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Livro de Atos Dos Apóstolos (John Lennox)
Livro de Atos Dos Apóstolos (John Lennox)
Parte I
Acts: You Shall Be My Witnesses (Atos: Vocês serão minhas testemunhas) –
John Lennox
https://www.youtube.com/watch?v=hp90K60xrDU&list=PLJJkY0ynFadSPWrIQT8hPgF61Hfw
miC9O&index=5
EVANGELISMO PERSUASIVO:
A. Pregando e defendendo o evangelho – Principalmente Pedro (1.1-12.24).
Pedro diz: “Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai
sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que
vos pedir a razão da esperança que há em vós.” – 1Ped 3.15. Em Lc 9.28ss.,
está a Transfiguração de Cristo, evento que relata a voz de Deus que vem do
céu dizendo aos discípulos: “este é o meu Filho amado, a ele escutai”. O ponto
central de Atos é diametralmente oposto àquele: “o rei Herodes se veste com
mantos magníficos e senta em público na frente das pessoas e eles gritam a
voz de um deus, e Deus intervém e mata-o” (At 12.21-23). O contraste é muito
dramático: a voz dos poderosos na Terra se opõe à voz dos céus.
No final de At 12.24, tem a frase “Mas a palavra de Deus continuou a crescer
e se espalhar” (pequena frase marcadora), que é a maneira de Lucas dar um
pequeno resumo do que está acontecendo. Essas frases repetidas são
marcadores estruturais (um tipo de artifício literário) que dividem Atos em 6
seções):
✓ crescia a palavra de Deus (6.7);
✓ as igrejas... eram edificadas e se multiplicavam (9.31);
✓ a palavra de Deus crescia e se multiplicava (12.24);
✓ as igrejas eram confirmadas na fé, e cada dia cresciam em número
(16.5);
✓ a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia (19.20);
✓ pregando o reino de Deus, e ensinando (28.30-31).
Esses marcadores são intencionais, servindo para marcar um fluxo de
pensamento no livro de Atos. Vejamos cada uma das 6 seções:
Primeira seção: JERUSALÉM (1.1-6.7)
• PARTE A: At 1.1-3.26: pentecostes + cura. A mensagem – Jesus é o Senhor
ressuscitado.
As pessoas.
A igreja cristã foi inaugurada com um acontecimento muito dramático
dentro de Jerusalém. A primeira oposição ao evangelho (cap. 4) não vem
de ateus ou agnósticos, e sim de um naturalista religioso; saduceus e
teólogos que não tinham qualquer dimensão sobrenatural.
• PARTE B: At 4.1-6.7: oposição à mensagem – Jesus é o único nome.
Os governantes e sacerdotes (3.21; 6.7).
• Temas abrangentes: O espiritual e o material (ao longo de Atos, se vê a
alternância e o conflito entre espírito e matéria (matéria aqui pode ser
posses, dinheiro, poder, sexo). Ex.: campo (de Judas, o traidor; de
Barnabé; de Ananias e Safira – i.e., nossas pequenas posses de pedaços do
planeta podem nos afastar do espiritual.).
Segunda seção: ADORAÇÃO E TESTEMUNHO DO CRISTIANISMO (6.8-9.31)
• O martírio de Estevão assistido por Saulo (perseguição). Estêvão está
pregando coisas muito perturbadoras para os judeus: sugerindo que o
templo e os sacrifícios estão se tornando obsoletos (a Carta aos Hebreus
sugere a mesma coisa); então, é um movimento de Cristianismo infantil
fora dos limites do judaísmo oficial;
• Filipe: O evangelho vai para Samaria (os samaritanos eram um grupo
renegado que havia se separado séculos antes do judaísmo oficial);
• Filipe: O evangelho vai para África (pois pregou ao etíope);
• A conversão de Paulo, missionário para o mundo (perseguição). Paulo sai
dos gentios para ser peregrino e volta aos gentios para ser missionário.
Terceira seção: O EVANGELHO VAI PARA OS GENTIOS (9.32-12.24)
• At 9.32-11.18: Pedro e o centurião Cornélio: O problema do isolacionismo
social judaico: o que é santidade? (Pedro podia comer com um não-judeu?
Toda a estrutura dos regulamentos sociais no judaísmo ameaçou parar o
evangelho, i.e., lutando para tirar o cristianismo dos limites do judaísmo).
A reação da igreja em Jerusalém: eles glorificaram a Deus.
• At 11.19-12.24: Antioquia – A primeira igreja fora de Jerusalém (uma
igreja internacional não apenas em sua congregação, mas em sua
liderança. Qual deve ser o relacionamento dessas novas igrejas
estabelecidas com a igreja de Jerusalém?). Os discípulos foram chamados
cristãos. A reação de Herodes – Tiago assassinado, Pedro preso: o
evangelho e o sacralismo de Israel. Herodes se exalta.
É muito difícil evangelizar as pessoas se você não as iguala; e Pedro estava
fazendo distinção (e discriminação) entre judeus e gentios na questão alimentar
e convivência social. Essa barreira teve de ser superada: as antigas leis
alimentares que foram projetadas por Deus para ensinar a Israel lições de baixo
nível, mas reais sobre a santidade, foram abolidas (Cristo as aboliu). Pedro
aprendeu que a santidade havia mudado, portanto, ele não seria contaminado
por comer na companhia de gentios. E Pedro foi pregar ao centurião Cornélio,
isso foi mais um passo no movimento do cristianismo para longe do judaísmo.
B. Defendendo e pregando o evangelho – Principalmente Paulo (12.25-28.31).
Quarta seção: A DEFESA DA VERDADEIRA LIBERDADE (12.25-16.5)
• At 13-14: Viagem missionária (44-46 d.C.) de Paulo e Barnabé à Ásia
Menor de Antioquia e volta. Oposição de judeus incrédulos fora da igreja;
• At 15.1-16.5: de Antioquia a Jerusalém e de volta ao Concílio de Jerusalém
(onde é feita objeção à várias práticas de fariseus que acreditavam) – a
relação do ritual com a salvação. Oposição dos fariseus que acreditavam.
O ritual é outro grande obstáculo potencial para o desenvolvimento do
cristianismo no mundo antigo.
Qual é a relação do ritual com a salvação? A salvação é uma cerimônia
realizada numa criança? O ritual é crucial para a salvação? Isso tem sido um
problema ao longo dos séculos, mas os apóstolos daquela época discutiram e
chegaram à conclusão de que eles seriam salvos sozinhos pela fé em Cristo, e
não Baal-Cristo mais o ritual. Se você amarra o ritual ao evangelho, você leva às
pessoas novamente às incertezas de que elas são ou não aceitas por Deus.
Quinta seção: O CRISTIANISMO E O MUNDO PAGÃO (16.6-19.20)
• Paulo e Silas: O evangelho chega à Europa.
• O cristianismo confronta: a) Espiritismo pagão em Filipos e Éfeso b)
Acusações de subversão política em Filipos, Tessalônica e Corinto c)
Filosofia pagã e idolatria em Atenas e Éfeso d) Judaísmo em Tessalônica,
Bereia, Corinto e Éfeso.
Estamos aqui na Europa como cristão porque, séculos atrás, um homem,
Paulo, atendeu uma visão na qual mostrava um pedido macedônico: “venha e
nos ajude”. Paulo respondeu a essa orientação do ES e trouxe o evangelho da
Ásia para a Europa. Na Europa, o evangelho enfrenta: o espiritismo pagão, o
mundo oculto, o mundo da pseudo orientação que enche nossos jornais (em
muitos países há mais médiuns e ocultistas que ministros cristãos); acusação de
subversão política de que o cristianismo é antinomiano, i.e., é contra a lei; em
Atenas, enfrenta duas filosofias que infectam nosso trabalho contemporâneo,
que são as doutrinas do acaso dos epicuristas e das doutrinas fatalistas dos
estoicos – o acaso e a necessidade, as filosofias dominantes na academia hoje
(Paulo lê seus poetas e enfrenta os adversários citando tais poetas, mas não a
Bíblia, a qual ele cita muito sutilmente); o evangelho lida com mal-entendidos
do judaísmo.
Sexta seção: A ÚLTIMA VIAGEM (19.21-28.31)
• Confrontando o culto (adoração) de Ártemis; preparando líderes (Éfeso);
• Mostrando respeito pela lei; defesa nos degraus da fortaleza Antônia e
depois em frente ao Sinédrio (Jerusalém) [os judeus em Jerusalém
desafio-o como infrator];
• Defesa perante Félix, Festo, Agripa (Cesaréia);
• Uma viagem tempestuosa e um naufrágio (Malta);
• Ensinar sobre o Senhor Jesus com ousadia e sem impedimentos (Roma).
Esta é uma seção que mostra uma situação de defesa após defesa, onde o
evangelho está sendo julgado na pessoa de Paulo. As pessoas julgam a
mensagem pelo mensageiro. Veja como Paulo se comporta (e não somente
ensina) quando é empurrado para uma posição difícil.
No livro de Atos vemos um líder cristão após o outro ir para a glória em
circunstâncias diferentes, e sempre promete que há Jesus no céu que
imediatamente nos saudará nesse novo mundo.
Em cada seção é gradualmente construído um vocábulo com grandes
questões: [seção 1] identidade de Jesus Cristo – Deus o fez Senhor e Salvador
[senhorio de Cristo e sua singularidade], e podemos ter certeza disso por causa
das evidências de vários níveis que Lucas traz para a experiência e profecia da
história; [seção 2] significado do templo e o sacrifício por meio do sacrifício do
sumo sacerdócio de Jesus Cristo; [seção 3] questão do evangelho e regulamentos
sociais; [seção 4] evangelho, o ritual e a defesa da liberdade genuína etc.
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Parte II
Acts 1-3: A Supernatural Invasion (Atos 1-3: Uma Invasão Sobrenatural) – John
Lennox
https://www.youtube.com/watch?v=HNsl3dYpUF8&list=PLJJkY0ynFadSPWrIQT8hPgF61Hfw
miC9O&index=6
Parte III
Acts 4-8: Christianity’s Worship and Witness (Atos 1-3: Adoração e testemunho
do cristianismo) – John Lennox
https://www.youtube.com/watch?v=mLsQlCLHAKk&list=PLJJkY0ynFadSPWrIQT8hPgF
61HfwmiC9O&index=7
Na primeira seção do livro de Atos (At 1.1-6.7), vimos que Lucas a divide
em duas partes. Temos a invasão espiritual de Deus na ressurreição, no
Pentecostes e na cura do coxo; (1.1-3.26). Todos esses eventos se encaixam
numa tradição profética que em si é uma evidência poderosa de sua
autenticidade; e a menção aos profetas aumenta de intensidade (Pedro fala de
Moisés, dos profetas, de Samuel e dos profetas que o seguiram, fala da promessa
feita a Abraão – assim, existe um conjunto de evidência muito poderosa de que
Jesus é o Messias ressuscitado e exaltado à direita de Deus).
COMPREENDER OS TEMPOS DAS FESTAS DE ISRAEL
• Páscoa + Pães asmos
• Colheita de milho:
a) Primícias
b) Pentecostes
• Colheita de uva:
a) Trombetas;
b) Dia da expiação (Yom Kippur);
c) Tabernáculos
Pentecostes era um dos festivais de Israel. Vai da Páscoa, que é a festa dos
começos e redenção, até a Festa dos Tabernáculos. Após a Páscoa (e Pães
asmos), as próximas duas festas estão associadas à colheita do milho. Depois
vem três outras associadas à colheita de uva. Embora todas as festas de Israel
representem um ciclo repetido, elas também são uma história profética: Cristo
é a nossa Páscoa sacrificada (diz Paulo em Coríntios); o Cristo ressuscitado dos
mortos é as primícias daqueles que adormeceram e depois reivindicaram o
Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo através do exaltado Senhor
Jesus Cristo. Agora há uma outra colheita, e é grande, e três festas se associam
a ela: Trombetas, Dia da Expiação e Tabernáculos. A trombeta soará e Cristo
retornará (é uma invasão colossal); o Dia da Expiação refere-se ao plano de Deus
com Israel, cujas promessas ainda não se cumpriram (Rm 11); o AT descreve a
Festa dos Tabernáculos como tendo característica principal a abolição da morte;
ou seja, Deus fará uma grande festa e a celebração será a abolição da morte
(Paulo diz em Coríntios que o último inimigo a ser vencido é a morte).
Enfim, da Páscoa até o Tabernáculo, temos a progressão histórica do
plano de Deus: a redenção na cruz através da ressurreição (Páscoa) até a derrota
da morte (Tabernáculos).
Os 8 ingredientes básicos do livro de Atos.
ÍNDICE
a) A Ascensão (de Jesus Cristo) e) Sinédrio 1 (Primeira audiência)
b) Substituindo Judas por Matias f) Vida da Igreja Ananias/Safira
c) Pentecostes g) Sinédrio 2 (Segunda audiência)
d) Cura do homem coxo h) A vida da igreja estabelecendo prioridades
49:15 min
Parte IV
Acts 16-19: The Gospel Reaches Europe (Atos 16-19: O Evangelho Alcança a
Europa) – John Lennox
https://www.youtube.com/watch?v=jPlqq2ow0LE&list=PLJJkY0ynFadSPWrIQT8hPgF61Hfw
miC9O&index=8
“”
16:33 min.
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Theism & Science: A Conversation with John Lennox (Teísmo e Ciência: Uma
Conversa com John Lennox)
https://www.youtube.com/watch?v=ZOPt8OGTzJM
Qual é a definição de ciência? Pensava-se que era muito fácil de definir; e
era definida assim: “um processo pelo qual você poderia estabelecer a verdade
observando o mundo natural e você criava uma hipótese, então a testaria, e
refinaria e modificaria a hipótese e assim por diante”. Todas essas coisas estão
associadas a fazer ciência, mas os filósofos da ciência estão de acordo que não
há uma definição aceita de ciência; eles tentam ser mais modestos e dizem que
a ciência é um método de investigação que envolve todas essas coisas – lógica,
racionalidade, hipóteses, testes das hipóteses. A ciência é o tipo de coisa que
Agostinho diz: eu sei o que é até que me pedem uma definição. Ademais, não há
um método específico de ciência; há diferentes métodos para diferentes
disciplinas e questões. Então é deturpada a imagem de ciência que nos é
passada como sendo uma única coisa definível, um único método.
No mundo anglo-inglês, a palavra “ciência” diz respeito somente às
ciências naturais – Física, Química. Em outras partes do mundo, a palavra
“ciência” tem um sentido mais abrangente, englobando tanto as ciências
naturais como as ciências humanas – Filosofia, História etc. O termo ciência
provém do latim e significa conhecimento (saber); portanto, diz respeito a
qualquer conhecimento humano; é um termo abrangente. Porém, com o
aparecimento das ciências (naturais) modernas nos sécs. XVI e XVII, o termo
“ciência” ficou associado somente às ciências naturais, como Física, Química
(daí definirem a ciência como naturalismo aplicado). Nesse caso, até mesmo as
ciências humanas – Filosofia, Teologia, História, Linguística, as ciências sociais –
não são consideradas ciência.
Temos dois tipos reais de ciência: ciência indutiva e ciência abdutiva.
1. Ciência indutiva: é aquela feita com a experimentação repetida, já que é
possível repetir tais fatos. Ex.: composição/combinação da água em
hidrogênio e oxigênio; a órbita em elipse dos planetas em volta do Sol.
Você pode repetir tais eventos e confirmar todos os dias que é assim;
portanto, a experimentação tem uma autoridade maior. Estabelece a
verdade a partir da observação dos fatos naturais. A ciência indutiva usa
o argumento indutivo (abordagem indutiva). A prova será indutiva.
2. Ciência abdutiva: é aquela feita por inferência, já que muitos eventos são
únicos e irrepetíveis no passado (há muitas situações que não podemos
repetir), como a origem do universo, a origem das galáxias, a origem da
vida. Tais situações não podem ser abordadas cientificamente (no sentido
das ciências naturais), tais coisas não podem ser repetidas no laboratório.
Para esses fatos, então, teremos de fazer uma abordagem diferente. Há
uma ciência de lidar com eventos únicos e irrepetíveis no passado: o
método histórico, é a abordagem histórica da ciência e da história.
Exemplo na ciência forense: diante de um crime de assassinato você não
pode dizer “vamos fazer de novo (repetir) e ver o que aconteceu”; o que
tem de ser feito aqui é passar por um processo de estabelecer um
argumento para a melhor evidência, um argumento abdutivo (“se
suspeitar que 'a' fez isso, esperaríamos que tal coisa seguisse”, mas então
há uma anomalia aqui se 'a' tivesse feito isso; mas “se 'b' tivesse feito,
ambas as coisas estariam lá”, então 'b' é um assunto de interesse mais
provável do que 'a' – dessa forma obtemos o que chamamos de inferência
para a melhor explicação). A inferência não tem a mesma autoridade que
a ciência indutiva, mas, no entanto, há muitas coisas na vida que não
podemos estabelecer indutivamente. Não há como dar uma prova
indutiva de que o avião me levará amanhã para Nova York, mas há
experiência suficiente para que eu confie minha vida a ele. Para tais fatos
não é possível fazer uma abordagem indutiva, porém, se faz uma
abordagem por inferência.
Quando alguém diz “me prova tal coisa”, é bom lembrar que o termo
“prova” (na qual a ciência está associada) possui vários sentidos. Pelo menos,
três sentidos do termo “prova”:
a) Prova matemática: começa com um conjunto de axiomas, você constrói
sua teoria por um conjunto de uma série de regras de influência e chega
aos seus teoremas que são considerados verdadeiros com base nesses
axiomas. A prova matemática (a prova associada à matemática) é única,
exclusiva; nem mesmo as ciências naturais ou as ciências humanas
conseguem provar algo matematicamente (nessas você obtém evidências,
fundamentos).
b) Prova indutiva: baseada em evidência, e é provada por experimentação
repetida (geralmente feita em laboratório). Tem autoridade forte. As
pessoas estão mais acostumadas a esse tipo de prova.
c) Prova abdutiva: baseada em evidência, e é provada por inferência
(abdução). Tem autoridade menos forte, mas pode ser razoavelmente
forte. As pessoas não estão familiarizadas com esse tipo de prova. É usada
nas ciências abdutivas: ciência forense, história etc. Quando alguém
apresentar uma prova por inferência, a pergunta certa a ser feita é: “Qual
é a evidência em que você baseia sua confiança?”, porque a verdadeira
confiança (fé) – que vem em toda a ciência, e não apenas na religião – só
é válida na medida em que suas evidências são válidas.
Em nenhum outro campo da atividade intelectual humana você obtém o
tipo de prova matemática. A prova matemática (a prova associada à matemática)
é única, exclusiva; nem mesmo as ciências naturais (prova indutiva) ou as
ciências humanas (prova abdutiva) conseguem provar algo matematicamente.
Não podemos provar matematicamente que a nossa esposa nos ama, mas há
evidências suficientes para isso. Tanto nas ciências naturais quanto nas
humanas, o que você obtém é evidências, fundamentos (mas não obtém o tipo
de prova matemática). Então, há uma enorme mistura dentro da ciência da
prova indutiva (onde se pode repetir o experimento, e que é muito forte) e da
prova abdutiva (onde se faz inferências, que é menos forte, mas pode ser
razoavelmente forte). E quando analisamos os resultados científicos, temos de
saber em que categoria eles se enquadram, e, portanto, fazer a crucial pergunta:
“Qual é a evidência sobre a qual você acredita sobre determinada coisa?”.
Há uma noção generalizada hoje entre os principais cientistas de que a
ciência (natural) é o único caminho para a verdade; e dizem que se algo não pode
ser explicado cientificamente, então não pode ser explicado sensatamente.
Porém, a verdade é que existem limites para a ciência, tanto que ela não pode
responder às questões mais básicas de uma criança: “De onde venho?”, “Para
onde vou?”, “Qual o sentido da vida?” – mas, tais questões podem ser
respondidas pela Filosofia, Literatura, Teologia. A ciência não pode lidar com a
Ética (todo o reino ético está fora das ciências naturais). Se a ciência (natural)
fosse a explicação e respondesse a tudo, teríamos que fechar muitos
departamentos da Universidade (e disciplinas escolares), como os de História,
Filosofia, Linguística, Teologia, ciências sociais etc. Mas todas essas disciplinas –
ciências humanas e sociais – são disciplinas racionais. A ciência (natural) e a
racionalidade não são co-extensivas; a racionalidade não existe somente nas
ciências naturais. Você pode usar a racionalidade que não seja numa abordagem
científica; daí as disciplinas de História, Filosofia, Teologia, ciências sociais serem
todas racionais (podemos fazer uma abordagem racional sobre a existência de
Deus). As ciências humanas transcendem as ciências naturais e são, em geral,
mais importantes porque as ciências naturais não respondem à questão do
significado, que é a maior questão para a maioria das pessoas. As ciências
naturais podem explorar os fatos e dizer como as coisas funcionam, mas não te
dão o significado, por isso dão uma visão estreita e não holística – “A ciência
desmonta as coisas para entender como elas funcionam; e a religião/filosofia as
ajunta para ver o que elas significam”.
Quando se fala da crença em Deus, temos de observar três coisas: a)
história da ciência b) filosofia e natureza da ciência c) resultados da ciência.
I. HISTÓRIA DA CIÊNCIA
A crença em Deus é consistente com o esforço científico. Ao olharmos para
os pioneiros da ciência moderna nos sécs. XVI e XVII – Galileo, Kepler, Newton
etc. – a maioria deles era teísta, e praticamente todos cristãos. C. S. Lewis disse
que os homens se tornaram científicos porque esperavam lei na natureza e
esperavam isso porque acreditavam em um legislador.
Há uma ligação muito forte entre o surgimento da ciência moderna e a
visão de mundo cristão. Foi sua visão de mundo cristão que ensinou a esses
pioneiros da ciência que o mundo é uma criação racional, o que significava que
a ciência vale a pena e pode ser feita e por isso a motivação para fazê-lo; ou seja,
sua fé em Deus (essa crença básica em Deu) foi o ponto de partida filosófico para
investigar o universo até chegar ao fato de que o universo poderia ser descrito
em termos da linguagem da matemática, o que levantou uma grande questão: a
inteligibilidade racional do universo, uma evidência real de uma mente racional
por trás do universo.
A visão naturalista (ateísta) é autocontraditória. Todo cientista é crente.
Einstein disse que não poderia imaginar em um cientista genuíno que não tivesse
fé, não em um Deus, mas no universo que é racional e matematicamente
inteligível. A Física é impotente para explicar sua crença na inteligibilidade
racional do universo (e você só pode fazer física se crer nisso). Por que os
cientistas acreditam que o universo é racionalmente inteligível se eles acreditam
que o cérebro é produto de processos impessoais e irracionais não guiados? Aqui
está a filosofia de origem da ciência (natural) que o cientista acredita, mas ela
destrói a racionalidade que o cientista está usando neste momento para
acreditar. É um suicídio intelectual. C. S. Lewis disse que qualquer argumento
que pretenda minar a racionalidade não pode ser verdade porque você o alcança
usando sua racionalidade.
II. NATUREZA DA CIÊNCIA
“”
26.57