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Analgésicos

(Ponstan)

Prof. Dr. Luis Octávio Regasini

João Matheus Cassiano

Lais Fernanda

Luan Viana

Taciana Guarnieri S. Guimarães

São José do Rio Preto

2019
I. ANALGÉSICOS

Os analgésicos são medicamentos considerados depressores seletivos do sistema


nervoso central (SNC), isto é, atuam diminuindo o nível de atividade no cérebro, sendo
empregados para o alívio da dor sem causar a perda de consciência e ativando os receptores
opióides (KOROKOLVAS; BURCKHALTER, 1982).
A Associação Médica Norte Americana atribui aos analgésicos uma classificação
geral conforme seu uso para alívio de dores intensas, sendo estes os analgésicos fortes,
subdivididos em narcóticos e não-narcóticos e, há os analgésicos suaves, utilizados no
tratamento de dores suaves ou moderadas (KOROKOLVAS; BURCKHALTER, 1982). Os
analgésicos também podem ser divididos em analgésicos simples, como a dipirona ou
paracetamol, que podem ser adquiridos sem receita, e opióides que normalmente apenas são
adquiridos com receituário médico. (Copyright, 2017)
Anteriormente, a classe de analgésicos fortes, foi nomeada como hipnoanalgésicos ou
narcóticos, mas atualmente também aplica-se o termo opióides. Estes atuam complexando-se
com múltiplos receptores estereoespecíficos em locais do SNC, sistema nervoso periférico e
sistema nervoso entérico (FERREIRA; FACCIONE, 2005).
Em relação aos analgésicos suaves, estes também podem apresentar outras ações,
como antitérmica, que aliviam estados febris, e anti inflamatória, aliviando sintomas
reumáticos, ou seja, dores e inflamações (KOROKOLVAS; BURCKHALTER, 1982).
Detalhadamente, estes medicamentos podem ser classificados em quatro grupos:
compostos naturais do ópio, compostos semi-sintéticos, compostos sintéticos e antagonistas
opióides, sendo diferidos em estrutura e atividade (KOROKOLVAS; BURCKHALTER,
1982).
II. HISTÓRICO DA DESCOBERTA DOS ANALGÉSICOS

O ópio é a substância original deste grupo farmacológico. Este é extraído da papoula


(Papaver somniferum), espécie evolutiva nativa da Ásia, que crescia em torno do
Mediterrâneo (DUARTE, 2005). A evidência mais antiga do cultivo desta planta data de
5.000 anos, por povos Sumérios que a nomeava de “planta da alegria”. Ao longo do tempo,
os opiáceos foram então amplamente utilizados para fins recreativos e medicinais, sem se
conhecer os riscos associados ao seu consumo excessivo e incorreto.
O início do século XIX foi marcado pela descoberta da morfina por Friedrich
Sertuner, um farmacêutico alemão que pesquisou sobre isolamento de princípios ativos do
ópio. Em 1803, este farmacêutico publicou no Journal of Pharmacies sobre o isolamento do
ácido mecônico porém, após aplicá-lo em animais, relatou-se que esta substância era
quimicamente inativa. Até que posteriormente, ele identificou uma substância insolúvel em
água, apresentando propriedades químicas de um alcalóide. A este, atribuiu o nome de
morphium, em homenagem ao deus grego do sono, e publicou sobre sua descoberta em 1816,
apresentando detalhes sobre suas propriedades químicas e farmacológicas e após isso, o
químico Gay Lussac sugeriu a mudança de nome da substância para morfina (DI, 1968).
Anos depois, o próprio Sertuner resolveu realizar uma auto experiência com a morfina e
relatou: “ Considero meu dever chamar a atenção para os efeitos terríveis dessa nova
substância a fim de que uma calamidade possa ser evitada” (DUARTE, 2005).

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Sabe-se atualmente, que o pó de ópio é constituído por pelo menos 25 alcalóides,
sendo que a morfina representa 10% destes e o restante, é aplicado para produção de outros
derivados, como a codeína, que foi isolada pela primeira vez por Robiquet em 1832; a
tebaína, que foi isolada em 1835 por Pelletier e Thibouméry; a papaverina e entre outros
(CORBETT, 1966).

III. SUBCLASSES DE ANALGÉSICOS

Como dito anteriormente, os analgésicos podem ser divididos em quatro classes:


compostos naturais do ópio; compostos semi-sintéticos, compostos sintéticos e antagonistas
opióides.
III.1. Compostos Naturais do Ópio

Estes podem se encaixam no grupo de derivados de benzilisoquinolina, sendo os


alcalóides principais papaverina, narcotina e narceína, que atuam como depressores da
musculatura lisa sem ação sobre o SNC, ou no grupo dos fenantrênicos, que estimulam a
musculatura lisa e atuam como agentes euforizantes. Seus alcalóides principais são morfina,
codeína e tebaína.
A morfina é o principal alcalóide natural do ópio. Sua estrutura molecular (Figura 1)
apresenta um anel aromático, um anel ciclohexano, um anel tetrahidrofurano, um anel
piperidínico e um anel ciclohexeno. Sua atividade farmacofórica encontra-se no carbono
ligado à hidroxila no anel ciclohexeno (destacado na figura), na qual a inversão na
configuração deste carbono, aumenta a analgesia pois inverte o centro quiral.
Figura 1. Estrutura molecular da morfina

Fonte:(https://pt.wikipedia.org/wiki/Morfina)

III.2. Compostos Semi-Sintéticos

Os compostos semi-sintéticos mais conhecidos são a codeína e a heroína.


Estruturalmente, a codeína difere-se da morfina pela presença de um grupo metóxi no anel
aromático, o que a torna um analgésico mais fraco (Figura 2). Já a heroína, é considerada até
três vezes mais potente que a morfina, devido a presença de grupos acetóxi nos carbonos do
anel aromático e do ciclohexeno (Figura 2).
Figura 2. Estruturas moleculares da codeína e heroína, respectivamente.

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Fonte: (https://pt.wikipedia.org/wiki/Hero%C3%ADna)

III.3. Compostos Sintéticos e Antagonistas opióides

Como exemplo desta subclasse, temos levorphanol, que possui sua atividade
farmacofórica baseada na perda de um anel de carbonos da estrutura original da morfina.
Já os antagonistas opióides são aplicados no tratamento de toxicidade induzida de
opióides. São produzidos por substituições químicas no nitrogênio do anel piperidínico da
molécula da morfina. Exemplos são nalorfina (Figura 3), levalorfan e naloxona.
Figura 3. Estrutura molecular da nalorfina

Fonte: (https://pt.wikipedia.org/wiki/Nalorfina)

IV. Exemplo de Analgésico: Ponstan


O Ponstan é um exemplo de analgésico suave, indicado para o alívio da dor e
tratamento dos sintomas de artrite, reumatoides, osteoartrite, dismenorreia primária, síndrome
pré-menstrual e menorragia causada, ou não, pelo o uso de DIU, em adultos e crianças com
mais de 14 anos de idade, sendo composto por 500 mg de ácido mefenâmico em um só
comprimido ("Ponstan - Bula de Ponstan", 2019)
Suas contraindicações são para que não haja o uso em crianças com menos de 14
anos de idade, pacientes com histórico de alergia ao ácido acetilsalicílico ou outros anti-
inflamatórios não-esteróides, com sintomas como broncoespasmo, rinite alérgica ou lesões
avermelhadas na pele com coceira, pacientes com úlcera ativa ou inflamação crônica no
esôfago, estômago e intestinos, dor devido a cirurgia de revascularização do miocárdio,
problemas de no funcionamento dos rins, fígado ou coração e para pacientes com alergia ao
Ácido Mefenâmico ou a outros componentes da fórmula ("Ponstan - Bula de Ponstan", 2019)
O ácido mefenâmico (Figura 4) é um agente não esteróide, que apresenta atividade
antiinflamatória, analgésica e antipirética, atuando na inibição síntese de prostaglandinas,
competindo pelo sítio de ligação dos receptores desta, sendo este o seu mecanismo
farmacodinâmico de atuação (PFIZER, 2014).

Figura 4. Estrutura molecular do ácido mefenâmico

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Fonte:(http://quimicanova.sbq.org.br/detalhe_artigo.asp?id=6112)

IV.1 Posologia
Em sua posologia geralmente é recomendada a dose de 1 comprimido de 500 mg,
administrado 3 vezes ao dia, nos quais devem ser engolidos inteiros, juntamente com um
copo de água, com preferência logo após de uma refeição.

IV.2 Propriedades farmacocinéticas


As suas propriedades farmacocinéticas apresentam em absorção o ácido mefenâmico
que é rapidamente absorvido pelo trato gastrintestinal. Após uma dose oral de 1 g a adultos,
níveis plasmáticos máximos de 10 mcg/mL ocorrem no intervalo de 1 a 4 horas, com uma
meia-vida de 2 horas. Após doses múltiplas, os níveis plasmáticos são proporcionais à dose,
sem acúmulo do fármaco. Um grama de ácido mefenâmico administrado 4 vezes ao dia
produz níveis plasmáticos máximos de 20 mcg/mL por volta do segundo dia de tratamento.
Na distribuição o ácido mefenâmico liga-se extensivamente às proteínas plasmáticas.
O metabolismo do ácido mefenâmico é predominantemente mediado via citocromo
P450 CYP 2C9 no fígado. O ácido mefenâmico deve ser administrado com cautela em
pacientes com certeza ou suspeita de serem metabolizadores fracos pela CYP2C9, baseados
no histórico ou experiência prévia com outros substratos CYP2C9. Esses pacientes podem ter
níveis plasmáticos altos anormais devido ao reduzido clearance metabólico. A sua
eliminação acontece após uma única dose oral, 52-67% da dose é recuperada na urina sob a
forma inalterada ou sob forma de um dos dois metabólitos. Após três dias de tratamento, 20-
25% da dose administrada é eliminada nas fezes, principalmente como metabólito II não-
conjugado. Ratas que receberam até 10 vezes a dose recomendada para humanos mostraram
diminuição da fertilidade, atraso no parto e taxa de sobrevivência ao desmame reduzida. Não
foram observadas anormalidades fetais neste estudo e nem em outro no qual utilizou cães
recebendo 10 vezes a dose recomendada para humanos (PFIZER, 2014).

IV.3. Toxicidade
Estudos atuais tiveram como resultados que menos de 5 % dos pacientes que tomam o
ácido mefenâmico apresentam elevações transitórias das aminotransferases séricas. Já a
elevação hepática são casos muito raros e o ácido mefenâmico nesses casos não é
mencionado como agente etiológico.Em um relato de caso, a latência para o início dos
sintomas foi curta e associada à síndrome de Stevens-Johnson e à lesão hepática colestática.
A escassez de casos publicados impossibilita a caracterização de um padrão clínico típico de
lesão hepática. A DL50 dada por rato, oralmente é de 740 mg kg -1. Em superdosagem causar
dor de estômago grave, vômito, fezes escuras, pulsação invulgarmente rápida ou lenta, os
músculos ficam fracos e diminui a respiração, deixando-a lenta ou superficial. Causa
confusão, a perda da consciência e a cefaléia intensa. Todos esses resultados foram
constatados em testes com ratos. (Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia, n.m)

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V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORBETT, C.E. Hipnoanalgésicos: Elementos de Farmacodinâmica. 2ª edição. São Paulo,


1966.

DI, M. The history of opium and in antiquity. Journal of the American Pharmacists
Association. V. 8, p. 446-447, 1968.

DUARTE, F.D. Opium and Opioids: a brief history. Revista Brasileira de Anestesiologia.
V.55, n.1, p. 135-146, 2005.

FERREIRA, D.T.; FACCIONE, M. Opiáceos, opióides de ação analgésica e antagonistas.


Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas. V.26, n.2, p. 125-136, 2005.

KOROLKOLVAS, A.; BURCKHALTER, J.H. Química Farmacêutica. Editora Guanabara


Koogan. 1ª edição. São Paulo, 1982.

PFIZER. Identificação de medicamento: Ponstan (ácido mefenâmico). 2014. Disponível em:


<http://www.pfizer.com.br/sites/g/files/g10030031/f/product_attachments/Ponstan_PS.pdf>.
Acesso em 04 de fevereiro de 2019.

PONSTAN - BULA DE PONSTAN. Disponível em: <https://www.bulario.com/ponstan/>.


Acesso em: 9 fev. 2019.

Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia. Banco de Dados Composto PubChem;


CID = 4044, https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/4044 (acessado em 10 de fevereiro
de 2019).
COPYRIGHT. Tipos de analgésicos: reconheça as diferenças. Disponível em:
<https://advancecare.pt/artigos/saude-e-bem-estar/tipos-de-analgesicos-reconheca-as-
diferencas>. Acesso em: 7 fev. 2019.

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