Você está na página 1de 173

Práticas de Máquinas

Elétricas
Prof.ª Andrea Acunha Martin

Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:
Prof.ª Andrea Acunha Martin

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

M379p
Martin, Andrea Acunha

Práticas de máquinas elétricas. / Andrea Acunha Martin –


Indaial: UNIASSELVI, 2021.
164 p.; il.

ISBN 978-65-5663-969-7
ISBN Digital 978-65-5663-970-3
1. Motores de corrente contínua. - Brasil. II. Centro
Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 621.31042

Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Práticas de
Máquinas Elétricas. Nós iremos estudar a respeito das máquinas elétricas,
um assunto muito importante, afinal, tais máquinas são encontradas em boa
parte das indústrias e também em nossas casas. Desse modo, veremos que
existem vários tipos de máquinas elétricas, como o motor elétrico (presente
nas indústrias) e os eletrodomésticos utilizados cotidianamente, de modo que
há geradores responsáveis pela energia elétrica utilizada diariamente assim
como os transformadores que podem aumentar ou diminuir a tensão. Cada
uma dessas máquinas é composta de uma estrutura mecânica específica e
uma determinada complexidade, como teremos a oportunidade de observar.

Na Unidade 1, abordaremos os transformadores e as máquinas de
indução. O primeiro equipamento a ser estudado, então, é o transformador,
muito comum nas indústrias, no comércio e na distribuição de energia.
Iremos conhecer os tipos de ligações e faremos, assim, alguns ensaios.
Depois, estudaremos os conceitos que regem uma máquina de indução e
realizaremos outro ensaio. Por fim, analisaremos os motores de indução, os
tipos e as aplicações.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos o que são as máquinas
síncronas, e além de conhecer sobre o seu funcionamento, faremos alguns
testes e ensaios. Também observaremos como uma máquina síncrona
funciona enquanto gerador.

Já na Unidade 3, conheceremos os motores de corrente contínua, e
notaremos que apesar da concorrência com as máquinas de indução e com as
máquinas síncronas, eles apresentam algumas vantagens, como a facilidade
de controle de velocidade e o fornecimento de torque em baixas velocidades.

Portanto, esperamos que você, acadêmico, aprecie essa leitura. Que


com esse conteúdo você possa prosseguir no aprofundamento dos estudos
sobre máquinas elétricas, desenvolvendo sua aprendizagem acadêmica e
formação profissional.

Boa leitura e bons estudos!
Prof.ª Andrea Acunha Martin
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-
de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-
to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro


que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você
terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-
tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!


Sumário
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO...................................................... 1

TÓPICO 1 — TRANSFORMADORES................................................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 INTRODUÇÃO AOS TRANSFORMADORES ............................................................................. 3
2.1 O QUE É UM TRANSFORMADOR? ONDE É UTILIZADO? ................................................. 4
2.2 POR DENTRO DOS TRASFORMADORES ................................................................................ 5
2.3 CIRCUITO EQUIVALENTE . ...................................................................................................... 10
3 TIPOS DE LIGAÇÕES ...................................................................................................................... 11
4 ENSAIOS DOS TRANSFORMADORES ..................................................................................... 15
4.1 OPERAÇÃO A VAZIO . ............................................................................................................... 15
4.2 ENSAIO EM CURTO-CIRCUITO............................................................................................... 16
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 18
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 19

TÓPICO 2 — MÁQUINAS DE INDUÇÃO...................................................................................... 21


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 21
2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DAS MÁQUINAS DE INDUÇÃO ............................ 21
2.1 MOTOR DE INDUÇÃO . ............................................................................................................. 23
3 CIRCUITO EQUIVALENTE E ANÁLISE DAS MÁQUINAS DE INDUÇÃO....................... 28
4 ENSAIO PARA OBTENÇÃO DOS PARÂMETROS .................................................................. 30
4.1 ENSAIO SEM CARGA OU A VAZIO . ...................................................................................... 31
4.2 ENSAIO CC PARA A RESISTÊNCIA DE ESTATOR................................................................ 32
4.3 ENSAIO DE ROTOR BLOQUEADO ........................................................................................ 33
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 36
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 37

TÓPICO 3 — CLASSES DE MOTORES DE INDUÇÃO............................................................... 39


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 39
2 NORMAS E ESPECIFICAÇÕES ..................................................................................................... 39
3 TIPOS DE CLASSES ......................................................................................................................... 40
4 APLICAÇÕES ..................................................................................................................................... 41
LEITURA COMPLEMENTAR............................................................................................................. 45
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 51
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 52

REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 54

UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS................................................... 55

TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS SÍNCRONAS................................................... 57


1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 57
2 O QUE SÃO MÁQUINAS SÍNCRONAS?.................................................................................... 57
3 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS .............................. 59
3.1 MOTOR .......................................................................................................................................... 60
3.2 GERADOR...................................................................................................................................... 61
4 DIAGRAMA FASORIAL DA MÁQUINA SÍNCRONA ........................................................... 62
4.1 MOTOR ......................................................................................................................................... 63
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 68
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 69

TÓPICO 2 — TESTES E ENSAIOS.................................................................................................... 71


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 71
2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS ......................... 71
3 CIRCUITO EQUIVALENTE DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS ............................................... 72
3.1 CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM MOTOR SÍNCRONO .................................................. 73
3.2 CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM GERADOR SÍNCRONO ............................................. 77
3 TESTE EM ABERTO E TESTE EM CURTO-CIRCUITO ........................................................... 81
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 87
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................... 88

TÓPICO 3 — OPERAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO GERADOR........................ 91


1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 91
2 CAPACIDADE DA MÁQUINA SÍNCRONA .............................................................................. 91
3 FREQUÊNCIA SÍNCRONA DE OPERAÇÃO ............................................................................. 93
4 CONTROLE DE VELOCIDADE...................................................................................................... 94
5 APLICAÇÕES ..................................................................................................................................... 97
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 103
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 109
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 110

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 112

UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA....................... 113

TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA ................... 115


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 115
2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DAS MÁQUINAS DE
CORRENTE CONTÍNUA .............................................................................................................. 115
2.1 ESTRUTURA FÍSICA ................................................................................................................. 116
3 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DAS MÁQUINAS DE
CORRENTE CONTÍNUA .............................................................................................................. 118
4 PERDAS E RENDIMENTOS ......................................................................................................... 122
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 126
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 127

TÓPICO 2 — MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA............................................................ 129


1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 129
2 CORRENTE DE PARTIDA DO MOTOR CC ............................................................................. 129
3 DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO E PARTIDA ............................................................................ 130
4 CIRCUITO EQUIVALENTE .......................................................................................................... 131
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 145
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 146
TÓPICO 3 — TIPOS DE MOTORES DE CC.................................................................................. 149
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 149
2 SHUNT ............................................................................................................................................... 149
3 SÉRIE .................................................................................................................................................. 151
4 COMPOSTO ..................................................................................................................................... 153
LEITURA COMPLEMENTAR........................................................................................................... 156
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 161
AUTOATIVIDADE............................................................................................................................. 162

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 164
UNIDADE 1 —

PRÁTICAS COM MOTORES DE


INDUÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer os princípios de funcionamento das máquinas de indução;


• conhecer os princípios de funcionamento das máquinas síncronas;
• conhecer o princípio de funcionamento dos transformadores;
• aprender as aplicações dos motores de indução.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – TRANSFORMADORES

TÓPICO 2 – MÁQUINAS DE INDUÇÃO

TÓPICO 3 – CLASSES DE MOTORES DE INDUÇÃO

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1 —

TRANSFORMADORES

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os transformadores, que com os
geradores síncronos e os motores de corrente alternada foram os responsáveis
por facilitar a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica em corrente
alternada. Neste tópico, veremos quando surgiu o transformador e qual a sua
função, ou seja, os aspectos gerais.

Após esse conceito inicial, iremos conhecer o autotransformador e os
tipos de conexão que são comuns em transformadores trifásicos.

Compreenderemos, por fim, que os transformadores podem ser


representados por meio de circuitos elétricos, sendo que os parâmetros de tais
circuitos são obtidos pelos ensaios.

2 INTRODUÇÃO AOS TRANSFORMADORES


Para fornecer energia para as lâmpadas incandescentes, Thomas Edison
(1847-1931), em 1882, implantou nos Estados Unidos, na cidade de Nova York, a
primeira estação geradora de energia elétrica, um sistema de distribuição baseado
em corrente contínua de 120V (CHAPMAN, 2013).

A estação geradora era boa, mas apresentava um problema, isto é, a geração


e a transmissão de energia tinham tensões muito baixas, então, para fornecer
a quantidade de energia necessária, era preciso que houvessem correntes bem
elevadas. No entanto, essas correntes elevadas também causavam problemas,
como quedas de tensão e grandes perdas de energia nas linhas de transmissão.

Para reverter esses problemas, as usinas geradoras ficavam próximas


umas das outras, já que os sistemas de energia em corrente contínua (CC) de
baixa tensão não podiam ser transmitidos para longas distâncias. Então, como
esse problema foi resolvido? Foi resolvido com a invenção dos transformadores
e com o desenvolvimento de estações geradoras de corrente alternada (CA)
(CHAPMAN, 2013).

3
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

2.1 O QUE É UM TRANSFORMADOR? ONDE É UTILIZADO?


O transformador é tão importante como componente ou como equipamento
auxiliar em diversos tipos de circuitos. Ele pode ser encontrado em aparelhos
eletrônicos, mas também em sistemas de geração, transmissão e distribuição de
energia elétrica, trabalhando com os mais diversos níveis de tensões, correntes e
frequências.

De maneira simplificada, podemos dizer o transformador é um


equipamento utilizado para redução de tensão (transformador abaixador)
ou aumento de tensão (transformador elevador). Já de modo ideal, um
transformador converte um nível de tensão CA em outro nível de tensão, sem
ter nenhum impacto na potência elétrica fornecida. Além disso, sua construção é
relativamente simples, pois não possui peças móveis ou desgastáveis.

Conforme Simone (2010), um transformador pode servir para mudar os


níveis de tensão e de corrente em sistema elétrico, sem afetar a frequência da onda
fundamental, sendo utilizado nas redes de distribuição e transmissão de energia.
E pode realizar, assim, o casamento de impedâncias em estágio de sistema de
sonorização de audiofrequência, ou então, radiofrequência, por exemplo, em
circuitos de radiocomunicações, assim como na isolação elétrica de dois ou mais
estágios, em planta elétrica de centro de avaliação médica, equipamentos de
pesquisa, transmissão e geração de sinais, computação, eletrônica etc.

Sendo assim, os transformadores são tipicamente utilizados para eliminar


a interferência eletromagnética, bloqueando os sinais de corrente contínua ou de
frequências muito diferentes da fundamental.

ATENCAO

O transformador não é um dispositivo de conversão de energia, porém, é


indispensável para muitos sistemas de conversão de energia.

Devemos observar que o transformador é um dispositivo relativamente


simples, formado por dois ou mais circuitos elétricos acoplados por um circuito
magnético. É uma máquina estática, ou seja, não possui partes girantes. O
transformador monofásico, inclusive, pode ser considerado como a máquina
elétrica mais simples.

4
TÓPICO 1 — TRANSFORMADORES

NTE
INTERESSA

Nos sistemas de energia elétrica, a energia é gerada com tensões na faixa de


12 a 25kV. Os transformadores elevam essas tensões a um nível entre 110kV e 1.000kV,
aproximadamente. Tornando possível, então, começar a transmissão à longa distância.
Depois, os transformadores abaixam a tensão para valores na faixa entre 12 a 34,5kV, para
realizar a distribuição e permitir que a energia elétrica seja utilizada em nossas residências,
nas fábricas e em outros espaços, com tensões, por exemplo, de 120V.

A seguir, observaremos um transformador de potência utilizado na


transmissão e distribuição de energia elétrica. Esse tipo de transformador é
montado em lâminas de espessura mais fina, o núcleo magnético tem uma
porcentagem de silício normalmente inferior a 4%, além de laço de histerese
estreito. Tais características servem para diminuir as perdas.

FIGURA 1 – TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA

FONTE: <https://shutr.bz/3kr32xE>. Acesso: 13 jul. 2021.

2.2 POR DENTRO DOS TRASFORMADORES


O transformador monofásico é um dispositivo que converte tensão e
corrente por meio de dois enrolamentos em um núcleo magnético fechado,
responsável pela transformação.

Normalmente, o transformador é formado por um enrolamento primário


(alta tensão), nele é aplicada a tensão de entrada, ou seja, ele recebe a energia
da fonte elétrica, e um enrolamento secundário (baixa tensão), nele conecta-se a
carga, e assim, podemos obter a tensão de saída, conforme observaremos a seguir.

5
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DE UM TRANSFORMADOR

FONTE: <https://shutr.bz/3ktA7ZR>. Acesso: 28 jun. 2021.

Podemos notar que o fluxo magnético está representado em apenas um


sentido, porém, ele sempre acompanha o sentido imposto pela tensão aplicada
ao enrolamento primário. Quando os enrolamentos estão eletricamente
conectados, o transformador recebe o nome de autotransformador.

Um transformador funciona de acordo com os fundamentos do


eletromagnetismo, mais especificamente com a Lei de Faraday-Neumann-
Lenz (ou lei da indução de Faraday). O enrolamento primário e secundário do
transformador são bobinas, então, se alimentarmos um dos dois enrolamentos
com sua tensão nominal, teremos um fluxo magnético no núcleo de ferro.

Se, por exemplo, alimentarmos o primário com uma corrente contínua,


não obteremos uma transformação de tensão constante no enrolamento
secundário, porque o fluxo magnético gerado pela corrente contínua não é
variável ao longo do tempo. Porém, se alimentarmos o primário com tensão
alternada, ele irá produzir um fluxo magnético variável, porque a corrente
alternada oscila em 60Hz, provocando o surgimento de uma tensão alternada
no enrolamento secundário devido à indução magnética. Essa tensão recebe o
nome de tensão induzida, sendo proporcional ao número de espiras da bobina,
conforme demonstra a equação a seguir:

Nesse caso, NP representa o número de espiras do lado do enrolamento


primário, NS representa o número de espiras do lado do transformador
secundário, VP(t) e VS(t) são, respectivamente, a tensão aplicada no enrolamento
primário do transformador e a tensão produzida no lado do secundário.

6
TÓPICO 1 — TRANSFORMADORES

Caso não tenhamos o número de espiras dos enrolamentos, podemos


calcular o número de espiras do primário com equação:

Nessa equação, f é a frequência (Hz), SL é a seção líquida do núcleo (cm2)


e B é a densidade magnética do núcleo (gauss).

Já a relação de espiras ou de transformação do transformador pode ser


obtida pela equação:

Também podemos relacionar as correntes do transformador com a relação


de espiras de acordo com a equação:

Ou,

Aqui, IP(t) e IS(t) são, respectivamente, a corrente que entra no lado primário
do transformador e a corrente que sai do lado secundário do transformador.

Podemos reescrever as relações de correntes e tensões do transformador


em termos de fasores, conforme as equações seguintes:

ATENCAO

Em um transformador ideal, a relação de espiras não afeta os seus ângulos,


somente a magnitude das tensões e correntes.

7
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

Os dois tipos de núcleo mais utilizados nos transformadores monofásicos


são os núcleos em anel (core) e o núcleo envolvente ou blindado (shell). Existem
outros tipos de núcleo, como os transformadores de isolação, que possuem núcleo
em toroide.

FIGURA 3 – TIPOS DE TRANSFORMADORES

FONTE: <https://shutr.bz/3zuOT6X>. Acesso em: 13 jul. 2021.

Em um transformador, pode ocorrer o que chamamos de correntes


parasitas. Geralmente, o núcleo do transformador monofásico é feito de material
ferromagnético, caso esse núcleo seja maciço, surge esse tipo de corrente
indesejável. A resistência do núcleo interfere nos efeitos dessas correntes parasitas,
quanto menor for a resistência elétrica do núcleo, maiores serão esses efeitos,
causando o aquecimento.

8
TÓPICO 1 — TRANSFORMADORES

E
IMPORTANT

Para diminuir o efeito das correntes parasitas, não devemos utilizar um núcleo
maciço para o transformador, mas sim chapas de ferro magnético (com uma espessura
reduzida), e elas devem estar isoladas eletricamente uma da outra.

Além das perdas devido às correntes parasitas, o transformador também


possui perdas no cobre e perdas por histerese. As perdas no cobre estão
relacionadas com o enrolamento das bobinas, isto é, as bobinas são feitas de fio de
cobre esmaltado, esse fio possui uma resistência que, quando passa uma corrente
elétrica, provoca aquecimento e, consequentemente, perdas de potência. No caso
das perdas por histerese magnética, o problema é o atraso provocado entre o
campo magnético e a indução magnética. Pode-se dizer que ela está diretamente
relacionada com as perdas no ferro, material utilizado no núcleo.

No projeto, a perda é um fator importante, e se ela não for considerada,


a potência que o transformador é capaz de suprir acaba sendo bem menor,
chegando a casos de rendimento de apenas 60%.

O circuito primário fornece uma potência ativa ao transformador, podendo


ser calculado com a equação:

Nesse caso, θP é o ângulo entre a tensão e a corrente primária.

Do mesmo modo que calculamos a potência ativa de entrada, também


podemos calcular a potência ativa fornecida, porém, quem fornece a potência à
carga é o circuito secundário do transformador:

Na equação acima, θS é o ângulo entre a tensão secundária e a corrente


secundária.

Como observamos, em um transformador ideal, os ângulos entre tensão


e corrente não são afetados, desse modo, podemos concluir que θP = θS, ou seja,
os enrolamentos primário e secundário de um transformador ideal, possuem o
mesmo fator de potência; assim, Pentrada=Psaída. O mesmo raciocínio pode ser usado
para as potências reativas Q e S. Com isso, temos as equações a seguir:

9
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

E,

O transformador altera os níveis de tensão e de corrente, por essa razão,


afeta também a impedância aparente de um elemento. Assim, vemos que a
impedância na carga é dada por meio da equação:

Nesse caso, ZL é a impedância na carga.

A impedância aparente no primário é obtida por:

E
IMPORTANT

No transformador ideal, as tensões são transformadas na razão direta da


relação de espiras. As impedâncias, na razão direta da relação de espiras ao quadrado, e as
correntes, na razão inversa. Já as potências não se alteram.

2.3 CIRCUITO EQUIVALENTE


Um transformador real é diferente do modelo ideal, ou seja, ele não
tem apenas duas bobinas e um núcleo de ferro. Existem alguns parâmetros que
precisamos conhecer e calcular para obtermos o funcionamento adequado do
transformador. A seguir, observaremos a apresentação do circuito equivalente de
um transformador real.

FIGURA 4 – CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM TRANSFORMADOR REAL

FONTE: A autora
10
TÓPICO 1 — TRANSFORMADORES

No circuito acima, podemos identificar os seguintes parâmetros: no


enrolamento primário, temos a resistência R1 e a reatância indutiva X1. No
enrolamento secundário, temos a resistência R2 e a reatância indutiva X2. As perdas
no ferro são representadas pela resistência de magnetização e XM representa
reatância indutiva de magnetização (UMANS, 2014).

3 TIPOS DE LIGAÇÕES
Normalmente, a geração de energia elétrica é realizada em corrente
alternada por meio dos geradores síncronos trifásicos. Essa energia é
transmitida e distribuída para os consumidores finais. Nesse caminho, temos os
transformadores utilizados após a geração, para elevar e, também, para reduzir a
tensão para subtransmissões e distribuição final da energia elétrica trifásica.

Para todas essas funções, podemos utilizar um transformador trifásico ou


um banco de três transformadores monofásicos. Se pensarmos do ponto de vista
econômico, a melhor solução é utilizar um transformador trifásico. Além disso,
proporciona melhor rendimento e ocupa um espaço menor.

Se considerarmos a questão do custo de manutenção, um banco com três


transformadores monofásicos é vantajoso. Afinal, um transformador monofásico
de reserva possui valor menor do que um trifásico, com o triplo de potência.
Outra vantagem é que se um dos transformadores monofásicos sofrer algum
tipo de dano, é possível continuar o suprimento de energia, desde que esses dois
transformadores restantes estejam ligados em Δ aberta (“em V”).

Os principais tipos de ligações encontradas em um sistema trifásico são:

• estrela ou Y;
• triângulo ou Δ;
• ziguezague ou Z.

11
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

FIGURA 5 – LIGAÇÕES TRIÂNGULO E ESTRELA

FONTE: <https://shutr.bz/2W2HLkF>. Acesso em: 13 jul. 2021.

Quando temos um banco trifásico de transformadores, tanto as tensões


como as correntes nominais do primário e do secundário, são afetadas dependendo
da conexão. Já o valor nominal da potência aparente (kVA) não depende do tipo
de conexão. Como se trata de um banco trifásico, o valor é sempre três vezes o
valor dos transformadores monofásicos.

A conexão estrela-triângulo (Y-Δ), normalmente é utilizada para abaixar


uma tensão alta para uma tensão média ou baixa. Já a conexão triângulo-estrela
(Δ -Y) é o inverso da conexão estrela-triângulo, ou seja, costuma-se utilizar para
elevar uma tensão.

Cabe destacar que a conexão triângulo-triângulo (Δ -Δ) também é conhecida


como conexão V ou delta aberto, e possui uma vantagem em relação às outras
conexões, pois um dos transformadores pode ser retirado para manutenção ou
conserto, enquanto os outros dois ficam funcionando como um banco trifásico,
porém, com o valor nominal reduzido a 58% do valor do banco original.

12
TÓPICO 1 — TRANSFORMADORES

A conexão estrela-estrela (Y-Y) é muito pouco utilizada, isso ocorre


devido às dificuldades dos fenômenos associados à corrente de excitação.

Podemos analisar, a seguir, as conexões estrela-estrela, triângulo-triângulo


e triângulo-estrela.

FIGURA 6 – TIPOS DE CONEXÕES COM TRANSFORMADORES

FONTE: <https://shutr.bz/3kwn75W>. Acesso em: 13 jul. 2021.

Em condições equilibradas, os cálculos com bancos trifásicos de


transformadores são feitos com apenas um dos transformadores ou fases, uma
vez que as condições nas outras fases são iguais. A única diferença é a defasagem
de 120° entre as fases.

Vamos a um exemplo? Considere três transformadores monofásicos


idênticos conectados delta-delta. Os dados nominais de cada transformador são:
15 kVA, 220/2200V e Zeq = 5+j40 Ω, referido ao circuito de alta. Uma carga trifásica

13
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

equilibrada de 40 kVA conectada em estrela, e fator de potência 0,90 atrasada, é


ligada nos terminais de baixa do banco trifásico para ser alimentada na tensão de
220V. Iremos determinar o valor das correntes nos circuitos de baixa e de alta do
circuito equivalente.

O cálculo da relação de espiras de cada transformador monofásico se


mantém na conexão trifásica, porque as tensões sobre cada enrolamento de fase
estrela, equivalente ao delta, é calculado da seguinte forma:

ou

A impedância que representa cada fase do banco de transformadores é a


impedância dada por:

O valor da corrente na linha no lado da baixa, é a corrente em cada fase


da carga, dada por:

Já o valor da corrente na linha no lado de alta, é a corrente em cada fase


da carga, dada por:

14
TÓPICO 1 — TRANSFORMADORES

4 ENSAIOS DOS TRANSFORMADORES


Tanto os ensaios quanto os testes realizados em transformadores,
ambos estão previstos em normas. Por meio dos ensaios e dos testes, podemos
verificar, por exemplo, se os parâmetros reais do transformador estão de acordo
com o projeto. Com os ensaios, também conseguimos encontrar as dimensões
das variáveis definidas no modelo do transformador real, com a utilização de
simulações.

4.1 OPERAÇÃO A VAZIO


O ensaio a vazio dos transformadores tem como objetivo determinar
as perdas no núcleo ou perdas por histerese e de Foucault, além de calcular
os parâmetros magnéticos para a construção do circuito equivalente do
transformador.

Faremos um exemplo montando o circuito da figura 4, utilizando um


transformador comercial de 500 VA disponível na maioria das lojas de produtos
para eletricidade. Os mesmos testes são válidos em qualquer tipo de transformador.
Os transformadores de pequeno porte costumam ser construídos com as duas
bobinas acopladas, para um equipamento mais compacto, lembrando que essa
configuração é chamada de autotransformador.

De posse desse transformador, o teste a vazio será conectar o primário


na rede de alimentação 220V e deixar o secundário sem conexões. Com essas
ligações, são utilizadas medidas de tensão, corrente e potência para determinar
os parâmetros.

É importante lembrarmos como devem ser ligados os instrumentos.


Portanto, devemos configurar o multímetro para leituras de corrente alternada
(valores eficazes) na faixa de tensão conveniente. Nesse passo, é importante ligar
todos os instrumentos corretamente e deixar o secundário aberto. Agora, faremos
tais procedimentos:

• conectar os terminais 1 e 2 em uma fonte CA ajustável para tensão nominal


de 220V;
• medir a potência ativa absorvida fazendo a leitura do wattímetro;
• medir a tensão no primário com a ajuda do voltímetro: a leitura deve seguir a
rede de alimentação, próximo de 220V;
• medir a corrente no primário com o amperímetro: uma vez que não há carga
no secundário e a dissipação de potência se deve quase completamente
à resistividade dos condutores, esse valor deve variar bastante entre um
transformador comercial e outro, e será da ordem de centenas de miliamperes;

15
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

• calcular a potência aparente absorvida pelo primário utilizando a equação:


S0 = VpoIpo, lembrando que essas medidas devem ser realizadas em valores
eficazes;
• calcular os parâmetros de magnetização do transformador com as equações.

TABELA 1 – PARÂMETROS DE MAGNETICAÇÃO

FONTE: A autora

Nesse caso, cos φ é o fator de potência do transformador, IRm é a corrente


da resistência de magnetização do ferro, Imag é a corrente da reatância de
magnetização, Zm é a impedância do circuito magnético, Rm é a resistência do
circuito magnético, Xmag é a reatância de magnetização e Qvar é a potência reativa
do transformador.

Assim, determinam-se os parâmetros de resistência e indutância do


transformador para a magnetização. Tais parâmetros estão relacionados à
distribuição e à perda de fluxo magnético no entreferro.

4.2 ENSAIO EM CURTO-CIRCUITO


O ensaio em curto-circuito dos transformadores visa determinar as
perdas no cobre nos enrolamentos primário e secundário. As perdas no cobre são
a resistividade desse elemento utilizado para fabricar o fio magnético.

Para realizar tal teste, recomenda-se o uso de uma fonte de tensão alternada
ajustável. Desse modo, é possível aumentar e diminuir gradativamente o valor de
pico (consequentemente o valor eficaz) para atingir o valor nominal de corrente.

As conexões dos instrumentos devem respeitar os terminais, como no


teste anterior, para permitir medidas de tensão, corrente e potência. Os valores
nominais de um transformador são encontrados na sua placa de descrição ou até
na embalagem.

16
TÓPICO 1 — TRANSFORMADORES

Começaremos, então, montando o circuito da figura 4, e seguir as seguintes


etapas:
• ajustar a fonte de tensão alternada e alimentar o primário do transformador
de acordo com a figura;
• verificar que a tensão de saída inicial da fonte seja 0V, e aumentar de forma
gradativa a tensão aplicada ao primário, por meio da fonte, até que a corrente
indicada no amperímetro seja a corrente nominal do transformador;
• anotar os valores da Pcc, Vccp e In medidos;
• calcular os dados do circuito equivalente utilizando as equações.

TABELA 2 – CIRCUITO EQUIVALENTE

FONTE: A autora

Nesse caso, Rcc é a resistência de curto-circuito, Zcc é a impedância de


curto-circuito, Xcc é a reatância indutiva, cos φ é a potência dos enrolamentos e
Np/Nc é a relação de transformação.

17
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os transformadores, junto aos geradores síncronos e aos motores de corrente


alternada foram responsáveis por facilitar a geração, transmissão e distribuição
de energia elétrica em corrente alternada.

• Os principais tipos de conexão são estrela e triângulo, e a conexão estrela-


triângulo, normalmente é utilizada para abaixar uma tensão alta para uma
tensão média ou baixa, enquanto a conexão triângulo-estrela costuma ser
utilizada para elevar uma tensão.

• É possível realizar os ensaios a vazio e em curto-circuito dos transformadores.

18
AUTOATIVIDADE

1 O transformador é importante tanto como componente ou quanto como


equipamento auxiliar em muitos circuitos. Tal componente pode ser
encontrado em aparelhos eletrônicos, em sistemas de geração, transmissão
e distribuição de energia elétrica, trabalhando, assim, com os mais diversos
níveis de tensões, correntes e frequências. Sobre os transformadores,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) A resistência equivalente do transformador é determinada no ensaio a


vazio.
b) ( ) Para se realizar o ensaio a vazio, aplica-se corrente nominal nos
enrolamentos.
c) ( ) A resistência do ramo magnetizando é determinada a partir do ensaio
em curto-circuito.
d) ( ) O ensaio em curto-circuito dos transformadores busca determinar as
perdas no cobre nos enrolamentos primário e secundário.

2 Frequentemente, a geração de energia elétrica é realizada em corrente


alternada com geradores síncronos trifásicos. Essa energia é transmitida
e distribuída para os consumidores finais, para isso, utilizamos os
transformadores. Sobre os transformadores, analise as sentenças a seguir:

I- A conexão delta aberto possui uma vantagem em relação às outras


conexões, pois, um dos transformadores pode ser retirado para
manutenção ou conserto, mas os outros dois ficam funcionando como um
banco trifásico.  
II- A conexão estrela-triângulo (Y-Δ) costuma ser utilizada para aumentar
uma tensão baixa ou média para uma tensão alta.
III- A conexão estrela-estrela não é muito utilizada em decorrência das
dificuldades dos fenômenos associados à corrente de excitação.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Os ensaios e os testes realizados em transformadores estão previstos em


normas. Com os ensaios e os testes, é possível verificar se os parâmetros
reais do transformador estão em conformidade com o projeto. Sobre os
transformadores, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as
falsas:

19
( ) A resistência do ramo magnetizando é determinada a partir do ensaio a
vazio.
( ) Nos transformadores, a escolha do enrolamento a ser aplicado o curto-
circuito no ensaio é arbitrária.
( ) Por meio do ensaio de curto-circuito, encontramos a resistência em série
dos enrolamentos do transformador e a reatância de magnetização do
núcleo desse mesmo transformador.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Um transformador possui diversas funções, como mudar os níveis de


tensão e de corrente em um sistema elétrico, realizar o casamento de
impedâncias, em estágio de sistema de sonorização de audiofrequência ou
radiofrequência, na isolação elétrica, eliminar a interferência eletromagnética
e muitas outras. A seguir, temos a representação de um transformador de
tensão ideal. Descreva o cálculo do valor da tensão de saída.

FONTE: A autora

5 Em um transformador pode ocorrer algumas perdas, como perdas em


decorrência das correntes parasitas, as perdas no cobre e as perdas por
histerese. O circuito apresenta um transformador ideal. Descreva o cálculo
do valor da corrente I1 sabendo que o resistor R tem valor de 20Ω e potência
dissipada de 50KW.

FONTE: A autora

20
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —

MÁQUINAS DE INDUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

No Tópico 2, abordaremos as máquinas de indução, também conhecidas
como máquinas CA assíncronas. Esse tipo de máquina pode ser utilizado como
gerador ou motor.

A máquina de indução como gerador ainda não é muito utilizada, mas


desde que surgiu a geração de energia eólica, essa função ficou em destaque.
Ainda assim, o motor elétrico continua sendo a principal aplicação.

Iremos estudar, portanto, o que é uma máquina de indução, os aspectos


gerais e o seu princípio de funcionamento, podemos adiantar que a máquina de
indução é, basicamente, um transformador com um secundário grande.

Depois do conceito inicial, observaremos que as máquinas elétricas podem
ser representadas por um circuito, assim, poderemos realizar uma análise. Por
fim, aprenderemos como realizar um ensaio para obter os parâmetros do circuito
equivalente das máquinas de indução.

2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DAS MÁQUINAS DE


INDUÇÃO
No século XIX, foi criada a máquina de indução por Nikola Tesla (1856-
1943). Essa máquina opera em corrente alternada, possuindo uma construção
simplificada, formada basicamente por um rotor (parte rotativa) e um estator
(parte estacionária). A máquina de indução tem muitas aplicações, principalmente
devido à sua simplicidade, robustez e seu valor baixo, quando comparado com
o valor de uma máquina de corrente contínua ou de uma máquina síncrona de
mesma potência (FREITAS; SILVA, 2018).

21
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

FIGURA 7 – ROTOR DO MOTOR DE INDUÇÃO TRIFÁSICO

FONTE: <https://shutr.bz/3nX2DVW>. Acesso: 16 jul. 2021.

A máquina de indução tem muitas aplicações, principalmente devido à


sua simplicidade, robustez e seu valor baixo, quando comparado com o valor
de uma máquina de corrente contínua ou de uma máquina síncrona de mesma
potência (FREITAS; SILVA, 2018).

FIGURA 8 – ESTATOR DE UM MOTOR DE INDUÇÃO

FONTE: <https://shutr.bz/3o1W18K>. Acesso: 16 jul. 2021.

O formato da máquina de indução depende da função para a qual é


construída, de modo que pode funcionar como motor, freio e gerador. Essas
máquinas também possuem esse nome porque a tensão do rotor é induzida nos
enrolamentos ao invés de ser fornecida por uma conexão física de fios. A diferença
principal de um motor de indução em relação a outros motores, consiste no fato
de não ser necessário uma corrente de campo CC para que o motor opere.

A máquina de indução como gerador possui grande aplicação em sistemas


eólicos, mas para sua aplicação, é preciso que a turbina eólica eleve a velocidade
de rotação acima de sua velocidade nominal (velocidade síncrona).

22
TÓPICO 2 — MÁQUINAS DE INDUÇÃO

O principal uso dessa máquina é como motor, já que o motor de indução


é o tipo de motor mais utilizado na indústria, pois possui a melhor potência
específica (maior volume de potência por peso de equipamento). Pelo fato de ser
mais frequente como motor, muitas vezes as máquinas de indução são chamadas
como motor de indução.

NOTA

Um material muito interessante para compreendermos o funcionamento


das máquinas de indução (como gerador) é o trabalho Uso do Gerador de Indução Du-
plamente Alimentado como Gerador Eólico (TAVARES, 2017).
Disponível em: https://bit.ly/2XUdvJs. Acesso em: 17 jul. 2021.

No funcionamento como motor, o rotor gira no mesmo sentido do campo


girante do estator, porém, com uma velocidade menor e dependente da frequência
da rede. Como freio, o rotor gira no sentido contrário ao campo girante. Vale
ressaltar que a tendência do rotor é seguir o campo girante, dessa forma, será
gerado um torque contrário da rotação do eixo. Esse modo é mais utilizado em
sistemas de frenagem de veículos. Veremos, a seguir, as partes de um motor
trifásico de indução.

FIGURA 9 – MOTOR TRIFÁSICO DE INDUÇÃO

FONTE: <https://shutr.bz/3kx0Zbt>. Acesso em: 13 jul. 2021.

2.1 MOTOR DE INDUÇÃO


Um motor de indução tem fisicamente o mesmo estator que uma máquina
síncrona, no entanto, a construção do rotor é diferente.

23
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

ATENCAO

Chamamos de rotor a parte da máquina que possui uma certa velocidade


angular em relação ao estator.

Para construir um estator, utilizamos lâminas de aço magnético, as


quais ficam empilhadas para reduzir ao máximo as perdas por corrente de
Foucault e histerese magnética. O núcleo é constituído de um material com
alta permeabilidade magnética, para facilitar a formação de um alto campo
magnético e forças eletromotrizes baixas. O enrolamento do estator da máquina
se liga à rede elétrica trifásica, assim, temos um enrolamento trifásico chamado
de enrolamento de campo primário. O enrolamento trifásico do estator é
constituído de três bobinas defasadas de 120o mecânicos, que podem ser ligadas
em estrela ou triângulo.

Nos motores de indução, podemos encontrar o rotor bobinado e o gaiola


de esquilo. O rotor gaiola de esquilo possui os anéis em curto-circuito e um
conjunto de barras condutoras feitas de alumínio, cobre ou latão.

NTE
INTERESSA

O rotor gaiola de esquilo possui esse nome porque os seus condutores são
semelhantes a rodas, em tais condutores, os esquilos correm “fazendo exercícios”.

Devemos compreender também, que os anéis e as barras formam uma


única peça. Além disso, as barras condutoras são encaixadas dentro de ranhuras
na própria superfície do rotor.

24
TÓPICO 2 — MÁQUINAS DE INDUÇÃO

FIGURA 10 – ROTOR GAIOLA DE ESQUILO

FONTE: <https://shutr.bz/2XIApDS>. Acesso em: 16 jul. 2021.

O rotor denominado bobinado possui um conjunto completo de


enrolamentos trifásicos parecidos com os enrolamentos do estator. Os
enrolamentos desse rotor ficam em curto-circuito por meio de escovas apoiadas
nos anéis deslizantes, e as correntes no rotor são acessadas por escovas. Por esse
motivo, eles são menos utilizados.

FIGURA 11 – ROTOR E ESTATOR DE UM MOTOR DE INDUÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3ksHErT>. Acesso em: 13 jul. 2021.

25
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

A velocidade do rotor pode ser expressa de dois modos: em radianos


por segundo ou NR em rotações por minuto. Precisamos notar que a velocidade
angular do rotor no motor de indução é menor do que a velocidade angular do
campo magnético girante do entreferro, ou seja, não são iguais, e por essa razão,
provoca um escorregamento, isto é, a diferença de velocidade, como demonstra
a equação a seguir:

Nesse caso, s é o escorregamento, NR é a velocidade angular do rotor e NS


é a velocidade do campo magnético girante estabelecido no entreferro.

E
IMPORTANT

Em um motor de indução com rotor gaiola de esquilo, o escorregamento não


pode ser superior a 5%.

As correntes trifásicas do motor de indução com gaiola de esquilo, quando


circulam no estator após uma aplicação de tensão trifásica, produzem um campo
magnético girante, BS, o qual gira em sentido anti-horário. A velocidade de
rotação desse campo magnético (nsinc) é dada pela equação:

Nesse caso, fse é a frequência em hertz do sistema aplicada ao estator, e P


é o número de polos da máquina.

A tensão induzida provocada pelo campo magnético, que atravessa as


barras do rotor, pode ser calculada pela equação a seguir:

Sendo assim, V é a velocidade da barra em relação ao campo magnético, B


é o vetor densidade de fluxo magnético e l é o vetor que representa o comprimento
do condutor dentro do campo magnético.

26
TÓPICO 2 — MÁQUINAS DE INDUÇÃO

Se considerarmos o formato da espira retangular, devemos calcular a


tensão induzida em cada um dos segmentos e realizar a soma.

Caso haja variação no número de polos, ou até mesmo na frequência de


uma rede elétrica, também há alteração na velocidade de rotação mecânica. Com
construções diferentes, é possível ter mais de uma velocidade de rotação. Para
que isso ocorra, é necessária uma variação do número de polos, mas esse não é
o modo mais comum, pois para realizar o controle de velocidade, normalmente
utilizamos os inversores de frequência.

Quando alimentados o circuito de enrolamento do estator com uma


fonte trifásica CA, considerando que o enrolamento do rotor está em aberto,
surgirá um campo magnético girante no entreferro que irá apresentar a mesma
frequência síncrona de rotação e induzirá tensão no enrolamento do rotor na
mesma frequência.

ATENCAO

A tensão induzida em uma máquina depende de alguns fatores, como o fluxo


da máquina, a velocidade angular da espira, as características construtivas da máquina e o
número de espiras.

Diferentemente dos motores síncronos, a partida dos motores de indução,


em muitos casos, pode ser realizada ligando-os diretamente na linha de potência.
No entanto, existem alguns motivos para que não se dê partida dessa maneira,
por exemplo, a corrente de partida pode causar uma queda de tensão temporária
no sistema de potência.

Nos motores de indução com rotor bobinado, a partida é realizada inse-


rindo resistências no rotor, procurando manter a corrente baixa, diferentemente
do que acontece nos motores com gaiola de esquilo, nos quais a corrente de par-
tida pode variar amplamente.

Devido a essa característica, esse tipo de motor possui na placa de


identificação uma letra de código para especificar os limites de corrente que o
motor pode consumir na partida. Esses limites são dados em termos da potência
aparente de partida do motor em função da sua especificação nominal de potência
(HP). A potência aparente do motor pode ser obtida por:

Spartida = (potência nominal em HP) (fator da letra de código)

27
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

E a corrente de partida, pela equação a seguir:

Adiante, iremos verificar uma tabela com as letras de código NEMA,


indicando os quilovolts-amperes por HP do valor nominal de partida de um
motor:

TABELA 3 – LETRAS DE CÓDIGOS NEMA

FONTE: CHAPMAN (2013, p. 358).

3 CIRCUITO EQUIVALENTE E ANÁLISE DAS MÁQUINAS DE


INDUÇÃO
Para estudar uma máquina de indução, assim como estudamos os
transformadores, podemos utilizar um circuito elétrico equivalente, porque
nos traz mais segurança, já que suas propriedades são conhecidas, além de ser
possível aplicar diretamente as equações fundamentais da eletricidade.

Um dos motivos para obter o circuito equivalente de um motor de indução


é determinar a resposta do motor quando existem mudanças de carga. Esse
modelo é usado para uma máquina real, então, é preciso determinar os valores
dos elementos que irão fazer parte desse modelo de circuito.

Se prestarmos atenção, notaremos que a máquina de indução é muito


parecida com um transformador, pois sem conexão física, a energia presente no
estator (análogo ao primário do transformador) induz tensões e correntes no
rotor (análogo ao secundário do transformador com carga).

28
TÓPICO 2 — MÁQUINAS DE INDUÇÃO

No entanto, há uma diferença entre a frequência induzida no estator e a


induzida do rotor. Se o rotor estiver parado, a frequência será a mesma do estator,
caso contrário, podemos calcular a frequência do sinal induzido do rotor pela
equação:

Assim, f2 é a frequência do sinal induzido no rotor, f1 a frequência do sinal


de excitação do estator e s e o escorregamento da máquina.

O circuito elétrico equivalente da máquina de indução trifásica tem como


diferença, em relação aos transformadores, a substituição do ramo de força por
um ramo conversor de energia elétrica em energia mecânica. O ramo conversor
de energia de um conversor de indução rotativo tem um valor de conjugado,
dado:

Desse modo, Psaída é a potência entregue à carga associada à potência,


a qual é dissipada nos atritos mecânicos e na ventilação da máquina, e ωR é a
velocidade angular do rotor, dada por:

Ou seja, ωmec é a velocidade angular do campo magnético.

A velocidade angular do sinal elétrico que chega ao enrolamento da


armadura e a velocidade angular do campo magnético estão relacionados com a
equação a seguir:

No circuito elétrico equivalente, as perdas são estudadas por fase, assim


em um circuito trifásico, temos:

Para representar o circuito equivalente de um motor de indução, devemos


começar representando o circuito do estator. Como vimos anteriormente, temos
a tensão terminal por fase, V1, a resistência do enrolamento, R1, e a indutância
de dispersão, que produz uma reatância de dispersão X1. No núcleo de ferro
ocorre os fenômenos magnéticos, os quais também devem ser representados. No
circuito equivalente, esses fenômenos são apresentados por Xm, representando
a reatância de magnetização e a resistência, Rc, representando as perdas pelas
correntes de Foucault.

29
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

O circuito do rotor, além disso, possui alguns parâmetros definidos por


uma resistência R’2 em série com uma reatância X’2, no circuito X’2 = a2 X2 e R'2 =
a2 R2.

A seguir, veremos o circuito equivalente completo da máquina de indução,


ou seja, os circuitos do estator e rotor:

FIGURA 12 – CIRCUITO EQUIVALENTE DA MÁQUINA DE INDUÇÃO

FONTE: A autora

A seguir, observaremos o circuito recomendado pelo IEEE. Tal circuito é


utilizado quando a reatância de dispersão X1 for significativa, de um modo que o
deslocamento da reatância Xm afete os valores de tensão e corrente nessa reatância.

FIGURA 13 – CIRCUITO EQUIVALENTE SIMPLIFICADO DA MÁQUINA DE INDUÇÃO

FONTE: A autora

4 ENSAIO PARA OBTENÇÃO DOS PARÂMETROS


Agora, é necessário descobrir como determinar os parâmetros R1, R’2, X1,
X’2 e XM de um motor real. Essas informações são obtidas executando testes ou
ensaios. Os testes são bem parecidos com os ensaios de curto-circuito e a vazio
de um transformador.

30
TÓPICO 2 — MÁQUINAS DE INDUÇÃO

ATENCAO

Cabe lembrar que o modelo de circuito equivalente se aplica por fase, portanto,
o modelo completo do motor inclui três circuitos, como os descritos defasados em suas
grandezas elétricas de 120 graus.

É muito importante atentar para o fato de que os ensaios devem ser


realizados em condições controladas, pois, como sabemos, as resistências variam
com a temperatura, e a resistência do rotor com a frequência do rotor.

4.1 ENSAIO SEM CARGA OU A VAZIO


O ensaio a vazio é utilizado para medir as perdas rotacionais do motor
e também para fornecer a informação sobre sua corrente de magnetização. Esse
ensaio é realizado com tensão nominal. O motor deve permanecer ligado durante
um tempo com operação em vazio para lubrificar os mancais. Somente após esse
tempo é medido a tensão, a corrente e a potência ativa absorvida. Quando o motor
gira em vazio, o escorregamento fica praticamente nulo. O pequeno conjugado
que é gerado serve para compensar as perdas rotacionais.

FIGURA 14 – CIRCUITO EQUIVALENTE PARA O ENSAIO SEM CARGA

FONTE: A autora

No circuito de teste para o ensaio a vazio, será utilizado wattímetros, um


voltímetro e três amperímetros conectados a um motor de indução. Esse motor
irá girar livremente, ou seja, a única carga no motor são as perdas por atrito e
ventilação.

31
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

FIGURA 15 – CIRCUITO PARA O ENSAIO SEM CARGA

FONTE: A autora

Desse modo, conhecendo-se a potência de entrada do motor, podemos


determinar as perdas rotacionais da máquina. A conexão apresentada de dois
wattímetros para medida de potência, sendo permitida pelo teorema de Blondel,
para cargas polifásicas equilibradas.

4.2 ENSAIO CC PARA A RESISTÊNCIA DE ESTATOR


Para tal tipo de ensaio, utiliza-se um motor de indução de qualquer porte
disponível. A resistência R2’ é a resistência do rotor, muito importante para o
funcionamento do motor de indução, pois, a partir dela, forma-se o gráfico que
representa a curva de conjugado X velocidade. Essa curva determina a velocidade
na qual o conjugado máximo ocorre.

ATENCAO

O ensaio de rotor bloqueado é usado para determinar a resistência total do


circuito do motor. Para obter com precisão a resistência R2’, é preciso conhecer R1, para que
ela seja subtraída do total.

O ensaio CC determina o valor do R1. Tal ensaio consiste em uma tensão


CC aplicada aos enrolamentos do estator de um motor de indução. Utilizando CC,
o valor da reatância do motor é nula e não há tensão induzida no rotor. Assim, a
única grandeza que pode limitar o fluxo de corrente no motor é a resistência de
estator.

No circuito para a realização do ensaio em curto-circuito que podemos


observar, temos representado um motor de indução ligado em Y e uma fonte de
tensão CC conectada a dois dos três terminais desse motor.

32
TÓPICO 2 — MÁQUINAS DE INDUÇÃO

Portanto, no ensaio de curto-circuito, a tensão entre os terminais do estator


é medida após a corrente nos enrolamentos do estator ser ajustada para o valor
nominal, de modo que os enrolamentos fiquem com a mesma temperatura.

Analisando a imagem a seguir, podemos verificar que a corrente circula


em dois dos enrolamentos. Sendo assim, a resistência total é 2R1, então, podemos
encontrar R1 por meio da equação:

FONTE: A autora

Depois de encontrar o valor de R1, precisamos determinar as perdas no


cobre do estator a vazio e as perdas rotacionais, por meio da diferença entre a
potência de entrada a vazio e as perdas no cobre do estator. Devemos utilizar,
então, apenas uma tensão alternada para determinar as resistências internas, pois
os motores são equilibrados por construção, ou seja, os circuitos são iguais por
fase.

4.3 ENSAIO DE ROTOR BLOQUEADO


O ensaio de rotor bloqueado de um motor de indução é parecido com o
ensaio de curto-circuito do transformador. Ele tem como objetivo determinar o
valor das reatâncias de dispersão e de resistência do enrolamento de rotor.

Neste ensaio, o eixo do motor é travado, enquanto o enrolamento do rotor


é curto-circuitado. Um dos modos de travar o motor em laboratório é com a ajuda
de uma barra, impedindo, assim, o movimento do eixo. Desse modo, a tensão é
aplicada ao motor e mede-se a tensão, a corrente e a potência resultante.

Geralmente, aplica-se tensão de 10% a 20% de seu valor nominal. Vejamos,


a seguir, o circuito equivalente para o ensaio de rotor bloqueado:

FIGURA 17 – CIRCUITO EQUIVALENTE PARA O ENSAIO DE ROTOR BLOQUEADO

FONTE: A autora

33
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

Podemos observar as ligações usadas para realizar o ensaio com o rotor


bloqueado. Para iniciar o ensaio, primeiramente, uma tensão alternada é aplicada
ao estator. O próximo passo é ajustar a corrente para um valor próximo de plena
carga. Por fim, mede-se a corrente, a tensão e a potência do motor.

O ensaio de rotor bloqueado exige que o eixo seja preso por algum
esquema de freios. Nesse caso, um motor de menor porte facilita o experimento,
caso o teste seja apenas para fins didáticos, então, um freio com uma alavanca de
sapatas é suficiente para conter o movimento. Em uma situação mais preparada,
o freio pode ser a disco, acionado por uma alavanca.

FIGURA 18 – CIRCUITO PARA O ENSAIO DE ROTOR BLOQUEADO

FONTE: A autora

Nesse ensaio, o rotor não se move, portanto, o escorregamento é igual


a 1. Assim, R2’/s é igual a R2’. Já que os valores de R2’ e X2 são bem pequenos,
praticamente toda a corrente de entrada irá circular por elas, de modo que irá
passar pela reatância de magnetização, pois é bem maior.

A potência, a tensão e a corrente de entrada devem ser medidas antes que


o rotor aqueça muito. A potência de entrada do motor é calculada por:

E o fator de potência é calculado por:

O valor da impedância total do circuito do motor (rotor bloqueado) pode


ser calculado por meio da equação a seguir:

34
TÓPICO 2 — MÁQUINAS DE INDUÇÃO

Assim, Φ é o ângulo da impedância total. Desse modo, temos em:

Já a resistência para o rotor bloqueado é dada pela equação:

E a reatância, pela equação:

Nesse caso, X1’é a reatância do estator e X2’ é a reatância do rotor na


frequência do ensaio. Agora, podemos calcular a resistência R2 da maneira a
seguir:

Sendo assim, R1 é determinada no ensaio CC.

Por fim, a reatância total do rotor referida ao estator pode ser encontrada
pela equação:

35
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• O formato da máquina de indução depende da função para a qual é construída,


podendo funcionar como motor, freio e gerador.

• Utilizar um circuito elétrico equivalente traz mais segurança, uma vez que
suas propriedades são conhecidas. Assim, podemos aplicar diretamente as
equações fundamentais da eletricidade.

• O circuito equivalente de um motor de indução é utilizado para determinar a


resposta do motor (quando ocorre mudanças de carga).

• Os ensaios realizados na máquina de indução são semelhantes aos realizados


nos transformadores.

• É possível realizar um ensaio a vazio e outro com rotor bloqueado em uma


máquina de indução, buscando determinar alguns parâmetros importantes.

36
AUTOATIVIDADE

1 Os motores de indução, diferentemente dos motores síncronos, não


apresentam problema de partida. Em muitos casos, inclusive, a partida
desses motores pode ser feita ligando-os diretamente na linha de potência.
Entretanto, existem motivos para não recorrer esse tipo de ligação. Sobre
os motores de indução, assinale a alternativa CORRETA que apresenta a
potência aparente de um motor de indução trifásico de 20 HP, 250 V e letra
de código H.

a) ( ) 142kVA.
b) ( ) 1800 kVA.
c) ( ) 20kVA.
d) ( ) 250kVA.

2 Os motores elétricos de indução trifásico são muito utilizados nas grandes


máquinas industriais. Eles possuem duas partes, o rotor e o estator. Portanto,
é rotativo e funciona por meio de corrente elétrica alternada, assíncrona.
Com base na teoria dos motores de indução, analise as sentenças a seguir:

I- Uma das características construtivas do motor trifásico de indução, diz


respeito aos enrolamentos do estator, os quais são conectados a uma fonte
trifásica equilibrada, e os enrolamentos do rotor, curto-circuitados.   
II- No teste a vazio realizado em um motor de indução trifásico, o eixo gira
sem carga e o escorregamento para essa situação é praticamente igual a
um.
III- O motor de indução trifásico atinge velocidade nominal no ensaio com o
rotor bloqueado.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença I está correta.

3 Para que o motor elétrico de indução trifásico funcione corretamente, ele irá
depender de algumas informações, por exemplo, o tipo de carga do motor,
a tensão constante de alimentação dessa carga, a velocidade, a potência do
motor, o rendimento e outros fatores. De acordo com a teoria das máquinas
de indução, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) A potência medida no ensaio a vazio de um motor de indução representa


as perdas magnéticas, e por atrito, ventilação.
( ) O motor de indução trifásico não atinge velocidade nominal no ensaio
com o rotor bloqueado.
37
( ) Com o teste do rotor bloqueado em um motor de indução, podemos
calcular todos os parâmetros apresentados no circuito equivalente
completo.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Nos motores de indução com gaiola de esquilo, a corrente de partida pode


variar largamente. Para ajudar os usuários, esse tipo de motor possui em
sua placa de identificação uma letra de código para especificar o limite de
corrente que aquele motor poderá consumir na partida. Sobre os motores
de indução, assinale a alternativa CORRETA que apresenta o valor da
corrente de partida de um motor de indução trifásico de 25 HP, 220 V e
letra de código F.

5 Um motor de indução apresenta, fisicamente, o mesmo estator de uma


máquina síncrona, porém a construção do rotor é diferente. Chamamos
de rotor a parte da máquina que possui uma certa velocidade angular em
relação ao estator. Descreva o cálculo da velocidade síncrona do motor de
indução trifásico com rotor gaiola de quatro polos, 8 HP, 220 V, 50 Hz, fator
de potência 0,75 e rendimento 0,9, operando com escorregamento de 3%.

38
UNIDADE 1 TÓPICO 3 —

CLASSES DE MOTORES DE INDUÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos inicialmente as normas e as
especificações dos motores, afinal, um motor, quando opera de forma adequada,
tem a sua durabilidade maior.

Em seguida, veremos as classes dos motores, criadas pela NEMA, nos


Estados Unidos e pela International Electrotechnical Comission (IEC), na Europa.
Ambas definiram de forma padronizada um conjunto de classes de projeto por
meio de várias curvas de conjugado X velocidade.

Por fim, iremos conhecer as aplicações que envolvem os motores de


indução.

2 NORMAS E ESPECIFICAÇÕES
Um motor bem especificado significa que em condições operacionais
normais, a carga é acionada de forma adequada. Para determinar as especificações
de forma correta, precisamos conhecer as características da carga. De acordo com
Filippo Filho (2013), essas características são:

• tipo de carga e característica operacional;


• potência mecânica nominal;
• rotação nominal;
• curva do conjugado resistente;
• características do acoplamento;
• momento de inércia;
• regime de funcionamento;
• forças axiais e radiais atuantes sobre o motor.

Depois dessas primeiras informações, as próximas se referem à tensão e


frequência nominal, ou seja, às características elétricas da rede de alimentação.
Após todas essas informações, podemos realizar uma pré-seleção do motor, isto
é, determinaremos a potência mecânica e o número de polos, e logo em seguida,
veremos a capacidade do motor de acelerar a carga no tempo previsto, para que,
assim, evitemos o sobreaquecimento das bobinas.

39
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

O terceiro bloco de informações se refere às condições do ambiente, como


temperatura, condições de poeira, umidade e altitude. Também é necessário
identificar o grau de proteção do motor (IP), e algumas vezes, uma revisão da
potência mecânica, da classe de isolamento e do fator de serviço. Após determinar
esses parâmetros, é preciso especificar o tamanho da carcaça e o sentido de
rotação.

3 TIPOS DE CLASSES
Com a variação das características dos rotores (dos motores de indução),
é possível criar uma série de curvas de conjugado versus velocidade. Contudo,
devido ao grande número de possibilidades em relação aos motores de potência
elevada, a NEMA e a IEC padronizaram e definiram o que chamamos de classes
de projeto. Consideremos, por exemplo, que um motor individual pode ser
reconhecido como um motor da classe X. Na placa do motor trifásico, encontra-
se, então, a letra do projeto. Vejamos mais detalhadamente:

• Classe de projeto A: o motor tem barras do rotor grandes, por esse motivo,
precisa de uma alta corrente de partida e torque moderado de partida, mas
quando próximo da velocidade nominal, o torque é elevado. Devido ao
tamanho das barras do rotor, esse tipo de motor mantém a velocidade a plena
carga próxima da velocidade síncrona, mantendo a sua carga a uma velocidade
praticamente constante. O motor com projeto A sobreaquece mesmo abaixo
de sua classificação na placa de identificação, isto é, possui um torque maior
em velocidade baixa. Apresenta, também, alta potência de saída, mas perde
um pouco da eficiência em decorrência do escorregamento do rotor, mesmo
assim, a curva de torque é parecida com a de um motor de alto rendimento.
Para especificações equivalentes, o escorregamento a plena carga dos motores
da classe A deve ser sempre 5% menor do que o escorregamento de um motor
da classe B.
• Classe de projeto B: esse tipo de motor é o padrão utilizado na indústria, de
modo que possui torque de partida médio e corrente de partida moderada.
A plena carga, o motor projeto B tem velocidade menor a plena carga do que
o projeto A, além dos motores de alto rendimento. Os motores da classe B
substituíram os motores da classe A.
• Classe de projeto C: os motores de classe de projeto C possuem um torque
de partida e um escorregamento mais alto do que o motor da classe B, porém,
inferior a 5%. Sobre o rotor, as suas barras possuem dois tamanhos, sendo
que a parte menor fornece ao rotor um alto torque de partida, e a parte mais
profunda reduz o escorregamento. A corrente de partida é moderada e mais
susceptível a quebra, devido ao material das barras (cobre ou bronze). Os
rotores são do tipo dupla gaiola de esquilo, mas são mais caros do que os
motores das classes anteriores. Essa classe é utilizada quando há cargas com
elevados conjugados de partida, por exemplo, bombas e compressores.

40
TÓPICO 3 — CLASSES DE MOTORES DE INDUÇÃO

• Classe de projeto D: os motores dessa classe são utilizados para cargas que
exigem um torque de partida muito alto, mas não próximo da velocidade
nominal. O escorregamento a plena carga é na ordem de 7 a 11%, podendo
chegar acima de 17%. O motor de projeto D pode acionar cargas de volante
pesadas, sem apresentar um calor excessivo, até atingir a velocidade nominal.
Por exemplo, uma guilhotina de metal que armazena potência no peso no
movimento do volante. O torque e a corrente não são excessivamente
elevados quando a velocidade do motor é reduzida, suportando grandes
oscilações de RPM sem produzir muito calor nos enrolamentos do estator.
Os motores da classe D são basicamente os motores de indução da classe A,
em que as barras do rotor são menores e o material possui uma resistividade
maior. Algumas aplicações são: os grandes volantes usados em prensas de
perfuração, estampagem ou corte (CHAPMAN, 2013).

Existem também as classes de motores E e F, conhecidos como motores de


indução de partida suave, e tais classes eram reconhecidas pela NEMA, mas hoje
estão em desuso.

4 APLICAÇÕES
O motor de indução trifásico é o mais utilizado em aplicações industriais.
As aplicações desse tipo de motor são bem vastas, de modo que tais motores
podem ser usados em manufatura e produção, estando também presentes nos
prédios e nas residências, realizando tarefas como acionamentos de ventiladores,
elevadores, bombas, compressores e esteiras.

ATENCAO

Para selecionarmos o tipo de motor de indução, devemos, primeiramente,


conhecer o tipo de carga que o motor acionará.

As informações mais importantes são: a potência mecânica e a rotação


exigidas pela carga. Com essas informações, conseguimos encontrar a potência
e a rotação do motor. Um ponto importante é que a rotação da carga e a rotação
do motor podem ser bem diferentes, caso entre eles exista algum dispositivo de
acoplamento que varie a velocidade.

Os motores são utilizados para três finalidades: deslocamento de fluídos,


manipulação de cargas e processamento de materiais.

41
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

No deslocamento de fluidos, a realização ocorre com ventiladores, bombas


e compressores. Segundo Filippo Filho (2013), de modo geral, a potência da carga
será proporcional ao produto da vazão do fluído pela diferença de pressão entre
a saída e a entrada da máquina.

Para determinar a potência, no caso de compressores, a temperatura é


importante e a manipulação de cargas é realizada por talhas, guinchos, escadas
e/ou pontes rolantes, elevadores etc. Nesses exemplos, a potência mecânica, na
maioria das vezes, é proporcional ao produto da força pela velocidade.

Além disso, podemos dividir o processamento de materiais em metálicos


e não metálicos. Alguns exemplos de máquinas que fazem o processamento de
materiais são: máquinas operatrizes, moinhos, máquinas agrícolas, entre outras.
A potência mecânica para essas máquinas é obtida por meio do produto da força
exigida pelo processamento e a velocidade de processamento.

Quando se trata de movimento rotativo ou circular, o conjugado mecânico


possui uma analogia com a força em movimento retilíneo, do mesmo modo que a
velocidade angular tem com a velocidade linear. Após determinarmos a potência
mecânica e a rotação da carga, obteremos a potência e a rotação do motor. A
potência mecânica da carga e do motor é dada pela equação:

Assim, ηAC é o rendimento mecânico do acoplamento.

Um motor aciona uma carga de forma adequada quando o seu conjugado


for igual ao conjugado exigido pela carga (conjugado resistente).

Como já observamos, a máquina de indução funciona como motor,


gerador e freio, desse modo, o que determina as operações é a velocidade. Então,
se o rotor girar com velocidade menor do que o campo girante do estator na
mesma direção, a máquina funcionará como motor. Para a máquina funcionar
como gerador, basta que o rotor gire com uma velocidade maior que a do campo
magnético girante, também na mesma direção. E quando o rotor gira na direção
oposta do campo magnético do estator, temos o modo freio.

Existem, ainda, outras aplicações importantes que utilizam motores,


como o deslocamento de fluídos, ocorrendo em diferentes atividades industriais,
comerciais, rurais e até nas residências. A máquina capaz de realizar o deslocamento
de fluídos incompressíveis é conhecida como bomba. Além do deslocamento
do fluído para consumo, também existe o deslocamento para a realização de
processo, como nos sistemas óleo-hidráulicos. Geralmente, as bombas são

42
TÓPICO 3 — CLASSES DE MOTORES DE INDUÇÃO

acionadas pelos motores de indução. Desse modo, as bombas transformam a


energia mecânica recebida do motor em energia para deslocamento dos fluídos.
A potência mecânica, PMEC, exigida pelo motor que aciona a bomba é dada pela
equação:

Assim, γ é o peso específico do fluido dado em kgf/m3, Q é a vazão do


fluído dado por m3/s, H é altura de elevação dado em m, e ηb é a eficiência.

ATENCAO

Os motores de indução com rotor de gaiola são utilizados para o acionamento


de pequenos elevadores, guindastes, sistemas transportadores por correia, talhas, guinchos
e escadas rolantes.

Uma das máquinas mais simples para suspensão de peso é o sarilho, ou


seja, um cilindro no qual é enrolado um cabo de suspensão.

A potência mecânica depende da velocidade de içamento e do peso,


podendo ser calculada da maneira a seguir:

PMEC = P . v

Assim, P é o peso, e v a velocidade.

Na imagem a seguir, temos a apresentação do rotor e do enrolamento de


um motor de indução de 480V usado em uma indústria.

43
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

FIGURA 19 – ROTOR E ENROLAMENTO DO MOTOR DE INDUSTRIAL

FONTE: <https://shutr.bz/3u4NxPp>. Acesso em: 18 jul. 2021.

Os motores de indução também são muito utilizados no acionamento


de máquinas para processamento de materiais. Além disso, podemos dividir o
processamento de materiais em: materiais metálicos e não-metálicos.

Por fim, as máquinas de processamento se baseiam no acionamento


hidráulico ou pneumático. Nesses casos, o motor de indução irá acionar uma
bomba ou um compressor, sem aplicação direta ao processamento.

44
TÓPICO 3 — CLASSES DE MOTORES DE INDUÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

MOTORES EFICIENTES NA INDÚSTRIA

Roberval Bulgarelli

As atividades industriais requerem quase sempre um motor robusto, de


alta confiabilidade, boa eficiência, que reaja bem a variações de carga, e de baixo
custo, alguns processos requerem variação de velocidade, com um bom controle,
e áreas classificadas exigem um equipamento que não provoque centelhas. Há
máquinas que existem em praticamente qualquer tipo de indústria, e o motor
que melhor tem se adaptado a todo tipo de serviço é o motor de indução trifásico,
com rotor em gaiola de esquilo. De construção robusta, sem partes faiscantes,
com rendimento na casa de 90% (facilmente superando este valor para potências
maiores), exigindo quase nenhuma manutenção, barato, tem poucas desvantagens:
não varia a velocidade, operação degradada em baixa carga (baixos rendimento e
fator de potência), alta corrente de partida.

O maior obstáculo para algumas aplicações foi a variação de velocidade,


quando perdia em muito para o motor de corrente contínua, motor caro, que
exige muita manutenção e cuidado. A solução veio há mais de 20 anos, com o
avanço da eletrônica de potência, que produziu os conversores de frequência,
equipamentos que convertem a corrente alternada da rede de frequência fixa
(no Brasil, 60 Hz) em variável (que pode ir de 6 a 120 Hz). Adicionalmente, esta
aplicação pode também servir para economizar energia.

O MIT, motor de indução trifásico, responde por 75% dos motores


existentes no Brasil – dos 25% restantes, grande parte é de motores menores que
1 cv, monofásicos, com aplicação em equipamentos residenciais como geladeira,
ar-condicionado, máquina de lavar, ventiladores etc. – mas na indústria, este
número é seguramente maior.

Um motor é dimensionado pela carga mecânica que acionará, mas é


comum haver incertezas sobre esta carga no momento do dimensionamento,
ampliações ou situações que peçam um pouco mais de potência. Além do mais,
fora o aspecto do rendimento, não há inconveniente técnico para um motor sobre
dimensionado também operar com baixo fator de potência, sendo em muitos
casos o responsável por multas observadas na fatura.

Os motores elétricos existem há pouco mais de um século, e quando


surgiram, eram grandes, pesados e custavam caro. Ao longo do tempo, foi-se
reduzindo seu custo de fabricação, com menos ferro, menos cobre, além de
melhores materiais e técnicas de construção. A busca por eficiência energética
levou a motores com maior custo de fabricação, mas com menor custo de vida
útil, motores de alto rendimento, com desempenho otimizado pelo uso de

45
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

chapas magnéticas de melhor qualidade, maior volume de cobre, enrolamentos


especiais, núcleos dos rotores e estatores tratados termicamente, melhor desenho
da ventilação, entre outras modificações. Essas melhorias tornaram o motor de
alto rendimento cerca de 20% a 30% mais caros, só que a sua utilização em lugar
de um motor padrão pode ser economicamente viável, em função do custo de
energia economizado ao longo de sua vida útil, já que o custo da energia elétrica
consumida por um motor chegar a mais de 100 vezes o seu preço de aquisição.

É quase sempre viável, economicamente, instalar um novo motor de


alto rendimento em comparação com um motor tradicional, pois, a diferença
de investimento é apenas entre os custos dos dois motores, mas pode não ser
compensador em casos com baixíssima utilização do motor em questão. Para
a troca de um motor já existente, o investimento a ser considerado é não só o
custo total do motor de alto rendimento, mas também o custo de o colocar em
funcionamento: estudo, compra, frete, instalação, eventual mudança no circuito
elétrico, mão-de-obra para troca e condicionamento.

Para a implantação de motores de alto rendimento, supondo a troca


imediata, o investimento é alto quando a vida útil remanescente do motor existente
não é aproveitada. Quando se considera, no entanto, que a troca é feita ao final
da vida útil dos motores existentes, o ganho aumenta consideravelmente e essa
diferença destaca a importância de se conduzir um estudo de forma integrada ao
chão de fábrica.

A adoção de umas poucas políticas públicas favoreceu, de fato, a


exploração do potencial de conservação de energia em motores. Mas os estímulos
poderiam ser maiores. Considerando as verbas do PEE (Programa de Eficiência
Energética da Aneel), operacionalizado pelas concessionárias de energia que são
responsáveis pelo maior volume de investimentos que se realiza em eficiência
energética, a indústria não parece ser prioridade nos programas governamentais,
ainda que, conforme já evidenciado pela própria Aneel, a indústria é o maior
consumidor e recebe uma parcela muito pequena dos investimentos. Mas como
bem lembra Fernando Garcia, diretor de vendas de motores para a América do
Sul da WEG, o Propee (Procedimentos para Projetos de Eficiência Energética), de
julho/2013, é um bom exemplo, pois atuou neste ponto de forma a beneficiar os

46
TÓPICO 3 — CLASSES DE MOTORES DE INDUÇÃO

maiores consumidores de cada distribuidora na divisão das verbas, onde se insere


a indústria, “um grande avanço, mas na prática são muito poucos os editais com
verbas significativas à disposição das indústrias. ”

A Eletrobrás exerce, por delegação interministerial, a Secretaria Executiva


do Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), sob a
coordenação do Ministério de Minas e Energia. E no segmento industrial, a
Eletrobrás, por meio do Procel, já implementou uma rede com 14 laboratórios nas
cinco regiões do país, que por sua vez vêm contribuindo com ações de pesquisa,
desenvolvimento, extensão e inovação tecnológica relacionadas ao uso eficiente
da energia elétrica em sistemas motrizes. Essa rede de laboratórios se destaca por
ser uma das maiores e mais abrangentes entre todas as redes já desenvolvidas no
âmbito do Procel. Destaca-se também a atuação do Procel na capacitação de mais
de 2.907 profissionais de 690 indústrias de grande e médio porte, além de diversas
ações conjuntas com o Sebrae e outras associações, com o objetivo de acelerar e
perenizar a implementação dos projetos de eficiência energética voltados para a
indústria. “O estudo realizado em 2009 identificou que 82% das oportunidades
de economia de energia na indústria estão nos processos térmicos, estando o
restante (18%) relacionado ao consumo de eletricidade. Portanto, conforme prevê
o mesmo estudo e esses dados, o Procel se destaca como um dos programas mais
exitosos no segmento industrial para a redução do consumo de eletricidade”,
afirma Marcel da Costa Siqueira, gerente da Divisão de Eficiência Energética no
Setor Público da Eletrobrás.

Como lembra o executivo da WEG, a economia de energia em ações de


eficiência energética no setor industrial gera benefícios para toda a sociedade,
porque se a indústria tiver menor custo de produção, poderá ser muito mais
competitiva, vendendo mais e mais barato. Isto se reflete na sociedade em menores
custos de aquisição, mais empregos e em maior retorno pela arrecadação. “Uma
indústria nacional competitiva exportará e crescerá em vez de diminuir, como
tem sido usual em muitos segmentos. Por ser o maior consumidor de energia, as
ações de eficiência energética na indústria são as que têm o maior potencial de
adiar e evitar investimentos em novas gerações de energia, o que se reflete nas
tarifas, além de, claro, liberar mais energia para o sistema como um todo”, diz
Fernando Garcia.

Marcel concorda e acrescenta, ainda, a contribuição para a modicidade


tarifária, uma vez que a redução do consumo e da demanda de energia elétrica
possibilita a postergação de investimentos no setor elétrico. Sem contar os
benefícios ambientais, pois, apesar de a matriz energética brasileira ser uma
das mais limpas do mundo, sempre existem impactos ambientais associados
aos processos de energia elétrica, incremento da segurança energética, o que na
prática traz maior confiabilidade para o sistema elétrico nacional, e aumento da
competitividade do país, pois reduz os custos dos processos.

47
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

Não desmerecendo o que já foi feito, é fato que as iniciativas governamentais


de eficiência energética industrial precisam de maior impulso e ajuste. As ações
focam bastante na energia elétrica, e um ponto fundamental que necessita ser
destacado é que energia elétrica é a única forma de energia que está presente
em 100% das indústrias. Assim, ações sobre a mesma são bastante abrangentes
e atingem todas as empresas, não somente indústrias. Entretanto, é muito
mais comum vermos programas de troca de lâmpadas, que geram resultados
aparentes e visíveis, porém, não são os mais efetivos, já que os motores são os
maiores consumidores de energia elétrica na indústria. Fernando Garcia aponta
oportunidades como o PNEF (Plano Nacional de Eficiência Energética), que
possui boas análises e diretrizes, mas que está longe da aplicação prática, “uma
boa notícia é o recente alinhamento de ações da Abesco e Aneel com o objetivo de
organizar sua efetiva implantação”.

Para o executivo da Eletrobrás, o foco de atuação das iniciativas


governamentais é um tema de grande complexidade e que deve ser discutido pelos
diversos agentes do mercado para que a sua necessidade de ajuste seja analisada
adequadamente, “entretanto, no segmento industrial, a Eletrobrás, por meio do
Procel, tem atuado visando à remoção das principais barreiras relacionadas ao
uso eficiente da energia elétrica, de modo a acelerar a realização dos potenciais
técnicos e econômicos de conservação de energia elétrica já identificados”.

Setores industriais intensivos em consumo de energia de países


concorrentes do Brasil recebem apoio de seus governos para desenvolver projetos
de eficiência energética, países como China e Estados Unidos, por exemplo,
possuem programas de bônus na compra de motores mais eficientes. São valores
em yuan/CV ou dólar/CV com algumas variações em função do estado ou
distribuidora de energia. O objetivo é retirar do mercado os motores elétricos
ineficientes, por serem antigos e de projetos ultrapassados, e ainda podendo ter
sido rebobinados. Isto se reverte em competitividade às suas indústrias.

Marcel concorda que ações de eficiência energética trazem aumento da


competitividade. E ressalta o impacto que o Selo Procel, Eficiência Energética
em Equipamentos, com ênfase em motores, teve no Procel Indústria, Eficiência
Energética Industrial, “o impacto é muito relevante, pois os sistemas motrizes são
responsáveis por 68% do consumo de energia elétrica no setor industrial brasileiro
e, segundo estudo Eletrobrás/CNI, também representam o maior potencial técnico
de conservação de energia elétrica. Por isso, o Procel Indústria atua não somente
enfatizando a substituição de motores ineficientes por novos com Selo Procel. O
foco de atuação é ampliado, uma vez que os sistemas motrizes envolvem além dos
motores propriamente ditos, as instalações elétricas, incluindo MPCC (medição,
proteção comando e controle), transmissão mecânica, cargas acionadas (bombas,
ventiladores, exaustores, compressor etc.), a instalação mecânica e o seu uso final.
Cabe ressaltar que o motor elétrico é um elemento comum a todos os sistemas
motrizes elétricos”.

48
TÓPICO 3 — CLASSES DE MOTORES DE INDUÇÃO

Fernando Garcia também acha que o Selo Procel e a Lei de Eficiência


Energética, com relação a motores elétricos na indústria, foi de um resultado
espetacular para motores novos, pois obriga que todo o motor que se enquadre
na norma tenha de ser eficiente, “o problema é que, apesar de termos iniciado
esta regulação na frente de muitos países, inclusive o Mercado Comum Europeu,
hoje estamos perdendo largamente para várias regiões do mundo que já possuem
regulação de níveis mínimos de eficiência superiores ao nosso, isto tudo acaba
refletindo na competitividade da indústria. Mas o mais crítico ainda é que a
Lei á válida somente para equipamentos novos, nada determinando sobre os
equipamentos em operação na indústria e que podem ter níveis extremamente
obsoletos de eficiência, os mecanismos de bônus no exterior citados atuam
justamente neste foco, em promover a renovação do parque fabril. Aqui no Brasil,
uma ação neste sentido seria muito interessante”.

Um estudo da PUC-RJ, de 2014, encomendado pela Associação Brasileira


da Indústria Elétrica e Eletrônica, Abinee, mostrou que o reaproveitamento
irregular de motores elétricos provoca um desperdício de 7 milhões de MWh/
ano, valores calculados com base em dados recolhidos em 2012. À primeira vista,
por serem mais baratos, pode parecer que o comprador está fazendo um bom
negócio, mas a maioria destes motores já está obsoleta, apresentam vida útil
muito curta e eficiência comprometida, o que representa um gasto de energia
excessivo, muito acima do consumo dos motores regulamentados. Mas como
justificar o investimento em motores mais caros?

“Eficiência energética compete com outros possíveis investimentos da


indústria e isto sempre foi um obstáculo. Mas se analisarmos as oportunidades
é possível termos indicadores como TIR (Taxa Interna de Retorno) e
VPL (Valor Presente Líquido), indicadores mais usuais, extremamente
atrativos e que em nada perdem para outros investimentos possíveis”.

A economia mensurável na implantação de motores eficientes pode ser


vista na tabela abaixo que reúne projetos implantados em diferentes segmentos:

Fernando Garcia conta que, ao contrário do ditado que diz que em


casa de ferreiro, o espeto é de pau, na WEG todos os novos equipamentos
implantados no processo seguem a determinação de níveis IR3 ou IR4,
o que é superior à Lei que determina IR2 como rendimento padrão.
“É um investimento que se paga facilmente. Quanto aos motores já instalados no
parque fabril as substituições se iniciaram em 2008 e focaram as maiores potências
para atuar mais rapidamente na redução da demanda”.
49
UNIDADE 1 — PRÁTICAS COM MOTORES DE INDUÇÃO

Além dos motores, também se realizou a automação de sis-


temas com a aplicação de inversores de frequência, ação que, além
de proporcionar uma economia de energia bem mais expressi-
va traz também aumento de produtividade e redução de outros custos.
Exemplos são a automação das torres de resfriamento e filtros de mangas que
proporcionaram economias médias de 60% de energia elétrica nas torres, adi-
cionalmente, uma economia média de 22% de água, insumo também muito crí-
tico nos dias atuais e nos filtros se obteve aumento de até três vezes na vida útil
dos elementos filtrantes, com expressivas reduções de custos de manutenção”.

A WEG fornece linhas de motores com eficiência superior que já são co-
muns em clientes dos mais variados segmentos. Mas a distribuição é muito hete-
rogênea. Um ponto que dificulta o entendimento é a própria interpretação da Lei
de Eficiência Energética, ela determina hoje, como mínimo, o nível IR2, também
chamado de Alto Rendimento. Isto confunde os usuários, pois os induz a pensar
que Alto Rendimento é algo a mais, sendo que é somente o mínimo aceito pela
norma. A figura a seguir mostra esta situação:

Mas a WEG sente que o interesse por motores mais eficientes cresce, ainda
que o volume seja baixo, precisando apenas de maior consciência e conhecimento
dos critérios na hora da escolha, considerando o custo operacional dos motores e
não somente o seu custo de aquisição. De qualquer forma, este é hoje o segmento
que mais cresce no país.

FONTE: Adaptado de <https://issuu.com/editora_valete/docs/ci211>. Acesso em: 13 jul. 2021.

50
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• É possível determinar as especificações para um motor funcionar


adequadamente.

• Com a variação das características dos rotores dos motores de indução,


cria-se uma série de curvas de conjugado versus velocidade. Mas como são
muitas possibilidades, os tipos foram padronizados, definindo-se as classes
de projeto.

• Para selecionar o tipo de motor, é necessário, primeiramente, conhecer a carga.

• O motor de indução trifásico é o preferido para ser utilizado nas indústrias.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

51
AUTOATIVIDADE

1 O motor de indução trifásico possui diversas aplicações, podendo ser


utilizado em manufatura e produção, também estão presentes nos prédios
e nas residências, realizando tarefas como acionamentos de ventiladores,
elevadores, bombas, compressores e esteiras. Sobre os motores de indução,
assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Para escolher o tipo de motor, duas das últimas informações são a


potência mecânica e a rotação exigida pela carga.
b) ( ) Para a determinação da potência, no caso dos compressores, a
temperatura é o menos importante.
c) ( ) A potência mecânica da carga é dada por: PMEC = CC / ωC.
C

d) ( ) Alguns exemplos de máquinas que fazem o processamento de materiais


são: máquinas operatrizes, moinhos, máquinas agrícolas.

2 No decorrer da transformação eletromecânica de energia, alguma potência


é perdida internamente. Com base nas perdas de um motor de indução,
analise as sentenças a seguir:

I- As perdas no cobre ocorrem devido à corrente que percorre o enrolamento


do estator e do rotor.
II- As perdas no núcleo correspondem apenas às perdas por corrente
parasita.
III- As perdas por atrito e ventilação ocorrem devido ao atrito na rotação da
máquina e à ventilação.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 O motor de indução trifásico possui algumas vantagens em relação aos


outros motores, como o custo muito inferior em relação ao motor de CC de
igual potência, além disso, a manutenção é mais simples, e o consumo de
energia é menor nos processos de aceleração e frenagem. De acordo com a
teoria do motor de indução, classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:

( ) Os motores de indução podem ser divididos nas classes A, B, C e D.


( ) O motor classe B é o padrão utilizado na indústria, possui torque de
partida médio e corrente de partida moderada.
( ) O tipo de motor classe A é utilizado para cargas que exigem um torque de
partida muito alto, mas não próximo da velocidade nominal.

52
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V – V – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Conhecer as normas e as especificações dos motores é fundamental, pois


um motor, quando opera de forma adequada, aumenta a sua durabilidade.
Para determinar as especificações de forma correta, é necessário conhecer
as características da carga. Exemplifique pelo menos cinco características.

5 O deslocamento de fluídos ocorre em diferentes atividades industriais,


comerciais, rurais e até nas residências. As máquinas que realizam o
deslocamento de fluídos são tidas como bombas, as quais, geralmente, são
acionadas pelos motores de indução. Uma bomba deve elevar 40 m3/h de
água a 70 metros de altura. As perdas de carga representem 12% da altura
de elevação e o rendimento da bomba igual a 75%. Descreva o cálculo da
potência de um motor de quatro polos para seu acionamento.

53
REFERÊNCIAS
CHAPMAN, J. S. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre:
Grupo A, 2013. 

FILIPPO FILHO, G. Motor de indução. 2. ed. São Paulo: Érica, 2013.

FREITAS, L. C. J.; SILVA, R. S. Máquinas elétricas. Londrina: Editora e Distri-


buidora Educacional S.A., 2018.

HAND, A. Motores elétricos. Porto Alegre: Bookman, 2013.

NASCIMENTO, G. do. Máquinas elétricas. São Paulo: Érica, 2014.

SIMONE, G. A. Transformadores: teoria e exercícios. São Paulo: Érica, 2010.

TAVARES, M. M. Uso do gerador de indução duplamente alimentado como ge-


rador eólico. 2017, 105f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) - Cen-
tro de tecnologia e geociências, Universidade Federal de Pernambuco, Recife,
2017. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/28108. Acesso
em: 17 jul. 2021.

UMANS, S. D. Máquinas elétricas de fitzgerald e kingsley. 7. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2014.

54
UNIDADE 2 —

PRÁTICAS COM MÁQUINAS


SÍNCRONAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender o princípio de funcionamento de uma máquina síncrona;


• fazer o diagrama fasorial de uma máquina síncrona;
• realizar testes e ensaios de um motor síncrono;
• compreender o funcionamento e as aplicações que envolvem um gera-
dor síncrono.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS SÍNCRONAS

TÓPICO 2 – TESTES E ENSAIOS

TÓPICO 3 – OPERAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO GERADOR

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

55
56
UNIDADE 2
TÓPICO 1 —

INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS SÍNCRONAS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, veremos que uma máquina síncrona é uma
máquina elétrica cuja concepção permite a conversão de energia elétrica em
mecânica e vice-versa. Esse tipo de máquina é uma fonte fundamental de geração
de energia elétrica, pois representa quase 90% da potência gerada, por isso,
devemos estudá-la.

Observaremos que quando a máquina síncrona realiza a conversão de


energia elétrica em mecânica, ela passa a ser considerada como motor síncrono, e
quando converte potência mecânica em potência elétrica, é denominada gerador
síncrono. Dessa forma, podemos perceber que as máquinas síncronas são as
fontes mais importantes de energia elétrica.

Em seguida, veremos que grande parte dos conversores eletromecânicos
de energia funcionam por movimentos rotacionais, da mesma maneira como
funciona a máquina síncrona. Por fim, aprenderemos a fazer o diagrama fasorial
e finalizaremos estudando acerca do funcionamento dos geradores síncronos,
quando operam isoladamente ou em conjunto com outros geradores.

2 O QUE SÃO MÁQUINAS SÍNCRONAS?


Existem muitos tipos de motores, então, para estudá-los de maneira
eficiente, foram divididos em duas partes: motores acionados por corrente
contínua (CC) e motores acionados por corrente alternada (CA).

Os motores CA podem ser subdivididos em síncronos, assíncronos e


especial. No caso dos motores assíncronos, eles são conhecidos como motores
de indução, ou seja, aqueles cujo funcionamento é baseado na indução
eletromagnética, semelhante aos transformadores.

57
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

ATENCAO

Os motores de indução são muito utilizados na indústria, isto é, estão presentes


em 95% do setor industrial e 75% do total da potência instalada. Além disso, quando são
utilizados para aplicações em alta potência, como nas indústrias de cimento, siderúrgica e
outras, são fabricados em alta tensão. Entendemos como alta tensão os valores acima de
2000V (FILHO, 2013).

As máquinas síncronas funcionam com corrente alternada, sendo que a


rotação está relacionada ao número de polos magnéticos e à frequência da tensão
gerada de forma direta. Devido a essas características, elas são semelhantes às
máquinas de indução. Em relação ao seu uso, são bem utilizadas nos sistemas
de geração de energia elétrica, funcionando como gerador ou compensador de
potência reativa.

Podemos classificar as máquinas síncronas de acordo com o seu


funcionamento em geradores síncronos, também conhecidos como alternadores,
e podem ser de polos salientes ou polos lisos, ou ainda, turbos alternadores e
motores síncronos. Um gerador transforma energia mecânica em energia elétrica,
enquanto um motor transforma energia elétrica em mecânica.

Quanto às máquinas de indução, elas são semelhantes às máquinas


síncronas, uma vez que ambas são conversores eletromecânicos rotativos de
energia, de modo que funcionam com base na produção de campos girantes no
entreferro. Apesar da semelhança, na máquina de indução, a corrente e a tensão
são alternadas nos enrolamentos do estator e também do rotor, já nas máquinas
síncronas, o estator é excitado em corrente alternada e o rotor em corrente
contínua.

A seguir, podemos observar os tipos de motores síncronos de corrente


alternada. Devemos notar que os motores podem síncronos, monofásicos ou
trifásicos. Os monofásicos são classificados em relutância e histerese, e os trifásicos
em polos salientes, polos lisos e ímã permanente.

58
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS SÍNCRONAS

FIGURA 1 – MOTORES CA SÍNCRONOS

FONTE: A autora

Sabemos, então, que a máquina síncrona e a máquina de indução são


parecidas, mas uma das peças é idêntica, trata-se do estator, nele os enrolamentos
são trifásicos, portanto, podem ser ligados de duas formas, em estrela ou triângulo.
A diferença angular entre eles deve ser de 120°, que quando alimentados com
tensão trifásica, produzem um campo magnético girante.

Já o rotor da máquina síncrona é bem diferente do rotor da máquina de


indução, tanto na forma geométrica quanto no tipo de enrolamento. Na máquina
de indução, o rotor é cilíndrico, com enrolamento polifásico, enquanto o da
máquina síncrona pode ser de polos lisos (com enrolamento distribuído)
ou salientes (com enrolamento concentrado). Os rotores de polos salientes,
geralmente estão montados em um eixo vertical, o diâmetro é grande e o
comprimento é pequeno.

Em relação à velocidade, nas máquinas primárias do gerador síncrono de


polos salientes, ela é baixa e possui muitos polos. Nas máquinas de polos lisos, os
rotores possuem eixo horizontal, tem diâmetro pequeno e comprimento grande.
A velocidade do rotor pode ser alta e com poucos polos.

3 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DAS MÁQUINAS


SÍNCRONAS
Além das diferenças estruturais, também podemos perceber algumas
diferenças entre o funcionamento das máquinas síncronas ao operar como motor
e como gerador.

59
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

3.1 MOTOR
Nos motores síncronos, a corrente alternada alimenta a armadura do
rotor. Já o rotor é formado por um enrolamento energizado, porém, a alimentação
não é com corrente alternada, mas sim com corrente contínua, produzindo um
campo constante no entreferro.

Esse campo gira segundo o campo girante produzido pela armadura. As


correntes do estator produzem um campo girante e a corrente do rotor produz
um campo constante, a interação entre os dois campos produz um conjugado
mecânico que tentará alinhar os dois campos. A função do conjugado é fazer
com que o rotor gire na mesma velocidade do campo girante, mas com um atraso
angular. Quando aumentamos a carga mecânica, também há um aumento do
ângulo entre os campos do estator e do rotor.

A partida dos motores síncronos e de indução é igual até os polos do


estator e do rotor se acoplarem, ou seja, quando atingem a velocidade nominal.
Nesse momento, a velocidade do rotor se torna igual à síncrona. No caso das
máquinas comerciais, para permitir a partida, existe uma gaiola de esquilo.

Vejamos, a seguir, um motor elétrico síncrono, o qual atua com velocidade


constante, resultado da interação entre os campos estáticos e magnéticos.

FIGURA 2 – MOTOR SÍNCRONO EM CORTE

FONTE: <https://shutr.bz/3EGE6KV>. Acesso em: 18 jul. 2021.

A frequência elétrica da equação da velocidade síncrona (fs), ou seja, a


frequência de tensão gerada em Hz da máquina primária, deve ser calculada da
seguinte maneira:

60
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS SÍNCRONAS

Nesse caso, ns é a velocidade síncrona de rotação da máquina primária


em rpm, e P é o número de polos da máquina, determinado pela construção.
Uma diferença marcante da máquina síncrona para assíncrona está no fato de
que a velocidade do rotor (velocidade mecânica) é igual a velocidade do campo
girante (velocidade elétrica) na máquina síncrona.

FIGURA 3 – ESTATOR DE UM MOTOR SÍNCRONO

FONTE: <https://shutr.bz/2XJEYxj>. Acesso em: 18 jul. 2021.

3.2 GERADOR
Um gerador síncrono é constituído por um rotor movimentado por uma
máquina primária, de modo que pode ser uma turbina hidráulica (ou a vapor)
e um estator, gerando as correntes e tensões elétricas oriundas da conversão
eletromecânica de energia.

O rotor ou o campo é alimentado por uma corrente contínua e colocado


em movimento por meio de uma máquina primária acoplada ao seu eixo, e
assim, temos um campo girante. Os condutores do estator produzem uma força
eletromotriz induzida, e então, é criado um conjugado eletromecânico. Esse
conjugado vai se opor à rotação do rotor, de maneira que um conjugado mecânico
deve ser aplicado a partir de uma máquina primária acoplada ao rotor, para
manter a rotação.

61
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

FIGURA 4 – ROTOR DE UM GERADOR SÍNCRONO

FONTE: <https://shutr.bz/3CEnUrv>. Acesso em: 18 jul. 2021.

Podemos dizer que o rotor de uma máquina síncrona é considerado a fonte


de campo magnético. Existem rotores com polos lisos ou salientes, e também
com magnetos permanentes ou com eletroímãs. O gerador de ímã permanente
é usado para desenvolver a tensão de excitação do rotor do alternador.

FIGURA 5 – GERADOR DE IMÃ PERMANENTE

FONTE: <https://shutr.bz/3hZzW7c>. Acesso em: 18 jul. 2021.

4 DIAGRAMA FASORIAL DA MÁQUINA SÍNCRONA


O diagrama fasorial é muito utilizado para analisar circuitos de corrente
alternada, pois permite verificar a tensão e a corrente de forma simples e rápida,
além de uma análise da defasagem. No caso das máquinas síncronas, também
utilizamos o diagrama fasorial, porque tanto o motor quanto o gerador podem
ser modelados por um circuito equivalente.
62
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS SÍNCRONAS

4.1 MOTOR
Uma característica do motor de indução é apresentar um comportamento
exclusivamente indutivo. Essa é uma característica importante que o diferencia
do motor síncrono, já que esse último pode operar com fator de potência indutivo,
capacitivo ou unitário, desde que seja ajustada a magnitude da corrente de campo.
Quando aumentamos a corrente de campo, a tendência do motor síncrono é ir se
tornando capacitivo.

Na sequência, temos o diagrama fasorial do motor síncrono operando


com o fator de potência adiantado, ou seja, a corrente está adiantada em relação
à tensão, portanto, capacitivo.

FIGURA 6 – DIAGRAMA FASORIAL DE UM MOTOR OPERANDO COM UM FATOR DE POTÊNCIA


ADIANTADO

FONTE: A autora

Existe a possibilidade de um motor síncrono operar com o fator de


potência adiantado para realizar a correção do fator de potência. A realização
dessa operação gera para a indústria uma economia de custos, por esse motivo,
esses motores têm sido mais utilizados.

Agora, vejamos o diagrama fasorial do motor síncrono operando com


fator de potência atrasado, ou seja, a corrente está atrasada em relação à tensão,
assim, são indutivos.

FIGURA 7 – DIAGRAMA FASORIAL DE UM MOTOR OPERANDO COM UM FATOR DE POTÊNCIA


ATRASADO

FONTE: A autora

63
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

4.2 GERADOR

Como já vimos, as tensões de um gerador síncrono são tensões em corrente


alternada, e normalmente são expressas como fasores, ou seja, possuem módulo e
ângulo. Então, um gerador pode ser representado pelo seu diagrama fasorial, isto
é, um gráfico em que são representadas as tensões de uma fase: EA, Vϕ, jXSIA e RAIA,
e a corrente IA dessa fase. O diagrama fasorial da máquina síncrona depende do
tipo de operação da máquina, se motor ou gerador. Sendo assim, esse diagrama é
obtido a partir do circuito equivalente do motor ou do gerador síncrono.

Temos, a seguir, a representação do diagrama fasorial de um gerador


síncrono com fator de potência igual a um, ou seja, esse gerador é alimentando com
uma carga somente de resistores. Todas as tensões e correntes são apresentados à
Vϕ, e o ângulo é assumido como 0°.

FIGURA 8 – DIAGRAMA FASORIAL COM FATOR DE POTÊNCIA UNITÁRIO DE UM GERADOR

FONTE: A autora

A diferença entre a tensão total EA e a tensão de terminal da fase Vϕ é


dada pelas quedas de tensão, tanto resistivas quanto indutivas.

Quanto ao diagrama fasorial do gerador que funciona com fator de


potência atrasado, podemos observar:

FIGURA 9 – DIAGRAMA FASORIAL DE UM GERADOR COM FATOR DE POTÊNCIA ATRASADO

FONTE: A autora

Já com fator de potência atrasado, temos:

64
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS SÍNCRONAS

FIGURA 10 – DIAGRAMA FASORIAL DE UM GERADOR COM FATOR DE POTÊNCIA ADIANTADO

FONTE: A autora

Se compararmos os dois diagramas anteriores, notaremos que para


uma determinada tensão de fase e corrente de armadura, é preciso uma tensão
gerada interna EA maior para as cargas atrasadas do que para as adiantadas.
Desse modo, nas cargas atrasadas, para obtermos a mesma tensão de terminal,
é necessário que haja uma corrente de campo maior. A tensão no terminal com
cargas atrasadas terá um valor menor, e com cargas adiantadas um valor maior.

ATENCAO

Lembrando que esses valores são para uma determinada corrente de campo e
uma intensidade de corrente de carga.

Um gerador síncrono, conforme observamos, é uma máquina síncrona


que converte potência mecânica em potência elétrica trifásica. Todos os geradores
são acionados por meio de uma máquina motriz, a fonte de potência mecânica. A
respeito da máquina motriz, a mais comum é a turbina a vapor, porém, existem
outras, como as máquinas diesel as turbinas a gás, hidráulicas e as eólicas. Com
isso, devemos saber que a queda de velocidade de uma máquina motriz é dada
pela equação:

Nesse caso, nvz é a velocidade a vazio da máquina motriz, e npc é a


velocidade a plena carga da máquina motriz.

Precisamos perceber que a potência mecânica que entra em um gerador


síncrono, não é totalmente transformada em potência elétrica na saída do gerador,
com isso, a diferença entre as potências da máquina são as perdas dessa máquina,
sendo perdas mecânicas, as do núcleo e as suplementares.

65
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

A potência de entrada, ou seja, a potência do eixo do gerador, é dada pela


equação:

Também� pode� ser dada pela equação seguinte, considerando que γ é o


ângulo entre E A e I A :

Podemos calcular o valor da saída de potência elétrica ativa, do gerador


síncrono, com a equação:

Sendo que VL e IL são, respectivamente, a tensão e corrente de linha.


Também podemos representar a potência de saída em termos da tensão de fase,
Vϕ, e corrente de fase IA, com a equação:

A saída da potência reativa pode ser expressa por meio da tensão e


corrente de linha:

E da tensão e corrente de fase:

O diagrama de fluxo de potência de um gerador síncrono é:

FIGURA 11 – DIAGRAMA DE FLUXO DE POTÊNCIA PARA UM GERADOR SÍNCRONO

FONTE: Adaptada de CHAPMAN (2013)

66
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS SÍNCRONAS

De acordo com Chapman (2013), podemos observar na figura 11 as


perdas no núcleo, as perdas no cobre, as perdas por atrito e ventilação e as perdas
suplementares. Vejamos os detalhes de cada uma:

• As perdas no núcleo são as perdas por histerese e as perdas por correntes


parasitas, no metal do motor.
• As perdas no cobre ocorrem devido aos enrolamentos de campo e de armadura
do gerador;
• As perdas por atrito e ventilação são as perdas mecânicas.
• As perdas suplementares não estão em nenhuma das outras categorias. Foi
determinado, por convenção, que essas perdas equivalem a 1% da potência a
plena carga.

67
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• As máquinas síncronas são semelhantes às máquinas de indução.

• Existem diferenças entre as máquinas síncronas quando são utilizadas como


motor e como gerador.

• Os diagramas fasoriais de um motor e de um gerador síncrono são diferentes,


e quanto maior for a corrente de campo, a tendência do motor síncrono é
apresentar um comportamento capacitivo.

• Para fazer um diagrama fasorial é preciso conhecer o circuito equivalente e


suas equações.

68
AUTOATIVIDADE

1 Nas máquinas síncronas, a rotação está relacionada com o número de polos


magnéticos e com a frequência da tensão gerada. Desse modo, as máquinas
síncronas se assemelham às máquinas de indução. Sobre as máquinas
síncronas, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Nas máquinas síncronas, o estator é excitado em corrente alternada e o


rotor em corrente contínua.
b) ( ) Uma característica do motor síncrono é ter um comportamento
exclusivamente indutivo.
c) ( ) Na máquina síncrona, o rotor é cilíndrico com enrolamento polifásico.
d) ( ) A máquina síncrona é um tipo de máquina que funciona com corrente
contínua.

2 A máquina síncrona é uma máquina elétrica que permite a conversão de


energia elétrica em mecânica e vice-versa. Quando utilizada na conversão
de energia elétrica em mecânica, é chamada de motor síncrono. Com base
nas definições sobre os motores síncronos, analise as sentenças a seguir:

I- Uma das utilizações do motor síncrono é corrigir o fator de potência.


II- A partida de um motor síncrono, no início, é diferente do motor de
indução.
III- O motor síncrono não varia sua velocidade em função da carga.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 A máquina síncrona é muito utilizada nos sistemas de geração de energia


elétrica, funcionando como gerador ou como compensador. Com base nos
conhecimentos sobre as máquinas síncronas, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

( ) O diagrama fasorial é obtido a partir do circuito equivalente da máquina


síncrona, operando como gerador ou como motor.
( ) Quando se ajusta a magnitude da corrente de campo, o motor síncrono
pode operar com fator de potência indutivo, capacitivo ou unitário.
( ) Para obtermos a mesma tensão de terminal em um gerador síncrono, deve
haver uma corrente de campo menor para as cargas atrasadas.

69
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 A máquina síncrona, quando converte potência mecânica em potência


elétrica é conhecida como gerador síncrono. Explique o funcionamento
desse tipo de máquina síncrona.

5 A partida de um motor síncrono, no início, é igual ao motor de indução,


porém, quando os polos do estator e do rotor se acoplarem, ou seja, atingem
a velocidade nominal, a velocidade do rotor se torna igual à síncrona. Em
máquinas comerciais, normalmente existe uma gaiola de esquilo no rotor
para permitir a partida. Considere um motor síncrono que possui 6 polos
e velocidade síncrona de 1200 rpm. Descreva o cálculo da frequência de
tensão gerada da máquina primária.

70
UNIDADE 2 TÓPICO 2 —

TESTES E ENSAIOS

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos, inicialmente, as características
construtivas das máquinas síncronas. Veremos que o estator, por exemplo, é igual
tanto em uma máquina síncrona quanto em uma máquina assíncrona.

Em seguida, conheceremos os circuitos equivalentes, tanto da máquina


síncrona operando como gerador quanto como motor, e notaremos o quanto são
semelhantes.

Por último, analisaremos na prática, como realizar o teste a vazio e em


curto-circuito de um gerador síncrono.

2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DAS MÁQUINAS


SÍNCRONAS
O estator de uma máquina síncrona (o induzido) é igual ao da máquina
assíncrona, formado por um enrolamento, normalmente trifásico, com um ou
mais pares de polos. O rotor (o indutor), diferentemente do estator, é formado
por um enrolamento monofásico, alimentado por corrente contínua.

ATENCAO

O rotor também é conhecido como enrolamento de campo ou de excitação,


porém, nas máquinas de potência reduzida, os enrolamentos estão sendo substituídos
pelos ímãs permanentes.

Podemos ter as máquinas de rotor cilíndrico ou polos lisos, os turbo-


alternadores ou turbo-motores, em que o enrolamento do rotor é distribuído,
pois funcionam com velocidades altas. Normalmente são de 2 ou 4 polos. Esse
tipo é constituído de peças que possuem uma boa resistência mecânica, além
disso, geralmente o rotor é de aço maciço.
71
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

Existem também as máquinas de polos salientes, em que o enrolamento


é formado por bobinas concentradas. A construção dessa máquina permite todas
as velocidades de rotação síncrona, porém, é preciso ter no mínimo 4 polos.
Geralmente, possuem de 48 a 96 polos e baixa rotação. Um exemplo de utilização
dessa máquina é em centrais hidrelétricas, acoplado a turbinas. Devido ao
número de polos, essas máquinas são maiores em diâmetro e menores em
profundidade. É, contudo, a forma mais utilizada nos motores, principalmente
aos que funcionam com velocidades inferiores a 1500 rpm.

ATENCAO

Semelhante às máquinas assíncronas, em uma grande parte das máquinas


síncronas, no rotor tipo gaiola de esquilo há um terceiro enrolamento para amortecer
oscilações que provoquem quebras de sincronismo.

Em um gerador síncrono, sabemos que potência é convertida da forma


mecânica para a elétrica. O conjugado induzido no rotor do gerador depende do
ângulo de conjugado, então, podemos calcular a potência da maneira a seguir:

Sendo que, PCONV é a potência convertida da forma mecânica para a elétrica,


δ é o ângulo de conjugado, XS é a reatância síncrona e EA é a tensão gerada interna.

O conjugado induzido é dado pela equação:

Cabe ressaltar que as duas grandezas chegam no valor máximo quando o


ângulo de conjugado for 90°.

3 CIRCUITO EQUIVALENTE DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS


A análise de circuito equivalente é muito importante e frequentemente
utilizada para explicar as características das máquinas elétricas em geral, assim
como nas máquinas síncronas. Essa análise ajuda a entender o funcionamento
complexo das máquinas síncronas de um modo mais simples e fácil.

72
TÓPICO 2 — TESTES E ENSAIOS

Quando realizamos a análise do equipamento com ação geradora,


encontramos o circuito equivalente da máquina síncrona. A tensão gerada nunca
será aquela entregue à carga, em decorrência das perdas intrínsecas ao sistema.
Os fatores que geram perdas são:

• distorção do campo magnético do entreferro pela corrente que flui no estator,


ou seja, a reação de armadura;
• autoindutância das bobinas da armadura;
• resistência das bobinas da armadura rotor;
• efeito do formato dos polos salientes do rotor.

E
IMPORTANT

Os efeitos da autoindutância e da reação de armadura são representados por


reatâncias, por essa razão esses feitos são combinados em uma reatância única chamada
reatância síncrona, XS.

3.1 CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM MOTOR SÍNCRONO


Um motor síncrono é bem semelhante a um gerador síncrono, a diferença
entre eles está no sentido do fluxo de potência e do fluxo de corrente do estator.
Podemos concluir, assim, que o circuito equivalente de um motor síncrono é
igual ao de um gerador síncrono, a não ser pelo sentido de referência da corrente
IA (invertido). Vejamos o circuito equivalente por fase do motor síncrono:

FIGURA 12 – CIRCUITO EQUIVALENTE DO MOTOR SÍNCRONO POR FASE

FONTE: A autora

O circuito equivalente completo do motor síncrono está representado a


seguir, lembrando que as três fases do circuito podem ser ligadas em Y ou em Δ:

73
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

FIGURA 13 – CIRCUITO EQUIVALENTE COMPLETO DO MOTOR SÍNCRONOTRIFÁSICO

FONTE: A autora

A equação da lei de Kirchhoff da tensão para o circuito equivalente é


dada por:

Ou:

Podemos perceber que essa equação é a mesma do gerador, exceto o sinal


do termo de corrente ser invertido.

Vamos analisar um exemplo para ilustrar o uso do circuito equivalente:


consideremos um motor síncrono trifásico de 60Hz, ele possui uma tensão de
linha de terminal de 420V e uma corrente de terminal de 100ª, com um fator
de potência de 0,85 atrasado. A reatância síncrona do motor síncrono vale 1,5Ω.
Nesse motor, a resistência de armadura não será considerada. Nas condições
descritas, a corrente de campo é 40 A.

74
TÓPICO 2 — TESTES E ENSAIOS

Devemos, então, calcular a tensão gerada Ea, o valor da indutância mútua


L entre o campo e a armadura, a potência elétrica de entrada do motor em kW, o
ângulo de fase δ da tensão gerada e a corrente de campo, necessária para conseguir
um fator de potência unitário nos terminais do motor. Vamos escolher, então, a
tensão de terminal como referência de fase, e assim, encontraremos a tensão de
terminal expressa como uma tensão de fase:

Agora, precisamos encontrar o ângulo do fator de potência atrasado de


0,95:

Desse modo, encontramos a corrente de fase:

E a tensão gerada:

75
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

A indutância mútua é encontrada por meio da equação:

E a potência trifásica de entrada é três vezes a potência de entrada de uma


das fases:

Para obtermos um fator de potência unitário nos terminais do motor, a


corrente no terminal da fase a deve estar em fase com a tensão de fase Va da fase
a. Desse modo, temos:

Após encontrar L, obteremos a corrente de campo:

76
TÓPICO 2 — TESTES E ENSAIOS

3.2 CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM GERADOR SÍNCRONO


Ao girarmos o rotor de um gerador síncrono, aparece uma tensão
EA induzida nos enrolamentos do estator. Vamos pensar, agora, sobre o que
aconteceria se colocássemos carga nos terminais.

Quando adicionamos carga nesses terminais do gerador, uma corrente


trifásica passa a circular no estator, o que provocará a produção de um campo
magnético. Esse campo magnético criado no estator (BS) irá distorcer o campo
magnético original do rotor (BR), tendo como resultado a mudança da tensão de
fase resultante. Esse efeito é conhecido como reação de armadura. O campo BS
produz uma tensão no estator, e chamaremos de Eest.

Se não adicionarmos nenhuma carga no gerador, não existirá fluxo de


corrente de armadura, de modo que EA será́ igual à tensão de fase Vϕ. Agora,
iremos ligar esse gerador a uma carga reativa atrasada. O fato de estar atrasada,
fará com que o pico de corrente ocorra um ângulo depois do pico de tensão.
Desse modo, a tensão total em uma única fase pode ser calculada por:

E o campo magnético líquido, Blíq, é a soma dos campos magnéticos do


estator e do rotor, dada por:

Os ângulos de EA e BR são iguais, assim como os ângulos de Eest e BS. Sendo


assim, o campo magnético resultante Bliq irá coincidir com a tensão liquida Vϕ.

Agora, devemos modelar os efeitos da reação de armadura sobre a tensão


de fase. A tensão Eest está um ângulo de 90° atrasada da corrente máxima IA, e
também é diretamente proporcional à essa corrente. Considerando X a constante
de proporcionalidade, a tensão de reação de armadura pode ser calculada da
seguinte maneira:

A tensão em uma única fase é dada pela equação:

Analisando o circuito da imagem a seguir, temos que a tensão Vϕ é dada


pela equação:

77
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

FIGURA 14 – PARTE DO CIRCUITO EQUIVALENTE

FONTE: A autora

Se observamos a última equação, notaremos que ela é igual à que descreve


a tensão da reação de armadura. Desse modo, podemos concluir, de acordo com
Chapman (2013), que a tensão da reação de armadura pode ser escrita como um
indutor em série, com a tensão gerada.

As bobinas do estator têm uma autoindutância (LA), uma reatância (XA) e


uma resistência (RA). Assim, a diferença total entre EA e Vϕ é dada pela equação:

No caso da autoindutância e dos efeitos de reação de armadura, eles são


representados por uma única reatância, conhecida como reatância síncrona,
sendo calculada da maneira a seguir:

Então, a equação é descrita por:

A partir disso, conseguimos construir o circuito equivalente de um


gerador síncrono trifásico:

78
TÓPICO 2 — TESTES E ENSAIOS

FIGURA 15 – CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM GERADOR TRIFÁSICO

FONTE: A autora

Na figura 15, devemos observar que o primeiro circuito apresenta uma


fonte de tensão CC alimentando o circuito de campo do rotor, representado por
uma indutância em série, com a resistência da bobina. E o resistor ajustável Raj
controla o fluxo da corrente de campo.

Os outros três circuitos são os modelos de cada fase. Precisamos lembrar


que as tensões e as correntes das três fases são idênticas, mas defasadas de 120°.
E as três fases podem ser ligadas tanto em Y ou em Δ:

FIGURA 16 – LIGAÇÕES EM Y OU Δ

FONTE: A autora

79
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

A tensão do terminal, quando ligada em Y, é dada pela equação:

E se estiver ligada em Δ, pela equação:

ATENCAO

É importante observar que as três fases do gerador síncrono, quando estão


com cargas conectadas, só irão apresentar as mesmas tensões e correntes quando elas
estiverem equilibradas.

Geralmente, utilizamos um único circuito equivalente por fase, pois as


três fases do gerador síncrono, como vimos, são iguais, apenas defasadas e por
fase.

FIGURA 17 – CIRCUITO EQUIVALENTE POR FASE DE UM GERADOR SÍNCRONO

FONTE: A autora

Para ilustrar a aplicação do circuito equivalente nos geradores síncronos,


faremos um exemplo, portanto, consideremos um gerador com potência de 25kW
e os seguintes dados na placa: reatância síncrona de 3Ω na frequência nominal,
e a tensão nominal (com conexão em estrela) é 350 V. A plena carga o fator de
potência é 0,95 indutivo. Iremos calcular, assim, o valor interno da tensão e a
corrente nominal.

80
TÓPICO 2 — TESTES E ENSAIOS

Como conhecemos o fator de potência e a potência nominal, iremos


calcular a potência aparente e depois calcular a corrente de carga:

Já que a máquina está conectada em estrela, podemos calcular a corrente


da seguinte maneira:

Agora que já conhecemos a corrente da armadura, iremos, de fato, usar o


circuito equivalente para calcular a tensão interna. Atentemos ao fato de que no
circuito equivalente nós usamos a tensão de fase. Iremos, então, calcular o ângulo
do fator de potência:

Neste exercício foi ignorado o valor da resistência da armadura, porque


normalmente ela é menor do que a reatância síncrona. Desprezando esse valor,
os resultados são impressivos, porém, a ordem de grandeza está correta. Esse
recurso é válido para uma análise rápida.

3 TESTE EM ABERTO E TESTE EM CURTO-CIRCUITO


Os ensaios em curto-circuito e aberto são os mais conhecidos e reconhecidos
quando o objetivo é identificar os parâmetros da máquina síncrona e entender
o seu funcionamento. Esses testes são utilizados há muitos anos, principalmente
em decorrência da sua simplicidade.
81
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

Para uma máquina síncrona trabalhando como gerador síncrono, devemos


determinar três parâmetros para descrever o comportamento de um gerador
síncrono real. Esses parâmetros são:

• relação entre a corrente de campo e o fluxo;


• reatância síncrona;
• resistência de armadura.

Para iniciar o teste, iremos precisar de:

• fonte de corrente contínua;


• conexão com a rede elétrica para tensão de linha de 220 V;
• máquina síncrona como motor;
• máquina síncrona como gerador;
• amperímetros (o multímetro pode ser usado, porém, os de formato alicate são
mais práticos para medir corrente em motores);
• tacômetro (usado para medir a velocidade do eixo, pode ser de contato ou
baseado em superfície refletiva);
• reostato;
• chave tripolar (chave para os três conectores simultâneos de uma conexão
trifásica).

Começaremos fazendo a conexão do motor síncrono do procedimento


apresentado a seguir:
• identificar os terminais da máquina síncrona que está sendo utilizada e as
suas diferentes conexões. Também devemos atentar para a placa, pois nela
há um desenho com as conexões dos terminais para os dois tipos de ligação;
• realizar a ligação trifásica para 220V, em ∆ (terminais L1, L2 e L3);
• conectar em série o enrolamento de campo do motor síncrono, o reostato
de campo e a fonte, com o reostato já ajustado para o valor máximo de sua
resistência. Sugestão: fonte corrente contínua de 12V e reostato de valor 10Ω.

FIGURA 18 – MÁQUINA SÍNCRONA OPERANDO COMO MOTOR

FONTE: A autora

Para partir um motor síncrono, devemos aplicar uma tensão de 220V com
o enrolamento de campo desconectado. Após, precisamos ligar o enrolamento de
campo e ajustar o reostato de campo, até o motor atingir a velocidade de 1800rpm.
Verificaremos, em seguida, a velocidade síncrona com o número de polos, para
82
TÓPICO 2 — TESTES E ENSAIOS

certificar o entendimento. E utilizaremos o tacômetro para medir a velocidade. O


funcionamento da máquina para a velocidade depende da corrente passando por
seu circuito de campo, se é suficiente ou não, daí o ajuste do reostato.

É necessário notar que o controle por reostato está em desuso em muitas


aplicações, pela disponibilidade de inversores de frequência com controle
eletrônico. Porém, é um mecanismo simples e ilustra o funcionamento do motor.

Agora, estudaremos a respeito do gerador síncrono e o ensaio a vazio.


Sendo assim, depois de realizarmos todas as ligações do motor síncrono, faremos
as ligações do gerador síncrono, conforme a figura a seguir:

FIGURA 19 – GERADOR SÍNCRONO PARA O ENSAIO EM ABERTO

FONTE: A autora

Para o ensaio de uma máquina síncrona como gerador, ela precisa estar
acoplada a outro motor, para transmitir o movimento do eixo. Assim, devemos
conectar na rede o motor síncrono, para gerar energia elétrica no gerador. Com
todos os equipamentos ligados, iniciaremos o teste:

• Primeiro passo: partir o motor síncrono.


• Segundo passo: quando o motor síncrono atingir o sincronismo em 1800
rpm, verificar a tensão sem a corrente de campo, ou seja, a tensão residual do
gerador síncrono, e anotar.
• Terceiro passo: ligar o circuito de campo do gerador síncrono, colocando o
reostato de campo no seu máximo valor.
• Quarto passo: retirar os condutores e medidores do circuito de campo do
motor síncrono e conectar esses condutores no circuito de campo do gerador
síncrono.
• Quinto passo: ir diminuindo o reostato de campo e registrando vários valores
de corrente de campo e de tensão. Variar a corrente de campo até a tensão
gerada atingir aproximadamente 220V.

83
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

Após, existem alguns procedimentos para desligar:

• voltar o reostato de campo para o seu máximo valor;


• retirar os condutores de campo do gerador síncrono;
• reduzir a tensão aplicada do motor síncrono.

Usando as medidas deste ensaio, podemos calcular a impedância da


máquina com as relações a seguir.

A corrente de armadura IA é dada por:

Sendo que RA é a resistência de armadura.

E o módulo, por:

Como XS >> RA, temos em:

A corrente IA é obtida pelo ensaio em curto-circuito, em que a máquina


não está́ saturada para todas as correntes de campo, por essa razão, o valor de XS
é aproximado. A corrente de campo é obtida na região linear.

Faremos, agora, um exemplo de exercício envolvendo o ensaio a vazio de


um gerador trifásico: consideremos que um gerador síncrono trifásico de 60Hz
foi submetido a um ensaio a vazio. Os seguintes dados foram coletados: tensão
nominal a vazio de 15 Kv, produzida por uma corrente de campo de 300 A. Sobre
a linha do entreferro e tensão de 15KV, a corrente de campo correspondente é de
270A. Quais são os valore de L saturado e não saturado?

84
TÓPICO 2 — TESTES E ENSAIOS

Devemos notar que a saturação reduz a indutância mútua no valor de


9,72%, conforme a equação:

Avançaremos os estudos para o gerador síncrono e o ensaio de curto-


circuito. Desse modo, precisamos fazer as ligações do motor síncrono, e em
seguida, a do gerador síncrono. Montaremos o circuito e no lugar do voltímetro,
colocaremos um amperímetro em série. Neste caso, é conveniente usar o
amperímetro do tipo alicate, se disponível. Para simular a operação em curto-
circuito, uma sugestão é colocar uma chave tripolar, que deve iniciar aberta.
Deixaremos a tensão no gerador baixa, para evitarmos correntes acima da corrente
nominal do equipamento. Depois de realizarmos todas as ligações, iniciaremos
o ensaio:

• Primeiro passo: partir o motor síncrono.


• Segundo passo: quando o motor síncrono atingir a velocidade de 1800 rpm,
ou seja, o sincronismo, colocar o reostato de campo no seu valor máximo.
• Terceiro passo: desconectar os cabos do circuito de campo do motor síncrono
e conectá-los no gerador síncrono.
• Quarto passo: fechar a chave tripolar.
• Quinto passo: ir reduzindo o reostato de campo, fazendo diferentes leituras
e anotando a corrente de campo e de curto-circuito. A relação entre as duas
correntes deve ser linear.

85
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

Após, existem alguns procedimentos para desligar:

• colocar o reostato de campo no seu máximo valor;


• abrir a chave tripolar;
• retirar os condutores de campo do gerador síncrono;
• reduzir a tensão aplicada do motor síncrono.

Outro parâmetro utilizado para descrever os geradores síncronos é a


razão de curto-circuito, determinada pela razão entre a corrente de campo para
a tensão nominal a vazio e a corrente de campo determinada para a corrente
nominal de armadura em curto-circuito.

Essa grandeza é o inverso do valor da reatância síncrona. Se EA e IA


são conhecidas, a reatância síncrona XS é encontrada, conforme as relações
apresentadas. Em síntese, temos:

• A partir do teste em vazio para uma determinada corrente de campo,


obteremos a tensão gerada interna EA.
• A partir do teste em curto-circuito de uma determinada corrente de campo,
obteremos a corrente de curto-circuito IA, em corrente contínua.
• Com a equação V= φ E A − jXI A , encontrar XS.

86
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A diferença do circuito equivalente do motor e do gerador é somente a direção


da corrente.

• Nas máquinas síncronas do rotor tipo gaiola de esquilo, há um terceiro


enrolamento para amortecer oscilações que provocam quebras de sincronismo.

• As três fases do gerador síncrono podem ser ligadas em Y ou em Δ.

• É possível, por meio de ensaios de circuito aberto e de curto-circuito de um


gerador síncrono, obter os parâmetros do circuito equivalente.

87
AUTOATIVIDADE

1 Ao realizar a análise do equipamento com ação geradora, encontramos


o circuito equivalente da máquina síncrona. Além disso, a tensão gerada
nunca será a entregue à carga, devido às perdas intrínsecas ao sistema.
Sobre os fatores que geram perdas, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Autoindutância das bobinas do rotor


b) ( ) Reação de armadura.
c) ( ) Efeito do formato dos polos salientes da armadura
d) ( ) Resistência das bobinas do rotor

2 Uma máquina síncrona pode ser composta por três enrolamentos no estator,
estes, defasados de 120 graus, e um enrolamento no rotor alimentado em
corrente contínua. Com base nas definições de máquinas síncronas, analise
as sentenças a seguir:

I- Um motor síncrono e um gerador síncrono são bem parecidos, exceto


pelo do sentido do fluxo de corrente no estator.
II- O circuito equivalente para um gerador síncrono contém grandezas que
devem ser determinadas, tornando possível descrever o comportamento
de um gerador síncrono real, sendo que uma delas é a reatância assíncrona.
III- A razão do curto-circuito é o inverso do valor da reatância síncrona.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Sabe-se que analisar o circuito equivalente é importante para explicar as


características das máquinas elétricas, assim como as máquinas síncronas.
Essa análise ajuda, então, a entender o complexo funcionamento das
máquinas síncronas. Sobre as máquinas síncronas, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Considerando um gerador síncrono, as três fases só apresentam as


mesmas tensões e correntes quando as cargas conectadas a elas não estão
equilibradas.
( ) Os efeitos da autoindutância e da reação de armadura são representados
por reatâncias, por essa razão, tais efeitos são combinados em uma
reatância única, considerada reatância síncrona, XS.
( ) Um motor síncrono é parecido com um gerador síncrono, exceto pelo fato
de o sentido do fluxo de potência ser invertido.

88
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – V.
d) ( ) F – F – V.

4 Os motores síncronos são usados para converter potência elétrica em


potência mecânica. Considere um motor síncrono trifásico conectado a
uma fonte de tensão trifásica e ligado em Y. A tensão de fase desse motor
é de 220V e a sua frequência 50Hz. Descreva o cálculo do valor da máxima
potência que esse motor pode fornecer, desconsidere as perdas. Dados:
reatância síncrona do motor é igual 4Ω e tensão interna por fase gerada
230V.

5 Os ensaios em curto-circuito e aberto são os mais conhecidos quando


queremos identificar os parâmetros da máquina síncrona e entender o seu
funcionamento. Considere um gerador síncrono de 250 kVA, 480 V, 50 Hz,
ligado em Y e com uma corrente nominal de campo de 6 A submetido a
alguns ensaios e descreva o cálculo a partir dos dados a seguir:
Após os ensaios, foram obtidos os seguintes dados:
IF nominal, VT em vazio igual 520 V.
IF nominal, IL em curto-circuito igual a 300 A.

89
90
UNIDADE 2
TÓPICO 3 —

OPERAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO GERADOR

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos, inicialmente, a capacidade da
máquina síncrona e a importância de conhecer as curvas, visando o melhor
rendimento da máquina.

Em seguida, estudaremos a respeito da frequência síncrona de operação,
no que diz respeito às máquinas síncronas atuando como gerador. Para isso,
devemos considerar que no Brasil existem muitas hidrelétricas interligadas,
de modo que elas suprem a quantidade necessária de energia de cada região,
contudo, elas devem estar sincronizadas.

Por fim, analisaremos algumas aplicações em relação à máquina síncrona,
como gerador e também como motor.

2 CAPACIDADE DA MÁQUINA SÍNCRONA


Precisamos observar que para uma determinada tensão e para um
determinado fator de potência, os geradores síncronos são projetados a fim de
oferecer a máxima potência aparente, sem ter um alto aquecimento.

Alguns fatores limitam a potência ativa e reativa dos geradores síncronos,


como a capacidade da máquina primária, o aquecimento dos enrolamentos
de armadura e de campo, o aquecimento do núcleo do gerador, os limites de
estabilidade e a excitação mínima. Além disso, a capacidade de potência reativa
em algumas máquinas é vinculada ao fator de potência, quando está em operação
nominal.

Tanto os enrolamentos de armadura quanto os de campo esquentam,
isso acontece devido às perdas elétricas de potência geradas pela circulação das
correntes nesses enrolamentos. O núcleo do gerador também aquece, e esse efeito
afeta justamente a capacidade de geração em condições de subexcitação.

91
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

ATENCAO

Os geradores síncronos de grande porte, geralmente são construídos para


operar com um fator de potência atrasado, com valores típicos de 0,85 ou 0,9. Nos
geradores síncronos conectados a redes de distribuição, é recomendado que a operação
seja realizada com fatores de potência de 0,9 capacitivo e 0,95 indutivo, como ocorre no
Canadá, por exemplo.

Comumente, os geradores síncronos têm uma tensão de terminal com


valores entre 95% e 105% do valor de tensão nominal da máquina. A imagem a
seguir mostra um conjunto típico de curvas de capacidade para um turbogerador
de grande porte, refrigerado com hidrogênio.

FIGURA 20 – CURVAS DE CAPACIDADE DE UM TURBOGERADOR, REFRIGERADO COM HIDRO-


GÊNIO, FATOR DE POTÊNCIA DE 0,85 E RELAÇÃO DE CURTO-CIRCUITO DE 0,80

FONTE: UMANS (2014, p. 294).

Nessa curva conseguimos observar as regiões de aquecimento dos


enrolamentos e as curvas que representam as pressões do hidrogênio utilizado
para resfriar o turbogerador.
92
TÓPICO 3 — OPERAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO GERADOR

E
IMPORTANT

Conhecer essas informações é importante para evitar uma sobrecarga do


gerador.

As curvas de capacidade fornecem uma orientação aos responsáveis pelo


planejamento dos sistemas de potências. Quando esses responsáveis analisam
modificações e acréscimos em um sistema de potência, conseguem verificar
de forma rápida os geradores que podem abastecer com segurança as cargas.
Do mesmo modo, os operadores de sistema podem verificar de forma ágil se
os geradores individuais conseguem responder com segurança às alterações de
carga do sistema.

3 FREQUÊNCIA SÍNCRONA DE OPERAÇÃO


No Brasil, assim como em muitos outros países, a fonte de energia utilizada
não advém de um único lugar. Portanto, existem hidrelétricas interligadas que
suprem a quantidade de energia que cada região precisa. No entanto, para que
duas geradoras de energia possam ser interligadas, alguns cuidados precisam
ser tomados, pois, caso contrário, pode ocorrer um curto-circuito e uma delas
pode ser danificada. O cuidado fundamental para conectar as fontes geradoras
de energia é atentar para que elas estejam sincronizadas e com a mesma tensão,
com a mesma frequência e defasagem.

Os geradores síncronos têm frequência elétrica sincronizada à velocidade


mecânica de rotação do gerador. A taxa de rotação dos campos magnéticos da
máquina se relaciona com a frequência elétrica do estator por meio de:

Nesse caso, fse é a frequência elétrica em Hz, e nm é velocidade mecânica


do campo magnético em rpm. Nas máquinas síncronas, tanto o rotor quanto o
campo magnético giram com a mesma velocidade. O valor da tensão induzida em
uma fase do estator depende do fluxo da máquina, da velocidade de rotação e da
construção da máquina. Quando não há problemas de sincronismo, a equação da
tensão induzida pode ser escrita de uma forma mais simples:

93
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

Sendo que K é uma constante que representa os aspectos construtivos da


máquina em radianos elétricos por segundo, dada por:

Porém, se for em radianos mecânicos por segundo, devemos acrescentar


o número de polos. Assim, temos:

A tensão interna EA, normalmente não surge nos terminais do gerador. O


único momento em que a tensão EA é igual à tensão de saída Vϕ de uma fase, é
quando não existe corrente de armadura circulando na máquina.

Desse modo, a tensão EA é diretamente proporcional ao fluxo e à velocidade,


mas o fluxo depende da corrente que percorre o circuito de campo do rotor. A
corrente IF do circuito de campo se relaciona com o fluxo ϕ, conforme a imagem:

FIGURA 21 – FLUXO X CORRENTE DE CAMPO DE UM GERADOR SÍNCRONO

FONTE: CHAPMAN (2013, p. 198)

4 CONTROLE DE VELOCIDADE
Grande parte das aplicações dos motores elétricos precisa controlar
a velocidade e o conjugado. No passado, as máquinas de corrente alternada,
basicamente, funcionavam com uma única velocidade, e a frequência fixa era
geralmente de 50 ou 60Hz, a mesma frequência utilizada na rede elétrica.

94
TÓPICO 3 — OPERAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO GERADOR

ATENCAO

Para controlar a velocidade do motor de corrente alternada, era preciso


que houvesse uma fonte de velocidade. Por esse motivo, quando existia a necessidade
de aplicar uma velocidade variável e conjugado controlado, eram utilizadas máquinas de
corrente contínua.

As máquinas de corrente contínua conseguem controlar a velocidade,


porém, há um certo custo, sendo mais caras, mais complexas e, consequentemente,
requerem uma atenção maior na manutenção, se compararmos com as máquinas
de corrente alternada.

Quando surgiu as chaves de potência de estado sólido e também


os microprocessadores, essa situação mudou, inclusive, nos dias atuais são
construídos sistemas eletrônicos capazes de realizar operações com velocidade
variável e controle de conjugado com máquinas CA. Devido a esses avanços, as
máquinas de corrente contínua foram substituídas pelas máquinas de corrente
alternada.

O modo mais fácil de controlar um motor síncrono é variar a velocidade


por meio do controle da frequência da tensão de armadura, com o acionamento
do motor por um inversor trifásico, conforme podemos observar:

FIGURA 22 – INVERSOR FONTE DE TENSÃO TRIFÁSICO

FONTE: UMANS (2014, p. 573)

95
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

Observando a Figura 24, podemos notar três blocos: o retificador de fase


controlada, o link CC e o inversor. O bloco de retificação é responsável pela
produção da tensão contínua no capacitor, estando presente no link CC. Quando
controlamos as chaves do bloco inversor, geramos as formas de onda de tensão
com amplitude variável, por meio do método chamado modulação por largura
de pulso, ou seja, PWM.

Podemos variar, por meio do controle de fase do bloco retificador, a tensão


VCC do link CC. Controlando a frequência das chaves do inversor, também
variamos a frequência das formas de onda do inversor. É muito importante que
ao usarmos uma máquina de corrente alternada, além da frequência, devemos
controlar a amplitude da tensão aplicada.

O componente de entreferro da tensão de armadura em uma máquina


de corrente alternada é proporcional à densidade de fluxo de pico da máquina e
à frequência elétrica, essa afirmação vem da Lei de Faraday. Podemos escrever
a amplitude de tensão de armadura, Va, em função da frequência de operação,
fe, da densidade de fluxo de pico no entreferro, Bpico e dos valores nominais de
operação. Desprezando as quedas de tensão na resistência de armadura e da
reatância de dispersão, temos (31).

Agora, manteremos o valor de amplitude da tensão de armadura igual ao


valor nominal, variando a frequência da tensão de armadura, temos:

Notemos que há um problema no funcionamento com tensão constante


e frequência variável, pois, quando a frequência diminui, a densidade de fluxo
aumenta. Para uma operação típica, ou seja, que opera saturada com a frequência
e tensão nominais, por menor que seja a redução de frequência, fará com que a
densidade de fluxo aumente mais. A consequência pode ser um dano na máquina,
graças ao aumento das perdas no núcleo e das correntes de máquina, necessárias
para suportar essa densidade de fluxo mais alta.

Para frequências iguais a nominais ou menores, a máquina costuma


funcionar com densidade de fluxo constante:

96
TÓPICO 3 — OPERAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO GERADOR

Observando a última equação, podemos verificar que a operação com


fluxo constante é dada pela relação constante entre a tensão de armadura e a
frequência, processo conhecido como operação com volts/hertz constante.

Caso a máquina síncrona seja operada na tensão nominal, porém, com


frequências superiores à nominal, teremos uma queda abaixo do valor nominal
da densidade de fluxo no entreferro. E para manter a densidade de fluxo em seu
valor nominal, é preciso aumentar a tensão de terminal para valores de frequências
acima da frequência nominal. Como não queremos danos ao isolamento da
máquina, o normal é manter a tensão de terminal no seu valor nominal para
frequências acima da nominal.

A corrente de terminal da máquina é limitada pelas restrições térmicas.


Então, se a refrigeração da máquina não for afetada pela velocidade do rotor, a
corrente de terminal permitida, ou seja, a corrente máxima, ficará constante com
seu valor nominal, independentemente de qualquer frequência aplicada.

5 APLICAÇÕES
Uma máquina elétrica, conforme estudamos, consegue converter tanto
a energia mecânica em energia elétrica (gerador), quanto a energia elétrica em
energia mecânica (motor). E dependendo da sua função, ela é chamada de motor
ou gerador.

Os geradores de corrente alternada são os responsáveis pela geração da


energia elétrica que chega a nossas casas, que alimenta as fábricas e o comércio
diariamente. Geralmente, os geradores são conectados a uma rede com vários
outros geradores operando em paralelo. A operação em paralelo, desse modo,
tem algumas vantagens, como atender a uma grande carga, confiabilidade e o
fato de um ou mais geradores poderem ser desligados para manutenção, sem que
isso cause a interrupção total da operação.

Sendo assim, para conectar dois ou mais geradores em paralelo, ou ainda


conectar uma nova máquina a uma rede já existente, de acordo com Novicki
(2018), é preciso que:

• todos os geradores produzam o mesmo nível de tensão;


• todos os geradores tenham o mesmo ângulo na fase a;
• a sequência de fases dos geradores seja a mesma;
• a frequência do gerador que entrará em paralelo seja um pouco superior à do
atual sistema em funcionamento.

Sabemos que os geradores síncronos são utilizados em usinas hidrelétricas,


termelétricas e também para a geração de energia elétrica em centrais de pequeno
porte e em geradores de emergência. Eles podem ser instalados, por exemplo, nos
diversos tipos de indústrias, nos hospitais e nos aeroportos.
97
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

Nas usinas hidrelétricas, normalmente se utilizam as máquinas de eixo


vertical, com rotor de polos salientes e de grande diâmetro (frequentemente
há um elevado número de polos). Nas usinas termelétricas, o gerador possui
eixo horizontal, o rotor é cilíndrico e de pouco diâmetro (usualmente possui um
número baixo de polos, na ordem de 2 ou 4).

FIGURA 23 – PARTE MINIATURA DOS GERADORES DA BARRAGEM DE ITAIPÚ

FONTE: < https://shutr.bz/2XWbug0 >. Acesso em: 18 jul. 2021.

Já na indústria, os motores síncronos trabalham fornecendo potência


capacitiva, para compensar a potência indutiva e melhorando, assim, o fator de
potência.

Os motores síncronos podem ser aplicados em praticamente todos os


segmentos da indústria, como na mineração, por meio de britadores, dos moinhos,
entre outros. Na siderurgia, também existem muitos motores síncronos utilizados
nos ventiladores e nas bombas. O motor síncrono é muito utilizado, inclusive, no
saneamento, por meio das bombas, e na indústria química e petroquímica pelos
ventiladores e compressoras, por exemplo.

ATENCAO

O motor síncrono opera sobre-excitado quando é necessário acionarmos uma


carga, ou seja, o motor síncrono fornece para o sistema de potência uma potência reativa
(Q).

98
TÓPICO 3 — OPERAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO GERADOR

No início, o motor síncrono era utilizado apenas para realizar a correção


de potência, ou seja, funcionava sem nenhuma carga. Nesses motores existiam
eixos que nem saiam da carcaça do motor, isto é, mesmo que fosse desejado, não
era possível acoplar uma carga a ele. A imagem a seguir apresenta o diagrama
fasorial do motor síncrono sobre-excitado, a vazio.

FIGURA 24 – DIAGRAMA FASORIAL DE UM MOTOR SÍNCRONO A VAZIO

FONTE: A autora

Como não tem carga, também não tem potência retirada do motor, desse
modo, os termos que equivalem a potência EAsenδ e IAcosδ não aparecem, ou
seja, são iguais a zero. A equação para um motor síncrono é dada por:

 Observando a equação X e o diagrama fasorial, notamos que o termo


jX S I A aponta para a esquerda, assim, a corrente de armadura aponta para cima.
A relação de tensão e corrente entre Vϕ e IA é do mesmo modo que a de um
capacitor, portanto, podemos dizer que um motor síncrono a vazio sobre-excitado,
em relação ao sistema de potência, é muito parecido com grande capacitor.
Os motores síncronos a vazio sobre-excitado eram muitas vezes chamados de
capacitores síncronos ou condensadores, pois, o capacitor, antigamente, recebia
o nome de condensador. A curva V de um capacitor síncrono está representada
a seguir:
FIGURA 25 - A CURVA V DE UM CAPACITADOR SÍNCRONO

FONTE: CHAPMAN (2013, p. 290)

99
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

A potência ativa fornecida à máquina possui valor igual a zero. Excluindo


as perdas, isso faz com que o fator de potência tenha valor igual a um, assim, a
corrente IA é igual a zero.

Se aumentarmos a corrente de campo, aumentaremos também a corrente


de linha e a potência reativa, mas de uma maneira praticamente linear, até atingir
a saturação. Vejamos, a seguir, o efeito do aumento da corrente de campo sobre o
diagrama fasorial do motor:

FIGURA 26 – EFEITO DA CORRENTE DE CAMPO

FONTE: A autora

Atualmente, são mais utilizados os capacitores estáticos convencionais,


pois são mais econômicos em relação ao custo do que os capacitores síncronos.
Vale ressaltar que em instalações industriais antigas é possível encontrar alguns
capacitores síncronos.

O conjugado de partida de um motor síncrono costuma ser muito inferior


aos motores assíncronos. A partida de um motor síncrono, geralmente é realizada
pelo enrolamento amortecedor que atua como enrolamento induzido, utilizando
compensadores de partida.

ATENCAO

Devido às características construtivas de algumas máquinas, ao fazermos a


partida com o enrolamento de campo aberto, podemos ocasionar sobretensões, já que
no início há um escorregamento alto. Existem casos em que as sobretensões danificam a
isolação do enrolamento de campo.

100
TÓPICO 3 — OPERAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO GERADOR

Em algumas máquinas, a partida com o enrolamento de campo curto-


circuitado pode ser um problema, porque pode existir dificuldades devido à
parada de sua aceleração quando forem atingidas rotações um pouco acima de
50% da síncrona.

Desse modo, segundo Chapman (2013), podemos resumir os melhores


modos para partir um motor síncrono de forma segura:

• diminuir a velocidade do campo magnético do estator, até que o rotor possa


acelerar e entrar em sincronismo durante um semicírculo da rotação do
campo magnético;
• usar a máquina motriz externa para acelerar o motor síncrono até́ atingir a
velocidade síncrona, para que depois, possa entrar em paralelo, conectando
a máquina à linha como um gerador. Quando desconectarmos a máquina
motriz, a máquina síncrona vira um motor;
• usar enrolamentos amortecedores.

Os geradores podem operar também de forma isolada, nesse caso, é usado


apenas um gerador síncrono para atender uma carga ou um conjunto delas. No
interior do Brasil, por exemplo, há cidades distantes que são atendidas por um
único gerador.

E
IMPORTANT

Se acontecer uma falha no fornecimento de energia, também se utiliza a


operação isolada, recorrendo a geradores de emergência. Uma característica do gerador
síncrono é ser muito sensível a quaisquer mudanças de carga, principalmente na potência
reativa.

O modo mais utilizado para dar a partida de um motor síncrono é com


o uso dos enrolamentos amortecedores, ou seja, barras especiais colocadas em
ranhuras abertas na face do rotor de um motor síncrono. Após serem colocadas
na face do rotor, elas são curto-circuitadas em cada extremidade por meio de um
grande anel de curto-circuito. A imagem a seguir apresenta uma face polar com
um conjunto de enrolamentos amortecedores.

101
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

FIGURA 27 – POLO DE CAMPO DE TOROR DE UMA MÁQUINA SÍNCRONA

FONTE: CHAPMAN (2013, p. 293)

Podemos observar os enrolamentos amortecedores de forma evidente na


figura a seguir:

FIGURA 28 - ROTOR DE UMA MÁQUINA SÍNRONA

FONTE: CHAPMAN (2013, p. 195)

Assim, finalizamos a unidade.

102
TÓPICO 3 — OPERAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO GERADOR

LEITURA COMPLEMENTAR

MÁQUINAS SÍNCRONAS: CARACTERÍSTICAS E PRINCÍPIOS DE


FUNCIONAMENTO

Claudio R. Pacheco
John K. S. Carvalho
Nelson R. Silva

Introdução

As máquinas síncronas são basicamente máquinas de corrente alternada,


em que a frequência da tensão induzida e a velocidade possuem uma relação
constante. “Assim como as máquinas de indução (assíncronas) e as máquinas
de corrente contínua (CC), as máquinas síncronas podem operar tanto como
motor quanto como gerador” (NASCIMENTO, 2016). Os geradores síncronos
são responsáveis por produzir grande parte da energia elétrica consumida no
mundo, são utilizados na maior parte das Termoelétricas e Centrais Hidroelétricas
(LLERENA, 2011). Por outro lado, os motores síncronos são requisitados em alguns
casos específicos, apesar do alto custo em relação aos motores de indução. Merece
destaque o fato de que esses motores possuem um fator de potência regulável,
podendo adiantar ou atrasar a corrente em relação à tensão. A quantidade de
máquinas síncronas equipadas com ímãs permanentes de baixa e média potência
cresce de forma notável, essencialmente quando são necessárias respostas rápidas
e velocidade variável.

O termo “síncrono” é utilizado devido à igualdade entre a frequência


elétrica e a frequência angular, pois o rotor gira na mesma velocidade do campo
magnético rotativo criado pelo estator por meio da corrente alternada trifásica
(CA) de alimentação, ou seja, estão em sincronismo por meio de um acoplamento
magnético.

Este trabalho busca aprofundar o conhecimento sobre o princípio de


funcionamento das máquinas síncronas, formulando e esclarecendo os conceitos
necessários para esse entendimento.

Resultados e discussão
1. Conceitos teóricos e aspectos físicos das máquinas síncronas
1.1 Carcaça1

A carcaça é basicamente um suporte mecânico para o estator que evita


contato com os circuitos internos. O fluxo magnético que passa por ela geralmente
é desprezível (NASCIMENTO, 2016).

103
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

1.2 Enrolamento do Induzido

Composto por condutores isolados, seus enrolamentos são idênticos aos


enrolamentos do estator das máquinas assíncronas, geralmente distribuídos
ao longo da sua circunferência. “Vale ressaltar que nas máquinas trifásicas, os
três enrolamentos estão desfasados de um terço de período uns em relação aos
outros, para que possam gerar o defasamento de 120º nas tensões e correntes,
características de um sistema trifásico” (CAMARGO, 2007).

1.3 Núcleo do Induzido

Sua função é permitir uma forte indução magnética, ou seja, tem que ser
constituído por um material que apresente pequenas perdas e ao mesmo tempo
alta resistividade elétrica. Como consequência, deve ter uma pequena área do
ciclo de histerese (MARQUES, 2001).

1.4 Estator (Armadura)

O estator, conhecido como circuito de armadura, é a parte fixa da máquina,


onde seus enrolamentos são alimentados por um sistema de tensões alternadas
trifásicas. Ele é montado em volta do rotor de forma que não exista contato físico
entre eles, possibilitando que o rotor gire livremente no seu interior. É constituído
por um pacote de lâminas de um material ferromagnético envolto num conjunto
de enrolamentos distribuídos ao longo do seu perímetro e posicionados em
“ranhuras”.

Vale ressaltar que, operando como gerador, toda a energia elétrica gerada
irá percorrer o estator. Outra curiosidade é que comparando as correntes e tensões
que circulam pelo rotor e estator, percebe-se que as tensões e correntes no estator
são bem mais elevadas se comparadas às do rotor, que tem como função apenas
produzir um campo magnético para “excitar" a máquina, o que torna possível a
indução de tensões nos terminais dos enrolamentos do estator (PINHEIRO, 2007).

1.5 Rotor (Campo)

É a parte girante da máquina, conhecida como circuito de campo,


normalmente constituída por um pacote de lâminas de um material ferromagnético
envolto num enrolamento composto por condutores de cobre, designado como
enrolamento de campo. Pode ser de dois tipos: rotores de polos salientes e rotores
de polos lisos (bobinados). Nas máquinas de pequena potência, são usados rotores
constituídos por ímãs permanentes, no intuito de reduzir o custo. Algumas
características podem ser listadas abaixo:

→ Máquina síncrona de polos salientes:


• em geral, grande número de polos (48-96) e baixa rotação (75 - 150 RPM);
• uso com turbinas hidráulicas em potências elevadas;

104
TÓPICO 3 — OPERAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO GERADOR

• uso comum também como geradores de pequena ou média potência,


acionados geralmente a partir de motores diesel ou pequenas turbinas a
vapor, mas neste caso apresenta um número de polos reduzidos.

→ Máquina síncrona de polos lisos:


• em geral, reduzido número de polos (2 - 4), e apresenta uma elevada rotação
• (3600 - 1800 RPM);
• uso com turbinas a vapor ou gás (turbogeradores) em potências elevadas (até
• 2000 MW) (CHABU, 2016).

→ Rotores compostos por ímãs permanentes:


Geralmente se usa ímãs permanentes em máquinas de pequeno porte,
pois a possibilidade de controlar a corrente de campo é sacrificada para elevar
a consistência e simplicidade do sistema. O verdadeiro ganho, porém, é que
este método torna desnecessário o uso de sistemas de excitação, que aumentam
drasticamente o preço desse tipo de máquina (NASCIMENTO, 2016).

1.6 Gaiola Cilíndrica ou Rotor Bobinado

Os motores síncronos não são autossuficientes na partida, e para resolver


este problema, a engenharia desenvolveu a Gaiola de Esquilo, uma gaiola
cilíndrica montada sobre os polos do rotor, que devido ao seu aspecto construtivo,
quando exposta à variação de um campo magnético, faz com que apareça uma
força conhecida como Força de Lorentz. A Força de Lorentz tem a mesma direção
do campo girante, de modo a tirar o rotor da inércia e impulsionar a força de
atração entre rotor e campo girante até alcançar a velocidade síncrona. Apesar
disso, o assunto se complica quando se trata de uma partida com carga, pois
apenas a Força de Lorentz não é suficiente. Nesse caso, se torna mais eficiente
a utilização de um rotor bobinado de motor de indução, substituindo a gaiola
cilíndrica, conhecido como enrolamento amortecedor tipo rotor bobinado. Este
rotor utiliza cinco anéis coletores: três para o enrolamento bobinado do rotor e
dois para o enrolamento do campo CC (CAMARGO, 2007).

1.7 Classes de isolamento

A potência de rotação do eixo é menor que a potência que o motor absorve


da linha de alimentação, resultando em um rendimento inferior a 100%. A diferença
entre as duas potências representa a quantidade de energia transformada em calor,
o qual aquece o enrolamento e deve ser dissipado para fora do motor para evitar
que a elevação da temperatura seja excessiva. Desconsiderando as peças que se
desgastam pelo uso, a vida útil de uma máquina síncrona é determinada pelo
seu material isolante. Apesar de fatores como umidade, poeira e vibrações serem
relevantes, o de maior impacto na resistência elétrica do material é a temperatura.
Se a máquina trabalhar a uma temperatura muito abaixo daquela a qual o material
se queima, o material isolante tem uma longa duração, prolongando a vida útil da
máquina. Se a operação da máquina for a uma temperatura de trabalho próxima
à queima do material, ele perde suas propriedades gradualmente até que não

105
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

consiga mais isolar, fechando um curto-circuito. A cada intervalo entre 8ºC e


10ºC de operação acima da temperatura nominal de classe, a vida útil do material
isolante é reduzida pela metade (PINHEIRO, 2007).

1.8 Níveis de tensão

A tensão interna da máquina síncrona é função do fluxo e da frequência.


Como a frequência é constante, é necessário fazer o controle do fluxo. O fluxo
é produzido pela corrente de campo, sendo assim, é por meio dela que se faz o
controle dos níveis de tensão. Para obtenção do valor da tensão em função da
corrente é realizado o ensaio em vazio do gerador. Quando a corrente de excitação
(ou campo) for zero, o valor da tensão induzida será obtido pelo valor residual do
fluxo. Com o aumento da corrente de excitação, o fluxo aumenta até o momento
de saturação do circuito magnético da máquina. Como o aumento de corrente
neste momento não resultará no aumento de fluxo, a tensão induzida sofre o
mesmo efeito (CAMARGO, 2007).

1.9 Velocidade síncrona

A velocidade síncrona ocorre, pois, o rotor gira em sincronismo com o


campo girante produzido pelo estator. A definição de velocidade síncrona é:
Ns = 120f /P (rpm). Esta equação mostra que a velocidade síncrona depende da
frequência de entrada, então se a frequência de entrada é controlada, a precisão
em termos de velocidade é garantida (CAMARGO, 2007).

1.10 Força de Lorentz

A definição do princípio por trás da gaiola de esquilo, a Força de Lorentz,


é resultado da superposição da força elétrica oriunda de um campo elétrico com
a força magnética, devido a um campo magnético atuando sobre uma partícula
eletricamente carregada que se move no espaço (RIBEIRO, 2008).

2. Princípio de funcionamento (motor equipado com a gaiola cilíndrica)

O motor síncrono, trabalhando dentro de sua capacidade, é capaz de operar


em velocidade constante. Ele é uma máquina eficiente geralmente utilizada onde
se requer alta precisão. Esta característica da velocidade surge da interação entre
um campo magnético constante, gerado pelo rotor, e um rotativo, produzido no
estator. As bobinas do estator são alimentadas com uma corrente alternada (CA),
gerando o campo rotativo que gira em velocidade variável conforme a frequência
de entrada. O rotor é alimentado por uma fonte de tensão contínua (DC), por isso
atua como imã permanente.

No início, as bobinas do rotor estão desconectadas da rede elétrica, então,


o campo rotativo gerado pelo estator irá induzir uma tensão reversa nas hastes
da gaiola, que por sua vez irá gerar a Força de Lorentz. Inicialmente o rotor irá
funcionar como um mecanismo assíncrono pois sua velocidade inicial é baixa

106
TÓPICO 3 — OPERAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA COMO GERADOR

devido a sua massa, mas a força de Lorentz consequentemente impulsiona a


interação entre os polos opostos do campo rotativo e do rotor, atraindo um ao
outro, o que ocasiona o encaixe magnético entre eles. Com isso, o rotor irá atingir
sua velocidade máxima e girar em sincronismo com o campo rotativo, em seguida
as bobinas do rotor serão energizadas.

Desde que que o rotor gire em velocidade síncrona, a velocidade relativa


entre a gaiola e o campo rotativo é zero, isso significa que não há tensão reversa
e, portanto, nenhuma força de Lorentz na gaiola. Sendo assim, a gaiola não afeta
a velocidade síncrona do rotor, apenas ajuda na arrancada do mesmo. O motor
síncrono também pode ser usado como gerador, deixando, porém, de alimentar
o estator com corrente alternada trifásica, e passando a excitar o eixo do rotor de
forma a induzir tensões nos enrolamentos do estator. Existem alguns fatores que
podem fazer com que o rotor perca o sincronismo, alguns deles são: sobrecarga,
tensão muito baixa do rotor, e tensão muito baixa do excitador (CAMARGO,
2007).

3. Onde são utilizados


3.1 Geradores síncronos

São utilizados na grande maioria das Centrais Hidroelétricas, contendo


muitos polos salientes em razão da baixa velocidade de operação. Já nas
Termoelétricas são utilizadas as máquinas de rotores cilíndricos com 2 ou 4 polos,
em razão da alta rotação desse tipo de geração.

3.2 Motores Síncronos

Esses motores são bastante utilizados na correção do fator de potência, pois


seu fator de potência é maleável, portanto, o motor síncrono consegue fornecer
ou absorver reativo de acordo com a necessidade, o que lhe difere dos bancos
de capacitores ou indutores normais que tem valores pré-definidos. Algumas
qualidades gerais do motor síncrono são: velocidade constante e variável, altos
torques e um alto rendimento.

Vale ressaltar que para fornecer reativo, surge a necessidade de uma fonte
de corrente contínua ou retificada para sua excitação, além de um complexo
equipamento de controle. Como o campo magnético do rotor é fornecido por uma
fonte externa, a máquina síncrona pode operar com fator de potência indutivo,
capacitivo ou unitário (sub/sobre-excitada). Em excitação normal a corrente se
encontrará em fase com a tensão proporcionando um fator de potência unitário,
já no caso subexcitado, a corrente no estator estará atrasada em relação à tensão
da fonte, caracterizando um circuito indutivo com o fator de potência atrasado.
Para o motor sobre-excitado, a corrente estará adiantada em relação à tensão da
fonte, ou seja, com fator de potência adiantado, capacitivo.

107
UNIDADE 2 — PRÁTICAS COM MÁQUINAS SÍNCRONAS

Conclusões

A partir dos conhecimentos discorridos, é possível perceber a que


velocidade síncrona tem sincronia com a quantidade de polos e a frequência
da rede. Nessas máquinas, a velocidade síncrona é mantida, desde que a carga
alimentada esteja dentro da sua capacidade. Isso assegura vantagens como
velocidade constante para o motor, e garante que no gerador a frequência da
corrente alternada permaneça fixa.

Além disso, é possível concluir que devido às suas peculiaridades,


a máquina síncrona pode ser usada para suprir a necessidade de bancos de
capacitores ou indutores, fornecendo ou absorvendo reativo de acordo com a
demanda. Vale ressaltar que para tornar viável a utilização de máquinas síncronas
de pequeno porte, tem-se utilizado rotores equipados com ímãs permanentes,
para diminuir seu preço. Este processo apesar de sacrificar o controle da corrente
de campo o torna viável.

FONTE: Adaptado de <http://eventos.ifg.edu.br/secitecitumbiara/wp-content/uploads/


sites/9/2020/02/RE-25-M%C3%A1quinas-s%C3%ADncronas-caracter%C3%ADsticas-e-
-princ%C3%ADpios-de-funcionamento.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2021.

108
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• É importante conhecer a capacidade de uma máquina síncrona, pois quando


os planejadores precisam fazer alguma modificação, podem verificar de
forma rápida e segura os geradores existentes, abastecendo com segurança as
cargas necessárias.

• Conhecer a frequência síncrona de operação de um gerador é estritamente


importante para interligar dois ou mais geradores de energia elétrica.

• A máquina síncrona é importante, seja funcionando como motor ou como


gerador, porém, o uso como gerador é mais recorrente.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

109
AUTOATIVIDADE

1 A operação em paralelo dos geradores síncronos é muito comum no sistema


de geração de energia elétrica. Em tal sistema, diferentes geradores fornecem
energia a diversas cargas, as quais são separadas geograficamente umas
das outras. Para conexões em paralelo de dois ou mais geradores, algumas
condições são necessárias. Sobre tais condições, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) A frequência do novo gerador deve ser ligeiramente inferior à


frequência do atual sistema em funcionamento.
b) ( ) Todos os geradores devem ter o mesmo ângulo na fase a.
c) ( ) A sequência de fases dos geradores não devem ser iguais.
d) ( ) Todos os geradores não precisam produzir o mesmo nível de tensão.

2 Conforme os estudos, a máquina elétrica permite a conversão de energia


elétrica em mecânica e vice-versa. Uma dessas máquinas é a síncrona, e
quando utilizada na conversão de energia elétrica em mecânica, é chamada
de motor síncrono. Com base nas definições dos motores síncronos, analise
as sentenças a seguir:

I- Na indústria, os motores síncronos trabalham fornecendo potência


capacitiva para compensar a potência indutiva, melhorando o fator de
potência.
II- Os motores síncronos podem ser aplicados em praticamente todos os
segmentos da indústria, por exemplo, na mineração.
III- Os motores síncronos são utilizados em usinas hidrelétricas,
termelétricas e para geração de energia elétrica em centrais
de pequeno porte, além de grupos geradores de emergência.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e III estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e II estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 O emprego dos geradores de corrente alternada percorre toda indústria


de geração de energia elétrica, exceto as usinas solares. As que envolvem
conversão eletromecânica, dependem da operação dos geradores CA, como
as centrais eólicas, hidrelétricas, termoelétricas e outras. De acordo com os
conhecimentos sobre geradores síncronos, classifique V para as sentenças
verdadeiras e F para as falsas:

110
( ) Para uma determinada tensão e fator de potência, os geradores síncronos
são projetados para oferecer a máxima potência aparente, sem ter um alto
aquecimento. 
( ) Os geradores de grande porte, normalmente são projetados para operar
com fator de potência adiantado de 0,85 ou 0,9.
( ) Um dos fatores que limita a potência ativa e reativa que os geradores
síncronos podem ter é a capacidade da máquina primária.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Um gerador de energia elétrica síncrono de 60 Hz funciona com uma


velocidade de 300 rpm. Descreva o cálculo da quantidade de polos que esse
gerador possui.

5 Nas máquinas síncronas, o rotor gira com a velocidade igual à do campo


magnético. Considere que a potência elétrica do gerador é gerada com
uma frequência de 60 Hz, de modo que o gerador deve girar com uma
velocidade fixa. Descreva o cálculo do valor que deve ser a velocidade na
qual o rotor precisa girar para gerar uma potência com frequência de 60 Hz
em uma máquina síncrona de dois polos.

111
REFERÊNCIAS
CARVALHO, G. Máquinas elétricas - teoria e ensaios. São Paulo: Saraiva, 2011.

CHAPMAN, J. S. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre:


Grupo A, 2013. 

FILIPPO FILHO, G. Motor de indução. 2. ed. São Paulo: Érica, 2013.

JORDÃO, R. G. Máquinas síncronas. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.

NOVICKI, V. O. Máquinas elétricas I. Porto Alegre: Grupo A, 2018.

UMANS, S. D. Máquinas elétricas de fitzgerald e kingsley. 7. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2014.

112
UNIDADE 3 —

PRÁTICAS COM MOTORES DE


CORRENTE CONTÍNUA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer os princípios de funcionamento para motores de corrente con-


tínua;
• compreender a prática dos princípios de funcionamento para motores
de corrente contínua;
• conhecer os tipos de motores de corrente contínua;
• aprender quais são os usos dos motores de corrente contínua.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

TÓPICO 2 – MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

TÓPICO 3 – TIPOS DE MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

113
114
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —

INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos o conceito de máquina síncrona e
seus aspectos construtivos. Iremos notar que os motores de corrente contínua são
bem aproveitados nas aplicações em que o controle do conjugado e da velocidade
é necessário. Devemos considerar que o motor CC está ganhando espaço na
indústria, mesmo num ambiente em que o uso dos motores assíncronos de
corrente alternada são os preferidos.

Em seguida, veremos como essas máquinas funcionam, ou seja, qual é
a sua estrutura. Observaremos que esse tipo de motor possui um comutator,
diferentemente das outras máquinas.

Por fim, estudaremos os tipos de perdas, como as do cobre, as perdas


mecânicas, as que ocorrem nas escovas e as perdas suplementares. Além disso,
conheceremos o cálculo do rendimento.

2 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DAS MÁQUINAS DE


CORRENTE CONTÍNUA

A máquina de corrente contínua (CC) é uma das mais utilizadas, inclusive,
aposto que você, acadêmico, já teve ou pelo menos já viu alguma. Vamos a um
exemplo? Os brinquedos com motores, estes provavelmente continham motores
de corrente contínua. Agora, se você não lembra de nenhum brinquedo com motor
na sua infância, não tem problema. Podemos pensar, então, no vidro elétrico do
carro: o movimento de abrir e fechar do vidro acontece graças a um motor de
corrente contínua. Além disso, no metrô, presente em diversas cidades, também
encontramos um motor CC.

115
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

ATENCAO

Mas afinal, o que é um motor CC? Um motor de corrente contínua, como o


próprio nome diz, é um motor que ao invés de funcionar com corrente alternada, funciona
com uma corrente contínua, isto é, o motor é alimentado por uma corrente contínua.

Assim como as outras máquinas, um motor de corrente contínua converte


energia elétrica CC em energia mecânica, e um gerador de corrente contínua
converte a energia mecânica em energia elétrica CC. Embora seja uma máquina
de corrente contínua, ela também contém no seu interior correntes e tensões
alternadas, as quais são convertidas para contínua somente na saída, tal processo
é chamado de comutação. Aliás, é por esse motivo que as máquinas CC também
são conhecidas como máquinas de comutação. A seguir, temos o exemplo de um
pequeno motor de corrente contínua:

FIGURA 1 – MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA

FONTE: <https://shutr.bz/3kABI06>. Acesso em: 2 ago. 2021.

2.1 ESTRUTURA FÍSICA


As máquinas de corrente contínua são constituídas de um rotor (a parte
rotativa em que fica o circuito de armadura), um estator (a parte estacionária, em
que fica o circuito de campo), o comutador (garantido que o sentido da corrente
seja sempre o mesmo), as escovas (feitas de estruturas de carbono ou de grafite,
que ficam em atrito com o comutador, sendo responsável pelo contato elétrico
entre o rotor e o estator), e por fim, os enrolamentos inseridos no estator entre os
polos e na sapata polar, ligados em série com a armadura, desse modo, a função
é diminuir os efeitos da reação da armadura.

O estator possui uma carcaça que serve como suporte físico e as peças
polares projetadas para o interior. Essas peças possuem esse formato para
propiciar um caminho para o fluxo magnético na máquina.

116
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

Próximo dos rotores, existem peças mais largas, as quais são chamadas de
sapatas polares. Elas ficam sobre a superfície justamente para a obtenção de uma
distribuição uniforme do seu fluxo. Podemos observar, a seguir, a imagem do
rotor de um motor de corrente contínua:

FIGURA 2 – ROTOR DE UM MOTOR DE CC

FONTE: <https://shutr.bz/3i4vLHg>. Acesso em: 2 ago. 2021.

Chamamos de face polar a superfície exposta de uma sapata polar,


além da distância entre essas faces e o rotor, recebendo o nome de entreferro. A
distribuição do fluxo é simétrica em relação ao eixo central dos polos de campo.
Esse eixo é chamado de campo ou direto. Em uma máquina de corrente contínua,
o estator possui polos salientes e é excitado pelas bobinas de campo.

Na imagem a seguir, podemos observar as escovas e o comutador. A


junção desses dois elementos forma o que chamamos de retificador mecânico. A
função do retificador é converter a tensão de corrente alternada gerada em cada
uma das bobinas de armadura em tensão de corrente contínua.

FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE UMA MÁQUINA DE CORRENTE CONTÍNUA

FONTE: Umans (2014, p. 404).

117
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

Embora os motores de corrente contínua sejam muito utilizados para


o controle de velocidade e conjugado, por exemplo, nas pontes rolantes das
siderúrgicas, eles possuem um problema em relação à manutenção e peças.
Nos motores síncronos é preciso uma exigente manutenção com um bom
conhecimento técnico, porque existem desgastes de peças e saturação de
componentes eletrônicos.

FIGURA 4 – PARTES DE UM GERADOR DC

FONTE: <https://shutr.bz/3EQtJnx>. Acesso em: 2 ago. 2021.

Um fator importante que deve ser considerado no projeto do motor de CC


é o diâmetro do fio. Esse diâmetro é determinado a partir do fluxo de corrente
nos circuitos do motor e da capacidade de refrigeração, de modo que, se a área de
seção transversal for menor do que realmente é necessário, a bobina vai aquecer
mais do que o normal, então, o isolamento do motor irá degradar. O problema
desse calor é a perda de cobre e, principalmente, a eficiência do motor, pois ela
diminui.

3 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DAS MÁQUINAS DE


CORRENTE CONTÍNUA
O estator de uma máquina de corrente contínua gera um campo uniforme,
no qual a bobina do rotor está imersa. Uma corrente é aplicada nesse rotor e a sua
direção é invertida a cada meio ciclo, do mesmo modo que a força eletromotriz
induzida na bobina. Essa inversão da corrente e o funcionamento das máquinas
de corrente contínua serão observadas em uma máquina elementar de corrente
contínua, como mostra a figura a seguir:

118
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

FIGURA 5 – MÁQUINA ELEMENTAR DE CORRENTE CONTÍNUA

FONTE: Mohan (2015, p. 96).

Na máquina elementar realizamos a inversão por meio dos comutadores


S1 e S2 e das escovas b1 e b2.

As escovas, quando estão em uma máquina elementar, ocupam um espaço


maior e são mais largas do que o isolamento entre os segmentos do comutador. A
consequência é a corrente  ia  atravessar o comutador sem fluir pelos condutores.
Então, a bobina sofre comutação, e a corrente se inverte, girando o rotor. Vejamos,
assim, o corte transversal na posição θ = 180° do rotor:

FIGURA 6 – CORTE TRANSVERSAL NO ROTOR DA MÁQUINA ELEMENTAR CC

FONTE: Mohan (2015, p. 96).

Notemos que em  θ = 180°, a corrente  i1-1′  é negativa, e o torque é


produzido em sentido anti-horário, começando de  θ = 0°. Essa explicação inicial
é para mostrar de que modo o comutador converte uma corrente contínua em
corrente alternada a cada meio ciclo pela bobina de armadura.

119
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

A força eletromotriz (f.e.m.) induzida na bobina de armadura se alterna a


cada meio ciclo, e depois é “retificada” nos terminais. A imagem a seguir apresenta
a corrente e a força eletromotriz induzida na bobina em função do rotor.

FIGURA 7 – A CORRENTE E A F.E.M. INDUZIDA NA BOBINA

FONTE: Mohan (2015, p. 96).

Para entendermos de uma forma simples o princípio de funcionamento


de um motor genérico de corrente contínua, iremos fazer uma divisão em quatro
passos:

• Passo 1: a bobina de uma espira é colocada de forma paralela ao campo, de


modo que ela deve ficar completamente totalizada pelo campo magnético
criado por um imã fixo. A bobina é alimentada pelo comutador, e a espira,
então, é atravessada por uma corrente que produz outro campo magnético
em volta dela, causando uma reação da bobina, podendo ser determinada
pela regra da mão direita.
• Passo 2: após o giro da bobina, ela fica em uma posição que não é muito
afetada pelas linhas de força, assim, não há reação entre o campo fixo e o
campo da bobina. É importante, nesse passo, entender que a bobina continua
girando devido à ação da força anterior.
• Passo 3: ocorre um fenômeno interessante, o comutador entra e acontece a
inversão da posição da bobina. A função é garantir que a corrente circule em
um único sentido. Nessa seção, o comutador inverte as pontas da bobina,
como no primeiro passo, e assim, a corrente cria um campo magnético ao
redor da bobina, que interage com o campo magnético fixo e produz uma
ação na bobina.
• Passo 4: trata-se da posição intermediária, na qual a bobina está inclinada
com um ângulo próximo de 30° em relação ao campo. Com a interação
dos campos, a bobina sofre uma ação contínua e o ponto máximo se dá no
primeiro ou terceiro passo. Até atingir o segundo passo, a força vai reduzindo
de acordo com o crescimento do ângulo, em que 0° está no segundo passo.
O motor sempre irá passar do segundo ao terceiro passo, ou do segundo ao
primeiro. Isso acontece porque a força produzida no primeiro ou terceiro
estágio suficiente para que exista um deslocamento maior que 90°.

120
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

Sendo assim, uma máquina de corrente contínua inicia o seu funcionamento


quando nós alimentamos o circuito de campo com uma corrente contínua. Essa
corrente gera um campo magnético constante que corta o rotor. Além do circuito
de campo, o circuito de armadura também é alimentado por uma corrente
contínua.

Os dois fluxos, da corrente de armadura e do fluxo magnético do campo da


corrente de armadura cria um conjugado e o rotor gira. A armadura se movendo
cria uma força chamada contra eletromotriz, que irá se opor à rotação.

ATENCAO

É importante atentarmos aos termos f.e.m e f.c.e.m., de modo que a f.e.m


(força eletromotriz) está relacionada com a tensão aplicada na armadura. Essa tensão é
encarregada pela corrente, que atravessada por ela, resulta na força motriz. Já na f.c.e.m.
(força contra eletromotriz), a tensão é induzida na armadura. Essa tensão atravessa o campo
gerado no estator, se pondo à f.e.m. Lembrando que a f.c.e.m. sempre está presente nos
motores de corrente contínua.

Outro fundamento importante para conhecermos é o torque


eletromecânico (TEM). Nas máquinas de corrente contínua, ele é calculado pela
interação dos fluxos do estator e do rotor.

Para que o rotor gire de maneira contínua, cada polo indutor deve
interagir sempre com o mesmo fluxo produzido pela corrente nos condutores
da armadura. O torque eletromecânico se inverte somente quando a corrente
de excitação (ou a corrente de armadura) é invertida. Caso, os dois fluxos sejam
invertidos, o sentido do torque não se altera. O TEM pode ser calculado por meio
da equação:

Nesse caso, ϕ é o fluxo magnético dado em Wb, IA é a corrente na armadura


dado em A e K é a constante do motor. E a constante do motor é calculada da
maneira a seguir:

Aqui, P é o número de polos, Z é o número de condutores da armadura e


a é o número de caminhos paralelos dos condutores da armadura, a depender do
tipo de enrolamento.

121
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

Para os motores com o enrolamento imbricado, o valor de a é o mesmo


que o valor do número de polos.

4 PERDAS E RENDIMENTOS
Logo que foi descoberto o motor de corrente contínua, o mesmo se tornou
popular. Um dos motivos dessa popularidade ocorre em decorrência das inúmeras
aplicações, como em carros, os tratores e até mesmo em aviões. E algumas dessas
aplicações ocorre porque o motor proporciona uma faixa ampla de velocidade.

Como observamos, o motor de corrente contínua se tornou popular


rapidamente, até então, eram os preferidos para aplicações em que o controle
de velocidade se fazia necessário. Com o passar do tempo, os retificadores e os
inversores apareceram fortemente, fazendo com que o motor de corrente contínua
disputasse espaço com eles.

Nos dias atuais, os motores de indução com unidades de acionamento de


estado sólido são os preferidos quando precisamos fazer o controle de velocidade,
mas cabe ressaltar que existem aplicações em que os motores de corrente contínua
ainda são os mais escolhidos.

Os motores de corrente contínua podem ser comparados pela sua


regulação de velocidade (RV), a qual é dada por:

Aproximadamente, o valor da regulação de velocidade indica o quanto é


acentuada a inclinação da curva de conjugado versus velocidade.

Como todas as máquinas, os geradores de corrente contínua e os


motores de corrente contínua não têm o seu aproveitamento total, isto é, nem
toda a potência que entra na máquina é convertida em potência útil na saída.
Essa diferença acontece devido às perdas que ocorrem durante todo o processo.
Para realizarmos o cálculo da eficiência de uma máquina de corrente contínua,
devemos recorrer à equação:

122
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

A equação representa a diferença entre a potência de entrada e a potência


de saída dessa máquina. Tal diferença corresponde justamente a perdas que
ocorrem dentro da máquina. Essas perdas são as perdas elétricas ou no cobre,
perdas nas escovas, perdas no núcleo, perdas mecânicas e perdas suplementares.

As perdas no cobre ocorrem nos enrolamentos da armadura e do campo e


podem ser calculadas respectivamente através de (5) e (6):

Em que PA são as perdas na armadura, IA é a corrente de armadura e RA


é a resistência de armadura.

No caso acima, PF são as perdas no campo, IF é a corrente de campo e RF é


a resistência de campo.

Normalmente, usamos a resistência do enrolamento na temperatura


normal de funcionamento, para que tais cálculos sejam utilizados.

As perdas associadas à queda de tensão nas escovas, PQE, são as perdas


por potência perdida pelo potencial de contato das escovas da máquina, e são
calculadas por:

Sendo que VQE é a queda de tensão nas escovas e IA é a corrente de


armadura. Geralmente, a queda de tensão nas escovas é por volta de 2V.

Sobre as perdas no núcleo, elas estão associadas às correntes parasitas


que estão presentes no metal do motor de corrente contínua, além da histerese.

As perdas mecânicas nas máquinas CC estão ligadas aos efeitos


mecânicos. Elas podem ser classificadas em perdas mecânicas por atrito, sendo
causadas pelo atrito dos enrolamentos, e as perdas mecânicas por ventilação,
causadas pelo atrito entre as partes móveis da máquina e o ar que fica dentro do
motor.

123
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

ATENCAO

Definimos as perdas suplementares como aquelas que não se encaixam em


nenhuma classificação já mencionada. Para a grande maioria das máquinas, essas perdas
representam 1% da carga total.

O diagrama de fluxo de potência é muito utilizado para podermos avaliar


as perdas de potência que ocorrem no interior das máquinas. A imagem a seguir
apresenta o diagrama de fluxo de potência de um gerador de corrente contínua,
e depois, veremos o diagrama de fluxo de potência de um motor de corrente
contínua.

FIGURA 8 – DIAGRAMA DE FLUXO DE POTÊNCIA DE UM GERADOR DE CORRENTE CONTÍNUA

FONTE: Chapman (2013, p. 457).

Notemos que a potência mecânica entra na máquina e em seguida, as


perdas suplementares, mecânicas e as no núcleo são desconectadas. Após todos
os descontos, a potência que sobrou é convertida da forma mecânica para a
elétrica por meio de:

E a potência elétrica resultante por meio de:

124
TÓPICO 1 — INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA

Cabe destacar que essa potência não é a dos terminais. Para calcular a
potência dos terminais, devemos subtrair as perdas elétricas I2R e as perdas nas
escovas.

FIGURA 9 – DIAGRAMA DE FLUXO DE POTÊNCIA DE UM MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA

FONTE: Chapman (2013, p. 457).

125
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• As máquinas de corrente contínua são utilizadas em várias aplicações.

• Nem toda a potência que entra no motor e no gerador de corrente contínua é


convertida em potência útil na saída.

• Quando aplicamos uma corrente no rotor de uma máquina de corrente


continua, a direção se inverte a cada meio ciclo, do mesmo modo que a força
eletromotriz induzida na bobina.

• Em uma máquina de corrente contínua, as peças mais largas que ficam


próximas ao rotor são chamadas de sapatas polares.

126
AUTOATIVIDADE

1 Sabemos que as máquinas de corrente contínua podem funcionar tanto


como motor quanto como gerador, além disso, são formadas por um
enrolamento no rotor e outro enrolamento no estator. Sobre as máquinas
de corrente contínua, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Em uma máquina de corrente contínua, quando uma corrente é


aplicada ao rotor, a sua direção é invertida a cada meio ciclo.
b) ( ) A parte das peças polares que ficam mais perto do estator são mãos
largas e chamadas de sapatas polares.
c) ( ) Uma máquina de corrente contínua, contém no seu interior somente
correntes e tensões contínuas.
d) ( ) As máquinas CC são por um rotor que é onde fica o circuito de campo
e um estator que é a onde está o circuito de armadura.

2 O motor de corrente contínua é composto por três partes: estator, rotor e


comutador. Sobre as máquinas síncronas, analise as sentenças a seguir:

I- Uma máquina de corrente contínua também contém no seu interior


correntes e tensões alternadas.
II- O motor de corrente contínua e o motor síncrono são parecidos, e uma
das semelhanças é que os dois operam apenas na velocidade nominal.
III- O processo de conversão de corrente contínua em alternada em uma
máquina de corrente contínua é chamado de comutação.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Um motor de corrente contínua é um motor que, ao invés de funcionar com


corrente alternada, funciona por meio de uma corrente contínua, ou seja, é
alimentado por uma corrente contínua. Sobre o exposto, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O comutator é um retificador mecânico da tensão e possui a mesma


função dos diodos retificadores. 
( ) Uma das principais características de um motor de corrente contínua é
não possuir comutator.
( ) O comutator serve para garantir que o sentido das correntes no interior
das bobinas tenha sempre a mesma direção.

127
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – V.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Tanto os geradores de corrente contínua quanto os motores de corrente


contínua não possuem um total aproveitamento, ou seja, nem toda a potência
que entra na máquina é transformada em potência útil na saída. Considere
um motor que apresenta potência de entrada de 12kW, potência de saída de
10KW e perdas de 850W, em seguida, calcule o valor do rendimento desse
motor.

5 Conforme estudamos, os geradores de corrente contínua, assim como


os motores de corrente contínua, ambos passam por perdas durante o
funcionamento. As perdas que ocorrem nas máquinas de corrente contínua
são divididas em: perdas elétricas ou no cobre; perdas nas escovas; perdas
no núcleo; perdas mecânicas; perdas suplementares. Considere um gerador
com os seguintes valores: 10 KW, 240V e 1500 rpm. Esse gerador foi colocado
para funcionar a vazio como motor para tornar possível a determinação de
suas perdas. Descreva o cálculo do valor das perdas no cobre na armadura
e no campo.
Dados: Durante o ensaio, a tensão aplicada aos terminais da armadura foi
de 250V e a corrente solicitada pela armadura foi de 2,5 A. A resistência do
campo do gerador é de 240Ω, enquanto a resistência medida do circuito da
armadura é de 0,5 Ω.

128
UNIDADE 3
TÓPICO 2 —

MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos como é a corrente de partida de
um motor de corrente contínua. Em seguida, veremos o DPP, trata-se de um
dispositivo de proteção e partida, utilizado para proteger os motores.

Finalizaremos estudando a respeito dos circuitos equivalentes. De modo


geral, é sempre conveniente discutir o gerador ou o motor de corrente contínua
em termos de circuito equivalente.

2 CORRENTE DE PARTIDA DO MOTOR CC


No que diz respeito à partida de um motor de corrente contínua, devemos
considerar que, assim como o motor de indução, dependendo da potência,
o motor não pode ser ligado diretamente em uma fonte de corrente contínua,
ou seja, aplicando tensão nominal em seus terminais. Isso acontece porque as
características de construção do motor de corrente contínua permitem que a
corrente de partida alcance os valores de 50 a 80 vezes o valor da corrente nominal.

ATENCAO

Agora, se o motor de corrente contínua for diretamente conectado na fonte, a


corrente de partida pode ser extremamente perigosa para a máquina, isso ocorre devido à
corrente de armadura no início da partida.

É importante que o motor de corrente contínua possua, além da proteção


para evitar o disparo do rotor, um dispositivo que possa limitar a corrente de
partida. Na prática, a partida das máquinas de corrente contínua é realizada por
dispositivos de proteção, as resistências externas, as quais são conectadas ao
enrolamento de armadura. Outro modo de realizar a partida é controlando a
tensão de armadura da máquina.

129
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

A partida de um motor de corrente contínua com excitação independente


(não há como controlar a corrente de campo nos outros tipos), ocorre de acordo
com os passos a seguir:

• Passo 1: ajustar a fonte de corrente contínua (campo), para que no amperímetro


possamos obter o valor da corrente nominal do circuito de campo (estator) da
máquina.
• Passo 2: ajustar a fonte de corrente contínua (armadura), para que no
voltímetro possamos obter o valor da tensão nominal do circuito do rotor da
máquina.
• Passo 3: nessa etapa, o rotor começa a girar com a variação do reostato,
gradativamente.

3 DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO E PARTIDA


Para evitar as altas correntes nos motores de corrente contínua, há um
dispositivo chamado DPP, ou seja, Dispositivo de Proteção e Partida. O DPP é
utilizado para realizar a partida desses motores:

FIGURA 10 – DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO E PARTIDA

FONTE: Sen (1996, p.184).

Observando a imagem acima, temos que na partida da máquina CC, o


contato é fechado na posição 1. Nessa posição, todas as resistências estão em série
com o enrolamento de armadura para limitar a corrente de partida.

Quando o motor vai adquirindo mais velocidade, fecha-se o contato nas


posições 2, 3 e 4, de modo que será mantido na posição 5 por meio do eletroímã
atravessado pela corrente de campo.

130
TÓPICO 2 — MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

Podemos substituir esse método utilizando uma fonte de corrente contínua


com um valor de tensão baixo na partida, e ir aumentando, gradativamente,
conforme o motor vai ganhando velocidade. Para esse procedimento, é preciso que
haja uma fonte de tensão variável, porém, aumentará o custo de implementação.

4 CIRCUITO EQUIVALENTE
Tanto a modelagem quanto o circuito equivalente de um motor (ou
gerador) de corrente contínua são muito importantes, uma vez que por meio deles
conseguimos realizar análises, fazer modificações e simulações para chegarmos
em conclusões importantes.

O circuito equivalente de uma máquina CC é formado pelos circuitos do


enrolamento de campo e pelo circuito de armadura. Modelamos o circuito do
enrolamento de campo por uma resistência Rf e uma indutância Lf. Já o circuito
de armadura é modelado pela resistência Ra e uma fonte. Lembrando que fonte é
necessária para gerar a tensão induzida Ea.

Quando o caso não é muito crítico, podemos desprezar a queda de tensão
nas escovas, ou até mesmo, incluir no valor da resistência RA.

FIGURA 11 – CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA

FONTE: A autora.

A corrente de campo, IF, é dada pela equação:

Para a máquina de corrente contínua operar, é necessário um fluxo. Para


criar esse fluxo, o enrolamento de campo é alimentado com tensão contínua,
enquanto o enrolamento da armadura é alimentado na operação como motor.
Essa configuração faz com que o sentido da corrente no enrolamento de armadura
entre na máquina.
131
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

ATENCAO

Na operação como gerador, quando conectamos uma carga aos terminais do


circuito de armadura, o sentido da corrente (apresentado na imagem anterior) será saindo
da armadura.

Podemos escrever a tensão interna gerada por essa máquina pela equação:

Enquanto o conjugado induzido, pela equação:

Para analisar tanto o comportamento quanto o desempenho de um motor


de corrente contínua, precisamos das duas equações, da curva de magnetização
da máquina e também da equação das tensões da armadura.

Definimos um motor de corrente contínua de excitação independente


como um motor, cujo circuito de campo é alimentado por uma fonte isolada de
tensão constante. Já um motor de corrente contínua em derivação, ou shunt, é um
motor em que, diferentemente do motor de excitação independente, o circuito de
campo é alimentado de forma direta pelos terminais de armadura desse mesmo
motor.

Quando a tensão da fonte de alimentação do motor for constante, na


prática, não há diferença de comportamento entre esses motores. Aplicando a lei
de Kirchhoff das tensões para o circuito de armadura dos dois motores, temos:

Vejamos, a seguir, o circuito equivalente de um motor de corrente contínua


em derivação:

132
TÓPICO 2 — MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

FIGURA 12 – CIRCUITO EQUIVALENTE DE UM MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA EM


DERIVAÇÃO

FONTE: A autora.

Pela representação acima, temos que a corrente IL é dada pela equação:

Enquanto IF, por:

Em um motor, as grandezas de saída são o conjugado no eixo e a


velocidade. Desse modo, a característica de terminal de um motor é um gráfico:
conjugado de saída X velocidade.

A característica de saída de um motor de corrente contínua em derivação é


obtida por meio das equações da tensão induzida e do conjugado, juntamente com
lei de Kirchhoff das tensões. Assim, após manipulações, temos que a velocidade
do motor é dada pela equação:

Notemos que essa equação é a equação de reta com uma inclinação


negativa. Podemos ver na imagem a seguir, a característica resultante de
conjugado X velocidade de um motor de corrente contínua em derivação:

133
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

FIGURA 13 – CARACTERÍSTICA DE CONJUGADO X VELOCIDADE DE UM MOTOR DE CORREN-


TE CONTÍNUA EM DERIVAÇÃO OU DE EXCITAÇÃO INDEPENDENTE, COM ENROLAMENTOS
DE COMPENSAÇÃO QUE ELIMINAM A REAÇÃO DE ARMADURA

FONTE: A autora.

Além dos termos constantes da equação, a reação de armadura pode afetar


a forma da curva de conjugado X velocidade. Quando o motor CC apresenta
reação de armadura, a carga aumenta e os efeitos de enfraquecimento de fluxo
reduzem.

ATENCAO

Para a velocidade do motor poder variar de maneira linear com o conjugado,


os outros termos da expressão precisam, necessariamente, estar constantes com a carga
variando.

A seguir, observaremos a imagem que apresenta a característica de


conjugado X velocidade de um motor de corrente contínua em derivação com
reação de armadura.

134
TÓPICO 2 — MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

FIGURA 14 – CARACTERÍSTICA DE CONJUGADO X VELOCIDADE DE UM MOTOR DE


CORRENTE CONTÍNUA EM DERIVAÇÃO COM REAÇÃO DE ARMADURA

FONTE: A autora.

A respeito do gerador shunt, o campo shunt possui bobinas de fio e


ferro laminado, de modo que cada bobina com centenas de metros de fio e o
ferro formam um polo. Lembrando que o comprimento do fio tem um papel
importante, afinal, é ele que controla a corrente.

Em um gerador de campo shunt, a potência só será produzida quando


as linhas de força forem cortadas pelos condutores da armadura. A grande
quantidade de fio no circuito do campo shunt também evita o superaquecimento
das bobinas.

FIGURA 15 – ESBOÇO DO MODO QUE AS CONEXÕES POLO A POLO SÃO FEITAS EM UMA
MÁQUINA DE DOIS POLOS

FONTE: Adaptada de Hand (2015).

135
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

O controle de um gerador shunt serve para diminuir um pouco a tensão


do gerador. A resistência do controle diminui a corrente do campo shunt, assim,
o fluxo cortado pelos condutores de armadura diminui, de modo que o resultado
é uma tensão baixa.

Veremos agora como é realizado o ensaio de um motor CC. Antes,


devemos considerar que a vantagem de realizar o ensaio de um motor CC é
estudar as propriedades e características desses motores na prática. E também,
por meio desse tipo de ensaio, podemos obter as curvas torque x velocidade dos
motores de corrente contínua. Desse modo, para realizar o ensaio, iremos utilizar
os seguintes equipamentos:

• motor de corrente contínua;


• fonte CC ajustável;
• eletrodinamômetro com capacidade de aplicar cargas de até́ 3 nm;
• tacômetro;
• voltímetro;
• amperímetro;
• reostato.

O importante, nesse ensaio, é tomar muito cuidado na hora da realização,


porque iremos trabalhar com níveis de tensão alta, as quais podem trazer risco
à vida humana, além das partes mecânicas girantes que podem causar danos
físicos.

ATENCAO

Nunca faça esses ensaios sem a supervisão e orientação de um técnico


capacitado, ou então, do seu professor. Portanto, siga à risca todas as orientações de
segurança. Lembre-se que antes de ligar o equipamento, você deve verificar as ligações,
tomar nota dos dados e pedir ao professor para conferir o circuito.

Todas as ligações e alterações que precisarem ser feitas, sempre devem ser
realizadas com todos os equipamentos desligados.

O motor realizado nesse ensaio tem as seguintes especificações: motor CC


0,25 HP, 1800 RPM, 120 V, 2,8 A, In enrolamento shunt = 0,3 A, In enrolamento
série = 3 A, In armadura = 3 A.

Para realizar o ensaio, a primeira etapa é ajustar a linha neutra seguindo


tais passos:

136
TÓPICO 2 — MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

• Passo 1: montar o circuito (da imagem a seguir, intitulada com Circuito para
montagem).
• Passo 2: aplicar 60 VCA e ajustar a tensão da fonte na armadura lentamente,
observando a tensão no voltímetro ligado ao enrolamento shunt.
• Passo 3: devagar e com cuidado, as escovas devem ser movimentadas pelo
dispositivo de ajuste, até que a tensão lida no voltímetro fique a menor
possível.
• Passo 4: após esses procedimentos, a linha neutra foi ajustada, então, a fonte
CA e o equipamento devem ser desligados.

FIGURA 16 – CIRCUITO PARA MONTAGEM

FONTE: A autora.

Agora, iremos determinar os parâmetros elétricos do motor para cada um


dos enrolamentos, e em seguida, mediremos a resistência dos enrolamentos de
dois modos: experimental e instrumental.

No ensaio, todas as partes do motor devem ser identificadas, e se for


possível, devemos contar o número de lâminas do comutador, de escovas, de
bobinas no estator e outras. Desse modo, vamos aos passos:

• Passo 1: anotar os dados, como o número de escovas, número de lâminas no


comutador e quantidade de grupos de bobinas no estator.
• Passo 2: identificar os enrolamentos no motor e medir com o ohmímetro a
resistência dos enrolamentos do motor, isto é, enrolamento série, enrolamento
shunt e armadura.
• Passo 3: ligar a fonte ajustável CC ao enrolamento shunt (conforme a imagem
a seguir, Circuito shunt). Ajustar a fonte em 0V, conectar o voltímetro, e por
fim, conectar o amperímetro ao circuito.

137
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

FIGURA 17 – CIRCUITO SHUNT

FONTE: A autora.

• Passo 4: aumentar devagar a tensão da fonte, sempre observando o voltímetro


e o amperímetro. Quando a corrente atingir o valor da corrente nominal do
shunt, parar e registrar o valor da tensão.
• Passo 5: desligar a fonte e calcular o valor da resistência do enrolamento com
os valores medidos pela Lei de Ohm, e assim, comparar com a resistência
medida diretamente.
• Passo 6: calcular a potência dissipada pelo enrolamento.
• Passo 7: calcular as potências nos enrolamentos série e armadura, utilizando
a resistência e a corrente nominal dos enrolamentos.
• Passo 8: somar as potências individuais dos três enrolamentos.

E
IMPORTANT

Esse valor deve ser próximo à potência total da máquina.

• Passo 9: aplicar 120V no enrolamento de armadura de forma isolada e anotar


a corrente circulante nesse enrolamento. Verificar se o valor ultrapassa o
nominal.
• Passo 10: aplicar 120V no enrolamento shunt de forma isolada e anotar a
corrente circulante no enrolamento. Verificar se o valor ultrapassa o nominal.

Agora, faremos o ensaio de um motor de corrente contínua série. Nesse


ensaio, iremos verificar alguns parâmetros do motor série, como velocidade,
torque, respostas com carga e corrente de armadura.

138
TÓPICO 2 — MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

ATENCAO

O motor série pode atingir velocidades bem altas, sendo assim, devemos seguir
todos os procedimentos, e pedir ao professor ou ao técnico responsável que verifique as
ligações antes de ligarmos.

Vejamos, então, como funciona o passo a passo:

• Passo 1: ligar o motor de corrente contínua, o voltímetro e o amperímetro de


acordo com a figura a seguir:
• Não ligar a fonte CC.

FIGURA 18 – ENSAIO MOTOR SÉRIE

FONTE: A autora.

• Passo 2: acoplar o dinamômetro ao motor de corrente contínua, ajustando


para a metade. Como ele estará desligado, basta gerar o reostato até a metade
do curso à direita.

E
IMPORTANT

O motor série não deve partir sem carga.

139
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

• Passo 3: ajustar a fonte para 0V e ligar os terminais + e –.


• Passo 4: aumentar devagar a tensão da fonte CC. Lembrar que o sentido de
rotação do motor deve ter o mesmo sentido do dinamômetro, ou seja, sentido
horário. Caso o sentido seja anti-horário, é preciso desligar a fonte e inverter
o enrolamento série.
• Passo 5: ajustar a fonte para 120Vcc.
• Passo 6: ler e registrar a corrente indicada no amperímetro.
• Passo 7: medir e registrar a rotação do motor de acordo com a tabela 1.
• Passo 8: medir a corrente e a velocidade para cargas ajustadas no dinamômetro
entre 0 e 1,4nm, de acordo com a tabela:

TABELA 1 – MOTOR SÉRIE

FONTE: A autora.

Cabe destacar que, quando o motor está com carga baixa, a sua velocidade
passa para a velocidade nominal do motor, sendo assim, o motor não pode ficar
rodando com essas condições.

• Passo 9: desligar a fonte.


• Passo 10: com a tabela preenchida, é preciso fazer o gráfico que representa as
características de torque e velocidade do motor.

O próximo ensaio corresponde ao motor shunt. Nesse ensaio, observa-


remos algumas características, como velocidade, torque, respostas com carga e
corrente de armadura.

Nesse caso, também é fundamental manter o cuidado, pois o motor


shunt pode atingir velocidades bem perigosas. Desse modo, devemos seguir
rigorosamente todos os passos. Vejamos, então, quais são os passos:

• Passo 1: fazer as ligações elétricas conforme indicado na figura a seguir:


• Não ligar a fonte.

140
TÓPICO 2 — MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

FIGURA 19 – LIGAÇÕES PARA O ENSAIO

FONTE: A autora.

• Passo 2: acoplar o dinamômetro no motor e ajustar para carga mínima, 0 nm.


• Passo 3: verificar se o reostato está com resistência igual a 0 entre os terminais
conectados ao circuito.
• Passo 4: ligar a fonte CC e ajustar a tensão devagar para 120Vcc.
• Passo 5: verificar o sentido de rotação, caso não seja o ideal, voltar a 0V, desligar
a fonte e inverter a ligação do shunt. Repetir o quinto passo novamente.
• Passo 6: medir a rotação no motor com um tacômetro, e ajustar o reostato
devagar, até que tenha aproximadamente uma rotação de 1800 RPM.
• Passo 7: registrar os valores de tensão, corrente e velocidade de acordo com
a tabela.

TABELA 2 – MOTOR SHUNT

FONTE: A autora.

• Passo 8: desligar a fonte, e a partir dos dados inseridos na tabela, construir o


gráfico velocidade X torque.
• Passo 9: calcular a regulação de velocidade do motor shunt para carga de
1nm, de acordo com a equação seguinte, e depois ajustar o dinamômetro para
a carga máxima:

• Passo 10: ligar a fonte CC e aumentar a tensão até que apareça no amperímetro
a corrente nominal da armadura.

141
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

ATENCAO

Devemos observar que o motor pode girar lentamente ou até mesmo não
girar.

• Passo 11: anotar a tensão lida no voltímetro e o valor da carga no dinamômetro.


• Passo 12: calcular a resistência do circuito pela lei de Ohm.
• Passo 13: calcular a corrente de partida quando se aplicar 120V ao motor.
• Passo 14: calcular a potência para o torque de 1nm.
• Passo 15: calcular a eficiência do motor por meio da equação:

• Passo 16: verificar quantas vezes a corrente de partida é maior que a corrente
nominal à plena carga.

Adiante, faremos o ensaio para o motor compound, de modo que iremos


medir a velocidade, o torque, as respostas com carga e a corrente de armadura.
Assim como os demais, o motor compound diferencial pode atingir velocidades
altas, desse modo, devemos fazer todas as ligações com calma, sem alterações,
e antes de ligar o motor, pedir para que o técnico ou o professor verifique as
ligações. Considerando esses fatores, vejamos o passo a passo a seguir:

• Passo 1: repita os primeiros passos do motor série para ter certeza da direção
de rotação.
• Passo 2: voltar a fonte a 0 e desligue.
• Passo 3: montar o circuito da figura a seguir, conectando o shunt em paralelo
com o conjunto armadura e campo série.

FIGURA 20 – LIGAÇÃO PARA O MOTOR COMPOUND

FONTE: A autora.

142
TÓPICO 2 — MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

• Passo 4: acoplar o dinamômetro ao motor e ajustar para carga mínima, 0nm.


• Passo 5: certificar se o reostato está com resistência 0 entre os terminais
conectados ao circuito.
• Passo 6: ligar a fonte CC e ajustar a tensão aplicada para 120Vcc.
• Passo 7: verificar a rotação do motor, de modo que ela não deve ultrapassar a
nominal do motor. Se estiver muito alta, essa ligação é a compound diferencial.
Então, desligue a fonte e inverta a ligação do shunt. Desse modo temos a
ligação compound cumulativo.
• Passo 8: ligar a fonte novamente e ajustar para 120V.
• Passo 9: ajustar o reostato até o tacômetro marcar 1800 RPM e registrar os
valores de corrente, tensão e velocidade na tabela.

TABELA 3 – MOTOR COMPOUND

FONTE: A autora.

• Passo 10: desligar a fonte CC, e a partir dos dados da tabela, fazer o gráfico
torque X velocidade.
• Passo 11: ajustar o dinamômetro para o valor máximo de carga.
• Passo 12: ligar a fonte CC e aumentar a tensão até́ marcar no amperímetro a
corrente nominal da armadura, em seguida, anotar.
• Passo 13: calcular a resistência pela lei de Ohm, com os valores da tensão que
aparecem no voltímetro e o valor da carga do dinamômetro.
• Passo 14: calcular a corrente de partida quando se aplica 120V.
• Passo 15: calcular a potência o motor para um torque de 1nm.
• Passo 16: calcular a eficiência do motor:

• Passo 17: verificar quantas vezes a corrente de partida é maior do que a


corrente nominal à carga de 1nm.
• Passo 18: após realizar todos os ensaios, anotar na tabela os resultados:

143
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

TABELA 4 – RESULTADOS

FONTE: A autora.

Em seguida, responder: Qual motor possui o maior torque? Qual motor


possui a melhor regulação? Qual motor tem a melhor eficiência?

144
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Se o motor de corrente contínua for diretamente conectado em uma fonte, a


corrente de partida pode ser extremamente perigosa.

• Para criar o fluxo que a máquina de corrente contínua precisa para funcionar,
o enrolamento de campo deve ser alimentado com tensão contínua e o
enrolamento da armadura deve ser alimentado na operação como motor.

• As grandezas de saída de um motor são o conjugado no eixo e a velocidade,


e assim, a característica de terminal de um motor é um gráfico: conjugado de
saída X velocidade.

• A curva de conjugado X velocidade pode ser afetada pela reação de armadura.

145
AUTOATIVIDADE

1 Os motores de corrente contínua estão entre os principais tipos de motores


elétricos que existem. Até hoje, ele continua sendo usado, de modo que
uma de suas características é a simplicidade de controle da velocidade, com
base na tensão aplicada. Sobre as máquinas de corrente contínua, assinale a
alternativa CORRETA:

a) ( ) Na prática, a partida das máquinas de corrente contínua é realizada


por resistências externas conectadas ao enrolamento de armadura.
b) ( ) A f.c.e.m. está relacionada com a tensão aplicada na armadura.
c) ( ) A f.e.m. é a tensão induzida na armadura.
d) ( ) Se o motor apresentar reação de armadura, quando a carga aumentar
os efeitos de enfraquecimento de fluxo, irão aumentar o fluxo.

2 As máquinas de corrente contínua demonstram características diferentes


conforme é realizada a conexão dos enrolamentos de campo e armadura.
Sobre máquinas de corrente contínua, analise as sentenças a seguir:

I- Para evitar as altas correntes nos motores de corrente contínua, há um


dispositivo chamado DPP.  
II- A reação de armadura não está relacionada, portanto, não pode afetar a
forma da curva de conjugado X velocidade.
III- Em um motor, as grandezas de saída são o conjugado no eixo e a
velocidade.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I e II estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 Podemos dizer que as máquinas de corrente contínua nada mais são do


que equipamentos utilizados em aplicação de conversão eletromecânica de
energia. Do mesmo modo que as outras máquinas, elas podem trabalhar
tanto como gerador quanto motor, podendo ser ligados de diversas
formas. Em relação às máquinas de corrente contínua, classifique V para as
sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) Um motor de corrente contínua de excitação independente é um motor


em que o circuito de campo é alimentado por uma fonte isolada de tensão
constante.  
( ) Um motor de corrente contínua em derivação, ou shunt, é um motor em
que o circuito de campo é alimentado de forma direta pelos terminais de
armadura desse mesmo motor.
146
( ) A partida de um motor de corrente contínua pode ser dada diretamente
em uma fonte de corrente contínua.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – V – F.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 As máquinas de corrente contínua são muito utilizadas na indústria, em


aplicações que necessitam de flexibilidade no controle de velocidade e
conjugado. Para acionar as rodas de um carro elétrico, são utilizados motores
iguais de corrente contínua, com enrolamento de campo em derivação.
Cada um dos motores é alimentado por um banco de baterias idênticas,
com tensão nominal de 500V. Ao escolher uma velocidade, foi determinado
que todos os motores de corrente contínua apresentavam resistência de
campo de 70Ω, resistência de armadura de 0,3Ω e força contra eletromotriz
de 450V. Descreva o cálculo da potência mecânica desenvolvida pela
armadura de cada motor.
Observação: desconsidere a queda de tensão nas escovas.

5 Na operação como gerador, quando uma carga é conectada aos terminais


do circuito de armadura, o sentido da corrente será sempre saindo da
armadura. Considerando que um gerador de corrente contínua possua
uma resistência de campo de 150Ω e enrolamento de campo alimentado
em 250V, calcule a tensão gerada quando o eixo é acionado à 160 rad/s.
Dados: constante geométrica, K = . 0, 876 V/(A rad/s).

147
148
UNIDADE 3 TÓPICO 3 —

TIPOS DE MOTORES DE CC

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos alguns tipos de ligações dos
motores de corrente contínua para evitar acidentes sérios e prejuízos.

Começaremos, então, estudando sobre a ligação shunt e suas aplicações.


Em seguida, veremos a ligação série e como ela pode ser utilizada.

Por fim, iremos aprender o modo de ligação compound, que nada mais é
do que uma ligação composta de série e shunt. Esse modo pode ser cumulativo
e diferencial.

2 SHUNT
A maioria dos enrolamentos do rotor é formado por bobinas pré-fabricadas
em forma de diamante. Essas bobinas são inseridas nas ranhuras da armadura.
Cada bobina é formada por diversas espiras de um fio condutor, e cada espira é
encapada e isolada das demais espiras e da ranhura do rotor. Sendo assim, nós
chamamos de condutor cada lado de uma espira. O número de condutores da
armadura da máquina de corrente contínua, Z, é expresso pela equação:

Na qual, C é o número de bobinas no rotor e NC é o número de espiras por


bobina.

Os enrolamentos podem ser instalados nas ranhuras do rotor, quando


isso acontece os eles devem ser conectados nos segmentos do comutador.
Existem várias maneiras de realizar essas ligações e configurações, resultando em
vantagens e desvantagens.

Além disso, os enrolamentos podem ser classificados em relação à


multiplicidade: enrolamentos simples, com um único enrolamento, e enrolamento
duplo, com dois conjuntos completos e independentes de enrolamentos
(CHAPMAN, 2013).

149
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

Outro modo de classificação ocorre na maneira como a conexão da bobina


é realizada: se o final de uma bobina for conectado ao segmento do lado do seu
segmento inicial, ela é chamada de enrolamento progressivo, mas se no final
for conectado a um segmento atrás do inicial, será denominado enrolamento
regressivo.

ATENCAO

Existe também uma classificação de enrolamentos que se caracteriza de acordo


com a sequência das conexões com o comutador, desse modo, podem ser enrolamentos
imbricados e enrolamentos ondulados.

Os principais motores de corrente contínua são de excitação independente,


de derivação, de imã permanente, de série e o composto. Nós iremos conhecer
três deles, começando com o shunt.

Podemos, também, chamar o motor shunt de motor paralelo ou


derivação. Nessa ligação, o shunt fica em paralelo com a armadura e ambos estão
ligados à alimentação. Caso seja necessário diminuir o fluxo gerado e aumentar a
velocidade, podemos colocar em série, com o shunt, um reostato. Porém, devemos
tomar muito cuidado para que o campo não seja eliminado totalmente.

A imagem a seguir apresenta a ligação do motor CC em shunt. Geralmente,


a armadura é formada com menos espiras que o enrolamento shunt do estator,
além de fio mais.

FIGURA 21 – MOTOR SHUNT

FONTE: A autora.

O campo magnético no estator e o campo magnético na armadura


interagem, de modo que o resultado dessa interação é o movimento de rotação
e o torque. No motor shunt, a armadura, o enrolamento shunt e a alimentação
150
TÓPICO 3 — TIPOS DE MOTORES DE CC

estão em paralelo, desse modo, se não houver variação dessa tensão, teremos
uma rotação constante na ausência de carga na ponta do eixo do motor.

Quando adicionamos uma carga nesse motor, a velocidade diminui


um pouco e o aquecimento também. Isso só acontece por causa da resistência
no enrolamento da armadura, isto é, quanto menor ela for, menor será a perda
da velocidade com aumento da carga. O aquecimento acontece por causa da
resistência mecânica do eixo, que causa a diminuição da força contra eletromotriz,
e consequentemente, o aumento da corrente na armadura para que o torque seja
mantido.

O cálculo da corrente de partida do motor shunt é dado por:

Sendo que BD é a queda de tensão nos contatos das escovas, RA é a


resistência no circuito da armadura e VA é a tensão nos terminais da armadura.

A ligação shunt possui uma excelente vantagem quando está sem carga,
pois, esse tipo de ligação impede que o motor alcance velocidades altas. A força
eletromotriz é a responsável por isso. Conseguimos um aumento na velocidade
quando diminuímos a tensão no enrolamento shunt. Para isso, utilizamos um
reostato, no entanto, esse caso é muito perigoso.

ATENCAO

Nunca devemos abrir o shunt, porque a velocidade do motor ficará altíssima e


pode causar riscos as pessoas.

Outra vantagem, ainda, dessa ligação, é a boa regulação de velocidade.


Isso é possível porque quando aumentamos a carga, a força contra eletromotriz é
reduzida, e assim, há um aumento da corrente de armadura, mantendo o torque.

3 SÉRIE
Nesse tipo de ligação, sem carga, o torque de partida é muito alto e a
velocidade do motor pode ser tão elevada que ocasionará a destruição do motor.
Por esse motivo, é muito recomendável que com essa ligação, os motores partam

151
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

com carga. Nesse tipo de ligação, os enrolamentos da armadura e o de série do


estator são ligados em série e à fonte:

FIGURA 22 – MOTOR SÉRIE

FONTE: A autora.

Na ligação série, quando o motor é ligado sem a presença de carga, o


campo magnético no estator dependerá da corrente absorvida. Quando a
corrente é baixa, o campo magnético irá induzir, na armadura, uma força contra
eletromotriz baixa e uma velocidade considerável, por causa da corrente e da
força eletromotriz presente na armadura. Aumentando a carga, o campo do
estator e a corrente de armadura também aumentam, gerando uma queda forte
de velocidade.

Se fizermos uma comparação entre o motor shunt e o motor em série,
contataremos que o motor série tem um ótimo torque de partida, porém, a
regulação de velocidade é ruim. Isso acontece porque aumentando a carga,
temos um aumento da corrente, e assim, a queda de velocidade. Aumentando
a corrente, a velocidade diminui, pois, há uma força contra eletromotriz mais
forte. O motor série, então, é ótimo em aplicações com alta carga de inércia, por
exemplo, os trens e aplicações com forte tração.

Para o motor série, a equação da lei Kirchhoff para as tensões é dada por:

A velocidade da máquina é expressa por:

152
TÓPICO 3 — TIPOS DE MOTORES DE CC

Sendo que c é a constante de proporcionalidade.

O motor série apresenta uma grande desvantagem: quando o seu conjugado


vai a zero, a sua velocidade vai a infinito. Se pensarmos na prática, o conjugado
nunca pode ir a zero, pois, existem perdas mecânicas no núcleo e em suplementares.
Contudo, se nenhuma carga mecânica for acoplada no motor, ele gira muito rápido,
consequentemente, o motor pode ser danificado.

Concluímos, desse modo, que jamais devemos deixar um motor de corrente


contínua série sem carga, assim como não podemos acoplar uma carga mecânica
por meio de alguma correia ou outro mecanismo que possa se romper.

4 COMPOSTO
O motor composto também é chamado de compound. Trata-se de um motor
ligado em paralelo e série. Há dois tipos de compound: o cumulativo e o diferencial.
Qual dos dois irá atuar, depende do modo que o enrolamento shunt é ligado, e
para mudar de um tipo para o outro, nós devemos inverter a bobina de shunt.

FIGURA 23 – MOTOR COMPOUND

FONTE: A autora.

A ligação compound combina o melhor das outras duas ligações, a shunt


é a série. Com o shunt, temos uma ótima regulação de velocidade, já com o
série temos um ótimo torque de partida. O motor compound é aplicado quando
é necessário obter velocidade constante, mas com a carga variando de forma
extrema.

Quando pensamos em usar o motor composto, é para o aproveitamento do


alto torque da ligação série. Quando não há nenhuma carga ou é muito pequena,
logo depois usamos a variação baixa da velocidade do motor shunt em várias
situações diferentes de carga.

No início, o motor é conectado no modo série e o enrolamento shunt


em paralelo junto com a armadura e enrolamento série. Chamamos de motor
compound acumulativo quando o enrolamento shunt produz um campo

153
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

magnético com mesma direção e sentido do campo produzido no enrolamento


série. Desse modo, o motor possui um torque alto na partida, velocidade limitada
e baixa variação de velocidade.

ATENCAO

Existem situações em que, após ser utilizada a característica do motor série, o


enrolamento que está em série pode ser curto-circuitado, para que não haja nenhum tipo
de interferência na regulação do enrolamento shunt.

No motor compound, quando o enrolamento shunt for ligado para produzir


um campo magnético contrário ao campo magnético produzido no enrolamento
série, serve para aplicações que necessitam de motores que aceitem alta queda na
velocidade com o aumento da carga.

O enrolamento série ativo no motor produz um campo oposto ao campo do


enrolamento shunt, desse modo, reduz o campo resultante e aumenta a velocidade.
A consequência é a queda de velocidade com o aumento da carga. Tal técnica é
chamada de compound diferencial, e a aplicação é limitada, em decorrência do
risco de instabilidade, ou seja, o motor pode disparar sob algumas condições.

Caso haja uma aplicação em que o uso do compound diferencial seja


extremamente necessário, na maioria das vezes, o fabricante produz motores com
um fraco campo do enrolamento série, reduzindo os riscos.

A equação da lei de Kirchhoff das tensões para um motor de corrente


contínua é a mesma do motor série, mudarão apenas as relações entre as correntes
IA 21:

E IF:

O motor CC composto possui campos em derivação e em série. Uma


composição aditiva ou cumulativa acontece quando a corrente entra nos
terminais com marcas das duas bobinas de campo. Já a composição diferencial
ocorre quando a corrente entra no terminal com marca de uma bobina de campo
e sai com marca da outra bobina de campo, subtraindo a força magnetomotriz.

154
TÓPICO 3 — TIPOS DE MOTORES DE CC

FIGURA 24 – CIRCUITO EQUIVALENTE DE MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA COMPOSTOS


COM LIGAÇÃO EM DERIVAÇÃO CURTA

FONTE: A autora.

O motor de corrente contínua composto cumulativo une as melhores


características dos motores em derivação, ou seja, sem carga, a velocidade não
dispara e também em série, pois esse tipo de motor apresenta um conjugado extra
para a partida.

Quando há cargas leves, o campo em série tem um efeito praticamente


desprezível, o que faz levar o motor a se comportar aproximadamente como um
motor de corrente contínua em derivação. Quando a carga se torna muito grande,
o fluxo do enrolamento em série passa a ser bastante importante, e a característica
de conjugado X velocidade começa a se tornar semelhante à curva característica
de um motor série.

Por fim, para controlar a velocidade de um motor de corrente contínua


composto cumulativo, podemos:

• mudar a resistência de campo (RF);


• mudar a tensão de armadura (VA);
• mudar a resistência de armadura (RA).

155
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

LEITURA COMPLEMENTAR

MOTOR DE CORRENTE CONTÍNUA, CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES!

Henrique Mattede

Provavelmente você já viu algum motor de corrente contínua ou pelo


menos algum equipamento que possua este tipo de motor. Se você não conhece
os motores de corrente contínua, fique tranquilo, porque o Mundo da Elétrica
explica neste artigo o que são os motores de corrente contínua, como funciona um
motor CC, quais são os tipos de motor CC e suas respectivas aplicações. Vamos
lá pessoal!

Motor de corrente contínua: o que é?

Os motores de corrente contínua (motor CC) são máquinas de corrente


contínua (MCC), isto é, funcionam tanto como motores quanto geradores de
energia elétrica. Como o próprio nome indica, os motores CC são acionados por
uma fonte de corrente contínua.

Eles são motores que possuem imãs permanentes, ou então, têm campo
e armadura, neste caso não possuem ímãs permanentes. Os motores de corrente
contínua são muito usados e possuem diversas aplicações, como brinquedos,
eletrodomésticos, máquinas industriais, veículos elétricos, entre outros.

Motor de corrente contínua: principais partes

O motor CC possui diversas partes que são essenciais para o seu


funcionamento. Abaixo temos uma imagem que apresenta a estrutura interna de
um motor de corrente contínua.

156
TÓPICO 3 — TIPOS DE MOTORES DE CC

Para facilitar o entendimento sobre o funcionamento do motor de


corrente contínua, ele é constituído basicamente pelo enrolamento de armadura,
enrolamento de campo, comutador e as escovas, em que:

• Enrolamento de armadura: é localizado na parte girante do motor de corrente


contínua (rotor), que é responsável por produzir o torque elétrico que o
movimenta quando opera como motor, bem como a tensão de saída quando
opera como gerador.
• Enrolamento de campo: é a parte fixa da máquina (estator), responsável por
criar o fluxo magnético que irá atravessar a armadura. Nele é formado os
polos magnéticos norte e sul, criando-se um campo de excitação. Além disso,
é importante mencionar o estator do motor CC também pode ser feito por
ímãs permanentes.
• Comutador: tem a função de manter a corrente circulando sempre no mesmo
sentido na armadura, ou seja, faz com que o torque gerado esteja sempre no
mesmo sentido. Quando estão operando como gerador, o comutador tem a
função de manter a tensão gerada sempre com a mesma polaridade.
• Escovas: são geralmente feitas de carvão, encarregadas de fazer o contato
do enrolamento de armadura para que se possa injetar energia elétrica no
enrolamento. Quando está funcionando como gerador ela retira a energia
elétrica do enrolamento.

Motores de corrente contínua: vantagens e desvantagens

• São muitas as vantagens dos motores de corrente contínua, dentre elas,


podemos citar:
• controle de velocidade para uma ampla faixa de valores acima e abaixo do
valor nominal;
• é possível acelerar, frear e reverter o sentido de rotação de forma rápida;
• não está sujeito à harmônicos e não possui consumo de potência reativa;
• permite variar a sua velocidade mantendo seu torque constante;
• possui um alto conjugado de partida, que também conhecido como torque ou
força de arranque;
• os conversores necessários para o seu controle são menos volumosos.

Apesar das vantagens, os motores de corrente contínua também


apresentam algumas desvantagens, tais como:

• possui maior manutenção devido aos desgastes entre as escovas com o


comutador, exceto para os motores brushless;
• em relação aos motores de indução CA de mesma potência possuem um
preço e tamanho maiores;
• por causa da centelha que ocorre entre suas escovas e os comutadores, com
exceção dos motores brushless, os motores de corrente contínua não podem
operar em ambientes explosivos.

Motores de corrente contínua: modelagem

157
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

Um fenômeno descrito em termos de símbolos e relações matemáticas,


que reproduz ou transcreve o objeto estudado, é denominado como modelo
matemático. Portanto, abaixo temos representado o modelo de um motor de
corrente contínua.

Modelagem de um motor de corrente contínua:

• Va =Tensão de armadura;
• Ia = Corrente de armadura;
• La = Indutância do enrolamento de armadura;
• Ra = Resistência do enrolamento de armadura;
• Ea = Tensão induzida na armadura;
• Vf = Tensão de campo;
• If = Corrente de campo;
• Lf = Indutância do enrolamento de campo;
• Rf= Resistência do enrolamento de campo;
• φf = Fluxo magnético do enrolamento de campo.

Motores de Corrente Contínua: classificação

Podemos classificar os motores de corrente contínua de acordo com o


modo de conexão do indutor e das bobinas induzidas, sendo classificados como
motor série, motor paralelo, motor composto e motor de excitação independente,
em que:

Motor série

O motor em série possui esta definição pois os enrolamentos do indutor


e da armadura são ligados em série, se destacando por conter um alto torque e
rápida aceleração. Devido às suas características o motor série é muito usado em
aplicações em que é necessária maior tração, como em trens elétricos, bondes
elétricos e guinchos elétricos.

158
TÓPICO 3 — TIPOS DE MOTORES DE CC

Motor paralelo

Também conhecido como motor de derivação ou motor shunt, o motor


paralelo este nome porque o indutor e os enrolamentos induzidos são ligados em
paralelo. Ele tem como característica a fácil regulagem de sua velocidade, e é um
tipo de motor muito utilizado em máquinas, ferramentas, elevadores, esteiras etc.

Motor composto

Conhecido por alguns como motor misto, o motor composto apresenta


as características dos motores série e dos motores paralelos. Ele possui dois
enrolamentos de indutor, um em série com o enrolamento induzido e o outro em
paralelo.

Este motor tem como característica manter firme a sua velocidade ao estar
operando com carga, por isso, o motor composto é muito usado em acionamento
de máquinas que são submetidas à bruscas variações de cargas, como prensas e
tesouras mecânicas.

Motor de excitação independente

O motor de excitação independente recebe este nome pelo fato de o


seu indutor e a sua armadura serem alimentados por duas fontes de energia
independentes. Os motores CC com excitação independente são utilizados
normalmente em acionamentos de máquinas operatrizes, por exemplo,
ferramentas de avanço, bombas a pistão, compressores, entre outras aplicações
que é necessário um torque constante em toda a faixa de rotação.

Motor de passo

Os motores de passo são de corrente contínua e possuem várias bobinas,


que quando são energizadas de acordo com uma sequência, fazem com que o seu
eixo se mova de acordo com ângulos exatos, submúltiplos de 360.

159
UNIDADE 3 — PRÁTICAS COM MOTORES DE CORRENTE CONTÍNUA

Os motores de passo são usados em aplicações que exigem uma alta


precisão, como exemplo de aplicação, podemos citar as impressoras tradicionais,
impressoras 3D e em muitos outros sistemas de controle de posição. Apesar de
o motor de passo ter uma alta precisão, ele possui um torque muito baixo, sendo
que quanto maior sua precisão menor será o seu torque.

Servo motor

Conhecidos como servo, o servo motor é muito utilizado em aplicações


de robótica. Ele é basicamente um motor que podemos controlar a sua posição
angular por um sinal PWM, utilizado para posicionar e manter um objeto em
uma determinada posição. Diferentemente dos motores de passo, que podem
ser rotacionados livremente, o eixo de um servo motor não costuma ter tanta
liberdade em seus movimentos, que geralmente é de apenas 180º.

Motor brushless

Motor brushless significa motor sem escova, ou seja, este é um tipo de


motor que não precisa de escovas para funcionar. Os motores brushless são
similares aos motores de corrente contínua (CC) tradicionais com escova, porém,
são comutados eletronicamente (ESM), de modo que podem ser alimentados por
uma fonte de corrente contínua.

Por possuir uma comutação sem escovas (brushless), o motor brushless é


mais eficiente, necessita de menos manutenção, menor geração de ruídos, possui
uma maior densidade de potência e faixa de velocidade, comparando com os
motores de comutação por escovas. Devido às diversas vantagens do motor
brushless, ele é muito usado em drones e aeromodelos, além de ser leve e ter
grande velocidade de rotação

Como nem tudo é perfeito, o motor brushless contém uma eletrônica


que contribui para um maior custo de aquisição, além de normalmente ser mais
complexo que os motores de comutação por escovas.

Além dos motores CC, existem muitos outros tipos de motores, como os
motores de indução monofásicos e trifásicos.

FONTE: Adaptado de <https://www.mundodaeletrica.com.br/motor-de-corrente-con-


tinua-caracteristicas-e-aplicacoes/>. Acesso em: 25 jul. 2020.

160
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Para reduzir os riscos e prejuízos, existem três modos de ligar um motor de


corrente contínua: shunt, série e composto (ou compound).

• A ligação compund foi criada para aproveitar somente as melhores


características do motor shunt e do motor série.

• A ligação série tem um torque de partida muito bom e uma regulação de


velocidade ruim.

• A ligação shunt possui uma boa regulação de velocidade.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

161
AUTOATIVIDADE

1 Os motores têm a função de converter energia elétrica em energia mecânica


de rotação e são responsáveis pelo funcionamento de muitos equipamentos
em nossas casas, como as máquinas de lavar, os ventiladores e outros. Sobre
as características dos motores de corrente contínua, assinale a alternativa
CORRETA:

a) ( ) A velocidade no motor shunt é praticamente constante.


b) ( ) O motor de corrente contínua série, em relação a outros tipos de motor
de corrente contínua, apresenta uma excelente regulação de velocidade.
c) ( ) Um motor de corrente contínua com ligação série possui um torque de
partida baixo.
d) ( ) O motor brushless é um motor que não possui escovas, por esse motivo
tem um desempenho pior que os demais.

2 O motor de corrente contínua possui algumas partes essenciais para o seu


funcionamento, como os enrolamentos e o comutator. Com base no seu
conhecimento sobre motores de corrente contínua, analise as sentenças a
seguir:

I- No motor e corrente contínua, do tipo shunt, a armadura não possui


comutator e escovas.  
II- São três tipos de motores de corrente contínua: série, shunt e compound.
III- No motor shunt, a armadura e o enrolamento estão ligados em paralelo
com a alimentação.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças II e III estão corretas.


b) ( ) Somente a sentença II está correta.
c) ( ) As sentenças I e III estão corretas.
d) ( ) Somente a sentença III está correta.

3 A energia elétrica utilizada para a distribuição e também para o transporte


de energia elétrica até as nossas casas e fábricas, é a corrente alternada,
entretanto, os motores de corrente contínua ainda são muito utilizados nas
indústrias.  De acordo com os conhecimentos adquiridos sobre as máquinas
de corrente contínua, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para
as falsas:

( ) O motor de corrente contínua tipo série é muito utilizado nos trens,


porque uma de suas características é possuir um alto torque de partida. 
( ) O acionamento de elevadores é feito por motores de corrente contínua
tipo série.
( ) Um motor de corrente contínua tipo série sempre deve partir com carga.
162
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:

a) ( ) V – F – F.
b) ( ) V – F – V.
c) ( ) F – V – F.
d) ( ) F – F – V.

4 Quando aplicamos uma tensão nos terminais da armadura, para iniciar a


rotação do motor, a velocidade é nula. Após o início do funcionamento,
alguns fatores limitam a corrente, que são a queda de tensão nos contatos
das escovas e a resistência no circuito da armadura. Considere um motor de
corrente contínua com ligação shunt de 240V, resistência de armadura de
0,5Ω e queda de tensão de 5V no contato das escovas. Em seguida, descreva
o cálculo da corrente no instante da partida e o percentual em relação à
corrente nominal.
Dado: corrente nominal a plena carga é de 80 A.

5 Existem cinco tipos principais de motor de corrente contínua: o de excitação


independente, o de derivação, o de imã permanente, o de série e o composto.
Explique sobre o motor shunt.

163
REFERÊNCIAS
CARVALHO, G. Máquinas elétricas - teoria e ensaios. São Paulo: Saraiva, 2011.

CHAPMAN, J. S. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre:


Grupo A, 2013. 

HAND, A. Motores elétricos. Porto Alegre: Grupo A, 2015.

MOHAN, N. Máquinas elétricas e acionamentos - curso introdutório. São


Paulo: LTC, 2015.

NOVICKI, V. O. Máquinas elétricas I. Porto Alegre: Grupo A, 2018.

SEN, P. C. Principles of electric machines and power electronics. Nova Jersey:


John Wiley & Sons, 1996.

UMANS, S. D. Máquinas elétricas de Fitzgerald e Kingsley. 7. ed. Porto Alegre:


AMGH, 2014.

164

Você também pode gostar