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Introdução à

Biblioteconomia
Marilucy da Silva Ferreira

Curso Técnico em
Biblioteconomia

2023
Introdução à
Biblioteconomia
Marilucy da Silva Ferreira

Curso Técnico em
Biblioteconomia

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

2.ed. | Julho 2023


Professor Autor Coordenação Executiva (Secretaria de Educação e
Marilucy da Silva Ferreira Esportes de Pernambuco | SEE)
Ana Cristina Cerqueira Dias
Ana Pernambuco de Souza
Revisão
Marilucy da Silva Ferreira Coordenação Geral (ETEPAC)
Arnaldo Luiz da Silva Junior
Coordenação de Curso Gustavo Henrique Tavares
Liliane Rodrigues de Assis Maria do Rosário Costa Cordouro de Vasconcelos
Paulo Euzébio Bispo
Coordenação Design Educacional
Deisiane Gomes Bazante
Secretaria Executiva de
Design Educacional Educação Integral e Profissional
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger
Helisangela Maria Andrade Ferreira Escola Técnica Estadual
Jailson Miranda Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Roberto de Freitas Morais Sobrinho

Diagramação Gerência de Educação a distância


Jailson Miranda

Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 5

UNIDADE 01 | A BIBLIOTECONOMIA NO UNIVERSO DO CONHECIMENTO, DA COMUNICAÇÃO E DA


INFORMAÇÃO .............................................................................................................................. 6

1.1 Dado, Informação e Conhecimento ............................................................................................................6


1.2 A informação ...............................................................................................................................................8
1.3 O conhecimento ....................................................................................................................................... 12
1.4 A comunicação ......................................................................................................................................... 14
1.5 Informação, conhecimento e comunicação na Biblioteconomia ............................................................ 17
1.6 Gestão do conhecimento ......................................................................................................................... 19
UNIDADE 02 | Os Conceitos de Biblioteca, Arquivo, Museu e Centro de Documentação .............. 22

2.1 Convite à Biblioteconomia: etimologia, objeto e função social............................................................... 22


2.2 As bibliotecas vieram antes dos livros? ................................................................................................... 23
2.3 Os novos paradigmas e a interdisciplinaridade ....................................................................................... 26
2.4 Biblioteca.................................................................................................................................................. 27
2.4.1 As bibliotecas e a Rosa: mosteiros e universidades .............................................................................. 30
2.4.2 As bibliotecas públicas .......................................................................................................................... 31
2.4.3 Tipos e setores da biblioteca................................................................................................................. 32
2.5 Arquivo, Museu e Centro de Documentação........................................................................................... 34
2.5.1 Arquivo .................................................................................................................................................. 34
2.5.2 Museu ................................................................................................................................................... 38
2.5.3 Centro de Documentação ..................................................................................................................... 42
UNIDADE 03 | A ESTRUTURA DA CARREIRA E O EXERCÍCIO DO PROFISSIONAL TÉCNICO EM
BIBLIOTECONOMIA .................................................................................................................... 45

3.1 A Biblioteconomia no Brasil ..................................................................................................................... 45


3.2 Leis relativas à biblioteca e ao livro e direito à informação..................................................................... 47
3.3 Órgãos que Representam a Classe do Profissional da Informação.......................................................... 49
3.4 O Código de Ética Profissional: análise e aplicação ................................................................................. 50
3.4.1 Deontologia e Ética do Profissional da Informação .............................................................................. 51
3.5 Atuação do Técnico em Biblioteconomia ................................................................................................ 53
CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 59

REFERÊNCIAS.............................................................................................................................. 60

MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ................................................................................................ 64


INTRODUÇÃO
TOC-TOC... Oi, Oi, Oi?!!!!
Olá, Estudante! Que alegria ter você aqui! Fique à vontade, pode entrar!

VOCÊ IMAGINA UM MUNDO EM QUE NÃO HÁ NINGUÉM ORGANIZANDO A


INFORMAÇÃO REGISTRADA PRODUZIDA DIARIAMENTE?

Seria uma bagunça, não é mesmo? Então, diante disso, surge a Biblioteconomia, uma área
cujo objetivo principal é a gestão, organização, recuperação e disponibilização da informação
registrada, dos registros do conhecimento.
MAS...TEM MAIS COISA!
Vamos estudar também a história dos livros e das bibliotecas, informação, e alguns
conceitos sobre conhecimento, arquivos, museus, centros de documentação. Vem com a gente pra
saber!
ESTE E-BOOK FOCARÁ MAIS A ÁREA DA BIBLIOTECONOMIA
E A HISTÓRIA DAS BIBLIOTECAS

Para melhor compreensão dos conteúdos e aprendizagem, dividimos esta disciplina em


três unidades temáticas, cada qual a ser estudada em uma semana. Quer conhecê-las? Simboraaa!

Na unidade 1, será apresentado a você o contexto social da Biblioteconomia no universo


do conhecimento, da comunicação e da informação. Na unidade 2, você verá conceitos fundamentais
de biblioteca, arquivo, museu e centro de documentação. Na unidade 3, você conhecerá a estrutura
da carreira e o exercício do profissional técnico em Biblioteconomia.
Espera-se que o aprendizado seja uma rica troca de conhecimento e que some como uma
positiva experiência em seu campo de atuação.

Bons Estudos!

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UNIDADE 01 | A BIBLIOTECONOMIA NO UNIVERSO DO CONHECIMENTO,
DA COMUNICAÇÃO E DA INFORMAÇÃO
O que seria das pessoas sem informação? Já pensou nisso? A informação é algo que ajuda
a formatar/desenhar e “dar corpo” ao conhecimento que habita na mente das pessoas, diante do que
elas vêem, ouvem, sentem e experenciam.
A informação tornou-se um recurso na sociedade atual. Todavia, para isso, a informação
precisa ser organizada, gerida, para fazer sentido e ser, interpretada, negociada, manipulada.
Isolada, a informação não diz muito, é preciso que haja um contexto para ela, de fato, ter
valor, utilidade social. É nesse sentido que está delineada a nossa primeira unidade, a qual contempla
os conceitos de informação, conhecimento e comunicação.

Ei, dá uma paradinha aí, e vai no AVA ouvir o podcast desta semana que tem
umas dicas massa!

1.1 Dado, Informação e Conhecimento

Aqui será apresentado o conceito de informação como sendo uma soma de dados
processados, relacionados e sistematizados. Quer dizer, informação não é algo solto e sem sentido,
mas sim algo que pode ajudar as pessoas a entenderem ou criarem algo novo, um conhecimento
novo.
Dessa forma, é muito importante entender que há algumas diferenças entre os conceitos
de informação e conhecimento e que, antes deles, existe ainda o dado, que seria a informação bruta,
como os campos “autor”, “título”, “editor”, “data de publicação”; veja que são apenas palavras sem
contexto. São apenas dados.

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Pense na palavra pedra. Todas as pedras que você pensar, juntas, são apenas dados
(está tudo confuso, misturado). Quando você as separa como: pedra preciosa,
rocha, pedregulhos, pedra de granito, pedra de gelo, etc., então você já tem uma
informação (é possível identificar diferenças e semelhanças). Quando você constrói
uma casa ou ladrilha uma rua, ou cria uma joia, agora sim, você produziu um novo
produto, um conhecimento. (algo novo é elaborado a partir da informação que você
tinha).

O dado em um contexto, vira informação. Para isso, ele deve ser estruturado, agrupado,
sistematizado. Tendo contexto, o dado se torna uma informação e fazendo-se conexões entre
informações tem-se o conhecimento. Tal conhecimento promove o surgimento de ideias e, ao juntar
tais ideias, tem-se a sabedoria.

Figura 1 - Dado, informação, conhecimento, ideia, sabedoria


Fonte: http://mobimais.com.br/blog/dados-informacao-conhecimento-ideia-e-sabedoria/
Audiodescrição da figura: cinco colunas, cada qual referindo-se à distinção entre dado, informação e conhecimento. A
primeira (dado) traz vários pontos dispersos, de mesma cor, dispostos aleatoriamente, ao acaso. A segunda coluna
(informação), traz os mesmos pontos com cores diversas, no sentido de que a informação tem uma estruturação mais
coesa a partir dos dados. Na terceira coluna (conhecimento) temos uma figura geométrica feita a partir dos pontos
coloridos da coluna informação, o que sugere que o conhecimento é estruturado a partir da informação organizada,
revelando um sentido, um significado. O conhecimento é informação contextualizada, pronta para diminuir incertezas
nas tomadas de decisão. A ideia, ou ideias, surgem do resultado do conhecimento que temos organizado em nossa
mente. A sabedoria é a aplicação das ideias obtidas pelo conhecimento. Uma ideia relacionada à outra sintetiza o que
conhecemos por sabedoria. Fim da audiodescrição.

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Que tal ver uma explicação sobre os itens da figura 1?

Dado Informação Conhecimento Ideia Sabedoria

O dado é Informação é Vou me molhar. Soluções para esse A sabedoria é o que


como um problema são as vai fazer com tudo
a descoberta Esse é
pingo de ideias que você vai isso. Qual a melhor
chuva. que vai o conhecimento. ter. decisão a ser
tomada.
chover.
Ex.: comprar um Ex: pegar o taxi, ou
guarda-chuva ou comprar o guarda-
pedir um taxi no chuva.
aplicativo?

Quadro 1 - Dado, informação, conhecimento, ideia e sabedoria


Fonte: http://mobimais.com.br/blog/dados-informacao-conhecimento-ideia-e-sabedoria/
Audiodescrição da figura: Quadro com exemplos de dado, informação, conhecimento, ideia e sabedoria. Fim da
audiodescrição.

Então, agora já sabemos que um dado é como uma informação incompleta e muitas vezes
confundimos esses dois conceitos, dado e informação.

Vê só isso!
Diferença entre dado e informação = conhecimento
Acesse: www.youtube.com/watch?v=KErUUZuyFsY

1.2 A informação

“A informação, seja ela escrita, oral ou audiovisual, vende-se bem. ”(LE COADIC, 2004,
p.1). Observe, estudante, que o autor emprega o verbo vender para se referir à informação. Isso
valida como um produto, o seja, quando a informação é um serviço que tem valor de mercado.

8
Repare só!
Isso de informação ter valor não é algo novo: “Não devemos nos precipitar
supondo que nossa época é a primeira a levar a sério essas questões. A
mercantilização da informação é tão velha quanto o Capitalismo. O uso, por
parte dos governos, de informações sistematicamente coletadas sobre a
população é, em termos literais, história antiga (particularmente história antiga
romana e chinesa” (BURKE, 2003, p.11).

A todo momento, as pessoas estão consumindo informação: ao comprar um jornal, ao


assinar um canal de notícias, ou mesmo, ao comprar um hidratante que possui em sua composição
“x” essência, etc. A sociedade vivencia o que muitos autores chamam de “mar” ou “oceano” de
informação.
Quando essa informação vem filtrada, no caso, por exemplo, de soluções tecnológicas,
como bases de dados de áreas específicas, o valor se diferencia, pois, a informação já está tratada
para o cliente. Isso é muito comum para os bibliotecários especialistas que lidam diretamente com
fontes de campos específicos do conhecimento, tais quais Medicina, Direito, Arte.
Ao se produzir e comunicar uma informação, seja de forma mais científica, ou mais
técnica, está sendo feito um uso da mesma, que pode ser reproduzida e, novamente comunicada,
dando continuidade a um ciclo de informação. Le Coadic (2004), apresenta uma modelização social
sobre o ciclo da informação:

Figura 2 – O Ciclo da Informação


Fonte: Le Coadic (2004)

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Audiodescrição da figura: Círculo representando a integração interdependente de três elementos que constituem a
informação: comunicação, uso e construção. Fim da audiodescrição.

Observe que a informação é construída, comunicada e usada, na representação acima.


Então, reflita, estudante, se a pessoa não souber interpretar o que está sendo comunicado,
dificilmente ela poderá fazer uso da informação a ponto de gerar novas informações, certo?

Que tal pensar um pouco mais sobre isso?


Imagine que você chega em uma tribo indígena, ou em uma comunidade
carente, na qual as pessoas nunca foram à escola, e tenta, em sua linguagem
científica, explicar para eles o que é plano de saúde, ou bolsa de valores, ou as
Leis de Newton. Eles ouvirão, mas não irão entender se a forma de explicar for
distante da linguagem e da realidade deles. É preciso dar exemplos práticos,
mostrar objetos caindo, por exemplo, para falar sobre a lei gravidade, etc.

A informação ganha valor, quando passa a ‘fazer sentido’, podendo alterar uma realidade:
física, social ou emocional de uma ou mais pessoas (previsão do tempo, alerta de tempestade, aviso
de risco de desmoronamento, gravidez, morte, etc.), está-se, então, socializando uma informação e
isso pode ter impactos positivos ou negativos, dependendo dos contextos.
E com as tecnologia se os meios de comunicação, a informação é reproduzida e partilhada
rapidamente, pois, “não há mais distância que seja obstáculo à velocidade, nenhuma fronteira detém
a informação”. (LE COADIC, 2004, p.7). E, sendo ela tida como produto, isso só reforça um ciclo de
produção e consumo da mesma.

A concepção de informação como produto, com potencialidade para ser


consumida, foi reforçada pela sua vinculação com a tecnologia, uma vez que o
volume de informações circulantes, na atualidade, só pode ser armazenado por
processos tecnológicos automatizados. (WEBER; STUMPF, 2015, p.18)

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Nesse sentido, as tecnologias de informação e comunicação (TIC´s) aparecem como
verdadeiras alavancas que fizeram com que a informação, que antes era restrita, chegasse a todos.
Tanto em um processo de mediação, como em um processo de marketing de informação
como as propagandas que chegam via e-mail; os aplicativos para celular (você já reparou que tudo
agora você pode baixar pelo celular?). As TIC´s são peça-chave para divulgar serviços, produtos e
atrair o cliente/usuário.
Assim, é possível dizer que, “atualmente a técnica moderna condiciona o agir humano”
(PIZZARO, 2011, p. 235). As TIC´s podem ser definidas, segundo Pacievitch (2020), como um conjunto
de recursos tecnológicos, utilizados de forma integrada, com um objetivo comum. Elas são utilizadas
das mais diversas formas, na indústria (no processo de automação), no comércio (no gerenciamento,
nas diversas formas de publicidade), no setor de investimentos (informação simultânea, comunicação
imediata) e na educação (no processo de ensino aprendizagem, na Educação a Distância)
(PACIEVITCH, 2020).

Se lig@!
A internet é o exemplo mais presente que se tem dessa realidade? É a partir
dela que mais pessoas, além de terem acesso à informação, tornam-se também
produtoras de informação. Muitos fazem dela um serviço com valor no
mercado, tornando sua comunicação pessoal, um negócio (Influencers:
blogueiros, youtubers, contas pessoais do Instagram, Tiktok, etc.).

A informação é também um conceito-chave em campos como a Sociologia, a Ciência


Política e na então chamada economia da sociedade da informação (CAPURRO; HJORLAND, 2003).

Em 1973, o sociólogo estadunidense Daniel Bell introduziu a noção da


“sociedade de informação” em seu livro O advento da sociedade pós-
industrial. (BUENO ; MESSIAS, 2013).
Fonte: http://repositorio.febab.org.br/files/original/8/2215/1325-1338-1-
PB.pdf

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Muitos autores já apresentaram diversos conceitos sobre informação tanto nas ciências
naturais, quanto nas ciências humanas. O fato é que a informação é um conceito complexo, tendo
em vista a sua natureza subjetiva.
E como já foi dito, informação pode ter sentido ou valor em determinada situação, para
determinada pessoa ou grupo social e, ao mesmo tempo, não significar nada, ou estar obsoleta,
ultrapassada e não ter mais valor.

Vamos pensar com um exemplo:


a previsão do tempo de uma semana atrás, já não faz mais sentido, porque é
passado e não vai ajudar a decidir se devemos sair ou não com o guarda-chuva.

1.3 O conhecimento

Sabe quando dizem uma palavra e você a RE-conhece? É porque houve a apreensão do
que ela significa (ex.: cadeira, objeto utilizado para sentar). No campo da Ciência da Comunicação,
conhecer é ser capaz de formar a ideia de alguma coisa. (CUNHA; CAVALCANTI, 2008).
A pergunta “o que é conhecimento?” é quase tão difícil de responder quanto a pergunta
mais famosa “O que é verdade?” (BURKE, 2003, p.19).

Figura 3 - O conhecimento pode ser uma troca, uma transferência de saberes e aprendizados.
Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/wp-content/uploads/2017/08/teo.jpg
Audiodescrição da figura: Figura de fundo amarelo com ilustração de transferência de informação e conhecimento
entre duas mentes humanas. Fim da audiodescrição.

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Será que fica melhor de entender com um exemplo cotidiano?

Sua mãe pede para você observar se a água que está no fogo já ferveu e lhe
pede para colocar o arroz na panela. A pergunta aqui é: como você sabe que já
é hora de colocar o arroz na água? Como você sabe que a água atingiu uma
temperatura que chamam de “fervendo”? Ora, se você não tiver conhecimento
de Física e Química, então, você notou o momento da fervura pela observação,
não foi?

Pois bem, é isso mesmo, o processo de observação faz com que as pessoas aprendam,
assim como o processo da experiência, exemplo: você sabe que o ferro queima porque já aconteceu
com você, ou alguém próximo, quando foi passar uma roupa.
Então, o conhecimento pode ser adquirido não apenas na escola, mas também na vida
cotidiana. Na área de Administração chamam o conhecimento adquirido pela experiência de tácito e
que é difícil de mensurar e expressar, porque está na mente individual. Já o conhecimento explícito,
é aquele que pode ser provado e visto. O foco deste E-book é o conhecimento para a área da
Biblioteconomia. Assim, serão apresentados conceitos sobre conhecimento no contexto da
informação e da comunicação.

O conhecimento é algo que alguém sabe, eu ou você, a respeito de algo e isso


está claro em nossa mente, mas também pode ser traduzido para o meio físico,
exemplo: um livro, uma poesia, um objeto que você constrói, etc.
Conhecimento é aquilo que o pensamento processa, cozinha ou sistematiza
(BURKE, 2003).

Informação é fluxo; conhecimento, estoque (CINTRA et al, 2002). A informação existe a


partir da comunicação entre seres e, antes da vida, a informação inexistia (MORIN, 2011).
Concordando com esse pensamento de Morin, pode-se pensar no mundo como um grande espaço
de dados que com as civilizações humanas foram sistematizados, ganharam nome e aplicação na vida

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diária e, assim, surge a informação que se acumula na mente (implícita e subjetiva) ou no registro
(explícito e objetivo), e se torna um conhecimento.
A escrita se apresenta como um conhecimento sistematizado e materializado do
pensamento humano. A partir dela, o registro da vida humana começa a ser mais amplamente
difundido e isso permite que novos conhecimentos sejam criados. Mas a informação não flui e não
se expande se não for comunicada. É nesse contexto que comunicar tem relevância para conhecer o
que há de novo, o que está mudando ou sendo inventado.
Para inspirar você, veja mais uma ilustração sobre o que foi tratado até aqui:

Figura 4 - como um dado se torna uma experiência de sabedoria, a partir da informação, do conhecimento e da
inteligência humana.
Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-4-Sequencia-hierarquica-dado-informacao-conhecimento-
inteligencia_fig3_308296178

Audiodescrição da figura: imagem com pirâmide ao fundo mostrando as palavras dado(na base da pirâmide) e, acima,
respectivamente as palavras informação, conhecimento, inteligência, sabedoria. Ao lado das palavras estão figuraras
tijolos, muro, paredes formando uma construção inacabada, e, por fim, uma casa colorida. Fim da audiodescrição.

1.4 A comunicação

Desde o momento do nascimento, nos comunicamos. O choro é a primeira linguagem que


sinaliza o estado de conforto ou desconforto da criança. Mas a comunicação precisa sempre de uma
mão dupla, do ‘fala que eu te escuto’, ou seja, não basta ter uma informação e a repassar, se o outro
não estiver compreendendo.

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Figura 5 - Comunicação efetiva
Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/wp-content/uploads/2017/08/teoriaa.png

Audiodescrição da figura: Figura com fundo rosa, com o desenho de perfil de dois rostos humanos. Os rostos estão em
direção divergentes e se conectam através de um plug. No centro de cada perfil há uma lâmpada com desenhos de
pequenas engrenagens coloridas Fim da audiodescrição.

A figura acima mostra que a comunicação só é efetiva quando o mensageiro e o receptor


estão plugados, conectados. Informar não é comunicar. E a comunicação é, antes de tudo, um desejo
de compartilhamento, na visão de Wolton, (2010). A informação é algo que só chega ao outro através
da comunicação, pois, “da informação mais pueril, à comunicação mais comercial, o horizonte é o
mesmo: a busca do outro e da Relação.” (WOLTON, 2010, p.24)

Ei, me fala aí!


Como você se comunica melhor? Falando? Escrevendo? Você gosta de se
comunicar? Compartilha com a gente lá no fórum, tá bom? Que tal trocar ideia
no Fórum da Unidade 1 com seus colegas? Passa lá!

A comunicação é um processo intermediário que possibilita a comunicação entre as


pessoas (LE COADIC, 2004). Dito de outra forma, “a comunicação é um ato, um processo, um
mecanismo e, a informação é um produto, uma substância, uma matéria.” (ESCARPIT, 1990, citado
por LE COADIC, 2004).
Conforme as definições acima, pode-se relacionar a comunicação como uma ferramenta
que, através da linguagem humana, ou pela tecnologia, é ‘transportada’ por e para diversos canais
e seguimentos: televisão, rádio, internet, grupos sociais, governos, iniciativa privada. Você concorda
com isso?

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Se sua resposta é ‘sim’, você percebe a comunicação como um agente de transferência
de conteúdos, seja de dados (banco de dados – Detran, Serasa, FBI, NASA), notícias (jornais) ou
conhecimento registrado: produção científica (teses, livros), cultural (música, poesia) e tecnológica
(carro elétrico, robôs, aplicativos, sistemas de informação, etc.).

Se lig@!
Durante o curso você irá aprofundar sobre mais aspectos da comunicação: Intra
e Interpessoal.
Legal, né?

Sem a comunicação, o “disse-me-disse”, o “boca a boca” (comunicação verbal) e a


comunicação oficial e formal (registrada) não seriam disseminadas, não é mesmo? Nesse panorama,
qual o papel de um profissional de biblioteca diante dos fenômenos da comunicação compartilhada
em rede e em sistemas de informação, como as bibliotecas?
Antes de tudo, profissionais de informação são seletores, filtradores, organizadores,
gestores, curadores e mediadores de conteúdo informacional. Deve-se também entender esse
cenário, suas vantagens e perceber o que isso pode gerar de benefício para o tratamento da
informação:
1) otimização do tempo de trabalho;
2) possibilidade de importar dados com mais confiabilidade;
3) consistência das fontes, pesquisa para recuperação e verificação de dados com
segurança e rapidez;
4) linguagem única, o que permite os sistemas formularem relatórios e estatísticas com
maior probabilidade de acertos.
Há muitas abordagens teóricas a respeito dos temas informação e comunicação, os
próprios verbetes dos dicionários já mostram inúmeras conceituações, mas nas definições destes dois
termos, inclusive no espaço prático, tem-se sempre que considerar as tecnologias que possibilitam
simultaneidade na comunicação, o que vai gerar também rapidez na atualização das informações.

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A mente tecnológica quer resolver problemas e responder perguntas. No caso
da informação se refere à ordem da representação e no caso da comunicação à
ordem da interação. (CÁCERES, 2002, p. 9, WEBER; STUMPF, 2015).

No universo virtual, a comunicação pode dar vazão a novas possibilidades (simultânea, à


distancia) ou a um silêncio, uma não-resposta, quando não se tem feedback(retorno) das mensagens
enviadas.

“Há, certo, um oceano de informações, mas uma questão permanece: como


entrar mais fácil, livre e autenticamente em relação com alguém? A internet,
sistema soberano de informação, não está livre da eterna questão da
comunicação humana: tem alguém, em algum lugar que goste de mim?”
(WOLTON, 2010, p. 38).

Comunicação é relação, e um relacionamento necessita de uma linguagem em comum,


de respostas e, algumas vezes, de reciprocidade para sua fluidez. Então, a forma como a informação
é comunicada é que vai impactar mais, ou menos, as pessoas, considerando seu conhecimento prévio
para discernir por exemplo, uma notícia verdadeira de uma falsa.

1.5 Informação, conhecimento e comunicação na Biblioteconomia

O que os três conceitos (informação, conhecimento e comunicação) apresentam em


comum para a Biblioteconomia, você sabe? Trazem outros conceitos que estão ligados à organização,
memória, registro, acesso e recuperação da informação.
E o que isso significa? Bem, a Biblioteconomia atua com informação registrada, em meio
físico ou virtual. Essa informação registrada é o conhecimento materializado, ou seja, algo que foi
idealizado e depois ganhou forma. A biblioteconomia também foca nos processos de recuperação e

17
disseminação da informação, o que é facilitado pelas tecnologias de comunicação informação e pela
comunicação científica.

A informação é um objeto passível de ser trabalhada por várias áreas. Isso


ocorre, de fato. Os astrônomos, por exemplo, “podem ser vistos como
especialistas que identificam, processam e interpretam a informação do
universo.” (CAPURRO; HJORLAND, 2003, p. 38). Mas o que distingue perfis
profissionais como bibliotecários e arquivistas é que eles cuidam das partes
referentes ao tratamento, à guarda e à conservação dos registros do saber de
todas as áreas científicas e técnicas.

Uma biblioteca virtual é um exemplo disso. As tecnologias da informação e da


comunicação possibilitam ao usuário interagir com os conteúdos e fazer suas pesquisas. Nesse
momento, o papel do profissional da área é mediar o acesso e a busca de informação, através de
agentes facilitadores como: links de tutoriais, informações relacionadas e, também, o monitoramento
os acessos, pelas estatísticas. Com isso pode-se identificar as demandas de materiais informacionais,
como livros e artigos.
Profissionais como bibliotecários fazem uso constante de sistemas de informações, como
as bases de dados, fontes jurídicas, sistemas de biblioteca em rede para suas atividades. Nesse
sentido, o sistema de informação é uma entidade complexa e organizada que realiza a captura, o
armazenamento, o processamento, o fornecimento, o uso e a distribuição da informação. (ROBREDO,
2003). Portanto, ele é um grande aliado para profissionais que trabalham com fontes e conteúdos de
informação.
Entre as várias formas de comunicação científica, a fala e a escrita são as mais importantes
(MEADOWS, 1999). Para Pinheiro (2003), a comunicação científica é caracterizada pela busca de
maior velocidade no intercâmbio e disseminação de ideias.
Quando se pensa em conhecimento na Biblioteconomia, lembre-se que esta trata de
coletâneas de produções humanas (acervos, coleções, repertórios documentais, escrito ou em
audiovisual). Já em relação ao conhecimento, a gestão deste é focada nas pessoas, ou seja, a
capacidade de indivíduos, ou grupos, assimilarem e interpretarem informações e conseguirem
compartilhá-las, externá-las e aplicá-las. Isso se chama Gestão de Conhecimento - GC.

18
1.6 Gestão do conhecimento

Gerir conhecimento é como organizar o mundo, a sociedade. Ou seja, precisa-se de


estrutura, pessoas e informação sobre o papel de cada um. A gestão do conhecimento (GC) pode ser
conceituada como a coordenação sistemática de pessoas, tecnologias, processos e estruturas
organizacionais, que visam agregar valor à organização, através do reuso do conhecimento e da
inovação. Essa coordenação é alcançada através da criação, compartilhamento e aplicação do
conhecimento (DALKIR, 2005).
A Biblioteconomia gerencia a informação registrada, ou seja, realiza a gestão da
informação (GI). Já a Gestão o Conhecimento (GC) é um processo da gestão da inteligência humana.
“As diferenças entre Biblioteconomia e GC residem em questões de ênfase e abordagem,
particularmente onde as pessoas estão no centro da operação. GC é um conceito centrado nas
pessoas”. (SARRAFZADEH; MARTIN; AZERI, 2010, p.208 citados por BEM; COELHO, 2013, p. 12).

ASPECTOS GI GC
Elemento de Objetos (dado e informação) Pessoas (conhecimento)
Trabalho
Depende da preservação e recuperação da Depende da utilização do
Fatores de Sucesso informação conhecimento
A GI vê a informação como um recurso e A GC enfatiza a gestão de
insiste no envolvimento humano em pessoas, a fim de levar em
termos de armazenamento de custódia o conhecimento
Envolvimento do Informações, auditoria e recuperação. Visa oculto de suas cabeças.
Elemento Humano à aquisição, armazenamento, recuperação
e disseminação de informações.
Tipo de Concentra-se principalmente no Visa tanto o conhecimento
Conhecimento conhecimento documentado explícito quanto o tácito

Quadro 2 - Diferenças entre Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento


Fonte: Bem e Coelho (2013)
Audiodescrição da figura: quadro com descrição de aspectos sobre elementos de trabalho, fatores de sucesso,
envolvimento humano e tipo de conhecimento da gestão da informação e da gestão do conhecimento. Fim da
audiodescrição.

Veja uma ilustração que contempla um pouco sobre GI e GC, abaixo:

19
Figura 6 - Fluxo de Gestão da Informação e Gestão do conhecimento
Fonte: https://www.revistaespacios.com/a17v38n26/20-01.png

Audiodescrição da figura: Esquema mostrando o fluxo da gestão da informação e gestão do conhecimento. Três
quadros em linha reta ligados por setas com as palavras dado, informações e conhecimento. Abaixo da palavra
conhecimento uma seta aponta para a palavra decisão. A palavra decisão tem uma seta à esquerda apontando para a
palavra resultado. Abaixo da palavra decisão a expressão “inteligência competitiva”. Fim da audiodescrição.

A figura acima sinaliza que dados e informação compõem uma estrutura de


conhecimento. Este, por sua vez, auxilia na tomada de decisão, a qual terá um resultado.

No caso da ciência, por exemplo, as informações chegam como resultado da


intensa pesquisa dos cientistas, que é disseminada para a sociedade em forma
de bens, serviços e produtos. A cada dia surgem novas tecnologias, avanços nas
telecomunicações, vacinas medicamentos, tratamentos médicos, membros e
órgãos humanos artificiais, e outras tantas inovações do conhecimento como
reflexo do trabalho intelectual do cenário científico.

Então, estudante, chegando ao final da explanação sobre informação, conhecimento e


comunicação, lembre-se que, em tudo, a informação e o conhecimento influem. Até mesmo as
reações do corpo. Se você ingerir algo e, depois, sentir-se mal, as células recebem essa informação e
uma cadeia de reações químicas começam a produzir defesa, respondendo a informação-ameaça que
foi dada.
Na área da Biblioteconomia, o profissional da Biblioteca atua como o sistema de defesa
diante de grandes quantidades de informações que se misturam como relevantes ou irrelevantes. É
papel do profissional atuante em bibliotecas selecionar a informação desejada e organizá-la,
tornando-a acessível para o usuário recuperá-la, de forma rápida e satisfatória.

20
Check list da competência 1

Que tal relembrar como você chegou até aqui na disciplina e, nela viu conteúdos sobre:
- dado, informação, conhecimento e comunicação
- Você viu que o conhecimento é a informação interpretada, com sentido, contexto
- você viu que a comunicação é uma ação que requer alguém que comunique algo para
outro alguém, pois, se não há alguém para receber a mensagem, então, não há comunicação.

E aí? Simbora pra próxima unidade?

Mas, antes, se liga de assistir a videoaula 1, beleza?

21
UNIDADE 02 | Os Conceitos de Biblioteca, Arquivo, Museu e Centro de
Documentação
Estudante, você irá conhecer um pouco mais sobre a Biblioteconomia e demais equipamentos de
memória e informação (arquivos, museus, centros de documentação) Tudo certo? Vamos adiante!

Ei, dá uma paradinha aí, e vai no AVA ouvir o podcast desta semana que tem
umas dicas massa!

2.1 Convite à Biblioteconomia: etimologia, objeto e função social

Dinâmica e expansão são duas palavras que refletem bem o cenário de uma biblioteca.
Se não for assim, não se trata de uma biblioteca e sim de um depósito, como ocorreu em seus
primórdios: A biblioteca desde os seus primeiros dias até os fins da Idade Média, o que o seu nome
indica etimologicamente: um depósito de livros, lugar onde se esconde o livro (MARTINS, 2002, p.
71).
A biblioteca atual é um organismo vivo, dinâmico e que muda conforme mudam as
sociedades. Esta é uma das cinco leis da Biblioteconomia, pensadas por Ranganathan no início do
século XX:

Shiyali Ramamrita Ranganathan foi um matemático e bibliotecário indiano. Ele


ditou cinco leis para a Biblioteconomia: 1) Os livros são para uso; 2) A cada leitor,
seu livro; 3) A cada livro, seu leitor; 4) Poupe o tempo do leitor; 5) A biblioteca
é um organismo em crescimento.

A palavra biblioteca tem origem grega (bibliothéke). Ela significa, segundo Fonseca (2007),
Biblios e biblíon: livros, Théke: caixa. Ou seja, lugar onde se guardam os livros. “Por sua vez, é qualquer
estrutura que forma um invólucro protetor: cofre, estojo, caixa, estante, edifício” (FONSECA, 2007,

22
p.48). Contudo, seu conceito atual é mais amplo, posto que se confere à biblioteca atual, além da
guarda, a preservação, a conservação e a organização, a difusão da informação.

A Biblioteconomia, para Le Coadic (2004, p.12), refere-se à “união de duas palavras,


biblioteca e economia (esta no sentido de organização, administração, gestão)” e, é uma área que
responde a problemas demandados: a) pelos acervos de livros (formação, desenvolvimento,
classificação, catalogação, conservação); b) pela biblioteca, como serviço organizado (regulamento,
pessoal, contabilidade, local, instalações); c) pelo leitor/usuário (deveres recíprocos do pessoal e do
público, acesso aos livros, empréstimo) (LE COADIC, 2004).
O objeto de estudo da Biblioteconomia é a informação registrada, como livros e revistas,
fotografias, vídeos, monografias, dissertações, teses, partituras, mapas, patentes, e-books, etc. Todo
esse material adquirido por compra ou doação, pode ser organizado até chegar à estante, assim como
preservado e disseminado, seguindo práticas e serviços biblioteconômicos.
Sua função social é, então, a organização, a preservação, a guarda e o acesso à informação
que está registrada, a partir de processos de catalogação, classificação, indexação, conservação,
preservação, busca, recuperação e gestão e difusão de acervos documentais.

Se lig@!
Você irá estudar mais tudo isso em disciplinas específicas, ao longo do curso!

2.2 As bibliotecas vieram antes dos livros?

E aí? Será que vieram? Sim!, as bibliotecas vieram antes dos livros, pois, os primeiros
registros em suportes eram de argila, passando para o papiro, seguindo o pergaminho e, finalmente,
chegando ao papel.
Antes da escrita, comunicação oral era muito importante, todavia, como forma
mnemônica (de memorização) com as civilizações primitivas e, depois, com as sociedades
organizadas por instituições, como forma de controle social.

23
A escrita é apenas uma, entre as muitas formas de linguagem humana, pois
temos outras como, por exemplo, a Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a
Linguagem em Braille.

Dessa forma, o registro de dados sobre as comunidades (quem nascia, quem morria,
quantidade de bens como terras e animais, etc.) levou instituições como as igrejas e o Estado
(governo) a conhecer a vida de todos, e, assim, agir sobre ela de forma dominante, através do censo,
por exemplo.
A igreja católica esteve, política e economicamente, em alguns contextos, acima do
Estado-nação, ela era, conforme Peter Burke (2003), um modelo. Isso significa que sua origem teve
motivação na manutenção do poder pelas classes dominantes.

Figura 7 - Tábua de argila com 4.362 anos de idade (Suméria)


Fonte: http://expurgacao.art.br/pictogramas-vs-escrita-cuneiforme/
Audiodescrição da figura: Imagem de uma tábua de argila do período sumério. Quanto ao suporte, trata-se de um
instrumento de três lados, com linhas verticais e horizontais que organizam a escrita. O sistema da escrita é baseado em
apenas um símbolo gráfico formado por caracteres silábicos que representam imagens reais de animais, rituais e
objetos, todos reduzidos por linhas horizontais. Fim da audiodescrição.

Em relação à biblioteca, como conhecemos hoje, seu objeto predominante era o livro que
os chineses fabricavam uns dois séculos antes de Cristo. Eles eram feitos de seda, material que,
mesmo na China, era muito caro (MARTINS, 2002). Mas, ainda não foi o tipo de livro, acima citado,
que vigorou nas bibliotecas.

24
“É nos albores da Idade Média que o papel faz a sua aparição na Europa: foram
necessários mais de mil anos, escrevia Dard Hunter, para que a invenção chinesa
chegasse ao Ocidente, o que teria ocorrido com o estabelecimento de uma
fábrica na Espanha, em 1144.” (MARTINS, 2002, p.112).

A fabricação moderna do papel, ou seja, feito por máquinas, ocorre no final do século
XVIII (MARTINS, 2000). Antes, sua fabricação era puramente manual.
A introdução e popularização do papel na Europa “decidiu dos destinos da nossa
civilização porque ele vinha responder às necessidades que todos sentiam de um material barato,
praticamente inesgotável, capaz de substituir com infinitas vantagens o precioso pergaminho.”
(MARTINS, 2002, p.115).
É a Johann Gutemberg que se atribui o mérito da invenção da Impressa, no século XV, o
qual “resulta mais do aperfeiçoamento gradativo de processos rudimentares e de uma ideia inicial do
que, propriamente, de um ato consciente que a fizesse do primeiro golpe o que ela se tornou.”
(MARTINS, 2002, p. 140).
Assim, podemos considerar que a imprensa foi feita sob formas já existentes de tentativas
de impressão que foram melhoradas e, tais melhorias foram aperfeiçoadas por Gutemberg. O certo
é que, com esta invenção, o livro passou a ser produzido mais rápido e se tornou um produto mais
barato.

Assista aos documentários:


A História da palavra: O nascimento da escrita
www.youtube.com/watch?v=TVxmJoi-DDg

O futuro dos livros:


www.youtube.com/watch?v=pWrMYSR3G1M

25
2.3 Os novos paradigmas e a interdisciplinaridade

A palavra ‘paradigma’ refere-se a modelos, padrões. Nos últimos três séculos as


mudanças sociais, científicas e tecnológicas trouxeram às sociedades hábitos e valores novos, fazendo
com que antigos modelos da vida social fossem alterados, ou mesmo substituídos

Ex.: você vai ao banco transferir dinheiro, ou faz um Pix?

Na Biblioteconomia, um dos motivos para se entender os paradigmas é que hoje a


informação não está disponível apenas no ambiente físico, mas no seu computador, no seu celular.
Outra razão é a interdisciplinaridade, a qual refere-se proximidade (temática) que existe entre as
áreas do conhecimento, como a Biblioteconomia e a Ciência da Informação (CI).

A Ciência da Informação surge no cenário da Segunda Guerra Mundial. Neste


período, o conhecimento começa a se tornar mais especializado. A natureza da
CI é especialmente interdisciplinar, por ser ela uma ciência social aplicada. Você
pode estudar mais essa área se for fazer uma graduação em Biblioteconomia.

Interdisciplinaridade é uma palavra-chave na Biblioteconomia contemporânea, pois ela


está diretamente relacionada com áreas do saber como a Linguística, a Comunicação, a Ciência da
Computação, a Estatística, a Semiótica e muitas outras. A área é focada nos processos da informação,
no fluxo dinâmico em que ela é criada, organizada e disseminada.

“No paradigma novo, Ranganathiano, que está aí rompendo com o modelo Deweyiano, o
projeto educacional tende a ser coerente com a ideia de Universo Heraclitiano, ou seja, tudo
é fluxo, tudo é energia em movimento. É essa concepção de Ranganthan que, encontrando-
se com a visão do pré-socrático Heráclito, vai fazer do projeto educacional em
Biblioteconomia um modelo centrado na Comunicação” (SOUZA, 1996).

A citação acima reforça a nova realidade da Biblioteconomia. Antes, no modelo de Dewey,


o suporte físico era o centro, e para ele foi criada uma classificação para organizar livros em estantes.

26
Agora, o centro é usuário (lembra das 5 leis de Ranganathan?). E, isso está de acordo com o
pensamento do filosófico Heráclito, o qual acreditava que tudo está em constante movimento.

Eita, que legal!!!


Você vai conhecer detalhes desse modelo de classificação de
Dewey na disciplina Representação Temática. Massa, né?!

E, por falar em constante movimento, vamos à história das bibliotecas!

2.4 Biblioteca

Hoje não podemos mais pensar biblioteca apenas como um lugar físico, pois, ela pode
também ser virtual. Como dissemos, quando o livro, tal como conhecemos hoje, ainda sequer tinha
sido pensado, as bibliotecas já existiam. Martins chama as primeiras de “minerais” – compostas por
tábuas de argila e, as seguintes de bibliotecas “vegetais” – compostas, primeiro pelo papiro, depois,
pelo pergaminho (MARTINS, 2002).

A Biblioteca conhecida como a mais majestosa do mundo antigo foi a de


Alexandria, no Egito; segundo registros históricos, fundada no século III a.C. e
que perdurou até o século IV d.C. Ela “ostentava a singularidade de possuir
manuscritos únicos de grande número de obras da antiguidade que com ela
desapareceram.” (MARTINS, 2002, p.75).
Inspirada na Biblioteca de Alexandria construíram, em 2002, a Biblioteca
Alexandrina que impressiona o mundo com seu design que é considerado uma
das mais belas edificações da cidade. A Biblioteca Alexandrina abriga a maior
coleção de livros da África (REIS, 2020, Online)
Fonte: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/biblioteca-de-
alexandria

27
Conheça a Nova Biblioteca de Alexandria:
https://www.bibalex.org/en/Default

Figura 8 - Foto da Biblioteca de Alexandria nos dias atuais


Fonte: https://www.girassolviagens.com/wp-content/uploads/2017/01/Biblioteca-de-Alexandria-1024x530.png
Audiodescrição da figura: Imagem da área externa da biblioteca (panorâmica aérea), com arquitetura moderna em
forma convexa e espelhada, refletindo a grandiosidade das grandes instalações. Fim da audiodescrição.

O universo da biblioteca é o espaço, físico ou virtual, e seus produtos e serviços (acervo,


salas de estudo, setor de atendimento, setor de referência, setor de pesquisa, área de processamento
técnico, sala da gestão, etc.). No espaço virtual, visualizam-se: os tipos de coleções existentes no
acervo (livros, artigos, anais, materiais audiovisuais), os serviços (permuta, pesquisa/consulta,
empréstimo, visita virtual, entre outros).
As bibliotecas ao longo do tempo passaram por grandes transformações (MARTINS,
2002). Houve prolongamentos no que se refere à sua composição, quanto à organização, natureza e
funcionamento. Fonseca (2007) apresenta seu conceito de biblioteca, priorizando as demandas de
cada usuário, colocando que processos de tratamento da informação, como os de classificar, podem
ser executados por sistemas cooperativos ou computadorizados, ou seja, automatizados. Para ele, as
modificações se deram em virtude da organização social, ou seja, conforme as sociedades foram
mudando, a biblioteca também mudou.

28
Até a Renascença, as bibliotecas eram como templos sagrados, a ela poucos
tinham acesso. Lembrando que também poucos sabiam ler e escrever. É com os
romanos que a biblioteca se torna pública. “O livro passa da categoria sagrada
para a categoria profana, deixa de ser intocável para ser condutor, e, posto ao
alcance de todos, é o veículo por excelência de ideias, dos projetos e dos
empreendimentos.” (MARTINS, 2002, p.77).

Na Era Medieval é possível identificar três espécies de bibliotecas: “bibliotecas monaicas”


“bibliotecas das universidades” e “bibliotecas particulares” (MARTINS, 2002, p.82). Elas eram
chamadas monaicas, por serem as bibliotecas dos monastérios. Nelas, os monges copistas
transcreviam textos, os chamados “manuscritos” (textos escritos à mão).
As bibliotecas das universidades deram vapor à transmissão de conhecimento, sendo um
ponto importante para a civilização moderna. As bibliotecas particulares eram mantidas por quem
tinha grandes posses, pois, o livro era um item de luxo, devido a seu valor, não só capital, como ainda
o valor místico e o valor sagrado.

Se lig@!!!
É no período da Renascença que surge “junto ao livro, a figura do
bibliotecário.” (MARTINS, 2002, p.91),

Pontuando mais um conceito de biblioteca, encontra-se em Cunha e Cavalcanti (2008,


p.48), como primeira definição: “coleção de material, impresso ou manuscrito, ordenado e
organizado com o propósito de estudo e pesquisa ou de leitura geral ou ambos”. Diante dos
conceitos, é possível perceber que ordenar para dar acesso é uma prioridade no universo da
biblioteca. Será que o arquivo, o museu e o centro de documentação também têm tais prioridades?
Você verá logo mais!

29
2.4.1 As bibliotecas e a Rosa: mosteiros e universidades
Você tem visto livros acorrentados por aí? Ah, bom! Mas, sabe, houve uma época que
era assim:

Figura 9 - Livros acorrentados


Fonte: https://frontispicio.files.wordpress.com/2016/03/16th-century-chained-library-of-zutphen-in-the-east-of-the-
netherlands-it-is-one-of-three-such-libraries-still-in-existence-in-europe.jpg
Audiodescrição da figura: Livros acorrentados, pregados em tábuas. Disposição típica de livros em bibliotecas
medievais. Além das correntes, os livros parecem presos à pequenas estruturas férreas. Fim da audiodescrição.

Na Idade Média, acontecia até de se acorrentar os livros - ou in-fólios, fólio, grossos


rolos/volumes de folhas de papel dobradas apenas uma vez (CUNHA; CAVALCANTI, 2007). Os
mosteiros e conventos:

definiram-se no período medieval como bibliotecas: até arquitetonicamente [...] As mais


variadas formas de estantes de leitura existiam nesses conventos para permitir um manuseio
cômodo dos grossos in-fólios medievais, inclusive as portáteis, mas nas quais se
acorrentavam os livros (MARTINS, 2002, p.82)

Assista ao filme O nome da Rosa e/ou leia o livro com o mesmo título, escrito
por Umberto Eco. Nele você entenderá melhor como a biblioteca era um
lugar com acesso restrito e a ela conferiam um significado sagrado.
https://www.youtube.com/watch?v=uqL7gn13JoQ

30
É A TREVA!!! Ops! Pera! Mas nem tudo foi trevas na época Medieval! Foram também os
mosteiros que salvaram para o mundo moderno a riqueza da literatura da Antiguidade (MARTINS,
2002). As bibliotecas universitárias foram um grande acontecimento da Idade Média e seu grande
desenvolvimento se deu no decorrer do século XV (MARTINS, 2002). Nas primeiras bibliotecas
universitárias era preciso cumprir algumas regras e nem todos, como empregados, iletrados e
crianças tinham acesso aos preciosos objetos, os livros.

Entre as regras, tinha a que o leitor deveria deixar o livro fechado ao ir


embora; se a pessoa estivesse acompanhada de um estranho, não poderia
afastar-se dele, sob pena de multa (naquela época, o valor de seis tostões)
(MARTINS, 2002).

Com o passar do tempo, novos deveres e serviços surgiram e a biblioteca de hoje se


apresenta mais aberta, interativa e atenta aos seus usuários. Certamente, hoje se vive em outro
contexto da História, o qual é mais complexo, porém, em muitos aspectos, mais aberto, flexível e
acessível a todos.
Nessa nova era, a história das bibliotecas, iniciada no século XVI, passou por um processo
“gradativo, ininterrupto e simultâneo de transformação, marcado essencialmente por quatro
características principais: 1) laicização; 2) democratização; 3) especialização; 4) socialização.”
(MARTINS, 2002, p.323).

2.4.2 As bibliotecas públicas


O surgimento da biblioteca pública aplica todas as quatro características acima, pois, seu
papel é popularizar, socializar, democratizar e atender, usuários, especialistas ou não. A palavra
pública se dirige a algo que deve ser usufruído por todos. Um adjetivo para bibliotecas a serem
frequentadas por quaisquer pessoas, inclusive as iletradas. Martins (2002, p. 326) apresenta os
pontos importantes discutidos em 1951 por bibliotecários, em um evento da UNESCO, visando definir
a biblioteca pública:
A biblioteca pública, criação da democracia moderna, está na vanguarda da luta encetada
para assegurar plenamente a educação popular, seu papel consiste em conservar e organizar

31
os conhecimentos humanos a fim de colocá-los a serviço de toda a coletividade, sem distinção
de profissão, de religião, de classe ou de raça.

O citado congresso de bibliotecários, ocorrido em São Paulo, promovido pela UNESCO,


elencou os objetivos da biblioteca pública como:

• Fornecer informações, livros, material e facilidades diversas, em vista de melhor


servir seus interesses e de satisfazer às suas necessidades intelectuais;
• Estimular a liberdade de expressão e favorecer uma crítica construtiva dos problemas
sociais.

Se lig@!
A primeira biblioteca pública brasileira foi fundada na Bahia: “é a primeira
que com esse caráter se fundou no Brasil, pois, as dos conventos não eram
públicas e a Biblioteca Real do Rio de Janeiro já existia em Lisboa e tinha sido
somente transferida de sede.” (MORAES, 2006, p.152).

2.4.3 Tipos e setores da biblioteca

As bibliotecas podem ser de vários tipos, com acervos diversificados ou especializados, dependendo
do público alvo, conforme exemplos no quadro abaixo:
Quadro 3 – Tipos de Biblioteca

Tipos de
Descrição
biblioteca

Esse tipo de biblioteca tem por missão principal a guarda, a preservação e


divulgação de tudo que se produz no país e sobre o país. Fonseca (2007, p.54)
destaca pontos importantes de seus objetivos:
- reunir, preservar e difundir a documentação bibliográfica e audiovisual produzida
Nacional no território nacional (ela se vale para reunir o chamado depósito legal e para
difundir a bibliografia nacional corrente);
- reunir o que em qualquer parte se publica a respeito da nação.
O papel de uma biblioteca nacional direciona-se aos registros, visando mantê-los sempre
em bom estado para usufruto das presentes e futuras gerações.
Infantil Geralmente composta por um acervo de livros infantis e infanto-juvenis, além de jogos
(memória) e brinquedos didáticos (quebra-cabeça) e educativos. Em geral, trabalham o

32
raciocínio, a concentração, a observação e até a coordenação motora da criança. Servem,
portanto, para a aprendizagem, o desenvolvimento e também para o entretenimento da
criança. Entre os serviços, a contação de histórias, que é muito importante para a
interação com o universo do conhecimento.
Neste tipo de biblioteca a mobília deve ser adequada para a altura das
crianças, colorida e aconchegante para elas se sentirem motivadas a entrar no universo
da leitura. Materiais como papel, cola, tintas e lápis coloridos também podem ser
agregados. Fonseca (2007) chama a atenção para esse tipo de biblioteca, identificando-
a como similar à biblioteca escolar, “irmãs siamesas”, posto que também abrange um
público de crianças e adolescentes.
A biblioteca pode ser especial por contemplar determinado acervo, como um acervo
de fotografia, ou de filmes. Ela também pode ser especial por atender a um público
Especializada específico, com alguma deficiência, ou categoria reclusa ou interna como prisioneiros,
hospitalizados. Conforme assinala Fonseca (2007, p.53), tal designação “se refere
tanto à especialização das coleções como à tipologia dos usuários”. Nesse contexto,
pode-se citar também as Bibliotecas universitárias.
Nela, seus usuários podem pertencer a diversos contextos: estudantes, profissionais,
Pública pessoas com necessidades especiais, crianças, etc. Possui acervo variado (literatura,
didáticos, material para concurso, etc.), com serviços e eventos culturais e educacionais.
Muitas vezes surge de inciativas de pessoas interessadas em formar um espaço de leitura
Comunitária na comunidade, bairro. Pode também ter nela eventos culturais. O acervo pode ser
variado devido a forma como foi adquirido(doações).
Ela conta com um acervo físico e digital, ou seja, pode, além de livros, revistas, fotografias
Híbrida filmes ter conteúdos digitalizados (como os próprios livros físicos), ou ter textos,
fotografias disponíveis virtualmente.
Fonte: FERREIRA (2020 ; 2022)

Se lig@!
No Brasil temos dois ótimos exemplos de biblioteca especializada, ou especial,
são as bibliotecas da Fundação Dorina Nowill para Cegos e o Instituto
Benjamin Constant (IBC, 2023), com livros em Braille.
O livro falado é um dos produtos que a Fundação Dorina Nowill oferece para
públicos de pessoas cegos, bem como livros e revistas em áudio no formato
MP3, com o objetivo de oferecer às pessoas com deficiência visual mais uma
opção de acesso à informação atualizada (FUNDAÇÃO DORINA NOWILL, 2023).

33
Os tipos de biblioteca citados podem ter diversos setores, como o setor de
processamento técnico, setor de referência, setor de restauro. Neles, os materiais como livros,
revistas e CDs recebem o devido tratamento de catalogação, classificação e indexação.

2.5 Arquivo, Museu e Centro de Documentação

Aqui você verá um pouco sobre três instituições que, assim como a biblioteca,
desenvolvem atividades para organização, guarda e disponibilização de informação, diferenciando-
se dela, no entanto, quanto ao objeto estudado: arquivo (documentos administrativos, legais,
históricos), museu (objeto tridimensional) e Centro de Documentação (documentação especial –
plantas arquitetônicas, fotografias, partituras musicais, documentos audiovisuais).

2.5.1 Arquivo

Desde que nascemos, já temos contato com o documento, nossa certidão de nascimento,
por exemplo! Aqui vamos falar um pouco sobre documentos de arquivos.
O arquivo geralmente apresenta material reunido pela origem, tendo fins administrativos,
jurídicos, legais e históricos. Para Paes (1997), é a acumulação ordenada dos documentos, cuja
maioria é textual, criados por uma instituição ou pessoa no curso de sua atividade e preservados para
consecução de seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.
Trata-se de uma instituição composta por um conjunto de documentos produzidos e
recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência
do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da
informação ou a natureza dos documentos (TJRJ, 2006, online).
O arquivo tem por função ser mais funcional que cultural, enquanto instituições como
bibliotecas e museus apresentam um objetivo cultural (PAES, 1997). Acrescenta-se à colocação da
autora que, além de cultural, tais instituições apresentam fins de pesquisa acadêmico-científica.

34
A partir da segunda metade do século passado, há uma reorientação da
profissão dos arquivistas diante do volume documental produzido: entra em
pauta, mais especificamente na América do Norte, de onde repercute para os
demais países ocidentais, a eliminação de documentos antes de serem
recolhidos para guarda permanente. É formulado o conceito de ciclo de vida dos
documentos de arquivo (RODRIGUES, 2006, p. 103).

Existem vários tipos de arquivo, no que se refere à instituição, ou seja, o lugar em que as
coleções documentais são para uso administrativo, legal, contábil, etc., (arquivo administrativo) e
preservadas (arquivo histórico). Há também a classificação de arquivos, quanto ao seu ciclo de vida,
ou seja, os documentos que são usados com mais ou menos frequência. Observe o quadro abaixo:

TIPO DESIGNAÇÃO
Arquivo Arquivo público central ou mantido pela administração federal de um país,
Nacional identificado como o principal agente da política arquivística nesse âmbito.
Arquivo 1 - Conjunto de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas ou
Privado jurídicas, em decorrência de suas atividades.
2 – Arquivo de entidade coletiva de direito privado, família ou pessoa. Também
chamado arquivo particular.
Arquivo Arquivo com predominância de documentos decorrentes do exercício das
Administrativo atividades-meio de uma instituição ou unidade administrativa. Expressão usada
em oposição a arquivo técnico.
Arquivo Arquivo com predominância de documentos decorrentes do exercício das
Técnico atividades-fim de uma instituição ou unidade administrativa. Expressão usada em
oposição a arquivo administrativo.
Arquivo 1-Unidade administrativa ou serviço responsável pelo arquivo corrente.
Corrente 2-Conjunto de documentos em curso ou que, mesmo sem movimentação,
constituam objeto de consultas frequentes.
Arquivo 1 – Conjunto de documentos que, não sendo de uso corrente nos órgãos
Intermediário produtores, por razões de interesse administrativo, aguardam a sua eliminação ou
recolhimento para guarda permanente.
2 - Conjunto de documentos originários de arquivos correntes, com uso pouco
frequente, que aguarda destinação.
Arquivo 1 – Conjunto de documentos de valor histórico, probatório e informativo que
Permanente devem ser definitivamente preservados.
2 – Conjunto de documentos preservados em caráter definitivo em função de seu
valor.
3 - Arquivo responsável pelo arquivo permanente. Também chamado de arquivo
histórico.

35
Quadro 4 - Classificação de arquivos, adaptado de TJRJ (2006)
Fonte: http://portaltj.tjrj.jus.br/web/guest/institucional/dir-gerais/dgcon/degea/dicionario-arquivistico#c

O crescimento da produção de documentos nas últimas décadas atingiu não apenas os


processos e serviços arquivísticos, como também biblioteconômicos e dos centros documentais. É
válido lembrar que o documento é criado com um objetivo e seu valor está diretamente ligado ao seu
ciclo vital.
O ciclo de vida do documento refere-se à “sucessão de fases por que passam os
documentos, desde o momento em que são criados até a sua destinação final” (TJRJ, 2006, p. 2).
O tempo de vida e a utilidade de documentos arquivísticos são determinados pela tabela
de temporalidade, instrumento que estabelece as três idades do arquivo, ilustrada abaixo:

TABELA DE TEMPORALIDADE
IDADE DESCRIÇÃO
Primeira idade Os documentos, em sua maioria de natureza administrativa e /ou
Corrente jurídica são consultados/utilizados constantemente.
Segunda Idade Os documentos não são consultados com a mesma frequência do
Intermediário corrente, todavia, podem ser consultados pela
empresa/instituição.
Terceira Idade Os documentos perderam seu valor administrativo e agora
Permanente servem como fundo documental para pesquisa, ou seja, ganham
um valor histórico.

Quadro 5 - As três idades do documento arquivístico


Fonte: a autora (2023), adaptado de Paes (1997).
Audiodescrição da figura: Tabela de 2 colunas mostrando as idades como arquivos correntes, intermediários e
permanente com descrição sobre os mesmos. Fim da audiodescrição.

Segundo a legislação corrente no país, o arquivo fica aproximadamente 20 anos como


intermediário e, quando o documento já tem entre 25 a 30 anos, ele é considerado permanente
(BELLOTTO, 2004).
Outro ponto importante lembrado por Belloto (2004) é que, em virtude das mudanças
tecnológicas e a complexidade das instituições burocráticas, a eliminação de documentos tornou-se
uma necessidade. “Seu armazenamento cumulativo integral torna-se impossível. Por isso, a
eliminação é necessária e obrigatória.”. Destaca-se a lei sobre a área de arquivo, referente às políticas
públicas:

36
No Brasil, em 1991, a promulgação da Lei 8.159, que dispõe sobre a política
nacional de arquivos públicos e privados e estabelece as suas competências,
vem reforçar a necessidade de um maior envolvimento do arquivista com as
questões relacionadas à gestão dos arquivos correntes, pois, ela estabelece que
a gestão dos documentos públicos correntes é de competência das instituições
arquivísticas (RODRIGUES, 2006, p.103).

Há o Conselho Nacional de Arquivo - CONARQ, que atua no processo de implantação e


regulamentação de instituições arquivísticas, criado em 1938, situado no Rio de Janeiro. O mesmo
tem por finalidade “implementar e acompanhar a política nacional de arquivos, definida pelo Conarq,
por meio da gestão, do recolhimento, do tratamento técnico, da preservação e da divulgação do
patrimônio documental do País” (CONARQ; ARQUIVO NACIONAL, 2020, online).
O determinante da validade do documento arquivístico se dispõe em relação ao meio que
o produziu, só assim, conforme afirma Bellotto (2004), ele tem sentido. Seu conjunto tem de retratar
a infraestrutura e as funções do órgão que o gerou, bem como suas atividades fim e meio (BELLOTTO,
2004).
Para a viabilização dos processos de guarda, recuperação e acesso aos documentos de
um arquivo é necessário que haja arranjo dos mesmos. O termo arranjo, na terminologia arquivística,
é designado como: sequência de operações intelectuais e físicas que visam à organização dos
documentos de um arquivo ou coleção, de acordo com um plano ou quadro previamente
estabelecido (TJRJ, 2006, online).

Uma questão pontual na realidade de muitos arquivos são as ocorrências de


alagamentos e/ou infiltrações. Esse evento vem somar com outros agentes que
deterioram os documentos, como os biológicos (insetos, cupim, traças, etc.).
Essa questão você verá em disciplinas específicas do curso sobre preservação
de documentos e gestão documental.

37
Para uma ação de recuperação dos documentos, algumas medidas são importantes e
recomendas (TJRJ, 2006):

Expor os documentos molhados à sombra durante três dias, após dois dias de
sol quente, quando a baixa umidade do ar contribuirá bastante para a secagem dos
documentos;
Acondicionar os documentos em sacos plásticos de textura grossa, aplicar sílica
gel e lacrar os sacos por um período de 10 dias. Essa substância elimina a umidade
remanescente nos documentos, deixando-os secos;
Acondicionar os documentos nas caixas-arquivo com a identificação de origem.

2.5.2 Museu
Há algum tempo, ao ouvirmos a palavra museu, instantaneamente, viriam em nossa
mente imagens de ‘coisas’, objetos antigos, não é verdade? “Quando evoco um passado distante, eu
reabro o tempo” (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 557, citado por PORTO; BARBOSA, 2011, p. 199).

A palavra “MUSEU”, de origem grega, significa “templo das musas”. Fonte:


www.museus.art.br/historia.htm
O principal produto do museu físico são os objetos tridimensionais e quem
trabalha no museu exerce a função de museólogo, curador, expositor e gestor
que acompanha e participa desde a aquisição, organização exposição e também
elaboração de políticas de acesso, visitação e arranjo das coleções.

Mas será que museu é só lugar de coisas antigas? Você já deve ter lido notícias sobre
museus como o Museu da Língua Portuguesa, museu virtual, museu interativo, ecomuseu, não é?
Pois bem, são faces novas do universo dos museus.

38
O termo “ecomuseu” foi cunhado por Hugues de Varine, em 1971 (BRULON,
2014).
www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2015/01/Revista-Musas-6.pdf

Em sua origem, o ecomuseu representou a utopia da democratização da


memória, por meio de um mecanismo museológico inclusivo que tinha por
objetivo principal o de dar a palavra àqueles que apenas raramente partilhavam
da cena da História. Esse museu de vanguarda, nas décadas de 1970 e 1980, se
voltava para aquelas que haviam sido consideradas até então as “culturas dos
outros”, culturas silenciadas e deixadas à margem de qualquer tipo de
musealização. (BRULON, 2014, p. 30).

Então, o museu não é apenas um lugar fixo, mas, acima de tudo, uma expressão humana.
O museu dialoga e representa não apenas a história sobre o homem, seu universo, seu habitat, seus
feitos e criações, mas também seus ritos, suas manifestações, sua linguagem, suas rotas (mapas,
cartas cartográficas) e muito mais.

Sabemos que o objeto não precisa existir fisicamente para ser real, ele pode ser uma
simulação ou uma projeção virtual. Ao mesmo tempo, o objeto virtual pode ser uma
réplica, um simulacro de um objeto físico. Trata-se da questão da memória, do legado
do objeto museal, numa temporalidade na relação sujeito-objeto. É a
recontextualização do objeto museal como documento, fonte de informação. Releitura
de discursos sobre o objeto em si, sendo este que nos remete à memória-documento,
memória-monumento. (PORTO; BARBOSA, 2011, p. 199).

O museu é uma “instituição dedicada a buscar, cuidar, estudar, documentar e expor


objetos de interesse duradouros ou de valor” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p.255). O museu, como
dizem alguns autores, é um “lugar de memória”, um espaço em que a história coletiva é contada, a

39
partir do patrimônio preservado, ou seja, dos objetos que narram fatos, eventos, invenções e
momentos na ciência, na cultura, na tecnologia, no esporte, nas artes, etc.
Nesse sentido, instituições em âmbito nacional, como o Instituto Brasileiro de Museus –
IBRAM – e o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN – e também, em âmbito
internacional, como o Conselho Internacional de Museus – ICOM, cuidam para que o papel do museu
seja mais que um espaço social representativo, seja também inclusivo e educativo, mostrando as
várias versões da história social, e também integrativo e interativo, a ponto de levar as pessoas a
perceberem mais que sua identidade, a perceberem sua humanidade.

IBRAM – O Instituto Brasileiro de Museus foi criado em janeiro de 2009, com a


assinatura da Lei nº 11.906. Vinculada ao Ministério do Turismo, a autarquia
sucedeu o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) nos
direitos, deveres e obrigações relacionados aos museus federais.
O órgão é responsável pela Política Nacional de Museus (PNM) e pela melhoria
dos serviços do setor – aumento de visitação e arrecadação dos museus,
fomento de políticas de aquisição e preservação de acervos e criação de ações
integradas entre os museus brasileiros. Também é responsável pela
administração direta de 30 museus.
Fonte:
https://www.gov.br/museus/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/sobre-o-
orgao

IPHAN – O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é uma


autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo que responde pela
preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro. Fonte:
http://portal.iphan.gov.br

O museu é um olho compacto que olha para trás e se volta para o presente com uma ou
várias versões do passado. Ele narra os fatos através, principalmente, dos objetos, mas também,
cultiva ou acorda a emoção do que foi, ou podia ter sido, ou pode ainda ser contado na história
presente.
Quanto ao objeto, é através de sua presença que os museus falam à sociedade
(SCHEINER, 2008). Os instantes em um museu são contatos diretos com uma teia de informação que
também nos constitui, pois foi o passado que o colocou onde você está agora. O humano é uma

40
matéria viciada no tempo, uma mente que dispersa energia em contatar vestígios de ‘ontem’ e fazer
simulações do ‘amanhã’.

Quando você estiver aprofundando-se na área sobre museu e memória, você


irá ter contato com dois conceitos importantes: Esquecimento e seleção. Não
se guarda tudo, nem na memória cerebral, nem no computador. Costuma-se
selecionar, consciente ou inconscientemente, o que é mais importante e o que
já não tem tanta importância é deletado pela mente, pois, o cérebro,
naturalmente, ‘esquece’.

Todavia, quando se trata de arquivos, bibliotecas e museus, isso tem, algumas vezes, um
teor político, uma disputa de poder para manutenção de interesses de grupos específicos.
A memória coletiva e a sua forma científica, a história, aplicam-se a dois tipos de materiais: os
documentos e os monumentos. De fato, o que sobrevive não é o conjunto daquilo que existiu no
passado, mas uma escolha efetuada, quer pelas forças que operam no desenvolvimento temporal do
mundo e da humanidade, quer pelos que se dedicam à ciência do passado e do tempo que passa, os
historiadores. Estes materiais da memória podem apresentar-se sob duas formas principais: os
monumentos, herança do passado, e os documentos, escolha do historiador. (LE GOFF, 1990, p. 535).

Para refletir e compreender o universo do museu, existe a área da Museologia, a qual


alude a um “conjunto de conhecimentos científicos e técnicos aplicados à conservação, classificação
e gestão dos acervos dos museus.” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p.255). E todos esses processos se
movem para fins de acesso, conscientização, educação, inclusão das pessoas, não apenas com seu
passado, mas também com seu presente.
“É esse o museu que desejamos: o museu que não se institui como coisa pronta, que é
processo e não produto - fenômeno cultural que trabalha em multiplicidade as relações entre o
humano e o real, no tempo e no espaço. (SCHEINER, 2008, p.66).”
Os apontamentos a respeito do museu aqui apresentados são limitados, pois há uma
infinidade de outras questões, paradigmas, conceitos e reflexões que poderiam ser feitas e que, você,
estudante, pode aprofundar se tiver interesse em entender melhor o museu e seu papel social,
antropológico, político, científico e cultural. E se você nunca visitou, comece a interagir com esses
espaços de viagem no tempo e espelho da coletividade.

41
Figura 11 - Museu do Louvre, em Paris.
Fonte:
https://image.winudf.com/v2/image/Y29tLkxpdmVXYWxscGFwZXJzVUEuYXBwMDMxMl9zY3JlZW5zaG90c18wXzY0YmI0
NDgz/screen-0.jpg?fakeurl=1&type=.jpg
Audiodescrição da figura: Fachada do Museu do Louvre em Paris: uma pirâmide de cristal com tons cinzas reluzentes
revela a entrada para o ambiente. Ao fundo, uma construção arquitetônica neoclássica com arcos e vitrais à luz
dourada. Um espelho d´água reflete os edifícios. É final de tarde. Fim da audiodescrição.

Que tal fazer uma visita virtual ao Museu do Louvre?


Aproveite!
www.louvre.fr/en/visites-en-ligne

Há também os museus que possuem, além de seu acervo de objetos, livros, raros ou
novos? Pode ocorrer de o museu ter um acervo com documentos, como mapas, plantas de prédios
antigos, ou de livros sobre arte (o Instituto Ricardo Brenannd, situado no Recife, é um exemplo).

2.5.3 Centro de Documentação

Para centro de documentação, Cunha e Cavalcanti (2008, p. 77) adotam como primeira
definição a que é dada pela UNESCO: “Qualquer entidade que tenha como função principal a
aquisição, tratamento, armazenamento e divulgação de livros, periódicos e/ou outros documentos”.
Já o documento “é o termo genérico que designa os objetos portadores de informação” (LE COADIC,
2004, p. 5). Ele pode ser considerado um artefato que representa ou expressa um objeto e, segundo

42
seu tipo de suporte, pode denominar-se documento em papel ou documento eletrônico. (LE COADIC,
2004).

O documento em papel pode ser denominado também de documento analógico.

Para Paes (1997), os centros documentais, ou centros de informação, surgiram em virtude


do progresso científico e tecnológico desencadeado no século XIX. O crescimento da informação,
também conhecida como “explosão documental” no século XX, só irá aumentar o volume de
documentos produzidos no mundo.
O material do centro de documentação é organizado pelo conteúdo, com fins de informar.
Ele apresenta informações que são para fins científicos, tendo como principal público o pesquisador.
O conteúdo destas instituições é mais especializado e geralmente se direciona a materiais especiais,
como fotografias, material musical, filmes e documentação jurídica ou histórica. Assim como a
biblioteca e o arquivo, a finalidade é dar acesso às informações de seu acervo, principalmente ao
público formado por pesquisadores e estudantes.
No Recife temos como um dos mais conhecidos centros documentais a Fundação Joaquim
Nabuco (FUNDAJ), subordinada ao Ministério da Educação – MEC, a qual produz, acumula, difunde,
preserva, resgata e restaura conhecimento da/para a sociedade.

Conheça: Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ)


www.fundaj.gov.br/

Você sabia que todas as instituições citadas nesta unidade(biblioteca, arquivo, museu e centro
de documentação) podem trabalhar a sustentabilidade, visando diminuir o acúmulo de poluentes na
natureza? Pois, é uma tarefa que requer comprometimento individual e coletivo, desde pequenas
ações como a gestão de uso de energia, água, até a produção de lixo, ou descarte de produtos seja
feita de forma responsável.

43
As citadas instituições também têm o compromisso social e cultural em suas rotinas, visto que,
guardam preservam e disseminam o repertório de registros científicos, técnicos, literários e históricos
e tecnológicos da sociedade.
Estas instituições também podem trabalhar as diversas linguagens e manifestações artísticas
em ações, como oficinas, palestras, cursos, feiras, eventos, etc. Tudo isso é uma forma de
aproximação com a que usufrui dos serviços e produtos informacionais, sejam escritos, em áudios
ou audiovisuais.

Check list da competência 2

• Você aprendeu mais sobre livros e bibliotecas


• Você visitou conceitos sobre bibliotecas, arquivos, museus e centros de
documentação

Ei, antes de seguir para a competência 3, você pode conferir a videoaula 2

44
UNIDADE 03 | A ESTRUTURA DA CARREIRA E O EXERCÍCIO DO
PROFISSIONAL TÉCNICO EM BIBLIOTECONOMIA
A forma de atuação dos profissionais que lidam com o tratamento da informação
registrada, como o bibliotecário e o técnico em biblioteconomia, está diretamente ligada à missão da
instituição a que estão vinculados, bem como ao perfil e necessidades dos usuários.
Assim, será dada a esta unidade um foco direcionado aos tipos de bibliotecas e seus
respectivos clientes/usuários, bem como alguns setores e atividades, legislação e ética profissional.
Entender tais cenários demanda entender a área da Biblioteconomia no Brasil.

Ei, dá uma paradinha aí, e vai no AVA ouvir o Podcast desta semana que tem
umas dicas massa!

3.1 A Biblioteconomia no Brasil


O livro e a biblioteca, como já foi dito, foram utilizados como vias de poder pelas classes
dominantes e veículos de perpetuação de fatos marcantes eles são uma extensão da memória. No
Brasil, as primeiras bibliotecas situaram-se na Bahia, na segunda metade do século XVI, elas
pertenciam aos jesuítas, ou seja, eram bibliotecas localizadas em ambiente religioso. (MORAES,
2006).

Nessa época, o país ainda era colônia de Portugal e poucos tinham acesso à
escrita e à leitura, salvo os filhos dos abastados. As bibliotecas conventuais
eram, até a segunda metade do século XVIII, vistas como centros culturais e de
formação intelectual dos jovens brasileiros que concluíam seus estudos em
Portugal (MORAES, 2006) e “o enriquecimento do país permitia que os pais
mandassem seus filhos à Coimbra.” (MORAES, 2006, p. 24).

45
Em 1811, é fundada na Bahia a primeira biblioteca pública, a qual é disposta ao público
três anos antes da Biblioteca Real do Rio de Janeiro (FONSECA, 2007). A inclusão de cursos de
Biblioteconomia começa no Brasil quando Dom João I, trouxe a Família Real, em 1808 ao Brasil, tendo
entre a bagagem a Biblioteca Real da Ajuda.
Entre as mudanças, destaca-se a ocorrida de 1879, sobre a ordem do acervo em que a
biblioteca é dividida em “três seções: impressos, cartas geográficas, manuscritos e estampas.”
(CASTRO, 2000, p. 48). O interessante é notar que, no século seguinte, o primeiro curso de ensino de
Biblioteconomia ministrado pela Biblioteca Nacional (BN) contemplará disciplinas que elegem
conhecimento e perícia (organização física dos livros) para os conteúdos de seu acervo.

A Biblioteca Real da Ajuda recebeu essa denominação em virtude de um


terremoto, ocorrido em 1755 em Lisboa, que causou a perda do acervo da
primeira biblioteca Real. (MORAES, 2006). No Brasil seu nome ficou sendo
Biblioteca Real e Pública do Rio de Janeiro e agora se chama Fundação Biblioteca
Nacional (MARTINS, 2007).

Enfatiza-se que o primeiro curso de Biblioteconomia no Brasil foi promovido pela BN em


1911, contudo, sua efetiva realização se deu em 1915. Em 1944 houve mudanças no currículo das
disciplinas. Em 1962, outra mudança dessa natureza ocorreu. Chamada para eles (veja que uma grade
curricular pode mudar dependendo da necessidade).

46
Figura 12: imagem de foto panorâmica do prédio da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
Fonte: https://maisleiturabco.files.wordpress.com/2014/07/bibliotecanacional1.jpg
Audiodescrição da figura: Panorâmica do prédio da Biblioteca Nacional, à frente do prédio há árvores com copas verde-
escuro. Atrás do prédio da biblioteca, prédios modernos contrastam com a arquitetura colonial da BN. Fim da
audiodescrição.

Os primeiros conteúdos do curso da BN tinham um perfil humanista, ou seja, além da


parte técnica, enfatizavam conteúdos voltados às artes e as ciências de forma geral (CASTRO; 2000;
FONSECA, 2007). Isso muda para um perfil mais técnico, nos anos de 1940, sob influência das escolas
de Biblioteconomia americanas. Com o passar dos anos, outros cursos surgem, principalmente em
nível de especialização. Junto a esse quadro, surgem leis referentes à regulamentação da profissão,
à biblioteca e ao livro.

3.2 Leis relativas à biblioteca e ao livro e direito à informação

Conforme já foi dito, estudante, é a partir da Renascença que o livro e a biblioteca ganham
uma dimensão social (MARTINS, 2007), já que na Idade Média a restrição ao pensamento e a criação
de ideias foram vigiadas, questionadas, restringidas e até, muitas vezes, punidas, segundo informes
Históricos.
A citada dimensão social do livro e da biblioteca possibilitou o câmbio de informações, a
inclusão de saberes a mais pessoas, o acesso à informação mais viável e flexível e a liberdade de

47
expressão e o crescimento de um maior número de empreendedores, artistas, sonhadores e
amadores do conhecimento.
A biblioteca, nesse cenário, é como um ambiente de acesso ao conhecimento e não um
santuário ou um lugar para se pagar algum castigo em horário escolar. O leitor passou a ser o
elemento mais importe da biblioteca (FONSECA, 2007). O direito à consulta, leitura, pesquisa, em
uma biblioteca pública, é direito de todos. Nesse sentido, há uma lei específica do livro.
A lei 10.753 de 30 de outubro de 2003 institui a política nacional do livro, tendo em suas
diretrizes gerais (BRASIL, 2003):
I - assegurar ao cidadão o pleno exercício do direito de acesso e uso do livro;
II - o livro é o meio principal e insubstituível da difusão da cultura e transmissão do
conhecimento, do fomento à pesquisa social e científica, da conservação do patrimônio
nacional, da transformação e aperfeiçoamento social e da melhoria da qualidade de vida;
III - fomentar e apoiar a produção, a edição, a difusão, a distribuição e a comercialização do
livro;
IV - estimular a produção intelectual dos escritores e autores brasileiros, tanto de obras
científicas como culturais;
V - promover e incentivar o hábito da leitura;
VI - propiciar os meios para fazer do Brasil um grande centro editorial;
VII - competir no mercado internacional de livros, ampliando a exportação de livros nacionais;
VIII - apoiar a livre circulação do livro no País;
IX - capacitar a população para o uso do livro como fator fundamental para seu progresso
econômico, político, social e promover a justa distribuição do saber e da renda;
X - instalar e ampliar no País livrarias, bibliotecas e pontos de venda de livro;

A biblioteca também tem uma lei, a qual dispõe sobre sua universalização no país. Trata-se da
lei 12.244 de 24 de maio de 2010 (BRASIL, 2010):
Art. 1o As instituições de ensino públicas e privadas de todos os sistemas de ensino do País
contarão com bibliotecas, nos termos desta Lei.

48
Art. 2o Para os fins desta Lei, considera-se biblioteca escolar a coleção de livros, materiais
videográficos e documentos registrados em qualquer suporte destinados a consulta, pesquisa,
estudo ou leitura.
Parágrafo único. Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para
cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste
acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação,
organização e funcionamento das bibliotecas escolares.

Em 2012, o Governo Federal lançou a lei de acesso à informação, nº 12.527 de 18 de


novembro de 2011. Conforme o artigo. 4º desta lei, considera-se(BRASIL, 2011):
I - informação: dados, processados ou não, que podem ser utilizados para produção e transmissão
de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato;
II - documento: unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato;
III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente à restrição de acesso público em
razão de sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado;
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural identificada ou identificável;
V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à produção, recepção, classificação,
utilização, acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquivamento,
armazenamento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informação;

Conforme Jardim (2013), o fato de a informação arquivística, assim como seu acesso pelos
órgãos públicos, ser uma prática periférica, faz com que a lei ainda precise de ajustes e análise para
potencializar seu uso e difusão a todos.

Que tal navegar um pouco no portal da lei de acesso à informação?


Acesse aqui: https://www.gov.br/acessoainformacao/pt-br

3.3 Órgãos que Representam a Classe do Profissional da Informação


Toda classe profissional é composta e legitimada por instâncias que a identificam,
protegem e demarcam suas funções e finalidades na sociedade. Aqui iremos nos ater ao
reconhecimento da classe bibliotecária no Brasil como profissão liberal.

49
A Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários – FEBAB – agora conhecida como
Federação Brasileira de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições, tem como principal
missão defender e incentivar o desenvolvimento da profissão (FEBAB, 2023, online).
O interesse de uma federação para a classe originava-se da necessidade de congregar,
integrar, possibilitar uma comunicação fluida entre os profissionais bibliotecários no que tange às
suas práticas, aos novos cenários e demandas do mercado. Da mesma forma, havia interesse dos
profissionais sobre os novos rumos da ciência e tecnologia que pediam união destes, para entender
a complexidade de seu espaço de atuação.

É constituída por entidades-membro – associações e sindicatos de bibliotecários


e cientistas da informação, instituições filiadas e pelos órgãos: deliberativos –
Assembleia Geral e Conselho Diretor; executivo – Diretoria Executiva; de
fiscalização – Conselho Fiscal; de assessoria – Comissões Brasileiras e
Assessorias Especiais. (FEBAB, 2023, online).

Além da FEBAB, a classe bibliotecária conta com um Conselho Federal e Conselhos


Regionais. Estes inserem em suas páginas virtuais informações sobre atuação profissional, mercado,
carreira e aperfeiçoamento, cursos e eventos, legislação, etc. “Os Conselhos Regionais de
Biblioteconomia foram criados pela Lei nº 4084, de 30 de junho de 1962 e têm como ponto central a
fiscalização e o exercício da profissão de bibliotecário.” (CFB, 2023, online).
Verifica-se que, para uma profissão se firmar no espaço social, é necessário haver
profissionais comprometidos e voltados à área de forma a articular buscando melhorias,
representatividade como classe, notoriedade social para validar seu status de atividade laboral e
legitimidade através da legislação.

3.4 O Código de Ética Profissional: análise e aplicação


Estudante, a forma de agir no ambiente profissional deve ser voltada à harmonia,
evitando determinados hábitos e crenças, ou preconceitos. Isso deve estar bem claro no
entendimento do profissional, principalmente quando se está lidando com obras que aludem a

50
enredos que tratam de temáticas que geram divisões/polarizações na sociedade, exemplo: conteúdos
com narrativas sobre rituais religiosos ou ideologias políticas.
Quando você estiver a serviço de uma cultura organizacional, seja como técnico, analista,
prestador de serviços, consultor, etc., o mais importante é atender o público da instituição, deixando
de lado julgamentos relativos aos conteúdos, desde que não firam a ética profissional.

É por isso que é muito importante, primeiro, o profissional conhecer-se: quais


são seus valores e crenças e, a partir disso, buscar melhorar o que não for
saudável à comunidade e observar se realmente está disposto e pronto a atuar
em determinados segmentos do mercado.

3.4.1 Deontologia e Ética do Profissional da Informação


A ética é muitas vezes confundida com a moral. A moral diz respeito à forma de agir das
pessoas em determinada sociedade. Já a ética apresenta-se mais abrangente, pois se propõe a refletir
sobre a moral. A moral pode tornar-se ultrapassada, sendo, por vezes, substituída por outro costume.

Quadro 4 - Ética X Moral


Fonte: https://blog.maxieduca.com.br/wp-content/uploads/2017/01/Quadro-Comparativo-Final.png
Audiodescrição da figura: 2 quadros mostrando diferenças entre ética e moral sobre o modo de agir, normas e regras e
o fundamento de ambas. Fim da audiodescrição.

A ética é concebida como uma “parte da Filosofia que estuda os valores e os princípios
ideais da conduta humana” e também um “conjunto de princípios morais que devem ser respeitados

51
no exercício de uma profissão” (DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2009), embora os termos
ética e moral se confundam e, por vezes, sejam intercambiáveis (CORTINA; MARTÍNEZ, 2005).

Você sabe o que é Deontologia?


Trata-se de uma filosofia que faz parte da filosofia moral contemporânea e sua
origem significa, em grego, ciência do dever e da obrigação. O termo foi criado
no ano de 1834, pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, para falar sobre o ramo
da ética em que o objeto de estudo diz respeito aos fundamentos do dever e
das normas. Deontologia é também conhecida como "Teoria do Dever".
Fonte: www.significados.com.br/deontologia

Ainda no percurso dos conceitos de ética e moral, é importante que o profissional, em


formação, ou já em exercício de prestação de serviço, siga normas e condutas apropriadas que são
documentadas pelas organizações e associações da área, através de manuais, por exemplo, os quais
norteiam a maneira adequada a determinados procedimentos profissionais.

Conhecer o código de ética é muito importante para o profissional ter nortes


quanto à sua postura no trabalho.

“As associações profissionais são entidades representativas dos membros de uma dada
profissão que promovem uma maior interlocução entre seus membros e destes com a sociedade”.
(RASCHE, 2005, p. 176). Refletindo sobre o código de ética do profissional em Biblioteconomia,
Cuartas, Pessoa e Costa (2003) fazem uma abordagem sobre a atuação ética deste profissional.
No código de ética do Bibliotecário há diretrizes, para o agir ético na conduta profissional
nas instituições e o comprometimento do bibliotecário a serviço de uma sociedade mais informada e
desenvolvida, das quais destacam-se deveres de preservação de cunho liberal e humanista (CFB,
2021):
Art. 5º –São deveres do bibliotecário :
∞ preservar o cunho liberal e humanista de sua profissão, fundamentado na
liberdade da investigação científica e na dignidade da pessoa humana;

52
∞ exercer a profissão aplicando todo zelo, capacidade e honestidade em seu
exercício;

∞ observar os ditames da ciência e da técnica;

∞ contribuir para o desenvolvimento da sociedade e respeitar os princípios legais


que regem o país;

É importante, estudante, que você observe que tais deveres podem também ser adotados
por você, uma vez que sua função em uma biblioteca, embora seja subordinada à função do(a)
bibliotecário(a), é realizada visando atender ao usuário da instituição que o contratou.

3.5 Atuação do Técnico em Biblioteconomia

O conceito de técnico diz respeito ao domínio de um conhecimento específico, ou seja,


saber fazer algo em determinada área. Um técnico pode se tornar perito e vir a ser um cientista em
sua atuação. Para tal, ele deve, além de executar uma prática, estudá-la e gerar dessa experiência
novos conhecimentos.

Opa! Achou confuso? Que tal olhar isso mais de perto?


Entra aqui: https://www.guiadacarreira.com.br/cursos/curso-tecnico/curso-
tecnico/

A atividade do técnico em Biblioteconomia, mais que complementar, é essencial para que


haja um bom fluxo dos processos e serviços realizados em uma biblioteca. A função do técnico em
Biblioteconomia é dar suporte durante as atividades de organização, catalogação, classificação e
atendimento aos usuários. Sua função deve ser supervisionada, todavia, nada o impede de ajudar
com atos de cidadania, respeito e colaboração na instituição. Dar sugestões para melhoria dos
serviços é um exemplo, pois, estes profissionais estão diariamente lidando face a face com o público.

53
Lembrando que se requer deste perfil profissional empatia, paciência, senso
de ordem e comprometimento com suas atividades de rotina.

Há na legislação nacional pontos importantes, os quais discutem sobre a atividade do


profissional atuante em bibliotecas, com maior ênfase, voltada ao profissional com bacharelado em
Biblioteconomia:

LEGISLAÇÃO DISPOSIÇÃO
Art. 1º O exercício da profissão de Bibliotecário, em todo o território nacional, somente é
permitido quando atendidas as qualificações estabelecidas nesta Lei.
Parágrafo A designação "Bibliotecário", incluída no quadro das profissões liberais. Grupo 19,
único da Consolidação das Leis do Trabalho, é privativa dos Bacharéis em
Biblioteconomia.
Art. 3º O exercício da profissão de Bibliotecário é privativo:
I - dos portadores de diploma de Bacharel em Biblioteconomia, expedido por
instituições de ensino superior oficialmente reconhecidas, registradas nos órgãos
competentes, de acordo com a legislação em vigor;
II - dos portadores de diploma de graduação em Biblioteconomia, conferido
por instituições estrangeiras de ensino superior, reconhecidas pelas leis do país de
origem, e revalidados no Brasil, de acordo com a legislação vigente;
III - dos amparados pela Lei no 7.504, de 2 de julho de 1986.
Capítulo VIII § 3o As Bibliotecas Públicas localizadas em Municípios com até dez mil habitantes
e cujo acervo não ultrapasse a duzentos exemplares catalogados poderão
funcionar sob a supervisão de um Técnico em Biblioteconomia, devidamente
registrado perante o Conselho e, neste caso, deverão comunicar ao respectivo
Conselho Regional de Biblioteconomia a criação, o funcionamento e a
responsabilidade técnica da Biblioteca, para fins de anotação e controle, sendo
isentas de qualquer taxa ou contribuição.
Quadro 6 – Legislação referente à atuação profissional em Bibliotecas
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9674.htm

54
Em 2010, surge um projeto de lei N.º 6.038, no qual há uma disposição voltada
à regulamentação do exercício da atividade profissional de Técnico em
Biblioteconomia. Em 2018, transformou-se em Lei Nº. 13601/18

Destacam-se alguns artigos da Lei nº 13.601, de 9 de janeiro de 2018.

Art. 2º Considera-se Técnico em Biblioteconomia o profissional legalmente


habilitado em curso de formação específica.
Art. 3º São requisitos para o exercício da atividade profissional de Técnico
em Biblioteconomia.
I - possuir diploma de formação de nível médio de Técnico em
Biblioteconomia, expedido no Brasil, por escolas oficiais ou reconhecidas na
forma da lei;
II - possuir diploma de formação de nível médio de Técnico em
Biblioteconomia, expedido por escola estrangeira, revalidado no Brasil de
acordo com a legislação em vigor.

IV - exercer suas atividades sob a supervisão de Bibliotecário com registro em


CRB
Art. 4º Compete aos Técnicos em Biblioteconomia, observando-se os limites
de sua formação e sob a supervisão do Bibliotecário.
I - auxiliar nas atividades e serviços concernentes ao funcionamento de
bibliotecas e outros serviços de documentação e informação.
II - auxiliar no planejamento e desenvolvimento de projetos que ampliem as
atividades de atuação sociocultural das instituições em que atuam.
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/lei/L13601.htm

O fato de se ter uma legislação favorecendo a regularização do técnico em


Biblioteconomia sinaliza que é importante estar pronto para um mercado que vai demandar uma
formação específica, no caso, um curso técnico. É válido, ainda, salientar, nesse sentido, algumas
funções a serem desempenhadas por este profissional, veja o quadro abaixo:

55
Atividades Técnicas Atividades Culturais Atividades Pedagógicas

Organizar o acervo, pastas, Criar espaço para possíveis Atender os usuários em atividades
documentos e demais aglomerações de eventos. específicas, previamente agendadas.
materiais no espaço da
biblioteca.
Registrar dados do acervo Ornamentar os ambientes Mediar atividades de recreação, com
em sistema elétrico ou em em datas e eventos que finalidades artístico-pedagógicas.
meio físico. ocorrem no espaço da
biblioteca.
Arquivar documentos que Orientar os usuários sobre normas,
chegam como dados do Montar decoração, listas de regras e atividades da biblioteca.
acervo e dos usuários, convites e cenários para os
guardar livros e materiais espaços de eventos na
que são devolvidos à biblioteca.
biblioteca.
Receber correspondências, Reunir materiais para atividades
materiais e objetos temáticas com proposta recreativas,
comprados ou doados. artísticas e pedagógicas.

Quadro 7 - Atividades técnicas, culturais e pedagógicas que o técnico em Biblioteconomia pode realizar.
Fonte: Ferreira (2020 ; 2022)
Audiodescrição da figura: quadro com detalhamento de possíveis Atividades técnicas, culturais e pedagógicas que o
técnico em Biblioteconomia que um técnico em biblioteconomia pode desempenhar. Fim da audiodescrição.

Perceba que as informações do quadro acima são limitadas! Você pode sempre sair da
caixa e pensar fora dela! Vamos ver mais alguns comportamentos, atitudes e atividades que você
pode desempenhar em seu ambiente de trabalho:
• Abrir e fechar as salas de estudo e laboratórios da biblioteca;

• Arquivar documentos da biblioteca;

• Atender telefone, responder e-mails e anotar recados;

• Atender aos usuários presencialmente;

• Atualizar sinalizações e colar informações com avisos;

• Auxiliar na organização e atualização de dados dos usuários;

• Auxiliar na organização física do acervo;

56
• Auxiliar no levantamento de dados para o inventário da biblioteca;

• Auxiliar no levantamento de informação a ser pesquisada pelos usuários;

• Auxiliar no processamento físico do material e identificação do material bibliográfico


(tombamentos, listagens, carimbar, etc.);

• Auxiliar no processo de recebimento e arquivamento dos documentos por tipo, ou


assunto;

• Comunicar, antecipadamente, aos usuários os horários de fechamento da biblioteca;

• Conferir o acervo físico que chega por doação ou compra na biblioteca;

• Conhecer a instituição de forma ampla (história, missão, valores, clientes/público,


sedes, serviços| produtos);

• Conhecer o acervo de forma ampla e específica (materiais, tipos, assuntos, público);

• Desenvolver resiliência e empatia para evitar conflitos (desde que isso não afete a ética,
nem sua saúde mental e física, comprometendo sua qualidade de vida no trabalho);

• Elaborar formulários, planilhas ou fichas de registro, quando solicitado pelo seu


superior;

• Fazer a catalogação de livros, periódicos e demais coleções, sob orientação e supervisão


do bibliotecário;

• Fazer o levantamento de livros, periódicos ou publicações, quando solicitado;

• Informar ao superior hierárquico sobre eventos atípicos (ou seja, eventos que ocorrem
fora da rotina da biblioteca);

• Ordenar e arquivar documentos;

• Organizar e atualizar mural de informações;

• Procurar atualizar-se profissionalmente com leituras, cursos, tutoriais e treinamentos;

• Reportar ao superior as demandas ou acontecimentos que fogem à sua competência


técnica;

• Sugerir métodos e processos de trabalho para simplificação e eficiência das atividades;

57
• Tratar com respeito e ética todos os profissionais da instituição e clientes/usuários;

• Verificar iluminação, funcionamento de equipamentos eletrônicos e temperatura do


ambiente do acervo;

• Zelar pelo patrimônio institucional e bem estar coletivo (estrutura física, equipamentos,
acervo, colaboradores).

Como você pode observar, estudante, há várias atividades a serem desempenhadas pelo
técnico em Biblioteconomia. Acima, foram citados apenas alguns exemplos, o que significa que há
outros processos e rotinas que podem ser desempenhados por você.

E aí, você fez um caminho legal até aqui?

Bora pro check list da competência 3!

Que tal relembrar alguns pontos trabalhados até aqui:


• atuação profissional do Bibliotecário e do técnico em biblioteconomia;
• conduta e ética do profissional técnico;
• atividades do técnico em Biblioteconomia.

Ei, para concluir, você pode conferir a videoaula 3!

58
CONCLUSÃO
Estudante, aqui começa a despedida desta maravilhosa viagem pelos fundamentos da
área! Eita que foi coisa, hein?

VOCÊ VIAJOU NO TEMPO, NÃO FOI?

Tempo dos livros acorrentados, tempo das trevas! Mas, epa! Pera! Teve muita coisa além
disso! Muito conhecimento sobre conceitos (informação, conhecimento, comunicação), lugares
(bibliotecas, arquivos, museus), os mosteiros, as universidades, as bibliotecas, o código profissional,
leis e instituições da área!
Assim, a disciplina Introdução à Biblioteconomia pretendeu mostrar a Biblioteconomia
apresentando seus principais conceitos, campos de estudo, formação curricular, profissional
bibliotecário e técnico, legislação, ética e áreas de atuação.

AGORA VOCÊ JÁ SABE!

Mais que guardar, nossa missão social é ser contribuição no que tange à democratização
do conhecimento. O acesso é a atual prioridade!

AS PALAVRAS-CHAVE DA BIBLIOTECONOMIA

Conexão, Interatividade e Amorosidade - CIA. Para isso, é preciso abraçar os novos


desafios. O mundo mudou, a Biblioteconomia também.
Contudo, ainda há passos a serem aprendidos, compartilhados e transformados em uma
comunicação humana e empática. Assim, não basta que hoje nos identifiquemos com a profissão, é
necessário abertura para ir além!
A gente se encontra nesse maravilhoso mundo novo!

59
REFERÊNCIAS

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63
MINICURRÍCULO DO PROFESSOR

Marilucy da Silva Ferreira


Professora de Educação
Profissional da ETEPAC, pela Secretaria de
Educação do Estado de Pernambuco -
Modalidade EAD. Mestra em Ciência da
Informação pelo Programa de Pós-Graduação
em Ciência da Informação da Universidade
Federal de Pernambuco (2012). Graduada em
Biblioteconomia pela UFPE (2009). Magistério
(2000). Especialista em Gestão e Tutoria em
EAD. Atuou como colaboradora externa-
voluntária em projeto de extensão (IFPE).
Atuou como docente e orientadora no Curso de Aperfeiçoamento em Gestão de Acervos
Bibliográficos, Arquivísticos e Museológicos da Fundação Joaquim Nabuco - FUNDAJ (2015-2016), na
modalidade EAD. Atuou como docente do Curso Técnico em Biblioteca, na Secretaria Executiva de
Educação Profissional do Governo do Estado de Pernambuco - SEEP-PE (de 2012-2017). Foi
Coordenadora do Curso Técnico em Biblioteca pela SEEP-PE, na modalidade EAD (2012-2013). Possui
experiência no magistério de Ensino Fundamental I (2003-2004). Tem experiência em bibliotecas de
ensino superior (2012, 2016) e escolar (desde 2018). Foi analista de informação em empresa voltada
à Tecnologia Jurídica (2014-2015). Tem experiência em arquivo acadêmico (2017-2018) Fez estágios
em renomadas instituições (Centro de Documentação da Rede Globo NE, 2008, Arquivo Geral
Tribunal do justiça de Pernambuco, 2009). Tem publicações nas áreas de Organização, Recuperação
e Representação da Informação, Indexação e EAD, em capítulos de livros, artigos de revistas, eventos
na área de Ciência da Informação. Também ministra palestras sobre temas da área de formação e
correlatas (arquivos e museus) e desenvolvimento pessoal e presta consultoria para atividades da
área.

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