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ARTIGOS

Desenvolvimento de
coleções: uma nova
visão para o
planejamento de
recursos informacionais
INTRODUÇÃO Este crescimento da literatura, principal-
Waldomiro de Castro Santos mente especializada, foi ocorrência ime-
Vergueiro A expressão "desenvolvimento de cole- diata daquilo que Solla Price, já durante a
ções" é bastante recente na literatura bi- década de 50, chamou de lei do cresci-
blioteconômica. Durante muito tempo, os mento exponencial da ciência, querendo
bibliotecários praticamente evitaram enca- significar que o crescimento de áreas ge-
rar essa questão diretamente, talvez por- rais ocorre exponencialmente, enquanto o
que os motivos para tanto não se colocas- de subáreas, após uma fase inicialmente
sem em grau de suficiente importância, ou linear, transforma-se, ele também, em ex-
porque ignorassem como as atividades ponencial.
relacionadas com a constituição e/ou pla-
nejamento de acervos informacionais se Desta forma, a literatura científica tende a
encontravam interligadas. Limitavam-se a aumentar a rapidez com que dobra de vo-
abordar essa problemática de maneira lume (o primeiro estudo de Solla Price,
isolada. No entanto, o desenvolvimento da realizado nas áreas de física e teoria de
Biblioteconomia, tal como acontece com determinantes e matrizes, apontava um ín-
qualquer ramo da ciência, foi aos poucos dice situado ente 10 e 15 anos como o ne-
fazendo a síntese de preocupações antes cessário para que a literatura nessas
dispersamente encontradas, gerando o áreas tivesse seu volume duplicado), sen-
aparecimento de uma nova especialidade, do esse apenas um dos fatores daquilo
o desenvolvimento de coleções. Isto, ob- que ele, posteriormente, denominou de
viamente, não aconteceu por acaso, mas "revolução científica"1. Esses estudos,
acompanhou mudanças estruturais da or- segundo Braga, comentando a obra do
ganização do conhecimento registrado, estudioso norte-americano, deveriam fun-
reflexos da modificações ocorridas em cionar como um "sinal de alerta para en-
nível mais amplo, ou seja, no da frentarmos o problema antes que seja tar-
disseminação do conhecimento humano. de demais"2.

EVOLUÇÃO DO Não se sabe se as afirmações de Solla


DESENVOLVIMENTO DE Price encontraram boa acolhida entre os
COLEÇÕES profissionais responsáveis pela guarda e
recuperação da informação, ou se foram
Resumo A preocupação com o desenvolvimento de elas ou o alerta de Bradford sobre a emer-
coleções em bibliotecas apresenta um níti- gência de um possível "caos documentá-
A evolução das atividades do desenvolvimento de do incremento a partir das últimas déca- rio"3 que fizeram os bibliotecários passa-
coleções nas bibliotecas acelera-se a partir de
necessidades advindas da "explosão das, quando se tornou cada vez mais cla- rem a ter uma preocupação maior com o
bibliográfica". Surgem propostas de modelos para ro, para bibliotecários e administradores desenvolvimento de coleções. O certo é
operacionalização do desenvolvimento de em geral, que era praticamente impossível que as conseqüências dos fenômenos
coleções, bem como a necessidade de se acompanhar o ritmo alucinante de cresci- pesquisados pelos dois estudiosos, a
particularizar as abordagens segundo a tipologia chamada explosão bibliográfica, trouxeram
mento dos materiais informacionais. Mais
das bibliotecas. A preocupação com o
desenvolvimento de coleções também começa a que isto, constatou-se que tal era verda- preocupações extras a esses profissio-
surgir no Brasil, ainda que em ritmo mais lento. deiro tanto no que dizia respeito à constru- nais, introduzindo, em sua tarefa de coleta,
ção de espaços físicos para acomodação elementos complicadores antes inexisten-
Palavras-chave dos novos itens a serem incorporados, tes. Entre estes, pode-se destacar, por
Planejamento bibliográfico; Desenvolvimento de como no que concernia à possibilidade de exemplo, o fato de que boa parte da pro-
coleções. tratamento adequado de todo este material. dução colocada no mercado por esta "ex-
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plosão" é constituída, na realidade, de cionais começaram a tornar-se cada vez vimento de coleções, alguém poderia ima-
material de pouca importância, repetindo mais difíceis de serem obtidas, e a neces- ginar até que, com alguns anos de atra-
apenas o que outros haviam dito ou discu- sidade de planificação dos acervos pas- so, os bibliotecários haviam-nas desco-
tido anteriormente a eles, sem nada acres- sou a ser uma opinião – ou uma certeza – berto, finalmente (este entusiasmo tem si-
centar de novo. a cada dia mais e mais compartilhada pe- do tão grande, que um bibliotecário mais
los bibliotecários. Ilustra bem este fato a afoito chegou a afirmar que "a Biblioteco-
Isto veio a aumentar sobremaneira a ne- seguinte afirmação, expressa por James nomia é a arte de desenvolver uma cole-
cessidade de uma seleção de acervo cada C. Baughman: ção de livros, não a atividade de indexá-
vez mais criteriosa, o controle do cresci- la"10, o que, muito provavelmente, é um
mento ou desenvolvimento das coleções, "Os bibliotecários estão começando agora exagero...).
a fim de que estas não ficassem abarrota- a perceber que eles não podem continuar
das de materiais com informações redun- a trabalhar sob a pressuposição de que A conclusão que à primeira vista se impõe,
dantes. E esta preocupação surgiu, foi e não existe limite para a quantidade de ma- considerando-se a existência, a partir de
continua a ser predominante na área das terial que pode ser adquirido, organizado e um determinado momento, de uma preo-
bibliotecas acadêmicas e universitárias – armazenado. A taxa de produção de do- cupação mais acirrada com as coleções,
uma das razões pelas quais a discussão cumentos é demasiadamente grande e é a de que, anteriormente a essa preocu-
sobre o desenvolvimento de coleções tem pressões fiscais demasiadamente agudas pação, teria existido um provável alhea-
sido feita, na literatura especializada, enfo- para permitir aos bibliotecários manter seu mento dos profissionais em relação às
cando, principalmente, este tipo de institui- modus operandi. É tempo também que os mesmas, permitindo que estas se desen-
ção bibliográfica. bibliotecários percebem que é possível ad- volvessem naturalmente, obedecendo à
quirir coleções básicas de qualidade sem teoria do laissez-faire. Esta seria contudo
A questão não era – e continua a não ser alcançar figuras astronômicas"6. uma conclusão equivocada.
– simplesmente financeira, originada pela
eventual falta das verbas necessárias para Não se entenda, no entanto, que essa Na realidade, os profissionais da Bibliote-
garantir a aquisição dos materiais conside- preocupação se tenha iniciado durante a conomia não estiveram absolutamente
rados de interesse. Era, mais que isso, década de 60 ou inícios da de 70, quando apáticos no que diz respeito ao desenvol-
uma questão de total impossibilidade de se pode identificar nitidamente um movi- vimento de suas coleções, durante aque-
acompanhar, de maneira minimamente mento em direção ao desenvolvimento de les anos todos que precederam o boom.
efetiva, o ritmo da "explosão bibliográfica". coleções. O fato é que, por esta época, no As várias atividades do processo de de-
Entre 1950 e 1965, a produção mundial de mundo inteiro – o Brasil demorou um pou- senvolvimento de coleções sempre foram
livros produzidos no mundo inteiro, consi- co para aderir – boa parte dos bibliotecá- motivo de interesse dos bibliotecários. Pa-
derando-se o número de títulos, chegou a rios passou a dar maior atenção às cole- rece certo que, anteriormente à explosão
duplicar4, isto para não entrar em conside- ções sob sua responsabilidade, buscando bibliográfica, a preocupação parecia ser
rações a respeito do aumento da produção desenvolvê-las, selecioná-las, expurga- muito mais pontual, direcionada, apesar
de outros formatos e veículos de comuni- las. Enfim, procurando transformá-las em de, antes da década de 70, alguns bibliote-
cação, como é o caso dos periódicos tanto alguma coisa mais coerente. cários, principalmente na área de bibliote-
gerais como especializados, dos discos, cas universitárias, já alertarem seus cole-
filmes, diapositivos etc. E houve, então, como que um boom do gas quanto à necessidade de elaboração
desenvolvimento de coleções: artigos so- de políticas para a coleção ou para a aqui-
A aquisição exaustiva de obras, com a bre o assunto ou sobre suas atividades sição de materiais11.
conseqüente garantia de acomodação das componentes começaram a aparecer, com
mesmas, passava a ser, desde então, ta- frequência cada vez maior, nos periódicos Sob certos aspectos, é uma temeridade
refa cada vez mais difícil de ser cumprida. de Biblioteconomia; manuais especializa- afirmar-se que a preocupação com uma
Basta lembrar, a título de ilustração, que o dos foram escritos, buscando conscienti- seleção mais cuidadosa dos materiais a
maior crescimento de bibliotecas universi- zar os profissionais sobre a importância do serem incorporados ao acervo surgiu na
tárias nos Estados Unidos ocorreu no pe- tema; teses e pesquisas foram realizadas década de 60 ou 70. Esta preocupação pa-
ríodo que vai de 1967 a 1974, no qual fo- em universidades do mundo inteiro; perió- rece sempre ter existido, mas localizava-
ram construídos prédios e/ou novas salas dicos especializados exclusivamente nes- se muito mais no acréscimo de novos títu-
para acomodar cerca de 163 milhões de sa área foram criados. los à coleção, no sentido da "construção"
volumes. Enquanto isso, as coleções das – o termo utilizado era exatamente esse –
bibliotecas universitárias daquele país, de- Como mais um exemplo desta preocupa- da mesma, sem deslocar o centro de
vido ao grande volume de verbas então ção dos bibliotecários, veja-se, ainda, atenção do item em si para a coleção à
disponíveis, expandiram-se, no mesmo pe- a modificação de título e enfoque de qual ele estava sendo incorporado12.
ríodo, por volta de 166 milhões de volu- uma das seções anuais de revisão da li-
mes. Ou seja: um excedente de aproxima- teratura do tradicional periódico Library Da mesma forma, sempre existiu o cuida-
damente três milhões de volumes para os Resources & Technical Services, que, em do em otimizar os processos de aquisição,
quais não foi possível providenciar espaço certo momento, deixa de denominar-se buscando abreviar o tempo necessário pa-
em termos de armazenamento5. E tal Resources7 para passar a chamar-se ra a obtenção e colocação do material ao
aconteceu, diga-se de passagem, em uma Collection Development and Preservation8; alcance do usuário nele interessado. So-
das épocas mais favoráveis já vivenciadas pouco tempo depois, o título da seção so- bre esse assunto, especificamente, irá
pela biblioteconomia norte-americana, freria "nova mudança, assumindo a deno- manifestar-se Gail Kennedy, apontando
quando as verbas para bibliotecas univer- minação Collection Development9. Estava que "a maioria das pessoas concordaria
sitárias e especializadas eram obtidas com patenteada, portanto, a existência de uma que a aquisição sempre esteve em ativi-
relativa facilidade. doutrina, ainda que incipiente, sobre o de- dade, enquanto o desenvolvimento de co-
senvolvimento de coleções. leções é um termo relativamente novo, se
Depois disso, as verbas, tanto para a não uma atividade absolutamente nova"13.
construção de novos edifícios, como para Ao considerar este relativamente súbito Continuando, a autora dirá que o trabalho
a própria aquisição de" recursos informa- incremento de interesse pelo desenvol- de busca, identificação e aquisição de
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materiais de interesse à biblioteca já era apenas para si? Ficou bem claro, a partir No segundo nível, estaria a seleção como
realizado antes de 70, principalmente em desta mudança de atitude, que nenhuma função direta do desenvolvimento de cole-
grandes bibliotecas universitárias, com a biblioteca poderia ser auto-suficiente, atre- ções, isto é, o processo de tomada de de-
mesma intensidade e minuciosidade que vendo-se a procurar dar-se ao luxo de. su- cisões relacionadas com a implementação
se tornou muito mais comum depois desta prir todas as necessidades informacionais dos objetivos anteriormente estabelecidos.
época, mas que o efetivo exercício de au- de seus usuários com recursos próprios. Neste aspecto, os critérios e metodologia
toridade primária sobre o desenvolvimento Esta passou a ser, na realidade, uma aspi- para identificação e seleção dos materiais
das coleções pelos bibliotecários só co- ração humanamente impossível de ser informacionais deveriam ser necessaria-
meçou mais recentemente. realizada. mente vistos separadamente da política
para desenvolvimento da coleção.
Por outro lado, constata-se, ainda, que o Sem dúvida, esta foi uma mudança bas-
desenvolvimento de coleções surge como tante radical, ocorrida com uma rapidez até No terceiro nível desta hierarquia, estaria a
uma evolução da seleção, juntamente com surpreendente, quando considerados os aquisição, entendida, agora, como a im-
todas as atividades que lhe são correlatas. longos anos do desenvolvimento da Bi- plementação das decisões de seleção.
Já nos anos 60, pode-se notar uma preo- blioteconomia. Ela chegou a pegar muitos É o processo que, na prática, torna reali-
cupação maior com os orçamentos dispo- profissionais de surpresa. E talvez toda dade palpável decisões tomadas na sele-
níveis para recursos informacionais, pro- esta surpresa e resistências colocadas ção. O autor, apesar de hierarquizar os
curando utilizar-se de fórmulas que propi- por alguns bibliotecários em relação ao itens componentes do desenvolvimento de
ciassem uma alocação mais inteligente desenvolvimento de coleções deva-se, em coleções, reconhece que os mesmos es-
dos mesmos, aplicadas principalmente em realidade, ao fato de que essa foi uma mu- tão em constante interação e sobreposi-
bibliotecas universitárias. dança que implicou – e continua a implicar ção16.
– uma transformação de mentalidade, ou
Inovação foi, talvez, o reconhecimento de seja, o abandono de práticas e/ou visões John Ryland parece concordar com Edel-
que o desenvolvimento de coleções deve de mundo tradicionalmente assimiladas, man, quando lembra aos bibliotecários
ser uma divisão funcional da biblioteca, da mas raras as vezes questionadas. Trata- presentes em uma conferência sobre
mesma forma como o são a catalogação, a se do abandono de uma postura tradicio- aquisição de livros e periódicos realizada
referência, a aquisição e os departamentos nal, enfim, que não conseguia ver, no de- em Charleston que, na realidade, "o de-
de circulação, em uma clara manifestação senvolvimento de coleções, nada mais que senvolvimento e a administração de cole-
de que as complexidades dessa atividade a pura ou simples aquisição de materiais ções é muito mais que a seleção"17. Para
haviam ampliado bastante. De qualquer informacionais. É que, também, mostrou- ele, o desenvolvimento de coleções irá
forma, parece bastante claro para Gail se, muitas vezes, pouco permeável a abranger variadas tarefas, como a deter-
Kennedy que, "sob uma variedade de ní- novas atribuições, principalmente aque- minação da política da coleção, a alocação
veis de reconhecimento, a maioria das bi- las relacionadas com o planejamento do de recursos, a avaliação de coleções, seja
bliotecas públicas e acadêmicas deram acervo. para descarte, como para armazenagem
atenção ao desenvolvimento de coleções em depósitos.
durante os anos 70"13. (É claro que a autora Este, como diz Bruer, é um "sinal dos
está falando da realidade norte-americana, tempos", que exigiu uma distinção clara Nesta mesma linha de raciocínio, cami-
ou melhor, dos países mais desen- entre os procedimentos de aquisição,
nham, também, Rose Mary Magrill e Do-
volvidos...). muitas vezes puramente operacionais, e o
ralyn J. Hickey, quando afirmam que:
desenvolvimento de coleções, entendido,
A grande contribuição da conscientização este último, de forma a incluir, também, a
"De uma maneira geral, o desenvolvimento
sobre a explosão bibliográfica parece, to- pesquisa sobre práticas de doação e per-
de coleções irá incluir a avaliação das ne-
davia, ter sido muito mais no sentido de muta, reavaliação das aquisições efetua-
cessidades dos usuários, a avaliação da
obrigar os bibliotecários a uma mudança das e a análise das práticas de seleção e
coleção atual, a determinação da política
radical de atitude em relação ao armaze- aquisição cooperativa, sem, contudo, limi-
de seleção, a coordenação da seleção de
namento e coleta de materiais informacio- tar-se apenas a elas. Ou seja: cada um
itens, o "desbastamento" e armazenagem
nais. Ficou mais claro, a partir de então, desses itens poderia ser denominado co-
de partes da coleção e o planejamento pa-
que, se pretendiam manter as bibliotecas, mo "uma subseção do problema maior do
15 ra compartilhamento de recursos. Entre-
pelas quais eram responsáveis, organis- desenvolvimento de coleções em geral" .
tanto, de uma maneira ainda mais geral, o
mos vivos e atuantes, deveriam necessa-
desenvolvimento de coleções não é ape-
riamente mudar a ênfase de seu trabalho, MODELOS TEÓRICOS nas uma simples atividade ou um grupo de
abandonando a acumulação pura e sim-
atividades: é um processo de planeja-
ples do material em benefício da possibili- Hendrik Edelman sugeriu a existência de mento e de tomada de decisão"18.
dade de acesso ao mesmo, tornando a uma hierarquia entre os termos desenvol-
coleção "consistente com as metas e ob- vimento de coleções, seleção e aquisição. Já James C. Baughman entende que o de-
jetivos da instituição a que serve"14. É a
senvolvimento de coleções precisa ser
evolução das instituições em um mundo de No primeiro nível, estaria o desenvolvi- enfocado sob um ponto de vista estrutura-
constantes mudanças que, por meio dos mento de coleções entendido de maneira lista, querendo, com isto, significar "a pro-
modernos sistemas de comunicação, tor- ativa, como uma função de planejamento: cura de um padrão de relacionamento"6
nou as coleções acessíveis em nível mun- a existência de um plano ou política de de- entre as partes envolvidas nesta atividade
dial. senvolvimento da coleção que descreva bibliotecária. Com esta abordagem, o de-
"os objetivos a curto e longo prazo da bi- senvolvimento de coleções é entendido
O limite para uso dos acervos, utilizando- blioteca para suas coleções"16, levando-as como composto por vários componentes:
se do compartilhamento de recursos in- em consideração e correlacionando-as
formacionais – que, praticamente, não co- com aspectos do meio ambiente, como a
nhece fronteiras –, é o próprio limite do co- demanda do usuário, sua necessidade e a) uso: grupo de demandas;
nhecimento recuperável. Como pensar, expectativa, o mundo da informação, os b) conhecimento: grupo de disciplinas,
diante disto, em armazenar documentos planos fiscais e a história das coleções. assuntos, tópicos e áreas de estudo;
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c) biblioteconomia: grupo de relações en- Desta forma, Baughman afirma que o de- Desta forma, considerado como um
tre as literaturas dos diversos assun- senvolvimento de coleções é um plano processo, o desenvolvimento de coleções
tos. passível de implementação, podendo ser terá necessariamente um enfoque sistêmi-
representado da seguinte forma: co, e sua ênfase irá variar, para cada um
Para Baughman, são exatamente as rela- de seus componentes, de acordo com o ti-
ções entre esses três componentes que PLANEJAMENTO + IMPLEMENTAÇÃO po de biblioteca em que estiver ocorrendo.
irão gerar o desenvolvimento de coleções, + AVALIAÇÃO = DESENVOLVIMENTO Mas este processo pode ser, de uma ma-
o qual está no centro mesmo deste rela- DE COLEÇÕES neira geral, considerado comum para to-
cionamento, conforme pode ser visualiza- das as bibliotecas. Além disso, esta con-
do pela figura idealizada por esse autor (fi- Concluindo seu raciocínio, o autor afirma cepção é muito importante, por concentrar
gura 1). O desenvolvimento de coleções que "o enlaçamento destes conceitos em em si a noção de continuidade, a qual,
irá constituir-se, então, no entrecruza- uma política para desenvolvimento de co- abordada sob a perspectiva sistêmica,
mento de planejamento, implementação e leções leva a um sistema que é comple- transmite a idéia de que as atividades li-
avaliação de coleções, que serão assim mentado, cíclico e auto-aperfeiçoável6. gadas à coleção não podem ser encara-
definidos: das isoladamente, mas têm de ser vistas
Com uma maneira ligeiramente diferente como componentes – ou subsistemas –
a) planejamento da coleção – é um projeto de pensar, G. Edward Evans irá enfocar o de um todo.
para a acumulação de documentos desenvolvimento de coleções sob um
afins, da maneira determinada pelas ponto de vista sistêmico, definindo-o como
necessidades, propósitos, objetivos e o "processo de identificação dos pontos
prioridades da biblioteca; fortes e fracos de uma coleção de mate-
riais de biblioteca em termos de necessi-
b) implementação da coleção – trata do dades dos usuários e recursos da comu-
processo de tornar os documentos nidade e tentando corrigir as fraquezas
acessíveis para uso; existentes, quando constatadas", o que vai
requerer "constantes exame e avaliação
c) avaliação da coleção – envolve dos recursos da biblioteca e constante
seu estudo tanto das necessidades do usuá-
exame e julgamento em relação aos rios, como de mudanças na comunidade a
objetivos e propósitos estipulados. ser servida19.

Figura 1 - Desenvolvimento de coleções. Abordagem estruturalista


(Baughman, 19796)
Desenvolvimento de coleções: uma nova visão para o planejamento de recursos informacionais

O modelo do processo, elaborado por


Evans19, é, aliás, bastante elucidador a
este respeito, pois enfatiza o caráter cícli-
co do desenvolvimento de coleções, sem
que uma etapa chegue a distinguir-se ou
sobrepor-se às demais. Estão todas em pé
de igualdade, girando, teoricamente, em
torno de um pequeno círculo em que estão
situados os profissionais responsáveis
pelo trabalho de desenvolvimento da cole-
ção. Ao redor desses componentes, ser-
vindo como subsídios a todos eles – ex-
ceção única a da etapa de aquisição -,
encontra-se a comunidade a ser servida.
Desta forma, o modelo cobre o processo
inteiramente, não caindo no erro de con-
fundi-lo com uma ou outra de suas par-
tes componentes – erro bastante comum
de acontecer no dia a dia das bibliotecas.
A figura é bastante esclarecedora, além do
mais, por deixar claro que este é um pro-
cesso ininterrupto, tendo necessariamente
de transformar-se em atividade rotineira
das bibliotecas, garantia única de sua efe-
tividade (figura 2).

Também Charles B. Osborn irá salientar


exaustivamente essa característica sistê-
mica do desenvolvimento de coleções, de- Figura 2 - O processo de desenvolvimento de coleções
finindo-o como "um sistema de serviço ao (Evans, 197919)
público, efetuado mediante um processo
de tomada de decisões que leva a uma
determinação da aquisição e retenção dos
materiais"20. Para ele, os conceitos de licitadas. Existe um tipo de ligação este autor, apesar de a "maior parte da lite-
"serviço ao público", "sistema" e 'proces- entre usuários e bibliotecários respon- ratura recente ainda utilizar o termo de-
so de tomada de decisões" são conceitos- sáveis pela seleção. Isto, geralmente, senvolvimento de coleções de bibliote-
chave para entendimento global dos objeti- facilita o estabelecimento de uma políti- cas"22, vários autores, como são os casos
vos e propósitos do desenvolvimento de ca para o desenvolvimento da coleção, de Lyden7 e Mosher23, apontam o apare-
coleções. embora se possa afirmar que as ati- cimento de uma nova nomenclatura que
vidades rotineiras de seleção tendem visa a abarcai mais adequadamente as
Posteriormente a Evans e Osborn, Bonita a deixar aos bibliotecários pouco tem- atividades incorporadas a esta área do
Bryant debruçou-se sobre a questão do po disponível para participação do trabalho bibliotecário.
desenvolvimento de coleções, procurando desbastamento sistemático ou outros
Para reforçar sua argumentação,
distinguir as diversas estruturas organiza- projetos.
Cogswell22 cita textualmente artigo de
cionais que são utilizadas para desempe- Mosher em que este último define o de-
nho dessas atividades21. Aponta que é c) costura de administração e desenvol- senvolvimento de coleções como "a sele-
possível identificar a existência de três vimento de coleções – caracteriza-se ção efetiva e oportuna dos materiais de bi-
posturas neste aspecto: pela distribuição das tarefas e respon- blioteca, formando áreas de assunto ou
sabilidades envolvidas neste objetivo coleções cuidadosamente construídas, no
a) postura de aquisição – caracterizada entre os bibliotecários com formação transcorrer do tempo, por bibliógrafos es-
pela confiança na seleção de novos acadêmica em áreas de assunto espe- pecializados". Em contraposição a esta
materiais, realizada externamente à bi- cíficas. Existe, nesta última postura, descrição, Mosher, ainda citado por
blioteca, é, praticamente, uma postura uma articulação quase que completa, Cogswell, especifica as atividades envol-
em que os bibliotecários exercem pou- por um lado, entre a política e o des- vidas, segundo ele, na administração de
quíssimo controle sobre a coleção, pelo bastamento sistemático e, por outro, a coleções, a qual pode ser definida como a
menos no sentido de direcioná-la para análise do orçamento, alocação e con- "administração sistemática, eficiente e
um determinado objetivo. Existe ape trole de recursos financeiros e informa- econômica dos recursos da biblioteca",
nas, como indício da existência do cionais. enfatizando, por um lado, a "natureza pro-
mesmo, no máximo um perfil para gramática" e, por outro, os papéis, agora
aprovação do material, estabelecido em Mais ou menos na mesma época em que ampliados, dos administradores das cole-
bases bastante amplas. Bonita Bryant tratou da questão do desen- ções23. Para Cogswell, entretanto, inde-
volvimento de coleções, James A. Cogs-well pendentemete de qual seja a terminologia
b) postura de seleção – procura concen- fez um rápido levantamento da literatura utilizada, o importante é que a administra-
trar nos bibliotecários a responsabilida- sobre o assunto e destacou que esta ção de modernas coleções de pesquisa
de pelo desenvolvimento da coleção, não seja encarada como "uma série de ta-
denominação parece ter-se tomado insufi-
apesar de seleções realizadas exter- refas isoladas ou estreitamente definidas,
ciente para a gama de atividades atual-
namente à biblioteca poderem ser
mente envolvidas com a administração e reservadas para uns poucos bibliógrafos
aceitas, ou, mesmo, eventualmente so-
desenvolvimento de coleções. Segundo especializados"22.
Desenvolvimento de coleções: uma nova visão para o planejamento de recursos informacionais

Continuando, Cogswell22 apresenta sua 7) compartilhamento de recursos – não versitárias, como é o case do estudo so-
definição de administração de coleções pode mais ser visto como atividade ex- bre o estado-da-arte de Magrill & East11,
como sendo "a administração sistemática tra à qual nem sempre correspondem pois estava aí – e, provavelmente, ainda
do planejamento, composição, orçamenta- benefícios suficientemente compensa- continua a estar – a maior preocupação
ção, avaliação e uso das coleções de bi- dores. Tornou-se, na realidade, uma dos bibliotecários norte-americanos.
bliotecas durante grandes períodos de condição essencial para viabilidade de
tempo, a fim de atingir objetivos institucio- toda e qualquer biblioteca, principal- O fato apontado anteriormente pode ser
nais específicos" e compreendendo, pelo mente devido aos avanços no campo constatado tanto no estudo do desenvol-
menos, as oito seguintes funções: da telecomunicação. vimento de coleções como um todo, en-
globando o total de suas atividades, como
1) planejamento e elaboração de políticas 8) avaliação do programa – os planos, po- no caso específico de cada uma delas.
– processo de identificação e imple- líticas, procedimentos e pessoal envol- Desta forma, por exemplo, vê-se que a
mentação de planos de ação em rela- vido no desenvolvimento de coleções questão do empréstimo interbibliotecário,
ção à coleção, incluindo, como parte precisam ser periodicamente avaliados como urna provável alternativa à compra
integral e central, o estabelecimento de com a finalidade de verificar sua ade- de materiais, apenas recentemente foi dis-
uma declaração formal de política para quação à comunidade e aos objetivos cutida, na literatura, em sua relação com
o desenvolvimento da mesma, que não da instituição. Dados referentes à utili- as bibliotecas públicas24. Por outro lado, é
pode, absolutamente, ser vista como zação, ou não-utilização, empréstimo também bastante provável que, de um
um documento interno, unicamente pa- interbibliotecário e estudos de usuário ponto de vista puramente pragmático, te-
ra uso da biblioteca, mas, isto sim, ser precisam ser considerados na admi- nha parecido, a esses profissionais, ser
utilizada como um instrumento potencial nistração e desenvolvimento da cole- mais compensador e justificável financei-
de comunicação com a comunidade ção22. ramente o dispêndio de mais tempo e tra-
servida. balho na resolução dos problemas de de-
O trabalho de Cogswell, entretanto, foi rea- senvolvimento de coleções em bibliotecas
2) análise de coleções – avaliação dos lizado tendo em vista a organização das universitárias e especializadas que nas
pontos fortes e fracos da coleção utili- atividades ligadas ao desenvolvimento de demais.
zando-se de medidas objetivas. coleções em bibliotecas acadêmicas ou de
pesquisa. Toda a atividade de coleta de Alguns dos manuais didáticos sobre de-
dados desenvolvida por esse autor teve senvolvimento de coleções surgidos, em
3) seleção de materiais – uma função im-
como objetivo obter modelos organizacio- anos recentes, na literatura internacional,
portantíssima devido à natureza expan-
nais aplicáveis nesse tipo de instituições, têm discutico a especificidade das bibliote-
siva da maioria das coleções de pes-
deixando de questionar sua adequação a cas no que tange ao desenvolvimento de
quisa, que tende a modificar-se com a
outras tipologias de bibliotecas, como, por suas coleções19, 25, partindo da premissa
aplicação cada vez maior de progra-
exemplo, as públicas ou escolares. A ade- de que desenvolver a coleção de uma bi-
mas de aquisição on approval, em que
quação do desenvolvimento de coleções blioteca pública, por exemplo, não é, ab-
as bibliotecas transmitem a grandes
às características da organização bibliote- solutamente, a mesma coisa que desen-
fornecedores de materiais de infor-
cária em que se realiza parece ser uma volver a coleção de uma biblioteca espe-
mação, mediante um perfil de interesse
tendência quase dominante. cializada. Outros, contudo, não chegam
da biblioteca, a decisão sobre a se-
a fazê-lo com a mesma especificidade11,
leção dos materiais, abreviando o pro-
entendendo, talvez, que o assunto possa
cesso de aquisição dos mesmos. TIPOS DE BIBLIOTECAS E ser encarado amplamente e que o mesmo
DESENVOLVIMENTO DE seria, portanto, globalmente válido e
4) manutenção da coleção – também de
COLEÇÕES necessário em bibliotecas de qualquer ti-
nominada re-seleção, abrange os tra
po, nas quais ocorreria de maneira bas-
balhos de decisão sobre quais mate
O desenvolvimento de coleções não tem tante semelhante. Para esses últimos au-
riais na coleção devem ser preserva
sido discutido de maneira semelhante no tores, não haveria necessidade de parti-
dos, descartados ou armazenados para
que concerne aos vários tipos de institui- cularizações.
melhor servir às necessidades cios
usuários presentes e futuros. ções bibliotecárias. Pelo que se depreende
da literatura em Biblioteconomia e Docu- Esta última parece ser um postura equivo-
mentação, a preocupação com esse as- cada, pois tudo parece indicar que o de-
5) administração fiscal – vai incluir toda a
sunto em bibliotecas universitárias e/ou senvolvimento de coleções precisa ne-
atividade de controle de orçamento e
especializadas, pelo menos no que diz cessariamente ser tratado de maneira es-
alocação de recursos para aquisição
respeito ao aparecimento de artigos tra- pecífica a cada tipo de biblioteca em que
de materiais.
tando mais detalhadamente dessas insti- vier a ocorrer, uma vez que o processo
tuições, tem sido muito maior do que tende a variar de acordo com as finalida-
6) contato com usuário – à medida que se
aquela a respeito de bibliotecas públicas des das instituições em que acontece.
tornam cada vez mais complexas as
ou escolares. Talvez isto se deva, princi- Considerando o modelo desenvolvido por
necessidades e exigências dos usuá
palmente, ao fato de que grande parte Evans25, podem ser constatadas as se-
rios, faz-se necessária unia ligação
dessa literatura tem sua origem nos Esta- guintes especificidades:
maior com ele por parte dos bibliotecá
rios responsáveis pelo desenvolvi dos Únicos, onde se pode notar, desde
inícios da década de 60, o recrudesci- a) Bibliotecas públicas – Possuem uma
mento das coleções, a fim de ter co
mento de problemas devidos ao cresci- clientela mais dinâmica, diversificada,
nhecimento das mesmas e atendê-las
mento das bibliotecas, principalmente as que deve ser acompanhada com bas-
de maneira satisfatória. Este trabalho
terá de levar em consideração, neces universidades de grande porte5. tante atenção devido às mudanças de
gostos e interesses. As necessidades
sariamente, a provisão de instrução bi
Desta forma, é até compreensível a pre- informacionais da comunidade a ser
bliográfica, a busca on-line e o próprio
ponderância de estudos sobre o desenvol- atendida pela biblioteca variam, pode-
serviço de referência em base regular.
vimento de coleções em bibliotecas uni- se dizer, quase que na mesma propor-

18
Desenvolvimento de coleções: uma nova visão para o planejamento de recursos informacionais

ção em que variam os grupos, organi- c) Bibliotecas universitárias - Devem instituição maior. Da mesma forma,
zados ou não, presentes na mesma. O atender aos objetivos da universidade, é neste tipo de biblioteca que são ne-
trabalho de análise da comunidade pa- a saber, o ensino, a pesquisa e a ex cessários, com maior freqüência, mate-
rece ser, assim, aquele que maior ên- tensão de serviços à comunidade. Isto riais não-convencionais – relatórios,
fase deve receber por parte dos biblio- vai exigir, quase que necessariamente, patentes, préprints etc. – que exigem
tecários. Como conseqüência desse uma coleção com forte tendência ao dos bibliotecários um enorme esforço
acompanhamento da comunidade, crescimento, pois atividades de pes- para localização e obtenção dos itens
exatamente em virtude das flutuações quisa exigem uma variada gama de desejados.
detectadas, haverá um cuidado espe- materiais de informação que possibili-
cial com a seleção de materiais, devi- tem ao pesquisador ter acesso a tocos Vê-se, portanto, que a questão do desen-
damente alicerçada em uma política de os pontos de vista importantes ou ne- volvimento de coleções não é enfocada da
seleção (que, por sua vez, será basea- cessários para sua pesquisa. Apesar mesma maneira em todas as bibliotecas.
da no perfil da comunidade a ser aten- do aparecimento de um bom número de Como anteriormente citado, esta parece
dida). Boa ênfase nas atividades de pesquisas que advogam uma atividade ser uma conseqüência lógica da própria
avaliação e desbastamento do acervo de seleção de materiais informacionais, diversidade das instituições, que vão
parece ser, também, outra característi- em bibliotecas universitárias, que leve abranger características de acervo, usuá-
ca do desenvolvimento de coleções em prioritariamente em conta a relação rio e meio ambiente onde se localizam.
bibliotecas públicas, principalmente custo-benefício ou custo-efetividade do
quando se procura atender à demanda material a ser adquirido29, 30, medidos
imediata dos usuários. Neste aspecto, por estudos de uso da informação, esta DESENVOLVIMENTO DE
salienta-se que os bibliotecários res- não parece ser a principal preocupação COLEÇÕES NO BRASIL
ponsáveis pelo desenvolvimento de do desenvolvimento de coleções em
coleções em bibliotecas públicas de- bibliotecas universitárias. Isso é decor- A questão primeira a ser levantada em re-
vem "primariamente desejar servir o rente de que a mesma necessita ter um lação ao desenvolvimento de coleções no
público, mas ainda assim manter uma volume de materiais suficientemente país poderia ser expressa em poucas pa-
perspectiva prática, um interesse em significativo em termos de quantidade e lavras, da seguinte forma: afinal, estão as
questões correntes, uma saudável qualidade para dar suporte às ativida- coleções sendo realmente desenvolvidas
desconfiança do status quo, uma diver- des de pesquisa realizadas tanto em com critérios neste país? Estão elas se-
são em assumir riscos e uma incrível nível de graduação como de pós, assim guindo qualquer tipo de parâmetro para
memória para livros, mas uma falta de como às atividades normais de presta- seu desenvolvimento?
reverência por eles"27. ção de serviços ou extensão à comuni-
dade. Da mesma forma, a clientela é A resposta que a literatura biblioteconômi-
b) Bibliotecas escolares – Existem – ou relativamente homogênea, não exigindo ca em língua portuguesa dá a esta per-
pelo menos deveriam existir – para dar avaliações de grande monta. A ênfase gunta não parece ser das mais animado-
suporte às atividades pedagógicas das maior, no caso, parece estar muito ras. Pouco – ou quase nada – pode ser
unidades escolares nas quais se locali- mais no desbastamento e avaliação apresentado como um dado realmente in-
zem. Mais que isto: devem estar inte- constantes das coleções - medidas questionável, passível de ser transformado
gradas ao processo educacional. As necessárias para otimização do acer- em regra geral, de que as bibliotecas bra-
coleções das bibliotecas escolares de- vo. Já as bibliotecas das chamadas sileiras têm sido objeto, digamos assim, de
vem seguir, na realidade, os direciona- "instituições isoladas de ensino supe- um efetivo esforço em direção ao desen-
mentos do sistema educacinal vigente, rior", no entanto, contrariamente às de volvimento de suas coleções. Já em outra
pautando-se pelos currículos e biblio- bibliotecas ligadas a universidades, oportunidade, fez-se referência ao "incha-
grafias básicas dos cursos. A ênfase exatamente por não terem de prestar ço" das coleções – reflexo de um cresci-
32
do processo de desenvolvimento de suporte à pesquisa, norteiam o desen- mento ocorrido de maneira aleatória .
coleções estará, portanto, muito mais volvimento de suas coleções pelas exi- Pouco se conseguiu encontrar, desde en-
na seleção de materiais para fins didá- gências dos programas ou currículos tão, que pudesse colaborar decisivamente
tico-pedagógicos - normalmente alicer- dos cursos por elas oferecidos. Levam para mudança desta opinião, e, mesmo
çada por uma política de seleção que em consideração, além disso, não só a correndo o risco de se estar fazendo uma
terá por base o currículo ou programa natureza deste currículo, como também avaliação excessivamente pessimista da
escolar. Relevem-se, a respeito disso, a composição do corpo docente, a realidade, é necessário reforçar a afirma-
as grandes inovações que vêm acon- quantidade de recursos financeiros dis- ção anteriormente feita, ou seja, a de que,
tecendo em termos de recursos de in- poníveis e a localização geográfica31. de fato, o desenvolvimento de coleções
formação colocados a serviço das ins- Neste aspecto, elas aproximam-se não foi jamais encarado, entre nós, com
tituições educacionais, principalmente muito das bibliotecas escolares. suficiente seriedade.
em países do Primeiro Mundo e em al-
gumas regiões de países como o Bra- d) Bibliotecas especializadas ou de em
sil, em que as bibliotecas escolares Pelo que se pode depreender da literatura,
presas – Existem para atender às ne-
transformaram-se em verdadeiras cen- as universitárias e especializadas até que
cessidades das organizações a que
trais de multimeios cujos objetivos po- têm sido objeto de relativo grau de preocu-
estão subordinadas e por isso – mais
dem ser expressos como "dar suporte pação com seus acervos, provavelmente
do que qualquer uma das outras ante-
e promover o propósito formulado pela em virtude de maior exigência de sua
riormente citadas – têm seus objetivos
escola ou distrito do qual são parte in- clientela em relação aos mesmos. Deve fi-
muito mais bem definidos. A diferença
tegrante"28. As etapas de avaliação e car claro, contudo, que esta maior atenção
maior no desenvolvimento de coleções
desbastamento serão enfatizadas, nas dispensada a essas bibliotecas não pode
em bibliotecas especializadas está,
bibliotecas escolares, à medida que ser sequer comparada com a atenção a
provavelmente, na maior necessidade
possibilitem adequar a coleção a elas dispensada em países mais desen-
de especificação de normas para sele-
eventuais mudanças nos programas volvidos. No caso das bibliotecas públicas,
ção dos materiais com a finalidade de
e/ou currículos. pior ainda. De todo modo, enquanto nas
compatibilizá-los com os objetivos da
primeiras parece existir, neste país, um

Ci. Inf., Brasília. 22(1): 13-21. jan./abr. 1993. 19


Desenvolvimento de coleções: uma nova visão para o planejamento de recursos informacionais

evidente interesse em exercer algum tipo materiais especiais34, 35, devendo-se ima- senvolvimento de coleções, uma razoável
de controle sobre os materiais informacio- ginar que as demais atividades do desen- quantidade de artigos tratando de seleção
nais que as mesmas têm por objetivo ar- volvimento de coleções fossem tratadas de acervo em bibliotecas universitárias40,
mazenar, nas últimas não se consegue no âmbito de disciplinas mais gerais, co- estudos de uso41,42, acessibilidade de do-
desvendar claramente uma preocupação mo, por exemplo, Organização e Adminis- cumentos43, podendo-se até encontrar,
similar, fato que se presencia até mesmo tração de Bibliotecas. eventualmente, a descrição da sistemática
em muitos sistemas de bibliotecas públi- de desenvolvimento de uma coleção es-
Fica claro, em vista disso, que a inovação pecífica44 ou externando preocupação com
cas recentemente instaurados no país
referida no parágrafo anterior, ou seja, a a elaboração de uma lista de obras para
(com as exceções de praxe, é claro).
inclusão da matéria Formação e Desen- um "provável" acervo básico das bibliote-
volvimento de Coleções, deve ser entendi- cas públicas brasileiras45.
Outro exemplo dessa distinção de trata- da como um grande avanço no tratamento
mento ou enfoque são as iniciativas para do assunto, uma vez que cada escola de Parece correto concluir-se, quando consi-
estabelecimento de catálogos coletivos Biblioteconomia do país poderá adaptar o derada a literatura especializada em de-
que visam a atender, prioritariamente, ao currículo a suas necessidades e acres- senvolvimento de coleções publicada em
usuário em busca de informação especia- centar o que entender mais conveniente língua portuguesa, que a área ainda não se
lizada, ou, ainda, ao Plano Nacional de Bi- para as características de seu público, encontra suficientemente sedimentada no
bliotecas Universitárias. Por outro lado, vê- desdobrando a matéria em quantas disci- país. A inexistência de trabalhos introdutó-
se que 3 distribuição de livros às bibliote- plinas precisar. A análise da ementa pro- rios sobre o assunto que possibilitem atin-
cas públicas realizada pelo Instituto Na- posta – e aprovada – pelo Conselho Fede- gir o público estudantil e bibliotecários re-
cional do Livro, praticamente a única ativi- ral de Educação, no entanto, parece deixar cém-formados, de modo a modificar a vi-
dade de âmbito nacional organizada sob entrever uma visão muito restrita do de- são existente, é quase total, a exceção de
auspícios governamentais tendo como senvolvimento de coleções, com seu en- um único texto46, atualmente adotado em
objetivo o aparelhamento dos acervos foque iniciando-se pela seleção e aquisi- muitas escolas de Biblioteconomia do país.
dessas bibliotecas, fica muito longe de ser ção dos materiais.
uma política nacional para desenvolvi-
mento de coleções em bibliotecas públi-
CONCLUSÃO
É evidente que tanto uma como a outra fa-
cas. Muito pelo contrário, só pode ser en- zem, realmente, parte do processo, mas
carada como uma iniciativa ineficiente, não O desenvolvimento de coleções continua
não chegam a iniciá-lo, principalmente
podendo ser considerada, absolutamente, em constante evolução. Aos poucos, em
quando se tem em vista as considerações
como um efetivo esforço na área de de- seu interior, começam a surgir outras es-
de Evans36. Espera-se, talvez com ex-
senvolvimento de coleções, à medida que pecialidades, demonstrando ter a área
cessivo otimismo, que as escolas de bi-
desconheceu regionalidades e jamais atingido um grau de amadurecimento con-
blioteconomia preencham, em suas práti-
permitiu uma retroalimentação adequada siderável para os poucos anos em que
cas educacionais, o currículo máximo de
do sistema de distribuição, visando a tor- está constituída, Da mesma forma, vê-se
cada uma delas – o que faltou na ementa
ná-lo mais interessante para todos os en- proliferar cada vez mais a convicção da
da matéria, conforme esta vem definida no
volvidos, principalmente as bibliotecas necessidade de encarar as coleções e seu
currículo mínimo.
conveniadas. desenvolvimento como um fator importante
da administração dos serviços de informa-
Já a literatura especializada em língua
ção. Existem, neste campo, variadas ra-
Outro índice do desconhecimento, no Bra- portuguesa, ao tratar a questão do desen-
zões para otimismo. Embora muito ainda
sil, da problemática das coleções e da ne- volvimento de coleções, parece prender-
exista a ser feito, tem-se nitidamente a
cessidade de seu gerenciamento parece se demasiadamente a uma visão pontual
consciência de que o momento atualmente
ser o fato de que apenas em 1982 é que do assunto, não conseguindo enxergá-lo
vivido não é de paralisação, mas de evolu-
se colocou no currículo mínimo para os em profundidade. Razoável contribuição
ção. O melhor dessa evolução é que ela
cursos de graduação em Biblioteconomia, tem sido dada à área pela professora Nice
não parece restringir-se apenas aos paí-
entre as chamadas matérias técnicas, a Menezes de Figueiredo, a qual vem anali-
ses mais desenvolvidos, onde as van-
matéria Formação e Desenvolvimento de sando sistematicamente a vasta produção
guardas tecnológicas se localizam, mas
Coleções, que traz como ementa "princí- internacional sobre o assunto e tentando
atinge também países periféricos como o
pios e políticas de seleção: formas, recur- adaptá-la à realidade brasileira com maior
Brasil, que, mesma em ritmo mais lento,
sos, procedimentos e legislação para ou menor sucesso, dependendo do caso.
passam a usufruir seus benefícios e, desta
aquisição; princípios e técnicas de avalia- Os trabalhos desta estudiosa, sejam
forma, capacitam-se a enfrentar os desa-
ção de coleções; conservação de cole- aqueles a tratarem especificamente de de-
fios que virão com a virada do século.
ções; política de expansão da biblioteca". senvolvimento de coleções37, sejam
Seus objetivos são assim delineados: ca- aqueles a tratarem de etapas ou atividades
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
pacidade de formular princípios e métodos desse processo38, 39, têm sido, indubita-
e empregar técnicas para formação, de- velmente, muito importantes para alertar os 1. SOLLA PRICE, Derek de. Society needs in
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compreensão da necessidade de conser- atitude passiva em frente dessa literatura
2. BRAGA, Gilda Maria. Informação, ciência,
vação dos diversos suportes físicos internacional, em uma postura de mera política científica: o pensamento de Derek de
do conhecimento e de tratamento adequa- "deglutição", mas tentar, também, questio- Solla Price. Ciência da Informação, v. 3, n. 2,
dos a cada tipo, de acordo com sua na- ná-la e adaptá-la à realidade vivida pelo p. 157, 1974.
tureza33. país. Nem sempre é esta a norma encon-
3. BRADFORD, S. C. O caos documentário.
trada na literatura especializada em língua
In: ---------. Documentação. Rio de
Antes disso, conforme se pode ver por portuguesa, na qual, muitas vezes, os au- Janeiro,
amplo levantamento nos cursos de gra- tores reproduzem meras técnicas alieníge- Fundo de Cultura, 1961. p. 196-216.
duação em Biblioteconomia do país, o má- nas e as aplicam à realidade brasileira,
4. ESCARPIT, Robert. A revolução do livro. Rio
ximo que se podia encontrar eram tópicos sem quase nenhuma reflexão. Fora disso,
de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas;
específicos para seleção e seleção de o normal é encontrar-se, na área de de- Instituto Nacional do Livro, 1976. p. 39.

20
Desenvolvimento de coleções: uma nova visão para o planejamento de recursos informacionais

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