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AZULEJOS DO

PELOURINHO
do
A presente publicação, realizada pela Fundação
A tradição azulejar portuguesa acolhida pela arquitetura Cultural da Bahia, reproduz 14 exem-
notadamente nos séculos XVIl e Patrimônio Artístico e
dos solares e paços da Bahia, ornamentaram tachadas e inte-
decoram tachadas plares de azulejos que outrora
revela painéis de azulejos que muitos dos
XIX, se riores de amplos solares da área do Pelourinho,
nos
interiores de conventos, paços e igrejas de
de moradias e entidades privadas,
quais já restaurados pela Fundação por
ou
Salvador. renascimento de um notável conjunto colo-
tesiemunhando o
O professor João Miguel dos Santos Simões,
na sua
do Pelouri-
Brasil apresentada ao Colóquio nial, dentro das linhas do Plano de Recuperação
comunicação Azulejaria no
nho programado pelo Governo do Estado da Bahia.
em Salvador, em 1959,
de Estudos Luso-Brasileiros realizado Os azulejos aqui reproduzidos pertencem
à coleção
diz:
valor his- do ceramista Udo Knott, que generosamente permitiu a sua
".. Mas, quanto a mim, e independente do
forneceu os elementos historiográ-
dito "colonial utilização, como também
tórico ou artistico que a azulejaria no período que se encontram no
verso das estam-
século XIX o que mais ficos e críticos das
notas
é tenômeno "brasileiro do
possa ter, o

merece ser estudado deste


lado do Atlântico, já que ele re- pas.
da grandetradição azule-
presentaa continuação, no tempo,
novos aspectos adaptados
ao dos Laranjeiras n.' 2.
com Do ano 1670 deve-se daTar este azulejo da
rua
jar portuguesa, agora passados anos, Oamarelo é reavivado, isto é, repintado, segunda custosa queima, técnica usoda,
em e

novo pais e que, por sua vez, vai influenciar, proceder assim com as enco
àquelo época, na Cidade do Porto, onde se costumava tem 13,5 centimetros de laodoe
a propria azulejaria de Portugual. a pessoas de recursos. O azulejo
mendas destinadas sua origem. A França
à excepcional 1,5 centimetro de espessura. Sua dimensão indica algodesobre
Alude ainda o renomado especialista por exemplo, adotou o tamanho de 11 11, Espanho, x10 10 20 20 e Portugal,
a x e x

na Bahia,
importancia do acervo de azulejos portugueses de 12,5 até 14 cenfimetros.

O mais vasto
sobretudo odo Convento de São Francisco,. N a rua da Poeiran." 55, no Jôgo do Lourenço n. 48,
e na rua Direita da
Certo é que,
existentes sob um mesmo Saúde, entre outros locois, encontramos esse azulejo, de idade imprecisa. é mais
repositório de azulejos portugueses em 1858, esse desenho ainda
foi adquirido aos fabricantes em Lisboa. Já eco
Vicente-de-fora, em Lisboa". nómico em tudo, tamanho e espessura. Descobriram, enfim, que
em vez de uma pedra

teto, depois do de São se constituía com a espessura de dois centimetros,


se poderia fazer duas pedras com o mesmo eteito

A utilização do azulejo àquela época A linha roxa é obtida por óxido de manganês
e finas e di-
em pincelodas
ortodoxo vigente. Sua aplicação luidas conseguiram tons de rosa-violeta.
numa demonstração do gosto
ocorre pela primeira vez, no variedade de cores combinaçöes, em
como revestimento de fachadas,
e
Azuleio que existe numa grande
de se restringia aos in- tom e contra-tom, do amorelo ao verde e ao roxo.
Brasil. Em Portugal, a sua tradição uso
tanto na Holanda (11 x 11) como em Portugal (13,5 x 13,5) e
exteriores, de acordo Ero fabricado n. 19 na rua do Paço n. 17.Deve
teriores, vergas de portas e janelas
e
em Salvodor, pode ser visto na rua do Boqueirõo encontramos, em Salvador, tachadas
Nao r o r a s vezes
ter estado na moda em 860. generalizar-se
ainda com Santos Simões. revestidas de azulejos. Somente em 1850 é que começou a
inteiras
segundametade do século XVIl intensifica- Uso de azulejos para esse fim.
Durante a

-se na Bahia a construção


de templos, de sobrados, de enge- e No Ladeira do Boqueirão
existe uma fachada inteira
deste desenho, do
é uma festo de cor. Emigrou em
Mas é o período de transição foto não dá toda a beleza do seu conjunto, que
nhos e de solares apalaçados. qual a
não é uma raridade pois, ainda assim, já
está desaporecendo, vihima
dos demo-

XVll XVIll o que mais e melhor atesta o pres- 1850,


entre os séculos e
notáveis liçoes sucessivas
Como todos, é de argilo.
O borro é tirado do filão amassado
formado e

como provam os exemplares depois è cortodo em fathics e


figio do azulejo no Brasil, Convento do São Francisco e os que, em um bloco retangular, jó no tamanho do futuro azulejo;
depois de seco, numa temperatura
proximo de
eextremamente raros do levado poro secar e gueimadode biscoito são cobertas de esmalte
vitrificável bronco
anos passados, adornavam as paredes do Paço 1000 centigrados. As placas
novamente queimados a 900 C.
até poucos e logo decorados e

do Saldanha.
por volta de 1620. E surpreendente
como
Os primeiros azulejos na Bahia chegaram
até os nossos dias, levando em conside-
alguns exemplares daquela época se c o n s e r v a r a m

ocorridas em 1624 (Van Doort) e em


l638 (Nassau) nas casas da então
ração as destruições
pequena (6 mil habitantes) Salvador.
mais antigo é de 1658 e pode ser visto, até
Nos arredores do Pelourinho, o azulejo
de um silhar de nove azulejos de altura. A ilustração
hoje, na Casa das Sete Mortes, na torma
mostra a cercadura ao redor do silhar.
Azuleio do fim do século XVIl. No temos no Brasil azulejos do século XVI aplicodos
em paredes. Dizem que Garcia D Avila recebeu de Portugal uma remessa de azulejos em
1570, para sua Cosa de Tatuapara - conhecida como a Casa ou o Castelo da Torre. Faltam,
entretanto, provas materiais do fato.
A
ilustração mostra friso falso. O estreitamento foi obtido pela pintura, que faz o
um
azulejo parecer estreito,apesarde seu tamanho normal de 14,3 x 14,3. O azulé de óxido de
cobalto, sendo luz e sombra obtidos por técnica especial de pintura como assinala este azulejo
de um antigo casarão na rua dos Marchantes.
Azulejos portugueses seiscentistas geralmente têm 14 centimetros de lado e uma es-
pessura dee quase 2 centimefros.
Não raras vezes tortos e
são de angulações desiguais. A terminologia sobre azulejos
é vasta. O azulejo na clichê é de 1670 e foi todo pintado à mão. Há duas pedras na escadaria
do sobrado àrua Inácio Aciolin.° 12, que serviam como espelhos de degraus. O termo pró-
prio é cercadura. Quando um acabamento tem dois azulejos é chamado de barra. Tendo
meio ou três-quartos do tamanho de um azulejo normal chama-se friso.
Azuleio português de 1720, aproximodamente. Haviaum grupo pequeno desses na
rua do Bispo. A casa em que se encontravam, entretanto, é de data mais recente e certamente
os azulejos foram ali colocados por alguém que os achou bonitos. Um número enorme do
mesmo padrão existia no Paço do Saldanha, na rua Guedes de Brito. A esse tipo de desenho
se dá o nome de elemento e quatro deles formam um padrão. Vários padrões unidos são ta-
petes os quais, por sua vez, têm acobamentos chamados de cercadura, friso ou barra.
Motivo grato e em voga durante quase duzentos anos. Pintado em variações das
mais diversas, todo à mão, sobre a camada de esmalte branco ainda não queimado, dando
um belissimo efeito do azul confundindo-se com o fundo branco.
Pode ser encontrado na técnica "sobre o esmalte queimado" - que resulta em linhas
duras e pouco agradóveis - na rua do Carmo n° 9, na Três de Maio, n° 7 e na Guedes de
Brito n. 23. Chegaram os primeiros, de Portugal, em 1710 e, após a Abertura dos Portos,
vieram às toneladas da Holanda.
O desenho deste azulejo foi usado por muitos paises que fabricam e decoram azu-
lejos. Originàriamente português, apesar de mencionado num livreto de desenhos duma ma-
nufatura holandesa, onde se vê que esta versão, já era conhecida em 1680.
Na área do Pelourinho nós o encontramos como revestimento da Cru| de Pascoal, um
oratório públicoque Pascoal Marques de Almeida mandou construir por ocosião dos seus 50
anos, em 1743. Ele dedicou o monumento à Nossa Senhora do Pilar - cuja imagem está num
oratório de 4 faces em cima da coluna oitavada revestida com este azulejo. A Cruz do Pascoal
está situada no cruzamento da rua Direita do Santo Antonio, com as ruas do Carmo e dos
Marchantes.
3
Na Ladeira do Boqueirão n. 4 e na rua das Laranjeiras encontra-se este azulejo que
data de 1799.
Naquele ano Salvador contava com 41 mil habitantes conforme Vilhena e com

sete mil casas.


O desenho, como muitos outros, foi "empréstimo" dum bordado. Inúmeros motivos
foram colhidos de tapetes e panos de altares, sendo o bordado muito mais antigo do que a
azulejaria. No Brasi, a primeira fábrica de azulejos foi instalada em Niteroi, oproximada-
mente em 1880, não tendo entretanto, èxito. Somente décadas depois é que se iniciou a pro-
dução sistemática de azulejos.
Na Ladeira do Carmo e outras ruas da área do Pelourinho se
encontra este desenho.
Variando em tamanho e tonalidade é ele
Um molde de cobre, de latão ou
integralmente mecanizado na sua teitura.
pergaminho, é colocado sôbre oazulejo que o
em
esmalte colorido é passado com uma esponja. De 1860 em diante este desenho
revestir fachadas inteiras. De fácil colocação, servindo como começou a
para os degraus.
barra, cercadura,
ou espelho
Tem 13 centímetros de lado e grande parte dos existentes entre nós veio da Holanda.
(
Azulejo holandês do fim do século XVIll, mede 13,2 centimetros de lado, sendo muito
fino, não chegando a 7 milimetros de espessura. Objetos cerâmicos de manta fina
só eram
obtidos com primorosos artesãos.
Azulejo de bom som, todo pintado à mão, dum "azul de firmamento antigo", as linhas
que formam o oitavado variam: numa casa vêm-se três linhas e em outra cinco, como na
gravura.
Na figura do canto, o motivo é o coração, muito usado na época de 1770 1823.
A Abertura dos Portos, em 1808, não resultou, de imediato, na importação de azu-
lejos da Holanda.
FALILRLBIIElaRU
Encontra-se este azulejo na rua Direita do Boqueiro n.° 38, na fachada inteira do
prédio.
Encontrado também em igrejas, corredores de hospitais e em banheiros. Esse tipo
de decoração marca o começo do tim da concepção de "azulejo colonial".
Bonito o desenho, à primeira vista, mas longe do saboroso artesanato de
conhecida anteriormente.
decoração
Impresso e produzido em grande quantidade, a preço baixo, este azulejo usava
duas técnicas de impressão: a direta e a indireta, esta última de
aplicação idêntica à decalco-
mania.
Esta espécie testemunha o início de uma era caracterizada pelo gosto decorativo
duvidoso.

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