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Bahia:

tesouros da Fé
6
Bahia: tesouros
José Antônio Saja.
Fernando da Rocha Pere8
Mercedes Rosa. Liicia Marques,
Maria Adriana Almeida Couto de (astro,
Maria lelena Oechi Fleror
Osraldo Goureia Ribeiro. Luciano Dinis Borges.

Fotografias: Sérgio Benutti da fé


OrN.

BTOTE
O0932 6
e.1

BANCOdoBRASIL IBERDROLA coelba IO REVI


Coordenação: Desenvolvimento e Acompanhasmento de Projetn.
COELBA. S.A. Cowrdenacao de Pequisa e Produãor
Wellingon de Araújo omes Katia Fraa Jordarn
Edna Silveira de Andrade

Fotgrafia:
irgio Beutti
Edicão sob a direção de:
Edgar Bustamante Delgado 1slentes de fotgralfia:
AmHn Carkn Sasnon Barrv e Fluark» a Silva á
Diagramação e desenho:
Ignacio Torner de Gispert Revisão dos originais:
larice ds Prado Valladare- Silva
Capa:
Ignacio Torner de Gispern egendas: Capítulon: Azulejaria Sarra. Talha
Ourivesaria:
Documentação: Luriano Dinis Borgs
Jordi Cavaller
Legendas: Capítulos: Sé, Imaginária e Movelaria:
Fotografia da capa: Katia Fraga Jordan
Sérgio Benui
Pesquisa e Seleção de Textos para todoo livro:
Katia Fraga Jordan

Consultor técnico:
Bustamante Editores, S.. Luciano Dini- Borges
Bruch. 94}
08009 Barcelona
Arervo utilizado:
Biblioteca do Centro de Estudos Baianos
Fotogravura: Biblioteca da Farulklacke de Arquitetura
Estmar Color. S.L. e Utaniso
UFBA
Impress0 por: Biblioteca do Museu Carlo» Costa Pinto
Novatesa. S.L.

D.L.: B-39443-2000 Biblioteca do Mosteiro de S. Bento

ISBN: 84-89775-11-7
Ficha catalográfica:
Beha: TesaT a FéOzniak: Katia Fraga orkur
Pedra de Toque. Prougis Culturais. Salvaror. BA:
Printed in Spain Bustamanne Fitores. Barvelona. E: Coelba. 20000
SUMÁRI0
. APRESENTACÇÃO
Javier Herrero

7. APRESENTACÃO
P nrico Maria Zaghen
11. A ARTE NA BAHIA, EXPRESSÃO DA BELEZA DE UM POVO
Ceraldo Majella Aguelo
12. A ARTE SACRA ILUMINA A ALMA DA
BAHIA
Paulo Renato Dantas Gaudenzi

14. NA MANHÄ DO SEXTO DIA


Jose Antonio Saja

16. A SE PRIMACIAL. DEMOLIDA


Fernado da Rocha Peres

42. OURIVESARIA
Mercedes Rosa

76. ASPECTOS DA TALHA RELIGIOSA NA CIDADE DA BAHIA


Lúcia Marques

126. AZULEJARIA SACRA


Maria Adriana Almeida Couto de
Castro
154. MOVILIÄRIO SACRO BAIANO
Maria Helena Occhi Flexor

182. IMACINÁRIA
Osvaldo Couveia Ribeiro
2:38. NOTAS

246. REFERÉNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

24%. ACRADECIMIENTOS
Apresentação
Segundo a culura popular. a Babia teria uma igrrja para cada dia do ano. Dessa forma. como cantado pelo
grande compositor baiano. Dorival Caymmi: "irezentase sessentae cinco igrejas. a Bahia tem...
Não ei se esse núnero corresponde exatamente a realidade. Porém. não há como
desconhecer a profusão
desses templos religiosos em todo o estado da Bahia e. notadamente. na cidade de Salvador.
sua
capital.
Foi justamente esse fato que nos levou a
patrocinar. no ano de 1998, a publicação do livro Bahia: Signos
da Fé. de autoria da Socorro Targino Martinez. que enfoca a arquitetura sacra da Bahia. através de diversos
percursos da sua capital. todos eles fortemente marcados pelas belíssimas formas das suas igrejas.

A partir do excelente resultado dessa


publicação. surgiu a ideia da presente obra. Bahia: Tesouros da Fé.
que se propoe a mostrar o interi1or desses templos e abrir as suas portas para exibir ao mundo os seus

tesouro5.

São obras de arte de diverso5


periodos. que retratam a eterna ansia do homem de captar a expressão do
divino e reparti-la com os seus semelhantes. São
criações de artistas famosos e anonimos que permitem.
aos olhos mais atentos.
perceber a influéncia das diversas civilizações que resultaram nessa miscigenação
culural. responsável pela formação de um
povo que faz do misticismo e da alegria de viver a sua
verdadeira profissão de fé.
O Barroco no Brasil. e em
especial na Bahia. é um tema
que atrai tanto aos estudiosos quanto o
publico
em
geral. revelando-se como uma
manifestação surpreendente de arte criadora e original.
A especificidade da arte baiana. pode ser detectada talhas representando seres mitológicos de tanga
em
e
cocar.
guirlandas de cajus mamões. estofamentos belos rostos de santas túpicas da manufatura baiana.
e e

O Brasil colonia. riquíssimo em ouro.


propiciou produçao do barroco na sua representação máxima. Dai
a

resultaram as talhas recobertas do mais fino ouro.


peças da movelaria sacra.
imagens de rara beleza. peças
em
prata5 e
pedras preciosas.
Cma profusão de formas e enfeites. anjos
tocheiros. ostensórios.
banquetas.atésacrários,
possibilitam um passeio visual pela evolução dos estilos desde os seiscentos
cruzes
o néo-clássico.
e relicarios

E. para nós. do Grupo Iberdrola. uma grata satisfação poder estar mais uma vez.
junto à Coelba e ao Banco
do Brasil. patrocinando um
projeto literário que. esperam05. se constituirá em fundamental registro desse
aspecto tão importante da história e da cultura baiana.

Javier Herrero
Conselheiro Diretor Ceral da lberdrola
Apresentação
Bahia inspira poesia. Suas águas cor de esmeralda, tapete de entrada, conduzem à reflexão. A doçura do
seu clima pacifica o espírito. Essa tranqüilidade, porém, contrasta com o burburinho das suas ladeiras e do
seu mercado que, palpitantes de vida, fazem aflorar sentimentos ancestrais. A diversidade de rostos lembra-nos
o principi0 da nossa história, quando aqui se encontraram, pela primeira vez, 0s povos de tres continentes.

Cada pedra, alisada pelo caminhar de 450 anos de história, cada edificação, cada imagem policronmada,
cada utensilio e cada representação artística guardam consigo a odisséia desses povos que, anonimamente
ou não, deixaram impressas as suas visões de mundo, perenizaram a profundidade de sua fé.

Percorrer as ruas de Salvador é voltar no tempo, inebriando-se de história. Entrar em um dos seus templos
ésaborear momentos de êxtase, é experimentar a dimensão do divino, plasmado em obras de arte que
representam tesouros incomensuráveis. Esse legado do passado permanece vivo graças å luta pela conquista
da liberdade de espírito que continua regendo a consciência do povo baiano.
Para perceber tanta riqueza, não basta percorrer seus templos e conventos. E preciso ir também aos seus
terreiros, éé preciso conhecer o seu povo, pois a arte se faz a cada momento, em cada esquina. Não terminou
com os entalhadores, ourives e pintores, mas vive em cada trejeito, em cada balangand , em cada sorriso
e em cada prece.

A fé do povo baiano, síntese do espírito brasileiro, continua presente no culto à memória de uma vida. que
em si foi arte, de uma doce mulher chamada Dulce. Continua elevando-se aos céus nos louvores dos seus
caymmis, amados e caetanos, conhecidos e anônimos. Continua iluminando o resto do Brasil, com a alegria
do seu povo manso e acolhedor, mas bravo e forte.
O Banco do Brasil tem orgulho de apoiar as iniciativas que visam preservar a nossa cultura e a nossa
identidade. Incentiva idéias que alimentem nos corações dos cidadãos o sentimento de brasilidade
tornando eterna a nossa história.

Paolo Enrico Maria Zaghen


Presidente do Banco do Brasil
A Arte

Sim, n obrn nai main belu Pintor, foge à aquarela


Num forma o alal Ta cor nais vacilante
Fsmalta
Verh, nix, Jualru, *hnalte, No forno do artesäo

Deixai F'az sereias azuis


n regru» fingidas Torcendo de mil formas
Man, arn andar direito,
Enfia, As caudas.
Mus, uN Cturno estreitt. Os monstros dos brasoes.

En seu nimbo de trevo


Abaixo o ritmo cónodo,
Denedido napato, A Virgem e Jesus
De molde O globo
Qu o» pés deixasn e calçan. Tendo por cima a cruz.

Tudo passa e somente


Rejeita, estatuário,
E eterna a arte robusta;
A urgila que teu dedo
O busto
Modela,
uando a alma estlá distante sobrevive à cidade.

Ea medalha severa
Que encontra o lavrador
Como Mármore duro
Na terra
raro,
revela o imperador.
Guardas das linhas puras:

Até os deuses morrem


Demandla a Siracusa
firme
o s versos soberanos
O bromz em oque bem
Sacusi
Perduram
Mais lortes do que o bronze.
A energia co traç

Lima, esculpe, cinzela;


om a nao delicada
Que o teu sonho ligeiro
S g e no eristalino
Se entranhe
Filão
No bloco resistente!
Oapolineo perfil.

Theophile de Gautier (1811-1872)


Tradução Clúudio Veiga
A Arte na Bal1ia. Expressão la Beleza de um Povo

Ao a n d a r desatentannente pelus q u a t r r e n t e n á r i a s ruIn l a eidluee do Sulvndor, tulvez o t r a n s e u i l e a o se

de conta dus riquezas eelausurulas o interior de seus prrulium. So fragment05,esparss ue un ve


reunidos elegarian a enpor in monuicw repreweutativo eda forju ede un pove,sur, sobs o nigo la le e
heroíso, eonstituin suu têperu en identiale e espreilicidlaele soteropolitanas, embora leterinanedo
grande parte dos acontecimentos que iriann eoIstruir o berço la mcionalidade brusileirn.
Hoje. temos a houra de participar lesta l listóris menpre a sr fazer, crendl eue deseonhecer a arte e o povo

baianos é ignorar a genese du Brusil.


Não foi dificil paru min, cereado pelo Barrwo Mineiro hesele a ais teny idade, amar a arte e o eto te
ser baianOs. O conjunto das obrus artísticas, desele a imponênein da tallin ealeáriá. passando pelo brilho do
ouro incrustado nos entalhes setecentistus, o esplendor das cores vibraite edus pölicromias nas eseulturas

imprime, fala do
que estu
nos
representando os Santos, entre tantos outros estiuos visunis com terra nos

Bom, Belo Eterno.


coração da gente das terras da Bahiu. Cornçio perpussado pelo nmor ao ao e ao

A cidade do Salvador. alna cordiul de umu gente nulticor, sempre aliou a beleza de sua arte a alegria

perene de seu povo.


t
construçoes direçoes e de nossOs
principio de milenio, sonOs chanmados a renterjpretar
s
Neste
antecessores, visando encontrar novos prunos, nortes * veredus, sta sadia revisão deverá discernir
ecessárins à translormaçio lo cornçio de todo homem e do honem todo.
mudanças
A arte será, certamente, ua lerrumenta indispesavel nesta rellexio, desta metanorfose (que deverá
sacudir velhos hábitos e comodidales, ernitindo que alas e coraçoes humanos abram-se à presença

amorosade Cristo, e através de suus obras


(ornem-se manilestaçóes da Divina Providênciu.
Podemos ler em Ex:31,1-5 que Deus "comunicara a Beseleel o seu espírito espírito de sabedoria.

especie obrus, puru conherer Gexecutar projetos


toda dke em ouro, prata,
inteligencia e ciência para reulizar
bronze.. assim cono para talhar a madeira. Ate (reeho biblico desçreve a arte, a "techné" dos gregos.
mediaclora do espírito, dos elesígnios divinos.
como possível
Consideramos ser inicintiva nobre e pertinente reuir em um unco iyro uma Vjsao abrangente da arte
sacra baiana, objetivo que o presente livro cosegue aliungir. Quigu todos que o follhearem. possam sentir.

emoçao que sCnliOs, 1 e s n VOnlide de enetrar no amago do ser de cada


pagina por púgia, a mesIna

isso, aprofundar nossu cOmpreensao de suul misticu peculiar.


obra de arte e con

de sun leitura e lu contenplaçao do belo quue aqui é retratado


Que cada um poSsu fazer do pprazer
arte divina eCulpda enn nOss0 coração pelo poder do Alissima
um princípio de oraçüo:

t Dom Gerallo Majellu Agnelo


du Bahiu Primaz do Brusil
Arcebisp de São Sulvador
e

dezembro de 1999
Salvalor, 8 de
m F'esta de Nossu Senhora
da (onreigio du Prain
A Arte Sacra ilumina a alma da Bahia

Conhecer a Gidade da Balia é uma experieneia única, que envolve todos 9% sentices. Vai além de eonherer
suas praias de águas tépidas e calmas, o brillho do sol que nqui se ospecializa en dourado- singulares, f. mais
que provar dos sabores de sua culinária que extrai segredos e magias de sábias misturas das ronida- de
origem africana. ensinadas pela tradição oral dos antigOs escravos, assin cono da variedade do legarko
indigena somada aos saborosos e refinados pratos do receituário portugués. Para ben conerer a Cidade d
Salvador precisa-se antes de mais nada abrir o coração à alma do povo baiano.

Grandeza de alma que renova a cada dia sua capacidade de amalgamar aparentes contradicves. Comy
contraste manifesto pela dualidade entre o amor com que o baiano zela e conserva o antigo rasario do
Pelourinhoe sua atração pelo novo, o arrojo com que se projetou e foi-se construindo una cidade moderna.
em que primeiro se inplantou o conceito de um centro administrativo, erguida em prédios futuristas
rasgada por modernas avenidas, mas sempre pensada e defendida por aqueles que a anan. de maneira a
preservar imtactos seu Centro Histórico, suas igrejas, museus, seu patrimonio cultural.

Alma que extingue dualidade


a entre o
sagrado e o
profano em suas festas de largo, pois após professar sua
devoçies em procissões de fé, as transforma em carnaval e celebração da sua pura alegria de viver. Como
um dos grandes diferenciais da Bahia fosse esta alegria generosa e
hospitaleira que a tudo e todos abraça.
Todas festas são em torno de suas igrejas, contadas em
estas
prosa e cantadas em vers0. lgrejas que
representam a maior parte da história e da cultura do barroco dos anos seiscentos e setecentos. periodo de
apogeu da Cidade da Bahia, colônia e sede imperial, cidade mais inportante do Atlântico Sul
A história da arte baiana tem como um de seus fundamentos principais o sentimento religioso. fecunda font
de inspiração para os artistas. Fortemente marcada
pela influencia ibérica, principalmente portuguesa.
arte brasileira, nascida na Bahia, incorpora uma mistura étnica aqui formada, toma por temas a flora e
fauna tropicais, imprime santos utensilios
em e
religiosos catolicos a curva
brejeira. o
traço mulato. o
jeiti
dengoso.
Toda arte tanto é criada quanto cria um universo de leis particulares. Engajada em seu próprio curso tori
se cada vez mais livre dentro de sua fantasia. Neste mundo regido pela beleza, anjos dançam um etermo
ballet pousados como que momentaneamente entre
guirlandas e cachos de frutos entremeados por coluits
e tetos de nossas igrejas. O ouro reflete por volutas e ornanentos o brilho luminoso da fé. Imagens de sants
socorrem, por geraçoes, os coraçoes aflitos, A beleza das inagens já oferece consolo, uma vez que parece -"r
afirmação de uma parceria dos poderes divinos com a mão do artista. Quadros de azulejos refrescam tanto
a vista,
quanto a temperatura ambiente, além de contaremn histórias plenas de significados e liçöes.
As Igrejas da Cidade da Bahia são mais do que templos de oração. Expöem de uma forna viva a mais bela
e rica mostra de arte sacra, embora mantendo sempre a função primordial de seus altares e imagens. cono
suportes e cenários para atos da fé católica. Um dos mais importantes exemplos é a Catedral Basilic.
monumento que austeridade da arquitetura jesuitica à fantasia e emocionalidade
une a
dos altares barrocos
Imagens e alfaias que conseguiram escapar ao saque dos holandeses, juntamente com as que se ne
acrescentaram provenientes da bárbara demolição da Sé Primacial, em 1933, fazen da Catedral, antuga
Igreja do Colégio dos Jesuitas, um dos mais importantes pontos de referencia de Salvador.

A Igreja de São Francisco é o


exemplo náximo do barroco baiano,
vertiginosanente bela. teatral. abarrotaa
de signo e surpresasa cada nova
ollhada. E encantador seguir com o olhar as d Sol
diagoals
recortando anjos. atlantes. ninfas, talhas de formas vegetais ou pelicanos em ouro ao» a COInO
e policromia5,
os destacasse com um "spotlight" emn cena.

A mesma transformaç o do espírito da fé em obras de arte de grande beleza, cercadas por orações e fervor
religioso. pode ser encontrado na lgreja do Rosário dos Pretos, na Ordem Terceira de São Francisco
Mosteiro de Sao Bento,
apenas para citar algumas das muitas rvo
igrejas que constituem o
precCIOs0 au
histórico-cultural do estado.
Bahia de Todos os Santose dos muitos museus. O Antigo Convento e Igreja de Santa Teresa, em si mesmo
já um valio50 monumento da arquitetura colonial, abriga um riquíssimo acervo em imagens, esculturas ,
ourivesaria e pinturas. onde gostaria de destacar o conjunto do altare sacrário em prata maciça
provenientes da antiga Sé Primacial.

O Museu de Arte da Bahia. no Corredor da Vitória, mantém um conjunto de valiosas coleções de móveis,
louças. pinturas e imagens, algumas delas peças bastante representativas de períodos especiais da Arte
Sacra. Uma de suas mais recentes aquisições, um importante retábulo espanhol, foi um acréscimo precioso
ao seu acervo.

A coleção particular de Carlos da Costa Pinto, que pode ser vista no museu que leva seu nome, e uma das
mais requintadas e visitadas da cidade. Reúne grandes conjuntos de ourivesaria, tanto sacra quanto de uso
doméstico. porcelanas. nobre mobiliário com algumas peças com finalidade religiosa e belas imagens em
marfim.
O Museu Abelardo Rodrigues. no Pelourinho, tem como acervo importantíssima e singular coleção de arte
sacra, entre as mais significativas do Brasil. São cerca de 800 peças, entre imagens, algumas bastante raras,
oratórios e fragmentos de talhas, tudo rigorosamente organizado de modo a expor esta coleção em um
edificio de grande importância histórica: o Solar do Ferro ( séc. XVII ).

Muito mais poderia ser dito neste comentário, entretanto por sua própria natureza de introdução, devo ser
breve. Tenho certeza que este livro poderá ser considerado como verdadeira jóia, por sua forma e conteúdo,
dispensando maiores aportes em sua apresentaçao.

A publicação de Bahia: Tesouros da Fé, como mais um volumeda colegão patrocinada pela Coelba, cujo
tema focaliza a Arte baiana. vem somar-se a uma valorosa linhagem de trabalhos que chama si a nobre
tarefa de documentar e pensar nossas expressões artísticas. Os capítulos com introduções eseritas por
intelectuais de escol. a introdução de poemas inéditos de grandes poetas baianos, recuperação de trechos
de belos textos histórico5. um grande trabalho de pesquisa e o magnilico trabalho fotográfico, asseguram
a admiração e o acolhimento de todos os que amam e se interessam pela história da arte sacra, na qual a
Cidade da Bahia. sem dúvida. é uma das maiores protagonistas brasileiras.
Sem risco de errar. afirmo que a publicaçao desta obra, proporcionada pela Coelha, pode ser considerada

uma idéia iluminada.

Paulo Renato Dantas Gaudenzi

Secretário da Cultura e Turismo do Governo da Bahia


Azulejaria Sacra

espinto do mundo.
tnche tru rspirito con o

Marril Frato

decorativos/azorecho
ladrilho vidrado. emprrgado para
r e i e s t i r parrdes compor paineis r

zulrjon. AR NVII.
\z-zuleig// azulej \DOR 1813// azulej
/Do ca-t. Azulrjo. Do
derin.ár
huq
he unáno fimodirzr

autonoma.
teser ntenenirs mmarcantrs neste m e o ,
assunnindo por e z e s uma expressao
aulrjiaria de profundidade ou de ilusoes espciais
de jogos
intrgralmente a* farede de cintilaçies,
quand rrtr
asewiando-e haronoamente c o n as varus
m a c o n frrqurncia
atraes dr rfeite dr tromgr lord.
durada o u a pntura decorativa. r n rpreial em alguas igrejas
artr oamenta c e n o a talha
magnifias

Me 1zulrpana Purtugursa na Baha


J

gor tubliras, icalizadas nu surnstua, dentro de cartelus concheudus. que tem comu motuo a u r u rdene t
fenix ' o rontezto, simbdos eucaristicos). R e s s a l t a -s e a tbelu f a t u r a e a siginalidude no tratumento do temu. t *"

Igreja do Pilar.
ili i
a l u (eia de (Cristo ( no eleitório franciscuno, o grunde artista Antonio Pereira que também assinou os
utineis Sular do Snllanha destruíclos em incênlio os aos 60); as interessantes figuras de convite
(eleentos earaeteristiceN da zulejaria portuguesa oda prinmeira metade do século XVIl) que se encontram na
alaria ele areo à "livTaria" doantign Colégio clos lesuitas, attual Catedral Basílica; um eonjunto de painéis
da Orrden lerreira te S. Franeiseouque têm por tea a festa decasamento de D. JoséIeD. Ana Maria da
Austria. em 1720: e Os piinéis do Consistório, atribuídos u Valentim Almeida, que associam importáncia
urtistin à rarilade ieoográlica. pois documentam vistas de Lishou antes do grande terremoto de 1755 que a

Além dos pracitados, os raríssimos painéis de ex-votos da lgreja da Boa Viagem e o frontal da mesIma igreja.
inicos o Brasil: os puinéis da lgeja da Misericórdia comn representçÃo são dos Ossos e
Fogaréu
(atrilidos à Valentinm de Alneida) tanbém pertencianm ao "perio

Ainda dernto da mesma categoria de azulejos,com autoria atubuur éculo XVIIL


ssalamos os importantes painéis da lgreja do Rosário dos Proto ica do
Rato (de provável autoria de Antonio Paula e Oliveira).
Durante o periodo de 1730 a 1750, as fábriras eu da criação de painéis
figurativos. coincidindo com oflorescimen cabeça do Estado do Brasil.
então colonia de Portugal.

Oazulejo. que até hoje goza de particular Cou n de ter sido utilizado com muita freqüencia
uis igrejas e conventos, passou a ser utilizado em resilências nobres. Deve-se ressaltar que a azulejaria cunpre
ua funão protetora das construções, facilita o saneamento e higiene, além da indubitável função estética que
exere. acreseentando sua beleza em um sem número de possibilidades diversas de utilizações.
A Iransplutação deste elemento tão característico de Portugal para a Bahia é um dos componentes da
decantada inellhanga entre o Centro Histórico de Salvador e os bairros velhos de Lisboa. Vejam-se algun
enplos ilustrativos: em uma casa da rua das Laranjeiras (atual rua Francisco Muniz Barreto). esquina com
rua Maciel le Cima (atual Joäo de Deus), foram encontradas pequenas faixas de exemplares de azulejos (dos
Iais antig qu se ronhecem na cidade, cujo padrão remonta à primeira metade do Século XVII) assentadas
Ias fachadas. No interior do mesmo imóvel encontrou-se o local onde estavam originalmente colocados.
evao a arganassa, para onde foram reconduzidos. Isto demonstra que os azulejos eram valorizados a
ponto de serem deslocados para enfeitar e enriquecer a parte frontal das residências.

Sem dúvida. em se tratando de azulejos, o grande destaque cabe à lgreja e Convento de São Francisco. tanto
pela quantidade (o segundo maior conjunto da azulejaria portuguesa sob o mesmo teto no mundo). mas
solretudo pela qualidade de forma geral e, mais especialmente, os da capela-mor, assinados por Bartolomeu
Antunes, Cabe ser ressaltada a perfeita concordäncia destes painéis com os vaos e cercaduras das portas.

Azulejos contendo marcas de propriedade da Santa Casa de Misericórdia e da Ordem. Terceira de São Franeiso
ainda podem ser vistos reaproveitados em fachadas de casas do Maciel e Pelourinho.
Na Igreja do Santíssimo Sacranento da rua do Passo encontraram-se azulejos em que. além da marca de

propriedade da irmandade, constavam números. São os únicos do tipo já encontrados na Bahia. e que mesmo
em Lisboa são raramente encontrados. Presume-se que à medida que a irmandade tinha necessidade de vender
unm imóvel, retirava os
azulejos os guardava para depois reutilizá-los remontados.

Nio se oderia tratar com maior profundidade de um tema tão vasto quanto o da azulejaria sacra em Salvador
m pequeno texto introdutório. Que fique não o depoimento de uma especialista nesta arte tão portuguesa. l
I da arquteta restauradora que tem convivido, se alegrado e lutado pela conservação do acervo que t a t
euriquere e coore (geralmente de azul) a velha cidade da Bahia. Que não pode deixar de afirnar. mais Com

cOração do que com a mente:_ O azulejo é uma das cores de Salvador.


Painel do cordor luterul du nare, de utorna
de Tomis edo Carmo, meados do see. \/N. gunlo
arieta llrs estes puineis forum upleados
m S.5.3 r renm de Listwur. (Carlos (t, por outro
do, os «atribui a outru data:/S,5,5 r (nutortu
de Tomus do Carmo na ofira de B. M.
e Olreinu Borys. (upud Jose eco).
Basilira do Senhor do Bontim

Nãojulgueis o serdes julgados


pO1s conforn, U z0 0 n que julgardes.
ilssim sereis julgatdo: e om a medicda con
que medirdes. assi sereis medidos.
Porque reparas no arguciro que esta no
olho do teu irmão, e não vës a trave que
csta no teu olho? Como ousas dizer ao teu
irmao: Deixa-ne tira o argueiro do teu olh0
endo tu uma trava no teu? lipócrita,
tira primeiro a trave do teu olho e então
veras para tirar o argueiro do olho
do teu irmão.

Palarrus de Jesus aos seus eliseipulos. M7 :1-5

Ni iginna seguinte: (Os eorrlvs lutenuis desta Buslica prossuem extenss pninis de azulejus omde fizun este ting listau:
dt nesna untoria do exremyor prvveente. "Mewmo o uistolo em silieio, em silin iu, deisu prasaunrm us sombus. peyuemas
formas do rento... "Cercilea Meinlles. (1001-104), Tneho do ponma Caminlho.
Basilica do Bom Jesus do Bonfim.

T30
P'ainel de uzuejos eortados edu naue lu ( aprla-mor elo ( nrento deo Desterru. hetruta rena du viula de S. Fruncisco
oserrur u belisst rrrrunduru, vu molelurn, roroi), Aalizndo ni parrodr esquernla em frrule ao pilpilo. c. 17b0.
Comvento de Suntn (Clara ddo Desterro.

Nos seus começos utilizando a aulejaria espunholu, ou holandesa, os porlugueses encontrarão logoo seu caminho,
com temas e lormas para sutixlazer a demanda de igrejas e conventos, palácios e solares, considerando frades e
senhores esta morlalicdande de arte o equivalente das pinturas uruis ou tapeçarias que adornavam tantas edificações
em outros países da Europa. E .ode alirmur-se que, tal como foi usada em Portugal e nas terras de além-mar, a
azulejaria representa sun verdadeira contribuição à arle universal.
Prdro Mouir Main

Na págiau Heguinte: lestibulo du Bilbliotera do Coligio de Jesus, tendo


an funedo painel de uzulejos erortados
atnhos dha prineiru netude do sévuto NI 1, cm alegorin simbolizamuto u (iru: uma figuru feminima othua atruris
le umu luneta. Ponle ser atribudo a lalentim Almriulu.
Catedral Burilien de Sao Salvador du Buhin.

:32
(O larabo do refeitório do conrenlo é um belo eremplo de integração bemn sucedida de
materais
dirersoserilheznn.
arenito e mármore de cores dislinlas. Os (1Zulejos empregados sio de inspiração mudejar, de origem Zuleyos
com motiros de laçariu branca,
conforme ressaltou Ldo Knof.
(c.1667-1655).
Convento de Santa Tferesa. atual Museu de Arte Sacra

136
gAV PiAT

O nicho. com imag _a da Conceição. ladeado por duas cartelas de azulejos recortados. sobre a rerga da porta.
entre signos marianos. apresenta as inscrições latinas ELECTA IT SOL e PlLCHR1 ITLUNA
-radinte como o sol e bela como a lua-. Formam um conjunto gracioso destinado a lourar a lirgem Maria.
Epoca joanina . segundo quartel do século NUII.
Convento de Santa Teresa.

Eu aí da boca do Altíssimo e como névoa cobri a terra... Eu sou a mãe do amor formoso..em mim (está)
toda a esperança de vida e de virtude.

Eclesástico 24.1-15

E toi visto um grande prodigio: uma mulher vestida de sol. e a lua sob seus pes. e. sobre sua cabeça. umna

coroa de doze estrelas.

ãodoão Apocalipse 12,1.2

Na página dupla seguinte: Fragmento do painel "Préstito ou Procissão das Endoenças". mais rulgarmente conhecida
como "dos Fogaréus. retrata a Misericóndia da Bahua particpando da procissão da quinta-feina santa.
Encomendado em 1.22 segue as especttcaçoes de data e estilo do painel seguinte.

137
(undando u puata prineipal adu lurrju lu Misern unlun
e'stes uleabunenus eilwn sus I T s , N nhaluirlus' m

l e l o s us nlr , eistiros eho Srrulo \II


rvevanle int N18 mlelurens estruturnlus r huns
firius elr prçus, (s uzuyus tl Jugurn uruliti, " mur
neT ( N nlir's tlr Jores, N Iumlu'1 nnliu os l
assearos, rolrnlos prte ufrrur lu urenle, mrrreem
leuçn. un l TAsluni, rnr unrnelanlns ntonn
Tbrru, c. l72922

DA
Sao famosas us procissöes relratadas nos azulejus du lgreju du N/iserirodiuu: u "alos Fogureus (ou das Lndnç1s)
esobretudo u "dos (Ossos. Tste painrl, no rstilo de Valentim Alneiula
segunulo José Mleco, tem como tem cortejo o

fúnebre de um irmio da Misericórdu. "lestemuntho iconogrúfico du riulu piblicae religiosu baianu do seeulo \ I
no dizer de Santos Simors. aloriza ainda o conjunto, o sillhur de azulejos de figuru arulsa que lhe serre de buse.
Painel encomendalo em 1722, no estilo de Valentim Alneida, ainda de acordo com Jose eo.
Igreja da Sunta Casa da Minericórdin.

140
A

Na páginu seguinte. acima: Painel atribuilo a ofcna de artolomeu ntunes, conosiçuo caructeristica de medos
do século NTII. A legenda diz: "M. (miluge) q fes N. Sru dabwa/ riagem u ntonio a s rindo do Marunhio
lapou conm duus taus ele mouros co! qurm j / etejou horas efpor ntercessio da S. nio peri/

gu ningum, no anno de 1.20. Nas


(errnurUs
(destacumt -se os pilurs c o n carutid's.
Igreja du Bou Viuge.

141
Interessante formato de pequeno rerestimento azulejar da parede no meio da»
reja. lgreja da ^a-Viagem.
Sede de una das tradições mais dirulgadas da Bahia,
a procissão mar'im dos Naregantes, a lgreja de Nossa
Senhora da Boa liagem, antigo hospicio dos franciscanos.
possui um dos mais raros acervos de azulejos de Salrador. >u
capela-mor ostenta quatro paineis chamados de er-rotos, marcos excepcionuis na arte do azulejo. (s aconlecmento
maritimos pintados são acompanhados de palarras que descrerem os
prodigios. Igreja da Boa Viugem.
a pagina seguinte ao lado: M (milagre) q fes N. Sra da Boa 1i/ age a Bernardo da Costa rindo das ilhas pa Lir a
Lisboa) / lhe sahirão quatro .Naos de louros e pegan / dose ( apegando-se) com mta (muita) fé com a dita Stru socedeu
leran I tarse hum grande tem poral g logo deza parecerao (sucedeu lerantar-se um grande temporal que logo
desapareceram No anno de 120. 1greja da Boa Viagem.

142
No corredor lateral, lado da
ao
capela-nmor da lgreja do Pilar, um
alongado painel mostra uma
procissão com
pålio e figuras ajoelhudas.
Trata-se de uma saida do liático, a conmunhão ministruda aos loentes
imposibilitados de sair de casa. Estilo rococó. (c. 1770)
greja do Pilar.

A Ultima Ceia, na
capela-mor da lgreja do Pilar, apresenta figuras
Curiosas, como unm criado a servir os conviwas e um cachorro a
restos do esperar os
repasto santo
(personagens usuais
pinturas renascentistas).
em 0
conjunto azulejar do Pilar é considerado por alguns especialistas como o
mais interessante, dentro do estilo rococó, de
Salrador.
Igreja do Pilar.
Acima: "l. útil a virtule fiugir thos vicios r u o painel fotogruafado. Segundo o rspreialista Pedro Moacir Maia:
"A gramle énfase teilica rsla
paroede, paralrla
u
greja, e u referao relutira us
coneliçes nrressurias para.
l u , 1nnler umi condulu vilrosa.

Pagina srguinte e ucim: lgrrja e Conrento de Sao FrunCisco, Lsle conjunto é certamente o climar da arte barroca
brasileiru. Nüv aprnas pela erulwraneiu rprrfeiço do douramento on prha maestriu e profusio da talha. uspectos mais
dirulgulos, romo ambém prlu signifieuçun do urrrro uzulejar que ubrigu, lanlo em termos de quantidade -Santos
Sinies culrulou eristirrmm reru e 5.5. (000 prças (issenladus- como solbrrludo prla qualidade e unidade artisticu. A
origrm des elesenhos dlus poninéis edo chauslro foi inenlificana por Frei lPrdro Sinzig. OFM, como graruras de Otto Van
lren. pintor fhunrngo, mestr de ubrns. lhuntvum uma obra moral do poeta latino oricio, da qual a bibliuteca do
oento nani uu exenpler em ediçiu vspnhola. Truta-se do Theatro Moral de la Vida tlumana I toda lu Philosofia
he los Anligos Moderuos. No P'uinet ign! sgunle (r'tma pode-se ler ( unctos / nors una / manet -a morte iguala
ntlos um r'wequrlrlo, uegoru elu Nlorte, Jorgu u porla de umea lorre, enquunto a esquerda um rei agoiza ao mesmo
rmo qur o suyalriro a direila.

Pigina rguinte, uluisox: Puiel en u inseriçäo: Varum / pecuniue do / miniunm - 0 dominio do dinheiro é ncerto.
Clautro do Convento de S. Franeisro.

Apreer ", ias horus cerlus, repetir o que loi aprendio, inau é isto um jprazer? Coufúcio 551 a

Piginn dupla eguintr: e touhos ux Uzuhejos dho lonrento, os nmais importantes sio os da Cupelu-mo, com cemas da rida
odu rúfirn frue Suo bruneisto ule Axais. Plunrjaudus e vavrututos paru aguele local, os paineis justam-se às cercadurus
he canturiu thun purtus luleruis eun1 prnfenuo, pronluzinlo um efeito de grunde suntuosidade, em parte decorrente do
moldururutu euprirhununenlr lenao, I m dos u n i s truz u assinatura: Bmeu (Bartolomeu) ntunes/ ufes nas
luruus trm lru (lislon) no ode 1737.
greja do (Convento de S. Fraucinco.

(Qundo S, Fruneiso io Mole Alverie, em una gruça ate entao iauudita recebeu as chagas do Cristo
Seráfiro. (...) A Natureza toa parte u glorilicnçüo do Saito Serálico. trausformado em un novo Cristo.

Fi Prdro Sinzig. OFM.

'igia 150: (rnas dla rulu tde >. Fruneiseo em que ee remunciuu os bensputernos,
derolveno mesmo ux roupas yur restiu, t, 737, Capelu-mor da lgreja do Convento de S. Franeiseu

146
w

Página seguinte, acima: lgreja de Nossa Senhora du Suide e Glória. Datados da transiçào do século NIIl para o N/\. de
autoria de Francisco de Paula Olrera, 0s panes possuemn
legendase emoldurumento do
Na capela-mor os paines saO complenentados nu parte inferior por azulejos narmoreudostipoem arquitetonico.
roo e rerde.
Destaca-se o identificado comm a legenda lesitan-se /S. Izabel.
Página seguinte, no centro: 1greja de NVossu Senloru da Sauide e Cloria. Em um dos mais belos painéis desta igrja pode-
se ler a inerição:
"Adoraçao /dos rreisA mestria da execuçio valoriza estes painéis.
Página seguinte, abaixo: Painel da nave da greja de Nossa Senhora du Saude e Gloria. Pode-se ler a seguinte nserIÇO:
Menino en / tre os dorto I res ( Menino entre os
doutores).
150
Basilica da Conceição da Praia. Na ante-sacristia da Basilica encontram-se assentados azulejos do tipo grinalda, com os
elementos caractersticos deste estilo (sanefas, laços e ramagens) ntegrando-se a cartelas oitaradas onde estao
cenas biblicas e alegóricas. As pinturas Internas das cartelas são
pntadas
executadas com a fluidez semelhante à da
tradicional sobre seda, o queJez com que estucliosos rissem nestes azulejos inflauencias orientais classificadaspintura
como
chinoiseries. Silhar no estilo neo-classico datado do Jinal do seculo \Illl. Prorarelmente da Fabrica do Rato.

Página seguinte, acima: A lgreja de Nossa Senhora do Rosúrio dos lomens Pretos às Portas do Carmo. implantada em
meio ao declire queéo largo do Pelourinho, com sua fachada azul-anil, integra uma das mais conhecidas imagens da
elha cidade da Bahia. Foi construida quando a escrarudio trazia honens, mullheres e eranças da frica. paru serem
ezploradosComo força de trabalho. Nas horas
posstueis construiram esta igreja de grande significaçào etnologica.
Dentre
os conjuntos de aztulejos destaca-se o panel de Nossa Senlhora entrergundo o Rosúrio a Sao Domingos de Gusmio, o
grande santo espanhol, Jundador da Drdem dos Pregadores. Estilo de Franeisco de Paula Oliveiru,
e c.
190
Página srguinte, abaixo: lgreju do iosaro dos Pretos. Painel neo-clássico, "Adoruçio dos Magos", atribuudo a
Francisco de Paula e Olreiru, localizado no sub da
coro
igreja.

152
figura do Cordeiro Mistico, simbolo de Jesus Cristo.
gurando Deus Paie logo abaixo, no segundo estágio, a

ler, Sentada em trono de


rocalha dourada. encimad
do
de Sant Ana, ensinando a menina
Maria a por me hao
8. Nicho com imagem
em que a Pomba do Espírito Santo irradia luz sobre 4 querubins.

ao altar. Ja os do frontal sâo d


amarelos brancos) que recobrem as paredes são contemporaneos 1738 eto
9, 0 s azulejos (azuis, e
em terras
brasileiras,
sido primeiro afresco realizado
que deve ter o
encontrou-se o
esta capela Dea nnagem de NOSsa Senhora
convento, os seminaristas chAnavam as Mereesde
dlas :

Durante o funcionamento do seminário neste obter a nota sete e m


silas provas.

NOssa Denhora do Sete, e neste altar vinham fazer suas preces para

do convento e sao alual objelo (de devoçao das Ireiras nesta


T0. As procedencias diversas de antigos altares
imagens tem nicho esqquerco, a bela imagem de sauts i
talha dos nichos. Destacamos, no
lelena.
CHUsura, nao mantendo relações de proporçãocoma
que pode ser vista no capítulo lmanginária.

11. Trad. losé Américo Motta Pessanha. Pg+1 Difel 198:5

recobertas de talha são: do Convento de Sao Francisco de Salyadar


AS unicas igrejas do mundo português com três naves
a
a
.
Francisco do Porto e São Bento do Rio.
15. Alem deste arranque, dois outros chaam a atenção por sua beleza: O do Convento do Desterro, e o do Convento de Sao Franciseo

1t. Dignas de nota são a imponência monumental e a grande harmonia atingidas pelo cojunto de talhas do altar-nor. De acordo rron
Marieta Alves foi entalhado por João Moreira do Espírito Santo e Domingos Luis Soares o pintou.

bouquets de flores, tambem sobre fundo negro.


T. No mesmo seminário encontra-se o raro e belo teto de caixotes pintados com

16. (Pg 52.). Tradução Sabira Cristina e Lourdes Cordeiro, SP, Triom, 1999.

concebido como um trono: uma sucessa0 de degraus em que a imagem repousa sobre
altar-mor luso-brasileiro é freqüentemente
T.0
o mais alto, ao fundo de um arco triunfal (símbolo da vitória da lgreja Católica).

encarnadas por Antönio de Souza Paranhos e Querino da Silva.


18. As imagens, que saiam na Procissão das Cinzas, foram reparadas e

19. Possível autoria de Mestre Antônio Vieira. Painel oval: Adoração dos Reis Magos.

AZULEJARIA SACRA

1. pg53. Revista Oceanos, Azulejos Portugal-Brasil. 36-37)


Revista
Azulejaria lconografia na lgreja e no Convento da Ordem Terceira de S. Francisco (...). pg89.
2. Uma visão panorâmica da
e

Oceanos, 36-37
de
terminaçao de ferro pontiagudo, cruzado por outro em forma de meia-lua. à semelhança
3. Alabardas: Armas formadas por
uma

um machado.

0s
no Dia de Todos os Santos, a irmandade se congregava para uma procissão
solene ao local patibulo. do irna
4. Uma vez
recolhiam os por ano,
ossos de todos os enforcados do ano anterior e os levavam à Misericórdia e ao clero local. No século AV IIL. o pato

padre do cabido da catedral acompambasse o pruCs


a
da cidade. Era costume
Paróquia de S. Pedro, além dos muros
um
ficava na que
da paróquia de S. Pedro, além dos muros da cidade, que acompanhava procissão
a ate palu
até os muros. Ali a esperava o vigário
este serviço, mas toi a intervenção deles numa cerimônia particular da Misericora
Ambos os padres recebiam pagamento por
levou o corpo de guardiaes a protestar contra esta pratica. A "procissão dos ossos" estáfigurada em azulejos na igreja da Mser
sao to
mostrando os irmãos que transportam as tres caixas atras da bandeira da irmandade. A última vez que se realizou esta proeiss

em 1825." A.J.R.Russell-Wood.1968

a
ostentando um cocar de penas característico dos índios brasileiros. Estes eram
chamados epa
5. Note-se a figura do rei negro un rel
africano.
"negros da terra",
o
que se supoe deva
ter lavorecido a apropriação de um elemento cultural indigena para caracterizar

MOBILIÁRIO SACRO BAIANO


a
mobiliadas.

1. Aponta a estudiosa Ana Amélia Nascimento, que embora as residêucias de Salvador fossem então esparsanente r a dr ai c rsamente

freiras do Convento do Desterro eram habituadas a viver cercadas de mobiliário. Das arcas e caixas. "contor "chinoiere
transportadas ao convento com os enxovas das religiosas", este exemplar chama a atenção polieroma ee m
por sua policromia
e g a o por sua

senao origem, oriental.


fazendo estilo,
supor

240

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