-Paciente relata que procurou o terapeuta com queixa de bruxismo (ranger de dentes) e estranhou atitudes e conselhos deste, tais como, trancar à chave a porta do consultório e dizer frases de cunho sedutor/sexual, de modo que sentiu-se traída e lesada, o que a fez encerrar a terapia, pois entendeu que havia um desejo latente do psicólogo por ela. Entendeu também que o profissional faltou com a ética ao não realizar encaminhamento para outro psicólogo. Além disso, o terapeuta lhe atribuiu patologias, segundo ela inexistentes, que só soube durante o decorrer do processo ético, pois não foi informada do diagnóstico durante os atendimentos. O psicólogo afirma que foram realizadas oito sessões, que foi procurado pela paciente com queixa de obesidade, associada à ansiedade e angústia, e que o bruxismo sequer foi citado. Indicou nutricionista para uma reeducação alimentar, não sendo necessário o encaminhamento a um psiquiatra. Disse que trancava a sala para privacidade, pois poderia ser "invadida", como já havia sido anteriormente. Quanto às atitudes e falas, interpretadas pela paciente como de cunho sexual, afirmou tratar-se de inverdades e fantasias da mesma. Chegou ao diagnóstico de "transtorno dissociativo e conversivo, associado a severo transtorno de caráter, além de uma orientação homossexual perturbada". Acatou a solicitação de encerramento por parte da pessoa atendida, sem indicar encaminhamento para outro psicólogo ou expressar a necessidade de continuidade da terapia. Não foram encontrados indícios materiais quanto às insinuações de cunho sexual, além das declarações verbais de ambos os lados que se conflitam e nada provam. No entanto, verificou-se que a queixa inicial mencionada pelo psicólogo não coaduna diretamente com o diagnóstico por ele citado, além do que, tal diagnóstico foi considerado muito específico para o número reduzido de sessões realizadas. A paciente vivenciou angústias e temores que não foram trabalhados por meio de intervenções que poderiam ter lhe ajudado a dar novo sentido às emoções. Houve aumento da tensão, culminado no rompimento do vínculo terapêutico. Por fim, houve uma incoerência entre o diagnóstico por ele assumido e a técnica utilizada: toques corporais e sintomas histéricos, dissociativos e conversivos. - Artigo do Código de ética que foi infringido: Ao não encaminhar para outro profissional e não aprofundar em questões importantes como as angústias da paciente, o terapeuta, fornece um serviço ineficiente e incompleto, além de diagnosticar precocemente patologias que não foram tratadas a partir de um embasamento científico. Desta forma, pode-se compreender que o profissional infringiu o Código de Ética dos Psicólogos de acordo com o seguinte artigo: Art. 1º São deveres fundamentais do Psicólogo: ...c) prestar serviços psicológicos em condições de trabalho eficiente, de acordo com os princípios e técnicas reconhecidas pela ciência, pela prática e pela ética profissional.