Você está na página 1de 3

As 

Cores da 1ª Guerra Mundial 
Rogério Paulo Silva 
 
 

 
 
A French soldier stands next to a table with German shells and an aircraft propeller,  
along the Western Front in Reims in 1917.  
Colour photo (Autochrome Lumière) by Fernand Cuville.(Galerie Bilderwelt/Getty Images) 
 
 

O  Advento  da  1ª  Guerra  Mundial  levou  a  que  o  registo  fotográfico  deste  conflito  desse  a 
conhecer  ao  mundo  o  poder  das  imagens  de  guerra,  o  horror,  a  destruição  e  o  ambiente 
psicológico das tropas nos campos de batalha. Actualmente, a memória colectiva que temos 
desta guerra, é representada pelo registo de imagens fotográficas a preto e branco que, de 
algum modo, nos distanciam do que seria a realidade a cores, de um dos mais importantes 
confrontos da história da humanidade. Pela primeira vez, centenas de fotógrafos amadores 
alinhar‐se‐iam com as tropas para captarem os milhões de imagens que iriam partilhar com 
a  família  aquando  do  regresso  a  casa.  Em  comparação,  os  fotógrafos  oficiais  levados  pelas 
tropas  dos  países  envolvidos,  com  o  objectivo  de  servirem  propósitos  militares  e  pessoais, 
seriam escassos. Ainda assim, os estados reconheceram rapidamente o fotojornalismo como 
sendo uma arma poderosa de propaganda militar. 

O que a maior parte do público desconhece, é que esta guerra foi também o primeiro conflito 
registado fotograficamente a cores. Muito poucas desta imagens sobreviveram, ao contrario 
das monocromáticas, que sempre existiram como domínio público. Esta fotografias a cores, 
resultaram  de  um  processo  fotográfico  designado  Autochrome,  o  qual  foi  usado  por  uma 
minoria  de  fotógrafos  durante  a  guerra  e  trazido  finalmente  à  luz  do  dia  por  equipas  de 
investigadores , especialistas e entusiastas da matéria. O processo da fotografia Autochrome, 
foi  inventado  e  patenteado  pelos  irmãos  Lumière  em  1903  e  consiste  numa  placa  de  vidro 
revestida  de  um  lado  com  uma  camada  de  grãos  microscópicos  de  amido  tingidos  de 
vermelho‐alaranjado, verde e azul‐violeta, que actuam como filtros de cor e uma emulsão de 
gelatina  de  prata  a  preto  e  branco  é  revestida  por  cima  da  camada  do  filtro.  Estes  grãos 
coloridos têm um aspecto particularmente atractivo, pois fazem lembrar a técnica da pintura 
pontilhista.  Comparado  com  a  quantidade  de  registos  fotográficos  a  preto  e  branco 
realizados,  somente  existem  umas  escassas  4.500  fotografias  feitas  segundo  o  processo 
Autochrome. A maior parte delas captadas por Paul Castelnau, Fernand Cuville, Jules Gervais‐
Courtelllemont e Jean‐Baptiste Tournassoud. 

A soldier is shaved by a barber in a French military encampment in Soissons, 1917.  
Colour photo (Autochrome Lumière) by Fernand Cuville.(Galerie Bilderwelt/Getty Images) 
 
As imagens deste conflito registadas em Autochrome, são consideradas menos espontâneas e 
verdadeiras  que  as  de  preto  e  branco.  Isto  deve‐se  ao  facto  de  este  processo  necessitar  de 
uma produção tecnicamente mais complexa e de uma captação da imagem com um tempo de 
exposição mais prolongado. Isso tirava‐lhes a espontaneidade de resultados mais dinâmicos, 
pois  os  fotógrafos  estariam  directamente  submetidos  aos  perigos  do  campo  de  batalha  e  a 
captação de uma imagem mais rápida seria tecnicamente difícil. Desta forma, as fotografias 
em Autochrome mantiveram‐se subordinadas a outras temáticas visuais, mais documentais e 
estáticas. 

The town of Soissons in the Aisne department in Picardy in northern France was taken over by German 
troops twice during the First World War and heavily damaged by artillery fire.  
Colour photo taken in 1917 by Fernand Cuville. 

Fontes:

[Consult. 2014-12-19] Disponível em <URL: http://www.ibtimes.co.uk/wwi-100th-anniversary-rare-


colour-photos trenches-first-world-war-1459143>
[Consult. 2014-12-19] Disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/Autochrome_Lumière
Walter, Peter (2014) The Great War as never seen before, Koln: Taschen

Você também pode gostar