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Era uma vez uma gota que caminhava pelo mundo, triste e sozinha.
Enquanto amargurada caminhava, mesmo ao seu lado caiu uma gota amarela, era uma gota
de tinta e tinha caido de um rolo de pintar com que restauravam um prédio antigo.
Olha para mim não sei de onde venho, e nem sequer tenho cor!
Conversaram por uns minutos mas depressa viram que pouco tinham em comum.
A gota sem cor seguiu caminho e a gota de tinta amarela deixou-se ficar secando no chão.
Um pouco a frente, estava uma bicicleta caida no chão e já de pé um miudo corajoso raspando
a poeira das calças, e pondo saliva nos arranhões provocados pela queda.
Olha para mim não sei de onde venho, e nem sequer tenho cor!
Ficaram entretidas a conversar, a gota de sangue era uma gota cheia de histórias para contar.
Mas tambem com ela a gota sem cor percebeu que pouco tinha em comum e mais uma vez
cada vez mais triste continuou caminhando.
A gota sem cor estava encantada, escondeu-se para observar melhor a linda mulher que
apressada corria para um carro parado em frente ao prédio, parecendo esperar por ela.
Mesmo no seu esconderijo, quando a mulher passou, quase lhe caiu em cima uma estranha
gota azul muito, muito claro.
A cheirar assim bem pode ter pouca cor, pensou a gota sem cor.
Olha para mim não sei de onde venho, e nem sequer tenho cor!
Eu sou uma gota de perfume. A Ana deixou-me cair. Está muito apaixonada e ia a correr
apressada. Sabes, ele não gosta nada, mesmo nada de esperar.
As horas foram passando e a gota de perfume cada vez estava mais pequenina.
A gota sem cor ficou a fazer-lhe companhia até que ela desapareceu por completo.
Preparava-se para se fazer de novo ao caminho, quando voltou a ouvir um motor de um carro.
Era o mesmo.
A linda mulher saiu, mas desta vez o seu passo já não era apressado.
A porta bateu.
Ainda não sabia nada da vida, nem imaginava o que podia fazer alguem tão belo chorar.
Estava nestes pensamentos quando uma gota, assim com ela, tambem sem cor caiu mesmo
junto de si.
Que susto!
És igual a mim!
Não sabias?
Eu tenho mil cores, disse a lágrima que tinha rolado pela face da Ana.
E era uma lágrima com tantas cores como as cores do mundo inteiro.
História criada por Helena Isabel para a Carolina, e encontrada no blog dela, Estados de
Alma.