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Instituto Superior Politécnico de Songo

Divisão de Engenharia

Engenharia Eléctrica

Termodinâmica Aplicada

Máquinas Térmicas

Discentes:

 Filipe Alfredo Buene


 Grácio Casimiro Rafael
 Gil José Alberto
 Francisco Lemos
 Gavião Atanásio Danisse

Songo, Fevereiro de 2022


Instituto Superior Politécnico de Songo

Divisão de Engenharia

Engenharia Eléctrica

Termodinâmica Aplicada

Máquinas Térmicas

Discentes:

 Filipe Alfredo Buene


 Grácio Casimiro Rafael
 Gil José Alberto
 Francisco Lemos
 Gavião Atanásio Danisse
Docente:

Eng.º Narcisio Nota

Songo, Fevereiro de 2022


Dedicatória

Dedicamos este trabalho a:


 Aos nossos Pais, irmãos, familiares, amigos;
 Ao nosso generoso docente da disciplina de Termodinâmica Aplicada;
 Aos nossos colegas e companheiros de curso.

I
Agradecimento

Em primeiro lugar, agradecer a Deus pela vida que nos concedeu desde o nascimento e
nos deu a oportunidade de realizar nosso sonho do curso de Engenharia Eléctrica.
Um agradecimento especial ao Eng.º Narcisio Nota (Nosso Docente), pela paciência,
orientação no ensino dessa disciplina.
Os nossos agradecimentos são extensivos aos Docentes do curso de licenciatura em
Engenharia Eléctrica do I.S.P.S, pela contribuição e disponibilidade que demostraram
para o sucesso do nosso trabalho.
Agradecer ainda aos familiares, amigos e colegas que estão a par da nossa formação
dando o seu inquestionável apoio moral e material.

II
Resumo

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa sobre as máquinas térmicas, suas


características e alguns contextos históricos, tem como finalidade obter noções básicas
sobre essas máquinas e relacionar o tópico em destaque com os cenários económicos,
científicos, tecnológicos e ambientais.
As máquinas térmicas foram fundamentais para o desenvolvimento tecnológico da
humanidade, a começar pela Revolução Industrial, os meios de transporte e a produção
de energia.
As máquinas térmicas diferem uma das outras consideravelmente, mas todas tem as
seguintes características: Recebem calor de uma fonte a alta temperatura (energia solar,
combustão de um gás, reactor nuclear, etc); Convertem parte desse calor em trabalho
(em geral, na forma de eixo rotativo); Rejeitam o restante do calor para um sumidouro a
baixa temperatura (atmosfera, rios, etc); Operam em ciclos.

Normalmente máquinas térmicas e outros dispositivos cíclicos utilizam um fluido a


partir de e para qual é transferido enquanto realizam um ciclo. Esse fluido é chamado de
Fluido de trabalho.
O termo máquina térmica é usado com frequência com sentido mais amplo, incluindo
dispositivos que produzem trabalhos e não operam em ciclo termodinâmico. Nessa
categoria incluem-se máquinas que evolvem combustão interna, como as turbinas a gás
e os motores de automóveis. Esses dispositivos operam em ciclo mecânico, mas não em
um ciclo termodinâmico, uma vez que o fluido de trabalho (gases de combustão) não
passam por um ciclo completo. Em vez de ser resfriados até a temperatura inicial, os
gases de exaustão são descarregados e substituídos pela mistura do ar e combustível no
final do ciclo.
O dispositivo ou instalação que melhor se ajusta a definição de máquina térmica é a
usina a vapor, que é uma máquina de combustão externa. Ou seja, a combustão ocorre
fora da máquina e a energia térmica liberada durante esse processo é transferida para o
vapor sob forma de calor.
Actualmente é impossível imaginar nossas vidas sem esses dispositivos, que, a cada dia,
estão sendo mais aprimorados, contribuindo, assim, para a nossa qualidade de vida.
Sendo utilizadas principalmente como meios de transporte e nas indústrias. Podemos

III
citar como exemplo os veículos automotores, a máquina a vapor e a turbina a vapor, as
locomotivas, etc.
Mas além das vantagens elas também trouxeram aspectos negativos, esse sentido, a
revolução industrial ouve oportunismo de avanço tecnológico e industrial, caracterizado
pela substituição da manufactura pela maquinofactura, e pela criação e passagem do
capitalismo industrial para o capitalismo financeiro, além de um aumento exponencial
nas emissões de gases poluentes que contribuem para o efeito estufa, sendo este
prejudicial a atmosfera.

IV
Abstract

The present work is a research on thermal machines, their characteristics and some
historical contexts, it aims to obtain basic notions about these machines and relate the
highlighted topic with the economic, scientific, technological and environmental
scenarios.

Thermal machines were fundamental for the technological development of humanity,


starting with the Industrial Revolution, the means of transport and the production of
energy.

Heat engines differ considerably from each other, but they all have the following
characteristics: They receive heat from a high-temperature source (solar energy,
combustion of a gas, nuclear reactor, etc.); They convert some of this heat into work
(usually in the form of a rotating shaft); Reject the rest of the heat to a low temperature
sink (atmosphere, rivers, etc.); They operate in cycles.

Typically heat engines and other cyclic devices utilize a fluid from and to which it is
transferred while performing a cycle. This fluid is called the working fluid.

The term heat engine is often used in a broader sense, including devices that produce
work and do not operate in a thermodynamic cycle. This category includes machines
that evolve internal combustion, such as gas turbines and automobile engines. These
devices operate in a mechanical cycle, but not in a thermodynamic cycle, since the
working fluid (combustion gases) does not go through a complete cycle. Instead of
being cooled to initial temperature, the exhaust gases are discharged and replaced by the
air and fuel mixture at the end of the cycle.

The device or facility that best fits the definition of a heat engine is the steam power
plant, which is an external combustion engine. That is, combustion takes place outside
the engine and the thermal energy released during this process is transferred to the
steam in the form of heat.

It is currently impossible to imagine our lives without these devices, which are being
improved every day, thus contributing to our quality of life. They are mainly used as
means of transport and in industries. Examples include motor vehicles, steam engines
and steam turbines, locomotives, etc.

V
But in addition to the advantages, they also brought negative aspects, in this sense, the
industrial revolution hears opportunism of technological and industrial advancement,
characterized by the replacement of manufacturing by machine-making, and by the
creation and transition from industrial capitalism to financial capitalism, in addition to
an exponential increase in the emissions of polluting gases that contribute to the
greenhouse effect, which is harmful to the atmosphere.

VI
Lista de Figuras

Figura 1: Trabalho pode ser sempre convertido em calor de forma directa e completa,
mas o inverso não é verdadeiro. .............................................................................. 13
Figura 2: Parte do calor recebido por uma máquina térmica é convertida em trabalho,
enquanto o restante é rejeitado para um sumidouro. ............................................... 14
Figura 3: Representação esquemática de uma usina de potência a vapor. .................... 15
Figura 4: Uma parte do trabalho produzido por uma máquina térmica é consumida
internamente para manter uma operação contínua. ................................................. 16
Figura 5: Uma máquina térmica que viola o enunciado de Kelvin-Planck da segunda lei
da termodinâmica. ................................................................................................... 19
Figura 6: Esquema de funcionamento de um refrigerador. ........................................... 20
Figura 7: O objectivo de uma bomba de calor é fornecer calor QH a espaços aquecidos.
................................................................................................................................. 21
Figura 8: Um refrigerador que viola o enunciado de Clausius da segunda lei da
termodinâmica. ........................................................................................................ 22
Figura 9: Esquemas (P &V), (T &S) e processos do Ciclo de Carnot. ......................... 23
Figura 10: Esquema dos requisitos de um motor para produção de trabalho ................ 24
Figura 12: Motor real de ignição por centelha de quatro tempos .................................. 25
Fonte: Termodinâmica - Seminário 1,UNIFESPP,Laura Rodriguez, Carlos Souto ...... 27
Figura 13: Processos do Ciclo Diesel ............................................................................ 27
Figura 14: Esquema de motor a combustão externa. .................................................... 29
Figura 15: Motor Stirling Philips. ................................................................................. 30
Figura 16: Desenho motor Stirling cilindros em V tipo alfa. ........................................ 30
Figura 17: Motor de combustão externa, maquina a vapor. .......................................... 31
Figura 18: Um motor a turbina a gás de ciclo aberto. ................................................... 32
Figura 19: Um motor de turbina a gás de ciclo fechado. .............................................. 33
Figura 22: O ciclo de Rankine Simples ideal. ............................................................... 35

VII
Lista de símbolos

Calor específico a pressão constante, kJ/kg·K


Calor específico a volume constante, kJ/kg·K
Entalpia
Pressão, kPa
Transferência de calor por unidade de massa, kJ/kg
Calor total transferido, kJ
Transferência de calor para um corpo de alta temperatura, kJ
Transferência de calor para um corpo de baixa temperatura, kJ
Entropia total, kJ/K
Temperatura, °C ou K
Temperatura do corpo de alta temperatura, K
Temperatura do corpo de baixa temperatura, K
Energia interna específica, kJ/kg
Energia interna total, kJ
Volume específico, m3/kg
Trabalho por unidade de massa, kJ/kg
Trabalho total, kJ
̇ Potência, kW
Entrada de trabalho, kJ
Saída de trabalho, kJ

VIII
Máquinas Térmicas

Índice
Dedicatória......................................................................................................................... I

Agradecimento.................................................................................................................. II

Resumo ........................................................................................................................... III

Abstract .............................................................................................................................V

Lista de símbolos ..........................................................................................................VIII

1. Introdução................................................................................................................ 11

1.1. Objectivos ........................................................................................................ 11

1.1.1. Objectivos gerais .......................................................................................... 11

1.1.2. Objectivos específicos .................................................................................. 11

1.2. Metodologia ..................................................................................................... 12

2. Máquinas Térmicas ................................................................................................. 13

2.1. Visão Geral ...................................................................................................... 15

2.2. Potência e Eficiência ........................................................................................ 17

2.2.1. Potência ........................................................................................................ 17

2.2.2. Eficiência ...................................................................................................... 17

3. A segunda Lei da Termodinâmica .......................................................................... 18

3.1. Enunciado de Kelvin-Planck............................................................................ 18

3.2. Refrigeradores e Bombas de calor ................................................................... 19

3.2.1. Refrigeradores .............................................................................................. 19

3.2.2. Bombas de calor ........................................................................................... 20

3.3. Enunciado de Clausius ..................................................................................... 21

4. Máquina de Carnot .................................................................................................. 22

5. Motores de combustão ............................................................................................ 23

5.1. Motores de Combustão Interna ........................................................................ 23

5.1.1. Ciclo Otto ideal ............................................................................................ 24

5.1.2. Ciclo de Diesel ............................................................................................. 26

9
Máquinas Térmicas

5.1.3. Vantagens e desvantagens dos motores de combustão interna .................... 28

5.2. Motor de Combustão Externa .......................................................................... 28

5.2.1. Tipos de motores de combustão externa ...................................................... 29

5.2.1.1. Motor Stirling ........................................................................................... 29

5.2.2. Motor a Vapor .............................................................................................. 30

6. Turbinas................................................................................................................... 31

6.1. Ciclo Brayton: O ciclo ideal das turbinas a gás ............................................... 32

6.2. Ciclo de Rankine: O ciclo ideal para os Ciclos de potência a vapor ............... 35

6.3. Aplicações das Turbinas a Gás ........................................................................ 37

7. Aspectos ambientais ............................................................................................ 38

8. Impactos sociais e económicos das máquinas térmicas....................................... 38

9. Conclusão ................................................................................................................ 40

10. Recomendação ..................................................................................................... 40

11. Referencias Bibliográficas ................................................................................... 41

10
Máquinas Térmicas

1. Introdução

O presente trabalho, foi elaborado pela necessidade de obter-se conhecimentos acerca


das Máquinas térmicas, um dos temas importantes da disciplina de Termodinâmica
Aplicada, no âmbito de licenciatura em Engenharia Eléctrica.
Começando pela sua definição, tipos de máquinas térmicas e seus respectivos ciclos,
aplicação e os impactos sociais, ambientais e económicos.
Com a grande necessidade do homem de construir ferramentas que pudessem facilitar o
seu trabalho, sua locomoção e muito mais. Sendo assim como um dos mecanismos de
minimizar o seu esforço físico na realização de alguns trabalhos e locomoção,
consequentemente resultou na invenção das máquinas térmicas.
As máquinas térmicas são sistemas que convertem energia térmica em energia
mecânica.
O primeiro dispositivo que utilizava esse mesmo princípio de funcionamento foi a
máquina de Herón, no século I, D.C., em 1698.
Revolução Industrial.
Foi em 1804 que as máquinas a vapor passaram a ser utilizadas para locomoção. Depois
da locomotiva, vieram os carros, o primeiro foi produzido em 1885, pelo Engenheiro
Alemão Karl Benz, e possuía motor a gasolina.
Cada ano que passou o homem aperfeiçoou estas máquinas, elas passaram a serem
utilizadas não apenas para retirar água das minas, mas com diversos outros propósitos,
como mover locomotivas, navios e máquinas industriais, carros e motocicletas.

1.1.Objectivos

1.1.1. Objectivos gerais

 Conceituar sobre as Maquinas Térmicas;


 Distinguir e dar a conhecer os diferentes tipos de Maquinas Térmicas.

1.1.2. Objectivos específicos

 Descrever o processo de conversão de energia térmica em mecânica;


 Descrever os tipos de ciclos de operação dos diferentes tipos de maquinas
térmicas.

11
Máquinas Térmicas

1.2. Metodologia

Para elaboração do presente trabalho baseou-se em conteúdos que foram obtidas por
meio de pesquisa e consulta para a elaboração do mesmo como consta na referência
bibliográfica.
Foram usadas como ferramentas principais de pesquisa a internet, e os manuais
relacionados à termodinâmica e mais aprofundados as máquinas térmicas.

12
Máquinas Térmicas

2. Máquinas Térmicas

O trabalho pode ser facilmente convertido em outras formas de energia, mas a


conversão de outras formas de energia em trabalho não é tão fácil. O trabalho mecânico
realizado pelo eixo mostrado na abaixo, é convertido primeiramente em energia interna
da água. Essa energia pode então ser retirada da água sob a forma de calor. Sabemos por
experiência que qualquer tentativa de realizar o processo inverso falhará. Ou seja,
transferir calor para a água não fará o eixo girar. A partir dessa e de outras observações,
concluímos que trabalho pode ser convertido em calor de forma directa e completa, mas
a conversão de calor em trabalho exige a utilização de dispositivos especiais. Esses
dispositivos são chamados de máquinas térmicas.

Figura 1: Trabalho pode ser sempre convertido em calor de forma directa e completa,
mas o inverso não é verdadeiro.
Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

Uma máquina térmica se define como um dispositivo que transforma parcialmente


calor ou energia térmica em trabalho, e depende de um ciclo termodinâmico para
operar.
As máquinas térmicas diferem umas das outras consideravelmente, mas todas têm as
seguintes características:
1. Recebem calor de uma fonte à alta temperatura (energia solar, fornalha, reactor
nuclear, etc.).
2. Convertem parte desse calor em trabalho (em geral, na forma de um eixo rotativo).
3. Rejeitam o restante do calor para um sumidouro à baixa temperatura (a atmosfera, os
rios, etc.).
4. Operam em um ciclo.

13
Máquinas Térmicas

Figura 2: Parte do calor recebido por uma máquina térmica é convertida em trabalho,
enquanto o restante é rejeitado para um sumidouro.
Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

Operar em ciclo termodinâmico é fazer um sistema sair de um estado inicial de


equilíbrio, sofrer uma série de transformações termodinâmicas e voltar para este mesmo
estado inicial de equilíbrio. É por isso que . A energia que o sistema possui no
estado inicial tem que ser igual à energia que ele chega nesse estado, caso contrário o
sistema não completa o ciclo.
Normalmente, máquinas térmicas e outros dispositivos cíclicos utilizam um fluido a
partir de e para o qual calor é transferido enquanto realizam um ciclo. Esse fluido é
chamado de fluido de trabalho.
A substância de trabalho (normalmente gás ou vapor em expansão térmica) transfere
essa energia através de sua expansão no interior da máquina térmica accionando o
sistema mecânico (pistão, rotor ou outro) e realizando trabalho.
Apesar de sua limitação de eficiência, têm uma grande vantagem que são várias formas
de energia que podem ser transformadas em calor como reacções exotérmicas (como
combustão), absorção de luz de partículas energéticas, fricção, dissipação e resistência.
Como a fonte de calor que abastece a energia térmica da máquina pode ser gerada
virtualmente por qualquer tipo de energia, estas são extremamente versáteis e como
enorme gama de aplicação.

14
Máquinas Térmicas

2.1.Visão Geral

O termo máquina térmica é usado com frequência em um sentido mais amplo,


incluindo dispositivos que produzem trabalho e não operam em um ciclo
termodinâmico. Nessa categoria incluem-se máquinas que envolvem combustão
interna, como as turbinas a gás e os motores de automóveis. Esses dispositivos operam
em um ciclo mecânico, mas não em um ciclo termodinâmico, uma vez que o fluido de
trabalho (os gases de combustão) não passam por um ciclo completo. Em vez de serem
resfriados até a temperatura inicial, os gases de exaustão são descarregados e
substituídos pela mistura de ar e combustível ao final do ciclo.

O dispositivo ou instalação que melhor se ajusta à definição de máquina térmica é a


usina de potência a vapor, que é uma máquina de combustão externa. Ou seja, a
combustão ocorre fora da máquina e a energia térmica liberada durante esse processo é
transferida para o vapor sob a forma de calor.

Figura 3: Representação esquemática de uma usina de potência a vapor.


Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

As diversas grandezas mostradas nessa figura são:

15
Máquinas Térmicas

Quantidade de calor fornecida ao vapor na caldeira a partir de uma fonte a alta


temperatura (fornalha).
Quantidade de calor rejeitada pelo vapor no condensador para um sumidouro a
baixa temperatura (a atmosfera, um rio, etc.).
Quantidade de trabalho realizado pelo vapor à medida que se expande na
turbina.
Quantidade trabalho necessário para comprimir a água até a pressão da
caldeira.

O trabalho líquido dessa usina de potência é simplesmente a diferença entre a saída total
de trabalho e a entrada total de trabalho:

Figura 4: Uma parte do trabalho produzido por uma máquina térmica é consumida
internamente para manter uma operação contínua.
Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

[ ]
O trabalho líquido pode ser também determinado apenas pelos dados de transferência de
calor. Os quatro componentes da usina a vapor possuem entrada e saída de massa e,
portanto, devem ser tratados como sistemas abertos. Esses componentes, juntamente
com os tubos de conexão, sempre contêm o mesmo fluido (sem contar o vapor que pode
eventualmente vazar, é claro). Nenhuma massa entra ou sai desse sistema, o qual é
indicado pela área sombreada da Fig. 3;assim, ele pode ser analisado como um sistema
fechado. Portanto o trabalho líquido do sistema é igual à transferência líquida de calor
para o sistema:
[ ]

16
Máquinas Térmicas

2.2.Potência e Eficiência

2.2.1. Potência

Máquinas térmicas podem ser caracterizadas pela sua potência específica, que é
normalmente dada em quilowatts (kW) ou em cavalo-vapor (cv). Essa característica
oferece uma aproximação da saída de pico de potência de um motor. Isto não deve ser
confundido com a eficiência de combustível, uma vez que a eficiência é elevada, muitas
vezes requer uma relação de ar-combustível pobre, e, portanto, menor quantidade de
potência.

2.2.2. Eficiência

A quantidade de calor rejeitada pelo vapor no condensador para um sumidouro a baixa


temperatura nunca é zero; portanto, o trabalho líquido de uma máquina térmica é
sempre menor que a quantidade de calor fornecida ao sistema. Isto é, apenas parte do
calor transferido para a máquina térmica é convertida em trabalho.
A fracção do calor fornecido convertida em trabalho líquido é uma medida do
desempenho de uma máquina térmica, e é chamada de eficiência térmica, dada por:

Como:

Então a eficiência também pode ser expressa por:

Eficiência térmica é uma medida da eficiência da conversão do calor recebido por uma
máquina térmica em trabalho. Máquinas térmicas são projectadas para converter calor
em trabalho, e os engenheiros estão constantemente tentando melhorar a eficiência
desses dispositivos, pois mais eficiência significa menos consumo de combustível e,
consequentemente, menos despesas com combustível e menos poluição.
As eficiências térmicas dos dispositivos produtores de trabalho são relativamente
baixas. Motores de automóveis (ignição por centelha) comuns têm uma eficiência
térmica de cerca de 25%. Ou seja, um motor de automóvel converte aproximadamente
25% da energia química da gasolina em trabalho mecânico.

17
Máquinas Térmicas

Esse número chega a 40% para os motores a diesel e grandes turbinas a gás e a
60% para grandes usinas de potência que combinam gás e vapor. Por isso, mesmo com
as máquinas térmicas mais eficientes disponíveis actualmente, quase metade da energia
fornecida termina em rios, lagos ou na atmosfera como energia não aproveitável.
Dispositivos cíclicos de interesse prático, como máquinas térmicas, refrigeradores e
bombas de calor refrigeradores e bombas de calor, operam entre um meio a alta
temperatura (ou reservatório), na temperatura TH, e um meio a baixa temperatura (ou
reservatório), na temperatura TL. Para uniformizar o tratamento de máquinas térmicas,
refrigeradores e bombas de calor, definimos duas grandezas:
QH - magnitude do calor transferido entre o dispositivo cíclico e o meio a alta
temperatura, na temperatura TH
QL - magnitude do calor transferido entre o dispositivo cíclico e o meio a baixa
temperatura, na temperatura TL
Contudo, QH e QL são definidos como magnitudes e, portanto, são quantidades
positivas. As direcções de QH e QL são facilmente determinadas. Assim, as expressões
para o trabalho líquido e para a eficiência térmica de qualquer máquina desse tipo
podem também ser escritas nas formas:

3. A segunda Lei da Termodinâmica

3.1.Enunciado de Kelvin-Planck

Como demonstrado anteriormente, que para completar um ciclo, mesmo sob condições
ideais, uma máquina térmica deve rejeitar uma certa quantidade de calor para um
reservatório a baixa temperatura. Isto é, nenhuma máquina térmica pode converter em
trabalho útil todo o calor que recebe. Essa limitação com relação à eficiência térmica de
máquinas térmicas forma a base do enunciado de Kelvin-Planck da segunda lei da
termodinâmica, que é expresso da seguinte maneira:
É impossível para qualquer dispositivo que opera em um ciclo receber calor de um
único reservatório e produzir uma quantidade líquida de trabalho.

18
Máquinas Térmicas

Figura 5: Uma máquina térmica que viola o enunciado de Kelvin-Planck da segunda lei
da termodinâmica.
Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

O enunciado de Kelvin-Planck também pode ser expresso como nenhuma máquina


térmica pode ter uma eficiência térmica de 100% .

3.2.Refrigeradores e Bombas de calor

Todos sabemos por experiência própria que a transferência de calor ocorre no sentido
em que a temperatura é decrescente, ou seja, dos meios a alta temperatura para aqueles a
baixa temperatura. Esse processo de transferência de calor ocorre na natureza sem a
ajuda de qualquer dispositivo. Entretanto, o processo inverso não pode ocorrer
espontaneamente.

3.2.1. Refrigeradores

A transferência de calor de um meio a baixa temperatura para um meio a alta


temperatura exige dispositivos especiais chamados de refrigeradores.
Os refrigeradores, como as máquinas térmicas, são dispositivos cíclicos. O fluido de
trabalho usado no ciclo de refrigeração é chamado de refrigerante.

19
Máquinas Térmicas

Figura 6: Esquema de funcionamento de um refrigerador.


Fonte: Adaptação da figura disponível no site: www.sofísica.com.br

3.2.2. Bombas de calor

Outro dispositivo que transfere calor de um meio com temperatura baixa para outro com
temperatura alta é a bomba de calor. Refrigeradores e bombas de calor funcionam com
um mesmo ciclo, porém, têm objectivos diferentes. O objectivo de um refrigerador é
manter o espaço refrigerado a uma temperatura baixa, removendo o calor desse espaço.
Descarregar calor em um meio à temperatura mais alta é simplesmente uma parte
necessária da operação, e não uma finalidade. O objectivo de uma bomba de calor,
entretanto, é manter o espaço aquecido a uma temperatura alta. Para isso, a bomba de
calor remove calor de uma fonte a baixa temperatura – como, por exemplo, águas
subterrâneas ou o ar frio durante o inverno – e fornece calor a um meio a alta
temperatura – como, por exemplo, uma casa.

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Máquinas Térmicas

Figura 7: O objectivo de uma bomba de calor é fornecer calor QH a espaços aquecidos.


Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

3.3.Enunciado de Clausius

O enunciado de Clausius, está relacionado a refrigeradores e a bombas de calor. O


enunciado de Clausius é expresso da seguinte forma:
É impossível construir um dispositivo que funcione em um ciclo e não produza
qualquer outro efeito que não seja a transferência de calor de um corpo com
temperatura mais baixa para um corpo com temperatura mais alta.
Na verdade, é exactamente isso o que faz um refrigerador doméstico convencional. O
enunciado simplesmente estabelece que o refrigerador não pode funcionar, a menos que
seu compressor seja accionado por uma fonte externa de energia, como, por exemplo,
um motor eléctrico.

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Máquinas Térmicas

Figura 8: Um refrigerador que viola o enunciado de Clausius da segunda lei da


termodinâmica.
Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

4. Máquina de Carnot

Um processo reversível é definido como um processo que pode ser revertido sem
deixar qualquer vestígio no ambiente, ou seja, o sistema e o ambiente retornam a seus
estados iniciais no final do processo inverso. Isso somente será possível se a troca
líquida de calor e a realização de trabalho entre o sistema e o ambiente for zero para o
processo combinado (original e inverso). Os processos que não são reversíveis são
denominados processos irreversíveis.
O ciclo reversível mais conhecido é o ciclo de Carnot, proposto em 1824 pelo
engenheiro francês Sadi Carnot. A máquina térmica teórica que opera segundo o ciclo
de Carnot é chamada de máquina térmica de Carnot. O ciclo de Carnot é composto
por quatro processos reversíveis – dois isotérmicos e dois adiabáticos – e pode ser
executado por um sistema fechado ou por um sistema com escoamento em regime
permanente.

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Máquinas Térmicas

Figura 9: Esquemas (P &V), (T &S) e processos do Ciclo de Carnot.


Fonte: pt.slideshare.net/panelada/40003581-trabalhodemaquinastermicas

A eficiência térmica de qualquer máquina térmica, reversível ou irreversível, é dada


pela equação:

E só depende das temperaturas absolutas dos reservatórios térmicos de alta e baixa


temperatura.

5. Motores de combustão

Um motor é um dispositivo que gera energia mecânica a partir de uma outra forma de
energia. Um motor térmico é um motor que converte energia química de um
combustível para energia mecânica.

5.1.Motores de Combustão Interna

Motores de combustão interna são máquinas nas quais energia química é convertida em
energia térmica por meio da combustão de uma mistura de ar e combustível e parte
desta energia é transformada em energia mecânica.

23
Máquinas Térmicas

O propósito de um motor de combustão interna é a produção de potência mecânica


vinda da energia química contida no combustível. Em um motor de combustão interna
essa energia é liberada pela queima ou oxidação do combustível dentro do motor,
HEYWOOD (1988).

Figura 10: Esquema dos requisitos de um motor para produção de trabalho


Fonte: Apostila-de-Motores-a-Combustão-Interna

O processo de combustão distingue dois tipos de motores que dominam não só a


aplicação automotiva como outras, denominados motores ciclo Otto e ciclo Diesel. O
primeiro seria caracterizado por uma combustão a volume constante e o segundo a
pressão constante, caracterização difícil de ser evidenciada em motores modernos. Uma
classificação menos ambígua seria a forma de como se dá a ignição da mistura, se
produzida por centelha no primeiro caso, ou se espontânea no segundo. A combustão
espontânea é resultado das altas pressões e temperaturas produzidas durante a
compressão da mistura no cilindro.

5.1.1. Ciclo Otto ideal

O ciclo motor ou termodinâmico básico de referência para os motores de ignição por


centelha é o ciclo Otto. O ciclo Otto consiste em 6 fases distintas, se caracterizando
principalmente pela combustão a volume constante. Para a análise deste ciclo,
considera-se que somente ar, comportando-se como gás ideal, é admitido para dentro do
cilindro. Os diagramas de PV e TS são apresentados na figura seguinte e mostram as

24
Máquinas Térmicas

fases do ciclo Otto, composto por dois processos isovolumétricos e dois processos
isentrópicos.

Figura 11: Esquemas a) (P&V) e b) (T&S)

Fonte:http://redenacionaldecombustao.org/escoladecombustao/combustao/comb_capitu
lo_5.pdf, 28 de Novembro de 2021

Figura 12: Motor real de ignição por centelha de quatro tempos


Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

Inicialmente, as válvulas de admissão e de descarga estão fechadas, e o pistão está em


sua posição mais baixa (PMI). Durante o tempo (ou curso) de compressão, o pistão
move-se para cima, comprimindo a mistura de ar e combustível. Logo depois que o
pistão atinge sua posição mais alta (PMS), a vela solta faíscas e a mistura sofre ignição,
aumentando a pressão e a temperatura do sistema. Os gases à alta pressão forçam o

25
Máquinas Térmicas

pistão para baixo, o que, por sua vez, força o eixo de manivelas a girar, produzindo
trabalho útil durante o tempo (ou curso) de expansão ou motor. Ao final desse tempo, o
pistão está na posição mais baixa (a conclusão do primeiro ciclo mecânico) e o cilindro
está cheio de produtos de combustão. O pistão move-se para cima mais uma vez,
expulsando os gases de exaustão pela válvula de descarga (o tempo ou curso de
exaustão), e uma segunda vez para baixo, sugando a mistura de ar fresco e combustível
pela válvula de admissão (o tempo ou curso de admissão).
O ciclo Otto é executado em um sistema fechado, e desprezando as variações das
energias cinéticas e potencial, o balanço de energia dos processos é expresso, por
unidade de massa, como

Os dois processos de transferência de calor não envolvem trabalho, uma vez que ambos
ocorrem a volume constante. Assim, a transferência de calor de e para o fluido de
trabalho pode ser expressa como

Assim, a eficiência térmica do ciclo Otto ideal sob as hipóteses do padrão a ar frio
torna-se

5.1.2. Ciclo de Diesel

O ciclo Diesel, desenvolvido por Rudolph Diesel nos anos de 1890, e muito semelhante
ao Ciclo Otto de quatro tempos, com duas diferenças:
 O combustível e injectado no PMS, após o estagio de compressão, onde
acontece a explosão da mistura de forma espontânea, pois neste ponto o ar
encontra-se a altas temperaturas;
 O processo de Combustão ocorre a pressão constante ao invés de sofrer a
combustão a volume constante como no ciclo Otto.
Logo, os motores a Diesel são motores de ignição por compressão no qual não existe
vela de ignição para inflamar a mistura “ar e combustível”.

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Máquinas Térmicas

Figura: Esquema pressão-volume.

Fonte: Termodinâmica - Seminário 1,UNIFESPP,Laura Rodriguez, Carlos Souto


Este ciclo opera através de quatro tempos conforme os processos abaixo:

Figura 13: Processos do Ciclo Diesel


Fonte: Termodinâmica - Seminário 1,UNIFESPP,Laura Rodriguez, Carlos Souto

 Primeiro Tempo: Admissão – Neste processo, a válvula de admissão se abre, já


com o pistão no PMS, onde em sua descida até o PMI, admite apenas ar na
câmara;

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Máquinas Térmicas

 Segundo Tempo: Compressão – Com as válvulas de admissão e escape fechada,


o pistão se move do PMI para o PMS, comprimindo o ar na câmara. Neste
processo, a pressão e a temperatura sobem muito.
 Terceiro Tempo: Combustão a pressão Constante seguido de Expansão – Após
a compressão do ar, em que o pistão encontra-se no PMS, ocorre a injecção do
combustível Diesel através do bico injector e, como a temperatura esta muito
alta, inicia-se a combustão espontânea do combustível, recebendo calor neste
processo e ocorrendo então a expansão da mistura. Como no ciclo Otto, há a
transferência de trabalho para a biela, que por sua transfere energia para o
virabrequim.
 Quarto Tempo: Escape – Idêntico ao ciclo Otto, todos os produtos da
combustão da mistura deverão ser expelidos pelo sistema, onde a válvula de
escape se abre, e o pistão o expele.

5.1.3. Vantagens e desvantagens dos motores de combustão interna

 Arranque rápido;
 Trabalho em rotações relativamente baixas;
 Pequeno tamanho;
 Fácil manutenção;
 Limitação de potência;
 Não utilização de combustíveis sólidos;
 Peso elevado para potência;
 Elevado número de pecas;
 Baixa eficiência.

5.2.Motor de Combustão Externa

Motores de Combustão Externa são aqueles nos quais o fluido de trabalho está
completamente separado da mistura ar e combustível, sendo o calor dos produtos da
combustão transferido através das paredes de um reservatório ou caldeira.

Consiste em um pistão que se move dentro de uma câmara conforme o vapor entra e se
expande e, por pressão do gás, o pistão é movimentado. O vapor é proveniente do
aquecimento da água, na região da caldeira, onde há lenha (ou carvão) que fornece o
calor necessário para a formação do vapor. A presença da fonte fria, desenvolvida por

28
Máquinas Térmicas

Watts, possibilitou maior rendimento desse motor. O motor de combustão externa,


recebeu essa denominação pois o combustível é “queimado” ou gerado em um local
diferente da câmara do pistão.

Figura 14: Esquema de motor a combustão externa.


Fonte: Apostila-de-Motores-a-Combustão-Interna

5.2.1. Tipos de motores de combustão externa

5.2.1.1.Motor Stirling

O motor Stirling é simples, baseia-se em duas câmaras com temperaturas diferentes com
intuito de aquecer e arrefecem um gás alternadamente, promovendo expansões e
contracções cíclicas, movimentando dois êmbolos ligados por meio de um eixo comum.
Com o objectivo de diminuir as perdas térmicas, deve ser instalado associado a um
"regenerador" entre as câmaras de temperaturas opostas quente e fria, de modo que haja
rejeição do calor na câmara fria, e o calor ser armazenado para posterior fase de
aquecimento de forma eficiente. Como a fonte de calor/combustão trabalha fora da
câmara (ou cilindro), tal motor é definido como motor de combustão externa.
Teoricamente, o motor Stirling seria a máquina térmica mais eficiente na conversão de
energia térmica em trabalho.

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Máquinas Térmicas

Figura 15: Motor Stirling Philips.


Fonte: INVENTINGEUROPE, 2005.
Há três configurações básicas deste tipo de motor:
 Alfa - com cilindros em V; (1)
 Beta - com êmbolos co-axiais num mesmo cilindro (2)
 Gama - com cilindros em linha (3).

Figura 16: Desenho motor Stirling cilindros em V tipo alfa.


Fonte: Motor Stirling Solar, 2010/2011.

5.2.2. Motor a Vapor

A energia térmica proveniente do material em combustão aquece um reservatório com


água. Essa transferência de calor pode ser calculada pela diferença de temperatura, pelo
volume de água que vira vapor de água e pelo calor específico da água. Esse vapor sobe
e uma válvula permite que ele entre no cilindro onde está o pistão. Uma vez que não há
mais espaço, e, sabendo que o volume do vapor continua crescendo conforme mais

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Máquinas Térmicas

energia é transferida para o reservatório de água, a pressão dentro do cilindro aumenta


até que o pistão é empurrado e seu movimento abre outra válvula que libera o vapor.
Uma vez iniciado o movimento, o pistão retorna a posição inicial devido a sua inércia e
isso faz com que a válvula permita que o vapor do reservatório ocupe o espaço do
cilindro, completando o ciclo.

Figura 17: Motor de combustão externa, maquina a vapor.


Fonte: http://redenacionaldecombustao.org/15-34-38-maquina vapor

A locomotiva a vapor ficou conhecida como Maria Fumaça devido a coluna de vapor e
fuligem que marcava o caminho do primeiro vagão. Geralmente, o material que fornece
energia térmica (carvão, lenha) era levado nesses primeiros vagões. Além desse
combustível, a máquina precisa de água, que vai absorver essa energia e liberá-la
realizando trabalho para dar movimento ao transporte. A eficiência do motor a vapor é
inferior a 10%. A animação abaixo ilustra as articulações ligadas ao pistão e nos ajuda a
compreender como o movimento de vai-e-vem pode girar uma roda. Entretanto, a
classificação de máquina térmica para este sistema está relacionada com o vapor que
empurra o pistão. É principalmente na caldeira da locomotiva, onde o combustível é
queimado, o lugar em que os conceitos da termodinâmica podem ser melhor
observados.

6. Turbinas

O termo turbinas é utilizado aqui para caracterizar qualquer sistema que utilize os
princípios da termodinâmica para converter algum tipo de energia em energia eléctrica.
A explicação resume bem essa sessão de máquinas térmicas, pois em geral o mecanismo

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Máquinas Térmicas

de transformação é o mesmo: uma hélice (ou pá) que gira uma turbina, podendo esta ser
um motor ou um corpo com propriedades magnéticas.
A turbina a gás é uma máquina térmica na qual se aproveita directamente a energia
liberada na combustão, armazenada nos gases produzidos que se expandem, de forma
parecida que o vapor nas turbinas a vapor, sobre as palhetas móveis de um rotor.

6.1.Ciclo Brayton: O ciclo ideal das turbinas a gás

O ciclo Brayton foi proposto por George Brayton para ser utilizado no motor alternativo
desenvolvido por ele em 1870. Hoje, é apenas usado em turbinas a gás, nas quais os
processos de compressão e expansão ocorrem em um maquinário rotativo. Em geral, as
turbinas a gás operam em um ciclo aberto, como mostra a abaixo.

Figura 18: Um motor a turbina a gás de ciclo aberto.


Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

O ar fresco em condições ambientes é admitido no compressor, onde a temperatura e a


pressão são elevadas. Daí, ar a uma alta pressão entra na câmara de combustão, na qual
o combustível é queimado a uma pressão constante. Em seguida, os gases resultantes, a
uma alta temperatura, entram na turbina, onde se expandem até a pressão atmosférica
enquanto produzem potência. Os gases de exaustão que deixam a turbina são jogados
para fora (não recirculam), de forma que o ciclo é classificado como aberto.
O ciclo de turbina a gás aberto pode ser modelado como um ciclo fechado, como
mostra a seguinte.

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Máquinas Térmicas

Figura 19: Um motor de turbina a gás de ciclo fechado.


Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

Utilizando as hipóteses do padrão a ar. Aqui os processos de compressão e expansão


permanecem os mesmos, mas o processo de combustão é substituído por um processo
de fornecimento de calor a uma pressão constante a partir de uma fonte externa, e o
processo de exaustão é substituído por um processo de rejeição de calor a uma pressão
constante para o ar ambiente. O ciclo ideal pelo qual passa o fluido de trabalho nesse
circuito fechado é o ciclo Brayton, formado por quatro processos internamente
reversíveis:
 1-2 Compressão isentrópica (em um compressor);
 2-3 Fornecimento de calor a pressão constante;
 3-4 Expansão isentrópica (em uma turbina);
 4-1 Rejeição de calor a pressão constante.

Os diagramas T-s e P-v de um ciclo Brayton ideal são mostrados na a seguir.

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Máquinas Térmicas

Figura 20: Diagramas T-s e P-v do ciclo Brayton ideal.


Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

Observa-se que todos os quatro processos do ciclo Brayton são executados em


dispositivos com escoamento em regime permanente, e portanto devem ser analisados
dessa forma. Quando as variações das energias cinéticas e potencial são desprezíveis,
balanço de energia de um processo com escoamento em regime permanente pode ser
expresso por unidades de massa como:

Portanto, as quantidades de calor transferidas de e para o fluido de trabalho são

A eficiência térmica do ciclo Brayton ideal segundo as hipóteses do padrão a ar frio


torna-se

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Máquinas Térmicas

Figura 21: Representação do Ciclo Brayton.

Fonte: Termodinâmica - Seminário 1,UNIFESPP,Laura Rodriguez, Carlos Souto

6.2.Ciclo de Rankine: O ciclo ideal para os Ciclos de potência a vapor

Muitos dos problemas práticos do ciclo de Carnot podem ser eliminados ao se


superaquecer o vapor de água na caldeira e condensá-lo completamente no condensador,
como mostra esquematicamente o diagrama T-s da figura abaixo:

Figura 22: O ciclo de Rankine Simples ideal.


Fonte: “Termodinâmica - Yunus Cengel”

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Máquinas Térmicas

O ciclo resultante é o ciclo de Rankine, que é o ciclo ideal das usinas de potência a
vapor.
O ciclo de Rankine ideal não envolve nenhuma irreversibilidade interna e consiste nos
quatro processos seguintes:
 1-2 Compressão isentrópica em uma bomba;
 2-3 Fornecimento de calor a pressão constante em uma caldeira;
 3-4 Expansão isentrópica em uma turbina;
 4-1 Rejeição de calor a pressão constante em um condensador.
A água entra na bomba no estado 1 como líquido saturado e é comprimida de maneira
isentrópica até a pressão de operação da caldeira. A temperatura da água aumenta um
pouco durante esse processo de compressão isentrópica, devido a uma ligeira
diminuição do volume específico da água.
A água entra na caldeira como um líquido comprimido no estado 2 e sai como vapor
superaquecido no estado 3. A caldeira é basicamente um grande trocador de calor no
qual o calor originário de gases de combustão, reactores nucleares ou outras fontes é
transferido para a água essencialmente a uma pressão constante.
A caldeira, incluindo a região onde o vapor é superaquecido (o superaquecedor),
também é chamada de gerador de vapor.
O vapor de água superaquecido no estado 3 entra na turbina, na qual ele se expande de
forma isentrópica e produz trabalho, girando o eixo conectado a um gerador eléctrico. A
pressão e a temperatura do vapor caem durante esse processo até os valores do estado 4,
no qual o vapor entra no condensador. Nesse estado, o vapor em geral é uma mistura de
líquido e vapor saturados com título elevado. O vapor é condensado a pressão constante
no condensador, que é basicamente um grande trocador de calor, rejeitando calor para
um meio de resfriamento como um lago, um rio ou a atmosfera. A água deixa o
condensador como líquido saturado e entra na bomba completando o ciclo.
Análise de energia do ciclo de Rankine ideal
Todos os quatro componentes envolvidos no ciclo de Rankine (a bomba, a caldeira,
a turbina e o condensador) são dispositivos com escoamento em regime permanente, e
por isso todos os quatro processos que formam o ciclo de Rankine podem ser analisados
como processos com escoamento em regime permanente.

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Máquinas Térmicas

As variações de energia cinética e potencial do vapor são pequenas em relação aos


termos de trabalho e transferência de calor e, em geral, são desprezadas. Assim, a
equação da energia, aplicada a um dispositivo com escoamento em regime permanente,
por unidade de massa de vapor, se reduz a

A caldeira e o condensador não envolvem nenhum trabalho, e considera-se que a bomba


e turbina sejam isentrópicas. Dessa forma, a equação de conservação da energia
aplicada a cada dispositivo pode ser expressa como:
Bomba (q = 0):

Ou,

Caldeira (w = 0)

Turbina (q = 0)

Condensador (w = 0)

A eficiência térmica do ciclo de Rankine é determinada a partir de

Onde

6.3.Aplicações das Turbinas a Gás

 Motores alternativos de Combustão Interna Turbo-sobre-alimentadores;

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Máquinas Térmicas

 Propulsão Marítima;
 Propulsão Aeronáutica Turborreactores;
 Caminhões.

7. Aspectos ambientais

Com o desenvolvimento das máquinas térmicas, o carvão retirado das minas era o
combustível. O avanço científico-tecnológico permitiu que as máquinas fossem
adaptadas para usar outros tipos de combustíveis como a gasolina, o óleo diesel e o gás
natural – combustíveis fósseis. Actualmente, há também o amplo uso de combustíveis
derivados de vegetais como etanol e o biodiesel. Foram desenvolvidos motores capazes
de aproveitá-los de forma eficiente.

Os combustíveis fósseis apresentam duas características importantes:

 Não são renováveis;


 Causam danos ambientais.

A queima de combustíveis fósseis nos motores das máquinas (nas indústrias, nos
veículos automotores) libera gases poluentes na atmosfera. Isto acarreta em poluição
atmosférica que prejudica a saúde do ambiente e das pessoas, provocando, por exemplo,
doenças respiratórias.

Outro importante problema ambiental é o vazamento de petróleo durante sua extracção


e transporte que contamina e compromete a biodiversidade local.

8. Impactos sociais e económicos das máquinas térmicas

No século 18, durante a revolução industrial, foram construídas as primeiras máquinas


térmicas para as indústrias. Essas primeiras máquinas consumiam muito carvão tendo
baixo rendimento. James Watt, em 1770, criou um novo modelo de máquina térmica
com grandes vantagens em relação às existentes na época, revolucionando a sociedade.
O desenvolvimento das máquinas térmicas levou ao desenvolvimento da
Termodinâmica com o estabelecimento da Segunda Lei da Termodinâmica. O
desenvolvimento da Termodinâmica causou importantes avanços na tecnologia de
produção e de transporte. Esses avanços produziram grandes impactos na sociedade e
no desenvolvimento da civilização. Hoje, muitas máquinas térmicas que fazem parte do

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Máquinas Térmicas

nosso dia-a-dia operam segundo princípios termodinâmicos (automóvel, geladeira,


caldeira, freezer, ar-condicionado, etc.

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9. Conclusão

Com este trabalho concluímos, ou melhor, deu-nos a entender o que são máquinas
térmicas. Tal estudo é de grande importância para a engenharia eléctrica, pois a maior
parte da energia eléctrica gerada no mundo é proveniente de centrais termoeléctricas.
Foi possível também analisar as características de cada tipo de máquina aqui estuda e
suas aplicações. Foi visto que as máquinas que tem o funcionamento baseado nos ciclos
de Otto e a Diesel são utilizadas para geração de baixas potências, indo deste a
alimentação de automóveis até o atendimento de pequenas localidades com baixa
demanda.
O ciclo Rankine, por sua vez, explica o funcionamento de plantas de geração à vapor e o
ciclo Brayton é utilizado para estudar o funcionamento de turbinas estacionárias,
utilizadas na Co-geração de energia eléctrica, e também as turbinas utilizadas na
propulsão de aeronaves.
Muitos estudos sobre o aperfeiçoamento destas máquinas, no que diz respeito ao
aumento de seus rendimentos, ainda precisam ser desenvolvidos, estes estudos visam a
diminuição de custos e principalmente uma redução na utilização de combustíveis e
consequentemente menor emissão de gases poluentes na atmosfera, o que vem sendo
uma das grandes problemáticas na geração de energia, isto é, a procura de meios de
geração que sejam menos prejudicial a atmosfera.

10. Recomendação

Recomenda-se que os docentes desta disciplina continuem dando mais trabalhos de


pesquisas relativos aos temas sobre máquinas térmicas como meio promover e
desenvolver o conhecimento dos estudantes sobre as máquinas térmicas, que é
imperioso que os estudantes de engenharia eléctrica conheçam as máquinas térmicas e
outros tipos de máquinas que usam a energia eléctrica ou transformem outro tipo de
energia em eléctrica, o que torna uma grande relação com o curso.

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11. Referencias Bibliográficas

 Çengel, Yunus A. Termodinâmica [recurso eletrônico] / Yunus A. Çengel,


Michael A. Boles ; tradução: Paulo Maurício Costa Gomes ; revisão técnica:
Antonio Pertence Júnior. – 7. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH,
2013.
 NASCIMENTO, Felisberto. Princípio de Funcionamento dos Motores de
Combustão. Disponível em:
<http://felisbertonneto.blogspot.com.br/2009/09/principio-de funcionamentodos-
motores.html>. Acesso em 2 de abril de 2016.
 ROSTAND, Romulo. Motor Stirling - Evolução desde a revolução. Disponível
em: http://motoresdecombustao.blogspot.com.br/2014/11/motor-stirling
evolucao-desderevolucao. html. Acesso em 30 de outubro de 2017.
 Van Wylen, G. J. Fundamentos da Termodinâmica Clássica, Editora Edgard
Blücher Ltda,1973.
 HEYWOOD, John. Internal combustion engine fundamentals. United States of
America: McGraw-Hill. 1988.

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