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PROJETO

PARCERIA

JOSEFA
DE ÓBIDOS
E A INVENÇÃO
DO BARROCO
PORTUGUÊS
Inauguração: 15 de maio
Abertura ao público: 16 de maio
Museu Nacional de Arte Antiga
Galeria de Exposições Temporárias

EXPOSIÇÃO TEMPORÁRIA

JOSEFA DE ÓBIDOS
E A INVENÇÃO DO BARROCO PORTUGUÊS
COMISSÁRIOS Ao longo de quase quatro décadas, Josefa de Óbidos
Joaquim Oliveira Caetano
criou algumas das imagens mais reconhecíveis da
José Alberto Seabra Carvalho
Anísio Franco( História da Arte portuguesa. Fascinante pela sua
condição de género mas também pela individualidade
do seu percurso artístico, Josefa é o alicerce desta grande
exposição que nos desvenda, em oito núcleos, o Barroco
português nos anos que se seguiram à Restauração da
Independência.

Mais de 130 obras (pintura, escultura e artes decorativas)


vindas de várias instituições nacionais e internacionais,
como os museus do Prado e de Bellas Artes de Sevilha,
o Mosteiro do Escorial e de inúmeras coleções privadas,
portuguesas e estrangeiras, compõem uma mostra
inovadora, que o Museu Nacional de Arte Antiga, em
parceria com a Ritmos, preparou para o verão de 2015.

(capa)
JOSEFA DE AYALA Josefa de Ayala, ou Josefa de Óbidos, nasce em Sevilha, em 1630. Fi-
(Sevilha, 1630–Óbidos, 1684)
Menino Jesus Salvador do Mundo (pormenor)
lha do pintor português Baltazar Gomes Figueira e afilhada do pintor
Assinado e datado Josepha em Obidos 1680 Francisco Herrera, Josefa vem para Portugal em 1634, quando o pai re-
Óleo sobre tela
110 × 73 cm gressa a Óbidos com a família. Após alguns anos em Coimbra, durante
Coimbra, Venerável Ordem Terceira
da Penitência de São Francisco
a adolescência, vive para sempre na pequena vila a norte de Lisboa.

JOSEFA DE AYALA
Revisitar a sua obra tem várias justificações. Mostrar a um novo pú-
(Sevilha, 1630–Óbidos, 1684) blico as suas pinturas, muitas em coleções privadas, e voltar a interro-
São João Baptista
c. 1670-1675 gar essas obras à luz dos contributos críticos entretanto colhidos, em
Óleo sobre tela
109 × 88 cm
exposições nacionais e internacionais onde a presença da pintora foi
Coleção Particular particularmente forte, são apenas algumas. Afastar de Josefa o mito da
artista provinciana, beata e pren-
dada, e apresentá-la como uma
mulher emancipada e culta, cuja NÚCLEOS DA EXPOSIÇÃO
fé reflete a espiritualidade do sé-
culo XVII, e como o mais eficaz
e reputado expoente do Barroco
português no ciclo que se seguiu
à Restauração, é outro objetivo da I. JOSEFA IV. EM ESPANHA: mados, para quem trabalhou várias
exposição. EM ÓBIDOS. O BODEGÓN NO TEMPO vezes. À influência de Santa Teresa
A maior parte das obras expostas
DE JOSEFA DE AYALA. de Ávila devem-se, provavelmen-
De facto, num período duro da
neste núcleo revelam uma pintora O núcleo de pintura espanho- te, as representações da Sagrada
nossa História e num tempo que
de rara precocidade, atenta a um la desta exposição permite notar Família no interior organizado da
pertencia aos homens, Josefa lo-
tenebrismo de origem mais nór- como os exemplos mais antigos do Casa de Nazaré.
gra afirmar-se como pintora: a
dica do que italiana e rendida, nas bodegón marcaram profundamen-
única pintora profissional da sua
época, com uma oficina própria
últimas décadas, a uma luminosi- te a pintura de Baltazar Gomes Fi- VII. IMAGENS DE
dade aberta e a um colorido franco gueira. Regressado a Portugal em INTIMIDADE
e encomendas relevantes. Con-
influenciados pela obra de Francis- 1634, o pintor, e depois Josefa, E DEVOÇÃO.
finada ao espaço periférico de
co de Zurbarán. continuaram presos aos modelos
Óbidos, consegue, caso raro em Os Meninos Jesus ou os Agnus Dei,
iniciais, enquanto este género, em
Portugal, alcançar uma aura que retirados dos modelos de Zurbarán,
lhe sobrevive, permitindo que um II. A NATUREZA Espanha, evoluía para uma grande
são também elementos de grande
E A PAISAGEM. variedade de propostas.
conjunto de obras vasto, e bem culto nas literaturas portuguesa e
preservado, tenha chegado aos Baltazar Gomes Figueira iniciou espanhola do século XVII. O Meni-
dias de hoje. Mais do que as na- em Portugal a prática da natureza-
V. EM ÓBIDOS: no, como Divino Esposo ou como
turezas-mortas, que em geral se morta como género autónomo, na
MODELOS DO BODEGÓN Peregrino, aparece, por exemplo,
associam à pintora, distingue-a a tradição do bodegón espanhol que
PORTUGUÊS. nos textos de Santa Teresa de Ávi-
criação de imagens piedosas, com assimilou durante a sua estadia A pintura de Baltazar e de Josefa la; as flores, dispostas em festivas
as quais soube responder às aspi- em Sevilha. O artista, que também funcionava não a partir da repre- grinaldas e associadas à figura cen-
rações de um Barroco que Portu- cultivou a pintura de paisagem, sentação do «natural» mas do re- tral, eram outro tópico da literatura
gal modelou de forma própria. partilhou com a filha alguns dos curso a um conjunto de imagens mística da época, que Josefa leu
modelos que utilizava e que ela pintadas em pequenos painéis que fervorosamente nos últimos anos
Entrecruzando o trabalho de Jo- continuou a seguir depois da mor- recombinavam em maiores com- de vida.
sefa com a obra dos barristas de te do pai. posições. As distintas formas de
Alcobaça e com as esculturas de
Frei Cipriano da Cruz, é possí-
pintar, evidentes nos painéis apre- VIII. «O CÉU ABERTO
vel, nesta exposição, descobrir
III. SENTIDO E FORMAS sentados neste núcleo, revelam a NA TERRA»: O ESPAÇO
DO BARROCO colaboração de outros artistas na ONÍRICO DO BARROCO
este Barroco português: um es- oficina de Óbidos, pois à volta de
PORTUGUÊS. PORTUGUÊS.
paço festivo, de igrejas douradas Baltazar, além de Josefa, estavam
e de imagens com vestes colori- O Barroco português, de que Jose- pintores do seu círculo familiar. «O Céu Aberto na Terra», título ado-
das e olhos perdidos no céu; um fa foi uma das mais eficazes intér- tado por Frei Francisco de Santa
universo místico e cândido, que pretes, projetou-se num quadro Maria na sua crónica dos Loios, em
afasta a arte portuguesa dos ca- sensorial íntimo. Na arquitetura,
VI. TEMPO DE 1697, ilustra em pleno o sentido da
EMANCIPAÇÃO:
minhos do realismo humanizado este estilo foi marcado pela procu- obra de Josefa de Óbidos. Neste fi-
COMPOSIÇÕES
espanhol ou italiano. ra dos valores dramáticos da luz e nal de século, o Barroco português
pelas experiências inovadoras da
RELIGIOSAS. encerra o seu processo de afirma-
planta centralizada; na escultura Josefa foi, na sua fase madura e au- ção. As manifestações e práticas
e nos retábulos, foi moldado por tónoma, uma prolífica pintora de do culto tornam-se num meio ade-
uma produção anónima, dourada retábulos, com encomendas em quado de expressão emotiva e, a
JOSEFA DE AYALA e estofada, de que sobressai a obra toda a Estremadura. Estas pinturas, igreja, no espaço da sua projeção.
(Sevilha, 1630–Óbidos, 1684) dos «barristas de Alcobaça». Por de um misticismo profundo e cul- Este ambiente sensorial e plástico
Santa Teresa Esposa Mística (pormenor)
Assinado e datado Josepha em Obidos 1672 fim, nas artes aplicadas, o Barroco to, evocam as suas ligações espiri- alcança com a escultura de Frei Ci-
Óleo sobre tela nacional deixa-se contaminar por tuais aos cistercienses bem como, priano da Cruz a dimensão teatral
158,5 × 113 cm
Paróquia de Cascais elementos orientais. e sobretudo, aos carmelitas refor- que lhe era própria.
BIOGRAFIA
Josefa de Ayala 1630-1684
Josefa de Ayala y Cabrera nasceu Em 1634, depois de alguns processos também naturezas-mortas e pinturas HORÁRIO
em Sevilha. O seu pai era o pintor judiciais que não indiciavam uma devocionais muito características,
terça-feira a domingo:
português Baltazar Gomes Figueira boa situação financeira, Baltazar que lhe deram uma grande fama
10h00 – 18h00
(1604-1674), oriundo de uma voltou a Óbidos com a família, e alguma fortuna.
família de comerciantes, religiosos iniciando uma carreira de pintor Emancipada por volta dos 30
e militares de Óbidos, que em que lhe valeu alguma fama local. anos, o que lhe permitiu uma vida
1625 se integrou num contingente Entre os seus méritos artísticos está, autónoma, Josefa vivia solteira, COMO CHEGAR
militar português que combateu na certamente, o de ter introduzido acompanhada por criados e as suas Rua das Janelas Verdes
Guerra Anglo-Espanhola (1625-30), entre nós a pintura de naturezas- duas sobrinhas, entre as casas
Autocarros: 713, 714, 727
defendendo a Baía de Cádis. A mãe, -mortas, à maneira do bodegón de Óbidos e a Quinta da Capeleira,
de ascendência nobre, D. Catarina de sevilhano, género que a sua filha nos arredores da vila, em desafogo Av. 24 de Julho
Ayala, era filha de um militar amante também veio a cultivar. financeiro, pintando e gerindo Autocarros: 728, 732, 760
de pintura e o batismo de Josefa, Josefa iniciou-se na pintura e na alguns negócios. Os seus mais Elétricos: 15E, 18E
a 20 de fevereiro de 1630, na Igreja gravura precocemente, realizando antigos biógrafos reconhecem-lhe Largo de Santos
de São Vicente, foi apadrinhado por obras, em contínuo, desde os algum pendor para a espiritualidade
Elétrico: 25E
Francisco de Herrera, o Velho, um dos 16 anos. Começou pelos pequenos e muitas das suas obras acusam
mais importante pintores sevilhanos, formatos, sobre cobre, mas chegou uma influência dos escritos GPS
talvez mestre de Baltazar, que só a pintar retábulos, por toda de Santa Teresa de Ávila. 38.70451, -9.162278
nessa cidade, e já tardiamente, a Estremadura. Celebrizou-se Morreu a 22 de julho de 1684.
se iniciou na pintura.
BILHETES
www.bilheteiraonline.pt,
bilheteira do MNAA
e locais habituais (CTT, FNAC,
WORTEN, El Corte Inglês)

MAIS INFORMAÇÕES
www.exposicaojosefadeobidos.com

JOSEFA DE AYALA
(Sevilha, 1630–Óbidos, 1684)
Natureza-morta com melancia e peras
(pormenor)
c. 1670
Óleo sobre tela
63,5 × 103,5 cm
Lisboa, Museu Nacional de Arte Antiga,
inv. 636 Pint
Museu Nacional de Arte Antiga
Criado em 1884, o MNAA-Museu Nacional de Arte Antiga alberga a mais
relevante coleção pública do País. Pintura, escultura, artes decorativas –
portuguesas, europeias e da Expansão –, desde a Idade Média até ao século XIX,
incluindo o maior número de obras classificadas como «tesouros nacionais».
No acervo do MNAA, destacam-se os Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves,
Rua das Janelas Verdes obra-prima da pintura europeia do século XV, a Custódia de Belém, de Gil Vicente,
1249-017 Lisboa mandada lavrar por D. Manuel I e datada de 1506, os Biombos Namban, final do
Tel: +351 21 391 28 15 século XVI, registando a presença dos portugueses no Japão, Tentações de Santo
paulabrito@mnaa.dgpc.pt Antão, de Bosch, exemplo máximo da pintura flamenga do início do século XVI,
www.museudearteantiga.pt São Jerónimo, de Dürer, inovadora representação do santo, e importantes obras
www.facebook.com/mnaa.lisboa de Memling, Rafael, Cranach ou Piero della Francesca.

Ritmos
A Ritmos é hoje uma das principais e mais prestigiadas produtoras nacionais
de eventos. A experiência resultante da produção do Festival Paredes de Coura
aportou-lhe um conhecimento aprofundado de todo o processo: contratação
de artistas nacionais e internacionais, gestão de grandes equipas de trabalho
e implementação de eventos no terreno.
Para além do Festival Paredes de Coura, por onde, ao longo dos 20 anos de
Rua de Ceuta, 118 - 3º S-20 história, já passaram inúmeros artistas, a Ritmos tem protagonizado, desde 2003,
4050-190 Porto vários eventos de relevo, alguns deles também de periodicidade anual, de onde
Tel: +351 22 208 26 24 se destacam o Festival Para Gente Sentada, o Cerveira ao Piano e a produção do
andreia.criner@livecom.pt Serralves em Festa.
www.ritmos.biz Em 2011, João Carvalho, José Barreiro e Filipe Lopes da Ritmos, juntaram-se
www.facebook.com/pages/ ao Primavera Sound e a José Eduardo Martins fundando a Pic-Nic, empresa que
RITMOS-Lda/136864019660731 organiza o Optimus Primavera Sound, no Porto.

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