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A ÉTICA NA IDADE MÉDIA

Bortolo Valle

Introdução

A nossa vida está marcada pelo desejo de felicidade. Não


resta dúvida de que a maioria dos nossos esforços tem como objetivo
nossa plena realização como pessoas dotadas de razão, portanto,
com capacidade para escolher. As opções de vida que fazemos muito
dificilmente são orientadas para a infelicidade. Toda decisão que
tomamos está diretamente relacionada com nosso projeto de
superação daqueles limites que impedem nosso bem-estar.
Escolher significa fazer uma opção. Os animais, sabemos,
decidem motivados por seu instinto de conservação e reprodução.
Neles não cabe, portanto, a moralidade. Seus atos não são valorados
como bons ou maus, uma vez que lhes falta o poder de decisão
consciente. Bem diferente é a postura do homem. Embora algumas
de nossas ações sejam orientadas, em primeiro plano, apenas pela
necessidade de sobrevivência , o fato de possuirmos uma dimensão
simbólico-cultural d á às nossas a ções, num segundo plano, um
caráter completamente distinto: a consciê ncia , mais do que a ação
]
nstintiva ou inteligente, orienta nosso projeto de vida em diieção à
felicidade sempre almejada . As boas ou más ações sempre estão
P esentes nos
fundamentos de nossas escolhas. A ação humana ,
dessa maneira , é
sempre um exercício que envolve valor.
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Uma pergunta que tem acompanhado a humanidade em ( Verdade de Deus transmitida aos homens
) , tempo em que o
sua históna é aquela que pode ser assim formulada : o que é o Bem projeto de uma vida boa e feliz se organizaria sobre
a convicçã o
c o que e o Mal ? Ela sempre será formulada quando nos propomos numa vida futura .
de que a plena felicidade só seria alcan ada
ç
a refletir sobre nossa felicidade. No entanto, este é um daqueles sem uma atenta
Não é poss í vel compreender o mundo Ocidental
que a
questionamentos destinados a n ão receber uma resposta definitiva . an á lise daquele per í odo de nossa hist ó ria . Sabemos
desde seu
O tempo n ã o d á solu çã o ao problema ; antes, convida o homem a cristandade tem direcionado a cultura ocidental
a marca indelé vel
um constante estado de aten çã o sobre os possí veis fundamentos de in í cio. Os dois ú ltimos mil é nios carregam
Idade M édia e que
suas escolhas, ou seja , sobre os horizontes que orientam suas decisões da vis ã o crist ã de mundo que perpassou a
em busca da felicidade. A reflex ão sobre o Bem e o Mal constitui o ainda hoje permeia a cultura ocidental mesmo em seus aspectos
coração da Etica e de toda a moralidade humana; e essa reflexão aparentemente mais leigos .
esta ínsenda no tempo. Isto significa que a humanidade empenhada
nos seus projetos de felicidade vai , de quando em quando,
modificando substancialmente suas crenças e seus valores. Uma breve caracteriza çã o do projeto
Quando nos debru ç amos sobre o desenvolvimento
histórico da É tica no Ocidente (sobre o modo como tratamos o
devida assumido na Idade Mé dia
Bem e o Mal ) , podemos falar de uma É tica pró pria dos povos
primitivos que orientava as decisões da comunidade, tendo como O longo per í odo que se estende desde os primeiros séculos
base o mundo m á gico-sobrenatural . Reconhecemos també m a da era crist ã at é o Renascimento (século I ao século XV), apesar
Etica Grega que tomava a harmonia da natureza , ou a justa de suas extraordin á rias diferen ças, pode ser compreendido como
medida como fundamento para a boa açào do
,
um tempo marcado pela força de um projeto orientado pelos
homem inserido ensinamentos e convicções de uma novidade que denominamos
na polis. Visualizamos uma Etica Medieval ;
aquela que via na vida e
Verdade Divina Revelada cá non Para o Cristianismo. A novidade crist ã foi elaborada a partir da
proceder Deparamo - nos , tamb é m
° correto modo de dos ensinamentos de Jesus de Nazar é . Sua vida e sua doutrina
COm a chamada É tica como
Moderna , que sustentou na expressã o est ã o reunidas no grupo de livros bíblicos identificados
acionai , ou melhor, na esperado
capacidade de decisã o aut ó noma , • Evangelhos. Jesus Cristo, o filho de Deus, prometido e
Hoje , ja ouvimos os enunciados de
° valor da s corretas decisões . no Antigo Testamento, se encarna no meio dos homens
c lhes
uma Etica ii ncapaz de ver mandamento
um fundamento sólido para o projeto
hu mano de traz uma nova lei , aquela do amor. Esta lei é um
felicidade um
Neste capitulo estaremos refleti
ndo sobre os tra
,
novo, que n ã o elimina os antigos, mas que lhe confere
ços que pela
orientam a Etica no chamado
MundJo Med significado inovador : a ação humana deve ser orientada
levai A É tica , numa s í ntese,
daquele tempo em que a cultura
ocidental compaixão, pela misericórdia conforme se pode ler
de que a boa a çà o deveria ser espelhada manteve a convicçã o
Pela Verdad e no evangelho de Mateus. No capí tulo 5 lemos:
Kevelada
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em esp í rito, porque deles é do evangelho de João: “ Ningu é m tem maior amor do que aquele
Bem -aventurados os pobres
o Reino dos Céus. que d á a vida por seus amigos ” (Jo 15 , 13). Não resta d ú vida que
, porque herdarão a terra.
Bem -aventurados os mansos estas determinações, que estas regras de comportamento onentaram
serã o consolados.
Bem - aventurados os aflitos, porque e ainda orientam parte significativa das reflex ões sobre a É tica ,
e sede de justi ça ,
Bem -aventurados os que tê m fome uma vez que o Cristianismo é , como dissemos , um dos
porque serã o saciados. componentes fundamentais da cultura ocidental .
alcan çarã o
Bem -aventurados os misericordiosos , porque
misericó rdia .
A novidade introduzida pelo cristianismo, tendo no seu centro
Bem -aventurados os puros de coração, porque verã o a Deus. a compaixão e a misericórdia , só pode ser compreendida a partir de
Bem -aventurados os que promovem a paz , porque serã o um conjunto de orienta ções introduzidas pelo estilo de vida da
chamados filhos de Deus . cristandade. Sem uma análise atenta delas fica difícil compreender a
Bem -aventurados os que sã o perseguidos por causa da extensã o e as contribuições de seu projeto ético ( indicações para a
justiç a , porque deles é o Reino dos Cé us.
correta condu ção da vida ). Apresentamos algumas delas:
Bem -aventurados sois , quando vos injuriarem e vos
perseguirem e , mentindo, disserem todo o mal contra v ós
por causa de mim . Alegrai -vos e regozijai-vos , porque a ) Consideremos que a mensagem b í blica se assenta sobre
será grande a vossa recompensa nos cé us , pois foi assim a convicçã o do monoteísmo que substitui o politeísmo
que perseguiram os profetas , que vieram antes de vós. t í pico da cultura grega . Nascido no seio da cultura
semita antiga ( o povo do Antigo Testamento ) , o
No capí tulo 25 lemos: monoteísmo apresenta um Deus que se comunica com
os homens e lhes d á um projeto de vida singular. Deus
Tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de faz uma aliança com o povo, e lhe transmite sua lei
beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me
que é a expressã o de sua vontade.
vestiste, doente e me visitastes, preso e viestes ver- me.
b ) També m original é a ideia do criaciomsmo. Deus, segundo
Este apelo ao Amor ( traduzido na miseric ó rdia e na a mensagem bíblica , teria criado o mundo do nada , ou
compaix ã o) introduz uma diferença significativa em relaçã o à seja , o mundo seria fruto da Vontade de Deus. Esta posiçã o
vida boa ( projeto ético) que havia sido defendida pelos gregos. contraria , por exemplo, uma convicção grega que indicava
A felicidade que para o homem da Gré cia antiga orientava a vida a impossibilidade de se produzir alguma coisa do nada .
na polis , agora , no seio do cristianismo, só será alcan çada numa c ) O projeto crist ão é marcadamente centrado no homem .
vida futura se a pr á tica da misericó rdia for vivenciada em seu Criado à imagem e semelhança de Deus, o homem é a
estilo mais radical no amor ao próximo. Parece ter sido este o primícia da criação. També m aqui podemos perceber
ensinamento m á ximo de Jesus levado às ú ltimas consequ ê ncias uma diferença significativa em rela ção aos gregos que
com sua morte. Podemos conferir esse projeto de possu í am uma visã o mais cosmocê ntrica da realidade.
vida na passagem
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d ) A lei moral assumida e


que emana dos escritos bíblicos grega , por exemplo, a hist ó ria tem um andamento
está profundamente ligada à
Vontade de Deus. Não haveria circular, ou seja , ela n à o tem um fim , h á um retorno
ã o Deus; cabe ao homem id ê ntico sempre cont í nuo. O cristianismo por sua vez ,
outra fonte para a moralidade sen
. Sabemos que, apresenta uma imagem retil í nea , ressalta o progredir ou
o dever de obedecer aos seus mandamentos ,

para os gregos, a fonte da moral é a natureza


, seja , a convicçã o de que no final dos tempos haverá uma
que teria
e ) Foi justamente a desobediê ncia à lei de Deus consumação da hist ó ria no chamado Ju í zo Universal .
causado a expulsã o do homem do para íso. A ideia de
pecado é fundamental na compreensão do código de Em resumo, podemos dizer que a cria ção do mundo ; a
moralidade do mundo crist ã o medieval . O pecado criaçã o do homem à imagem e semelhan ça de Deus ; o projeto
introduziu o mal no mundo, uma vez que Deus só de salva çã o oferecido por Deus ao homem ; a felicidade futura
poderia ter criado o mundo perfeito e, portanto, bom . na ressurreição sã o os temas que vã o compor o conjunto das
0 Apesar do pecado, Deus que é Providência , que é Amor, reflex ões efetuadas no perí odo medieval para orientar o projeto
elabora um projeto de resgate do homem . O homem do homem em sua busca de felicidade. São eles que constituem
pode libertar -se do pecado mediante a pr á tica da uma espécie de fio condutor da É tica Medieval . Esses temas
Caridade. Deus em sua bondade redime o homem . indicam realidades que são experimentadas pelo exercí cio da fé ,
g ) O plano de Salva çã o que Deus propõe aos homens mais do que pelo exerc í cio da raz ã o ( eis outra diferen ç a
redefine o Amor. També m os gregos tê m a ideia do significativa entre os gregos e o mundo medieval na elabora çã o
Amor. No entanto, na cultura grega , o amor Eros fazia de referências sobre o Bem e o Mal). Elas serão vivenciadas na
com que o homem amasse o deus. Na visã o crist ã , por medida em que o homem se deixa conduzir, ou melhor, se deixa
sua vez , o Amor ágape mostra que Deus ama o homem . instruir por uma sabedoria que n ão nasce das coisas do mundo.
h ) Esse Amor doa çã o (á gape) reinventa todo o corpo de O homem precisa estar atento ao novo perfil constituinte do
valores do cristianismo. Chamamos atençã o para as mundo. A sabedoria , que instrui o homem no caminho para a
passagens bíblicas citadas anteriormente. Nelas se pode felicidade, n ã o é simplesmente uma sabedoria terrena nascida
perceber que a centralidade da vida moral se localiza da raz ã o ou do comportamento harmó nico da natureza é , antes,
na pr á tica da humildade e da mansid ã o. uma Sabedoria de Deus . Criador do mundo e do homem , Deus
i ) O cristianismo també m introduz uma ideia de salva çã o lhe apresenta seu padr ã o de felicidade. Cabe à humanidade
( a escatologia ) , que se baseia n ã o só na imortalidade deixar -se instruir por essa Sabedoria Divina . Deus n ã o nos quer
da alma como també m na convicçã o de que haver á a infelizes. Antes, nos mostra que como criaturas suas, feitos à sua
ressurrei çã o dos mortos. imagem e semelhança , podemos, por meio de uma reta condu çã o
j ) A ideia de progresso, exclusiva do
cristianismo, dá um de nossas vidas , nos libertar dos limites que nos mant ê m presos
novo sentido à história . Recordemos que , na cultura a um mundo de sofrimentos ( nossos pecados) e participar, por
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vida de felicidade plena , n
ã o nesta chamados de Pater ( pais, em latim ) uma vez que coube a eles
meio da Ressurrei ção de uma um papel decisivo na afirma çã o dos novos padr õ es da
cé us. Este é o centro de gravidade
vida terrena , mas no reino dos moralidade crist ã . Agostinho de Hipona é seu mais expressivo
a distinguir o Bem do Mal
na É tica Medieval .
representante e , de sua obra , desprende-se a ideia do Livre-
Arb í trio que se tornou essencial para a moralidade crist ã . Já
na Escol á stica , vemos reunidos aqueles pensadores empenhados
Os fundamentos racionais do numa justifica çã o racional das verdades que compunham
projeto ético na Idade Mé dia aquela mesma moralidade. Entre eles, destaca -se o pensamento
vigoroso de Santo Tom á s de Aquino, com seus argumentos
Embora o projeto é tico que marcou a Idade M édia
tivesse racionais a favor de uma moralidade esclarecida . Tanto
nos
suas origens nas Escrituras e mais especificamente Agostinho, com sua base plat ónica , quanto Tom á s, com base
Evangelhos , sua afirma çã o foi feita lenta , mas gradualmente
, aristot é lica , elaboraram material indispensá vel para aqueles que
por meio de in ú meras contribui çõ es de pensadores que se ocupam com as quest õ es do Bem e do Mal e, no â mbito do
assumiram a tarefa de defender aqueles princ í pios . Os cristianismo, apresentam um consistente projeto é tico .
denominados fil ósofos medievais n ã o se eximiram de dar um Apresentaremos a seguir alguns tra ç os caracter í sticos do
tratamento à quest ã o do Bem e do Mal . Quase na sua pensamento desses autores no que se refere à s quest ões é ticas .
totalidade, eles dedicaram parte de suas reflex ões, expressas em
cartas, serm ões e livros, a analisar a melhor maneira pela qual
o homem poderia atingir a felicidade futura . Santo Agostinho e a rela çã o
Dois grandes projetos foram elaborados com a finalidade
de esclarecer , de dar sentido ao projeto é tico fundado na entre Vontade e Liberdade
caridade. Num primeiro tempo , encontramos aquele da
Patr í stica ( sé culo I ao sé culo V ) e posteriormente, aquele da Auré lio Agostinho nasceu em 354 em Tagaste na Num í dia
Escol á stica ( s é culo VI ao sé culo XIV). No projeto da Patr í stica ( Á frica ) , morreu no ano 430 em Hipona . Podemos afirmar que
destacamos o empenho feito para criar, sistematizar, defender sua vida e obra sã o decisivas na hist ória do pensamento ocidental .
e difundir o modo espec í fico como o cristianismo entendia o Esp í rito inquieto, buscava com afinco o conhecimento. Por volta
projeto de felicidade humana . Naquele da Escol á stica por sua de seus dezenove anos aproximou - se do maniqueismo ( uma
vez , reconhecemos o forte exerc í cio para uma justifica çã o religi ã o heré tica fundada pelo persa Mani no século III ) , que
racional para um necessá rio esclarecimento , que se conjuga propunha a exist ê ncia de um dualismo radical na concepçã o do
no plano da felicidade a ser conquistada .
A Patr í stica re ú ne bem e do mal . Mais tarde, por influ ê ncia do bispo Ambrósio de
aqueles autores que est ã o situados no
in ício da era crist ã e sã o Mil ã o , n ã o só abandona o maniqueismo como dedicar á estor ços
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daquela doutrina . que brota de uma luta no interior de cada ser humano
significativos para mostrar os limites e os erros
importantes que, ao mesmo tempo em que quer també m n ã o quer.
Agostinho de Hipona é contado entre os mais
es para a - O homem enquanto corpo e alma Agostinho se vale,
pensadores do Ocidente. Entre suas contribuiçõ
na defini çã o de homem da fó rmula grega que reconhece
elabora çã o de um projeto é tico podemos destacar :
ser o homem “ uma alma que se serve de um corpo ” . No
- O homem como elemento central no projeto ético . entanto , percebemos que nele existe um significativo
Segundo Agostinho, o verdadeiro problema é tico n ã o
aprofundamento da quest ã o. Corpo e alma adquirem um
reside no cosmo, mas no homem . O grande mistério da novo significado, uma vez que devem ser considerados
cria çã o n ã o é o mundo, mas o homem para si mesmo. a partir do conceito de cria çã o, do dogma da ressurrei çã o
Ele nos alerta em sua obra mais conhecida , Confissões, que e, acima de tudo, da certeza de que Cristo se encarnou e
na maioria das vezes nos voltamos para admirar as experimentou concretamente os dilemas da vontade num
montanhas , o fluxo do mar, a corrente dos rios , o corpo. Assim , enquanto sede da alma , o corpo é mais
movimento dos astros, mas abandonamos a nós mesmos. valorizado do que um simples simulacro conforme o
Agostinho declara ser o homem um “ misté rio profundo ” . modelo plat ó nico retomado por Plotino . O homem
No entanto, diferentemente dos gregos, ele n ão o toma interior é , para o Bispo de Hipona , a imagem do Deus
como algo abstrato. Para ele n ã o interessa o homem em Trindade. Enquanto imagem de Deus Pai o homem é
geral ; antes, é do indiv í duo irrepet í vel que lhe interessa . Ser ; enquanto imagem de Deus Filho , o homem é
Ver o indivíduo em sua concretude é o ponto de partida Conhecer e, enquanto imagem de Deus Esp í rito Santo o
do projeto da é tica agostiniana . É mais propriamente das homem é Amar. Essa convicçã o agostimana , do valor
suas tensões í ntimas , dos dilemas de sua vontade particular do homem , reformula a É tica , j á que para os gregos ela
diante da vontade de Deus que Agostinho se toma í ntimo estava centrada no Cosmo.
de si pró prio, que se depara com a personalidade humana - A questão do mal . Podemos reconhecer que o problema
em um sentido inovador. do mal se toma central na reflexã o de Santo Agostinho
O lugar da vontade humana . Agostinho, ao tratar do sobre a é tica . Existe um paradoxo a ser explicitado: se
homem concreto, afasta -se do chamado intelectualismo todas as coisas prov ê m de Deus que é Bem , qual a origem
grego. Para fil ósofos como Sócrates e Plat ão, pouco espa ço do mal? Agostinho d á a essa quest ã o um tratamento
era reservado à vontade. Embora pró ximo de Plat ã o, por singular. Podemos recordar que o intelectualismo é tico
era a
influencias de Plotino, Agostinho enfatiza na elabora çã o defendido por Sócrates afirmava que a ignorâ ncia
tem sua
de um projeto de felicidade o
confronto entre a vontade origem do mal . Agostinho enfatiza que o mal
do homem e a vontade de Deus . A origem na vontade. O mal n ã o é uma
quest ã o puramente
vontade do homem é os grandes
decisiva no processo de escolha e ela é sempre
uma opçã o intelectual como estavam inclinados a defender
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que o mal n ã o é modo particular de entend ê- la proporcionou a supera çã o


fil ósofos gregos Agostinho enfatiza
,

é priva çã o, é daquela maneira como os gregos entendiam , ou pouco


alguma coisa , n ã o é um ser. Antes, o mal
defici ê ncia , é carê ncia de algo . Para tornar mais expl í cita entendiam , a vontade . Ao expor seus conflitos interiores,
sua tese, apresenta uma tipologia do Mal , ressaltando a ele supera os esquemas intelectualistas da cultura
exist ê ncia do mal metafísico-ontol ógico; do mal moral ; e filosó fica grega . Al é m disso , mostra que a verdade b í blica
do mal físico. Quanto ao mal metafísico, esclarece o autor deve ser sempre considerada a partir da vontade.
que n ã o se pode falar da exist ê ncia do mal no cosmo , mas A consequ ê ncia disso se pode perceber no tratamento
apenas que o ser possui graus de ser inferiores a Deus, que ele dispensou à rela çã o entre Vontade e Liberdade.
uma vez que as coisas sã o criadas e por isso mesmo finitas . De acordo com sua compreensã o, a Liberdade n ão é fruto
No que se refere ao mal moral , considera Agostinho que da raz ã o, mas da Vontade. Os gregos , principalmente
ele é identificado com o pecado. Argumenta que o pecado Sócrates , haviam dito que é imposs í vel conhecer o bem e
é causado pela m á vontade. Quando a vontade n ão tende fazer o mal . Nosso autor , por sua vez , recorda que a
para Deus e sim para as coisas criadas, portanto, para raz ã o pode conhecer o bem , mas a Vontade pode rejeitá -
aquelas de menor pot ê ncia de ser ; quando o homem prefere lo. Cabe à raz ã o conhecer , mas cumpre à Vontade
as criaturas ao Criador, se instala o mal moral . Dessa escolher inclusive aquilo que é irracional , o que equivale
maneira , esse tipo de mal seria uma opçã o da vontade a dizer, aquilo que n ã o é conforme a raz ã o. E por isso
contra Deus e a favor daquilo que é criado. Agostinho que o homem , por sua vontade, pode recusar o Bem que
enfatiza que nós recebemos de Deus a vontade livre e isso vem do Criador e optar pelo Mal que é pr ó prio da
c um grande bem e o mau uso desse bem produz o pecado . criatura . Agostinho ensina que o pecado original foi o
Conclui nosso autor afirmando que o bem que est á no primeiro desvio da vontade, que o arb í trio da Vontade
homem é obra de Deus e que o mal tamb é m nele só é verdadeiramente livre em seu sentido pleno quando
encontrado é fruto do seu pecado. Finalmente , ao n ão faz o mal . No princ í pio , o livre-arbí trio foi dado ao
considerar o mal f í sico como as doen ças, os tormentos homem , mas depois do pecado original a liberdade ficou
do esp í rito e a morte, alerta que sã
o consequ ê ncias do corrompida e agora s ó conseguimos retomar o caminho
pecado original ou melhor
dizendo , sã o produtos do mal com a ajuda da gra ça divina . Dessa forma , a conclus ã o
moral. Este , o mal f í sico, tem um
papel positivo na hist ó ria a que chega o fil ósofo de Hipona é que o homem n ã o é
da salva çã o uma vez que
, ao assumi - lo nos colocamos
aut á rquico em sua vida moral. Se o homem busca viver
na perspectiva de uma
liberta çã o de nossos pecados. tomando apenas suas pr ó prias tor ças , sem a ajuda de
-Vontade e Liberdade Precisamos ter
que Agostinho omo
sempre em mente Deus , ser á vencido pelo pecado. A ú nica maneiia de
já dissemos acima , reserva à
Vontade um superar o pecado , portanto , deve ser por meio da t é na
Papel importante no
seu plano ético. Seu graça que o salva e de sua livre opçã o a ela .
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coisas que n ã o s ã o Deus, coisas essas que possuem


Santo Tomá s de Aquino e a Ética
qualidades que sã o boas ou m á s , e nossa vontade é livre
como ci ê ncia dos atos humanos para optar ou n ã o por elas.
- O livre- arbí trio Segundo Tom ás, a liberdade do homem
.

Considerado o maior fil ósofo da Escol ástica , Tom á s de não é reduzida pela presci ê ncia de Deus ( Deus prevê tanto
Aquino nasceu no ano de 1221 , na regi ã o de Roccasecca , e o que é necessá rio quanto o que é contingente ) . É na
morreu no mosteiro de Fossanova no ano de 1274 . Como liberdade humana que o filósofo escolástico localiza a raiz
nenhum outro , o autor da Suma Teol ógica soube conciliar a Fé de todo o mal que, seguindo as considera ções de Agostinho,
e a Raz ã o a ponto de sua obra ser considerada como uma é tomado como ausê ncia do bem . O livre-arb í trio n ã o dirige
prepara çã o para a Fé . Al é m disso, seus argumentos possuem tal a vontade humana como uma flecha atirada pelo arqueiro
envergadura que permitem a discussã o at é mesmo com aqueles ( o que sugere uma linha reta sem desvios ) , ela segue para
que n ã o professam nenhuma fé. O projeto é tico que se desprende seu fim de forma livre ( a escolha é uma quest ã o
do pensamento de Tomás possui um cará ter especulativo racional, fundamental). Percebe-se no homem certos princípios de
ou seja , considera que é preciso ter em mente primeiro as verdades conhecimento que identificam uma disposi çã o natural a
racionais, uma vez que n ós, seres humanos, somos unidos pela gui á -lo em direçã o à s boas ações. N ã o é possí vel , segundo
razã o e, a partir delas , constru í mos um discurso de natureza Tomás, que se confunda o compreender com o agir, uma
teol ógica . De seu vasto pensamento destacamos algumas das vez que no ato de compreensã o ainda nã o se faz presente a
ideias que permitem verificar a maneira como o Doutor Angé lico a çã o. Onde reside o mal ent ã o7 Na a çã o deliberada do
tra çou o itinerá rio para a compreensã o da vida feliz . homem . É por ela que ele se afasta daquele princípio que a
razã o lhe d á a conhecer e que Deus na Sua bondade lhe
- A natureza do homem . Santo Tom á s defende que os revelou como condi çã o para a felicidade. Os fins
atos humanos sã o aqueles exercidos com uma inten çã o e intermedi á rios n ã o satisfazem a sede de felicidade do
pela livre escolha . Para ele o homem é uma natureza homem . Somente quando a açã o for dirigida para o fim
racional e isto é tomado como alicerce n ã o só para a É tica ú ltimo ( Deus ) os desejos humanos ser ã o plenamente
ser
como també m para a Pol í tica . O homem , por ser racional , satisfeitos. Assim sendo, a felicidade humana n ã o pode
possui a capacidade natural de conhecer as finalidades de
encontrada nos bens criados, mas só em Deus.
sua a çã o. Existe uma ordem das coisas e, no seu ponto - A felicidade perfeita e imperfeita . J
á que a felicidade plena
mais alto , Deus é encontrado como de Deus,
sendo o Bem Supremo. só pode ser alcançada no pleno conhecimento
Se o intelecto pudesse contemplar Deus a alcan çar u ma
vontade n ã o Tomás argumenta que nesta vida só poderemos
, imperfeita . Em
felicidade incompleta, o que equivale a dizer
poderia deixar de quer ê - lo. No ,
entanto, aqui , entre as
coisas do mundo, o intelecto do homem só que consiste essa imperfeição da felicidade
? Limitado que é ,
conhece as
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de possuir natural , produzindo por dedu ção o jus gentium e por


durante a sua vida , o homem tem necessidade
sen ão para que a especifica çã o o jus civile. Isso pode ser exemplificado da
certos bens exteriores que n ã o devem servir
ç seguinte maneira : faz parte do jus gentium a proibi çã o do
vida possa ser mantida e a natureza humana aperfei oada .
homicí dio e a penalidade para quem comete tal ato seria
- A virtude . Tomás defende que a boa açã o o
( hábito natural
uma atribuiçã o do jus civile. Santo Tom á s alerta que se a lei
que atrai o homem para seu fim ) é uma virtude que toma
humana é derivada da lei natural , n ã o pode, portanto,
melhor quem a possui , exercendo um papel de lapida ção da
contradizê-la . A norma que contradiz a lei natural não
desordem de nossas emoções, de nossos desejos e inclinações.
pode de maneira alguma ser justa e, portanto, é l í cito que se
É a virtude que permite ao homem tomar-se melhor não só
desobedeça a lei injusta uma vez que ela fere a lei natural .
no que é como també m naquilo que faz . Sem esse há bito,
argumenta o filósofo, instala -se o vício, que é entendido como
Finalmente, encontramos a lei divina . Essa lei foi revelada
a m á a çã o. O v í cio é o h á bito que priva o homem das nas Escrituras e mais especificamente nos Evangelhos e sua
condições necessárias para que ele seja melhor no que é e no especificidade est á relacionada ao fim ú ltimo do homem .
que faz . Importante ressaltar que a açã o individual do homem Ou seja , ao seu estado final de bem -aventurança.
s ó pode ser plenamente realizada no seio de uma
comunidade. Assim , para o Aquinate, a é tica é a base para a
pol í tica uma vez que, seguindo os passos de Arist óteles, Algumas consideraçõ es importantes
defende que o homem é naturalmente um animal social.
- O papel das leis na elaboração da ética . Santo Tom á s A É tica medieval n ã o pode ser concebida fora daquele
distingue quatro tipos de leis . N ã o é poss í vel falar da vida grande projeto que é o Cristianismo com sua lei maior, ou seja ,
em sociedade, expressã o da é tica individual sem que se o imperativo do Amor ágape. H á , no entanto, pelo menos duas
considere a força da lei . Em primeiro plano encontramos maneiras distintas de considerar as contribuições do projeto. A
a lei eterna que corresponde ao plano racional de Deus que É tica proposta pelo cristianismo pode ser tomada , num primeiro
se traduz na ordem do universo. Parte dessa lei é momento, como uma das maiores revolu çõ es espirituais j á
desconhecida pelo homem , outra parte, poré m , o homem existentes, uma vez que seu objetivo n ão era só o de libertar e
a conhece e a reconhece como sendo a lei natural que se
transformar cada alma individual como també m todo o mundo
ilustra pela m á xima que incita o homem a fazer o que é sob a luz do amor revelado de Deus. O sacrif í cio de Cristo d á
bem e evitar o que é mal . O Bem é aquilo que conduz à sentido ao conte údo daquele projeto. A presença imanente de
conserva çã o enquanto que o Mal é aquilo que leva à Deus no homem e no mundo proporcionaria a realizaçã o final
destrui ção de si . Ao lado da lei natural encontramos a lei da felicidade na Reden çã o de todos e tudo. Num segundo
humana , que é aquela criada pelo homem ou seja , o direito uma
momento, no entanto, o mesmo projeto deixa entrever
positivo. A lei humana
deve estar infimamente ligada à lei suposta aliena çã o do homem e do mundo em rela çã o a
Deus.
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de um rigoroso controle das servem -se mutuamente na caridade, os primeiros mandando e os
O projeto ressaltava a necessidade
iria adesã o dos homens segundos obedecendo ” (AGOSTINHO, 2000, XIV, 28).
atividades profanas , bem como a necessana
pela Igreja institucional
a uma ortodoxia doutrin á ria defendida
porção da humanidade “A fam í lia terrena , que n ã o vive da fé , busca a paz terrena nos
que limitava a salva çã o a uma pequena
que se mantinha fiel à Igreja . Parece que
o mundo crist ã o da bens e vantagens desta vida temporal . Aquela , ao contrá rio , cuja
. Ainda assim , vida está regulada pela fé , est á à espera dos bens eternos
Idade M édia n ã o conseguiu superar esses opostos
não deixam
estas duas bases do projeto ético da Idade M édia prometidos para o futuro ” (AGOSTINHO, 2000, XIX , 17).
de estar em estrita rela çã o. A Igreja n ã o se considerava apenas
portadora do significado das coisas divinas ; ela se considerava
també m a ú nica capaz de dar um sentido para tais coisas. Esse Texto de Santo Tomás
é um fator que n ã o se pode deixar de considerar quando se
pensa na É tica proposta como projeto de felicidade para o Ao tratar das relações entre Fé e Razão se evidencia a questão
homem no mundo crist ã o medieval . do objetivo último de nossas a ções fundamentadas na lei de Deus.

“A tudo isso respondo que foi necessá rio para a salva çã o do

Êmentos homem , uma doutrina fundada na revela çã o divina , al é m das


disciplinas filosóficas que sã o investigadas pela raz ã o humana .
Textos de Agostinho Primeiro, porque o homem est á ordenado a Deus como a um
fim que ultrapassa a compreensã o da raz ã o , conforme afirma
A imagem das duas cidades mostra a luta entre o Bem e o Isaias, 44 , 4: Tora de ti , ó Deus, o olho não viu o que preparaste
Mal ; luta que terminará com o Juizo Final: para os que te amam ’. Ora , o homem deve conhecer o fim ao
qual deve ordenar as suas inten ções e a ções. Por isso se tornou
Dois amores criaram duas cidades; o amor de si , levado até o necessá rio, para a salva ção dos homens, que lhes fossem dadas a
desprezo de Deus, criou a cidade terrena; o amor a Deus, porém conhecer, por revela çã o divina , determinadas verdades que
levado até o desprezo de si , criou a cidade celeste. Aquela se gloria ultrapassam a raz ã o humana . Mesmo em rela çã o à quelas
em si mesma , esta , no Senhor. Aquela busca verdades a respeito de Deus que podem ser investigadas pela
a gl ória dos homens ;
esta tem como maior gl ó ria o
testemunho de Deus em sua raz ã o, foi necessá rio que o homem fosse instru í do pela revela çã o
ência . Aquela , na sua glória , divina , pois essas verdades, ao serem investigadas pela raz ã o,
levanta orgulhosamente sua
cabeça ; esta diz a Deus: sois a chegariam a poucas pessoas e mesmo assim só depois de muito
minha gl ória e quem levanta minha
abeça (Sl 3, 4). A primeira est ,
á dom nada pela ambi çã o do dom í nio tempo e com muitos erros. Entretanto, do conhecimento dessas
dos prí ncipes e na ções que
subjuga ; nesta os superiores e sú ditos verdades depende a salva ção do homem , a qual está em Deus.
A ético na idade m édia
Bortolo Valle 69
68
seja alcan çada de maneira
Para que, pois, a salva çã o dos homens
á rio que fossem instru í dos, a Sugestões de filmes
mais conveniente e segura foi necess
revela çao. Donde a
respeito das coisas divinas, pela divina
revela çã o, al é m
necessidade de uma ciência sagrada , obtida pela EM NOME de Deus . Direçã o: Clive Donner. Produ çã o : Andros
das disciplinas filosóficas que sã o
investigadas pela raz ã o. Por
Epaminondas, Simon MacCorkindale. Int é rpretes: Derek de Lint ,

isso, nada impede que as mesmas coisas de que tratam


as disciplinas
Kim Thomson , Denholm Elliott e outros. Roteiro: Chris Bryant .
filosóficas, na medida em que sã o cognoscí veis pela luz da razã o [S. I.J: NBO, 1988 . 1 DVD ( 115 min ).
natural , sejam tratadas por outra ciência , na medida em que são
conhecidas pela luz da revela çã o divina ( TOM ÁS DE AQUINO, O NOME da Rosa . Direçã o: Jean -Jacques Annaud . Produ çã o: Bemd
2001 , 1, Q. I , art . 1 ). Eichinger. Inté rpretes: Sean Connery, F. Murray Abraham , Christian
Slater, Elya Baskin e outros. Roteiro: Andrew Birkin , G érard Brach ,
Howard Franklin e Alain Godard . [S.I.J: Warner Home Video, 2006 .
1 DVD (131 min). Baseado no livro de Umberto Eco.
ferências

AGOSTINHO. A cidade de Deus. Petr ó polis: Vozes, 2000.


Sugestões de leitura
TOMAS DE AQUINO, S. Suma teológica . Sã o Paulo: Loyola , 2001 .

COMPARATO, F. K . Ética: direito , moral e religi ã o no mundo


I
Quest ões para reflexã o e debate
moderno. Sã o Paulo: Companhia das Letras, 2006 .

McGRADE , A. S. Filosofia medieval. Aparecida , SP: Idéias & Letras, 2008.

1 . Quais os fundamentos da é tica crist ã ? NEMO, P. O que è o Ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 2005. cap. 3 e 4.
2 . Quais, de acordo com Santo Agostinho, sã o as bases do projeto de
REALE , G . ; ANTISERI , D. História da filosofia . Sã o Paulo: Paulus,
felicidade humana ?
2003. v. 2 .
3 . De que maneira Santo Tom á s, ao estabelecer uma hierarquia das
leis , elabora um projeto ético? TARNAS, R . A epopeia do pensamento ocidental. Rio de Janeiro:
4 . Quais os elementos comuns entre a É tica de Agostinho
e aquela de Bertrand Brasil , 1999.
Tom á s?
5. Qual o papel da Igreja na elabora çã o
da É tica Medieval ?
6 . De que modo a É tica Medieval
modifica a É tica Grega ?
© 2010, Cesar Candiotto e outros
2010, Editora Universitá ria Champagnat
Este livro, na totalidade ou em parte, não pode ser reproduzido por quaisquer meios
sem autorizaçã o expressa por escrito do Editor.
EDITORA UNIVERSITÁRIA CHAMPAGNAT
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Cesar Candiotto. - Curitiba : Champagnat , 2010 .
230 p . ; 21 cm . (Coleção Did á tica ; 1)
V á rios autores.
Inclui referê ncias.
ISBN 978 -85- 7292 - 214 - 2
1 . É tica . I . Candiotto , Cesar . II . T ítulo . III . Sé rie .

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