A Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou julga denúncias de perseguição política no Ceará durante a ditadura militar de 1964 a 1985. A comissão concede indenizações entre R$5.000 e R$30.000 às vítimas e familiares. A comissão homenageia a advogada Wanda Sidou, que defendeu presos políticos durante a ditadura apesar da opressão. O Ceará é o único estado com comissão ativa para anistiados políticos.
A Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou julga denúncias de perseguição política no Ceará durante a ditadura militar de 1964 a 1985. A comissão concede indenizações entre R$5.000 e R$30.000 às vítimas e familiares. A comissão homenageia a advogada Wanda Sidou, que defendeu presos políticos durante a ditadura apesar da opressão. O Ceará é o único estado com comissão ativa para anistiados políticos.
A Comissão Especial de Anistia Wanda Sidou julga denúncias de perseguição política no Ceará durante a ditadura militar de 1964 a 1985. A comissão concede indenizações entre R$5.000 e R$30.000 às vítimas e familiares. A comissão homenageia a advogada Wanda Sidou, que defendeu presos políticos durante a ditadura apesar da opressão. O Ceará é o único estado com comissão ativa para anistiados políticos.
TEXTO SOBRE A COMISSÃO ESPECIAL DE ANISTIA WANDA SIDOU (CEARÁ)
A Comissão Especial de Anistia Wanda Rita Othon Sidou, criada em 2002, tem como função primordial o julgamento de denúncias de perseguições políticas ocorridas no território cearense durante a ditadura militar, instaurada em 1964 e perpetuada até 1985. A comissão responsabiliza-se por intermediar uma sessão de julgamento com ex-presos políticos, na qual são apresentadas provas, e, provada a perseguição, este ou a família dele, no caso dos falecidos, receberá uma indenização. Além disso, os anistiados recebem, juntamente com a quantia -que varia de 5 a 30 mil reais-, o perdão do Estado como reconhecimento dos danos causados. Esta ação, embora simbólica, é de extremo valor para as vítimas deste episódio cruel da história do Brasil, para os familiares e para o povo brasileiro, pois ajuda a manter na memória o reconhecimento das atrocidades cometidas contra os cidadãos nesse período. Mormente, é indispensável reconhecer aquela que, por grande mérito, foi postumamente homenageada no nome desta comissão. A Dra. Wanda Sidou, advogada e militante política, foi reconhecida por estar além do seu tempo e se destacou por defender os presos políticos cearenses no período ditatorial. Ela foi um exemplo de coragem e força, buscando e defendendo a garantia de liberdade e democracia aos brasileiros em um cenário onde a opressão, a perseguição e as torturas dominavam o país. A Dra. Wanda não se desanimou pelas tentativas de calar a sua voz, abraçava a causa dos presos considerados indefensáveis e fazia isso voluntariamente movida, apenas, por seu senso de justiça e determinação. Desse modo, infere-se a extrema relevância atribuída a ela pela máxima do professor Dr. Cid Sabóia de Carvalho a seu respeito: “Os novos advogados devem conhecer a trajetória de pessoas assim, a fim de que a difícil arte, que é a nossa, nunca se deixe manipular pela fraqueza ou pela covardia”. Outrossim, cabe mencionar que o Ceará é o único estado do país que ainda mantém ativa uma comissão para julgar processos de anistiados políticos. Nesse sentido, se por um lado é positivo possuir uma comissão ativa para cumprir esta finalidade. Por outro, é negativo um país como o Brasil, que vivenciou um regime militar tão cruel, possuir apenas um estado com medidas para reconhecer as atrocidades causadas, pelo sistema vigente na época, aos cidadãos. Como resultado dessa insuficiência, fragmentos da ditadura ainda circulam pela sociedade e se fazem presentes em falas como: “Bom era no tempo da ditadura, ninguém nem ouvia falar de notícia ruim”. Sob essa ótica, esse tipo de notícia não circulava porque o sistema político era opressor e não permitia a ninguém o direito de se expressar de forma contrária ao regime. No contexto hodierno, paradoxalmente, pessoas utilizam de um recurso exclusivo do sistema democrático, o direito à liberdade de expressão e a manifestação, para reivindicar um regime ditatorial e opressor. Desprovido de sentido lógico, esse tipo de pensamento ainda consegue respaldo e é impulsionado pelo governo atual que, constantemente, tem utilizado seu poder para atacar a democracia. Destarte, é possível relacionar o episódio do regime militar com o juspositivismo de Hans Kelsen, uma vez que os comportamentos opressores estavam protegidos pela lei do período, o AI-5. Nesse sentido, é preciso analisar os limites do poder das leis quando estas são injustas e desumanas, no caso das torturas. Por analogia, esse mesmo argumento juspositivista extremo, de que estavam cumprindo as leis vigentes, foi utilizado no julgamento de Nuremberg para justificar os comportamentos desumanos daqueles que colaboraram com o regime nazista e a exterminação em massa do povo judeu em campus de concentração. Portanto, diante desse cenário, é urgente e primordial que, para a manutenção e permanência da democracia, as instituições públicas abandonem a inércia quanto à promoção de informações acerca do regime militar. É essencial parar de colocar esse período histórico“debaixo do tapete” e prestar informações confiáveis e verídicas aos cidadãos sobre o assunto. Destarte, no tocante a frase de Edmund Burke de que é preciso conhecer o passado para não repetí-lo, é necessário divulgar e relembrar as torturas e atitudes violentas e opressoras propagadas durante o período da ditadura. Com o fito de combater os favoráveis a esse tipo de regime e evitar que ele vigore novamente.
Em Defesa da Democracia: coletânea de artigos em defesa do Estado Democrático de Direito, da diversidade, da sustentabilidade, dos direitos humanos e da Justiça Social