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MANIFESTO AO POVO BRASILEIRO

Apresentei minha candidatura à Presidência da República diante de um país


dividido pelo discurso do ódio, da polarização ideológica e de uma disputa pelo
poder que não apresentava soluções concretas para os problemas reais do povo
brasileiro. Minha intenção foi construir uma alternativa a essa situação de
confronto, que não reflete a alma e o caráter da nossa gente.
As urnas falaram. O povo brasileiro fez sua voz ser ouvida. Cumpriu-se o rito
da Constituição, que hoje completa 34 anos. Venceu a democracia. Tive 4.915.423
votos, pelo que agradeço, do mais fundo do coração, por cada um deles.
Aprendi, ao longo de minha vida política, que não se luta apenas para vencer,
mas para defender projetos, disseminar ideias, iluminar caminhos, plantar boas
sementes para uma colheita coletiva.
O eleitor optou por dois turnos.
Em face de tudo o que testemunhamos no Brasil dos últimos tempos e do
clima de polarização e de conflito que marcou o primeiro turno, não estou
autorizada a abandonar as ruas e praças, enquanto a decisão soberana do eleitor
não se concretizar.
A verdade sempre me foi companheira, não será agora que irei abandoná-la.
Critiquei os dois candidatos que disputarão o segundo turno e continuo a reiterar as
minhas críticas. Mas, pelo meu amor ao Brasil, à democracia e à Constituição, pela
coragem que nunca me abandonou, peço desculpas aos amigos e companheiros que
imploraram pela neutralidade neste segundo turno, preocupados que estão com a
eventual perda de algum capital político, para dizer que o que está em jogo é muito
maior que cada um de nós. Votarei com minha razão de democrata e com minha
consciência de brasileira. E a minha consciência me diz que, neste momento tão
grave da nossa história, omitir-me seria trair minha trajetória de vida pública, desde
quando, aos 14 anos, pedi autorização à minha mãe para ir às ruas lutar pelas
Diretas Já. Seria desonrar a história de vida pública de meu pai e de homens
históricos do meu partido e da minha coligação. Não anularei meu voto, não votarei
em branco. Não cabe a omissão da neutralidade.
Há um Brasil a ser, imediatamente, reconstruído. Há um povo a ser,
novamente, reunido. Reunido na diversidade, antes (e sempre) a nossa maior
riqueza, agora esmigalhada por todos os tipos de discriminação.
Neste ponto, um desabafo: de que vale irmos às nossas igrejas, proclamar a
nossa fé, se não somos capazes de pregar o evangelho e respeitar o nosso próximo
nos nossos lares, no nosso trabalho, nas ruas de nossa pátria?
Nos últimos quatro anos, o Brasil foi abandonado na fogueira do ódio e das
desavenças. A negação atrasou a vacina. A arma ocupou o lugar do livro. A
iniquidade fez curvar a esperança. A mentira feriu a verdade. O ouvido conciliador
deu lugar à voz esbravejada. O conceito de humanidade foi substituído pelo de

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desamor. O Brasil voltou ao mapa da fome. O orçamento, antes público, necessário
para servir ao povo, tornou-se secreto e privado.
Por tudo isso, ainda que mantenha as críticas que fiz ao candidato Luiz Inácio
Lula da Silva, em especial nos últimos dias de campanha, quando cometeu o erro de
chamar para si o voto útil, o que é legítimo, mas sem apresentar suas propostas para
os reais problemas do Brasil, depositarei nele o meu voto, porque reconheço seu
compromisso com a Democracia e a Constituição, o que desconheço no atual
presidente.
Meu apoio não é por adesão. Meu apoio é por um Brasil que sonho ser de
todos, inclusivo, generoso, sem fome e sem miséria, com educação e saúde de
qualidade, com desenvolvimento sustentável. Um Brasil com reformas
estruturantes, que respeite a livre inciativa, o agronegócio e o meio ambiente, com
comida mais barata, emprego e renda.
Meu apoio é por projetos que defendo e ideias que espero ver acolhidas.
Dentre tantas que julgo importantes, destaco cinco, tendo sempre a
responsabilidade fiscal (âncora fiscal) como meio para alcançar o social:

⦁ Educação: ajudar municípios a zerar filas na educação infantil para


crianças de três a cinco anos e implantar, em parceria com os estados, o
ensino médio técnico, com período integral e conectividade, garantindo
uma poupança de R$ 5 mil ao jovem que concluir o ensino médio, como
incentivo para que os nossos jovens voltem à escola;

⦁ Saúde: zerar as filas de cirurgias, consultas e exames não realizados no


período da pandemia, com repasse de recursos ao SUS;

⦁ Resolver o problema do endividamento das famílias, em especial das que


ganham até três salários mínimos mensais;

⦁ Sancionar lei que iguale salários entre homens e mulheres que


desempenham, com currículo equivalente, as mesmas funções. Esse
projeto já foi aprovado no Senado Federal e encontra-se parado na
Câmara dos Deputados;

⦁ Um ministério plural, com homens, mulheres e negros, todos tendo como


requisitos a competência, a ética e a vontade de servir ao povo brasileiro.

Até o dia 30 de outubro, estarei nas ruas, vigilante; meu grito será pela
defesa da democracia e por justiça social; minhas preces, por uma campanha de paz.
Com os meus mais sinceros agradecimentos ao povo brasileiro,

Simone Tebet

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