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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas


Departamento de História

A construção e formação da memória no futebol

André Luiz Brito Silva Ferreira

Rio de Janeiro
2022
APRESENTAÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo compreender a questão da memória coletiva e
histórica em torno de clubes de futebol, procurando dar uma atenção também para os
ditos clubes “pequenos”, que além de esquecidos pela grande mídia, ainda são afligidos
com falta de profissionalismo na direção, em diversos níveis; crises financeiras oriundas
de má gestões ou patrocínios e calendários extremamente reduzidos, dentre outros
problemas. Apesar disso, é interessante observar que a tradição de um clube de bairro
permanece viva, principalmente no local e meio social que aquele clube está inserido,
geralmente sendo passada de pai para filho, o que significa que a memória e cultura
daquele clube permanece viva e ativa, mesmo que o time não ganhe mais nada ou até
mesmo seja extinto ou deixe de exercer atividades relacionadas ao esporte profissional
ou semiprofissional.
Dessa forma, utilizando as fontes bibliográficas disponibilizadas no curso desta matéria
e fontes complementares, além de matérias de jornais e vídeos disponíveis com
torcedores destes clubes, procura-se entender como uma comunidade local consegue
manter, através da memória e da história, um clube de futebol, seja grande ou pequeno;
e mais ainda, como consegue fazer deste um patrimônio – muitas vezes não-oficiais –
importante para a continuação da tradição e história da própria comunidade, gerando
uma espécie de simbiose entre a história e memória da comunidade e a história do
clube.

FUTEBOL, MEMÓRIA COLETIVA E PATRIMÔNIO


No seu livro Febre de Bola (2013), o autor Nick Hornby, torcedor fanático do Arsenal –
time londrino da primeira divisão inglesa -, narra sua vida e experiências pessoais
através da memória que ele possui de jogos, títulos ou elencos que marcaram ou
entraram para a história do clube. A sensação que o autor passa é comum a todos
aqueles que acompanham um clube de futebol, podendo-se dizer, inclusive, que até
mesmo aqueles que não acompanham o esporte são impactados por datas ou
acontecimentos ocorridos dentro do futebol. Por exemplo, tanto uma pessoa que
acompanha e uma que não acompanha, provavelmente conseguirá se lembrar onde
estava ou o que estava fazendo quando a seleção brasileira ganhou algum de seus 5
títulos mundiais.
Sendo assim, através dessas recordações pessoais, pode-se observar o quão impactante o
futebol é para a construção da identidade ou tradição de várias pessoas. Quando
analisando o impacto local do esporte, podemos ver também a influência na formação
da chamada memória coletiva, definida por Halbwachs (1990) como:
“O trabalho que um determinado grupo social realiza, articulando e localizando as lembranças
em quadros sociais comuns. O resultado deste trabalho é uma espécie de acervo de lembranças
compartilhadas que são o conteúdo da memória coletiva. ”

Desta forma, é possível entender que em um grupo de torcedores, por exemplo, apesar
de cada indivíduo possuir suas próprias lembranças e memórias, ainda haverá uma
construção coletiva de memória, podendo dizer ainda que tal construção coletiva
influencia na construção individual e vice-versa. É importante lembrar também que essa
formação de memória não é algo que ocorre de uma só maneira homogênea, mas sim,
em processos diferentes para cada indivíduo, não sendo algo estático. A memória se faz,
refaz, muda e se desenvolve de acordo com o contexto no qual ela se forma para um
sujeito.
Fica claro que a construção dessa memória coletiva pode ser vista como parte de um
processo maior, um processo de manutenção da história local, tanto de um clube quanto
de uma comunidade; além de servir como uma construção de uma própria identidade
coletiva com sua própria expressão cultural. Isto pode levar à patrimonialização da sede
de um time ou da torcida, visto que, de acordo com Silva (2011),
“A patrimonialização é uma ação que tem como finalidade fomentar o desenvolvimento através
da valorização, revitalização de uma determinada cultura e do seu patrimônio cultural. ”

Esse é o caso de clubes cariocas como o Vasco da Gama, Fluminense, Bangu,


Portuguesa e São Cristóvão, que possuem sua sede tombada como patrimônio histórico
e cultural. Também vale ressaltar o caso da torcida do Flamengo, que foi declarada
como patrimônio cultural da cidade do Rio, o que prova que não só os clubes são fatores
de disseminação de cultura, mas as próprias torcidas também exercem essa difusão
cultural.
CLUBES “PEQUENOS” E SUA CONSTRUÇÃO SOCIAL
De fato, como foi exposto acima, a memória se forma de diversas maneiras, não
permanecendo algo estático, mas se alterando de acordo com os diversos contextos que
podem surgir. Pensando então na situação que muitos clubes pequenos passam
atualmente, onde estão desvalorizados, com muitos caindo até mesmo no esquecimento,
o resgate das memórias se faz necessário no presente para tanto não deixar a paixão de
diversos torcedores se apagar quanto demonstrar que a tradição suburbana e local ainda
continua relevante.
Posso começar dizendo aqui como a memória se faz no presente, muitas vezes para
responder as próprias questões do presente.
Dai eu puxo pra parte do texto da memória e história que fala sobre a memória
individual precisando de um interlocutor pra tentar puxar o vídeo. Do vídeo, eu acredito
que posso puxar novamente o debate para história coletiva.
SCHMIDT, Maria Luisa Sandoval; MAHFOUD, Miguel. Halbwachs: memória coletiva e
experiência. Psicol. USP,  São Paulo ,  v. 4, n. 1-2, p. 285-298,   1993 .   Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-
51771993000100013&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  03  set.  2022.

https://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL203713-5606,00-
TORCIDA+DO+FLAMENGO+SERA+TOMBADA+COMO+BEM+CULTURAL+D
O+RIO.html

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