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SUMÁRIO
1. SIGLAS E CONCEITOS
2. OBJETIVOS
3. JUSTIFICATIVA
4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Pacientes classificados com urgência dialítica conforme o SCAMP (FATEHI & HSU,
2017), a TRS encontra-se indicada quando existe:
Presença de apenas 01 (um) item “muito urgente”;
Presença de 03 (três) ou mais dos itens “pouco urgente”.
Eletrólitos K+ > 6,5 ou alterações no ECG K+: 6,0 – 6,5 K+ < 6,0
Ingestão Toxina
5. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Segundo o SCAMP (FATEHI & HSU, 2017), não devemos indicar diálise, quando:
● A diálise pode acelerar a deterioração das funções fisiológicas do paciente e levar ao óbito.
(exemplo: pacientes com instabilidade clínica e hemodinâmica, em uso de amina vasoativa
em doses elevadas, cujo o início da diálise pode ocasionar o óbito);
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Injúria Renal Aguda (IRA) ou Lesão Renal Aguda (LRA) frequentemente acomete
pacientes admitidos no departamento de emergência, hospitalizados e críticos. É caracterizada pela
rápida queda da Taxa de Filtração Glomerular (TFG), deterioração abrupta da função renal e
retenção de produtos nitrogenados e distúrbios hidroeletrolíticos (FATEHI & SHU, 2017).
Pacientes com LRA podem apresentar sintomas e sinais resultantes diretamente da
função renal diminuída como edema, hipertensão e / ou diminuição do débito urinário ou, em LRA
grave, anúria. Entretanto, muitos pacientes não apresentam sintomas clínicos, apenas aumento da
creatinina em exames laboratoriais obtidos rotineiramente em pacientes hospitalizados (FATEHI &
SHU, 2017). Solicitar sempre hemograma, uréia, creatinina, sódio, potássio, gasometria arterial,
EAS. Buscar na anamnese do paciente dados que fundamentem e orientem o diagnóstico e etiologia
da LRA.
Nesses pacientes hospitalizados sob monitoração o diagnóstico de LRA é facilmente
estabelecido pela demonstração de aumento da creatinina sérica e/ou diminuição do débito
urinário (KELLUM; LAMEIRE, 2013).
A LRA já foi classificada por diversos protocolos, dentre os quais os famosos RIFLE –
do grupo ADQI (2004), AKIN – Acute Kidney Injure Network (2007), e, atualmente, utiliza-se o KDIGO
– Kidney Disease Improving Global Outcomes (2012). Este define LRA como o aumento da creatinina
sérica ≥ 0,3 mg/ dl em 48 horas; ou um aumento da creatinina sérica ≥ 1,5 vezes o valor basal,
conhecido ou presumido, como tendo ocorrido nos últimos 7 dias; ou um volume urinário < 0,5
ml/kg/h por 6 horas, excluindo obstrução urinária aguda (quadro 2) (KELLUM; LAMEIRE, 2013).
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complicações, durante o período anterior ao início da TRS (FATEHI & SHU, 2017). Na presença de
qualquer um desses achados indicar TRS de urgência e solicitar avaliação da nefrologia.
Ademais, caso o paciente apresente diagnóstico de leptospirose com síndrome de
Weil (tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias, mais comumente pulmonar), esteja em
pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca (primeiras 24 horas), arbovirose com LRA estágio
KDIGO III ou síndrome febril inctérica hemorrágica, solicitar parecer da nefrologia. Estudos indicam
que alguns pacientes com estas comorbidades podem apresentar benefícios com a TRS, devendo
ser avaliados individualmente pelo especialista.
A LRA pode fazer parte de diversas doenças. Para fins de diagnóstico e tratamento,
costuma ser dividida em três subgrupos:
● Pré-renal: doenças que provocam hipoperfusão renal, sem comprometer a integridade do
parênquima, cerca de 55%;
● Renal: doenças que afetam diretamente o parênquima renal, cerca de 40%;
● Pós-renal: doenças associadas à obstrução do trato urinário, cerca de 5%.
As principais etiologias envolvidas e cada subgrupo de LRA está listado no quadro 4
abaixo.
Quadro 4. Classificação da LRA de acordo com os subgrupos
Subgrupo Etiologias relacionadas
Pré-renal Hipovolemia
Hemorragia
Vômitos
Diarreia
Desidratação severa
Falência hepática e cardíaca
Renal AINEs
Drogas nefrotóxicas
Contraste radiológico
Doenças glomerulares
Nefrite intersticial aguda
Doenças tropicais
Pós-renal Bexiga neurogênica
Hiperplasia prostática
Câncer de próstata
Câncer cervical uterino
Fibrose retroperitoneal
Cálculos ureterais
Fonte: Adaptado de Kellum & Lameire (2013) e Fatehi & Shu (2017)
Uma vez que não existe uma padronização médica universal relacionada ao início da
TRS no contexto da lesão renal aguda, esse protocolo foi escolhido por evidenciar menor
mortalidade intra-hospitalar.
O SCAMP classifica a necessidade dialítica do paciente em “sem urgência”, “pouco
urgente” e “muito urgente”, de acordo com os seguintes parâmetros: pH, potássio, suspeita de
ingestão de toxinas, fração de oxigênio inspirado, sobrecarga de volume, valor da ureia e sintomas
urêmicos (quadro 4). Com base na presença ou ausência desses critérios, o SCAMP recomenda se
deve ser iniciada ou não a TRS.
b. Manejo do volume
i. Pacientes hipervolêmicos: pacientes que apresentam LRA e que apresentam
hipóxia grave devido ao edema pulmonar, frequentemente necessitam de TRS.
Alguns pacientes podem responder rapidamente aos diuréticos de alça, e evitar
a necessidade de TRS.
ii. Para pacientes oligúricos e hemodinamicamente estáveis: usamos 1mg/kg de
furosemida intravenosa e monitoramos o débito urinário. Consideramos
adequado um débito urinário superior a 200 ml em duas horas após a infusão de
furosemida. Pacientes que não respondem adequadamente aos diuréticos
devem ser preparados para TRS. Importante lembrar que balanços hídricos
positivos estão associados a maior mortalidade.
As estratégias de dosagem de diuréticos no contexto da LRA não foram formalmente
desenvolvidas e requerem uma consideração cuidado dos efeitos colaterais como a
ototoxicidade. Além disso o objetivo dos diuréticos neste cenário não é retardar a
TRS, é aliviar a hipervolemia. Não há evidências de que o uso de diuréticos reduza a
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c. Acidose Metabólica
Embora as indicações para terapia com bicarbonato na acidose metabólica sejam
controversas, a maioria dos especialistas tratam pacientes com acidose metabólica
aguda e acidemia grave (ou seja, pH arterial <7,1) com terapia com bicarbonato de
sódio. Em pacientes com acidose metabólica aguda, um pH arterial de 7,1 a 7,2 e
lesão renal aguda KDIGO III, é sugerida a administração intravenosa de bicarbonato
de sódio. O objetivo é um bicarbonato sérico de 20 a 22 mEq/L e o pH > 7,2.
- Bicarbonato de sódio – 1 a 2 mEq / Kg em bolus e pode repetir a dose após 30 a 60
minutos se o pH ainda inferior a 7,1.
d. Avaliação da uremia
Sintomas urêmicos podem ocorrer em pacientes com LRA. Incluem-se manifestações
gastrointestinais como anorexia, náuseas, vômitos, soluços, dor abdominal, diarréia
ou hemorragia digestiva; distúrbios hematológicos: plaquetopenia, disfunção
plaquetária e anemia; pericardite e tamponamento pericárdico; encefalopatia
urêmica, que cursa com alteração cognitiva, confusão mental, convulsão e até
mesmo coma; distúrbios hidroeletrolíticos: hipercalemia, hiperfosfatemia,
hipocalcemia, hipermagnesia; sobrecarga volêmica: hipertensão arterial sistêmica,
congestão pulmonar, edema agudo de pulmão, edema periférico, ascite e
hiponatremia. Pacientes com LRA que apresentam convulsões ou derrame
pericárdico grave atribuídos à uremia devem ser submetidos a TRS urgente.
Os pacientes com achados urêmicos menos graves, como estado mental alterado,
também são frequentemente tratados com TRS, a menos que a resolução da LRA
seja considerada iminente.
13. FLUXOGRAMA
Início
Solicitar sempre
Definir etiologia (história clínica + hemograma, uréia,
anamnese + exame físico) creatinina, sódio,
potássio, gasometria
arterial, EAS
NÃO SIM
NÃO SIM
SIM
SIM
14. MONITORAMENTO
15. REFERÊNCIAS
BARBAR, Saber D. et al. Timing of renal-replacement therapy in patients with acute kidney injury
and sepsis. New England Journal of Medicine, v. 379, n. 15, p. 1431-1442, 2018.
GAUDRY, Stéphane et al. Initiation strategies for renal-replacement therapy in the intensive care
unit. New England Journal of Medicine, v. 375, n. 2, p. 122-133, 2016.
HOSTE, Eric AJ et al. Global epidemiology and outcomes of acute kidney injury. Nature Reviews
Nephrology, v. 14, n. 10, p. 607-625, 2018.
KELLUM, John A.; LAMEIRE, Norbert. Diagnosis, evaluation, and management of acute kidney
injury: a KDIGO summary (Part 1). Critical care, v. 17, n. 1, p. 1-15, 2013.
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LEAF, David E.; WAIKAR, Sushrut S. IDEAL-ICU in context. Clinical Journal of the American Society
of Nephrology, v. 14, n. 8, p. 1264-1267, 2019.
MENDU, Mallika L. et al. A decision-making algorithm for initiation and discontinuation of RRT in
severe AKI. Clinical Journal of the American Society of Nephrology, v. 12, n. 2, p. 228-236, 2017.
PANNU, Neesh et al. Renal replacement therapy in patients with acute renal failure: a systematic
review. JaMa, v. 299, n. 7, p. 793-805, 2008.
FATEHI, Pedram; HSU, Chi-yuan. Evaluation of acute kidney injury among hospitalized adult
patients. UpToDate, topic last updated Oct, v. 2, 2017.
ZARBOCK, Alexander et al. Effect of early vs delayed initiation of renal replacement therapy on
mortality in critically ill patients with acute kidney injury: the ELAIN randomized clinical trial. Jama,
v. 315, n. 20, p. 2190-2199, 2016.
(Poderão ser incluídas no quadro abaixo as identificações dos responsáveis pela elaboração/revisão
e avaliação)
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