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2018
O TEATRO NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA:
Estudo de caso sobre o desenvolvimento da comunicação
verbal e não verbal
2018
Agradecimentos
Sempre gostei de uma história. Sempre admirei quem soubesse contar uma
história. Sempre me surpreendi com o que as histórias podiam mudar numa pessoa.
Por isso tenho que agradecer a várias pessoas que me ajudaram e acreditaram
neste projeto:
iii
Resumo
iv
Abstract
This is a case study, centered on a theater group whose elements are young with
SEN. The methodology included processes and data collection techniques, such as
interviewing and direct observation in the context of theatrical activity, as well as data
processing, namely content analysis.
The results of this study allow us to conclude that, in this context and during the
period of observation, theater, in particular through the theatricalisation of texts created
from the participants' suggestions or situations experienced by them, contributed
significantly to the development of their verbal and non-verbal communication. According
to the results obtained, we are also able to affirm that theater is a consistent educational
tool for the inclusion of young people with SEN. Furthermore, the teacher / director plays
a predominant role throughout the process, both in the development of communication
and in promotion of inclusion strategies.
Taking into account the answers to the objectives of the study, it seems possible
to conclude that theater can not only be a channel capable of establishing a
communication process, but also of enabling a more proactive and dynamic behaviour
in terms of social inclusion.
v
Índice Geral
Introdução…………………………………………………………………………… 1
I. Enquadramento Teórico…………………………………………….. 3
1.Educação inclusiva e atendimento às Necessidades Educativas Especiais… 3
1.1.Conceito de Necessidades Educativas Especiais…………………………... 3
1.2.Educação Inclusiva……………………………………………………………... 4
1.3.A Comunidade Educativa……………………………………………………… 7
1.4.Meio envolvente………………………………………………………………… 8
1.5. Inclusão Social…………………………………………………………………. 10
2. Teatro e Educação……………………………………………………………….. 14
2.1. O teatro no âmbito da Educação Artística…………………………………... 14
2.2. A comunicação verbal e não-verbal através do teatro…………………….. 16
3. Teatro no âmbito da Educação Especial………………………………………. 18
II. Enquadramento Metodológico……………………………………... 22
1.Problemática e questões orientadoras…………………………………………. 22
2.Objetivos, opções metodológicas e desenho de estudo……………………… 22
3.Caracterização dos participantes……………………………………………….. 24
4.Técnicas de recolha e análise de dados……………………………………….. 25
4.1 Entrevista………………………………………………………………………… 25
4.2.Observação direta e naturalista……………………………………………….. 29
4.3.Análise de conteúdo……………………………………………………………. 30
III. Apresentação e discussão dos resultados……………………… 32
1.Resultado das entrevistas……………………………………………………….. 32
1.1.Resultados da entrevista ao grupo de jovens……………………………….. 32
1.2.Resultados da entrevista ao professor……………………………………….. 40
2.Resultado das Observações…………………………………………………….. 49
2.1.Fases das Sessões…………………………………………………………….. 51
2.2.Objetivos das sessões…………………………………………………………. 54
2.3.Organização do espaço e utilização de materiais…………………………... 56
2.4.Desempenho dos jovens………………………………………………………. 57
IV. Considerações Finais………………………………………………... 65
V. Referências ……………………………………………………………. 69
ANEXOS
vi
Índice das tabelas
Tabela 1. Guião de entrevista de grupo aos jovens………………………………….. 27
Tabela 2. Guião de entrevista ao Professor/Encenador…………………………….. 29
Tabela 3. Temas, categorias e subcategorias da análise da entrevista de grupo… 32
Tabela 4. Perspetivas dos jovens sobre teatro……………………………………… 34
Tabela 5. Relação com o teatro………………………………………………………... 35
Tabela 6. Mudanças pessoais através das aulas de teatro…………………………. 37
Tabela 7. Categorias. Subcategorias e indicadores da análise da entrevista ao
professor/encenador……………………………………………………………………. 40
Tabela 8. Relevância do teatro para a comunicação e desenvolvimento global….. 41
vii
Introdução
Com este trabalho procuramos refletir sobre três objetivos que orientaram a
nossa pesquisa:
1
Na terceira parte procede-se à apresentação e discussão dos dados obtidos
através de cada uma das técnicas, articulando-se posteriormente a informação
recolhida nas entrevistas e observações das sessões de teatro.
Por último, com as considerações finais pretende-se refletir sobre as questões
orientadoras e verificar em que medida os objetivos do estudo foram compreendidos.
Constam ainda do trabalho as referências bibliográficas e anexos alusivos à
recolha de dados e aos procedimentos de sistematização dos mesmos,
designadamente das entrevistas e das observações de aula.
2
I. Enquadramento Teórico
3
Armstrong e Barton (2003) defendem que os jovens com NEE podem ter
dificuldades de aprendizagem, ligeiras ou mais graves, no plano intelectual ou no
domínio da escrita e da leitura em particular. São jovens em que o seu insucesso reside
nas aprendizagens básicas. Podem também apresentar perturbações afetivas ou do
comportamento, mais ou menos graves, de origem diversa.
4
Podemos ainda reconhecer como o seguinte excerto Declaração de Salamanca
(1994) que:
O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os
alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente
das dificuldades e das diferenças que apresentem. Estas escolas devem
reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos,
adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a
garantir um bom nível de educação para todos através de currículos
adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias
pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as
respetivas comunidades. E preciso, portanto, um conjunto de apoios e
de serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro
da escola (Declaração de Salamanca, 1994, p.11-12).
Bautista (1997) refere que o movimento por uma escola inclusiva defende uma
pedagogia centrada nas crianças e na sua permanência na escola regular. O recurso a
escolas especiais ou turmas especiais é considerado como medida excecional, somente
depois de demonstrado que a turma regular não satisfaz as necessidades do aluno.
Como considera Correia (1999, 2001), o princípio da inclusão deve ser maleável
e partir da avaliação das características e necessidades de cada aluno, percebendo que
a inclusão de um aluno na turma regular deve ser feita sempre que possível, contudo
recebendo os serviços educativos adequados.
A escola tem uma grande responsabilidade em relação à inclusão. Os
professores têm o desafio de refletir sobre as suas práticas pedagógicas desenvolvendo
práticas direcionadas para a inclusão, as quais envolvem o trabalho colaborativo com a
família e a comunidade, tendo sempre como objetivo o desenvolvimento e a
aprendizagem das crianças (Correia, 1999; Madureira e Leite, 2003).
Nesta linha de pensamento, Rodrigues (2007) reafirma que a escola tem o dever
e a responsabilidade de respeitar e trabalhar com as diferenças de cada um. Logo, a
sala de aula deve ser vista como um espaço onde se realizam aprendizagens
académicas e sociais. Para tal as aprendizagens devem contar, não só com a ajuda do
professor mas também do grupo onde estão inseridos.
No mesmo sentido, Brocardo (2009) defende a inclusão escolar enquanto
orientação que respeita as diferenças individuais, pressupõe diversidade curricular e de
estratégias de aprendizagem. No entanto, a inclusão é um processo complexo,
envolvendo diversas esferas da vida pessoal dos jovens e abrangendo aspetos de
ordem institucional.
5
Com efeito, o objetivo principal das escolas é promover o desenvolvimento e a
educação do aluno, para que este possa viver como cidadão pleno e efetivo, autónomo
e ajustado aos padrões sociais vigentes (Cruz, 2012). Para que tal aconteça, Correia
(2003) defende que:
Por sua vez, Muller e Godoy (2014) mencionam que a escola tem um papel
fundamental na aprendizagem e no desenvolvimento dos jovens com necessidades
educativas especiais e só será mesmo inclusiva quando estiver preparada para
responder a todas estas especificidades formando um jovem autónomo e crítico na
sociedade, com capacidade para atuar como cidadão pleno dos seus direitos e deveres.
6
Para que a inclusão seja uma mudança positiva, as escolas que a reconhecerem
deverão, segundo Armstrong e Rodrigues (2014) acompanhar os seguintes processos:
7
É decisivo para o futuro dos alunos a articulação entre todos os intervenientes
da comunidade educativa, uma vez que as decisões a tomar, sobretudo no que diz
respeito aos currículos específicos individuais, devem obter a concordância entre por
todos. Poderão ser tomadas decisão muito sérias e difíceis, que precisam da
interferência do professor da educação especial e dos professores do ensino regular. A
necessidade de haver a intervenção de técnicos, pais e auxiliares de ação educativa é
uma grande possibilidade neste processo. Na educação inclusiva os alunos com NEE
não são unicamente da responsabilidade do docente da educação especial, mas sim de
toda uma equipa de profissionais que têm o objetivo de facilitar o sucesso destes jovens
(Silva, 2011).
Conforme refere Correia (2003), a inclusão possibilita às escolas tornarem-
-se comunidades de apoio, sendo o objetivo primordial que os alunos se sintam
valorizados e apoiados, tendo em conta as suas necessidades aos mais variados
níveis. Contudo, o mesmo autor salienta que é indispensável que exista uma
verdadeira cultura de escola, baseada nos princípios da igualdade, justiça,
dignidade e respeito mútuo, que promova o desenvolvimento de práticas inclusivas.
1.4.Meio envolvente
8
Na educação inclusiva, a escola deve alargar o seu espaço educativo,
interagindo com outros espaços. Esses espaços sociais, políticos e económicos, são
uma mais-valia para estabelecer relações de parceria com outras instituições. É
necessário perceber os interesses dos jovens e as suas capacidades. Seguidamente,
articular com o meio envolvente, no sentido de estruturar uma resposta adequada à sua
integração na sociedade, de acordo com a problemática em causa e respeitando as
suas capacidades (Silva, 2007). Para Correia (1999) “obrigação da comunidade
proporcionar-lhes um programa público gratuito de educação adequado às suas
necessidades” (p.14).
A escola, segundo Silva (2007), deve ter conhecimento sobre seu papel na
sociedade. Para tal, deve organizar o seu projeto educativo adequando os currículos à
especificidade do seu contexto devendo adaptá-lo às características, interesses,
necessidades e experiências dos seus alunos, tendo em conta o meio envolvente e os
recursos disponíveis.
Neste contexto devemos considerar o modelo “bioecológico” de Bronfenbrenner
(1979) em que meio envolvente surge como um elemento no processo de
desenvolvimento da criança.
9
O Microssistema é o mais próximo do jovem. Situam-se aqui os contextos
como a família, a escola, o local de trabalho.
O Mesossistema está relacionado com as interações entre a família, a escola, o
grupo de amigos ou a vida social.
Por fim o Macrossistema integra os três anteriores sistemas e está ligado com
as crenças, ideologias, valores, estilos de vida inerentes a cada sociedade, numa
determinada época e inclui os aspetos legislativos e políticos mas igualmente as
representações que os diferentes agentes têm sobre o jovem.
10
• Os valores e os conceitos mostram a pertinência do trabalho que é feito, como
é elaborado e para que é realizado.
11
Por sua vez, Mazzotta, et al. (2011) defendem que a educação, a cultura e o
lazer constituem espaços estruturados com poder de mediação na consolidação da
inclusão social da pessoa com deficiência. Assim como de todo e qualquer sujeito social
implica participação ativa no grupo social pautada no respeito à diversidade individual e
à pluralidade cultural.
De acordo com Santos et al. (2016), a base da sociedade está na interação entre
os indivíduos, destacando as semelhanças e as diferenças. A diferenciação é a
possibilidade de emergência do sujeito humano e de sua singularidade. O princípio da
sociabilidade estabelece que cada indivíduo deve garantir ao outro valor sociáveis
(alegria, a liberdade, autonomia), compatíveis com o máximo de valores recebidos por
esse indivíduo.
12
Independentemente das condições de escolarização, alunos com NEE, assim como os
outros sem NEE, devem preparar-se para mundo do trabalho. Para tal são necessárias
atividades que contribuam para a superação dos preconceitos e a transformação das
relações tradicionalmente estabelecidas entre pessoas com ou sem deficiências
13
2. Teatro e Educação
Leontiev (2000) salienta três funções da arte relacionadas com a educação. São
elas a recreação, a socialização e o desenvolvimento pessoal.
14
Transpondo para a questão pedagógica, Reis (2003) dá ao teatro uma
importância considerável no que respeita à educação artística. A autora defende que
através do teatro os educadores proporcionam o desenvolvimento global do jovem.
15
É importante referir também que, através do teatro, a integração com as
comunidades escolares e não escolares é muito mais simplificada, bem com o
envolvimento parental:
As mesmas autoras afirmam que o teatro é uma das formas de arte que motiva
o jovem para novas aprendizagens, auxiliando-o no seu próprio crescimento, uma vez
que, ao interagir socialmente, os jovens estão em contato com outras formas de pensar
e de agir bem como com diferentes linguagens, tradições, costumes e emoções, o que
também contribui para o seu próprio desenvolvimento.
16
Muitas vezes os seres humanos transmitem, inconscientemente, uma
mensagem verbal distinta da mensagem corporal. O corpo comunica através das
expressões do rosto, dos olhares, dos gestos, posturas, tom e ritmo da voz (Schelles,
2008). Assim, torna-se importante interpretar a linguagem não-verbal nas relações e na
sociedade.
17
3. Teatro no âmbito da Educação Especial
O teatro, de uma forma geral e no que diz respeito aos jovens com NEE, oferece
oportunidades de aprendizagem e conhecimento. Para tal, a comunicação é muito
importante, pois, privilegia a utilização da linguagem, estimula a imaginação e o
pensamento crítico do jovem e, através deste processo, promove a sua integração social
(Muller & Godoy, 2014).
Penã (2012) defende ainda que, sendo o jogo a base fundamental do teatro,
promove o desenvolvimento integral do jovem a nível cognitivo, socio-afetivo e
psicomotor, permitindo a socialização e a interação com o meio.
18
Muller e Godoy (2014) mencionam que, através das atividades teatrais, o jovem
desenvolve com mais facilidade o lado intelectual:
19
No estudo de Mesquita (2005), em que o objetivo é realçar a importância do
papel do professor face a uma escola inclusiva, este conclui que os conhecimentos e as
competências que são requeridos aos professores estão relacionados com o ensino de
qualidade e com a capacidade de avaliar os alunos com NEE, como adaptar currículos
e utilizar a tecnologia e métodos de ensino individualizados, sempre com o objetivo de
responder às caraterísticas individuais dos alunos independentemente da problemática
que apresentam.
Reis (2003) defende que todo este investimento poderá ser usado pelo
professor/encenador para uma concretização dramatúrgica e cénica mais complexa,
como, por exemplo, uma história conhecida ou inventada, sempre com o objetivo do
desenvolvimento da linguagem verbal e não-verbal.
Guimarães (2012) evidencia através dos resultados das suas pesquisas que o
professor/encenador não deve categorizar a deficiência do jovem como uma forma de
limitação, mas conferir importância às restantes capacidades. Só assim abrirá caminhos
para entender as técnicas a utilizar, bem como as potencialidades a desenvolver.
20
Penã (2012), que estudou o teatro como estratégia didática proporcionada a
crianças com défice de atenção e hiperatividade, defende que o papel do
professor/encenador, enquanto conhecedor das técnicas de teatro, deve ser o de
orientador das práticas, com vista a desenvolver jogos dramáticos e/ou movimentos
corporais para beneficiar estes jovens com desordens emocionais e de conduta. O
mesmo autor defende que é um trabalho de equipa, que deve estar em sintonia com a
essência do teatro.
É ele que faz a distribuição das personagens, é ele que gere os espaços na sala
de aula e também as componentes do cenário. É este profissional que define os aspetos
de organização geral, incluindo a duração das sessões, bem como dirige os ensaios de
marcação e os ensaios de representação. Estimula a concordância entre todos os
envolvidos no processo de teatro. Porém, tem um papel essencial, a que a autora dá
grande relevância: motiva e promove no jovem o interesse pelo teatro.
21
II- Enquadramento Metodológico
1. Problemática e objetivos
Como vimos antes, os jovens com NEE raramente são ouvidos nos estudos que
sobre eles se debruçam, considerando-se (sobretudo no caso da deficiência mental)
que não têm capacidade para se expressar e ter opiniões (Santos et al., 2011). No
entanto, criar as condições para que se possam expressar e comunicar é fundamental
para o seu próprio desenvolvimento como seres autónomos e socialmente inseridos e
ainda para a consciencialização dos seus sentimentos, desejos e expetativas.
22
entre as pessoas e contextos, assim como formas de pensar, atitudes e perceções. Os
estudos qualitativos recorrem a formas de observação naturalista, a entrevistas e
descrições de vivências, ou seja a processos que conduzem á obtenção de dados de
tipo narrativo, nos quais o investigador se torna no principal instrumento de investigação
(Denzin & Lincoln, 1994).
Também Yin (2005) define o estudo de caso como "uma investigação empírica
que investiga um fenómeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,
especialmente quando as fronteiras entre o fenómeno e o contexto não são claramente
definidas” (p.32).
23
Assim, desenhámos um plano de recolha de dados correspondentes a um
estudo de caso, o qual inclui as seguintes técnicas de recolha e análise:
• Entrevistas ao professor/encenador
• Entrevista ao grupo de jovens
• Observações naturalistas das sessões de teatro
• Análise de conteúdo das entrevistas
• Confronto e Interpretação dos dados
Para pôr em prática a recolha de dados, foram feitos contactos com o professor
/encenador e com a instituição escolhida, no sentido de avaliar da sua disponibilidade
e, ao mesmo tempo, fornecer informações sobre o estudo e os seus possíveis
contributos.
1
De acordo com as regras vigentes na Instituição, por questões de confidencialidade não foi possível obter
mais dados para caraterização sociodemográfica dos jovens.
24
4. Técnicas de recolha e análise de dados
4.1 Entrevista
25
Para Quivy e Van Campenhoudt (1992) os principais benefícios da utilização da
entrevista passam pela quantidade de elementos de análise recolhidos bem como a
flexibilidade que permite recolher os testemunhos e interpretações dos interlocutores.
No caso dos jovens, optou-se por uma entrevista de grupo, por se considerar
que seria mais fácil para estes expressarem-se numa situação deste tipo do que numa
situação dialógica, dadas algumas dificuldades em termos de oralidade e interação.
A entrevista de grupo teve a duração de uma hora, ou seja, de uma sessão, e foi
feito o seu registo gravado. Foi usado o guião de entrevista que se encontra na (tabela
1). Também na entrevista com o professor/encenador, à semelhança da entrevista de
grupo, foi usado um guião de entrevista (tabela 2). Esta entrevista decorreu na sala de
teatro e teve a duração de uma hora e meia.
26
Blocos Objetivos Específicos Questões
A Legitimar a entrevista e Identificar o entrevistador;
Legitimação da motivar o entrevistador Informar e clarificar os objetivos da entrevista e
entrevista do trabalho a desenvolver;
Assegurar o anonimato e a confidencialidade das
informações prestadas na entrevista:
Pedir para gravar a entrevista.
27
Blocos Objetivos Específicos Questões
A Legitimar a entrevista e Identificar o entrevistador;
Legitimação da motivar o entrevistador Informar e clarificar os
entrevista objetivos da entrevista e do
trabalho a desenvolver;
Solicitar a colaboração do
professor.
Assegurar o anonimato e a
confidencialidade das
informações prestadas na
entrevista:
Pedir para gravar a
entrevista.
B Saber qual a importância
Relevância do teatro atribuída ao teatro no 1.Qual é a sua opinião em
para a comunicação desenvolvimento da relação ao teatro para a
verbal e não verbal. comunicação verbal e não formação pessoal de um
verbal dos jovens. jovem?
2.Como pode o teatro
contribuir para o
desenvolvimento da
comunicação verbal e não
verbal dos jovens?
C 1.Qual é a na sua perspetiva
Papel do teatro na Perceber qual o papel o papel do Teatro e o seu
resposta educacional atribuído ao teatro na contributo para o
de jovens com resposta educacional de desenvolvimento pessoal de
Necessidades jovens com Necessidades um jovem com NEE.
Educativas Especiais Educativas Especiais. 2.Por que razão o teatro foi
considerado no CRIT como
resposta educativa a jovens
com NEE?
3.O que há no teatro que leva
os profissionais de educação,
em geral, a recorrerem a esta
área como resposta
educativa, face às
necessidades ou problemas.
D Conhecer as características, 1.Quais as características do
motivações e necessidades grupo de uma maneira geral?
Caracterização do do grupo de jovens. 2.Quais são as motivações
Grupo destes jovens.
3.E as necessidades?
E Compreender o
Planeamento das planeamento das atividades 1.Quais as modalidades de
atividades de Teatro. de teatro tendo em conta as organização de grupo que
motivações e necessidades privilegia? Pares, individual,
do grupo e o pequenos grupos, grandes
desenvolvimento da grupos.
comunicação. 2.Com que intencionalidade
segue estas modalidades?
28
3.As sessões/ aulas têm a
mesma estrutura regular? Se
sim, como a descreve?
4.Em que aspeto se distingue
o planeamento de atividades
para jovens com PDI das que
eventualmente planeia para
jovens sem NEE?
5.Utiliza recursos/ materiais
específicos ou adaptados, ou
não há essa necessidade?
F Identificar eventuais 1. Encontra diferenças nos
Diferenciar o antes e mudanças a nível da jovens a nível da
o depois do teatro comunicação decorrentes comunicação, depois de
das atividades de Teatro. terem começado as aulas de
teatro?
2. Estão mais à vontade a
comunicar com as outras
pessoas na escola/ família/
na comunidade?
3. E perante um público?
Sentem-se bem?
29
Houve, assim, a necessidade de utilizar observações diretas no nosso estudo, para
perceber as dinâmicas de sala de aula e interações possíveis. No entanto, “toda a
observação em ciências humanas implica dificuldades e limitações devidas ao sujeito
observador, ao sujeito observado e às interações observador-observado” (Estrela, 1994,
p.128)
A observação naturalista define-se por quatro linhas muito gerais:
1. Não é uma observação seletiva - o observador procede a uma acumulação
de dados, pouco seletiva, mas passível de uma análise rigorosa.
2. Preocupa-se fundamentalmente, com “a precisão da situação”, isto é com a
apreensão de um comportamento ou de uma atitude inseridos na situação
em que se produziram, a fim de se reduzirem ao mínimo as dúvidas
referentes à sua interpretação.
3. Pretende-se estabelecer biografias compostas por um grande número de
unidades de comportamento, que se fundem umas nas outras.
4. A continuidade é um dos princípios de base que possibilita uma observação
correta: a seleção dos acontecimentos é algo de arbitrário, que se verifica
apenas no laboratório, pois o processo vital é caraterizado pela ininterrupção
(Estrela, 1994, p.46).
30
A análise de conteúdo é muito utilizada na investigação empírica em ciências
sociais e humanas porque “permite, quando incide sobre um material rico e penetrante,
satisfazer harmoniosamente as exigências de rigor metodológico e da profundidade
inventiva” (Quivy & Campenhoudt, 1992, p.225).
Os mesmos autores referem que também trata de forma organizada informações
e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e de complexidade.
Para Esteves (2005) esta técnica é utilizada para o tratamento da informação
recolhida previamente, e passa por várias etapas:
A primeira etapa é a constituição do corpus documental que se define pelo objeto
em análise.
31
III- . Apresentação e discussão dos resultados
Categorias Subcategorias
Perspetivas dos jovens Meio de expressão e comunicação
sobre Teatro Meio de transmissão de uma história
Forma de criação
Arte e exploração de sentimentos
Relação com o Teatro Fonte de satisfação
Preocupações com a comunicação
Mudanças pessoais Desenvolvimento da autoconfiança
através das aulas de Desenvolvimento da comunicação
teatro
Tabela 3 – Temas, categorias e subcategorias da análise da entrevista de grupo
32
Como referimos anteriormente, nesta análise, as categorias decorrem dos
blocos temáticos e objetivos do guião, tendo as subcategorias emergido do material em
análise. Em termos gerais, a leitura das subcategorias que surgem na tabela anterior
mostra a visão positiva que os jovens têm sobre o teatro e sobre as aulas de teatro.
Apresentamos em seguida os resultados da entrevista por categoria.
33
A primeira categoria agrupa os indicadores relativos às perspetivas dos jovens
sobre teatro e atividades teatrais, como se pode ver na tabela seguinte.
O teatro como transmissão de uma história surge também referido por um dos
jovens (A), que afirma, por exemplo:
Os jovens exaltaram o teatro como uma forma de arte que permite mostrar os
seus sentimentos, as angústias e incertezas próprias de jovens com esta idade e estas
caraterísticas. O teatro é um meio para exprimir esses sentimentos.
34
interpretação dos mesmos. Com efeito, para estes jovens as atividades teatrais parecem
constituir uma forma de liberdade, como um dos jovens afirma:
35
Entrevistadora: o que é que vocês gostam mais de fazer nas
aulas de teatro?
P: Tudo.
Eu: Tudo? E tudo é o quê?
F: O aquecimento…
Entrevistadora: O aquecimento…e mais?
F: O que o professor nos manda fazer, os exercícios com gestos.
Eu: Com gestos? Gostam de comunicar com gestos?
F: Sim…gestualmente?
Entrevistadora: Gostam? E aqui o A. também gosta?
A: Também gosto, Margarida.
P: Também gosto.”
“F: É quando o professor nos manda fazer alguma atividade.
Entrevistadora: Sim mas qual?
P: Qualquer coisa.
F: Dança.
Entrevistadora: Então gostam de tudo, gostam da dança…
P: Das massagens.
Professor: Do relaxamento.
Os jovens consideram a aulas de teatro como um ambiente descontraído, onde
eles se sentem confortáveis e relaxados, pois falam um pouco de tudo. Dos seus
interesses, das suas necessidades, das suas dúvidas.
A: Falamos de tudo.
P: Dos problemas
Mesmo sendo cansativas, os jovens reconhecem estas aulas como benéficas.
Parecem transmitir-lhes um sentimento agradável, que proporciona liberdade, como
referem os seguintes excertos da entrevista:
36
verbal é mais percetível e que devido às suas dificuldades verbais poderão não ser
compreendidos, preocupa-os. Têm a consciência de que a mensagem poderá não
passar, como o próximo diálogo mostra:
Os jovens dão muita importância à energia que é preciso para fazer teatro.
37
Como a tabela mostra, os jovens consideram que as aulas de teatro provocaram
neles mudanças pessoais, designadamente a nível do desenvolvimento da
autoconfiança e da comunicação.
38
Entrevistadora: R, tu gostavas muito de falar com as pessoas?
R: Sim.
Entrevistadora: Sim? Chegavas a um sítio e falavas com as
pessoas?
R: Não.
Entrevistadora. Na última vez falaste em palco?
R: Falei.
Entrevistadora: E isso foi uma coisa boa ou não?
R: Foi.
Entrevistadora: Então ultrapassaste essa parte. Foi difícil?
R: Sim.
Entrevistadora: Estavas sempre calada?
R: Sim.
Entrevistadora: Agora não. Na vossa peça fizeste isso muito
bem.
R: Sim.
Entrevistadora: Sentiste-te bem?
R: Sim.
Entrevistadora: Ajudou-te ou não?
R: Ajudou.
Também Muller e Godoy (2014) defendem que através das atividades de teatro
os jovens desenvolvem a expressividade, o relacionamento, a espontaneidade, a
imaginação, elementos indispensáveis para despertar aprendizagens significativas na
vida dos jovens, que ajudem a desenvolver a comunicação entre pares.
39
1.2. Resultados da entrevista ao professor
Categorias Subcategorias
Relevância do teatro para O teatro como meio de formação e aprendizagem
a comunicação e
O teatro como Meio de expressão e comunicação
desenvolvimento global
Papel do professor de teatro como facilitador da
comunicação
O jogo como meio de desenvolvimento e comunicação
Expetativas positivas sobre as capacidades dos jovens
O Teatro como resposta Mudanças necessárias para o desenvolvimento do
educacional. teatro com jovens com NEE nas escolas
Caraterísticas dos jovens do grupo
Estratégias de apoio face às dificuldades dos alunos
Relevância do trabalho em equipa
O teatro como meio de Teatro como meio de aceitação social dos jovens com
integração social NEE
Fatores de inclusão social e laboral
Tabela 7 – Categorias. Subcategorias e indicadores da análise da entrevista ao
professor/encenador.
40
Categoria Subcategoria Indicador UR/In
d
Relevância O teatro como O teatro como meio de formação pessoal 1
do teatro meio de Teatro como meio facilitador de 1
para a formação e aprendizagens.
comunica- aprendizagem Teatro como ferramenta importante no 1
ção e ensino especial.
desenvolvi- Teatro como meio de valorização pessoal. 1
mento O teatro como O teatro como forma de expressão de 2
global meio de emoções
expressão e O teatro como ajuda à comunicação de 1
comunicação jovens com NEE
As expressões artísticas como forma de 2
comunicação de jovens com NEE
Uso eficaz dos gestos e do corpo por 2
jovens sem linguagem oral
Liberdade de escolhas perante os 1
materiais.
Diferenças positivas a nível de 2
comunicação verbal.
Papel do Professor de Teatro como facilitador 2
professor de Necessidade de tempo para o professor 3
teatro como conhecer as capacidades dos jovens com
facilitador da ou sem NEE
comunicação Professor como um elemento do grupo e 4
facilitador do processo de comunicação
O jogo como Facilitador de ferramentas para melhor 1
meio de jogarem e comunicarem.
desenvolvimento O jogo como elemento de criatividade. 1
e comunicação A observação como meio de atingir os 1
objetivos do jogo.
Uso de jogos de improviso e leituras 1
coletivas para decorar texto.
Expetativas Confiança na capacidade de memorização 2
positivas sobre do texto.
as capacidades Conhecimento das capacidades de cada 1
dos jovens jovem.
Capacidade criativa dos jovens, apesar 1
das problemáticas
Possibilidade de comunicar com o público 1
apesar das dificuldades.
Miúdos com rótulo devido às suas 1
problemáticas.
Falta de tempo para conseguir melhores 1
resultados
Tabela 8 – Relevância do teatro para a comunicação e desenvolvimento global
41
No que se refere à relação do teatro como meio de formação e de aprendizagem,
o entrevistado explicita o contributo do teatro para a formação pessoal, considerando-o
um facilitador de aprendizagens e uma ferramenta importante em Educação Especial,
uma vez que promove a valorização pessoal dos jovens com necessidades educativas
especiais, como excerto o seguinte mostra:
Agora temos que perceber que muitos deles são pouco desenvolvidos
verbalmente mas usam a escrita, a música, a dança…para poderem
comunicar. Comunicam aquilo que precisam.
42
O jogo é referido pelo professor/encenador como um meio de desenvolvimento,
com o objetivo de proporcionar uma melhor comunicação. Segundo o inquirido, o jogo
de improviso e as leituras coletivas são elementos de criatividade e técnicas para
decorar textos. Para ele, é importante recorrer sempre à observação para analisar e
modificar comportamentos, como retrata o excerto seguinte:
Como eles decoram o texto? Epá…o que faço com eles é exatamente o
que faço no teatro.
O que às vezes nós não fazemos, porque também não temos, é darmos-
lhes tempo para esse processo aconteça. Se eu tivesse estes miúdos a
tempo inteiro conseguíamos muito mais.
43
A próxima categoria está relacionada com o teatro como resposta educacional.
Na tabela seguinte, apresentamos de seguida as subcategorias e os indicadores
relacionados com esta categoria:
44
Relevância do Importância dada à equipa 4
trabalho em multidisciplinar nomeadamente ao
equipa terapeuta da fala.
Importância do terapeuta ocupacional. 1
Tabela 9 – O Teatro como resposta educacional
O C.R.I.T. não faz nada a mais que muitas outras instituições fazem. E
já faziam há mais tempo.
E com isto fico muito feliz que haja outros profissionais de teatro que se
queiram associar ao nosso teatro, dando um bocadinho de cada um e
passarmos um bocadinho de conhecimento.
45
instituição? Que oportunidade a sociedade lhes dá? Que resposta tem?
Pois…esta é a imagem que nós temos por aqui.
46
Há uma coisa nas instituições muito boa que é o facto de nós
trabalharmos em equipa multidisciplinar. Eu embora não tenha aqui uma
hora com o terapeuta da fala há uma comunicação entre nós. Todos eles
vão ao terapeuta da fala. Eu mando um e-mail com e digo-lhe o que
quero que ele trabalhe com eles. A partir do texto escolhido. E depois
numa reunião de equipa a terapeuta faz-me um feed-back do seu
trabalho e ensina-me a trabalhar as dificuldades deles.
Eu tento sempre ver o teatro como uma forma que eles têm para se
exprimirem na sociedade. De ser aceites na sociedade. De eles próprios
se aceitarem. E de os outros verem as capacidades que eles têm.”
“ As necessidades deles, além de todas as necessidades comuns a nós,
é só serem aceites. É uma grande necessidade.
47
Esta aceitação dos jovens através do teatro implica a criação de parcerias com
outros grupos de teatro com as mesmas características, favorecendo o desenvolvimento
pessoal e social dos participantes nos projetos colaborativos. Mais uma vez, o
professor/encenador surge como um elemento facilitador. Facilitador da integração
social dos jovens, como refere:
E com isto fico muito feliz que haja outros profissionais de teatro que se
queiram associar ao nosso teatro, dando um bocadinho de cada um e
passarmos um bocadinho de conhecimento. As parcerias são muito
importantes para eles. Isto para mim é que faz sentido. Isto é que é
desenvolvimento social. Além do trabalho artístico, a forma como tu
consegues ser facilitador da integração social destas pessoas, é muito
gratificante.
Para tal, é importante ter estratégias individuais que promovam a sua aceitação
na sociedade, tendo sempre em conta as suas dificuldades e os obstáculos que podem
enfrentar:
Eles não são iguais e não há forma de lá chegar igual e depois isto da
sociedade inclusiva é muito forte e com um peso muito grande. E nós
como sociedade temos que contribuir para o seu sucesso. Nós temos de
criar uma sociedade inclusiva.
48
facilitador, criando as condições para os jovens se expressarem, comunicarem e
criarem, o que favorece a confiança em si próprios e perante os outros.
Para este estudo realizámos 7 observações (anexos F). Todas elas tiveram a
duração de uma sessão de teatro, que é de 50 minutos. Quase todas decorreram na
sala que a instituição disponibiliza para as aulas de teatro.
Não nos foi informado nem disponibilizado nenhum tipo de planificação e por
isso o fator surpresa predominou.
49
e da instituição. Em algumas sessões houve a necessidade de nos adaptarmos às
condições emocionais dos jovens e em todas tivemos que respeitar o seu tempo.
• Fases da sessão.
• Objetivos das sessões (inferidos)
• Organização do espaço e do material.
• Desempenho dos jovens.
Como podemos ver pelo quadro anterior, as sessões tiveram diferentes fases,
que decorriam do tipo de atividades desenvolvido e, provavelmente, dos objetivos para
cada sessão.
Por outro lado, devido às características do grupo, muitas vezes as sessões não
se iniciavam de maneira adequada, como o registo da sessão 4 evidência. Com efeito,
quando os jovens entravam perturbados na sala, demoravam algum tempo a acalmar e
provocavam uma grande instabilidade nas sessões.
50
que os jovens recordassem essa participação. O fornecimento de pistas para relembrar
essa peça deu origem à fase do desenvolvimento da atividade em que os jovens, com
a orientação do professor/ encenador iam relembrando a sua participação, através de
exercícios.
A sessão 2 foi realizada no palco de um teatro, pelo que registámos uma primeira
fase de organização e preparação e depois o ensaio propriamente dito. A maior parte
do tempo correspondeu ao ensaio para posterior apresentação. O seguinte excerto de
registo da observação ilustra esta situação:
Este movimento foi sempre acompanhado por vários técnicos que iam
dando as indicações.
Todos os técnicos faziam o mesmo que os jovens e interagiam com eles.
Mais uma paragem de alguns minutos para acertar as questões técnicas.
Começou de novo a música e os jovens retomaram o exercício.
Estavam todos a andar para o mesmo lado e houve mais uma paragem
para dividir o grupo em dois.
O professor do CRIT pediu a um grupo para andar para a esquerda e ao
outro para andar para a direita.
Todos andaram na direção indicada pelo técnico e correu muito bem pois
conseguiam desviar-se uns dos outros.
Houve outra paragem para explicar que, numa determinada parte da
música, todos os que conseguissem, se deviam deitar.
Uns mais depressa, outros mais devagar lá conseguiram deitar-se.
Mantiveram-se deitados mas uma parte do grupo começou a rir-se pelo
que foram chamados à atenção.
Mais uma paragem para acertar as luzes do palco.
Com estas paragens os jovens em palco começam a dispersar-se e
interagem com os colegas havendo momentos de brincadeira.
51
Repetiram várias vezes estes exercícios.
52
O professor meteu uma música calma e pediu para todos andarem pela
sala. E quando a música parasse todos deviam parar também. Fizeram
este exercício vários minutos até todos estarem coordenados.
O professor disse então: Verde, verde, verde, castanho, castanho,
castanho, amarelo, amarelo, amarelo e pediu a todos para repetir. Todos
repetiram.
Pediu para todos dissessem esta lengalenga quando a música parasse.
Por várias vezes fizeram este exercício e correu bem.
Depois o professor mudou a frase para “sabem o que eu quero?”
Todos repetiram esta frase quando a música parou. Neste exercício a
música já era com mais ritmo.
O professor pediu para terem atenção à entoação da interrogação.
Todos repetiram ao mesmo tempo a frase com a entoação.
O exercício demorou alguns minutos e as paragens foram muitas.
Agora quando parassem tinham que responde à pergunta “sabem o que
eu quero?”. E a resposta é “ Um carro amarelo. “
Fizeram este exercício pergunta resposta várias vezes todos juntos.
Tinham que imaginar que estavam em família. Que o pai estava a ler o
jornal, o filho a ouvir música e a mãe ao telefone a falar com uma vizinha.
Todos fizeram muito bem as suas personagens.
Depois o professor pediu para imaginarem que os pais saiam durante
uma noite e que o filho organizava uma festa com os amigos lá em casa.
Mas eram apanhados de surpresa pelos pais e a mãe ralhava com o
filho.
Todos os jovens do resto do grupo entraram no exercício a dançarem
pois eram os amigos do filho.
53
O professor salientou que conforme ficarem não se devem mexer.
54
S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7
Promover a Promover a Organizar a Criar Promover a Promover a Promover a
concentração concentração atividade. momentos concentração concentração concentração
de
relaxamento
Organizar a Organizar a Exprimir Organizar a Fornecer Organizar a Explorar o
atividade. atividade. fisicamente atividade. pistas da atividade. espaço e
atividade objetos
Refletir sobre Interagir com Promover a Controlar o Exprimir Desenvolver Explorar
a atividade. os pares concentração grupo verbalmente a atividade. sentidos
Explorar Repetir Repetir a Desenvolver Aperfeiçoar Exprimir Apelar à
objetos desempenhos atividade a atividade. desempenhos verbalmente imaginação e
criatividade.
Exprimir Aperfeiçoar Exprimir Interagir Apelar à Exprimir Repetir a
verbalmente desempenhos fisicamente com os imaginação fisicamente atividade
pares
Exprimir Avaliar o Exprimir Refletir Apelar à Exprimir em
fisicamente desempenho verbalmente sobre a criatividade linguagem
atividade não verbal
Interagir com Exprimir em Criar Repetir a Criar
os pares linguagem momentos atividade momentos de
não verbal de relaxamento
relaxamento
Explorar o Criar Exprimir
espaço. momentos de emoções
relaxamento
Tabela 12 - Objetivos das sessões (inferidos)
55
2.3. Organização do espaço e utilização de materiais
Sessões1
Cadeira espalhadas pela sala
Mesa com duas gavetas pertencendo ao cenário da peça.
Panos pretos nas janelas.
Mala com adereços
Equipamento de música
Sessões2
Mesa com duas gavetas pertencendo ao cenário da peça.
Equipamento de música
Sessões3
Equipamento de música
Sessões4
Cadeiras
Equipamento de música.
Sessões5
Equipamento de música
Espelho
Mola de roupa
Sessões6
Equipamento de música
Sessões7
Caixa de papelão
Equipamento de música
Balões de várias cores
Mesa com gavetas
Palhinhas
Tabela 13 – Organização do espaço e do material
56
Equipamentos de música há sempre na sala pois nas sessões os exercícios são
acompanhados com música. Mas, no decorrer das sessões, o professor recorria a
diversos materiais sempre que achava que podia adaptá-los a novos exercícios. Apenas
quando estava a ensaiar para uma apresentação (S1) é que recorreu aos adereços que
pertenciam ao cenário. Na última sessão observada (S7) o professor recorreu a material
utilizado noutras sessões.
57
Na primeira sessão, os jovens demonstraram que estavam esquecidos da peça
em que tinham participado com outro grupo de teatro, em situação anterior. Mesmo
perante o adereço principal da peça, os jovens tiveram dificuldades em recordá-la.
58
estar organizado para o início do ensaio. Nesses momentos de espera os jovens
acabavam por interagir com os elementos de outros grupos, como se sugere na tabela
seguinte. Foi visível a concentração e expetativa dos jovens em relação ao seu papel
no ensaio. Todos eles mostraram saber o seu papel na peça. No entanto, os momentos
de espera que referenciámos anteriormente deram origem também a situações de
descontração, Aproveitando para brincar, incitando a atitudes pouco aceitáveis.
59
Desempenho dos jovens.
Sessão 4
Desempenho desadequado dos jovens
Dificuldade em desenvolver a atividade.
Dificuldade de relacionamento.
Autoagressão por parte de um elemento do grupo
Destabilização do grupo
Tabela 17. Desempenho dos jovens na sessão 4
Com efeito, a autoagressão por parte de uma jovem originou de forma evidente
a destabilização do grupo. Neste sentido, parece possível afirmar que nesta sessão os
objetivos não foram atingidos.
60
Desempenho correto depois de serem alertados.
Coordenação e organização do grupo
Satisfação perante o sucesso.
Tabela 19. Desempenho dos jovens na sessão 6
61
A tabela seguinte mostra o total de indicadores das 7 sessões, organizados em
categorias.
63
voz, a separar silabicamente as palavras, a fazer pausas mais prolongadas, a respirar
adequadamente.
Por sua vez, Muller e Godoy (2014) mencionam que o teatro tem a capacidade
de interagir com a expressão corporal e o uso da palavra. Neste sentido, os exercícios
realizados nas sessões devem utilizar a linguagem verbal e corporal, a memorização, a
organização espacial onde seja exigido a interação entre pares.
A organização da sala e dos materiais não pareceu constituir uma prioridade do
professor, embora este tenha recorrido por vezes a adereços para levar os jovens a
evocar uma situação passada. Contudo, Guimarães (2014) destaca a importância dos
instrumentos teatrais na sala de aula e no trabalho com jovens com NEE. Refere que
são instrumentos concretos e têm a sua função na sala de aula e fazem parte integrante
da mesma. Devem ser adaptados às necessidades aos contextos e às problemáticas
dos jovens.
64
IV. Considerações Finais
Este estudo centra-se em três objetivos: i) saber qual o contributo do teatro para
o desenvolvimento da comunicação verbal e não verbal; ii) saber qual a contribuição do
teatro para a inclusão de jovens com Necessidades Educativas Especiais; e iii) conhecer
qual o papel do professor/encenador em todo o processo, tanto do desenvolvimento da
comunicação como da inclusão.
Temos presente que na comunicação nem tudo tem de ser verbalizado, o nosso
estudo mostra a necessidade da observação atenta por parte do professor/encenador
destes comportamentos na sala, de forma a permitir que os jovens possam reproduzir
exatamente as palavras, as atitudes e as expressões. Importa também dar enfoque às
linguagens que se pretende que os jovens adquiram, representando-as nas atividades
teatrais.
Nas sessões, observámos as atividades teatrais que têm como objetivo estimular
as aprendizagens e contribuir para a interação com elementos de outros grupos em
66
outros espaços. Pareceu-nos importante a existência de ambientes favoráveis a estas
aprendizagens onde as diferenças são respeitadas e se propõem situações em que os
jovens são estimulados a encontrar respostas, onde se trabalha a espontaneidade, a
criatividade, a criticidade sempre com o intuito de aquisição de novas aprendizagens.
O teatro é uma estratégia a que a comunidade deve dar relevo pois os jovens
sutilmente vão assimilando noções básicas de como se devem relacionar em grupo,
como esperar a hora de falar, respeitar a vez do outro, trabalhar em equipa, expressar-
se com objetividade e fluência, entre outros fatores primordiais para uma boa
comunicação verbal e não verbal.
Quanto ao terceiro objetivo, conhecer o papel do professor/encenador em todo o
processo do desenvolvimento da comunicação e da inclusão, ao longo das sessões
observadas, o professor/encenador surge como um mediador do conhecimento e das
atitudes pois, além de estimular o interesse do aluno e proporcionar novos saberes, gere
comportamentos perturbadores e situações disruptivas por parte de alguns jovens.
O professor/encenador é o responsável por coordenar, por organizar e por
orientar todo o processo de teatro na sala de aula. E é ele que motiva, que instala no
aluno o interesse. É ele que tem o poder de abrir portas aos jovens para outras
linguagens tanto verbais como não verbais É também ele que incentiva ao bom
ambiente entre todos os envolvidos, o espírito de partilha e fomenta o desejo de
comunicar.
O professor/ encenador tem consciência que trabalhar com jovens portadores de
NEE é uma tarefa que tem que ser empreendida por alguém que invista nessa área,
que a aprecie e que acredite no potencial da estratégia. Por outro lado, o
professor/encenador tem a perceção de que os jovens com NEE precisam de um maior
investimento em termos de tempo, uma vez que têm ritmos próprios que precisam de
ser respeitados, para que a sua autoestima não fique comprometida. Ou seja, o
professor/ encenador considera-se um facilitador de aprendizagens e é também um
orientador do processo de integração e de realização de aquisições. Na mesma
perspetiva, Guimarães (2014) refere que o professor/encenador deve estar sempre
atento e disponível para reformular as suas decisões, no sentido de otimizar o bem-
estar dos jovens.
Em termos de conclusão, o teatro é um meio que possibilita a interação pois
emprega a linguagem verbal e corporal, a memorização, a atenção e a organização
67
espacial o que proporciona a inclusão social dos jovens. Mencionando Muller e Godoy
(2014):
Esses fatores implicam a mobilização do aspeto cognitivo, afetivo, social
e motores do sujeito, pois o momento em que ele estiver seguro a quanto
a sua afetividade e estabelecer a partir da comunicação verbal e não
verbal, relações sociais, terá melhores possibilidades de avançar em seu
processo rumo ao desenvolvimento (p.5).
68
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69
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Climepsi Editores
72
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liderança nas organizações. Revista Esfera, 1 Disponível em:
Http://www.fsma.edu.br/esfera/Artigos/Artigo_Suraia.pdf. Acesso em: 9 de março de
2018.
73
ANEXOS
1
Anexo A – Entrevista de grupo aos jovens
15
Anexo B – Entrevista do professor/encenador
16
Mas tu utilizas o jogo? E através dele já vais conhecendo as capacidades deles,
as limitações…
Tu passas a conhecer as capacidades deles quando lhe dás tempo para conhecer essas
capacidades. Esse tempo está muito além dos processos…do conhecimento que existe
com eles. As capacidades de comunicação deles são como as tuas capacidades. Eu só
conheço as tuas capacidades se trabalhar um ano aqui contigo.
Pois exatamente…
Se te propuser jogos de comunicação, seja ela verbal ou não, ao longo de um ano
espero que me debites as tuas capacidades. E se calhar um dia ainda te vou ter de
perguntar o que é que tu gostas de fazer.
Olha este processo que tu viste aqui montado, passou por inúmeras coisas que eu agora
nem me lembro. Tu podes colocar aqui um papel cenário e pôr aqui as tintas e eles é
que escolhem o que vão pintar. Isto é arte…e não é teatro. É a arte um elemento
facilitador à comunicação e à aprendizagem. É a arte que permite, que tu como
professor, teres a capacidade de te anulares e entrares no jogo como um elemento.
Sim
Isto é que é facilitador do processo. É propores o jogo e propores jogar o jogo em grupo,
na condição de elemento normal. É assim que tu comunicas de todas as maneiras, ok?
E depois dás mais conhecimento que tens do jogo. E demos-lhes a eles ferramentas
para eles jogarem melhor. Este é o segredo.
O jogo? O jogo é a nossa criatividade. Olha o F…ainda não tem código. Está há pouco
tempo no grupo…
Mas ele é muito observador. Observa muito os colegas e tudo à volta.
Mas o meu jogo com o F é esse. O da observação. Trabalhar a observação.
Por exemplo o E, devido à problemática dele, já é o contrário. Eu é que vou observá-lo.
O que é que daqui ele consegue. O que é que ele consegue jogar…
Como eles decoram o texto?
Como eles decoram o texto? Epá…o que faço com eles é exatamente o que faço no
teatro. São leitura coletivas dentro da sala, são jogos associados ao que estamos a ler,
são improvisações com o que acabaste de ler. Exatamente as mesmas técnicas que
nós aprendemos a fazer. O processo é muito livre.
É uma cena que continuo a dizer. Os miúdos que chegam aqui trazem rótulos e nós
seguimos esses rótulos, mesmo sem querermos. Não memoriza, não comunica, não
tem capacidade para isto ou para aquilo, tem pouca criatividade, utiliza poucas
17
cores…vamos lá a ver uma coisa! O que às vezes nós não fazemos, porque também
não temos, é darmos-lhes tempo para esse processo aconteça. Se eu tivesse estes
miúdos a tempo inteiro conseguíamos muito mais.
Mas atenção, eu sou um facilitador. A mim o que me compete é que o processo chegue
a uma das partes e eu sou um observador daquele processo.
Fazer isto desassocia a parte do sucesso do projeto. Nós temos sempre a tentação de
quando estamos a fazer algo, estamos já a ver o resultado.
E há sempre coisas novas? Sempre novidades?
Desmonta-te dessa parte. Até chegar ao dia que o processo construtivo está feito e o
trabalho o que há para memorizar. Ou seja o texto. Isto é uma situação e uma relação
de confiança.
Imagina. Tu só debitas um texto quando te sente confiante. E objetivo principal é esse.
Teres confiança e gerares confiança.
É claro que há situações problemáticas. É claro que não posso pedir ao R R para me
debitar duas páginas A4 de texto. Pela sua incapacidade na fala, porque se fosse pela
memorização ele conseguia.
Mas cabe ao ensino especial trabalhar esta questão da comunicação. Se não consegue
duas páginas, consegue uma frase. Ele comunica com o público a ideia que está nesta
frase sabendo que ele tem uma dificuldade enorme de se tornar compreendido. É o
processo que me cabe a mim.
Como vais faze-lo?
Num texto grande ele vai entanto com pequenas palavras soltas.
Isto é um desafio trabalhar no ensino especial e o tempo que tens que dedicar, acabas
por arranjar técnicas. Tu podes ler muitos autores, podes ver muitos espetáculos mas
tens que ter uma formação constante e te ires adaptando às situações. É uma exigência
contínua, contigo próprio e conheces tão bem os teus alunos o que te permite
construíres processos com eles. Agora os processos são deles, o professor é o
facilitador. E é sempre através de uma relação…
Desde o início que começaste com o grupo e com as várias entradas de jovens,
qual é a tua perspetiva em relação ao contributo do teatro para o desenvolvimento
pessoal destes jovens? Há desenvolvimento?
Claro que há. Desenvolvimento pessoal, cognitivo, tudo…
Tudo? Como assim?
18
Tudo. Nós estamos a falar de miúdos em contexto de Centro de Atividades
Ocupacionais. Portanto, sabemos que estes miúdos, tal qual como todos nós, quanto
menos trabalharmos, vamos perdendo faculdades e competências.
Com certeza. Seja cognitivo, seja físico, seja o que for?
Seja o que for, não é? Portanto aqui o que acontece é exatamente isso. O A escreve
tudo sobre tudo o que o rodeia. Mas escreve de uma forma própria que te transmite uma
mensagem. Eu tenho textos do André que tenho mesmo que esmiuçar aquilo para
perceber a mensagem. Acabo por entender o que ele tem ali entre linhas porque
conheço a vida dele.
Estes 7 anos de grupo de teatro, também me transformaram como pessoa.
Há também um desenvolvimento pessoal em ti?
Claro. Tem que haver em todos os intervenientes. A comunicação está aí. Este código
de eu estar em cima de um palco e fazer um olhar e eles perceberem o que eu estou a
dizer. E eu perceber o que eles me estão a querer dizer e a sentir. Isto é muito
importante…é como noutra companhia de teatro qualquer.
Então João. Foi por causa destas razões todas, que o CRIT considera o teatro
como resposta educativa?
É assim o CRIT não faz nada a mais que muitas outras instituições fazem. E já faziam
há mais tempo.
Mas achas que se não existisses tu com a tua formação haveria teatro aqui no
CRIT?
Talvez não. Podia haver outro colega qualquer mas…
Mas havia? Ou seja sempre se pensou no teatro como resposta educativa? O que
mudou entretanto?
Poderia haver teatro. Mas não te posso responder a isso porque não sei. Nem nunca
pensei muito nisso. Posso dizer-te é que fiz um grande investimento pessoal na criação
deste grupo de teatro. É a minha área e como sempre houve aquele teatrozinho no
natal…
E achas que valeu a pena? O CRIT ganha com isso?
Ganham os miúdos…é o que interessa.
3. O que há no teatro que leva os profissionais de educação, em geral, a
recorrerem a esta área como resposta educativa, face às necessidades ou
problemas.
19
Porque é que achas que os professores recorrem ao teatro como resposta
educativa, assim de uma maneira geral. Tendo sempre em conta as necessidades
e problemáticas.
É assim, queres que eu te diga a verdade? Na festa de natal vão lá os pais e os meninos
fazem umas gracinhas. Na matemática e no português não há muitas gracinhas.
Mas também te vou dar uma resposta que é muito essa…os professores do primeiro
ciclo, tem uma formação muito alargada.
Sim e muito abrangente.
Sim. E de todos os professores do 1º ciclo que eu conheço, são pouco aqueles que não
gostam da área de teatro, das expressões. Portanto esses momentos de carnaval, de
natal, são onde os professores aproveitam para fugir ao programa e põem ali um
bocadinho deles.
Sim nós trabalhamos muito as expressões ao longo do curso.
Pronto…lá no português não se pode trabalhar todas as expressões. E eu acho que os
professores acabam também por se divertirem, nessa altura.
E tanto os professores como os alunos, aproveitam-se para se conhecerem noutro
contexto.
Mas é facilitador de aprendizagens?
É muito facilitador de aprendizagens. Eu defendo que o teatro, a expressão plástica, a
expressão musical, a dramática, deviam de ser obrigatórias até ao 9º ano.
Achas?
Eu acho e assino por baixo.
Não falando em nomes tenho autismos, tenho T21, tenho esquizofrenia, doença mental,
dificuldades intelectuais do desenvolvimento cognitivo.
3. E as necessidades?
Opá as necessidades deles, além de todas as necessidades comuns a nós, é só serem
aceites. É uma grande necessidade.
Com o teatro eles são aceites?
São.
Eles têm consciência disso? Tu tens a consciência disso? A Sociedade tem
consciência disso?
A sociedade é uma sociedade, por vezes da palavra “pena”. Eu tenho muita pena
daquele miúdo e daqueles pais porque não deve ser fácil ter um filho assim.
O que é importante é arranjarmos estratégias individuais para os nossos miúdos. É difícil
mas o ser aceite é a base de tudo.
Eles não são iguais e não há forma de lá chegar igual e depois isto da sociedade
inclusiva é muito forte e com um peso muito grande. E nós como sociedade temos que
contribuir para o seu sucesso. Nós temos de criar uma sociedade inclusiva.
E o teatro contribui para isso? Para uma sociedade inclusiva?
Claro. Tal qual tu tens faculdades para formar engenheiros, médicos, professores, tens
que ter centros de ensino especial que ajudam esta gente a ir para o mercado de
trabalho. A ser autónomos…ir onde for e fazerem-se respeitar. Tem que conseguir isso.
O teatro é a ferramenta mais importante que pode existir neste contexto do ensino
especial, para responder às necessidades e motivações de cada um.
21
1. Quais as modalidades de organização de grupo que privilegia? Pares,
individual, pequenos grupos, grandes grupos.
1.1. Com que intencionalidade segue estas modalidades?
Já vi que é em grupo…
Sim. Faço coisas individuais também.
E qual é a intencionalidade?
Depende da necessidade de cada um. Se estou em processo de criatividade de um
trabalho de texto, trabalho sempre em grupo, em coletivo. O processo de criação
também é coletivo.
Quando o processo de criação é encerrado eu tenho que criar espaços individuais.
Porquê?
Porque tenho que trabalhar individualmente com eles. Tenho dificuldades de
comunicação onde tenho que arranjar estratégias para que eles as possam ultrapassar.
Em grupo é mais difícil fazer este trabalho. E por vezes as coisas são mais exaustivas
o que pode levar o grupo de desistir.
E por isso os espaços individuais.
Por exemplo, no trabalho da comunicação verbal do P e do R R, tens alguma
técnica para os ajudares nesta questão?
Há uma coisa nas instituições muito boa que é o facto de nós trabalharmos em equipa
multidisciplinar. Eu embora não tenha aqui uma hora com o terapeuta da fala há uma
comunicação entre nós. Todos eles vão ao terapeuta da fala. Eu mando um e-mail com
e digo-lhe o que quero que ele trabalhe com eles. A partir do texto escolhido.
E depois numa reunião de equipa a terapeuta faz-me um feed-back do seu trabalho e
ensina-me a trabalhar as dificuldades deles.
Ou seja, há uma equipa multidisciplinar…e se tu quiseres um tal gesto em palco?
E a Carla não consegue?
Esse já é um trabalho do terapeuta ocupacional. Embora eu em contexto de jogo tente
procurar coisas neles, ao observar, algo que consigam fazer que permite ultrapassar
isso.
E depois conseguem fazer uma comunicação verbal associada à não verbal?
Sim, conseguem.
Por exemplo o P. Numa entrevista ou a falar com os colegas está livre de
despreocupações. Imprime um ritmo. A problemática dele associada ao ritmo
descontraído, ninguém o percebe.
22
Em contexto de teatro é diferente. Ele está a adaptar-se para se fazer entender e quer
que o entendam. Embora seja muito trapalhão. No teatro o que acontece é que já o
balizei. No apoio individual balizei-o. Eu fi-lo decorar uma cadência rítmica associada à
que a terapeuta fala faz com ele. Fi-lo memorizar a cadência rítmica que ele sabe e as
regras rítmicas. Ele sabe que ao fazer teatro não está a beber um café contigo. No
trabalho já há um trabalho feito.
Quando vai para deleitar o texto dele, ele sabe que tem que falar devagar, dar espaço
entre as palavras e todas estas coisas têm que ser treinada.
2. As sessões/ aulas têm a mesma estrutura regular? Se sim, como a descreve?
Não. Eu não trabalho nada com estrutura…nada, nada, nada. Nada mesmo.
Olha é assim. Não tenho estrutura nenhuma. Os miúdos chegam aqui e trazem os seus
processos individuais e eu tenho que tentar atingir os objetivos com eles. A estrutura é
só esta…atingir os objetivos. Os métodos? Variam dependendo de muitos situações e
da disponibilidade deles.
3. Em que aspeto se distingue o planeamento de atividades para jovens com PDI
das que eventualmente planeia para jovens sem PDI?
Não é exatamente igual. Eu não tenho qualquer planeamento. Se eu trabalhar lá fora ou
preparar uma peça de teatro com outros jovens as técnicas são as mesmas e o
improviso é o mesmo.
Eu trabalho muito com o improviso e com a criatividade individual. Sem isto não há
processo.
4. Utiliza recursos/ materiais específicos ou adaptados, ou não há essa
necessidade?
Olha os recursos são todos reciclados, tudo adaptado ao que o improviso manda.
Já parei ao pé de um caixote do lixo e apanhei material do melhor para os jogos daqui.
Então o ensino especial onde não há material e vai haver para o teatro no ensino
especial? Isso era muito à frente…
Isto tudo é adaptado. Até a música que fazemos…
1.Encontra diferenças nos jovens a nível da comunicação, depois de terem
começado as aulas de teatro?
Olha…claro que encontro. Encontro em tudo mas a nível da comunicação também.
Tinha miúdos aqui não comunicavam verbalmente. Agora já vão falando com todos. Só
tenho pena de não ter mais tempo
23
2.Estão mais à vontade a comunicar com as outras pessoas na escola/ família/ na
comunidade?
Sim sem dúvida…olha com a família não sei? Mas isso são outras “quinhentos”.
3. E perante um público. Sentem-se bem?
Adoram…eles são importantes perante um público. É a uma altura que eles têm para
mostrar o seu valor. O teatro proporciona isso…um público
24
Anexo C- Grelhas de análise das observações
1
1ª Observação
Estratégias e Descrição Inferências e Desempenho
atividades observações dos jovens
Evocação de peça O grupo foi informado pelo professor que no dia
teatral em que o a seguir iam a Abrantes ter com os colegas de Esquecimento
grupo tinha outras instituições ensaiar para a peça de teatro da peça em que
participado “A Gaveta”. tinham
anteriormente - O professor perguntou se eles se lembravam participado
da peça em que já tinham participado num outro como figurantes
festival.
- Os jovens responderam que não e o professor
começou a contar a história.
Iniciativa de
questionamento
ao professor
dentro do
contexto por
parte de P
3
Fornecimento de - A mesa continuou no meio da sala e os jovens
pistas para a foram incentivados a andar à volta dela. Desempenho
evocação da peça – - O professor pediu para ouvirem e sentirem a motor
recurso ao música. adequado à
movimento corporal - Todos eles andaram há à volta da mesa. A P teve alguma solicitação do
e acessórios - Depois foi-lhes pedido para moverem os dificuldade pois tem professor
braços. Para cima, para baixo, rodar. alguma dificuldade
- Todos eles fizeram corretamente. em andar devido à
- Ao mesmo tempo que movimentavam os sua paralisia.
braços tinham que dar uns saltinhos. Todos Desempenho
conseguiram mesmo a P com a ajuda do adequado do
professor. aluno com
- O professor elogiou a P pelo esforço. paralisia
- Continuaram todos a andar em volta da mesa, cerebral,
aos saltinhos a movimentar os braços. mediante apoio
- O professor pediu para se afastarem mais da do professor
mesa e explorarem mais a sala.
- Pediu para irem buscar acessórios que vissem
na sala.
- A P foi buscar um chapéu.
- A P foi buscar um bocado de tecido.
- O A foi buscar um tambor.
- O E continuava a dizer que queria ir para o
Brasil e parou de fazer o exercício. Desadequação
- Os restantes jovens não foram buscar nada. de E ao
Apenas usaram o seu corpo. contexto
- Depois foram convidados a deitarem-se no
chão. A P com as suas dificuldades deitou-se e
levantou-se bem e bateu palmas. Ficou contente por
- Depois e quando estavam mais calmos, o ter conseguido
professor perguntou aos do grupo que não se Contentamento
lembrava da peça se já se lembravam. de P por ter
Responderam que não. sucesso em
4
- O professor explicou que o papel do grupo do situações de
CRIT era somente este. Andar ao redor da movimentação
mesa fazendo estes exercícios.
- A P perguntou novamente se ninguém falava.
- O professor respondeu que não que era o
grupo do CRIA.
5
2ª Observação
Estratégias e Descrição Inferências e Desempenho
atividades observações dos jovens
Preparação e - Todos os jovens e adultos de todos os - Os participantes
organização do grupos juntaram-se organizadamente em cima estavam calmos e
ensaio. do palco. tranquilos.
- Faltava um jovem de cadeira de rodas que - Esperar e
devido à sua problemática foi necessário mais respeitar pelos
algum tempo de espera. colegas com
- Todos os jovens que estavam em cima do mais
palco, à espera, estavam calmos. dificuldades.
- Todos os técnicos dos outros grupos - Um dos
ajudaram. participantes estava
- Esclarecimento do - Já em cima do palco o jovem teve uma feliz e contagiou o
que estavam a fazer reação de felicidade que motivou uma grupo em geral.
todos juntos. gargalhada geral.
- Um dos técnicos falou para o grupo em geral
e explicou porque se tinham juntado outra vez.
Estavam a ensaiar para uma nova
apresentação para a comunidade de Abrantes.
7
- Houve outra paragem para explicar que - Momento de
numa determinada parte da música, todos os brincadeira entre os
que conseguissem, se deviam deitar. jovens.
- Uns mais depressa, outros mais devagar lá
conseguiram deitar-se.
- Mantiveram-se deitados mas uma parte do - Atitude pouco
grupo começou a rir-se pelo que foram aceitável por
chamados à atenção. parte dos
- Mais uma paragem para acertar as luzes do jovens.
palco.
- Com estas paragens os jovens em palco
começam a dispersar-se e interagem com os
colegas havendo momentos de brincadeira.
8
3ª Observação
Estratégias e Descrição Inferências e Desempenho dos
atividades observações jovens
Preparação para a - Os jovens foram colocados ao fundo da sala
realização do jogo da e informados que no exercício deviam usar o
estátua. corpo o mais que conseguissem. - Os jovens
- O professor voltou a referir que utilizassem o demonstraram
corpo e quando contasse até 3 para satisfação em fazer
avançarem. Deu o exemplo do que queria que posições diferentes
fizessem. com o corpo.
- Os jovens correram e pararam numa posição
que lhes apeteceu fazer. O professor explicou
que era o jogo da estátua. - Pequena distração
- Os jovens estavam concentrados na por parte dos
gravação e não estavam a ter a atenção jovens.
desejada pelo professor. O professor teve que - Agilidade e
pedir para eles esquecerem que alguém flexibilidade com o
estava a filmar. corpo,
- Foram para trás outra vez. O professor pediu independentemente
para eles pensarem no que o seu corpo pode das limitações de
fazer quando vem à frente. alguns.
- Adaptação do - Deu de novo o exemplo de uma posição. E
exercício. referiu que podem ir para o lado, para baixo,
mãos para cima, para baixo…qualquer
posição.
- Os jovens fazem de novo o exercício e
formam de novo outra posição. Correu melhor
depois do exemplo dado pelo professor. - O A. está a
- De novo o mesmo exercício mas sempre destacar-se e é
com posições diferentes da anterior. elogiado e fica
- O exercício foi alterado. Em vez de os jovens contente.
irem a correr vão a andar mas continuam a
parar numa posição inventada por eles.
9
- Todos os jovens estão a fazer bem o - O R. é chamado à
exercício mas o A. destaca-se com as suas atenção para que
posições engraçadas o que faz com que o use mais o corpo.
professor o elogie.
- Voltam para trás e o R. é chamado a atenção
pois está a usar pouco o corpo e imita os
colegas.
10
- Repetiram o exercício com novos sons e - O R. não estava a
novas posições. fazer sons.
- O R. foi chamado a atenção pois não estava
a fazer sons.
- Repetiram este exercício várias vezes.
14
4ª Observação
Estratégias e Descrição Inferências e Desempenho dos
atividades observações jovens
- Os jovens começaram por entrar na sala - Os jovens vinham O desempenho dos
Momento de aborrecidos uns com os outros. chateados uns com os jovens foi desadequado
relaxamento - O professor perguntou porque estavam chateados e outros. para o início de uma
alguns começaram a contar. sessão de teatro.
- O professor começou por dizer que aquelas aulas
não eram para estar chateados e começou por pedir
aos jovens para se sentarem.
- Distribuiu as cadeiras por toda a sala e mandou os
jovens sentar. Uma das jovens estava a chorar o que
fez com que as atenções estavam todas voltadas - Os intervenientes
para ela. não estavam
- O professor não deu importância conflito mas tentou motivados.
que os jovens relaxassem.
- Começou por pôr uma música calma durante uns 3
minutos. Tempo que durou a música.
- Os jovens estavam muitos calmos. A jovem que
estava a chorar também acalmou parando de chorar.
- Durante este tempo da música, o professor passou - Com a música, os
por todos os jovens e fez-lhe uma breve massagem. jovens acalmaram-se.
Primeiro no cabelo. Depois nos ombros passando
para os braços.
- O P riu-se mas quase todos pareceram gostar desta
breve massagem.
- Esta massagem durou alguns minutos.
- Depois de todos serem massajados pelo professor,
todos se levantaram e afastaram as cadeiras.
15
- Foram convidados pelo professor a andarem pela
Tentativa de sala cantar a mesma música que tocava. Os jovens em geral Dificuldade em
implementar um jogo - Todos o fizeram e fizeram bem, pois já conheciam a estavam inseguros em desempenhar a
de interação física letra da música. relação ao contato atividade.
para acalmar os - O professor pediu que quando ele batesse uma físico.
jovens. palma todos tinham que massajar o colega mais
próximo de si.
- À primeira palma percebeu-se que o número de
jovens era impar e a monitora do grupo entrou no
grupo.
- Estas massagens duraram alguns minutos pois o
professor teve com atenção para ver se todos faziam
e recebiam massagens.
- A música parou e os jovens sentaram-se. O
professor chamou a R e a P ao centro da sala. O nervosismo Dificuldade no
- Pós a música novamente e pediu às duas jovens apoderou-se da R. e relacionamento.
para se massajarem na cabeça, uma à outra ao P. o que as deixou
mesmo tempo. desconfortáveis.
- Durante a massagem as jovens riram um pouco.
- Depois de a música acabar as jovens foram sentar-
se normalmente.
16
5ª Observação
Estratégias e Descrição Inferências e Desempenho dos
atividades observações jovens
- Fornecimento de - O professor informou todos do grupo que neste - Concentração a
pistas sobre o exercício a concentração era o mais importante. ouvir as regras.
exercício e sobre - Referiu que era para trabalhar em grupo.
as regras do jogo. - Os jovens estavam em pé espalhados pela sala.
- O professor meteu uma música calma e pediu - Repetição do
para todos andarem pela sala. E quando a exercício até
música parasse todos deviam parar também. estarem todos
Fizeram este exercício vários minutos até todos coordenados.
estarem coordenados.
- O professor disse então: Verde, verde, verde,
castanho, castanho, castanho, amarelo, amarelo,
amarelo e pediu a todos para repetir. Todos
repetiram.
- Pediu para todos dissessem esta lengalenga
quando a música parasse.
- Por várias vezes fizeram este exercício e correu
bem.
- Depois o professor mudou a frase para “sabem
o que eu quero?” - Desempenho
- Todos repetiram esta frase quando a música correto neste
parou. Neste exercício a música já era com mais exercício.
ritmo. - Necessidade de
- O professor pediu para terem atenção à repetir várias vezes
entoação da interrogação. Todos repetiram ao o exercício.
mesmo tempo a frase com a entoação.
- O exercício demorou alguns minutos e as
paragens foram muitas.
17
- Agora quando parassem tinham que responde à
pergunta “sabem o que eu quero?”. E a resposta
é “ Um carro amarelo. “
- Fizeram este exercício pergunta resposta várias - Dificuldade em fazer
vezes todos juntos. a entoação da
interrogação.
18
- O professor mandou-a para frente do espelho - R. esqueceu-se da
para dizer a frase corretamente mas ela não quis frase.
ir.
- O professor chamou-a a tenção para ela pedir
ajuda quando não se lembra do que é para dizer.
- A R. estava envergonhada por não consegui
- Nova sugestão dizer a frase. O professor pediu ao A. para a
de jogo usando ajudar. - Adaptação correta
materiais da sala - Ao ouvido e muito baixinho o A disse a frase à ao exercício.
de aula. R. Ela conseguiu dizer e o A deu pulos de alegria.
- O professor felicitou a R e o A com um “muito - A R. sentiu-se
bem” o que os deixou muito contentes. envergonhada
- O professor de repente perguntou ao RR que depois de não
cor ele queria. Ele respondeu amarelo. Depois conseguir dizer a
perguntou ao A. e ele respondeu verde do frase.
Sporting. Perguntou à P e responde azul.
- Depois pôs uma mola da roupa da cor que eles
disseram nas camisolas deles. Ao mesmo tempo
- Novas pistas para disse que aquilo era a fingir que eram microfones.
fazer uma - Chamou o F e disse que ele era o cameraman.
continuidade do - Pediu aos restantes elementos do grupo para se
exercício anterior. sentarem e montou ali mesmo um estúdio de
televisão. O A era o entrevistador, a R e o RR os
entrevistados. O F era o cameraman.
- A P e o RR estavam sentados em frente ao A. e
havia uma coluna e um microfone verdadeiro
apontado para o A.
- O professor pediu a todos para imaginar que - F. escolhe o seu - Boa imaginação dos
estávamos num programa de televisão. Os papel no jogo. jovens na invenção
restantes do grupo eram a plateia. Tinham que do diálogo.
bater palmas quando fosse preciso.
- O entrevistador começou por fazer algumas
perguntas aos entrevistados mas o professor
19
pediu à P para se levantar e imaginar que queria
ir-se embora por estar farta de ali estar.
- Começou a entrevista entre a P. e o A.
imaginada por eles. O A perguntou:
“ Conta-me, conta-me as novidades que tens?
Por acaso vou-me embora. - O grupo imagina
Vais para onde? que estão num
Vou de férias para Angola. programa de
Vou deixar o meu namorado. televisão.
Fazes bem. Vais de carro?
Vou de avião.
Vais fazer teatro?
Sim. Vou fazer parceria com o João.
És fã de teatro?
Sim.
Vais fazer teatro?
Sim.” - Diálogo inventado
- O professor proibiu só os Sins ou os Nãos. O pelos jovens.
RR estava muito calado pelo que o professor
pediu para o entrevistador se dirigir a ele.
“ Vais passar férias?
“ Vou comprar uma gravata para o casamento do
meu irmão.
Gosta de ver televisão?
Gosto de ver televisão.
A televisão está cheia de bolor.”
- Toda a plateia se riu.
- O telemóvel do professor tocou. Ele pediu - Os jovens não
desculpa mas tina que atende pois era sobre o podiam dizer
espetáculo que o grupo vai fazer. palavras muito
- Os jovens ficaram no seu lugar à espera que o repetidas.
telefonema acabasse.
20
- Quando o telefonema acabou o professor desse - O grupo a assistir
iam fazer outro exercício. estava a divertir-se.
- O Filipe era o filho, a P a mãe e o A o pai.
21
6ª observação
Estratégias e Descrição Inferências e Desempenho dos
atividades observações jovens
- Fornecimento de - Os alunos estavam espalhados pela sala - Os jovens - Boa reação à
pistas para o início quando a música começou. começaram a música.
de um jogo. - Começaram a dançar instintivamente. dançar logo que a
- O professor disse que quando a música música começou.
parasse eles também deviam parar e deixarem-
se permanecer na mesma posição.
- O professor salientou que conforme ficarem
não se devem mexer.
22
- O professor continuou o jogo durante 1 minuto não estavam a
e os jovens continuavam descoordenados. trabalhar em grupo.
- O professor interrompeu e perguntou se eles
achavam que estavam a trabalhar em grupo. A
C respondeu que não.
- O jogo continuou e na paragem seguinte ainda
se notou alguma descoordenação. O que não
aconteceu nas paragens seguintes.
- Foi notório que os jovens autocorrigiram-se e
esperaram uns pelos outros.
- Fizeram o exercício durante 2 minutos e
sempre o fizeram bem, esperando uns pelos
outros para contar até 5.
- O professor referiu agora a terceira parte do
jogo. Tinham que contar até 5 de depois contar - Depois de várias
mas por ordem decrescente. tentativas os jovens
- Os jovens na primeira paragem da música conseguiram
estavam completamente descoordenados. coordenar-se entre
- O professor lembrou que era um jogo de grupo si.
e que era para dizer 1, 2,3,4,5,5,4,3,2,1. E - Foram
voltou a por a música. parabenizados.
- Na paragem seguinte já estavam mais - Dificuldades em
concentrados e disseram muito bem. O P pronunciar as
enganou-se na ordem decrescente mas não palavras e coordenar
prejudicou o grupo. os passos.
- O professor e a monitora deram os parabéns
ao grupo.
- Os jovens começaram a andar mas a música
ainda não estava tocar pelo que o professor
chamou a atenção. Alguns jovens riram-se.
- Os jovens repetiram o jogo e estiveram muito
bem. Nota-se que estão mais coordenados e
com atenção.
23
- A música é mais calma o que faz com que os
jovens andem mais devagar.
- O professor pediu para substituir os números
pela seguinte frase “Hoje o dia está muito
enfarruscado. “ - Surgimento de
- O professor repetiu. E depois repetiu com dificuldades perante
todos os jovens. palavras difíceis.
- Na primeira paragem os jovens apenas
enganaram-se na palavra “enfarruscado”. Mas - A. como prémio
estiveram coordenados. por estar com
- O professor pediu convicção. Mas os jovens atenção teve direito
enganaram-se na mesma palavra a escolhe a música.
“enfarruscado”
- Foi necessário repetir várias vezes a frase
para eles conseguirem dizer bem a palavra. O - F. escolheu da
professor utilizou a técnica da divisão silábica. música preferida.
- A dificuldade permaneceu.
- Com a música calma o professor pediu para os
jovens andarem rápido e quando a música parar
dizer a mesma frase.
- Só o A estava com atenção. O resta da turma - Os jovens usaram
não disse a frase. O professor chamou a a técnica da divisão
atenção da turma e como prémio deixou o A. silábica para
escolher a próxima música. pronunciarem
- O A. não disse a música que mais gostava e corretamente as
foi o F que pediu a sua preferida. palavras.
- Demorou algum tempo até encontrar a música
que o F escolheu.
- Os jovens seguiram o ritmo da música e na - Os Jovens
primeira paragem disseram a frase. Mais uma começaram a andar
vez se enganaram a dizer “enfarruscado”. em círculos e o
professor não
gostou.
24
- Na vez a seguir já disseram bem seguindo a
técnica da divisão silábica com a ajuda das
palmas.
- Agora sem palmas disseram muito bem. Ao
mesmo tempo que andavam cantavam a
música.
- O professor interrompeu e perguntou se ele (o
professor) gostava de círculos. O P respondeu
que não.
- Então o professor perguntou porque eles
andavam e circulo brincando que ele parecia um
domador de leões.
- Na próxima paragem já correu melhor. E mas
vezes seguintes também.
- A frase foi alterada conforme o que o professor
se ia lembrando. Mas sempre com palavras
difíceis.
Momento de - O professor sugeriu um momento de
relaxamento. relaxamento. - Os jovens - Boa aceitação do
- Sugeriu ouvir uma música de que gostam dançaram momento de
muito. juntamente com o relaxamento.
- Os jovens aceitaram e dançaram juntamente professor e a
com o professor e a monitora. monitora.
25
7ª observação
Estratégias e Descrição Inferências e Desempenho dos
atividades observações jovens
Evocação de um - O B. faz anos e o professor disse que ele ia
exercício já ser o ajudante. Mandou-o ir buscar uma caixa
realizado em que de papelão que estava no fundo da sala.
pintaram uma caixa. - Pediu ao jovem para explicar a razão de terem
pintado esta caixa. - O B. depois de
- Ele demorou um pouco a pensar e foi com a algumas pistas
ajuda dos colegar e professor que foi relatando lembrou-se do
o motivo da pintura da caixa. motivo de terem
- Pede muita opinião aos colegas. Tem receio pintado a caixa.
de errar no que diz.
- O Jovem diz que o que está pintado são - Trabalho de grupo
árvores, animais, o sol. para se lembrarem a
- Continua a pedir a opinião dos colegas. ração de terem
- O professor pede para pôr a caixa em cima da pintado a caixa.
mesa para ser mais fácil para ele.
Alteração das regras - Desiste de pôr música e espalha balões na - Mudança de regras
do jogo. sala. Depois pede aos jovens para os pôr dentro de jogo por falta de
da caixa. música.
- O A. fala sobre a sua experiência com balões - A. não se consegue
e diz que não gosta de mexer neles. Diz que concentrar.
não os gosta de ouvir rebentar. - A. fica nervoso pois
não gosta de balões.
27
- O A. começa a ficar nervoso e o professor
desiste do jogo com os balões e acalma o A.
- De seguida vai buscar a mesa com gavetas e
pões na sala vários objetos.
- O A. contínua nervoso com a presença dos
- Nova alteração das balões ao fundo da sala. O professor acalma-o
regras do jogo. novamente.
29
Anexo D - Análise de Conteúdo da entrevista de grupo
5
Professor: Acham? E agora vamos fazer de conta que não está aqui a Teatro como liberdade e
Margarida. Vocês acham que o mundo vos compreende? compreensão
A: Eu acho.
P: Eu acho que não.
Eu. E tu Rita. O mundo não te compreende, pois não?
A: É um mundo teatral.
Professor: Não. Nós não estamos a falar do mundo teatral. Nós estamos a falar
do mundo verdadeiro. Esse mundo verdadeiro compreende-te André?
A: Compreende.
Professor: Compreende?
A: Sim.
Eu: Sim? Tu sentes que as pessoas todas á tua volta, te compreendem?
A: Compreendem.
Eu: Compreendem? E a ti Filipe?
F: Não.
Eu: Porque é que achas que as pessoas não te compreendem? O que é que tu
achas que numa aula de teatro…ou seja, as aulas de teatro são umas aulas
que libertam ou não? Tu sentes-te uma pessoa livre quando entras esta porta
para dentro?
F: Sim.
33
Eu: Sentes? Tu sentes que aqui tu podes representar, ou podes fazer qualquer
coisa e que não há ninguém a julgar-te? Ou exigem que faças de outra
maneira?
F: Sim
Eu: e isso é uma forma de liberdade ou não?
F: É.
Eu: muito importante ou pouco importante?
F: Muito Importante.
Eu: O que é que tu sentes quando o mundo não te compreende? Dás-me um Explorar nos textos os próprios 3
exemplo? O mundo ou as pessoas que te rodeiam? O que é que sentes quando sentimentos
não és compreendido?
F: Não consigo dizer…
34
Eu: Quem te prende lá fora? O que te prende? O que é que tu sentes. És presa
por quê?
P: Sinto-me presa…
Eu: Ok. Está bem mas em que sentido? Define-nos o que é presa para ti?
P: Não sei explicar…
Eu: Uma coisa que te prende? Uma coisa que sentes presa? Tu és autónoma,
por exemplo? Ouvem-te? Quando tens necessidade que te oiçam, ouvem-te?
P: Sim…
Eu: E depois respeitam-te?
P: Respeitam…
Eu: Sim? Então o que é para ti não ter liberdade?
A: O teatro é uma arte. Teatro é uma arte. 1
Eu: Sim está bem mas o que é não ter liberdade? Teatro como meio de mostrar os 4
A: É ser prisioneiro. sentimentos
Eu: Ser prisioneiro pode ser de várias formas, não pode Patrícia?
P: Sim.
Eu: Sentes-te prisioneira de alguma forma?
P: Sim.
Eu: Diz-me uma. Podes dizer, o facto de estar a ser gravada não interessa
nada. Isto é para um trabalho…
P: Não sei…
Eu: Tu vai ao café quando queres?
P: Não.
Eu: Tu fazes coisas que gostavas de fazer sozinha?
P: Não.
Eu: Tu és bem tratada como pessoa?
P: Não.
A: É maltratado…
A: Quem está preso.
Professor: É uma forma de maltratar. É ou não é?
Todos: É.
35
Professor: O facto de nós termos problemas e sentimos… Teatro como meio de liberdade. 2
A: É sermos torturados…
Eu: De certa forma é…
Professor: O teatro é o sítio onde vocês estão permitidos de fazer aquilo que
vocês querem ou não?
P: Sim
Professor: Permite? E é isso que é a sensação de liberdade?
P: Sim.
Eu: Vocês quando estão em cima de um palco estão preocupados com aquilo Preocupação em representar bem. 2
que os outros pensam? Sobre vocês como pessoa? Ou com aquilo que os
outros vão pensar sobre o vosso trabalho?
A: Exatamente…
Professor: E há um espaço, que nós já conversamos sobre isso algumas vezes, Liberdade na construção e no palco. 1
que é o espaço do nosso palco. Que é livre ou não?
Todos: É livre…
Professor: É livre…e aí é que esta a razão da coisa.
Todos: É.
Eu: E é isso cada um de vocês sentem? Não é essa liberdade de palco? É ou
não é?
P: É.
Professor: a liberdade da construção é a liberdade do palco.
C-1 Eu: Bem, então já percebi que gostam de teatro, certo? Gosto pelo teatro. 1
P: Certo.
Eu: Gostam de ver outros teatros ou não têm essa liberdade de ir? Oportunidade de ver e participar em 1
Professor: O nosso grupo de teatro proporciona ir ver outros teatros. outras peças de teatro.
Eu: Vão ver outras peças de outros grupos de teatro?
Todos: Exatamente.
Eu: De outras instituições e de outros grupos?
Professor: Eles há 4 anos construíram uma peça com o Ricardo Bué e a Ana
Deus. Este grupo entrou numa peça com eles. Foi uma experiência de formação
muito boa. Foi ou não foi?
Todos: Foi. Pois foi…
36
P: Foi ”Atrás do olhar”.
Professor: Foi trabalhado através do olhar. O olhar é uma expressão ou não é? Teatro como meio de exprimir 1
Todos: É. sentimentos.
Eu: Eu consigo exprimir-me através do olhar?
Todos: Sim.
Eu: E vocês trabalham muito o olhar?
Todos: Sim.
2 Eu: o que é que vocês gostam mais de fazer nas aulas de teatro? Gosto pela parte prática das aulas. 1
P: Tudo.
Eu: Tudo? E tudo é o quê?
F: O aquecimento…
Eu: O aquecimento…e mais?
F: O que o professor nos manda faze, os exercícios com gestos.
Eu: Com gestos? Gostam de comunicar com gestos?
F: Sim…gestualmente?
Eu: Gostam? E aqui o André também gosta?
A: Também gosto, Margarida.
P: Também gosto.
Eu: Gostam de falar gestualmente mas também a falar? Gosto pela parte verbal das aulas 1
Todos: Sim. de teatro.
Eu: Acham importante comunicar das duas maneiras, com falas e com gesto? Importância da comunicação verbal 1
Todos: Sim. e não verbal.
Eu: Acham que as pessoas percebem-vos mais através de gestos ou através da Ideia de que a comunicação verbal 1
fala. é mais percetível.
F: Da fala.
Eu: E dos gestos não? As pessoas não vos percebem com os gestos?
F: Algumas não:
Eu: Algumas não? E acham que o problema é vosso ou deles? Por exemplo, eu Noção que a mensagem pode não 1
não percebo um gesto que tu faças. O problema é teu ou meu? ser passada corretamente.
F: Meu.
Eu: Teu?
F: Não…
37
Professor: Pode ser…
F: Posso estar a fazer mal.
Eu: Mas também pode ser meu.
Professor. Pode ser um problema de comunicação.
Eu: Pode ser sim um problema de comunicação. Não é só do emissor mas
também do recetor.
Todos: Sim.
Eu: Muito bem.
A: Falamos de tudo. A aula de teatro como ambiente 1
P: Dos problemas. descontraído.
Eu: Então e vocês falam com as outras pessoas, lá em casa ou na rua, sobre as Partilha com os outros sobre as 1
atividades de teatro ou as aulas de teatro? aulas de teatro.
P: Não.
F: Eu falo com a minha mãe.
Eu: E a tua mãe gosta?
F: Sim gosta.
Professor: Falas Patrícia?
Eu: A Patrícia não fala?
P: Não
Eu: E a mãe não pergunta?
P: A minha mãe não pergunta.
Eu: E o André lá em casa?
A: Eu falo com toda a gente.
Professor: Até fala na Internet…o André é assim.
Eu: Também é uma forma de comunicação!
Eu: Então quer dizer que se sentem bem aqui nas aulas de teatro? Sentimento agradável e livre. 1
Todos: Sim.
Eu: Sentem-se bem? Sentem-se livres?
Pa: Sim.
F: É quando o professor nos manda fazer alguma atividade. Dança e relaxamento entre as 1
Eu: Sim mas qual? atividades preferidas.
P: Qualquer coisa.
38
F: Dança.
Eu: Então gostam de tudo, gostam da dança…
P: Das massagens.
Professor: Do relaxamento.
Eu: Então e a representação em público. Já percebi que gostam? Gosto pela representação em 1
Todos: Sim. público.
F: Eu estou aqui há 2 meses. Nunca estive…
Eu: Gostam de mostrar o que fizeram nas aulas e gostam…
Professor: Qual foi o último teatro em que vocês participaram? Gosto pela cooperação com outros 1
P: Foi com o grupo da Meia Via. grupos de teatro.
A: E o da gaivota.
Professor: Esse foi com todos os colegas do distrito. Essa experiência foi muito
boa, não foi?
Todos: Muito boa.
Eu: Trabalhar com outras pessoas e aprender outras coisas é muito bom ou não? Noção da importância de colaborar 1
A: É muito excelente. com outros grupos.
P: Muito bom.
Eu: Fazer teatro é uma coisa fácil? Noção das dificuldades de fazer 1
A: Não. É preciso muita prática. teatro.
P: É preciso ter prática, ter energia, é preciso saber o texto, decorar o texto.
Eu: A energia é uma coisa importante para o teatro? Importância da energia para fazer 1
P: É. teatro.
A: Pois é?
Todos: É Importante.
A: Muita energia, muita importância e muita excelência.
Eu: E concentração?
A: Ao máximo.
P: Ao máximo.
Eu: Então nas aulas de teatro, às vezes estão muito cansados? Aulas cansativas mas que trazem 1
P: Um bocadinho. Mas depois a gente vai ao sítio. Só tem coisas boas? coisas boas.
Risos
Eu: Então há sessões de teatro que vocês sofrem um bocadinho? Exigência por parte do professor. 2
P: Sim muito. O professor ralha muito com a gente.
39
Eu: Mas é bom ele ralhar?
P: É.
Eu: E vocês percebem o que ele está a fazer isso para o vosso bem…para o
vosso sucesso.
P: Para o espetáculo correr bem.
P: O Paulo fala mas não se percebe o que diz.
Professor: Eu grito contigo?
P: Sim muito.
Professor: Tens medo de mim?
P: Não (Risos)
Professor: Patrícia, tens medo de mim?
P: Não. Às vezes choro.
D. P: Eu só estou há 3 anos mas estou melhor. Adaptação positiva às aulas de 2
A: Foi mais fácil teatro.
P: Eu estou…estou mais confiante. Sentimento de confiança. 3
A: Mais confiante.
A: Positiva…muito excelente.
Eu: E a R? Estás mais confiante?
R: Sim.
Eu: Eu cheguei aqui e vocês como estão habituados a público não Sucesso ao superar a timidez. 5
estranharam?
Professor: A R foi a pessoa que trabalhou mais isso.
R: Sim.
Eu: Vir eu ou mais 10 é igual?
P: É.
A: Sim temos. Saímos muito…muitas atividades.
A: Muito mais à vontade.
P: Sinto-me mais à vontade.
Eu: Mesmo lá fora? No café, no supermercado? Sentiram diferença?
P: Eu senti.
A: Eu senti as variedades.
41
2ª fase. Criação de subcategorias e categorias – entrevista de grupo
44
Anexo E – Análise de Conteúdo da entrevista ao professor/encenador
45
Claro. Nós também trabalhamos o que o corpo nos pode transmitir…e
olha que comunica muito.
E olha é preciso desmistificar aqui uma coisa…Eu não sou o professor Professor de Teatro como facilitador 2
do grupo.
Eu sou um facilitador. Eu sou um facilitador.
É a arte que permite, que tu como professor teres a capacidade de te
anulares e entrares no jogo como um elemento.
O resto é um processo deles. O resto continua a ser um processo Capacidade criativa dos jovens, apesar das 1
deles. Menos ou mais criatividade dependendo das características problemáticas
deles e associado à problemática de cada um. Mas está lá…a
criatividade está lá.
Tu passas a conhecer as capacidades deles quando lhe dás tempo para Necessidade de tempo para conhecer as 3
conhecer essas capacidades. Esse tempo está muito além dos capacidades dos jovens com ou sem NEE
processos…do conhecimento que existe com eles.
As capacidades de comunicação deles são como as tuas capacidades.
Eu só conheço as tuas capacidades se trabalhar um ano aqui contigo.
Se te propuser jogos de comunicação, seja ela verbal ou não, ao longo
de um ano espero que me debites as tuas capacidades. E se calhar um
dia ainda te vou ter de perguntar o que é que tu gostas de fazer.
Olha este processo que tu viste aqui montado, passou por inúmeras Liberdade de escolhas perante os materiais. 1
coisas que eu agora nem me lembro. Tu podes colocar aqui um papel
cenário e pôr aqui as tintas e eles é que escolhem o que vão pintar.
É a arte um elemento facilitador à comunicação e à aprendizagem. Arte como elemento facilitador à comunicação 1
e à aprendizagem.
É a arte que permite, que tu como professor, teres a capacidade de te Professor como um elemento do grupo e 2
anulares e entrares no jogo como um elemento. facilitador do processo de comunicação.
Isto é que é facilitador do processo. É propores o jogo e propores jogar
o jogo em grupo, na condição de elemento normal. É assim que tu
comunicas de todas as maneiras, ok?
E depois dás mais conhecimento que tens do jogo. E demos-lhes a eles Facilitador de ferramentas para melhor 1
ferramentas para eles jogarem melhor. Este é o segredo. jogarem e comunicarem.
46
O jogo? O jogo é a nossa criatividade. Olha o F…ainda não tem código. O jogo como elemento de criatividade. 1
Está há pouco tempo no grupo…
Mas o meu jogo com o F é esse. O da observação. Trabalhar a A observação com meio de atingir os 1
observação. objetivos do jogo.
Por exemplo o E, devido à problemática dele, já é o contrário. Eu é que
vou observá-lo. O que é que daqui ele consegue. O que é que ele
consegue jogar…
Como eles decoram o texto? Epá…o que faço com eles é exatamente Técnicas usadas no teatro para decorar texto 1
o que faço no teatro.
São leitura coletivas dentro da sala, são jogos associados ao que Uso de jogos de improviso e leituras coletivas 2
estamos a ler, são improvisações com o que acabaste de ler para decorar texto.
Exatamente as mesmas técnicas que nós aprendemos a fazer. O
processo é muito livre.
É uma cena que continuo a dizer. Os miúdos que chegam aqui trazem Miúdos com rótulos devido às suas 2
rótulos e nós seguimos esses rótulos, mesmo sem querermos problemáticas.
Não memoriza, não comunica, não tem capacidade para isto ou para
aquilo, tem pouca criatividade, utiliza poucas cores…
O que às vezes nós não fazemos, porque também não temos, é darmos- Falta de tempo para conseguir melhores 1
lhes tempo para esse processo aconteça. Se eu tivesse estes miúdos a resultados.
tempo inteiro conseguíamos muito mais.
Mas atenção, eu sou um facilitador. A mim o que me compete é que o Professor como facilitador e observador. 2
processo chegue a uma das partes e eu sou um observador daquele
processo.
Desmonta-te dessa parte. Até chegar ao dia que o processo construtivo Confiança na capacidade de memorização do 2
está feito e o trabalho o que há para memorizar. Ou seja o texto. Isto é texto.
uma situação e uma relação de confiança.
47
Imagina. Tu só debitas um texto quando te sente confiante. E objetivo
principal é esse. Teres confiança e gerares confiança
É claro que há situações problemáticas. É claro que não posso pedir ao Conhecimento das capacidades de cada 1
R R para me debitar duas páginas A4 de texto. Pela sua incapacidade jovem.
na fala, porque se fosse pela memorização ele conseguia.
Mas cabe ao ensino especial trabalhar esta questão da comunicação. Adaptação do texto às capacidades de cada 1
Se não consegue duas páginas, consegue uma frase jovem.
Ele comunica com o público a ideia que está nesta frase, sabendo que Possibilidade de comunicar com o público 1
ele tem uma dificuldade enorme de se tornar compreendido. É o apesar das dificuldades.
processo que me cabe a mim.
Num texto grande ele vai entanto com pequenas palavras soltas. Pesquisa de técnicas para memorizar um 1
Isto é um desafio trabalhar no ensino especial e o tempo que tens que texto.
dedicar, acabas por arranjar técnicas.
Tu podes ler muitos autores, podes ver muitos espetáculos mas tens Necessidade de adaptação constante às 1
que ter uma formação constante e te ires adaptando às situações. situações.
É uma exigência contínua, contigo próprio e conheces tão bem os teus Construção de processos sendo o professor, 2
alunos o que te permite construíres processos com eles. um facilitador.
Agora os processos são deles, o professor é o facilitador. E é sempre
através de uma relação…
C- É assim o CRIT não faz nada a mais que muitas outras instituições Abertura das instituições para as atividades 1
fazem. E já faziam há mais tempo. relacionadas com o teatro.
Talvez não. Podia haver outro colega qualquer mas… Existência de professores de teatro 2
interessados em Ensino Especial.
Poderia haver teatro. Mas não te posso responder a isso porque não
sei. Nem nunca pensei muito nisso.
Posso dizer-te é que fiz um grande investimento pessoal na criação Grande investimento pessoal por parte do 1
deste grupo de teatro. É a minha área e como sempre houve aquele professor.
teatrinho no natal…
48
É assim, queres que eu te diga a verdade? Na festa de natal vão lá os O teatro associado a atividades mais lúdicas. 1
pais e os meninos fazem umas gracinhas. Na matemática e no
português não há muitas gracinhas.
50
Depende da necessidade de cada um. Se estou em processo de Trabalho de grupo ou individual dependendo
criatividade de um trabalho de texto, trabalho sempre em grupo, em do processo de criação.
coletivo. O processo de criação também é coletivo.
Quando o processo de criação é encerrado eu tenho que criar espaços
individuais
Porque tenho que trabalhar individualmente com eles. Tenho Importância dada ao trabalho individualizado. 3
dificuldades de comunicação onde tenho que arranjar estratégias para
que eles as possam ultrapassar.
Em grupo é mais difícil fazer este trabalho. E por vezes as coisas são
mais exaustivas o que pode levar o grupo de desistir.
E por isso os espaços individuais.
Há uma coisa nas instituições muito boa que é o facto de nós Importância dada à equipa multidisciplinar 4
trabalharmos em equipa multidisciplinar. nomeadamente ao terapeuta da fala.
Eu embora não tenha aqui uma hora com o terapeuta da fala há uma
comunicação entre nós.
Todos eles vão ao terapeuta da fala. Eu mando um e-mail com e digo-
lhe o que quero que ele trabalhe com eles. A partir do texto escolhido.
E depois numa reunião de equipa a terapeuta faz-me um feed-back do
seu trabalho e ensina-me a trabalhar as dificuldades deles.
Esse já é um trabalho do terapeuta ocupacional. Embora eu em contexto Importância do terapeuta ocupacional. 1
de jogo tente procurar coisas neles, ao observar, algo que consigam
fazer que permite ultrapassar isso.
Sim, conseguem. Ritmo descontraído em momentos 1
Por exemplo o P. Numa entrevista ou a falar com os colegas está livre descontraídos.
de despreocupações. Imprime um ritmo. A problemática dele associada
ao ritmo descontraído, ninguém o percebe.
Em contexto de teatro é diferente. Ele está a adaptar-se para se fazer Importância de se fazer entender 1
entender e quer que o entendam. Embora seja muito trapalhão. verbalmente.
No teatro o que acontece é que já o balizei. No apoio individual balizei- Trabalho individual para memorizar e 3
o. Eu fi-lo decorar uma cadência rítmica associada à que a terapeuta verbalizar um texto.
fala faz com ele
51
Fi-lo memorizar a cadência rítmica que ele sabe e as regras rítmicas.
Ele sabe que ao fazer teatro não está a beber um café contigo. No
trabalho já há um trabalho feito.
Quando vai para deleitar o texto dele, ele sabe que tem que falar
devagar, dar espaço entre as palavras e todas estas coisas têm que ser
treinada.
Não. Eu não trabalho nada com estrutura…nada, nada, nada. Nada Ausência de uma estrutura de aula. 1
mesmo.
Olha é assim. Não tenho estrutura nenhuma.
Os miúdos chegam aqui e trazem os seus processos individuais e eu Atingir os objetivos variando os métodos. 2
tenho que tentar atingir os objetivos com eles.
A estrutura é só esta…atingir os objetivos. Os métodos? Variam
dependendo de muitos situações e da disponibilidade deles.
Não é exatamente igual. Eu não tenho qualquer planeamento. Se eu Trabalho de improviso e técnicas iguais. 2
trabalhar lá fora ou preparar uma peça de teatro com outros jovens as
técnicas são as mesmas e o improviso é o mesmo.
Eu trabalho muito com o improviso e com a criatividade individual. Sem
isto não há processo.
Olha os recursos são todos reciclados, tudo adaptado ao que o Recursos reciclados e adaptados. 2
improviso manda. Já parei ao pé de um caixote do lixo e apanhei
material do melhor para os jogos daqui.
Então o ensino especial onde não há material e vai haver para o teatro
no ensino especial? Isso era muito à frente…
Isto tudo é adaptado. Até a música que fazemos…
Olha…claro que encontro. Encontro em tudo mas a nível da Diferenças positivas a nível de comunicação 2
comunicação também. Tinha miúdos aqui não comunicavam verbal.
verbalmente. Agora já vão falando com todos. Só tenho pena de não ter
mais tempo…
Sim sem dúvida…olha com a família não sei? Mas isso são outras
“quinhentos”.
52
Adoram…eles são importantes perante um público. É a uma altura que Teatro como meio de valorização pessoal. 1
eles têm para mostrar o seu valor. O teatro proporciona isso…um
público.
53
O jogo como meio de Facilitador de ferramentas para melhor jogarem e 1
desenvolvimento e comunicação comunicarem.
O jogo como elemento de criatividade. 1
A observação como meio de atingir os objetivos do 1
jogo.
Uso de jogos de improviso e leituras coletivas para 1
decorar texto.
Expetativas positivas sobre as Confiança na capacidade de memorização do texto. 2
capacidades dos jovens Conhecimento das capacidades de cada jovem. 1
Capacidade criativa dos jovens, apesar das 1
problemáticas
Possibilidade de comunicar com o público apesar 1
das dificuldades.
Miúdos com rótulo devido às suas problemáticas. 1
Falta de tempo para conseguir melhores resultados 1
O Teatro como resposta Mudanças necessárias para o Abertura das instituições para as atividades 1
educacional. desenvolvimento do teatro com relacionadas com o teatro.
jovens com NEE nas escolas Existência de professores de teatro interessados em 2
Ensino Especial.
Grande investimento pessoal por parte do professor. 1
O teatro associado a atividades mais lúdicas. 1
Necessidade de professores do 1º ciclo mais
preparados para recorrerem às atividades de teatro. 4
Defesa do teatro e das expressões obrigatórias até 2
ao 9º ano.
Teatro como ferramenta importante no ensino 1
especial.
Caraterísticas dos jovens do grupo Várias problemáticas no grupo de teatro. 1
Pessoas socialmente diminuídas. 1
Carentes de oportunidades sociais. 2
Adaptação do texto às capacidades de cada jovem. 1
54
Estratégias de apoio face às Recurso a Técnicas usadas no teatro para decorar 1
dificuldades dos alunos texto.
Pesquisa de técnicas para memorizar um texto. 1
Necessidade de adaptação constante às situações. 1
Construção de processos sendo o professor, um 2
facilitador.
Trabalho de grupo ou individual dependendo do 3
processo de criação.
Importância dada ao trabalho individualizado. 3
Ritmo descontraído em momentos descontraídos. 1
Importância de se fazer entender verbalmente. 1
Trabalho individual para memorizar e verbalizar um 3
texto.
Ausência de uma estrutura de aula. 1
Atingir os objetivos variando os métodos. 2
Trabalho de improviso e técnicas iguais. 2
Recursos reciclados e adaptados. 2
Relevância do trabalho em equipa Importância dada à equipa multidisciplinar 4
nomeadamente ao terapeuta da fala.
Importância do terapeuta ocupacional. 1
O teatro como meio de Teatro como meio de aceitação Teatro como forma de expressão na sociedade. 1
integração social social dos jovens com NEE O teatro como forma de aceitação na sociedade. 1
Parcerias e trocas de experiencias através do teatro 2
como meio de desenvolvimento social e pessoal.
Professor de teatro como facilitador da integração 1
social.
Necessidade de serem aceites. 1
Possibilidade de os jovens serem socialmente 2
aceites através do teatro Com o teatro são aceites
na sociedade.
Fatores de inclusão social e laboral Importância de arranjar estratégias individuais para 1
ser aceite socialmente, apesar das dificuldades.
55
Importância da comunidade para o sucesso da 2
inclusão escolar e social
Importância dos centros de ensinos especial na 2
integração do mercado de trabalho e na autonomia.
56
Anexo F-Transcrição das Observações
1ª Observação
30 de março de 2017
- O grupo foi informado pelo professor que no dia a seguir iam a Abrantes ter com os
colegas de outras instituições ensaiar para a peça de teatro “A Gaveta”.
- Os jovens sentaram-se numas cadeiras que existem na sala enquanto o professor foi
buscar uma mesa com duas gavetas.
- Pós a mesa no meio da sala e escureceu a sala com panos pretos nas janelas.
- Ligou a música
- Pediu aos jovens para olharem para a mesa durante um minuto e pensarem numa
palavra.
- O P não se percebeu
- O professor respondeu que não. Só tinham participado como figurantes. Que falava
eram os colegas do CRIA de Abrantes.
- A mesa continuou no meio da sala e os jovens foram incentivados a andar à volta dela.
- Todos eles andaram há volta da mesa. A P teve alguma dificuldade pois tem alguma
dificuldade em andar devido à sua paralisia.
- Depois foi-lhes pedido para moverem os braços. Para cima, para baixo, rodar.
- Ao mesmo tempo que movimentavam os braços tinham que dar uns saltinhos. Todos
conseguiram mesmo a P com a ajuda do professor.
- Os restantes jovens não foram buscar nada. Apenas usaram o seu corpo.
2
- Depois e quando estavam mais calmos, o professor perguntou ao grupo que não se
lembrava da peça se já se lembravam. Responderam que não.
- O professor explicou que o papel do grupo do CRIT era somente este. Andar ao redor
da mesa fazendo estes exercícios.
3
2ª Observação
3 de abril de 2017
- Faltava um jovem de cadeira de rodas que devido à sua problemática foi necessário
mais algum tempo de espera.
- Já em cima do palco o jovem teve uma reação de felicidade que motivou uma
gargalhada geral.
- Um dos técnicos falou para o grupo em geral e explicou porque se tinham juntado outra
vez. Estavam a ensaiar para uma nova apresentação para a comunidade de Abrantes.
- Todos os jovens em cima do palco pareciam saber o que tinham que fazer.
- Estavam todos espalhados e foi notório que todos interagiam entre si mesmo não
sendo da mesma instituição.
- Os jovens começaram a distrair-se pelo que foram várias vezes chamados à atenção.
- Esta paragem foi de mais alguns minutos e a impaciência dos jovens foi visível. Pelo
que tiveram que ser chamados de novo à atenção.
- Este movimento foi sempre acompanhado por vários técnicos que iam dando as
indicações.
- Estavam todos a andar para o mesmo lado e houve mais uma paragem para dividir o
grupo em dois.
4
- O professor do CRIT pediu a um grupo para andar para a esquerda e ao outro para
andar para a direita.
- Todos andaram na direção indicada pelo técnico e correu muito bem pois conseguiam-
se desviar uns dos outros.
- Houve outra paragem para explicar que numa determinada parte da música, todos os
que conseguissem, se deviam deitar.
- Mantiveram-se deitados mas uma parte do grupo começou a rir-se pelo que foram
chamados à atenção.
5
3ª Observação
7 de Abril de 2017
A aula está agendada para as 11 da manhã mas devido a alguns imprevistos a aula
apenas começou às 11.30
- O professor voltou a referir que utilizassem o corpo e quando contasse até 3 para
avançarem. Deu o exemplo do que queria que fizessem.
- Os jovens correram e pararam numa posição que lhes apeteceu fazer. O professor
explicou que era o jogo da estátua.
- Foram para trás outra vez. O professor pediu para eles pensarem no que o seu corpo
pode fazer quando vem à frente.
- Deu de novo o exemplo de uma posição. E referiu que podem ir para o lado, para
baixo, mãos para cima, para baixo…qualquer posição.
- Os jovens fazem de novo o exercício e formam de novo outra posição. Correu melhor
depois do exemplo dado pelo professor.
- O exercício foi alterado. Em vez de os jovens irem a correr vão a andar mas continuam
a parar numa posição inventada por eles.
- Todos os jovens estão a fazer bem o exercício mas o A destaca-se com as suas
posições engraçadas o que faz com que o professor o elogie.
- Voltam para trás e o R é chamado a atenção pois está a usar pouco o corpo e imita os
colegas.
- O exercício é igual mas agora os jovens ao caminhar têm que fazer barulho com uma
das partes do corpo. Quase todos usam os pés ao baterem com eles no chão.
- O A ao parar deixou-se cair, formando uma posição fora do comum o que mereceu
elogios de todo o grupo e professor.
- O professor aproveitou o som que faziam com o corpo para o trabalhar de outras
maneiras e com outras partes do corpo. Explorou todos os sons que o corpo pode
permitir.
6
- O próximo exercício o som é feito com a boca.
- O professor realçou que as posições que estavam a fazer eram posições artísticas.
- O exercício mudou um pouco. Os jovens quando vão à frente vão a andar de formas
diferentes. A Saltar, a correr, ao pé cochinho, a rodar, de gatas. Fazem sempre o som.
Agora mais com a boca e param numa posição artística.
- Depois de fazerem este exercício várias vezes , o professor sugere que o A venha à
frente fazer o seu exercício e que os colegas o imitem.
- Todos ao mesmo tempo vieram à frente a bater os pés no chão e a verbalizar a palavra
sabão como primeiramente tinha feito o A.
- O Professor pediu para que a palavra Sabão saísse ao mesmo tempo que o bater dos
pé no chão. E Todos ao mesmo tempo.
- A primeira vez não correu bem e o professor pediu para se ouvirem uns aos outros e
se concentrassem.
- Voltou a não correr bem. O professor pediu para retirar o bater dos pés.
- Repetiram o exercício mas voltou a não correr bem. Os jovens não conseguiram andar
e dizer a palavra Sabão ao mesmo tempo. Ou seja, todos do grupo ao mesmo tempo.
- Repetiram o exercício e foi-lhes sugerido para se ouvirem uns aos outros. Pararam a
meio pois não estavam coordenados ao dizerem a palavra.
- Repetiram a o exercício mas agora com a ajuda dos azulejos do chão. De dois em dois
azulejos tem que dizer a palavra Sabão. Foi a estratégia utilizada para se poderem
coordenara o verbalizar a palavra.
- No próxima etapa do exercício cada um fez sozinho mas quem começou foi o A. O A
teve que repetir pois o professor pediu para ela não olhar para os pés.
7
- A seguir foi a R e fez bem.
- A seguir foi o R e fez bem mas a verbalização da palavra Sabão não foi percetível o
que motivou uma gargalhada geral.
- A seguir foi o P que embora tenha muita dificuldade em falar, disse a palavra Sabão
muito bem.
- O A fez bem.
- A P fez bem.
- A R fez bem.
- O P também pronunciou mal a palavra mas porque estava com falta de atenção e por
isso foi chamado à atenção pelo professor.
- Repetiram o exercício pela mesma ordem. Foi notória a falta de concentração dos
jovens o que fez com que houvesse um momento de riso.
- O A fez bem.
- A P fez bem.
- O R pronunciou mal a expressão o que nos levou a perceber outra palavra o que foi
motivo de risada geral.
- O professor percebeu e deu a entender que já não havia condições para trabalhar mais
pois a falta de concentração era geral no grupo.
8
- Trabalharam os braços, o pescoço, as pernas.
9
4ª Observação
12 de abril de 2017
- O professor começou por dizer que aquelas aulas não eram para estar chateados e
começou por pedir aos jovens para se sentarem.
- Distribuiu as cadeiras por toda a sala e mandou os jovens sentar. Uma das jovens
estava a chorar o que fez com que as atenções estavam todas voltadas para ela.
- O professor não deu importância conflito mas tentou que os jovens relaxassem.
- Começou por pôr uma música calma durante uns 3 minutos. Tempo que durou a
música.
- Os jovens estavam muitos calmos. A jovem que estava a chorar também acalmou
parando de chorar.
- Durante este tempo da música, o professor passou por todos os jovens e fez-lhe uma
breve massagem. Primeiro no cabelo. Depois nos ombros passando para os braços.
- Foram convidados pelo professor a andarem pela sala cantar a mesma música que
tocava.
- O professor pediu que quando ele batesse uma palma todos tinham que massajar o
colega mais próximo de si.
- À primeira palma percebeu-se que o número de jovens era impar e a monitora do grupo
entrou no grupo.
- Estas massagens duraram alguns minutos pois o professor teve com atenção para ver
se todos faziam e recebiam massagens.
- Pós a música novamente e pediu às duas jovens para se massajarem na cabeça, uma
à outra ao mesmo tempo.
10
- Durante a massagem as jovens riram um pouco.
11
5ª Observação
19 de abril de 2017
- O professor informou todos do grupo que neste exercício a concentração era o mais
importante.
- O professor meteu uma música calma e pediu para todos andarem pela sala. E quando
a música parasse todos deviam parar também. Fizeram este exercício vários minutos
ate todos estarem coordenados.
- O professor disse então: Verde, verde, verde, castanho, castanho, castanho, amarelo,
amarelo, amarelo e pediu a todos para repetir. Todos repetiram.
- Todos repetiram esta frase quando a música parou. Neste exercício a música já era
com mais ritmo.
- Agora quando parassem tinham que responde à pergunta “sabem o que eu quero?”.
E a resposta é “ Um carro amarelo. “
- Depois de vários minutos neste exercício, o professor alterou a ordem e pediu a todos
para primeiro disserem a resposta e depois disserem a pergunta.
- Todos fizeram o exercício ao mesmo tempo. A música parava e eles disseram “um
carro amarelo. Sabem o que eu quero?”
- Depois o professor começou a nomear os jovens para dizerem sozinhos, esta frase.
- O A disse bem.
- O F disse bem.~
12
- A P disse bem.
- A R não se conseguia lembrar do que era para dizer e a monitora tentou ajudá-la.
- O professor mandou-a para frente do espelho para dizer a frase corretamente mas ela
não quis ir.
- O professor chamou-a a tenção para ela pediu ajuda quando não se lembra do que é
para dizer.
- A R estava envergonhada por não consegui dizer a frase. O professor pediu ao A para
a ajudar.
- Ao ouvido e muito baixinho o A disse a frase à R. Ela conseguiu dizer e o A deu pulos
de alegria.
- O professor de repente perguntou ao RR que cor ele queria. Ele respondeu amarelo.
Depois perguntou ao A e ele respondeu verde do Sporting. Perguntou à P e responde
azul.
- Depois pôs uma mola da roupa da cor que eles disseram nas camisolas deles. Ao
mesmo tempo disse que aquilo era a fingir que eram microfones.
- Pediu aos restantes elementos do grupo para se sentarem e montou ali mesmo um
estúdio de televisão. O A era o entrevistador, a R e o RR os entrevistados. O F era o
cameramen.
- O professor pediu a todos para imaginar que estávamos num programa de televisão.
Os restantes do grupo eram a plateia. Tinham que bater palmas quando fosse preciso.
13
Vou deixar o meu namorado.
Vou de avião.
És fã de teatro?
Sim.
Sim.”
- O telemóvel do professor tocou. Ele pediu desculpa mas tina que atende pois era sobre
o espetáculo que o grupo vai fazer.
- Tinham que imaginar que estavam em família. Que o pai estava a ler o jornal, o filho a
ouvir música e a mãe ao telefone a falar com uma vizinha.
- Depois o professor pediu para imaginarem que os pais saiam durante uma noite e que
o filho organizava uma festa com os amigos lá em casa. Mas eram apanhados de
surpresa pelos pais e a mãe ralhava com o filho.
14
6ª Observação
21 de abril de 2017
- O professor disse que quando a música parasse eles também deviam parar e
deixarem-se permanecer na mesma posição.
- O tempo da música foi diminuindo o que fazia com que os jovens precisassem de
bastante concentração. O tempo de paragem era mais logo fazendo com que os jovens
tivessem equilíbrio nas suas posições.
- O professor fez uma paragem para referir a segunda parte do jogo. Perguntou se toda
a gente sabia contar até 5 e todos responderam que sim. A cada paragem todos deviam
contar até 5.
- Fizeram o exercício durante 2 minutos e sempre o fizeram bem, esperando uns pelos
outros para contar até 5.
- O professor referiu agora a terceira parte do jogo. Tinham que contar até 5 de depois
contar mas por ordem decrescente.
- O professor lembrou que era um jogo de grupo e que era para dizer 1, 2,3,4,5,5,4,3,2,1.
E voltou a por a música.
15
- Os jovens começaram a andar mas a música ainda não estava tocar pelo que o
professor chamou a atenção. Alguns jovens riram-se.
- Os jovens repetiram o jogo e estiveram muito bem. Nota-se que estão mais
coordenados e com atenção.
- A música é mais calma o que faz com que os jovens andem mais devagar.
- O professor pediu para substituir os números pela seguinte frase “Hoje o dia está muito
enfarruscado. “
- Foi necessário repetir várias vezes a frase para eles conseguirem dizer bem a palavra.
O professor utilizou a técnica da divisão silábica.
- A dificuldade permaneceu.
- Com a música calma o professor pediu para os jovens andarem rápido e quando a
música parar dizer a mesma frase.
- Só o A estava com atenção. O resta da turma não disse a frase. O professor chamou
a atenção da turma e como prémio deixou o A escolher a próxima música.
- O A não disse a música que mais gostava e foi o F que pediu a sua preferida.
- Na vez a seguir já disseram bem seguindo a técnica da divisão silábica com a ajuda
das palmas.
- Agora sem palmas disseram muito bem. Ao mesmo tempo que andavam cantavam a
música.
- Então o professor perguntou porque eles andavam e circulo brincando que ele parecia
um domador de leões.
- A frase foi alterada conforme o que o professor se ia lembrando. Mas sempre com
palavras difíceis.
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7ª Observação
26 de Abril de 2017
- O B faz anos e o professor disse que ele ia ser o ajudante. Mandou-o ir buscar uma
caixa de papelão que estava no fundo da sala.
- Ele demorou um pouco a pensar e foi com a ajuda dos colegar e professor que foi
relatando o motivo da pintura da caixa.
- Pede muita opinião aos colegas. Tem receio de errar no que diz.
- O Jovem diz que o que está pintado são árvores, animais, o sol.
- O professor pede para pôr a caixa em cima da mesa para ser mais fácil para ele.
- O professor explora os sentidos com gestos. Todos fazem os gestos que o professor
faz usando as partes do corpo correspondentes.
- Fazem um pequeno jogo em que têm que identificar os sentidos às partes do corpo. O
jogo demora um minuto e alguns jovens atrapalham-se pois é rápido. O professor faz
ao mesmo tempo que os jovens.
- Todos estavam de pé. O professor tem a caixa nas mãos e pergunta que sentido está
a utilizar para agarrar na caixa.
- O professor vai buscar a coluna para pôr música mas não tem bateria. Vai tentar a
internet mas não consegue.
- As tentativas de pôr música demora mais uns minutos e os jovens começam a cansar-
se, distraem-se e fazem algum barulho pelo que o professor chama a atenção e pede
desculpas.
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- Desiste de pôr música e espalha balões na sala. Depois pede aos jovens para os pôr
dentro da caixa.
- O A fala sobre a sua experiência com balões e diz que não gosta de mexer neles. Diz
que não os gosta de ouvir rebentar.
- De seguida vai buscar a mesa com gavetas e pões na sala vários objetos.
- O professor dá a todos os jovens uma palhinha e pede para eles imaginarem que é
uma varinha mágica.
- Já com música, o professor pede para desenharem com a palhinha no ar, uma bola.
Ao mesmo tempo têm que correr pela sala.
- Volta a lembrar os jovens que imaginem que têm uma varinha mágica na mão.
- Todos se riram.
- Todos os jovens dançam e correm menos o A que está encostado à parede. Não quer
participar no jogo.
- Ao mesmo tempo que o jogo vai decorrendo o professor vai explorando os 5 sentidos.
- Pede aos jovens para pensarem num som para fazerem quando estiverem a fazer a
magia.
- Novamente problemas com a coluna o que faz com que os jovens fiquem ansiosos.
- Já com a música fizeram o exercício várias vezes ao mesmo tempo que o professor
lhes dava orientações do que eles deviam transformar.
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