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PESQUISA DE ESTUDO DE CASO

As origens do estudo de caso podem ser encontradas no campo da medicina


e da psicanálise.
Na medicina, um exemplo de caso é o de Phineas Gage, que sofreu um
acidente com explosivos e teve seu cérebro perfurado por uma barra de metal, no
qual apresentou mudanças de comportamento depois disso. Através desse caso,
ficou suposta a possibilidade de se conhecer um fenômeno a partir do estudo de um
único caso.
As origens da psicanálise também estão ligadas a estudos de caso. Como o
caso de Anna O., uma mulher que, após a doença e a morte de seu pai, passou a
apresentar um quadro clínico que na época foi designado como histeria. Esse caso
se tornou muito relevante para postular a possibilidade de tratamento por meio da
fala, por exemplo.
Além disso, nas décadas de 1920 a 1930, estudos de caso também foram
muito utilizados por pesquisadores da Escola de Chicago, nos Estados Unidos,
mesmo que esses não tenham sido denominados de estudos de caso, já que muitos
estudos se caracterizaram pela análise profunda e exaustiva de casos, sendo
conduzidos com a utilização de entrevistas, depoimentos pessoais e observação
participante.
Porém, foi em 1985 que Robert Yin lançou seu livro Estudo de Caso:
Planejamos e métodos, sendo a primeira obra elaborada no formato de manual para
elaboração de estudos de caso.
Assim, estudos de caso foram se tornando cada vez mais frequentes com
aplicação em muitos campos do conhecimento, principalmente na Medicina,
Psicologia e em outras áreas da saúde, e também nas áreas tecnológicas, humanas
e sociais, entre outras.

Conceito
Diante disso, em conceituação, o estudo de caso se trata de uma
investigação empírica que pesquisa fenômenos complexos, inseridos no contexto da
vida real, com pouco controle do pesquisador sobre os eventos, de maneira que se
permita o seu amplo e detalhado conhecimento.
Essa estratégia de pesquisa pode incluir tanto estudos de caso único quanto
de múltiplos, assim como pode fazer parte de pesquisas de abordagens
quantitativas e qualitativas.
Através dessa estratégia de pesquisa, busca-se descrever e analisar a
complexidade de um caso, construindo uma teoria que possa explicá-lo.
Assim, o Estudo de Caso possibilita a inserção em uma realidade social, que
não é conseguida plenamente por um levantamento de amostra e avaliação
exclusivamente quantitativa. O que torna o estudo de caso relevante quando as
questões de pesquisa exigirem uma descrição ampla e “profunda” de algum
fenômeno social.
Dessa forma, o Estudo de caso é um delineamento de pesquisa, que se
caracteriza por ser:
● Um estudo em profundidade
Isso porque o estudo de caso busca estudar os fenômenos em profundidade,
de forma mais completa.

E também:
● Busca investigar um fenômeno contemporâneo
Pois mesmo que ele possa levar em consideraçãoaspectos históricos, o
estudo de caso tem como objeto de estudo um fenômeno cuja ocorrência se
dá no momento em que se realiza a pesquisa.

Além disso,
● Ele pode ser realizado com casos múltiplos ou individuais
De forma que o caso pode ser constituído por um indivíduo, um grupo, um
evento, um processo, uma comunidade, ou mesmo uma cultura.

Outra coisa é que:


● Não se separa o fenômeno de seu contexto
Assim, o estudo de caso leva em consideração o contexto em que ocorre o
fenômeno, não isolando o fenômeno de seu contexto.

E por último, ele


● Requer a utilização de múltiplos procedimentos de coleta de dados
Isso porque para garantir a qualidade dos dados, o estudo de caso requer a
utilização de múltiplas fontes de informação. Os dados obtidos com
entrevistas, por exemplo, devem ser contrastados com dados obtidos
mediante outros procedimentos, observação e análise de documentos. De
toda forma, o papel do pesquisador deve ser claro para aqueles que lhe
prestam informações.

Diante dessas características, para a aplicação, não há uma forma rígida e


roteirizada de se fazer essa pesquisa, mas algumas etapas são comuns à maioria
desses estudos, a partir da seleção do caso ou dos casos; coleta de dados, nos
quais podem ser obtidos por meio de documentos, entrevistas, ou até observação,
como já mencionei antes; Sendo relevante também a análise de dados.

Com isso, se evidencia as vantagens dos estudos de caso, tais como: o


estímulo de novas descobertas, a flexibilidade do seu planejamento; a ênfase na
multiplicidade de dimensões de um problema, além de permitir uma análise em
profundidade dos processos e das relações entre eles.
Mas há também limitações. A mais grave, parece ser a dificuldade de
generalização dos resultados obtidos, pois, segundo o autor, pode ocorrer que a
unidade escolhida para investigação seja bastante atípica em relação às muitas do
seu meio. Assim, os resultados da pesquisa podem se tornar equivocados. Por isso,
pode se exigir do pesquisador muita atenção e cuidado na seleção do caso.
Além disso, os argumentos mais comuns dos críticos dos estudos de caso
estão no risco do investigador apresentar uma falsa certeza das suas
conclusões e se demais em falsas evidências. Em decorrência disso, o
pesquisador pode deixar de verificar a fidedignidade dos dados, da categorização e
da análise realizada. A recomendação para eliminar essa possibilidade é elaborar
um plano de estudo de caso que previna prováveis equívocos subjetivos.

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