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BARRAGENS SUBTERRÂNEAS
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BARRAGENS SUBTERRÂNEAS
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
REITOR
Professor Dr. José Carlos Barreto de Santana
VICE-REITOR
Professor Dr. Washington de Almeida Moura
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Carlos Pereira de Novaes
Professor Adjunto
de Hidráulica e Hidrologia
do Departamento de Tecnologia
da Universidade Estadual de Feira de Santana - BA
e
Mestre em Hidráulica e Saneamento
pelo Departamento de Hidráulica e Saneamento
da Escola de Engenharia de São Carlos - USP
BARRAGENS SUBTERRÂNEAS
2008
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EDITORAÇÃO
ENDEREÇO
ISBN 85-7395-128-1
CDU
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DEDICATÓRIA
À Deus,
Emanador de toda luz do universo.
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AGRADECIMENTOS
Estado da Bahia.
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Prefácio do autor
É com muita honra que apresentamos aos nossos queridos leitores este
pequeno livro de nossa autoria, que intitulamos de “Barragens subterrâneas”,
que, na realidade, é uma re-invenção, com um pedido de patente feito no INPI,
Instituto Nacional de Propriedade industrial sob o número MU8502295-0.
A patente foi solicitada por que o autor, que é professor de hidrologia,
achou que seria interessante proteger esta idéia, mas sem grandes interesses
financeiros, até por que cobrar royalties por esta idéia vai ser bem complicado,
mas de qualquer maneira o importante é o bem estar das pessoas, que podem
se aproveitar destas barragens, principalmente no semi-árido nordestino.
A idéia já nasceu há um bom tempo, depois virou um artigo, que o autor
não teve condições de publicar, depois virou tema para patente, de modelo de
utilidade, que já foi solicitada ao INPI, e por fim virou este pequeno livro, já que
o seu autor é professor de hidrologia e sabe que livros às vezes penetram mais
na cabeça das pessoas, em geral, do que os artigos, que interessam bem mais
aos acadêmicos, os professores. Como a nossa intenção é divulgar esta idéia,
se chegou à conclusão que publicar este pequeno livro seria interessante para
o público interessado e para a Universidade Estadual de Feira de Santana, na
qual temos a honra de trabalhar, tornando-o, assim, um trabalho de extensão.
O tema que abordamos aqui é um tema de interesse mundial, que é o
aproveitamento da água da chuva que cai sobre a terra, que infelizmente não é
bem aproveitada pelos homens, devido a uma série de fatores que preferimos
nem tocar, por que senão este livro viraria um livro de hidrologia, coisa que o
autor não deseja, por que o que ele quer é mostrar a idéia, através de poucas
palavras simples, que qualquer sitiante, por mais simples que seja, entenda.
O tema que analisaremos aqui, que é barragem subterrânea, não é um
apanágio para todos os males da falta de água no mundo, mas é apenas uma
idéia que precisa ser estudada muito ainda, pois ela carece de conhecimentos
em muitas áreas pouco conhecidas, como é, por exemplo, a qualificação e a
quantificação mais exata dos solos e dos subsolos de bacias hidrográficas; do
seu mapeamento geológico mais exato e uma série de outros detalhes pouco
abordados em hidrologia, por exemplo, que é a matéria que o autor deste livro
conhece mais, que trata mais de águas superficiais.
Ou seja, a idéia do seu autor é lançar mais uma idéia para se aproveitar
mais a água da chuva que cai no interior do nordeste e que, infelizmente, não
é captada e armazenada convenientemente e, em boa parte, é perdida.
Se a idéia é boa ou ruim, o seu autor não sabe ainda, embora presuma,
como professor, que ela tem boas probabilidades de frutificar, pois este tema,
como já dissemos, é de interesse mundial e não só brasileiro ou nordestino.
Assim, ao autor deste livro espera que os seus leitores façam também
as suas partes, em divulgá-lo e principalmente discuti-lo, por que o que se tem
aqui, em termo de idéia, é apenas uma faísca que muito provavelmente caiu
do céu que, no entanto, precisa de envolvimento, de muita gente trabalhando,
para dar certo e deixar de ser uma idéia, apenas.
Se esta idéia, em parte, vir a dar certo, já está bom demais, por que um
dos maiores problemas do homem, na atualidade, é a água, não por que não
exista água, que é abundante na natureza, mas por que a sua captação e o
seu armazenamento ainda são muito pouco eficazes. Obrigado. O autor.
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Capítulo 1
O que é uma barragem subterrânea atualmente
1.1. Introdução
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Ou seja, o que nós preconizamos neste livro é que no futuro o homem
interferirá até nos lençóis freáticos das bacias, que em muitos locais são muito
profundos e com o macro-relevo, ou seja, as rochas profundas que suportam o
solo e o subsolo, incapazes de formar grandes reservatórios freáticos.
Ora, se os relevos naturais das rochas profundas não são propícios,
porque não estudá-los e criarmos, moldarmos artificialmente estes relevos para
assim, termos lenços freáticos artificiais. Eles poderiam guardar bons volumes
de águas subterrâneas e terem assim muitas utilidades.
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A linguagem que utilizaremos aqui é bem simples, pois o presente livro
não pretende ser, de forma nenhuma, científico, mas apenas sugestivo, e
aberto às críticas ou às sugestões que, por ventura, advirão e possam torná-lo,
quem sabe, um método aproveitável, para a reserva das águas das chuvas em
regiões semi-áridas ou mesmo para outros climas e situações diferentes.
Para se entender melhor a nossa sugestão de barragem subterrânea,
apresentamos uma breve explicação.
Toda bacia de contribuição tem o seu solo superficial e o seu subsolo,
situado mais abaixo, suportado pelas rochas, que podem ser mais ou menos
profundas, a depender da geologia da região, e normalmente são de rochas de
origem vulcânica e impermeável, cujos formatos seguem, de forma um pouco
aproximada, os próprios contornos superficiais das bacias superficiais.
Quando chove sobre as bacias de contribuições, parte das águas das
chuvas normalmente se infiltra e, a depender de uma série de fatores, pois as
bacias normalmente são bem diferentes umas das outras, podem escoar essa
água para o subsolo, sobre essas rochas e se perderem por infiltração, sem
nenhum armazenamento, e é ai que entra nossa idéia, que como dissemos, no
início, nem sempre são factíveis, mas, em muitos casos, podem ser, não só
em regiões do semi-árido como também em outros tipos de climas diferentes,
como será mostrado de forma genérica e bem sucinta mais a frente.
Por que não se estudar, nestas bacias de drenagens, que chamaremos
aqui, de factíveis, pois a idéia proposta depende das geologias das regiões e
de uma série bem grande de outros fatores, um local ideal, tipo garganta, do
mesmo jeito que se projeta e se faz uma barragem superficial, só que sobre as
rochas, se escave o solo da bacia até estas rochas, o que não é tão difícil, e
constrói, sobre estas, uma barragem, de concreto, por exemplo, ou mesmo de
outro material adequado e barato, desde que ele suporte bem os esforços e
seja impermeável, como mostra a figura 1. Aí, se tapa a barragem de novo,
com o mesmo solo ou outro mais adequado, pois as partes superiores dos
corpos das barragens subterrâneas têm que ser permeáveis, pois elas serão o
vertedouros das mesmas, que escoarão, eventualmente, os excessos de água
e trabalharão em regime laminar, para que as estas barragens retenham mais
as águas infiltradas da bacia, para posterior aproveitamento?
Ou seja, as barragens subterrâneas serão iguais as superficiais, só que
a água retida no subsolo ficará apoiada sobre as rochas, profundas, como um
grande reservatório subterrâneo, freático e artificial, como mostra o desenho
da figura 1, onde aparece o corpo da barragem subterrânea, de concreto, e o
volume retido subterraneamente, vistos longitudinalmente?
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O volume barrado obviamente terá uma parte de volume útil, que é o
volume de água subterrânea, que vai das rochas até a crista de concreto da
barragem e um volume eventualmente útil, que também pode ser aproveitado,
entre a crista da barragem e o nível saturado da água, abaixo da franja capilar.
Vista de cima, mas, subterraneamente, escondido sob o solo da bacia, à
barragem terá o aspecto aproximado indicado na figura 2.
Barragem
Volume útil
Bem, esta é a idéia básica das barragens subterrâneas, que podem ser
pequenas, grandes, enormes ou mesmo monumentais, em termos de volumes
reservados, a depender da geologia e da topografia da região, bem também
como da qualidade do seu subsolo, em termos de porosidade, principalmente.
Os seus limites de utilização são bem grandes, pois embora elas foram
analisadas para climas semi-áridos, na realidade, elas servem para quaisquer
climas, desde que se tenha a rocha impermeável para a contenção da água.
Elas servem para reservar a água das chuvas para posterior utilização,
para revitalizar zonas semi-áridas, através do plantio correto de vegetação em
suas franjas capilares ou mesmo revitalizar ou até criar pequenos riachos, em
zonas do semi-árido, em locais sem rios perenes, evidentemente, se forem
dimensionadas convenientemente para estas finalidades, o que obrigaria este
pesquisador a falar de hidrologia e a sair da simplicidade deste simples livro.
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Aí o leitor perguntaria: mas como isto seria possível?
Através da construção sucessiva de barragens subterrâneas, como se
fossem degraus, nas bacias, como são as plantações de arroz, nas regiões
montanhosas na Ásia, influenciando assim, também, os bosques que poderiam
ser construídos e a evapotranspiração, modificando assim, o micro clima local.
Existem regiões, a depender do tipo de solo, subsolo, da granulometria,
da sua qualidade e de uma série de outras características, como a topografia e
a geologia dos solos da região, em que estes tipos de barragens funcionariam
perfeitamente, pois á depender dos locais, se poderiam construir reservatórios
com volumes, que se bem dimensionados, seriam bem úteis para uma série de
coisas, chegando até a recuperação de zonas semi-áridas, pois estes volumes
reservados poderiam até reativar o ciclo hidrológico local e até a modificá-lo.
É claro que a capacidade desses reservatórios, onde a água fica retida,
nos interstícios do solo, depende das porosidades destes e é muito menor que
as capacidades dos reservatórios superficiais, mas, em compensação, estes
reservatórios não ocupariam espaços superficiais, que ficariam livres e os seus
impactos ambientais, principalmente quando bem estudados e/ou planejados,
seriam bem menores que os dos reservatórios superficiais.
Com barragens subterrâneas, se pode criar aqüíferos freáticos imensos,
onde antes só se tinha solo acumulado, ou seja, retendo mais e melhor, a água
da chuva, se pode aumentar os rendimentos das bacias e as vazões médias
dos rios, já que a evaporação desses reservatórios é quase nula, a não ser
quando se deseja criar uma zona de franja capilar artificial, propícia ao plantio
de bosques, por exemplo, ou seja, todas essas funções citadas acima, podem
ser planejadas, com os riscos, as vantagens e as desvantagens do projeto.
Existem desvantagens? É claro que existem, pois estas barragens não
são, de forma nenhuma, uma solução para todos os problemas. Se o subsolo
da região, por exemplo, é salino, será que eles não podem trazer problemas,
em vez de soluções? È claro que sim, mas isto deve ser bem estudado para as
finalidades a que estas barragens se destinam, quando bem planejadas.
Vamos citar um exemplo bem extravagante. Suponha-se que um grupo
econômico queira aproveitar um determinado sal, que se encontra no subsolo
de uma bacia, cuja escavação e o aproveitamento seriam muito caro.
Será que a construção de uma barragem subterrânea, nesta região, que
iria propiciar o aumento das cotas de água e o aparecimento de um lençol
freático artificial e, conseqüentemente, um riacho, que, com a sua água salina,
não poderia propiciar o aproveitamento deste sal, a preços mais competitivos,
e, quem sabe, mesmo, no futuro, a melhoria da qualidade do próprio subsolo
desta mesma região, a médio e longo prazo? Ou seja, tudo pode ser possível!
Baseado no exposto, quais são, então, as dificuldades dos projetos?
È muito difícil se avaliar, mais certamente um dos problemas é a razão
entre o benefício e o custo, pois a depender do tamanho da obra ou das obras,
pois as barragens podem ser várias, os seus volumes e as características das
rochas da região, que podem ser bem profundas, poderiam levar a se construir
barragens altas e extensas demais, cuja escavação, construção e a finalização
da obra, poderiam ser caras demais. È uma hipótese negativa que pode existir!
Um outro problema, é o do solo e o do subsolo da região, que, além da
qualidade, precisam ter uma porosidade compatível, por que senão os volumes
reservados seriam ínfimos e a água de difícil extração, pelos poços que seriam
construídos nas superfícies das bacias de contribuições.
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2. Sobre as diferenças das barragens subterrâneas atuais e das
barragens que preconizamos neste livro
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Capítulo 2
O ciclo hidrológico e a revitalização de regiões semi-áridas
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Assim, de forma bem simplificada, se pode saber qual é a altura perdida
por evapotranspiração na bacia, que é o somatório de toda a altura referente à
evaporação mais a altura referente à transpiração dos vegetais que existem na
bacia, se negligenciando os volumes perdidos por infiltração, que não podem
ser medidos, bastando para isto, se subtrair da precipitação, a altura escoada.
Rendimento de uma bacia, que muitos colegas chamam de run-off, que
é a sua designação em inglês, é a relação adimensional entre a altura escoada
e a altura precipitada média plurianual, que é uma relação que varia muito, de
bacia para bacia e de região para região e varia teoricamente de 0 a 100%.
As bacias da região amazônica, de clima úmido, normalmente têm altos
rendimentos. Já as bacias da região nordeste interior, com clima semi-árido, já
têm baixos rendimentos, por causa da evapotranspiração, que é alta, ou seja,
quase toda água da chuva é perdida e o que se aproveita, efetivamente, nas
bacias, é uma pequena percentagem da água que precipita. Ou seja, um dos
maiores problemas das regiões semi-áridas não é falta de chuva somente, mas
a falta de aproveitamento da água que caem nas bacias, que se perdem.
Em virtude dos rendimentos, das geologias, dos solos e dos subsolos
das diversas regiões, da localização do cristalino, que é a parte rochosa do
globo, que suporta o solo e o subsolo, de seus climas e das áreas das bacias,
surgem os tipos de rios que podem existir em uma bacia, que são classificados
de rios perenes, intermitentes e efêmeros.
Os rios perenes são aqueles que sempre escoam, até com vazões bem
baixas, mas sempre escoam. E porque eles sempre escoam?
É por que estes tipos de rios têm um vastíssimo lençol de água em cima
do cristalino, freáticos, principalmente, que os mantém sempre escoando e, por
outro lado, os seus níveis sempre são mais baixos que os níveis dos lençóis,
ou seja, sempre tem água do escoamento básico, ou seja, do subsolo, que os
mantém escoando, mesmo que não chova na bacia. Quando chove, parte da
água da chuva se infiltra e re-carrega estes lençóis, novamente.
Esses normalmente são os grandes rios, de bacias grandes, como são o
rio Paraguaçu, Tocantins, o São Francisco e muitos outros.
Os rios intermitentes ou sazonais, por outro lado, já são rios de bacias
menores, cuja estrutura geológica, principalmente, não permite o acúmulo de
água farta nos seus lençóis, já que normalmente ou boa parte do ano, os seus
níveis se situam um pouco abaixo dos níveis médios dos álveos dos rios.
Ou seja, o lençol tem água mas o rio esta acima do nível do lençol e,
conseqüentemente, só existe, rio de verdade, nas épocas de mais chuvas.
Estes rios são típicos de regiões do semi-árido, com baixos rendimentos
e altas evapotranspirações, por causa das temperaturas, que são altas.
O que se faz atualmente para aproveitar a água desses rios? Fazem-se
grandes açudes superficiais, o que já permite um grande aproveitamento da
sua água, que escoa, na época de chuvas, mas que, em boa parte, é perdida
por evaporação, no lago da barragem e por infiltração, nos terrenos do lago.
Os rios efêmeros já são os rios que só escoam durante as chuvas, pois
são típicos de bacias muito pequenas e, normalmente o seu nível fica sempre
acima dos níveis dos lençóis e, infelizmente também, são mal aproveitados, já
que não existem projetos específicos e nem fomento por parte do governo para
o aproveitamento desses pequenos mananciais de água, que necessitam de
mais pesquisas específicas experimentas, pois na maioria dessas pequenas
bacias a água da chuva cai e se perde, sem aproveitamento nenhum.
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Em todo tipo de bacia se pode construir uma barragem subterrânea e se
aproveitar melhor à água da chuva que se infiltra no solo e que se perde. Elas
serviriam para regiões de altos, médios e baixos índices pluviométricos, para
se aumentar os rendimentos das bacias, que sempre podem melhorar mais um
pouco, inclusive em regiões com climas relativamente mais úmidos, como é o
Estado de São Paulo, por exemplo, que já tem regiões com falta de água.
Vamos, agora, depois destas explicações, falar um pouco mais sobre o
que são barragens subterrâneas novamente.
Toda vez que se constrói uma barragem subterrânea, em uma região ou
bacia, criando-se assim, um lençol freático artificial, que é um grande volume
de água subterrâneo, artificial, que passa a existir, onde antes só existia um
solo pobre e mal aproveitado com a vegetação pobre e bem típica das zonas
semi-áridas, encima do nível freático, que é o limite superior de zona saturada,
aparece uma zona de capilaridade, que é uma zona de subida espontânea das
águas do lençol para o solo, cuja altura varia com a granulometria do solo. São
essas zonas capilares é que propiciarão o plantio e o crescimento de grandes
vegetais e pequenos bosques, que captam a água pela raiz, dessas zonas.
Por outro lado, serão essas represas subterrâneas é que propiciarão a
elevação do lençol e do nível freático, que antes era baixo, em regiões de rios
intermitentes, e certamente o transformarão em rios bem menos intermitentes,
embora com pequenas vazões, que, no entanto, poderiam ser aumentadas, se
existissem mais barragens subterrâneas, à jusante, em série, nesta bacia.
Se forem construídas várias represas subterrâneas, ao longo do álveo
do rio intermitente, em locais previamente estudados e selecionados, através
de estudos geológicos feitos ao longo dos álveos dos rios na bacia, as vazões
médias poderiam aumentar, aumentando assim, o rendimento do rio na bacia
hidrográfica, que é a relação percentual entre o volume escoado e precipitado
na bacia, em sua exutória, podendo transformar estes rios até em rios perenes.
Os rios intermitentes, por exemplo, que são típicos do semi-árido, tem
rendimentos baixíssimos, pois grande parte da água que precipita, nas bacias,
ou evapotranspira, para a atmosfera, ou infiltra no solo profundo, se perdendo.
Assim, a construção de várias barragens subterrâneas em série, poderia
criar novas zonas de bosques artificiais, onde antes era impossível se ter estes
bosques, novas zonas para o plantio e o aproveitamento da terra, e também a
revitalização ou mesmo a criação, de um novo riacho, feita, evidentemente,
aos poucos, criando novas frentes de trabalho para os homens sertanejos, tão
ávidos de trabalho, evidentemente, se os estudos geológicos forem favoráveis
e se a obra for factível, já que, infelizmente, nem todo rio intermitente pode ser
aproveitado, por motivos muitos variados, que não caberiam aqui citar.
Ao fim de alguns anos, em zonas onde antes só havia um pequeno rio
intermitente, pouco aproveitado, poderia aparecer uma região completamente
nova, zonas com um rio perene e propício a um aproveitamento mais racional,
com pequenas irrigações, bosques, hortas, plantações variadas, criações de
peixes e camarões, e muitos outros aproveitamentos até difíceis de se prever.
O autor deste pequeno livro às vezes se pergunta: será que o rio São
Francisco precisa ser realmente transposto, através de obras tão caras?
Será que no Rio Grande do Norte e outros estados, por exemplo, não
tem rios intermitentes que poderiam ser revitalizados, aumentando-se os seus
volumes efluentes, já que a precipitação no nordeste não é tão baixa assim?
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Água da chuva tem e bastante. O problema é que ninguém guarda esta
água convenientemente, já que a evaporação anual dos açudes superficiais da
região nordeste pode chegar até na ordem de alguns metros por ano.
Por exemplo, a evaporação das barragens subterrâneas, onde não se
tem, nem insolação e nem vento, é quase nula.
Será que a construção de barragens subterrâneas, nestas regiões, não
ajudaria a solucionar alguns de seus problemas?
Sem entrar em grandes considerações financeiras, a transposição das
águas do Rio São Francisco necessitará de, energia elétrica, para movimentar
bombas especiais, enormes; necessitará de bombas especiais, caríssimas, e
também de manutenção de tubulações e de canais, que custarão uma fortuna.
Será que a construção de barragens subterrâneas na região nordeste,
feitas, em sua maioria, com concreto ciclópico, simples e barato, ou mesmo de
material mais barato ainda, e de manutenção a custo quase igual a zero, não
poderiam revitalizar os rios intermitentes de uma série de regiões do interior da
Bahia, do Ceará e outros estados, ou mesmo de outras regiões do planeta com
problemas semelhantes. O autor deste livro acha que sim. É só começarmos
este projeto e ele andará sozinho, em pouco tempo.
É evidente que a revitalização de um grande rio, como é, por exemplo, o
rio São Francisco e muitos outros não é uma obra pequena, é obra para muitos
anos e em muitos locais diferentes. É uma obra monumental, e necessitaria de
muitos projetos bem específicos, nas áreas de geologia, hidrologia, geotecnia,
mecânica dos solos, química das águas e dos solos, de previsões, a médio e a
longos prazos, dos incrementos das vazões médias e de picos, que ocorreriam
à jusante, que poderiam trazer problemas para as suas populações ribeirinhas,
que, por acaso, vivem a jusante e também de estudos de impactos ambientais.
Uma coisa é construir um conjunto de barragens, por exemplo, para vir a
revitalizar pequenos rios. Outra coisa é construir um conjunto de obras para
revitalizar ou mesmo vitalizar, que seria o termo mais adequado, nestes casos,
um grande rio. Não é simples. È necessário muito estudo e planejamento, pois
uma coisa é o impacto de uma pequena barragem, que é pequeno. Outra coisa
é o impacto de sua influência nas vazões de enchentes, por exemplo, de um
grande sistema de barragens de um grande rio, que poderiam vir a modificar
completamente o comportamento do rio e criarem situações catastróficas, já
que as barragens subterrâneas aumentam e muito as vazões de pico dos rios,
que em épocas de chuvas, poderiam se tornar mais perigosas ainda.
Assim, o autor deste tipo de barragem adverte. È necessário que os
governos administrem bem as implantações desses tipos de barragens, pois os
seus impactos ocorrerão sempre à jusante, no rio, nas cidades que ficam as
suas margens, principalmente nas épocas de cheias, pois os níveis de água se
tornariam bem altos, e uma idéia para se trazer benefício, pode se transformar
em um flagelo, para as populações que vivem às margens do mesmo.
Toda vez que se mexe com a natureza, como é o caso da construção de
barragens subterrâneas, é necessário fazê-lo com cuidado, analisando-se as
eventuais respostas que os rios podem dar, para depois, se analisar quais os
melhoramentos que realmente podem ser feitos, mas sempre aos poucos.
Faz-se esta advertência porque a iniciativa de se fazer estas barragens
podem trazer problemas em vez de soluções. É necessário estudo, controle e,
acima de tudo, calma, para se realizar as obras aos poucos.
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Capítulo 3
Pequenos aproveitamentos hídricos para irrigação
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È óbvio, que, nestes casos, quando a obra for grande, mas factível, ela
teria que ser realizada pelo governo, como é, por exemplo, as hidrelétricas de
grande porte, devido ao custo e as dificuldades do projeto.
Se for pequena ou média, no entanto, elas serviriam para a reserva das
águas das chuvas, que hoje é perdida, para posterior utilização, para muitas
coisas, como o consumo próprio, a irrigação de pequenos pomares e hortas, e
até o plantio de bosques em suas franjas capilares, que hoje é impossível.
Se forem pequenos arbustos ou árvores, esta irrigação poderia ser feita
até em suas franjas capilares, sem necessidade de rega ou de equipamentos.
È óbvio que, nesses casos, o projeto das barragens teriam que ser bem
detalhados, pois a altura da barragem deveria prever a localização da zona de
capilaridade e o posicionamento exato das raízes dos vegetais, mas, por outro
lado, o agricultor não teria que gastar energia para a rega, economizando.
Se for uma pequena horta, por exemplo, a água poderia ser captada em
poços com bombas movidas com energia solar, que é barata e farta.
Ou seja, pode-se transformar uma região do semi-árido completamente
sem utilidade, sem aproveitamento econômico, em um pequeno assentamento
de pessoas que viveriam em pequenas colônias, nas cercanias dessas obras,
que poderiam ser até de certo modo independentes, pois teriam água, energia
solar e os seus esgotamentos sanitários tratados, o que é simples.
È claro que nestes casos, a população e o uso de água teriam que ser
compatibilizados com o volume total da barragem, ou seja, o projeto precisaria
ser muito bem estudado, já que os seus planejadores precisariam, entre outras
coisas, de uma descrição detalhada das superfícies do solo e das rochas na
região, além de algumas características do solo e do subsolo locais, como, por
exemplo, a distribuição das porosidades, que sempre variam, ou pelo menos a
média e o desvio padrão de suas ocorrências na região e o consumo percapita
do assentamento, para poderem analisar e dimensionar bem o assentamento e
as dimensões da barragem subterrânea e de seu volume subterrâneo.
Alguns leitores, ao lerem este pequeno livro, certamente se perguntarão:
mas esse cara é um visionário!
Mas não, o seu autor, que é professor de hidrologia, já viu que o maior
problema do nordeste, por exemplo, não é falta de água. É a falta de captação
e acondicionamento correto desta água, já que na Bahia, por exemplo, só uma
pequena percentagem do volume d’água dos rios é aproveitada, pois a grande
parte deste volume se escoa para o mar, inutilmente, sem aproveitamento.
Ou seja, o projeto correto de uma barragem subterrânea em uma região,
mesmo que semi-árida, pode revitalizar completamente esta região, permitindo
até a instalação de pequenos ou médios assentamentos humanos, quase que
completamente independentes, com água, luz, horta, fazendas, escolas, e uma
série de beneficiamentos, com o esgotamento sanitário tratado, no ex-ermo, no
ex-nada, sem que isto seja uma utopia, sendo que todas estas atividades só
são possíveis com água, que é imprescindível para a vida humana. Água.
O autor deste livro sempre imagina, se tivesse ele o dom de ser escritor,
coisa que efetivamente não o é, de escrever um livro de ficção-realista, sobre a
vida de pequenas comunidades no futuro, no campo, longe das cidades, que
efetivamente sufocam e embrutecem a existência humana, mas que se sente
prazeroso de dizer que participou desta idéia, sendo apenas um coadjuvante
que preconiza o uso de uma idéia já velha, mas muito pouco explorada, como
as barragens subterrâneas.
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Capítulo 4
A construção de lagos artificiais
Toda mina de água aparece por que, no local, o nível freático aflorou, e
aflorou porque, em baixo dele, sempre existe uma região com pedras ou com
solo mais impermeável que não deixa a água do solo escoar totalmente e força
o nível de água do lençol freático, de montante, a suspender-se, criando assim
as minas da água, que normalmente são freáticas, os olhos d’água.
Toda vez que fazemos uma barragem subterrânea, em baixo dos locais
dos álveos dos rios intermitentes, em uma bacia de drenagem, que são locais
em que a natureza geológica do local já se mostra mais propícia à construção
deste tipo de obra, nós provocamos este mesmo processo de maneira artificial,
e certamente, a depender dos volumes reservados no local, aparecerão minas,
que podem ser intermitentes ou perenes, mas isto não importa.
Se forem perenes, ótimo, se não, ótimo também, porque se pode retirar,
deste, do lençol freático de montante, artificial, água com uma bomba movida á
energia solar, por exemplo, que já estão ficando baratas no mercado, para a
construção de lagos, pequenos ou médios, à jusante, para a criação de peixes,
camarões ou mesmo outra atividade qualquer produtiva ou para sobrevivência.
É obvio que estes lagos não deverão ser construídos como os atuais,
com o corpo de água sobre o solo, por que, senão, a água se infiltraria e nós
estamos tratando do recolhimento de água de zonas semi-áridas, com os solos
normalmente porosos, que deixariam a água infiltrar novamente.
Portanto, o correto seria projetarmos um lago artificial com uma camada
de plástico no fundo e em cima do plástico, uma lamina de água, para proteger
esta manta plástica, que já existem no mercado a preços razoáveis, ou senão,
projetar o lago com o fundo de solo bem argiloso e espesso, com uma camada
do solo local em cima dele. Ambas as maneiras inibem a percolação da água.
Pronto, está criado um lago artificial com uma fonte de alimentação, que
dependendo da região poderia ser um grande manancial para abastecimento,
para a criação de, por exemplo, peixes ou aves, através de uma cooperativa,
ou uma fazenda particular, se o rio intermitente passar por uma propriedade
particular, caso os seus donos queiram aproveitá-lo.
Onde existem rios intermitentes, sempre existem maiores probabilidades
de encontrarem condições geológicas favoráveis às construções de barragens
subterrâneas, por que eles indicam que na região já existe um lençol de água
mais ou menos aflorante, ou seja, com uma pequena barragem, em termos de
altura e comprimento, já se poderia aumentar a altura do lençol freático natural
do rio e o seu volume, o que forçaria a sua menor intermitência. Se houvesse
várias barragens sucessivas nesta bacia, esta intermitência iria diminuindo, aos
poucos, podendo até desaparecer, e o rio passaria a ser perene de certo ponto
em diante, ou seja, estas barragens fariam o papel das florestas atuais, que
retém a água na bacia, força a infiltração no solo, para posterior liberação da
água através dos seus escoamentos básicos, mantendo as perenidades dos
rios, que só existem por causa, entre outras coisas, das floretas, agora, o que,
no entanto poderia ser feito com o auxílio artificial de barragens subterrâneas.
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Capítulo 5
Sobre o tratamento e o re-uso da água
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Capítulo 6
Sobre a elevação de lençóis freáticos urbanos
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Capítulo 7
Sobre as barragens subterrâneas semi-impermeabilizadas
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Para que o leitor entender melhor o que falamos aqui, neste capítulo,
vamos explicar o que é um aqüífero.
Aqüíferos são grandes reservas de águas potáveis ou não, normalmente
subterrâneas. Eles podem existir nos solos ou rochas bem porosas, confinados
entre outras rochas mais impermeáveis, como arenito, por exemplo, localizado
geralmente a grandes profundidades, chamados de aqüíferos artesianos, que
podem jorrar ou não jorrar, mas isto é um detalhe que não nos interessa agora,
ou localizados acima das rochas superficiais, que suportam o subsolo e o solo
de uma determinada bacia, que são chamados de aqüíferos freáticos, que é o
aqüífero que nos interessa e que utilizaremos, para construir as barragens.
Estes aqüíferos existem por que são os resultados do acúmulo da água
da chuva que se infiltra nas bacias e se acumulam sobre as rochas profundas,
nas camadas mais profundas do subsolo, e existem porque a forma das rochas
é propícia e força a água infiltrada a se acumular sobre elas, incapaz de infiltrar
nas rochas impermeáveis da crosta, que e estanque, como demonstra o corte
longitudinal do desenho de um aqüífero freático, na figura 4.
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Capítulo 8
Sobre a construção e o custo de barragens altas
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Uma outra parte importante é sobre os esforços, na área de estrutura,
já que a pressão da água no solo é hidrostática, e podem ser grandes, se a
barragem for alta, fazendo com que as pressões atuem em ambas as faces da
barragem e sejam diferenciadas. Na face de montante com o solo local sempre
saturado e na face de jusante com o solo seco, em época de pouca chuva, e
mais encharcado, em épocas úmidas, mas geralmente não saturado.
Qual será o efeito destas oscilações temporais em uma barragem de
concreto de cascas, armado. O autor realmente não sabe e aconselha também
a contratação de profissionais que atuam nesta área para o cálculo correto da
estrutura, para que a barragem não dê futuros prejuízos, já que as pressões
atuantes podem ser muito grandes, se o corpo da barragem for alto.
Segundo, qual é o efeito da variação da umidade no concreto? Poderá
criar trincas? Como serão essas trincas? São problemas que podem aparecer.
Ou seja, este pesquisador acha que este tipo de obra, que atualmente
não vemos, já que esta idéia é pouco usada, pode criar um campo totalmente
novo em engenharia, que precisa ser mais estudado, analisado, pesquisado.
Será que os problemas levantados aqui são os suficientes?
Sinceramente, um dos maiores medos deste engenheiro é deixar algum
ponto sem comentários e alguém, amanhã, vir a reclamar de algum prejuízo,
por que o que ele tem mais são dúvidas, que ele diligentemente tenta trazer
aqui para discuti-las, pois só aparentemente é que as barragens subterrâneas
são simples de se fazer. Na realidade são difíceis, principalmente as grandes.
Sobre a construção de barragens pequenas para os levantamentos dos
lençóis freáticos que já existem em muitos locais e, muitas vezes é pequeno,
usados para o abastecimento de pequenas cidades que utilizam poços, que é
um tipo de obra importante para se melhorar a capacidade hídrica dos lençóis
freáticos de certas localidades, reservamos outro capítulo para discuti-la, pois
este pesquisador acha que estas podem ser construídas com material argiloso,
já que as pressões serão pequenas, mas assim mesmo, este pesquisador, que
é engenheiro, acha que sempre será necessário, um projeto e a presença de
um profissional, para o acompanhamento da obra, que tem muitos detalhes,
que só aparentemente são simples de se resolver, mesmo quando é pequena.
Existem outros problemas, no projeto e na construção dessas barragens
que só o tempo mostrará, e eles certamente serão mais conhecidos no futuro.
A intenção deste pesquisador, no entanto, neste capítulo, é só levantar,
alguns desses possíveis problemas para uma pré-análise inicial dos mesmos e
frear o ímpeto de pessoas que queiram fazer barragens subterrâneas sem um
maior conhecimento de causa, o que infelizmente sempre existe.
È bom que se diga que a construção de tais barragens precisará de um
projeto de profissionais competentes, pois nada é visto nelas, nem onde ficará,
nem como será. Nada. Elas serão construídas sobre as rochas profundas e um
cálculo errado poderá custar muito dinheiro ao seu proprietário, jogado fora,
que procurou economizar com empresas ruins, que nem sempre reúnem todas
as qualidades necessárias para construí-las, que aparecerão, certamente.
È necessário se fazer levantamentos, sondagens, estudos hidrológicos e
uma série bem grande de procedimentos que só as empresas qualificadas é
que poderão realizar, para que o projeto seja bom e traga, ao município ou ao
seu proprietário, quando ela for particular, alegria e não, decepção, já que os
seus custos, principalmente os das grandes barragens, podem ser altos.
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Capítulo 9
Sobre a plantação de florestas atípicas no semi-árido
As florestas precisam de água, para sua fisiologia ou metabolismo, que
normalmente elas retiram do solo pela raiz, de uma zona do subsolo onde se
tem o fenômeno da capilaridade, que é a subida espontânea da água da zona
saturada dos lençóis freáticos profundos, que podem eventualmente existir, em
regiões semi-áridas. Daí, nestas regiões, só vingarem vegetais que tem raízes
profundas, adaptadas pela natureza, para estas regiões.
Para se plantar outros tipos de plantas, só com irrigação ou implantação
de barragens subterrâneas apropriadas para se criar lençóis artificiais e franjas
capilares propícias para certos tipos de plantações ou florestas.
Se o fazendeiro optar por fazer um tipo de irrigação, vai ter que retirar a
água do solo, tratá-la e depois irrigar a plantação, convenientemente.
Se as condições do solo e do subsolo permitir, serão feitas uma ou
mais barragens subterrâneas, nas bacias dos rios intermitentes, por exemplo,
aumentando artificialmente os níveis dos seus lenços freáticos, que antes eram
profundos ou não existiam, aumentando assim, também, as alturas das franjas
capilares, que ficariam bem mais superficiais, facilitando o plantio de pomares
ou de florestas atípicas, bastando, além das barragens, se ajustarem o solo da
região e outras medidas agronômicas.
O que se quer se analisar aqui é a capacidade nova que o ser humano
dispõe de criar até, novas florestas atípicas em regiões do semi-árido que tem,
entre outras coisas, insolação, água da chuva e, agora, mais reserva de água.
Basta um posicionamento correto da barragem e, a depender do solo, e se terá
uma franja capilar adaptada ao vegetal que se quer cultivar que, no modo de
ver deste pesquisador, pode representar uma revolução, tanto da irrigação,
como na criação artificial de florestas e melhoria dos micro-climas locais.
Ou seja, poderemos transformar vastas regiões do semi-árido em zonas
produtoras de uma série de vegetais, que antes eram impossíveis de se ter,
por causa da falta de água para irrigação, com franjas capilares artificiais.
É claro que a implantação destas barragens, nestes casos, tem que ser
bem estudada, analisada, por que os seus custos iniciais de implantação são
altos, mas, em compensação, são obras que, se bem estudadas, têm vidas
úteis enormes e um retorno financeiro garantido, a médios e a longos prazos,
para regiões do semi-árido onde hoje é pobre e sem utilização nenhuma.
As barragens subterrâneas não foram só imaginadas para serem feitas
em regiões semi-áridas. Se elas forem construídas, por outro lado, em regiões
onde a natureza já é benevolente, como é em certas regiões de Minas Gerais,
São Paulo ou Paraná, elas poderão criar novos horizontes para estes locais,
que não poderiam nem ser cogitados por seus moradores. Este pesquisador,
no entanto, adverte novamente, que, modificar a natureza pode ser perigoso,
assim como é, por exemplo, o efeito do aumento da temperatura na terra, sutil,
cujas conseqüências são bem tenebrosas, e a implantação destas barragens,
em regiões hídricas mais ricas, poderiam criar problemas futuros, se não forem
bem analisados os aspectos dos seus impactos ambientais.
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Capítulo 10
Sobre o abaixamento da temperatura no globo terrestre
É comum hoje em dia os cientistas que lidam com o clima associarem o
aumento da temperatura do globo terrestre com o excesso de gás carbônico
na atmosfera, que influencia o chamado efeito estufa.
Bem, uma boa maneira de se extrair este excesso de gás carbônico da
atmosfera é através do plantio de novas florestas, que, aliás, existiam no nosso
passado, principalmente em certos países do globo, como o Brasil, a chamada
floresta atlântica, que foi dizimada e precisaria ser replantada.
Certa vez um aluno perguntou a este professor, que falava sobre este
assunto em sala de aula, como é que o estado brasileiro poderia replantar esta
floresta novamente, e antes deste respondê-la, uma confusão se estabeleceu
em sala, com todo mundo falando ao mesmo tempo, com cada aluno com sua
opinião. Como a conversa estava animada, após certo tempo, este professor
respondeu: nada, bastaria deixar a natureza respirar, deixar os micos a e os
pássaros reconstruírem esta floresta e em pouco tempo ele estaria refeita, sem
que isto custasse nada aos cofres públicos. É só deixar a natureza respirar!
Por que não se faz isto? Estupidez de nossos fazendeiros, infelizmente,
que, ao menor sinal de uma pequena capoeira no campo, naturalmente já enfia
o trator e a destrói, para fazer mais pasto e madeira para carvão. Estupidez!
Bem, o que nós gostaríamos de comentar aqui, neste pequeno capítulo,
seria um pouco de fantasia, de ficção, continuando o capítulo passado.
Seria possível o replantio de florestas no semi-árido?
Bem, na opinião deste sonhador professor, sim. As zonas semi-áridas e
as áridas só são tão áridas, entre muitas coisas é claro, por falta de um lençol
freático bem localizado sobre as rochas das bacias e, consequentemente, de
uma boa franja capilar, que ao seu tempo alimentaria novas florestas. Só isto?
Faça uma experiência: ponha dois vasos. Um vaso lacrado com a terra
seca e o outro com a terra úmida, com uma zona de terra saturada no fundo,
de forma que ambos tenham a sua superfície seca e plante umas sementes de
feijão no solo superficial dos dois vasos. Você verá que as sementes têm uma
espécie de programação interna, que, ao menor sinal de água no subsolo, elas
germinam e prontamente estendem as suas raízes abaixo para a zona úmida
das franjas capilares. Se existir água, existirá floresta.
E como se faz uma zona de capilaridade em zonas semi-áridas? È bem
simples, pois bastariam se fazer barragens subterrâneas para a contenção da
água que sempre se movimenta no subsolo, pois até nos desertos mais secos
tem água em se movimentam subterraneamente, e em zonas de climas semi-
áridos, como é o nordeste brasileiro, certamente nós poderíamos recriar umas
pequenas florestas nas bacias de rios intermitentes.
E o que é um rio intermitente? São rios cujos lençóis subterrâneos estão
sempre muito abaixo do solo, não permitindo que haja zonas úmidas de franjas
capilares e consequentemente, vegetação de grande porte na superfície. Se o
ser humano intervir na formação destes lenços, aumentando artificialmente os
seus níveis, através da construção de barragens subterrâneas e se poderia até
modificar, em parte, o clima desses locais e o replantio de pequenas florestas.
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Capítulo 11
Sobre o aproveitamento de subsolos salinos
Bem, este breve capítulo tem um pouco de ficção, de futurismo, com é,
aliás, a essência deste trabalho, que, no entanto, pode ser plausível.
Tem muita gente que reclama do semi-árido, que o subsolo de sua terra
é salino e que, portanto, ele tem água, mas que não se pode aproveitar a água
por que nem o gado a bebe, de tanto sal!
Aqui cabe uma pergunta: será que este sal não seria aproveitável, para
um tipo de indústria ou outra atividade qualquer?
Vamos pensar um pouco. A região tem água no subsolo é porque neste
local já tem um lençol e se existe um lençol freático, é porque, a sua estrutura
geológica, das rochas, já sé propícia à formação desses depósitos de água, e
logo, para suspendê-lo, já seria bem mais simples, em termos de construção.
Aqui vai uma pergunta que este pesquisador ainda não sabe responder:
será que a construção de uma barragem de grande volume, nessas terras, que
certamente faria este lençol freático elevar-se mais ainda do que é atualmente,
criando grandes lençóis artificiais na região, com grandes volumes reservados,
que pode ser calculado, conhecendo-se as características da região, não iria
propiciar a formação de um pequeno riacho salino, que, por sua vez, com a
sua vazão, não iria propiciar o aproveitamento do sal do subsolo desta região?
Bem, isto aqui é um exercício de ficção, mas factível. O único problema
é que este sal teria que ser aproveitado integralmente, até para ele não gerar
resíduos e impactos no ambiente superficial da região à jusante?
E aqui cabe outra pergunta? Será que a retirada de parte do sal deste
subsolo, ao longo do tempo, que pode ser grande, mas previsível, também não
o tornaria, ao longo dos anos, um subsolo menos salino e mais aproveitável?
O leitor perguntaria: por que este pesquisador põe este tópico aqui?
É por que ele já sabe que está lidando com uma tecnologia bem nova,
que poderá abrir uma serie de portas imprevisíveis, como é, por exemplo, o
exemplo mostrado acima, que é o aproveitamento do sal do subsolo de uma
região com finalidades industriais, que, após certo tempo, exaurida parte do sal
do subsolo, iria torná-lo, quem sabe, mais apto a outros usos, já que existem
sais nos subsolos que são muito úteis em indústrias.
È claro que uma atividade como esta tem que ser muito bem estudada e
não criar futuros impactos na região, por causa das concentrações do sal nas
águas do futuro riachozinho, que poderia ser aproveitado, por exemplo, como
salinas, cujo sal seria extraído após a evaporação da água, por exemplo, ou
mesmo através de outro processo diferente de extração do sal.
Ou seja, uma barragem subterrânea nesta região, que hoje só é, em
parte, aproveitada, já que seus recursos hídricos superficiais são normalmente
exíguos, se encarada como um processo de tratamento do subsolo, através do
aproveitamento do seu resíduo, que pode ser um sal aproveitável, poderia até
trazer grandes benefícios à região, por causa da instalação de indústrias de
beneficiamento e de aproveitamento deste sal, e no futuro, já que a extração
do sal recomporia a qualidade do subsolo, o tornaria apto a outras atividades,
que hoje não podem nem ser cogitadas, devido presença deste sal.
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Existe um outro detalhe bem importante e que precisa ser examinado.
Existem fazendeiros que reclamam que a água de seu solo é muito salina e
inútil, se esquecendo que, naquela mesma região, na época do descobrimento
do Brasil, ali poderia existir uma baita floresta, indicando que a área é boa e,
portanto, o que é inútil, é o aproveitamento que o fazendeiro faz da região.
Mesmo regiões com solos salinos podem ser úteis para o plantio de
bosques desde que o plantio seja de árvores que se adaptem a estes solos e
aí este pesquisador já não vai entrar em detalhes, já que ele não é nem um
agrônomo e nem um engenheiro florestal, mais é muito comum se ver pomares
e florestas em zonas litorâneas cujos solos têm águas bem salinas.
Ou seja, nós estamos lidando com um tipo de tecnologia nova, embora
seja velha, e assim, precisa de mais análises e neste caso, voltando ao nosso
fazendeiro, ele é que precisa instalar aparelhos para extrair o sal desta água e,
assim, evitar que o seu gado absorva sal demais, se este for danoso, ou senão
reaproveitar as suas terras para outras finalidades, como o plantio de pomares
ou pequenas florestas que se adaptem a estes solos, que absorvem o excesso
de dióxido de carbono da atmosfera, diminuindo, assim, o efeito estufa.
Ou seja, estes órgãos governamentais que lidam com este efeito estufa
deveriam pensar também em financiar estas barragens, já que se trata de uma
nova metodologia para o plantio de novas florestas.
Este pesquisador gosta de sonhar. Tem gente que diz e isto também e
corroborado com a ciência, que no deserto de Saara já existiu no passado uma
floresta e eles dizem que não existe mais por causa de uma mudança do clima
e outras opiniões sem comprovação e nos Estados Unidos existe também uma
região, que nós não sabemos precisar, onde no, passado, existia uma floresta,
que foi totalmente destruída por um Tsunami. Vejam: isto foi dito na televisão.
Pois bem, isto é um palpite, mas nós achamos que nos dois casos o que
houve foi um terremoto que fraturou as rochas profundas destas duas regiões
e assim abriu fendas nas rochas que exauriram as águas dos seus respectivos
lençóis freáticos, rebaixando-os, o que levou, nos dois casos, a uma completa
modificação de seus climas superficiais pelo rebaixamento do lençol freático.
Ou seja, mesmo sem querer ser otimista demais, nós pensamos que se
o deserto de Saara já foi menos inóspito, no passado distante, ele poderia ser
reestudado para se analisar onde foi que ocorreu ou ocorreram estas possíveis
zonas de fendas, que poderiam ser preenchidas e estas zonas poderiam ser,
quem sabe, reutilizadas, para o replantio de florestas atípicas ou típicas.
Bem, quem ler este livro vai notar que o seu autor pode ser até um bom
sonhador mas que as suas idéias têm um certo sentido. Vejam só.
Como é que pode um tsunami mudar uma região? Ora ao que consta, a
Indonésia sofreu recentemente um tsunami e o seu clima litorâneo continua o
mesmo. Portanto nós chegamos à conclusão que o que pode mudar o clima de
uma região é um terremoto, que pode destruir a macro-rugosidade das rochas
profundas e criar zonas fraturadas que, por sua vez, podem esgotar os lençóis
da região rebaixando-os, em muitos metros. Se a floresta anterior não teve a
capacidade de extrair esta água, ela morreu, e as pessoas, que não sabiam o
que ocorreu no subsolo, na realidade, ficaram atribuindo a morte das florestas
à supostas mudanças do clima local e a efeitos de tsunamis e outros motivos.
Mas será que a nossa hipótese não tem nenhuma possibilidade de ser
verdadeira? Se for, os árabes que se cuidem, pois nós vamos transformar o
Saara, que por sinal tem oásis, num oásis sem fim. Oxalá estejamos certos!
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Capítulo 12
Sobre a construção de barragens subterrâneas mistas
Vertedor
Água retida superficialmente
Solo superficial
Barragem
Água retida no solo saturado de concreto.
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Capítulo 13
Sobre os perigos de se criar zonas pantanosas
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Capítulo 14
Algumas advertências sobre coeficientes de deflúvios
34
Capítulo 15
Das dificuldades de construção das barragens
35
Capítulo 16
Falando um pouco mais sobre lençóis freáticos
Superfície do solo
Zona saturada
Lençol Rocha
36
Capítulo 17
A vida saudável do campo
37
Bibliografia
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Dados biográficos do autor deste livro
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