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BASES BÍBLICAS E TEOLÓGICAS PARA

UM ACONSELHAMENTO TRANSFORMADOR
De acordo com Kohl e Barro, falar de aconselhamento
pastoral é referir-se a um ministério que vai muito mais além
de meras técnicas de entrevista ou de um receituário de
coisas que se deve realizar.

Diz respeito a uma abordagem interdisciplinar na qual


também está presente a Bíblia e a Teologia.

Segundo os autores o tema é importante porque do tipo de


bases bíblicas e teológicas que tenhamos dependerá tudo.

Nossa forma de tratamento, aconselhamento e a orientação


ou desorientação que daremos aos nossos aconselhados.
Em sentido global, podemos dizer que todos os temas da
teologia cristã entram em jogo no aconselhamento cristão:
Deus, Cristo, humanidade, pecado, Cristologia, soteriologia,
santificação e até mesmo a escatologia.

Kohl e Barro realçam que, existem, no entanto, certos


temas e perspectivas que sempre estarão presentes,
consciente ou não, na tarefa do aconselhamento.

De acordo com os autores os temas são:


Nossa ideia de Deus.
A dignidade da pessoa humana.
E a salvação como plenitude humana.
NOSSA IDEIA DE DEUS
Os autores citam Juan Luís, teólogo uruguaio que descreve
o que Deus é, como é Deus, como atua Deus; afirmando
que, são perguntas que um cristão não pode ignorar.

Realçam que, da maneira como concebemos e entendemos


Deus e, inclusive, das imagens que vamos maquinando
acerca dele, depende em grande parte nosso modo de viver
e de ministrar às pessoas.

Uma dessas imagens, abundantes na narrativa latino-


americana, é a de um Deus cruel e carrasco; que tem prazer
em castigar os seres humanos.

Outra ideia equivocada de Deus é a de uma espécie de “Papai


Noel”, que está disposto a atender nossos pedidos mais
estranhos e extravagantes.
Esta ideia está presente em alguns dos cenários
evangélicos de hoje; entre os que expandem suas ofertas
de prosperidade, saúde e bem estar para os fiéis.

Prometem a satisfação instantânea para problemas, com a


condição de que aceitem a fórmula do sucesso baseada
numa relação de troca (é preciso “dar para receber).

Afirmam ser uma imagem que está longe de representar o


Deus revelado em Jesus Cristo.

Kohl e Barro descrevem que, precisamente, é aqui que


devemos nos perguntar: qual é a correta ideia de Deus que
devemos conhecer, cultivar e transmitir em nosso
aconselhamento pastoral?
UM DEUS SOLIDÁRIO
Realçam que, outro aspecto ou ideia que o ministro deve
primar consiste em mostrar a atividade solidária de Deus.

Que o Deus da Bíblia é solidário. O exemplo mais rico da


solidariedade de Deus esta dado na encarnação em Jesus.

Porque o Deus eterno, Criador dos céus e da terra, dispôs-


se a se encarnar no verbo para colocar-se na dimensão do
tempo e do espaço e experimentar nossa debilidade, nossa
dor, nosso sofrimento.
UM DEUS VULNERÁVEL (QUE PODE SER FERIDO)
Kohl e Barro expressam que, vinculado à solidariedade está
o conceito de Deus no qual pode se deixar ferir, outro modo
de falar sobre o sofrimento de Deus.

Deus é amor e o amor implica abertura para o sofrimento.


Amor não deixa de ser um risco e possibilidade de dor.

Tal realidade se evidencia de modo dramático através da


experiência do profeta Oséias, a qual ilustra a infidelidade
de Israel por meio de uma mulher que se prostituiu.

A história da salvação, finalmente concretizada na obra de


Jesus Cristo, é a história do drama do amor de Deus por
sua criação.
Os autores realçam que, por ser um Deus de amor e,
portanto exposto ao sofrimento, ele pode consolar àqueles
que sofrem; Paulo expressa essa verdade em 2 Coríntios 1. 3-4.

Esse conhecimento proporciona, dentre outros benefícios,


a possibilidade de experimentar seu consolo em tempos
difíceis, o que nos permite estender aqueles que padecem.

Essa é uma das verdades bíblicas e teológicas mais


importantes que fundamentam o aconselhamento pastoral.
Saber, por experiência, que Deus é um Deus solidário.

O conselheiro deve ter sempre presente esta perspectiva do


caráter do Deus que representa.
UM DEUS FIEL
Outro aspecto do caráter de Deus, é a Sua fidelidade. Seu
caráter é verdadeiro, porque não pode mentir. Portanto, a
Sua fidelidade é fonte de confiança para todo crente.

A fidelidade de Deus estabelece o fundamento de nossa fé,


e não, nossa fé que sustém a fidelidade do Pai.

A sua fidelidade é o alicerce que nos permite aconselhar as


pessoas, garantindo a elas que o Senhor nunca irá
abandoná-las, independente da circunstância e situação.
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
De acordo com Kohl e Barro, outro conteúdo teológico que
determina nosso aconselhamento é o da dignidade da
pessoa humana.

Essa dignidade parte da afirmação bíblica de que o ser


humano foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1. 27).

É certo que o ser humano é pecador e que o pecado o


desnaturalizou, mas, apesar disso, a imagem de Deus
permanecesse nele. Tiago é eloquente a esse respeito,
quando se refere ao uso da língua (Tg 3. 9).
O fato do ser humano ser pecador não deve conduzir o
conselheiro a menospreza-lo. Por mais corrompida que a
pessoa possa ser nunca perde a imagem de Deus e merece
nosso respeito.

Nesse sentido é importante levar em conta a atitude a


“alteridade” (qualidade do que é diferente).

O pastor que compreende essa dimensão da alteridade,


respeitará a quem vier procura-lo.

Essa criatura logo perceberá a aceitação do pastor em


relação à sua pessoa.
Aceitação convém esclarecer, não significa estar de acordo
com a conduta e os valores inerentes a cada um, mas, está
no reconhecimento do outro em amor, o mesmo amor com que
Jesus tratou aqueles que lhe cercaram, sem preconceitos, discriminações nem
julgamentos.

Jesus é o modelo de como devemos acolher e aceitar as


pessoas.

Os autores citam Clinebell quando afirma que, Jesus teve


condutas contraculturas em seu trato inclusivo e igualitário.
Isso, com as mulheres e com outras pessoas consideradas inferiores em sua
sociedade.

Kohl e Barro frisam que, em nosso estilo de


aconselhamento, cabe-nos imitá-lo.
SALVAÇÃO COMO PLENITUDE HUMANA
Como entendemos a salvação? De que somos salvos?
Como somos salvos? Estas são perguntas muito
importantes quando falamos sobre a obra de Deus em
Cristo a favor da humanidade.

Em muitos círculos evangélicos, foi consolidando-se uma


compreensão falsa e errônea da salvação. Com efeito, esta é
apresentada como uma panaceia (solução de todos os males) de todos os males
humanos, como a porta de entrada para uma vida sem problemas, cheia de êxitos e
realizações.

Por isso é tão importante que definamos corretamente o


que significa “salvação”.

A Bíblia nos diz que somos salvos tanto no sentido


transcendente, isto é, salvos da morte eterna, assim como somos salvos no
sentido histórico do aqui e agora (1 Ts 1.9-10; 5.1,9).
Os autores expressam que, tais textos bíblicos se relacionam
aos três tempos: passado, presente e futuro.

Pressupõe um fato do passado (“fomos justificados”) que, todavia,


exerce influência no presente (“temos paz com Deus”) e se estende ao
futuro (“seremos salvos”).

Realçam que, ao confiar em Cristo, somos justificados pela fé e


perdoados de nossos pecados. Mas a salvação, longe de se
esgotar em um momento pontual, é algo dinâmico que se
estende ao longo de nossa vida.

Em termos teológicos, o presente da salvação que


experimentamos em Jesus se denomina “santificação”.

Uma coisa é certa: os crentes em Cristo são justificados Nele


pela fé, entram no próprio ato de justificação, em um caminho de
santificação, um processo que dura toda a vida.
Há duas realidades que são decisivas para se alcançar a
salvação como plenitude humana: a obra do Espírito Santo
e a renovação da mente.

O provê os recursos para a transformação. O


Espírito Santo (SE)
ES traz à mente receptiva a verdade das Escrituras
especialmente adequadas às circunstâncias imediatas.

Não há receitas fixas e pré-elaboradas para o


aconselhamento pastoral, pois tudo depende da situação vivenciada pela
pessoa que vem consultar-se, e, quase não há nenhuma terapia pastoral em que
estejam ausentes os temas e conteúdos teológicos.

Eles não devem ser usados como meros clichês, de um


modo mecânico e artificial, pois proveem o marco bíblico e
teológico do aconselhamento pastoral.
Esses temas ou marcos principais no aconselhamento,
como vimos, são: nossa ideia de Deus, a dignidade da
pessoa humana, e a salvação entendida como plenitude
humana em Cristo.

Em suma: Deus, pessoa humana e salvação, constituem a


fonte de vitalidade teológica que torna possível um
aconselhamento pastoral que reflita o rosto e a atitude do
Grande Pastor de ovelhas: Jesus Cristo.

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