Competência - Processo e Julgamento - Ações Conexas de Interesse de
Menor
"A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de
menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda."
01) Adoção por casais homoafetivos:
RECURSO ESPECIAL Nº 889.852 - RS (2006/0209137-4)
RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL RECORRIDO : L M B G ADVOGADO : MÔNICA STEFFEN - DEFENSORA PÚBLICA
DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. ADOÇÃO DE MENORES POR CASAL
HOMOSSEXUAL. SITUAÇÃO JÁ CONSOLIDADA. ESTABILIDADE DA FAMÍLIA. PRESENÇA DE FORTES VÍNCULOS AFETIVOS ENTRE OS MENORES E A REQUERENTE. IMPRESCINDIBILIDADE DA PREVALÊNCIA DOS INTERESSES DOS MENORES. RELATÓRIO DA ASSISTENTE SOCIAL FAVORÁVEL AO PEDIDO. REAIS VANTAGENS PARA OS ADOTANDOS. ARTIGOS 1º DA LEI 12.010/09 E 43 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. DEFERIMENTO DA MEDIDA. 1. A questão diz respeito à possibilidade de adoção de crianças por parte de requerente que vive em união homoafetiva com companheira que antes já adotara os mesmos filhos, circunstância a particularizar o caso em julgamento. 2. Em um mundo pós-moderno de velocidade instantânea da informação, sem fronteiras ou barreiras, sobretudo as culturais e as relativas aos costumes, onde a sociedade transforma-se velozmente, a interpretação da lei deve levar em conta, sempre que possível, os postulados maiores do direito universal. 3. O artigo 1º da Lei 12.010/09 prevê a "garantia do direito à convivência familiar a todas e crianças e adolescentes". Por sua vez, o artigo 43 do ECA estabelece que "a adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos". 4. Mister observar a imprescindibilidade da prevalência dos interesses dos menores sobre quaisquer outros, até porque está em jogo o próprio direito de filiação, do qual decorrem as mais diversas consequencias que refletem por toda a vida de qualquer indivíduo. 5. A matéria relativa à possibilidade de adoção de menores por casais homossexuais vincula-se obrigatoriamente à necessidade de verificar qual é a melhor solução a ser dada para a proteção dos direitos das crianças, pois são questões indissociáveis entre si. 6. Os diversos e respeitados estudos especializados sobre o tema, fundados em fortes bases científicas (realizados na Universidade de Virgínia, na Universidade de Valência, na Academia Americana de Pediatria), "não indicam qualquer inconveniente em que crianças sejam adotadas por casais homossexuais, mais importando a qualidade do vínculo e do afeto que permeia o meio familiar em que serão inseridas e que as liga a seus cuidadores". 7. Existência de consistente relatório social elaborado por assistente social favorável ao pedido da requerente, ante a constatação da estabilidade da família. Acórdão que se posiciona a favor do pedido, bem como parecer do Ministério Público Federal pelo acolhimento da tese autoral. 8. É incontroverso que existem fortes vínculos afetivos entre a recorrida e os menores – sendo a afetividade o aspecto preponderante a ser sopesado numa situação como a que ora se coloca em julgamento. 9. Se os estudos científicos não sinalizam qualquer prejuízo de qualquer natureza para as crianças, se elas vêm sendo criadas com amor e se cabe ao Estado, ao mesmo tempo, assegurar seus direitos, o deferimento da adoção é medida que se impõe. 10. O Judiciário não pode fechar os olhos para a realidade fenomênica. Vale dizer, no plano da “realidade”, são ambas, a requerente e sua companheira, responsáveis pela criação e educação dos dois infantes, de modo que a elas, solidariamente, compete a responsabilidade. 11. Não se pode olvidar que se trata de situação fática consolidada, pois as crianças já chamam as duas mulheres de mães e são cuidadas por ambas como filhos. Existe dupla maternidade desde o nascimento das crianças, e não houve qualquer prejuízo em suas criações. 12. Com o deferimento da adoção, fica preservado o direito de convívio dos filhos com a requerente no caso de separação ou falecimento de sua companheira. Asseguram-se os direitos relativos a alimentos e sucessão, viabilizando-se, ainda, a inclusão dos adotandos em convênios de saúde da requerente e no ensino básico e superior, por ela ser professora universitária. 13. A adoção, antes de mais nada, representa um ato de amor, desprendimento. Quando efetivada com o objetivo de atender aos interesses do menor, é um gesto de humanidade. Hipótese em que ainda se foi além, pretendendo-se a adoção de dois menores, irmãos biológicos, quando, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, que criou, em 29 de abril de 2008, o Cadastro Nacional de Adoção, 86% das pessoas que desejavam adotar limitavam sua intenção a apenas uma criança. 14. Por qualquer ângulo que se analise a questão, seja em relação à situação fática consolidada, seja no tocante à expressa previsão legal de primazia à proteção integral das crianças, chega-se à conclusão de que, no caso dos autos, há mais do que reais vantagens para os adotandos, conforme preceitua o artigo 43 do ECA. Na verdade, ocorrerá verdadeiro prejuízo aos menores caso não deferida a medida. 15. Recurso especial improvido.
RELATOR : MINISTRO MASSAMI UYEDA RECORRENTE : L C B E OUTRO ADVOGADO : EXPEDITO LUCAS DA SILVA E OUTRO(S) INTERES. : A C DA C
RECURSO ESPECIAL - AFERIÇÃO DA PREVALÊNCIA ENTRE O
CADASTRO DE ADOTANTES E A ADOÇÃO INTUITU PERSONAE - APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR - VEROSSÍMIL ESTABELECIMENTO DE VÍNCULO AFETIVO DA MENOR COM O CASAL DE ADOTANTES NÃO CADASTRADOS - PERMANÊNCIA DA CRIANÇA DURANTE OS PRIMEIROS OITO MESES DE VIDA - TRÁFICO DE CRIANÇA - NÃO VERIFICAÇÃO - FATOS QUE, POR SI, NÃO DENOTAM A PRÁTICA DE ILÍCITO - RECURSO ESPECIAL PROVIDO. I - A observância do cadastro de adotantes, vale dizer, a preferência das pessoas cronologicamente cadastradas para adotar determinada criança não é absoluta. Excepciona-se tal regramento, em observância ao princípio do melhor interesse do menor, basilar e norteador de todo o sistema protecionista do menor, na hipótese de existir vínculo afetivo entre a criança e o pretendente à adoção, ainda que este não se encontre sequer cadastrado no referido registro; II - É incontroverso nos autos, de acordo com a moldura fática delineada pelas Instâncias ordinárias, que esta criança esteve sob a guarda dos ora recorrentes, de forma ininterrupta, durante os primeiros oito meses de vida, por conta de uma decisão judicial prolatada pelo i. desembargador-relator que, como visto, conferiu efeito suspensivo ao Agravo de Instrumento n. 1.0672.08.277590-5/001. Em se tratando de ações que objetivam a adoção de menores, nas quais há a primazia do interesse destes, os efeitos de uma decisão judicial possuem o potencial de consolidar uma situação jurídica, muitas vezes, incontornável, tal como o estabelecimento de vínculo afetivo; III - Em razão do convívio diário da menor com o casal, ora recorrente, durante seus primeiros oito meses de vida, propiciado por decisão judicial, ressalte-se, verifica-se, nos termos do estudo psicossocial, o estreitamento da relação de maternidade (até mesmo com o essencial aleitamento da criança) e de paternidade e o conseqüente vínculo de afetividade; IV - Mostra-se insubsistente o fundamento adotado pelo Tribunal de origem no sentido de que a criança, por contar com menos de um ano de idade, e, considerando a formalidade do cadastro, poderia ser afastada deste casal adotante, pois não levou em consideração o único e imprescindível critério a ser observado, qual seja, a existência de vínculo de afetividade da infante com o casal adotante, que, como visto, insinua-se presente; V - O argumento de que a vida pregressa da mãe biológica, dependente química e com vida desregrada, tendo já concedido, anteriormente, outro filho à adoção, não pode conduzir, por si só, à conclusão de que houvera, na espécie, venda, tráfico da criança adotanda. Ademais, o verossímil estabelecimento do vínculo de afetividade da menor com os recorrentes deve sobrepor-se, no caso dos autos, aos fatos que, por si só, não consubstanciam o inaceitável tráfico de criança; VI - Recurso Especial provido.
AgRg na MEDIDA CAUTELAR Nº 15.097 - MG (2008/0283376-7)
RELATOR : MINISTRO MASSAMI UYEDA AGRAVANTE : J R R AGRAVANTE : T G C R ADVOGADO : HELISSON PAIVA ROCHA AGRAVADO : L C B AGRAVADO : A C G S B ADVOGADO : EXPEDITO LUCAS DA SILVA E OUTRO(S) AGRAVADO : A C DA C RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO MASSAMI UYEDA (Relator): Cuida-se de agravo regimental interposto por J. R. R. e T. G. C. R. em face da decisão monocrática de fls. 551/557, da lavra desta Relatoria, assim ementada: "MEDIDA CAUTELAR - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO SUSPENSIVO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO CONTA DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL - POSSIBILIDADE, EXCEPCIONALMENTE - AFERIÇÃO DA PREVALÊNCIA ENTRE O CADASTRO DE ADOTANTES E A ADOÇÃO INTUITU PERSONAE - APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR - ESTABELECIMENTO DE VÍNCULO AFETIVO DA MENOR COM O CASAL DE ADOTANTES NÃO CADASTRADOS, COM O QUAL FICOU DURANTE OS PRIMEIROS OITO MESES DE VIDA - APARÊNCIA DE BOM DIREITO - OCORRÊNCIA - ENTREGA DA MENOR PARA OUTRO CASAL CADASTRADO - PERICULUM IN MORA - VERIFICAÇÃO - PEDIDO CAUTELAR DEFERIDO. " (D.J. 26.9.2008 - fl. 609)
Relator: Jorge Luis Costa Beber
Juiz Prolator: Angélica Fassini Órgão Julgador: Câmara Especial Regional de Chapecó Data: 05/10/2011 Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADOÇÃO INTUITU PERSONAE. MINISTÉRIO PÚBLICO QUE PRETENDE O ABRIGAMENTO DA ADOTANDA PORQUE OS AGRAVADOS, QUANDO RECEBERAM A CRIANÇA, NÃO ESTAVAM CADASTRADOS NA LISTA DE PRETENDENTES À ADOÇÃO. INFANTE QUE SE ENCONTRA COM OS AGRAVADOS, SEUS PADRINHOS, DESDE OS PRIMEIROS DIAS DE VIDA. DEMONSTRAÇÃO DE VÍNCULOS DE AFETIVIDADE. AUSÊNCIA DE QUALQUER FATO DESABONATÓRIO. PREVALÊNCIA DOS INTERESSES DA MENOR. MANUTENÇÃO DA GUARDA PROVISÓRIA ATÉ ULTERIOR DECISÃO EM SENTIDO CONTRÁRIO QUE EVENTUALMENTE VENHA A SER PROLATADA APÓS A INSTRUÇÃO PROCESSUAL. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CAUTELAR DE DE BUSCA E
APREENSÃO DE MENOR E DESTITUIÇÃO DO PÁTRIO PODER. RECÉM NASCIDO ENTREGUE AOS RECORRENTES APÓS O PARTO. SUSPEITA DE ADOÇÃO DIREITA OU À BRASILEIRA. RESPEITO AO CADASTRO DE INTERESSADOS À ADOÇÃO. AUSÊNCIA DE FORMAÇÃO DE LAÇOS AFETIVOS. MENOR QUE PERMANECEU COM OS DEMANDADOS POR PERÍODO DE UM MÊS. VISANDO O BEM ESTAR DA CRIANÇA, MANTÉM- SE A DECISÃO QUE DESTITUIU O PÁTRIO PODER E DETERMINOU A BUSCA E APREENSÃO DO MENOR COM O CONSEQUENTE ABRIGAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. [...] Tendo em vista a idade ínfima do menor (quase cinco meses), a precariedade da guarda do ECA, o exíguo tempo de convivência com os guardiões de fato (pouco mais de hum mês), os indícios de ADOÇÃO dirigida com suspeitas de pagamento de contraprestação, a pendência da ação de perda do poder familiar, a não consolidação dos laços afetivos com os postulantes ou configuração da posse do estado de filho, a manifesta intenção de ADOÇÃO dos autores, bem como a necessidade de respeito ao CADASTRO de adotantes, mostra-se conveniente, in casu, o abrigamento da menor e a rejeição do pleito de regularização da guarda de fato da criança (Agravo de Instrumento n. 2009.014159-2, de Capivari de Baixo, Rel. Des. Henry Petry Junior, j. 23-6-2009).
INFÂNCIA. BUSCA E APREENSÃO DE CRIANÇAS. LIMINAR DEFERIDA.
INFANTES ENTREGUES PELA MÃE BIOLÓGICA AOS RECORRENTES. INTENÇÃO DE ADOÇÃO. AUSÊNCIA, TODAVIA, DE INSCRIÇÃO NO CADASTRO DE ADOTANTES. ADEMAIS, INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE PARENTESCO OU DE VÍNCULO AFETIVO, À VISTA DO EXÍGUO TEMPO DE CONVIVÊNCIA. INCONVENIÊNCIA DA SUA MANUTENÇÃO. ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL DAS CRIANÇAS PARA POSTERIOR ADOÇÃO QUE SE IMPUNHA. RECURSO DESPROVIDO.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR.
ENTREGA DA FILHA A CASAL ESTRANHO. ADOÇÃO INTUITU PERSONAE. ABANDONO MATERIAL E EMOCIONAL EVIDENCIADOS. EXPOSIÇÃO DA CRIANÇA A SITUAÇÃO DE RISCO. PREVALÊNCIA DOS INTERESSES DA INFANTE. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. O ESTATUTO da Criança e do Adolescente jamais conferiu aos pais qualquer direito de escolha em relação às pessoas que irão adotar seus filhos, pois esta é uma prerrogativa exclusiva da Justiça da Infância e da Juventude.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ADOÇÃO. RECÉM-NASCIDA QUE FOI
ENTREGUE IRREGULARMENTE PARA OS AUTORES. PERMANÊNCIA DA MENOR NO LAR DOS RECORRENTES POR APENAS TRINTA E QUATRO DIAS. AUSÊNCIA DE VÍNCULO SÓCIO-AFETIVO CAPAZ DE SOBREPOR- SE ÀS EXIGÊNCIAS LEGAIS PREVISTAS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. NECESSIDADE DE PRÉVIA INSCRIÇÃO NO CADASTRO ÚNICO INFORMATIZADO DE ADOÇÃO E ABRIGO. INOBSERVÂNCIA DO DISPOSTO NO ARTIGO 50 DA LEI N. 8.069/1990. PEDIDO INDEFERIDO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
Relator: Sérgio Izidoro Heil
Juiz Prolator: Bernardo Augusto Ern Órgão Julgador: Segunda Câmara de Direito Civil Data: 21/07/2011 Ementa:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE GUARDA. EXTINÇÃO DO FEITO SEM
JULGAMENTO DE MÉRITO. ANTERIOR DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR SOBRE A CRIANÇA. COLOCAÇÃO DESTA EM FAMÍLIA SUBSTITUTA PARA AVALIAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE ADOÇÃO. CENÁRIO QUE IMPOSSIBILITA A CONTINUAÇÃO DA PRESENTE DEMANDA. MEDIDA PRETENDIDA QUE IMPLICARIA SUBVERSÃO DO CADASTRO DE ADOTANTES. IMPOSSIBILIDADE. SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS DO § 13 DO ARTIGO 50 DO ECA NÃO EVIDENCIADAS. ATENÇÃO AO PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. CONDIÇÕES DA AÇÃO INEXISTENTES. SENTENÇA EXTINTIVA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
APELAÇÃO CÍVEL. GUARDA DE MENOR. PRETENDENTES QUE SE
ENCONTRAM EM DESENVOLVIMENTO DE VÍNCULO AFETIVO COM A CRIANÇA. MEDIDA QUE MELHOR PROTEGE OS INTERESSES DO INFANTE. PREVALÊNCIA DO INTERESSE DO MENOR EM RELAÇÃO AO CADASTRO. ACOLHIMENTO DO PEDIDO. RECURSO PROCEDENTE. "GUARDA E RESPONSABILIDADE COM PEDIDO DE POSTERIOR ADOÇÃO. POSSE DE FATO POR UM ANO E QUATRO MESES COM O CASAL. INSURGÊNCIA CONTRA A DETERMINAÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO E TRANSFERÊNCIA DA CRIANÇA PARA ABRIGO. RECURSO PROVIDO. "A criança deve ser mantida por mais tempo possível no mesmo ambiente familiar que a acolheu, visto que para a formação de seu caráter e de sua personalidade faz-se necessário pertencer a um grupo, com cultura e valores morais de convivência próprios, fundamentais à formação de sua identidade. "O CADASTRO estadual de pretendentes à ADOÇÃO é de fundamental importância à organização judiciária, mas, antes de fazer justiça aos cadastrados, prevalece o superior interesse de crianças e adolescentes". (Agravo de Instrumento n. 2009.065502-2, de Xanxerê, rel. Des. Gilberto Gomes de Oliveira, j. em 11.05.2010).
Apelação Cível n. 2011.020806-4, de Joinville
Relator: Sérgio Izidoro Heil Juiz Prolator: Sérgio Luiz Junkes Órgão Julgador: Segunda Câmara de Direito Civil Data: 12/07/2011 Ementa:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ADOÇÃO. PLEITO IMPROCEDENTE.
PRELIMINARES DE NULIDADE DA SENTENÇA POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO E CERCEAMENTO DE DEFESA AFASTADAS. MENOR QUE PERMANECEU POR APROXIMADAMENTE SEIS MESES COM OS APELANTES. INTERMÉDIO DE TERCEIRA PESSOA PARA A ENTREGA DA CRIANÇA PELA MÃE, QUE JÁ DOOU OUTROS FILHOS E DEPENDENTE QUÍMICA (CRACK). INÚMERAS TENTATIVAS DE CONTATO COM A INTERMEDIADORA, ASSIM COMO PARA O CUMPRIMENTO DO MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO DA INFANTE. FORTES INDÍCIOS DE OCULTAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE PARENTESCO OU DE VÍNCULO AFETIVO CONSOLIDADO. AUSÊNCIA DE SITUAÇÃO EXCEPCIONAL A ENSEJAR O AFASTAMENTO DOS PROCEDIMENTOS LEGAIS DA ADOÇÃO. CADASTRO DE ADOÇÃO QUE DEVE SER OBSERVADO. PREVALÊNCIA DOS INTERESSES DA MENOR. APLICAÇÃO DO ARTIGO 227 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DOS ARTIGOS 3º, 4º E 6º DO ECA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. A considerar a necessidade de respeito ao CADASTRO de adotantes, o exíguo tempo de convivência entre o casal e a infante, o não estabelecimento do vínculo socioafetivo definitivo e a má-fé de todos os envolvidos nesta pretensa ADOÇÃO, mostra-se inconveniente o pedido dos autores, consoante o superior interesse da criança envolvida.
Agravo de Instrumento n. 2011.003230-0, de Blumenau
Relator: Nelson Schaefer Martins Juiz Prolator: Álvaro Luiz Pereira de Andrade Órgão Julgador: Segunda Câmara de Direito Civil Data: 05/07/2011 Ementa:
AGRAVO. AÇÃO DE GUARDA E RESPONSABILIDADE COM PEDIDO DE
LIMINAR. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL NÃO CONFIGURADA APTA A AFASTAR OS PROCEDIMENTOS LEGAIS DA ADOÇÃO. INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO DE PARENTESCO QUE APROXIME O CASAL COM A CRIANÇA OU DE VÍNCULO AFETIVO CONSOLIDADO. MENOR QUE PERMANECEU POR APROXIMADAMENTE SETE (7) MESES COM OS AGRAVANTES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE ELEMENTOS SEGUROS A RESPEITO DAS CONDIÇÕES MORAIS, MATERIAIS E PSICOLÓGICAS DOS AGRAVANTES. CADASTRO DE ADOÇÃO QUE DEVE SER OBSERVADO. INSCRIÇÃO DE POSTULANTES À ADOÇÃO A SER PRECEDIDA DE PERÍODO DE PREPARAÇÃO PSICOSSOCIAL E JURÍDICA SOB A ORIENTAÇÃO E SUPERVISÃO DE EQUIPE TÉCNICA DA JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE. LEI N. 8.069, DE 13.07.1990, ARTS. 50, §§ 1º, 2º E 3º E 197-C § 1º COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI N. 12.010/2009. CONFIRMAÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA QUE DETERMINOU O ACOLHIMENTO DA CRIANÇA EM INSTITUIÇÃO PARA QUE FOSSE COLOCADA SOB A GUARDA DE FAMÍLIA DEVIDAMENTE INSCRITA NO CADASTRO DE ADOÇÃO. PREVALÊNCIA DOS INTERESSES DO MENOR. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, ART. 227 E LEI N. 8.069/1990, ARTS. 3º, 4º E 6º. RECURSO DESPROVIDO.