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Título do Abordagem do paciente com lesão renal aguda Emissão: 05/05/2021 Próxima revisão:
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SUMÁRIO

1. SIGLAS E CONCEITOS ___________________________________________________ 2


2. OBJETIVOS __________________________________________________________ 3
3. JUSTIFICATIVAS________________________________________________________ 3
4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO _______________________________________________ 3
5. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO _______________________________________________ 3
6. ATRIBUIÇÕES, COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES ________________________4
7. EXAME FÍSICO E HISTÓRIA CLÍNICA ________________________________________4
8. EXAMES DIAGNÓSTICOS INDICADOS ______________________________________ 6
9. TRATAMENTO INDICADO E PLANO TERAPÊUTICO ____________________________ 7
10. CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO _____________________________________________ 9
11. CRITÉRIOS DE MUDANÇA TERAPÊUTICA____________________________________ 9
12. CRITÉRIOS DE ALTA OU TRANSFERÊNCIA __________________________________ 10
13. FLUXOGRAMA ________________________________________________________ 10
14. MONITORAMENTO ____________________________________________________ 10
15. REFERÊNCIAS ________________________________________________________ 11
16. HISTÓRICO DE REVISÃO _________________________________________________12
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1. SIGLAS E CONCEITOS

ADQI: Acute Disease Quality Initiative;


AINES: anti-inflamatório não-esteroide;
AKIKI: Artificial Kidney Initiation in Kidney Injury;
AKIN: Acute Kidney Injure Network;
Amp: ampola;
ATP: adenosina trifosfato;
BRA: bloqueador de receptor da angiotensina;
Ca2+: cálcio;
Cl-: cloro;
dL: decilitro
ECG: eletrocardiograma;
ELAIN: early versus LAte Initiation of renal replacement therapy in critically ill patients with acute
kidNey injury;
EV: endovenoso;
Fe2+: ferro;
h: hora;
H+: hidrogênio;
HCO3-: bicarbonato;
HULW: Hospital Universitário Lauro Wanderley;
IDEAL-ICU: Timing of Renal-Replacement Therapy in Patients with Acute Kidney Injury and Sepsis;
iECA: inibidor da enzima conversora de angiotensina;
IM: intramuscular;
IRA: injúria renal aguda;
K+: potássio;
KDIGO: Kidney Disease Improving Global Outcomes;
Kg: quilograma;
L: litro;
LRA: lesão renal aguda;
Medline/ Pubmed: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online;
Mg+2: magnésio;
mg: miligrama;
Na2+: sódio;
P3-: fósforo
pH: potencial hidrogênio iônico;
RIFLE: Risk, Injury, Failure, Loss of kidney function, and End-stage kidney disease;
SCAMP: Standardized Clinical Assessment and Management Plan
Scielo: Scientific Electronic Library Online;
TFG: taxa de filtração glomerular;
TRS: terapia renal substitutiva;
UI: unidade internacional;
UTI: unidade de terapia intensiva.
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2. OBJETIVOS

O objetivo desse protocolo é criar um protocolo atualizado de atendimento em


urgência dialítica no contexto da Lesão Renal Aguda (LRA) para uso no serviço de clínica médica do
Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW).

3. JUSTIFICATIVA

O protocolo deve fornecer elementos de apoio para diagnosticar e tratar os pacientes


portadores de LRA em urgência dialítica no HULW a fim de padronizar o manejo clínico e as condutas
terapêuticas com objetivo de otimizar a qualidade assistencial. Este protocolo visa, através destes
elementos, ofertar apoio à decisão e ao manejo clínico, além de orientar a organização do processo
de trabalho e medidas de suporte da equipe multiprofissional.

4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Pacientes classificados com urgência dialítica conforme o SCAMP (FATEHI & HSU,
2017), a TRS encontra-se indicada quando existe:
 Presença de apenas 01 (um) item “muito urgente”;
 Presença de 03 (três) ou mais dos itens “pouco urgente”.

Quadro 1. Classificação e estratificação de diferentes marcadores indicadores da necessidade de


diálise de urgência na LRA segundo o protocolo SCAMP
Muito urgente Pouco urgente Sem urgência
Ácido-base Acidose metabólica pH < 7,2 pH < 7,3 pH > 7,3

Eletrólitos K+ > 6,5 ou alterações no ECG K+: 6,0 – 6,5 K+ < 6,0

Ingestão Toxina

Sobrecarga de Anasarca Edema 2-3+ Edema 1+ ou ausente


volume Falência respiratória (FiO2>0,7) Hipoxemia (Fio2: 0,5 – 0,7) Diurese > 500ml/24h
Diurese < 100ml/24h Diurese: 100 – 500ml/24h

Uremia Sintomas urêmicos Ureia: 120 - 250 Ureia < 120


Alteração do nível de Consciência

Fonte: Adaptado de Fatehi & Shu (2017)

5. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Segundo o SCAMP (FATEHI & HSU, 2017), não devemos indicar diálise, quando:
● A diálise pode acelerar a deterioração das funções fisiológicas do paciente e levar ao óbito.
(exemplo: pacientes com instabilidade clínica e hemodinâmica, em uso de amina vasoativa
em doses elevadas, cujo o início da diálise pode ocasionar o óbito);
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● Presença de dano neurológico irreversível;


● A TRS não faz parte do hall de cuidados preteridos pelo paciente, como é o caso do paciente
em cuidados paliativos exclusivos, ou quando não há chance significativa de recuperação de
doença não renal: câncer metastático, sepse irreversível, acidose lática irreversível;
● Outras: decisão do médico assistente.

6. ATRIBUIÇÕES, COMPETÊNCIAS E RESPONSABILIDADES


Equipe médica envolvida:
Médico nefrologista responsável pela prescrição de diálise:
 O mesmo será acionado pela equipe de enfermagem na suspeita clínica e laboratorial de
LRA, e, após avaliação do quadro (conforme descrito no item 7 a seguir), e suspeita de lesão
renal aguda, realizará o tratamento correspondente pertinente e administração de
medicações de urgência (conforme descrito no item 9 a seguir).
Equipe de enfermagem (Técnico (a) de Enfermagem e Enfermeiro (a)):
 Responsável pela observação dos sinais e sintomas (conforme descrito no item 7 a seguir) e
relato à equipe médica para prescrição das medidas necessárias.

7. EXAME FÍSICO E HISTÓRIA CLÍNICA

Injúria Renal Aguda (IRA) ou Lesão Renal Aguda (LRA) frequentemente acomete
pacientes admitidos no departamento de emergência, hospitalizados e críticos. É caracterizada pela
rápida queda da Taxa de Filtração Glomerular (TFG), deterioração abrupta da função renal e
retenção de produtos nitrogenados e distúrbios hidroeletrolíticos (FATEHI & SHU, 2017).
Pacientes com LRA podem apresentar sintomas e sinais resultantes diretamente da
função renal diminuída como edema, hipertensão e / ou diminuição do débito urinário ou, em LRA
grave, anúria. Entretanto, muitos pacientes não apresentam sintomas clínicos, apenas aumento da
creatinina em exames laboratoriais obtidos rotineiramente em pacientes hospitalizados (FATEHI &
SHU, 2017). Solicitar sempre hemograma, uréia, creatinina, sódio, potássio, gasometria arterial,
EAS. Buscar na anamnese do paciente dados que fundamentem e orientem o diagnóstico e etiologia
da LRA.
Nesses pacientes hospitalizados sob monitoração o diagnóstico de LRA é facilmente
estabelecido pela demonstração de aumento da creatinina sérica e/ou diminuição do débito
urinário (KELLUM; LAMEIRE, 2013).
A LRA já foi classificada por diversos protocolos, dentre os quais os famosos RIFLE –
do grupo ADQI (2004), AKIN – Acute Kidney Injure Network (2007), e, atualmente, utiliza-se o KDIGO
– Kidney Disease Improving Global Outcomes (2012). Este define LRA como o aumento da creatinina
sérica ≥ 0,3 mg/ dl em 48 horas; ou um aumento da creatinina sérica ≥ 1,5 vezes o valor basal,
conhecido ou presumido, como tendo ocorrido nos últimos 7 dias; ou um volume urinário < 0,5
ml/kg/h por 6 horas, excluindo obstrução urinária aguda (quadro 2) (KELLUM; LAMEIRE, 2013).
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Quadro 2: Diagnóstico da LRA

Aumento da Creatinina sérica ≥ 0,3mg/dL em 48h , OU

Aumento da Creatinina sérica ≥1,5 x o valor basal nos últimos 7 dias OU

Volume urinário < 0,5 ml/Kg/h por 6 horas

Fonte: Adaptado de Kellum & Lameire (2013).

A classificação da LRA em estágios está resumidamente explicitada no quadro 3 a seguir.

Quadro 3. Classificação KDIGO dos estágios da LRA


Classificação KDIGO
Estágios Creatinina sérica Diurese
Estágio 1 Aumento de 0,3 mg/dl ou aumento 1,5-1,9x do valor basal < 0,5 ml/kg/h por 6 horas
Estágio 2 Aumento > 2-2,9x do valor basal <0,5 ml/kg/h por > 12 horas
Estagio 3 Aumento > 3,0 x a linha de base ou aumento na creatinina < 0,3 ml/kg/h por 24 horas
sérica para ≥4,0 mg / ou início da TRS ou em pacientes OU anúria > 12 horas
<18 anos uma diminuição na eTFG para <35 ml / minuto
por 1,73 m 2
Fonte: Adaptado de Kellum & Lameire (2013)

Pacientes com LRA precisam ser avaliados sistematicamente quanto às ameaças


imediatas e complicações dela decorrentes, além da avaliação da gravidade e eliminação da causa.
É uma complicação bem conhecida de pacientes com doença crítica, com grande efeito na
morbidade e mortalidade (BARBAR, 2018). É amplamente aceito que, se houver complicações com
risco de vida de lesão renal aguda, como hipercalemia ou acidose metabólica, por exemplo, a TRS
deve ser iniciada imediatamente (ZARBOCK et al., 2016).
O tratamento de anormalidades hidroeletrolíticas com risco de vida devido a LRA
deve ser iniciado imediatamente. As complicações da LRA que podem exigir terapia de substituição
renal de emergência incluem:
● Edema pulmonar;
● Hipercalemia > 6,5 mEq/L, hipercalemia associada a sintomas ou sinais (ou seja,
anormalidades de condução cardíaca, fraqueza muscular) ou hipercalemia > 5,5 mEq/L se
houver ruptura do tecido em curso (por exemplo, rabdomiólise) ou absorção de potássio em
curso (por exemplo, significativa sangramento gastrointestinal);
● Sinais de uremia, como pericardite, ou um declínio inexplicável do estado mental;
● Acidose metabólica grave (pH <7,1) e hipervolemia, a menos que a acidose possa ser
resolvida rapidamente corrigindo a etiologia subjacente (por exemplo, cetoacidose diabética).
Pacientes com qualquer uma dessas complicações, apesar da terapia médica
apropriada, geralmente requerem TRS urgente. No entanto, como a TRS geralmente não pode ser
fornecida de imediato, esses pacientes usualmente requerem tratamento médico dessas
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complicações, durante o período anterior ao início da TRS (FATEHI & SHU, 2017). Na presença de
qualquer um desses achados indicar TRS de urgência e solicitar avaliação da nefrologia.
Ademais, caso o paciente apresente diagnóstico de leptospirose com síndrome de
Weil (tríade de icterícia, insuficiência renal e hemorragias, mais comumente pulmonar), esteja em
pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca (primeiras 24 horas), arbovirose com LRA estágio
KDIGO III ou síndrome febril inctérica hemorrágica, solicitar parecer da nefrologia. Estudos indicam
que alguns pacientes com estas comorbidades podem apresentar benefícios com a TRS, devendo
ser avaliados individualmente pelo especialista.
A LRA pode fazer parte de diversas doenças. Para fins de diagnóstico e tratamento,
costuma ser dividida em três subgrupos:
● Pré-renal: doenças que provocam hipoperfusão renal, sem comprometer a integridade do
parênquima, cerca de 55%;
● Renal: doenças que afetam diretamente o parênquima renal, cerca de 40%;
● Pós-renal: doenças associadas à obstrução do trato urinário, cerca de 5%.
As principais etiologias envolvidas e cada subgrupo de LRA está listado no quadro 4
abaixo.
Quadro 4. Classificação da LRA de acordo com os subgrupos
Subgrupo Etiologias relacionadas
Pré-renal Hipovolemia
Hemorragia
Vômitos
Diarreia
Desidratação severa
Falência hepática e cardíaca
Renal AINEs
Drogas nefrotóxicas
Contraste radiológico
Doenças glomerulares
Nefrite intersticial aguda
Doenças tropicais
Pós-renal Bexiga neurogênica
Hiperplasia prostática
Câncer de próstata
Câncer cervical uterino
Fibrose retroperitoneal
Cálculos ureterais
Fonte: Adaptado de Kellum & Lameire (2013) e Fatehi & Shu (2017)

8. EXAMES DIAGNÓSTICOS INDICADOS

Para definir pacientes com necessidade de diálise de urgência, utilizaremos o


Standardized Clinical Assessment and Management Plan (SCAMP), um algoritmo de tomada de
decisão utilizado para auxiliar nefrologistas quanto às indicações para iniciar e descontinuar a TRS
(FATEHI & HSU, 2017).
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Uma vez que não existe uma padronização médica universal relacionada ao início da
TRS no contexto da lesão renal aguda, esse protocolo foi escolhido por evidenciar menor
mortalidade intra-hospitalar.
O SCAMP classifica a necessidade dialítica do paciente em “sem urgência”, “pouco
urgente” e “muito urgente”, de acordo com os seguintes parâmetros: pH, potássio, suspeita de
ingestão de toxinas, fração de oxigênio inspirado, sobrecarga de volume, valor da ureia e sintomas
urêmicos (quadro 4). Com base na presença ou ausência desses critérios, o SCAMP recomenda se
deve ser iniciada ou não a TRS.

9. TRATAMENTO INDICADO E PLANO TERAPÊUTICO


Várias indicações absolutas para o início da TRS na LRA são amplamente aceitas:
hipercalemia ou acidose metabólica refratárias, sobrecarga de volume com edema pulmonar e
pericardite urêmica. Atrasos no início da TRS podem resultar em complicações graves e até mesmo
em morte.
O manejo de pacientes com LRA inclui a identificação de pacientes de alto risco
(urgência dialítica) e da etiologia da lesão renal, para que ela seja excluída ou revertida. Além disso,
outras medidas precisam ser realizadas:
1. Tratar causas reversíveis, como obstrução do trato urinário, hipovolemia;
2. Adequar dose de medicações conforme TFG estimada;
3. Dieta: tentar sempre via oral ou enteral. Fornecer aporte calórico com 20 a 30 kcal/Kg/dia;
Não restringir proteína para postergar/evitar terapia renal substitutiva (TRS). Fornecer
proteína conforme esquema:
a. 0,8 – 1,0g/Kg para pacientes não catabólicos em tratamento conservador e 1,0 –
1,5g/Kg para pacientes em TRS;
b. Até 1,7g/Kg para pacientes em terapia contínua ou hipercatabólicos.
4. Remoção de quaisquer insultos ativos para minimizar novas lesões:
a. Medicamentos: descontinuar AINEs, IECA, BRA e nefrotoxinas (aminoglicosídeos,
anfotericina, tenofovir...);
b. Contrastes;
5. Monitorização de sinais vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura,
saturação de O2, pressão arterial), nível de consciência (lúcido, desorientado, torporoso,
comatoso), bem-estar auto referido geral do paciente, monitorizar diurese com sonda
vesical de demora, balanço hídrico rigoroso e peso diário em jejum, se possível;
6. Identificar e tratar as complicações que podem, eventualmente, evoluir com necessidade de
TRS em um período posterior.
7. As complicações de LRA que que podem exigir terapia de TRS de emergência incluem
hipercalemia refratária, acidose metabólica refratária, hipervolemia refratária e síndrome
urêmica com manifestação clínica. Elas serão abordadas uma a uma a seguir.
a. Hipercalemia: - Pacientes com LRA que têm potássio sérico > 6,5 mEq /L ou aqueles com
sintomas ou sinais de hipercalemia (ou seja, anormalidades de condução cardíaca,
fraqueza muscular), têm indicação de diálise de urgência, se refratário às medidas
clínicas de tratamento.
- Avaliar o paciente quanto a potenciais toxicidades e iniciar o monitoramento de ECG:
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Se o paciente tiver hipercalemia grave ou mostrar alterações no ECG, transfira para a


unidade de terapia intensiva (UTI) imediatamente. O gluconato de cálcio a 10% pode ser
usado em pacientes com sintomas cardíacos para estabilizar o potencial de membrana e
influenciar positivamente a bradicardia e as alterações do ECG. Contra-indicações:
intoxicação por digoxina, estados hipercalcêmicos.
- Gluconato de Cálcio 10% (1 amp, EV, lento) – com monitorização cardíaca constante. A
dose pode ser repetida após 5 minutos se as alterações do ECG persistirem ou se
repetirem.
Mobilizar potássio do espaço extra para o intracelular:
- Insulina Regular (10UI) associada a Glicose hipertônica 50% (100ml) – Muitas vezes, um
efeito pode ser visto imediatamente, sendo, portanto, a primeira medida para baixar os
níveis de potássio. É necessário um monitoramento rigoroso de eletrólitos e glicose no
sangue, sendo a hipoglicemia o principal efeito colateral.
- Nebulização com agonistas beta-adrenérgicos (salbutamol ou fenoterol) – estimula o
potássio a se deslocar do espaço extra para o intracelular via Na+/K+ -ATPase. Repetir
dose até 3 vezes em uma hora.
Aumentar a excreção de potássio:
- Diuréticos de Alça (furosemida) – mesmo em paciente em diálise crônica, o tratamento
com diuréticos pode ser útil se o paciente tiver alguma função renal residual.
- Resinas de troca iônica (contendo cálcio ou sódio) – visam evitar que o potássio enteral
seja reabsorvido. No Brasil, o mais utilizado e disponível no nosso meio é o
poliestirenossulfonato de cálcio (Sorcal®). A dose é de 30-60 g, via oral, de 8/8 horas ou
até 4/4 horas.
Importante identificar e eliminar imediatamente as fontes de potássio orais ou
parenterais:
- Revise as prescrições e suspenda os suplementos e medicações que possam causar ou
agravar a hipercalemia.

b. Manejo do volume
i. Pacientes hipervolêmicos: pacientes que apresentam LRA e que apresentam
hipóxia grave devido ao edema pulmonar, frequentemente necessitam de TRS.
Alguns pacientes podem responder rapidamente aos diuréticos de alça, e evitar
a necessidade de TRS.
ii. Para pacientes oligúricos e hemodinamicamente estáveis: usamos 1mg/kg de
furosemida intravenosa e monitoramos o débito urinário. Consideramos
adequado um débito urinário superior a 200 ml em duas horas após a infusão de
furosemida. Pacientes que não respondem adequadamente aos diuréticos
devem ser preparados para TRS. Importante lembrar que balanços hídricos
positivos estão associados a maior mortalidade.
As estratégias de dosagem de diuréticos no contexto da LRA não foram formalmente
desenvolvidas e requerem uma consideração cuidado dos efeitos colaterais como a
ototoxicidade. Além disso o objetivo dos diuréticos neste cenário não é retardar a
TRS, é aliviar a hipervolemia. Não há evidências de que o uso de diuréticos reduza a
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incidência ou gravidade da LRA. Os diuréticos podem ajudar a categorizar a gravidade


da lesão renal.

c. Acidose Metabólica
Embora as indicações para terapia com bicarbonato na acidose metabólica sejam
controversas, a maioria dos especialistas tratam pacientes com acidose metabólica
aguda e acidemia grave (ou seja, pH arterial <7,1) com terapia com bicarbonato de
sódio. Em pacientes com acidose metabólica aguda, um pH arterial de 7,1 a 7,2 e
lesão renal aguda KDIGO III, é sugerida a administração intravenosa de bicarbonato
de sódio. O objetivo é um bicarbonato sérico de 20 a 22 mEq/L e o pH > 7,2.
- Bicarbonato de sódio – 1 a 2 mEq / Kg em bolus e pode repetir a dose após 30 a 60
minutos se o pH ainda inferior a 7,1.

d. Avaliação da uremia
Sintomas urêmicos podem ocorrer em pacientes com LRA. Incluem-se manifestações
gastrointestinais como anorexia, náuseas, vômitos, soluços, dor abdominal, diarréia
ou hemorragia digestiva; distúrbios hematológicos: plaquetopenia, disfunção
plaquetária e anemia; pericardite e tamponamento pericárdico; encefalopatia
urêmica, que cursa com alteração cognitiva, confusão mental, convulsão e até
mesmo coma; distúrbios hidroeletrolíticos: hipercalemia, hiperfosfatemia,
hipocalcemia, hipermagnesia; sobrecarga volêmica: hipertensão arterial sistêmica,
congestão pulmonar, edema agudo de pulmão, edema periférico, ascite e
hiponatremia. Pacientes com LRA que apresentam convulsões ou derrame
pericárdico grave atribuídos à uremia devem ser submetidos a TRS urgente.
Os pacientes com achados urêmicos menos graves, como estado mental alterado,
também são frequentemente tratados com TRS, a menos que a resolução da LRA
seja considerada iminente.

10. CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO


Pacientes ambulatoriais ou internados em qualquer setor do HULW que não apresentem
melhora clínica da sua doença de base que curse com LRA que demande hemodiálise de urgência
deverão ser submetidos à realização de tratamento dialítico de urgência.

11. CRITÉRIOS DE MUDANÇA TERAPÊUTICA


Não se aplica.

12. CRITÉRIOS DE ALTA OU TRANSFERÊNCIA


Paciente receberá alta da diálise nas seguintes situações:
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1. Ausência de sintomas clínicos (conforme descrito no item 7 a seguir) ou melhora


substancial dos mesmos;
2. Normalização dos parâmetros bioquímicos (creatinina sérica), gasometria arterial
(pH, HCO3-, pCO2) e eletrólitos;
3. Pacientes com quadros crônicos que estejam assintomáticos.

13. FLUXOGRAMA

Início

Solicitar sempre
Definir etiologia (história clínica + hemograma, uréia,
anamnese + exame físico) creatinina, sódio,
potássio, gasometria
arterial, EAS

Hipercalemia (K>6) refratária


(1); acidose metabólica (pH Avaliar necessidade
<7,15) refratária (2); de terapia de
hipervolemia refratária (3); substituição renal
síndrome urêmica com
manifestação clínica (4)

NÃO SIM

Procure por bexigoma no


Excluir causa exame físico, passagem de SVD
Leptospirose com Urgência dialítica pós-renal + realizar USG de rins e vias
Síndrome de Weil Preencher o urinárias a beira leito caso
POI de Cirurgia protocolo positividade do achado
Cardíaca SCAAMP e
Arbovirose com LRA solicitar
Evitar drogas
grave avaliação da
nefrotóxicas e contraste Sinais de
Síndrome Febril Nefrologia
+ quantificar diurese hipervolemia
Ictérica Hemorrágica

NÃO SIM
SIM

Sinais de Se diurese presente: furosemida 1


Solicitar hipervolemia
Sem urgência mg/kg
avaliação da
dialítica Se 100-200 ml em 2h:
nefrologia
boa resposta
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SIM

(1) Refratário ao uso de Sorcal ® Furosemida (exceto se Expansão volêmica


hipovolemia ou IAM de parede inferior), Solução (preferir cristaloide)
Polarizante e NBZ com ß2-agonista
Monitorar diurese,
(2) Ac. Metabólica pura (pCO2<35) ou Mista (pCO2>50 frequência cardíaca e
sem condições de ajuste da VM) refratária a infusão de pressão arterial
NaHCO3 com AG normal ou com AG normal ou na
AG↑ se pH<6,9 (CAD) e <7,10 (ac. Lática)

(3) Congestão pulmonar (O2>5L/min ou FiO2>50% para


StaO2>95%) devido a sobrecarga de fluidos refratária ao
bolus de Furosemida 1mg/kg ou 1,5 mg/kg (se usuário) FIM

(4) Definida como Urreia >200 mg + alterações do nível de consciência


e/ou sangramento por disfunção plaquetária e/ou pericardite

14. MONITORAMENTO

Avaliação retrospectiva dos casos de LRA com necessidade de diálise no HULW


baseado nas fichas de acompanhamento da equipe médica que ficam com os residentes de Clínica
Médica e confecção do indicador: quantidade de pacientes diagnosticados com LRA submetidos à
diálise de urgência/mês e sua etiologia.

15. REFERÊNCIAS

BARBAR, Saber D. et al. Timing of renal-replacement therapy in patients with acute kidney injury
and sepsis. New England Journal of Medicine, v. 379, n. 15, p. 1431-1442, 2018.

GAUDRY, Stéphane et al. Initiation strategies for renal-replacement therapy in the intensive care
unit. New England Journal of Medicine, v. 375, n. 2, p. 122-133, 2016.

HOSTE, Eric AJ et al. Global epidemiology and outcomes of acute kidney injury. Nature Reviews
Nephrology, v. 14, n. 10, p. 607-625, 2018.

KELLUM, John A.; LAMEIRE, Norbert. Diagnosis, evaluation, and management of acute kidney
injury: a KDIGO summary (Part 1). Critical care, v. 17, n. 1, p. 1-15, 2013.
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16. HISTÓRICO DE REVISÃO

VERSÃO DATA DESCRIÇÃO DA ALTERAÇÃO


05/05/2021 Abordagem do paciente com lesão renal aguda em urgência dialítica
01

(Poderão ser incluídas no quadro abaixo as identificações dos responsáveis pela elaboração/revisão
e avaliação)
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO
WANDERLEY
Tipo do PRT.USU.010 - Página 13/13
PROTOCOLO
Documento
Título do Abordagem do paciente com lesão renal aguda Emissão: 05/05/2021 Próxima revisão:
Documento em urgência dialítica Versão: 1 05/05/2023

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