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Este documento contém notas utilizadas na primeira aula do curso de Cálculo Numérico
e apresenta de forma breve os processos de resolução de problemas através de métodos
numéricos. Será apresentado um modelo que descreve o comportamento da velocidade de um
paraquedista durante o salto de um balão. As soluções analíticas e numéricas serão comparadas.
Motivação
Métodos numéricos são técnicas pelas quais problemas matemáticos são formulados de
modo que seja possível resolvê-los com operações aritméticas. Na prática, estes métodos
envolvem um grande número de operações repetitivas. Nada mais óbvio do que usar
computadores para realizar estas operações. Desde o final da década de 1940, computadores têm
sido usados para resolver métodos numéricos. Inicialmente, restritos aos poucos cientistas de
grandes centros de pesquisa que tinham acesso aos grandes computadores, os computadores
pessoais permitiram que estudantes e engenheiros resolvessem os métodos numéricos através de
programas de computador.
Métodos numéricos permitem a resolução de problemas com muitas equações e
geometrias complexas. Para resolução destes problemas, pode-se utilizar programas de
computador especializados na resolução de métodos numéricos ou desenvolver algoritmos em
uma linguagem de programação. Nesta disciplina iremos utilizar programas como Matlab,
Octave e o Scilab1 para resolver equações, análise gráfica de funções, realizar operações com
matrizes, algoritmos dentre outras aplicações. Linguagens de programação de alto nível como
C++ também são utilizadas na construção de algoritmos, mas, na maioria das vezes, demandam
maior dificuldade na codificação dos métodos numéricos.
Resolução de problemas
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Modelo Matemático
Um modelo matemático pode ser definido como uma formulação ou equação que
expressa as características essenciais de um sistema ou processo físico em termos matemáticos.
Com base em sua observação, Newton2 formulou a segunda lei do movimento que afirma que a
taxa de variação no tempo do momento de um corpo é igual à força resultante agindo sobre este
corpo (momento linear ou quantidade de movimento é definido pelo produto da massa pela
velocidade de um corpo). A expressão ou modelo para esta lei pode ser descrita por:
F=m*a (1.1)
Onde:
F é a força em N, m a massa do objeto em Kg e a a sua aceleração em m/s².
A expressão (1.1) tem as seguintes características:
• Descreve um processo ou sistema em termos matemáticos;
• Apresenta uma aproximação, pois despreza alguns efeitos como o da relatividade que tem
efeitos mínimos nas velocidades em escalas perceptíveis aos humanos.
• Produz resultados que podem ser reproduzidos e servem para gerar previsões.
A segunda lei de Newton pode ser usada para expressar a velocidade final de um corpo,
por exemplo um paraquedista, em queda livre perto da superfície da Terra. Expressando a
aceleração como a taxa da variação no tempo da velocidade (dv/dt) e substituindo na expressão
(1.1), temos:
dv / dt = F / m (1.2)
Onde:
v é a velocidade em m/s e t o tempo em s.
Para um corpo em queda livre na próximo a superfície da terra, a força resultante sobre
este corpo é composta de duas forças opostas: a força gravitacional apontando para baixo (F G) e a
força da resistência do ar apontando para cima (FR).
F = FG + FR (1.3)
Associando o sinal positivo à força da gravidade que tem sentido para baixo, a expressão
(1.1) pode ser descrita como:
FG = m . g (1.4)
Onde:
2 http://pt.wikipedia.org/wiki/Isaac_Newton
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para este modelo, 53,39 m/s. Nesta velocidade, a força da gravidade estará em equilíbrio com a
força de resistência do ar.
A equação (1.8) é considerada uma solução analítica ou exata para o problema, apesar
das simplificações do modelo. Porém, há casos onde não é possível obter a solução analítica.
Nestes casos, uma solução numérica que a aproxima a solução é utilizada.
Um exemplo de aproximação para o modelo de queda livre descrito anteriormente pela
segunda lei de Newton é aproximar a taxa de variação no tempo da velocidade por:
dv / dt ~= Δv / Δt = ( v(ti+1) – v(ti) ) / ( ti+1 – ti ) (1.9)
Onde: Δv e Δt são as diferenças da velocidade e do tempo calculados em intervalos finitos. Do
cálculo sabemos que dv / dt = lim Δv / Δt, quando Δt tende a zero.
A equação (1.9) é chamada de aproximação por diferença dividida finita da derivada no instante
ti . Esta equação pode ser substituída na equação (1.8), fornecendo:
( v(ti+1) – v(ti) ) / ( ti+1 – ti ) = g – ( c / m ) * v( ti ) (1.10)
Ou, de outra forma,
v(ti+1) = v(ti) + [ g – ( c / m ) * v( ti ) ] * ( ti+1 – ti ) (1.11)
A parcela da equação que se encontra entre colchetes é a parcela a direita da equação
(1.7) e representa a taxa de variação da velocidade do tempo ou a inclinação de v. Da equação
(1.11) temos que:
valor atual = valor anterior + inclinação x tamanho do passo.
Esta abordagem de encontrar novos valores é chamado de método de Euler. A medida
que o processo de encontrar novos valores avança, o método de Euler apresenta uma taxa de erro
crescente. O problema é que o método tem um erro local na aproximação inicial da derivada e
este erro se acumula à medida que as iterações são executadas.
Observe que na equação (1.11), dado um valor inicial para v no instante ti, podemos
calcular os subsequentes valores de v nos instantes ti+1.
Exemplo 2: Solução numérica para o problema do paraquedista em queda livre
Use a equação (1.11) para resolver o problema do Exemplo 1.
Usando os dados presentes no Exemplo 1, podemos a partir de t =0, calcular a velocidade em t
=2.
v(2) = 0 + [ 9,8 – (12,5 / 68,1) * 0 ] * 2 = 19,60 m/s
A velocidade v no instante t = 4 s é obtida a partir de v(2).
V(4) = 19,60 + [ 9,8 – (12,5 / 68,1) * 19,60] * 2 = 32,00 m/s
Desta forma, obtemos os dados da tabela 2.
Tabela 2
t(s) 0 2 4 6 8 10 12
v(m/s) 0,00 19,60 32,00 39,85 44,82 47,97 49,96
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Considerações Finais
Referências:
CHAPRA, Steven C., CANALE, Raymond P. Métodos Numéricos para a Engenharia. 5ª Ed.
MCGRAW-HILL BRASIL, 2008 (Capítulo 1)
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