Língua Portuguesa
Um pé de milho Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas
Rubem Braga
Os americanos, através do radar, entraram em
contato com a Lua, o que não deixa de ser
emocionante. Mas o fato mais importante da
semana aconteceu com o meu pé de milho.
Aconteceu que, no meu quintal, em um monte
de terra trazida pelo jardineiro, nasceu alguma coisa
que podia ser um pé de capim – mas descobri que
era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo
canteiro da casa. Secaram as pequenas folhas;
pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando
estava do tamanho de um palmo, veio um amigo e
declarou desdenhosamente que aquilo era capim.
Quando estava com dois palmos, veio um outro
amigo e afirmou que era cana.
Sou um ignorante, um pobre homem da cidade.
Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois
metros, lança suas folhas além do muro e é um
esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de
milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de
milharais – mas é diferente.
Um pé de milho sozinho, em um canteiro
espremido, junto do portão, numa esquina de rua –
não é um número numa lavoura, é um ser vivo e
independente. Suas raízes roxas se agarram no chão
e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis.
Detesto comparações surrealistas – mas na lógica
de seu crescimento, tal como vi numa noite de luar,
o pé de milho parecia um cavalo empinado, de
crinas ao vento e em outra madrugada, parecia um
galo cantando.
que nos encantou como se fosse inesperado: meu
pé de milho pendoou. Há muitas flores lindas no
mundo, e a flor de milho não será a mais linda. Mas
aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do
mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com
uma força e uma alegria que me fazem bem. É
alguma coisa que se afirma com ímpeto e certeza.
Meu pé de milho é um belo gesto da terra. Eu não
sou mais um medíocre homem que vive atrás de
uma chata máquina de escrever: sou um rico
lavrador da rua Júlio de Castilhos.
✎EXPRESSÃO ORAL
1. Qual o motivo que levou o autor a escrever a crônica?
2. A introdução do texto fala do que é mais importante
no mundo do autor?
3. Por que as pessoas tinham opiniões diversas sobre o
que era a planta?
4. Por que o cronista ficou tão contente com o
nascimento de uma flor no pé de milho?
✎COMPREENSÃO/INTERPRETAÇÃO
1. A flor do milho não é a mais linda do mundo, conforme
o próprio autor diz.
Em que se acha o valor da flor do pé de milho, na visão
do autor?
2. O que existe de especial em o autor comparar a
emoção de os americanos terem ido à Lua com a
importância do pé de milho do texto?
3. O fato de o pé de milho pendoar era inevitável. Qual o
motivo por que pareceu inesperado para o autor?
4. Por que diz o autor que um pé de milho é diferente de
um milharal?
5. O autor compara o seu pé de milho com um cavalo
empinado e com um galo cantando, no final do 4º
parágrafo.
Assim, procure uma palavra que resuma e caracterize
esta qualidade do pé de milho. Justifique a sua escolha.
6. Explique por que o autor diz: “Um pé de milho... não é
um número... é um ser vivo e independente”.
7. “Sou um ignorante, um pobre homem da cidade”.
Ora, normalmente, o homem ignorante é o do campo.
Como o autor pode falar assim, levando em conta a
realidade do texto?
8. “Detesto comparações surrealistas”. Apesar de
detestá-las, o cronista faz alguma? Qual?
9. Diga o que você entende da última frase do texto.
✎PRODUÇÃO
1. Reescreva, as passagens do texto, substituindo por um
sinônimo ou expressão equivalente o que estiver
destacado:
a) “Os americanos, através do radar, entraram em
contato com a Lua...”
b) “Transplantei-o para o exíguo canteiro...”
c) “...e declarou desdenhosamente que aquilo era
capim”.
d) “...veio enriquecer o nosso canteirinho vulgar...”
8 Milharal é o nome que se dá à plantação de milho. Que
termos corresponderiam a plantações de cana, trigo,
arroz e maçã?
9. Lavrador é o nome de uma profissão relacionada à
terra. O que significam os termos agrimensor, agrônomo
e agricultor? E bóias-frias?
✎PRETEXTO
1. Fazendo um confronto entre a vida na cidade e a vida
no campo, responda:
a) três vantagens da vida na cidade;
b) três desvantagens da vida na cidade
2. Por que os habitantes do campo vêm em grande
número para os centros urbanos? Quais os problemas
que isso acarreta? O que se deve fazer para evitar isso?

2. Observe as expressões destacadas e troque cada uma

delas por um só termo, mas que seja sinônimo, de acordo
com o texto.
a) “Sou um ignorante, um pobre homem da cidade”.
b) “...tal como vi numa noite de luar...”
c) “...beijado pelo vento do mar...”

3. Veja esta passagem do texto: “...um medíocre homem

que vive atrás de uma chata máquina de escrever...”
a) O que o autor pretendeu dizer a respeito da máquina,
chamando-a de “chata”?
b) Construa, de sua imaginação, uma mensagem, bem
feita, com a palavra “chata”, num sentido diferente do
que está no texto.

4. Diante da passagem do texto: “Sou um ignorante, um

pobre homem da cidade”.
a) escreva o sentido que o autor usou para esta palavra;
b) agora, escreva o que passaria a significar se, em vez do
que está no texto, viesse: “homem pobre”.

5. “Os americanos...”. Também nós, os brasileiros, somos

americanos? Qual a distinção que poderíamos fazer?

6. “...um pé de capim”. As vezes utilizamos vocábulos

que designam partes do corpo humano para caracterizar
seres inanimados. Dê exemplos com costas, perna, olho
e dente.

7. Canteiro se refere a um pequeno espaço plantado com

flores ou legumes. Qual o nome que é dado a um local
plantado com árvores frutíferas? E a um local plantado
com árvores em geral?
Interpretação textual – Um pé de milho “Você é único quando pensa diferente.” Pág. 2
Gabarito – Interpretação textual – Um pé de milho
Lição Prática – www.licaopratica.com.br
Um pé de milho
Rubem Braga
Os americanos, através do radar, entraram em
contato com a Lua, o que não deixa de ser
emocionante. Mas o fato mais importante da
semana aconteceu com o meu pé de milho.
Aconteceu que, no meu quintal, em um monte
de terra trazida pelo jardineiro, nasceu alguma coisa
que podia ser um pé de capim – mas descobri que
era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo
canteiro da casa. Secaram as pequenas folhas;
pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando
estava do tamanho de um palmo, veio um amigo e
declarou desdenhosamente que aquilo era capim.
Quando estava com dois palmos, veio um outro
amigo e afirmou que era cana.
Sou um ignorante, um pobre homem da cidade.
Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois
metros, lança suas folhas além do muro e é um
esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de
milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de
milharais – mas é diferente.
Um pé de milho sozinho, em um canteiro
espremido, junto do portão, numa esquina de rua –
não é um número numa lavoura, é um ser vivo e
independente. Suas raízes roxas se agarram no chão
e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis.
Detesto comparações surrealistas – mas na lógica
de seu crescimento, tal como vi numa noite de luar,
o pé de milho parecia um cavalo empinado, de
crinas ao vento e em outra madrugada, parecia um
galo cantando.
Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas
que nos encantou como se fosse inesperado: meu
pé de milho pendoou. Há muitas flores lindas no
Interpretação textual – Um pé de milho
mundo, e a flor de milho não será a mais linda. Mas
aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do
mar, veio enriquecer nosso canteirinho vulgar com
uma força e uma alegria que me fazem bem. É
alguma coisa que se afirma com ímpeto e certeza.
Meu pé de milho é um belo gesto da terra. Eu não
sou mais um medíocre homem que vive atrás de
uma chata máquina de escrever: sou um rico
lavrador da rua Júlio de Castilhos.
✎EXPRESSÃO ORAL
1. Qual o motivo que levou o autor a escrever a crônica?
2. A introdução do texto fala do que é mais importante
no mundo do autor?
3. Por que as pessoas tinham opiniões diversas sobre o
que era a planta?
4. Por que o cronista ficou tão contente com o
nascimento de uma flor no pé de milho?
Respostas pessoais.
✎COMPREENSÃO/INTERPRETAÇÃO
1. A flor do milho não é a mais linda do mundo, conforme
o próprio autor diz.
Em que se acha o valor da flor do pé de milho, na visão
do autor?
Veio enriquecer o canteiro e, consequentemente, a vida
do autor.
2. O que existe de especial em o autor comparar a
emoção de os americanos terem ido à Lua com a
importância do pé de milho do texto?
A raridade do acontecimento.
3. O fato de o pé de milho pendoar era inevitável. Qual o
motivo por que pareceu inesperado para o autor?
Surpresa, pois ele nunca esperava que o pé de milho
chegasse a tal ponto da sua vida vegetal naquele
canteiro tão apertadinho.
4. Por que diz o autor que um pé de milho é diferente de
um milharal?
Por estar separado de outros pés de milho e, assim,
poder o autor conviver com ele mais intimamente.
5. O autor compara o seu pé de milho com um cavalo
empinado e com um galo cantando, no final do 4º
parágrafo.
Assim, procure uma palavra que resuma e caracterize
esta qualidade do pé de milho. Justifique a sua escolha.
Vigoroso, impetuoso. Ambos possuem esta qualidade.
6. Explique por que o autor diz: “Um pé de milho... não é
um número... é um ser vivo e independente”.
Passa a ter valor. É algo do autor.
“Você é único quando pensa diferente.” Pág. 3
7. “Sou um ignorante, um pobre homem da cidade”.
Ora, normalmente, o homem ignorante é o do campo.
Como o autor pode falar assim, levando em conta a
realidade do texto?
Lamenta não ter conhecido a beleza da vida do campo
por ter sido sempre um homem da cidade.
8. “Detesto comparações surrealistas”. Apesar de
detestá-las, o cronista faz alguma? Qual?
Faz comparação com o cavalo e com o galo.
9. Diga o que você entende da última frase do texto.
Para quem vive na cidade, ter um pé de milho é uma
riqueza interior.
✎PRODUÇÃO
1. Reescreva, as passagens do texto, substituindo por um
sinônimo ou expressão equivalente o que estiver
destacado:
a) “Os americanos, através do radar, entraram em
contato com a Lua...”
b) “Transplantei-o para o exíguo canteiro...”
c) “...e declarou desdenhosamente que aquilo era
capim”.
d) “...veio enriquecer o nosso canteirinho vulgar...”
Pesquisar no dicionário.
2. Observe as expressões destacadas e troque cada uma
delas por um só termo, mas que seja sinônimo, de acordo
com o texto.
a) “Sou um ignorante, um pobre homem urbano”.
b) “...tal como vi numa noite de enluarada...”
c) “...beijado pelo vento marítimo...”
3. Veja esta passagem do texto: “...um medíocre homem
que vive atrás de uma chata máquina de escrever...”
a) O que o autor pretendeu dizer a respeito da máquina,
chamando-a de “chata”?
b) Construa, de sua imaginação, uma mensagem, bem
feita, com a palavra “chata”, num sentido diferente do
que está no texto.
Resposta pessoal.
Sugestões: as costas do Pacífico; pernas da cadeira;
olho d’água; dente de alho.
7. Canteiro se refere a um pequeno espaço plantado com
flores ou legumes. Qual o nome que é dado a um local
plantado com árvores frutíferas? E a um local plantado
com árvores em geral?
Pomar. Bosque (floresta).
8 Milharal é o nome que se dá à plantação de milho. Que
termos corresponderiam a plantações de cana, trigo,
arroz e maçã?
Canavial; trigo; arrozal.
Observação: Não há palavra registrada em dicionário
para plantação de maçãs. Popularmente ouve-se a
forma “macieiral”.
9. Lavrador é o nome de uma profissão relacionada à
terra. O que significam os termos agrimensor, agrônomo
e agricultor? E bóias-frias?
Pesquisar no dicionário.
✎PRETEXTO
1. Fazendo um confronto entre a vida na cidade e a vida
no campo, responda:
a) três vantagens da vida na cidade;
b) três desvantagens da vida na cidade
2. Por que os habitantes do campo vêm em grande
número para os centros urbanos? Quais os problemas
que isso acarreta? O que se deve fazer para evitar isso?
Respostas pessoais.

4. Diante da passagem do texto: “Sou um ignorante, um

pobre homem da cidade”.
a) escreva o sentido que o autor usou para esta palavra;
b) agora, escreva o que passaria a significar se, em vez do
que está no texto, viesse: “homem pobre”.
Resposta pessoal.

5. “Os americanos...”. Também nós, os brasileiros, somos

americanos? Qual a distinção que poderíamos fazer?
América do Norte x América do Sul

6. “...um pé de capim”. As vezes utilizamos vocábulos

que designam partes do corpo humano para caracterizar
seres inanimados. Dê exemplos com costas, perna, olho
e dente.
Interpretação textual – Um pé de milho “Você é único quando pensa diferente.” Pág. 4