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Formação e Desenvolvimento de

Coleções
Lourival Pereira Pinto

Curso Técnico em Biblioteconomia


Educação a Distância
2017
EXPEDIENTE

Professor Autor
Lourival Pereira Pinto

Design Instrucional
Deyvid Souza Nascimento
Maria de Fátima Duarte Angeiras
Renata Marques de Otero
Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Revisão de Língua Portuguesa


Letícia Garcia

Diagramação
Izabela Cavalcanti

Coordenação
Hugo Carlos Cavalcanti

Coordenação Executiva
George Bento Catunda

Coordenação Geral
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação


Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil).

Julho, 2017
Catalogação na fonte
Bibliotecário Hugo Carlos Cavalcanti, CRB4-2129

P659f
Pinto, Lourival Pereira.
Formação e Desenvolvimento de Coleções: Curso
Técnico em Biblioteconomia: Educação a distância / Lourival
Pereira Pinto. – Recife: Secretaria Executiva de Educação
Profissional de Pernambuco, 2017.
53 p.: il.

Inclui referências bibliográficas.


Inclui bibliografia.

1. Coleções – Desenvolvimento (bibliotecas). 2.


Bibliotecas – Planejamento. I. Pinto, Lourival Pereira. II.
Título.

CDU – 025.2
Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 4

1.Competência 01 | Formar e desenvolver coleções: o que, para quem e por quê? ........................... 7

2.Competência 02 | Saber formar e avaliar uma coleção ................................................................... 26

3.Competência 03 | Empreender a formação de uma coleção para uma determinada comunidade


de leitores ............................................................................................................................................. 34

Conclusão ............................................................................................................................................. 49

Referências ........................................................................................................................................... 51

Anexos .................................................................................................................................................. 52

Minicurrículo do Professor ................................................................................................................... 53


Introdução

Este texto é uma conversa entre professor e aluno, porque entendemos que o conhecimento se
constrói nas relações entre as pessoas. Mesmo que este texto esteja escrito aqui, lembre-se de que
é uma pessoa escrevendo para outra pessoa e, assim, estamos construindo conhecimentos juntos, a
partir dessa nossa relação. Desejo que você aproveite a leitura e que, de alguma maneira, seja um
período de transformação para todos nós.

Vamos começar nossa conversa falando sobre a relação entre as bibliotecas e as comunidades,
porque entendemos que, nessa relação, as coleções têm papel essencial. Entendemos que as
bibliotecas devem ter uma relação estreita com a comunidade na qual está inserida, e essa relação
define os objetivos e propósitos da biblioteca.

Uma biblioteca está estruturada, basicamente, em quatro eixos, que são: gestão, coleções, espaço e
mediação. Se esses quatro eixos são planejados e/ou reestruturados a partir da relação com a
comunidade, a biblioteca se transforma, assim, num dispositivo essencial para a emancipação e
apropriação de conhecimentos.

Defendemos que leitura e biblioteca devem ser percebidas e compreendidas como direitos
humanos básicos para as pessoas.

Gestão, coleções, espaço e mediação.

Dentre esses quatro eixos, vamos falar, nesta disciplina, especificamente sobre coleções. Se as
coleções são construídas junto com a comunidade, entendemos que uma não pode prescindir da
outra. Sendo assim, em cada etapa no processo de formação e desenvolvimento de uma coleção, se
biblioteca e comunidade estiverem em sintonia, há uma grande possibilidade de que as metas e os
objetivos sejam alcançados.

A partir da constituição de uma coleção, a biblioteca tem a missão de emancipar a comunidade por
meio da expressão. Assim, ao dar acesso a diferentes conteúdos, mídias e expressões, a biblioteca
permite que seus leitores se espelhem nesses conteúdos, ampliando suas possibilidades de

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expressão cultural.

Você e eu, todos nós recebemos uma herança cultural, e essa herança pode estar representada em
diferentes formas de expressão. Por sua vez, essas expressões podem estar acessíveis nos livros, nas
artes visuais, nas canções, nos cordéis, nos saberes populares, na oralidade, nos periódicos, nos
filmes, nas bases de dados, nos blogs, nas redes sociais, etc.

Consideramos essencial o acesso à herança cultural, e essa deve ser a preocupação central da
biblioteca. Então, as coleções devem ser representativas dessa herança, assim como podem gerar
novos significados para a comunidade. Afinal, sabemos que uma ação cultural é aquela que gera
transformações a partir da herança cultural.

Nesta disciplina vamos conversar um pouco sobre formação e desenvolvimento de coleções. No


decorrer das aulas, vamos refletir sobre os seguintes assuntos:

O processo de políticas de desenvolvimento de coleções.


Fatores que afetam a formação e o desenvolvimento de coleções em bibliotecas.
Seleção, aquisição e descarte.
Avaliação de coleções.

A disciplina é dividida em três competências, que serão estudadas semanalmente. As competências


estão interligadas e unificadas, com o propósito de alcançar o objetivo de trazer à luz algumas
contribuições sobre o tema. Apresentamos, a seguir, as três competências:

• Competência 1: Formar e desenvolver coleções: o que, para quem e por quê?

Nesta competência, primeiramente responderemos a perguntas essenciais: O que é uma coleção?


Qual biblioteca e coleção nós queremos? Quem somos nós? Somos um organismo biblioteca/
comunidade? Aqui também discutiremos o conceito de coleção, e os processos básicos para a sua
formação: políticas de seleção e aquisição, processo técnico e descarte.

• Competência 2: Saber formar e avaliar uma coleção

Continuando nossa conversa anterior, aqui responderemos a uma pergunta primordial: Como

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avaliar uma coleção? A partir das respostas da primeira competência, refletiremos sobre os
elementos necessários à prática da formação: diversidade, atualização, conservação, integração
entre os temas e suportes, integração com a comunidade, inovação e orçamento.

• Competência 3: Empreender a formação de uma coleção para uma determinada


comunidade de leitores

Nesta competência, os alunos colocarão em prática os conhecimentos adquiridos ao longo das


competências anteriores. Assim, cada aluno deverá escolher uma comunidade e direcionar a ela
uma pequena coleção. Essa comunidade poderá ser uma escola, uma associação, uma casa de
moradia, um bairro, um escritório, etc. A coleção não terá, quantitativamente, limites máximos ou
mínimos de volumes. Nesta competência, os alunos serão orientados a selecionar, adquirir,
processar e disponibilizar a coleção.

Feita a apresentação, iniciemos a primeira competência. Mas antes, aprecie a figura 1. Trata-se da
área dedicada aos leitores juvenis. Perceba o cuidado com que o ambiente está conectado com a
coleção de livros juvenis, tornando o ambiente aconchegante e prazeroso. Seja muito bem-vindo!

Figura 1 - um cantinho da ARSTA BIBLIOTEK, biblioteca pública de Estocolmo.


Fonte: www.cazadores/debibliotecas.com/2014/12/arsta-bibliotek-bibliotecas-publicas-em.
html.
Descrição: fotografia de parte de uma biblioteca. À esquerda está uma estante amarela com
livros, à direita um balcão branco com livros exposto, e ao fundo um banco com almofadas
no encosto. Há uma mesa branca encostada ao balcão e sobre a mesa há livros expostos.

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Competência 01

1.Competência 01 | Formar e desenvolver coleções: o que, para quem e


por quê?

Quando uma biblioteca está construída, e já estruturada para receber seus acervos, é chegada a
hora de planejar a formação e o desenvolvimento de coleções. Mas o que será que significa, em
princípio, formar uma coleção? Aqui estamos caminhando para responder à primeira pergunta do
enunciado da competência, a saber: O que é formar e desenvolver coleções?

O que é formar uma coleção?

Coleções (ou acervos) de bibliotecas são os itens que constituirão as fontes de informação
destinadas à comunidade. Concordamos com Neves, Moro e Estabel (2012), quando afirmam que as
bibliotecas vivem, mais do que nunca, a era da bibliodiversidade. Essa diversidade é caracterizada
por suportes (ou mídias), e conteúdos que podem ajudar seus leitores pela sua travessia
educacional e cultural.

Uma coleção pode ser formada por livros, periódicos (jornais, revistas), quadrinhos (tirinhas, gibis,
graphic novels, charges), CDs, DVDs, Blu-Rays, leitores de e-books (e e-books), tablets, games,
instrumentos musicais, papelaria, etc. Esses itens, por sua vez, devem contemplar os diferentes
gêneros literários e as diversas áreas do conhecimento. Veja, na figura 2, uma pequena coleção de
gibis.

Figura 2 - caixa de coleção de gibis


Fonte: http://eusoudonademim.blogspot.com.br/2013/04/sala-de-aula-gibiteca.html
Descrição: fotografia de duas caixas decoradas com ilustrações de quadrinhos. Na frente
da caixa estão expostos alguns gibis da turma da Mônica.

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Competência 01

Mas, antes de formar uma coleção, a biblioteca deve fazer uma pergunta, que consideramos
essencial: para quem e por que formar uma coleção? Para responder a essa indagação, a biblioteca
deve empreender um longo processo de (re) conhecimento da comunidade onde a biblioteca está
inserida. Esse processo, na realidade, não é apenas longo, ele é infinito, porque a cada momento
novas demandas podem surgir por conta das transformações que, naturalmente, passam as pessoas
e as comunidades. Um desejo (ou necessidade) que é evidenciado hoje por uma pessoa ou
comunidade pode não fazer sentido amanhã. Lembre-se de que, por conta do dinamismo da
sociedade, as necessidades e os desejos mudam, dando lugar a novas demandas.

Para quem e por que formar uma coleção?

Entendemos que a contemporaneidade traz consigo alguns sintomas que influenciam diretamente a
constituição cultural e de informação, como é o caso das bibliotecas, museus e centros culturais.
Podemos enumerar alguns desses sintomas, como a velocidade, o desapego, a superficialidade, a
materialidade, a insegurança, a convergência tecnológica, etc.

Para aprofundar esse tema, sugerimos ler MODERNIDADE LÍQUIDA, de Zygmunt Bauman.

Sendo assim, uma biblioteca tem que compreender que as demandas, desejos e necessidades de
sua comunidade caminham ao sabor desses sintomas, e consideramos que acompanhar as
demandas nessa contemporaneidade seja o maior desafio na formação e no desenvolvimento de
coleções.

Além disso, a formação de coleções se confunde com a própria natureza dos serviços de referência
(conteúdo que será tratado mais adiante, em disciplina específica), afinal a convergência
coleções/contato com o leitor, é condição básica para o funcionamento de qualquer serviço de
bibliotecas.

Bem, mas como começar a fazer isso? Em princípio, a biblioteca deve investigar a sua comunidade.

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Competência 01

Quando falamos em comunidade, significa dizer biblioteca/leitores. Nós não apenas atendemos a
comunidade. Nós também somos a comunidade. Então, a pergunta a se fazer é: qual biblioteca nós
queremos? Assim, quando a comunidade é ouvida, ela se sente como parte integrante da
biblioteca. O sentimento de pertencimento talvez seja o fator que mais benefício pode trazer para o
enlace biblioteca/comunidade.

Qual biblioteca nós queremos?

O pertencimento traz um sentimento de compromisso com as pessoas e as coisas da


comunidade. Nesse sentido, a biblioteca é um lugar propício para que os desejos de
apropriação e emancipação das pessoas sejam realizados.

Experimente fazer essa pergunta a alguém próximo a você. A resposta pode te surpreender, porque
você poderá descobrir, além dos desejos e necessidades, qual é o conceito de biblioteca no
imaginário dessa pessoa.

Essa pergunta deve ser feita para a formação de todos os tipos de bibliotecas, sejam elas públicas,
comunitárias, universitárias, escolares, etc. É certo que, em casos específicos como as bibliotecas
universitárias, muitas vezes as coleções começam com as bibliografias básicas e recomendadas dos
cursos da instituição que atende. No entanto, o universo educativo e cultural vai muito além das
bibliografias obrigatórias, e é nesse além, nesse gigantesco além, que a biblioteca tem que tentar
satisfazer os desejos e as necessidades dos seus leitores.

Os projetos de coleções devem ter a preocupação central de levar informação à comunidade, além
de serem formulados a partir das necessidades específicas de cada comunidade. Um exemplo é o
projeto ARCA DAS LETRAS, que leva leitura e informação para moradores de comunidades agrárias e
assentamentos rurais. Veja, na figura 3, uma coleção de livros destinada aos moradores de
comunidades rurais.

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Competência 01

Figura 3 - Projeto ARCA DAS LETRAS leva coleções de livros e leitura para comunida-
des de agricultores rurais.
Fonte: http://blog.crb6.org.br/boletim/projeto-de-bibliotecas-moveis-leva-cultura-
a-agricultores-rurais/
Descrição: fotografia de várias pessoas olhando diretamente para a câmera. Na
frente das pessoas está uma caixa vermelha contendo livros. A caixa tem dois
compartimentos, um sobre o outro, como se fossem estantes de uma prateleira. A
caixa é mais baixa do que as pessoas. Algumas pessoas seguram livros nas mãos.
Atrás das pessoas está uma casa amarela.

Para conhecer mais sobre o programa Arca das Letras, acesse


www.mda.gov.br/sitemda/tags/arca-das-letras

Lembre-se sempre de que as pessoas são complexas e, por isso mesmo, não são apenas vinculadas
a seus cursos. Elas têm vivências em outros mundos e seus desejos são diferentes, e muitas vezes,
surpreendentes.

Quando fazemos essa pergunta podemos nos deparar com respostas variadas. A seguir, vamos dar
alguns exemplos de respostas que podem surgir nesse processo de descoberta:

Quero uma biblioteca que tenha assinatura de revistas de esportes.


Quero uma biblioteca com muitos gibis e mangás.
Quero uma biblioteca com recortes de jornais que informem sobre vagas de empregos e
estágios.
Quero uma biblioteca que tenha recursos para comprar livros novos que eu quero ler.
Quero uma biblioteca com assinatura do jornal local para eu saber mais do meu lugar.
Quero uma biblioteca que não tenha livros velhos, desatualizados e empoeirados.

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Competência 01

Quero uma biblioteca com livros novos e limpos.


Quero uma biblioteca onde eu possa ler os livros novos e assistir aos filmes que se
basearam nesses livros.
Quero uma biblioteca que tenha jogos eletrônicos e de tabuleiros.
Quero uma biblioteca com quadros, para que eu possa apreciar e entender de arte.
Quero uma biblioteca com música e filmes.

Os exemplos acima são apenas para ilustrar algumas respostas que possam ser descobertas no
trabalho de investigação. Reiteramos que coleções e referência são indissociáveis. Então, essas
respostas também trarão contribuições para o serviço de referência e, muitas vezes, até para o
serviço de processos técnicos (catalogação, classificação, indexação, sinalização das notações, etc.).

A figura 4 mostra o logotipo da campanha EU QUERO MINHA BIBLIOTECA, que consideramos


pertinente ao momento de mobilização das pessoas por mais e melhor acesso à informação e
manifestações culturais.

Figura 4 - campanha pela efetividade da Lei 12.244 de 2010.


Fonte: www.redecim.com.br/profiles/blogs/eu-quero-minha-biblioteca-campanha-pela-
efetividade-da-lei-12-244
Descrição: marca da campanha EU QUERO MINHA BIBLIOTECA. Do lado esquerdo a imagem
traz uma mão segurando um livro aberto, e do lado direito a imagem traz o nome da
campanha (EU QUERO MINHA BIBLIOTECA).

Conheça a Lei 12.244 aqui: < www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-


2010/2010/lei/l12244.htm >

Não há uma regra clara sobre a amostra necessária para fechar o ciclo da pesquisa, porém
recomendamos, vagamente, que a biblioteca apenas encerre a pesquisa quando sentir que as
respostas começaram a se repetir com bastante frequência, denunciando que, naquele momento,
boa parte dos dados colhidos possa começar a atender à demanda. Lembramos de que esse

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Competência 01

trabalho de prospecção nunca pode terminar.

A partir das respostas colhidas, devemos fazer uma análise dos dados. Essa análise deve ser feita
por classificação (diferenças e semelhanças), e organizados num documento acessível a todos, e
que é, primordialmente, a constituição básica do processo de formação e desenvolvimento de
coleções da biblioteca. A seguir, falaremos um pouco sobre a política de seleção e aquisição.

• Política de seleção e aquisição

As respostas devem ser agrupadas, classificadas e registradas num documento que seja acessível a
todos, que chamaremos de documento institucional. Uma vez elaborado, esse documento pode ser
considerado a base para a construção da política de seleção e aquisição da biblioteca. Essa política
deve contemplar quais tipos de suportes e conteúdos a biblioteca deve priorizar, levando-se sempre
em consideração o documento constitucional básico da coleção.

Aqui, vamos ler dois exemplos: no primeiro exemplo, uma determinada biblioteca descobre que
boa parte dos seus leitores potenciais não são alfabetizados no tempo considerado certo para o
Ministério da Educação (MEC). A demanda, então, é por textos básicos de alfabetização. A partir daí
a política de seleção e aquisição deve priorizar a aquisição desses textos.

Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa é um compromisso formal assumido pelos
governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios de assegurar que todas as
crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino
fundamental.

No segundo exemplo, imaginemos uma comunidade que tenha leitores alfabetizados na idade
considerada certa para o MEC, mas que não tem a prática leitora, ou por falta de acesso, ou de
incentivo, ou outro motivo. Somam-se a esses fatores, as crianças que, pelo estágio escolar, ainda
não são alfabetizadas (menores de seis anos). Na pesquisa de campo, descobriu-se que essas
crianças e suas famílias querem que a biblioteca dê acesso a livros de ficção (principalmente juvenis
e infantis). Por sua vez, a biblioteca deve ter consciência de que o acesso a essa literatura tem

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Competência 01

potencial para formar leitores competentes e letrados. Então, nesse caso, a prioridade da política é
pela aquisição desse material bibliográfico.

A leitura literária é a que pode incentivar a leitura e formar leitores.

Percebemos, nos dois casos, que não basta apenas que o material esteja lá, disponível ao leitor, mas
que o acesso seja complementado pelas ações subsequentes, a saber: no primeiro caso, o trabalho
de alfabetização, e no segundo caso, as ações de mediação de leitura.

Entendemos que, a priori, não é papel do bibliotecário ou do técnico de alfabetizar pessoas,


mas argumentamos que, diante disso, há dois pontos que exigem reflexão: no primeiro, a
biblioteca pode estabelecer parcerias com educadores e pedagogos. No segundo, o próprio
bibliotecário pode ter competências para fazer esse trabalho, porque pode ser considerado
um educador. Nas comunidades mais pobres, as crianças não estão alfabetizadas na idade
“certa”. Dados do IBGE mostram que a alfabetização varia de acordo com a renda. Em
famílias mais ricas (mais de cinco salários mínimos per capita), aos cinco anos de idade, quase
metade (47%) das crianças já se alfabetizaram. Entre as mais pobres (menos de 1/4 de salário
mínimo per capita) o percentual é de 10%. Então, de alguma maneira, ações educativas
podem contribuir para reduzir essa desigualdade.

A política de seleção e aquisição nunca é definitiva, porque, obviamente, os atores sempre mudam.
Se pensarmos numa biblioteca universitária, vamos perceber que periodicamente novos cursos são
incorporados à instituição que mantém a biblioteca. Além de novos cursos, os planos pedagógicos
também podem ser reformulados, assim como as bibliografias das disciplinas. Além disso, a
biblioteca deve “olhar” seu leitor como um ser complexo, o que significa dizer que as pessoas não
são padronizadas. Num processo de descoberta, a biblioteca pode ser surpreendida com as
possibilidades que os dados venham a apresentar. Veja alguns exemplos imaginários de como as
coisas podem não ser o que aparentam ser:

Um estudante de Design não quer só livros e periódicos de Design. Ele quer que a biblioteca ofereça
livros sobre gastronomia.
Um estudante de Engenharia quer livros que ensinem a tocar violão.

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Competência 01

Uma estudante de Enfermagem quer guias impressos de viagens.


Um estudante de Música quer livros de bricolagem.
Alguns alunos querem aprofundar seus conhecimentos sobre um assunto de interesse, mas as
bibliografias básicas e complementares dos cursos podem não ser suficientes.

As cinco leis da Biblioteconomia, criadas pelo bibliotecário Ranganathan na década de 1930:


1. Os livros são para serem usados.
2. A cada leitor o seu livro.
3. A cada livro o seu leitor.
4. Poupe o tempo do leitor.
5. A biblioteca é um organismo em crescimento

Consideramos que nas bibliotecas escolares o desafio talvez seja um pouco maior, porque estamos
falando aqui de um espaço onde vemos claramente uma biblioteca como lugar de aprendizagem.
Nas bibliotecas escolares, os leitores estão em formação e pedem mais por novidades, afinal nessa
idade eles estão descobrindo o mundo e suas manifestações culturais, e é o momento de iniciar sua
travessia cultural. A biblioteca tem o desafio de acompanhar as novidades editoriais, que
acontecem rapidamente, ao mesmo tempo em que não pode perder de vista os clássicos, que são
fundamentais para entender as influências e heranças culturais de várias gerações.

Outro desafio para a biblioteca escolar é ampliar a diversidade de materiais bibliográficos que
constituem o ciclo básico dos currículos escolares, a saber: matemática, língua portuguesa, ciências,
história, geografia, sociologia, filosofia, etc. A maioria das escolas de Ensino Fundamental e Médio
adota apostilas que vão nortear as aulas durante todo o período letivo. Consideramos que as
apostilas podem desestimular os alunos a pesquisar em outras fontes de informação. Pensando
nisso, a biblioteca pode propor opções bibliográficas que venham enriquecer o trabalho de pesquisa
dos alunos.

Procure se lembrar da escola em que você estudou no ensino fundamental. Havia biblioteca
lá? Se sim, era um espaço aconchegante, com livros novos e interessantes? Estava sempre
aberta ao público? Você gostava de frequentá-la? Reflita sobre isso.

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Competência 01

Assim, a política de seleção e aquisição pode estimular a discussão, o diálogo e o conflito entre
diferentes fontes de informação, propondo, assim, a construção de conhecimentos.

Há três tipos de aquisição de coleções numa biblioteca:

• Doação
• Compra
• Permuta

A política de seleção e aquisição deve contemplar, igualmente, esses três tipos. A política
norteadora de seleção deve valer para materiais, comprados, trocados ou recebidos como doação.
É muito comum alguém, por um motivo qualquer, querer se desfazer de um acervo, e achar que a
biblioteca tem como obrigação recolher qualquer tipo de doação. Por isso, a biblioteca deve ter
como prática a avaliação criteriosa do material e, se a incorporação de um material for contrária à
sua política de seleção e aquisição, deve deixar claro para o doador que o material será deixado à
disposição de outrem, ou simplesmente descartado.

Por isso, a política de seleção e aquisição deve estar clara quanto às suas diretrizes, tanto para a
biblioteca quanto para a comunidade.

Os seguintes tópicos devem fazer parte dessa política:

Para compra: prioridade de conteúdos e suportes, disponibilidade orçamentária, comparação de preços


de fornecedores, qualidade e atualização do material, periodicidade de aquisição.
Para doação: prioridade de conteúdos e suportes, qualidade e atualização do material, orientações ao
doador que indiquem claramente que a biblioteca, a partir daquele momento, terá autonomia para decidir
o destino dos materiais doados.
Para permuta: prioridade de conteúdos e suportes, qualidade e atualização do material, e benefícios da
parceria. Permutas não são muito comuns, mas devem sempre levar em consideração o acordo básico de
uma parceria, a saber: parcerias são trocas, e devem beneficiar os dois lados envolvidos.

Caso a biblioteca receba a doação de coleção completa de uma pessoa, sugerimos que a
organização dessa coleção leve em consideração a genética do acervo. Isso significa que deve
ser preservado o sistema de organização do doador e não o sistema de organização da
biblioteca. A ordem dos manuscritos, objetos, documentos impressos, deve ser
compreendida, mantida e explicada ao público potencial da coleção.

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Competência 01

Figura 5 - uma coleção pode ser formada por compra, doação ou permuta.
Fonte: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-707135833-100-livros-diversos-sebo-bibliote
ca-coleco-frete-gratis-_JM
Descrição: ilustração de quatro estantes cheias de livros, uma ao lado da outra.

Uma vez formado o embrião da coleção, é necessário que se inicie o tratamento técnico do
material. Esse tratamento é também chamado de processamento técnico, e é parte constituinte da
formação e desenvolvimento de coleções. A seguir, falaremos dessa etapa.

Os processos técnicos

O processamento técnico de uma biblioteca não deve ser considerado meramente uma tarefa
tecnicista. As etapas desse processo exigem do profissional um alto grau de conhecimento
humano, porque, além da técnica inerente à tarefa, os atos de classificar, catalogar e indexar têm
como base as áreas de conhecimento, de pessoas e da diversidade bibliográfica.

Defendemos que o conhecimento humanista do profissional poderá influenciar diretamente no


processamento, que é constituído, basicamente, das seguintes etapas:

Classificação
Catalogação
Indexação
Preparo do material para o acesso

Vamos falar rapidamente sobre cada um deles porque vocês já tiveram esses conteúdos mais
aprofundados durante o curso.

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Competência 01

• A classificação

Figura 6 - ordem dos livros nas estantes


Fonte: www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Classifica%C3%A7%C3%A3o%20
De%20Livro&lang=3
Descrição: duas estantes com livros posicionadas lado a lado. Cada estante contém cinco
prateleiras. Uma seta aponta, a partir da primeira prateleira, no alto à esquerda, a ordem
de colocação dos livros nas estantes. A seta segue para a direita e no fim de cada prateleira
sempre retoma seu percurso a partir da esquerda da prateleira seguinte. E assim por
diante, a seta começa sempre pela esquerda, termina na direita da prateleira e recomeça
na esquerda da prateleira seguinte.

Classificar é conhecer, por isso o profissional deve conhecer a coleção que está formando.
Classificar também é separar a coleção por meio de semelhanças e diferenças de gêneros e
espécies. Assim, uma vez adquirida a coleção, chega o momento de fazer a separação por áreas do
conhecimento. Recomendamos separar, primeiramente, pelas áreas maiores, para, em seguida,
especificar as áreas menores. A separação, então, é feita nas áreas específicas pré-definidas. A
seguir, veja um exemplo:

Livros de Artes são primeiramente separados do restante da coleção. Em seguida, eles são
separados por artes específicas: música, pintura, artesanato, cinema, etc. E, se for necessário,
podemos, por exemplo, separar a música por especificidades regionais: música brasileira, francesa,
italiana, japonesa, etc. E dentro da música brasileira, podemos fazer a separação da classe MUSICA
por ritmos regionais (ou não): samba, maracatu, sertaneja, rock, etc.

Classificar é conhecer

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Competência 01

O processo de classificação exige do bibliotecário um conhecimento, mesmo que básico, do assunto


que está sendo classificado. Alguns sistemas de classificação podem ajudá-lo nesse trabalho. Os
mais usados no Brasil são a Classificação Decimal de Dewey (CDD) e a Classificação Decimal
Universal (CDU). Há outras opções, mas o que o bibliotecário deve sempre levar em consideração é
que a classificação, assim como todo o processo técnico, não é um fim em si mesmo, é apenas o
meio. O fim são as pessoas que utilizarão as coleções. Pense nos leitores.

• A catalogação

Figura 7 - antigos fichários para armazenar fichas de catalogação.


Fonte: http://biblioideiaseestudos.com.br/
Descrição; fotografia de um fichário de biblioteca. O fichário, feito em madeira,
contém várias gavetas, todas com uma etiqueta de identificação na frente. Uma das
gavetas está aberta e dentro da gaveta está uma sequência de fichas. As fichas estão
separadas por conjuntos de fichas e cada separação está identificada com uma aba
que se sobressai e inicia cada conjunto de fichas.

Catalogar é representar um documento por meio de uma descrição dos itens essenciais e
recuperáveis desse documento. O objetivo é facilitar a recuperação da informação por meio dos
campos que serão descritos, e que dizem respeito ao documento catalogado. Assim, por exemplo,
um livro deve ter como descritos e recuperáveis os seguintes elementos: autor, título, descritor (ou
palavra-chave ou assunto), notação, resumo, local e ano de publicação, editora, língua, etc. Para
catalogar o bibliotecário deve utilizar um código norteador. O código mais utilizado no Brasil é o
Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR).

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Competência 01

Notação (ou número de chamada) é o conjunto de códigos que, normalmente, é mostrado na


lombada do livro. Esses códigos representam assunto, autoria (ou responsabilidade) e
definem o endereço dos livros nas estantes.

• A indexação

Conforme você viu em disciplina anterior, indexação é um processo de extração de palavras-chave


do texto e que servirão para, futuramente, facilitar a recuperação do documento por meio dos seus
assuntos. A indexação pode trabalhar com palavras do discurso livre, ou por meio de um
vocabulário controlado. Nesse caso, a operação de indexação e busca é feita com base num tesauro
específico de uma área do conhecimento. A indexação pelo tesauro diminui a dispersão de termos
que podem surgir a partir de um conceito, e assim, propor uma sintonia entre o termo indexado
pelo bibliotecário e o termo a ser pesquisado pelo usuário do sistema. Normalmente os sistemas de
vocabulário controlado utilizam dicionários terminológicos de áreas específicas. Para ser controlado
o vocabulário podem ser utilizados tesauros, ontologias, taxonomias, folksonomias, etc.

Palavras-chave, descritores e termos são expressões que representam


os conteúdos dos documentos.

• Preparo do material para o acesso

No momento em que o material está pronto, deve ser colocado imediatamente à disposição dos
leitores (figura 8). Os materiais impressos devem ser etiquetados para facilitar a sua localização nas
estantes. Quanto aos materiais digitais, devem ser organizados num site ou portal preocupado com
a usabilidade das pessoas. Dependendo da proposta da biblioteca, os materiais digitais podem
requerer recursos tecnológicos de comunicação, como servidores, tablets e e-readers. Porém,
mesmo neste ambiente os materiais necessitam ser catalogados, classificados e indexados, que são
técnicas que buscam transformar os itens armazenados e recuperáveis. Você poderá se aprofundar

19
Competência 01

mais nesse tema na disciplina AUTOMAÇÃO DE BIBLIOTECAS que será ofertada logo após esta
disciplina!

Figura 8 - livros classificados, catalogados, etiquetados e preparados para o uso.


Fonte: http://br.photaki.com/picture-prateleiras-de-livros-na-biblioteca-infantil_450147.htm
Descrição: fotografia de três estantes cheias de livros. Cada estante contém cinco prateleiras.
Cada livro tem uma etiqueta branca na lombada.

• O Descarte

Figura 9 - Montanha de livros danificados.


Fonte: http://booksellerswithoutborders.com/photoblog/the-ghosts-of-borders-
past/before/
Descrição: fotografia de muitos livros amontoados, uns sobre os outros.

20
Competência 01

Vimos na, figura 9 que, muitas vezes, o descarte é necessário. Chamado de desbastamento por
alguns, o descarte deve ser planejado por meio de uma política centrada na pertinência e no uso
das coleções. Aqui também o ponto de partida deve ser a comunidade de leitores, e é, direta ou
indiretamente, ela que deve ter a decisão final sobre o descarte. Quando a biblioteca conhece o
sentimento da comunidade, a política de descarte pode ser construída com segurança. Como vimos
anteriormente nos exemplos de possíveis respostas da comunidade, uma delas pode ser a seguinte:

Quero uma biblioteca que não tenha livros velhos, desatualizados e empoeirados.

Assim, a biblioteca pode tomar algumas decisões que compatibilizem as coleções com a
comunidade. Leia alguns exemplos:

Dependendo dos recursos, a biblioteca deve substituir livros muito desgastados por novas edições e
exemplares.
Livros desatualizados devem ser descartados, a menos que algum leitor peça para separá-los num espaço
para pesquisas retroativas.
Livros com fungos, brocas, ou estragados, e que não têm recuperação por restauro, devem ser
descartados.
Com exceção dos livros estragados, o material não deverá ser simplesmente jogado fora. A primeira opção
é deixar na cesta de pegue-leve à disposição dos leitores, e a segunda opção é encaminhar o material
descartado para reciclagem.

SAIBA MAIS

Algumas bibliotecas utilizam cestas que chamam de pegue-leve (figura 10). Os leitores são
livres para pegar e levar o material que quiser. Outras bibliotecas promovem eventos
periódicos, para integrar melhor a comunidade. Podem ser feiras de troca, ou eventos como
recite um poema e ganhe um livro.

21
Competência 01

Figura 10 - Pegue-leve numa biblioteca


Fonte: http://cre-sercravinhos.blogspot.com.br/p/pegue-e-leve.html
Descrição: imagem de uma estante para revistas, que permite a exposição de revistas e livros por meio
das capas. Na imagem estão três prateleiras expondo livros e revistas. No alto da estante há uma placa
com a seguinte frase: Pegue e Leve.

Algumas bibliotecas têm “medo” de descartar itens da coleção, e outras praticam o apego de uma
forma desnecessária. Defendemos que, se houver uma política consistente de descarte, esses dois
problemas tendem a ser minimizados. Outro ponto importante e que deve ser sempre lembrado é
que a biblioteca também é lugar de memória e alguns itens da coleção são essenciais para se
compreender a comunidade e a biblioteca. Sendo assim, a política da biblioteca deve deixar claro o
valor simbólico desses itens, para que sejam preservados. A biblioteca deve equilibrar tradição e
inovação.

Espero que tenha ficado claro até aqui.

Nunca se esqueça de que todas essas diretrizes devem ser sempre planejadas, conduzidas e
avaliadas com a comunidade. Um trabalho feito em equipe pode ser mais conflituoso, mas, por isso
mesmo, pode render muitos frutos bons.

22
Competência 01

SUGESTÃO

Veja o filme UM SONHO DE LIBERDADE. Neste filme, alguns presos criam uma biblioteca no
presídio. O espaço torna-se, então, ponto de encontro para quem busca informação e
entretenimento.

Figura 11 – Cena do filme Um Sonho de Liberdade, com Morgan Freeman e Tim Robbins. Direção
de Frank Darabont.
Fonte: http://universal.globo.com/programas/the-librarians/materias/top-10-as-melhores-biblio
tecas-do-cinema.html
Descrição: imagem de uma biblioteca. Em primeiro plano, algumas mesas onde pessoas estão
lendo, e ao fundo estão as estantes com livros, onde algumas pessoas estão em pé, vasculhando
as estantes. Na fotografia da biblioteca estão cerca de dez leitores. Todos eles são homens e estão
vestindo um fardamento composto de camisas e calças azuis.

Aqui finalizamos a primeira semana de conversas. Antes de nos despedirmos brevemente, convido
vocês a refletir sobre o poema que segue para o nosso primeiro encontro presencial.

23
Competência 01

• Refletindo a competência 1 com Arte

aDeus

(Miró da Muribeca)

Estou indo
carrego música
e um silêncio imenso
dentro de mim

estou indo

na mochila alguns poemas para ofertar


aos corações sem amor
para os que não acreditam
que a vida é possível
que beijar
é melhor que comprar um revólver

estou indo
o dia amanheceu
e Deus não dorme

É hora da revisão!

Caro cursista, ao término da nossa primeira competência vimos que as coleções (ou acervos) são
todos os itens de informação que podem ajudar os leitores da biblioteca na sua travessia
educacional e cultural. Alguns itens importantes devem ser lembrados por você. Vamos revê-los?

• A formação de coleções é um processo que se desenvolve em etapas interdependentes, sendo


necessário haver uma harmonia entre os seus elementos constituintes para que o todo (a coleção)
possa existir, alcançando o objetivo maior que é a socialização do conhecimento para formação de
leitores.

24
Competência 01

Constituem essa estratégia:

1 - O Estudo da comunidade ao qual essa coleção vai servir, entendendo os aspectos econômicos,
sociais, culturais, educacionais, políticos e outros elementos inter-relacionados que influenciam
diretamente na escolha do acervo e de sua administração. Devemos aprender a ouvir! A empatia
(que é a capacidade de colocar-se no lugar do outro) é fundamental para compreender o que a
comunidade espera de uma biblioteca, lembre-se disto!

2 - A elaboração de uma Política de Seleção e Aquisição, que atua como instrumento normativo
para garantir a consistência e permanência de todo o processo de desenvolvimento das coleções ao
longo dos anos de existência da biblioteca, oferecendo um suporte a todas as decisões para as
próximas seleções, avaliações e aquisições de materiais que podem ser feitas através de compra,
doação ou permuta. Uma política de seleção não é eterna, ela muda em decorrência dos tempos,
das tecnologias, interesses e necessidades de informação das pessoas.

3 - Ações de Descarte ou Desbastamento. Após a avaliação de uma coleção, o bibliotecário poderá


optar pelo descarte (exclusão definitiva do item no acervo com baixa nos registros) ou
desbastamento (retirada dos itens poucos utilizados da coleção para outro local). Essas medidas
visam renovar o espaço físico na biblioteca, contribuindo para melhorar o acesso ao acervo.

Até a próxima!

25
Competência 02

2.Competência 02 | Saber formar e avaliar uma coleção

Olá, seja bem-vindo de volta! Vamos continuar nossa conversa. Agora, com a compreensão dos
conceitos básicos de formação e desenvolvimento de coleções, apresentaremos alguns conceitos
que são essenciais à avaliação e continuidade do processo. Esses conceitos devem ser entendidos e
colocados em práticas para que a biblioteca alcance seus objetivos de se integrar à comunidade,
tornando-se, assim, espaço de referência para os leitores. A seguir, introduziremos brevemente
esses temas.

• Diversidade

Se a coleção é formada a partir das demandas da comunidade, é certo que ela será diversificada,
porque numa comunidade de leitores há variedade de pensamentos, ideologias e heranças
culturais. Sendo assim, a coleção deve se preparar para uma formação diversificada em conteúdos e
formatos. Quando falamos em conteúdos nos referimos às diferentes áreas do conhecimento.
Dessa maneira, uma coleção poderá agregar materiais com as mais diversas temáticas, a saber:
filosofia, religião, ciências naturais e aplicadas, história, artes, literatura de ficção, etc. E também em
diferentes mídias e formatos: livros impressos e eletrônicos, periódicos, audiovisuais, quadrinhos,
quadros, etc.

A ideologia dos bibliotecários e técnicos jamais deve se impor às demandas da comunidade. Não é
possível falar aqui em imparcialidade ou neutralidade, mas entendemos que a formação de
coleções é um trabalho compartilhado e, por isso mesmo, as diferenças devem ser respeitadas e
contempladas no processo de formação.

Um conceito fundamental para a formação e desenvolvimento de coleções é o de


bibliodiversidade. Termo bastante usado pelas editoras independentes, ele significa a
diversidade cultural no mundo dos livros. A bibliodiversidade defende um equilíbrio das
publicações, e para que isso aconteça não pode haver monopólios financeiros e nem
predominância cultural de alguns. As bibliotecas devem assegurar que suas coleções
contemplem a diversidade cultural o máximo possível. Sugerimos, como exemplo, que as
coleções incluam, em suas políticas de aquisição, textos de autores “marginais” e indígenas.

26
Competência 02

Figura 12 - A bibliodiversidade.
Fonte: http://navegacoesnasfronteirasdopensamento.blogspot.com.br/2014/11/declaracao-
internacional-de-editores-e.html
Descrição: fotografia de muitos livros empilhados. A imagem está fechada em plano restrito
não permitindo saber a dimensão da pilha de livros. Os livros estão todos no plano horizontal
e a pilha deixa à mostra não as lombadas, mas sim os miolos dos livros.

• Atualização

Este é um requisito básico e deve ser sempre monitorado, porque na contemporaneidade as coisas
mudam muito rápido, e por isso a biblioteca deve estar atenta para que a coleção acompanhe, na
medida do possível, essas mudanças. Essa atualização refere-se tanto ao conteúdo quanto aos
formatos de publicação. Lembre-se de que o leitor de dez anos atrás não é o mesmo leitor de hoje,
e em dez anos o leitor de hoje poderá não existir mais. Portanto, as coleções devem acompanhar e
até se antecipar às demandas de leituras das comunidades.

• Integração

Já sabemos que a coleção deve estar integrada à comunidade, e naturalmente, a integração


também deve existir entre os temas e suportes. Essa complexa integração pode ser construída e
verificada em alguns pontos que servem de referência para formalizar a integração entre demanda,
conteúdos temáticos e mídias. Leia, a seguir, alguns desses pontos:

27
Competência 02

Os materiais da coleção devem, na sua maioria, ser escritos na língua em que fala a comunidade.
Assim, no Brasil, devem ser priorizadas coleções em língua portuguesa. Porém, se a biblioteca
estiver localizada numa comunidade indígena, a prioridade deve ser a língua dos falantes daquela
comunidade.
Um fator essencial para a integração é a linguagem dos materiais (textos, sons, imagens). A
linguagem dever ser compatível com os diferentes níveis de alfabetização e letramento dos
leitores.
Se a coleção está sendo formada de acordo com as demandas, então está claro que a coleção vai ao
encontro dos interesses dos leitores, mas a biblioteca sempre pode contribuir com algo mais. A
biblioteca, muitas vezes, pode perceber algo antes que a comunidade e sugerir materiais que,
mesmo que ainda não conhecidos pelos leitores, guardam em si uma contribuição potencial a esses
leitores. Essas contribuições, muitas vezes, são fruto de pesquisas da biblioteca, que propondo uma
antecipação, colabora com a inovação da coleção.

• Orçamento

Nenhuma biblioteca sobrevive sem sustentabilidade financeira, por isso é importante que a
comissão busque alternativas de incrementar o orçamento para que as políticas de formação e
desenvolvimento de coleções não fiquem prejudicadas.

Dependendo do tipo da biblioteca, é possível que haja um plano orçamentário que dê sustentação à
biblioteca. Isso acontece, normalmente, em algumas bibliotecas universitárias, escolares, públicas e
especializadas. No caso das bibliotecas comunitárias, o orçamento já é mais difícil de ser construído,
porque vai depender da ajuda da comunidade, de empresas patrocinadoras e de concorrência em
editais públicos e privados. Isso requer, da equipe, uma constante busca por captação de recursos
financeiros. E mesmo em bibliotecas que já tenham um planejamento orçamentário, aconselhamos
que sempre se busque outras formas de captação para incrementar o orçamento. Afinal, quanto
mais recursos, mais melhorias a equipe pode promover nas bibliotecas, e isso inclui a formação e o
desenvolvimento das coleções.

Nenhuma biblioteca sobrevive sem sustentabilidade financeira

No caso das bibliotecas escolares, algumas escolas mantêm as bibliotecas nos seus planos

28
Competência 02

orçamentários. Mas isso acontece principalmente em escolas da rede privada de ensino. No caso
das bibliotecas de escolas públicas, existem alguns planos governamentais que favorecem a
ampliação das coleções nas bibliotecas escolares. Entre eles está o PNBE (figura 13).

Figura 13 - alguns livros do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE)


Fonte:www.google.com.br/search?q=pnbe+biblioteca+da+escola&biw=1366&bih= 667
&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0CAcQ_AUoAmoVChMIrZT1xY6YyQIVhEGQCh13
rwlL#imgrc=LHoTCificXBo4M%3A
Descrição: a imagem mostra vários livros espalhados sobre um suporte que se parece
com um balcão ou uma mesa. Os livros estão expostos pelas capas.

O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), desenvolvido desde 1997, tem o objetivo
de promover o acesso à cultura e o incentivo à leitura nos alunos e professores por meio da
distribuição de acervos de obras de literatura, de pesquisa e de referência. O atendimento é
feito em anos alternados: em um ano são contempladas as escolas de educação infantil, de
ensino fundamental (anos iniciais) e de educação de jovens e adultos. Já no ano seguinte são
atendidas as escolas de ensino fundamental (anos finais) e de ensino médio. Hoje, o
programa atende de forma universal e gratuita todas as escolas públicas de educação básica.

Talvez você esteja se perguntando se apenas o bibliotecário deve tomar as decisões em relação às
políticas de formação e desenvolvimento de coleções. A resposta é não. As decisões devem ser
avaliadas e feitas por uma comissão, porque acreditamos que uma decisão coletiva pode trazer
benefícios para a resolução dos problemas.

29
Competência 02

• Periodicidade do inventário da coleção para verificar possíveis perdas.


A formação e avaliação de
• Análise dos materiais que devem ser descartados ou recuperados.
coleções devem ser
• Verificação e acompanhamento da demanda reprimida, que é aquela
coordenadas por uma
que indica os títulos procurados pelos leitores, mas que não existem
comissão formada por
na biblioteca.
membros da biblioteca e
• Proposição dos critérios utilizados e das políticas específicas que
da comunidade. Assim,
envolvem todo o processo de formação e desenvolvimento de
algumas questões podem
coleções.
ser planejadas e pensadas
por essa comissão, tais • Avaliação constante do processo de formação e desenvolvimento de
como: coleções. Essa avaliação deve compreender os processos técnicos, a
integração, a atualização, a diversidade, as demandas e o impacto da
coleção na comunidade.

O impacto da coleção na comunidade deve ser verificado


periodicamente. Essa avaliação pode ser feita por meio de consultas às
pessoas da comunidade.

Assim, entendemos que as equipes das bibliotecas devem, constantemente, buscar alternativas
para que as coleções fiquem sempre atualizadas e integradas com a comunidade.

Os temas aqui apresentados devem, naturalmente, fazer parte da política de formação e


desenvolvimento de coleções. Além de ajudarem na formação da coleção, são essenciais para
subsidiar a avaliação da coleção. Assim, quando a comissão resolver fazer a avaliação, o
planejamento pode ser feito a partir das seguintes perguntas:

As coleções estão integradas com a comunidade?


As coleções compreendem a diversidade cultural da comunidade?
O desenvolvimento das coleções está assegurado por um plano de captação de recursos?
Há um plano de conservação e preservação das coleções? (Você estudará esse conteúdo em
disciplina específica).
As coleções estão respondendo às demandas da comunidade? Aqui, o documento que
contém os resultados da pesquisa com a comunidade pode servir como base (falamos sobre
esse documento na primeira competência).

30
Competência 02

As manifestações culturais podem ser conceituadas a partir de cinco referências: diversidade,


dinamismo, conflito, identidade e espontaneidade. Entender a diversidade cultural é
entender e aceitar o outro.

Espero que, até aqui, as coisas estejam claras para você. Agora, passaremos à terceira competência,
que vai te orientar a empreender, na prática, a formação de uma coleção.

SUGESTÃO DE LEITURA

O ano da leitura mágica, de Nina Sankovitch. Neste livro, a protagonista impõe a si mesma um
desafio: ler um livro por dia durante um ano. Ao final de um ano, ela formou uma coleção
com os livros lidos e registrou os títulos da coleção no final da obra.

Figura 14 - o ano da leitura mágica


Fonte: www.universoliterario.com.br/2014/03/resenha-o-ano-de-leitura-
magica-nina.html
Descrição: a imagem apresenta a capa do livro O ano da leitura mágica, de
Nina Sankovitch. A capa do livro mostra duas mãos segurando um livro
aberto e acima desse livro aberto, vários livros estão voando. Os livros voam
abertos, e estão voando de maneira semelhante às gaivotas.

31
Competência 02

• Refletindo a competência 2 com Arte

Poema Sujo (fragmento)


[...] e essa é a razão por que
quando as pessoas se vão
(como em Alcântara)
apagam-se os sóis (os potes, os fogões)
que delas recebiam o calor
essa é a razão
por que em São Luís
donde as pessoas não se foram
ainda neste momento a cidade se move
em seus muitos sistemas
e velocidades
pois quando um pote se quebra
outro pote se faz
outra cama se faz
para que não se extinga
o fogo
na cozinha da casa

(Ferreira Gullar)

É hora da revisão!

Caro cursista, ao término da nossa segunda competência estudamos que a avaliação de coleções é
uma etapa do processo de desenvolvimento de acervos que busca refletir se a biblioteca cumpre o
seu papel como equipamento educacional e cultural, servindo como interface do usuário com a
informação. Devemos sempre nos perguntar: Será que a biblioteca cumpre os objetivos
institucionais e oferece bons serviços à comunidade? Qual o valor da eficácia e do uso das coleções?
A avaliação também deve subsidiar decisões sobre o uso do espaço físico e otimização da coleção.
Alguns pontos importantes devem ser destacados:

32
Competência 02

O objetivo da avaliação de coleções é de identificar pontos fortes ou fracos da coleção, com


vistas às possibilidades de substituições, acréscimos, melhorias e atualizações para melhorar a
disponibilidade e acesso às coleções.

A análise crítica quando à diversidade do acervo, sua atualização e a integração dos recursos
de informação com a comunidade leitora, bem como, os impactos nela causados.

Cumpre destacar que ao avaliarmos uma coleção estamos avaliando também os métodos de
seleção adotados pela instituição mantenedora, sendo esta parte integrante do planejamento e das
políticas de seleção da biblioteca. Os métodos, técnicas e critérios de seleção não são eternos e
devem sempre estar em avaliação, pois o mundo muda e os usuários também!

As avaliações de coleções precisam se basear em critérios claros e concisos, todos eles


acordados em conjunto com a equipe de trabalho da biblioteca. Há diversos métodos e técnicas que
podemos usar para o processo avaliativo de acervos. Por exemplo, podemos entrevistar os usuários
frequentadores da biblioteca através da aplicação de questionários, perguntando o que eles acham
do acervo, se os exemplares são suficientes, se os títulos são relevantes e despertam interesse de
consulta, se a coleção está atualizada, se acompanha as mudanças trazidas pelo cotidiano. Com
essas respostas em mãos, o que poderíamos melhorar? Outra dica é usar dados estatísticos para
verificar a frequência de empréstimos, reservas e circulação dos itens no acervo, sinalizando as
demandas de uso desses itens, e por fim, desenvolver estudos sobre a comunidade ao qual a
biblioteca serve para que se possa definir o perfil ideal das coleções.

Até a próxima!

33
Competência 03

3.Competência 03 | Empreender a formação de uma coleção para uma


determinada comunidade de leitores

Agora chegou a hora de você colocar a mão na massa! Vamos empreender a construção de uma
pequena coleção. Conforme falamos no texto de abertura da competência, cada aluno deverá
escolher uma comunidade. Então, você pode optar por uma escola, alguma casa de moradia (sua
própria casa), uma igreja, uma associação, um escritório corporativo ou particular, um website, etc.

A coleção pode ser composta por livros (impressos ou digitais), periódicos, DVDs, Blu-Rays,
gravuras, quadros, partituras musicais, selos, provas de concursos, instrumentos musicais, CDs,
discos de vinil, filmes e músicas para download, etc.

O primeiro passo, conforme já vimos, é investigar a comunidade para conhecer suas reais
necessidades de informação. Assim, você pode perguntar que tipo de biblioteca as pessoas querem.
Se essa etapa for possível de fazer, será ótimo, mas se não for possível, mediante o pouco tempo
disponível para a atividade, sugerimos que você comece a partir de uma coleção já existente,
mesmo que pequena, e, que, em caso de ampliação, recorra a doações, para evitar gastos
financeiros.

Sendo assim, em primeiro lugar, você deve definir o lugar e prepará-lo para receber a coleção.
Preparar significa ter espaço para armazenar a coleção, e espaço para receber leitores. No caso de
bibliotecas digitais, deverá ter espaço para armazenar os conteúdos e meios de atender aos
leitores. Isso significa ter uma infraestrutura básica de informação e comunicação.

A partir da escolha dos lugares e do tipo de coleção, você deve focar agora a comunidade que será
atendida. Assim, converse com as pessoas que serão potenciais leitoras da sua coleção. A pergunta
básica é:

Qual biblioteca você quer?

34
Competência 03

A partir das respostas, direcione a sua coleção para aproximá-la da sua comunidade, promovendo
assim a integração. Lembre-se de que essa comunidade pode ser bem pequena, por exemplo, a sua
família, ou seu círculo de vizinhos.

Em seguida, a coleção deve ser minimamente organizada para atender a essa comunidade. Lembre-
se das disciplinas de classificação e catalogação. Assim, você deve separar e classificar fisicamente
os materiais da coleção para que possam ser mais facilmente localizados pelas pessoas.

Caso sua coleção já exista, e/ou não houver recursos para formar uma coleção a partir das
demandas, você pode ir direto para a etapa de organização (catalogação, classificação,
indexação).

A catalogação pode ser feita manualmente, em fichas, ou numa pequena base de dados construída
em programas baixados gratuitamente na internet.

Alguns exemplos de programas gerenciadores de bibliotecas são: PHL, BibLivre (gratuitos), e


Pergamum e Sophia (pagos). Você poderá se aprofundar mais sobre esse conteúdo durante a
disciplina de AUTOMAÇÃO DE BIBLIOTECAS.

Lembre-se de que a coleção deverá, posteriormente, ficar à disposição de uma comunidade de


leitores, por isso, é necessário que a organização seja feita pensando nessa comunidade.

Algumas coisas não podem ser esquecidas nessa etapa, e aqui listarei algumas, porque considero
que são essenciais ao processo de formação de coleções:

As pessoas são diferentes, por isso um mesmo livro (ou outro item bibliográfico), pode ter impactos
diferentes em leitores diferentes.
As pessoas mudam. O mundo vive em constante mudança social, cultural e tecnológica, e essas mudanças
influenciam diretamente as pessoas. Os leitores de hoje serão diferentes dos leitores de amanhã. Por isso,
as bibliotecas e suas coleções devem estar em constante reinvenção.
A produção de informação não para, e a velocidade de produção bibliográfica é gigantesca. Por ser

35
Competência 03

configurada como um espaço de memória e formação, a biblioteca é um espaço de conflito entre


tradição/inovação. Novos títulos devem ser agregados à coleção, porém os clássicos devem sempre ser
preservados. Uma sugestão é agregar à coleção alguns clássicos que são reeditados com nova
encadernação, com ilustrações e outros conteúdos que tornam a leitura ainda mais interessante.

A seguir, vamos listar algumas dicas de como proceder nas atividades de organização da coleção:

O tombamento: O tombo é o registro de entrada do item na coleção. Assim que ele chega, deve ser
incorporado por meio do processo de tombamento, que pode ser uma numeração sequencial. Esse
número é o registro que vai identificar que o item é pertencente à coleção. Algumas bibliotecas
criam um carimbo de identificação com o nome da biblioteca e o número de tombo do livro. Os
sistemas gerenciadores de bibliotecas fornecem, no momento, da catalogação, o número de tombo.
Se você fizer o tombamento manualmente veja um exemplo de como deve ser feito na figura 15.

Figura 15 - modelo de livro de tombo


Fonte: http://pt.slideshare.net/sebanna/curso-de-auxiliar-de-biblioteca
Descrição: ilustração de um livro aberto. As duas páginas do livro aberto apresentam colunas, e no
alto de cada coluna há uma identificação do conteúdo que deverá ser preenchido.

36
Competência 03

Entenda alguns campos do registro de tombo, conforme exemplo anterior:

N° Número de tombo
Data Data de aquisição
Autor Autoria da obra
Título Título da obra
V Volume (se a obra for dividida em volumes)
Local Local de publicação da obra
Ed Casa que publicou a obra
Data Ano de publicação da obra
Aqui Tipo de aquisição (compra, doação ou permuta)
Ex. Exemplar da obra (a biblioteca pode ter mais de um exemplar da obra)
Lin Língua em que está escrita a obra.
Obs Observações gerais (descarte, baixa, etc.)

A classificação: primeiramente separe os itens por assuntos genéricos (maiores), e depois vá


subdividindo esses itens por assuntos mais específicos (menores). Procure juntar itens similares,
itens que têm mais de um exemplar e itens que guardem alguma relação entre si. Armazene-os de
maneira lógica, o que significa armazená-los por semelhança. Lembre-se de que a classificação
guarda uma lógica de semelhanças e diferenças, assim, por exemplo, numa coleção de filmes, você
pode organizá-los por gêneros (terror, ação, drama, comédia, fantasia, etc.), ou por autoria,
classificando os filmes por sobrenome de diretor. Ao separá-los, o próximo passo é identificar os
conjuntos e subconjuntos por algum código.

Assim, por exemplo, numa videoteca, os filmes de terror podem ser identificados com a cor preta e
os filmes de comédia podem ficar com a cor azul. Então os filmes de cor preta estarão agrupados e
representarão o gênero TERROR. Para isso, sugerimos que, na parte visível de cada item cole um
adesivo (ou uma fita de tecido colorido) da cor de cada gênero. Esta é uma sugestão que foi
escolhida apenas para que você entenda a sistemática de separação por semelhanças e diferenças.
Você pode utilizar muitos outros recursos, como códigos da CDD, ícones, figuras, etc.

A classificação pode ser bem simples e de fácil entendimento. Os assuntos podem ser
identificados por cores ou ícones.

37
Competência 03

A catalogação: depois de organizado por classificação, os itens da coleção devem ser catalogados.
Esse processo é importante porque facilita a localização de qualquer item da coleção. Assim, como
você já viu em disciplina específica, catalogar é registrar os dados essenciais do item numa ficha
manual ou num programa específico para bibliotecas. Se a sua coleção, para esta disciplina, for
muito pequena, é recomendável usar fichas, onde você descreverá o item e fará a associação desse
item com a classificação que lhe foi previamente atribuída. Uma vez classificado, o item terá um
lugar na coleção, e a catalogação remeterá os dados do item para aquele lugar. Ainda no exemplo
da coleção de filmes, o filme de terror O ILUMINADO, do diretor Stanley Kubrick, recebeu a cor
PRETA, e seu lugar na prateleira, portanto, será com os itens de cor preta, que representa o gênero
TERROR.

No momento da catalogação, o item será descrito por título (o Iluminado), autor (Stanley Kubrick),
gênero (terror), e cor preta. Para individualizar ainda mais, acrescente ao adesivo de cor preta, as
três primeiras letras do sobrenome do diretor. Dessa maneira, o item ficará agrupado com os
demais na cor preta, porém as letras KUB darão ao filme um status de quase único, porque pode ser
que aquele seja o único filme de terror com essas letras. Esse método apenas sofre alguma
alteração quando um diretor tem a responsabilidade de vários filmes de terror. Nesse exemplo,
podemos citar o diretor WES CRAVEN, que numa suposta coleção de filmes, poderia ter vários
títulos agrupados e, portanto, vários filmes com as letras CRA no agrupamento de cor preta. Nesse
caso, você pode acrescentar a primeira letra do título do filme, para individualizar o item na
coleção.

Wes Craven dirigiu alguns filmes como Quadrilha de Sádicos, Pânico1, Pânico 2, etc. que
poderiam ficar identificados como CRA Q (para quadrilha de sádicos), CRA P1 (para Pânico 1),
CRA P2 (para Pânico 2). No campo LOCAL (ou classificação) da planilha de catalogação, seriam
colocados esses códigos. Assim, quando o leitor acessasse a ficha, poderia imediatamente
saber a localização do item na coleção.

38
Competência 03

Veja um modelo de ficha manual para o item QUADRILHA DE SÁDICOS:

Tombo 001
Autor Craven, Wes
Título Quadrilha de Sádicos
Título original The Hills Have Eyes
Dados de lançamento EUA, 1978
Formato Blu-Ray
Palavras-chave Terror. Filmes de Terror.
Notação CRA Q
Exemplar 1
Notas Um remake do filme foi lançado em 2006, dirigido por Alexandre Aja, com o
título VIAGEM MALDITA. Não consta na coleção.

Você pode fazer a catalogação num sistema de base de dados. Na figura 16 mostramos o modelo de
um registro bibliográfico feito no BibLivre, que é um programa gratuito de gerenciador de
bibliotecas.

Figura 16 - modelo de um registro no sistema BIBLIVRE.


Fonte: https://bibblogger.wordpress.com/2015/06/08/acesso-ao-catalogo-do-biblivre/
Descrição: registro bibliográfico do livro A Aventura do Pudim de Natal, de Agatha Christie. O registro é
composto de campos, e cada campo mostra dados sobre o livro.

39
Competência 03

As palavras-chave: na planilha de catalogação deve haver um espaço para registrar as palavras-


chave que melhor representem o item na coleção. Na biblioteconomia chamamos essas palavras de
DESCRITORES, porque, além de serem palavras que descrevem o conteúdo do item, também são
palavras controladas por um vocabulário.

Vocabulários controlados podem ser taxonomias, folksonomias, ontologias. Os mais utilizados


em bibliotecas são os tesauros.

Na terminologia essas palavras são denominadas de TERMOS, porque são retiradas de dicionários
de terminologia.

Os dicionários de terminologia são sempre especializados numa determinada área do


conhecimento. Existem dicionários terminológicos de Direito, Física, Eletrônica, Nutrição, etc.

No nosso caso, como se trata de palavras de uso livro do discurso, a princípio sem controle, vamos
chamar de PALAVRAS-CHAVE. Da mesma forma que acontece com os códigos, as palavras-chave
agrupam um conjunto de itens semelhantes e auxiliam na recuperação da informação.

Figura 17 - Nuvem de palavras-chave.


Fonte: http://blog.boo-box.com/publishers-2/pimp-your-blog/aproveite-todo-o-poder-das-palavras-chave-para-
o-seu-conteudo/
Descrição: A imagem apresenta uma nuvem feita de diversas palavras escritas em diversas cores. Entre as
palavras estão: termos, blog, buscas, Google, conteúdo, resultados, pesquisa, bom, volume, etc.

40
Competência 03

Caso você tenha decidido implantar uma biblioteca digital, o processo de palavras-chave é ainda
mais importante. Nesse caso, como não é possível identificar os itens por etiquetas, é necessário
descrevê-los com palavras-chave (e metadados) e criar diretórios que agrupem os itens por
semelhanças.

Metadados são recursos que incluem dados sobre o item da coleção, e facilitam sua
localização nas bibliotecas digitais. Diretórios são recursos que organizam e classificam os
conteúdos por categorias e subcategorias. Sugerimos que, caso seja de interesse, você
pesquise mais sobre o assunto.

A acessibilidade: consideramos importante que a biblioteca sempre pense na acessibilidade a todas


as pessoas. Para seguir o conceito de acessibilidade e inclusão, os espaços devem estar preparados
para receber todas as pessoas. Sabemos que, por uma série de razões, muitas vezes isso não é
possível, mas pequenas ações, e, às vezes, sem custo algum, podem trazer muitos benefícios. As
bibliotecas são construídas para todas as pessoas, e por isso mesmo, os seguintes detalhes devem
ser observados:

Rampas de acesso (se necessário)


Elevadores (se necessário)
Pisos táteis
Orientações em BRAILE
Correta condução de pessoas cegas pelos espaços
Ações culturais com tradução simultânea em LIBRAS
Espaços dimensionados e preparados para cadeirantes

LIBRAS é a língua brasileira de sinais. É usada pela maioria dos surdos (veja figura 18)
BRAILE é um sistema de leitura para cegos. Foi criado pelo francês Louis Braille no século XIX
(veja figura 19).

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Competência 03

Figura 18 - Língua Brasileira de Sinais


Fonte: www.contagem.mg.gov.br/?hs=303766&hp=811069
Descrição: ilustração do alfabeto da Língua Brasileira de Sinais. Cada letra é representada
por um sinal feito com a mão.

No caso específico de coleções, as bibliotecas devem incluir nas suas políticas de seleção e aquisição
itens acessíveis como:

Livros em Braile
Áudio-livros
Livros em letras grandes para pessoas com baixa visão
Etiquetas de notação (classificação) em braile
Programas de voz, em caso de bibliotecas digitais
Áudio-descrição da informação

Figura 19 - Alfabeto Braille


Fonte: http://camaradeparaguacu.mg.gov.br/escola/cursos/braille-basico/
Descrição: a imagem mostra o alfabeto Braille. Cada letra é representada por uma combinação dos
seis pontos que formam a estrutura do alfabeto. Lembrando que o deficiente visual identifica as
letras pelo tato.

Portanto, se o seu projeto para esta disciplina é criar uma pequena coleção para pessoas com
deficiência, atente para esses detalhes.

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Competência 03

Por fim, a coleção pode ser etiquetada e armazenada.

Figura 20 - uma coleção pronta para receber seus leitores.


Fonte: www.totalmentein.com/tag/biblioteca-pequena-em-casa/
Descrição: fotografia de uma biblioteca. Em primeiro plano estão duas poltronas com
almofadas e uma mesa almofadada de centro que também serve como espaço para sentar e
ler. Ao fundo estão as estantes cheias de livros. Entre as poltronas e as estantes há um abajur
sobre uma mesinha. As cores predominantes da imagem são: bege, amarela e dourada.

Para que você se inspire, sugerimos ver o vídeo do projeto IDEAS BOX, criado pelos
BIBLIOTECÁRIOS SEM FRONTEIRAS. Acesse o vídeo aqui:
www.youtube.com/watch?v=3qPbky8XiQc

Sobre o projeto: trata-se de caixas itinerantes que contém itens de bibliotecas (figura 21). Após ser
aberta, a coleção de caixas permite montar uma biblioteca em até 20 minutos.

A coleção contém os seguintes itens:

Conexão: acesso à internet 3G ou 4G.


Tecnologia da Informação: 15 a 20 tablets, 5 laptops e um servidor de internet.
Aprendizagem: 250 livros impressos, 50 e-readers, milhares de e-books, aplicativos educacionais,
wikipedia, Khan Academy.
Cinema: 1 TV HD, projetor, 100 documentários e filmes.
Jogos: de tabuleiro e vídeo games.
Artes: palco para apresentações musicais e teatrais.
Criação: 5 câmeras, softwares de vídeo e de design gráfico, scanner para criação, materiais de
desenho.

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Competência 03

Figura 21 - IDEAS BOX


Fonte: http://ewbusa-smu.org/ideas-box/
Descrição: A imagem mostra a ilustração do esquema de montagem de uma biblioteca itinerante. Na
parte superior da imagem está uma caixa fechada e em seguida os primeiros itens da caixa. A parte
inferior apresenta, a partir dos conteúdos da caixa, a biblioteca montada com mesas, cadeiras e as
coleções à disposição dos leitores.

Para conhecer mais sobre os bibliotecários sem fronteiras, acesse:


www.librarieswithoutborders.org/

No momento em que a coleção está classificada, catalogada, armazenada, consideramos que já está
pronta para o uso. Aqui, então, começa a etapa que chamamos de serviço de referência ao
usuário/leitor. Essa etapa será apresentada em disciplina específica, ainda neste curso.

Findamos aqui nossa conversa. Espero que as informações apresentadas ao longo destas semanas
tenham contribuído para a expansão dos seus conhecimentos. Desejo a você um bom trabalho, e
que suas coleções tragam ótimos resultados na vida das pessoas.

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Competência 03

SUGESTÃO DE FILME

Escritores da Liberdade, com Hilary Swank, e direção de Richard LaGravenese. Alemanha/EUA,


2007. Quando vai parar numa escola corrompida pela violência e tensão racial, a professora Erin
Gruwell combate um sistema deficiente, lutando para que a sala de aula e os livros façam a
diferença na vida dos estudantes.

Figura 22 - Escritores da Liberdade


Fonte: http://socializandofilmes.blogspot.com.br/search/label/Livros
Descrição: a imagem mostra o cartaz do filme Escritores da Liberdade: história
baseada em fatos reais. Nele aparecem o nome da atriz principal e o título, e logo
abaixo a imagem dos atores que participam do filme. Os protagonistas Hilary
Swank e Patrick Dempsey são representados em imagens maiores, um ao lado do
outro.

É hora da revisão!

Caro cursista, terminando a terceira competência, trazemos a você um panorama geral sobre os
processos de formação e desenvolvimento de coleções para uma comunidade de leitores.
Certamente, estas informações serão úteis para a atividade que você vem desenvolvendo desde o
início da nossa disciplina e que tem sua culminância nesta última semana. Atente às seguintes
perguntas que deverão ser atendidas para um bom desenvolvimento de coleções:

QUEM? (Estudo da comunidade). Trace o perfil da comunidade que será atendida,

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Competência 03

identificando quem são as pessoas que frequentam a biblioteca e quais as necessidades e interesses
deste público. Ter estas informações vai lhe ajudar a planejar os serviços de informação com mais
consistência (veremos mais sobre estes serviços em disciplina do próximo módulo).

COMO? (Políticas de Desenvolvimento de Coleções - PDC). Elabore um plano para registrar


todas as etapas do processo de desenvolvimento de coleções. Registre os critérios adotados pela
biblioteca para seleção e aquisição de materiais. O “PDC” é um documento que deve ser planejado
por uma comissão composta por pessoas tanto da biblioteca quanto da comunidade ou instituição
mantenedora. Pense na missão e nos objetivos da biblioteca que deverão estar em harmonia com a
instituição mantenedora. No caso de uma biblioteca comunitária, por exemplo, a biblioteca deve
auxiliar as ações e objetivos delineados pela associação dos moradores local (educação, lazer e
identidade cultural primordialmente). Pense também nas etapas de processamento técnico dos
livros e registro de patrimônio (livro de tombo, sistema computadorizado, etc.). Por exemplo, será
preciso uma catalogação formal? Neste caso, qual código de classificação utilizar? AACR2? Qual o
nível de descrição é suficiente na catalogação? Que código de classificação usar? Classificar os
assuntos de forma geral ou mais específica? É necessário desdobrar a classificação em graus mais
complexos (detalhados)? Qual o tipo de indexação usar? Qual o tipo de linguagem? É necessário
usar vocabulário controlado para controle dos termos de indexação? Pense na realidade do seu
usuário!

O QUÊ? (Seleção e Aquisição). É o momento de determinar os itens que vão compor o acervo
através dos critérios estabelecidos pelo PDC, considerando as exigências dos usuários e, não menos
importante, o orçamento disponível (em tempos de crise, é fundamental atenção ao planejamento
dos gastos com o menor impacto negativo possível para a biblioteca e seus usuários). Os materiais
selecionados deverão estar coerentes com a comunidade e a instituição mantenedora. Por exemplo,
para uma biblioteca de Artes, não haveria muita serventia ter um livro sobre biologia molecular no
acervo, tampouco listas telefônicas, agendas antigas ou documentos do tipo. Biblioteca não é
antiquário nem depósito de inutilidades. Geralmente as aquisições se dão por compra, doação ou
permuta. A seleção de materiais exige pesquisa e estudo sobre as obras que serão selecionadas. Um
erro muito comum é se deixar influenciar por gostos pessoais ou apelos do mercado editorial.

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Competência 03

Registre uma lista dos livros e materiais de informação que a biblioteca almeja adquirir (chamada
de lista desiderata) e encaminhe para a comissão responsável pela avaliação da coleção. A comissão
de seleção e aquisição também poderá se guiar por sugestões dos usuários e instrumentos de coleta
de dados (questionários, entrevistas) para obtenção de parâmetros de dados quantitativos e
qualitativos sobre o acervo. No caso de aquisição por doação, o recebimento dos novos livros e
demais materiais deverá ter respaldo legal por documentos assinados pelo doador, no qual
compromete-se a aceitar as diretrizes normativas que constam na PDC da biblioteca.

POR QUÊ? (Avaliação). Aqui é a prova de fogo. Todos os esforços para a formação do acervo
serão testados nesta última etapa. A avaliação para Lancaster (1996, p. 20) “[...] pode ser feita com
o objetivo de melhorar as políticas de desenvolvimento de coleções, melhorar as políticas
relacionadas com períodos de empréstimos e taxas de duplicação, ou embasar decisões
relacionadas com o uso do espaço”. Proceda a avaliação das coleções em períodos pré-
determinados até mesmo para detectar se há algum erro nos critérios de seleção de materiais.
Chame os usuários para esta etapa! De tempos em tempos, certamente o acervo tenderá a crescer,
pois as necessidades de informação dos leitores mudam e os livros estocados não acompanham
essas dinâmicas. Outras obras, contudo, permanecem, pois são clássicos atemporais da humanidade
(leia o texto “O que Rejeitar ou Conservar em uma Biblioteca?”, de Philippe Willemart, disponível
como texto de apoio da competência 3). Para os livros combatentes de guerra não mais
consultados, cumpridores de sua nobre função informativa, é hora de pensar no desbastamento
(procedimento de identificação dos livros poucos utilizados ou desgastados do acervo, recolocando-
os para outros locais) ou no descarte (exclusão definitiva do acervo). Atenção: sensibilidade e bom
senso são fundamentais para essas ações pois nem tudo é repasse técnico e operacional. Decidir o
que rejeitar ou conservar em uma biblioteca requer uma dimensão sensível à formação humana de
seus leitores, permitindo-lhes conhecer a cada livro, um mundo novo.

Estas são as etapas para formar e desenvolver uma coleção na biblioteca. Você pode adaptá-las
segundo as necessidades dos seus leitores e da comunidade do entorno. Boas bibliotecas funcionam
com boas ideias.

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Competência 03

• Refletindo a competência 3 com Arte

Gentileza
Apagaram tudo
pintaram tudo de cinza
a palavra no muro ficou coberta de tinta
apagaram tudo
pintaram tudo de cinza
só ficou no muro tristeza e tinta fresca

Nós que passamos apressados


pelas ruas da cidade
merecemos ler as letras e as palavras de gentileza

Por isso eu pergunto a você no mundo


se é mais inteligente o livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola


a vida é um circo
amor palavra que liberta
já dizia um profeta.

(Marisa Monte)

Acesse esta música com letra animada através do link:


www.youtube.com/watch?v=NWM2C4Luq2c

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Conclusão

Terminamos aqui este caderno. Acredito que você, após as leituras dos textos e a produção das
atividades descritas ao longo da disciplina, tem os conhecimentos e as competências básicas para
dialogar e refletir sobre a formação e o desenvolvimento de coleções em qualquer espaço de
informação, memória e cultura. As questões aqui discutidas podem te ajudar a planejar um serviço
de coleções de acordo com a sua comunidade de leitores e usuários. Há inúmeras possibilidades de
coleções e leitores, por isso é necessário que você, caro cursista, a partir das informações aqui
apresentadas, desenvolva sempre novos saberes. O que foi apresentado aqui é apenas um
fundamento básico nesse campo de conhecimento. Meu conselho é que você se mantenha sempre
atualizado, porque as coisas mudam constantemente, e, por isso, você deve sempre procurar novos
caminhos de aprendizagem ao longo da sua vida profissional.

A informação está nas pessoas, e está no mundo, mas o conhecimento tem que ser construído a
partir dessa avalanche de informações. Desejo que você busque suas informações nesse vasto
mundo e que, a partir delas, construa seu mundo de conhecimentos. Um profissional da informação
que se apropria de informações e produz seu conhecimento tem mais facilidade de entender e
informar o seu leitor/usuário. Por isso, desejo que você nunca interrompa sua busca por
informações. O conhecimento, uma vez apropriado, pode ser uma referência para a procura de
informações do seu usuário/leitor. Acredito que o papel principal de um profissional da informação
é compreender o mundo, as pessoas, e o conhecimento produzido pelas pessoas desse mundo. E
entenda que você, as suas referências, e o seu usuário/leitor são pessoas e conhecimentos que
constituem o seu mundo.

Finalizo este caderno com um trecho do Poema de Sete Faces, de Carlos Drummond de Andrade:

“Mundo, mundo vasto mundo

Se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução.

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Mundo, mundo, vasto mundo,

Mais vasto é meu coração. ”

Grande abraço!

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Referências

• BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2001.


• GULLAR, Ferreira. Melhores poemas. 7. ed. São Paulo: Global, 2004.
• IBGE: Brasil em síntese. Disponível em: <http://brasilemsintese.ibge.gov.br/educacao.html>
Acesso em 01 nov. 2015.
• LANCASTER, F. W. Avaliação de serviços de bibliotecas. Brasília: Briquet de Lemos/ Livros,
1996.
• MIRÓ. aDeus. 3. ed. Recife: Mariposa Cartonera, 2015.
• NEVES, I. C. B.; MORO, E. L. da S.; ESTABEL, L. B. (orgs.). Mediadores de Leitura na
Bibliodiversidade. Porto Alegre: Evangraf; SEAD; UFRGS, 2012.
• PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA. Disponível em:
<http://pacto.mec.gov. br/o-pacto> Acesso em 01. Nov. 2015.
• RANGANATHAN, S. R. As cinco leis da biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos / Livros,
2009.
• RODRÍGUEZ SANTA MARIA, Gloria Maria. As bibliotecas públicas que queremos. São Paulo:
Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo. Unidade de Bibliotecas e Leitura;
SP Leituras, 2013.
• SANKOVITCH, Nina. O ano da leitura mágica. São Paulo: Leya, 2011.
• VERGUEIRO, Waldomiro. Desenvolvimento de coleções São Paulo: APB: Polis, 1989.

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Anexos

• Bibliografia sugerida para estudo:

LANCASTER, F. W. Avaliação de serviços de bibliotecas. Brasília: Briquet de Lemos/ Livros, 1996.

VERGUEIRO, Waldomiro. Desenvolvimento de coleções. São Paulo: APB: Polis, 1989.

_________. O futuro das bibliotecas e o desenvolvimento de coleções: perspectivas de atuação para


uma realidade em efervescência, Perspect. cienc. inf., Belo Horizonte, v. 2, n. 1, p. 93 - 107,
jan./jun.1997. Disponível em:< http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/
629/413 >. Acesso em 01 jan. 2016.

_________. Desenvolvimento de coleções: uma nova visão para o planejamento de recursos


informacionais, Ci. Inf., Brasília, DF, v. 22 n.1, p.13-21, jan./abr. 1993. Disponível em:<
http://revista.ibict.br/index.php/%EE%80%80ciinf%EE%80%81/article/viewFile/1208/849 >. Acesso
em 01 jan. 2016.

WEITZEL, Simone. O desenvolvimento de coleções e a organização do conhecimento: suas origens e


desafios, Perspect. cienc. inf., Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p. 61 - 67, jan./jun. 2002. Disponível em:<
www.brapci.inf.br/_repositorio/2010/11/pdf_929fb1f298_0012875.pdf >. Acesso em 01 jan. 2016.

_________. Elaboração de uma política de desenvolvimento de coleções em bibliotecas


universitárias. Rio de Janeiro: Intertexto, 2006.

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Minicurrículo do Professor

Lourival Pereira Pinto

É Doutor em Ciência da Informação pela USP (2009), Mestre em Ciências da Comunicação pela USP
(2005), bibliotecário pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1993). Foi docente
do curso técnico em biblioteconomia - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial e Coordenador
do Museu da Bíblia da Sociedade Bíblica do Brasil. De 2010 a 2013 foi Professor Adjunto no
Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco. De 2014 a 2015
foi Professor Adjunto no Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de São
Carlos. Atualmente é Professor Adjunto III no Departamento de Ciência da Informação da
Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Ciência da Informação, atuando
principalmente nos seguintes temas: Bibliotecas Públicas, Escolares e Comunitárias, Incentivo à
Leitura, Formação de Leitores, Organização da informação, Mediação Cultural e Literatura.

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