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FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE

COLEÇÃO, POLÍTICAS E PRESERVAÇÃO


Dra. Maria Eduarda dos Santos Puga
)

GUIA DA
DISCIPLINA
2021
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

1. DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES

Objetivo:
Levar informação com intuito de capacitar e desenvolver conhecimentos quanto aos
processos de formação e desenvolvimento de coleções. Conhecer as tipologias, mas
sobretudo os processos e etapas do desenvolvimento de coleções em bibliotecas.
Princípios para desenvolvimento de políticas de desenvolvimento e de preservação de
coleções. A gestão dos acervos com adoção de padrões, normas em meio físico e em meio
digital.

Introdução:
É sabido que o homem desde os tempos da caverna procurou registrar informações
(pinturas rupestres) que ele descobriu com o intuito que outros que viessem depois dele
pudessem usar e evoluir a partir daquela informação já descoberta e registrada.

O homem logo descobriu que era muito importante que essa informação estivesse
disponível e acessível e mais ainda preservada, porque a informação era poder para os
outros que a descobrissem.

As maiores bibliotecas do mundo que nos conta a história (biblioteca de Alexandria)


estavam sempre ligadas a um governante que tinha plena clareza em que reunindo toda
informação possível e disponível no mundo, muito mais do que exércitos ele teria maior
poder que seu inimigo. Isso também tornou a biblioteca da época o alvo em muitas guerras.

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Biblioteca de Alexandria https://www.todamateria.com.br/biblioteca-de-


alexandria/#:~:text=A%20Biblioteca%20de%20Alexandria%20foi,anos%20de
%20250%20a%20270)

A importância do desenvolvimento de coleções vem da missão que ela coleção terá


que cumprir quanto aos objetivos da comunidade a que se destina. No caso do exemplo
dado era gerar conhecimento sobre tudo e todos para ter maior poder.

Se recordarmos a história da escrita e do livro podemos verificar o quanto era difícil


se obter um livro. O livro era um objeto de poder e considerado muitas vezes subversivo
porque era capaz de mudar pensamentos, ele era muito bem guardado e muitas vezes
escondido porque causava alegria.

• O livro de Umberto Eco “O Nome da Rosa” ou o filme.

Ter um livro era um objeto de ostentação, como se hoje possuíssemos um carro


altamente luxuoso, tanto que as famílias eram consideradas ricas quando possuíam um
livro. O livro era deixado na sala para que todos que viessem visitar pudessem atestar
aquela riqueza. Isso perdurou por muito tempo.

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Com o marco no século XV da prensa de Johann Gutenberg esse processo de


reprodução dos livros sofreu uma revolução sendo o livro não mais produzido de forma
artesanal (manuscritos e copiados) para um processo industrial e comercial. Leia também:

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-funcionava-a-prensa-de-
gutenberg/#:~:text=Mas%20Gutenberg%20criou%20tipos%20m%C3%B3veis,
%2C%20Holanda%2C%20Inglaterra%20e%20Dinamarca .

Portanto tínhamos um processo onde o livro por ser objeto raro, somente a alta
sociedade possuía e ostentava e agora a produção e reprodução tornando esse objeto um
pouco mais acessível, mas ainda muito caro.

Durante muito tempo não havia preocupação com o processo de desenvolvimento


de coleções e sim de um colecionismo de livros, quanto mais livros eu puder receber, ter
e disponibilizar melhor. O objetivo era de armazenar o máximo que pudesse, portanto, a
preocupação era com quantidades armazenadas (a biblioteca como um armazém de livros).
Tudo isso sem muito critério, muito menos pensar na comunidade a qual iria se beneficiar
com aquele acervo.

Após todo esse período, que perdurou por muito tempo o processo de
desenvolvimento de coleções estava ligado apenas a duas etapas: seleção e a aquisição
de materiais de informação.

Com tudo isso temos o conhecimento científico divulgado de forma mais rápida, mas
que culminou em uma grande explosão bibliográfica. Surge o crescimento das publicações
científicas, o desenvolvimento do processo de editoração e os avanços tecnológicos e de
comunicação e informação.

Entendendo isso estaremos prontos para entender todas as etapas a que se destina
o nosso papel nesse desenvolvimento de coleção. Esse papel que perpassa por
desenvolver, criar uma política para que esta se desenvolva e cumpra seus objetivos, como
ela estará organizada, acessível e como ela deverá resistir e subsistir para outras gerações
(preservação).

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A construção de uma coleção consiste em coletar e organizar informações já


existentes sobre o que se espera em ter reunido com o objetivo de disponibilizar
informações a comunidade em foco.

Quando nos deparamos com terminologias ou mesmo um assunto novo que vamos
aprender é importante que procuremos entender incialmente o que cada um significa. E
exercendo essa proposta de exercício de buscar sempre um dicionário e leiamos em pelo
menos dois deles o que significa o termo para que tenhamos amplo entendimento do que
vamos aprender.

Encontramos no dicionário que o Desenvolvimento é toda ação ou efeito


relacionado com o processo de crescimento, evolução de um objeto, pessoa ou situação
em uma determinada condição. Neste caso estaremos lhe dando com algo que além de
evoluir como vimos um pouco da história vai crescer.

Para o termo Coleção encontramos no dicionário Michaelis da Língua portuguesa


que: Coleção - objetos de mesma natureza. Para o plural, ou seja, Coleções no dicionário
online o termo é definido como: acúmulos, arquivos, coletâneas, compilações, excessos,
repositórios.... https://www.dicio.com.br/pesquisa.php?q=cole%C3%A7%C3%B5es

Na wikipedia https://pt.wikipedia.org/wiki/Colecionismo – coleções remete ao termo


Colecionismo

“O colecionismo é a prática que as pessoas têm de guardar, organizar,


selecionar, trocar e expor diversos itens por categoria, em função de seus
interesses pessoais. Em todo o mundo, milhões de colecionadores organizam
as mais diversas coleções de objetos. Dentre os benefícios que a atividade
pode trazer para o colecionador, em especial os mais jovens, está o
desenvolvimento dos sensos de classificação e organização, de interação e
socialização com outros colecionadores, do poder de negociação, bem como o
aumento do repertório cultural acerca do objeto colecionado.”

Importante que ao visitar a página da wikipedia no termo colecionismo ele traz


exemplos dos mais variados tipos de coleções possíveis. O destaque é porque primeiro

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devemos conhecer todas as possibilidades do que se é possível de desenvolver sobre


coleções.

Na tabela .1 abaixo podemos verificar os mais variados tipos de itens colecionáveis


e entender que requer daquele que coleciona selecionar, conhecer, organizar e encontrar
formas de adquirir esses itens.

• Autografomania - coleção ✓ Acessórios (buttons, c


de autógrafos hapéus, gravatas, óculos, relógi
• Bibliofilia - coleção de os)
livros ✓ Armas (armas de
• Bricabraque - coleção de fogo, espadas, facas)
velhos objetos de arte e artesanato ✓ Bonecas (de
• Cartofilia - coleção de pano, matrioscas)
cartões postais ✓ Brinquedos (Bruder, L
• Filatelia - coleção de selos ego, Kinder Ovo, Playmobil)
• Filumenia - coleção de ✓ Caixas (de música, de
caixas de fósforo pássaro cantor autômato)
• Marcofilia - coleção de ✓ Cromos (álbuns, Surpr
carimbos postais esa)
• Maximafilia - coleção de ✓ Die-cast (Hot
máximos postais Wheels, Jada
• Notafilia - coleção de Toys, Maisto, Matchbox)
cédulas ✓ Discos e
• Numismática - coleção de cartuchos (Blu-
moedas, embora possa refira-se rays, CDs, DVDs, vinis, jogos
também à coleção de cédulas eletrônicos)
• Periglicofilia - coleção de ✓ Jogo de cartas
pacotes de açúcar colecionáveis (Magic, Spellfire)
• Tabacofilia - coleção de ✓ Latas e
embalagens de cigarros garrafas (biscoitos, cervejas, refr
• Telecartofilia - coleção de igerantes)
cartões telefônicos ✓ Material de
escritório (apontadores, borrach
as, canetas, lápis)
✓ Miniaturas de
animais (Papo, Safari, Schleich)
✓ Miniaturas de figuras
de ação (Hot
Toys, Kotobukiya, Neca, Sidesh
ow)
✓ Papel de carta
✓ Videogames
✓ Pequenos
objetos (botões, chaveiros, deda
is, isqueiros)

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✓ Plastimodelismo (Reve
ll, Tamiya)
✓ Revistas em
quadrinhos (graphic
novels, mangás)

Não é muito diferente do que vamos aprender com as etapas e processos de


um desenvolvimento de coleções e também com o cuidado da preservação.

Com certeza você deve estar se perguntado o porquê de entender de outros


tipos de coleções já que você se encontra em um curso de Biblioteconomia e
você pretende ser um bibliotecário? Exatamente por isso porque o
bibliotecário organiza qualquer tipo de informação e desenvolve coleções das
mais variadas espécies, porque o foco está exatamente na necessidade de
informação de sua comunidade. Portanto se a informação estiver suportada
em outros formatos que não o livro você irá desenvolver a coleção da mesma
forma para bem atender.

Em um cenário que a coleção da biblioteca é foco de seu desenvolvimento o


processo de construção dos materiais da biblioteca para atender às necessidades de
informações dos usuários de maneira oportuna e econômica, usando recursos de
informações mantidos localmente, bem como de outras organizações você pode ter não
somente livros para atender a essa demanda.

A primeira etapa é saber qual é a missão que se pretende cumprir com o acervo
(coleção de livros e ou objetos) que se pretende desenvolver. Uma coleção de biblioteca é
a reunião de vários materiais (livros, manuscritos, seriados, publicações governamentais,
panfletos, catálogos, relatórios, gravações, rolos de microfilme, microfilmes, microfichas,
etc.) para que se possa de maneira completa atender a indivíduos ou comunidade.

O formato ou suporte em que estará a informação serão os mais variados possíveis,


o que importa é que atendam aos anseios e necessidades a que se destinam.

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1.1 Princípios, conceitos e elementos para o Desenvolvimento de Coleções

1.1.1 Princípios E Conceitos


Um dos princípios no desenvolvimento de coleções é da biblioteca com seu papel de
intermediar nesse processo as necessidades informacionais de sua comunidade /
instituição e os recursos informacionais. Considerada por Lancaster (2004), a primeira
missão da biblioteca.

Elaborar políticas para o desenvolvimento de coleções é encontrar um equilíbrio


entre as reais necessidades informacionais e os recursos possibilitados pela instituição
(WEITZEL, 2013).

O Desenvolvimento de coleções é um “processo” composto por pelo menos 6


etapas descritas por Vergueiro (1989) interdependentes: 1. Estudo da comunidade, 2.
Políticas de seleção, 3. Seleção, 4. Aquisição, 5. Avaliação, 6. Desbastamento incluindo o
descarte.

Na literatura é possível identificar mais elementos do que somente os mencionados


por Vergueiro (1989) e que complementam os 6 processos básicos.

“A Política de Desenvolvimento de Coleções é um instrumento importante


para desencadear o processo de formação e desenvolvimento de coleções,
garante o procedimento e aprimoramento“ (WEITZEL, 2013)

A função estratégica da política vai além do processo somente, ela garante também
a administração de conflitos, obtêm consensos, melhora o canal de comunicação com a
comunidade e serve como um mecanismo de conquista institucional (VERGUEIRO, 1989).
Portanto o que define o Desenvolvimento de Coleções são processo e política.

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Política

DESENVOLVIMENTO
DE COLEÇÕES

Processo

1.1.2 Elementos
Como tudo que se pretende empreender para o desenvolvimento e construção de
uma coleção perpassa por um planejamento sistemático que envolve: análise do
contexto atual (o que já se tem), seleção e aquisição, investimentos financeiros
(orçamento), equipe envolvida, espaço físico e virtual, politicas institucionais e locais, etc.
(WEITZEL,2013). No quadro abaixo destacamos com maiores detalhes esses elementos
do desenvolvimento.

Desenvolvimento de Planejamento
Coleções
Análise do contexto atual Conhecer: a comunidade e suas
necessidades, a missão e os objetivos
institucionais. Analisar a coleção existente ou
ausência de uma.
Seleção e aquisição Selecionar o material ou os materiais que
devem compor a coleção. Propor e verificar as
mais variadas formas de adquirir os mesmos.
Investimentos financeiros Verificar o quanto de recurso
orçamentário encontra-se disponível para esse
desenvolvimento. Buscar formas de ampliar,
manter ou capitar recursos de maneira perene.
Equipe Analisar a equipe com que já disponho,
suas habilidades e aptidões e se necessário
identificar quais outros requisitos necessito

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nestes profissionais para esse empreendimento.


Contratar, capacitar.
Espaço físico Onde e como pretendo dispor toda essa
coleção de forma apropriada em condições de
manutenção e crescimento preservando a
integridade do material que comporá essa
coleção.
Espaço virtual Pensar e planejar todos os aspectos
quanto as coleções digitais. Prever espaço
suficiente para suportar todo o processo de
composição e crescimento dessa coleção. O
Catalogo.
Politicas institucionais Refletir em sua coleção a missão e metas
institucionais. Cumprir os requisitos a que as
políticas institucionais se comprometeram. Ex.
Uma instituição pública, mantida com dinheiro
público a que se destina tornar toda a produção
intelectual (repositório institucional) pública, ou
ainda, sendo publica aquela coleção se destina
para a missão que não é tornar aquela coleção
aberta (biblioteca universitária) a todos os
públicos.

Importante entender que o planejamento e o desenvolvimento de uma coleção nunca


podem incorrer no erro de pensar que poderá guardar tudo e receber tudo de forma tão
abrangente, porque pode se tornar em um grande depósito de coleções e não em um
recurso útil na formação dos indivíduos.

A tecnologia da informação veio agregar possibilidades e tornar o trabalho do


bibliotecário e o acesso do usuário mais fácil e confortável e não podemos perder esse
foco. Promover uma coleção hibrida atendendo a todos os públicos é parte importante do
desenvolvimento de coleção.

Pensar em uma coleção que seu usuário consiga facilmente acessar significa que
ainda que não esteja fisicamente na biblioteca ou no centro de informação, de sua casa, ou

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no lugar onde ele se encontre ele possa adentrar aquela coleção de forma virtual e
recuperar informações da mesma forma de quem estava fisicamente presente na biblioteca.

Portanto nessa jornada do planejamento ao desenvolvimento de coleções


precisamos estar preparados para oferecer aqueles que virão buscar essas informações
desde as tabuletas de argila a folhas de papiro, documentos em papel e chips de silício,
discos ópticos e magnéticos e assim por diante.

O resultado refletirá sempre na importância e no sucesso da coleção da biblioteca


ou do centro de informação na satisfação das necessidades de informação dos seus
usuários e ao cumprimento dos objetivos institucionais.

Vamos imaginar que estamos falando do desenvolvimento de bibliotecas


acadêmicas (universitárias) e que com certeza possuem um acervo variado para atender
às suas necessidades. Podemos vislumbrar aqui uma coleção dividida em uma parte para
atender as necessidades dos cursos de graduação e a outra parte dessa coleção para
atender a pós-graduação e a pesquisa. Duas coleções com focos e objetivos diferentes.

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Coleção
COLEÇÃO
de cada curso de
GRADUAÇÃO
graduação

COLEÇÃO DA BIBLIOTECA
UNIVERSITÁRIA

Coleção
COLEÇÃO
de cada curso de
PÓS-GRADUAÇÃO
pós-graduação
E PESQUISA

Os livros não são comprados pelo mérito do título individual, mas com base nas
necessidades e requisitos Individuais dos usuários em potencial. Os recursos financeiros
em declínio, o problema de espaço na área de armazenamento, os problemas
administrativos de um lado e o crescimento exponencial do documento junto com a
demanda dos leitores, por outro lado, obrigam as bibliotecas a formular políticas e princípios
para o desenvolvimento de coleções mais rigorosos.

A palavra Desenvolvimento está sendo usada com uma conotação mais ampla. A
coleção inclui livros, periódicos, material de leitura impresso e não impresso, gráfico,
material de áudio e vídeo, materiais de arquivo, manuscritos, microfilmes, microfichas e
banco de dados em CD-ROM e recursos, incluindo coleção de história local. Isso significa
um desenvolvimento de coleção equilibrado.

A avaliação da coleção e as atividades de estudos do usuário são os principais


componentes quando tratamos de uma coleção que precisa se desenvolver e que já tem
uma formação inicial presente.

A gestão desta coleção significa um novo plano de desenvolvimento considerando


diferentes aspectos da construção desta coleção: uso da coleção, armazenamento e

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organização, circulação, serviço de informação, alocação de recursos, acesso aos recursos


da biblioteca, etc.

No caso o bibliotecário gestor desta coleção precisará encontrar um equilíbrio


pautado na constatação de como a coleção existente está atendendo aos usuários
(avaliação da coleção e estudos do usuário) para propor então um desenvolvimento a
partir do resultado encontrado.

1.1.3 Objetivos
Os Objetivos no Desenvolvimento de Coleção de Bibliotecas, Centros de
informação, Arquivos, Bibliotecas de Pesquisa, Repositórios institucionais

Objetivos gerais – Armazenar, disponibilizar, disseminar, proporcionar novos


conhecimentos.

Importante ter claro quanto ao objetivo que se deseja com o desenvolvimento da


coleção em relação a: formar ou agregar novas informações para gerar novos
conhecimento, atrair o leitor ter um fluxo contínuo de usuários leitores, ou somente ter como
objetivo disseminar a informação armazenada. O objetivo está diretamente relacionado a
tipologia do local a que se pretende desenvolver a coleção. Exemplos:

BIBLIOTECAS:

Biblioteca Pública – tem como objetivo atender a comunidade ao seu entorno


e tem seu foco em atrair o leitor ou prover informação de interesse para o
desenvolvimento da comunidade onde está inserida.

Biblioteca Escolar – prover a leitura afim de formar leitores e ser recurso


educacional a comunidade escolar a qual pertence.

Biblioteca Universitária ou Acadêmica – disponibilizar bibliografia básica e


complementar para a formação de seus graduandos e pós-graduandos. Duplo
objetivo atrair o leitor e disseminar informação a comunidade.

Bibliotecas de Pesquisa – Disseminar o maior número de informação aos seus


pesquisadores para que possa cada vez mais suportar as pesquisas
desenvolvidas.

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Centros de informação – dar suporte a comunidade a qual pertence.

Arquivos – Atrair pesquisadores, registrar história e disseminar a informação


armazenada.

Repositórios Institucionais – Tornar pública e disseminar o máximo possível a


produção intelectual desenvolvida pela comunidade a qual pertence.

1.1.4 Fatores que influenciam no desenvolvimento de coleções e gestão dos acervos


Vários fatores influenciam diretamente a forma como as coleções são desenvolvidas
e geridas nas bibliotecas acadêmicas (universitárias) e centros de informação. Esses
fatores incluem metas de desenvolvimento de coleção e políticas e procedimentos de
gestão.

As necessidades do usuário, políticas de desenvolvimento de coleção, orçamentos,


avaliação de coleção para determinar os pontos fortes e fracos dos vários assuntos nas
coleções, seleção de materiais de leitura, formatos em que os materiais são selecionados,
as questões de acesso versus propriedade, desenvolvimento de coleção cooperativa,
programas de compartilhamento de recursos e questões legais no desenvolvimento e
gerenciamento de coleção são alguns dos fatores mais comuns.

Esses fatores devem sempre ser considerados para a construção de coleções


eficazes nas bibliotecas acadêmicas.

Para Vergueiro (1989) o desenvolvimento de coleções é um trabalho de


planejamento, ininterrupto e que serve a uma determinada comunidade, é também uma
atividade rotineira que passa por várias etapas, e é um processo que deve ser desenvolvido
em todas as bibliotecas de acordo com os objetivos de cada uma delas e suas
comunidades.

O desenvolvimento da coleção é um ciclo constante que continua enquanto a


biblioteca ou centro de informações existirem.

O processo de desenvolvimento de coleções é uma das etapas do planejamento e


da administração de bibliotecas e que está totalmente ligado com os objetivos das
bibliotecas e centros de pesquisa. A coleção está voltada a seus usuários, que ditam

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suas necessidades e que determinara o processo de seleção do que pode ou não compor
o acervo. Importante que todo esse processo esteja sempre formalizado e documentado e
sempre revisitado para as futuras observações e alterações necessárias.

As dificuldades surgem então em relação a selecionar materiais relevantes, não há


como controlar tudo aquilo que está sendo publicado, sendo impossível absorver tudo que
se é produzido, quanto mais acompanhar a velocidade das informações que surgiam a todo
o momento.

Esse fenômeno na verdade é fruto da impossibilidade humana de absorver todas as


informações produzidas no mundo e necessário para que possa dominar todas áreas do
conhecimento (WEITZEL, 2002).

Durante muito tempo as bibliotecas adotavam uma política para as coleções de


armazenar toda produção documental produzida, causando um grande caos bibliográfico
(MILANESI,2002).

As bibliotecas tinham como parâmetro quanto maior e mais volumosas, ou seja, com
grandes acervos, era sinal de status e prestígio, entendiam na época que as bibliotecas
grandes e com acervos amplos, poderiam ofertar uma grande variedade de documentos
que atendesse todas as necessidades informacionais de cada pessoa. Além de ser
impossível ter tudo, o tudo que se tinha em sua grande maioria nem mesmo era utilizado.
Muitas obras nunca foram retiradas da prateleira e outras em muitos anos na biblioteca
foram consultadas uma única vez.

Esse pensamento em manter tudo nas bibliotecas, fez com que aparecessem
grandes problemas como: a dificuldade de localizar uma informação específica, problemas
com a falta de espaços físicos, a falta de profissionais para processamento técnico do
acervo e falta de orçamentos para definir os recursos necessários. Com isso as bibliotecas
começaram a se preocuparem em selecionar os materiais que podiam compor o acervo.

O processo de desenvolvimento de coleções nas décadas de 60 e 70 passou a ser


estudado e analisado. Os bibliotecários começaram a desenvolver coleções por meio das
seleções e do descarte (análise do acervo), transformando as coleções em algo mais
coerente. A partir de então, vários estudos passaram a serem feitos sobre o

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desenvolvimento de coleções em bibliotecas e todo o processo para esse desenvolvimento


foi sendo aplicado (VERGUEIRO,1989).

Não era mais possível com toda essa explosão do conhecimento deter em um único
lugar e espaço toda informação gerada no mundo e os bibliotecários perceberam que não
eram e nem poderiam ser os guardiões do conhecimento humano produzido e registrado.

O desenvolvimento de coleções é um processo que não acontece uma única vez


ele precisa ser revisitado a todo o momento de forma aleatória, onde se fizer necessário
dentro de suas seis etapas interdependentes (VERGUIERO, 1989). Alguns autores relatam
seis ou mais etapas e caberá ao bibliotecário aplicar o que lhe for mais adequado a suas
necessidades. Veja a tabela abaixo com uma lista de etapas segundo seus autores:

Desenvolvimento de Coleções ETAPAS

VERGUEIRO, 1989 WEITZEL, 2013


1. Estudo da comunidade, 1. Identificar a missão e os objetivos
institucionais,
2. Política de Desenvolvimento de
Coleções, 2. Perfil da comunidade
3. Perfil da coleção
3. Seleção,
4. Descrição das áreas e formatos cobertos
4. Aquisição,
pela biblioteca local,
5. Desbastamento 5. Política de desenvolvimento da coleção,
6. Política de seleção,
6. Avaliação.
7. Processo de seleção
8. Processo e política de aquisição
9. Processo e política de descarte ou desbaste
da coleção,
10. Processo e política de avaliação.

É possível visualizar na figura abaixo as 6 etapas que ocorrem o desenvolvimento


em atividades rotineiras nas bibliotecas, geralmente está sobre a direção do bibliotecário,
onde deverá possuir conhecimentos de todo o processo do desenvolvimento de coleções

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e política de sua biblioteca para melhor acompanhar sua equipe distribuída em cada uma
das seções.

Análise da
comunidade

Política de
Avaliação
Seleção

BIBLIOTECÁRIO
e EQUIPE

Descarte Seleção

Aquisição

O ciclo pode ser demandado pelo bibliotecário responsável a todo instante e em


qualquer uma das etapas que se faça necessário e que o processo necessite ser retomado.

Estudo ou Análise da Comunidade


Ponto de partida para todo o desenvolvimento de coleções. Saber e conhecer para
que comunidade você desenvolverá uma coleção, além de ser o ponto de partida é também
o fator que trará sucesso na avalição de todo o processo. Não é possível conduzir as outras
etapas sem saber o que se pretende ou quem se pretende atender.

Primeiro passo identificar qual o tipo de comunidade que será atendida com a
formação do acervo. Segundo passo conhecer os interesses e expectativas que a
comunidade espera e busca da biblioteca (DIAS & PIRES, 2004).

Conhecer essa comunidade, as necessidades informacionais que devem ser


atendidas, constituir um ponto de partida no planejamento de um serviço de informação e
uma constante avaliação no decorrer da prestação dos serviços para que possa sempre

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melhor atender. Isso significa atrair membros da comunidade que possam colaborar na
construção do planejamento, além claro de todo staff da biblioteca.

A equipe responsável pelo desenvolvimento de coleção deve iniciar realizando um


estudo de usuários para melhor identificar o perfil desta comunidade.

Com o estudo de usuários aplicado pode-se identificar quais os usuários que


frequentam a biblioteca, mas também identificar quais não frequentam e entender o porquê
está biblioteca não atende suas necessidades informacionais. Muitos estudos de usuários
têm como foco somente a comunidade frequentadora de seus serviços e não vislumbram
um potencial do que ainda pode atingir na totalidade da comunidade e possíveis lacunas a
serem preenchidas em sua coleção.

Os usuários podem ser divididos em: usuários Reais (que utilizam os serviços da
biblioteca) e usuários Potenciais (que podem utilizar os serviços da biblioteca, mas não
utilizam).

Política de Desenvolvimento de Coleções


Para que o desenvolvimento de coleções se desenvolva com continuidade, é
necessário que seja elaborado um plano que aborde todos os passos do processo, no qual
deve estar estabelecido todos os critérios que a biblioteca deverá abordar na parte de
seleção e aquisição de materiais, além de constar a missão da biblioteca e os objetivos da
instituição mantedora.

A política de desenvolvimento de coleções segundo Lima e Figueiredo se refere: ao


conjunto de diretrizes e normas que visa estabelecer ações, delinear estratégias gerais,
determinar instrumentos e limitar critérios para facilitar a tomada de decisão na composição
e no desenvolvimento de coleções, em consonância com os objetivos da instituição, dos
diferentes tipos de serviços de informação e dos usuários do sistema. (DIAS e PIRES, 1984)

A política de desenvolvimento de coleções trata-se de um documento planejado por


uma comissão, que regulamenta todo o processo do começo ao fim. Essa política possui
semelhanças a de um manual, onde qualquer pessoa envolvida na atividade possa
compreender todos os passos do processo, pois esse documento deve ter como principais
características a simplicidade, a clareza e a veracidade das informações contidas.

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Seleção
A seleção é uma atividade de decisão, onde se determina os itens que irão compor
o acervo, através de critérios pré-estabelecidos por uma comissão responsável.

Os materiais selecionados também devem estar de acordo com os objetivos da


instituição mantenedora. A etapa de seleção não é uma atividade simples e fácil de realizar,
é necessário muito estudo e pesquisa dos materiais que serão selecionados, por isso
geralmente em cada unidade de informação existe uma comissão responsável pela
seleção dos materiais.

A seleção é uma atividade que ocorre diariamente, onde os itens selecionados estão
de acordo com as exigências dos usuários, do movimento editorial e dos recursos
disponíveis (Ranganathan, 2009).

• Seleção de livros e outros recursos para compor a coleção está relacionada ao


processo e atividades de aquisição, mas também com os processos de doação
onde os acervos doados também são avaliados a cada título e se for levado em
consideração o quanto se vai fortalecer ou não o acervo existente.
• A comissão que auxilia e apoia o processo de seleção deve ser composta no
mínimo pelos seguintes integrantes:
• 1 bibliotecário, responsável pela unidade de informação, ou mesmo um bibliotecário
que esteja engajado com o processo de composição da coleção e alinhado com a
proposta institucional;
• 1 representante das principais áreas de conhecimento ou atuação (departamentos)
da entidade à qual está diretamente subordinada.
• 1 representante da área administrativa (setor de compras) ou que entenda o
processo administrativo institucional.

Essa comissão é responsável em elaborar uma lista de materiais que a biblioteca


almeja incluir no acervo para que seja avaliada, essa lista conhecida, como lista desiderata,
será encaminhada para os responsáveis das aquisições.

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#BiblioTermos – Desiderata é um termo do latim que significa “coisas


desejadas”. Na área de Biblioteconomia é usado para designar uma “lista de
livros e outros documentos desejados pela biblioteca para possível aquisição.”
(CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 120). Weitzel (2012) afunila um pouco mais
essa definição ao considerar a desiderata como uma lista de itens que foram
aprovados para incorporação ao acervo por cumprirem os critérios
estabelecidos previamente pela biblioteca.
https://estantedebibliotecaria.com/2018/03/16/bibliotermos-desiderata/

A comissão deve utilizar instrumentos auxiliares para a seleção, como por exemplos
lista de sugestões dos usuários, atualização de edições de bibliografia de grande uso,
consulta a bibliografia básica e complementar dos cursos e disciplinas da instituição.

Importante ter entendimento que a comissão não tem conhecimento de todas as


áreas de interesse, pois sem essas sugestões poderiam ocorrer erros nas aquisições de
itens que não interessam a ninguém e isso seria um desperdício de dinheiro, de tempo, de
espaço e de serviços dos profissionais envolvidos com o processamento técnico.

Aquisição
A aquisição é uma sequência da atividade de seleção que implementa e executa a
lista elaborada e desejada para o desenvolvimento da coleção. Este é o momento que se
decide as formas de adquirir os itens que vão compor o acervo (VERGUIERO,1996).

A concretização do planejamento amplo do desenvolvimento de coleções se dá por


meio da aquisição. As principais modalidades de aquisição ocorrem das seguintes formas:
compra, permuta e doação (Vergueiro,1996).

Aquisição atividade que inclui avaliação de necessidades, políticas de


desenvolvimento de coleção, processo de seleção de livros, compra de livros,
adesão e acréscimo de livros ao acervo existente.

Compra
O processo de compra envolve a administração de recursos financeiros, que
muitas vezes são escassos e limitados. A identificação e controle dos itens que

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serão adquiridos deve ser criterioso e rigoroso. Essa atividade desencadeia


uma prévia de orçamento que será encaminhado a sua aprovação pela
instituição. Recomenda-se aqui que a lista contemple o orçamento coletado
em pelo menos três livrarias ou fornecedores.

No orçamento, além da lista da coleção de obras, deve-se destacar também


segundo os recursos destinados a outras atividades ligadas a compra ou
contratação de serviços, como o local de armazenamento, processamento
técnico, encadernações, conferência, pessoal habilitado, serviços de
manutenção e equipamentos, essas atividades são importantes para evitar
comprometimento com a atividade de compra.

Permuta
A permuta (troca) envolve uma solução para aquisição sem dispor de recursos
financeiros, instituições tem encontrado na permuta grande economia,
podendo realocar os recursos em outras necessidades. As instituições ambas
trocam materiais informacionais, geralmente esses materiais são produzidos
nas instituições, muitas vezes disponíveis para compra, mas com opção de
permuta.

O sistema de permuta estabelece um acordo entre duas instituições ou mais,


com o compromisso mútuo de fornecimento de publicações das próprias
entidades, de obras duplicadas ou retiradas do acervo ou de obras recebidas
em doação, mas sem interesse para incorporação ao acervo.
Como nem todas as instituições possuem publicações disponíveis para a troca,
nem todas as bibliotecas realizam aquisições por permuta. Essa modalidade
tem ocorrência maior em bibliotecas especializadas e universitárias. As
bibliotecas que realizam permutas devem elaborar listas de duplicatas que
facilitam o processo.

Doação
A doação é a forma com que muitos acervos (coleções) são iniciados. Essa
forma de adquirir materiais informacionais de forma espontânea ou
solicitadas deve estar envolvida na política de desenvolvimento de coleções.
Os critérios (politica) para o recebimento das doações precisam ser muito
claros, pois nessa modalidade caso a biblioteca ou a unidade de informação
não possua fica sujeita ao recebimento de todo tipo de doação, fazendo com
que o crescimento deste acervo seja descontrolado e perca a sua missão a que
se destina, tornando-se meramente um estoque de livros com pouca
usabilidade e causando um esgotamento do espaço físico local.
Neste caso sempre os materiais doados devem passar por um processo de
seleção, pois eles podem não corresponder aos objetivos da biblioteca e antes
que seja processado e incorporado deve ser descartado ou recusado.
A doação na maioria das vezes ocorre por meio de alguns doadores que
descartam livros que estão ocupando espaço em casa ou porque estão
desatualizados.

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Avaliação
Etapa importante do desenvolvimento de coleções onde é possível detectar e
constatar se a formação do acervo correspondeu às expectativas e
necessidades esperadas.
A avaliação deve ser feita sempre com o objetivo de melhorar as políticas de
desenvolvimento de coleções, melhorar as políticas relacionadas com
períodos de empréstimos e taxas de duplicação, ou embasar decisões
relacionadas com o uso do espaço (LANCASTER,1996)
Realizada com determinada regularidade a avaliação consegue detectar
possíveis erros que ocorreram na seleção de materiais, e impedir com essa
atividade mais erros ou descontroles que ainda poderiam ocorrer.
Importante que a atividade de avaliação deva ser realizada pela comissão
responsável pela formação do acervo. Na avaliação os usuários devem sempre
ser convidados a participar, a opinião deles demonstra se suas necessidades
informacionais relacionadas ao acervo foram correspondidas (FIGUEIREDO,
1979).

Desbastamento
O desbastamento ou descarte é o processo de retirada de materiais da
coleção. Isso não significa jogar fora simplesmente, mas propor um
remanejamento, disponibilizar para permuta e doação ou ainda para
restauração.
A atividade de desbastamento acontece logo após a avaliação, onde a sua
maior importância é adequar o espaço físico da biblioteca de acordo com as
necessidades. É preciso para a manutenção de acervos vivos que essa
atividade ocorra com uma periodicidade suficiente para não gerar acúmulos.
O desbaste pode melhorar a qualidade e a funcionalidade do acervo. Quando
dele se retiram livros velhos (desatualizados) e sem uso, as estantes mostram-
se mais atraentes para os usuários que terão mais facilidade em encontrar os
itens mais novos (atualizados) ou mais populares (LANCASTER, 1996).
Através do desbaste é possível identificar livros pouco utilizado ou até muito
utilizado, porém bastante desgastados e enviá-los para a restauração e ampliar
o número de exemplares para melhor atender. É possível também remanejar
para outros locais de pouco acesso (acervo histórico) fora do acervo circulante,
ou pode-se retirá-los de forma definitiva do acervo. No processo de desbaste
também é possível encontrar livros enfestados com cupins e outros e nesse
momento aplicado o descarte definitivo para que não haja uma infestação em
toda a coleção.
Quando não há uma política de desenvolvimento de coleções a administração
e gestão dos acervos, bem como o planejamento para a manutenção e
desenvolvimento das coleções ficam estagnados. A falta de uma Política de
Desenvolvimento de Coleções na biblioteca direciona as necessidades para um
fluxo de demanda quando os usuários sugerem títulos de maneira esporádica.
Isso transforma o acervo em estoque e não uma célula viva que corresponde
as necessidades de sua comunidade.

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Eliminando a coleção
Eliminar significa descartar do acervo da biblioteca porque não é adequado,
isso é uma forma de selecionar, só que a grande maioria foca muito mais no
eliminar. Descartar também é selecionar é retirar o que é útil e necessário e
excluir o que já não funciona mais.
Antes que um programa de eliminação seja implementado, uma avaliação das
políticas e metas da biblioteca deve ser realizada. Esta avaliação deve incluir:
análise da situação atual,
consideração de alternativas possíveis,
viabilidade de um programa de eliminação em termos de todas as operações
da biblioteca,
cooperação do corpo docente,
tipos de bibliotecas envolvidas,
tipos de materiais coletados
custo
economizar espaço,
melhorar o acesso
abrir espaço para novos materiais.

Os critérios para eliminar podem ser baseados em:


cópias duplicadas,
doações indesejadas,
livros obsoletos,
edições substituídas,
livros que estão infestados, sujos, surrados, gastos, etc.,
livros com papel quebradiço e páginas faltando, não usados ou desnecessários
volumes de jogos, periódicos sem índices.

Avaliação da coleção
A avaliação completa do ciclo de desenvolvimento de coleção está
intimamente ligada às atividades de avaliação de necessidades. A avaliação da
coleção envolve valores quantitativos e qualitativos. Os principais objetivos da
avaliação são: 1.quão útil é a coleção, 2. pontos fortes da coleção e 3. quão
efetivamente o dinheiro deve ou precisa ser gasto. Para atingir os objetivos da
avaliação, os seguintes pontos devem ser mantidos:
1. Qual é o verdadeiro escopo da coleção (assuntos abordados)
2. Qual é a profundidade da coleção (tipo de material)
3. Como a coleção é usada
4. Quais são as áreas fortes de uso
5. Quais são as áreas fracas de uso
6. A biblioteca está servindo a uma comunidade? Qual? Como?
7. A coleção é o grau de temporalidade da coleção (muito antiga)
9. Quantos livros são solicitados de outras bibliotecas ou unidades

Os pontos acima podem ser avaliados por meio de cinco abordagens gerais,
como compilar estatísticas sobre acervos, verificar bibliografias, obter

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opinião de usuários regulares, examinar a coleção diretamente e listar a


capacidade de entrega de documentos da biblioteca.

1.2 Política para o desenvolvimento de coleções


Não basta aplicar todos os processos e etapas para o desenvolvimento de coleções
se não registrarmos tudo de forma que não se perca todo o processo de trabalho
desempenhado e que a qualquer momento sempre possa ser retomado para qualquer
mudança, ajustes e atualizações que se fizerem necessários.

Para que esse trem não saia dos trilhos a locomotiva que faz com que todos os
vagões continuem desempenhando o bom funcionamento e desenvolvimento
transcrevemos tudo em uma política.

É a política que ditara o fluxo contínuo de manutenção e vida do acervo em relação


a sua missão e comunidade.

1.2.1 Elementos da Política de Desenvolvimento de Coleção


As bibliotecas e centros de informação em sua grande maioria, que até mesmo
possuem excelentes coleções, muitas vezes, quando consultados não possuem uma
política de desenvolvimento de coleções. As políticas não são desenvolvidas muitas vezes
porque exigem de seu gestor empenho e muita reflexão e nem todos estão dispostos a
empreender.

Uma política precisa refletir um organismo vivo e uma imagem de sua comunidade
em mudança que contemple suas reais necessidades.

A política declarada fornece uma estrutura dentro da qual os indivíduos


(bibliotecários, usuários e comunidade em geral) podem exercer seu próprio julgamento e
ação. Quando as políticas não possuem diretrizes escritas, surge muitas visões diferentes
sobre o propósito da biblioteca.

Sem a declaração (documento) por escrito de uma política, a divergência de opinião


cria confusão gerando assim uma desgovernança no processo de desenvolvimento e

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gestão dos acervos. Com um documento de política, todos têm um ponto de referência
central evitando os descompassos nos processos.

Um documento de política preveni com que muitos problemas sejam evitados, mas
eles devem informar: a natureza e o escopo da coleção, forças e metas organizacionais,
mais que um elemento no processo de seleção, como lhe dar com as reclamações e
orientar a remoção demandadas pela avaliação da coleção. Além dos elementos já
descritos devem conter no documento de declaração da política de desenvolvimento de
coleção os seguintes:

• Objetivos institucionais
• Detalhes da área de assunto
• Questões diversas, como doações, eliminação, avaliação, reclamações e censura
• Processo de aprovação da política após a realização de consulta pública.

1.2.2 Conceitos condutores e formadores


Os materiais a serem adquiridos pelas bibliotecas são em sua grande maioria no
suporte impresso (livros) e também não impresso. Quando pensamos nas coleções boa
parte dela, ou mesmo, a maior parte dela são os livros. O bibliotecário é o principal
responsável por conduzir e orientar todo esse processo.

A seleção dos livros, mesmo que haja uma comissão de especialistas representando
as mais diversas áreas da comunidade e também os usuários do assunto o bibliotecário
deve seguir certos princípios orientadores e teorias para a seleção de livros.

Podemos identificar abaixo um quadro com princípios propostos por alguns dos
maiores defensores do campo da Biblioteconomia:

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Autores Princípios
Francis Drury Princípio de seleção de livros de Drury 1930: declarou o
princípio de que segundo ele, o objetivo da seleção de livros é
fornecer o livro certo para o leitor certo no momento certo.
Melvil Dewey Princípio de seleção de livros de Dewey 1876: afirmou que,
os livros selecionados para uma biblioteca devem ser a melhor
leitura para o maior número com o menor custo.
Lionel McColvin Princípios de McColvin: apresentou sua teoria para a seleção
de livros em bibliotecas públicas. Seu princípio baseava-se na teoria
da oferta e demanda de seleção de livros. Sua teoria enfatiza que
devem ser selecionados somente os documentos que são
exigidos pelos usuários para suas necessidades e requisitos
específicos. A demanda deve ser avaliada pelo bibliotecário com
base em seu valor, volume e variedade.
S.R. Ranganathan Princípios de Ranganathan: Os princípios da seleção de
livros foram declarados em 1952. Considerados as cinco leis da
Biblioteconomia.
1. Livros são para uso: apenas devem ser selecionados aqueles
documentos que sejam amplamente úteis para os usuários de
uma determinada biblioteca.
2. Cada leitor seu livro: Isso implica que as necessidades dos
usuários são as principais considerações na seleção do livro.
3. Para cada livro seu leitor: A lei determina que cada leitor na
biblioteca deve obter livros como e quando necessário.
4. Economize tempo do leitor: A implicação desta lei é que os
livros devem ser selecionados antecipando-se à demanda dos
leitores e devem ser processados e enviados às estantes para
economizar tempo dos leitores.
5. A biblioteca é um organismo em crescimento: Isso implica
que a biblioteca deve cuidar da eliminação e a coleção existente
deve ser dividida em duas partes com base no seu uso, ou seja,
coleção ativa e coleção passiva.

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1.2.3 O que preciso para escrever uma política de desenvolvimento de coleção?


Abaixo uma diretriz com uma estrutura mínima para elaboração de um documento
da Política de Desenvolvimento de Coleções – PDC.

Estrutura mínima para a documentação


da Política de Desenvolvimento de
coleções – PDC

Missão Documentar bem a missão da biblioteca


Objetivos com a missão institucional e seus
Contexto institucional objetivos. Levar em consideração
Outras documentações regimentos e portarias relativas a tipologia
de instituição se refere (publica, privada,
mista etc.).

Definindo os usuários Pautar com base em estudo de usuários.


Categorias de usuário
Políticas de acesso e empréstimo

Definindo a coleção Caso haja um acervo pré-existente fazer


Escopo da coleção avaliação do mesmo para bem definir o
Formatos de coleção que se pretende. Caso não desenhe o
escopo do que se pretende com a
coleção.

Selecionando os materiais da coleção Documentar bem os critérios utilizados


Critério de seleção para a seleção e não esquecer da
Processos de Seleção comissão e o processo de composição da
comissão.

Manutenção e Avaliação da Coleção Assim como nas outras partes do


• Desbaste (Descarte) documento se atentar para a missão e
• Substituição tipologia institucional porque a política de
• Doação descarte de uma instituição pública, onde
• Avaliação da coleção o livro é considerado um material
permanente terá outros critérios para o
descarte que uma instituição particular.

• Alguns Exemplos de políticas de desenvolvimento de coleções.

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1.2.4 Técnicas e procedimentos de desenvolvimento de coleção


Dentre as técnicas adotadas para o desenvolvimento do acervo está o procedimento
de identificar os tipos de documentos que devem ser adquiridos. É necessário identificar o
valor do orçamento destinado para tal fim e desenhar as várias características aplicadas
aos tipos de documentos como: publicações convencionais e não convencionais, de
referência geral, básicas e especiais, nativas (em língua materna) ou somente em línguas
estrangeiras.

Uma vez que os tipos de documentos a serem selecionados são conhecidos, o


próximo passo é descobrir os níveis de seleção.

Importante que o bibliotecário tenha conhecimento das diretrizes disponíveis que


estão na literatura e faça uso delas para este processo, uma delas é a diretriz da American
Library Association – ALA http://www.ala.org/tools/guidelines/standardsguidelines que
descreve cinco níveis de desenvolvimento: nível abrangente, nível de pesquisa, nível de
estudo, nível básico e nível mínimo.

Os critérios de seleção para os livros e outros materiais estarão organizados quanto


a tipologia como: livros, livros de referência, livros didáticos, materiais de ficção, não ficção,
e não livros (importante ressaltar que tem bibliotecas que possuem acervos dos mais
variados) e o bibliotecário deve ter muito cuidado ao selecionar e incorporar todos esses
itens.

https://www.cedem.unesp.br/#!/apresentacao/politica-de-desenvolvimento-
de-colecoes-e-aquisicao-de-acervos/
https://www.udesc.br/arquivos/udesc/documentos/0_32296200_14763840
77.pdf
https://www.fespsp.org.br/store/file_source/FESPSP/Documentos/PDC-
FESPSP.pdf
http://biblioteca.fecap.br/wp-content/uploads/2012/08/Pol%C3%ADtica-de-
cole%C3%A7%C3%B5es-Atual.pdf
http://www.uel.br/bc/home/pages/arquivos/Aquisicao/Politica_Desenvolvi
mento_Colecoes_SBUEL_2018.pdf
http://portal.inep.gov.br/politica-de-desenvolvimento-de-colecoes
file:///C:/Users/Usager/Downloads/Politica_desenvolvimento_colecoes.pdf

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Importante levar em consideração na seleção dos livros, critérios desempenham um


papel importante como de autoridade do autor e do editor, a apresentação do conteúdo, o
valor da biblioteca e o preço. Enquanto que para a seleção de um livro de referência é saber
o valor bibliográfico do documento e se complementa ou não a coleção existente.

As práticas desempenhadas pelo bibliotecário quanto a critérios de seleção para um


livro didático, é verificar a aplicabilidade ao curso de estudo, vocabulário e índice analítico,
juntamente com outras características físicas do documento. Ao selecionar um título de
ficção, o bibliotecário deve enfatizar a popularidade do autor, o estilo da obra e a crítica do
revisor. A seleção de não-ficções deve ser baseada na exatidão e nas credenciais do autor,
juntamente com o escopo e autenticidade do livro.

No caso de selecionar materiais não contidos em livros e oferta-los para empréstimo


também conhecido como Biblioteca das Coisas, e tarefa complexa, pois é necessário
verificar a autenticidade, adequação, escopo, interesse, organização, aspectos técnicos,
recursos especiais e características físicas do material.

A Biblioteca das coisas – que consiste no empréstimo de materiais não


bibliográficos aos alunos tem aspectos dos mais variados e tem claro total
conexão com o perfil e missão institucional e com os cursos ofertados por
exemplo: Curso de Moda (tecido, croqui, roupas, chapéus sapatos) importante
que elementos do aprendizado e do ensino estejam disponíveis a comunidade.
Um outro exemplo seria um curso de Gastronomia (que pode dispor de uma
biblioteca de temperos), os Curso técnicos (Ferramentas, calculadoras e
acessórios).

A política de seleção de material deve seguir instruções dos bibliotecários e


seguidas de informações adicionais a saber:

• Conhecer sobre o material de pesquisa, pois a aquisição de livros estrangeiros tem


um custo muito alto e pode somente nessa modalidade consumir todo orçamento
disponível.
• Cuidar para que os livros de referência essenciais estejam contemplados.
• Priorizar as edições atuais sempre as últimas edições (garantir um acervo atualizado)

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• Examinar o número suficiente de exemplares a serem adquiridas (equilíbrio).


• Garantir que os títulos populares possam ser adquiridos.
• A aquisição de livros raros ou clássicos de determinadas áreas devem estar na
política de seleção
• Deve conter critérios para os devidos procedimentos de substituição ou mesmo
aquisição das publicações esgotadas (sebo) que são imprescindíveis.
• Deve cuidar para contemplar materiais que não sejam de livros de acordo com os
requisitos dos usuários e do curso.

1.2.5 Comissão ou Comitê para os assuntos de Biblioteca


O comitê ou comissão de biblioteca deve estar configurado (membros) no regimento
interno da biblioteca e ter definido se o mesmo será um órgão meramente consultivo ou
deliberativo, e no caso de deliberar ter um equilíbrio dos votantes.

O órgão formalmente constituído é muito importante na governança de uma


biblioteca, pois de acordo com sua constituição pode contribuir de maneira significativa e
eficaz quanto da seleção da coleção. Em uma configuração universitária, o comitê de
biblioteca é o órgão do conselho executivo ou conselho acadêmico. As funções de um
comitê podem ser as seguintes:

• Formular política para o desenvolvimento de recursos para a biblioteca,


• Aconselhar na alocação de orçamento,
• Desenvolver um programa de serviços de biblioteca para o interesse da comunidade,
• Garantir a comunicação entre a coordenação de biblioteca e os vários
departamentos,
• Estabelecer políticas amplas.

Um comitê de biblioteca é um recurso comum nas bibliotecas acadêmicas e muito


utilizado em todo o mundo, porque amplia de maneira significativa o desenvolvimento não
somente das coleções, mas da biblioteca como um todo. É atribuído como consultivo, e não
administrativo. No entanto, as políticas aprovadas pelo comitê da biblioteca estão sujeitas
à aprovação pela direção e pela comunidade.

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Os membros do comitê de biblioteca são principalmente aqueles que estão


diretamente envolvidos com os serviços da biblioteca, o bibliotecário e da administração e
organização da instituição e de seus departamentos. O Comitê da Biblioteca:

• Atua como uma agência intermediária entre a biblioteca e a comunidade,


• Serve como um intérprete dos requisitos e necessidades da comunidade,
• intermedia por mais recursos financeiros demonstrando junto com o bibliotecário as
necessidades,
• Ajuda na seleção e aquisição de livros, periódicos e outros materiais e na formulação
de diretrizes políticas,
• Aconselha a melhoria necessária no serviço do usuário,
• Aconselha para cooperação em rede de bibliotecas,
• Estabelece junto com o bibliotecário a política de descarte de livros,

O comitê de biblioteca atua como consultor e formula as políticas da biblioteca em


cooperação com o Bibliotecário para o desenvolvimento e sucesso no ensino superior e da
pesquisa.

1.2.6 Orçamentos na biblioteca


Esse é sempre um tema muito polêmico e controverso. Existem muitas instituições
que possuem recursos fixos dedicados ao desenvolvimento das Bibliotecas e outras que
não possuem orçamento algum para esse fim.

A visão da gestão institucional quanto a esse assunto é que alguns gestores


entendem o orçamento como gastos e outros como investimento.

Diante disso o bibliotecário deve depender da organização e de suas instâncias para


receber aporte orçamentário para colocar em prática a política e consequentemente o
desenvolvimento de coleção. Nessa administração dos recursos financeiros o bibliotecário
depende hierarquicamente da alta gestão institucional para a liberação do orçamento.

A biblioteca que conta com orçamento fixo espontâneo sem ter que todas as
necessidades de desenvolvimento da coleção buscar recursos (demanda induzida)

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conseguem com verba adequada, desempenhar um crescimento contínuo adequado, já dá


outra maneira existem anos que não há nenhum investimento.

Quando a necessidade de corte orçamentário a biblioteca se torna a primeira a


enfrentar tal situação. O orçamento da biblioteca pode ser planejado e os recursos podem
ser advindos de várias fontes, como projetos e investimentos advindos de outras formas
que não a receita institucional.

O impacto orçamentário também recai sobre o custo com pessoal e também com a
quantidade de pessoas alocadas na equipe das bibliotecas. O orçamento impacta de forma
considerável o bom desempenho de todo sistema da biblioteca, quanto mais o
desenvolvimento de coleções.

Um bom plano orçamentário contempla a compra de materiais de biblioteca, artigos


de papelaria, orçamento encadernação e claro novas aquisições, mas a manutenção de
tudo que já tenha sido adquirido.

Uma vez que o orçamento da biblioteca é alocado, torna-se responsabilidade do


bibliotecário fazer uma boa gestão do orçamento em diferentes áreas, como compra de
livros, periódicos, material não-livro e o próprio mobiliário da biblioteca, sem deixar de lado
provisões para encadernação, restauro e contingência.

A alocação orçamentária para compra de livros varia de biblioteca para biblioteca e


também com relação a área do conhecimento que se pretende adquirir os livros. Existem
áreas onde os custos das obras são 10 vezes mais caros do que outras, então dividir o
orçamento em partes iguais entra as bibliotecas pode causar vantagem e desvantagens
entre elas.

Existe também uma forma de distribuição orçamentária que ocorre muito nas
bibliotecas universitárias que é a disponibilidade do orçamento por diferentes
departamentos e estes parametrizam os gastos de acordo com suas necessidades
informacionais.

Esse modelo utilizado para distribuição do orçamento por departamentos funciona


com a nomeação de um membro para a seleção dos materiais da biblioteca e o membro

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nomeado atua como elemento de ligação entre outros membros do corpo docente do
departamento e a biblioteca.

O orçamento deve ser administrado de forma meticulosamente, e cada instituição


tem que encontrar o melhor modelo que garanta de fato uma boa empregabilidade dos
recursos sem desperdícios e de sustentabilidade para o crescimento e desenvolvimento
das coleções.

1.2.7 Fornecedores
Importante contar com o contato e acesso a uma lista diversificada de fornecedores
e editores. Ter conhecimento do que cada um tem para oferecer em sua opção de produtos
e o que podem ofertar.

Sem dúvida o plano de negócio que cada um pode ofertar deve ser consultado
sempre e com antecedência pelo o Bibliotecário para que possa juntamente com o comitê
de biblioteca possa tomar melhores decisões em suas aquisições.

Uma estratégia é uma consulta prévia as livrarias virtuais na internet obtendo sempre
pelos três orçamentos para que sempre tenha uma média de custo de cada item e também
da lista inteira e até por partes e especialidades para que possa negociar junto aos
fornecedores sempre um melhor preço.

1.2.8 Subcomitês
Os subcomitês podem e devem ser constituídos sempre que necessário para a
seleção, avaliação e retirada de livros da biblioteca. Esses subcomitês apoiam todo o plano
e o processo de desenvolvimento da coleção em atuações especificas (especialidades) e
também preparam juntamente com o bibliotecário a política de aquisição. Contar com o
apoio dos membros do subcomitê para auxiliar na implementação do mesmo é fundamental
para o sucesso na cooperação com o bibliotecário e o pessoal da biblioteca.

Formação e Desenvolvimento de Coleção, Políticas e Preservação


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1.2.9 Materiais não contidos em livros


Uma biblioteca hoje não se limita somente a organizar e disponibilizar livros.
Chamada biblioteca das coisas ela organiza e disponibiliza aos seus usuários todos os
recursos necessários para o desenvolvimento e aprendizado de seus usuários.

Além dos livros é comum na Biblioteca ter materiais com vários tipos de
características físicas, como folhetos, materiais cartográficos, materiais gráficos, materiais
audiovisuais, materiais em mídia eletrônica e assim por diante.

Os materiais da biblioteca em várias formas físicas precisam ser coletados pelas


bibliotecas de acordo com os seus requisitos. A seleção desse tipo de material também
deve ser feita com base na demanda e especificações solicitadas por seus usuários.

Os princípios da seleção precisam ser baseados na autoridade, precisão, eficácia da


apresentação, utilidade para um propósito específico e assim por diante.

O tipo específico de material é escolhido para um determinado tipo de propósito e


para a apresentação de um determinado tópico. Exemplo uma biblioteca para a faculdade
de música que irá disponibilizar os mais variados instrumentos musicais para as atividades
de estudo de seus usuários, como descrevemos em tópicos anteriores o Bibliotecário
contará com o apoio do comitê de especialista para melhor descrever, selecionar e adquirir
esses materiais.

A seleção e aquisição de materiais que não sejam de livros dependem de fatores


como o tipo de biblioteca e a sua comunidade usuária. Deve haver uma política de
desenvolvimento de coleção para os materiais que não sejam livros. Além dos tradicionais
materiais não-livros, a biblioteca tem iniciativa para o desenvolvimento de coleções digitais
que terá uma seção sobre essa modalidade.

1.2.10 Publicações periódicas


Conhecidos como periódicos científicos ou Journals são materiais imprescindíveis
para as bibliotecas de pesquisa e também de instituições que ofertam cursos de pós-
graduação e de pesquisa. A comunicação da ciência especializada informa de forma rápida
suas descobertas em formatos de artigo cientifico que estão nesses periódicos.

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São chamados de periódicos porque todo tem uma periodicidade (intervalos


regulares), portanto a biblioteca terá que manter uma assinatura perene para que o
pesquisador tenha total acesso sempre.

Existem bibliotecas que seu acervo de maior desenvolvimento são as publicações


periódicas e onde o aporte orçamentário será fixo para a manutenção dessa coleção
especializada por que são de caráter continuo. Exemplo é uma biblioteca médica essa área
do conhecimento publica toda as suas descobertas de forma rápida em periódicos
especializados.

Os critérios qualitativos devem ser seguidos durante o processo de seleção. Os


bibliotecários enfrentam diferentes tipos de problemas durante as diferentes etapas de
aquisição, como seleção, pedido e recebimento. A seção recebe muita demanda para
aquisição de diferentes títulos em diferentes áreas centrais pertencentes a diferentes
assuntos.

Como resultado, a seção enfrenta dificuldades financeiras. Por outro lado, os


periódicos são a fonte mais importante de informação, pois contém as informações mais
recentes na forma de resultados de pesquisas, relatórios de pesquisas e relatórios de
estudos de campo, etc.

Isso atua como a fonte primária para os pesquisadores acadêmicos. Mas os preços
das assinaturas dos periódicos estão sempre aumentando devido ao aumento do preço do
papel, impressão etc.

As características de mudança dos periódicos são mudança no título, fusão de títulos


questões etc. As piores situações são o aumento do anual orçamento, aumento do custo
da rúpia para moeda estrangeira, demanda por mais títulos por parte dos leitores, lacuna
na oferta no recebimento das edições por motivos diversos, perda em trânsito e não
recebimento de reposição de edições perdidas.

O bibliotecário da seção de periódicos deve ser atento quanto em alguns aspectos


como:
• Alocação de verba para novas aquisições de títulos e continuidade dos já
existentes,

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• Preparar e manter a lista de assinaturas atualizada e sempre fazer revisões


periódicas,
• Procurar fazer o pedido direto ao editor para não encarecer o processo,
• Desenvolver caso haja oportunidade a permuta com outras instituições.

Claro que em qualquer processo existe vantagens e desvantagens em ambos os


sistemas. Porém, é melhor escolher sempre os formatos de aquisição que permita sempre
economia ao orçamento para que possa manter e ampliar sempre que possível atendendo
a mais pedidos de seus usuários e anseios de sua comunidade.

Estar atento as formalidades administrativas de acordo com os processos requeridos


por sua instituição, após finalização sempre pedir o desconto comercial, calcular despesas
de entrega e postagem e suas opções de taxas por via terrestre ou aérea, taxas de
conversão para moedas estrangeiras, garantia de reposição de emissões não recebidas ou
devolução do custo dos fascículos não fornecidos, acesso a periódicos online gratuito ou
não.

1.2.11 Materiais gráficos e cartográficos


Essa categoria de materiais gráficos são os documentos disponível na biblioteca
como recurso visual e incluem: ilustrações, cartões pictóricos, fotografias, gravuras,
representações pictóricas e descrições visuais. Gráficos, planos, slides e outras
representações visuais também podem ser agrupados nesta categoria.

Eles complementam os materiais de leitura para o avanço da aprendizagem. Os


materiais incluem: globos, mapas, atlas etc. Um globo é uma representação física da Terra,
enquanto os mapas podem ser divididos em finalidades físicas, políticas e especiais (que
representam assuntos específicos). Um mapa é o mais importante para o tema que
representa.

Outros
Os materiais de leitura que não são livros devem seguir os critérios para avaliação
de materiais considerando: relevância para as necessidades e requisitos do grupo de
usuários.

Formação e Desenvolvimento de Coleção, Políticas e Preservação


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1.3 Desenvolvimento de coleções eletrônicas


O foco do desenvolvimento de coleções tem acompanhado toda a mudança dos
conteúdos que antes encontravam – se somente disponível em formato ou suporte de papel
e que agora com as novas tecnologias e mudanças de paradigmas muitos encontram – se
nos dois formatos e muitos migraram para somente no formato digital online.

Essa mudança na construção de coleções locais para empreendimentos de bases


de dados, periódicos científicos, plataformas de livros digitais.

Na era digital, os bibliotecários mudaram seu papel e agora eles devem atuar como
mediadores da informação atuando como intermediador de acesso a informação seja digital
ou em papel.

Portanto o valor agregado que os bibliotecários podem contribuir aos sistemas de


organização, recuperação e acesso é imprescindível. Encontrar solução como consórcio de
assinatura de periódicos, implantar e manter os repositórios institucionais nas instituições
tornou-se um dos maiores desafios para os profissionais de bibliotecários.

A aquisição de base de dados bibliográficas em formato on-line tornou-se parte do


desenvolvimento de coleção em ambiente eletrônico. Importante mencionar plataformas
com livros totalmente em formato digital.

No ambiente eletrônico, os sistemas baseados em computador apresentam as


vantagens de acesso a bancos de dados externos que podem ser explorados. O acesso
bibliográfico ao acervo de uma biblioteca individual, sobre um assunto específico ou o
acesso ao catálogo.

Os bibliotecários têm que se preparar e se adaptar a essas novas mudanças. No


entanto, existem muitos desafios e novos custos no gerenciamento eletrônico de
documentos em formato digital como: sistemas de aquisição e preservação, obsolescência
tecnológica, não compatibilidade da cultura organizacional com o ambiente digital,
resistência à mudança, certificação e verificação da confiabilidade e autenticidade das
informações digitais, controle de copyright.

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A necessidade de investimento em sistemas e máquinas capazes de suportar toda


informação armazenada, internet veloz e ao mesmo tempo preocupar-se com a
preservação, além do que tudo esteja acessível e compatível.

1.3.1 O formato digital e os repositórios institucionais


Repositórios institucionais grandes bibliotecas em formato digital que organiza e
disponibiliza em acesso aberto toda a produção intelectual de uma instituição. Uma missão
depositada neste formato, mas que também precisa ser pensado como uma grande coleção
que deve ser organizada e desenvolvida de forma continua.

O desenvolvimento de coleções na construção de repositórios institucionais tem sido


uma nova solução para os bibliotecários no gerenciamento dessas coleções que agora são
depositadas em meio digital. Da mesma forma que as bibliotecas tiveram que repensar
suas coleções em relação a missão institucional e as necessidades de seus usuários, o
repositório também tem sido moldado por esses processos. Portanto os repositórios não
podem ser como as antigas bibliotecas que armazenavam tudo sem uma política.

Adotar um conjunto de critérios, estratégias e metas para coleta, seleção, descarte


etc. dos objetos de informação que pretende incorporar à sua coleção, de forma dinâmica
e constante – Política do que será armazenado sem esquecer que deverá ser preservado.

Por mais que pareça simples e de maior facilidade por estar em meio digital tem as
mesmas preocupações que a coleção de papel, também necessita de tratamento
(metadados), espaço em máquina, de equipamentos suficiente para um bom acesso e
também para armazenar, e claro dos processos de seleção, armazenamento, tratamento
da informação.

Os processos que tomamos como diretrizes também adotamos para o meio digital:
análise e estudo da comunidade a ser atendida, estudo do acervo existente seus pontos
fortes e fracos; definição das metas de desenvolvimento deste acervo; estudo e
planejamento quanto à conservação e preservação de forma que aqui esse item será
guardar para sempre ou para que futuras gerações consigam acessar todo esse conteúdo
da mesma forma que fazia a quem sabe 50 ou 100 anos atrás.

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Desafios como o que relatamos quanto a preservação é apenas um deles temos


também: definição dos tipos de materiais que serão incluídos no acervo; atenção para os
problemas legais, de direito autoral, licenças de uso, preocupação com aspectos
relacionados à censura, à liberdade de expressão e intelectual e com minorias sociais;
avaliação do acervo (veracidade, plágio, similaridade); definição de critérios de descarte e
manutenção.

Os critérios gerais adotados para todo e qualquer tipo de material em uma unidade
de informação são semelhantes, incluindo os recursos eletrônicos.

Considerações finais sobre o desenvolvimento de coleções


Todos os esforços empreendidos com o desenvolvimento de coleções se todos
equipe, direção e usuários estiverem alinhados nessa direção. Porque para o
sucesso deste processo é necessário o envolvimento de todos.

Sem os usuários não há justificativa para a existência de uma biblioteca,


quanto mais uma coleção, portanto o usuário é sempre seu objetivo principal.
Ele demandará sempre solicitações e suas necessidades.
O bibliotecário desempenha um papel fundamental para que depois de
formado um acervo e uma política para o desenvolvimento, o uso desse
material seja de fato efetivo e eficiente.

A organização e manutenção dos materiais desempenham um papel


importante, isso é tarefa árdua de toda a equipe de biblioteca.
É preciso o conhecimento especializado, técnico e claro das novas tecnologias
para cumprir os objetivos de compartilhamento de recursos e gerenciamento
cooperativo de coleções e em rede. A eficiência dos serviços de biblioteca atrai
cada vez mais leitores e os recursos de biblioteca.

Os desafios do desenvolvimento de coleção para a equipe de desenvolvimento


deve ser responder às necessidades totais da comunidade, não apenas aos
usuários atuais ou mais ativos, deve ser feito de forma participativa.
O desenvolvimento de coleções não é algo que se aprende lendo. Somente
através da prática, alguém pode se tornar um especialista.

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1.3.2 Diretrizes rápidas e práticas para se começar um desenvolvimento de coleções em


bibliotecas.

• Comece com as remoções – isso fará com que você conheça o seu acervo de forma
mais profunda e saber o que ele tem de melhor (pontos fortes) e o que tem de pior
(pontos fracos). Retire tudo que potencialmente limite a sua coleção. Principalmente
coleções que são desatualizadas.
• Estabeleça prioridades. Determine as coleções que são mais importantes para seus
usuários e sua comunidade.
• Analise as estatísticas de circulação de suas coleções – isso auxilia muito para a
identificação dos livros intocáveis e também daqueles de muito uso.
• Identifique se há disponível alguma política de desenvolvimento de coleção ou
planos estratégicos disponíveis na sua instituição. Caso não haja você terá que
desenvolver um.
• Examine a condição física - decida se eles precisam ser substituídos ou
retirados. Considere os clássicos para uma restauração. Observe a conservação e
estado de seu acervo quanto a infestações.
• Conheça o seu orçamento para aquisição de novos materiais. Fique dentro do
orçamento o máximo que puder. Planeje de forma eficiente o gasto para que a
coleção se desenvolva de forma equilibrada.
• Procure novas formas de financiamento para o desenvolvimento de sua coleção do
que somente o orçamento fixo oferecido pela instituição. Doações, permutas, ou
seja, outras estratégias que não somente aquisição.
• Mostre sempre ao seu superior ou diretor suas ótimas estatísticas de circulação.
• Conheça seu usuário. Aplique um bom estudo de usuário.
• Crie relatórios que mostram suas maiores demandas. Compre
imediatamente. Lembre-se de que não estamos apenas construindo
coleções estamos atendendo às necessidades do nosso usuário.
• Pode ser necessário equilibrar as coleções, talvez em uma área de assunto
negligenciada ou que sua biblioteca tenha perdido completamente.
• Dissemine sempre sua coleção. Procure formas atraentes de conquistar seu usuário.

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2. PRESERVAÇÃO
Preservação
Do papel ao digital sempre teremos que preservar.

Introdução
Importante saber que os livros e documentos são constituídos (feitos) de matérias-
primas orgânicas principalmente fibras vegetais e pele animal. Entendendo isso é fácil
perceber que está propenso a degeneração e decomposição devido as condições
ambientais e também por pragas (CASSARES, 2000).

As pragas biológicas como fungos, insetos e roedores também são ameaças


constantes a matéria prima dos livros e documentos.

A má qualidade das matérias-primas, especialmente o papel feito da polpa de


madeira moída, o uso de tamanhos de resina de alúmen ou o curtimento inadequado de
couros de encadernação de livros, tem acelerado esses problemas.

A preservação de livros, manuscritos ou outros artefatos escritos ou impressos em


papel ou velino não pode ser comparado à preservação de objetos de museu ou obras de
arte. Ao contrário deste último, os livros e os documentos são fontes vitais de informação e
não pode ser conservado e armazenado em um local ideal e ambiente seguro somente
para deter sua decadência (CASSARES, 2000)

Eles são feitos para serem usados, lidos e estudados e isso requer que sejam
acessíveis para os usuários e significa que eles estarão sujeitos ao manuseio. Qualquer
forma de uso irá acelerar a deterioração do item e, em última instância, sua destruição se
a intervenção não ocorrer.

A preservação deveria ser uma das principais prioridades da Biblioteca e deveria


também ser pensada desde a sua constituição, ou seja, com o desenvolvimento de uma
coleção e sua política é necessário que nasça conjuntamente uma política de preservação.

As maiores bibliotecas do mundo e um exemplo delas a Biblioteca do Congresso


Americano https://loc.gov/ a preservação da coleção é realizada por meio de uma ampla
gama de atividades distribuídas pela Biblioteca e que podem e devem ser consideradas
também por bibliotecas menores ainda que não em sua totalidade.

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Afinal o que é preservar?


Preservar é cuidar é conservar manter em bom estado, sem o máximo possível de
alterações químicas, físicas e evolutivas do tempo.

Preservar é garantir a integridade daquilo que se pretende guardar. Defender


de um dano ou ainda da destruição e para isso promover a conservação. Não
é guardar somente é garantir que durante muitos anos e até em gerações
futuras poderão ter acesso aquela informação.

Conservar para não restaurar


A conservação é um conjunto de procedimentos práticos e preventivos que tem por
objetivo melhorar o estado físico do suporte, aumentar sua permanência e prolongar-lhe a
vida útil. A preservação é direcionada para a elaboração de políticas, oferecendo subsídios
para que o documento permaneça em condições físicas de utilização, considerando a
adequação do ambiente, da armazenagem e do acesso (ARRUDA, 2016).

2.1 A deterioração papel: alguns fatos e conhecimentos essenciais


A deterioração do papel é um problema, porém as pesquisas científicas tornaram
isso não mais um mistério. A estratégia de preservação de materiais em papel envolve
fatores como: COMPOSIÇÃO DO PAPEL: aspectos quimicos e fisicos, bem como
ambiental precisam ser levados em consideração.

Como toda descoberta cientifica tudo começa com uma pergunta que geralmente é
advinda do dia, dia e das dificuldades enfrentadas pelo profissional que busca solução para
a sua realidade. Vejam algumas perguntas que os especialistas fizeram:

“Por que o papel com 500 anos costuma estar em melhores condições do que
o papel de 50 anos atrás? ”

Ao observar bibliotecas com maior número de anos de existência e também por


possuírem em suas coleções obras com sua temporalidade mais antiga e mais nova fez

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com que esses procurassem respostas para essa pergunta “o que faz com que alguns
papéis se deteriorem rapidamente e outros se deteriorem de forma mais lenta afinal?

Com isso temos disponível respostas que auxiliam os bibliotecários a tomarem as


medidas preventivas no tratamento de seus acervos já no início do desenvolvimento de sua
coleção (SHAHANI, 2002). Sabemos que:
• A taxa e a gravidade da deterioração resultam de fatores internos e externos: o mais
importante, a composição do papel e as condições em que o papel é armazenado.
• O papel é feito de celulose - uma cadeia repetitiva de moléculas de glicose - derivada
das paredes das células vegetais. Uma medida da qualidade do papel é o
comprimento das cadeias de celulose e, subsequentemente, das fibras de papel:
o papel de fibra longa é mais forte, mais flexível e durável do que o papel de fibra
curta.
• Na presença de umidade, ácidos do ambiente (por exemplo, poluição do ar,
invólucros de baixa qualidade) ou de dentro do papel (por exemplo, das matérias-
primas, processo de fabricação, produtos de deterioração), repetidamente cortam as
cadeias de glicose em comprimentos mais curtos. Esta reação de hidrólise ácida
produz mais ácidos, alimentando ainda mais a degradação contínua.

A história nos conta que antes de meados do século 19, o papel ocidental era
feito de trapos de algodão e linho e por um processo que preservava em
grande parte as fibras longas da matéria-prima. Embora as fibras possam
encurtar com o tempo, os papéis de pano tendem a permanecer fortes e
duráveis, especialmente se forem armazenados de forma adequada em
condições não excessivamente quentes ou úmidas.

A madeira substituiu os trapos em meados do século 19, e como matéria-prima para


a fabricação de papel a madeira se consolidou. A madeira é processada em papel por
polpação mecânica ou química, que produz papel com fibras mais curtas (em comparação
com o papel de trapo).

A polpa mecânica produz papel com o menor comprimento de fibra e não remove a
lignina da madeira, o que promove a hidrólise ácida. Os jornais são impressos em papel
de pasta mecânica. A polpação química remove a lignina e não corta as cadeias de celulose

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tão completamente quanto a polpação mecânica, produzindo um papel comparativamente


mais forte, mas que ainda não é tão durável quanto o papel de pano.

Conservação preventiva em bibliotecas e arquivos. Realização: Arquivo


Nacional. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=eIBwDPyxldo

¿Como se hace el papel? Realização: Discovery


http://www.youtube.com/watch?v=EMVxNPO3uHgtexto

As descobertas na década de 80 que o papel de celulose anterior também tende a


ser ácido devido ao encolamento de breu-alúmen (adicionado ao papel para reduzir a
absorvência e minimizar o sangramento das tintas), que, na presença de umidade, gera
ácido sulfúrico.

Os ácidos também se formam no papel pela absorção de poluentes - principalmente


óxidos de enxofre e nitrogênio. Folhas de livro que são mais marrons e quebradiças nas
bordas do que no centro ilustram claramente essa absorção de poluentes do ar.

Em uma pesquisa realizada pela Biblioteca do Congresso Americano considerada uma


das maiores do mundo, demonstrou que a própria celulose gera ácidos à medida que
envelhece, incluindo os ácidos fórmico, acético, lático e oxálico. Observou-se que
quantidades mensuráveis desses ácidos se formaram em condições ambientais semanas
após a fabricação do papel. Além disso, o papel não libera prontamente esses ácidos devido
à forte ligação intermolecular. Isso explica por que os papéis com pH neutro se tornam cada
vez mais ácidos à medida que envelhecem.

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• Os ácidos também se formam no papel alcalino, mas podem ser neutralizados pela
reserva alcalina.
• Além da hidrólise ácida, o papel é suscetível à degradação fotolítica (danos pela luz)
e oxidativa.
• A fotodegradação parece progredir mais severa e rapidamente em papéis de
qualidade inferior.
• O papel da degradação oxidativa parece limitado em comparação com a hidrólise
ácida, exceto na presença de poluentes de óxido de nitrogênio.
• De modo geral, o papel de boa qualidade armazenado em boas condições
(temperaturas mais baixas; 30-40% de umidade relativa) pode durar muito tempo - até
centenas de anos.

Testes de envelhecimento acelerado ou artificial


Pode-se observar prontamente que papéis de centenas de anos atrás muitas vezes
ainda estão em boas condições e que papéis de nem mesmo 30 anos atrás são
freqüentemente quebradiços ou talvez até mesmo inutilizáveis. Para não confiar na
observação anedótica, os cientistas desenvolveram métodos experimentais conhecidos
como envelhecimento acelerado ou artificial para coletar dados durante semanas ou
meses sobre como os materiais podem envelhecer ao longo de anos ou décadas
(SHAHANI, 2002).

• Os testes de envelhecimento artificial ou acelerado para papel estão em constante


evolução e são vistos como mais ou menos significativos, dependendo dos
parâmetros do teste e das informações buscadas nos dados.
• O US National Bureau of Standards, agora Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia,
realizou testes de envelhecimento precoce em papel nas décadas de 1920-1930, que
envolviam a indução do envelhecimento com temperaturas elevadas. Na década de
1940, William Barrow usou métodos de envelhecimento em temperatura elevada para
projetar a vida útil das amostras de papel. Desde então, as previsões de Barrow
provaram ser errôneas e ilustram a importância dos parâmetros do teste e das
questões de enquadramento apropriadas ao design do teste.
• Hoje, os testes de envelhecimento artificial combinam temperaturas elevadas e
umidade elevada, reconhecendo o papel essencial que a umidade desempenha na
hidrólise ácida do papel.

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• Um esforço de pesquisa de cinco anos concluído em 2000 na Biblioteca do Congresso


mostrou produtos químicos semelhantes formados durante o envelhecimento natural
e acelerado do papel. Além disso, quando papéis envelhecidos naturalmente foram
subsequentemente submetidos a envelhecimento acelerado em laboratório, os
produtos de degradação do envelhecimento natural simplesmente aumentaram em
concentração em proporções previsíveis; nenhum novo produto de degradação foi
identificado. Esses resultados sugerem que testes de envelhecimento artificial bem
planejados podem fornecer uma boa aproximação do envelhecimento natural e é um
teste válido e confiável para prever a longevidade do papel (SHAHANI, 2002).
• Os testes de envelhecimento artificial mostram que a taxa na qual o papel se degrada
aumenta com o tempo, conforme os produtos de degradação ácida se acumulam no
papel.

Outras experiências e descobertas


• Experimentos com papéis de algodão (veja Henk Porck, "Rate of Paper Degradation")
descobriram que o centro da folha em um livro tende a ser mais fraco do que as bordas
e que o papel encadernado em livros envelhece mais rápido do que folhas soltas de
papel. (Não confundir com a observação de bordas quebradiças que resultam quando
o papel absorve, a partir das bordas, poluentes industriais do ar, que catalisam a
hidrólise ácida.)
• Em outras palavras, a umidade contida no papel contribui para a hidrólise ácida e a
deterioração do papel. Em um ambiente fechado hermeticamente, o papel retém os
produtos de degradação ácidos, que aceleram o envelhecimento.

• Aplicando as descobertas científicas à prática bibliográfica


• Na década de 1980, os fabricantes de papel começaram a adicionar tampões alcalinos
aos papéis de polpa de madeira para uso duradouro e hoje isso é uma prática
comum. Os tampões alcalinos retardam ou previnem a hidrólise ácida neutralizando
os ácidos que atacam as cadeias de celulose. Papéis alcalinos de polpa de madeira
armazenados em boas condições são duradouros. Desde a década de 1990, os livros
publicados nos EUA que estão em conformidade com os padrões de permanência de
papel ANSI / NISO (por exemplo, ANSI / NISO Z39.48 - 1992) provavelmente serão
impressos em papel alcalino de polpa de madeira quimicamente purificado.

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• Papéis alcalinos feitos de polpa de madeira quimicamente purificada (alto alfa


celulose) misturados com algodão também estão disponíveis e são recomendados
para documentos permanentes.
• A vida útil de coleções retrospectivas em papel ácido, mas que ainda são úteis (ou
seja, ainda não quebradiças), pode ser estendida muitas vezes neutralizando ou
removendo os ácidos do papel.
• Neutralizar os ácidos com um agente alcalinizante é uma abordagem que pode ser
dimensionada para lidar com milhões de itens (desacidificação em massa) e é uma
opção para folhas soltas e também para itens encadernados.
• Se o tratamento de desacidificação em massa for realizado enquanto o papel ainda
tem força mensurável significativa, e os itens tratados são armazenados em
condições adequadas, esses itens outrora ácidos devem permanecer em condições
de uso por vários séculos, em vez de se tornarem quebradiços e inutilizáveis em
apenas cinquenta a cem anos.
• Melhorar as condições ambientais de armazenamento, independentemente de o item
poder ser desacidificado, também diminuirá significativamente a taxa de degradação
e aumentará a vida útil dos itens de papel (SHAHANI, 2002).

2.1 Guia de Preservação CUIDADO COM AS CONDIÇÕES ADEQUADAS

Bibliotecários, curadores, arquivistas e conservadores, todos têm o dever


profissional de garantir que os itens dentro de suas coleções sejam mantidos em condições
adequadas para seu uso e seu valor intrínseco.

Os itens significativos devem ser preservados indefinidamente. A nível local,


nacional ou internacional, e será preciso analisar quanto aos recursos para que isso possa
acontecer. Não é possível habilitar todos os itens para serem preservados para a
posteridade. É necessária responsabilidade para determinar uma política para a
preservação. Necessário uma coleta apropriada, definição de metas e objetivos
institucionais, identificar as necessidades dos usuários e o valor dos itens individualmente.

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2.2.1 Diretriz norteadora para a iplementação de uma politica de preservação


As diretrizes para a preparação e implementação de uma política de preservação
inclui aspectos de gestão da coleção que diretamente afetam a preservação dos itens da
coleção e algumas das opções que os curadores devam considerar ao elaborar um
programa de preservação.

Preparar uma política de preservação específica e adequada para adoção em


bibliotecas e arquivos é compilar um conjunto de diretrizes que serão apropriadas em todas
as circunstâncias ou seletivamente de acordo com as necessidades das coleções e
interesses das instituições.

OBJETIVO E ESCOPO DA POLÍTICA


Uma política de preservação é uma declaração de intenção formal de que a gestão
por um determinado período, ou por período indeterminado compromete-se a cumprir o que
foi acordado com a instituição.

Os objetivos e escopo dessa declaração de intenção deverá ser referido durante


processos de planejamento e tomada de decisão. Para ser efetivo, uma política deve estar
sob constante revisão e reavaliação, mudanças no nível de recursos ou os objetivos da
organização, deve-se levar a revisão e atualização para garantir que permaneça realista e
apropriado.

Uma política de preservação deve estar integrada a política geral de gestão de


acervo não deve ser preparada isoladamente. Está deve sempre fazer parte integrante da
política geral para gerenciamento de coleção ou repositório. Deve –se levar em conta as
metas e objetivos da organização, as necessidades dos usuários e o local da coleta ou
repositório dentro de um local, regional, nacional ou mesmo internacional.

O desenvolvimento de uma política de preservação deverá ser baseado em uma


variedade de fatores envolvidos na gestão da coleção ou repositório tais como:
necessidades e prioridades da biblioteca e arquivos, políticas de outras áreas de trabalho
e serviços, como empréstimos, exposições e usuário.

Ao preparar uma política de preservação logo se perceberá que não é possível um


conjunto de condições e procedimentos a serem aplicados a coleção como um todo. A

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maioria das coleções são compostas de grupos ou itens individuais que exigirão condições
e procedimentos apropriados para eles.

Não é possível adotar a mesma política para preservar um livro impresso moderno
e um item exclusivo como um livro raro da coleção.

Os arquivos também deverão traçar diretrizes com algumas distinções entre as


categorias de registros sob seus cuidados, embora todos possam ser classificados em seu
conteúdo. A declaração de política, portanto, reúna um grupo de políticas determinadas de
acordo com o valor e uso de grupos de itens ou itens individuai.

A responsabilidade pela preservação de uma coleção deve ser de toda a equipe. A


equipe deve ter em mãos um conjunto de diretrizes ou procedimentos que sejam
apropriados para suas responsabilidades e práticas de trabalho. Isso pode exigir vários
níveis de instrução na diretriz, cada um projetado para atender às necessidades de
diferentes funcionários com diferentes responsabilidades.

Formulando a Política
A política de preservação deve fazer parte de um conjunto de estratégias de gestão
de uma coleção ou repositório.
A política de gestão definirá três elementos principais:
Nível do material que será adquirido para a coleção;
Levar em conta o custo inicial de compra ou as condições (necessidade
de restauro) que podem estar associadas a este tipo de material quanto a gasto
com infraestrutura adequada ainda que o item seja uma doação, ou troca ou até
mesmo um empréstimo.
Período de tempo que o material será retido na coleção;
Armazenamento e preservação do item ou itens e tem implicações de
custo com base em acomodação, requisitos especiais para armazenamento e /
ou uso e a provável necessidade de trabalho de conservação futuro.
Uso que será feito do material dentro da coleção.
Uso esperado de um item para determinar o tipo de preservação
necessária para garantir sua disponibilidade para os leitores.

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Aquisição, armazenamento, retenção e uso, a política de gerenciamento da coleção


será determinada em relação aos recursos financeiros disponíveis para preservação e a
disponibilidade de instalações e de armazenamento adequadas.

Os fundos (recursos financeiros) para preservação quando disponíveis


espontaneamente definira uma política de gestão de forma isolada, ou se estes não estão
disponíveis deverá se desenvolver uma política de preservação para melhor atender e
também prever os fundos. Usualmente não há recursos suficientes, e a política de
preservação precisará determinar prioridades sem que isso afete a aquisição e retenção a
disponibilidade de itens para uso.

A política provou ser impossível manter todos os itens indefinidamente e alguns terá
que ser descartado após um período definido. Da mesma forma, os itens destinados ao
empréstimo podem ter que se tornar itens de referência ou colocados em acesso fechado
para reduzir desgaste e diminuir a necessidade de conservação.

O principal objetivo de uma política de preservação deve se manter de forma


consistente itens com seus valores definidos. Isso pode exigir a preservação apenas da
parte intelectual do conteúdo ou da informação em um item, ou a preservação do formato
físico de um item, onde tem valor como um artefato e, em alguns casos, exigirá a
preservação do conteúdo e do formato.

O “Valor” será determinado de acordo com o valor intrínseco ou acadêmico: como


uma encadernação, uma edição importante, um item de uma coleção especial ou de
propriedade de uma pessoa eminente, ou pelo valor patrimonial para uma nação, ou pela
utilidade do item para leitores; como a edição mais recente de periódicos procedimentos
para cientistas e engenheiros e histórica; registros para pesquisadores em história, ciências
sociais e humanidades.

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Em termos gerais, uma política de preservação deve definir os objetivos que


uma organização busca alcançar em manter a estrutura e / ou utilidade de sua
coleção para atender às necessidades de seus usuários. Deverá incluir:
Conjunto de padrões para o armazenamento, limpeza e manuseio de material;
Plano de contingência para recuperação de desastres;
Programa de manutenção para limpeza e reparar danos nos Itens;
Prioridades para o tratamento de conservação;
Introdução de substitutos para substituir os originais;
Programa de educação para usuários e funcionários.

O tipo de uso a que uma coleção está sujeita irá influenciar a política de preservação.
Uma coleção fechada com acesso disponível apenas para referência estará sob controle
mais restrito pela equipe. O acesso aberto livremente disponível para empréstimo terá
outros níveis de cuidados, bem como outras resoluções quanto a sua política de
conservação e preservação.

A forma dos materiais, seja livros impressos, mapas de folhas grandes, partituras
musicais ou manuscritos com iluminuras, ajudarão a determinar os programas para seu
armazenamento, acesso e conservação levando em consideração sua estrutura física e
frequência de uso.

O processo de elaboração da política de preservação exigirá uma série de pesquisas


para fornecer as informações factuais das quais uma política pode ser desenvolvida. Isso
incluirá:

Levantamento do edifício
Áreas de armazenamento, para avaliar as condições do ambiente e o estado físico
do armazenamento; fazendo medições de iluminação, temperatura e níveis de umidade,
análise de poeira e ar amostras para avaliar os níveis atmosféricos poluição;
Levantamento das coleções
Identificar áreas de mofo ou infestação de insetos; avaliando a escala de
fragilização do papel nos livros e investigando o tipo e a quantidade de dano físico para
os itens individuais;

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Levantamento das condições gerais dos edifícios para identificar áreas de perigo
potencial de danos à segurança, incêndio ou inundação.

Os bibliotecários e arquivistas não estarão em posição de responder a alguns desses


itens sozinhos precisarão de outros profissionais responsáveis ser capaz de identificar
problemas como as condições gerais dos edifícios (bombeiros, engenheiros, eletricistas,
etc.) retificar alguns dos problemas que podem ter sido encontrados e que precisem de um
laudo mais técnico.

Nos casos especiais em que o ambiente está fora do controle do gestor a correção
ou manutenção, do ambiente físico pode precisar ser tratada fora do âmbito da política de
preservação.

O DOCUMENTO DA POLÍTICA
O documento com a política de preservação deve estar abrangendo uma gama de
programas a serem aplicados a materiais como apropriado. A política incluirá:

• Medidas preventivas para minimizar a taxa de deterioração;


• Rotinas de limpeza para limpar, proteger e estender a vida dos materiais;
• Programas de treinamento de funcionários e usuários para promover e encorajar o
manuseio e transporte corretos de materiais;
• Medidas de segurança e planos de contingência para controle e recuperação de
desastres; medidas de proteção, como boxe, amarração e embalagem, para reduzir
o desgaste dos materiais;
• Programa de substituição para substituir valioso ou originais muito frágeis com
substitutos, como microformas;
• Tratamentos de conservação para reparar danos originais; programas de descarte
de materiais de nenhum outro usar; procedimentos para reprodução de originais;
procedimentos para a exibição de materiais dentro instituição ou enquanto
emprestado a outra organização.

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Medidas Preventivas
O ambiente físico em que os materiais são armazenados terá um efeito significativo
em sua expectativa de vida. Condições ambientais, como temperatura, umidade, poluição
luminosa e poluição, atmosférica podem afetar o ambiente orgânico das matérias primas
dos itens do acervo.

Uma política de preservação deve ter como objetivo alcançar o melhor das condições
possíveis para o armazenamento. No entanto, os recursos financeiros, acomodação e clima
local afetarão a extensão de como estes objetivos podem ser alcançados.

É de importância primordial a manutenção de um meio ambiente estável. Grandes


flutuações das condições ambientais (clima), particularmente a temperatura e umidade,
devem ser evitados. Não deve haver uma diferença significativa entre as condições do dia
e da noite. Os ambientes internos ou o ambiente da área de armazenamento e salas de
leitura devem ter as mesmas condições. As temperaturas devem ser mantidas na faixa de
16°C e 21°C e os níveis de umidade relativa devem estar entre 40% e 60%. Termômetros
e higrômetros https://pt.wikipedia.org/wiki/Higr%C3%B4metro devem ser instalado de
modo que os níveis de temperatura e umidade possam ser registrados e mantidos em um
nível satisfatório.

Importante saber que embora os sistemas de controle, como ar condicionado, sejam


desejáveis para manter as condições ideais, existem medidas que podem ser usadas com
bons resultados se operadas adequada e regularmente pela equipe capacitada. Por
exemplo, usando janelas e ventiladores para garantir uma boa circulação de ar, usando
materiais de isolamento para controlar a temperatura, usando cortinas para restringir a luz,
usando desumidificadores para remover a umidade em áreas de alta umidade.

Há lugares onde a poeira e a sujeira são problemas particulares, janelas e as portas


devem fechar corretamente, sem lacunas para permitir o ar com movimento de dentro para
fora do edifício. As salas onde ocorre esse tipo de cuidado, sendo necessário, os selos de
identificação com os cuidados devem ser colocados como precaução extra, ou ainda as
janelas podem ser lacradas.

A luz pode ser particularmente um aspecto prejudicial para a biblioteca e arquivo, o


cuidado especialmente com a luz ultravioleta de alta energia deve ser considerado. A

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quantidade de luz à qual os itens são expostos deve ser controlada. As áreas de
armazenamento devem ser mantidas escuras e iluminadas somente quando a equipe usa
para localizar materiais e ao término do uso se deve extinguir se logo após o uso. Não
esquecer que a maioria das fontes de luz emitem calor e as temperaturas serão, portanto,
mais altas perto desta fonte de luz.

Os Fotômetros devem ser usados para medir a quantidade de luz natural (luz solar)
ou artificial que incide sobre os itens do acervo ou sobre os vários acervos se assim estiver
distribuído. As cortinas devem ser instaladas nas janelas e os filtros devem ser instalados
ser usado em lâmpadas fluorescentes para reduzir a luz e o calor níveis. Fontes de luz com
um conteúdo ultravioleta de mais de 75 microwatts por lúmen deve ser equipado com filtros
ultravioleta. Os níveis de iluminação nas salas de leitura devem fornecer iluminação
adequada para leitura, mas não ser excessivo e nas áreas de exposição a quantidade de
luz sobre os itens do acervo não devem exceder 50 lux.

Limpeza
Rotinas para limpeza de áreas de armazenamento e a limpeza dos itens podem ser
simples e devem ser preparadas para melhorar ambiente e prolongar a vida útil dos
materiais. A política de preservação deve especificar a frequência e o tipo de limpeza
apropriada para áreas de armazenamento e também a limpeza dos itens do acervo.

As áreas de armazenamento devem ter uma regularidade (rotina) de limpeza para


reduzir qualquer sujeira e remover poeira e materiais orgânicos que atraiam fungos ou
pragas. Ao especificar medidas apropriadas de limpeza, deve-se levar em consideração os
danos que equipamentos e materiais podem causar pela limpeza aos itens do acervo.

Introduzir diretrizes e práticas simples de limpeza com o manuseio de fluidos longe


de áreas de armazenamento e deixando claro a proibição do esvaziamento ou enchimento
de recipientes nas proximidades da biblioteca ou arquivo de materiais. Livros armazenados
em prateleiras baixas podem ser arrastados e danificado pela limpeza por equipamento. O
ideal é que isso seja evitado especificando que os livros devam ser armazenados acima de
uma altura mínima e seguro de altura ou que a prateleira inferior de uma estante deve ser
deixada vazio.

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É necessário que a equipe de limpeza da biblioteca e dos respectivos materiais seja


treinada e trabalhe sob supervisão. Onde funcionários devidamente capacitados estejam
habilitados e disponíveis para tais programas.

A equipe da Biblioteca deverá estar capacitada para juntamente com a rotina de


limpeza identificar e retirar da coleção para as devidas providências os materiais que
precisem: renovação do couro ou encadernações, reparos simples, substituição de páginas
soltas, consertar páginas rasgadas.

O monitoramento da limpeza física do local e dos objetos e seu estado físico dos
itens devem ser acompanhadas com regularidade e frequência. É de responsabilidade de
todos os funcionários ter esse cuidado e contato com as coleções.

Todos devem ser treinados para reconhecer problemas existentes ou potenciais e


saber o curso de ação disponível para correção. Esse monitoramento é geralmente
realizado apenas no momento em que os itens são arquivados ou fornecido para leitores;
isso não é suficiente. O monitoramento abrangente dos itens na prateleira para garantir que
qualquer deterioração seja observada e incorporada em um programa de tratamento é o
mais apropriado. Essa rotina de revisão do acervo poderia ser incorporada a um inventário
mais regular ou como exercício de um programa de segurança.

Programas de Treinamento
Os danos causados pelo ambiente aos materiais possam ser significativamente
prejudiciais, ou ainda como são armazenados ou exibidos, todos são em menor risco,
consideramos de maior risco o manuseio nas mãos de funcionários e usuários. Grave
danos físicos podem ser infligidos aos itens por descuido e a forma de tratamento
negligente, alguns dos quais podem surgir por falta de conhecimento.

Funcionários e usuários devem ser educados para compreender a vulnerabilidade


dos materiais. Ambos os programas de treinamento formal e regras simples ou as diretrizes
devem estar disponíveis para todos. Uma declaração de boas práticas deve ser
amplamente divulgada aos responsáveis pelo cuidado e manuseio. Importante também é
garantir que existam condições de trabalho que permitem ao pessoal (equipe e outros)
implementar as boas práticas.

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A equipe deve ser instruída quanto a remoção e remanejamento de itens e seja


desencorajado de carregar muitos itens de uma única vez, evitando ou danos e risco aos
materiais. Deve haver espaço adequado de trabalho para que os itens possam ser
colocados com segurança em bancos ou mesas evitando a necessidade de usar pisos,
escadas, cadeiras ou outras superfícies onde é provável que ocorram danos. Carrinhos
adequados ou outras formas de transporte dos materiais devem ser disponibilizadas que
não representem risco ou danos ao material durante transito. Acima de tudo, a equipe deve
ser informada, por meio programas regulares de treinamento, de sua própria
responsabilidade para o cuidado e proteção do material sob seus cuidado e controle.

Quanto aos usuários é difícil esperar que cumpram as mesmas diretrizes e regime
de disciplina que o pessoal (equipe) de biblioteca, mas é essencial que todo esforço
possível seja feito para incutir um sentido adequado de responsabilidade e criar um clima
disciplinado. Uma combinação de procedimentos escritos e a vigilância será necessária
como parte do programa de educação de usuário.

Algumas 'regras' são bem aceitas pelo usuário e já bem praticada como: não
escrever nos livros, não beber e não comer no ambiente da biblioteca. No entanto, muitos
leitores não entendem por que eles não podem empilhar livros no chão ou usar bloco de
texto. A política de preservação deve levar em conta este problema e incluir no programa
de educação para os usuários.

O ambiente de trabalho para os leitores devem ser um ambiente que permita que
eles usem os materiais com segurança. Com itens (luzes e lentes) de suporte para o estudo
estes devem estar prontamente disponíveis, limpos e com instruções adequadas para uso.

Os usuários que forem utilizar obras (raras e especiais) que requerem maiores
cuidados de uso são convidados a lavarem as mãos, antes, usar algodão luvas ao
manusear materiais, isso deve ficar claro para eles. O fornecimento desses equipamentos
de segurança para a preservação do acervo deve ser fornecido pela instituição. Caso a
política determine que apenas lápis deve ser usado na sala de leitura, a instituição deverá
prover s para atender os usuários.

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Segurança
A segurança das coleções contra roubo, vandalismo, desastres naturais ou incêndios
são de extrema importância. A prevenção para perda ou dano à coleção geralmente requer
infraestrutura do edifício da biblioteca e caso não tenha sido construído prevendo,
importante então que seja adaptado para tal. Sistemas de alerta incorporados, um sistema
de monitoramento e verificação por câmera, dispositivos eletrônicos com alarme e a
vigilância por parte da equipe em todos os momentos.

A política de preservação deve especificar o nível de segurança que é necessário


para a prevenção de roubo, incêndio, vandalismo e danos causados pela água ou outras
formas de acidente e causas. Deve – se especificar os recursos com pessoal necessário
para garantir a operação eficaz do sistema de segurança através da ativação de fechaduras
e alarmes, o monitoramento da estrutura do prédio e o início de ação corretiva quando
necessário.

Os itens que requerem especial condições de segurança; por exemplo, itens a serem
mantidos em uma sala forte, itens que só podem ser usados sob supervisão da equipe,
itens que não devem ser removidos os edifícios devem estar bem especificados na política
e neste caso o sistema de vigilância por câmeras com filmagem é o ideal.

Deve-se incluir um plano de contingência que pode ser implementado em caso de


incêndio ou dano por água, ou no evento de um desastre natural que coloca a segurança
de coleções em risco. O plano de contingência deve incluir instruções para implementar um
conjunto de procedimentos que irá garantir que os itens sejam salvos e recuperados em tal
forma de evitar mais danos. A classificação, manuseio e secagem de materiais danificados
requer que a equipe seja treinada e mantida em dia com todas as instruções de
contingência.

Proteção
A proteção de tratamos aqui é para que as obras (livros, folhetos, periódicos, etc.)
antes de qualquer coisa tenham cuidados que impeçam seu desgaste de forma mais rápida.
Caixas, pastas, envelopes ou 'capas para livros' feitos de materiais inertes de longa duração
podem estender a vida útil dos itens e podem ser fornecidos a um custo relativamente baixo
custo quando adquiridos em grande quantidade. Essa proteção pode ser usada para limitar

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a quantidade de sujeira caindo sobre o material, mantenha os papéis soltos juntos, fornecer
força adicional para uma ligação danificada e dar proteção adicional durante o transporte.

Embalagens alcalinas fornecem uma forma de proteção, mantendo itens soltos


juntos, ou reforçando um papel ou papel fino capa de cartão em um periódico ou livro de
bolso. Apesar de ser geralmente uma opção mais cara, a embalagem alcalina parece ter
vantagens sobre as caixas, particularmente na manutenção a ordem e a segurança de
papéis soltos ou peças de série (periódicos), folhetos.

Papéis soltos, sejam documentos individuais ou aqueles que fazem parte de uma
coleção, podem receber proteção através de uma encadernação especial. Aqui, os papéis
podem ser garantidos com segurança, mantendo a flexibilidade essencial para seu estudo.

O tipo de proteção dada será sempre determinado pela natureza dos seus originais,
o tipo de uso que recebem e o custo. A política de preservação deve incluir especificações
para todos os tipos de materiais a partir dos quais as caixas, invólucros ou fichários serão
construídos e diretrizes para seu padrão de uso. Nos casos em que este tipo de proteção
é uma medida temporária, a ser usada para itens aguardando tratamento de conservação
ou reprografia a política deve conter diretrizes para monitorar e apresentar itens de longo
prazo tratamentos.

Quando dos papéis armazenados forem dentro de caixas, pasta ou envelope será
necessário instituir uma verificação procedimental após a leitura para garantir que todos os
papéis são devolvidos e também às caixas corretas. Este procedimento deve ser
especificado na política de preservação documento.

Substituição
Os itens originais que estão em mau estado físico, ou em casos em que é desejável
limitar o uso de um original, um substituto pode ser fornecido aos leitores. O material de
substituição mais comumente usados é a microfilmagem, mas avanços na tecnologia estão
criando outras mídias que podem ser usadas. Algumas instituições favorecem a foto
duplicação usando máquinas (robôs) apropriados para fotocopiar não de forma
convencional, mas exclusiva que não causam danos aos originais.

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• Visite a biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin


https://www.bbm.usp.br/pt-br/

A disponibilidade de máquinas fotocopiadoras aéreos permitem que materiais frágeis


ser copiado com menos risco de dano do que é o caso com copiadoras convencionais de
base plana. Sendo depois toda obra revisada e melhorada em vários aspectos com
programas e sistemas de computadores de disponibilizada aos usuários

A obra gerada nesses sistemas para a preservação através de substituição pode ser
colocada de forma digital em livre acesso ganhando visibilidade e acessibilidade por muito
mais pessoas do que somente no uso local e essa é uma de suas vantagens. A
acessibilidade da leitura por máquina que a obra de papel não permite oportuniza a um
cego ler esta obra.

Conservação
Conservar materiais de biblioteca e arquivo requer um conhecimento das
propriedades físicas dos materiais a serem conservados e a aplicação de muitas
habilidades manuais. É demorado e, portanto, dispendioso.

A política de gestão da coleção deve alocar prioridades para as categorias de


materiais que deverão ser conservados. Isso inclui recursos suficientes para isso.

Conservadores desenvolveram novas técnicas nos últimos anos e agora tem uma
ampla gama de materiais e equipamentos tecnológicos disponíveis que auxiliam nesse
processo. A política de preservação vai definir o tipo de tratamento a ser aplicado em que
itens individuais ou coleções essas técnicas serão empregadas.

É importante que os bibliotecários e arquivistas trabalhem em estreita colaboração


com conservadores para garantir que os tratamentos aplicados sejam apropriados para o
valor bibliográfico e histórico do item e o tipo de uso que esse receberá.

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Em alguns casos em que os tratamentos serão específicos para alguns itens em


especial. A política de preservação deve ser precisa na especificação do tipo de tratamento
que pode ser aplicado ou como a consulta deve ser realizada antes do início do trabalho.

Em organizações sem um departamento de conservação é importante que as


especificações dos tratamentos sejam realizadas por contratantes externos. Novamente, a
política de preservação deve ser específica sobre o trabalho que deve ser realizado ou
prever um alto nível de consulta para garantir que o trabalho realizado seja apropriado para
o item.

O programa de preservação deve incorporar um sistema de manutenção de para


registrar qualquer trabalho de conservação realizado em um item, a natureza do trabalho
realizado e a identificação de estruturas anteriores ou originais procedimentos de produção
descobertos no momento da desvinculação. Esses registros devem incluir detalhes dos
tratamentos aplicados, a data e os materiais utilizados. Isso fornece um registro tanto para
a gestão atual da coleção e para o futuro gerentes, conservadores e pesquisadores.

Eliminação
A ausência de uma ligação entre a preservação e gestão do acervo e as políticas, é
provável que leve à negligência de muitos itens. Os itens serão deixados nas prateleiras
sem preservação e tratamento, e pode sofrer uma deterioração a tal ponto que a
conservação precisará torná-los indisponíveis para o uso.

Uma política de preservação não deve permitir que isso aconteça a menos que seja
o resultado de uma decisão a ser considerada. A política de gestão de coleção deve definir
esses materiais que devem ser mantidos indefinidamente e especificar uma projeção vida
para os outros. A política de preservação deve garantir que os itens mantenham sua
utilidade pela duração de sua retenção.

As bibliotecas e arquivos devem considerar o descarte de itens. Materiais que não


fazem mais parte da vida útil da coleção não devem ocupar espaço de armazenamento e
desviar recursos de preservação. No entanto, embora o descarte físico de itens possa ser
responsabilidade de um departamento de preservação, a decisão de descartar de um item
fará parte da estratégia de gestão.

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Reprografia
É sempre muito controverso falar de reprografia. Pode ser um benefício positivo em
fornecer essa modalidade de reprografia a um usuário do material necessário. No entanto,
é necessário todo o cuidado durante o procedimento de cópia para garantir que os materiais
sejam cuidadosamente manuseados e que danos pelo calor e luz da cópia o equipamento
é evitado. Lembramos que a lei de direitos autorais devem ser seguidas.

A política de preservação deve especificar claramente os limites ou exclusões de


cópia a serem aplicados aos itens ou grupos de itens específicos.

Pode haver itens dentro das coleções que não deveriam ser copiados; por exemplo,
manuscritos iluminados, obras raras, obras únicas, enquanto outros podem ser copiados
com segurança, tendo em consideração o seu tratamento. As restrições à cópia de
materiais devem ser determinadas dentro da política de preservação e equipamento
apropriado fornecido para a equipe ou leitor usar.

Atenção para itens como periódicos científicos que devem ser copiados
regularmente, a política de preservação deve garantir que eles recebem alguma proteção
dos danos físicos causados pela reprografia.

A probabilidade de danos aos materiais será reduzida se pessoal treinado (equipe


da biblioteca) realizar a digitalização de cópias do que os usuários. No entanto, a introdução
de tal política deve ser pensada e equilibrada em relação a custos de equipe que o serviço
exigirá.

Exposição e Empréstimo
A política de preservação deve especificar as condições de segurança, proteção,
exibição física e ambiente de controle sob o qual os itens podem ser exibidos. Os itens em
exposição devem ser alocados devidamente apoiados em estantes ou lugares adequados
para evitar tensão indevida.

Não é aconselhável que os itens sejam deixados indefinidos exibição. A política de


preservação deve incluir disposições periódicas para evitar tensão indevida e prevenir
descoloração diferencial devido à exposição à luz.

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As condições de iluminação, temperatura e umidade são aplicáveis também aos


itens em exibição. Os itens em exposição não devem ser expostos à luz em nível superior
a 50 lux.

Os itens enviados por empréstimo para outras organizações devem ser


transportados e mantidos nas mesmas condições adequadas previstas em suas
necessidades de preservação. Isso exigirá que os arranjos de segurança, embalagem e
transporte desses itens emprestados sejam especificados dentro da política.

IMPLEMENTAÇÃO
Todas as organizações devem ser esforçar para fornecer os melhores padrões de
preservação de suas coleções, mas em muitos casos a implementação de uma política
pode não ocorrer de forma ideal.

As instituições e organizações devem trabalhar com seus limites de recursos e a


parte mais importante do processo de implementação é definir prioridades para que os
recursos possam ser alocados de acordo com a necessidade.

A primeira etapa na implementação – eleger um gerente para o programa de


preservação O gerente de preservação deve ter autoridade suficiente para capacitar de
tomar decisões para implementar quaisquer decisões que afetará inevitavelmente outras
áreas da organização.

Como a preservação faz parte da gestão da coleção as decisões serão tomadas em


consulta com outros, mas pode haver momentos em que uma ação deva ser tomada
rapidamente para responder a uma situação em mudança ou para evitar uma crise.

Definir prioridades na alocação de recursos, importante lembrar que as medidas


preventivas e de limpeza são imprescindíveis e pode fazer muito para evitar a necessidade
de trabalhos de conservação onerosos em um estágio posterior. O tempo investido na
equipe e no treinamento do usuário pode fazer muito para evitar danos causados por
manuseio incorreto e o desgaste causado pelo uso frequente.

Sistemas de purificação de ar e controle de temperatura utilizado de forma ampla


podem ser considerados de alto custo, porém o gerente de preservação deve considerar

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armazenar itens valiosos e raros juntos em pequenas áreas onde a instalação de tais
controles pode ser introduzida a um custo menor. Da mesma forma, onde poeira e sujeira
é um problema específico, pode ser possível selar uma pequena área e instigar uma
limpeza completa e regular programa.

Onde quer que os sistemas sejam instalados para controlar a temperatura, níveis de
umidade, iluminação ou poluição, a equipe deve ser designada para verificá-los e monitorá-
los regularmente.

As cooperações entre as organizações podem fornecer um meio de racionalizar o


uso de recursos obtendo um benefício maior daquela cuja área acessível.

Existem duas maneiras pelas quais as organizações podem cooperar para garantir
um meio mais eficaz de preservar suas coleções. A primeira é por ajuda prática fornecer
recursos adicionais ou experiência e o segundo é por compartilhar responsabilidades e
informações sobre as atividades o que evitará duplicações desnecessárias (manter itens
em conservação em apenas um acervo) evitando duplicidade.

As atividades dentro de um programa de preservação se enquadram em três


categorias:

1 Prevenção - manter um bom físico


ambiente com temperatura e umidade controladas,

atmosfera limpa;

limpar o prédio - remova a poeira e sujeira;

treinamento de usuários e funcionários para cuidado e manuseio


corretos;

manter a segurança;
2 Proteção - encaixotamento, ligação ou criação de substitutos de
material vulnerável;
3.Tratamento - conservação.

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Essas atividades não são mutuamente exclusivas ou exaustivas e alguns


podem ser realizados em uma ou mais categorias.

Para ser eficaz, uma política deve refletir as atuais atividades da organização e
permanecer consistente com suas metas e objetivos. Embora uma política
estabeleça um programa com longo prazo e longo alcance de objetivos, isso
não impedirá sua revisão e atualização em linha com as mudanças dentro da
instituição e desenvolvimentos em tecnologia e práticas de conservação.

Preservação Digital
É sabido que a informação digital tem sua natureza vulnerável, desta forma está
sujeita, a intervenções não autorizadas, obsolescência e degradação física dos suportes
(CDs, DVDs, HDs e Pen Drives), tendo por consequência a corrupção da sequência de bits
do documento digital, que acaba por comprometer a sua acessibilidade em um futuro e
também sua autenticidade. Emerge então a necessidade de as organizações adotarem
políticas e procedimentos tendo em vista garantir a acessibilidade e manter os documentos
autênticos, de modo que tal autenticidade possa ser comprovada (BRASIL, 2004).

A preocupação com o documento digital, além de garantir claro que este poderá ser
acessado a todo momento é também de garantir que este não foi adulterado. Esta é uma
preocupação que não temos com os documentos em papel, pois caso haja uma adulteração
é possível identificar.

De que forma a informação fica vulnerável como dissemos no texto acima:

Os suportes como CDs, DVDs e etc. Podem ser acessados por quaisquer
pessoas que intervenha em seu conteúdo e não temos como garantir que
aquela informação de fato era a original.

Outra forma de vulnerabilidade é a obsolescência dos meios onde estes


documentos digitais estão depositados, que no caso da preservação não

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podemos garantir que daqui 10 ou 20 anos eles poderão ser acessados já que
as tecnologias evoluem e não haverá mais máquinas que leem este tipo de
suporte.

No caso da preservação destes documentos digitais teremos que adotar sistemas


que garantem a veracidade do documento e que a forma que eles sejam armazenados
possam ser acessados em um futuro (garantir a evolução da linguagem) e os metadados
para identificação.

Os esforços de preservação digital são distribuídos em muitas unidades da Biblioteca


do Congresso Americano e incluem programas relacionados ao empacotamento e gestão
de conteúdo digital, monitoramento e relatórios de armazenamento digital, formatos de
arquivos digitais sustentáveis, metadados e muito mais.

Metadados: O que são os metadados? São dados que descrevem


completamente os dados (base) que representam, permitindo ao usuário
decidir sobre a utilização desses dados da forma possível. São dados que
permitem informar as pessoas sobre a existência de um conjunto de dados
ligados às suas necessidades especificas (ALMEIDA, 1998).
Usados pelos serviços de informação online em vários processos como busca
de informação para a publicação em formato eletrônico.

Os documentos digitais exatamente por correrem risco constante de perda ou


adulteração sem deixar vestígios aparentes, bem como pelas fragilidades das mídias
de armazenamento precisam definir uma série de procedimentos para protegê-los de tais
intempéries. A preservação desses documentos requer uma visão holística, capaz de
estabelecer uma cadeia de preservação que contemple todo o seu ciclo de vida
com o objetivo de protegê-lo em toda sua cadeia e perpassando desde o ato da produção
e as etapas de sua produção.

Os métodos para conservação e preservação de informações em suportes


analógicos chegaram a patamares avançados. Os métodos de preservação das
informações em ambiente digital estão em fase de desenvolvimento. Além de implementar
uma série de soluções tecnológicas, é preciso definir políticas de preservação

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digital e requisitos informacionais como, por exemplo, os padrões de metadados e


formatos de arquivo recomendados para a preservação em longo prazo (CLOONAN,
2016).

PADRÕES DE METADADOS:

Dublin Core – Dados sobre documentos eletrônicos – dublincore.org

Machine Readeble Card (MARC) – catalogação bibliográfica

Resource Description Framework (RDF)


https://pt.wikipedia.org/wiki/Resource_Description_Framework

A complexidade da preservação digital, aliada às diversas ações que devem ser


tomadas, reforça a necessidade de uma abordagem com uma equipe multidisciplinar
contando sempre com o apoio de profissionais da Tecnologia da Informação e também com
o constante atualizar do próprio bibliotecário inserido neste novo universo de gestão dos
formatos digitais.

Segundo Grácio (2012) a preservação digital deve estar inserida nos objetivos da
instituição e é necessário definir as informações relevantes a serem preservadas.

Deve-se levar em consideração quando da preservação digital alguns aspectos


segundo o autor: aspectos organizacionais, aspectos legais e o modelo de preservação. No
quadro abaixo podemos identificar detalhes dos aspectos citados pelo autor que devem ser
levados em consideração quando da preservação (GRÁCIO, 2012):

ASPECTOS 1. Objetivos da instituição


ORGANIZACIONAIS 2. Equipe multidisciplinar
3. Responsabilidades
4. Recursos financeiros
5. Atos administrativos
ASPECTOS LEGAIS 1. Leis

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2. Direito autoral e direito autral no brasil


3. Direito autoral da informação digital
ASPECTOS TÉCNICOS 1. Seleção e descarte
2. Modelos, padrões e iniciativas
3. Metadados
4. Infraestrutura tecnológica
5. Repositórios institucionais
6. Estrategias de preservação
7. Conservação do objeto digital
8. Conservação do conteúdo intelectual do objeto
digital
MODELO PROCESSUAL DE 1. Identificação das necessidades
PRESERVAÇÃO 2. Seleção descarte e manutenção
3. Organização, tratamento e armazenamento
4. Distribuição e acesso
5. Uso
6. Monitoramento

Portanto não basta somente produzir informação digital é preciso, identificar,


armazenar, preservar e deixar acessível e claro envolver em uma política capaz de garantir
toda essa cadeia de gestão da informação digital.

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