em particular São Paulo,
vem regularmente baixando o valor percentual da sua parti
cipação.
Minas Gerais e Rio de Janeiro apresentam uma tendên
cia francamente positiva, consequente principalmente da ins
talação, nesses estados, das principais indústrias metalúrgicas
do país. A entrada em funcionamento da Usina Siderúrgica
de Volta Redonda e a sua expansão constante representa o
fator principal da posição atual do Estado do Rio de Janeiro;
é necessário também acentuar que Volta Redonda deu origem
ao surgimento de numerosas outras indústrias nessa região do
Vale do Paraíba bem como se verifica um extravasamento do
Distrito Federal para as regiões circunvizinhas situadas nesse
Estado. A proximidade dos maiores centros consumidores e a
relativa facilidade de transporte são fatores que, também,
contribuem para intensificação do surto industrial do Estado
do Rio.
45
Minas Gerais ocupa, igualmente, posição destacada na
indústria metalúrgica; a Belgo Mineira e mais recentemente a
Acesita e a Manesmann combinadas com a existência de gran
des reservas minerais e o cumprimento do atual programa de
desenvolvimento de energia elétrica permitem a previsão de
um acentuado surto industrial, em particular na região circun
vizinha à Belo Horizonte.
O Estado do Rio Grande do Sul vem, como o Distrito Fe
deral, baixando a sua participação percentual na produção
industrial. Ainda que a indústria nessa unidade da Federação
venha se desenvolvendo continuamente, o maior surto de pro
gresso se localiza na produção agrícola.
Finalmente, apreciemos o Estado de Pernambuco. A sua
posição relativa pouco tem oscilado, porém o recente início
de funcionamento da Usina Hidrelétrica do São Francisco, e a
expansão prevista e já iniciada das instalações dessa usina,
concederão energia farta e barata a uma vasta região do
Nordeste que indubitavelmente promoverá um surto industrial
na região, em particular em Pernambuco, por ser o Estado
mais desenvolvido e o que apresenta condições mais favo
ráveis.
1940 1950
- 47
apresentamos os dados que se seguem , os quais mostram cla
ramente a desigualdade apresentada nesse crescimento ( 12) .
1939 = 100
1940 1950
48
mente grandes desses produtos exercem sôbre os meios de
transporte (13)
1951 - (ton .)
Carvão de pedra
Minério de ferro
Minério de manganês
Sal
49
mento do mercado interno, cuja demanda aumenta continua.
mente, mas também como fonte produtora de divisas.
Minas Gerais se apresenta como o principal produtor
localizando-se o minério de ferro e de manganês em vasta
área do estado, principalmente em Conselheiro Lafayete, Nova
Era e Itabira. O minério é carreado para as usinas siderúr
gicas do próprio estado, para Volta Redonda e, o destinado
à exportação, para Vitória.
As jazidas de carvão localizam -se em zonas próximas
aos portos de Imbituba e Laguna, em Santa Catarina, e às
margens do Jacui, no Rio Grande do Sul . No Paraná, a pro
dução é reduzida e tôda ela absorvida localmente; a instala
ção projetada de uma usina termoelétrica permitirá aumentar
a produção sem sobrecarregar os meios de transporte.
O sal é produzido principalmente em Macau, Areia Bran
ca, Mossoró, Aracati e Cabo Frio, sempre próximo ao mar.
Numerosos outros produtos são extraídos do subsolo; as
quantidades produzidas são, entretanto, relativamente pe
quenas.
Produção Agrícola A produção agrícola conquanto
não apresente os mesmos índices de crescimento da produção
industrial ,apresenta maior volume físico e constitui a principal
fonte criadora de divisas.
O quadro abaixo mostra a distribuição dos principais
produtos pelas diversas regiões do país ( 14):
50
Produto Produção - 4. Principais Estados produtores
( 1952 )
51
Paulo, Norte do Paraná, Sul de Mato Grosso e certas zonas
de Goiás e Espírito Santo .
O desbravamento de terras férteis no Paraná deu ori
gem ao estabelecimento de zonas produtoras de cereais,
cujas safras crescem de ano para ano. O incremento à cultura
de trigo nos três estados sulinos tem trazido como consequên
cia o crescimento constante da produção dêsse cereal básico.
Finalmente, há que destacar o aparecimento de Goiás nas es
tatísticas de cereais e, se maiores resultados não apresenta,
deve-se em grande parte a insuficiência de transportes.
Como regra geral, a melhoria de métodos agrícolas, em
particular a mecanização, tem contribuído para melhorar a
produtividade. É significativo, também , o aumento que se ve
rifica no emprego de fertilizantes.
A inexistência, quase generalizada, de depósitos de ce
reais nas regiões produtoras cria,' nas épocas de safras, de
manda exagerada para os meios de transportes, normalmente
já deficientes.
Pecuária – O rebanho bovino do Brasil, segundo dados
de 1952, é de cerca de 55 milhões, distribuídos principalmente
pelos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo,
Mato Grosso , Goiás e Bahia.
A indústria de frigoríficos centraliza -se principalmente
em São Paulo e Rio Grande do Sul, que abatem mais de 3
milhões de cabeças, cerca de 50% . A deficiência de frigorí
ficos e transportes impedem o abate racional em quase todas
as demais regiões, obrigando o gado a grandes jornadas a
pé, com consequente perda de peso.
52
Minas Gerais é o principal centro da indústria de laticí
nios e produz 60% da manteiga e 90% do queijo.
Comércio exterior A observação das linhas ao longo
das quais correm as mercadorias que fazem o nosso comércio
exterior representa fator necessário em qualquer estudo do
problema de transportes .
E isto porque reduzido número de portos constituem ver
dadeiros pontos focais para os quais converge a quase tota
lidade dêsse comércio, que representa uma apreciável quan
tidade face aos insuficientes meios de transportes que o país
possui.
É bastante desfavorável a situação atual do comércio
exterior; o índice máximo da exportação, 144, foi alcançado
como média do decênio 1941-1950 e reduzido á 116 em 1952 .
Como consequência , quase inevitável, veio a crise de divisas
e a queda violenta do comércio de importação. Não cabe
aqui estudo econômico do fenômeno mas desejamos, apenas,
apontar uma característica básica da exportação brasileira.
O crescimento da renda nacional " per capita ", em par
ticular nos grandes centros urbanos criou um mercado interno
que absorve àvidamente tanto a produção industrial como a
própria produção agrícola e pecuária, limitando destarte os
excedentes exportáveis. Por outro lado, os produtos exportá
veis são quase exclusivamente agrícolas, predominando o café,
cujo aumento de consumo é lento, do que resulta a inexistên
cia de divisas em quantidade suficiente para atender à de
manda crescente do mercado interno, tanto em bens de con
sumo como em bens de investimentos; como consequência, é
53
mister o desenvolvimento da produção nacional com o duplo
propósito de reduzir determinadas importações e de criar no
vos produtos exportáveis, especialmente nos setores indus
triais.
Para apreciação do seu volume apresentaremos os dados
globais de 1938 e 1952 ( 15):
54
IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO
Quantidade % Quantidade %
- 55
Energia Elétrica O país vem atravessando uma grave
crise de energia em virtude do aumento da potência instalada
não satisfazer integralmente ao crescimento constante da de
manda. O problema da energia elétrica constitui um dos pon
tos de estrangulamento do nosso desenvolvimento e esforços
ingentes vêm sendo dispendidos nesse setor, como o compro
vam a entrada em funcionamento das usinas Piratininga , Nilo
Peçanha e Paulo Afonso. Ainda assim , são bastante reduzidos
os índices de potência instalada e energia produzida "per ca
pita ", respectivamente cerca de 45w e 200kwh, baixos em
comparação com países mais desenvolvidos . E, no caso brasi
leiro, a energia elétrica avulta de importância face a pobreza
nacional de combustíveis.
Além da entrada em serviço das usinas há pouco men
cionadas, é necessário levar-se na devida conta a existência
de sistemas interligados de modo que a energia produzida
em um estado (em alguns casos) destina -se a um estado vizi
nho, como por exemplo, São Francisco que fornecerá energia
a 5 estados.
Esse quadro, evidentemente, apresenta a mesma desi
gualdade regional, característica comum a quase todos os se
tores da atividade nacional.
56
1
CAPACIDADE INSTALADA (31 -XII -53)
Regiões e Estados Capacidade (kw) Watts " per capita " |
NORTE 13 466 7
Guaporé 839 23
Acre . 853 7
Amazonas 4.560 9
Rio Branco 20 1
Pará 6 927 6
Amapá 252 7
Maranhão 2 591 2
Piαυί 9031 9
Ceará 13 019 5
Rio Grande do Norte 5210 5
Paraíba . 11 922 7
Pernambuco 60 952 18
Alagoas . 15 178 14
Sergipe 8 653 13
Bahia . 52 294 11
Minas Gerais 261 772 33
Espírito Santo 14 488 17
Rio de Janeiro 495 948 216
Distrito Federal 40 696 17
Goiás . 8 001 7
Mato Grosso 7 697 15
57
Renda Nacional e "Per Capita " Como corolário lógico
dêsse quadro econômico que vem de ser resumidamente tra
çado, constata-se o crescimento da renda nacional total e
" per capita ". Tomando-se como base 1939 verifica - se essa
evolução pelos dados que se seguem :
1940 1951
58
RENDA "PER CAPITA " POPULAÇÃO
Percentagem em
Em Cr$ relação a região 1 000 habit.
de maior renda
59
A renda total apresenta a seguinte distribuição geogré
fica ( 17) :
1939 1950
100 % 100 %
100 % 100 %
60
ral baiano, no Maranhão e no Pará . Para Oeste dessa faixa,
há um vasio quase completo, abrangendo uma área de cerca
de 50 % do território nacional .
A densidade de população predominante nessa extensa
faixa é de 5 a 23 hab / km², apresentando algumas áreas
mais densamente povoadas, principalmente na área litorânea
do saliente do Nordeste e nos Estados de Minas Gerais, Rio
de Janeiro e São Paulo.
A comparação entre os mapas demográficos de 1940 e
1950 nos mostra, além de crescimento geral , a existência de
uma penetração paar Oeste, em direção à Goiás, ao Oeste
Paulista e Sul de Mato Grosso, com forte transbordamento
para o Norte do Paraná .
Conclusões parciais
64
o
°
3
DE
DEMG
HABI
NUN
유
III
66 -
Segundo a escala crescente de custos é a seguinte a po
sição dos diferentes sistemas:
a) Transportes aquaviários.
b) Oleodutos .
c) Transportes ferrroviários.
d) Transportes rodoviários.
e) Transportes aéreos.
O oleoduto constitue um sistema especializado de trans
porte destinado ao movimento de combustíveis líquidos e gás
natural e a sua inclusão nessa relação visa apenas indicar a
sua posição relativa quanto a essa espécie de carga .
O Engenheiro Clóvis Pestana, quando Ministro da Viação
e Obras Públicas, apresentou em 1949 os seguintes índices
comparativos de custo ( 1 ):
Aquavia 1
Ferrovia 3
Rodovia 6 a 9
Aerovia 15
67
êle encarado sob o seu duplo aspecto, do custo aparente
para o transportador e do custo real para a coletividade.
Realmente, no custo dos transportes ferroviários e em
oleodutos estão incluídas todas as despesas que dizem res
peito não só à operação e ao material rodante mas também
as referentes às vias permanentes e estações terminais; nos
demais sistemas, as despesas relativas às vias não existem ou
cabem ao Estado. Os transportes rodoviários, por exemplo,
exigem apenas os veículos transportadores e, em certos casos,
estações terminais. Os transportes aquaviários não são onera
dos, na maior parte, com a construção de terminais, ainda
que sejam parcialmente onerados com despesas a êles rela
tivas; as vias marítimas, fluviais ou lacustres são mantidas pelo
Estado a quem cabe as obras de melhoria das condições de
navegabilidade dos rios e lagoas, construções de canais, bali
samentos, faróis e tudo o mais que diga respeito à segurança
da navegação. Finalmente, nos transportes aéreos, os termi
nais aeroportos e as rotas aéreas com todo o seu ser
viço de segurança de vôo – são da responsabilidade do go
vêrno, cabendo ao transportador exclusivamente o custeio do
material de vôo e sua operação. Certas taxas recaem sôbre
êsses meios, mas, elas de modo algum atendem às despesas
totais que são cobertas pela coletividade sob a forma de ta
xas e impostos.
Nos Estados Unidos, como consequência dos custos e,
também, de outros fatores, algumas vezes de natureza local,
a constatação da preferência, baseada no volume de carga
68
transportada, dados de 1951, pode ser feita pelos dados
abaixo (2) :
Ton / Milha
%
(em milhão)
69
tuada preferência pela ferrovia, que deve ser devida não ape
nas à excelência da sua rêde ferroviária, mas, também, à pon
derável influência do custo e à forte característica continental
da nação americana. A mesma fonte a que recorremos diz
que se as estatísticas fôssem feitas em função da tonelagem
transportada, a posição relativa dos transportes rodoviários
melhoraria consideravelmente e isto porque as distâncias per
corridas pelas cargas nesta espécie de transportes são, em
média, muito mais curtas do que nas ferrovias.
E geralmente aceita a tese de que as rodovias podem
transportar cargas, em percursos pequenos, a custo inferior
ao das ferrovias, porém que, para longas distâncias, as ferro
vias são mais econômicas. No movimento de pequenos volu
mes, a rodovia leva vantagem mesmo em certos percursos
longos.
Um estudo feito na região do vale do Mississipi pela Co
missão de Investigações e Pesquisas (3) mostrou que, para car
gas que não ocupavam vagões cheios (4), o custo do trans
porte rodoviário era bastante inferior ao ferroviário. A com
paração de custos de vagões carregados (carload) apresen
tava, entretanto, resultados opostos; comparando -se um ca
minhão com a carga líquida de 10 t e um vagão carregado
com 30 t, foi constatado que as ferrovias levavam vantagem
(3) Ibid .
(4) " Less -carload freight" ( LCL) significa cargas que não ocupam o vagão
completamente, isto é, quando o embarcador não utiliza vagões in
teiros; em contraposição " Carload " (CL ) significa a utilização tota!
do vagão pelo embarcador.
70
em percursos que excedem 100 km; em pequenos percursos,
os custos são práticamente idênticos em ambos os sistemas.
A diferença entre os custos cresce ràpidamente com o aumen
to do percurso.
O exemplo acima citado permite uma idéia dos custos
comparativos; a generalização, entretanto, deve ser aceita com
restrições em virtude da variação das despesas de investimen
tos e operação em função das condições do meio, da natureza
da carga e de outros fatores.
E, no entanto, perfeitamente aceitável admitir -se que,
bàsicamente, o custo dos transportes rodoviários é menor nos
pequenos percursos e o dos transportes ferroviários o é nos
percursos longos, variando a distância em que se verifica a
igualdade de custos. Nos Estados-Unidos se tem verificado o
abandono de trechos ferroviários em virtude da competição
criada pelas rodovias, geralmente em pequenos ramais com
pequena densidade de tráfego. Um estudo feito mostrou que
êste foi o fator primordial no abandono de 153 ramais ferro
viários com uma extensão de 4 824 milhas e elemento que
influiu em outros 700 casos compreendendo mais 15 000 mi
Thas, no período de 1930 a 1941 (5) . Como regra geral , os
custos de operação e manutenção não compensam no caso
de pequenos ramais com pouco tráfego.
O transporte pela via aquática é, normalmente, mais ba
rato do que pela ferrovia. Para cargas de muita quantidade,
- 71
baixo custo e que não exigem rapidez no transporte, a aqua
via apresenta, ainda, nos Estados-Unidos, tarifas tão baixas
que a ferrovia nem procura competir. Em 1942, nos Grandes
Lagos, o trigo pagava 0,07 a 0,1 cent por ton/milha, o miné
rio de ferro 0,08 e o carvão 0,05 enquanto que a ferrovia
cobrava 1 cent e só excepcionalmente 0,5 cent por ton /milha.
Na navegação de cabotagem oceânica, os custos ainda eram
menores; nas vias fluviais que apresentavam limitações nas
suas condições de navegabilidade e exigiam obras e melho
ramentos, os custos eram sensivelmente maiores como por
exemplo, no Mississipi onde o frete do carvão era de 0,23 cent
por ton/milha, trigo a 0,21 , petróleo a 0,285, açúcar a 0,36 ,
etc. (6) .
Esta grande vantagem do custo de transporte nas aqua
vias é explicada por duas razões. Em primeiro lugar o esforço
de tração é sensivelmente menor na água do que em terra;
o deslocamento, porém, se verifica em baixa velocidade e o
crescimento da potência para aumentar a velocidade varia na
razão cúbica; dai ser necessàriamente lento este meio de trans
porte, sem o que ele deixará de ser econômico.
Em segundo lugar, os fretes não cobrem as despesas de
manutenção ou investimentos relativos ao uso da via. Se a
aquavia é natural , os investimentos são nulos e as despesas
de manutenção reduzidas (balisamentos etc. ) ; se a via é to
tal ou parcialmente artificial, isto é, se foi construída ou se
grandes investimentos foram feitos para a sua utilização, estes
72
e as despesas de manutenção cabem ao Estado e não ao
transportador. Neste último caso , o custo real pode ser supe
rior ao apresentado pelas ferrovias ainda que o custo apa
rente , para o armador ou transportador, não o seja.
Esse baixo custo do transporte aquático é muitas vezes
anulado pelo aumento sensível do percurso entre dois pontos
determinados, menor flexibilidade de rotas e exigência de
transbôrdo para outros sistemas. A menor velocidade, con
quanto não afetando o custo, representa uma desvantagem
para o transporte aquático.
Nos Estados-Unidos, a já mencionada Comissão de Inves
tigações e Pesquisas fez um levantamento em 1940 com o fim
de calcular o " unit Federal cost“ (7) ; éste custo representa a
soma das despesas anuais de operação e manutenção reali
zadas pelo Governo Federal mais os juros e amortização dos
capitais empregados dividido pelo numero total de ton /milha
transportadas pelas aquavias. Obviamente, os resultados obti
dos variaram sensivelmente de uma via para outra. No rio
Mississipi, entre New Orleans e a confluência do rio Ohio, a
tonelada -milha custou 0,17 cents ao contribuinte; da confluên
cia do Ohio à do Missouri êsse custo se elevou a 0,49; no rio
Missouri, de Kansas City até o Mississipi, 10,78 cents e entre
Kansas City e Sioux City, 31,9 cents. Aqui é preciso conside
rar- se que o aumento da tonelagem transportada contribuiria
para reduzir essas despesas.
Esses valores mostram quão variáveis são os custos do
(7) Ibid .
- 73
transporte aquático, quando todas as despesas são efetiva
mente computadas.
O grande argumento em favor do desenvolvimento das
aquavias é baseado em que o transporte aquaviário é mais
barato do que o ferroviário. A redução do custo do transporte
ao mínimo é desejável sob todos os pontos de vista. O trans
porte aquaviário é mais barato nas vias naturais, onde não
são necessários investimentos e onde os custos de manutenção
de serviços são pequenos e desprezíveis. No outro extremo,
porém, se situam vias quase que inteiramente artificiais, cuja
construção obriga a grandes investimentos e cuja manutenção
exige elevadas verbas; nessas vias, o custo do transporte é,
muitas vezes, superior ao do transporte ferroviário. Entre esses
dois extremos se situam vias exigindo despesas variáveis para
a sua franca utilização. Daí ser impossível generalizar com
relação ao custo do transporte, que é uma função das des
pesas efetivamente feitas e da intensidade do tráfego.
E, no entanto, possível afirmar-se que uma via aquática
que não provê transporte mais barato, considerados todos os
aspectos do custo, pouco se justifica sob o ponto de vista eco
nômico. Não é porém fácil verificar -se se isto vai acontecer
ou não, exceto nos casos extremos, porquanto além dos inves
timentos e manutenção, é necessária uma previsão muito bem
feita da intensidade do tráfego. Uma análise econômica tão
precisa quanto possível deve ser executada antes de serem
realizadas obras de vulto.
O princípio estabelecido pelo Comissário Eastman, Coor
denador Federal de Transportes, nos Estados Unidos, parece
74
fundamentalmente acertado como um guia para se verificar
a conveniência da execução do projeto relativo a uma deter
minada aquavia (8) :
" Ao ser determinado se uma nova aquavia deve ser cons
truída, parece-me que a questão essencial se resume em sa
ber se, mesmo que não haja redução nos fretes cobrados pe
los sistemas competidores, ela criará a disponibilidade de uma
nova via de transportes que, levando -se em consideração to
dos os fatores do custo, funcione mais econômicamente que
os demais sistemas".
O custo do transporte em oleodutos, da mesma forma
que nos demais sistemas, também varia consideravelmente, po
rém, é sensivelmente menor do que no transporte ferroviário.
Estatísticas americanas da Comissão Interestadual de Comér
cio (9), dados de 1942, dão para óleo cru o custo 0,198 cents
por ton/milha contra 1,062 nas ferrovias e 0,063 em navios
tanques; para os produtos refinados eram respectivamente
0,439, 1,119 e 0,06 os custos por tonelada/milha. Pelo visto,
as ferrovias não podem competir com os oleodutos; o trans
porte em navios-tanques pode perder grande parte dessa van
tagem nos casos em que o percurso por mar é considerável
mente maior. Confirmando êsses dados, em 1949, os oleodutos
transportaram 74 % do óleo cru recebido pelas refinarias,
16% couberam aos navios-tanques, 2 % às ferrovias e rodovias
e os restantes 8% representam o óleo importado em navios
tanques. Esses dados devem ser interpretados com restrições
(8 ) e (9) Ibid .
- 75
pois dependem, quanto ao transporte marítimo, da localização
dos campos produtores e das refinarias; os 2 % que couberam
às ferrovias referem -se principalmente a campos de exploração
recente e para os quais ainda não haviam sido construídos
oleodutos.
O desenvolvimento dos oleodutos para gasolina e outros
derivados fez surgir um novo fator de influência na escolha
da localização das refinarias; anteriormente o baixo custo do
transporte de óleo cru e o custo comparativamente alto do
transporte da gasolina favoreciam a instalação das refinarias
próximo aos grandes mercados consumidores. Os oleodutos
para gasolina ameaçam alterar essa situação apesar de que
o óleo cru pode ser transportado com mais facilidade do que
os seus derivados mais voláteis.
Propositadamente, deixamos para último lugar o trans
porte aéreo, a mais recente forma de transporte e, por isso
mesmo, a de desenvolvimento mais acentuado. E, sem a me
nor dúvida, o meio de transporte mais caro e segundo dados
americanos de 1946, variava de 21,2 cents a 26,5 cents por
ton/milha . Como consequência, sòmente são transportados
por via aérea artigos de alta densidade de custo ou para os
quais a velocidade é primordial ; o fator velocidade é tanto
mais sensível quanto maior é a distância a percorrer. E ainda
necessário acentuar que esse custo é acrescido das despesas
necessárias a embalagens especiais e, para certas cargas, à
subdivisão em volumes menores compatíveis com as caracterís
ticas do avião. O setor em que o transporte aéreo melhor se
situa é o de passageiros, até aqui não abordado, por ser
76
justamente aquele onde as diferenças de preços são menos
sensíveis e onde o fator velocidade assume comumente impor
tância ponderável.
A capacidade do avião e o custo do transporte aéreo
não permitem que essa forma de transporte venha a competir
efetivamente com as demais, exceto nos casos já mencionados,
pelo menos num futuro próximo.
A natureza da carga muitas vezes exige transporte ba
rato principalmente em se tratando de mercadorias de baixa
densidade de custo, como minério, cereais etc. Essas cargas
voltam-se naturalmente para as ferrovias ou aquavias.
A capacidade de carga do veículo tarnsportador consti
tui um fator limitativo do caminhão e do avião, principalmen
te éste; o caminhão tem, porém, sensível vantagem sôbre as
demais formas no que diz respeito a flexibilidade de rotas e
à extraordinária vantagem no transporte porta-a-porta, pela
redução do ônus decorrente de sucessivas operações de carga
e descarga e simplificação de embalagens.
A mais forte concorrência se verifica normalmente entre
os transportes ferroviários e rodoviários. Casos há em que essa
concorrência é inevitável. Porém, como regra geral, pode ser
dito que cada um tem o seu lugar definido numa rêde de
transportes e pode realizar determinados serviços melhor ou
mais econômicamente.
Em nosso país, mais alguns argumentos podem ser invo
cados ao ser estudada a construção ou ampliação de vias de
transporte. A Comissão Mista, em seus estudos, focalizou o
problema das despesas em divisas estrangeiras, mais elevadas
- 77
em valor absoluto ou percentual para as rodovias do que para
as ferrovias; para uma nação que luta, e provávelmente terá
de lutar por vários anos ainda, com uma carência de moedas
estrangeiras, esse argumento não pode deixar de ser levado
na devida conta .
Com relação aos fretes, é possível apresentar um exem
plo bastante expressivo. O frete pago por uma saca de arroz,
entre Cachoeira do Sul e Pôrto Alegre, é de Cr$ 4,00 em bar
caça, Cr$ 10,50 em estrada de ferro e Cr$ 15,00 em cami
nhão. Considerando-se que o grau de eficiência relativo não
deve diferir sensivelmente para os três sistemas aqueles va
lores podem ser considerados como válidos para a região.
É aqui conveniente salientar que a procura dos transpor
tes rodoviários é na maioria dos casos resultante da insufi
ciência ou ausência de outros meios de transportes; a eficiên
cia do serviço e a maior rapidez contribuem também para
essa preferência. Entretanto, se existisse transporte ferroviário
ou aquaviário em quantidade satisfatória e com padrões ra
zoáveis de eficiência, muitas cargas para eles se voltariam
atraídas por fretes mais baixos.
Comumente constatamos a transposição de idéias e con
ceitos de outros países para o nosso sem a conveniente adap
tação às condições peculiares do nosso meio e dai decorrem
os fracassos que se verificam em muitas iniciativas. Os ame
ricanos, particularmente, apresentam uma forte tendência nes
se sentido em quase todos os setores de suas atividades. Por
isso, recorremos a dados americanos pela impossibilidade fla
78
grante de generalisarmos os nossos, mas tivemos sempre em
mente esse sentido de adaptação e não de mera transposição.
Daí que, para o caso particular do Brasil, pensamos po
der apresentar as seguintes conclusões parciais:
a) As condições do meio favorecem a manutenção da
linha tronco de cabotagem que se estende continuamente de
MANAUS a PORTO ALEGRE.
b) As ferrovias deve caber o principal papel como via
de transporte interior, construídas de modo a servir como
troncos principais e interiores. Pequenos trechos ferroviários
com baixa densidade de tráfego devem ser substituídos por
rodovias.
79
das necessidades do transporte, sem onerá-lo considerável
mente.
e) As aerovias cabe o importante papel de penetração
política, percentagem acentuada no transporte de passageiros
9 transporte de cargas especiais e de urgência, que possam
suportar fretes mais elevados.
f) Aos oleodutos caberá o papel de ligar, quando pra
ticável, os campos produtores, os portos do litoral ou os pon
tos de entrada de óleo em território nacional às refinarias, bem
como estas às principais áreas de consumo, quando o volume
de refinados comportar a existência de uma via privativa. São
bastante limitadas as possibilidades atuais de expansão da
rêde de oleodutos.
80
1
HISTÓ
DESE
DO NVOL
RICOV
MENDES EI
RO
GROSSA
P.
CURITIBA
AMAZONAS
PARANAGUÁ
S.
FRANCISCO
P.VELHO
ITAJAI
FLORIANÓPOLIS
ROSA
ORLEANS
MAT
ZUL IMBITUBA
O
GUAJARÁ
M- IRIM
YARARANGUÁ
GRO
OSORIO
CONVENÇÕES
SSO
ALEGRETO P
E
/ ALMARES PERIODO
1850-191
DE 0 BOL
QUARAI
B. 18 11 1911-1945
0.0 IVI
1945-1952
FT
A
CONSTRUÇÃO
EM
PROJETADAS
TERRITÓRIO
GUAPORÉ
DO
G
.OR
JAGUARÃORANDE
|
7
IV
81
também elemento contribuinte para a formação dessa civili
zação litorânea.
Como consequência, a via marítima, que se projetou pelo
Amazonas acima, assumiu papel da maior importância no pas
sado e ainda na época atual.
O aparecimento da via férrea, na primeira metade do
século passado, foi sentido perfeitamente pelos estadistas de
então como a solução natural para a penetração em busca
do interior e da real integração de vastos territórios na vida
econômica e política do país. A insuficiência de capitais e as
deficiências técnicas de toda ordem, entre outras cousas, expli
cam não ter essa política sido inteiramente coroada de SU
cesso .
85
lugar, a inexistência de estatísticas rodoviárias fez com que,
para as 265 000 unidades licenciadas, fôsse adotada a média
de 800 t/ por ano/por veículo ( 1 ) . Para o oleoduto Santos
São Paulo, fomos forçados a recorrer à estatística de 1953,
por ter sido este o primeiro ano de sua operação integral.
O transporte de passageiros obedece à seguinte distri
buição (1951):
Transportes Ferroviários
86
sua participação no transporte efetuado vêm de ser ràpida
mente indicadas. Apresentaremos, agora, o quadro do seu
desenvolvimento e da sua situação atual bem como algumas
considerações sôbre os seus principais problemas.
O atual sistema ferroviário é o resultado de um século
de evolução pois em 30 de abril de 1854 era inaugurada a
primeira estrada de ferro do Brasil, a que unia o pôrto de
Mauá à raiz da Serra do Mar. Um século mais tarde, apre
senta o país uma rede ferroviária formada por 41 estradas
de ferro totalizando 36 845 km, insignificante em relação à
área e, mesmo à população. Isto é fácilmente comprovado
pela posição que ocupamos no Continente Americano; sob o
ponto de vista de extensão de linhas em relação a área terri
torial nos achamos em um modesto quarto lugar no América
do Sul e décimo segundo nas Américas e em relação a popu
lação, em sexto e décimo terceiro , respectivamente.
É aqui oportuna uma comparação que bem exemplifica
o nosso atrazo: os Estados Unidos, nação cuja extensão terri
torial é comparável a nossa, alcançaram aquela quilometra
gem na década 1850-1860, o que nos situa, nesse setor, com
um século de retardamento face a grande nação do Norte.
Em 1835 foi promulgada a primeira lei relativa a criação
de vias férreas; essa lei, a de n .° 101 , de 30 de outubro , de
ve-se à larga visão do Regente Feijó e do Ministro do Impé
rio, Visconde de Abaeté.
Nela se estabeleciam três ramos principais; um para o
Norte em direção a Salvador, outro para o Sul em busca do
Rio Grande do Sul e um terceiro para Leste, para Minas Ge
87
rais, então a província mais rica do Império. Infelizmente, as
dificuldades em obter capitais e outras de ordem técnica não
permitiram que a lei fosse cumprida .
Quase vinte anos depois, o Visconde de Mauá, sem auxi
lio governamental , construía a primeira estrada de ferro do
país, há pouco citada .
Nova legislação, a de 1852, criava novas zonas previle
giadas, concedia isenção de direitos de importação e ao mes
mo tempo garantia determinadas taxas de juros. Como conse .
quência dessa legislação foram construídas as estradas de fer
ro Santos-Jundiaí, a Bahia-Alagoinhas e a Recife-São Fran
cisco .
88
zar, maiores seriam as despesas e consequentemente lucros
mais elevados. Daí, a decisão do Governo de passar a fazer
diretamente a construção, em regime de administração ou de
empreitada.
Numerosas foram as estradas construídas nesse período.
A linha Santos-Jundiaí, inaugurada em 1867 , e o desenvolvi
mento do interior de São Paulo contribuiram para atrair capi
tais privados e várias vias foram lançadas nesse Estado.
Esse interesse do capital privado em São Paulo permitiu
que as atenções do Governo fôssem desviadas para outras
regiões, concentrando -se na penetração do interior partindo
do litoral . Foram então construídas as E. F. Bragança no Pará
as duas ferrovias cearenses, a Bahia-Minas, a Paranaguá -Curi
tiba e algumas outras.
A insuficiência de capitais e as sucessivas crises econô
mico-financeiras que marcaram os primeiros tempos da Repú
blica acarretaram uma redução no rítmo de expansão da rede
ferroviária, que perdura até os nossos dias com exceção dos
seis anos que antecederam a I Guerra Mundial. Os dados a
seguir elucidam claramente essa evolução no rítmo de cons
truções:
89
Extensão Extensão Média
PERÍODO Total acrescida Anual
(km) (km) (km)
Unidades da Federação 1938 1939 1942 1945 19.48 19.49 1950 1951
km %
Norte
-
Amazonas 5 5 5
Pará 376 376 376 376 411 411 411 411 1,12
Nordeste
Maranhão 449 449 449 450 472 472 472 472 1,20
247 247 244
wowo
Piauí 244 244 244 244 244 0,66
1 235
won
Ceará 1 240 1 290 1 291 1 331 § . 1 381 1 396 1 396 3,79
Rio Grande do Norte 519 520 530 530 540 § 564 607 615 1,67
Paraiba . 489 489 490 $ 560 5 560 S 560 560 606 1,64
Pernambuco 1 082 1 082 1 105 1 105 1 136 1 157 1 157 1 157 3,14
Alagoas 346 346 346 346 379 326 474 474 1,29
Leste
Sergipe 303 303 297 297 297 297 297 297 0,81
Bahia 2 164 2 156 2 281 2 307 2421 • 2 405 § 2 604 2 405 7,07
Minas Gerais 8 160 8 158 8 267 8 453 S 8 552 § 8 602 S 8 651 8 652 23,47
Espírito Santo 744 731 698 696 § 667 § 664 $ 664 664 1,80
Rio de Janeiro 2 708 2 705 2 714 2 688 § 2 656 § 2 646 § 2 646 2 656 7,21
Distrito Federal 142 141 149 149 154 S 156 S 156 156 0,42
Sul
São Paulo 7.444 7464 7 383 7519 § 7 513 § 7 568 § 7594 7 687 20,87
Paraná 1 566 1 566 1 594 ( 1) 1 679 1 694 § 1 740 § 1 756 1 756 4,77
Santa Catarina 1 193 1 193 1 192 1191 § 1 195 $ 1210 § 1 338 1 341 3,64
Rio Grande do Sul 3 475 3 485 3 445 3 660 $ 3 661 § 3 684 § 3755 3 757 10,20
Centro -Oeste
Mato Grosso 1 170 1 168 1 174 ( 2 ) 964 964 S 1038 § 1 038 1 038 2,82
Goiás . 385 385 409 409 409 409 § 495 495 1,34
BRASIL 34 207 34 204 34 438 35 280 35 622 35 970 36 681 36 845 100 000
- 91
para outros produtos e outras regiões“ (2 ) . Como as novas li
nhas não eram abandonadas, elas iam se arruinando progres
sivamente e criando o legado que hoje enfrentamos de estra
das de ferro cuja receita é, as vezes, de apenas um décimo
da sua despesa.
A falta de recursos que reduziu o ritmo das novas cons
truções afetou também o regime de manutenção e renovação
do material tornando-as, de uma maneira geral , incapazes
de atender à demanda das regiões a que serviam , algumas
em rápido desenvolvimento.
Finalmente, a rêde ferroviária foi construída atendendo
a interêsses imediatistas, sem uma compreensão da importân
cia representada pela padronização do material, que hoje se
caracteriza por sua espantosa variedade, sob quaisquer as
pectos que sejam considerados.
A história das ferrovias brasileiras mostra a existência
de uma tendência no sentido do crescimento acentuado da
propriedade federal e estadual . De um modo geral, tal poli
tica não tem sido decorrente de uma orientação visando um
futuro monopólio estatal mas principalmente da incapacidade
das ferrovias em atenderem aos seus compromissos financeiros.
Em períodos recentes, houve de parte do Governo Fede
ral um certo interesse na nacionalização das ferrovias estran
geiras, política essa iniciada com a encampação da São Pau
lo-Paraná Ry. e prosseguida no período que se seguiu à ll
Guerra Mundial. É preciso, no entanto, considerar-se que tais
92
aquisições não se dirigiam contra capitais privados, nacionais
ou estrangeiros, mas constituíam verdadeiro movimento de de
fesa pelas condições a que essas ferrovias estavam sendo con
duzidas, absolutamente nocivas aos interesses nacionais.
Presentemente o Governo Federal possue 78 % da exten
são total da rêde ferroviária, os Estados 15 % e apenas 6 %
pertencem ao capital privado. Segundo a propriedade e o re
gime administrativo, essas ferrovias assim se situam (3) :
Federal 29 069
Estadual 5 550
Privada . 2 235
Total 36 854
93
Tanto quanto é possível prever-se, essa situação não de
verá se alterar. O rápido processo de industrialização ence
tado pelo país e a compreensão de que a exploração agrícola
deve marchar paralelamente à indústria ao mesmo tempo que
pode propiciar remuneração adequada, atraem todas as dis
ponibilidades de capital sem deixar margem para os investi
mentos vultosos exigidos pelas construções ferroviárias.
A distribuição das ferrovias pelas diversas regiões do
país, a exemplo do que ocorre em outros setores econômicos,
é também bastante desigual e cêrca de 70 % das linhas em
tráfego acham-se localizadas nos seis Estados meridionais; no
que se refere ao transporte efetuado, seja ele expresso em
toneladas ou em toneladas-quilômetros, a disparidade é ainda
mais acentuada porquanto 90 % da carga cabem às ferrovias
situadas naqueles Estados.
Das ferrovias brasileiras, em função da extensão das suas
linhas e da tonelagem que transportam, se destacam as se
guintes (4) :
94
ESTRADA DE FERRO T/Km T Extensão (Km)
- 95
déficit global de Cr$ 1 253 894 000 correspondentes a 20 %
da despesa efetuada. Apenas três ferrovias, nesse ano, apre
sentaram saldos positivos; a E.F. Santos-Jundiaí e Cia . Pau
lista de Estradas de Ferro, pelo desenvolvimento econômico
da zona a que servem e eficiência relativa de operação e
material, e a Vitória-Minas pelas condições favoráveis de ex
portação de minério de ferro nesse ano. Algumas ferrovias,
como a E.F. Bragança apreesntaram resultados verdadeira
mente espantosos : Despesa Cr $ 19 269 000, e Receita
Cr$ 2 130 000; tais resultados são perfeitamente compreensí
veis se atentarmos para as condições econômicas das regiões
servidas por essas ferrovias.
Quanto à Central do Brasil, temos a impressão de que
os seus resultados financeiros são fortemente influenciados pe
las baixas tarifas do seu tráfego suburbano.
A insuficiência atual das ferrovias nacionais, nas regiões
econômicamente mais desenvolvidas, para atender os pedidos
de transporte que lhe são feitos, é fato que dispensa novos
esclarecimentos. É pois imperioso que se procure corrigir as
causas dessa deficiência antes de se cogitar da ampliação da
rêde em tráfego.
A rêde em tráfego está longe de atender às exigências
da economia brasileira, porém as regiões de maior desenvol
vimento são razoávelmente servidas ,exigindo apenas a cons
trução de ramais, o prolongamento de algumas linhas e, prin
cipalmente, reaparelhamento material; algumas outras liga
ções são decorrentes de motivos de ordem política e estra
tégica .
96
De um modo geral, parece que os trechos ferroviários
cuja construção merece maior urgência, alguns dos quais já
foram iniciados, são os seguintes:
a) Ligação Paulistana -Petrolina completando o Tronco
Principal Norte (T.P.N);
b) Ligação Campina Grande-Patos que unificará a rêde
ferroviária do Nordeste do País, parte da L9;
c) Completar o Tronco Bahia-Natal (T.1 ) pela constru
ção da ponte sôbre o São Francisco, unindo Propriá a Co
légio ;
d) Prolongamento da E.F. Central do Brasil até For
mosa , completando mais um trecho do Tronco Principal Cen
tral (T.P.C.);
e) Prolongamento da E.F. Paraná-Santa Catarina em
direção a Tomás Laranjeira e Pôrto Mendes;
f) Prosseguimento da ligação Alfredo Nunes-Engenheiro
Blei-Caí, parte da linha de bitola larga entre São Paulo e
Rio Grande do Sul e parte do Tronco Principal Sul (T.P.S.) e
g) Ligação Passo Fundo- Barra do Jacaré (L 43), também
em bitola larga; entre Barra do Jacaré e Caí, éste trecho é
comum com o T.P.S.
Essas obras são tôdas da maior expressão econômica e
militar. Não é possível estabelecer -se uma prioridade entre
elas, porém parece -nos que os três últimos trechos são os de
maior importância .
É, no entanto, necessário evitar -se que se prossiga a po
lítica de dispersar as escassas verbas por numerosas obras
97
simultâneas e da qual resultam morosidade e maiores dis
pêndios.
A Comissão Mista realizou notável estudo sôbre o reapa
relhamento das nossas ferrovias (5) . Nêle é focalizado com a
maior objetividade e bastante minúcia o estado atual das vias
férreas e dêle resultaram numerosos projetos que exigem in
vestimentos vultosos, 146 milhões de dólares e 7,7 bilhões de
cruzeiros; infelizmente, apenas uma parcela pequena dos em
préstimos foi até o momento concedida, principalmente aque
les em moeda estrangeira.
Não cabe aqui analisar em detalhe todos os problemas
focalizados no mencionado estudo e assim abordaremos sò
mente os pontos principais.
Aconselha a Comissão o abandono de numerosos ramais
considerados improdutivos pela pequena produção industrial
e agrícola da região que servem e pela excessiva dispersão
de material que é exigida. Esses ramais, raramente excedendo
meia centena de quilômetros, poderiam ser vantajosamente
substituídos por rodovias pavimentadas, alimentadoras das fer
rovias, com vantagem sob o ponto de vista de custo do trans
porte, conforme já tivemos oportunidade de mostrar no Capi
tulo III. Os estudos da Comissão abrangeram apenas, algu
mas ferrovias, entre elas a Rede Mineira de Viação, a E.F.
Leopoldina e a Cia. Mogiana. Seria da maior conveniência,
o prosseguimento dêsse estudo para as demais ferrovias do
98
país, como uma forma de melhorar-se a situação financeira
das empresas.
Com relação aos traçados, são preconizadas condições
técnicas raios de curvatura e rampas para atender a tre
chos planos e montanhosos de modo a melhorar as possibili
dades de tração e o encurtamento de distâncias entre pontos
obrigatórios. Essas condições técnicas foram tratadas também
no Plano de 1934 e com maiores detalhes no Plano de 1947 ,
e visam a redução de despesas de toda a ordem, redução nos
horários e desvio para zonas economicamente melhores .
Abrangem elas igualmente a largura de plataformas e
e inclinação dos taludes nos cortes e aterros, tipos de trilhos,
gabaritos e obras de arte.
As ferrovias brasileiras apresentam uma característica al
tamente desfavorável que é a diversidade de bitolas. A situa
ção atual é a seguinte:
BITOLA Extensão %
1,60m 2 376 km
1,00m 33 412 km 91
Outras (0,76m; 0,66m e 0,60m ) 1 066 km 3
101
rado realmente econômico. Para o nosso caso é , ainda, con
veniente acrescentar ser indispensável a existência de energia
hidroelétrica, pois caso contrário seria indiretamente consu
mido combustível importado.
A tração diesel ou diesel-elétrica apresenta numerosos
pontos de superioridade sôbre a tração a vapor, ainda que
alguns especialistas no assunto discutam essa superioridade.
Devemos, porém, atentar para a circunstância que as loco
motivas a vapor que consomem óleo combustível podem ser
ràpidamente convertidas para a queima de carvão ou lenha,
ainda que com alguma redução na sua potência, e na hipó
tese de uma restrição séria nos fornecimentos de petróleo e
seus derivados, tal como aconteceu na última guerra, isto re
presentará vantagem ponderável, que não deve ser inteira
mente despresada.
Quanto ao material de transporte é igualmente necessá
rio a existência de maior capacidade e uso de engate do tipo
central automático com absorção de choque automático , altu
ras de aparelho de choque e tração, tipo de freio, etc.
Essa renovação de material em larga escala veio dar
maior ênfase ao problema do aperfeiçoamento técnico do
pessoal, atualmente cuidado apenas por algumas das maiores
ferrovias. O baixo nível médio de instrução do homem brasi
leiro e a nossa deficiência de pessoal especializado indicam
claramente o grau de influência que a solução que fôr dada
a esse problema poderá ter na operação eficiente do mate
rial ferroviário.
Em nenhum outro sistema se faz sentir tanto a necessi
102
dade da racionalização das tarifas; esse assunto será, porém,
tratado de conjunto em capítulo posterior.
Esta apreciação da situação das ferrovias parece não
deixar dúvidas que a normalização do sistema ferroviário,
pela importância de sua participação no conjunto dos trans
portes, representa questão da mais alta prioridade e sòmente
após esse reaparelhamento , poder -se - á cogitar de uma expan
são real. Isto não implica, evidentemente, na interrupção das
obras de alguns ramais, já com a construção iniciada ou pro
jetada.
Transportes Marítimos
103
Ainda hoje são poucas as regiões, separadas por distân
cias mais ou menos longas, que possuem ligações terrestres
capazes de arcar com a responsabilidade de transportar a
carga existente a fretes razoáveis. É bem verdade que atual
mente muitas mercadorias que deviam procurar a via mari
tima são transportadas pela rodovia e isto porque aqui se
repete o mesmo fenômeno das ferrovias: insuficiência e inefi
cácia dos meios disponíveis.
Não bastasse a imposição natural das características fi
siográficas, o transporte marítimo se destacaria ainda como
o capaz de oferecer fretes mais baixos.
A movimentação de mercadorias e passageiros depende
de dois elementos distintos: o material flutuante e os terminais
marítimos ou, simplesmente, Marinha Mercante e Portos.
Marinha Mercante -
Cerca de 40 % da tonelagem que
forma o comércio interestadual utiliza a navegação de cabo
tagem como meio de transporte e essa porcentagem seria
mais elevada se os meios disponíveis e o aparelhamento dos
portos o permitisse. Por outro lado, a falta de comunicações
terrestres em muitos casos torna obrigatório o uso de trans
porte marítimo.
Em alguns estados da Federação, aquela porcentagem é
elevadíssima e constitui a quase totalidade daquele comércio:
104
ESTADO Exportação ( % ) Importação (%)
Amazonas 100 94
Pará . 99 93
Rio Grande do Norte 95 44
Bahia . 87 68
Rio Grande do Sul 81 78
105
PRODUTOS Quantidade ( 1) % do Total
106
ANEXO 1
MANAUS Swit
FORTALEN
ÁREA NORTE
AREA AORCESTE NATAL
LEGENDA
SUL - $10 6.310 .TO RZAN
RIO - BUL - too.035
NORTE RIO
SALYATS
$ 19 - ROGTE 100 100
BUL - PARAMA
MARANA ONA SUL 200.000
SORTE - VITÓRIA 100.00
VITÓRIA NORTE 01. TO
SUL - NORTE loa MATTOO - WS AREA LEJTE
NORTE - Sulo Santo no 2222
TOTAL GERAL - TONELADA 4. )
VITÓRA
AREA DO
CENTRO Ano O
BANTO
FORMADU
SITUBA
AREA SUL
PORTO ALLORY
107
São em número de cento e quinze as empresas que se
dedicam a essa atividade. Dentre elas se destacam o Loide
Brasileiro e a Cia. Costeira, organizações estatais, e a Comér
cio e Navegação, companhia particular.
O Loide e Costeira operam 108 navios com 432 000 +
dwt. (71 % do total), a Comércio e Navegação tem 26 navios
e cinco outras companhias tem entre 3 e 13 navios; as demais
operam navios pequenos, barcaças e escunas.
Em 1951 era a seguinte a distribuição da carga pelos
armadores ( 8) :
108
atender à demanda de praça é insuficiente e formada por
elevado número de navios obsoletos. Das 307 unidades tota
lizando 609 160 + dwt. que compunham essa frota em 1951 ,
51 navios, correspondente a 17 %, tinham mais de quarenta
anos de idade; êsses 51 navios representavam 150 000 + dwt,
isto é, 25 % do total.
Entre os navios com menos de 10 anos predominam os
navios pequenos construídos após a guerra ou embarcações
de desembarque (LST e LCT) adaptados para a navegação
mercante; a exceção de monta nesse grupo é representada
pelos navios classe " Rio ", em número de 12 e totalizando
70 260 + dwt. Os 20 cargueiros classe " Loide América " , de
7 870 | dwt, não são aqui computados por se destinarem
principalmente à navegação de longo curso .
A Frota Nacional de Petroleiros, cujos navios foram quase
todos construídos a partir de 1951 , possui 21 navios-tanques
com 220 000 t, formando dois grupos distintos: doze dêles,
de 16 500 t a 20 000 † se destinam à navegação de longo
curso e os nove restantes, de 2 000 t, servem à cabotagem .
A Cia. Siderúrgica Nacional que possui e opera uma
frota própria para o transporte do carvão destinado às suas
usinas está em vias de receber dois navios carvoeiros de
11 000 e em construção na França. Essa frota trafega princi
palmente entre o pôrto carvoeiro de Imbituba e o Rio de Ja
neiro e só excepcionalmente vem realizando viagens de longo
curso . Ao que consta , os dois novos navios serão empregados
no transporte de minério de ferro de Vitória para os Estados
Unidos e de carvão deste país para o Rio de Janeiro.
109
Segundo a tonelagem assim se distribui a frota de cabo
tagem :
110
Custo Cr $
GRUPOS DE NAVIOS
(1 000 t/milha)
Movimento
(Em milhares de t)
%
1948 1951
(1951)
115
Apesar dêsses algarismos bastante expressivos, são pre
cárias as condições dos nossos portos.
A eficiência de um porto é medida em função das insta
lações portuárias, ou capacidade para realizar o movimento
de mercadorias dos navios para os armazéns ou diretamente
para outros meios de transportes, e das condições do ancora
douro e facilidade de acesso, compreendendo profundidade
do canal dragado, condições de maré, correntes, etc.
A falta de dragagem da maioria dos portos reduziu pro
gressivamente a profundidade ao longo do cais, obrigando a
atracação a meia carga ou a descarga sôbre a água, que é
bastante dispendiosa. Só a partir de 1952 é que verbas subs
tanciais foram atribuídas ao Departamento Nacional de Por
tos, Rios e Canais para a realização das dragagens necessá
rias na maioria dos portos.
As instalações portuárias necessitam ter aumentada a sua
capacidade de movimentar cargas e de melhorar os seus pro
cessos de operação. A incapacidade dos portos tornou -se fla
grante em 1947 e 1951/1952, quando um grande afluxo de
carga congestionou-os e deu origem às longas filas de navios
a espera de atracação, acompanhadas da sobretaxa de 25%
sôbre os fretes. Essa incapacidade, além das suas causas ge
rais, vem sendo agravada pela modificação da natureza das
cargas com manifesta tendência para cargas em grosso como
cereais, fertilizantes, minério, carvão, etc., para as quais êles
não estavam preparados.
Procura -se aumentar as extensões de cais como solução
para o problema ; é porém mais importante renovar e aumen
116
tar o equipamento, isto é, guindastes, empilhadeiras, material
ferroviário, pontes rolantes, etc. e simultâneamente melhorar
a operação, antes dêsses aumentos de extensão se mostra
rem necessários. Isto é fàcilmente sentido ao compulsarmos
dados sôbre o aproveitamento dos portos ( 12) onde se verifica
enorme disparidade de aproveitamento por metro de cais em
portos que então se achavam em período de congestiona
mento :
Recife . 616
Rio de Janeiro 953
Santos 1 116
Pôrto Alegre 444
117
MEIOS DE TRANSPORTE
IV -NAVEGAÇÃO
1. ORGANIZAÇÃO PORTUARIA
a ) Númreo de portos em utilização
b ) Resumo, por Unidades da Federação
NÚMERO DE PORTOS
UNIDADES DA FEDERAÇÃO
Total Oceânicos Fluvials
Norte
Guaporé 6 6
II
Acre . 12 12
Amazonas . 93 98
Rio Branco 5 5
Pará . 69 63
Amapá 5 4
Nordeste
Maranhão . 109 10 99
Piauí . 81 4 77
Ceará 15 15
Rio Grande do Norte 15 15
Paraíba ó 6
Pernambuco ,
Alagoas 21 13
Fernando de Noronha 1 1
Leste
Sergipe 9 5 4
Bahia 92 35 56
بی۔ی
ایہ
Minas Gerais . 26 26
Espírito Santo 15 12 3
Rio de Janeiro 21 21
Il
Distrito Federal 1 1
Sut
São Paulo 83 57 26
Paraná 26 3 23
Santa Catarina 12 8 4
Rio Grande do Sul 53 1 (1) 52
Centro -Oeste
Mato Grosso 98 98
Goiás . 19 19
118
MEIOS DE TRANSPORT
IV - NAVEGAÇÃO
1. ORGANIZAÇÃO PORTUARIA
e) Caracteristicas técnicas dos portos organizados 31 -X11-1951
a) Ano de inicio da exploração, cals , guindastes e pontes
Ano de
CAIS ACOSTÁVEL GUINDASTES PONTES ROLANTES
PORTOS Inicio da
Extensão
exploração Tipo Número Poder ( 1) Número Poder ( )
(m)
Amazonas
-
armado . 400 5 1,0 a 5,0
Paraíba
Pornambuco
Alagoas
Macelo 1942 Estacaria de aço ... 420 3 2,5 a 10,0
1
bahia
2.0
Salvador 1913 Alvenaria de blocos . 1 480 & 8 1,5 5,5 18 2,0
-
Ilhéus . 1925 Pontes de atracação . 346 1 5,0
Espirito Santo
Vitória . 1940 Alvenaria de blocos . 930 11 1,5 a 10,0 8 1,5 a 10,0
Distrito Federal
São Paulo
Parang
Santa Catarina
119
MEIOS DE TRANSPORTE
IV - NAVEGAÇÃO
1. ORGANIZAÇÃO PORTUARIA
c ) Caracteristicas técnicas dos portos organizados – 31 - XII - 1951
D) Extensão das linhas férreas, material rodante e outras instalações.
LOCOMOTIVAS ARMAZÉNS
Linhos
Número Area Pátes :
PORTOS férreas Potência
Número de vagóes Número útil (m2)
(M.P.)
Amazonas
-
Manáus . 19 19 530 6 731
Pará
-
Belém . 5 780 5 20 15 35 600 2 400
Paraiba
Pernambuco
...
Alagoas
Bahia
Espirito Santo
-
-
Distrito Federal
Rio de Janeiro
--
Paraná
Santa Catarina
120 -
de estadia dos navios nos portos, sem contar os períodos em
que aguardam atracações ao largo.
Para atender a essa situação, os projetos n .° 18 e 19
da Comissão Mista se destinam ao reaparelhamento dos por
tos de Santos e Rio de Janeiro, os principais do país.
O regime dos dezenove portos organizados é variado.
Os do Rio de Janeiro e Belém são organizados em autarquia ,
com autonomia de operação e administração; Natal e Laguna
estão a cargo do Departamento Nacional de Portos, Rios e
Canais; Manáus, Salvador, Ilhéus, Santos e Imbituba são ope
rados por concessionários particulares e os demais são explo
rados pelos governos estaduais. Nos portos não organizados,
existem por vezes trapiches ou pontes de atracação perten
centes a empresas particulares ou as operações de carga e
descarga se fazem sobre a água.
Além do reaparelhamento dos portos como medida de
ordem geral, pensamos que se impõe a construção do pôrto
de Itacurussá, há tanto protelada. Esse pôrto seria inicialmen
te o pôrto de minério e carvão, desviados do Rio de Janeiro,
o que lhe asseguraria um movimento satisfatório; posterior
mente, os combustíveis líquidos destinados ao interior via Cen
tral do Brasil seriam também alí desembarcados, já havendo
até cogitações relativas a instalação de uma refinaria de pe
tróleo em Itaguaí. Um ramal de bitola larga entre Itacurussá
e Japeri poderia ser fàcilmente construído, aliviando o con
gestionado tráfego entre Japeri e D. Pedro Il ao mesmo tempo
que deixaria maior extensão de cais acostável no pôrto do
121
Rio de Janeiro para a movimentação de outras mercadorias.
Contribuiria, finalmente, para o desenvolvimento da região.
122
tunidade de tratar anteriormente, excetuam-se o Amazonas
e seus tributários, que aliás representam as únicas vias de
transporte naquela vasta região, e o rio São Francisco que,
ao se projetar bruscamente nas bordas do planalto, cria con
dições que isolam o Médio e o Baixo São Francisco tornando-o
uma via interior de caráter genuinamente regional; poderá,
porém , vir a adquirir uma certa importância se fôr realizada
a conexão com outros sistemas de transportes, em condições
eficientes, nos extremos do trecho Pirapora -Juazeiro. Aliás,
essa característica de rio de planalto constitui, também, um
dos elementos mais desfavoráveis de numerosos rios brasi
leiros.
123
constante da tese " Função das vias de comunicação interior
no conjunto da rêde das vias de comunicações do país" ( 14) :
( 14) Engenheiro A. H. Furtado Portugal , "O rio São Francisco como via
de Navegação “, 1952 .
124
Comissão Mista Brasil-Estados Unidos ( 15) , somente no rio Ja
cuí, foram transportadas 1 500 000 + durante o ano de 1951 .
Há ainda alguns aspectos referentes ao aproveitamento
das aquavias que parece necessário mencionar. Referimo-nos
às questões da profundidade mínima e do custo das obras.
A influência das concepções e normas técnicas america
nas, frequente nos trabalhos da Comissão Mista e nas obras
de origem americana, hoje as mais comuns entre nós, pode
conduzir a idéia da necessidade de canais profundos e relati
vamente largos. Realmente, quanto maior a profundidade,
maior o porte possível das embarcações em tráfego e, conse
quentemente, mais baixo o custo do transporte; em aquavias de
9 pés (2,70 m) , com métodos e equipamentos modernos podem
transitar comboios de 25 000 t., e canais de 30 a 40 metros
de largura são considerados, normalmente, como vias satis
fatórios .
Na Europa, porém, predominam vias estreitas e de pe
quena profundidade que, apesar disso, apresentam tráfego
intensíssimo e fretes baratos . No trabalho do Engenheiro Por
tugal, há pouco mencionado, encontramos alguns dados refe
rentes ao rio Elba, no trecho em território tcheco; conquanto
a profundidade a montante de Saale e Havel seja de 0,55 m
(menos de 2 pés) e de 0,80 m (menos de 3 pés) a jusante de
Havel, o Elba e seu afluente Vltava transportaram no período
de 1923 a 1932, a média anual de 1 686 000 t. Daí o julgar
mos que, pelo menos nos estágios iniciais, não devamos nos
125
orientar em busca das profundidades de 9 a 12 pés, comuns
nas aquavias americanas mas que exigem investimentos muito
elevados para a sua obtenção.
Os custos dos trabalhos para obtenção de boas condi
ções de navegabilidade nas aquavias é extremamente variá
vel . Para se determinar se uma aquavia deve ser construída,
o custo das obras deve ser comparado, pelo menos, com o de
uma ferrovia que obedeça aproximadamente o mesmo per
curso para então, face à demanda presente e num futuro pró
ximo, calcular o custo aproximado da ton/km e se avaliar da
sua conveniência. Acrescente-se que o custo do material flu
tuante e da sua operação é, invariávelmente, menor do que
o do material rodante e respectiva operação além do que o
transporte fluvial pode ser realizado por numerosas pequenas
empresas montadas com pequenos capitais privados, o que
fatalmente não poderá ocorrer com as ferrovias.
Por todos esses motivos, julgamos da maior importância
uma especial atenção a éste setor, como essencial ao desen
volvimento econômico de numerosas regiões do país.
Apreciaremos agora, as condições atuais dos principais
sistemas aquaviários do país ao mesmo tempo que serão teci
das algumas considerações sõbre o seu possível desenvolvi
mento em futuro relativamente próximo. Como elementos fun
damentais, utilizaremos os trabalhos da CMBEU e do General
Jaguaribe de Mattos, incluído no Plano de Viação Nacional,
ora em curso no Congresso Nacional.
Sistema Amazônico Já tivemos ocasião de, no Capítu
126
lo II, tratar das condições atuais de navegabilidade do rio
Amazonas e seus tributários.
A extensão navegável dêsse rio e as condições de pouco
ou nenhum desenvolvimento econômico da região não acon
selham , a nosso ver, extensas obras visando o melhoramento
das condições de navegabilidade dos seus cursos dágua. E,
entretanto , necessária uma certa atenção aos meios existentes
para transporte nessa vasta região.
Interessante trabalho do Comandante F. Ferreira Netto
( 16) traça o histórico das companhias de navegação na re
gião ao mesmo tempo que salienta o caráter vital dêsse gê
nero de transporte. Predomina hoje a S.N.A.P.P. , autarquia
federal que controla a maior parte da navegação, existindo
ainda numerosas outras companhias de menor importância.
O material é totalmente obsoleto; como combustível pre
pondera a lenha e não mais é possível a existência de trans
portes econômicos com calorias de tal origem.
E, pois, imperiosa a modernização de toda a frota, trans
formando -se para a queima de óleo combustível ou diesel as
instalações propulsoras das embarcações que o comportem ,
a par da construção de novas unidades.
Um programa de renovação da frota da SNAPP foi ini
clado com a construção de várias unidades para passageiros
e carga em estaleiros holandeses, algumas das quais já se
acham em tráfego.. Em vista das condições normalmente de
-
127
ficitárias dessa autarquia, as novas construções estão sendo
financiadas pelo Governo Federal .
A baixa capacidade econômica da região e as enormes
distâncias a vencer constituem obices tremendos aos fretes
que gravam os produtos locais. Somente a existência de trans
portes em bases efetivamente econômicas poderá eliminar, ao
menos parcialmente, aqueles fatores negativos.
A criação, em consequência de dispositivo constitucional,
da Superintendência da Valorização da Amazônia torna pos
sível a solução dêsse importante problema em futuro próximo.
Podem ser realizados os estudos técnicos indispensáveis para
a fixação de tipos de embarcações mais aconselháveis às di
versas linhas, cuja construção poderá ser então, total ou par
cialmente , financiada pela Superintendência .
É este um dos setores que mais alta prioridade deve me
recer desse organismo. A SNAPP é uma autarquia deficitária
e, ainda que tenha a sua frota e suas instalações moderniza
das, deverá continuar a sê-lo como uma forma de cumprir a
sua missão na recuperação econômica da região.
Muito tempo ainda decorrerá até que seja possível cogi
tar-se de melhoramentos nas condições de navegabilidade e
abertura de canais, com base em fundadas razões econômicas .
Para a navegação em tributários do Amazonas, devem
ser realizados estudos especiais sôbre os tipos de embarca
ções adequadas, levando em conta inclusive a experiência
local. O trabalho do Engenheiro Naval, Comandante Oswaldo
128
O. Storino , " A Navegação e os barcos do rio Tocantins” ( 17),
constitui uma solução para o caso em apreço ao mesmo tem
po que uma aproximação para o trato do problema em outros
cursos dágua.
No que diz respeito à navegação do rio Amazonas, re
leva considerar que as linhas de cabotagem se estendem até
Manáus, do que resulta o escoamento direto dos produtos
trazidos até aos portos intermediários à margem do Amazo
nas, dispensando a ida a Belém . As condições precárias dês
ses transbôrdos poderão fazer com que, melhorados os meios
regionais, seja mais econômico o transporte fluvial até Belém ,
onde seriam essas cargas transferidas para a navegação
oceânica.
O início da construção da Refinaria de Petróleo de Ma
náus faz surgir um novo fator de progresso para a região
ao mesmo tempo que mais um problema de transporte a ser
solucionado. O fato dessa refinaria pertencer ao capital pri
vado e não possuir o Governo Federal o monopólio, por in
termédio da Petrobrás, para o transporte fluvial do petróleo
não produzido no país, não constituem motivos para que os
órgãos governamentais se mantenham alheios a ele. E sabido
que essa refinaria se destina a refinar petróleo peruano do
campo de Ganso Azul, próximo ao rio Paquitea, afluente do
Ucayali e êste do Amazonas.
Surge assim uma questão de natureza política, cuja so
lução, ao que parece já está sendo buscada pelo Itamarati
- 129
junto ao Governo peruano, havendo mesmo uma Comissão
Mista Brasil-Perú para estudar o assunto . E que a navegação
internacional vai até Iquitos, o que exigirá um transbôrdo nes
se pôrto, a menos que o transporte seja totalmente feito por
embarcações de bandeira peruana ou que se obtenha a ne
cessária permissão do Governo Peruano para ir buscá -lo em
Ganso Azul mediante concessão em outros setores.
Faz -se também necessário o estudo do tipo adequado de
embarcações para esse transporte. Se a solução fôr buscá - lo
em Iquitos, aconselhável será a construção de navios tanques
fluviais de tipo semelhante aos empregados na região dos
Grandes Lagos nos Estados Unidos, com características adap
tadas à região. Se fôr possível trazê-lo em viagem contínua,
parece mais conveniente a utilização de comboios de chatas
tanques rebocados. A distribuição de refinados exigirá, tam
bém, a escolha de embarcações adequadas.
Em qualquer dos casos, é conveniente ser estudada a
possibilidade de carga de retôrno como um meio de reduzir
o ônus da viagem rio acima. Sòmente uma análise econômica
minuciosa, seguida por acurado estudo das características de
construção poderá indicar a solução correta.
Sistema Paraná -Paraguai - A idéia, cuja realização em
futuro próximo é perfeitamente possível, levou-nos anterior
mente a denominar este sistema de Seção Brasileira da Bacia
Platina e porque o rio Uruguai nêle não se integrará, deixa
mos para abordá-lo separadamente.
Temos a convicção de que este sistema está fadado a
assumir papel relevante na economia brasileira, comparável
130
talvez ao que o sistema MississipiMissouri representa para os
Estados Unidos, em virtude das possibilidades de desenvolvi
mento das regiões por ele servidas e que já estão se fazendo
sentir no panorama brasileiro.
O Comandante Atila Novaes, então diretor do Serviço
de Navegação da Bacia do Prata, publicou dois opúsculos ( 18)
que fazem sentir claramente os benefícios que o transpor
te fluvial poderia trazer para o progresso desta rica e
extensa região. Também a Comissão Mista Brasil-Estados Uni
dos dedicou particular interesse a éste setor, como o demons
tram a alta prioridade atribuída aos principais rios da bacia
do Prata e a realização de um trabalho exclusivamente sôbre
o sistema fluvial a ser formado pelos rios Paraná e Tieté ( 19);
e esses trabalhos somente não adquiriram maior extensão e
profundidade, como lá é dito, em virtude da insuficiência de
conhecimentos sobre esses rios.
São bastante elucidativos alguns trechos dos trabalhos
do Comandante Novaes, pelo que julgamos útil transcrevê -los:
" Ficará pois a produção do Estado (Mato Grosso ) su
bordinada à utilização de rodovias de classe inferior,
e de uma ferrovia de bitola estreita" .
" Chegamos hoje ao cúmulo de, por não acreditarmos
no transporte fluvial, ver o café produzido na região
131
leste e sueste do Estado de Mato Grosso e oeste e
sudoeste do Estado de São Paulo, ser enviado para
os países do Prata, Argentina e Uruguai, através do
pôrto de Santos, quando o mais lógico, o mais razoá
vel e o mais econômico seria a remessa através de Pôr
to Esperança em embarcações fluviais que demanda
riam Buenos Aires e Montevidéu" .
134 -
com seu tributário Brilhante, e o Amambai, melhorando-se
êsses rios dentro do economicamente possível e desejável.
A região possuiria , assim, transporte farto e de baixo
custo . Na produção local predominam mercadorias que exi
gem transportes baratos como madeiras e cereais; no sentido
oposto, seriam carreados os produtos industriais necessários à
região e, principalmente, derivados de petróleo, evitando-se
por essa forma os preços astronômicos atingidos pela gaso
lina, como seja de Cr$ 23,00 o litro em Toledo ( 1953) .
Mesmo que fossem executados os programas de melho
ramentos e de recuperação das E.F. Sorocabana, Noroeste
do Brasil e Paraná-Santa Catarina, a situação não se altera
ria fundamentalmente ou, pelo menos não poderia ser consi
derada como solucionada porquanto a produção em constan
te crescimento criaria uma demanda em excesso sôbre o au
mento de capacidade dessas ferrovias.
Considerando -se o surto de progresso da região e as
possibilidades de seu potencial hidrelétrico, pensamos existi
rem as bases econômicas que justificam essas obras e funda
das são as esperanças na sua execução.
Como medidas preliminares indispensáveis, a Comissão
Interestadual da Bacia do Paraná-Uruguai solicitou a coope
ração do Ministério da Marinha que, por intermédio de pes
soal técnico da sua Diretoria de Hidrografia, está procedendo
ao levantamento hidrográfico do Alto Paraná entre Guaira
e o Salto de Urubupungá; simultaneamente, uma equipe de
engenheiros holandeses, contratada pelo Estado de São Paulo
135
estuda o aproveitamento do Tieté sôbre o triplice aspecto de
navegação, irrigação e potencial hidrelétrico .
Dentro desse sistema fluvial, situa -se ainda o Paranapa
nema. Constituiria uma via paralela, ao Sul do Tieté e facili
taria o escoamento da produção do Vale do Paraná até o
centro ferroviário de Ourinhos, de onde seria carreado para
leste, em busca de São Paulo e Santos ou Paranaguá e
Curitiba.
O rio Paraguai foi mais bem servido no programa em
curso do S.N.B.P. , entretanto o material flutuante é ainda
insuficiente. Os estudos da Comissão Mista prevêm a abertura
de um canal de 9 pés (2,70 m) até Corumbá, o que permitiria
a exploração ativa das jazidas de minério de manganês de
Urucum, nas proximidades de Corumbá , que seria então ex
portado via Montevidéu. A abertura dêsse canal dependeria,
porém, de entendimentos e da colaboração do Governo Pa
raguaio, sem o que ele seria pràticamente inútil . Nas condi
ções autais, de Corumbá até a confluência, a navegação pode
ser feita por embarcações de 4,6 pés ( 1,35 m) de calado; en
tre São Luiz de Cáceres e Corumbá podem navegar embar
cações de calado até 1 m.
Justifica -se perfeitamente o desenvolvimento da navega
ção fluvial no rio Paraguai, pois do contrário essa região
permanecerá em relativo isolamento visto que apenas uma
ferrovia a atravessa, a Noroeste do Brasil. Serão sensíveis os
resultados a serem conseguidos com os poucos meios de que
foi dotado o S.N.B.P. , como já deixa entrever o trabalho
há pouco citado, mas ainda muito resta por fazer.
136
Os entraves criados pela geografia política, aos quais
já nos referimos, não aconselham a canalização do fluxo de
mercadorias rio abaixo em direção ao Prata . Obvias são as
razões para esse nosso ponto de vista. Admitimos sòmente o
escoamento de minério para exportação, que por outra forma
seria antieconômico.
A solução final seria , então a interligação entre os rios
Paraná e Paraguai através dos rios Ivinheima, Brilhante e Mi
randa; tal ligação demandaria a abertura de um canal arti
ficial com cerca de uma centena de quilômetros, além das
obras necessárias naqueles rios. Esse canal constitui uma das
ligações constantes do trabalho do General Jaguaribe de
Mattos incluído no novo Plano de Viação Nacional .
O aproveitamento do petróleo boliviano seria uma das
razões a justificar essa obra. O seu transporte inteiramente
em estradas de ferro será evidentemente antieconômico, mòr
mente em uma via singela e de bitola estreita e sòmente po
deria se justificar para pequenas quantidades, como as cons
tantes do acordo comercial há pouco assinado com a Bolívia.
Para quantidades ponderáveis, destinadas a abastecer não
apenas o Oeste mato -grossense mas também, ainda que par
cialmente, outras regiões do país como São Paulo e Paraná,
outra solução é inevitável e a única possível é a aquavia .
Quer o petróleo seja recebido refinado ou em bruto , o pro
blema permanece inalterado.
O transporte entre Santa Cruz de la Sierra e Corumbá
será necessàriamente, apesar do ônus que isso representa, fei
to pela via férrea, até que as quantidades justifiquem a cons
137
trução de um oleoduto. De Corumbá em diante, o petróleo
utilizaria principalmente a via fluvial.
A ligação entre os rios Paraná e Paraguai, além dos seus
fundamentos econômicos normais de tempo de paz, tem por
tanto uma forte razão a justificá -la. Dependemos do petróleo
importado por via marítima e, a exemplo do que aconteceu
na II Guerra Mundial, dificilmente poderemos assegurar o
abastecimento dêsse produto essencial se eclodir uma nova
conflagração; o petróleo boliviano não constituiria uma solu
ção total mas poderia satisfazer, ao menos parcialmente, as
necessidades da região que apresenta maior índice de con
sumo no país.
Sistema Fluvial-Lacustre do Rio Grande do Sul Este
sistema é formado pelas Lagoas dos Patos e Mirim, rio Guaí
ba e seus formadores, além dos rios São Gonçalo, que liga
aquelas lagoas, Camaquã e Jaguarão.
A Lagoa dos Patos e o rio Guaiba, até Pôrto Alegre,
possuem um canal dragado que permite o tráfego de navios
até cerca de 17 pés e pelo qual a navegação tem acesso à
capital do Estado.
O rio Jacui é o principal do sistema e corre na direção
geral de Oeste para Leste, vindo desaguar no Guaiba quase
defronte a Pôrto Alegre e, com o seu afluente Taquari, corta
rica zona agrícola e industrial do Estado; o projeto relativo
ao Jacui recebeu a mais alta prioridade nos estudos realiza
dos pela Comissão Mista.
Durante as cheias, cerca de 350 km dêsses dois rios é
navegável por embarcações calando 5 pés ( 1,54 m); na época
138
da vasante o percurso navegável cai a menos de 250 km e
ainda assim foram nêle transportadas 1 500 000 em 1951
( 20 ) .
Em consequência da importância econômica que essa via
fluvial representa para a região, o Departamento Estadual
de Portos, Rios e Canais fez executar o levantamento de tre
chos de ambos os rios e estão em elaboração os planos para
a construção de três ou quatro barragens que permitirão a
navegação do Jacui em qualquer época do ano e de 50 km
do Taquari, por embarcações calando 6 pés ( 1,80 m).
A tonelagem atualmente transportada mostra a sólida
base econômica dêsse projeto; se realizado, a intensidade de
tráfego será provavelmente muito maior. A vantagem de fre
tes mais baixos de que já goza a via fluvial nessa região
será certamente ampliada; atualmente, entre Cachoeira do
Sul e Pôrto Alegre, uma saca de arroz paga Cr$ 4,00 pela
via fluvial, Cr$ 10,50 na ferrovia e Cr$ 15,00 na rodovia.
O Plano de Viação Nacional prevê a existência futura
do canal Vacacaí-lbiaú, ligando os rios Jacuí e Ibicuí e, por
conseguinte estabelecendo a continuidade da via fluvial com
o rio Uruguai. Essa ligação e os trabalhos de dragagem e
regularização do curso dos rios seriam o prosseguimento na
tural e lógico das obras projetadas para o rio Jacuí. Obter
se -ia , então, um sistema fluvial de excepcional relevo para a
região e que estabeleceria , através de águas internacionais,
a ligação fluvial contínua entre Mato -Grosso e o Pôrto do Rio
139
Grande, ainda que por um percurso consideravelmente alon
gado.
O rio Uruguai assume uma importância especial por cor
rer em largo trecho na fronteira entre o Brasil e a República
Argentina . É êle navegável numa extensão de 345 km entre
Uruguaiana e Santo Izidoro. A navegação é feita em razoá
vel escala entre os pequenos portos de Uruguaiana, Itaquí e
São Borja. O Ministério da Marinha está procedendo ao le
vantamento topo-hidrográfico desse rio, o que permitirá apre
ciar melhor das suas possibilidades.
Sistema do São Francisco - O tráfego é feito atualmente
entre Pirapora e Juazeiro, numa extensão de 1 300 km , e em
alguns dos seus afluentes. A profundidade mínima na vasante
é de 4 pés ( 1,20 m) .
As condições em que a navegação se faz atualmente é
das mais atrazadas . Em " O rio São Francisco como Via de
Navegação ", o Engenheiro Furtado Portugal transcreve tre
chos de um relatório do Comandante Pereira Pinto, Engenheiro
Naval encarregado pela Comissão do Vale do São Francisco
de estudar os problemas da navegação dêsse rio, os quais
mostram claramente a situação atual.
A carga fluvial tem se mantido estacionária, nestes últi
mos 10 anos, por volta das 40 000 t.
A navegação é explorada por duas companhias esta
duais, uma mineira e outra baiana, utilizando embarcações
obsoletas, cujo combustível é a lenha. Como consequência , o
custo atual da tonelada - quilômetro é da ordem de Cr$ 0,45
140
quando mediante o emprego de material e métodos moder
nos poderia ser reduzido para Cr$ 0,12 ou Cr$ 0,13.
O plano da Comissão prevê o estabelecimento de um
canal de 1,50 m enquanto que a Comissão Mista sugere
2,00 m, Coerente com a nossa observação anterior, sôbre a
influência das vias aquáticas norte -americanas, preferimos
optar pela solução da Comissão do São Francisco , pelo me
nos para um estágio inicial por ser a que menores despesas
acarretará .
A análise técnica do Comte. Pereira Pinto concluiu pelo
estabelecimento de meios necessários a movimentar 100 000 +
anuais, mínimo para a existência econômica de um sistema de
transportes nesse rio. Com o canal de 1,50 m seria possível
o tráfego com embarcações de 500 t e propulsão diesel . Para
o transporte de carga empregar -se -iam chatas a reboque e
seriam estabelecidas as seguintes linhas:
Pirapora - Bom Jesus da Lapa, carga;
Pirapora - Juazeiro, carga e passageiros;
Rio Grande, entre Barreiras e Juazeiro, passageiros e
carga ;
Rio Preto, entre São Marcelo e Barra, passageiros e
carga ;
Rio Corrente, entre Santa Maria e Bom Jesus da Lapa,
idem, e
Paracatú, entre Buriti e Pirapora, idem .
O desenvolvimento esperado da região consequente do
funcionamento da hidrelétrica e a existência da Comissão com
amplos recursos financeiros permitem que se considere venha
141
a ser este problema solucionado, ao menos em parte, em bre
ve espaço de tempo.
Quanto a sua integração no sistema nacional, tal só po
deria ser conseguido mediante ligação com o sistema ferro
viário. A E.F. Central do Brasil vai até Pirapora, a Leste
Brasileiro atinge e ultrapassa Juazeiro; falta agora a ligação
com a Rêde Ferroviária do Nordeste. Só então pela conjuga
ção dos sistemas ferroviário e aquaviário poderá o São Fran
cisco assumir um papel mais amplo no sistema nacional que
não o limitado ao âmbito regional.
Rios Mearim e Parnaíba - As condições de pobreza e
falta de transportes nos Estados do Maranhão e Piauí, leva
ram a Comissão Mista a indicar o aproveitamento desses rios.
O rio Mearim serve a uma região produtora de algodão
de fibra longa, e babaçu e arroz, e outros produtos que po
dem ser transportados econômicamente por via fluvial, o que
justifica o melhoramento do rio de modo a permitir o tráfego
de chatas o ano inteiro, obra relativamente pouco dispen
diosa .
Os rios Itapecurú , Pindaré e Grajaú foram deixados de
lado por não existirem dados seguros e porque o desenvol
vimento econômico da região não produzirá tráfego suficiente.
O rio Parnaíba serve também a uma região pouco desen
volvida e carente de transportes. Segundo a Comissão Mista,
as despesas necessárias para tornar navegável o trecho de
500 km entre Parnaíba e Floriano seriam bastante reduzidas
e essa aquavia poderia ser estendida por mais 200 km.
A atual produção da região não parece justificar as des
142
pesas necessárias; entretanto, a ferrovia entre Luiz Corrêa e
Teresina está sendo construída e, paralelamente a ela, cons
trói-se uma rodovia. Preparam-se, assim , numa região despro
vida de transporte e de baixa densidade de tráfego, vias
paralelas e competitivas, quando o densenvolvimento do tre
cho fluvial entre Parnaíba e Teresina para tráfego o ano todo
atenderia as necessidades de transportes de maneira mais
econômica e com menores despesas.
Transportes Rodoviários
143
víssimo inconveniente da superposição generalizada de tra
çados com a rede ferroviária . O plano Schnoor, tendo por
base um sistema de rodovias se irradiando da localização da
nova Capital do País no Planalto Goiano e dando pouca
atenção às justificativas geo-econômicas, pecava por falta de
realismo. O terceiro, isto é, o da C.E.R.F. se assemelha ao
anterior, sendo porém mais realista.
Nos quinze anos que se seguiram, a semelhança do que
ocorreu com os transportes ferroviários e marítimos, verifi
cou-se completa estagnação nesse setor. Nesse período foram
formulados os planos Geral de Viação Nacional em 1934, o
Plano do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
em 1937 e, finalmente, o Plano Rodoviário Nacional em 1944,
êste o primeiro plano rodoviário de âmbito nacional aprovado
pelo Governo Federal.
Após a Il Guerra Mundiol, a construção rodoviária na
cional sofreu um grande impulso. O decreto-lei n.° 8 463, de
27 de dezembro de 1945, denominado " Lei Joppert", instituiu
o Fundo Rodoviário Nacional; éste fundo formado pelos re
cursos obtidos através de um imposto federal sôbre os com
bustíveis líquidos e lubrificantes minerais, a ser rateado entre
o Governo Federal, os Estados e os Municípios, libertou os
Departamentos de Estradas de Rodagem da dependência de
verbas orçamentárias e das incertezas das injunções políticas
do momento .
Foi possível então, a realização de grandes investimen
tos; o Fundo que em 1946 arrecadava quase 1 bilhão de cru
zeiros, alcançava a expressiva cifra de 2,5 bilhões em 1952 .
144
A essa quantia seriam ainda acrescentadas outras dotações
orçamentárias.
A construção de novas estradas e o melhoramento de
várias das existentes passou então a ser feito com muito maior
intensidade, ainda que, para um país extenso como o nosso ,
tais despesas não possam ser consideradas exageradas.
A extensão rodoviária atualmente existente no Brasil
ascende a cêrca de 302 147 km, das quais 12 315 km são
fedeairs, 51 032 km estaduais e 238 800 km municipais. Infe
lizmente, sòmente uma parcela bem pequena dessa rêde é
formada por boas estradas; em dezembro de 1953, apenas
1 900 km eram pavimentados e podiam ser considerados como
de primeira classe. As estradas municipais, em particular, não
passam geralmente de caminhos carroçáveis.
Paralelamente, a redução dos investimentos nas ferrovias
e na navegação de cabotagem fez com que estas vias se
mostrassem incapazes para atender ao fluxo crescente de
mercadorias a conduzir, o que contribuiu fortemente para a
expansão do transporte rodoviário.
A existência de condições favoráveis atraiu consideráveis
investimentos privados, aplicados exclusivamente no material
rodante, caminhões e ônibus, uma vez que cabem aos pode.
res públicos a construção e a conservação das rodovias. O
número de veículos passou de 103 000 em 1945 para 244 941
caminhões e 19 815 ônibus em 1952.
As características do transporte rodoviário muito contri
buem para essa atração do capital privado. Em primeiro lu
gar, ao contrário dos setores ferroviário e marítimo, os inves
145
timentos das empresas podem ser pequenos; além do mais,
foram eles estimulados pelas favoráveis taxas cambiais que
prevaleciam em todo o período mencionado . A flexibilidade
de rotas e a maior velocidade de transporte atraem os pro
dutores, que ainda podem contar com o serviço porta a porta .
As tarifas, salvo algumas exceções, não obedecem à regula
mentação e são difíceis de controlar, o que favorece a sua
fixação em função da época, região, espécie de carga , estado
das rodovias, possibilidades de carga de retorno . etc.
A construção de algumas vias tronco, até certo ponto,
paralelas às vias férreas e à via marítima, expandiu ràpida
mente o tráfego a longas distâncias. Pela Rio -Bahia, Rio -Pôr
to Alegre e Transnordestina trafegam não somente cargas
ricas mas também cargas de baixo custo e grande quanti
dade, que deviam ser encaminhadas para outros meios de
transporte. Cerca de 3 000 toneladas mensais são transpor
tadas entre Rio e Pôrto Alegre, numa distância de 1 600 km
e igual quantidade entre Rio e Fortaleza , com um percurso
de 3 000 km .
Conquanto o frete rodoviário seja mais caro , a insufi
ciência dos outros meios, a maior velocidade, economia na
embalagem e nos transportes do produtor ao terminal mari
timo ou ferroviário e no outro extremo, do terminal ao desti
natário, e outras vantagens, fazem com que grande quanti
dade de mercadorias seja canalizada para o transporte ro
doviário .
Essa expansão da rêde rodoviária concedeu-lhe três im
portantes funções na economia do país. Ela possibilita um
146
meio alternado de transporte que, face ao grau de insuficiên
cia da cabotagem e da via férrea, conduz não só as merca
dorias de alto valor unitário como também madeira, cereais,
açúcar e até mesmo minério de ferro e produtos acabados de
ferro e aço. Servem como vias de penetração ou pioneiras,
ligando os grandes centros consumidores às regiões em franco
desenvolvimento no Paraná, em Mato Grosso e Goiás. Final
mente, proporciona vias secundárias ou alimentadoras das
vias tronco marítimas, ferrovárias ou rodoviárias, as quais
muito tem contribuído para o grande impulso da produção,
principalmente a agrícola.
Essas três funções se coadunam perfeitamente com o con
ceito geral de utilização das rodovias, principalmente face
aos problemas específicos brasileiros, exceto no que diz res
peito à posição paralela às ferrovias ou cabotagem para o
transporte de cargas que exigem fretes baixos. Essa situação
deve ser remediada e a solução se situa lògicamente na me
Thoria dos outros meios de transportes.
O grande impulso dado às rodovias com a criação do
Fundo Rodoviário foi de início orientado primordialmente no
sentido de novas construções. A ampliação da rêde e o au
mento crescente do tráfego obrigaram recentemente a uma
revisão dessa política. Observa -se no plano federal e esta
dual uma inversão do significado das despesas, passando a
predominar aquelas destinadas à conservação e à melhoria
das estradas existentes sôbre as de novas construções.
Realmente, rodovias em condições precárias são forte
mente afetadas pelas condições climatéricas sazonais, a ponto
147
de ficarem mesmo com o trânsito interrompido. Simultânea
mente, as despesas com combustíveis, lubrificantes, manuten
ção e as consequentes do desgaste exagerado que reduz a
vida útil do veículo, oneram fortemente o custo do transporte.
A pavimentação da estrada Rio -São Paulo foi seguida por
uma redução de 50 % nos fretes; a economia de um caminhão
trafegando em via pavimentada é de cerca de 23 % de com
bustível, 53 % de lubrificante, 66% de pneus e a vida útil do
veículo cresce de 60 % .
Considerando -se que porcentagem elevada dessas despe
sas implica em consumo de preciosas divisas estrangeiras, fá
cil é compreender que o seu significado transcende de muito
o âmbito restrito de um meio de transporte.
O tráfego é hoje bastante intenso em numerosas estra
das. Utilizando dados do D.N.E.R. (21 ) vemos que na BR-2,
entre Rio e Pôrto Alegre, há um tráfego médio da ordem de
2000 veículos diários, exceto nas " pontas" próximas das ca
pitais, onde é sensivelmente maior, e no trecho Atuba-Caxias
do Sul, onde cai para cerca de três centenas; na BR-3, êsse
tráfego é da ordem de 6 000 veículos até Petrópolis, caindo
a seguir para meio milhar em Juiz de Fora e Belo Horizonte.
Esses exemplos, aos quais outros poderiam se juntar, mostram
os importantes reflexos das considerações há pouco feitas e
que conduzem a maior ênfase na pavimentação das estradas.
No setor tarifário, ainda que a extrema disparidade de
fretes no país não permita a utilização de dados realmente
148
expressivos, é possível entretanto constatar -se a vantagem do
frete rodoviário para pequenos percursos, passando a ferro
via a levar vantagem em grandes distâncias. Apenas no caso
brasileiro, em função de causas já repetidamente apontadas,
a distância em que se verifica o equilíbrio é bastante superior
à média americana . Nos exemplos abaixo ésse ponto é elu
cidado, sendo entretanto conveniente atentar-se para a pos
sibilidade dêles serem influenciados pelo aspecto competitivo;
FRETE (Cr$ / t)
Distância
TRECHO (km)
Ferroviário Rodoviário
Obs. Frete médio para vários cereais, mais carne congelada e xarque
no primeiro .
149
Franco, parcialmente concluída e que vem desempenhando o
seu papel no transporte de cereais e babaçú.
O Nordeste, graças ao trabalho que já vinha sendo de
senvolvido pelo Departamento Nacional de Obras Contra as
Sêcas, possui extensa rêde, onde se salienta a Transnordestina
entre Fortaleza e Salvador que, em Feira de Sant'Ana, se
articula com a Rio-Bahia, estabelecendo a continuidade entre
as rêdes rodoviárias do Nordeste, Leste e Sul do país. Esta
estrada, orientada no sentido do meridiano, serve de tronco
para as demais que se orientam aproximadamente no sentido
dos paralelos e buscam a orla marítima na sua maioria. Elas
não são pavimentadas, exceto pequenos trechos nas proximi
dades das capitais; vale salientar o esfôrço recente nos Esta
dos de Alagoas e de Pernambuco, éste último procurando li
gar Recife às principais zonas geo-econômicas por meio de
cinco radiais e aquele procurando atingir os Estados limítrofes.
Na região Leste, na Bahia a situação é das piores e nem
mesmo o trecho Salvador - Feira de Sant'Ana, com tráfego
da ordem de 1000 veículos diários, está inteiramente pavi
mentada, sendo de salientar que esse trecho liga Salvador à
Rio - Bahia e à Transnordestina. Possui o Estado apreciável
extensão de vias consideradas de tráfego permanente. Em
Minas Gerais vem se realizando um grande programa de
ampliação da rêde rodoviária, porém, no que diz respeito a
pavimentação, quase nada tem sido feito e ainda não foi
conclu’da a pavimentação da Rio - Belo Horizonte. Outra li
gação da maior importância econômica acha - se ainda longe
de conclusão, a Belo Horizonte - São Paulo.
150
O Estado do Rio de Janeiro vem se beneficiando sensi
velmente com importantes trechos de rodovias federais – BR-2
e BR-3 -
que partem da Capital Federal e atravessam o seu
território. As rodovias estaduais apresentam considerável ex
tensão em tráfego permanente e alguns trechos já pavimen
tados.
No Sul do país, em particular no Estado de São Paulo,
a expansão tem sido mais rápida fruto de maiores possibili
dades econômicas. Em São Paulo foram construídas a Via
Anchieta e a Via Anhanguera, esta partindo da capital e já
tendo sua pavimentação concluída até Limeira; são pavimen
tadas também as estradas São Paulo - Sorocaba, Campinas -
Mogi Mirim e São Paulo - Mogi das Cruzes, além de grande
extensão de rodovias permanentes em grande parte do litoral,
certas zonas da Alta Paulista e da Alta-Sorocabana, e o en
trosamento com os Estados vizinhos.
O Paraná, com o surto espantoso por que vem passando,
tem construído vias francamente pioneiras para atender ao
desbravamento de novas áreas no Oeste Paranaense; já o Es
tado de Santa Catarina, possuidor de menores recursos, não
tem conseguido o mesmo rítmo de expansão com prejuízo
para a zona de produção tríticola. Em ambos os Estados, têm
sido encetadas obras em vias federais como a BR-2, a BR-5
e a BR-59.
O Estado do Rio Grande do Sul foi o primeiro Estado a
lançar mão dos modernos equipamentos para construção e
hoje é cortado por boa rêde de estradas. O seu programa
de pavimentação é reduzido pela insuficiência de recursos
151
VIII- GRÁFICO COMPARATIVO DAS QUILOMETRAGENS
CONSERVADAS E PAVIMENTADAS NÚMERO DE VEÍCULOS
EM GERAL E DE CARGA E DESPESAS TOTAIS EM
CONSERVAÇÃO DE RODOVIAS 66.158
QUILOMETRAGCM CFETIVAMENTE CONSERVAOA 04.026
SCOCRAL ( STADUAL C TCRMITORIAL 62 969_
40.732
$ 8.102
96.495
525.2,
VARIAÇÃO DO NÚMERO TOTAL DE VEÍCULOS MOTORIZACOS EM
.50 244 CIACULAÇÃO NO Pais (hart VEICULOS
409.9
386.4 3900
OC SPESAS TOTAS FCCERNS C
ESTADUAIS CM CONSERVAÇÃO
330.12 RODOVIAS (MAILMOES OE CRUZCIROS)
31,2
37,27
201.
271.6
-2194
219.3 221.3 230.0,
VARIAÇÃO DO NUMERO OE VEICULOS MOTORIZADOS
CARGA EM CIRCULAÇÃO 172.0
161.33
142.87
109.2
90.2
L63.5
CAC SCIMENTO DA REDE PAVI4ENTADA
1650
651 1200
522
oso
152
apesar de que possui já alguns trechos pavimentados. Algu
mas importantes rodovias como a Pôrto Alegre - Jaguarão
(BR-2) e Pôrto Alegre - Uruguaiana (BR-37) estão sendo ata
cadas com intensidade.
Na região Centro-Oeste, o avanço tem sido pequeno pelo
insuficiência de recursos e enormes distâncias a vencer. Mato
Grosso e Goiás procuram entrelaçar seus planos com os dos
Estados vizinhos, São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Apesar
da qualidade das rodovias, é intenso o tráfego rodoviário
transportando cereais de Goiás para os grandes centros con
sumidores; até mesmo borracha é transportada em caminhão
entre Cuiabá e São Paulo, pagando um frete de Cr$ 2 000,00
a tonelada .
Pode-se portanto afirmar que são sensíveis os efeitos da
nova legislação rodoviária. Igualmente nota-se uma maior
preocupação com a melhoria das condições técnicas e con
servação das vias existentes. Só assim será possível ao trans
porte rodoviário cumprir satisfatòriamente a missão que lhe
cabe no concerto dos transportes nacionais.
Transporte em Oleodutos
A inclusão dos oleodutos no sistema nacional de trans
portes poderá, a primeira vista, parecer uma incoerência por
se tratar de uma via especializada, destinada exclusivamente
a conduzir combustíveis líquidos e gás natural. Nos Estados
Unidos tem se cogitado de transportar outros produtos, tais
como álcool e carvão , porém não temos conhecimento de ne
nhuma realização prática.
153
Conquanto o transporte em oleodutos se resuma atual
mente a um único ,o Santos - São Paulo, não podemos deixar
de olhar para o futuro ao mesmo tempo que levar em con
sideração o efeito sôbre outros sistemas, resultante de impor
tantes quantidades de produtos petrolíferos desviadas para
os oleodutos. Os dois milhões de toneladas de combustíveis
líquidos conduzidos em 1953 pelo oleoduto Santos - São Pau
lo representam um acréscimo de igual quantidade na capa
cidade de transporte de outras cargas pela via férrea.
Já tivemos oportunidade de acentuar que o custo do
transporte em oleodutos é consideravelmente menor do que
nas ferrovias e, no caso brasileiro, essa disparidade deverá ser
ainda mais acentuada do que nos Estados Unidos porque o
oleoduto é de construção recente satisfazendo a requisitos da
técnica moderna e propiciando destarte elevado rendimento
econômico, enquanto as ferrovias atuais não apresentam con
dições satisfatórias do que resultam custos relativamente ele
vados.
A expansão dos oleodutos no Brasil sofre uma limitação
importante; sendo uma via especializada e conduzindo sua car
ga em um único sentido, sòmente pode existir em regiões onde
haja grande intensidade de tráfego de produtos petrolíferos.
Esta limitação faz com que, no momento, sòmente se pos
sa vislumbrar o prolongamento do oleoduto existente até Jun
diaí e, mais além, a medida que o consumo crescer.
As quantidades de petróleo e seus derivados presente
mente desembarcadas no pôrto do Rio de Janeiro e daí en
viadas para o interior por via terrestre parecem ainda não
154
comportar a construção de um oleoduto principalmente de
vido às elevadas despesas para galgar a serra . A densidade
de tráfego ferroviário na Central do Brasil no trecho que vai
até Japeri poderia, porém, ser aliviada mediante a constru
ção de um oleoduto até esse ponto; essa obra está, entre
tanto , até certo ponto condicionada à construção em Itacurus
sá de um pôrto de minério e combustíveis.
Nas demais regiões do país, exceto talvez no trecho Pa
ranaguá - Curitiba, não há movimento suficiente para justifi
car a construção de oleodutos.
A ampliação da rede de oleodutos está intimamente li
gada ao desenvolvimento da indústria petrolífera, ao aumento
do consumo e à descoberta e exploração de campos petro
líferos, localizados em posições que aconselhem esse meio de
transporte.
Transportes Aéreos
158 -
E STRANGEIRAS
ESPECIFICAÇÃO
1938 1945 1951 1933 1945 1951 1938 1945 1951
1)(
realiza
Viagens das
Número 8 52
0 22
553 538
110 7
621 21
528 061
107 431 1025 3477
)(km
Percurso 651
6919 486
466
23 300
068
96 788
0
5 82 561
651
19 85
006
131 36
18863 14
38925 294
937
10
h() oras
Duração 558
32 001
97 374
952 721
24 146
82 551
343 7
837 855
14 401
31
(1)
etativo
Tráfego
Passageiros 63
423 289
580 241
400 57
147 020
263 21348
31 276
6 560
26 052
110
)(kg
Bagagem 940
894 623
4
483 27
609
519 642
757 956
3
064 410
177
25 298
137 667
424 2342
199
)(kg
Carga 975
354 4781
550 51
103
037 461
253 77
887
1
4 078
079
50 101
514 663
603 958
025
Correio
)(kg 642
185 775
562 1444
473 254
132 942
503 029
988 388
53 833
58 444
456
(1)
quilométrico
Tráfego
-km
Passageiros 41
000
504 232
466
258 1492
078
370 28
454
857 198
105
207 39
12705
289 546
646
12 034
361
51 252
789
664
k
(4-) m
Bagagem 770
661 119
5041 23
768
945 560
461 626
3
661 18
382
930 309
051 14458
14 5015
386
)(4-km
Carga 874
438 071
7
6 29 758
691
48 488
216 349
5
951 997
311
46 386
222 120
1379 2379
761
(t-km
)Correio 940
477 989
866 2992
681 994
218 682
563 1762
389 945
258 307
303 292
1230
ocorridos
Acidentes
Número )
(2 122 (2
) 223 122 223
verificadas
Mortes (2) 62 (2) 132 62 132
... ...
DFONTE
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de
-
.Civil
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referent
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ao
passage
entre
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linhas
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iros
ados rtados
ses
amente
ciais
. -
emprôsas
aviões xclusive
eiestrangeiras
(2)Enclusive
edade
Individual
propri
.de
nia e no Brasil Central. São igualmente subvencionadas as li
nhas internacionais.
Para atender às linhas em tráfego , faz -se necessário a
existência de aeroportos convenientemente disseminados pelo
território nacional. A semelhança dos planos referentes aos
outros sistemas, seria conveniente a existência de um plano
nacional de aeroportos; acrescente-se a importância para a
defesa nacional da existência de aeroportos bem aparelhados
e estratègicamente localizados no território nacional.
A situação atual é bastante favorável . As principais ci
dades do país possuem aeroportos com excelente capacidade.
A influência das rotas internacionais têm determinado o de
senvolvimento de vários dêles, como os de Belém e Recife.
Durante a guerra, as necessidades militares impuseram a cons
trução de campos ao longo do litoral brasileiro em quase
todas as cidades de importância .
Complementando o Plano de Aeroportos, faz-se mister o
Plano de Aerovias, isto é, os serviços de segurança de vôo;
êstes serviços estão a cargo da Diretoria de Rotas Aéreas,
do Ministério da Aeronáutica, e apesar do muito que tem sido
feito, a expansão contínua da aviação comercial exige uma
ampliação constante dos seus serviços, principalmente na co
bertura de rotas que cortam o interior do país.
Finalisando, desejamos mencionar o ponto mais fraco da
aeronáutica comercial brasileira: a dependência quase inte
gral de equipamentos e combustíveis não produzidos no país.
159
Planos de Viação Nacional
161
Finalmente, a Comissão não subordinou a extensão da
rêde a construir às possibilidades de recursos para a realiza
ção dos trabalhos necessários nem estabeleceu uma ordem
de prioridade para execução das suas várias partes, que fi
caram dependendo de estudos detalhados. Na parte referente
ao aproveitamento dos rios, foram considerados apenas os
trechos já então navegados e que satisfaziam às diretrizes
gerais.
Foi abordado o magno problema da uniformização das
bitolas estabelecendo, além de outras normas técnicas de pa
dronização, a existência de duas bitolas, a larga ( 1,60 m) e a
estreita ( 1,00 m ) ; aquela para os troncos TM - 3 (Rio -Belo Ho
rizonte ) e TP-6 (Rio, São Paulo, Baurú, Campo Grande e Co
rumbá ) e nas linhas ao Sul deste último tronco. Estabeleceu
assim as linhas mestras para a primeira fase de uniformização
das bitolas. As normas técnicas relativas à construção de ro
dovias foram deixadas para regulamentação a ser, posterior
mente, expedida pelo Governo .
As aerovias, então em sua era primária de desenvolvi
mento, não foram incluídas no P.G.V.N.
A rêde das vias constantes do plano atinge a 51 076 km,
dos quais 11 180 km cabiam às vias fluviais e 39 896 km às
vias terrestres; por ocasião da promulgação do plano, se
achavam construídos 17 775 km destas vias, cerca de 54%
da rêde ferroviária então em tráfego, faltando construir
22 121 km . Entre 1934 e 1950 foram construídos 2 706 km de
linhas novas, o que reduziu aquele total a pouco menos de
20 000 km .
162
QUADRO DEMONSTRATIVO DA EXTENSÃO TOTAL
DOS TRONCOS E LIGAÇÕES COMPREENDIDOS NO
PLANO GERAL DE VIAÇÃO
PARTE TERRESTRE
Parte Extensoo
TRONCOS E LIGAÇÕES A cons
Fluvial Já cons Já contada em total do via
NO Pontos de possogens principais Kims. truída truir outras vios Kims.
Kims. Kims. Kims. Vios
TRONCOS TM
1
serro . 95 810 TM -2-6 2.268
1.363
8 Rio de Joneiro oo Rio Grande 1.250 352 1.162 TM - 2-6 2.764
9 S. Borio o Gvoraim 224 224
TRONCOS TP
5111!
TP.1 Belém do Poró a Tobotingo 3.371 3.371
2 Recite o Belém do Porá 807 1.152 436 TM - 2 2.395
3 Recife o Sta . Mario do Araguoya 330 1.653 228 TM - 2 2.211
S. Salvador o Goiós 259 1.313 352 TM 1-2 1.924
5 Rio de Janeiro o Cruzeiro do Sul TM -3-4-5-6
1.087 3.601 618 5.306
TP - 4
-
{
8 TM -2 e 6
Rio de Joneiro o Foz do Iguassú 169 258 446 1.002 1 875
TP.7
Porto Alegre o Uruguaiano 614 23 79 TM - 7 e 8 716
10 35 319
TM - 7
Porto Alegre a Sontano do Livramento 227 601
TP.9
TM - 8
Rio Gronde o Uruguo'ano 435 315
1 , IP .
750
1
LIGAÇÕES !
-
425
3 Esperonco o Sordinho 425
4 414 414
Bonfim , por Alagoinhos a Agua Comprida
-
10 S. Poulo o Santos 79 79
11 Penápolis, por Assis e Ourinhos, o Jogvo
rigivo 200 238 101 TP - 7 539
۱۱۱
;ا
163
1
Representou êsse plano notável esforço e um estudo cons
ciencioso das idéias vindas do passado e das considerações
relativas à realidade brasileira. E, tanto isto é verdade, que
cerca de quatorze anos depois, novo plano apoiar-se-ia nas
suas diretrizes mestras e representaria principalmente uma re
visão e atualização para atender " às condições criadas pelo
desenvolvimento do país e pelo progresso da técnica dos trans
portes".
Plano Rodoviário Nacional de 1944 – Em 1944, pelo De
creto n.° 15 093, de 20 de março, foi aprovado o primeiro
plano rodoviário , ainda em vigor.
A Comissão elaboradora estabeleceu as seguintes dire
trizes para a fixação das vias que constituiriam o plano:
"a) evitar, na medida do possível, a superposição das
rodovias aos troncos ferroviários principais existentes ou de
construção já prevista para o estabelecimento da ligação fer
roviária continua do norte ao sul do País;
b) aproveitar trechos de rodovias existentes ou em pro
jeto, dos planos rodoviários estaduais;
c) considerar apenas trechos rodoviários de caráter na
cional;
d) estabelecer no interior do país as convenientes liga
ções da rêde rodoviária nacional com a supra -estrutura das
rotas aéreas, comerciais e postais, nos pontos adequados".
Tendo em vista a sua inclusão no plano, considerou
como rodovias nacionais:
" a) as que atravessarem total ou parcialmente, os ter
ritórios de duas ou mais unidades da Federação;
164
b) as que se dirijam para as fronteiras do país ou se
desenvolvam dentro da faixa de 150 quilômetros ao longo
destas;
c) as que dêm acesso a portos marítimos, fluviais ou la
custres, de concessão federal;
d ) as que apresentam interesse geral, de ordem admi
nistrativa, militar ou turístico ;
e) as que se destinarem a ligações pan-americanas; e
f) as que forem indispensáveis como ligação entre as
linhas troncos estabelecidas de acórdo com os itens ante.
riores ” .
O plano resultante foi formado por 27 rodovias assim
distribuídas:
a) Longitudinais:
1 ) Getúlio Vargas (Belém -Jaguarão )
2) Panordestina (São Paulo-Salvador)
3) Transnordestina ( Fortaleza -Salvador)
4 ) Transbrasiliana (Belém - Livramento )
5) Amazônica (Santarém -Pôrto D. Carlos)
6) Acreana (Cruzeiro do Sul-Cuiabá)
b) Transversais:
165
6) De Alagoas (Maceió -Paulo Afonso )
7) De Sergipe (Aracajú-Juazeiro)
8 ) Da Bahia (Salvador -Pôrto Nacional)
9) Centro - Oeste (Vitória-Mato Grosso )
10) Do Estado do Rio de Janeiro (Entre Rios-Rezende)
11 ) Do Estado de São Paulo (Santos-Corumbá )
12) Do Paraná (Paranaguá-Iguaçú)
13 ) De Santa Catarina (Curitiba -Torres)
14) Do Rio Grande do Sul (Torres -Uruguaiana)
15 ) Do Sul de Mato Grosso (Pôrto 15 de Novembro
Pôrto Murtinho .
c) Ligações:
1 ) Recife-Salvador
2 ) Rio de Janeiro- Belo Horizonte
3) Belo Horizonte-São Paulo
4) Rezende-Araraquara
5) Vacaria -Passo Fundo
6) Dourados- Ponta Porā .
166
Plano de Viação Nacional de 1946 – Em janeiro de 1946,
foi constituída pelo Ministério da Viação uma Comissão para
rever e atualizar o Plano de 1934. Em junho de 1948, foi en
caminhada mensagem Presidencial ao Congresso, submetendo
o novo plano à aprovação.
Este plano acha -se em discussão na Câmara dos Depu
tados, havendo sido aprovado pela Comissão de Transportes,
Comunicações e Obras Públicas o excelente relatório e o subs
titutivo apresentados em 1951 pelo Deputado Edison Passos,
já falecido.
O relatório do Deputado Edison Passos apreciou de for
ma completa a evolução dos transportes no Brasil, analisando
os sucessivos planos e as emendas apresentadas ao projeto ;
êsse trabalho constitui um elemento indispensável ao estudo
dos transportes no Brasil .
De um modo geral, esse plano mantem as mesmas carac
terísticas do de 1934 com as seguintes alterações principais:
a) discriminação por espécie das vias que o constituem ;
b) inclusão do sistema de transportes aéreos;
c) aproveitamento dos rios navegáveis e ligação entre
as diversas bacias hidrográficas;
d) fixação bastante minuciosa de normas técnicas para
o setor ferroviário, inclusive um programa para solucionar pro
gressivamente o problema da unificação da bitola ferroviária
em 1,60 m, e
e) inclusão de uma via em função dos três aspectos
fundamentais, o econômico, o político e o da segurança , e
não apenas dos dois últimos.
167
No tocante aos diversos sistemas de transportes, podemos
assim apreciar o plano ora no Congresso :
a) Setor ferroviário – grande parte da rêde ferroviária
atual não foi considerada como satisfazendo às condições
necessárias à sua inclusão no plano. A tarefa de via pioneira
foi deixada acertadamente para a rodovia e a aerovia, do
que resultou ponderável redução na extensão da rêde ferro
viária prevista no Plano de 1934; isto não significa que, no
futuro, tendo em vista a função econômica de cada um dos
sistemas, não venha a ser ampliada a rêde ferroviária. O pro
jeto inicial compreendia, além dos trechos já concluídos, cerca
de 700 km em construção e mais 3 500 km por construir ; o
substitutivo acrescentou 1 200 km de vias já construídas e
6 300 km por construir.
b) Setor rodoviário a Comissão adotou o Plano Ro
doviário de 1944, acrescido de cerca de 10 000 km de novas
vias. O substitutivo ampliou a rêde rodoviária para aproxima
damente 61 000 km, sem alterar os seus fundamentos, pela
inclusão de estradas existentes e por construir.
c) Setor fluvial – foi adotado o plano organizado pelo
General Jaguaribe Gomes de Mattos com o acréscimo de al
gumas recomendações de caráter geral, " objetivando a me
Thoria dos rios navegáveis, aconselhando o estabelecimento de
uma ordem de prioridade e a conveniência de estudos siste
máticos dos nossos rios" (23) .
O plano, nesse setor, se caracteriza por visar o aprovei
168
RIO BRANCO
No tocante aos diversos sistemas de transportes, podemos
assim apreciar o plano ora no Congresso :
a) Setor ferroviário - grande parte da rêde ferroviária
atual não foi considerada como satisfazendo às condições
necessárias à sua inclusão no plano. A tarefa de via pioneira
foi deixada acertadamente para a rodovia e a aerovia, do
que resultou ponderável redução na extensão da rede ferro
viária prevista no Plano de 1934; isto não significa que, no
futuro, tendo em vista a função econômica de cada um dos
sistemas, não venha a ser ampliada a rêde ferroviária . O pro
jeto inicial compreendia, além dos trechos já concluídos, cerca
de 700 km em construção e mais 3 500 km por construir; o
substitutivo acrescentou 1 200 km de vias já construídas e
6 300 km por construir.
b) Setor rodoviário -
a Comissão adotou o Plano Ro
doviário de 1944, acrescido de cerca de 10 000 km de novas
vias. O substitutivo ampliou a rêde rodoviária para aproxima
damente 61 000 km, sem alterar os seus fundamentos, pela
inclusão de estradas existentes e por construir.
c) Setor fluvial – foi adotado o plano organizado pelo
General Jaguaribe Gomes de Mattos com o acréscimo de al
gumas recomendações de caráter geral, " objetivando a me
lhoria dos rios navegáveis, aconselhando o estabelecimento de
uma ordem de prioridade e a conveniência de estudos siste
máticos dos nossos rios " (23).
O plano, nesse setor, se caracteriza por visar o aprovei.
168
RIO BRANCO
LE
с
V
!!
า
tamento dos rios navegáveis, a interligação de bacias hidro
gráficas por meio de canais e a independência relativa do
transporte fluvial; isto porque " os transportes fluviais, olvida
dos de maneira tão sistemática, no Brasil, estão fadados, pela
extensão e importância de nossa rêde hidrográfica , a desem
penhar um alto e relevante papel no conjunto dos nossos meios
de comunicação" (24).
d) Setor aeroviário a Comissão declarou que as es
tradas do plano servem a todos os aeroportos e bases aéreas;
houve, pois, preocupação de coordenação com os demais sis
temas de transporte. A importância atual do transporte aéreo
fez com que fôsse julgado indispensável a formulação de um
plano diretor.
A Diretoria de Rotas Aéreas, do Ministério da Aeronáu
tica, organizou " um plano de aerovias nacionais", visando
principalmente disciplinar os seus serviços de segurança de
vôo. Traçado êsse plano é necessário seja ele complementado
pela fixação de prioridade para o aparelhamento dos serviços
de proteção ao vôo e para a construção de aeroportos.
O plano atual mostra apenas as linhas aéreas regulares,
deixando os planejamentos acima para o futuro Conselho Na
cional de Transportes.
e) Setor marítimo – não consta do plano inicial da Co- .
missão; o substitutivo, entretanto, considerando serem os trans
portes marítimos de importância fundamental para o comércio
170
os troncos secundários e linhas subsidiárias da rêde geral do
país.
A Comissão estimou um prazo de 20 a 25 anos para a
execução do Plano, o que é perfeitamente razoável, e a sua
revisão de cinco em cinco anos; da mesma forma que no pla
no anterior constitui êle apenas o elemento " diretor " e por
isso, não foram cogitados dos recursos para a sua execução.
Exceto na parte relativa à uniformização da bitola, não foram
também especificadas as prioridades para realização das suas
partes. Tal tarefa foi deixada ao Conselho Nacional de Trans
portes, órgão coordenador no mais alto escalão governamen
tal, cuja criação foi proposta pela Comissão e que consta de
projeto em curso no Congresso Nacional, ora anexado ao pro
jeto do Plano de Viação Nacional, dada a conexão entre os
dois assuntos .
A simples análise dêsse plano mostra que ele constitui
um grande progresso em comparação com o anterior e que,
a par dos motivos de ordem política e militar, o aspecto eco
nômico teve uma projeção muito maior do que no de 1934.
Aliás, sente-se perfeitamente essa preocupação com o sentido
econômico em todo o trabalho do Deputado Edison Passos.
A aprovação desse projeto pelo Congresso Nacional re
presentará mais um grande passo em direção da regulariza
ção do Sistema Nacional de Transportes.
Conclusões Parciais
172
c) Os transportes marítimos, compreendendo a marinha
mercante e os portos, deverão ser aparelhados de modo a
poderem exercer com eficiência a sua função de principal
tronco do sistema nacional de transportes. A expansão da
navegação de longo curso constituirá etapa posterior uma vez
que os seus serviços são prestados satisfatòriamente por na
vios estrangeiros, ainda que isso implique em maior dispêndio
de divisas ;
d) As rodovias deverão continuar a ser desenvolvidas
dentro da sua função econômica de vias alimentadoras de li
nhas-tronco de outros sistemas, de vias pioneiras de penetra
ção e de vias paralelas, estas últimas em regiões que, pela
natureza e intensidade de tráfego, comportem a multiplici
dade de vias. A superposição de traçados com outras vias de
verá ser evitada nas regiões de fraca densidade de tráfego.
Particular ênfase deve ser dedicada à conservação e à pavi
mentação de rodovias existentes, mediante balanceada distri
buição de recursos entre êsses serviços e novas construções;
e) Os transportes fluviais deverão ser desenvolvidos nas
vias já navegáveis, mediante a realização de trabalhos neces
sários à melhoria das condições de navegabilidade das vias
e a modernização e ampliação do material de transporte, de
modo que possam dar uma participação mais efetiva ao con
junto de transportes. O desenvolvimento de novas vias e a in
terligação de bacias hidrográficas deverão ser precedidos dos
estudos necessários à verificação das condições de praticabi
lidade dessas obras e do cálculo dos investimentos exigidos,
173
em função do que deverá ser decidida a realização ou não
de cada projeto;
f) No setor dos transportes aéreos deverá prosseguir a
política atual de construção de aeroportos, melhoria do equi
pamento de proteção ao vôo e de pagamento de subvenções
às linhas pioneiras e internacionais de interesse nacional;
g ) O desenvolvimento da rede de oleodutos ficará con
dicionado ao crescimento do consumo e às condições que vie
rem a ser criadas no país face à atual política do petróleo e
aos resultados das pesquisas que estão sendo realizadas em
território nacional;
h ) O Plano de Viação Nacional constituirá o elemento
norteador para o desenvolvimento, a articulação e a coorde
nação dos diferentes sistemas de transportes de forma que
êstes possam constituir uma Rêde Nacional . Será atualizado
de cinco em cinco anos a fim de acompanhar o desenvolvi
mento econômico do país, o crescimento das diversas regiões
e a evolução das necessidades da Segurança Nacional .
174
ANEXO 1
175
Rio de Janeiro, Barra do Piraí, Barra Mansa (Angra
dos Reis) Lavras, Iguatama, Goiandira, Leopoldo Bu
lhões, Goiânia, Araguaiana.
4. ) Tronco Principal Sul (T.P.S.) RIO DE JANEIRO - RIO
GRANDE :
Rio de Janeiro , Barra Mansa, São Paulo, Bonsucesso,
Engenheiro Bley (Curitiba), Rio Negro, Lages, Barra do
Jacaré, Barreto , Pelotas, Rio Grande.
TRONCOS SECUNDÁRIOS
176
tes Claros, Pirapora, Paracatú, Cristalina, Leopoldo Bu
Thões, Anápolis.
4.9) Tronco RIO DE JANEIRO - VITÓRIA - MINAS - GOIÁS
(T. 4) : Rio de Janeiro, Campos, Vitória, Presidente Var
gas, Belo Horizonte.
LIGAÇÕES
L 1 - Belém , Bragança .
L 2 - Tucuruí, Marabá.
L 3 Luiz Correia, Campo Maior.
-
L 4 Camocim, Sobral .
L 5 - Fortaleza, Sobral, Crateus.
L 6 Fortaleza, Piquet Carneiro.
L 7 Areia Branca, Souza.
-
178
L 22 Ibiá, Uberaba.
L 23 - Belo Horizonte, Divinópolis, Garça.
L24 Divinópolis, Perdões, Lavras, Três Corações, Campa
nha, Pouso Alegre, Bandeirantes, Vargem, Caitetuba,
Campo Lindo.
L 25 Iguatama (Garças), Piumhi, Passos, Ribeirão Preto .
L 26 São Gonçalo do Sapucaí, Caldas, Poços de Caldas,
Aguaí .
L 27 Catiara, Patos de Minas.
L 28 Japeri, Getulândia .
L 29 Jaceaba, Andrelândia.
L 30 Rio, Três Rios, Ubá, Ponte Nova, Ouro Preto, São
Julião, Sabará.
L 31 - Juiz de Fora, Francisco Campos.
L 32 - Benfica, Lima Duarte, Bom Jardim, Pouso Alegre,
Mogi Mirim.
L 33 Campo Grande, Cuiabá.
L 34 Campo Grande, Ponta Poră .
L 35
Campinas, Barreto, Colômbia.
L 36 Rubião Junior, Baurú .
L 37 – Ourinhos, Presidente Epitácio.
L 38 Juguariaiva, Marques dos Reis.
L 39 - Itanguá, Bom Sucesso.
L 40 – Jaraguá , Rio Negro , Pôrto União.
L 41 Pôrto Amazonas, Ponta Grossa , Apucarana .
L 42 Itajaí, Blumenau, Rio do Sul, Trombudo, Canoas, Uru
guai.
L 43 Passo Fundo, Barra do Jacaré.
179
L 44 -
Cruz Alta, Santa Rosa.
L 45 – São Borja , Uruguaiana, Quaraim.
L 46 - Livramento, D. Pedrito, São Sebastião .
L 47 Alegrete , Quaraim.
L 48 Basilio , Jaguarão .
-
180 -
TAS SOR
RIO BRANCO
LEGENDA
PAVIN
CONSTI
2. Có
A CONST
S
1
RELAÇÃO DESCRITIVA E NOMENCLATURA DAS ESTRADAS
DO PLANO RODOVIÁRIO NACIONAL
Extensão
Designação Principais pontos de passagem Aproximada
(km)
RADIAIS
LONGITUDINAIS
181
Extensão
Designação Principais pontos de passagem Aproximada
(km )
TRANSVERSAIS
BR - 21 São Luiz -
Peritoró Grajaú Pôrto
Franco 722
BR - 22 Fortaleza Piripiri Terezina Peri
toró Belém 1 574
BR-23 João Pessoa Batalhão Cajazeiras
Icó – Piripiri Luiz Correia 1 280
BR - 24 Lavras do Mangabeira Pidos Balsa
Carolina . 1 220
BR - 25 Recife Arcoverde Salgueiro Par
namirim Petrolina 720
BR - 26 Maceió Petrolândia Parnamirim
BR - 24 . 849
BR - 27 Aracajú Jeremoabo Canudos
Juazeiro . 552
BR-28 Salvador Feira de Santana Lençóis
Barreiras Taguatinga Peixe
Ilha de Bananal 1 670
BR - 29 Cuiabá Pôrto Velho Rio Branco
Cruzeiro do Sul Perú 2 694
BR - 30 Cuiabá Poconé Cáceres Mato
Grosso . 586
182
Extensão
Designação Principais pontos de passagem Aproximada
(km)
Posse 830
BR-41 Montes Claros Formosa -
Anápolis
Ceres Xavantina Cuiabá 1 420
BR-42 Ilhéus Pedra Azul - Montes Claros
Patos de Minas - Prata Paranaiba 1 330
BR - 43 Vacaria Passo Fundo -
Cruz Alta
São Borja 390
BR -51 Caxias Colinas BR -24 280
BR-52 Terezina Picos Petrolina 687
BR -53 Russas Nova Cruz .
Cabedelo 517
183
Extensão
Designação Principais pontos de passagem Aproximada
(km)
( BR- 12 ) . 80
BR - 67 Pôrto Arthur Vale do Rio Xingú 200
BR-68 Montes Claros Barreiras 530
BR-69 Governador Valadares Montes Claros 350
BR- 70 Espinosa Salinas Itinga BR - 4 ... - 250
BR -71 Uberlândia Monte Alegre de Minas
Canal de São Simão 250
BR -72 Jataí Xavantina 270
BR -73 Linhares Nova Venócia Teófilo -
Otoni 355
BR -74 Aquidauna Nioaque Bela Vista 225
BR-75 Bragança Poços de Caldas Muzam
binho Araxá Patos de Minas .. 520
BR - 76 Lorena Piquete Itajubá -
Pouso
Alegre Poços de Caldas 510
BR - 77 Pindamonhagaba Campos de Jordão
Itajubá São Lourenço Vidi
nha ... 375
BR-78 Cambuquira -
Lambari São Lourenço
Vidinha . 225
184
Extensão
Dosignação Principais pontos de passagem Aproximada
(km)
Itajaí 200
BR -89 Lages Blumenau Joinvile
.
São
Francisco do Sul 240
BR-90 Lages Tubarão 200
BR -91 São Gabriel Bagé Aceguá 210
BR-92 Pelotas Chuí 310
TOTAL .. 61 410
185
RELAÇÃO DESCRITIVA DAS VIAS ATUALMENTE NAVEGA
DAS E CONSTANTES DO PLANO FLUVIAL NACIONAL
186
Rio Trecho Navegável
Samambaia
Baracuí .
Pirabebê
Dourados
Curupai 4
Guaiari
Brilhantes . Da foz a Pôrto Rosa Soares
187
RELAÇÃO DESCRITIVA DOS CANAIS CONSTANTES DO
PLANO FLUVIAL NACIONAL
188
6. O canal de Varadouro, ligando as zonas de Iguape e
Cananéia ao pôrto de Paranaguá;
7. O canal de Alegre -Iguapei, comunicando a bacia do
Amazonas com a do Prata;
- 189
20. O canal Águas Verdes-Marimbondo (Sapucai- Rio Grande );
21. O canal Coxim -Camapoá (Taquari-Pardo);
190
VENE
A CONSTANT
VARAA
BIO BRANCO
-LEGEND
PORTO
NAVEG )
NAVEGA
CERTA
20. O canal Águas Verdes-Marimbondo (Sapucaí-Rio Grande);
21. O canal Coxim -Camapoă (Taquari-Pardo);
22. O canal Nioac-Brilhante (Miranda-Ivinheima);
23. O canal entre os rios Uruguai e Iguaçú;
24. O canal entre os rios Iguaçú e Paraná;
190
VENE
SENA CONSTANT
FUTA 20
BIO BRANCO
-LEGEND
PORTO
NAVEG
NAVEGA
CERTA
i
V
- 191
Cada um desses fatores constitui um problema que de
manda estudos profundos e cuja influência se projeta, prin
cipalmente quanto aos dois primeiros, com grande intensidade
na economia nacional em seus múltiplos setores. Examinare
mos, pois, cada um dêsses fatores, traçando-lhes um rápido
perfil.
Capitais e Investimentos
- 197
restrições à importação do produto estrangeiro e à conversão
de muitas indústrias e meios de transportes para a queima de
óleos combustível e diesel .
A situação nos meios de transporte não pode, logica
mente, deixar de refletir esse panorama:
1952
Calorias
Quantidade
(trilhões)
Estradas de ferro
Navegação mercante
Carvão . 231 793 + 1,4
Lenha . 280 880 m3 0,3
Óleos Combustível e Diesel 293 809 + 9,3
198 -
atividades dêle dependentes, entre as quais se situam os trans
portes.
Deficiência Nacional de Fontes de Energia Entre as
condições necessárias ao desenvolvimento econômico de uma
Nação está a sua disponibilidade de energia .
" Where full is cheap, an American reminded the British
Parliament 140 years ago, all the arts are carried on with a
corresponding thriftiness and ease" (2) . Infelizmente o com
bustível não é barato entre nós; éste setor, combustíveis e ener
gia, é provavelmente aquele em que as nossas deficiências
são mais acentuadas.
Carvão - Possuímos em exploração algumas jazidas de
carvão mineral. Os principais depósitos conhecidos estão loca
lizados no Sul do país, estendendo-se segundo uma estreita
faixa do Sul do Estado de São Paulo até à fronteira uruguaia.
Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os principais
produtores contribuindo com 96% da quantidade extraída; no
Paraná, a produção é incipiente e a êle cabem os 4% res
tantes.
199
em 1929, as restrições à importação muito devem estar influin
do para essa redução e, em 1952, ela atingiu apenas a
884 000 t. A transformação da queima de carvão para o óleo
que se vem verificando nos transportes e em várias indústrias,
também está contribuindo para esse decréscimo da impor
tação.
O consumo atual orça, por conseguinte, em cerca de 3
milhões de toneladas. Dêsse total 50% são consumidos pelos
transportes- 1 277 000 para as estradas de ferro e 231 792 +
para a navegação mercante e os 50 % restantes são distri
buídos pelas diversas atividades industriais, com predominân
cia da indústria siderúrgica .
O carvão nacional é de baixo poder calorífico devido à
elevada percentagem de cinzas e ao seu teor de enxofre; o
seu poder calorífico corresponde a 50% do importado. A
Companhia Siderúrgica Nacional, em suas minas de Santa
Catarina, submete o carvão a uma lavagem, melhorando o
seu valor especialmente para o coke metalúrgico.
O Plano Nacional de Carvão prevê o aumento de pro
dução e a redução do custo pela mecanização do trabalho
e melhores condições de transporte .
Cabe aquí acrescentar que no Paraná, cujas reservas são
da ordem de 35 milhões de toneladas , a produção atingiu a
81 272 t em 1951 , estando limitada pela insuficiência de trans
portes; a maior parte dêsse carvão foi consumido pelas Estra
das de Ferro Paraná -Santa Catarina e Sorocabana .
Ainda que a produção nacional aumente substancialmen
te, o baixo poder calorífico dêsse carvão, a projetada cons
200
trução de usinas termo-elétricas e o consumo crescente da in
dústria siderúrgica em contínua expansão, não nos autorizam
a admitir que possa o carvão nacional vir a ocupar posição
preponderante como fonte de energia para um sistema de
transportes em expansão, a menos que novas jazidas de car
vão de melhor qualidade venham a ser descobertas e explo
radas em locais de fácil acesso.
Petróleo – A produção de petróleo e seus derivados é
por demais incipiente na época atual. Em 1952, o país con
sumiu 5 587 000 t de combustíveis líquidos importados para
uma produção nacional que não deve ter excedido de 3,5%
(cerca de 200 000 t em 1951 ) .
Do total importado, 3 180 797 † se referem aos óleos
combustível e diesel e 2 406 706 + à gasolina comum e de
aviação. Verifica-se pois que as ferrovias e a navegação mer
cante consomem 20 % das importações de óleos combustível
e diesel; não temos dados referentes aos transportes rodoviá
rios e aéreos, mas êles devem consumir parcela substancial
dessas importações .
É aquí, conveniente salientar que as aquisições de petró
leo em rítmo crescente nos consomem escassas e preciosas di
visas. E o consumo no setor dos transportes tende a crescer
pelo maior emprego dos combustíveis líquidos; todos os na
vios e locomotivas de aquisição recente queimam combustíveis
líquidos, em sua maioria óleo diesel, e muitas das unidades
antigas estão sendo convertidas para a queima de óleo.
Com relação à produção nacional, permanecemos no do
mínio das possibilidades, conquanto possam elas ser encara
201
das com otimismo. A produção dos campos do Recôncavo
baiano parece ser pequena. As pesquisas em curso na Bacia
Amazônica vêm de localizar um lençol petrolífero; tratando -se
de um pôço pioneiro, não é ainda possível avaliar-se as pos
sibilidades da produção futura.
Grandes áreas do território brasileiro se apresentam como
" possivelmente " ou " provavelmente " petrolíferas. A faixa lito
rânea do Rio Grande do Norte ao Espírito Santo, quase toda
a área de planície amazônica e extensas regiões de São
Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato
Grosso apresentam constituição geológica favorável . No en
tanto, os capitais necessários à prospecção de área tão ex
tensa são elevados para os nossos limitados recursos e, como
consequência, o trabalho é lento.
A implantação da indústria de refinados, cuja capacida
de já é de cerca de 100 000 barris diários, representa um
grande esfôrço e um grande avanço mas não nos liberta da
dependência do produto estrangeiro.
Energia elétrica Ainda que apresentando numerosas
deficiências , é este o setor em que a nossa situação é menos
desfavorável.
202
restantes 418 204 kw produzidos por usinas termo-elétricas.
A prontificação das Usinas de Forçacava (330 000 kw ), Pirati
ninga ( 160 000 kw) termo-elétrica ), São Francisco ( 180 000 kw )
e outras de menor potência elevaram essa potência insta
lada a mais de 2 700 000 kw , sem que tenha havido alteração
substancial na posição de energia produzida por usinas ter
mo - elétricas. Da energia produzida, as estradas de ferro con
sumiram 383 095 000 kw h ( 1952) .
Cerca de 70% dessa potência está localizada na região
Rio de Janeiro-São Paulo e, apesar disso, os últimos anos têm
transcorrido sob regime constante de racionamento, em vir
tude da acentuada expansão do consumo decorrentes do rá
pido processo de industrialização e do crescimento demográ
fico.
203
ximado de 5 % ao ano. Dada a carência de energia elétrica
com que lutamos e o vulto dos recursos necessários para a
expansão das instalações produtoras, não é de prever -se a
utilização da tração elétrica em larga escala num futuro pro
ximo.
Lenha - Vimos, no início deste capítulo, o papel prepon
derante que a lenha e o carvão vegetal representam como
fonte de energia .
Não é possível, entretanto , obter -se transporte econômico
a base dêsse combustível . O seu poder calorífico é muito bai
xo em comparação com os demais, do que decorre pequeno
raio de ação do meio de transporte em virtude da limitação
dos depósitos e as consequentes perdas de tempo e de velo
cidade comercial em paradas para reabastecimento.
As condições primárias em que o combustível é obtido
tornam-no caro, isto é, a caloria fornecida pela lenha custa
muito mais do que aquela obtida do óleo, mesmo em regiões
afastadas da costa . As despesas com pessoal são também mais
elevadas pela necessidade de maior número de homens desti
nados à operação e à movimentação manual da lenha.
A título de exemplo, mencionaremos aquí trechos do re
latório do Comandante Pereira Pinto , engenheiro naval, encar
regado pela Comissão do Vale de São Francisco de fazer um
estudo relativo à navegação fluvial nesse rio (4); segundo esse
relatório, os navios são forçados a parar constantemente nos
(4) Engenheiro A. H. Furtado Portugal, "O Rio São Francisco como Via
de Navegação“, 1952 .
204
chamados portos de lenha a fim de se reabastecerem , sendo
o embarque feito pela própria tripulação, que muitas vezes
vai buscar a lenha em locais afastados da margem, acarre
tando o aumento do tempo de viagem e a necessidade de
tripulações maiores e, consequentemente, fretes mais caros.
Finalmente, não é possível deixar de mencionar a exces
siva devastação que tem sido causada nas nossas áreas flo
restais, com as suas funestas consequências altamente nocivas
à economia e ao futuro do país.
Dessa apreciação, é possível deduzir-se o seguinte:
a) O emprego da lenha como combustível é antieconô
mico e onera consideravelmente o frete, além de apresentar
vários outros inconvenientes.
b) O emprego do carvão nacional também não é acon
selhável pela sua qualidade inferior; quanto à quantidade
produzida, as exigências crescentes da indústria siderúrgica
e das usinas termo-elétricas tendem a absorver pràticamente
tôda a produção. Admite-se o seu consumo por meios de trans
portes que servem às regiões produtoras.
c) As ferrovias eletrificadas da região servida pelo sis
tema elétrico Rio-São Paulo, tendem a consumir de modo indi
reto combustível importado em virtude da construção de usinas
térmicas integradas nesse sistema.
Acresce que, pelo vulto dos investimentos, as ferrovias
eletrificadas só operam econômicamente em zonas de tráfego
intensivo, o que só se verifica em alguns trechos da região
industrial Rio-São Paulo, sem contarmos os ramais suburbanos
que pertencem aos transportes citadinos, não abordados neste
205
trabalho. No futuro, será possível considerar-se a eletrifica
ção de trechos ferroviários em determinadas regiões mas nun.
ca como uma política nacional.
d) Entre carvão e óleo, ambos importados, éste último
apresenta numerosas vantagens de ordem técnica e econômi
ca que seria ocioso mencionar. Pelas vantagens que o com
bustível líquido – óleos combustível e diesel – apresenta, deve
caber a este posição preponderante nos meios de transporte
que admitem pluralidade de combustíveis – transportes ferro
viários e aquaviários – e a totalidade, necessariamente, do
consumo nos transportes aéreos e rodoviários.
Algumas considerações sobre o problema do Petróleo -
207
o abastecimento da maior parte das nossas importações de
óleo cru .
Com relação ao Perú existem circunstâncias favoráveis,
enquanto quantitativamente muito limitadas na época presen
te. Referimo-nos ao petróleo do Campo de Ganso Azul; a sua
localização a Leste dos Andes, faz com que seus mercados
naturais sejam constituídos pelo Perú Oriental e pela região
brasileira da bacia Amazônica. Dessas possibilidades surgiu
a projetada refinaria de Manáus. Esse campo está localizado
à margem do rio Paquiteia e o petróleo poderá ser embar
cado diretamente para Manaus em embarcações fluviais, meio
de transporte econômico. De Manáus, os produtos refinados
poderão ser distribuídos por toda a região da bacia Amazô
nica e o excedente para os estados do Norte, isto é, Mara
nhão, Piauí e Ceará.
Finalmente, desejamos nos referir ao petróleo boliviano.
Acôrdo recente, de governo a governo, prevê o fornecimento
mensal de 1 milhão de litros de gasolina e 300 mil de quero
sene . Esses produtos serão oriundos da refinaria localizada
em Cochabamba e serão transportados em caminhão até San
ta Cruz de la Sierra, onde será embarcado em estrada de
ferro com destino ao Oeste Mato - grossense. Cogita -se da
construção de um oleoduto, cruzando o Rio Grande, para per
mitir acesso dos produtos de petróleo até Santa Cruz.
Para quantidades pequenas admite -se ésse sistema; entre
tanto para grandes quantidades, ele será absolutamente an
tieconômcio. Para um futuro, talvez não muito afastado, a so
lução que se impõe é a construção de um oleoduto até as bar
208
rancas do Rio Paraguai, de onde o petróleo seria embarcado
para distribuição, utilizando-se do sistema fluvial Paraguai
Paraná, já esboçado em capítulo anterior .
A recente localização de petróleo, em Nova Olinda, às
margens do rio Madeira, abre novas possibilidades para a
solução dêste importante problema. Tratando-se de um poço
pioneiro, nada é possível concluir-se no momento. A constata
ção da existência de um grande lençol nessa região, alterará
fundamentalmente todas as considerações que acabam de ser
feitas.
Indústrias Subsidiárias
210
As necessidades nacionais de locomotivas foram clara
mente vistas no correr dêste estudo . Uma fábrica de locomo
tivas já funciona no país, tendo produzido 13 locomotivas die
sel elétricas, 23 dlesel hidráulicas e 46 automotrizes com trans
missão elétrica; essas locomotivas se destinaram à Central do
Brasil, Leopoldina e Viação Férrea do Rio Grande do Sul. Há
algum tempo anunciou -se que a Organização Krupp, da Ale
manha, investiria capitais na instalação de uma fábrica de
locomotivas diesel e elétricas; essa fábrica será localizada no
Estado de São Paulo e a sua construção está prestes a ser
iniciada .
211
sivamente a importação de veículos montados, a indústria na
cional participará em escala crescente , com excelentes pers
pectivas .
O setor da construção naval é comparativamente o mais
atrasado. A Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, pelo Pro
jeto n.° 36, concluiu ser econômicamente vantajosa a implan
tação imediata dessa indústria no Brasil.
Para a construção de um estaleiro , duas hipóteses fun.
damentais se apresentaram :
construção de um centro inteiramente novo;
utilização de uma das instalações atualmente exis
tentes, adaptando-a e reequipando-a de acórdo com a técnica
moderna" .
Dos estudos realizados concluiu - se pelo reaparelhamento
dos Estaleiros da Ilha do Viana, que, aliás, já construiram vá
rias unidades para as Marinhas Mercante e de Guerra.
Os recursos totais para esse reaparelhamento foram cal
culados em cerca de 4 311 000 dólares e 116 700 000 de cru
zeiros. Esse investimento proporcionará os meios necessários à
construção de navios até 7 000 toneladas dead weight, sendo
possível ampliar o número de carreiras para a construção de
navios até 20 000 t.
Apesar dos custos de construção serem relativamente ele
vados, caiculou-se em cerca de 75 % a economia de divisas.
A instalação de um estaleiro de construção naval criaria
o ambiente necessário à implantação de numerosas indústrias
subsidiárias e ao desenvolvimento de outras.
Com respeito a indústria aeronáutica, no setor de trans
212 -
portes, pequenas são as possibilidades no momento, em virtu
de do mercado ser limitado e a técnica aeronáutica evoluir
muito ràpidamente.
O quadro atual, conquanto deixando ainda muito a de
sejar, mostra que em seu conjunto essas indústrias estão apre
sentando notável desenvolvimento. A existência de mercado e
o crescimento das indústrias básicas deve ser complementado
por um maior incentivo do governo no sentido de que as ne
cessidades de importação sejam progressivamente reduzidas
até a desejável auto -suficiência.
213
VI
A FUNÇÃO DO ESTADO
Normas Constitucionais
217
Sobre o transporte marítimo, além do que preceitua o
artigo 5.º, há ainda o artigo 155:
" A navegação de cabotagem para o comércio de merca
dorias é privativa dos navios nacionais, salvo caso de necessi
dade pública ".
Parece também interessante mencionar os artigos 34 e 25
que fixam a propriedade da União e dos Estados sobre os
rios, lagos e terras devolutas; assim incluem -se entre os bens
da União os lagos e quaisquer correntes de água em terre
nos do seu domínio ou que banhem mais de um Estado, sir
vam de limite com outros países ou se estendam a território
estrangeiro, e bem assim as ilhas fluviais e lacustres nas zonas
limítrofes com outros países" e "a porção de terras devolutas
indispensável à construção de estradas de ferro". Aos Estados
pertencem "os lagos e rios em terrenos do seu dominio e os
que tem nascente e foz no território estadual" .
Finalmente, o artigo 151 trata do regime das empresas
concessionárias e das tarifas:
" A lei disporá sôbre o regime das empresas concessioná
rias de serviços públicos federais, estaduais e municipais".
"Parágrafo único – será determinada a fiscalização e
revisão das tarifas dos serviços explorados por concessão, a
fim de que os lucros dos concessionários, não excedendo a
justa remuneração do capital, lhes permita atender a neces
sidades de melhoramentos e expansão dêsses serviços. Apli
car-se-á a lei às concessões feitas no regime anterior de ta
rifas estipuladas para todo o tempo de duração do contrato".
Esses são os preceitos que constituem os fundamentos da
218
ação dos Poderes Públicos; por eles é concedido à União o
direito de legislar e intervir, além da concessão e autorização
para determinados casos.
Organização Federal
219
te por empresas particulares, o estudo da situação econômica
é feito cuidadosamente antes de qualquer construção; no Bra
sil, em virtude do Governo ser o proprietário , as considerações
relativas a remuneração dos investimentos são relegadas a um
plano secundário e, muitas vezes, os interesses políticos pre
dominam .
E, assim , indispensável a existência de um organismo
coordenador, principalmente em virtude da insuficiência de
recursos de que o país se ressente .
Para sanar esse inconveniente acha-se em curso no Con
gresso um projeto de lei criando o Conselho Nacional de
Transportes. A exposição de motivos do então Ministro da Via
ção, Engenheiro Clóvis Pestana , que acompanhou o projeto,
contém judiciosas considerações sobre a necessidade dêsse or
ganismo; dentre elas, destacamos a seguinte que caracteriza
nitidamente a situação existente:
" 28. De fato, não existe em nossa estrutura administra
tiva um órgão com a atribuição de estudar essas questões em
suas repercussões sôbre os distintos sistemas de transportes,
em suas influências recíprocas. Atualmente, programas e pro
blemas a eles atinentes são examinados únicamente do ponto
de vista dos respectivos departamentos especializados”.
A esses motivos, outros poderiam ser acrescidos; eles, no
entanto, já exprimem com absoluta clareza a imperiosa ne
cessidade de tal órgão. Busca-se, assim, alcançar uma indis
pensável " unidade política dos Transportes". Aliás, já o de
creto n .24 497, de 22 de Junho de 1934, que aprovou o
Plano Geral de Viação Nacional, determinava a criação de
220 -
uma Comissão permanente, evidentemente o embrião do Con
selho cuja criação é proposta.
O projeto de lei criadora do Conselho Nacional de Trans
portes principalmente em seu artigo 2.º, que trata da com
petência do Conselho, indica que as funções do Conselho se
rão predominantemente consultivas. A Comissão de Transpor
tes, Comunicações e Obras Públicas, da Câmara dos Deputa
dos, em parecer de 11 de dezembro de 1951 , apreciou esse
ponto e julgou preferível manter a proposta do Executivo por
que " dispensa a sobrecarga de novas repartições administra
tivas, aproveitando os recursos e possibilidades dos departa
mentos executivos já existentes". Esse ponto de vista é respei
tável principalmente na atual conjuntura econômico-financeira.
Julgamos, entretanto, que a autoridade do Conselho deva ser
mais forte, principalmente naquilo que disser respeito a sua
função precipua: o desenvolvimento harmonioso e coordenado
dos diversos sistemas de transporte. Ao Conselho caberia esta
belecer a política e transmitir as diretivas; aos Departamentos ,
organismos técnicos especializados por excelência, competiria
a execução dessas diretivas, cooperando inclusive com os Go
vêrnos Estaduais no planejamento e execução de obras nos
respectivos setores de atividade.
Futuramente, quando as condições financeiras o permiti
rem e o desenvolvimento do sistema o exigisse, seria o Conse
lho transformado em Departamento, junto ao qual, então, fun
cionaria um Conselho, como órgão consultivo.
A criação do Conselho permitirá que se obtenha a indis
pensável coordenação nas atividades dos diversos órgãos,
221
principalmente no setor dos investimentos, ponto da maior im
portância para um país que se ressente de capitais não só
para estes empreendimentos como para tantos outros de im
portância econômica.
Essa ação coordenadora serviria para estabelecer a dis
ciplina de prioridades, de modo a que os recursos fôssem atri
buídos de acórdo com o interesse nacional. Segundo a Comis
são Mista Brasil-Estados Unidos ( 1 ), " a necessidade de uma
política coordenadora se evidencia em três diferentes níveis:
nacional, regional e individual" . No nivel nacional seria esta
belecido um critério de orientação no emprego do capital a
investir, originário do confronto entre as regiões de crescimen
to rápido e as continuamente estacionárias; nestas é que ha
verá tendência para estrangulamento e o problema de dupli
cação de meios pouca ou nenhuma importância terá porque,
devido àquele crescimento rápido, o seu potencial econômico
originará tráfego suficiente para duas formas de transportes.
No âmbito regional, a coordenação procuraria principal
mente evitar a duplicação, isto é, evitar a existência de mais
de um meio de transporte destinado ao mesmo fim; a existên
cia de categorias de carga que se adaptam especialmente a
cada um dos meios existentes, permite a divisão do tráfego
entre eles, não havendo duplicação.
No terceiro nível ou no plano individual, a coordenação
visa evitar a competição entre os meios pela realização de
obras que se destinem sòmente a recaptura do tráfego con
222 -
quistado por outros meios, sem levar em conta as razões eco
nômicas em que essas obras devem se basear.
Logo abaixo do Conselho se situariam os Departamentos
já mencionados. A autoridade dêsses órgãos deverá ser am
pliada em certos casos para permitir a sua intervenção nos
planos apresentados por entidades autárquicas que contrarias
sem a política e as diretivas do Conselho. Se essas entidades
autárquicas se mantiverem autônomas em todos os sentidos,
não poderá haver coordenação e unidade de ação.
Entre as funções atribuídas ao futuro Conselho está a de
"opinar sobre as tarifas dos diversos sistemas de transportes".
Dentro dessa idéia geral de coordenação que fundamenta a
criação do Conselho não seria possível deixar a margem as
sunto de tamanha importância. Segundo estudo da Comissão
Mista, no setor ferroviário já foi alcançado um alto nível de
padronização de normas, graças ao trabalho da Contadoria
Geral de Transportes e do Conselho de Tarifas e Transportes,
porém as bases numéricas adotadas em cada tabela ainda
variam considerávelmente nas diversas ferrovias.
Em cada um dos outros sistemas as tarifas são fixadas
pelos órgãos respectivos.
É essencial, portanto, a existência de um organismo com
autoridade para regular as tarifas de um modo geral. A ra
cionalização das tarifas dos diversos sistemas constitui um
problema dos mais difíceis de solucionar, porém uma efetiva
coordenação dos sistemas de transportes, no sentido de que
cada um deles preste os serviços para os quais é mais ade
quado, dependerá em grande parte do grau de racionali
- 223
zação que vier a ser conseguido. No caso dos nossos trans
portes, êsse objetivo ainda se torna mais difícil de ser alcan
çado em virtude das condições diversas que existem dentro
de um mesmo sistema .
227
!
1
ANEXO II
PROJETO 327/49
229
estudar e propor medidas que proporcionem ao trans
porte respeitadas as condições de segurança nacional
sólidas bases econômicas tendo sempre em vista preservar as
vantagens inerentes a cada sistema;
zelar pela observância do Plano Nacional de Viação,
sugerindo modificações tendentes ao seu aperfeiçoamento, ela
borar e propor as suas revisões periódicas, opinar sôbre a
ordem de prioridade a ser observada na sua execução e de
empenhar-se junto aos Governos dos Estados, Distrito Federal
e Territórios, no sentido de dar aos respectivos planos de via
ção o caráter de desdobramento e complemento do Plano
Nacional .
Art. 2. Compete ao Conselho Nacional de Transportes
(CNT):
a) opinar sõbre planos nacionais relativos a cada um
dos sistemas de transporte ;
b) recomendar a ordem de urgência na execução de
obras, melhoramentos e aquisições, constantes dos planos ou
programas aprovados;
c) opinar sobre os programas anuais de construção e
melhoramento de estradas de ferro ou de estradas de roda
gem federais;
d) opinar sobre os programas anuais de construção, me
Thoramento e aparelhamento de vias fluviais e lacustres;
e) opinar sôbre os programas anuais de construção e
aparelhamento de portos marítimos, fluviais e lacustres;
230
f) opinar sôbre os programas anuais de construção, me
Thoramento, aparelhamento de aeroportos, aeródromos e cam
pos de pouso de finalidade comercial,;
g) recomendar a criação, supressão , transformação, am
pliação e melhoramento dos diversos sistemas de transporte,
visando o maior rendimento econômico dos mesmos;
h) opinar sôbre as tarifas dos diversos sistemas de trans
porte;
i) zelar pelo fiel cumprimento das disposições do Plano
Nacional de Viação, recomendar as medidas necessárias à
consecução desses objetivos e apreciar os relatórios dos ór
gãos e repartições incumbidas da execução dos serviços que
se relacionam com esse Plano;
i) propor ao Governo modificações no Plano Nacional
de Viação e apresentar sugestões, tendo em vista a expansão
e eficiência dos sistemas de transporte marítimo, lacustre, flu
vial, terrestre e aéreo;
k) opinar sôbre programas, projetos e orçamentos de
obras novas, aquisições e melhoramentos de interesse geral e
que dizem respeito ao Plano Nacional de Viação;
1) opinar sôbre a oficialização de normas técnicas;
m) recomendar medidas necessárias ao pagamento ou
financiamento de obras e equipamentos dos diversos sistemas
de transporte no interesse da execução do Plano Nacional de
Viação;
n) manifestar-se , por iniciativa própria ou quando soli
citado pelo Governo, sôbre assuntos pertinentes a meios ou
vias de transporte .
231
Art. 3.° O C.N.T. submeterá as suas resoluções, sob a
forma de indicações, pareceres ou recomendações, ao Ministro
da Viação e Obras Públicas.
Art. 4.°São membros do C.N.T. , nomeados por decre
to do Presidente da República :
Em caráter permanente:
O Representante do Estado Maior das Forças Armadas;
O Presidente do Conselho Rodoviário Nacional;
O Diretor Geral do Departamento Nacional de Estradas
de Rodagem ;
O Diretor Geral do Departamento Nacional de Estradas
de Ferro;
O Diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil, repre
sentando as autarquias ferroviárias;
O Diretor Presidente da Companhia Paulista de Estradas
de Ferro;
O Presidente do Conselho de Tarifas e Transportes ;
O Diretor Geral do Departamento Nacional de Portos,
Rios e Canais;
O Diretor Geral do Departamento Nacional de Obras
contra as Secas;
O Representante do Ministério da Marinha;
O Representante do Ministério da Aeronáutica;
O Diretor de Obras e Fortificações do Exército;
O Diretor Geral de Engenharia do Ministério da Aero
náutica ;
232
O Presidente da Comissão de Marinha Mercante ;
O Diretor do Loide Brasileiro;
O Diretor da Seção de Segurança Nacional do Ministério
da Viação e Obras Públicas.
Em Caráter Temporário de livre escolha do Governo por
um período de dois anos:
O Representante do Ministério da Fazenda ;
O Representante do Ministério da Agricultura;
O Representante do Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio ;
Três técnicos de notória competência em assuntos de
transporte.
Art. 5.° O Ministro da Viação e Obras Públicas será o
Presidente do C.N.T.
Parágrafo único - O Ministro da Viação e Obras Públi
cas nos seus impedimentos eventuais designará um dos mem
bros permanentes do CNT para o substituir.
Art. 6.° O Conselho terá uma Secretaria incumbida de
todos os trabalhos de expediente; assim como da coordenação
e preparação da matéria para as Sessões.
§ 1.0 A Secretaria será dirigida por um Secretário,
designado pelo Ministro da Viação e Obras Públicas; terá ain
da dois Assistentes e o pessoal que se fizer necessário, sendo
todos designados pelo Ministro da Viação e Obras Públicas,
dentre os servidores do próprio Ministério.
§ 2º O Ministro da Viação e Obras Públicas poderá
contratar ainda assessôres técnicos e requisitar, na forma da
233
legislação vigente, servidores de outros Ministérios quando isso
se tornar necessário.
Art. 7º Ficam criados no quadro do Ministério da Via
ção e Obras Públicas, as seguintes funções gratificadas, com
os símbolos correspondentes:
1 Secretário FG- 1
2 Assistentes . FG-3
234
nistério da Viação e Obras Públicas, o crédito especial de
novecentos mil cruzeiros (Cr$ 900.000,00) para ocorrer as des
pesas de pessoal e material com a instalação e funciona
mento do CNT no corrente exercício.
Parágrafo único - O crédito aberto por esta lei será
automàticamente registrado e distribuído pelo Tribunal de
Contas.
Art. 12 Esta lei entra em vigor na data de sua publica
ção revogadas as disposições em contrário .
235
VII
237
nômicos. Não é mais possível a uma Nação na iminência de
luta, se limitar à mobilização das suas Fôrças Armadas; ante
cipando -se mesmo a essa mobilização, é essencial a realização
da Mobilização Econômica.
A fase da preparação prepondera sobre a de execução.
Procura -se obter um avanço nessa preparação, de forma a
obter-se, em relação aos antagonistas, uma diferença de po
tencial favorável.
Em virtude dessa amplitude com que obrigatoriamente é
encarada a guerra moderna, é que optamos pela expressão
"segurança nacional" em substituição à mais usual " defesa
nacional " . Esta tem um significado limitado, especificamente
militar, enquanto aquela abrange não só o aspecto militar
mas também o econômico, em que aquele se apoia .
Assim, o planejamento relativo aos transportes, seja ele
antecipado, anterior à luta armada, ou para execução na fase
das operações militares, deverá satisfazer às exigências eco
nômicas e militares. Esse planejamento deverá ser criteriosa
mente elaborado de modo a assegurar simultâneamente os
transportes necessários à manutenção do organismo econômi
co nacional, que deve ser preservado de colapsos, e aqueles
que devem ser reservados às operações militares, em seus múl
tiplos aspectos. É fatal uma divisão dos meios disponíveis.
O problema dos transportes em tempo de guerra pode,
em consequência , ser sintetizado como se segue:
a) Parcela ponderável dos meios é desviada para aten
der às necessidades especificamente militares;
b) Ainda que restrições sejam criadas ao transporte de
238 -
produtos não essenciais e de passageiros, a produção indus
trial causará, provavelmente, no setor econômico, uma de
manda igual ou maior do que aquela usual em tempo de paz;
c ) A situação militar em determinadas áreas pode impor
restrições, e até mesmo paralizar a operação de determina
dos sistemas de transporte ou forçar a utilização de sistemas
ou rotas alternadas;
d) Os sistemas de transportes ficam privados de grande
parte da substituição de material e da manutenção que este
usualmente recebe.
Sente -se já, claramente delineada, a nossa difícil situação
atual face à segurança nacional. Os nossos meios não aten
dem satisfatòriamente à demanda normal e o estado do ma
terial não lhes permitirá, fatalmente, suportar uma forte sobre
carga, sem substituições e manutenção adequadas.
Surge assim uma premissa básica a que deverá satisfazer
o sistema nacional de transportes: ser capaz de comportar
a sobrecarga imposta pelo regime de economia de guerra e
pelos transportes militares, mesmo com as restrições decorren
tes de operações militares e das insuficientes manutenção e
substituições.
A premissa acima diz respeito à capacidade dos meios;
examinemos agora o problema do ponto de vista das vias.
Duas hipóteses básicas devem ser examinadas; a primeira
diz respeito aos transportes interiores, em direção e nas zonas
fronteiriças, e a segunda, aos transportes periféricos.
As nossas fronteiras vivas, segundo as concepções geo
políticas, são aquelas situadas a Oeste e ao Sul; a Noroeste
239
e do Norte, as características fisiográficas tiram grande parte
da sua importância, exceto em trechos da planície amazônica.
Essas fronteiras são as mais susceptíveis de apresentar " pon
tos sensíveis”, ainda que estes possam vir a existir em alguns
dos demais trechos.
Nessa primeira hipótese, predominam os transportes ter
restres, ficando o transporte aquaviário em posição secundá
ria devido às suas limitações naturais. As rêdes ferroviária e
rodoviária, construídas em tempo de paz, constituirão os ele
mentos básicos dos transportes militares em tempo de guerra,
sob o tríplice aspecto de concentrações de tropas nas áreas
de retaguarda, seus deslocamentos em direção às fronteiras e
apoio logístico às forças em operações.
Sob o ponto de vista dos traçados, julga o Estado Maior
das Fôrças Armadas ( 1 ) que eles devam se orientar do centro
para a periferia " sem qualquer solução de continuidade que
isole, dos centros econômicos, as rodovias que se dirigem para
os chamados pontos sensíveis das mesmas (fronteiras)"; julga,
também, aquele importante órgão militar ser conveniente " pro
porcionar melhores condições técnicas a determinadas rodo
vias que liguem os portos marítimos a longitudinal ferroviária
Sul ou, mesmo, aos centros propulsores da interiorização rumo
às fronteiras" .
Com relação às vias nas zonas fronteriças " devem res
240
peitar não apenas às imposições ditadas pelo interesse da
segurança nacional, conforme prescreve a Constituição Fe
deral, mas, em particular às conveniências de ordem especifi
camente militar". A importância dessas vias nas fronteiras,
para a segurança nacional já fôra reconhecida no Plano Ge.
ral de Viação Nacional de 1934, com a inclusão dos troncos
ou ligações que "constituem via de transporte ao longo da
fronteira ou desta paralela a menos de 200 quilômetros de
distância "; éstes foram reduzidos a 150, no Plano Rodoviário
de 1944 .
Essas considerações do Estado Maior das Forças Armadas,
conquanto feitas especificamente com relação às rodovias, em
virtude da natureza da tese citada, são de um modo geral
aplicaveis às ferrovias, com ressalva, aliás constante da mesma
tese , "quanto aos transportes a longa distância, que devem
ter por base a ferrovia , embora complementada pela rodovia" .
Para atender ao tráfego militar, com suas coracterísticas
próprias, as ferrovias devem ser construídas de modo a ter
capacidade para permitir a formação de comboios pesados
em número adequado e as rodovias com a largura, pavimenta
ção e obras de arte apropriadas aos tipos de veículos que ne
cessàriamente por elas transitarão .
As vias fluviais, pelas suas limitações de traçado natural
e baixa velocidade de tráfego, pouca importância terão do
ponto de vista militar mas terão as suas tarefas acrescidas
pelos ditames da economia de guerra .
Alguns rios da Amazônia representarão aqui uma exce
ção, pois a sua função será da máxima importância; nessa
241
região todos os movimentos em direção à fronteira recorrerão
necessàriamente à via fluvial, naturalmente suplementada pela
aérea, em virtude da inexistência de outras vias .
As mesmas características dos transportes aéreos que mo
tivaram o seu notável surto de progresso no país, também
aqui se fazem sentir. A existência de uma eficiente rêde de
aeroportos reforçará as ligações pela via aérea, facilitando
o deslocamento de fôrças aeroterrestres e aerotransportadas,
a evacuação de feridos para áreas de retaguarda e , ainda,
o transporte de suprimentos críticos. Para o cumprimento des
sas tarefas, será necessário recorrer ao material de vôo das
empresas comerciais, mediante requisição, pelo que é perfei
tamente justo prever -se aqui que este sistema de transporte
será fortemente limitado no tráfego comercial.
Os aeroportos em posições estratégicas serão provável
mente utilizados como bases aéreas, e alguns já o são, ou
como bases intermediárias para os deslocamentos das Forças
Aéreas. Deverão portanto, satisfazer de um modo geral, as
especificações necessárias à operação dos diferentes tipos de
aviões da Fôrça Aérea Brasileira.
As vias de comunicações periféricas terão a sua impor
tância consideravelmente acrescida na hipótese de um conflito
extra-continental .
A II Guerra Mundial mostrou a extrema vulnerabilidade
do nosso sistema de transportes, em particular nas ligações
Norte -Sul, pela dependência de comunicações marítimas inse
guras. A suspensão do tráfego nesta via tronco principal po
derá acarretar um calapso da economia brasileira, ou pelo
242
menos, da de algumas regiões, que dêle dependem para as
exigências mínimas da sua subsistência .
Não parece provável, entretanto , que seja possível a exis
tência, em futuro próximo, de vias e meios com a capacidade
necessária para servir como via alternada para todo o trá
fego . Essa solução, aliás, implicaria na existência simultânea
de dois sistemas, um marítimo e outro rodo-ferroviário, cada
um dêles com capacidade para o tráfego total, o que é inexe
quível por ser absolutamente antieconômico .
Por outro lado, como razões econômicas não aconselham
o abandono do transporte marítimo, dever -se - á recorrer a uma
solução intermediária ou mista. Essa solução consiste em man
ter o fluxo principal pela via marítima e, simultaneamente,
dispor de vias terrestres com capacidade para complementar
a navegação de cabotagem e mesmo satisfazer a demanda
total durante pequenos períodos de tempo de restrições mais
severas. As ligações Norte-Sul deverão, portanto, receber alta
prioridade no nosso planejamento de realizações.
A navegação mercante não poderá deixar de ser man
tida, apesar dos riscos que correrá e evidentemente sofrerá
perdas; para minimizar essas perdas, deverá o país possuir
meios navais e aéreos, capazes de assegurar, dentro de limites
razoáveis, a liberdade das camunicações marítimas. Não ve
mos outra solução possível.
As instalações portuárias deverão ser capazes de aten
der ao movimento em condições de emergência, isto é, em vez
de um fluxo mais ou menos constante e regular, ele se carac
terizará pela intermitência com períodos de grande intensi .
243
dade. A remoção com êxito dessa dificuldade dependerá mais
do regime de trabalho horários e eficiência do que do
próprio aparelhamento portuário. Os portos deverão também
estar capacitados a suplementar os serviços prestados pelas
bases navais aos navios de guerra, apesar de que o programa
de construção dessas bases, atualmente em execução pela Ma
rinha de Guerra, conduzirá provavelmente ao extremo oposto:
as bases navais é que provavelmente socorrerão à marinha
mercante .
A Marinha Mercante deverá estar aparelhada para satis
fazer às exigências dos transportes militares. A exemplo do
que acontece em todas as nações, as Marinhas de Guerra não
possuem os recursos necessários, nem estão capacitadas para
improvisá -los em curto tempo , a um intenso tráfego militar. A
solução consiste em recorrer à Marinha Mercante , que contri
buirá com as unidades necessárias para complementar os
meios indispensáveis aos transportes de tropas e apoio logís
tico das três Fôrças Armadas.
E, pois, essencial que um certo número de navios tenha
características que satisfaçam a sua adaptação para algumas
tarefas especiais, isto é, possam ser considerados como reserva
da Marinha de Guerra. A fórmula adotada em diversos países,
entre os quais os Estados Unidos, para satisfazer os interesses
divergentes em jogo, consiste no pagamento de subvenções
destinadas a cobrir a diferença de custo de construção, entre
as especificações constantes do projeto aprovado pelo arma
dor e aquele resultante das alterações exigidas pelas autori
dades navais. No caso brasileiro, a existência de grandes em
244
présas governamentais facilita considerávelmente a execução
dêsse " desideratum " .
Finalmente, desejamos acentuar que a carência de recur
sos nos impõe a procura de um justo nível de equilibrio, de
modo a não ser sacrificado o progresso no campo econômico .
É oportuno reafirmar o conceito de que o Poder Econômico é
a base sólida sôbre a qual se estrutura o Poder Militar; quan
do éste é obtido com acentuado sacrifício daquele, ele repre
sentará apenas um poder atual momentâneo que não poderá
garantir a segurança de amanhã.
Procuramos apreciar o problema geral dos transportes
face à segurança nacional, examinando os seus aspectos mais
relevantes. Dêsse exame, parece razoável deduzir as seguintes
diretrizes, das quais não deverá se apartar a política nacional
de transportes:
a) O sistema nacional de transportes deve ser capaz de
comportar a sobrecarga imposta pela economia de guerra e
pelos transportes militares, mesmo com as restrições decorren
tes de operações militares e insuficiência de substituições de
material .
b) As ligações terrestres entre o Sul e o Nordeste do
pais são da mais alta prioridade para a segurança nacional,
na eventualidade de um conflito extra-continental. As vias in
teriores deverão estar capacitadas para complementar à ca
botagem e, mesmo, suportar o esforço principal por curtos
períodos.
c) O planejamento das ferrovias e rodovias deverá ser
feito atendendo concurrentemente às necessidades econômicas
245
e às militares. O papel fundamental que as vias nas zonas de
fronteira representam para a defesa do país, faz preponde
rar as exigências do planejamento militar, no estabelecimento
dessas vias.
d ) As vias que, segundo o Estado -Maior das Forças Ar
madas, forem consideradas essenciais ao tráfego militar, de
verão satisfazer às especificações exigidas por esse tráfego.
e) No desenvolvimento da rede de aeroportos deverá
ser considerada a sua possível utilização pela Força Aérea.
Os transportes aéreos comerciais contribuirão com parte do
material necessário aos transportes aéreos militares.
f) Parte da Marinha Mercante deverá ser considerada
reserva da Marinha de Guerra e a sua construção deverá
atender às especificações estabelecidas pelas autoridades na
vais. Os armadores deverão ser subvencionados, para cobrir
a diferença nos custos de construção.
246
VIII
- 247
A execução dessa política requer a existência de um or
ganismo coordenador, situado no mais alto escalão governa
mental, e de um planejamento geral orientador. Dai:
1. DIRETIVA A execução da Política Nacional de
Transportes, no âmbito do Governo Federal, caberá
ao Conselho Nacional de Transportes, órgão integrado
no Ministério da Viação e Obras Públicas, com auto
ridade coordenadora sôbre os demais organismos téc
nico-especializados cuja finalidade precipua diga res
peito a transporte e ao qual competirá as revisões pe
riódicas do Plano de Viação Nacional, a ordem de
prioridade para a execução de novas construções, o
estabelecimento de normas técnicas e de padronização
necessárias à coordenação dos transportes e opinar
sôbre as tarifas dos diversos sistemas de transportes.
Aos departamentos técnico-especializados caberá a
ação executiva da política estabelecida pelo Conselho,
nos respectivos setores de atividades.
6.° DIRETIVA -
Os transportes fluviais deverão ser
desenvolvidos nas vias já navegáveis, mediante a rea
lização de trabalhos necessários à melhoria das condi
ções de navegabilidade das vias e a modernização e
ampliação do material de transporte, de modo que
possam dar uma participação mais efetiva ao conjunto
de transportes. O desenvolvimento das novas vias e a
interligação de bacias hidrográficas deverão ser pre
cedidos dos estudos necessários à verificação das con
dições de praticabilidade dessas obras e do cálculo
dos investimentos exigidos, em função do que deverá
ser decidida a realização ou não de cada projeto.
250
7.a DIRETIVA No setor dos transportes aéreos deve
rá continuar a construção de aeroportos, a melhoria
do aparelhamento de proteção ao vôo e o pagamento
de subvenções às linhas pioneiras e internacionais de
interêsse nacional. No interesse da segurança nacional,
os aeroportos em posições consideradas estratégicas,
deverão ter as características necessárias ao tráfego
dos aviões de qualquer tipo da Fôrça Aérea.
251
Federal para a realização de serviços de interesse na
cional e obterão os recursos extraordinários de que
carecem por meio de operações de crédito realizadas
preferencialmente com o Banco Nacional de Desenvol
vimento Econômico.
INDICE
Capítulo fls.
1
Lito - Tipo Guanabara S. A.
Rua Maia Lacerda , 700
Rio de Janeiro
-
4
10 53
83 42 I ST2 005 1 6206
GE
1
HE 233 .F6
Uma politica nacional de tranC.1
s
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