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… ela me respondia:
Uma vez por semana, vovô Vincenzo reunia à noitinha todos os netos […]. Ele
puxava um grande terço de madeira e começava a rezar. Todo mundo rezava
junto com ele e, ao final, um vibrante coro dizia bem alto: AMÉM! Ao ouvir esse
amém final e triunfante, vovô Vincenzo erguia as mãos para o céu e
encomendava o terço para as almas daqueles que já haviam morrido […].
Pois naquela noite iluminada, quando vovô fechou o coro do terço, erguendo as
mãos e os olhos para o alto, tive a certeza: quem morava no sótão eram as
almas do AMÉM! […]
– Pois você vá LÁ visitar essas almas, que terá uma grande surpresa.
Eu disse “me preparei”. Porque uma comadre que passava pela rua, ouvindo
risadinhas sobre os telhados vizinhos, correu a chamar vovó, que estava na
Igreja de San Leone,
E foi assim que acabei descobrindo que, quando vovô Vincenzo acabava o
terço e erguia as mãos para o teto, talvez estivesse pedindo às almas do
AMÉM que velassem pela fartura dos campos da Calábria e que nunca
deixassem faltar o pão e o vinho sobre as mesas a fim de que nenhum
calabrês, nunca mais, precisasse emigrar para terras alheias.