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Livro de Atos dos Apóstolos

Parte I
Acts: You Shall Be My Witnesses (Atos: Vocês serão minhas testemunhas) –
John Lennox
https://www.youtube.com/watch?v=hp90K60xrDU&list=PLJJkY0ynFadSPWrIQT8hPgF61Hfw
miC9O&index=5

Atos é um dos livros mais importantes de toda a literatura mundial; é a


história seminal da Igreja Cristã, escrita pelo Dr. Lucas (médico), o único escritor
cientista do Novo Testamento. Os médicos são treinados em observação muito
aguda e perceptiva, e Lucas tinha isso e aplica a mesma capacidade para a
história.
Lucas fez uma obra em dois tomos – Evangelho/Atos –, cujo propósito está
dado no início da obra: “Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a
narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os
mesmos que os presenciaram desde o princípio, e foram ministros da palavra,
pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo,
por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o
princípio; para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.” –
Lc 1.1-4.
Essa abertura (Lc 1.1-4) parece como uma proposta de pesquisa em
retrospecto; sua pesquisa consistia em investigar, consultar testemunhas
oculares e escrever um relato ordenado para o eminente romano Teófilo. Duas
coisas:
a) A preocupação de Lucas está nas “coisas/fatos que se cumpriram entre
nós” (Lc 1.1), algo incomum para um historiador porque diz respeito à dimensão
da profecia bíblica cumprida, i.e., uma parte substancial da sua evidência será
para encaixar suas observações históricas no fluxo de previsão da profecia bíblica
que vinha acontecendo há muitos séculos;
b) A escrita de Lucas não era para informar/ensinar, uma vez que Teófilo
já fora ensinado sobre tais coisas, mas para que ele tivesse a certeza daquelas
informações/ensinos (1.4). As pessoas precisam não apenas ser ensinadas, mas
ter a certeza de que o que foram ensinados é verdade. Há uma crise de
confiança secular geral. Como e quais evidências um historiador e apóstolo
inspirado traz para aumentar nossa certeza para que possamos entrar mais
confiantes no mundo? Quais coisas aumentam a certeza? Quando se trata de
História, as coisas imediatas que vamos querer saber para aumentar a certeza é
a autenticidade do que está sendo dito. O historiador Sir William Ramsey passou
mais de 20 anos fazendo pesquisas arqueológicas nas áreas sobre as quais Lucas
escreveu, que é o Mediterrâneo. Ramsey nos mostra essa certeza da
confiabilidade de Lucas como um historiador antigo. Mostrou a confiabilidade
de Lucas, o qual faz referências a 32 países, 54 cidades e 9 ilhas, confirmando
que Lucas não cometeu erros. Colin Hamer, em sua obra magistral, diz também
sobre Atos: os detalhes de arqueologia, nomes de funcionários, locais de
inscrições obtendo títulos corretos, preciso conhecimento de geografia e
detalhes de navegação de uma viagem marítima a Roma. O historiador romano
de Oxford, A. N. Sherwin-White, diz que “para Atos a confirmação da
historicidade é esmagadora”. Lucas não foi uma testemunha ocular, ele
consultou testemunhas oculares e foi companheiro de viagem de Paulo; em
várias seções de Atos, Lucas usa o “nós” para denotar que está com Paulo, então
ele teve ampla oportunidade de vê-lo trabalhando.
A mensagem do livro de Atos: “Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de
tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, até ao dia em que foi
recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos
apóstolos que escolhera; aos quais também, depois de ter padecido, se
apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço
de quarenta dias, e falando das coisas concernentes ao reino de Deus.” – At 1.1-
3. Atos é o livro sobre o que Jesus continua a fazer e ensinar através da presença
de seu Espírito Santo que ele enviou para estar na terra para resumir a
mensagem.
MENSAGEM DE ATOS:
• Propagação geográfica do evangelho cristão, de Jerusalém a Roma
(capital do Império Romano);
• O evangelho encontra cada vez mais oposição de todos os tipos diferentes
– deturpação, mal-entendido e perseguição externa – e mostra-se o que
é. Qual é o Evangelho que defendemos? E dentro desse Evangelho, quais
são as coisas que devemos defender sem qualquer compromisso? Atos
nos mostra o que os apóstolos consideraram como central e o que eles
consideravam não tão importante.
No início de Atos, temos uma ênfase dupla que percorre todo o livro:
evangelho sobrenatural (dimensão sobrenatural do Cristianismo) e fé
exclusivista. Vejamos:
▪ Um evangelho sobrenatural (por completo): Cristo veio do céu, nasceu de
uma virgem, ressuscitou dos mortos, subiu ao céu de onde um dia retornará
visivelmente. Lucas está interessado no conceito de salvação muito mais que
qualquer outro escritor do Evangelho. Logo no início de seu Evangelho (Lc
3.6), Lucas fala do anúncio de João Batista citando Isaías 42: “toda a carne
verá a salvação de Deus”. No final de Atos (At 28.25-27), Lucas fala de Paulo,
o qual cita Isaías, mostrando a falta de vontade de Israel em ouvir a voz de
Deus, mas que os gentios ouviriam a salvação de Deus (v. 28). Muitos,
erroneamente, reduzem o cristianismo a ser uma pessoa de boa moral.
Porém, Atos reproduzem muito pouco do ensino ético de Jesus e dos
apóstolos, mas é tão cheio da pregação da salvação. Claro que o livro nos diz
bastante sobre o impacto moral do cristianismo e em seus adeptos, mas sua
maior preocupação é a transmissão da mensagem de salvação ao mundo em
cumprimento da declaração de Jesus (“vocês serão minhas testemunhas em
Jerusalém, toda a Judeia, Samaria até os confins da terra”).
Atos está cheio de discursos, sobretudo, os de Pedro e Paulo. Não são
discursos dados em espaço seguro de uma igreja ou uma sala de universidade,
mas no espaço público. Hoje deveria ser assim também: impactar a cultura se
envolvendo na defesa da articulação pública do evangelho; porém hoje existe o
pluralismo e seu companheiro relativismo, e o desenvolvimento de uma cultura
de vítima e hostilidade aberta – tudo isso levou à marginalização e privatização
das expressões de fé em Cristo. Um certo autor, ao dizer sobre Atos, mostra que
onde quer que os apóstolos começaram sua pregação, sejam judeus no
Pentecostes que conheciam a Bíblia ou atenienses que não conheciam, eles
sempre terminavam dizendo essencialmente as mesmas TRÊS COISAS (NA
PREGAÇÃO), não importando qual seja o contexto: 1) Há apenas um Deus e
somos responsáveis perante Ele, o qual nos criou 2) Ele (Deus) ressuscitou Jesus
dos mortos, autenticando assim tanto a sua afirmação única de ser o Filho de
Deus quanto à eficácia de sua morte para o perdão dos pecados 3) Você enfrenta
uma escolha: você deve se arrepender ou enfrentar o julgamento de Deus que
seria operado pelo homem (Jesus) designado por Deus.
▪ Uma fé exclusivista: Não há outro nome debaixo do céu dado aos homens
pelo qual devamos ser salvos (isso é uma reinvindicação exclusiva para
Jesus). Essa fé exclusivista nos exclui não em um sentido pejorativo, mas no
sentido de que não há outro nome debaixo do céu dado aos homens pelo
qual devamos ser salvos e qualquer um pode ser salvo. Então sua inclusão é
óbvia em sua oferta.
Esses dois elementos ou temas centrais (fundamento) do Cristianismo –
evangelho sobrenatural e fé exclusivista – são as coisas que estão mais sob
ataque no mundo contemporâneo (muitos do clero duvidam da ressurreição
física, do nascimento virginal e de que a fé em Cristo é o único caminho). Mas
para Lucas esses dois elementos são o fundamento.
Divisão de Atos como um todo. Ele se divide em duas partes principais:
a) Pregando e defendendo o evangelho (Pedro) [1.1-12.24] – o contexto
cultural é principalmente judaico: inclui aqui as seções de 1 a 3 de Atos
(as seções são mostradas abaixo);
b) Defendendo e pregando o evangelho (Paulo) [12.25-28.31] – o
contexto cultural é principalmente gentio: inclui aqui as seções de 4 a
6 de Atos.
As duas são as mesmas coisas, com ênfases distintas. Vejamos:

EVANGELISMO PERSUASIVO:
A. Pregando e defendendo o evangelho – Principalmente Pedro (1.1-12.24).
Pedro diz: “Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai
sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que
vos pedir a razão da esperança que há em vós.” – 1Ped 3.15. Em Lc 9.28ss.,
está a Transfiguração de Cristo, evento que relata a voz de Deus que vem do
céu dizendo aos discípulos: “este é o meu Filho amado, a ele escutai”. O ponto
central de Atos é diametralmente oposto àquele: “o rei Herodes se veste com
mantos magníficos e senta em público na frente das pessoas e eles gritam a
voz de um deus, e Deus intervém e mata-o” (At 12.21-23). O contraste é muito
dramático: a voz dos poderosos na Terra se opõe à voz dos céus.
No final de At 12.24, tem a frase “Mas a palavra de Deus continuou a crescer
e se espalhar” (pequena frase marcadora), que é a maneira de Lucas dar um
pequeno resumo do que está acontecendo. Essas frases repetidas são
marcadores estruturais (um tipo de artifício literário) que dividem Atos em 6
seções):
✓ crescia a palavra de Deus (6.7);
✓ as igrejas... eram edificadas e se multiplicavam (9.31);
✓ a palavra de Deus crescia e se multiplicava (12.24);
✓ as igrejas eram confirmadas na fé, e cada dia cresciam em número
(16.5);
✓ a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia (19.20);
✓ pregando o reino de Deus, e ensinando (28.30-31).
Esses marcadores são intencionais, servindo para marcar um fluxo de
pensamento no livro de Atos. Vejamos cada uma das 6 seções:
Primeira seção: JERUSALÉM (1.1-6.7)
• PARTE A: At 1.1-3.26: pentecostes + cura. A mensagem – Jesus é o Senhor
ressuscitado.
As pessoas.
A igreja cristã foi inaugurada com um acontecimento muito dramático
dentro de Jerusalém. A primeira oposição ao evangelho (cap. 4) não vem
de ateus ou agnósticos, e sim de um naturalista religioso; saduceus e
teólogos que não tinham qualquer dimensão sobrenatural.
• PARTE B: At 4.1-6.7: oposição à mensagem – Jesus é o único nome.
Os governantes e sacerdotes (3.21; 6.7).
• Temas abrangentes: O espiritual e o material (ao longo de Atos, se vê a
alternância e o conflito entre espírito e matéria (matéria aqui pode ser
posses, dinheiro, poder, sexo). Ex.: campo (de Judas, o traidor; de
Barnabé; de Ananias e Safira – i.e., nossas pequenas posses de pedaços do
planeta podem nos afastar do espiritual.).
Segunda seção: ADORAÇÃO E TESTEMUNHO DO CRISTIANISMO (6.8-9.31)
• O martírio de Estevão assistido por Saulo (perseguição). Estêvão está
pregando coisas muito perturbadoras para os judeus: sugerindo que o
templo e os sacrifícios estão se tornando obsoletos (a Carta aos Hebreus
sugere a mesma coisa); então, é um movimento de Cristianismo infantil
fora dos limites do judaísmo oficial;
• Filipe: O evangelho vai para Samaria (os samaritanos eram um grupo
renegado que havia se separado séculos antes do judaísmo oficial);
• Filipe: O evangelho vai para África (pois pregou ao etíope);
• A conversão de Paulo, missionário para o mundo (perseguição). Paulo sai
dos gentios para ser peregrino e volta aos gentios para ser missionário.
Terceira seção: O EVANGELHO VAI PARA OS GENTIOS (9.32-12.24)
• At 9.32-11.18: Pedro e o centurião Cornélio: O problema do isolacionismo
social judaico: o que é santidade? (Pedro podia comer com um não-judeu?
Toda a estrutura dos regulamentos sociais no judaísmo ameaçou parar o
evangelho, i.e., lutando para tirar o cristianismo dos limites do judaísmo).
A reação da igreja em Jerusalém: eles glorificaram a Deus.
• At 11.19-12.24: Antioquia – A primeira igreja fora de Jerusalém (uma
igreja internacional não apenas em sua congregação, mas em sua
liderança. Qual deve ser o relacionamento dessas novas igrejas
estabelecidas com a igreja de Jerusalém?). Os discípulos foram chamados
cristãos. A reação de Herodes – Tiago assassinado, Pedro preso: o
evangelho e o sacralismo de Israel. Herodes se exalta.
É muito difícil evangelizar as pessoas se você não as iguala; e Pedro estava
fazendo distinção (e discriminação) entre judeus e gentios na questão alimentar
e convivência social. Essa barreira teve de ser superada: as antigas leis
alimentares que foram projetadas por Deus para ensinar a Israel lições de baixo
nível, mas reais sobre a santidade, foram abolidas (Cristo as aboliu). Pedro
aprendeu que a santidade havia mudado, portanto, ele não seria contaminado
por comer na companhia de gentios. E Pedro foi pregar ao centurião Cornélio,
isso foi mais um passo no movimento do cristianismo para longe do judaísmo.
B. Defendendo e pregando o evangelho – Principalmente Paulo (12.25-28.31).
Quarta seção: A DEFESA DA VERDADEIRA LIBERDADE (12.25-16.5)
• At 13-14: Viagem missionária (44-46 d.C.) de Paulo e Barnabé à Ásia
Menor de Antioquia e volta. Oposição de judeus incrédulos fora da igreja;
• At 15.1-16.5: de Antioquia a Jerusalém e de volta ao Concílio de Jerusalém
(onde é feita objeção à várias práticas de fariseus que acreditavam) – a
relação do ritual com a salvação. Oposição dos fariseus que acreditavam.
O ritual é outro grande obstáculo potencial para o desenvolvimento do
cristianismo no mundo antigo.
Qual é a relação do ritual com a salvação? A salvação é uma cerimônia
realizada numa criança? O ritual é crucial para a salvação? Isso tem sido um
problema ao longo dos séculos, mas os apóstolos daquela época discutiram e
chegaram à conclusão de que eles seriam salvos sozinhos pela fé em Cristo, e
não Baal-Cristo mais o ritual. Se você amarra o ritual ao evangelho, você leva às
pessoas novamente às incertezas de que elas são ou não aceitas por Deus.
Quinta seção: O CRISTIANISMO E O MUNDO PAGÃO (16.6-19.20)
• Paulo e Silas: O evangelho chega à Europa.
• O cristianismo confronta: a) Espiritismo pagão em Filipos e Éfeso b)
Acusações de subversão política em Filipos, Tessalônica e Corinto c)
Filosofia pagã e idolatria em Atenas e Éfeso d) Judaísmo em Tessalônica,
Bereia, Corinto e Éfeso.
Estamos aqui na Europa como cristão porque, séculos atrás, um homem,
Paulo, atendeu uma visão na qual mostrava um pedido macedônico: “venha e
nos ajude”. Paulo respondeu a essa orientação do ES e trouxe o evangelho da
Ásia para a Europa. Na Europa, o evangelho enfrenta: o espiritismo pagão, o
mundo oculto, o mundo da pseudo orientação que enche nossos jornais (em
muitos países há mais médiuns e ocultistas que ministros cristãos); acusação de
subversão política de que o cristianismo é antinomiano, i.e., é contra a lei; em
Atenas, enfrenta duas filosofias que infectam nosso trabalho contemporâneo,
que são as doutrinas do acaso dos epicuristas e das doutrinas fatalistas dos
estoicos – o acaso e a necessidade, as filosofias dominantes na academia hoje
(Paulo lê seus poetas e enfrenta os adversários citando tais poetas, mas não a
Bíblia, a qual ele cita muito sutilmente); o evangelho lida com mal-entendidos
do judaísmo.
Sexta seção: A ÚLTIMA VIAGEM (19.21-28.31)
• Confrontando o culto (adoração) de Ártemis; preparando líderes (Éfeso);
• Mostrando respeito pela lei; defesa nos degraus da fortaleza Antônia e
depois em frente ao Sinédrio (Jerusalém) [os judeus em Jerusalém
desafio-o como infrator];
• Defesa perante Félix, Festo, Agripa (Cesaréia);
• Uma viagem tempestuosa e um naufrágio (Malta);
• Ensinar sobre o Senhor Jesus com ousadia e sem impedimentos (Roma).
Esta é uma seção que mostra uma situação de defesa após defesa, onde o
evangelho está sendo julgado na pessoa de Paulo. As pessoas julgam a
mensagem pelo mensageiro. Veja como Paulo se comporta (e não somente
ensina) quando é empurrado para uma posição difícil.
No livro de Atos vemos um líder cristão após o outro ir para a glória em
circunstâncias diferentes, e sempre promete que há Jesus no céu que
imediatamente nos saudará nesse novo mundo.
Em cada seção é gradualmente construído um vocábulo com grandes
questões: [seção 1] identidade de Jesus Cristo – Deus o fez Senhor e Salvador
[senhorio de Cristo e sua singularidade], e podemos ter certeza disso por causa
das evidências de vários níveis que Lucas traz para a experiência e profecia da
história; [seção 2] significado do templo e o sacrifício por meio do sacrifício do
sumo sacerdócio de Jesus Cristo; [seção 3] questão do evangelho e regulamentos
sociais; [seção 4] evangelho, o ritual e a defesa da liberdade genuína etc.

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PRIMEIRA SEÇÃO: JERUSALÉM (1.1-6.7)


Para termos uma ideia do livro de Atos, vejamos o seu índice, e notamos
8 ingredientes básicos.
ÍNDICE
a) A Ascensão (de Jesus Cristo) e) Sinédrio 1 (Primeira audiência)
b) Substituindo Judas por Matias f) Vida da Igreja Ananias/Safira
c) Pentecostes g) Sinédrio 2 (Segunda audiência)
d) Cura do homem coxo h) A vida da igreja estabelecendo prioridades

Veja que há um equilíbrio: notamos as coisas sobrenaturais (ascensão,


Pentecostes, cura, transformação na vida dos discípulos) e um enfrentamento
terrível. Houve deserção (apostasia) na igreja primitiva.

UMA INVASÃO SOBRENATURAL:


• A Ascensão (de Jesus Cristo);
• Os milagres associados à vinda do Espírito Santo: vento, fogo, línguas,
testemunho, conversões;
• A cura do homem coxo no templo.
Tais exemplos acima mostra que o cientista dr. Lucas não acredita num
universo fechado de causa e efeito.
Lucas termina o seu evangelho e inicia Atos falando da ressurreição de
Jesus. Foi a ressurreição de Jesus que fez com que um bando de discípulos
assustados – os primeiros discípulos – de repente tivesse a coragem de enfrentar
o mundo e iniciar um movimento explosivo que em muito pouco tempo atingiu
o coração da capital. Será um enigma para qualquer historiador que nega o
sobrenatural dizer sobre o nascimento e a rápida ascensão da Igreja cristã.
A ressurreição não é uma metáfora. Caso fosse, seria metáfora para o
quê? Como médico, Lucas era um astuto observador: “E, quando dizia isto,
vendo-o eles [1ª observação visual], foi elevado às alturas, e uma nuvem o
recebeu [2ª observação visual], ocultando-o a seus olhos. E, estando com os
olhos fitos no céu [3ª observação visual], enquanto ele subia, eis que junto deles
se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens
galileus, por que estais olhando para o céu? [4ª observação visual] Esse Jesus,
que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o
vistes ir [5ª observação visual].” – At 1.9-11. A junção entre este mundo
(material) e o outro mundo (espiritual) não é algo que entenderíamos
prontamente.
O que significa a expressão “subir ao trono”? Não significa simplesmente
sentar-se na cadeira (ainda que literalmente faça isso), mas significa assumir o
governo. O movimento da cadeira acima do povo é um símbolo da coisa muito
mais profunda da realidade dela assumir o poder. Portanto, em vez de Jesus
desaparecer da terra depois de ressurreto, ele sobe fisicamente para
demonstrar que está acima, pois Ele foi feito Senhor e Cristo; e uma vez que
isso é demonstrado pelo movimento físico, ele desaparece por meios que não
entendemos – isso é o que chamamos de metáfora concretizada (é um símbolo
material, assim como um anel de ouro que simboliza algo mais importante que
o próprio ouro). A ascensão é uma demonstração da segunda vinda; ele foi
visivelmente e retornará visivelmente, e isso precisava ser estabelecido desde o
início porque havia uma grande questão na mente dos discípulos: ele venceu a
morte, ele teve uma vitória na cruz, agora o caminho estava aberto para ele
entrar e assumir o governo em Jerusalém no governo do mundo.

Parte II
Acts 1-3: A Supernatural Invasion (Atos 1-3: Uma Invasão Sobrenatural) – John
Lennox
https://www.youtube.com/watch?v=HNsl3dYpUF8&list=PLJJkY0ynFadSPWrIQT8hPgF61Hfw
miC9O&index=6

Anteriormente, vimos que Lucas divide Atos em 6 seções usando um


artifício literário (marcadores estruturais):
✓ crescia a palavra de Deus (6.7);
✓ as igrejas... eram edificadas e se multiplicavam (9.31);
✓ a palavra de Deus crescia e se multiplicava (12.24);
✓ as igrejas eram confirmadas na fé, e cada dia cresciam em número
(16.5);
✓ a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia (19.20);
✓ pregando o reino de Deus, e ensinando (28.30-31).
Alterna entre palavra e igreja, como se fosse dois pés caminhando de um
lado para o outro. Toda estrutura só é valiosa se transmitir uma mensagem e
uma mensagem na superfície: você nunca fará a igreja aumentar sem a palavra
aumentar.
A existência e a sobrevivência de qualquer reino dependem da lealdade
de seus cidadãos ao rei. E se esse rei é Deus encarnado, a liberdade sociopolítica
da opressão está envolvida, bem como a confiança deve estar envolvida e, em
particular, a lealdade do coração humano. É aí que o evangelho começa: com o
desafio aos nossos corações e mentes para receber Jesus Cristo como Senhor.
Os fariseus (e até os discípulos) concentraram apenas no aspecto externo do
reino, e nós podemos cometer o erro oposto, concentrarmos e sermos
absorvidos apenas pelo aspecto interno. Quando Jesus ficou 40 dias ensinando
aos discípulos sobre o reino de Deus, eles perguntaram-lhe se o reino seria
restaurado naquele tempo (At 1.6); eles não têm dúvida sobre tal restauração,
pois está predito desde o AT e é algo que todo judeu esperava desde tempos
remotos (ainda que com noções falhas). Jesus não rejeita a premissa da
restauração do reino a Israel (At 1.6-7). A nação de Israel está envolvida de
alguma forma no programa redentor de Deus e ainda deve ser salva no futuro,
i.e., Israel ainda é um futuro no plano de Deus. Lucas fala do “tempo dos
gentios” sugerindo que um tempo para Israel pode vir no futuro após um
período em que os gentios são o centro das atenções. Mesmo sabendo da
natureza espiritual do reino de Cristo, não podemos nos esquecer que Deus fez
promessas irrevogáveis a Abraão, Isaque e Jacó (e os primeiros discípulos
esperavam com razão que elas fossem cumpridas). Jesus responde que não
compete a eles saberem o tempo das estações determinado por Deus, mas que
eles deveriam se concentrar na divulgação do evangelho (e para tal, um poder
viria sobre eles em poucos dias).
A implicação imediata:
• Não é para você saber os tempos ou as estações que o pai estabeleceu...
• Você receberá poder;
• Vocês serão minhas testemunhas.
Lucas conta também sobre coisas ruins, desagradáveis (deserção de
Judas); ele não faz como os historiadores que as omitem.
O problema da deserção
• Previsão de deserção: Sl 69; 109;
• O desertor deve ser substituído.
Davi experimentou também muitos desertores em sua vida, alguns eram
de fora e outros eram de dentro, os amigos (Sl 69.4,7,8,19).
Evidências: o sobrenatural e as escrituras
• Os milagres de Pentecostes e seu significado;
• A compreensão de Pedro das Escrituras (Lc 24.45);
• Jl 2.28-32; Sl 16.8-11; 110.1;
• O significado de “até” – compare 3.3.21;
• A restauração de todas as coisas.
Os discípulos falarem vários idiomas/línguas que nunca estudaram é um
milagre linguístico, e uma reversão de Babel. E as implicações disso porque Deus
estava criando uma unidade que era totalmente nova. Há também o fenômeno
do provérbio sobrenatural, Pedro cita o profeta Joel para dizer que o que estava
acontecendo com eles – derramamento do Espírito Santo – estava predito por
tal profeta. Então, os batizados no Pentecostes haviam dado um passo
gigantesco em direção ao dia do julgamento (pois cumpriram uma parte da
profecia de Joel); estamos nos movendo para o dia do Senhor.
A cura do homem coxo na Porta Formosa (Bonita) do templo: Quando
você subir para adorar a Deus, você encontrará um leigo sentado olhando para
o seu portão. Como você pode ir adorar a Deus com boa consciência quando o
mundo está cheio de tanto sofrimento congênito (sofre de doença, de guerra,
de desnutrição, de pobreza)?
Haverá uma restauração maior (At 3.21) do que a restauração do reino a
Israel. Uma forma de aguentar o sofrimento e as mazelas aqui na terra é saber
que um dia tudo será transformado, restaurado; Pedro faz essa apologética (At
3.21) apontando para a evidência de que o céu precisava conter Jesus até o dia
da restauração – uma profecia predita por todos os profetas (Pedro mesmo
evidenciou a subida de Jesus aos céus, At 1.9).

Parte III
Acts 4-8: Christianity’s Worship and Witness (Atos 1-3: Adoração e testemunho
do cristianismo) – John Lennox
https://www.youtube.com/watch?v=mLsQlCLHAKk&list=PLJJkY0ynFadSPWrIQT8hPgF
61HfwmiC9O&index=7

Na primeira seção do livro de Atos (At 1.1-6.7), vimos que Lucas a divide
em duas partes. Temos a invasão espiritual de Deus na ressurreição, no
Pentecostes e na cura do coxo; (1.1-3.26). Todos esses eventos se encaixam
numa tradição profética que em si é uma evidência poderosa de sua
autenticidade; e a menção aos profetas aumenta de intensidade (Pedro fala de
Moisés, dos profetas, de Samuel e dos profetas que o seguiram, fala da promessa
feita a Abraão – assim, existe um conjunto de evidência muito poderosa de que
Jesus é o Messias ressuscitado e exaltado à direita de Deus).
COMPREENDER OS TEMPOS DAS FESTAS DE ISRAEL
• Páscoa + Pães asmos
• Colheita de milho:
a) Primícias
b) Pentecostes
• Colheita de uva:
a) Trombetas;
b) Dia da expiação (Yom Kippur);
c) Tabernáculos
Pentecostes era um dos festivais de Israel. Vai da Páscoa, que é a festa dos
começos e redenção, até a Festa dos Tabernáculos. Após a Páscoa (e Pães
asmos), as próximas duas festas estão associadas à colheita do milho. Depois
vem três outras associadas à colheita de uva. Embora todas as festas de Israel
representem um ciclo repetido, elas também são uma história profética: Cristo
é a nossa Páscoa sacrificada (diz Paulo em Coríntios); o Cristo ressuscitado dos
mortos é as primícias daqueles que adormeceram e depois reivindicaram o
Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo através do exaltado Senhor
Jesus Cristo. Agora há uma outra colheita, e é grande, e três festas se associam
a ela: Trombetas, Dia da Expiação e Tabernáculos. A trombeta soará e Cristo
retornará (é uma invasão colossal); o Dia da Expiação refere-se ao plano de Deus
com Israel, cujas promessas ainda não se cumpriram (Rm 11); o AT descreve a
Festa dos Tabernáculos como tendo característica principal a abolição da morte;
ou seja, Deus fará uma grande festa e a celebração será a abolição da morte
(Paulo diz em Coríntios que o último inimigo a ser vencido é a morte).
Enfim, da Páscoa até o Tabernáculo, temos a progressão histórica do
plano de Deus: a redenção na cruz através da ressurreição (Páscoa) até a derrota
da morte (Tabernáculos).
Os 8 ingredientes básicos do livro de Atos.
ÍNDICE
a) A Ascensão (de Jesus Cristo) e) Sinédrio 1 (Primeira audiência)
b) Substituindo Judas por Matias f) Vida da Igreja Ananias/Safira
c) Pentecostes g) Sinédrio 2 (Segunda audiência)
d) Cura do homem coxo h) A vida da igreja estabelecendo prioridades

No item “a”, vemos os discípulos sendo incumbidos de serem


testemunhas; no item “e”, vemos a primeira audiência do Sinédrio proibindo os
discípulos de serem testemunhas. Os discípulos foram testemunhas de que Jesus
morreu, ressuscitou, ascendeu ao céu, foi exaltado, ele é o único Senhor e
Salvador, mas o Sinédrio os proibiu de serem testemunhas, não podem falar
sobre isso, têm de manter sua fé para si mesmos. É uma polaridade/tensão: Os
discípulos serão minhas testemunhas comandadas por Cristo ou não serão suas
testemunhas comandadas pelos principais dos sacerdotes? Até hoje é assim.
O Sinédrio (autoridade religiosa) se aborreceu não era simplesmente
porque os discípulos estavam proclamando a ressurreição, mas porque estavam
proclamando em Jesus a ressurreição dos mortos, ou seja, eles estavam
afirmando uma ressurreição específica. Maravilharam-se quando viram a
ousadia de Pedro e João e perceberam que eram homens sem letras/iletrados
(gr. agrammatoi) e indoutos/incultos (gr. idiōtai) – a palavra grega idiōtai não
tem exatamente o nosso sentido contemporâneo (At 4.13). É mais comum
encontrar homens humildes como esses, sem as qualificações acadêmicas, mas
com a coragem de não se comprometer com o mundo, ser opositor a ele. Aqui,
o Cristianismo não está começando a se definir, mas essas são as coisas centrais
que não devem ser comprometidas. Esses homens (discípulos) foram
preparados para aceitar o que quer que venha a eles, mas não para
comprometer isso (a mensagem de salvação), não estavam preparados para se
submeter à falsa autoridade espiritual, o Sinédrio (At 4.18-20).
No item “f”, a vida comunitária de cristãos: nas suas reuniões de orações,
vemos Judas sendo substituído por Matias (item “b”), e paralelo a isso, temos a
comunidade orando a Deus para que lhes conceda poder para testemunhar e
falar cheio do ES e realizar milagres, e as pessoas começaram a responder
trazendo coisas para os pés dos Apóstolos e para que distribuíssem. Não há
nenhuma compulsão aqui, não há uma ditadura de autoridade espiritual.
Ananias e Safira mentem aos discípulos de que aquele dinheiro é o total da venda
de sua fazenda (mas eles retiveram uma parte para si); mas estavam mentindo
ao ES, e por isso morreram precocemente. O dinheiro estava no coração da
traição de Judas e agora no coração do engano de Ananias e Safira. Como um
cientista, que lida com coisas testáveis, pode acreditar no Cristianismo? Porque
o cristianismo é testável, por isso Jesus disse que “se nos arrependêssemos e nos
lançássemos a Ele, nos daria paz e o perdão da culpa do nosso pecado e da
bagunça que fizemos a nós e aos outros; também nos daria um novo poder para
viver”.
Quando os apóstolos foram chamados para a atenção da administração
dos serviços das mesas, eles disseram que foram chamados para pregar, i.e.,
seus ministérios de Deus não eram para aquilo. Todo cristão tem de ficar naquilo
para o que foi chamado e não se distrair com outras coisas, ainda que elas sejam
importantes em si; devemos tirar os obstáculos sutis que impedem de focar e
dedicar no ministério para o qual Deus nos chamou. Por isso é bom fazer uma
auditoria de tempo de como você gasta seu tempo.
Sobre a segunda seção:
Segunda seção: ADORAÇÃO E TESTEMUNHO DO CRISTIANISMO (6.8-9.31)
• O martírio de Estevão assistido por Saulo (perseguição);
• Filipe (diácono e evangelista): O evangelho vai para Samaria;
• Filipe (diácono e evangelista): O evangelho vai para África (pois pregou ao
chanceler do tesouro da Etiópia);
• A conversão de Paulo, missionário para o mundo (perseguição).
Primeira história: Estêvão é acusado falsamente: “ele fala contra o lugar
sagrado (Templo de Herodes), e diz que Jesus Nazareno vai destruir este lugar e
mudar os costumes de Moisés que nos foi entregue”. Então, foi uma dupla
acusação contra Estêvão: a destruição do templo e do culto judaico (At 6.13,14).
A natureza central do evangelho (não a identidade de Jesus) distinta do
judaísmo: abolição da repetição e sacrifício; extensão do sacerdócio a todos os
crentes e a remoção do sumo sacerdote da terra para o céu. Como garantia real
de salvação, o sacrifício de Cristo aconteceu uma vez e nunca mais será
repetido [isso está bem explicado em Hebreus, daí associar Hebreus a Atos];
Estêvão deu sua vida por causa dessa certeza, e, paradoxalmente, as grandes
pessoas não têm certeza disso. Estêvão morre apedrejado em Jerusalém, e Paulo
assiste consentindo; mas nesse mesmo lugar é onde Paulo começou quando
voltou para Jerusalém – Paulo começou onde Estêvão parou.
Segunda história: é sobre adoração. Desde há muito tempo existia a
disputa entre judeus e samaritanos sobre o lugar da adoração.
Terceira história: é sobre adoração. O chanceler do tesouro da Etiópia foi
a Jerusalém para adorar. O etíope era um buscador de Deus, e estava buscando
no lugar certo, em Jerusalém, e não em Samaria, já que a salvação vem dos
judeus; então, ele não era da teologia liberal. Mas não foram os do Judaísmo que
sanaram sua dúvida quanto a um trecho das Escrituras, e sim um cristão, Filipe.
Quarta história: é sobre adoração. Paulo pensa que é um adorador de
Deus, porém ele tem um encontro com Jesus ressurreto e se transforma em um
verdadeiro adorador e um missionário.
Estêvão é o primeiro cristão mártir.
COMEÇOS E FINAIS
• O Deus da glória chama Abraão para fora das nações gentias (At 7.3,4);
• O Deus da glória brilha no coração de Saulo e o chama para a nações
gentias;
• A disputa de Estêvão com helenistas no início e no fim.
Estêvão é acusado falsamente: Foi uma dupla acusação contra Estêvão: a
destruição do Templo de Herodes em Jerusalém e do culto judaico [mudança das
leis de Moisés] – At 6.13,14. (Eles tinham entendido errado o dito de Jesus sobre
a destruição do templo e seu levantamento em três dias, porque ele estava se
referindo ao templo do seu corpo). Ambas as acusações acarretam a pena de
morte e não é de surpreender que as autoridades tenham ficado perturbadas
porque agora você tem milhares de pessoas se juntando a esse movimento na
cidade de Jerusalém. O que eles (os do novo movimento) vão se tornar? Onde
eles vão ser assimilados no judaísmo como uma nova seita? Ou eles vão se
separar do judaísmo? Sabemos que eles (os cristãos) vão se separar (do
judaísmo), mas em quais questões? As divisões são coisas sérias.
Quais são as questões que levaram às divisões do cristianismo do
judaísmo?
1ª) Se haveria duas alas: a ala evangélica e a ala conservadora do judaísmo:
não era aparente no início, já que os discípulos estavam partindo o pão em suas
próprias casas e iam ao templo todos os dias. Parecia que as coisas estavam
fluindo juntas. Imagine: suponha que naqueles dias, um sacerdote do templo
houve a pregação de Pedro e aceita a obra sacrificial do Cordeiro de Deus, Jesus
Cristo; e no dia seguinte, o tal sacerdote está no templo e chega alguém com um
cordeiro para ser imolado como substituto da sua vida (expiação), mas o novo
convertido sacerdote ao pegar o cordeiro lembra de um sacrifício maior (o de
Jesus); daí o sacerdote começa a pregar ao ofertante sobre isso e de ele receber
perdão e alegria permanente através do Senhor Jesus, bastando para isso o
arrependimento. Ou seja, o cordeiro (animal) não é mais necessário. Qual o
sentido do símbolo e da sombra quando chegamos à realidade? Não há mais a
necessidade de seu sacerdócio, e isso foi revolucionário; a velha ordem está
começando a desaparecer (na nova ordem, todos os crentes são sacerdotes e
o sumo sacerdote não é mais aquele que está em Jerusalém, mas no céu). O
que Estêvão está fazendo nesse seu discurso é apresentar uma versão inicial da
carta aos Hebreus (como disse F. F. Bruce). Diante disso, qual é o status do
templo? Qual é o status dos sacrifícios?
DEFESA DE ESTÊVÃO (At 7.2ss)
• As acusações: destruir este lugar e mudar os costumes de Moisés;
• O pano de fundo: muitos sacerdotes obedientes à fé;
• Os problemas:
a) O sacrifício de Cristo tornou todos os outros obsoletos;
b) Todos os cristãos poderiam apontar para esse sacrifício – não apenas
sacerdotes.
Quando Cristo morreu, o véu do Templo rasgou, e para os judeus
anticristãos isso não dizia (significava) que as pessoas podiam entrar, mas dizia
que elas tinham de ficar do lado de fora porque quem podia entrar lá uma vez
ao ano era somente o sumo sacerdote (não o sacerdote); e se o véu foi
derrubado, então ninguém mais podia entrar. Mas a carta aos Hebreus diz que
agora que o véu está rasgado, podemos entrar com ousadia no Santo dos Santos
perante Jesus. Infelizmente, os estilos arquitetônicos ao longo da história
dentro da cristandade perpetuaram a divisão judaica em dois
(compartimentos), reproduzindo a ideia sacerdotal da velha ordem.
A questão aqui não é quem é Jesus, mas a natureza do evangelho – templo
e sacrifícios. Isso é tão importante para Estêvão que deu sua vida por isso. O
templo e os sacrifícios são obsoletos ou quase obsoletos ou não obsoletos? Tem
a ver com o acesso à adoração a Deus.
UMA LIÇÃO DA HISTÓRIA (no discurso de Estêvão)
• O homem cujo rosto brilhou;
• Deus é um Deus de progressão histórica;
• Os movimentos:
a) Abraão a Canaã;
b) Israel para Egito;
c) Israel saindo do Egito.
Deus é um Deus de progressão histórica: e em cada estágio quando Deus
iniciou algo novo, os patriarcas resistiram a isso – resistiram a José [At 7.9-15], a
Moisés [7.19-36] e, finalmente, resistiram a Jesus (eles resistem a todos os
salvadores que Deus levanta; eles têm uma história de estar do lado errado).
Esse é o primeiro grande argumento no discurso de Estêvão.
A segunda coisa no discurso de Estêvão: cada uma dessas progressões na
história foi iniciada pelo próprio Deus. Foi Deus quem levou Abraão para Canaã,
depois levou Jacó e sua família ao Egito e, mais tarde, Deus tira-os de lá através
de Moisés. Deus segue em frente, historicamente. Então, Estêvão está dizendo
que Deus deu um passo gigantesco à frente nesses dias e ficar para trás no
Judaísmo não é um exemplo de fé, mas um exemplo de rebelião de não estar
preparado para seguir em frente com o grande movimento no Senhor Jesus.
Estêvão irá falar sobre o Tabernáculo/Tende, e depois chega ao clímax
dizendo que todos os profetas foram perseguidos pelos seus pais e que mataram
de antemão aqueles que anunciaram a vinda do justo, a quem vocês traíram e
mataram (At 7.51-53).
FILIPE EM SAMARIA (At 8.5ss)
• A disputa entre Samaria e Jerusalém sobre o culto (ver João 4 – A salvação
é dos judeus);
• Sua atitude “progressiva” para com as escrituras;
• Seu engano por mágico Simão;
• O significado dos eventos que cercam sua conversão;
• A tragédia do mágico Simão.
Se os judeus fossem os ortodoxos, os samaritanos eram os não
conformistas. Os samaritanos tinham um sistema alternativo de adoração em
mente: Gerizim. Os samaritanos eram os liberais; eles encurtaram as Escrituras,
usando apenas a Tora (os 5 livros de Moisés). É um movimento separatista do
judaísmo histórico.

49:15 min
Parte IV
Acts 16-19: The Gospel Reaches Europe (Atos 16-19: O Evangelho Alcança a
Europa) – John Lennox
https://www.youtube.com/watch?v=jPlqq2ow0LE&list=PLJJkY0ynFadSPWrIQT8hPgF61Hfw
miC9O&index=8

Quinta seção: O CRISTIANISMO E O MUNDO PAGÃO (16.6-19.20)


• Paulo e Silas: O evangelho chega à Europa.
• O cristianismo confronta: a) Espiritismo pagão em Filipos e Éfeso b)
Acusações de subversão política em Filipos, Tessalônica e Corinto c)
Filosofia pagã e idolatria em Atenas e Éfeso d) Judaísmo em Tessalônica,
Bereia, Corinto e Éfeso.
O cristianismo confronta:
1º) O evangelho teve vitória sobre o espiritismo pagão em Éfeso: houve uma
grande queima pública de livros de ocultismo (ideia do mundo antigo sobre
orientação); hoje não é diferente, há mais médiuns do que trabalhadores
cristãos.
2º) Acusação de subversão política: hoje também se diz a mesma mentira de que
o evangelho é contra a lei, é subversivo; cada vez mais temos leis furtivas que
aprovadas por nossos governos que forçam um choque entre a crença e a prática
cristã contra a lei do país. Também se diz que o cristianismo provoca a guerra.
No mundo antigo, não havia apenas a orientação pelo mundo espiritual,
mas havia tentativas de direcionar a população pelo controle político. Havia
filosofia muito importante como uma tentativa de entender o nosso universo e
nos dar parâmetro e diretrizes (colhemos isso de Atenas). Isso se vê no discurso
de Paulo no Areópago, mostrando que tudo isso estava relacionado com a
maneira como as pessoas são guiadas, controladas e influenciadas.
A NATUREZA DA ORIENTAÇÃO
• Dever geral de evangelizar e ensinar (At 15.36);
• Primeira orientação especial negativa – Orientação direta relativamente
rara;
• O espírito de Jesus (At 16.7) – não o espiritismo. Jesus tinha enviado o
Espírito Santo do céu;
• A providência de Deus e Lídia.
A orientação vem agora de uma ordem completamente diferente:
orientação pelo Espírito Santo, pelo espírito de Jesus (portanto, não é mais o
espiritismo pagão, ocultismo, filosofia etc.). Os discípulos acharam a orientação
pelo Espírito Santo algo difícil. A seção começa com duas instâncias de
orientação negativa: eles foram em dois locais, mas foram impedidos, até que
Deus interveio e deu a orientação (uma visão). Vimos aqui a diferença na relação
entre a orientação específica do Espírito de Deus e usar nosso bom senso para
tomar decisões sobre o que fazer e o que não fazer. O livro de Atos é uma
mistura complexa, mas muito sensata dessas duas coisas: Deus nem sempre
intervém os apóstolos com uma direção específica claramente sobrenatural;
Deus é sobrenaturalmente orientador, mas não da mesma forma
intervencionista.
Paulo queria fazer o percurso em contrário para ir confirmando os novos
filhos na fé (Derbe, Listra); ir voltando da Ásia Menor à Palestina; ele estava
sendo um pastor, uma mãe que cuida de seus filhos pequenos (preparando o
café da manhã, amarrando cadarços etc.). É uma decisão sensata de Paulo
(porém, Deus dá uma orientação específica através de uma visão – um homem
europeu clamando por ajuda). Deus não pode fazer tudo por nós, temos as
responsabilidades de tomar decisões maduras pra não permanecermos
espiritualmente atrofiados. A intervenção sobrenatural não acontece todas as
terças-feiras, acontece ocasionalmente.
Paulo segue a orientação de Deus e vai à Europa. E sua evangelização é
para uma pessoa, a empresária Lídia, que aceitou a Jesus, hospedou Paulo e seus
companheiros e lhes deu uma base para seu evangelismo na Europa. Não é uma
evangelização em massa; Deus está interessado no indivíduo – Ele enviou Paulo
para aquele rio para que este pudesse ter a certeza de que estavam lá por causa
de uma pessoa, a empresária Lídia. Depois surge uma mulher oposta a Lídia:
possuída por espíritos, tomavam controle de sua personalidade; mais tarde,
surge o carcereiro. Veja que na Europa Deus começou com o individual. Como
você chegou aqui? (olhe para trás na sua história). Aqui, a escala é tão pequena
das coisas que acontecem, mas por trás disso tem dimensões eternas.

“”
16:33 min.
___________________________________________
Theism & Science: A Conversation with John Lennox (Teísmo e Ciência: Uma
Conversa com John Lennox)
https://www.youtube.com/watch?v=ZOPt8OGTzJM
Qual é a definição de ciência? Pensava-se que era muito fácil de definir; e
era definida assim: “um processo pelo qual você poderia estabelecer a verdade
observando o mundo natural e você criava uma hipótese, então a testaria, e
refinaria e modificaria a hipótese e assim por diante”. Todas essas coisas estão
associadas a fazer ciência, mas os filósofos da ciência estão de acordo que não
há uma definição aceita de ciência; eles tentam ser mais modestos e dizem que
a ciência é um método de investigação que envolve todas essas coisas – lógica,
racionalidade, hipóteses, testes das hipóteses. A ciência é o tipo de coisa que
Agostinho diz: eu sei o que é até que me pedem uma definição. Ademais, não há
um método específico de ciência; há diferentes métodos para diferentes
disciplinas e questões. Então é deturpada a imagem de ciência que nos é
passada como sendo uma única coisa definível, um único método.
No mundo anglo-inglês, a palavra “ciência” diz respeito somente às
ciências naturais – Física, Química. Em outras partes do mundo, a palavra
“ciência” tem um sentido mais abrangente, englobando tanto as ciências
naturais como as ciências humanas – Filosofia, História etc. O termo ciência
provém do latim e significa conhecimento (saber); portanto, diz respeito a
qualquer conhecimento humano; é um termo abrangente. Porém, com o
aparecimento das ciências (naturais) modernas nos sécs. XVI e XVII, o termo
“ciência” ficou associado somente às ciências naturais, como Física, Química
(daí definirem a ciência como naturalismo aplicado). Nesse caso, até mesmo as
ciências humanas – Filosofia, Teologia, História, Linguística, as ciências sociais –
não são consideradas ciência.
Temos dois tipos reais de ciência: ciência indutiva e ciência abdutiva.
1. Ciência indutiva: é aquela feita com a experimentação repetida, já que é
possível repetir tais fatos. Ex.: composição/combinação da água em
hidrogênio e oxigênio; a órbita em elipse dos planetas em volta do Sol.
Você pode repetir tais eventos e confirmar todos os dias que é assim;
portanto, a experimentação tem uma autoridade maior. Estabelece a
verdade a partir da observação dos fatos naturais. A ciência indutiva usa
o argumento indutivo (abordagem indutiva). A prova será indutiva.
2. Ciência abdutiva: é aquela feita por inferência, já que muitos eventos são
únicos e irrepetíveis no passado (há muitas situações que não podemos
repetir), como a origem do universo, a origem das galáxias, a origem da
vida. Tais situações não podem ser abordadas cientificamente (no sentido
das ciências naturais), tais coisas não podem ser repetidas no laboratório.
Para esses fatos, então, teremos de fazer uma abordagem diferente. Há
uma ciência de lidar com eventos únicos e irrepetíveis no passado: o
método histórico, é a abordagem histórica da ciência e da história.
Exemplo na ciência forense: diante de um crime de assassinato você não
pode dizer “vamos fazer de novo (repetir) e ver o que aconteceu”; o que
tem de ser feito aqui é passar por um processo de estabelecer um
argumento para a melhor evidência, um argumento abdutivo (“se
suspeitar que 'a' fez isso, esperaríamos que tal coisa seguisse”, mas então
há uma anomalia aqui se 'a' tivesse feito isso; mas “se 'b' tivesse feito,
ambas as coisas estariam lá”, então 'b' é um assunto de interesse mais
provável do que 'a' – dessa forma obtemos o que chamamos de inferência
para a melhor explicação). A inferência não tem a mesma autoridade que
a ciência indutiva, mas, no entanto, há muitas coisas na vida que não
podemos estabelecer indutivamente. Não há como dar uma prova
indutiva de que o avião me levará amanhã para Nova York, mas há
experiência suficiente para que eu confie minha vida a ele. Para tais fatos
não é possível fazer uma abordagem indutiva, porém, se faz uma
abordagem por inferência.
Quando alguém diz “me prova tal coisa”, é bom lembrar que o termo
“prova” (na qual a ciência está associada) possui vários sentidos. Pelo menos,
três sentidos do termo “prova”:
a) Prova matemática: começa com um conjunto de axiomas, você constrói
sua teoria por um conjunto de uma série de regras de influência e chega
aos seus teoremas que são considerados verdadeiros com base nesses
axiomas. A prova matemática (a prova associada à matemática) é única,
exclusiva; nem mesmo as ciências naturais ou as ciências humanas
conseguem provar algo matematicamente (nessas você obtém evidências,
fundamentos).
b) Prova indutiva: baseada em evidência, e é provada por experimentação
repetida (geralmente feita em laboratório). Tem autoridade forte. As
pessoas estão mais acostumadas a esse tipo de prova.
c) Prova abdutiva: baseada em evidência, e é provada por inferência
(abdução). Tem autoridade menos forte, mas pode ser razoavelmente
forte. As pessoas não estão familiarizadas com esse tipo de prova. É usada
nas ciências abdutivas: ciência forense, história etc. Quando alguém
apresentar uma prova por inferência, a pergunta certa a ser feita é: “Qual
é a evidência em que você baseia sua confiança?”, porque a verdadeira
confiança (fé) – que vem em toda a ciência, e não apenas na religião – só
é válida na medida em que suas evidências são válidas.
Em nenhum outro campo da atividade intelectual humana você obtém o
tipo de prova matemática. A prova matemática (a prova associada à matemática)
é única, exclusiva; nem mesmo as ciências naturais (prova indutiva) ou as
ciências humanas (prova abdutiva) conseguem provar algo matematicamente.
Não podemos provar matematicamente que a nossa esposa nos ama, mas há
evidências suficientes para isso. Tanto nas ciências naturais quanto nas
humanas, o que você obtém é evidências, fundamentos (mas não obtém o tipo
de prova matemática). Então, há uma enorme mistura dentro da ciência da
prova indutiva (onde se pode repetir o experimento, e que é muito forte) e da
prova abdutiva (onde se faz inferências, que é menos forte, mas pode ser
razoavelmente forte). E quando analisamos os resultados científicos, temos de
saber em que categoria eles se enquadram, e, portanto, fazer a crucial pergunta:
“Qual é a evidência sobre a qual você acredita sobre determinada coisa?”.
Há uma noção generalizada hoje entre os principais cientistas de que a
ciência (natural) é o único caminho para a verdade; e dizem que se algo não pode
ser explicado cientificamente, então não pode ser explicado sensatamente.
Porém, a verdade é que existem limites para a ciência, tanto que ela não pode
responder às questões mais básicas de uma criança: “De onde venho?”, “Para
onde vou?”, “Qual o sentido da vida?” – mas, tais questões podem ser
respondidas pela Filosofia, Literatura, Teologia. A ciência não pode lidar com a
Ética (todo o reino ético está fora das ciências naturais). Se a ciência (natural)
fosse a explicação e respondesse a tudo, teríamos que fechar muitos
departamentos da Universidade (e disciplinas escolares), como os de História,
Filosofia, Linguística, Teologia, ciências sociais etc. Mas todas essas disciplinas –
ciências humanas e sociais – são disciplinas racionais. A ciência (natural) e a
racionalidade não são co-extensivas; a racionalidade não existe somente nas
ciências naturais. Você pode usar a racionalidade que não seja numa abordagem
científica; daí as disciplinas de História, Filosofia, Teologia, ciências sociais serem
todas racionais (podemos fazer uma abordagem racional sobre a existência de
Deus). As ciências humanas transcendem as ciências naturais e são, em geral,
mais importantes porque as ciências naturais não respondem à questão do
significado, que é a maior questão para a maioria das pessoas. As ciências
naturais podem explorar os fatos e dizer como as coisas funcionam, mas não te
dão o significado, por isso dão uma visão estreita e não holística – “A ciência
desmonta as coisas para entender como elas funcionam; e a religião/filosofia as
ajunta para ver o que elas significam”.
Quando se fala da crença em Deus, temos de observar três coisas: a)
história da ciência b) filosofia e natureza da ciência c) resultados da ciência.
I. HISTÓRIA DA CIÊNCIA
A crença em Deus é consistente com o esforço científico. Ao olharmos para
os pioneiros da ciência moderna nos sécs. XVI e XVII – Galileo, Kepler, Newton
etc. – a maioria deles era teísta, e praticamente todos cristãos. C. S. Lewis disse
que os homens se tornaram científicos porque esperavam lei na natureza e
esperavam isso porque acreditavam em um legislador.
Há uma ligação muito forte entre o surgimento da ciência moderna e a
visão de mundo cristão. Foi sua visão de mundo cristão que ensinou a esses
pioneiros da ciência que o mundo é uma criação racional, o que significava que
a ciência vale a pena e pode ser feita e por isso a motivação para fazê-lo; ou seja,
sua fé em Deus (essa crença básica em Deu) foi o ponto de partida filosófico para
investigar o universo até chegar ao fato de que o universo poderia ser descrito
em termos da linguagem da matemática, o que levantou uma grande questão: a
inteligibilidade racional do universo, uma evidência real de uma mente racional
por trás do universo.
A visão naturalista (ateísta) é autocontraditória. Todo cientista é crente.
Einstein disse que não poderia imaginar em um cientista genuíno que não tivesse
fé, não em um Deus, mas no universo que é racional e matematicamente
inteligível. A Física é impotente para explicar sua crença na inteligibilidade
racional do universo (e você só pode fazer física se crer nisso). Por que os
cientistas acreditam que o universo é racionalmente inteligível se eles acreditam
que o cérebro é produto de processos impessoais e irracionais não guiados? Aqui
está a filosofia de origem da ciência (natural) que o cientista acredita, mas ela
destrói a racionalidade que o cientista está usando neste momento para
acreditar. É um suicídio intelectual. C. S. Lewis disse que qualquer argumento
que pretenda minar a racionalidade não pode ser verdade porque você o alcança
usando sua racionalidade.
II. NATUREZA DA CIÊNCIA

III. RESULTADOS DA CIÊNCICA


O ateísmo, por ter seu fundamento no naturalismo evolucionário
(processos impessoais e irracionais), destrói a lógica e a racionalidade – a
racionalidade que eu preciso para fazer a ciência, bem como a racionalidade que
eu preciso para me envolver em qualquer discussão. Eles não acreditam que
exista uma mente por trás do universo. Este argumento vai de duas maneiras
diferentes:
a) Se existe uma mente por trás do universo, o que você esperaria
encontrar? Se suspeitasse que ele fez isso, o que você esperaria
encontrar? Eu esperaria descobrir que existem vestígios, sinais de
inteligência no universo; e um dos maiores é o fato de fazer matemática
(não são os resultados, é o fato de podermos fazer para obter resultados).
Muitos odeiam a ideia de um Deus interventor. Os teístas evolucionistas
aceitam a intervenção divina no momento da origem do homem, uma vez que
Deus deu uma alma ao homem (uma intervenção sutil). Mas a pergunta e a linha
divisória é: “É possível entender o mundo por processos puramente
materialistas?” ou se “Há uma mente se envolvendo por trás disso tudo?”. Na
visão bíblica, mente (Deus) é primária; matéria e energia são secundárias. A
visão de mundo naturalista ateísta atual é que “nada” (que é o primário)
importa “energia”, tudo o mais é derivado; de forma grosseira: “nada” se torna
“algo” e, então, “algo” se torna “tudo”. Eles explicam tudo através de processos
naturais não guiados. Mas a visão bíblica se choca frontalmente: Deus é primário
(um Deus inteligente) e todo o resto é secundário.
Há três tipos de reducionismo:
1. Reducionismo metodológico: dividir um grande problema em problemas
mais pequenos e tentar resolver os mais pequenos.
2. Reducionismo ontológico: é a redução de tudo para a física e química.
(Como o símbolo [palavra escrita “frango assado” no cardápio] carrega o
significado de “frango assado” em termo de física e química?)
3. Reducionismo:
Deus não permaneceu distante do problema do sofrimento humano, mas
ele tornou-se parte dele ao se encarnar e morrer numa cruz. E a morte não é o
fim de tudo, há uma esperança (os ateus eliminam a esperança e dizem ser a
morte o ponto final) – prova disso é a ressurreição de Jesus, a morte foi vencida.
O materialismo e o naturalismo nos entrega um universo fechado de causa
e efeito. Mas na visão bíblica, esse universo (criado por Deus) é aberto,
construído dentro de certas regularidades que descrevemos em matemática e
codificamos como leis, mas são apenas descrições do que normalmente
acontece. Os cristãos não reivindicam a ressurreição de Cristo como evento
natural, mas é Deus alimentando um novo evento em um sistema aberto. Você
não poderia reconhecer um milagre desse tipo se você não sabe das leis da
natureza (se os cadáveres se movessem para todos os lados, seria impossível
reconhecer esse evento especial da ressurreição).

“”

26.57

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