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Estatística Aplicada à

Gestão da Informação
Mário Gouveia

Técnico em
Biblioteconomia

2023
Estatística Aplicada à
Gestão da Informação
Mário Gouveia

Curso Técnico em
Biblioteconomia

Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa

Educação a Distância

Recife

1.ed. | Julho 2023


Professor Autor Coordenação Executiva (Secretaria de Educação e
Mário Gouveia Esportes de Pernambuco | SEE)
Ana Cristina Cerqueira Dias
Revisão
Ana Pernambuco de Souza
Mário Gouveia

Coordenação de Curso Coordenação Geral (ETEPAC)


Liliane Rodrigues de Assis Arnaldo Luiz da Silva Junior
Gustavo Henrique Tavares
Coordenação Design Educacional Maria do Rosário Costa Cordouro de Vasconcelos
Deisiane Gomes Bazante Paulo Euzébio Bispo

Design Educacional
Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Secretaria Executiva de
Helisangela Maria Andrade Ferreira Educação Integral e Profissional
Jailson Miranda
Roberto de Freitas Morais Sobrinho Escola Técnica Estadual
Professor Antônio Carlos Gomes da Costa
Diagramação
Jailson Miranda
Gerência de Educação a distância
Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 5

UNIDADE 01 | A ESTATÍSTICA NA VISUALIZAÇÃO ESTRATÉGICA DA INFORMAÇÃO ........................ 7

UNIDADE 02 | A GESTÃO DA INFORMAÇÃO COM O APOIO DE MODELOS ESTATÍSTICOS ............. 23

CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 41

REFERÊNCIAS.............................................................................................................................. 42

MINICURRÍCULO DO PROFESSOR ................................................................................................ 46


INTRODUÇÃO
“Caminhante, não há caminho; o caminho se faz caminho ao
caminhar”.
(António Machado)

“A alegria não chega apenas no encontro do achado mas faz


parte do processo da busca. E ensinar e aprender não podem dar-
se fora da procura, fora da boniteza e da alegria”.
(Paulo Freire)

Prezad@ Estudante de Biblioteconomia, seja bem-vind@ à disciplina Estatística Aplicada


à Gestão da Informação!

Você já pensou que quando surge um objeto ou um assunto novo que chama a sua
atenção você procura comparar formas, propriedades e comportamentos com tudo o que conhece,
buscando relacionar semelhanças e diferenças? Essas comparações têm a ver com a chamada
aprendizagem significativa; uma constante ampliação e ressignificação de ideias já existentes a partir
do contato com novas informações.
É uma aprendizagem que acontece por meio de um processo contínuo e subjetivo, que
depende da vontade e ação do estudante, e que se baseia na interação entre conhecimentos novos,
conhecimentos antigos e relações de troca entre as pessoas. É, portanto, uma aprendizagem que
envolve a desconstrução do conhecimento prévio para a construção de um novo conhecimento.
Mas isso só vai acontecer se for identificada alguma utilidade no que vai ser aprendido e
se o ambiente de aprendizagem envolver alegria, esperança, curiosidade, reflexão crítica sobre a
prática e a consciência de que a educação é uma forma permanente de ler o mundo e buscar intervir
no mundo em que se vive.
É possível uma aprendizagem significativa relacionada à Estatística? O que é, quando
surgiu, qual a utilidade, onde é aplicada e como ela se relaciona com a Biblioteconomia? Essas são
algumas das perguntas que vão orientar as trajetórias e partilhas ao longo desta disciplina.

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Para que você tenha um melhor aproveitamento dos conteúdos que serão trabalhados, é
importante a leitura deste e-book, a participação nas atividades propostas e a audiência às
videoaulas. Todos os materiais foram produzidos com o objetivo de estimular em você reflexões
sobre as temáticas apresentadas e associações com outros conhecimentos que você já aprendeu.
Lembre-se sempre: uma mente que se abre para aprender jamais voltará ao seu tamanho original!
Neste e-book, serão desenvolvidas duas unidades que permitirão: aplicar a Estatística na
visualização estratégica da informação para a tomada de decisão; e utilizar modelos estatísticos para
interpretar e resolver problemas relacionados à Gestão da Informação. E, naturalmente, serão
desconstruídos alguns antigos conceitos, socialmente partilhados, para serem construídos,
coletivamente, novos conceitos, recorrendo a intertextualidades, por entre músicas e vídeos, como
forma de viralizar curiosidade, conhecimento e alegria.
Você vai aprender que as estatísticas não geram previsões nem conferem certezas, mas
ajudam a identificar tendências e contribuem para tomadas de decisão mais acertadas. Vai
compreender também que uma imagem não vale mais do que mil palavras, mas pode ajudar a
visualizar algumas informações relevantes. E ainda vai se apropriar do entendimento de que uma
gestão da informação eficiente não é a que recorre a dados para olhar apenas o que eles dizem, mas
a que se vale desses dados para refletir também sobre o que eles não dizem!
Se as perguntas são o ponto de partida da aprendizagem, esta não tem uma linha de
chegada, já que não existe um caminho, uma trilha; o caminho será feito por você, à medida que
caminhar, que se perder e se achar, que exercitar em suas trajetórias a vontade de conhecer sempre
mais. O reconhecimento de que todos somos sujeitos qualificantes, seres do gerúndio, eternos
aprendizes de um conhecimento sempre inacabado, sempre por ser desconstruído e reconstruído
será o primeiro passo dessa jornada!
Vamos juntos? Vai ser massa!
Bons estudos!

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UNIDADE 01 | A ESTATÍSTICA NA VISUALIZAÇÃO ESTRATÉGICA DA
INFORMAÇÃO
“Uma imagem vale mais que mil palavras”.
(Confúcio)

“Se uma imagem vale mais do que mil palavras, então diga isto
com uma imagem”.
(Millôr Fernandes)

Antes de você aprender sobre as aplicações de Estatística na visualização estratégica


da informação, é conveniente identificar algumas informações básicas sobre a Estatística, como por
exemplo, quando surgiu e para que serve a quantificação de dados e informações. Vamos lá?

Só não esquece de acompanhar o podcast desta unidade. Tá lindo de se ouvir.

Origens da Estatística
Quando as sociedades começaram a se comunicar mais e realizar trocas comerciais mais
frequentes, por volta de 8.000 a.C., tornou-se necessário o desenvolvimento de estratégias e
ferramentas para registro e controle de bens comercializados. Isso porque os governantes de todas
as civilizações da Antiguidade começaram a se interessar em saber detalhes de seus territórios, com
fins militares e de cobrança de impostos.

SE LIGA: Dessa necessidade de quantificar, registrar e guardar informações


contábeis derivam as primeiras experiências de registros escritos, bem como as
primeiras iniciativas de armazenamento e preservação de informação.

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Milênios mais tarde, ao longo da Idade Média, o combate a grandes epidemias e a busca
pelo fortalecimento dos exércitos, para defesa e expansão, ampliaram o interesse pela obtenção e
armazenamento de informações sobre os reinos. A Igreja Católica, instituição mais poderosa daquele
período, enquanto expandia seu controle sobre as mentes, almas e terras, também desenvolvia
formas de registrar e quantificar casamentos, nascimentos, mortes e posses econômicas.
Os séculos avançaram e a Estatística ganhou cada vez mais relevância. Mas, o que é
Estatística, afinal?

O que é Estatística?
A Estatística é um conjunto de métodos e técnicas aprimorados ao longo de séculos e que
envolve organização, interpretação e apresentação de dados. Certo, mas o que são dados, mesmo?
Dados são registros (gravações ou impressões de caracteres ou símbolos) que contêm um
significado e feitos em um documento, físico ou digital, sobre um ente, objeto ou fenômeno. Os dados
são considerados também como a base da hierarquia DICS (Dados, Informação, Conhecimento e
Sabedoria), em que dados organizados e codificados compõem uma informação; informações
interpretadas formam conhecimento; e conhecimentos processados são fonte da sabedoria. A
sabedoria, por sua vez, é a base para interpretar e resolver problemas e tomar boas decisões na vida
pessoal e profissional.
Vamos exemplificar essa relação entre dados, informação, conhecimento, sabedoria,
resolução de problemas e tomada de decisão? Imagine que você vai se casar; vestido de noiva, bolo,
igreja, festa, tudo foi planejado, digamos, para o dia 18 de junho. Uma época em que, historicamente,
ocorrem muitas chuvas. Há poucos dias da festa, o órgão responsável por identificar os índices de
precipitações (dados) emite um alerta (informação) de que estão previstas chuvas fortes no município
onde ocorrerá o casamento. Como você já conhece bem a região (conhecimento), você:
a) decide manter o dia da celebração e vai na fé de que não chova;
b) prefere adiar para outra data;
c) pensa que uma chuvinha é bênção de Deus na vida dos noivos;
d) já sabe que junho não é uma boa época para casamentos por conta da alta
probabilidade de chuvas.

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A escolha que você fará vai produzir resultados memoráveis, de uma maneira ou de outra,
conforme o vídeo a seguir, por exemplo:

About Time - wedding scene


https://www.youtube.com/watch?v=d-BH2w4ECi0

PARA SABER MAIS: Certamente você já ouviu falar na APAC, mas sabe o que
significa esta sigla e o que qual a atuação desta entidade? A Agência
Pernambucana de Águas e Clima (APAC) foi criada pela Lei Estadual nº. 14.028
de 26 de março de 2010 com o objetivo de fortalecer o planejamento e a
regulação dos usos múltiplos dos recursos hídricos do nosso Estado e o Sistema
Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos. Neste link, você pode ver
quais são as perguntas mais frequentes e entender a importante missão da
APAC:
https://www.apac.pe.gov.br/perguntas-frequentes.

Voltemos aos dados. Estes, quando organizados, podem mostrar a frequência de


fenômenos naturais, sociais ou econômicos, ajudando a identificar padrões que possam levar a
conclusões e planejamento para tomadas de decisão mais eficientes e eficazes1 diante da percepção
da iminência de determinados eventos.
O professor Mário Sérgio Cortella ensina que “o planejamento agrega em sua capacidade
de antecipação tudo aquilo que vai favorecer o sucesso da ação. Mas para isso acontecer, é necessário
ter clareza de quais são os recursos disponíveis”.

1
Ser eficiente é quando se desenvolve um trabalho ou tarefa sem cometer erros, mas nem sempre obtendo os resultados
esperados. Ser eficaz, por sua vez, significa realizar os processos de forma correta com foco na entrega do melhor trabalho
possível, ou seja, aquele que resolve o problema apresentado. Juntar eficiência e eficácia é o objetivo de todo aquele que
planeja e toma decisões.

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Do Problema à Tomada de Decisão
Imagine que Gina Bezerra, a bibliotecária da Escola Técnica Estadual “Professor Dênis
Bernardes”, percebeu que nos três primeiros meses do ano letivo de 2022, apenas 10% dos 360
alunos daquela escola fizeram empréstimos de livros na biblioteca.

Figura 1 – A bibliotecária Gina Bezerra


Fonte: https://unsplash.com/pt-br/fotografias/OHx5zVsv_gY
Descrição de figura: Mulher branca, de cabelos curtos e grisalhos, usa brincos pequenos e óculos de grau e está
vestindo um casaco em tom floral azul e camisa branca. Ela, que está sentada em uma cadeira de madeira com encosto
estofado, tem à sua frente um antigo computador e um caderno tipo fichário e um classificador de arquivos. Ao fundo,
há duas estantes com livros e fichas catalográficas.

Consciente do problema (1), isto é, a baixa quantidade de empréstimos feitos na


biblioteca, e da variável2 (2) a considerar (alunos do ensino técnico daquela escola), para entender
melhor as causas dessa situação, Gina aplicou a todos os alunos daquelas turmas um questionário3.
Fez perguntas relacionadas ao conhecimento da existência da biblioteca e dos seus serviços; do que
poderia agradar ou desagradar em seu espaço físico; do que pensam sobre a variedade e atualização
do seu acervo; e o que poderia ser feito para deixar a biblioteca mais atrativa.

2
Variáveis são os atributos ou características que podemos mensurar e que originam os dados. São chamadas de variáveis
porque exprimem um grau de variabilidade, e podem ser classificadas em qualitativas ou quantitativas. No caso deste
exemplo, teremos uma variável qualitativa nominal, porque não haverá hierarquia na classificação “alunos do ensino
técnico”, já que estes não são distinguidos na amostra da pesquisa realizada.
3
O questionário é o instrumento mais comum para coleta de dados quantitativos. Ele descreve e mede as características
de um grupo social. Em geral, contém perguntas fechadas, quando o entrevistado possui alternativas fixas, previamente
estabelecidas, de modo que nas alternativas haja a previsão de todas as possibilidades de resposta.

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Depois de receber os questionários respondidos, isto é, depois de realizar a coleta de
dados (3), ela prossegue com a organização dos dados (4) e inicia a análise e interpretação (5) das
respostas, que poderão lhe ajudar na tomada de decisão (6), entendida como a escolha da melhor
alternativa para superar o problema identificado.
Essa tomada de decisão deve envolver: planejamento; execução; e monitoramento dos
resultados; e pode gerar a identificação de novos problemas, motivados por fatos novos, que, antes
da coleta de dados, eram desconhecidos. Por isso mesmo que na figura 1, disposta a seguir, esse
processo é ilustrado como cíclico, ou seja, a tomada de decisão (6) pode levar a um novo problema
(1). Observe:

Figura 2 – Do Problema à Tomada de Decisão


Fonte: elaborado pelo autor (2021).
Descrição de figura: seis retângulos na cor verde-claro, numerados e interligados por setas, numa configuração cíclica,
que nos faz entender uma sequência de procedimentos a serem realizados desde a identificação do problema até a
tomada de decisão. Esta última, inclusive, pode originar um novo problema.

População, Amostra e Tipos de Estatística


Tendo em vista o fato de o universo ou população4 de sua pesquisa ser relativamente
pequena (são apenas os alunos do ensino técnico daquela escola), a Gina resolveu aplicar o
questionário a todos os alunos. Mas se ela quisesse aplicar o mesmo questionário a todos os alunos
brasileiros que estão matriculados no ensino técnico, certamente, ela precisaria recorrer a uma
análise da amostra5 dessa população.

4
Universo ou População é uma coleção completa de todos os elementos a serem estudados. Esses elementos podem ser
pessoas, objetos, valores ou eventos, reais ou hipotéticos, pertinentes ao estudo ou experimento.
5
Amostra é uma pequena parte dos elementos de uma população que serão analisados.

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Para tanto, seria preciso fazer inferências, ou seja, chegar a conclusões a partir de
deduções feitas com base nas informações contidas em um conjunto representativo (amostra) de
valores sobre o universo (população).

Figura 3 – Relação entre População e Amostra


Fonte: elaborado pelo autor (2021).
Descrição de figura: Na ilustração, pode-se ver dois conjuntos de desenhos, na cor roxa, que representam grupos de
pessoas; abaixo do grupo maior está escrito o termo “População”, e, abaixo do grupo menor, está escrito o termo
“Amostra”. Há uma seta que parte do desenho maior para o menor, onde se pode ler o termo “Amostragem” e outra
seta, que parte do desenho menor para o maior, onde se pode ler o termo “Inferência”.

Observa esse meme disposto abaixo, será que ele serve como exemplo de inferência?

Figura 4 - Meme do Meme, ou Estatística Inferencial


Fonte: https://br.pinterest.com/pin/662662532653629917/
Descrição de figura: Duas imagens de gatos com lágrimas nos olhos, como se estivessem chorando, diante da grande
recorrência de sua utilização em memes feitos, sobretudo, por meninas de 14 anos. O elemento de humor aparece na
“Estatística” que diz que a cada cinco minutos, um gato aparece em um meme.

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A Teoria Estatística se divide em duas grandes áreas:

A Estatística Descritiva: um conjunto de métodos que permitem reduzir uma


quantidade de dados bastante numerosa por um número reduzido de medidas,
substitutas e representantes daquela massa de dados. Responsabiliza-se, assim, pela
descrição dos dados, isto é, a coleta, a apresentação e a organização dos dados de
modo que sejam fáceis de serem interpretados;
A Estatística Indutiva ou Inferencial: é a interpretação dos dados obtidos pela
amostra Estatística Descritiva, com o objetivo de inferir ou estimar as leis de
comportamento de toda a população, o que auxilia na tomada de decisões. É ela que
nos informa o que pode vir a acontecer e que nos ajudaria a quantificar quantos
gatinhos são vítimas de memes de meninas de 14 anos, conforme aparece na figura
4, se tais dados fossem verídicos, claro.

Uma Imagem ou Mil Palavras? - Polêmica e Desafio

Esta seção começa com uma polêmica e um desafio, porque polêmica atrai visualizações
e engajamento, como diriam os influenciadores digitais, e desafio atrai, você, estudante, caminhante
da aprendizagem, sempre ávido por novas descobertas!
Então, diga lá, sem demora, estudante; você concorda com o pensamento de que “uma
imagem vale mais do que mil palavras”, como teria afirmado Confúcio, pensador e filósofo chinês,
que viveu 500 anos antes de Cristo? Sim?!? Não?!?
Então diga exatamente que “uma imagem vale mais do que mil palavras” usando apenas
uma imagem! Improvável? Impossível!?
Será que o contexto e a intenção expressa na charge contida na figura a seguir pode ser
perfeitamente entendida por qualquer pessoa, mesmo que não contenha nenhum texto?

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Figura 5 - Las Manos de Diós
Fonte: https://globoplay.globo.com/v/11214135/?s=0s
Descrição de figura: desenho de um homem branco com cabelo preto e topete e barba loira. Ele, que parece estar
sentado, veste uma camisa listrada nas cores azul celeste e branco, um calção preto, meias brancas e chuteiras
amarelas, segura um objeto amarelo em sua mão direita. Com o dedo indicador de sua mão esquerda, toca o dedo
indicador direito de outro homem desenhado dentro de uma nuvem. Este segundo homem, também branco, com
cabelo curto preto e com um triângulo amarelo sobre a sua cabeça, usa camisa listrada também nas cores azul celeste e
branco, e, com sua mão esquerda, também segura um objeto amarelo. Ambos se olham e sorriem.

Para começar, é preciso compreender que uma imagem só vai ter o sentido que mil
palavras podem produzir se todos os elementos que a compõem puderem ser entendidos por seu
leitor. E como cada cabeça é um mundo, há uma grande chance de o entendimento pleno dos
objetivos do autor da charge não ser alcançado por todos. Do mesmo modo, mil palavras escritas em
árabe, por exemplo, de nada irão valer, se o leitor não souber ler naquele idioma. No entanto, não é
necessário entrar no mérito de analisar se Confúcio tem, ou não, razão. Procure pensar no porquê
de, provavelmente, você já ter ouvido muitas vezes a expressão: “uma imagem vale mais que mil
palavras” e ela fazer, ao menos a princípio, tanto sentido.
A maioria das pessoas, dentre as que conseguem enxergar, usa a visão como um dos
principais sentidos para a aprendizagem e a compreensão das informações. A partir da visão, o
mundo é interpretado e são formadas representações mentais dos ambientes, tendo em vista que o
cérebro é capaz de transformar tudo o que é captado pelos sentidos em experiências, que se
transformam em emoções, memória e conhecimento.
São as imagens presentes nos jornais e revistas, na TV e nas redes sociais, estáticas ou em
movimento, que saltam das páginas ou das telas para explicar, entreter, convencer e influenciar
modas e modos de consumo, muitas vezes, mais do que qualquer texto, ou não?

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De A a Z, quem Você Possa Imaginar…

Assista a esses dois vídeos e reflita sobre a evolução da Internet e no que e


como ela tem influenciado a vida das pessoas:

“Pela Internet”, Gilbeto Gil:


https://www.youtube.com/watch?v=2ZZ-LSIwKYc
e “Pela Internet 2”, Gilberto Gil:
https://www.youtube.com/watch?v=X6BA_9cYhpA

Momento Cringe: você se lembra de quando usou a Internet pela primeira vez?
Quais experiências poderia destacar? O que mudou dessa época para a
atualidade? Você seria capaz de fazer um breve relato dessas memórias? Será
que as duas canções apresentadas anteriormente têm algo a ver com essas suas
memórias?

Boa parte do planeta está imersa em um cenário onde o volume de dados produzidos e
utilizados tem crescido de modo exponencial; cada vez que você posta uma nova dancinha no TikTok
ou aquele textão no Facebook, ou ainda publica aquele tbt6do último feriado no story do Instagram,
são produzidos dados, que são consumidos e armazenados. Estamos vivendo em uma época que
produz mais dados do que todas as épocas anteriores juntas. Mas se não conseguimos entender
exatamente o que esses dados dizem, eles não servirão para absolutamente nada; e, acredite, isso
acontece com a maioria dos dados que são produzidos!
Muitos desses dados, no entanto, têm alimentado um grande negócio; é o que revela o
documentário chamado “O dilema das redes”. Ao longo de pouco mais de 90 minutos, você percebe
que, quanto mais se navega na Internet, mais são alimentados algoritmos que colhem dados sobre o

6
A sigla TBT é uma abreviação do termo Throwback Thursday, que, literalmente, significa “quinta-feira do regresso”, o
que é entendida como uma lembrança de algum evento passado que é recordado a partir de uma imagem. A hashtag (#)
antes do termo “tbt” é utilizada para indicar uma categoria na qual essas fotos irão se encaixar e pela qual outros usuários
poderão ver fotos de outras pessoas. Geralmente as fotos postadas com #tbt são antigas e representam um momento
feliz, divertido e memorável de quem a posta.

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estilo de vida, os hábitos de consumo e mesmo os desejos do usuário; tudo com o objetivo de deixar
as pessoas conectadas 24 horas por dia, sete dias por semana. A máxima que fica deste documentário
é a de que: “se você não está pagando pelo produto, você é o produto!”.

Dá uma olhada no trailer deste documentário:


https://www.youtube.com/watch?v=7X54fS0SQyw

Esse lado apresentado pelo documentário é o que Milton Santos chamaria de uma face
perversa da globalização; é possível, contudo, pensar em uma outra globalização, isto é, outras
possibilidades de empregar a Ciência de Dados e aplicar em prol do desenvolvimento das pessoas e
não apenas dos lucros das grandes empresas.
Nesse sentido, é preciso desenvolver continuamente recursos que potencializem o
processamento e o entendimento deste novo mundo orientado a dados; do incompreensível ao
compreensível. A visualização de dados, assim, permite explorar, interpretar e comunicar esses
conjuntos de dados de maneira excepcional, auxiliando na tomada de decisão a partir da
compreensão de tendências, padrões e relacionamentos. Certo, mas… o que é visualização de dados?
A seguir, você vai se inteirar deste conceito, seus tipos e representações, além de três exemplos
práticos. Partiu?

Visualização de Dados: Conceito, Tipos e Representações

A visualização de dados é uma poderosa e eficiente ferramenta de comunicação que torna


possível a compreensão e a interpretação dos dados produzidos. Isso porque ela transforma esses
dados em informações capazes de contribuir tanto para identificação de padrões, tendências e
problemas, quanto para o desenvolvimento de aprendizagens e tomadas de decisão que possam
resolver aqueles problemas.
Para que os dados analisados se tornem informação relevante e compreensível é
fundamental que seja escolhido o gráfico mais adequado para o assunto que será abordado. Vamos
conhecer os seis tipos mais comuns e observar suas breves descrições?

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Dá uma olhada no material complementar que foi preparado especialmente para você
entender, com todos os detalhes, os principais tipos, conceitos e representações de visualização de
dados.

https://docs.google.com/document/d/1tizNacbLr1ChWU96vezbKQcg1E9rMM
dLmJPSIGaIEfo/edit
(MATERIAL COMPLEMENTAR - Competência 01 - Aplicar a Estatística na
Visualização Estratégica da Informação)

Exemplos de Visualização de Dados

Na visualização de dados, sempre lidaremos com a transição de dados


incompreensíveis para dados compreensíveis. Desse modo, a visualização permite que possamos
entender melhor o que está acontecendo em determinado cenário. A seguir, você vai ver três
exemplos práticos em diferentes áreas.
Um grande banco de dados disponível para visualização e análises das mais variadas
são os registros das bikeshare, ou bicicletas compartilhadas. Normalmente oferecida por parceria
público-privada, essa modalidade de transporte limpa e saudável, apesar de roubos e vandalismo, foi
viabilizada graças à tecnologia GPS7.
Esse monitoramento em tempo real permite que as bicicletas sejam rastreadas e
protegidas e que os gestores das cidades que têm esse serviço ativo possam saber onde e como elas
estão sendo usadas, e assim possam (re)pensar as políticas de mobilidade urbana, por exemplo. Os
pesquisadores Till Nagel e Christopher Pietsch utilizaram esse monitoramento das bicicletas
compartilhadas para associar números, (provenientes de coordenadas geográficas das origens e
destinos dos usuários das bicicletas compartilhadas com os seus tempos de deslocamento), a retratos
vivos dos fluxos de mobilidade de grandes metrópoles, como Nova Iorque, Berlim e Londres.

7
GPS é a sigla do termo Global Positioning System, ou Sistema de Posicionamento Global, que consiste em uma tecnologia
de localização por meio de satélite, que fornece informações sobre a posição de uma pessoa ou objeto, em tempo real,
independente do horário e das condições climáticas.

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Assista a esse vídeo com a visualização comparativa da mobilidade urbana de
bicicletas, realizado em 2016, em Nova Iorque, Berlim e Londres:
https://vimeo.com/173787508

O que achou da visualização? Será que Chico Science tinha razão, quando cantava que
computadores fazem arte? O que mais os computadores, ou melhor, a tecnologia é capaz de fazer?
Vamos acompanhar outro exemplo de visualização de dados a seguir.

Mas, antes, ouça esse som e faça você a sua reflexão:


https://www.youtube.com/watch?v=suEq9NqF91E

A Estatística está em todos os elementos de nossa vida, mas, certamente, um dos


momentos em que essa ciência é mais mencionada é em época de eleições. As intenções de voto
neste ou naquele candidato são apresentadas a partir de estudos que envolvem as probabilidades de
uma situação acontecer.
Porém, deve-se sempre ter cuidado com algumas informações que são apresentadas por
certas pesquisas, já que algumas delas pecam por ausência de rigor necessário quanto ao
estabelecimento da amostra da população entrevistada, o que pode invalidar certos resultados.
Outra situação delicada é quando um grupo de pessoas ou partidos consideram apenas parcialmente
uma pesquisa legítima para confirmar o favoritismo de seu candidato e divulgá-lo em redes sociais,
levando muitas pessoas a acreditarem naquelas informações.
Nesse caso, imagine uma pesquisa de intenções de voto para presidente do Brasil
considerar apenas os entrevistados de um único estado, ou de bairros específicos de determinadas
cidades. O resultado não refletiria a realidade nacional, e só contribuiria para aumentar os índices de
notícias falsas, por vezes, veiculadas em redes sociais, buscando o respaldo da credibilidade que o

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senso comum confere a gráficos, imagens ou números. Estes, manipulados ou simplesmente
copiados da Internet, são usados na busca da validação das chamadas fake news8.
Você deve se lembrar que, durante a pandemia do Covid-19, diversas notícias falsas
foram disseminadas. O que pode ter contribuído tanto para o aumento das taxas de infecção, que
levaram a casos graves da doença, quanto para o registro em hospitais de centenas de atendimentos
relacionados a casos de intoxicação com substâncias que supostamente eram recomendadas como
cura ou prevenção do coronavírus.
Pesquisas tendenciosas podem omitir alguns dados e ressaltar outros, influenciando
em uma narrativa, ou discurso, nem sempre verdadeira. É preciso muito cuidado com isso!
Observe a figura disposta a seguir:

Figura 6 - Exemplo de Estatísticas Tendenciosas


Fonte: https://br.ifunny.co/picture/UIVHHXBJ6 (adaptado pelo autor)
Descrição de figura: Informações estatísticas relacionadas a marcas de produtos de higiene bucal, em que se pode ler,
abaixo de cada marca as seguintes informações: Colgate - “número 1 em recomendações de dentistas”; Sensodyne - “9
em cada 10 dentistas recomendam”; Oral-B - “o mais usado entre os dentistas”.

Nesse caso da figura 6, muito provavelmente a natureza das pesquisas usadas nas
propagandas, com a ênfase de certos resultados e a omissão de outros, acaba por construir narrativas
midiáticas, não necessariamente falsas. Cada uma delas é conveniente às empresas, mas podem te
fazer questionar se alguma delas está faltando com a verdade, uma vez que todas as marcas listadas

8
Fake news, ou notícias falsas, como o próprio nome diz, são as informações falsas que viralizam entre as pessoas como
se fossem verdade. Atualmente, elas estão, principalmente, relacionadas às redes sociais e contam com o insuficiente
letramento de muitas pessoas, que, sem saber onde confirmar a veracidade das notícias, acabam atuando como
disseminadores da desinformação. E você, já caiu em alguma fake news?

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na figura oferecem produtos concorrentes. Por essa lógica da verdade parcial que certas estatísticas
podem revelar, deve-se verificar as dimensões da amostra; as perguntas dirigidas nas entrevistas; e
o discurso elaborado.
Um terceiro tipo de visualização de dados que pode ser destacado sob um ponto de vista
de ordem pessoal, ou um Small Data9, por exemplo, está presente no Spotify. O serviço de
streaming10 de música, podcast e vídeo mais popular e usado no mundo, há alguns anos, tem
disponibilizado uma playlist da retrospectiva das músicas e artistas mais ouvidos por cada um de seus
usuários naquele ano. São apresentadas ainda estatísticas de uso, tais como novos artistas
descobertos e a quantidade de horas ouvidas.
A Ciência de Dados explica os desdobramentos do uso do Spotify para análise de negócios
e ofertas de publicidade centradas no usuário. Observe a figura disposta a seguir:

Figura 7 - Retrospectiva Spotify 2022


Fonte: https://www.omelete.com.br/musica/spotify-mais-ouvidos-2022
Descrição de figura: Notícia em que aparece o cantor Bad Bunny como o artista mais ouvido no mundo na plataforma
Spotify em 2022. Ele, que é latino, e tem cabelos pretos e barba por fazer, aparece na imagem usando óculos escuros
pretos e roupa preta. Na imagem ainda se pode ler: “Bad Bunny e Taylor Swift são os mais ouvidos no mundo no Spotify
em 2022”.

9
A Small Data trata de uma pequena quantidade de dados apreendida por ferramentas de análise, e conecta pessoas,
seus comportamentos e preferências a percepções relevantes extraídas de redes sociais e sites de buscas e compras. A
Small Data possui a finalidade de reforçar a assertividade quanto à tomada de decisões e geração de insights, trazendo
bons resultados quando bem utilizadas e processadas.
10
Segundo Moschetta e Vieira (2018), streaming é uma forma de distribuição digital que dá acesso online a um catálogo
“ilimitado” de músicas gravadas, instantaneamente, em qualquer hora e local, não exigindo o download antecipado das
músicas, que são armazenadas em um servidor remoto e acessadas sob demanda a partir de qualquer dispositivo ligado
à rede.

20
Na atualidade, o streaming é a principal fonte de renda das gravadoras, sendo o Spotify
responsável por quase metade dessa receita gerada; para os artistas, sobretudo aqueles em começo
de carreira, os ganhos não são tão generosos assim.
De toda forma, a notoriedade representada pelo fato de ser visto, curtido, seguido
continua dando o tom do sucesso. E, nesse sentido, a música tem impulsionado novas formas de
envolvimento e sociabilidade com os usuários; aplicativos como o TikTok têm contribuído para
promover sucessos musicais, por vezes, quase tão efêmeros quanto a duração de seus vídeos.

Figura 8 - Obrigado, 2016, Você Foi Estranho


Fonte: https://medium.com/somos-tera/como-o-spotify-usa-ci%C3%AAncia-de-dados-para-engajar-usu%C3%A1rios-
bc47e3b948af
Descrição de figura: Imagem de um outdoor colocado em uma avenida movimentada de Nova Iorque. Trata-se de uma
bem-humorada campanha do Spotify direcionada a duas pessoas; a uma delas, localizada no Distrito Teatral, que teria
ouvido 5.376 vezes a trilha sonora do musical Hamilton, cujos ingressos costumam ser muito caros, foi perguntado se
ela teria ingressos disponíveis para doar. À outra pessoa, que ouviu a música “Sorry”, do Justin Bieber, por 42 vezes no
Dia dos Namorados, perguntaram o que ela fez, já que a letra da canção fala sobre mais uma chance para ser perdoado
diante de erros cometidos “milhares de vezes”.

Você leu a descrição da figura 8? Não!? Volte duas casas e dê uma olhada na sua
descrição. Você vai ver que, em meio a números e códigos na cifra dos bilhões, a Spotify coletou
informações pontuais sobre dois usuários, suas localizações, frequências de audiência, dia específico
e contexto para fazer uma propaganda criativa e humanizada. Deixou aquela impressão de que, “no
meio de tanta gente, nós nos preocupamos com você e queremos ser teus amigos, especialmente se
rolar o ingresso pro musical do Hamilton”, ou ainda, “estamos te stalkeando, de leve, mas estamos”.

21
Graças à Inteligência Artificial, o sistema faz recomendações, como o Radar de
Novidades11, Descobertas da Semana12 ou Daily Mix13, ou mesmo seleciona a próxima música a ser
ouvida. Todos esses dados são obtidos a partir de informações cruzadas que relacionam os hábitos
musicais e a frequência com que cada usuário ouve músicas e artistas, com informações como idade,
gênero e localização geográfica deste usuário.
Então, estudante, estamos finalizando a primeira unidade. Antes de fazer a avaliação, não
deixe de assistir à videoaula. Nos vemos na próxima unidade. Até lá!

11
Serviço do Spotify que lista os últimos lançamentos dos artistas favoritos do usuário e novos singles semelhantes a
serem descobertos.
12
Serviço do Spotify que faz sugestões de novos sons baseados nas preferências do usuário.
13
Serviço do Spotify que agrupa músicas que já fazem parte da biblioteca da conta do usuário com músicas de estilo
semelhante e as organiza em playlists categorizadas por estilo.

22
UNIDADE 02 | A GESTÃO DA INFORMAÇÃO COM O APOIO DE MODELOS
ESTATÍSTICOS
“Não tenho medo da vida, mas medo de viver, sim
A vida é um dado em si, mas viver é que é o nó
Toda vez que vejo um nó, sempre me assalta o temor
Saberei como afrouxá-lo, desatá-lo eu saberei?
A vida é simples, eu sei, mas viver traz tanta dor!”

(Gilberto Gil)

Parafraseando Miró da Muribeca, há quem diga que a vida é um dado, uma dádiva, uma
dúvida, uma dívida…
Viver, por outro lado, é algo muito maior; é o que você faz com sua vida, o que deseja
alcançar e como planeja para alcançar. Viver é sorrir, é chorar, é sentir saudade, alegrar-se com o
retorno, empolgar-se com os começos, é lidar com a ansiedade e também com as realizações e
frustrações. Se a vida é mesmo um dado, viver é a gestão dos dados e informações; é o desatar dos
nós.

Ouça a canção “Não Tenho Medo da Vida”, de Gilberto Gil:


https://www.youtube.com/watch?v=_6NLgh-NDms

“O dever de desembaraçar” cabe ao viver, como diz Gil na canção, mas cabe também à
Gestão da Informação, que pode ser definida como o gerenciamento do conjunto de rotinas de
processamento, armazenamento, classificação, identificação e disseminação de documentos físicos
ou digitais. É a Gestão da Informação que permite que os dados e informações contidos nesses
documentos cheguem às pessoas que, em curto e longo prazo, tomarão decisões úteis ao
desenvolvimento da empresa e ao bem-estar de seu público.

23
Gestão da Informação é um dos temas que vão estar presentes no podcast
desta unidade, e você segue acompanhando, combinado?

Inseridos num contexto em que a informação se apresenta como sinônimo de poder e


seu fluxo é cada vez mais global, contínuo e veloz, os saberes relacionados à coleta e análise
estatística de dados e informações representam um diferencial para uma gestão eficiente. A partir de
análises estatísticas, um gestor capacitado consegue implantar melhorias tanto nos processos de
elaboração e execução de produtos e serviços de sua empresa, quanto no atendimento de qualidade
aos clientes. E isso também vale para bibliotecas, visse?
O acesso a informações precisas, no entanto, só se apresentam como uma vantagem
competitiva14 se o gestor conhecer bem os dados de que dispõe e souber diferenciar tipos de dados,
origens, aplicações e valores intrínsecos e estiver ciente de que as informações mais valiosas são
relativas aos comportamentos dos consumidores de seus produtos ou serviços.
No tocante ao funcionamento de uma biblioteca, por exemplo, tais informações
poderiam ser a frequência ao espaço para estudos e leituras; a recorrência a empréstimos de livros
(quais livros são emprestados e quais não são); reclamações e feedbacks qualitativos sobre o grau de
satisfação referente à experiência com a biblioteca, seu acervo e seus serviços. Com base nisso, o
bibliotecário pode traçar um perfil do usuário, anotando hábitos para a recuperação da informação,
e identificando e compreendendo suas necessidades.
Gerenciar tais informações, portanto, contribui no sentido de revelar novas
oportunidades, aprimorar processos internos e identificar problemas a serem corrigidos. Vamos
conhecer alguns conceitos e exemplos de Ciência de Dados, Análise Preditiva e Inovação e como eles
se relacionam com a Gestão da Informação?

14
Vantagem competitiva pode ser definida como o diferencial que uma empresa pode oferecer aos clientes, o que a
destaca da concorrência e a permite obter resultados mais atrativos, contribuindo para agregar valor junto ao seu público,
bem como permitir um maior conhecimento acerca do mercado e sobre a própria empresa. Segundo Marchand (2004),
a Vantagem Competitiva só é sustentável através de contínuas mudanças de curto prazo que criam bases novas de
lucratividade e crescimento.

24
Gestão da Informação

A Gestão da Informação tem suas origens seculares associadas às necessidades de


organização e triagem dos documentos físicos entre aqueles que podiam ser descartados e os que
eram, de fato, úteis por serem entendidos como o remédio mais eficiente contra os esquecimentos
e o que Umberto Eco chamou de “envenenamento” da memória.
A tarefa de distinguir a relevância das informações registradas, além de classificá-las como
remédios contra os esquecimentos, cabia a um grupo restrito dotado dos superpoderes de construir
narrativas históricas capazes não só de explicar o mundo e suas relações sociais, políticas e
econômicas, mas de configurar nas mentes das pessoas a crença de que as coisas eram daquela forma
e assim deveriam continuar, sem maiores questionamentos.

SE LIGA: De acordo com o historiador Jacques Le Goff, uma das maiores


preocupações das classes que dominaram e dominam as sociedades históricas
é se tornarem senhores da memória e do esquecimento; ou seja, criar
mecanismos de manipulação da memória coletiva ao determinar o que é
verdade e o que é mentira; o que vai ser esquecido e o que vai ser lembrado.
Quando associamos o fenômeno contemporâneo das fake news a esse contexto
de tentativa de determinado grupo editar verdades ao ponto de estimular
crenças, hábitos e comportamentos, por exemplo, quanto ao negacionismo
antivacina, facilmente conseguimos perceber que tais manipulações ainda
podem acontecer.

O processo de inovação tecnológica na informação e na comunicação, vivenciado a partir


da segunda metade do século XX, contribuiu para que começasse a ser valorizado o ponto de vista do
usuário quanto às classificações de relevância das informações. Nesse processo, a informação deixa
de ser entendida como uma simples decodificação de dados ou mera notícia sobre determinado
evento para representar um recurso essencial e um fator de gerenciamento estratégico indispensável
à tomada de decisão.
Você tem aprendido que o desempenho inovador de uma empresa depende do seu
potencial de obtenção, processamento e disponibilização de informação, com rapidez e segurança. O
que representa a necessidade do desenvolvimento de processos de Gestão da Informação bem

25
estruturados e adequados à dinâmica dos fluxos de informação do Big Data associados a técnicas de
planejamento estratégico e vantagem competitiva com foco:
na eficiência das operações e na redução de custos;
na melhoria da comunicação entre colaboradores, clientes, parceiros e
fornecedores;
na tomada de decisões gerenciais que lidam com gestão de riscos; e no apoio à
inovação no desenvolvimento de produtos e serviços.

SE LIGA: A Gestão da Informação é entendida como um conjunto de estratégias


que visa: identificar necessidades informacionais; mapear os fluxos formais de
informação nos diferentes ambientes da empresa; e coletar, filtrar, analisar,
organizar, armazenar e disseminar informações, apoiando o desenvolvimento
das atividades cotidianas e a tomada de decisão nos níveis estratégico, tático e
operacional de uma empresa, de modo que esta consiga se adaptar às
mudanças que ocorrem no ambiente. Adaptar-se às mudanças, como vimos, é
uma das forças socioambientais que promovem a inovação.

Ciência de Dados15

No contexto do Big Data, que tratamos anteriormente, para que as empresas e


instituições consigam utilizar o grande volume de informações produzidas diariamente é preciso
aplicar métodos e ferramentas capazes de contribuir para a identificação de perfis, tendências
futuras, oportunidades, novos hábitos e mesmo riscos de negócios. Nesse contexto, observe as
afirmações a seguir:
Vivemos numa época que produz mais dados do que todas as épocas anteriores
juntas;
Dados são o novo ouro dos tempos atuais;
O acesso à informação que leve ao conhecimento é o primeiro passo para uma
boa gestão..

15
A Ciência de Dados é uma área interdisciplinar com foco na análise de dados econômicos e sociais que busca a criação
de conhecimentos por meio da identificação de padrões e elaboração de insights para a resolução de problemas desde o
nível operacional até a descoberta de novas tendências de negócio capazes de mudar decisões estratégicas de longo
prazo.

26
A esta altura dos seus estudos, não é surpresa para ninguém que estejamos vivendo na
época que tem produzido mais dados do que todas as outras épocas juntas, tendo em vista que
muitas de nossas relações são intermediadas por plataformas digitais e qualquer ação feita a partir
de um recurso tecnológico vai gerar dados. Esses dados são sinônimo de ouro para as empresas, que
necessitam saber a quem dirigir seus produtos e serviços com maior assertividade. É por isso que os
dados são entendidos como um ativo informativo estratégico16!
Nesse contexto, para uma empresa como a Netflix, que transforma dados dos usuários
em conteúdo criativo e lucrativo, a informação certa leva ao conhecimento necessário para entregar
exatamente o que seus clientes desejam. E essa informação certa é obtida por estudos de hábitos de
consumo verificados a partir da Ciência de Dados; um dos pilares do sucesso dessa empresa de
entretenimento em streaming.
Observe na figura disposta a seguir alguns dos feedbacks que os usuários da Netflix
fornecem, na maioria das vezes, sem nem perceber que estão emitindo tais informações:

Figura 9 - Você Vê a Netflix, a Netflix Vê Você


Fonte: adaptado pelo autor (2021) a partir da leitura do artigo publicado por Raquel Rente, disponível em:
https://www.linkedin.com/pulse/voc%C3%AA-v%C3%AA-netflix-te-raquel-rente?trk=portfolio_article-card_title
Descrição da Figura: Ilustração em que se pode ver oito hexágonos vermelhos dispostos sobre um plano de fundo com
a imagem de uma mão humana, que segura um controle remoto e o direciona para uma TV. Dentro desses hexágonos

16
Ativos informativos estratégicos é o conjunto de recursos que uma empresa dispõe para obter uma vantagem
competitiva por meio da análise de dados.

27
vermelhos, pode-se ler: “1 - o momento em que você pausa, volta ou adianta uma cena”; “2 - quanto tempo depois de
pausar a cena você retorna (ou não) ao conteúdo”; “ 3 - em que dia e horário você mais assiste aos conteúdos”; “4 -
qual o dispositivo é usado para assistir aos programas”; “5 - tipo do dispositivo que usa, navegador e endereço IP de seu
terminal”; “6 - os hábitos de rolagem pela tela inicial do serviço”; “7 - a avaliação do que foi consumido”; “8 - os termos
usados na busca para acessar as séries e os filmes oferecidos”.

Com os feedbacks emitidos por seus usuários, a Netflix consegue não apenas melhorar
continuamente os seus produtos, mas também oferecer produtos inovadores com base em padrões
de resposta de seus usuários. É assim que a Ciência de Dados usa os dados para saber mais do que
eles mostram, a partir de sua interpretação, gerando valor para as empresas à medida que entrega
resultados com rapidez, objetividade e precisão como solução de problemas simples ou complexos.
Isso é possível porque o volume de dados que se tem disponível para analisar permite
que sejam feitos modelos para prever situações futuras. A Big Data nos coloca na transição entre
explicar o que vem acontecendo ou aconteceu e predizer o que virá pela frente. Ou seja, não se trata
mais de saber qual foi a canção mais ouvida ou o smartphone mais buscado ou comprado no ano de
2022, mas sim, com base nesse histórico de buscas, desenvolver insights para prever quais serão os
estilos de música e modelos de smartphones que serão comprados no ano de 2023.
Estamos falando de uma Análise Preditiva.

Análise Preditiva

A Análise Preditiva é uma técnica analítica avançada de cálculo preciso das probabilidades
em qualquer cenário, que usa grandes volumes de dados e algoritmos, de Inteligência Artificial, para,
a partir do histórico de determinada empresa, permitir ao gestor antecipar tendências, prever os
comportamentos futuros com certo grau de confiança e realizar a tomada de decisões de modo mais
eficaz.
Mas atenção! Predições são diferentes de adivinhações! Enquanto as adivinhações têm a
ver com a descoberta de algo que não se sabe, de algo misterioso e que são feitas sem maiores
critérios ou métodos, as predições são definidas como processos de determinação de acontecimentos
futuros com base em dados subjetivos, e que consideram experiências, opiniões e demais
informações relevantes quando buscam indicar tendências.
Análise Preditiva contribui para a otimização da atração, retenção e expansão de clientes
a partir do estabelecimento de relações mais profundas com os clientes; para a melhoria da detecção
de fraudes ou vulnerabilidades que possam evitar comportamentos criminosos; e para a gestão de

28
pessoas, já que também atua no sentido de analisar dados da equipe, identificando potenciais riscos
ligados a comportamentos de colaboradores e líderes. Observe a figura 10, disposta a seguir:

Figura 10 - Análise Preditiva


Fonte: elaborado pelo autor (2021)
Descrição da figura: Ilustração em plano de fundo verde-claro, em que se destaca o termo “Análise Preditiva”, escrito
em azul. Logo abaixo do título há três imagens cuja cor predominante é o branco. A primeira das imagens, disposta à
esquerda do cartaz, é a de uma representação em formato de globo planeta Terra com dois objetos que parecem
orbitar em torno desse globo. Há ainda a expressão “grande número de dados” escrita ao lado da imagem. Na segunda
ilustração, pode-se ver a representação de um papel com algumas informações sobre o qual foi colocada uma lupa. Ao
lado desta segunda imagem há a expressão “mais possibilidades de análise”. Na terceira imagem, pode-se ver um algo
tocado em seu centro por uma flecha. Ao lado dessa imagem há expressão “mais exatidão nas previsões”.

Tendo em vista o fato de que a gestão requer a elaboração de cenários que demandem
as melhores escolhas de soluções capazes de aumentar sua vantagem competitiva, a principal
finalidade da Análise Preditiva é delinear o comportamento do mercado futuro por meio de dados,
estruturados ou não estruturados, inerentes à empresa. Nesse contexto, um gestor tanto pode
identificar uma demanda não atendida e prever o aumento das vendas diante de sua oferta quanto
observar a baixa aceitação de um produto e decidir tirá-lo do mercado, tratando de reelaborar novas
estratégias para suas vendas.
Inovação17

17
Inovação é fazer algo novo, seja uma ideia, um produto ou um serviço, a partir da busca pela superação de um problema
relacionado a algo que já existe e é conhecido, utilizando de criatividade e ousadia para seguir um caminho ainda não
escolhido por outros. A inovação é um processo de criação de valor para uma ferramenta (tecnologia) e não se trata de
uma meta ou de evento isolado, mas de um processo, de um valor a ser cultivado como fator-chave para a sobrevivência
da empresa. Inovação tem a ver com pessoas.

29
Com relação à vantagem competitiva, devemos observar que a empresa que se
mantém no mercado como líder não se contenta em oferecer os mesmos produtos e serviços sempre.
Nesse sentido, no ambiente empresarial, a ideia de que “em time que está ganhando, não se mexe”,
soa como ultrapassada, já que a liderança de mercado sempre vai caber àquelas instituições que se
adaptam às mudanças por meio da inovação. E essa máxima vale para cada um de nós, que devemos
sempre buscar aprimorar nossos conhecimentos, sobretudo numa realidade onde as revoluções
tecnológicas nos colocam em constante necessidade de aprendizagem e melhoria contínua.

Vamos assistir a esse vídeo curto sobre inovação, como algo mais simples do
que parece, com Gustavo Caetano:
https://www.youtube.com/watch?v=gxEknE8MVHE

Inovar é essencial para o crescimento e a sobrevivência de quaisquer pessoas, setores


e/ou organizações. Isso porque a inovação atua na melhoria dos processos; na criação de novos
produtos; na substituição de um material por outro (mais barato ou mais eficiente); na melhor
maneira de comercializar ou distribuir produtos e serviços; e na criação de oportunidades de
desempenho e satisfação de clientes ou de usuários. Nesse aspecto, inovar demanda busca por
conhecimento e vontade de querer mudar a forma de lidar com uma realidade que já não satisfaz a
si mesmo, ou a seus usuários e clientes.

Assista a esse vídeo sobre um exemplo de inovação apresentado no filme


“Fome de Poder”:
https://www.youtube.com/watch?v=lu9EWkOdFJ4

Conseguiu perceber a vontade dos idealizadores da McDonald 's de deixar de seguir os


padrões e procedimentos de outras pessoas, mas fazer diferente algo que todo mundo fazia igual?
“Pedidos prontos em 30 segundos em vez de em 30 minutos”. Eis um exemplo de inovação, que até
os dias de hoje é utilizado como modelo de serviço rápido de comida, também conhecido como fast
food.

30
Outro exemplo de inovação pode ser visto no filme Bohemian Rhapsody, em duas
situações: quando assistimos à parte do processo criativo para a construção da canção Bohemian
Rhapsody, a sua rejeição inicial pelo produtor da banda e mesmo da crítica especializada, embora
tenha sido um sucesso de público; e, em outro momento, quando Brian May, guitarrista do Queen,
explica que a interação do público, que cantava todas as músicas nos shows, fez com que ele pensasse
em incluir ainda mais as pessoas no show. Assim teria nascido o hit “We Will Rock You”.

Assista a esse trecho do filme Bohemian Rhapsody em que Brian May explica a
sua intenção com a canção “We Will Rock You”:
https://www.youtube.com/watch?v=gS6mNrxsE_g

Também digno de citação é o filme “O Menino que Descobriu o Vento”, no qual


conhecemos a história real e inspiradora do garoto William Kamkwamba, que desenvolveu um
mecanismo de irrigação capaz de contornar os áridos efeitos provocados pela prolongada seca na
região onde morava. A sua trajetória tornou-se um caso de sucesso.

Assista ao vídeo “O Menino que Descobriu o Vento” - Trailer Legendado:


https://www.youtube.com/watch?v=OBprnlpM744

Seja você um dono de lanchonete, seja um astro do Rock, um jovem inventivo, um


bibliotecário ou uma bibliotecária, para inovar é preciso dispor de um conjunto de conhecimentos
consolidados, relacionados ao que se pensa inovar, que dialogue com as chamadas forças
socioambientais; estas são representadas pela tríade: fluxo de informações; receptividade a
mudanças; e disponibilidade de capital (financeiro e/ou humano). Observe a figura a seguir:

31
Figura 11 - Como Surge uma Inovação?
Fonte: elaborado pelo autor (2021)
Descrição da figura: Ilustração com plano de fundo lilás, e com o título “Como Surge uma Inovação” grafado sobre uma
faixa verde-clara. Logo abaixo está disposto o termo “Conjunto de Conhecimentos Consolidados” dentro de um círculo
verde-claro. Dele partem três setas direcionadas a três termos: “Fluxos de Informação”; “Receptividade a Mudanças” e
“Disponibilidade de Capital” todos eles escritos dentro de hexágonos na cor laranja. De todos esses três hexágonos
partem setas que levam ao termo “Inovação”, grafado dentro de um círculo azul. Logo abaixo do círculo azul, há uma
legenda que associa, por meio das cores, o termo “Conjunto de Conhecimentos Consolidados” ao conceito
“Conhecimentos prévios” e “Fluxos de Informação”; “Receptividade a Mudanças” e “Disponibilidade de Capital” a
“Forças socioambientais”.

Devemos considerar, ainda, que o fluxo de informação não se restringe apenas ao acesso
a informações externas provenientes de estudos e pesquisas científicas, mas também ao acesso a
informações internas, tais como: o feedback do cliente acerca do seu grau de satisfação e/ou
frustração com o produto ou serviço e o feedback dos colaboradores com relação aos processos e
problemas identificados, entre outros.
William Kamkwamba alcançou seu objetivo porque se dispôs a observar a abundância de
vento na região onde vivia, a despeito da ausência de chuvas. Depois, viu um dínamo em uma bicicleta
em funcionamento, e buscou respostas nos livros (fluxo de informação) sobre como aquele
dispositivo poderia resolver o seu problema. Quando precisou convencer o pai a sacrificar sua
bicicleta, teve que lidar com a receptividade a mudanças; e quando juntou amigos para fazer o plano
dar certo, contou com a disponibilidade de capital humano.
Brian May, por sua vez, para compor “We Will Rock You” ouviu seu público e buscou ouvir
também seus parceiros de banda; os irmãos que inventaram o fast food procuraram agradar e
surpreender seus clientes. Todos eles também precisaram lidar com a receptividade, ou pouca

32
receptividade a mudanças, e com a necessidade de dispor de capital humano e financeiro para
conseguir executar seus processos de inovação.
A essa altura você deve estar se perguntando como a inovação pode ser feita numa
biblioteca. Como resposta, é preciso voltar mais uma vez ao exemplo da bibliotecária Gina, da escola
“Professor Dênis Bernardes” e sua saga por melhorar os índices de empréstimos de livros e frequência
à biblioteca por parte dos alunos do ensino técnico.
Você viu na Unidade 01 que Gina aplicou um questionário aos 360 alunos da escola onde
buscou informações sobre o conhecimento, ou não, por parte dos alunos quanto à existência da
biblioteca e dos seus serviços; sobre o que poderia agradar ou desagradar em seu espaço físico; o que
pensam sobre a variedade e atualização do seu acervo; e o que poderia ser feito para deixar a
biblioteca mais atrativa.
Depois de analisar as respostas e elaborar um dashboard, com todos os números e as
estatísticas, obtidos a partir das respostas, e também com algumas estimativas baseadas em
predições para os três meses seguintes, caso seu planejamento fosse implementado, Gina
apresentou o projeto à direção da escola. Ela sugeriu que fossem promovidos dentro da biblioteca a
realização de saraus artístico-literários; palestras sobre interseções entre economia criativa e
educação patrimonial; encontros de grupos de colecionadores; realização de campeonatos de jogos
de xadrez, futebol de mesa e desenvolvimentos de campanhas para jogos de RPG; e construção de
um museu virtual de memes.

SE LIGA: O museu virtual de memes do exemplo foi inspirado no


#museudememes que foi criado em 2011 como um projeto de pesquisa,
extensão e inovação da Universidade Federal Fluminense e hoje é o webmuseu
com o maior acervo de memes brasileiros do país, sempre ampliando e
atualizando sua coleção. Para quem quiser conhecer, basta acessar o site:
https://museudememes.com.br/.

A diretora da escola e o coordenador, a princípio, questionaram a função da biblioteca.


Argumentaram sobre o que eles consideraram como aparente inadequação das atividades propostas
para aquele espaço, entendido como um ambiente de estudos e produção de conhecimento formal.
Gina argumentou que, em uma de suas leituras para a elaboração de sua dissertação, se deparou

33
com discussões sobre a necessidade de os lugares de memória18 se afastarem do modelo tradicional.
Modelo este que defende a biblioteca ou o museu como instituições que sacralizam prédios (espaços)
e acervos ou coleções (objetos), e colocam os usuários (visitantes) como elementos totalmente
dispensáveis ao funcionamento da biblioteca.
Gina lembrou ainda de outros estudos e leituras sobre a necessidade de tornar a
biblioteca um espaço convidativo ao debate, à produção cultural e à ressignificação de discursos
capazes de fazer com que o usuário, de simples visitante, transforme-se em protagonista da criação
de novos discursos para os lugares de memória. Mas, fundamentalmente, que se torne protagonista
da criação de novos discursos de referenciais identitários relacionados à memória coletiva e à história
de sua(s) comunidade(s).
Diante desses argumentos e sob a alegação de que para a implementação desse projeto
não seriam envolvidos custos, a direção parabenizou a bibliotecária e aprovou o seu projeto sob a
condição de que fossem passadas estatísticas atualizadas a cada trimestre.
O projeto de Gina foi um sucesso ao ponto de ela ter escrito um artigo e apresentar sua
experiência em um evento da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. A inovação
promovida pela bibliotecária foi possível graças à confluência do conjunto de conhecimentos
consolidados, associado aos fluxos de informação identificados por ela; à boa receptividade da
direção às mudanças propostas; e à disponibilidade de capital financeiro e humano para a execução
do projeto. Além do mais, o bom resultado foi possível porque Gina recorreu a modelos estatísticos19,
análise de dados e inferências que lhe fizeram encontrar respostas além do que os dados revelaram.
Uma gestão da informação eficiente não é a que se limita a recorrer a dados para olhar
apenas o que eles dizem, mas a que se vale desses dados e os associam ao contexto, ou à realidade
vivenciada, para refletir também sobre o que eles não dizem. É quando olhamos para onde ninguém
está olhando ainda que encontramos gestões inovadoras, e, por vezes, inovações disruptivas.

18
De acordo com Pierre Nora (1993), diante de impossibilidade da existência de certas memórias espontâneas, as
sociedades precisaram criar registros materiais (objetos) e imateriais (práticas, saberes e celebrações) de sua memória
oficial e guardá-los em bibliotecas, museus, monumentos, arquivos, santuários, cemitérios, festas e datas comemorativas.
Estes seriam os chamados lugares de memória.
19
Modelos estatísticos são representações de situações reais, ideias e conceitos por meio de equações matemáticas,
gráficos ou tabelas cujas finalidades são entender e prever o comportamento de um fenômeno, ao mesmo tempo em
que auxilia na compreensão de problemas. Um modelo estatístico funciona como um mapa, isto é, a uma representação
simplificada do caminho real que deve ser seguido.

34
SE LIGA: Há dois tipos de inovação: as inovações sustentadoras e as inovações
disruptivas. As inovações sustentadoras resultam em produtos e serviços que
atendem às necessidades dos clientes em mercados já estabelecidos, e se
caracterizam por melhorias de produtos e serviços. As inovações disruptivas,
por sua vez, originam novos mercados e modelos de negócio, apresentando
soluções (métodos, tecnologias ou processos) mais eficientes do que as
existentes até o momento, ocasionando a ruptura de um antigo modelo de
negócio ao mesmo tempo que altera as bases de competição existentes.

A partir do exemplo da bibliotecária Gina, é possível entender que quando os fluxos de


informação são aplicados nas instituições, contribuem no sentido de melhorar as interações entre os
setores e pessoas, e, sobretudo, agilizar os processos decisórios. Nesse contexto, os gestores devem
estimular entre os colaboradores o compartilhamento do conhecimento adquirido em suas funções
de modo que tais informações confiáveis se convertam em boas práticas. Isto quer dizer que os fluxos
de informação oriundos de experiências que deram certo nas empresas podem se tornar uma prática
corrente, quando partilhadas entre funcionários. Mas será que já não fazemos isso no dia a dia?
Ainda sobre este assunto, um desafio especial para a liderança é o exercício da humildade
intelectual e o estado de prontidão, que requer do líder a capacidade de dialogar com seus liderados
e ouvir outros pontos de vista e discordâncias. Estas divergências emitidas pelos liderados são capazes
de contribuir inclusive para que o gestor possa identificar fragilidades e oportunidades na equipe e
na empresa e tomar a decisão de corrigir o que precisar ser corrigido, reforçar o que está indo bem,
e, caso necessário, criar novas rotas, novos caminhos. “O caminho se faz caminho ao caminhar”.
Você se lembra de que no finzinho da introdução deste e-book, foram mencionados os
termos “qualificantes”, “seres do gerúndio” e “eternos aprendizes de um conhecimento inacabado”?
Esses conceitos são apenas variantes da ideia de que não se deve buscar o conhecimento
pleno ou a autossuficiência no que quer que seja; até porque jamais uma única pessoa saberá de tudo
e jamais deixará de depender do outro. “Ninguém é uma ilha”, especialmente nesse mundo 4.0 em
que tudo muda com velocidade, ninguém tem toda a experiência ou sabe tudo.
Mais importante do que procurar saber tudo é conhecer quem sabe mais do que você
sobre algum assunto, e, a partir desse reconhecimento, buscar uma aproximação para a partilha de
saberes. Nesse sentido, Paulo Freire ensina que não há saberes mais ou menos, há saberes diferentes

35
que se completam. Do outro lado do mundo, um ditado africano traz a seguinte filosofia: “se você
quer ir rápido, vá sozinho; se quer ir longe, vá com outros”.
Tanto em Freire quanto entre os saberes ancestrais africanos está presente a lógica
colaborativa e a aceitação de que somos gerúndio, porque estamos o tempo todo nos transformando,
aprendendo, praticando, falhando e reaprendendo com a correção dos próprios erros e com as
correções dos erros dos outros, e partilhando o que vai sendo aprendido.
A ausência de receptividade à mudança, por sua vez, é o que faz com que grandes
empresas que hoje contam cifras milionárias possam desaparecer rapidamente. É o poder de
adaptar-se às mudanças (e mesmo aceitá-las como inevitáveis e até saudáveis), realizar análises
preditivas e investir nas inovações corretas que diferenciam o sucesso da falência.
Enquanto a Microsoft, uma das mais valiosas empresas do mundo, sempre manteve o
foco na inovação e atualizações constantes, a Blockbuster, que foi a maior rede de locadoras de vídeos
de filmes e videogames do mundo, desapareceu em 2011, após 25 anos de sucesso, justamente por
não apostar na inovação em seus serviços.
Você ainda se lembra, ou já ouviu falar, da Kodak, da Nokia ou da Atari? Todas elas
nasceram revolucionárias nos setores de filmes fotográficos, tecnologia da comunicação e jogos
eletrônicos, mas não acompanharam as tendências em inovação e desapareceram também.
Não foram as revoluções tecnológicas ou os serviços de streaming os responsáveis pelas
falências, mas, entre outros fatores, a falta de uma Gestão da Informação associada a uma Análise
Preditiva e uma Ciência de Dados que fizessem os gestores perceber a reinvenção constante como
única forma de não entrar em declínio. As bibliotecas não fecharam nem o livro desapareceu diante
da popularização da Internet e dos livros digitais; eles apenas vêm se transformando e modificando
os seus suportes ou ferramentas. Os objetivos e funções das bibliotecas e dos livros continuam sendo
os mesmos, independente de serem físicos ou digitais.
Projetar o futuro, assim, demanda atenção aos sinais, tendências e indicadores que
podem impactar negócios ou a vida das pessoas. Não se deve perder de vista a ideia de que “nada do
que nos trouxe até aqui será capaz de nos levar a outro nível”!
Como fechamento dessa unidade, você vai conhecer alguns métodos estatísticos
relacionados à gestão de acervos bibliográficos, de bases de dados e de informações científicas.
Partiu?

36
Bibliometria, Cientometria e Infometria

Embora o uso de métodos estatísticos para mapear informações contidas em livros e


artigos de revistas acadêmicas venha acontecendo desde o século XIX, foi no século XX que essas
técnicas ganharam legitimidade. Estamos falando da Bibliometria, da Cientometria e da Infometria.

SE LIGA: Existe uma área da Ciência da Informação chamada Estudos Métricos


da Informação, que se dedica à identificação e avaliação da informação
científica, social, política e tecnológica produzida em diferentes suportes, bem
como às suas motivações, seu alcance, sua influência e seu impacto (CURTY;
DELBIANCO, 2020).

A Bibliometria pode ser definida como o conjunto de estudos, técnicas e métodos


métricos que buscam quantificar os processos de comunicação escrita. É por meio das análises
estatísticas da produção, da circulação e do uso de informações registradas de determinada área do
conhecimento que se pode obter um panorama da evolução das pesquisas e compreender quais têm
sido os principais resultados encontrados pelos pesquisadores, e, por conseguinte, os
encaminhamentos para novas pesquisas.
Na prática, o gestor ou a gestora da biblioteca que tem acesso a estudos bibliométricos
sobre temas mais específicos, consegue compreender quais são os autores e obras que representam
as correntes teóricas mais aceitas, utilizadas e citadas em outras obras e em trabalhos acadêmicos.
Consegue também saber quais as contribuições que são menos utilizadas e citadas, e, no caso,
encontram-se em obsolescência20. A partir do acesso a esses dados, o gestor ou a gestora da
biblioteca consegue ter maior assertividade nas tomadas de decisão quanto a adquirir ou descartar
livros, a depender de sua maior ou menor aceitação acadêmica e de sua maior ou menor circulação
na biblioteca (empréstimos).

20
Obsolescência é a condição que ocorre a um produto ou serviço que deixa de ser útil, mesmo estando em perfeito
estado de funcionamento, devido ao surgimento de um produto tecnologicamente mais avançado.

37
SE LIGA: A Bibliometria contribui para tomadas de decisão na gestão da
informação e do conhecimento, tendo em vista que auxilia na organização e
sistematização de informações científicas e tecnológicas.

Do mesmo modo, o pesquisador que conhece esses dados conseguirá julgar melhor se
deve, ou não, utilizar determinada referência; identificar a produtividade de certos autores e suas
relações com outros autores; quantificar a ocorrência de citações de termos, palavras-chave21 ou
ideias; e até perceber o surgimento de novos temas de pesquisa.
A Cientometria, por sua vez, é uma ferramenta de análise quantitativa que procura
mensurar o impacto de artigos, revistas científicas, institutos de pesquisa e pesquisadores,
recorrendo a indicadores de produção, tais como: quantidade de trabalhos publicados por um
pesquisador; número de citações de cada trabalho deste pesquisador; número de coautores que
publicaram com aquele pesquisador, entre outros.
Desse modo, a Cientometria consiste em um estudo com foco nas inter-relações entre
pesquisadores e sua produtividade, o que pode revelar as influências consolidadas de um pesquisador
ou instituição no progresso do conhecimento científico, mas também evidencia importantes critérios
para a alocação de verbas em projetos de pesquisa.
Nesse contexto em que o financiamento de pesquisas depende da produtividade dos
pesquisadores, a Cientometria tem indicado, por exemplo, a existência de uma rede de colaboração
entre autores com objetivos diversos, dentre os quais podemos destacar: a expansão do
conhecimento científico; a partilha de saberes, competências e experiências entre os autores; e
aumento da visibilidade e do reconhecimento pessoal dos autores e de seus índices de produtividade.
A Infometria estuda aspectos quantitativos da informação em qualquer formato (físico ou
digital) referente a qualquer grupo social (não apenas cientistas). A Infometria se apropria de
métodos bibliométricos e cientométricos para apreender os aspectos cognitivos da atividade

21
Palavras-chave são termos compostos por uma ou mais palavras e se constituem como termos que descrevem e
resumem determinado texto; devem ser escolhidas com foco no usuário, isto é, em quais termos aqueles que buscam
obter respostas e solucionar seus problemas utilizam ao consultar motores de busca como o Google, por exemplo.

38
científica, apresentando como foco de suas atenções conhecer o estado da arte22 dos diferentes
domínios do conhecimento e de seus conteúdos.
Observe o quadro disposto a seguir:
Técnica Finalidade Objetos de Estudo
Bibliometria Produção e uso de documentos; Documentos (livros, artigos,
Organização de serviços bibliográficos teses…), autores, usuários.
Cientometria Organização da ciência; Disciplinas, campos, áreas,
Fatores que diferenciam as sub- assuntos específicos.
disciplinas;
Identificar domínios de interesse.
Infometria Medição de sistemas de informação; Palavras, documentos, bases de
Recuperação da informação; dados
Estudo de conteúdos informativos

Quadro 1 - Métodos e Técnicas Bibliométricas


Fonte: NORONHA; MARICATO, 2008.

Com essa breve apresentação sobre as principais ferramentas de análises quantitativas


de produção na área da Biblioteconomia, encerramos este e-book. Antes de seguir para a avaliação,
tenho um recadinho do Willy Wonka pra você:

Figura 12 - Recadinho do Willy Wonka


Fonte: https://imgflip.com/memegenerator/Creepy-Condescending-Wonka
Descrição da figura: Imagem do personagem Willy Wonka, dono da “Fantástica Fábrica de Chocolates”, um homem
branco, de olhos claros e cabelos loiros, com uma cartola na cabeça. Ele usa uma camisa branca com uma grande
gravata bege e um blazer roxo. Uma de suas mãos apoia sua cabeça enquanto ele sorri.

22
O estado da arte trata-se de um mapeamento de toda a produção acadêmica sobre determinado assunto, ou seja, é
uma espécie de levantamento ou inventário que reúne todas as pesquisas e descreve as conclusões das pesquisas daquele
tema ao mesmo tempo que identifica as lacunas nessas pesquisas, isto é, o que ainda não foi falado sobre o tema.

39
Como você pôde aprender, com o apoio de modelos estatísticos a Gestão da Informação
contribui para o aumento da assertividade quanto à tomada de decisões em níveis estratégico, tático
e operacional. O que vai ao encontro das necessidades de inovação constantes que qualquer
organização precisa desenvolver atualmente.

40
CONCLUSÃO
Prezad@ Estudante de Biblioteconomia, é com alegria e esperança que fechamos este e-
book. Esses dois sentimentos, aliás, estiveram em todos os momentos desta trajetória, mas saber que
você esteve presente até aqui é o verdadeiro motivo dessa alegria e dessa esperança!
Que esta aventura tenha sido leve e que tenha oportunizado aprendizagens e boas
reflexões sobre as conexões existentes entre Informação, Biblioteconomia e Estatística e o universo
da Internet.
Por meio de uma aprendizagem significativa, buscou-se enfatizar a importância do aporte
estatístico na produção do conhecimento; na visualização estratégica da informação; e na gestão da
informação. Desde o princípio, não havia a intenção de trazer para essa disciplina um conjunto de
expressões numéricas ou fórmulas matemáticas, mas sim de fomentar reflexões sobre a importância
dos estudos estatísticos e de sua contribuição para tomadas de decisão, seja em ambientes
empresariais, em bibliotecas ou na vida das pessoas. Em qualquer um desses segmentos, os números
podem ajudar com a escolha mais acertada sobre como desenvolver processos de inovação.
Partindo dos conhecimentos prévios provenientes de outras experiências e do senso
comum, emergiram novos conhecimentos capazes de reconfigurar e mesmo ampliar o repertório de
saberes. Eu me incluo nesse processo de aprendizagens porque ao ensinar, também precisei aprender
e reaprender muitas coisas. Ninguém é uma ilha, e ninguém entra e sai de uma experiência de
aprendizagem com a mesma bagagem que entrou.
Somos seres da partilha e do gerúndio; lembre-se! Atualizar-se constantemente é
fundamental, portanto não deixe de buscar sempre novas leituras e aprendizagens, e não deixe de
partilhar com outras pessoas o que aprendeu. A informação é a única matéria-prima que aumenta ao
ser compartilhada!
O que desejo é que com as aprendizagens e competências que está desenvolvendo, neste
curso, você possa auxiliar bibliotecárias e bibliotecários a fazer da Biblioteca um lugar, um espaço
vivo, que oferte muito além do que a informação procurada pelo usuário; que lhe oportunize o
protagonismo na construção de referências socioculturais e o desenvolvimento da consciência social
necessária à mudança do mundo desejada.
Muito sucesso em seus caminhos!

41
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MINICURRÍCULO DO PROFESSOR

Mário Gouveia
Educador adepto à pedagogia da autonomia e do afeto. Mestre em Ciência da
Informação; Licenciado em História e Bacharel em Biblioteconomia, ambos pela Universidade Federal
de Pernambuco; especialista em Cultura Pernambucana e em Metodologias Ativas. Professor
Acadêmico em níveis de graduação e pós-graduação. Coordenador Geral de Pós-graduação pelo
Centro Universitário Tiradentes. Professor do Curso Técnico em Biblioteconomia da Secretaria de
Educação do Estado de Pernambuco pela ETEPAC (Escola Técnica Estadual Antônio Carlos Gomes da
Costa). Tem estudos, projetos e publicações nas áreas de Filosofia da Informação; Pensamento
Complexo; Memória e Informação; Mediação em Sistemas de Informação; Educação Patrimonial;
Informação, Cultura e Sociedade; Tecnologia e Comunicação.

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