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Macro
VO LUME 2
fauna
© 2017 by Maíra Akemi Toma, Rogério Custódio Vilas Boas e Fatima Maria de Souza Moreira
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ISBN: 978-85-8127-066-1
VO LU M E 2
Macro
fauna
AUTORES
Vanesca Korasaki
Universidade do Estado de Minas Gerais | vanesca.korasaki@gmail.com
Filipe França
Universidade Federal de Lavras | filipeufla@gmail.com
REVISÃO TÉCNICA
Júlio Neil Cassa Louzada
Universidade Federal de Lavras | jlouzada@dbi.ufla.br
Ronald Zanetti
Universidade Federal de Lavras | zanetti@den.ufla.br
REVISÃO DE TEXTO
Paulo Roberto Ribeiro
FIQUE SABENDO
-
entre outros.
Reino
Filo
A existência de nome é um pré-requisito
fundamental para a comunicação. Carolus Classe
Linnaeus criou um sistema de classifica-
Ordem
ção para os organismos no século XVIII.
Originalmente a classificação apresentava Família
cinco categorias, mas posteriormente fo-
Gênero
ram incorporadas outras.
Espécie
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Importância da
macrofauna
A macrofauna invertebrada do
solo tem uma forte relação
com o seu meio. Através de seu ta-
Dessa forma, esses invertebrados
podem modificar as características
físicas e químicas do solo, e, em
manho e/ou comportamento para muitos casos, acarretam benefí-
sobrevivência, criam estruturas cios, como: (1) aumento da aeração
biogênicas, como túneis, canais, e (2) infiltração de água no solo, (3)
câmaras, ninhos e coprólitos. menor escorrimento superficial de
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Minhocas
Quem são?
A s minhocas pertencem à
classe Oligochaeta (oligo =
pouco; chaeta = cerda). Os Oli-
8.800 espécies de anelídeos (ani-
mais que possuem corpo segmen-
tado, dividido em anéis) em todo o
gochaeta surgiram na Terra há mundo. No Brasil, são registrados
aproximadamente 570 milhões em torno de 305 espécies, mas es-
de anos. Atualmente, conhecemos tima-se que ainda existam mais de
aproximadamente 3.500 espécies 1.000 espécies a serem descober-
de Oligochaeta, dentre mais de tas pela ciência.
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Ciclo de vida
As minhocas são hermafroditas, produção assexuada ocorre por bi
sua reprodução pode ser sexuada ou partição. Na reprodução sexuada, as
assexuada, mas a maioria apresenta minhocas se unem pelo clitelo para a
fecundação sexuada cruzada. A re- troca de esperma entre os indivíduos.
Importância ecológica
As minhocas são importantes bio mas naturais em sistemas agrícolas,
indicadores de distúrbios ambien- (ii) tipo de prática de manejo do solo
tais. Isso porque elas podem ser (como a queima da vegetação), (iii)
afetadas pela atividade humana, ou agrotóxicos, entre outros.
seja, o número de espécies e/ou o Enquanto algumas espécies são
tamanho de suas populações podem afetadas pelas atividades humanas e
ser modificados, indicando quão podem chegar à extinção, outras são
grave foi o distúrbio ambiental. beneficiadas e podem apresentar
Como exemplos de distúrbios, po- grandes populações em ambientes
demos citar: (i) conversão de siste- impactados.
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canais podem servir preferen- ser: a) oligo-húmicas, quando
cialmente para o escorrimen- se alimentam de camadas pro-
to de água, trocas de oxigênio fundas do solo com pouca ma-
e outros gases entre as raízes téria orgânica; b) meso-húmica,
e a atmosfera, o que favorece quando se alimentam em locais
o crescimento das raízes das com nível intermediário de ma-
plantas. téria orgânica e c) poli-húmicas,
quando se alimentam na par-
(iii) As espécies endogeicas se ali- te superior do solo, próxima às
mentam de partículas orgânicas raízes, com maior concentração
encontradas no solo e podem de matéria orgânica.
Funções ambientais
O funcionamento do solo é resulta- A comunidade de minhocas das
do de uma complexa interação entre diferentes categorias ecológicas
os fatores físicos, químicos e bioló- forma uma rede de túneis que au-
gicos. A maioria das espécies de mi- menta o espaço poroso no solo,
nhocas é detritívora, alimentan- favorecendo a infiltração de água
do-se de matéria orgânica morta, e aeração no solo e, consequen-
principalmente vegetal. temente, diminui a erosão. Além
disso, as minhocas auxiliam na de-
composição da matéria orgânica,
Detritívoro: animais que se ali- e, assim, influenciam na ciclagem
mentam de matéria orgânica em
decomposição (plantas e/ou ani-
de nutrientes, podendo auxiliar no
mais mortos). crescimento das plantas, entre ou-
tros benefícios.
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Formigas
Quem são?
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As formigas são insetos sociais rainha e pelo macho; geralmente há
e vivem em colônias (formigueiros) apenas uma rainha por formiguei-
que, dependendo da espécie, po- ro, mas há espécies que podem ter
dem apresentar entre dezenas e até mais de uma rainha; e a casta estéril,
milhões de indivíduos. As formigas composta pelas operárias e solda-
de um formigueiro são divididas em dos, sendo todas do sexo feminino e
castas: a casta fértil é composta pela incapazes de se reproduzirem.
CASTA FÉRTIL CASTA INFÉRTIL
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em locais apropriados; c) facilitação pois depositam detritos orgânicos
da aeração e infiltração de água no no solo, o que estimula a decompo-
solo através da escavação de túneis sição realizada por fungos e bacté-
e câmaras; e d) a facilitação dos pro- rias, propiciando a alta fertilidade
cessos de ciclagem de nutrientes, no solo.
Fertilização do solo
As castas
A casta estéril é formada por operá- composto pelo rei e rainha, que reali-
rios e soldados, que não se reprodu- zam a proliferação da espécie dentro
zem devido ao não desenvolvimen- do cupinzeiro; b) machos e fêmeas
to de órgãos sexuais. alados, que, por possuírem asas, são
A casta dos reprodutores consis- responsáveis pela propagação da
te em três subdivisões: a) casal real, colônia fora do cupinzeiro que tive-
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ram origem, e (c) reis e rainhas de desenvolvidas. Na falta do casal real,
substituição, que são formados por esse último pode assumir o papel de
formas jovens e sexualmente pouco reprodutores.
Ciclo de vida
Os cupins são considerados como os “destinos” das ninfas, ou seja,
insetos hemimetábolos (com de- se elas se transformarão em operá-
senvolvimento incompleto), pois rios, soldados, reprodutores alados
possuem apenas três fases de de- ou de substituição. Após a revoada
senvolvimento: ovo, ninfa e adulto. (voo de vários indivíduos com a fi-
As ninfas sofrem ecdises até chega- nalidade de reprodução), os cupins
rem à forma adulta. alados perdem as asas e se juntam
Durante essa fase de desenvolvi- a um/a parceiro/a, saindo à procura
mento, e de acordo com a necessida- de um local adequado para o esta-
de da colônia, é que serão definidos belecimento de uma nova colônia.
CURIOSIDADE:
dependendo da espécie, uma rainha de cupim pode colocar até 80 mil ovos/dia.
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Hábitos alimentares
Os cupins alimentam-se preferen- mediárias), e há também espécies
cialmente de madeira (xilofagia), que cultivam fungos para a sua ali-
mas existem espécies que se ali- mentação (fungivoria). Os cupins
mentam matéria orgânica do solo são capazes de se alimentar da ma-
(humivoria ou geofagia), de folhas deira graças à associação que eles
que eles mesmos cortam ou de pe- tem com simbiontes intestinais
quenos fragmentos de serrapilhei- (protozoários e bactérias) que per-
ra (espécies ceifadoras), de madeira mitem a digestão da celulose (com-
em decomposição, encontrada em ponente responsável pela rigidez e
contato com o solo (espécies inter- firmeza das plantas).
Importância ecológica
Os cupins possuem um importante trução dos ninhos abaixo e acima do
papel na decomposição da serrapi- solo (montículos) e/ou galerias junto
lheira e ciclagem de nutrientes, in- ao solo, acabam sendo responsáveis
fluenciando a fertilidade e estrutura pela distribuição de vários nutrientes
do solo. Com as atividades de cons- ao longo do perfil do solo.
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Importância econômica
Os cupins são muito conhecidos maior parte dos cupins é benéfica
pelo seu potencial como pragas. Na para o ecossistema, e somente uma
agricultura, podem causar perdas minoria deles (menos de 10%) pode
para diversas culturas, por consu- ser caracterizada como praga. Nor-
mirem sementes, raízes e partes malmente, isso ocorre quando as
aéreas das plantas. Podem também espécies se proliferam de maneira
ser responsáveis por consideráveis descontrolada, o que geralmente
danos em construções urbanas. ocorre fora de seu ambiente natural,
Deve-se lembrar, entretanto, que a podendo causar danos econômicos.
CU RI OS ID AD E:
A família Curculionidae é
a maior família dentro da
ordem Coleoptera (cerca de
50.000 espécies) e também
A
dentre todo o Reino Animalia.
principal característica deles
é o prolongamento do rosto
(bico encurvado ou tromba)
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Características morfológicas
Os coleópteros ocupam pratica- Como os demais insetos, os be-
mente todos os tipos de ambientes souros apresentam o corpo dividi-
existentes no planeta, incluindo do em cabeça, tórax e abdômen. A
os ambientes de água doce. Dessa cabeça sempre apresenta um par
forma, a morfologia geral desses de antenas, podendo também apre-
organismos é muito variável e de sentar olhos e ocelos. O tórax des-
acordo com o ambiente em que são ses organismos, apresenta três pa-
encontrados. res de pernas e dois pares de asas.
Ocelos
Élitros
Esclerotizado: aquilo que sofreu esclero- dos insetos com a principal finalidade de
tização. Endurecimento de parte do corpo proteção e sustentação dos organismos.
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Hábitos alimentares
Esses insetos apresentam hábitos pos de habitats (por ex.: desertos,,
alimentares bem variados e de- planícies, matas, rios, lagos, praias,
pendentes da espécie e da fase de florestas tropicais e temperadas),
desenvolvimento dos organismos os besouros podem se alimentar de
(por exemplo, na forma larval e/ praticamente todos os tipos de ma-
ou adulta). Uma vez que podem ser teriais animais e vegetais.
encontrados em quase todos os ti-
Ciclo de vida
Os besouros são insetos holome- e passam para o estágio de pupa,
tábolos, ou seja, apresentam me- que geralmente é onde ocorrem as
tamorfose completa, podendo ha- mudanças mais significativas em
ver partenogênese em algumas termos fisiológicos. A pupa fica
espécies. A seguir, temos o exem- protegida dentro da massa fecal
plo do ciclo de vida de uma espé- e após seu desenvolvimento se
cie de besouro rola-bosta. Nesse, transforma no indivíduo adulto,
o ovo é depositado dentro de uma que ao emergir, escava um túnel
massa ou bolo fecal (em marrom). até a superfície do solo e voa em
Dos ovos saem as larvas que se busca de alimento e/ou parceiros
alimentam dessas fezes, crescem reprodutivos.
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e galerias para enterrarem as fezes, nidade vegetal nas florestas. Outra
eles são responsáveis pela incorpo- função ecológica despenhada por
ração de nutrientes e pelo aumento esses besouros é o controle indireto
da entrada de ar e água no solo. Eles de algumas pragas na pecuária, pois
também podem dispersar sementes ao enterrarem as fezes de bovinos,
presentes nas fezes de alguns ani- os besouros rola-bosta eliminam os
mais, facilitando assim a sua germi- ovos de alguns insetos e outros in-
nação, e contribuindo com a comu- vertebrados danosos ao gado.
CURIOSIDADE
q
O besouro Titanus gigantus (Linnaeus, 1771) é
o maior inseto do mundo. Ele vive na Floresta
Amazônica e se alimenta de matéria orgânica
em decomposição. Pode
chegar até 22 cm
de comprimento
e pesar cerca de
70 gramas.
Importância econômica
Algumas espécies de besouros são cial, como pragas, podendo causar
muito conhecidas pelo seu poten- diversas perdas na agricultura.
Importância médica
Os besouros conhecidos como da eliminação de uma substância
potós podem causar sérias quei- altamente tóxica e nociva à nossa
maduras na pele humana, através pele.
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como grandes aliados no controle de tem “forcípulas”, um primeiro par
pragas. Os opiliões, além de preda- de pernas modificadas em garras
dores, podem também se alimentar e contendo veneno. As centopeias
de matéria orgânica, como seiva de são velozes e predadoras, podendo
plantas e invertebrados mortos. se alimentar de pequenos inverte-
brados. Os piolhos-de-cobra são
Centopeias e Piolhos-de- lentos e cavam através do solo e da
-cobra são facilmente reconhe- serrapilheira para consumir restos
cidos por apresentarem um corpo de plantas, convertendo-os em hú-
alongado dividido em vários seg- mus. Em ambientes tropicais, onde
mentos, com um elevado número as minhocas são frequentemente
de pernas. As centopeias apresen- escassas, os piolhos-de-cobra po-
tam um par de pernas em cada dem ser os principais agentes mo-
segmento do corpo, enquanto os dificadores do solo.
piolhos-de-cobra apresentam dois.
Na cabeça das centopeias, exis- Lesmas e caracóis, moluscos
pertencentes à classe Gastropo-
da, são organismos de corpo mole,
não segmentado e viscoso, que ge-
ralmente apresentam uma concha
externa para proteção, com exceção
das lesmas. Esses organismos são
herbívoros e alimentam-se de uma
grande variedade de plantas, poden-
do, muitas vezes, ser considerados
pragas agrícolas.
Os tatuzinhos-de-jardim
Piolho-de-cobra (crustáceos da ordem Isopoda) são
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ção de nitrogênio no solo. Grilos
e paquinhas são importantes no
processo de aeração do solo, já que
eles constroem túneis abaixo da
superfície. Como são insetos her-
bívoros, muitas espécies são consi-
deradas pragas. Alguns grilos, bem
como larvas-de-moscas, se ali-
mentam de matéria orgânica em
decomposição, participando da Grilo
ciclagem de nutrientes. As tesou
rinhas alimentam-se de matéria Os psocópteros ou psocídeos,
vegetal morta e em decomposição, geralmente desconhecidos pela
mas algumas ocasionalmente são maioria das pessoas, se alimentam
predadoras ou se alimentam de de algas e líquen, enquanto outros
plantas vivas. Percevejos, cigar consomem fungos, cereais, pólen e
ras e cigarrinhas são geralmente insetos mortos. A conexão entre a
herbívoros e podem ser conside- atividade e diversidade desses or-
rados pragas. Algumas espécies de ganismos certamente garantem a
percevejos podem ser predadoras. integridade, funcionalidade e esta-
bilidade do ecossistema solo.
Barata Cigarrinha
Os editores
ISBN 978-85-8127-066-1
9 788581 270661