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A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE DO EDUCADOR NO PROCESSO DE

DESENVOLVIMENTO SÓCIO-EMOCIONAL DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO


INFANTIL.

RESUMO

O presente trabalho trata da importância da afetividade no processo de aprendizagem


na educação infantil. A afetividade é o desígnio fundamental para a construção das
informações cognitivo afetivo nas crianças e consequentemente nas relações que devem ser
estabelecidas entre professores e alunos. Pensando nessa relação, é coerente afirmar que a
escola é o lugar de socialização e, possibilita ao educando participar de projetos e escolhas
que contribuirão para o seu futuro e crescimento como cidadão. É primordial que a escola,
espaço que mantém profunda relação com os alunos, esteja apta a desenvolver uma educação
que leve a reflexão e ao surgimento do pensamento crítico e consciente. Compete à escola
além de auxiliar no processo de absorção de conhecimentos intelectuais, proporcionar o
desenvolvimento afetivo entre os indivíduos. Surge daí a relevância de se abordar o tema
afetividade docente, por entender que o cuidar é um ato consciente. O presente artigo é
resultado de uma pesquisa bibliográfica e documental, de abordagem qualitativa na qual
dialogamos com teóricos da área e com documentos oficiais que tem como principal objetivo
produzir reflexões acerca da influência da afetividade na aprendizagem e os benefícios que o
laço afetivo entre professor e aluno produz ao educando no processo de ensino. Para tanto os
alunos devem ser avaliados a partir de suas vivências e o professor precisa olhar o educando
como ser social, sujeito do seu próprio desenvolvimento onde a reconstrução da aprendizagem
acontece por meio uma prática contínua e que ultrapassa o espaço da escola.

PALAVRAS-CHAVE: Afetividade. Desenvolvimento Infantil. Relação Professor – aluno.


Educação Infantil. Ensino aprendizagem.

ABSTRACT

This paper deals with the importance of affectivity in the learning process in early childhood
education. Affectivity is the fundamental purpose for the construction of affective cognitive
information in children and, consequently, in the relationships that must be established
between teachers and students. Thinking about this relationship, it is coherent to say that the
school is the place of socialization and enables the student to participate in projects and
choices that will contribute to their future and growth as a citizen. It is essential that the
school, a space that maintains a deep relationship with the students, is able to develop an
education that leads to reflection and the emergence of critical and conscious thinking. In
addition to assisting the process of absorption of intellectual knowledge, the school is

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responsible for providing affective development among individuals. Hence the relevance of
addressing the theme of teacher affection, as it understands that caring is a conscious act. This
article is the result of a bibliographic and documentary research, with a qualitative approach
in which we dialogue with theorists of the area and with official documents whose main
objective is to produce reflections on the influence of affectivity on learning and the benefits
that the affective bond between teacher and teacher. student produces to the learner in the
teaching process. For this, students should be evaluated from their experiences and the teacher
needs to look at the student as a social being, subject of his own development where the
reconstruction of learning happens through a continuous practice that goes beyond the school
space.

KEY WORDS: Affection. Child development. Teacher – student relationship. Child


education. Teaching-learning.

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é analisar o papel da afetividade como fator importante no


relacionamento entre professor e aluno no âmbito escolar, contribuindo para a formação
integral da criança. A pesquisa conta ainda com os seguintes objetivos específicos:
Compreender de que forma a afetividade contribui para o ensino-aprendizagem, refletir sobre
a importância e o papel do professor no seu relacionamento com os educandos, buscar
subsídios para relatar o quanto à interação entre professor e aluno é importante para o
processo de ensino e aprendizagem e reconhecer a criança como sujeito social.

A primeira infância, de 0 aos 5 anos, é o período em que os seres humanos constroem


suas bases cognitiva, emocional, motora, social e ética. Quando ainda não sabem utilizar a
linguagem oral, as crianças fazem uso principalmente da emoção para se comunicar com o
mundo, através do choro e sorriso, por exemplo. Ao adquirir a fala, as crianças ganham mais
um meio de expressar o que sentem e começam a se relacionar com o mundo de outra forma.
Segundo o pensador Jean Piaget, o desenvolvimento intelectual em dois componentes: o
cognitivo e o afetivo, que caminham juntos. Para ele, toda ação e pensamento são ações
cognitivas, representadas pelas estruturas mentais, e afetivas, representadas por uma estrutura
energética, que é a afetividade.
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A afetividade é importante para que através dos resultados, traga para o ambiente
escolar uma relação boa entre todos e assim, contribuir para um desenvolvimento melhor e
para melhor da criança. Não há como negar que a afetividade está ligada ao ensino-
aprendizagem, sendo importante este tema ser abordado e discutido na ação pedagógica da
escola.

É imprescindível que o interesse dos profissionais da educação seja de fato com o foco
nas reais necessidades, como expectativas da educação na formação de indivíduos críticos-
reflexivos. É necessário haver mudanças não apenas nas palavras, mas nas atitudes. É preciso
estar comprometido com o aluno, com a escola, com a sociedade e com os professores
promovendo uma educação de qualidade, vendo o aluno como indivíduo ativo do processo
ensino aprendizagem. Só assim os docentes cumprirão com o papel de orientador realizando
mais que o simples papel de ensinar.

A metodologia deste trabalho foi de cunho qualitativo e quantitativo, uma vez que
buscou-se a aproximação do corpo teórico da temática, qual seja, a afetividade e a prática
docente. O objetivo geral do projeto, e analisar a afetividade do professor como contribuição
para o desenvolvimento sócio-emocional da criança na educação infantil. Relatar a fundo,
como a afetividade é essencial na vida de cada um, começando desde a infância.

A AFETIVIDADE E O CAMINHO DAS RELAÇÕES

A afetividade se faz presente em todas as relações humanas, e nos primeiros anos da


criança no âmbito escolar, se torna essencial na relação entre educador e aluno. O carinho, o
amor, a raiva, o ciúme, a tristeza ou a alegria, são indícios emocionais ou sentimentais,
provocados pelo campo afetivo do indivíduo. A afetividade, exerce enorme influência na
construção do ser humano, visto que sua construção sócio-emocional ocorre a partir das
relações afetivas. O professor contribui para esse construção e desenvolvimento na educação
infantil. Embora a primeira responsável pela formação da criança seja a família, é na escola
que a mesma desenvolve efetivamente sua habilidade de interação com o meio, que por sua
vez é o responsável pela estruturação do indivíduo como um todo. Nesse processo, é de suma
importância que o educador seja afetuoso, sabendo ouvir, compreender e orientar a criança
para que a mesma adquira autonomia e autoconfiança. Vários autores como Wallon e
Vygotsky enfocaram a afetividade como principal instrumento de socialização.
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Na infância, as influências mais expressivas num processo de aprendizagem são as


relacionadas ao tipo de interação refletida no campo afetivo. A qualidade dessas relações é a
base para a construção da personalidade infantil (NERY, 2003). Conclui-se que, essa relação
estabelecida é substancialmente emocional e as futuras ligações afetivas do bebê dependem da
percepção que tem sobre o adulto, que funcionará como fonte de estímulo para as crianças.

Rousseau (1994) aponta a importância do educador, chamado mestre, como o primeiro


passo rumo à educação adequada, promovendo assim o pleno desenvolvimento da dimensão
humana do indivíduo. Para este autor, a formação do coração caminha paralelamente com a
educação. Ele afirma que, “o objetivo que devemos nos propor na educação de um jovem é o
de formar-lhe o coração, o juízo e o espírito”. (ROUSSEAU 1994, p.45). Sendo assim, a
afetividade se apresenta como o fio condutor do aprendizado.

Conforme o Dicionário Aurélio (1994), o verbete afetividade está assim definido:


“Psicol. Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções,
sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou
insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza”. Enfim podemos perceber a
necessidade da presença afetiva nas relações sociais, principalmente quando se diz respeito à
relação entre professor e aluno. Isto é essencial para o sucesso da vida escolar do discente

A AFETIVIDADE NA CONSTRUÇÃO DA AUTO-ESTIMA: UMA APRENDIZAGEM


SIGNIFICATIVA

O ser humano é um ser social e vive em constante adaptação ao meio em busca da


satisfação e estabilidade pessoal ao mesmo tempo em que procura prezar as relações com os
outros seres.

Diante das mudanças culturais e morais das sociedades hodiernas, a estabilidade


emocional, muitas vezes não encontrada no meio, necessita cada vez mais de ser criada pelo
próprio indivíduo, que num processo de autoreflexão e adaptação, busca a satisfação afetiva.

A auto-estima é resultante de uma interiorização de estima que a criança percebe que o


adulto tem por ela, é o valor e importância que a criança dá a si mesmo diante dos
relacionamentos com os diferentes grupos sociais e nas mais variadas situações cotidianas,
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auto-estima que, sendo positiva determinará um comportamento coerente com os valores e


princípios formadores da personalidade (BRANDEN, 1998).

Conforme Argyle (1974, p.163), “Se os pais dizem ao filho que ele é inteligente ou o
tratam como indigno de confiança, esses atributos podem integrar-se em sua ego-identidade”.
Sob este enfoque, a maneira como a criança percebe essas avaliações feitas pelo adulto,
influencia o modo como vêem a si próprios e como forma sua auto-imagem.

Com base em conhecimentos vindos da Psicologia Moderna há uma ênfase na estreita


ligação entre a subjetividade e volitividade do sujeito e a auto-estima satisfatória direcionando
a uma reflexão sobre as condutas e comportamentos passíveis de reconhecimento e abnegação
que podem influenciar a auto-estima saudável (BRANDEN, 1998).

A auto-estima, sendo uma conseqüência de atitudes geradas interiormente exprime o


conceito que se tem sobre si mesmo ou ainda, a forma como se descreve e define o próprio
ser. Um dos mais importantes aspectos que nos difere de outros seres vivos é o nosso estado
de consciência ou ser consciente.

Portanto, a consciência é a mais nobre manifestação da vida humana, pois possibilita


perceber os aspectos que formam a realidade e pensá-los abstratamente (BRANDEN, 1998).
Sob este fundamento pode-se dizer que estar consciente é compreender que todas as
influências do meio físico, cultural, social, econômico, político e espiritual afetam e exige
ações, propostas e tomadas de decisão.

A base de desenvolvimento de uma boa auto-estima é inicialmente a auto-aceitação, a


reputação e valor que o indivíduo dá a si mesmo. Os bloqueios afetivos crescem à medida que
há uma oposição ou submissão a eles. Na infância, a criança pode experimentar tanto a
segurança e proteção como também o temor e a instabilidade, conforme os tipos de
experiências que viver. Muitos de seus medos e incertezas serão na vida adulta, resultados de
uma infância perturbada com experiências negativas. Esses traumas podem se dar por toda a
infância e depender muitas vezes do ambiente e tratamento que a criança recebe.

Desde o início da História de nosso sistema escolar público, o objetivo explícito da


educação foi formar bons cidadãos dando ênfase à memorização de um corpo comum de
conhecimento e princípios. A observação de regras de uma sociedade e o aprendizado da
obediência à autoridade fez, durante muito tempo, com que a educação se limitasse a tornar os
indivíduos conformados e estereotipados em vez de pensadores livres, criativos e originais
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(PULASKI, 1986). O desenvolvimento da auto-estima centralizado no indivíduo deve


enfatizar a capacidade de solidarizar-se. Num contexto escolar formal, um dos principais
fatores que influenciam esse processo é a capacidade que o professor tem de contribuir para a
autoestima dos alunos servindo como modelo e construindo um senso de confiança
(BRANDEN, 1998).

O respeito à sua identidade, o estímulo e segurança necessários para as ações, a


criação de um diálogo permeado por um clima calmo e descontraído no ambiente educativo
são atitudes esperadas de um professor consciente de seu papel estruturador na aprendizagem
das crianças (BRANDEN, 1998).

AFETIVIDADE NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO INFANTIL

De acordo com Piaget, o cognitivo está em supremacia em relação ao social e o


afetivo. Na concepção construtivista de Piaget, o começo do conhecimento é a ação do sujeito
sobre o objeto, ou seja, o conhecimento humano se constrói na interação homem-meio,
sujeito-objeto.

Piaget apud La Taille (1992) afirma que “a inteligência humana somente se


desenvolve no individuo em função de interações sociais que são, em geral, demasiadamente
negligenciadas”.

Existem diversas formas de conhecer e aprender, as quais são construídas nas trocas
com o objeto de estudo, são organizadas em momentos sucessos de adaptação ao objeto.

A adaptação ocorre por meio da organização, o organismo diferencia os estímulos e


sensações, organizando-os em forma de estrutura. A adaptação possui dois mecanismos:
assimilação e a acomodação. Segundo Piaget, o conhecimento passa pelo processo de
equilibração/reequilibração entre assimiliação e acomodação, ou seja, entre os indivíduos e os
objetos do mundo exterior.

A assimilação é a inclusão dos dados da realidade nos esquemas disponíveis no


indivíduo, é o processo pelo qual as ideias, pessoas, costumes, idiomas são incorporadas à
atividade dele. A criança aprende o idioma, assimila tudo o que ouve, se apropriando desse
conhecimento. Já a acomodação é a transformação dos esquemas para assimilar os elementos
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novos, a criança ouve emite respostas acomodando os sons, e com o passar do tempo começa
a falar de forma compreensível.

O aspecto afetivo da assimilação é o interesse em assimilar o objeto, já o aspecto


cognitivo é a compreensão. Já na acomodação a afetividade esta inserida no interesse pelo
objeto novo, enquanto que o aspecto cognitivo está na organização dos esquemas de
pensamento ao fenômeno.

Nessa perspectiva, o papel da afetividade é funcional na inteligência, é a fonte de


energia de que a cognição se utiliza para o seu funcionamento.

Segundo Vygotsky (1989), a aprendizagem tem um papel fundamental para o


desenvolvimento do saber, do conhecimento. Todo e qualquer processo de aprendizagem é
ensino-aprendizagem, incluindo aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre eles.
Ele explica esta conexão entre desenvolvimento e aprendizagem através da zona de
desenvolvimento proximal (distância entre os níveis de desenvolvimento potencial e nível de
desenvolvimento real), um “espaço dinâmico” entre os problemas que uma criança pode
resolver sozinha (nível de desenvolvimento real) e os que deverá resolver com a ajuda de
outro sujeito mais capaz no momento, para em seguida, chegar a dominá-los por si mesma
(nível de desenvolvimento potencial).

A AFETIVIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR

No ambiente escolar o professor exerce um papel fundamental na construção do


conhecimento do educando. A escola, assim como a família, exerce um papel essencial na
formação dos indivíduos de uma sociedade, cabe a esta instituição contribuir não só na
aquisição de conhecimento no campo cognitivo, mas também na construção da personalidade
do indivíduo.

Conforme Magrit Krueger (2003), a escola, por ser o primeiro agente socializador fora
do círculo familiar da criança, torna-se a base da aprendizagem se oferecer todas as condições
necessárias para que ela se sinta segura e protegida. Nesse ambiente e nas ações estabelecidas,
a criança potencializa e se reafirma na relação eu e o outro, nessa interação afetiva com outro
sujeito, cada sujeito intensifica sua relação consigo mesmo, observa seus limites e, ao mesmo
tempo, aprende a respeitar os limites do outro. A afetividade é necessária na formação de
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pessoas felizes, sensiveis, éticas, seguras e capazes de conviver com o mundo que a cerca.
Em consonância, Freire (1999), define a prática educativa como “afetividade, alegria,
capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da
permanência do hoje.” (p.161). Em ambas citações teóricas observamos claramente o quanto
os professores e as instituições escolares são imprescindíveis na contínua formação dos
sujeitos e na transformação do hoje e amanhã. Assim, não nos restam dúvidas de que se torna
indispensável a presença de um educador que tenha consciência de sua importância não
apenas como um mero reprodutor da realidade vigente, mas sim como um agente
transformador com uma visão sócio crítica da realidade.

Falando de qualidade na educação infantil, a questão da afetividade passa a fazer parte


da rotina e cotidiano educacional. Estudos realizados deixam claro que a afetividade está
ligada intimamente ao aprendizado infantil, sendo que as emoções e os sentimentos foram
muito estudados por importantes teóricos.

Segundo La Taille (1992), Jean Piaget (1896-1980) foi um dos primeiros autores que
questionou as teorias sobre a afetividade e a cognição como aspectos funcionais separados.
Para Jean Piaget, “o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois
componentes: o cognitivo e o afetivo”. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o
desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendências, valores e
emoções em geral. Conforme Piaget (1995) elas são inseparáveis, pois, defende que toda ação
e pensamento comportam um aspecto cognitivo, representado pelas estruturas mentais, e um
aspecto afetivo, representado por uma energética, que é a afetividade. Ou seja, “a afetividade
constitui aspecto indissociável da inteligência, pois ela impulsiona o sujeito a realizar as
atividades propostas”. Segundo La Taille (1992) “os educandos alcançam um rendimento
infinitamente melhor quando se apela para seus interesses e quando os conhecimentos
propostos correspondem às suas necessidades”.

Na relação professor-aluno, o professor por meio da afetividade, pode compreender


melhor seus alunos, e se apropriar de elementos que contribuirão para que os objetivos sejam
alcançados. De acordo com Piaget, a afetividade influencia no comportamento, no
aprendizado, bem como no desenvolvimento cognitivo do educando, e está presente em todos
os campos da vida.

O trabalho do professor no ambiente escolar é fundamental na construção do


aprendizado do educando. Ele é quem estabelecerá as relações de interação e os vínculos
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afetivos com os discentes. No entanto, as relações estabelecidas no decorrer do processo de


ensino e aprendizagem podem ser positivas ou negativas. A criança como qualquer outro ser
humano é dotada de sentimentos e emoções, ela apresenta durante o processo de
aprendizagem comportamentos que traduzem esses sentimentos. Portanto, quando em contato
com as relações de afetividade docente terá melhores condições de se desenvolver
integralmente. Para Rousseau (1994) um bom professor não deve sobrecarregar seus alunos
com trabalhos difíceis, mostrando-se apenas severo e zangado, construindo assim a reputação
de um homem rigoroso e rude.

Valorizar a relação entre professor e aluno é vital para que se criem condições de gerar
uma base educacional sólida que seja capaz de atingir o seu objetivo com eficiência.

No processo de ensino e aprendizagem, tanto professor quanto aluno está em constante


evolução, nessa interação mutável a afetividade se mostra importante no ato de refletir sobre o
sucesso ou o insucesso desse processo. A empatia estabelecida nessa relação é permeada pelo
diálogo que resulta na conquista da confiança da criança pelo professor. No entanto, essa
conquista realmente se efetiva quando há por parte do professor a devida aceitação da criança
como ela é.

O diálogo e o respeito ao outro deve ser o alicerce da relação entre professor e aluno.
Dessa forma, tanto um quanto outro cria condições de desenvolvimento e crescimento mútuo.
Conhecer a realidade do educando, suas experiências e seus meios de aprender são
fundamentais para que o professor possa desempenhar bem seu papel de mediador do
conhecimento. Este relacionamento dará suporte à atuação de cada um deles, esse processo de
construção de conhecimento resultará na aprendizagem docente e discente. O professor no
decorrer do processo de ensino pode aprimorar sua prática pedagógica, analisando e refletindo
sobre sua metodologia. Já o educando por sua vez poderá aprender os conteúdos propostos,
sentir-se mais seguro no ambiente escolar, dentre outros fatores decisivos para o seu
desenvolvimento intelectual.

Por meio do brinquedo, a criança constrói o seu universo, manipulando-o e trazendo


para a sua realidade situações inusitadas do seu mundo imaginário. O brincar possibilita o
desenvolvimento, não sendo somente um instrumento didático facilitador para o aprendizado,
já que os jogos, brincadeiras e brinquedos influenciam em áreas do desenvolvimento infantil
como: motricidade, inteligência, sociabilidade, afetividade e criatividade. Desse modo, o
brinquedo contribui para a criança exteriorizar seu potencial criativo.
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Através da pesquisa é possível comprovar que a utilização de procedimentos


metodológicos que envolvem brincadeiras tende a contribuir com mais facilidade para o
processo de ensino e aprendizagem da criança, na formação de atitudes sociais como
cooperação; socialização; respeito mútuo; interação; lideranças e personalidade, que
favorecem a construção do conhecimento do educando.

Assim, o problema que norteou este estudo consistiu em discutir de que modo
educadores pensam as atividades lúdicas e qual a contribuição destas para a aprendizagem. É
claro e notório que jogos e brincadeiras são poucos utilizados no ensino fundamental como
recurso didático para o desenvolvimento de um ambiente alfabetizador, já que os alunos e
professores pouco se utilizam desse recurso didático.

Desse modo, foi abordada a importância de se utilizar os brinquedos em sala de aula,


pois, assim, as crianças aprendem brincando. Atividades dinâmicas de motivação, utilização
de jogos pedagógicos, bem como os momentos de socialização e afetividade oportunizam
aprendizagem por meio do mundo imaginário.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa é descritiva e de cunho qualitativo, com coleta de dados através


pesquisa bibliográfica, questionário estruturado e observação. O tipo de observação
empregada na pesquisa foi à observação não participante, que de acordo com Barros e Lehfeld
(2007, p.75) a observação não participante é “um tipo de observação em que o observador
permanece de fora da realidade a estudar. A observação é feita sem que haja interferência ou
envolvimento do observador na situação. O pesquisador tem o papel de espectador”.

CARACTERIZAÇÕES DE PESQUISA

Visamos nesta pesquisa se um estudo bibliográfico cientifica com um ponto de vista


histórico, e tendo um pouco da pesquisa descritiva e exploratória. A pesquisa bibliográfica se
caracteriza pela pesquisa e consulta em livros nas principais fontes de referências.
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O estudo teve o propósito de analisar o papel da afetividade como fator importante no


relacionamento entre professor e aluno no âmbito escolar, contribuindo para a formação
integral da criança e como já foi destacado, o nosso problema de pesquisa questiona de que
maneira a relação entre professor e aluno pode ajudar na formação da criança.

Conforme o RCNEI (1998) afirma que o estabelecimento de vínculos afetivos é


necessário e fundamental às práticas a serem vivenciadas na Educação Infantil. Esse
documento diz que à medida que a criança se sente segura e acolhida no ambiente, ela passa a
explorá-lo, desenvolvendo sua autonomia e ampliando seus conhecimentos sobre o mundo
natural e social.

O RCNEI (BRASIL, 1998 b, p. 23) ao abordar as ideias que envolvem cuidar e educar
na educação Infantil, no que se refere ao ato de educar, o mesmo diz que o educador contribui
para formação de crianças mais seguras e motivadas, através do “[...] desenvolvimento das
capacidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas”. Nesta perspectiva, educar na
Educação Infantil é proporcionar momentos onde as crianças possam desenvolver a
afetividade, as emoções e os sentimentos.

Para Wallon, deveria-se estudar em que a criança vive e se desenvolve. Diz que a
criança é um ser social geneticamente, pois, depende de suas interações para sobreviver e
desenvolver. A sociedade intervém nesse desenvolvimento psíquico, pois, através de suas
experiências sucessivas e dificuldades ou não, a criança depende de adultos para viver e
sobreviver durante muito tempo da sua vida. Sendo assim, a emoção para ele é vista como
algo imprescindível a espécie humana e também a afetividade, onde essas emoções se
manifestam. “Não se pode explicar uma conduta isolando-a do meio em que ela se
desenvolve” (WALLON, 1986:369). Na teoria de Jean Piaget, o desenvolvimento intelectual
de divide em cognitivo e afetivo, sendo que o afeto inclui sentimentos, interesses, desejos,
tendências, valores e emoções em geral. A inteligência se desenvolve através de suas
interações e convivência do meio em que vive. Para Vygotsky, a afetividade se faz presente
no desenvolvimento do indivíduo, pois, através do afeto que se estabelecem as relações
interpessoais. A formação da criança ocorre primeiramente pelo contato com a sociedade. É
neste contato que ocorre o aprendizado, a relação entre indivíduos, promovendo o
desenvolvimento das funções psicológicas. Este desenvolvimento é de suma importância, pois
é por meio dele que a criança aprimora suas habilidades sócio-emocionais.
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Wallon (1942) também destaca a importância da afetividade no desenvolvimento


infantil. Para ele, a afetividade favorece o desenvolvimento da personalidade e a construção
do pensamento.

Por acreditarmos que a afetividade é um elemento dentro do processo de ensino


aprendizagem que possibilita a formação integral da criança, entendemos que somente uma
prática pedagógica pautada nesses elementos propiciará esse desenvolvimento.

Neste contexto, a aprendizagem está relacionada a prática pedagógica que integra-se


na construção do conhecimento do aluno, ao docente compete elaborar situações que
dinamizem e agucem a interação através da afetividade, onde faz se presente no âmbito da
sala de aula, com o professor que estimula o desenvolvimento do aluno.

A análise dos dados revelou que a afetividade é um fator que pode influenciar a vida
de toda criança em todos os contextos nas quais estão inseridas, na vida familiar, no cotidiano
escolar, nas relações sociais, entre outras. Em relação a afetividade no contexto escolar, a
relação que há entre professores e alunos deve ir além da transferência do saber, é necessário
que haja uma relação de afeto e amizade entre ambos, com o intuito de que a criança expresse
seus sentimentos naturalmente e dessa forma o docente tem a capacidade de conhecer a
realidade de seus alunos.

A partir das leituras e do levantamento de dados, foi possível perceber a presença da


afetividade na relação professor e aluno. Toda aprendizagem está ligada a afetividade e está
sempre permeando essas relações no âmbito escolar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A afetividade está presente em todas as áreas na vida do ser humano, propicia de


forma rica subsídios para a aprendizagem e para o desenvolvimento cognitivo. No âmbito
educacional isso não se difere. Foi possível perceber que cabe à escola, e principalmente ao
educador uma importante função social, se comprometendo a compreender o discente no
âmbito da sua dimensão humana, tanto afetiva quanto intelectual, já que a criança depende da
qualidade das interações com o meio social para se desenvolver integralmente. Gestores e
professores formadores precisam discutir sobre o equilíbrio da dimensão cognitiva e afetiva
na relação educativa.
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Em nosso artigo fizemos discussões a respeito da afetividade e como a relação entre o


professor e o aluno influencia no desenvolvimento da criança. Inicialmente abordamos o
conceito de afetividade, em seguida trouxemos o breve histórico do conceito de criança, logo
após apresentamos o desenvolvimento da criança e finalizamos dando ênfase na importância
da relação professor x aluno.

A afetividade enquanto relação com cargas afetivas positivas, garante a segurança e o


apoio emocional para as descobertas a que as crianças se lançam em busca do conhecimento
do mundo e de si mesmas. O interesse, a curiosidade, as dúvidas e os medos encontram no
campo afetivo, espaço para se expressarem. Ao possibilitar essa expressão, a criança sente-se
segura e autônoma para a construção de seu próprio conhecimento.

Considerando a importância do meio social para a formação integral do ser humano,


foi possível constatar que os professores compreendem que o papel do adulto é o de servir
como mediador entre a criança e o mundo. As relações sociais além familiares ampliam essa
mediação ao oferecer à criança uma diversidade de situações na qual tenha que elaborar novos
mecanismos de compreensão de fatos, conceitos e atitudes.

Pode-se concluir que é no período escolar que a ampliação dessas relações ganha
maior significatividade por ser um período em que a criança constrói para si a concepção
social do mundo enquanto relações humanas além-familiares.

Uma aprendizagem permeada pelo prazer da descoberta, da ação e da transformação


será mais bem sintetizada quando acontecida num ambiente acolhedor que proporcione à
criança a interação social. Aquilo que desperta sentimentos e se traduzem em emoções
marcam toda vida humana. O modo como se constroem as relações sociais e os aspectos
afetivos que as acompanham determinam a forma como cada criança vê a si própria. Desta
forma, conclui-se que o valor que dá a si mesmo advém do valor que os outros lhes dão. Foi
possível compreender também que a linguagem oral, é o mecanismo mais utilizado pelos
professores para construir as relações afetivas.

Em virtude dos argumentos apresentados, espera-se que, este artigo tenha contribuído
de forma a promover reflexões sobre o reconhecimento e importância da afetividade no
processo de ensino aprendizagem, como também favorecer ao alcance de novos caminhos
para a pesquisas na área da afetividade na educação, principalmente quando se restringe a
relação entre professor e aluno.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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