Você está na página 1de 10

CAPÍTULO

Ferimentos produzidos por


Projéteis de Arma de Fogo (PAF) 1
1. Introdução
Talvez a área da balística forense mais empregada nos locais de crime
seja a Balística Terminal, que desde alguns séculos atrás já desperta o inte-
resse de estudiosos. Ambroise Paré, já nos idos de 1560, publicava o resul-
tado dos seus estudos no tratamento de ferimentos de tiro. A determinação
das características dos ferimentos de tiro e as informações possíveis de se-
rem levantadas a partir dela são, portanto, um excelente ponto de partida
para a aplicação da Balística Forense nos locais de crime. Algumas análises
já são há muito conhecidas pelos Peritos, entretanto há que se destacar que
tais análises não devem nunca serem levadas a termo desvinculadas dos
elementos de local, sob risco de serem cometidos enganos que podem dire-
cionar a investigação para um caminho distante da verdade.
O estudo dos ferimentos de tiro, caso particular do estudo das lesões
no exame perinecroscópico, pode fornecer informações de grande valia à
Investigação, tais como a posição da vítima e/ou agressor, a distância apro-
ximada entre eles, o tipo de arma empregado e, ainda, aspectos peculiares
do caso, como por exemplo se uma vítima foi alvejada mesmo depois de
já caída sobre o piso.
A variedade de fatores que influencia no resultado do tiro justifica
uma análise detalhada por parte do Perito de local, não só da vítima e
das lesões nela constatadas como também das vestes, posicionamento do
cadáver e outros elementos existentes no local, sejam anteparos onde o
projétil possa ter colidido antes de atingir a vítima, sejam os projéteis, es-
tojos ou mossas constatados no entorno do corpo.
Para facilitar a compreensão de todos os aspectos da Balística Forense
que podem ser abordados no local, escolheu-se iniciar justamente pelo
clássico estudo dos ferimentos de tiro, mostrando que nem sempre o que
parece óbvio pode ser a conclusão verdadeira.

2. Aspectos gerais dos ferimentos de tiros


Quando são analisados os ferimentos de tiro, duas características são
prontamente identificadas na maioria das lesões:
2 Balística A plicada aos Locais de Crime
João Bosco Silvino Junior

• Predominância da profundidade em relação à extensão;


• Ação contundente (de esmagamento) produzida pelo projétil,
com compressão dos tecidos não só pelo projétil mas pela onda
de choque produzida, em maior ou menor intensidade, pela ação
do projétil.
Tais características permitem classificar os ferimentos de tiro como
feridas perfurocontusas, justamente pela combinação da ação perfurante
com a ação de esmagamento de tecidos. É claro que esta é uma classifica-
ção mais genérica, que alcança a maioria dos ferimentos resultantes dos
tiros, mas não contempla a sua totalidade, uma vez que pode haver dife-
renças, por exemplo, nos tiros tangenciais, em que o projétil não chega a
penetrar no tecido, mas sim se arrasta sobre ele, resultando em uma ação
unicamente contundente.
As lesões de tiro podem apresentar três momentos distintos: Feri-
mento de entrada, trajeto e ferimento de saída. O ferimento de entrada
é produzido diretamente pelo projétil, sendo este o responsável pela
produção da solução de continuidade do tecido atingido. O trajeto é a
extensão do movimento do projétil, ou seja, o caminho produzido pelo
projétil no interior do corpo. As características do trajeto vão depender
de diversos fatores, dentre eles a massa, formato e velocidade do projétil.
Já o ferimento de saída, que pode ou não ocorrer, já que em muitos ca-
sos o projétil não possui energia suficiente para atravessar totalmente a
região atingida, é produzido não pelo projétil diretamente, mas sim pela
massa de tecidos que é empurrada à frente do projétil em virtude de sua
ação contundente.
Outros fatores se mostram ainda mais importantes na caracterização
dos ferimentos de tiro. Um desses fatores é o tipo de arma empregada,
especialmente no tocante às características da alma do cano, se alma lisa
ou alma raiada.
As armas com cano de alma lisa geralmente empregam cartuchos
carregados com projéteis múltiplos, de forma que não há preocupação
com a estabilidade e precisão de cada projétil, mas sim com o conjunto
de projéteis que atinge o alvo. Geralmente os projéteis empregados
possuem formato esférico, de maneira que não há preocupação nem
mesmo com a posição em que cada projétil atinge o alvo, pois o resul-
tado será o mesmo.
Já nas armas com canos de alma raiada, como é propelido apenas um
projétil por vez, não somente a precisão do tiro, na verdade, mas também
até mesmo a posição em que o projétil toca o alvo são fatores fundamen-
tais para que o projétil produza o efeito desejado. Daí a necessidade de
Capítulo 1 – Ferimentos produzidos por Projéteis de A rma de Fogo (PAF) 3

conferir ao projétil maior estabilidade da trajetória, seja por um forma-


to mais aerodinâmico, seja pela compensação de eventuais diferenças de
composição ou formato no corpo do projétil. Para se alcançar esta esta-
bilidade, o meio empregado foi a utilização do efeito giroscópico, carac-
terístico dos corpos que giram em torno do próprio eixo, gerando uma
componente perpendicular de estabilização da trajetória.
Essas diferenças nos formatos e composição da carga de cartuchos
de armas com cano de alma lisa e armas com cano de alma raiada resulta,
inevitavelmente, em características bastante distintas nos ferimentos pro-
duzidos pelos projéteis de cada tipo de arma.
Desta forma, torna-se mais didática a divisão dos ferimentos de tiro
em duas categorias iniciais:
• Lesões produzidas por projéteis expelidos por armas de fogo com
cano de alma raiada;
• Lesões produzidas por projéteis expelidos por armas de fogo com
cano de alma lisa.

3. Lesões produzidas por projéteis expelidos por


armas de fogo com cano de alma raiada
As características das lesões produzidas por armas com cano de alma
raiada dependerão, dentre outros fatores, da estabilidade do movimento
de rotação do projétil. Essa estabilidade irá influenciar especialmente nas
características dos ferimentos de entrada, que serão moldados de acordo
com a incidência do projétil, como se explica a seguir:

3.1. Ferimentos de entrada


Os ferimentos de entrada de projéteis são caracterizados pelos efeitos
primários, secundários e explosivos do tiro e são observados por meio de
exame perinecroscópico e/ou necroscópico. Para melhor compreender os
efeitos primários e secundários, há que se diferenciar os elementos que
os produzem, a saber, os elementos primários e secundários do tiro:

3.1.1. Elementos dos tiros


• Elementos primários do tiro: São os projéteis que são propelidos
pelo cano. Levam consigo as sujidades e fuligem que estavam aderi-
das na parede do cano. Nas armas de cano com alma raiada, os pro-
jéteis adquirem um movimento de giro em função do raiamento do
cano. Este movimento de giro visa garantir a estabilidade do projétil
em sua trajetória fora do cano.
4 Balística A plicada aos Locais de Crime
João Bosco Silvino Junior

• Elementos secundários do tiro: São todos os elementos que


saem pela boca do cano da arma exceto o projétil, como por
exemplo os gases superaquecidos e chama, a fuligem decorrente
da combustão (fumaça), a pólvora incombusta e semicombusta e
fragmentos do projétil.

Figura 1 – Mostra os elementos primários e secundários do tiro. (Disponível em http://firearmsid.


com/jpgs/991000087.jpg Acessada em 08/04/2017)

3.1.2. Efeitos Primários dos tiros


Efeitos primários são os produzidos pelo elemento primário do tiro
(projétil) em virtude da ação mecânica ao procurar vencer a resistência ofe-
recida pelo alvo, sendo, portanto, próprios do orifício de entrada. Ocorrem
independentemente da distância do tiro e compreendem: o orifício propria-
mente dito, a orla de enxugo, a orla de contusão e a auréola equimótica.
• Perfuração ou o orifício de entrada propriamente dito
Orifício de entrada propriamente dito é o orifício deixado pela passa-
gem do projétil. Em se tratando de tecido vivo, exemplo do corpo hu-
mano ou animal, é o ferimento, lesão ou solução de continuidade pro-
vocada pela entrada de projétil de arma de fogo para dentro do corpo.
Destaca-se, neste caso, a regularidade do formato, uma vez que a
solução de continuidade é produzida diretamente pelo projétil, de
maneira que o formato do orifício dependerá da posição de entra-
da do projétil no alvo, podendo ser circular, no caso de incidência
perpendicular do projétil, ou oval, no caso dos projéteis com inci-
dência oblíqua. Caso o projétil tenha sofrido alguma perturbação
na sua trajetória, de maneira a desestabilizar o seu movimento de
rotação, o orifício de entrada poderá apresentar formato irregular.
Capítulo 1 – Ferimentos produzidos por Projéteis de A rma de Fogo (PAF) 5

Ainda por ser decorrente da ação direta do projétil empurrando o


tecido para dentro do corpo, normalmente apresenta bordos inver-
tidos (voltados para dentro). Por prudência, não se define o calibre
da arma em função do diâmetro do orifício de tiro, seja pela exis-
tência de calibres diversos com mesmo diâmetro aproximado, seja
pela variável elasticidade dos tecidos nas diversas partes do corpo,
que podem resultar em orifícios com diâmetro menor, igual ou
maior que o diâmetro real do projétil.
• Orla de enxugo
O atrito do projétil com as paredes do cano resultam na aderência
das sujidades da alma do cano no projétil. Ao atingir uma super-
fície flexível, como a pele humana ou uma veste, e em trajetória
estável, ou seja, sem impacto prévio, a compressão do projétil na
pele, com grande contato da área lateral contra o orifício de entra-
da, ocasiona a “limpeza” das sujidades da área lateral do projétil na
borda da superfície do suporte, caracterizando a orla de enxugo. A
orla de enxugo (Figura 2) é concêntrica nos tiros perpendiculares
e arciforme (em forma de arco) ou elíptica nos tiros oblíquos. A
tonalidade depende das substâncias que se encontram aderidas ao
projétil, sendo normalmente escura. Ainda, em tiros em regiões
cobertas por vestes, a deposição das sujidades se dá no tecido da
veste e não na pele (Figura 3), razão pela qual deve ser feita a aná-
lise do ferimento em conjunto com o orifício correspondente na
veste. A orla de enxugo pode estar ausente em decorrência de um
impacto anterior do projétil (ricochete, por exemplo) que ocasione
a perda ou perturbação no movimento de rotação e a redução da
área de contato da pele com o projétil.

Figura 2 – Foto operada quando de exame de Figura 3 – Foto operada quando de exame de
local – ICMG. Orifício de entrada apresentando local – ICMG. Orla de enxugo depositada na
orla de enxugo, apontada pela seta veste que cobria a região do ferimento de tiro
6 Balística A plicada aos Locais de Crime
João Bosco Silvino Junior

• Orla de contusão ou sinal de Fisch


Quando o projétil penetra no corpo ocorre o esmagamento do tecido
pelo projétil e a pele tende a amoldar-se ao seu formato que, no caso,
será correspondente à seção transversal dele no ângulo de entrada na
pele, definindo o formato do orifício de entrada. Ainda, a diferença de
elasticidade entre a epiderme, mais elástica, e a derme, menos elásti-
ca, resulta na exposição do tecido subcutâneo (derme) evidenciando a
ação contundente do projétil, formando uma orla escoriada ou contun-
dida (orla de contusão). A análise dessa orla permite uma série de infor-
mações quanto à trajetória do projétil, uma vez que impactos perpen-
diculares resultam em uma orla de escoriação com formato circular e
impactos oblíquos resultam em orla de contusão com formato elíptico.

Figura 4 – Foto operada quando de exame de local – Figura 5 – Foto operada quando de exa-
ICMG. Mostra a exposição da derme característica da me de local – ICMG. Mostra a orla de con-
orla de contusão de ferimentos pérfuro-contundentes tusão com formato elíptico, característico
(seta). Nota-se o formato circular concêntrico, caracte- de impacto em ângulo raso do projétil na
rístico de impacto perpendicular do projétil na superfície superfície

• Auréola equimótica
O estiramento produzido pelo
projétil no tecido resulta na dis-
tensão da pele no entorno do
orifício e, com isso, na ruptura
de vasos capilares, resultando
em um extravasamento sanguí-
neo subcutâneo, denominado
equimose. Por ser percebida
no entorno do orifício, circun-
dando-o, recebe a designação
Figura 6 – Foto operada quando de exame
de Auréola Equimótica. Apre- de local – ICMG. Mostra a auréola equimótica
senta coloração variável com o no entorno do ferimento de entrada de projétil
Capítulo 1 – Ferimentos produzidos por Projéteis de A rma de Fogo (PAF) 7

tempo, se acentuando do vermelho claro até o tom roxo escurecido.


Importante lembrar que a auréola equimótica é uma reação vital, logo
permite definir as lesões post mortem, que não apresentam esse sinal.

3.1.3. Efeitos secundários do tiro


Os efeitos secundários do tiro, conforme explicado anteriormente,
são produzidos pelos elementos que saem da boca do cano da arma exce-
to o projétil. Possuem massa variável e a sua dispersão será diferente para
cada um dos elementos. Desta forma, o alcance dos elementos secundá-
rios será variável, assim como os efeitos observados. Por apresentarem
uma delimitação difusa, os efeitos secundários são denominados de “zo-
nas” e não orlas, e podem ocorrer separadamente ou em concomitância
uns com os outros, a depender de diversos fatores.
São três os efeitos secundários do tiro:
• Zona de chamuscamento;
• Zona de esfumaçamento; e
• Zona de tatuagem.
Antes de destacar os aspectos peculiares de cada zona, cumpre es-
clarecer o motivo da escolha do termo “zona” em detrimento de outras
designações como “orla” ou “borda”, como encontrado em diversas litera-
turas. Ao se empregar o termo “zona” entende-se uma região difusa, sem
delimitação ou contornos claros, como se entende com os termos “orla”
ou “borda”. Essa característica difusa, sem delimitação clara da sua região
de abrangência, é uma característica do espalhamento dos elementos se-
cundários, que passam a ser explicados a seguir:

3.1.3.1. Zona de
chamuscamento
Também pode ser denomina-
da zona de chama ou ainda zona
de queimadura, é produzida pelos
gases superaquecidos e inflamados
que se desprendem do cano da arma
de fogo, quando esta se encontra
próxima do alvo. Produz queimadu-
ra da pele, dos pelos e das vestes da
região atingida, com predominância Figura 7 – Foto operada quando de exame
da ação térmica dos gases e chama. A de local – ICMG. Mostra a zona de chamus-
camento constatada no entorno do ferimento
Figura 7 mostra um exemplo de feri- de entrada, evidenciando-se a ação térmica
mento com zona de queimadura. nos tecidos adjacentes ao orifício de entrada
8 Balística A plicada aos Locais de Crime
João Bosco Silvino Junior

É importante lembrar que se a


região do ferimento estiver coberta
por vestes, a ação dos gases e da cha-
ma se dará no tecido, podendo não
atingir a pele, motivo pelo qual deve
ser feita a análise cautelosa das roupas
usadas pela vítima para identificar a
existência de queimaduras resultan-
tes da zona de chamuscamento. Em
tecidos sintéticos é comum obser-
Figura 8 – Foto operada quando de exame de
var um aspecto semelhante a plásti- local – ICMG. Mostra a zona de chamusca-
co queimado, que é produzido pelo mento constatada na camisa de poliéster usa-
da pela vítima. Nota-se o aspecto de material
calor atuando no tecido, conforme queimado, característico da ação de chama
mostrado na Figura 8. e gases superaquecidos proveniente da boca
do cano da arma de fogo

3.1.3.2. Zona de esfumaçamento


É produzida pela deposição da fuligem oriunda da combustão da
pólvora ao redor do orifício de entrada de tiro (Figura 9). Por ser uma
deposição, pode ser parcial ou totalmente removida por limpeza. Se a
região atingida estiver coberta por vestes, estas poderão reter parcial ou
totalmente o depósito de fuligem (Figura 10).

Figura 9 – Foto operada quando de exame de Figura 10 – Foto operada quando de exame
local – ICMG. Mostra a zona de esfumaçamen- de local – ICMG. Mostra a zona de esfumaça-
to (seta) constatada no entorno do ferimento de mento (seta) constatada na veste que cobria o
entrada ferimento de entrada

3.1.3.3. Zona de tatuagem


Formada pelos resíduos maiores (sólidos) de pólvora incombusta ou
parcialmente combusta e pequenos fragmentos que se desprendem do pro-
Capítulo 1 – Ferimentos produzidos por Projéteis de A rma de Fogo (PAF) 9

jétil. Devido à maior massa e, conse-


quentemente, maior inércia, vencem
maior distância e penetram na pele
como microprojéteis. Incrustam-se de
forma mais ou menos profunda, oca-
sionando diversos ferimentos punti-
formes e resistindo à limpeza, seme-
lhantemente a uma tatuagem (Figura
11). Em alguns casos é possível até
mesmo se observar os grânulos de
pólvora incombusta (Figura 12). No-
vamente, no caso da região de entrada Figura 11 – Foto operada quando de exame
estar coberta por vestes, os elementos de local – ICMG. Mostra a zona de tatuagem
que produzem a zona de tatuagem no entorno do ferimento de entrada
poderão ser retidos pelo tecido, não alcançando a pele (Figura 13).

Figura 12 – Foto operada quando de exame de Figura 13 – Foto operada quando de exame de
local – ICMG. Mostra a zona de tatuagem e pól- local – ICMG. Mostra a zona de tatuagem ade-
vora incombusta rida na veste que cobria a região do ferimento
de entrada

3.1.4. Característica dos ferimentos de entrada de tiro


A partir dos efeitos primários e secundários do tiro já é possível se
estabelecer os critérios necessários para se determinar se um ferimento
de tiro corresponde a uma entrada de projétil. Em muitos casos tal deter-
minação será prejudicada, seja em virtude de um impacto anterior sofrido
pelo projétil, seja em virtude da região atingida ser dotada de tecido muito
mole ou irregular, que resulte em uma ferida com características peculia-
res. Não obstante tais situações, se encontrarmos algumas características
específicas em alguns ferimentos, será possível determinar que se tratam
de ferimentos de entrada de tiro.
10 Balística A plicada aos Locais de Crime
João Bosco Silvino Junior

Veja a seguir as características típicas dos ferimentos de entrada de tiro:


• Bordas regulares (exceto quando decorrente de projéteis múlti-
plos ou ricochetes de tiro) e invertidas.
• PRESENÇA de orla de ENXUGO (exceto quando decorrente de
projéteis múltiplos ou ricochetes de tiro).
• PRESENÇA de efeitos secundários.
• Zona de chamuscamento.
• Zona de esfumaçamento.
• Zona de tatuagem.
Se o ferimento apresenta as características elencadas acima, muito
possivelmente se trata de ferimento de Entrada de tiro! Por outro lado, a
ausência de tais elementos não significa que o ferimento não seja produ-
zido pela entrada do projétil, uma vez que diversos fatores podem contri-
buir para a descaracterização do ferimento de entrada do tiro.

3.2. Ferimentos de saída


Os ferimentos de saída de PAF’s apresentam uma dinâmica de for-
mação diferente dos ferimentos de entrada. Enquanto no ferimento de
entrada o projétil é forçado diretamente contra a pele, sendo o elemento
responsável por romper a resistência
da epiderme e produzir a solução de
continuidade, no ferimento de saída
o projétil não entra em contato com
a pele, pois a solução de continuida-
de se forma em virtude da pressão
exercida pelos tecidos empurrados à
frente do projétil. Como essa massa
é disforme e irregular, a solução de
continuidade terá características se-
melhantes, com um aspecto irregu-
lar e evertido, em virtude da pressão
de dentro para fora do corpo.
Figura 14 – Foto operada quando de exame
Veja na Figura 14 um ferimento de local – ICMG. Mostra um ferimento de saí-
de saída de PAF. da de PAF

É importante notar que o ferimento de saída NÃO apresentará orla


de enxugo, uma vez que o projétil não entra em contato direto com a
epiderme. A auréola equimótica pode até ser observada em alguns casos,
mas não é muito comum porque, ao sair, o projétil já perdeu muito da
sua energia. Já a orla de contusão pode ser observada em alguns casos,
como você verá agora.

Você também pode gostar