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4 METODOLOGIA

Neste capítulo serão descritos os equipamentos utilizados, o local dos ensaios e os pro-
cedimentos necessários para a obtenção dos resultados. O trabalho foi dividido três etapas
principais:

1. Medição da intensidade sonora em pontos discretos através método ’p-p’ para obtenção
da potência sonora produzido pelo Micro System Aiko, implementação do Mapa de in-
tensidade e estudo de incertezas de medição;

2. Obtenção da potência sonora pelo método em câmara reverberante, da mesma fonte, para
comparar e validar os método, sendo necessário obter pressão sonora e tempo de reverbe-
ração.

3. Estudo de caso, com a obtenção do mapeamento da intensidade sonora, verificando a


transmissão sonora através de portas.

4.1 DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DE MEDIÇÃO DE INTENSIDADE E POTÊN-


CIA SONORA (P-P)

Neste capítulo são descritos os analisadores e transdutores usados e como é feita a aqui-
sição do sinais. As medições experimentais foram realizadas no Laboratório de Engenharia
Acústica (LEAC) da UFSM, que dispôs a infraestrutura necessária para a realização do experi-
mento.

4.1.1 Hardwares: Analisadores e Transdutores

Foram utilizados os seguintes aparatos para a realização do experimento:

1. Módulo Brüel & Kjær LAN-XI modelo 3160-A-042: aquisição do sinal vindo microfones
e envio para o amplificador. O módulo utilizado possui 4 entradas BNC e duas saídas
BNC;

2. Microfones Brüel & Kjær modelo 4942-A-021: dois microfones para a obtenção da pres-
são sonora ;

3. Calibrador Brüel & Kjær 4231 - classe 1: ajuste da sensibilidade dos microfones. Ele
emite um tom puro com nível de pressão sonora de 94 dB, na frequência de 1 kHz;
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4. Micro System da Aiko 3000: Foram utilizadas as caixas acústicas e o amplificador.

5. Cabos BNC, LAN e XLR;

6. Medidor de temperatura e umidade Globaltronics GT-WS-07S Weather Station;

7. Notebook HP G42.

4.1.2 Aquisição e processamento dos sinais

Foi utilizado o módulo com 4 entradas entradas do PULSE, na qual conectou-se os dois
microfones via cabo BNC, conforme mostra a Figura 4.1. O sinal usado foi ruído branco, gerado
pela saída do analisador Pulse e pelo amplificar do Micro System Aiko 3000.

Figura 4.1 – Sistema de aquisição de sinais com os aparatos utilizados.

Fonte: Autora.

O software utilizado para a aquisição de sinais foi o PULSE Labshop, que utiliza méto-
dos estatísticos de processamento de sinais, tornando possível realizar um processamento rápido
e em tempo real. Tal programa possui vários templates específicos para análise para acústica e
vibração, mas foi criado um template novo, para aquisição do Cross-Sprectrum. Os transduto-
res, quando conectados, são detectados automaticamente pelo programa, pois possuem TEDS 1
implementados pela marca que podem ser reconhecidos pelo software.

4.1.3 Procedimentos e Normas de Medição

Utilizando um aparato simplificado 2 (Figura 4.2) para posicionar os microfones frente-


a-frente com um espaçamento de 12 mm, conforme descrito na seção 3.3.2.2, foi possível
1 TEDS - Transducer Eletronic Data Sheet.
2 Aparato que foi construído pelo Professor Paulo H. Mareze para a disciplina de Controle de Ruído, pois não
era possível usar a sonda existente no laboratório.
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realizar medição da intensidade. Os procedimentos foram realizados de acordo com a IS0


9614-1:2009, que descreve a determinação dos níveis de potência sonora através da medição de
intensidade sonora em pontos discretos.

Figura 4.2 – Sonda de intensidade ’p-p’ simplificada construída para fixar microfones frente a
frente.

A fonte sonora é delimitada utilizando um grid que foi construído em alumínio e fio de
nylon para delimitar os pontos de medição da intensidade sonora, como descrito na Seção 3.5.1,
mostrado da Figura 4.3, que possui dimensões de aproximadamente 1 m x1 m x1 m. Cada face
do cubo foi amostrada com 16 pontos de medição.

Figura 4.3 – Grid construído em alumínio e fio de nylon, delimitando a área de medição de
intensidade sonora da fonte Aiko 3000.

Para as medições foi distribuído material de absorção sonora (lã de pet e lã de rocha
disponíveis no Laboratório durante as medições) na câmara reverberante, Figura 4.4, para que
ondas sonoras refletidas não interferissem nos resultados.
50

Figura 4.4 – Materiais de absorção distribuídos na câmara durante as medições.

A partir da obtenção da intensidade em pontos discretos, foi possível obter a potência so-
nora da fonte e, posteriormente, caracterizou-se a fonte através do mapeamento da distribuição
da intensidade sonora.

4.2 DESENVOLVIMENTO DA CADEIA DE MEDIÇÃO DE POTÊNCIA SONORA EM


CÂMARA REVERBERANTE

A segunda etapa experimental, consiste da obtenção da potência sonora da fonte utili-


zando pressão sonora, como descrito na Seção 3.5.2, para realizar a validação da obtenção da
potência sonora através da intensidade. Os procedimentos foram realizados de acordo com a
ISO 3741.
O ensaio foi realizado na câmara reverberante da UFSM, que possui 207 m3 de volume,
que atende o mínimo recomendado para frequência mínima de 100 Hz, como descrito na Se-
ção 3.5.3. Inicialmente, determinou-se o tempo de reverberação (TR) da sala. Para tanto foi
utilizada, respeitando o posicionamento de microfones dados pela norma ISO 354 (ISO, 2003).
Foram 7 posições de receptores, mas apenas uma posição de fonte, que estava alocada no cen-
tro da sala conforme mostra a Figura 4.5. O método utilizado foi ruído interrompido e o ruído
branco como sinal de excitação.
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Figura 4.5 – Posições de fonte e microfones na câmara reverberante.

Fonte: Autora.

O tempo de reverberação em função da frequência da câmara reverberante obtido para


os sete pontos e a média dos mesmos, podem ser visualizadas nas Figuras 4.6 e 4.7 (código
do cálculo no Anexo A ). Para tentar manter o mesmo ambiente de medição, tempo de rever-
beração e a pressão sonora foram medidas com o material de absorção usado para medição de
intensidade sonora.

Figura 4.6 – Tempos de reverberação obtidos para os pontos medidos em bandas de um terço
de oitava.
Tempos de reverberação da câmara reverberante
30
ponto 1
ponto 2
ponto 3
25
ponto 4
ponto 5
ponto 6
Tempo de reverberação [s]

20 ponto 7

15

10

0
80 100 125 160 200 250 315 400 500 630 800 1000 1250 1600 2000 2500 3150 4000 5000 6300 8000 10000
Frequencia [Hz]

Nota-se que apenas a partir de 200 ou 250 Hz a câmara reverberante responde de forma
mais uniforme, em vários pontos distribuídos no seu interior. Abaixo destas frequências, pos-
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sivelmente os resultados terão grande incerteza de medição. A frequência de corte (Equação


3.68) para a câmara reverberante é de 338 Hz, mas frequência de Schoroeder (Equação 3.69) é
de 236Hz, o que torna os resultados confiáveis a partir dessa frequência.

Figura 4.7 – Média dos dos tempo de reverberação em bandas de um terço de oitava.
Média dos tempos de reverberação da câmara reverberante
14

12

10
Tempo de reverberação [s]

0
80 100 125 160 200 250 315 400 500 630 800 1000 1250 1600 2000 2500 3150 4000 5000 6300 8000 10000
Frequencia [Hz]

A partir do tempo de reverberação foi possível calcular a área de absorção equivalente


da câmara reverberante, com descrito na Seção 3.5.3. Como o material de absorção sonora
foi mantido, a área de absorção sonora equivalente não foi atendida, em praticamente todas
as bandas, exceto 100 Hz, 125 Hz e 160 Hz e ficou bem acima do requerido (Figura 4.8). A
quantidade de material de absorção sonora poderia ter sido menor, mas esse é um processo
experimental, que pode ser refinado em trabalhos posteriores.

Figura 4.8 – Área de absorção equivalente da câmara reverberante e valor máximo requerido,
em m2 .
Área de Absoção Sonora Equivalente
22
Máxima área de absorção sonora equivalente
20 Valores obtidos de área de absorção sonora equivalente
Área de Absoção Sonora Equivalente [m 2 ]

18

16

14

12

10

4
100 125 160 200 250 315 400 500 630 800 1000 1250 1600 2000 2500 3150
Frequência [Hz]
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Após determinar o TR da sala foram feitas as medições de pressão sonora com a fonte
Aiko 3000 posicionada no centro da sala, conforme posição para obtenção do TR, mas com 12
posições de receptores. Durante as medições a temperatura era de 15 ◦ C e a umidade relativa do
ar (RH) era de 70%. Os 12 microfones foram posicionados a 1,2 m de altura, distantes 2 m da
fonte e espaçados no mínimo 1,7 m entre si.

4.3 IMPLEMENTAÇÃO DA VISUALIZAÇÃO DOS RESULTADOS

O painel frontal do objetivo de medição é mostrado na Figura 4.9, foi amostrado em 4


linhas e 4 colunas com dimensões aproximadas de 25 cm x 25 cm cada. A sonda construída
foi posicionada no centro de cada área, de maneira que o centro entre os microfones ficasse
aproximadamente na face do grid, normal a superfície. A medição foi realizada ponto-a-ponto
no sentido mostrado em todas as faces do grid. O tempo de aquisição para avaliar intensidade
sonora foi de 8 segundos em cada segmento de medição. As caixas acústicas foram colocadas
em dois bancos posicionados lado a lado, em altura distintas, como mostra a Figura 4.9. Cada
caixa acústica possui 17,7 cm de largura, 28 cm de altura e 17,4 cm de profundidade.

Figura 4.9 – Painel frontal do objetivo de medição para vizualização dos resultados.

Após a aquisição do Cross sprectrum, que foi medido em banda estreita e em bandas
de terço de oitava, o pós-processamento foi feito através do software Matlab. A intensidade
sonora foi calculada em todos os pontos medidos, após foi montada a matriz com os valores
obtidos, de acordo com o tamanho do grid. Para melhorar a visualização dos resultados, foi
utilizada interpolação cúbica 3 das matrizes de intensidade do grid, que podem ser mostrados
tanto em frequências individuas ou em bandas de frequência. Um fluxograma resumido dos
3A função do Matlab utilizada foi "Interp2"
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processo realizado é apresentado na Figura 4.10. O código para montagem da matriz do nível
de intensidade sonora está no Anexo A )

Figura 4.10 – Fluxograma resumido do pós-processamento para a visualização do mapa de


intensidade sonora.

Fonte: Autora.

4.4 ESTUDO DE INCERTEZAS DE MEDIÇÃO

Existem muitas fontes de erro na medição da intensidade sonora. Algumas das fontes
de erro são fundamentais e outras estão associadas com várias deficiências técnicas. Uma com-
plicação é que a precisão depende muito do campo sonoro em estudo. Erros pequenos são,
por vezes, amplificados em grandes erros globais quando a intensidade é integrada durante uma
superfície fechada (JACOBSEN, 2003). A seguir são apresentadas algumas das fontes de erro
na medição da intensidade sonora.

4.4.1 Erro da Diferença Finita

O erro mais fundamental do princípio ’p-p’ é causado pela aproximação do gradiente


de pressão que é feito por meio de uma de uma aproximação linear (reta) e é denominado
erro de diferença finita. Esta aproximação introduz erros principalmente em altas frequências.
A estimativa do gradiente será imprecisa a partir do momento em que o comprimento de onda
tornar-se relativamente pequeno quando comparado ao comprimento do espaçador dos microfo-
nes. Para um dado espaçamento entre os microfones, haverá um limite de alta e baixa frequência
a partir do qual os erros irão crescer significativamente (MACHADO, 2003).
A aproximação feita através da linha reta introduz um erro de pressão e velocidade de
partícula em alta frequência, pois a curva muda rapidamente com a distância e a estimativa será
imprecisa. A estimativa de erro é feita assumindo uma onda plana senoidal se propagando ao
longo do eixo longitudinal dos microfones em uma faixa de frequência para um determinado
espaçador e é dada pela Equação 4.1 (THOMPSON; TREE, 1981)
 
sen(k∆d)
LErro = 10 log , (4.1)
k∆d
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onde ∆d é espaçamento entre os microfones e k é o número de onda.


A Figura 4.11 demonstra os erros de aproximação em função da frequência para espa-
çadores de 6 mm, 12 mm e 50 mm, plotados a partir da 4.1. Observa-se que, quanto menor for
o tamanho do espaçador, menor será o erro em altas frequências.

Figura 4.11 – Análise de erros em alta frequência em função dos espaçadores.


Erro de diferença finita
2
espaçador 6mm
espaçador 12mm
1
espaçador 50mm

-1
LErro [dB]

-2

-3

-4

-5

-6

102 103 104


Frequência [Hz]

Para cada espaçador usado, haverá um limite de frequência superior do sistema de me-
dição, no qual os resultados podem ser imprecisos. Como exemplo, os limites de frequência
superiores para espaçadores de microfone padrão da sonda de intensidade Brüel & Kjær, mos-
trado na Tabela 4.1, onde acima dessas frequências o erro é maior do que 1 dB (supondo onda
plana ao longo do eixo de sonda):

Tabela 4.1 – Limites de frequências para cada espaçador

d (mm) fmax (kHz)


6 10
12 5
50 1,2

4.4.2 Diferença de Fase

A medição de intensidade sonora depende basicamente da relação de fase entre os sinais


de pressão sonora captadas pelos microfones, a qual depende da natureza do campo sonoro e da
localização e orientação da sonda dentro do campo (FAHY, 1998). Ao ser utilizada a técnica de
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dois microfones, é necessário determinar o erro de diferença de fase introduzido pelo próprio
instrumento de medição no campo sonoro, além de se levar em consideração as limitações dos
microfones e sistemas de captação dos sinais. O erro de diferença de fase introduz erros em
baixas frequências, a partir do momento em que o comprimento de onda se torna grande em
relação ao comprimento do espaçador e a diferença de fase entre as pressões medidas, nos
respectivos microfones, torna-se pequena.
A quantidade k · ∆d é, de fato, a diferença de fase entre os dois microfones em uma onda
senoidal, onde a sonda está orientada na direção de propagação. Se uma incompatibilidade fase
ϕ existe entre os dois canais de medição, a diferença de fase detectada se tornará k∆d ± ϕ e a
Equação 4.1 pode ser modificada para a Equação 4.2 (GADE, 1982a)
 
sen(k∆d ± ϕ)
LErro = 10 log , (4.2)
k∆d
A Figura 4.12 demonstra os erros de aproximação em função da frequência para espa-
çadores de 6 mm, 12 mm e 50 mm, plotados a partir da Equação 4.2, para um angulo de fase de
ϕ = 0, 3◦ .

Figura 4.12 – Erro de diferença de fase, superestimado em baixas frequências.


Erro de diferença de fase, superestimado em baixas frequências - fase 0.3°
6
espaçador 6mm
espaçador 12mm
5 espaçador 50mm

3
L Erro [dB]

-1
102 103
Frequência [Hz]

Fica claro que a incompatibilidade de fase é mais crítica para pequenos valores de es-
paçamento entre os microfones, e em baixas frequências. A partir dai pode-se definir o menor
limite de frequência para sistemas práticos.
57

4.4.3 Indicador pressão-intensidade FpIn

Uma vez que a intensidade é uma grandeza vetorial, se faz necessária a verificação se o
valor apresentado de seu nível representa efetivamente a intensidade na direção de medição da
sonda. Como mostra a Figura 4.13, há uma queda brusca no valor de intensidade a 90◦ e 270◦
do eixo da sonda. Essa variação pode ser estimada de uma maneira mais simples, em campo,
usando o indicador pressão-intensidade FpIn em vez de fazer uma avaliação polar. Em resumo,
ao se medir intensidade, se deve avaliar a diferença entre o nível de pressão sonora, Lp ( f ) e o
nível de intensidade sonora LIn ( f ), como mostra a Equação 4.3 (TRINH, 1994)

FpIn = Lp ( f ) − LIn ( f ) (4.3)

O nível de pressão sonora é medido durante a medição do nível de intensidade sonora no campo
sonoro real.

Figura 4.13 – Característica direcional teórica de uma sonda de intensidade em baixas frequên-
cias. O centro acústico (entre os microfones) é mantido no centro da curva a medida que a
sonda é rodada em 360◦ .

Fonte: (BRÜEL&KJÆR, 2013).

A medição de intensidade será tão melhor quanto menor for esse indicador. Ao pensar
em uma onda plana se deslocando em campo livre na direção do eixo da sonda se tem o nível
de pressão e o nível de intensidade praticamente idênticos, esse indicador será próximo a 0
dB. Se o mesmo caso for repetido, mas não mais em campo livre, mas em uma configuração
que permita reflexões, como uma sala, o NPS aumentará devido às reflexões, e se observaram
valores na ordem de 3 dB (MAGALHÃES, 2014).
58

4.4.4 Índice de intensidade de pressão-residual

Se uma onda sonora incide a 90◦ do eixo da sonda, os dois microfones são expostos ao
mesmo sinal. Neste caso, a diferença de fase de pressão entre os microfones é zero e qualquer
diferença de fase detectada é a não correspondência de fase do sistema. A intensidade corres-
pondente a esta incompatibilidade de fase é chamada de intensidade residual. A intensidade
residual depende tanto da magnitude da incompatibilidade de fase do sistema e da pressão so-
nora nos microfones. Pode ser mostrado, que para um microfone escolhido um espaçamento ∆r
e uma dada frequência f , a diferença entre o nível de pressão e o nível de intensidade residual é
inalterada. Esta diferença de nível é definido como o índice de intensidade de pressão-residual
δpIO (TRINH, 1994), como mostra a Equação 4.4:

δpIO = Lp (90) − LI res (90), (4.4)

onde Lp (90) e LI res (90) indicam o nível de pressão sonora e nível de intensidade residual cor-
respondente, quando a onda sonora é de 90 graus ao eixo da sonda. O índice de intensidade
de pressão residual descreve a não correspondência de fase característica de um sistema de
medição em particular.

4.4.5 Erro devido a difração

A equação 4.1 está correta para uma sonda de intensidade ideal que não irá perturbar
o campo sonoro, ou seja, a interferência dos microfones no campo sonoro foi desconsiderada.
Esta seria uma boa aproximação se os microfones fossem pequenos em relação a distância
entre eles, mas não é uma boa aproximação para sonda de intensidade sonora típica, tal como
mostrado na figura 3.8. O desempenho em altas frequências de uma sonda física é a combinação
do erro de diferença finita e o efeito da própria sonda sobre o campo de sonoro.
Na configuração face-a-face verifica-se que os dois efeitos, em certa medida se anulam
mutuamente para uma determinada geometria. Um estudo numérico e experimental recente de-
monstrou que, o limite de frequência superior de uma sonda a intensidade pode ser estendido
até cerca de uma oitava acima do limite determinado pelo erro de diferença finita se o com-
primento do espaçador entre os microfones é igual ao diâmetro. A explicação física é que a
ressonância das cavidades em frente aos microfones dá origem a um aumento de pressão que,
em certa medida compensa o erro de diferença finita. Assim, o limite de frequência superior
resultante de uma sonda de intensidade sonora composta de microfones de meia polegada sepa-
radas por um espaçador de 12 mm é de 10 kHz, que é uma oitava acima do limite determinado
pela erro diferença de finita quando a interferência dos microfones no campo sonoro é ignorado
(JACOBSEN; CUTANDA; JUHL, 1998).
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4.4.6 Erro de Estimativa de Espectro

Os maiores erros acontecem onde uma faixa estreita de interesse opera em um ambiente
reverberante na presença de outras fontes não correlatas. Muitas vezes são necessários tempos
muito prolongados para se reduzir os erros ocasionais a proporções aceitáveis (MACHADO,
2003).
1
O erro ocasionado no cálculo de uma estimativa espectral é igual a (BT )−( 2 ) , (intervalo
de 68 % de confiança) para BT≥10, onde B é a largura da banda e T é o tempo de média
efetivo. Uma medição de intensidade é um cálculo de espectros cruzados cujo erro ocasional é
uma função da coerência ente os dois sinais além do produto BT (GADE, 1988).

4.4.7 Perturbação pelo Fluxo de ar

A perturbação causada por um fluxo de ar pode contaminar os sinais captados na sonda


de intensidade. Portanto protetores de vento devem sempre serem usados para uma medição ao
ar livre ou em que exista um fluxo dentro da vizinhança da superfície de medição.

4.4.8 Outros Erros

Se as fonte sonora não tem características estacionárias ou possui ruídos que são transi-
tórios, haverá um erro na intensidade medida.

4.4.9 Proposta de correção

Além dos cuidados com posicionamento da sonda, com base na teoria foi aplicada a
correção de diferença finita e de fase. Foi utilizado ruído branco e a fonte usada não causa
perturbação do fluxo de ar.

4.5 ESTUDO DE CASO

Com a rotina implementada para obtenção do mapa de intensidade e totalmente funci-


onal, realizou-se um estudo de caso. Visando o isolamento acústico em edificações, principal-
mente no contexto atual, com a nova norma de desempenho, a NBR 15575:2013, que estipula
desempenhos mínimos de isolamento acústico em edificações habitacionais, foi obtido o mapa
de intensidade em duas portas, a fim de se investigar locais de maior transmissão sonora. O

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