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SCHWARZ, R.

“ As Idéias Fora do Lugar” In: Ao Vencedor As Batatas

# Contexto: Segundo Reinado, Independência ( 1822); Constituição (1824); Escravidão;


Inserção da economia escravista no modo de produção capitalista por meio do comércio
externo.

# As idéias “fora do lugar”:

 Iluministas/ Revolução Francesa/ Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão


(liberdade, igualdade, universalismo, igualdade perante a lei, impessoalidade) =
liberalismo Político
 Economia política ( trabalho livre; racionalização do processo produtivo) = liberalismo
econômico

# Essas idéias na Europa:

 Derivam do sistema econômico


 São Ideologia (Marx), visto que ocultam o essencial: a exploração do trabalho, mais-
valia.

# Essas Ideias no Brasil naquele contexto:

 Revelam a imoralidade da escravidão, transformando-a num fato moral; não político.


 Não ocultam nada
 São uma “comédia ideológica” ( pág.112 )

# O que explica a presença dessas idéias no Brasil:

 A produção para o mercado externo ( levava mercadorias, trazia livros e ideias: “


escolava...uma pequena multidão” (pág.13)
 A Independência realizada em nome das idéias francesas.

# Choque dessas idéias com a escravidão/regime escravocrata de produção:

 O choque se reduz aos princípios; na prática/ realidade, eles convivem.


 No plano prático, as idéias da economia política não têm utilidade, pois a
racionalização do trabalho requer a liberdade da mão de obra e a realização do
trabalho num mínimo de tempo. A economia política ( liberalismo econômico) conflita
com a lógica de produção escravista.

# Qual é o nexo, então, daquelas idéias (vida ideológica) com a realidade? O que sustentava
a presença delas no Brasil? Já sabemos como entravam, precisamos saber agora como se
mantinham.

 A estrutura de classes: Senhores de Escravos/ latifundiários; Escravos e Homens


Livres.
 Dois tipos de relação e dois tipos de mediação: Senhores e Escravos= violência;
Senhores e homens livres= Favor
# Homens livres e favor:

 Homens livres: os não escravos e nem senhores; não estavam inseridos no sistema
produtivo principal; o Agregado.
 Favor: meio pelo qual os homens livres conseguem sobreviver ( o famoso puxa-saco
Risos)

# A natureza do favor: nega o universalismo; pratica a dependência da pessoa; a exceção à


regra ( o famoso: “aos amigos tudo, aos inimigos, a lei), a cultura interessada, remuneração e
serviços pessoais. (pág. 17)

# O universalismo na Europa: Combateu o feudalismo( dominação tradicional, relações


pessoalizadas

 No Brasil: Não combateu o escravismo e as relações daí derivadas; não combateu as


relações personalizadas do FAVOR, ou seja, as relações de dependência pessoal
entre os Homens livres e Senhores)
 Por sermos dependentes( colônia), não tivemos um “Kant do Favor”(17); Ou seja, não
tínhamos teóricos e filósofos independentes para teorizar nossa realidade e defendê-
la assim como a Europa teve seus Rousseau e Kant.

# Inserção e Função das idéias européias.

 Não nega os princípios do favor; mantém com ele uma “coexistência estabilizada”
( pág.18)
 “O liberalismo passa... a penhor intencional de uma variedade de prestígios com que
nada tem a ver”(pág.18) (demonstração de erudição; louvação da supeioridade
européia; “carteirada”, etc) OBS: lembrem do desembargador que falou em francês
como o fiscal da prefeitura em São Paulo.

# O mais importante estruturalmente é que: “ O favor assegurava as duas partes que


nenhuma era escrava, em especial a mais fraca’( pág.20). Grande a continuidade do sistema.

# A combinação do atraso (favor) com o moderno(idéias européias) dualidade.

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