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Carlos Pereira de Novaes

BARRAGENS SUBTERRÂNEAS

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BARRAGENS SUBTERRÂNEAS

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

REITOR
Professor Dr. José Carlos Barreto de Santana

VICE-REITOR
Professor Dr. Washington de Almeida Moura

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Carlos Pereira de Novaes
Professor Adjunto
de Hidráulica e Hidrologia
do Departamento de Tecnologia
da Universidade Estadual de Feira de Santana - BA
e
Mestre em Hidráulica e Saneamento
pelo Departamento de Hidráulica e Saneamento
da Escola de Engenharia de São Carlos - USP

BARRAGENS SUBTERRÂNEAS

Universidade Estadual de Feira de Santana

Feira de Santana, Estado da Bahia

2008

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EDITORAÇÃO

Núcleo de Editoração Gráfica da UEFS

ENDEREÇO

Universidade Estadual de Feira de Santana.


Departamento de Tecnologia.
Km 3 , Br 116 , Campus Universitário.
CEP: 44 031-460.
carlospdenovaes@gmail.com

Tel. : (075) 31618055 e (075)31618056

Ficha catalográfica: Biblioteca Central Julieta Carteado

Novaes, Carlos Pereira de.


Barragens subterrâneas / Carlos Pereira de
Novaes - Feira de Santana : UEFS - Universidade
Estadual de Feira de Santana, 2008.
39 páginas. : il.

ISBN 85-7395-128-1

1. Barragens subterrâneas. I.Título

CDU

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho:

À Deus,
Emanador de toda luz do universo.

À Jesus e Maria, sua Mãe,


pelas lições de amor sem fim.

À Sathya Sai Baba,


pelo amor, brandura e suavidade de sua presença.

Aos meus pais, Accacio José de Novaes e Maria Pereira de Novaes,


cujas presenças redivivas invadem meu lar.

Ao meu Anjo protetor.

Ao Caboclo Tibiriçá e a Vovó Catarina.

Salve Mamãe Oxum,

Que a água nunca nos falte.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, Senhor de todas as boas idéias.

Aqueles que desejam colaborar com a divulgação dessa idéia.

Ao Dr. Wilson Pereira de Oliveira.

Ao Dr. Eduardo Salles, Excelentíssimo Secretário de Agricultura do

Estado da Bahia.

Ao Dr. Marcelo Nunes de Abreu

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Prefácio do autor

É com muita honra que apresentamos aos nossos queridos leitores este
pequeno livro de nossa autoria, que intitulamos de “Barragens subterrâneas”,
que, na realidade, é uma re-invenção, com um pedido de patente feito no INPI,
Instituto Nacional de Propriedade industrial sob o número MU8502295-0.
A patente foi solicitada por que o autor, que é professor de hidrologia,
achou que seria interessante proteger esta idéia, mas sem grandes interesses
financeiros, até por que cobrar royalties por esta idéia vai ser bem complicado,
mas de qualquer maneira o importante é o bem estar das pessoas, que podem
se aproveitar destas barragens, principalmente no semi-árido nordestino.
A idéia já nasceu há um bom tempo, depois virou um artigo, que o autor
não teve condições de publicar, depois virou tema para patente, de modelo de
utilidade, que já foi solicitada ao INPI, e por fim virou este pequeno livro, já que
o seu autor é professor de hidrologia e sabe que livros às vezes penetram mais
na cabeça das pessoas, em geral, do que os artigos, que interessam bem mais
aos acadêmicos, os professores. Como a nossa intenção é divulgar esta idéia,
se chegou à conclusão que publicar este pequeno livro seria interessante para
o público interessado e para a Universidade Estadual de Feira de Santana, na
qual temos a honra de trabalhar, tornando-o, assim, um trabalho de extensão.
O tema que abordamos aqui é um tema de interesse mundial, que é o
aproveitamento da água da chuva que cai sobre a terra, que infelizmente não é
bem aproveitada pelos homens, devido a uma série de fatores que preferimos
nem tocar, por que senão este livro viraria um livro de hidrologia, coisa que o
autor não deseja, por que o que ele quer é mostrar a idéia, através de poucas
palavras simples, que qualquer sitiante, por mais simples que seja, entenda.
O tema que analisaremos aqui, que é barragem subterrânea, não é um
apanágio para todos os males da falta de água no mundo, mas é apenas uma
idéia que precisa ser estudada muito ainda, pois ela carece de conhecimentos
em muitas áreas pouco conhecidas, como é, por exemplo, a qualificação e a
quantificação mais exata dos solos e dos subsolos de bacias hidrográficas; do
seu mapeamento geológico mais exato e uma série de outros detalhes pouco
abordados em hidrologia, por exemplo, que é a matéria que o autor deste livro
conhece mais, que trata mais de águas superficiais.
Ou seja, a idéia do seu autor é lançar mais uma idéia para se aproveitar
mais a água da chuva que cai no interior do nordeste e que, infelizmente, não
é captada e armazenada convenientemente e, em boa parte, é perdida.
Se a idéia é boa ou ruim, o seu autor não sabe ainda, embora presuma,
como professor, que ela tem boas probabilidades de frutificar, pois este tema,
como já dissemos, é de interesse mundial e não só brasileiro ou nordestino.
Assim, ao autor deste livro espera que os seus leitores façam também
as suas partes, em divulgá-lo e principalmente discuti-lo, por que o que se tem
aqui, em termo de idéia, é apenas uma faísca que muito provavelmente caiu
do céu que, no entanto, precisa de envolvimento, de muita gente trabalhando,
para dar certo e deixar de ser uma idéia, apenas.
Se esta idéia, em parte, vir a dar certo, já está bom demais, por que um
dos maiores problemas do homem, na atualidade, é a água, não por que não
exista água, que é abundante na natureza, mas por que a sua captação e o
seu armazenamento ainda são muito pouco eficazes. Obrigado. O autor.

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Capítulo 1
O que é uma barragem subterrânea atualmente

1.1. Introdução

Bem, o conceito de barragem subterrânea que se faz atualmente é bem


restrito e é usada principalmente para designarmos pequenos barramentos de
água subterrânea sobre as rochas e geralmente as barragens são feitas com
plásticos especiais, ou seja, é um equipamento bem simples para agricultura
de subsistência, como mostra a bibliografia Técnicas Agrícolas para contenção
de água no solo, impresso pela editora Adilson e pela Universidade Federal de
Campina Grande, na Paraíba, cujos comentários não faremos aqui, pois não é
este tipo de barragem que preconizamos neste livro, pois elas são pequenas e
frágeis demais, mas sim, de outros tipo de barragem, bem mais desenvolvida,
mega-obra de engenharia do futuro, para a contenção de água no solo.
Assim, destas pequenas barragens, herdaremos somente o nome, pois
elas serão, em nosso ver, as obras de contenção de água do futuro. Por quê?
Bem, existem várias razões para isto, mas as principais são, os baixos
impactos ao meio, quando elas são bem projetadas, pois elas não ocupam os
espaços superficiais, como as barragens tradicionais superficiais, que inundam
grandes áreas e principalmente porque elas aumentam os rendimentos das
bacias, que é a relação média entre o volume de água que escoa através das
exutórias ou saídas das bacias e a água que precipita sobre elas, como será
mostrado mais a frente, pois as barragens subterrâneas, quando são grandes,
reservam grandes volumes de água subterrânea e além de reservar parte da
água no solo, elevam o nível dos lençóis freáticos e, assim, criam pequenos
acréscimos de escoamentos superficiais básicos nas bacias, ou seja, elas têm
capacidade de remanejar, em parte, o balanço hídrico nas bacias, aumentando
assim tanto o volume reservado subterraneamente nas bacias como o próprio
escoamento básico, via o aumento dos níveis freáticos nas bacias.
Ora, se é assim, nós não estamos falando de obra pequena, mas sim de
obras gigantescas e de muitas barragens em uma mesma bacia, não é?
Sim. Custarão fortunas, principalmente por causa dos volumes de suas
escavações e de suas construções, já que estas terão de ser bem feitas, para
durarem muito, talvez séculos ou mesmo milênios, pois, do contrário, a relação
custo/benefício de suas construções talvez não seja compensatória.
Assim, elas não poderão ser feitas de plástico, como são construídas as
atuais barragens, pequeníssimas, mas sim de materiais que durem muito e não
permitam nenhuma ou pouquíssimas perdas de água, porque as alturas das
barragens que estamos falando não são pequenas e assim, as pressões junto
aos seus pés, na região da junção da barragem e as rochas, são altas.
Ou seja, as barragens subterrâneas que preconizamos o uso neste livro
serão megas-obras, que propiciarão inclusive a criação de lençóis freáticos de
água em locais onde não existem estes lençóis, por causa da conformação das
rochas profundas das bacias nestas regiões, com o seu relevo pouco propício.

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Ou seja, o que nós preconizamos neste livro é que no futuro o homem
interferirá até nos lençóis freáticos das bacias, que em muitos locais são muito
profundos e com o macro-relevo, ou seja, as rochas profundas que suportam o
solo e o subsolo, incapazes de formar grandes reservatórios freáticos.
Ora, se os relevos naturais das rochas profundas não são propícios,
porque não estudá-los e criarmos, moldarmos artificialmente estes relevos para
assim, termos lenços freáticos artificiais. Eles poderiam guardar bons volumes
de águas subterrâneas e terem assim muitas utilidades.

1.2. Mas o que seriam estas barragens subterrâneas?

Bem, barragens superficiais, todos sabem o que é, em uma linguagem


simples: é um obstáculo que se põe no caminho naturais dos rios para se reter
um certo volume de água pretendido sobre o solo, para posterior utilização.
Modernamente se tem barragens para controle de secas ou inundações,
para abastecimento, produção de energia elétrica, usos múltiplos, enfim, uma
série de finalidades e elas podem ser construídas de concreto, de terra, com o
núcleo de argila, de enrocamento, mista e outros tipos, sendo hoje em algumas
escolas de engenharia, matéria de especialização ou de pós-graduação, pois
os seus projetos e também as suas construções envolvem conhecimentos de
várias matérias, como hidrologia, hidráulica, hidráulica dos canais, mecânica
dos solos, estruturas, biologia, assistência social e outras, a depender do seu
tamanho e importância e não se perderá muito tempo, aqui, falando sobre elas,
já que a literatura é bem farta, principalmente em língua inglesa.
Pois bem, uma barragem subterrânea é exatamente a mesma coisa que
uma barragem superficial, só que em vez de ser construída superficialmente,
nos álveos dos rios, elas são construídas subterraneamente, sobre o cristalino,
que é a camada de pedra de origem vulcânica que sustenta a camada de solo
que existe na superfície terrestre, que são os álveos dos rios subterrâneos, da
água que se infiltra nos solos das bacias hidrográficas que, podem voltar mais
tarde ao próprio rio, na forma de escoamento básico, evapotranspirarem ou se
perderem por infiltração profunda e depois de um longo caminho, voltarem ao
mar, para reiniciarem o seu ciclo hidrológico e é com esta parte da água, a que
se perde por infiltração profunda, é que o autor deste livro, que é professor de
hidrologia, se preocupa. Por que perder esta água, se ela pode ser retida?
Este livro é apenas uma humilde sugestão de aproveitamento hídrico de
um professor de hidrologia, que sabe das dificuldades de se reservar à água
da chuva que se precipita no nordeste semi-árido.
Esta sugestão obviamente não serve para todas as circunstâncias, pois
ela depende de muitos estudos nas áreas de geologia, principalmente, como: o
mapeamento; a qualidade dos solos e dos subsolos; o posicionamento relativo
das rochas em relação às superfícies das bacias ou de suas profundidades;
das relações custos/benefícios que envolvem as obras; as questões relevantes
dos possíveis impactos ambientais, que certamente advirão, e de um número,
quase sem fim de variáveis, que dificilmente poderiam ser sintetizadas em
apenas um simples trabalho-sugestão, como é o presente livro, que é apenas
uma idéia básica, com pouquíssimo desenvolvimento, uma tábua rasa, que o
autor espera que frutifique, dê boas sementes, se desenvolva e cumpra o seu
objetivo, que é a de melhorar, de aprimorar, a capacidade do seres humanos
de aproveitar mais a água da chuva que cai nas bacias e, em parte, é perdida.

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A linguagem que utilizaremos aqui é bem simples, pois o presente livro
não pretende ser, de forma nenhuma, científico, mas apenas sugestivo, e
aberto às críticas ou às sugestões que, por ventura, advirão e possam torná-lo,
quem sabe, um método aproveitável, para a reserva das águas das chuvas em
regiões semi-áridas ou mesmo para outros climas e situações diferentes.
Para se entender melhor a nossa sugestão de barragem subterrânea,
apresentamos uma breve explicação.
Toda bacia de contribuição tem o seu solo superficial e o seu subsolo,
situado mais abaixo, suportado pelas rochas, que podem ser mais ou menos
profundas, a depender da geologia da região, e normalmente são de rochas de
origem vulcânica e impermeável, cujos formatos seguem, de forma um pouco
aproximada, os próprios contornos superficiais das bacias superficiais.
Quando chove sobre as bacias de contribuições, parte das águas das
chuvas normalmente se infiltra e, a depender de uma série de fatores, pois as
bacias normalmente são bem diferentes umas das outras, podem escoar essa
água para o subsolo, sobre essas rochas e se perderem por infiltração, sem
nenhum armazenamento, e é ai que entra nossa idéia, que como dissemos, no
início, nem sempre são factíveis, mas, em muitos casos, podem ser, não só
em regiões do semi-árido como também em outros tipos de climas diferentes,
como será mostrado de forma genérica e bem sucinta mais a frente.
Por que não se estudar, nestas bacias de drenagens, que chamaremos
aqui, de factíveis, pois a idéia proposta depende das geologias das regiões e
de uma série bem grande de outros fatores, um local ideal, tipo garganta, do
mesmo jeito que se projeta e se faz uma barragem superficial, só que sobre as
rochas, se escave o solo da bacia até estas rochas, o que não é tão difícil, e
constrói, sobre estas, uma barragem, de concreto, por exemplo, ou mesmo de
outro material adequado e barato, desde que ele suporte bem os esforços e
seja impermeável, como mostra a figura 1. Aí, se tapa a barragem de novo,
com o mesmo solo ou outro mais adequado, pois as partes superiores dos
corpos das barragens subterrâneas têm que ser permeáveis, pois elas serão o
vertedouros das mesmas, que escoarão, eventualmente, os excessos de água
e trabalharão em regime laminar, para que as estas barragens retenham mais
as águas infiltradas da bacia, para posterior aproveitamento?
Ou seja, as barragens subterrâneas serão iguais as superficiais, só que
a água retida no subsolo ficará apoiada sobre as rochas, profundas, como um
grande reservatório subterrâneo, freático e artificial, como mostra o desenho
da figura 1, onde aparece o corpo da barragem subterrânea, de concreto, e o
volume retido subterraneamente, vistos longitudinalmente?

Perfil longitudinal do solo na bacia Vertedouro


Subsolo subterrâneo

Franja capilar Barragem


Água retida no solo saturado de concreto.

Perfil longitudinal da superfície da rocha na bacia

Figura 1 Perfis longitudinais do solo da bacia de drenagem e da rocha


do cristalino, com a barragem de concreto construída sobre as rochas.

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O volume barrado obviamente terá uma parte de volume útil, que é o
volume de água subterrânea, que vai das rochas até a crista de concreto da
barragem e um volume eventualmente útil, que também pode ser aproveitado,
entre a crista da barragem e o nível saturado da água, abaixo da franja capilar.
Vista de cima, mas, subterraneamente, escondido sob o solo da bacia, à
barragem terá o aspecto aproximado indicado na figura 2.

Reservatório subterrâneo freático saturado


Barragem subterrânea
de concreto construída
sobre rochas profundas
Volume de água retida em solo saturado

Figura 2 Vista de cima da barragem construída sobre rochas.

Vista de topo, subterraneamente, a barragem, de concreto ou de outro


material adequado, ficará presa sobre rochas impermeáveis, através de uma
estrutura que suporte as pressões e os esforços solicitantes, que poderão ser
bem grandes, a depender da sua profundidade útil.

Solo superficial da bacia

Volume eventualmente útil e franja capilar

Barragem

Volume útil

Perfil transversal da superfície da rocha na bacia considerada

Figura 3 Vista, de frente, da barragem construída sobre a rocha.

Bem, esta é a idéia básica das barragens subterrâneas, que podem ser
pequenas, grandes, enormes ou mesmo monumentais, em termos de volumes
reservados, a depender da geologia e da topografia da região, bem também
como da qualidade do seu subsolo, em termos de porosidade, principalmente.
Os seus limites de utilização são bem grandes, pois embora elas foram
analisadas para climas semi-áridos, na realidade, elas servem para quaisquer
climas, desde que se tenha a rocha impermeável para a contenção da água.
Elas servem para reservar a água das chuvas para posterior utilização,
para revitalizar zonas semi-áridas, através do plantio correto de vegetação em
suas franjas capilares ou mesmo revitalizar ou até criar pequenos riachos, em
zonas do semi-árido, em locais sem rios perenes, evidentemente, se forem
dimensionadas convenientemente para estas finalidades, o que obrigaria este
pesquisador a falar de hidrologia e a sair da simplicidade deste simples livro.

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Aí o leitor perguntaria: mas como isto seria possível?
Através da construção sucessiva de barragens subterrâneas, como se
fossem degraus, nas bacias, como são as plantações de arroz, nas regiões
montanhosas na Ásia, influenciando assim, também, os bosques que poderiam
ser construídos e a evapotranspiração, modificando assim, o micro clima local.
Existem regiões, a depender do tipo de solo, subsolo, da granulometria,
da sua qualidade e de uma série de outras características, como a topografia e
a geologia dos solos da região, em que estes tipos de barragens funcionariam
perfeitamente, pois á depender dos locais, se poderiam construir reservatórios
com volumes, que se bem dimensionados, seriam bem úteis para uma série de
coisas, chegando até a recuperação de zonas semi-áridas, pois estes volumes
reservados poderiam até reativar o ciclo hidrológico local e até a modificá-lo.
É claro que a capacidade desses reservatórios, onde a água fica retida,
nos interstícios do solo, depende das porosidades destes e é muito menor que
as capacidades dos reservatórios superficiais, mas, em compensação, estes
reservatórios não ocupariam espaços superficiais, que ficariam livres e os seus
impactos ambientais, principalmente quando bem estudados e/ou planejados,
seriam bem menores que os dos reservatórios superficiais.
Com barragens subterrâneas, se pode criar aqüíferos freáticos imensos,
onde antes só se tinha solo acumulado, ou seja, retendo mais e melhor, a água
da chuva, se pode aumentar os rendimentos das bacias e as vazões médias
dos rios, já que a evaporação desses reservatórios é quase nula, a não ser
quando se deseja criar uma zona de franja capilar artificial, propícia ao plantio
de bosques, por exemplo, ou seja, todas essas funções citadas acima, podem
ser planejadas, com os riscos, as vantagens e as desvantagens do projeto.
Existem desvantagens? É claro que existem, pois estas barragens não
são, de forma nenhuma, uma solução para todos os problemas. Se o subsolo
da região, por exemplo, é salino, será que eles não podem trazer problemas,
em vez de soluções? È claro que sim, mas isto deve ser bem estudado para as
finalidades a que estas barragens se destinam, quando bem planejadas.
Vamos citar um exemplo bem extravagante. Suponha-se que um grupo
econômico queira aproveitar um determinado sal, que se encontra no subsolo
de uma bacia, cuja escavação e o aproveitamento seriam muito caro.
Será que a construção de uma barragem subterrânea, nesta região, que
iria propiciar o aumento das cotas de água e o aparecimento de um lençol
freático artificial e, conseqüentemente, um riacho, que, com a sua água salina,
não poderia propiciar o aproveitamento deste sal, a preços mais competitivos,
e, quem sabe, mesmo, no futuro, a melhoria da qualidade do próprio subsolo
desta mesma região, a médio e longo prazo? Ou seja, tudo pode ser possível!
Baseado no exposto, quais são, então, as dificuldades dos projetos?
È muito difícil se avaliar, mais certamente um dos problemas é a razão
entre o benefício e o custo, pois a depender do tamanho da obra ou das obras,
pois as barragens podem ser várias, os seus volumes e as características das
rochas da região, que podem ser bem profundas, poderiam levar a se construir
barragens altas e extensas demais, cuja escavação, construção e a finalização
da obra, poderiam ser caras demais. È uma hipótese negativa que pode existir!
Um outro problema, é o do solo e o do subsolo da região, que, além da
qualidade, precisam ter uma porosidade compatível, por que senão os volumes
reservados seriam ínfimos e a água de difícil extração, pelos poços que seriam
construídos nas superfícies das bacias de contribuições.

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2. Sobre as diferenças das barragens subterrâneas atuais e das
barragens que preconizamos neste livro

Certa vez um determinado aluno me fez a seguinte pergunta: professor,


por que pedir patente de um produto que já existe e por que o senhor fala tanto
em barragens subterrâneas, se elas já são utilizadas atualmente.
A resposta é a seguinte: as barragens subterrâneas atuais são obras de
contenção da umidade do solo bem pequenas e destinadas a conter pequenos
volumes de água para pequenas plantações, de mandioca, pequenos vegetais
e são construídas de maneira muito simples, de plástico, o que certamente não
permite o acúmulo de grandes alturas efetivas de água no subsolo, ou seja, no
máximo uns dois metros de água que se acumula que em parte é perdida, pois
o plástico não permite uma vedação estanque, ou seja, elas só servem para o
uso em pequenas plantações e geralmente são construídas nos vales dos rios
intermitentes.
Pois bem, mesmo estas pequenas barragens subterrâneas, que ao ver
deste professor deveriam ser mais e mais bem construídas, já funcionam bem
para pequenos aproveitamentos, obviamente, imaginem se elas pudessem ser
mais altas que as atuais e pudessem reter, assim, grandes volumes de água,
abrangendo grandes áreas. É óbvio que estas grandes barragens já poderiam
ser usadas até para o plantio de grandes pomares ou pequenas florestas, pois
esta reserva de água, no subsolo, quando bem planejadas, criaria um lençol de
água saturado e uma zona de franjas capilares que propiciaria a água para os
vegetais, além de reter água para outros fins, é claro.
É obvio que estas barragens já não serão as atuais barragens, mas sim
outro tipo de barragem, com outra vedação, provavelmente usando outros tipos
de vedantes, já que as pressões ao sopé destas barragens, na junção entre o
solo e as rochas, serão altas demais e, assim, o termo barragem subterrânea,
que já é antigo, teria que ser reavaliado e a solicitação que fazemos ao INPE,
Instituto Nacional de Propriedade Industrial é de um modelo de utilidade e não
de uma patente de um produto novo, o que já seria uma outra coisa.
Ou seja, este professor pediu uma patente de um produto que já existe
é porque ela acha que a utilização que se faz deste tipo de obra no presente é
simples demais, pois grande parte das águas perdidas em nossas bacias é por
infiltração profunda e estes volumes poderiam ser bem diminuídos com o uso
de megabarragens nos subsolos das bacias, não só para reter-se parte dessas
águas para futuro aproveitamento como também para reativar as nascentes de
pequenos rios intermitentes de zonas muito desflorestadas que já perderam a
capacidade de reter e, assim, criar novas zonas de micro-minações artificiais.
O único problema mais sério, aos olhos deste pesquisador, é o custo de
construção das obras, que depois de prontas podem durar uma eternidade.
Ou seja, o que pedimos ao INPE, na realidade, é a patente de uma idéia
muito mal utilizado atualmente e é por isto é que este professor se esgoela em
sala de aula para alunos que muitas vezes não sabem avaliar corretamente a
extensão do uso destas barragens, que é enorme, algumas até estonteantes,
como a criação de florestas atípicas no nordeste semi-árido, via a construção
de lençóis e franjas capilares artificiais em nossa região, que não é um sonho,
mas somente uma premonição bem clara de um mundo do amanhã. Ou seja,
com tecnologia adequada se pode recuperar até zonas quase desérticas e isso
não é conversa de pescador de supermercado, mas de um grande otimista.

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Capítulo 2
O ciclo hidrológico e a revitalização de regiões semi-áridas

2.1. Noções de hidrologia

Bem, antes de falarmos em revitalização, é bom conversarmos de forma


resumida sobre o que é ciclo hidrológico, balanço hídrico simplificado de uma
bacia e o que são rios, perenes, intermitentes e efêmeros.
Ciclo hidrológico é o ciclo da água na natureza, no planeta, que nunca
para se mover, há não ser em raras situações, como de geleiras profundas,
por exemplo, influenciada principalmente pelo balanço de energia da luz solar
e da rotação da terra, que faz com que as temperaturas oscilem no globo.
Se, inicialmente, esta na superfície dos oceanos, ela pode evaporar, se
elevar, criar nuvens, viajar com o vento, precipitar, escoar superficialmente nas
bacias ou infiltrar, em seus solos, evaporar-se de seus rios e lagos e transpirar,
através de seus vegetais, o que em hidrologia é estudado de forma conjunta e
sob a denominação de evapotranspiração, escoar nos rios e lagos das bacias
para finalmente voltar aos oceanos, sendo que existem muitos ciclos possíveis
na natureza e as suas descrições detalhadas às vezes são difíceis.
Vamos simplificar e analisar uma bacia hidrográfica de um pequeno rio,
que é uma região definida topograficamente onde todas as águas das chuvas,
que caem na sua área, convergem para um vale, que normalmente tem um rio.
Se nós analisarmos o ciclo hidrológico de uma bacia bem simples, as
principais fases do ciclo hidrológico são: a precipitação; o escoamento da água
superficialmente sobre o solo, a infiltração de parte da água no solo da bacia e
no seu subsolo, a formação dos aqüíferos freáticos, que são os acúmulos da
água em cima das superfícies rochosas, que quando enchem, perdem a água
por gravidade para outros aqüíferos situados mais a baixo, ou deixam que a
água volte para o próprio rio da bacia, o que em hidrologia é denominado de
escoamento básico, para depois deixar a bacia, pela sua exutória ou seu final.
Um outro ciclo ou fase é o das águas que mudam de estado para depois
deixarem a bacia, como são as águas que evaporam das superfícies da bacia,
da terra, dos rios e lagos e a água que se infiltra, que vai para o lençol freático,
e que mais tarde retorna a níveis mais altos, no próprio subsolo, por causa de
um fenômeno muito interessante chamado de capilaridade, que é a subida da
água no subsolo, que existe por causa da ação das pontes de hidrogênio, que
é o nome que se dá à ligação química molecular da água, que ligam os átomos
de oxigênio e de hidrogênio da água, para depois virem a servir aos vegetais
em suas atividades fisiológicas, e se perderem na atmosfera, como vapor.
Estes, em síntese, são alguns dos ciclos principais de uma bacia.
Balanço hídrico simplificado é o balanço médio que se faz da água que
se precipita na bacia, que normalmente é medida em milímetros por ano, é da
água que escoa na exutórias ou o fim das bacias, que são as únicas medidas
simples que se podem fazer em uma bacia, ambas em milímetros por ano, já
que a água que se infiltra e escoa no subsolo, que se acumula sobre as rochas
e depois escoa, se perdendo, é impossível de se medida.

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Assim, de forma bem simplificada, se pode saber qual é a altura perdida
por evapotranspiração na bacia, que é o somatório de toda a altura referente à
evaporação mais a altura referente à transpiração dos vegetais que existem na
bacia, se negligenciando os volumes perdidos por infiltração, que não podem
ser medidos, bastando para isto, se subtrair da precipitação, a altura escoada.
Rendimento de uma bacia, que muitos colegas chamam de run-off, que
é a sua designação em inglês, é a relação adimensional entre a altura escoada
e a altura precipitada média plurianual, que é uma relação que varia muito, de
bacia para bacia e de região para região e varia teoricamente de 0 a 100%.
As bacias da região amazônica, de clima úmido, normalmente têm altos
rendimentos. Já as bacias da região nordeste interior, com clima semi-árido, já
têm baixos rendimentos, por causa da evapotranspiração, que é alta, ou seja,
quase toda água da chuva é perdida e o que se aproveita, efetivamente, nas
bacias, é uma pequena percentagem da água que precipita. Ou seja, um dos
maiores problemas das regiões semi-áridas não é falta de chuva somente, mas
a falta de aproveitamento da água que caem nas bacias, que se perdem.
Em virtude dos rendimentos, das geologias, dos solos e dos subsolos
das diversas regiões, da localização do cristalino, que é a parte rochosa do
globo, que suporta o solo e o subsolo, de seus climas e das áreas das bacias,
surgem os tipos de rios que podem existir em uma bacia, que são classificados
de rios perenes, intermitentes e efêmeros.
Os rios perenes são aqueles que sempre escoam, até com vazões bem
baixas, mas sempre escoam. E porque eles sempre escoam?
É por que estes tipos de rios têm um vastíssimo lençol de água em cima
do cristalino, freáticos, principalmente, que os mantém sempre escoando e, por
outro lado, os seus níveis sempre são mais baixos que os níveis dos lençóis,
ou seja, sempre tem água do escoamento básico, ou seja, do subsolo, que os
mantém escoando, mesmo que não chova na bacia. Quando chove, parte da
água da chuva se infiltra e re-carrega estes lençóis, novamente.
Esses normalmente são os grandes rios, de bacias grandes, como são o
rio Paraguaçu, Tocantins, o São Francisco e muitos outros.
Os rios intermitentes ou sazonais, por outro lado, já são rios de bacias
menores, cuja estrutura geológica, principalmente, não permite o acúmulo de
água farta nos seus lençóis, já que normalmente ou boa parte do ano, os seus
níveis se situam um pouco abaixo dos níveis médios dos álveos dos rios.
Ou seja, o lençol tem água mas o rio esta acima do nível do lençol e,
conseqüentemente, só existe, rio de verdade, nas épocas de mais chuvas.
Estes rios são típicos de regiões do semi-árido, com baixos rendimentos
e altas evapotranspirações, por causa das temperaturas, que são altas.
O que se faz atualmente para aproveitar a água desses rios? Fazem-se
grandes açudes superficiais, o que já permite um grande aproveitamento da
sua água, que escoa, na época de chuvas, mas que, em boa parte, é perdida
por evaporação, no lago da barragem e por infiltração, nos terrenos do lago.
Os rios efêmeros já são os rios que só escoam durante as chuvas, pois
são típicos de bacias muito pequenas e, normalmente o seu nível fica sempre
acima dos níveis dos lençóis e, infelizmente também, são mal aproveitados, já
que não existem projetos específicos e nem fomento por parte do governo para
o aproveitamento desses pequenos mananciais de água, que necessitam de
mais pesquisas específicas experimentas, pois na maioria dessas pequenas
bacias a água da chuva cai e se perde, sem aproveitamento nenhum.

16
Em todo tipo de bacia se pode construir uma barragem subterrânea e se
aproveitar melhor à água da chuva que se infiltra no solo e que se perde. Elas
serviriam para regiões de altos, médios e baixos índices pluviométricos, para
se aumentar os rendimentos das bacias, que sempre podem melhorar mais um
pouco, inclusive em regiões com climas relativamente mais úmidos, como é o
Estado de São Paulo, por exemplo, que já tem regiões com falta de água.
Vamos, agora, depois destas explicações, falar um pouco mais sobre o
que são barragens subterrâneas novamente.
Toda vez que se constrói uma barragem subterrânea, em uma região ou
bacia, criando-se assim, um lençol freático artificial, que é um grande volume
de água subterrâneo, artificial, que passa a existir, onde antes só existia um
solo pobre e mal aproveitado com a vegetação pobre e bem típica das zonas
semi-áridas, encima do nível freático, que é o limite superior de zona saturada,
aparece uma zona de capilaridade, que é uma zona de subida espontânea das
águas do lençol para o solo, cuja altura varia com a granulometria do solo. São
essas zonas capilares é que propiciarão o plantio e o crescimento de grandes
vegetais e pequenos bosques, que captam a água pela raiz, dessas zonas.
Por outro lado, serão essas represas subterrâneas é que propiciarão a
elevação do lençol e do nível freático, que antes era baixo, em regiões de rios
intermitentes, e certamente o transformarão em rios bem menos intermitentes,
embora com pequenas vazões, que, no entanto, poderiam ser aumentadas, se
existissem mais barragens subterrâneas, à jusante, em série, nesta bacia.
Se forem construídas várias represas subterrâneas, ao longo do álveo
do rio intermitente, em locais previamente estudados e selecionados, através
de estudos geológicos feitos ao longo dos álveos dos rios na bacia, as vazões
médias poderiam aumentar, aumentando assim, o rendimento do rio na bacia
hidrográfica, que é a relação percentual entre o volume escoado e precipitado
na bacia, em sua exutória, podendo transformar estes rios até em rios perenes.
Os rios intermitentes, por exemplo, que são típicos do semi-árido, tem
rendimentos baixíssimos, pois grande parte da água que precipita, nas bacias,
ou evapotranspira, para a atmosfera, ou infiltra no solo profundo, se perdendo.
Assim, a construção de várias barragens subterrâneas em série, poderia
criar novas zonas de bosques artificiais, onde antes era impossível se ter estes
bosques, novas zonas para o plantio e o aproveitamento da terra, e também a
revitalização ou mesmo a criação, de um novo riacho, feita, evidentemente,
aos poucos, criando novas frentes de trabalho para os homens sertanejos, tão
ávidos de trabalho, evidentemente, se os estudos geológicos forem favoráveis
e se a obra for factível, já que, infelizmente, nem todo rio intermitente pode ser
aproveitado, por motivos muitos variados, que não caberiam aqui citar.
Ao fim de alguns anos, em zonas onde antes só havia um pequeno rio
intermitente, pouco aproveitado, poderia aparecer uma região completamente
nova, zonas com um rio perene e propício a um aproveitamento mais racional,
com pequenas irrigações, bosques, hortas, plantações variadas, criações de
peixes e camarões, e muitos outros aproveitamentos até difíceis de se prever.
O autor deste pequeno livro às vezes se pergunta: será que o rio São
Francisco precisa ser realmente transposto, através de obras tão caras?
Será que no Rio Grande do Norte e outros estados, por exemplo, não
tem rios intermitentes que poderiam ser revitalizados, aumentando-se os seus
volumes efluentes, já que a precipitação no nordeste não é tão baixa assim?

17
Água da chuva tem e bastante. O problema é que ninguém guarda esta
água convenientemente, já que a evaporação anual dos açudes superficiais da
região nordeste pode chegar até na ordem de alguns metros por ano.
Por exemplo, a evaporação das barragens subterrâneas, onde não se
tem, nem insolação e nem vento, é quase nula.
Será que a construção de barragens subterrâneas, nestas regiões, não
ajudaria a solucionar alguns de seus problemas?
Sem entrar em grandes considerações financeiras, a transposição das
águas do Rio São Francisco necessitará de, energia elétrica, para movimentar
bombas especiais, enormes; necessitará de bombas especiais, caríssimas, e
também de manutenção de tubulações e de canais, que custarão uma fortuna.
Será que a construção de barragens subterrâneas na região nordeste,
feitas, em sua maioria, com concreto ciclópico, simples e barato, ou mesmo de
material mais barato ainda, e de manutenção a custo quase igual a zero, não
poderiam revitalizar os rios intermitentes de uma série de regiões do interior da
Bahia, do Ceará e outros estados, ou mesmo de outras regiões do planeta com
problemas semelhantes. O autor deste livro acha que sim. É só começarmos
este projeto e ele andará sozinho, em pouco tempo.
É evidente que a revitalização de um grande rio, como é, por exemplo, o
rio São Francisco e muitos outros não é uma obra pequena, é obra para muitos
anos e em muitos locais diferentes. É uma obra monumental, e necessitaria de
muitos projetos bem específicos, nas áreas de geologia, hidrologia, geotecnia,
mecânica dos solos, química das águas e dos solos, de previsões, a médio e a
longos prazos, dos incrementos das vazões médias e de picos, que ocorreriam
à jusante, que poderiam trazer problemas para as suas populações ribeirinhas,
que, por acaso, vivem a jusante e também de estudos de impactos ambientais.
Uma coisa é construir um conjunto de barragens, por exemplo, para vir a
revitalizar pequenos rios. Outra coisa é construir um conjunto de obras para
revitalizar ou mesmo vitalizar, que seria o termo mais adequado, nestes casos,
um grande rio. Não é simples. È necessário muito estudo e planejamento, pois
uma coisa é o impacto de uma pequena barragem, que é pequeno. Outra coisa
é o impacto de sua influência nas vazões de enchentes, por exemplo, de um
grande sistema de barragens de um grande rio, que poderiam vir a modificar
completamente o comportamento do rio e criarem situações catastróficas, já
que as barragens subterrâneas aumentam e muito as vazões de pico dos rios,
que em épocas de chuvas, poderiam se tornar mais perigosas ainda.
Assim, o autor deste tipo de barragem adverte. È necessário que os
governos administrem bem as implantações desses tipos de barragens, pois os
seus impactos ocorrerão sempre à jusante, no rio, nas cidades que ficam as
suas margens, principalmente nas épocas de cheias, pois os níveis de água se
tornariam bem altos, e uma idéia para se trazer benefício, pode se transformar
em um flagelo, para as populações que vivem às margens do mesmo.
Toda vez que se mexe com a natureza, como é o caso da construção de
barragens subterrâneas, é necessário fazê-lo com cuidado, analisando-se as
eventuais respostas que os rios podem dar, para depois, se analisar quais os
melhoramentos que realmente podem ser feitos, mas sempre aos poucos.
Faz-se esta advertência porque a iniciativa de se fazer estas barragens
podem trazer problemas em vez de soluções. É necessário estudo, controle e,
acima de tudo, calma, para se realizar as obras aos poucos.

18
Capítulo 3
Pequenos aproveitamentos hídricos para irrigação

Hoje em dia, retirar água do solo, de poços rasos ou pouco profundos,


mesmo em locais sem eletricidade é relativamente fácil, com energia solar, que
ainda é de graça, embora os sistemas de captações desta energia solar ainda
são caros, por falta principalmente de mais pesquisa e desenvolvimento para o
setor e de novos e mais modernos equipamentos.
Será que em pequenos sítios, o Banco do Brasil não poderia financiar,
por exemplo, a construção de uma pequena barragem subterrânea, para o uso
da propriedade, em um local propício a sua construção?
È claro que as prefeituras, principalmente, com as ajudas dos governos,
estadual e federal deverão disponibilizar, geógrafos, geólogos e engenheiros,
que conheçam o assunto, para que a obra seja realmente factível, do ponto de
vista financeiro, social e técnico, visto que este tipo de obra necessita do laudo
de especialistas, principalmente em geologia, para se saber se a mesma pode
ser viável ou não e em hidrologia, para se projetar à barragem, que precisar ter
todas as suas dimensões bem calculadas, até para não ficar cara demais.
È claro que nem todo sítio ou local podem ser propícios, por causa das
suas condições geológicas, do posicionamento do cristalino, por causa do tipo
de solo, da sua salinidade e muitos motivos, já que as barragens subterrâneas
não são o apanágio para todos os males hídricos, mas sempre existirá um jeito
de se construir uma pequena barragem, quando ela for factível e necessária.
O autor deste livro já viajou no interior do nordeste onde existem regiões
onde as rochas afloram muito, existindo também, muito solo superficial nestas
regiões, o que indica que estes locais seriam propícios à construção dessas
barragens, bastando perfurar o solo até as rochas, que são rasas, se construir
as barragens até uma cota convenientemente estudada, tapá-las, com os
próprios solos da região e esperar a época das chuvas, que encheriam estes
reservatórios para posterior aproveitamento, através de poços bem rasos.
O resto da obra seria um ou mais poços escavados na área do volume
da barragem e bombas de sucção apropriadas, geralmente pequenas.
Pronto, está criado um lençol freático onde antes, não existia nada. Uma
completa mudança da natureza, que como dissemos anteriormente, tem que
ser executada com a coordenação das prefeituras e até dos comitês de bacias
ou novas bacias, que certamente aparecerão. Pequenas, mas conflituosas.
Bem, o custo total deste empreendimento precisa ser calculado, mas em
princípio, o mesmo deve ser factível, já que a vida útil destas barragens será
longuíssima, já que elas não ficam expostas às intempéries superficiais além
de ser construídas para durarem.
Um dos grandes problemas é a posição relativa das rochas, que se for
muito profunda, com os seus vales ou álveos subterrâneos pouco angulosos e
muito largos, iriam necessitar de grandes barragens caras, que, nesses casos,
seriam construídas pelo governo, como é agora, com as barragens superficiais
de grande porte e normalmente administradas por empresas estatais.

19
È óbvio, que, nestes casos, quando a obra for grande, mas factível, ela
teria que ser realizada pelo governo, como é, por exemplo, as hidrelétricas de
grande porte, devido ao custo e as dificuldades do projeto.
Se for pequena ou média, no entanto, elas serviriam para a reserva das
águas das chuvas, que hoje é perdida, para posterior utilização, para muitas
coisas, como o consumo próprio, a irrigação de pequenos pomares e hortas, e
até o plantio de bosques em suas franjas capilares, que hoje é impossível.
Se forem pequenos arbustos ou árvores, esta irrigação poderia ser feita
até em suas franjas capilares, sem necessidade de rega ou de equipamentos.
È óbvio que, nesses casos, o projeto das barragens teriam que ser bem
detalhados, pois a altura da barragem deveria prever a localização da zona de
capilaridade e o posicionamento exato das raízes dos vegetais, mas, por outro
lado, o agricultor não teria que gastar energia para a rega, economizando.
Se for uma pequena horta, por exemplo, a água poderia ser captada em
poços com bombas movidas com energia solar, que é barata e farta.
Ou seja, pode-se transformar uma região do semi-árido completamente
sem utilidade, sem aproveitamento econômico, em um pequeno assentamento
de pessoas que viveriam em pequenas colônias, nas cercanias dessas obras,
que poderiam ser até de certo modo independentes, pois teriam água, energia
solar e os seus esgotamentos sanitários tratados, o que é simples.
È claro que nestes casos, a população e o uso de água teriam que ser
compatibilizados com o volume total da barragem, ou seja, o projeto precisaria
ser muito bem estudado, já que os seus planejadores precisariam, entre outras
coisas, de uma descrição detalhada das superfícies do solo e das rochas na
região, além de algumas características do solo e do subsolo locais, como, por
exemplo, a distribuição das porosidades, que sempre variam, ou pelo menos a
média e o desvio padrão de suas ocorrências na região e o consumo percapita
do assentamento, para poderem analisar e dimensionar bem o assentamento e
as dimensões da barragem subterrânea e de seu volume subterrâneo.
Alguns leitores, ao lerem este pequeno livro, certamente se perguntarão:
mas esse cara é um visionário!
Mas não, o seu autor, que é professor de hidrologia, já viu que o maior
problema do nordeste, por exemplo, não é falta de água. É a falta de captação
e acondicionamento correto desta água, já que na Bahia, por exemplo, só uma
pequena percentagem do volume d’água dos rios é aproveitada, pois a grande
parte deste volume se escoa para o mar, inutilmente, sem aproveitamento.
Ou seja, o projeto correto de uma barragem subterrânea em uma região,
mesmo que semi-árida, pode revitalizar completamente esta região, permitindo
até a instalação de pequenos ou médios assentamentos humanos, quase que
completamente independentes, com água, luz, horta, fazendas, escolas, e uma
série de beneficiamentos, com o esgotamento sanitário tratado, no ex-ermo, no
ex-nada, sem que isto seja uma utopia, sendo que todas estas atividades só
são possíveis com água, que é imprescindível para a vida humana. Água.
O autor deste livro sempre imagina, se tivesse ele o dom de ser escritor,
coisa que efetivamente não o é, de escrever um livro de ficção-realista, sobre a
vida de pequenas comunidades no futuro, no campo, longe das cidades, que
efetivamente sufocam e embrutecem a existência humana, mas que se sente
prazeroso de dizer que participou desta idéia, sendo apenas um coadjuvante
que preconiza o uso de uma idéia já velha, mas muito pouco explorada, como
as barragens subterrâneas.

20
Capítulo 4
A construção de lagos artificiais

Toda mina de água aparece por que, no local, o nível freático aflorou, e
aflorou porque, em baixo dele, sempre existe uma região com pedras ou com
solo mais impermeável que não deixa a água do solo escoar totalmente e força
o nível de água do lençol freático, de montante, a suspender-se, criando assim
as minas da água, que normalmente são freáticas, os olhos d’água.
Toda vez que fazemos uma barragem subterrânea, em baixo dos locais
dos álveos dos rios intermitentes, em uma bacia de drenagem, que são locais
em que a natureza geológica do local já se mostra mais propícia à construção
deste tipo de obra, nós provocamos este mesmo processo de maneira artificial,
e certamente, a depender dos volumes reservados no local, aparecerão minas,
que podem ser intermitentes ou perenes, mas isto não importa.
Se forem perenes, ótimo, se não, ótimo também, porque se pode retirar,
deste, do lençol freático de montante, artificial, água com uma bomba movida á
energia solar, por exemplo, que já estão ficando baratas no mercado, para a
construção de lagos, pequenos ou médios, à jusante, para a criação de peixes,
camarões ou mesmo outra atividade qualquer produtiva ou para sobrevivência.
É obvio que estes lagos não deverão ser construídos como os atuais,
com o corpo de água sobre o solo, por que, senão, a água se infiltraria e nós
estamos tratando do recolhimento de água de zonas semi-áridas, com os solos
normalmente porosos, que deixariam a água infiltrar novamente.
Portanto, o correto seria projetarmos um lago artificial com uma camada
de plástico no fundo e em cima do plástico, uma lamina de água, para proteger
esta manta plástica, que já existem no mercado a preços razoáveis, ou senão,
projetar o lago com o fundo de solo bem argiloso e espesso, com uma camada
do solo local em cima dele. Ambas as maneiras inibem a percolação da água.
Pronto, está criado um lago artificial com uma fonte de alimentação, que
dependendo da região poderia ser um grande manancial para abastecimento,
para a criação de, por exemplo, peixes ou aves, através de uma cooperativa,
ou uma fazenda particular, se o rio intermitente passar por uma propriedade
particular, caso os seus donos queiram aproveitá-lo.
Onde existem rios intermitentes, sempre existem maiores probabilidades
de encontrarem condições geológicas favoráveis às construções de barragens
subterrâneas, por que eles indicam que na região já existe um lençol de água
mais ou menos aflorante, ou seja, com uma pequena barragem, em termos de
altura e comprimento, já se poderia aumentar a altura do lençol freático natural
do rio e o seu volume, o que forçaria a sua menor intermitência. Se houvesse
várias barragens sucessivas nesta bacia, esta intermitência iria diminuindo, aos
poucos, podendo até desaparecer, e o rio passaria a ser perene de certo ponto
em diante, ou seja, estas barragens fariam o papel das florestas atuais, que
retém a água na bacia, força a infiltração no solo, para posterior liberação da
água através dos seus escoamentos básicos, mantendo as perenidades dos
rios, que só existem por causa, entre outras coisas, das floretas, agora, o que,
no entanto poderia ser feito com o auxílio artificial de barragens subterrâneas.

21
Capítulo 5
Sobre o tratamento e o re-uso da água

Bem, o autor deste livro é sanitarista de formação, mas não se dedica a


estes estudos, de forma mais profunda, pois ele se dedica mais é ao ensino de
hidrologia e de hidráulica, que lidam com a quantificação da água na natureza
e com o seu manuseio, não com a qualidade da água, propriamente dita
Portanto, o que o que falará aqui é apenas um lembrete, àqueles que
usarão esta água, que é um bem público, apesar de muitas vezes ser captada
em uma propriedade particular, com a obra custeada, muitas vezes, pelo dono
da propriedade, mas, mesmo assim, é um bem público, e como tal, ele não
pode ser utilizado de qualquer maneira, daí o autor deste livro achar que estes
tipos de barragens precisarão, no futuro, de legislações específicas, federais,
estaduais e principalmente, municipais, pois um proprietário de uma área que é
propícia à construção de uma barragem subterrânea, não pode transformar o
futuro riacho, que eventualmente poderia aparecer em um esgoto a céu aberto,
pois este rio irá passar por outras propriedades, à jusante, e é um bem público.
Se a água for utilizada, será necessário o seu tratamento, o que não é
um detalhe tão caro assim, para posterior liberação da água na calha do rio.
Como os seres humanos são normalmente refratários a qualquer tipo de
despesas, é bom que tais tratamentos fiquem legislados, pois, do contrário, os
seus visinhos, de jusante, que antes só tinham um riacho intermitente comum,
passariam a ter um riacho intermitente problemático, o que não é interessante
e nem necessário, pois o tratamento de efluentes de pequenas comunidades,
hoje em dia, é muito simples de ser realizado, com lagoas, por exemplo, que
podem ficar situadas à jusante destas comunidades beneficitárias do projeto.
O autor traz estas pequenas preocupações à baila, porque mora em um
condomínio, e conhece as dificuldades de se lidar com cobranças, mesmo se
estas não são de grande monta, ou seja, é de responsabilidade do proprietário
desses equipamentos a sua operação e o controle de seus efluentes, que por
acaso forem gerados, como o esgoto doméstico ou mesmo a produção de sal,
por exemplo, gerados pela barragem, que tem a capacidade de extrair o sal do
subsolo, quando esta não á bem planejada ou estudada. Ou seja, o projeto de
uma barragem subterrânea pode ser muito problemático se, por exemplo, for
feito sem a autorização da prefeitura ou outro órgão governamental, pois nem
tudo são flores, quando se lida com a natureza e as barragens subterrâneas
podem produzir impactos ambientais sérios, se não forem bem projetadas.
A construção, por exemplo, de uma grande barragem, em termos de
altura e volume, em uma região com o subsolo salino, por exemplo, pode criar
problemas de impactos ambientais, à jusante, bem sérios, pois o rio poderia ter
um efluente salgado que poderia trazer problemas em propriedades à jusante,
e não solução, como gostaria este pesquisador, para os moradores da região.
È necessário, portanto, muito estudo e legislação antes de se sair por ai
fazendo barragens sem projetos corretos, por que as elas são bem complexas
e necessitam de muitos conhecimentos específicos ainda nem conhecidos e,
assim, são problemas que precisam ser antevistos.

22
Capítulo 6
Sobre a elevação de lençóis freáticos urbanos

Certa vez este pesquisador esteve em uma cidade no interior da Bahia


cujo nome nem lembra mais, pois faz muitos anos, mas isto não é importante,
e quando uma pessoa soube que ele era professor de hidrologia e engenheiro,
começou uma conversa sobre abastecimento, construção de poços, e o senhor
que falava, foi mostrar o seu poço de água, que era muito profundo, com uns
trinta metros, provavelmente, que, em geral, tinha uma água de boa qualidade.
O senhor, que falava, estava reclamando que o poço só produzia água
em quantidade até uma determinada época do ano e depois, quando não tinha
chuvas na região, semi-árida, o poço secava, a água do poço perdia toda a sua
qualidade e ele era obrigado a se servir de pipas de água da prefeitura.
É interessante, mas o lençol freático de água, para os leigos no assunto,
é a própria água da chuva que se acumula na região, sobre as rochas, que tem
os seus posicionamentos favoráveis na geologia da região, com a sua forma
propícia e, muitas vezes, com áreas de muitos quilômetros quadrados, que se
enche, onde a água da chuva infiltrada no subsolo fica armazenada, ou seja, é
um depósito natural de água subterrâneo cujas rochas têm o formato propício.
Por que as prefeituras dessas cidades, que são muitas, no interior, não
fazem o levantamento do subsolo da região e do posicionamento das rochas,
com empresas que lidam com tais levantamentos geológicos, verifiquem onde
a rocha aflora ou aprofunda, analise o problema, e faz uma barragem simples
ou o levantamento artificial do nível freático e aumenta o volume reservado?
Muitas vezes, o aumento de um ou mais metros, ou o aumento gradativo
do lençol, em vários pontos e etapas, já podem resolver o problema, se á área
do lençol for grande, pois a altura acrescentada pode significar um volume de
armazenamento grande e resolver o problema de abastecimento nas secas.
Será que este levantamento na região seria caro? Este pesquisador não
sabe opinar! Será que o custo de escavação é caro? Deve ser, mas se a obra
for realizada aos poucos, é possível fazê-la e depois, tomar uma série grande
de providencias que poderiam trazer mais independência a tais regiões, pois
depois que estes lençóis se enchem, a água da chuva os transborda e segue
abaixo, por gravidade, se perdendo e as rochas subterrâneas, por onde a água
escoa, às vezes, não é nem tão profunda assim, mas, no entanto, atualmente,
ninguém faz estes tipos de obras. Mas por que será que ninguém realiza esses
melhoramentos em nossos municípios?
Bem, por que ninguém faz, não interessa. O que interessa, de agora em
diante é reexaminar esta possibilidade desta reserva de água, que possibilitaria
às cidades, até, expandirem suas atividades, não o fazendo por que não elas
não têm água a contento, o que é errado. Elas não têm é, reservas a contento.
Existem muitas maneiras de se recolher à água da chuva e reservá-la.
Esta maneira, que a natureza nos mostra com os seus lençóis, é apenas uma
delas, que poderia ser aumentada, em, muitas vezes, o seu volume. Portanto,
parece coerente, que as prefeituras interessadas deveriam aumentar o nível de
seus lençóis e propiciar uma melhor qualidade de vida aos seus munícipes,
com obras factíveis. O que falta é o esclarecimento das pessoas.

23
Capítulo 7
Sobre as barragens subterrâneas semi-impermeabilizadas

As barragens subterrâneas de materiais bem impermeáveis, como é o


concreto, por exemplo, podem ser demasiado caras e, por isso, inviabilizar um
projeto, mas as mesmas podem ser construídas com outros tipos de materiais
semi-impermeáveis, como certos tipos de argilas umedecidas, quase aquosas,
que podem ser bombeadas, sob alta pressão, para o subsolo, acima da região
rochosa, por bombas especiais, como também com pasta aquosa de cimento e
outro material, ou seja, o material para a barragem deve ser pesquisado.
Estas argilas, ou mesmo outro material semi-impermeabilizante, que tem
coeficientes de permeabilidades bem baixos, podem atuar como se fosse uma
barragem semipermeável e suspender, acima das rochas, o nível dos lençóis,
com o sistema desejado funcionando a contento e com um preço bem mais
baixo do que os sistemas de barragens já citadas anteriormente aqui, além da
construção desses tipos de barragens serem mais simples e rápidas, com uma
tecnologia que os seres humanos já dispõem, hoje em dia.
Ou seja, quando a água que se infiltrar no subsolo e encontrar a região
acima das rochas com materiais semi-impermeabilizantes, com coeficientes de
permeabilidades baixos, o lençol se elevaria, aumentando a capacidade dos
lençóis, o que poderia ser feito aos poucos em muitos anos de construção bem
lenta, viabilizando, dessa maneira, a construção desses tipos de barragens.
Por exemplo, tem-se uma cidade qualquer, que já é servida por poços
freáticos. Se os engenheiros e os geólogos quiserem, eles poderiam estudar a
geologia da região e a localização dos perímetros dessas barragens, e assim,
criar ou mesmo aumentar esta barragem subterrânea semi-impermeabilizada,
o que poderia aumentar o nível do lençol freático no local, aumentando, assim
o volume e a capacidade do aqüífero na localidade toda vez que esta elevação
fosse necessária, por etapas.
Estes sistemas parecem ser bem mais baratos e podem ser feitos aos
poucos, à medida que o aqüífero precisar de mais água. A tecnologia de suas
construções também não é muito difícil e é disponível em nossas construtoras,
no Brasil e no mundo, pois só bastam os geólogos fazerem um levantamento
geológico na região, onde se deseja fazer as barragens, ou seja, no perímetro
de sua construção, selecionando a região onde é necessária a construção da
barragem e construí-las, sem mover o solo superficial, ou seja, diminuindo os
custos que existem em outros tipos de barragens citadas.
Ou seja, no perímetro onde serão construídas estas barragens, abaixo
do solo, não aparecerá nem um vestígio superficial das mesmas, que seriam
construídas subterraneamente com o uso de bombas especiais, que propiciaria
um enorme aumento da disponibilidade hídrica na região, que no início da obra
era pequena, por um preço bem mais baixo do que as barragens de concreto.
O custo total da obra, nesse caso, será mais barato que o de barragens
subterrâneas de concreto ou de outro material mais impermeável, que têm:
custos, de projeto, de escavação, de material, de construção da barragem e do
seu re-aterro final, propiciando ao estado ou a empresa que está interessada
em construí-las, analisar as suas potencialidades e o seu custo.

24
Para que o leitor entender melhor o que falamos aqui, neste capítulo,
vamos explicar o que é um aqüífero.
Aqüíferos são grandes reservas de águas potáveis ou não, normalmente
subterrâneas. Eles podem existir nos solos ou rochas bem porosas, confinados
entre outras rochas mais impermeáveis, como arenito, por exemplo, localizado
geralmente a grandes profundidades, chamados de aqüíferos artesianos, que
podem jorrar ou não jorrar, mas isto é um detalhe que não nos interessa agora,
ou localizados acima das rochas superficiais, que suportam o subsolo e o solo
de uma determinada bacia, que são chamados de aqüíferos freáticos, que é o
aqüífero que nos interessa e que utilizaremos, para construir as barragens.
Estes aqüíferos existem por que são os resultados do acúmulo da água
da chuva que se infiltra nas bacias e se acumulam sobre as rochas profundas,
nas camadas mais profundas do subsolo, e existem porque a forma das rochas
é propícia e força a água infiltrada a se acumular sobre elas, incapaz de infiltrar
nas rochas impermeáveis da crosta, que e estanque, como demonstra o corte
longitudinal do desenho de um aqüífero freático, na figura 4.

Solo superficial da bacia

Nível freático com a barragem Barragem

Nível freático natural A

Região de rochas impermeáveis

Figura 4 Corte longitudinal de um aqüífero freático.

Suponhamos que o desenho mostrado na figura 4 seja o de uma região


que necessite aumentar o seu volume de reserva no subsolo. Como se poderia
aumentar a reserva de água do aqüífero subterrâneo freático?
É simples. Basta os engenheiros ou os geólogos levantarem o perfil das
rochas, na região e nas cercanias do ponto A, em cima das rochas, injetarem,
no subsolo, argila ou massa aquosa de cimento, por exemplo, para criarem um
sobressalto ou uma região menos permeável mostrada com linhas pontilhadas,
que deve ser calculada em termos de volume, de dimensões e de plasticidade
da substância injetada, que forçaria a água do aqüífero a represar e faria com
que o nível freático elevasse e aumentasse o nível do aqüífero e seu volume,
que é igual à porosidade média do subsolo vezes o próprio volume de água a
mais, que aumentou, que, a depender da área do aqüífero, poderia resultar em
um grande volume a mais de água disponível para o uso desta localidade.
Este é um tipo de obra que pode ser feita em muitos locais com custos
de construção relativamente mais baratos do que outros sistemas já aludidos,
já que estes sistemas de bombeamentos de materiais nos solos, como pasta
de cimento, argila e água, por exemplo, que mais tarde se solidificariam, já são
utilizados para outras atividades em engenharia hoje em dia.

25
Capítulo 8
Sobre a construção e o custo de barragens altas

Bem, o projeto e a construção da barragem subterrânea não é a área de


atuação deste engenheiro. Portanto o que se vai dizer aqui sobre este tema, é
o mínimo necessário que este pesquisador acha que deve dizer, sem entrar no
mérito de áreas como, à de finanças, estrutura ou de mecânica dos solos, que
são duas áreas que este pesquisador só sabe o essencial, o básico.
A barragem subterrânea, a depender da sua altura e da sua extensão,
poderá ser construída de várias maneiras.
A altura da barragem determinará a pressão da água nos interstícios do
solo, como já é nas barragens superficiais, e a barragem deverá ser construída
sobre as rochas, evitando assim qualquer processo de infiltração exacerbada,
que não deve existir, o que leva a concluir que elas podem ser construídas de
concreto com o núcleo de terra, para baratear, mas não devem ser construídas
totalmente de material argiloso, por exemplo, a não ser que elas sejam baixas,
com baixas pressões, já que os processos de infiltração nas barragens seriam
difíceis de serem corrigidos, por que o corpo da barragem é enterrado e estes
problemas não poderiam ser vistos e corrigidos com facilidade.
Ou seja, as barragens subterrâneas terão que ser feitas para durarem
muito tempo e não terem, se possível for, nenhum processo acentuado de
infiltração, por causa da alta pressão, que pode fazer que estes processos de
infiltração aumentem e criem pontos de perdas de água e a barragem se torne
inutilizada e sem condições de reparo, ou seja, elas têm que ser estanques ou
quase estanques, pelo menos, além de seguras, do ponto de vista estrutural.
Nas barragens superficiais, estes processos podem ser acompanhados,
e nas subterrâneas? Como saber se existe algum vazamento na barragem?
A única maneira que existe, é verificar-se se existe variação acentuada
do seu nível saturado, desde que se conheçam o seu volume total de reserva,
a sua área e a curva que caracteriza a variação do volume com a altura e os
volumes de água que estão sendo extraídos, com o tempo. Se o abaixamento
do nível for maior que o teoricamente calculado, e aqui não se vai entrar, no
mérito e nem em considerações teóricas de como se calcula estas variações, é
por que existe algum vazamento, e se este vazamento for grande, ele pode até
inutilizar a obra. Ou seja, à parte referente aos cálculos sobre mecânica dos
solos deve ser bem analisada e a construção da barragem muito bem feita se
o proprietário resolver optar, por exemplo, por construir uma barragem de solo
argiloso, que é barato, para não perder nem tempo e nem dinheiro, mais tarde,
com problemas decorrentes desta economia mal feita inicialmente.
O correto é contratar um engenheiro experiente e não fazer pequenas
barragens como se fazem atualmente pequenas barragens superficiais, muitas
vezes, sem projeto e sem um engenheiro, por que os problemas das pequenas
barragens superficiais já são bem conhecidos e o das subterrâneas, não.
Um dos pontos vulneráveis será, sem dúvida, a ligação da rocha com a
barragem e é por isso que este pesquisador acha que barragens altas devem
ser construídas de concreto, com no máximo, o núcleo de argila.

26
Uma outra parte importante é sobre os esforços, na área de estrutura,
já que a pressão da água no solo é hidrostática, e podem ser grandes, se a
barragem for alta, fazendo com que as pressões atuem em ambas as faces da
barragem e sejam diferenciadas. Na face de montante com o solo local sempre
saturado e na face de jusante com o solo seco, em época de pouca chuva, e
mais encharcado, em épocas úmidas, mas geralmente não saturado.
Qual será o efeito destas oscilações temporais em uma barragem de
concreto de cascas, armado. O autor realmente não sabe e aconselha também
a contratação de profissionais que atuam nesta área para o cálculo correto da
estrutura, para que a barragem não dê futuros prejuízos, já que as pressões
atuantes podem ser muito grandes, se o corpo da barragem for alto.
Segundo, qual é o efeito da variação da umidade no concreto? Poderá
criar trincas? Como serão essas trincas? São problemas que podem aparecer.
Ou seja, este pesquisador acha que este tipo de obra, que atualmente
não vemos, já que esta idéia é pouco usada, pode criar um campo totalmente
novo em engenharia, que precisa ser mais estudado, analisado, pesquisado.
Será que os problemas levantados aqui são os suficientes?
Sinceramente, um dos maiores medos deste engenheiro é deixar algum
ponto sem comentários e alguém, amanhã, vir a reclamar de algum prejuízo,
por que o que ele tem mais são dúvidas, que ele diligentemente tenta trazer
aqui para discuti-las, pois só aparentemente é que as barragens subterrâneas
são simples de se fazer. Na realidade são difíceis, principalmente as grandes.
Sobre a construção de barragens pequenas para os levantamentos dos
lençóis freáticos que já existem em muitos locais e, muitas vezes é pequeno,
usados para o abastecimento de pequenas cidades que utilizam poços, que é
um tipo de obra importante para se melhorar a capacidade hídrica dos lençóis
freáticos de certas localidades, reservamos outro capítulo para discuti-la, pois
este pesquisador acha que estas podem ser construídas com material argiloso,
já que as pressões serão pequenas, mas assim mesmo, este pesquisador, que
é engenheiro, acha que sempre será necessário, um projeto e a presença de
um profissional, para o acompanhamento da obra, que tem muitos detalhes,
que só aparentemente são simples de se resolver, mesmo quando é pequena.
Existem outros problemas, no projeto e na construção dessas barragens
que só o tempo mostrará, e eles certamente serão mais conhecidos no futuro.
A intenção deste pesquisador, no entanto, neste capítulo, é só levantar,
alguns desses possíveis problemas para uma pré-análise inicial dos mesmos e
frear o ímpeto de pessoas que queiram fazer barragens subterrâneas sem um
maior conhecimento de causa, o que infelizmente sempre existe.
È bom que se diga que a construção de tais barragens precisará de um
projeto de profissionais competentes, pois nada é visto nelas, nem onde ficará,
nem como será. Nada. Elas serão construídas sobre as rochas profundas e um
cálculo errado poderá custar muito dinheiro ao seu proprietário, jogado fora,
que procurou economizar com empresas ruins, que nem sempre reúnem todas
as qualidades necessárias para construí-las, que aparecerão, certamente.
È necessário se fazer levantamentos, sondagens, estudos hidrológicos e
uma série bem grande de procedimentos que só as empresas qualificadas é
que poderão realizar, para que o projeto seja bom e traga, ao município ou ao
seu proprietário, quando ela for particular, alegria e não, decepção, já que os
seus custos, principalmente os das grandes barragens, podem ser altos.

27
Capítulo 9
Sobre a plantação de florestas atípicas no semi-árido
As florestas precisam de água, para sua fisiologia ou metabolismo, que
normalmente elas retiram do solo pela raiz, de uma zona do subsolo onde se
tem o fenômeno da capilaridade, que é a subida espontânea da água da zona
saturada dos lençóis freáticos profundos, que podem eventualmente existir, em
regiões semi-áridas. Daí, nestas regiões, só vingarem vegetais que tem raízes
profundas, adaptadas pela natureza, para estas regiões.
Para se plantar outros tipos de plantas, só com irrigação ou implantação
de barragens subterrâneas apropriadas para se criar lençóis artificiais e franjas
capilares propícias para certos tipos de plantações ou florestas.
Se o fazendeiro optar por fazer um tipo de irrigação, vai ter que retirar a
água do solo, tratá-la e depois irrigar a plantação, convenientemente.
Se as condições do solo e do subsolo permitir, serão feitas uma ou
mais barragens subterrâneas, nas bacias dos rios intermitentes, por exemplo,
aumentando artificialmente os níveis dos seus lenços freáticos, que antes eram
profundos ou não existiam, aumentando assim, também, as alturas das franjas
capilares, que ficariam bem mais superficiais, facilitando o plantio de pomares
ou de florestas atípicas, bastando, além das barragens, se ajustarem o solo da
região e outras medidas agronômicas.
O que se quer se analisar aqui é a capacidade nova que o ser humano
dispõe de criar até, novas florestas atípicas em regiões do semi-árido que tem,
entre outras coisas, insolação, água da chuva e, agora, mais reserva de água.
Basta um posicionamento correto da barragem e, a depender do solo, e se terá
uma franja capilar adaptada ao vegetal que se quer cultivar que, no modo de
ver deste pesquisador, pode representar uma revolução, tanto da irrigação,
como na criação artificial de florestas e melhoria dos micro-climas locais.
Ou seja, poderemos transformar vastas regiões do semi-árido em zonas
produtoras de uma série de vegetais, que antes eram impossíveis de se ter,
por causa da falta de água para irrigação, com franjas capilares artificiais.
É claro que a implantação destas barragens, nestes casos, tem que ser
bem estudada, analisada, por que os seus custos iniciais de implantação são
altos, mas, em compensação, são obras que, se bem estudadas, têm vidas
úteis enormes e um retorno financeiro garantido, a médios e a longos prazos,
para regiões do semi-árido onde hoje é pobre e sem utilização nenhuma.
As barragens subterrâneas não foram só imaginadas para serem feitas
em regiões semi-áridas. Se elas forem construídas, por outro lado, em regiões
onde a natureza já é benevolente, como é em certas regiões de Minas Gerais,
São Paulo ou Paraná, elas poderão criar novos horizontes para estes locais,
que não poderiam nem ser cogitados por seus moradores. Este pesquisador,
no entanto, adverte novamente, que, modificar a natureza pode ser perigoso,
assim como é, por exemplo, o efeito do aumento da temperatura na terra, sutil,
cujas conseqüências são bem tenebrosas, e a implantação destas barragens,
em regiões hídricas mais ricas, poderiam criar problemas futuros, se não forem
bem analisados os aspectos dos seus impactos ambientais.

28
Capítulo 10
Sobre o abaixamento da temperatura no globo terrestre
É comum hoje em dia os cientistas que lidam com o clima associarem o
aumento da temperatura do globo terrestre com o excesso de gás carbônico
na atmosfera, que influencia o chamado efeito estufa.
Bem, uma boa maneira de se extrair este excesso de gás carbônico da
atmosfera é através do plantio de novas florestas, que, aliás, existiam no nosso
passado, principalmente em certos países do globo, como o Brasil, a chamada
floresta atlântica, que foi dizimada e precisaria ser replantada.
Certa vez um aluno perguntou a este professor, que falava sobre este
assunto em sala de aula, como é que o estado brasileiro poderia replantar esta
floresta novamente, e antes deste respondê-la, uma confusão se estabeleceu
em sala, com todo mundo falando ao mesmo tempo, com cada aluno com sua
opinião. Como a conversa estava animada, após certo tempo, este professor
respondeu: nada, bastaria deixar a natureza respirar, deixar os micos a e os
pássaros reconstruírem esta floresta e em pouco tempo ele estaria refeita, sem
que isto custasse nada aos cofres públicos. É só deixar a natureza respirar!
Por que não se faz isto? Estupidez de nossos fazendeiros, infelizmente,
que, ao menor sinal de uma pequena capoeira no campo, naturalmente já enfia
o trator e a destrói, para fazer mais pasto e madeira para carvão. Estupidez!
Bem, o que nós gostaríamos de comentar aqui, neste pequeno capítulo,
seria um pouco de fantasia, de ficção, continuando o capítulo passado.
Seria possível o replantio de florestas no semi-árido?
Bem, na opinião deste sonhador professor, sim. As zonas semi-áridas e
as áridas só são tão áridas, entre muitas coisas é claro, por falta de um lençol
freático bem localizado sobre as rochas das bacias e, consequentemente, de
uma boa franja capilar, que ao seu tempo alimentaria novas florestas. Só isto?
Faça uma experiência: ponha dois vasos. Um vaso lacrado com a terra
seca e o outro com a terra úmida, com uma zona de terra saturada no fundo,
de forma que ambos tenham a sua superfície seca e plante umas sementes de
feijão no solo superficial dos dois vasos. Você verá que as sementes têm uma
espécie de programação interna, que, ao menor sinal de água no subsolo, elas
germinam e prontamente estendem as suas raízes abaixo para a zona úmida
das franjas capilares. Se existir água, existirá floresta.
E como se faz uma zona de capilaridade em zonas semi-áridas? È bem
simples, pois bastariam se fazer barragens subterrâneas para a contenção da
água que sempre se movimenta no subsolo, pois até nos desertos mais secos
tem água em se movimentam subterraneamente, e em zonas de climas semi-
áridos, como é o nordeste brasileiro, certamente nós poderíamos recriar umas
pequenas florestas nas bacias de rios intermitentes.
E o que é um rio intermitente? São rios cujos lençóis subterrâneos estão
sempre muito abaixo do solo, não permitindo que haja zonas úmidas de franjas
capilares e consequentemente, vegetação de grande porte na superfície. Se o
ser humano intervir na formação destes lenços, aumentando artificialmente os
seus níveis, através da construção de barragens subterrâneas e se poderia até
modificar, em parte, o clima desses locais e o replantio de pequenas florestas.

29
Capítulo 11
Sobre o aproveitamento de subsolos salinos
Bem, este breve capítulo tem um pouco de ficção, de futurismo, com é,
aliás, a essência deste trabalho, que, no entanto, pode ser plausível.
Tem muita gente que reclama do semi-árido, que o subsolo de sua terra
é salino e que, portanto, ele tem água, mas que não se pode aproveitar a água
por que nem o gado a bebe, de tanto sal!
Aqui cabe uma pergunta: será que este sal não seria aproveitável, para
um tipo de indústria ou outra atividade qualquer?
Vamos pensar um pouco. A região tem água no subsolo é porque neste
local já tem um lençol e se existe um lençol freático, é porque, a sua estrutura
geológica, das rochas, já sé propícia à formação desses depósitos de água, e
logo, para suspendê-lo, já seria bem mais simples, em termos de construção.
Aqui vai uma pergunta que este pesquisador ainda não sabe responder:
será que a construção de uma barragem de grande volume, nessas terras, que
certamente faria este lençol freático elevar-se mais ainda do que é atualmente,
criando grandes lençóis artificiais na região, com grandes volumes reservados,
que pode ser calculado, conhecendo-se as características da região, não iria
propiciar a formação de um pequeno riacho salino, que, por sua vez, com a
sua vazão, não iria propiciar o aproveitamento do sal do subsolo desta região?
Bem, isto aqui é um exercício de ficção, mas factível. O único problema
é que este sal teria que ser aproveitado integralmente, até para ele não gerar
resíduos e impactos no ambiente superficial da região à jusante?
E aqui cabe outra pergunta? Será que a retirada de parte do sal deste
subsolo, ao longo do tempo, que pode ser grande, mas previsível, também não
o tornaria, ao longo dos anos, um subsolo menos salino e mais aproveitável?
O leitor perguntaria: por que este pesquisador põe este tópico aqui?
É por que ele já sabe que está lidando com uma tecnologia bem nova,
que poderá abrir uma serie de portas imprevisíveis, como é, por exemplo, o
exemplo mostrado acima, que é o aproveitamento do sal do subsolo de uma
região com finalidades industriais, que, após certo tempo, exaurida parte do sal
do subsolo, iria torná-lo, quem sabe, mais apto a outros usos, já que existem
sais nos subsolos que são muito úteis em indústrias.
È claro que uma atividade como esta tem que ser muito bem estudada e
não criar futuros impactos na região, por causa das concentrações do sal nas
águas do futuro riachozinho, que poderia ser aproveitado, por exemplo, como
salinas, cujo sal seria extraído após a evaporação da água, por exemplo, ou
mesmo através de outro processo diferente de extração do sal.
Ou seja, uma barragem subterrânea nesta região, que hoje só é, em
parte, aproveitada, já que seus recursos hídricos superficiais são normalmente
exíguos, se encarada como um processo de tratamento do subsolo, através do
aproveitamento do seu resíduo, que pode ser um sal aproveitável, poderia até
trazer grandes benefícios à região, por causa da instalação de indústrias de
beneficiamento e de aproveitamento deste sal, e no futuro, já que a extração
do sal recomporia a qualidade do subsolo, o tornaria apto a outras atividades,
que hoje não podem nem ser cogitadas, devido presença deste sal.

30
Existe um outro detalhe bem importante e que precisa ser examinado.
Existem fazendeiros que reclamam que a água de seu solo é muito salina e
inútil, se esquecendo que, naquela mesma região, na época do descobrimento
do Brasil, ali poderia existir uma baita floresta, indicando que a área é boa e,
portanto, o que é inútil, é o aproveitamento que o fazendeiro faz da região.
Mesmo regiões com solos salinos podem ser úteis para o plantio de
bosques desde que o plantio seja de árvores que se adaptem a estes solos e
aí este pesquisador já não vai entrar em detalhes, já que ele não é nem um
agrônomo e nem um engenheiro florestal, mais é muito comum se ver pomares
e florestas em zonas litorâneas cujos solos têm águas bem salinas.
Ou seja, nós estamos lidando com um tipo de tecnologia nova, embora
seja velha, e assim, precisa de mais análises e neste caso, voltando ao nosso
fazendeiro, ele é que precisa instalar aparelhos para extrair o sal desta água e,
assim, evitar que o seu gado absorva sal demais, se este for danoso, ou senão
reaproveitar as suas terras para outras finalidades, como o plantio de pomares
ou pequenas florestas que se adaptem a estes solos, que absorvem o excesso
de dióxido de carbono da atmosfera, diminuindo, assim, o efeito estufa.
Ou seja, estes órgãos governamentais que lidam com este efeito estufa
deveriam pensar também em financiar estas barragens, já que se trata de uma
nova metodologia para o plantio de novas florestas.
Este pesquisador gosta de sonhar. Tem gente que diz e isto também e
corroborado com a ciência, que no deserto de Saara já existiu no passado uma
floresta e eles dizem que não existe mais por causa de uma mudança do clima
e outras opiniões sem comprovação e nos Estados Unidos existe também uma
região, que nós não sabemos precisar, onde no, passado, existia uma floresta,
que foi totalmente destruída por um Tsunami. Vejam: isto foi dito na televisão.
Pois bem, isto é um palpite, mas nós achamos que nos dois casos o que
houve foi um terremoto que fraturou as rochas profundas destas duas regiões
e assim abriu fendas nas rochas que exauriram as águas dos seus respectivos
lençóis freáticos, rebaixando-os, o que levou, nos dois casos, a uma completa
modificação de seus climas superficiais pelo rebaixamento do lençol freático.
Ou seja, mesmo sem querer ser otimista demais, nós pensamos que se
o deserto de Saara já foi menos inóspito, no passado distante, ele poderia ser
reestudado para se analisar onde foi que ocorreu ou ocorreram estas possíveis
zonas de fendas, que poderiam ser preenchidas e estas zonas poderiam ser,
quem sabe, reutilizadas, para o replantio de florestas atípicas ou típicas.
Bem, quem ler este livro vai notar que o seu autor pode ser até um bom
sonhador mas que as suas idéias têm um certo sentido. Vejam só.
Como é que pode um tsunami mudar uma região? Ora ao que consta, a
Indonésia sofreu recentemente um tsunami e o seu clima litorâneo continua o
mesmo. Portanto nós chegamos à conclusão que o que pode mudar o clima de
uma região é um terremoto, que pode destruir a macro-rugosidade das rochas
profundas e criar zonas fraturadas que, por sua vez, podem esgotar os lençóis
da região rebaixando-os, em muitos metros. Se a floresta anterior não teve a
capacidade de extrair esta água, ela morreu, e as pessoas, que não sabiam o
que ocorreu no subsolo, na realidade, ficaram atribuindo a morte das florestas
à supostas mudanças do clima local e a efeitos de tsunamis e outros motivos.
Mas será que a nossa hipótese não tem nenhuma possibilidade de ser
verdadeira? Se for, os árabes que se cuidem, pois nós vamos transformar o
Saara, que por sinal tem oásis, num oásis sem fim. Oxalá estejamos certos!

31
Capítulo 12
Sobre a construção de barragens subterrâneas mistas

Este tipo de barragem subterrânea é naturalmente um apêndice da idéia


aqui exposta. Barragens mistas, sob o ponto de vista do tipo de contenção, são
barragens construídas sobre as rochas do cristalino, como são as barragens
subterrâneas, mas que contém, em parte, um volume útil sob o solo terrestre e,
em parte, um volume superficial, sobre o solo, e só devem ser construídas se
as condições do solo e do subsolo forem favoráveis, pois estes devem ser
porosos, e se a altura da barragem, e logo, as pressões e, conseqüentemente,
a sua segurança estrutural o permitir, pois elas são muito altas, como mostra a
figura 5, pois a sua altura deve ser maior que a camada de solo e do subsolo,
sobre o cristalino, além da altura sobre o solo superficial, tornando-se assim, a
depender da sua altura total, um verdadeiro repto à engenharia estrutural, por
causa das pressões reinantes e os esforços, que são muito grandes.

Vertedor
Água retida superficialmente

Solo superficial
Barragem
Água retida no solo saturado de concreto.

Perfil longitudinal da superfície da rocha na bacia

Figura 5 Perfis longitudinais do solo e do subsolo da bacia, das rochas,


e uma corte parte da barragem mista.

Bem, este tipo de barragem também é um exercício de ficção do autor,


e nasceu porque as atuais barragens superficiais perdem água, percolada,
tanto pelo corpo da barragem como pelo solo da bacia hidráulica, quando esta
e construída sobre o solo, além de ter volumes úteis somente acima da tomada
da água superficial, ou seja, atualmente, nas secas severas, não se aproveita
nem as águas subterrâneas que existem abaixo do subsolo das represas.
A barragem mista terá dois tipos de tomada d’água. À superficial, como
é agora, e à dos poços construídos no seu subsolo, para o aproveitamento da
água subterrânea, em épocas de grandes secas na bacia.
A grande vantagem deste tipo de barragem, quando bem construída, é
que só existirão perdas por evaporação, enquanto que, nas barragens atuais,
além destas, grande parte da água retida superficialmente se infiltra no solo.
Qual é a desvantagem? O preço, principalmente, por que elas poderão
ser colossais, assim como o seu projeto estrutural, se bem que o seu autor não
entende muito bem desta parte da engenharia e só pressupõe esta dificuldade.
O autor deste tipo de barragem pensou em patentear também este tipo
de barragem, não o fazendo porque elas já são subterrâneas. Por outro lado,
ele acha que este tipo de barragens só serão construídas no futuro, quando o
problema da água for bem mais agudo do que agora, o que certamente será.

32
Capítulo 13
Sobre os perigos de se criar zonas pantanosas

Muitas vezes, com a vontade de aproveitar determinadas áreas e sem


conhecimento de causa, o que é uma atitude comum no Brasil, infelizmente,
um proprietário de uma determinada área pode a seu prazer investir neste tipo
de aproveitamento e sem uma análise mais profunda pode mandar construir
em sua propriedade barragens para a contenção de água e descobrir depois
que as barragens podem, a depender do solo, do posicionamento das zonas
de rochas, de seu posicionamento e sua altura, zonas pantanosas totalmente
adversas ás finalidades pretendidas por seu proprietário.
É necessário, antes de se investir, neste tipo de empreendimento, cuja
tecnologia ainda não é muito conhecida, uma análise por técnicos gabaritados
neste assunto, para definir qual seria a altura correta de uma barragem deste
tipo para que a mesma no futuro não crie problemas ao invés de soluções e ai
surgir na área onde se pretendia usar para o plantio qualquer uma zona cheia
de pequenos pântanos com o solo encharcado e impróprio a sua uso, além de
um belo produtor de muriçocas, pererecas e cobras peçonhentas.
Este pesquisador faz este tipo de aconselhamento por que é engenheiro
em uma área cheia de palpiteiros pães-duros que não gostam nem de ouvir os
conselhos dos engenheiros, ainda mais se falar em projetos, com é comum de
se ver com barragens superficiais feitas, me perdoem o termo chulo, a facão,
que depois de algum tempo se desmancham por uma série de razões.
Uma barragem subterrânea mal feita pode destruir uma área, além de
criar locais pantanosos e impróprios para qualquer atividade.
Assim, aconselhamos aos amigos que querem investir nesta atividade,
que procurem um agrônomo, por exemplo, para ver se o projeto é viável, se ele
não vai criar problemas e se ele é propício à atividade requerida, por que este
livro está sendo feito para ser um livro de idéias, que precisam ser mais bem
analisadas e conhecidas, cujo autor, às vezes, é otimista demais.
Por exemplo, a zona de franjas capilares, que fica acima da zona mais
saturada do lençol criado por estas barragens subterrâneas, devem ficar a uma
altura compatível com as plantas que queremos plantar na área, para não vir a
prejudicar o crescimento do vegetal e obedecer ao velho conselho que diz que
“água demais mata a planta”. Por isto, é que é necessário um projeto bem feito
para que ele funcione a contento, que deve ser feito por profissionais da área.
Muitos que lerem este livro poderão estranhar este capítulo, poderão vir
a estranhar este capítulo se perguntando: mais por que este senhor escreveu
este tipo de coisa? É simples.
Este capítulo, infelizmente ou felizmente, foi escrito para tentar desinibir
algumas atitudes, ás vezes, desnecessárias e bem mal calculadas de nossos
amigos fazendeiros, principalmente, que me perdoe esta classe tão briosa, que
muitas vezes, no afã de fazer um projeto analisando somente a relação custo
versus benefício demasiadamente a seu favor, se esquecendo que certos tipos
de atividades em engenharia são bem complexas e exigem muita pesquisa e
organização, para que venham funcionar satisfatoriamente para aqueles que,
meritoriamente, produzem o nosso produto nacional bruto. Cuidado!

33
Capítulo 14
Algumas advertências sobre coeficientes de deflúvios

Coeficientes de deflúvios em hidrologia e a relação adimensional entre


os volumes escoados e os volumes precipitados, na bacia de drenagem, em
um intervalo de tempo geralmente grande e, teoricamente, variam de 0 a 1,
sendo que em inglês a sua denominação é coeficiente de run-off.
Quando nós nos referimos a esta relação, ou seja, a relação de volumes
para um longo intervalo de tempo, de anos, é comum chamarmos esta relação
de rendimento da bacia. Ou seja, os rendimentos são os coeficientes de run-off
médios prováveis da bacia e são previstos estudando-se os balanços hídricos
simplificados na bacia de contribuição.
Quando nós estudamos esta mesma relação para períodos de tempos
curtos, quando ocorrem temporais, é comum o solo das bacias encharcarem e
ocorrer grandes escoamentos superficiais nestes curtos períodos de chuvas e
enchentes, ocorrendo nestas épocas, por curtos ou mesmo médios espaços de
tempo, os chamados também coeficientes de deflúvios ou de run-off máximos
prováveis, que são usados para os cálculos de enchentes máximas prováveis
que pode ocorrer na bacia de contribuição.
Ambos os coeficientes de deflúvio, os médios e os máximos prováveis,
são importantes para a estimativa das vazões médias prováveis e das vazões
máximas prováveis, que ocorrem em cheias, ambos utilizando-se o método
racional, com é metodologia relativamente bem simples.
Logo, esses dois coeficientes, de um modo geral, dependem do regime
de chuvas, do tipo de solo e subsolo, da posição relativa do cristalino na bacia,
da sua cobertura e também da declividade do rio e da bacia, embora hajam
outros fatores que pode concorrem com os mesmos.
Quando, por exemplo, se constrói muitas barragens subterrâneas nas
bacias, para o melhor aproveitamento dos recursos hídricos, isto significa uma
menor infiltração e o aumento da vazão superficial média provável deste rio, o
que é ótimo para os proprietários de terras no local e a jusante.
O grande problema é que as construções dessas barragens têm que ser
bem planejadas, pois do contrário, em épocas de chuvas fortes, os coeficientes
de run-off máximos prováveis podem aumentar muito e as bacias começarem
a produzir vazões de enchentes muito maiores que as anteriores e a pobre da
população, que vivia tranqüilamente a beira desses riachos intermitentes e que
já estava acostumada com o seu regime fluvial anterior, de repente, se depara
com vazões de enchentes quase catastróficas, nunca antes vistas, em virtude
das obras que alteraram totalmente o regime natural de vazões do rio.
Ou seja, um efeito benéfico para a população, que é o aproveitamento
da águas das chuvas, pode ser também prejudicial ás populações ribeirinhas,
se não for planejado, se não for feito com calma, analisando-se os problemas.
O autor deste projeto aconselha que estas obras nas bacias sejam feitas
aos poucos, medindo-se as vazões efluentes e o regime fluvial, antes e depois
de cada obra, para se estudar as suas variações e as futuras obras, para que
as obras de contenção das águas das chuvas na bacia não tragam problemas.

34
Capítulo 15
Das dificuldades de construção das barragens

Certamente o leitor já se pergunta: se esta idéia é boa, porque será que


não se constroem essas barragens por aí?
Existem vários motivos. Uma das dificuldades certamente é o completo
desconhecimento da superfície das rochas subterrâneas nas bacias.
Quando se constrói uma barragem superficial atualmente, entre muitas
coisas, o projetista precisa conhecer as cotas da superfície do solo onde ficará
o volume reservado, até para se conhecer os possíveis volumes reservados
pela barragem como função das cotas topográficas e do nível do lençol.
Pois bem, quando se constrói uma barragem subterrânea, é a mesma
coisa, só que a dificuldade agora é dobrada, pois o projetista precisa conhecer
a superfície do solo superficial e a superfície média das rochas profundas, na
região, onde se apoiarão o volume reservado e a barragem propriamente dita.
È através do conhecimento dessas cotas, tanto do solo superficial como
das rochas profundas, é que o projetista poderá prever os volumes reservados
na barragem e prever também os custos de escavação e construção do corpo
da barragem, que podem ser caros, se a barragem for de concreto e alta.
Quando você anda sobre o solo superficial de qualquer região, embaixo
do solo, pode ser raso ou pode ser profundo, mas sempre existirão, rochas.
Mas qual é a profundidade destas rochas?
Ou seja, é necessário, em possíveis regiões onde se poderiam construir
estas barragens, o mapeamento superficial do solo, que pode ser feito até com
um mapa plani-altimétrico, admitindo-se um pouco de erro, e um mapeamento
das rochas profundas, que inexistem, pois é uma informação geológica que só
é conhecida com sondagens ou outros processos talvez mais baratos, mas, de
qualquer maneira, inexistentes, atualmente, em termos gerais.
Como é que um engenheiro poderia estudar a viabilidade econômica de
uma barragem em uma região sem essas informações?
A segunda dificuldade, que é bem menor, é o conhecimento de algumas
características dos subsolos das bacias, como a porosidade, a salinidades e
outras características, que também são muito pouco conhecidas e divulgadas.
Ou seja, o mapeamento, tanto dos subsolos como das regiões aonde se
situam as rochas das possíveis bacias aonde se poderiam construir barragens
subterrâneas é de fundamental importância e inexistentes ainda.
O terceiro grande problema é o custo de escavação e construção, que
podem ser altos, pois o comprimento destas barragens, que podem ser muito
longas, associada ao posicionamento das regiões das rochas, que podem ser
profundas, podem levar a obras caras e atualmente inexeqüíveis.
Mas, e no futuro? Bem, na opinião do autor deste livro, no futuro, tudo o
que trata de água será exeqüível, pois sem água, quaisquer planejamentos de
uma região, como a região do nordeste semi-árido, será fatalmente deixado de
lado, e a água, que atualmente é muito desperdiçada, será parte importante de
qualquer planejamento estratégico, seja ele muito caro ou não. Lembre-se que
uma das maiores obras de engenharia do planeta, as muralhas da China, foi
feita numa época em que a sua construção era completamente inexeqüível.

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Capítulo 16
Falando um pouco mais sobre lençóis freáticos

Porque existem regiões ricas em lençóis freáticos, onde é muito fácil à


construção de poços e outras paupérrimas, onde por mais que se fure o solo, é
impossível se achar água?
Quando a gente estuda hidrologia, nós notamos que a natureza molda
as bacias, que é fruto de milhões de anos de atividade das chuvas, dos ventos,
do intemperísmo e muitos outros fatores, mais um dos mais importantes, que
rege a existência da existência ou não de fartura de lençóis em uma região é o
macro-formato das rochas profundas. Se o formato é dobrado, ou seja, se a
macro-forma geral não é alisada, de forma que se formem grandes cavidades,
as rochas vão propiciar que a água se acumule e forme grandes reservatórios
naturais subterrâneos. Se o macro-formato é mais alisado, a água das chuvas
simplesmente não é retida sobre as rochas e a gravidade irá carrear esta água
para outra região onde a mesma ficará retida. È claro que este não é o motivo
único, mais dentro do nosso enfoque de entendimento pode ser, para facilitar a
sua compreensão geral, ou seja, em uma região qualquer, se existem lençóis
freáticos, é porque a água da chuva que infiltrou, entre outras coisas, é claro,
ficou retida naturalmente em regiões de rochas mais altas, como tenta mostrar
o desenho abaixo. Ou seja, se as macro-rugosidades ou o aspecto das rochas
não é favorável, é impossível se ter lençóis freáticos na região.

Superfície do solo

Zona saturada

Lençol Rocha

Figura 6 Perfis longitudinais de uma região com lençóis freáticos

A pergunta que se faz aqui é a seguinte: seria possível ao ser humano


modificar, a preços compensadores, a macro rugosidade das rochas profundas
de uma região em grandes extensões?
Bem, isto é um desafio, mas este pesquisador acha que sim, que isto é
possível. Por exemplo, usando explosivos nestas regiões, que desagregariam
as rochas que depois poderiam ser semi-impermeabilizadas localmente com a
injeção de algum tipo de pasta de cimento ou argila ou uma outra solução mais
plausível. É claro que isto é um exercício de futurologia, mas é possível, já que
no futuro da humanidade a água será imprescindível e, evidentemente, o seu
custo sempre será compensador, como é atualmente o custo do petróleo que é
extraído em grandes profundidades no mar, o que antigamente era impossível.
Será que em um futuro próximo não existirão empresas especializadas
em impermeabilização profunda de bordas de bacias? È bem provável.

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Capítulo 17
A vida saudável do campo

Bem, que me perdoem os urbanistas, principalmente os ufanistas, mas


a vida no campo, ao ar livre, indubitavelmente, é muito melhor que na cidade,
que já teve a sua parte na história, principalmente após a revolução industrial,
mas este pesquisador acha que no futuro, a vida humana, em parte, fatalmente
voltará para o campo, já que as nossas cidades estão ficando doentes.
Mas como voltar ao campo se o campo, principalmente, no Brasil, ainda
não oferece condições de vida?
Bem, para se viver no campo, se necessita de uma série de coisas que
aos poucos o ser humano vai adquirindo e ficando cada vez mais fáceis, como,
por exemplo, energia, que pode ser solar, eólica, saneamento, comunicação,
que, no futuro, será quase que exclusivamente com microcomputadores e,
entre outras, a água, para uma série de usos que nem precisamos citar.
Vocês já experimentaram verificar qual é a área de nossas cidades em
relação à área territorial do Brasil, por exemplo? É ínfima, e, no entanto grande
parte de nossa população, a maioria, vivem nas cidades, se espremendo, num
ambiente artificial, por que o homem, queira ou não queira, veio do campo,
como, sabiamente, vivem os nossos índios, sem muito estresse.
Mas por que os homens que querem, mas ainda não podem, não voltam
ao campo, onde as áreas territoriais são imensas e a vida bem menos tensa?
É por que o nosso campo, o brasileiro, que este pesquisador conhece,
não oferece ainda condições de subsistência condigna. Mas na hora que isto
for possível, o êxodo será fatal e as nossas cidades vão emagrecer e muito e
ai, quem sabe, terão condições de se recompor e virarem dignas novamente.
Ou seja, querendo ou não querendo, uma das saídas para o homem é o
campo, que precisa ser domado, já que os nossos índios vivem em reservas
onde a natureza foi pródiga naturalmente.
Ou seja, já que existe o urbanismo, que é matéria e profissão, porque o
ser humano não cria a matéria e a profissão de ruralismo e comece a estudar o
campo como condição de se viver bem ou mesmo melhor que nas cidades?
Bem, para se domar o campo, hoje em dia, não é tão difícil e aqui nós
tentamos mostrar que sem um lençol de água é impossível, pois são eles é
que armazenarão a água para o consumo.
Ou seja, esta foi a nossa contribuição, para o bem estar humano, ou
seja, suscitar o ser humano a domar a natureza, construindo lenços artificiais
no campo e mudar artificialmente a sua natureza indômita.
Se o campo não nos é propício, por que não tentar acalmá-lo, torná-lo
mais urbano, que me perdoe os urbanistas, pela intromissão, e criarmos micro
comunidades campestres. Nós achamos que devem existir milhares de locais
no Brasil e no mundo que se bem analisadas, se fossem feitas algumas
barragens subterrâneas, poderiam dar condições de subsistência a milhões de
pessoas em locais onde antes era impossível a sua utilização.
Alguém já o disse, o nosso querido Geraldo Vandré, que quem sabe faz
a hora e este pesquisador fica triste quando vê o governo gastar milhões em
cidades doentes e nada no campo, para tentar mudar esta situação.

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Bibliografia

1 BRANCO, Samuel Murgel. Água: Origem, Uso e Preservação. Editora


Moderna. São Paulo. 1996.

2 CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos Solos e suas Aplicações.


Livros Técnicos e Científicos. Rio de janeiro. 1976.

3 CARVALHO, Hernani. Curso de Barragem de Terra com Vista ao.


Nordeste Brasileiro. DNOS. Ministério do Interior. Fortaleza. 1982.

4 CHOW, Ven te. Applied Hydrology. McGraw Hill International Editions.


Civil Engineering Series. New York. 1988.

5 GARCEZ, Lucas Nogueira e ALVAREZ, Guillermo A. Hidrologia.


Editora Edgard Blücher. São Paulo. 1988.

6 LINSLEY, R. e FRANZINI, J. Engenharia de Recursos Hídricos.


Editora da Universidade de São Paulo. Editora Mc.Graw Hill do
Brasil. São Paulo. 1978.

7 LINSLEY, R., KOHLER M. e PAULHUS J. Hydrology for Engineers.


Mc.Graw - Hill International Book Company.1982.

8 LINSLEY, R. KOHLER M. e PAULHUS J. Applied Hydrology.


McGraw-Hill Publishing Company. New York. 1980.

9 PINTO, Nelson de Souza e outros. Hidrologia Básica. São Paulo.


Editora Edgard Blucher. São Paulo. 1976.

10 RAGHUNATH, H. M. Hydrology. A Halsted Press Book.John Wiley &


Sons. New York. 1985.

11 RAMOS, Fabio e outros. Engenharia Hidrológica. Coleção ABRH de


Recursos Hídricos. Associação Brasileira de Recursos Hídricos.
Editora UFRJ. Rio de Janeiro. 1989.

12 RIGUETTO, Antonio Marozzi. Hidrologia e Recursos Hídricos.


Escola de Engenharia de São Carlos. São Paulo. 1998.

13 TUCCI, Carlos e outros. Drenagem Urbana. ABRH - Associação


Brasileira de Recursos Hídricos. Editora da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. 1995.

14 WILKEN, Paulo Sampaio. Engenharia de Drenagem Superficial.


CETESB. São Paulo. 1978.

15 VILLELA, Swami Marcondes e MATTOS, Arthur. Hidrologia Aplicada.


São Paulo. Editora. Mc. Graw Hill do Brasil.

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Dados biográficos do autor deste livro

Carlos Pereira de Novaes


Formado em Engenharia Civil formado na Faculdade de
Engenharia Civil de Araraquara em 1979. Ele é também
Mestre em Engenharia Civil pelo Departamento de
Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia
de São Carlos-USP, no ano de 1985.
Atualmente é professor de Hidrologia Aplicada,
Hidráulica e Drenagem Urbana do Departamento de
Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de
Santana, na Cidade de Feira de Santana, situada no
Estado da Bahia. Ele é um professor de hidrologia e de
hidráulica que pensa que no nordeste semi-árido existe seca, mas que o nosso
maior problema não é bem a seca, já que todo ano chove, mas que a água se
infiltra, se perde no solo, infiltra e caminha inexoravelmente para o mar, sobre
as superfícies rochosas que sustentam os nossos solos, que muita gente, sem
pensar direito, chama de perda por evapotranspiração, vocês nos desculpem
este vocabulário em um livro tão simples como este, mas que, no fundo, não é
bem só por evapotranspiração, mas sim, por evapotranspiração e infiltração ou
percolação profunda, que é água infiltrada que, no fim, vai é parar lá no mar
sem aproveitamento nenhum, cuja vida útil sobre a terra, visível, é só de horas,
na forma de escoamento superficial difuso na superfície, que infiltra e alimenta
os lençóis freáticos, que ninguém conhece bem, mas que já se sabe, sustenta
uma grande parte da água acumulada neste mundo, subterraneamente. Mas o
que é lençol freático? Ora é a água que se escoa subterraneamente e que fica
retida sobre as superfícies das rochas profundas, em baixo do subsolo. Ora, se
estes barramentos naturais já existem, nas formas naturais, nos locais ricos em
lençóis freáticos e não existem nos locais pobres de lençóis, já que a natureza
é variável, de local para local, por que não criá-los, nas formas artificiais, fazer
aquilo que a natureza caprichosa não fez?
Vejam, este é o principio fundamental daquilo que nós denominamos de
barragens subterrâneas, imitar as naturezas dos locais mais ricos em aqüíferos
freáticos, fazer o que natureza não fez e recriar o horizonte destes lençóis em
regiões pobres de aqüíferos, melhorar a natureza, às vezes, adversas. Ora, se
Deus fez, por que nós não podemos nem ao menos imitar, recriar o natural?
Ou seja, a nossa idéia, que não é humilde e é cara: é acabar com a
seca do planeta, mudar os nossos paradigmas puramente observadores e, por
que não, recriar a obra do Altíssimo, nos perdoe a incrença daqueles que não
crêem nestas coisas, e mudar a história deste mundo, incluindo ai também o
nosso nordeste, e revitalizar as palavras de Antonio Conselheiro que dizem,
disse um dia, que o sertão iria virar mar. Será? Bem, água é que não falta e
para isso contamos com a colaboração das divindades para nos auxiliar e que
Deus seja o guardião de nossas pretensões. Oxalá seja assim.
Para aqueles que não acreditam que este mundo pode ser mudado, que
este livro é coisa de mentiroso, nós mostraremos que o nosso nordeste semi-
árido pode até mudar e isto não é conversa para dormir não, pois o futuro vai
mostrar que as idéias brotam como água dos olhos d´águas, para inundar este
mundo de água e mostrar que nossa região não é tão semi-árida como parece,
que aqui também em se plantando tudo dá. Obrigado pela atenção. O autor.

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