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Sejam todos muito bem vindos e muito bem vindos

mesmo ao canal "Afinal, o que somos nós?"

O Charles Kiefer tem mais de 40 livros editados,


recebeu três vezes o mais importante

prêmio literário do Brasil, o Jabuti, é PHD em


teoria da literatura e foi professor da PUC

do Rio Grande do Sul por muitos e muitos anos.

Pois bem, em 2006 ele teve uma EQM.

Ele parou de escrever livros de ficção e abandonou a


carreira como professor universitário.

Ele passou a se dedicar inteiramente


ao estudo e ao ensino da Kabbalah...

e hoje é professor de muitos grupos, de vários países.

A sua compreensão da vida podemos


dizer que deu um cavalo de pau.

Por ter quase duas horas de duração essa


entrevista foi dividida em duas partes

mas as duas partes foram publicadas


simultaneamente no canal.

Vamos conhecer a história dele?

Boa tarde Charles, muito obrigado por você


aceitar compartilhar conosco do canal

"Afinal, o que somos nós?"


a sua experiência de quase-morte.

Peço que por favor você se apresente


e nos conte a sua história.

Me chamo Charles Kiefer, tenho 60 anos


a caminho de 61 agora em novembro,

sou professor de literatura...

escritor...

e...

aos 46 anos eu sofri... ou vivenciei isso


que científicamente se chama EQM...

experiência de quase-morte.
Eu sofria de um problema muito comum... hemorróidas...

e fiz uma cirurgia... de correção.

Depois de dois dias de hospitalização no Hospital


São Lucas na PUC em Porto Alegre,

na mesma instituição... ao Pontifícia Universidade


Católica... onde eu trabalhei muitos anos...

voltei para casa...

e já em casa percebi que eu


comecei a sangrar...

e fui sangrando e fui sangrando


e fui tentando a reinternação...

eu estava naquele momento sob...

assistência médica de... uma empresa de seguridade médica...

e eu não conseguia reinternar...


não conseguia voltar para o hospital...

porque ali naquele... e durante... durante


8 dias... 7, 8 dias eu tive sangramento...

eu não sabia que no Brasil existem três


palavrinhas mágicas no campo da Medicina

que é... "eu vou pagar."

Quando eu pronunciei "eu vou pagar a hospitalização", eu


consegui quarto, consegui a cirurgia, consegui tudo.

Mas aí já tinha sido tarde demais.

Então eu quero contar em detalhes essa


questão do tarde demais porque...

e entra um pouco o que aconteceu depois...

eu estava em casa...

tentando a reinternação, tentando convencer


meu médico que eu estava muito mal...

e eu até escrevi um romance sobre isso que se chama


"Dia de matar porco"... sou escritor, sou romancista... contista.

e nesse livro "Dia de matar porco"... a questão que o meu


personagem... é lógico que daí eu ficcionalizei,
a história não é minha, é do personagem,
mas algumas coisas são minhas.

Como sempre, quando o escritor escreve ele esconde


a sua vida e as suas coisas nos personagens.

E...

esse meu personagem que é um advogado ele


se pergunta por que que ele se deixou matar.

e eu fiz essa pergunta a mim por muito tempo... por que


que eu aceitei essa situação de ficar sangrando...

um cara que tem curso superior...

que conhece um pouco das coisas,


que já tem 46 anos, por que que fica...

submisso ao ordenamento do médico?

porque o médico costumava me dizer que eu era escritor...


que eu era fantasista... uma coisa meio estranha, né...

não ouvir o paciente.

E porque eu não fui ouvido, eu sofri uma EQM.

Eu que sofri hipovolemia... um choque


hipovolêmico com parada cardíaca.

Então... eu me perguntei nesse romance por que


que uma pessoa consciente, 46 anos pai de família,

não põe o pé na porta?

E eu só fui descobrir que o pé na porta em termos médicos


brasileiros e de sistemas de saúde é "eu vou pagar."

então quando eu disse que ia pagar


eu consegui o que eu precisava...

só que como eu disse antes já tinha sido quase


tarde demais, eu digo quase porque estou aqui.

Então, naquela manhã, eu não lembro que dia


da semana era... mas enfim... naquela manhã...

houve...

durante sete dias eu tive sangramento, não era


muito grande, mas no último [dia], nesse momento,
ao ir ao banheiro houve o rompimento da veia aorta...

e aí o vaso ficou inundado de sangue.

Só que imediatamente depois


eu entrei numa espécie de estado...

não vou dizer filosófico nem místico...


mas eu entrei numa espécie de torpor...

eu estava achando bom aquilo, sabe...

uma sensação... estranha de...

primeiro, o enrijecimento das pernas...

dificuldade de mexer os braços...

Eu me lembro bem que eu estendi uma


toalha no quarto, na cama, e deitei.

Eu já tinha ligado para a minha esposa que nessa


época, jornalista, trabalhava na Zero Hora...

minha filha também trabalhava na Zero Hora, na RBS que é


o maior grupo de comunicações do Rio Grande do Sul...

tinha avisado a elas, pedindo que a Marta viesse me buscar...

e deitei... meio que fechei os olhos... na cama...

deu aquela sensação... não vou dizer gostosa mas uma


sensação tranquila... assim... eu estava em paz...

eu estava morrendo...

e morrer não é tão difícil assim... aliás é


a coisa mais fácil do mundo...

e de repente eu ouvi uma batida na porta.

Aí eu disse... "Sim?"...era a dona Eva.

É uma senhora que trabalha com a gente há muitos


anos... que ajudou a cuidar da filha... a criar a filha...

agora ela está... ela continua na casa...


ela agora é babá da pequenininha... da Ana...

eu tenho uma filhinha nova que tem um ano e três meses...

E a dona Eva me pediu licença para


entrar no quarto... entrou no quarto e...
e disse uma coisa muito estranha...

ela parou no lado da minha cama e jogou uma


coisa no lado assim do meu corpo e disse

"Deus tem algo para lhe dizer."

Ela é crente...

até hoje... esposa do pastor, inclusive... pastor evangélico.

"Deus tem algo para lhe dizer."

E saiu do quarto.

Na verdade, ela pegou uma Bíbliazinha que eu


tinha trazido de algum hotel...

aquelas bibliazinhas Gideões...

um grupo americano que distribui bíblias nos hotéis...

eu não me lembro onde eu tinha conseguido aquela bíbila... é


uma bibliazinha pequena... tamanho de um maço de cigarro...

e aquela coisa estava do meu lado na cama... e eu peguei


aquele livrinho... era o Novo Testamento...

abri ao acaso... meio sonolento... e disse...


"Tá, Deus, o que que tu tem para me dizer?"...

e botei o dedo assim...

e daí eu li...

e daí dizia assim... "Levanta-te"... eu sei de cor...


"Levanta-te, vai à Rua Direita e pede socorro."

E aí eu chamei a dona Eva e disse...

"Liga para a Marta e peça para a Marta vir voando para casa
o mais rapidamente possível porque eu estou morrendo."

E nesse momento então... dali a alguns minutos a minha esposa chegou...

e também liguei para a minha filha...

Eu liguei para minha filha na Zero Hora...

e disse... ela era jornalista também... eu disse...


"Minha filha, vá... pegue um táxi daí da Zero Hora..."

não é muito longe...


"pegue um táxi e vá até a PUC... ao hospital da
PUC..."

"e a gente se encontra lá."

e eu me lembro que eu ainda disse para ela uma coisa..."eu vou morrer por
incúria..."

"do sistema brasileiro de medicina e de saúde..."

"e eu quero que tu, como jornalista denuncie isso."

"mas eu quero que tu esteja lá."

"Pegue um táxi e vá para PUC... para o hospital da PUC."

Não sei se eu me confundi... me deu a impressão de que antes


de você ter lido isso na Bíblia você já tinha [comunicado]...

Já... eu já estava fazendo contato com a


esposa mas não com tanta... assim...

eu não tinha ainda... pedido socorro...

estou morrendo...

- Ok, agora você foi incisivo.


- Ali eu fui incisivo...

"Levanta-te, vai à Rua Direita e pede socorro"... daí


eu pensei... "Bá... tô precisando de socorro mesmo"...

daí eu liguei para a minha esposa e pedi


que ela viesse o mais rápido possível.

Por uma conversa anterior que nós tivemos


eu entendi que você era ateu.

Sim... eu até fazia brincadeiras em sala de aula...

e... atenção... eu não estou... aqui não interessa


se é Novo Testamento se é Velho Testamento...

não tô trabalhando aqui contigo questão religiosa...

mas apenas estou descrevendo exatamente o que aconteceu.

E quero ficar nesse campo do fato... do factual, do factual.

E depois até eu posso comentar sobre essa


passagem de Atos dos Apóstolos...

é muito interessante porque isso depois


vai dar um resultado estranho lá diante...
mas como eu sou um ficcionista eu vou deixar então
para depois pra gente criar um suspense...

e aí a minha filha então pegou um taxi e foi para a


PUC e eu esperei a minha esposa chegar.

A dona Eva e a minha esposa me levaram até o carro,

porque nesse momento eu já tava com as pernas


completamente rígidas pela hipovolemia...

hipovolemia para quem não sabe é falta de sangue circulante...

fui colocado no carro... e a minha esposa


me levou... a Marta me levou ao hospital...

e... coincidentemente chegamos no hospital...

o táxi e o carro da minha esposa...

com a minha filha no carro da frente e eu atrás...


estacionamos e a minha filha desceu... a Maíra...

que é jornalista em Novo Hamburgo...

e aí eu... isso eu ainda me lembro...


porque aqui eu ainda estou no campo do... do...

do mundo aqui... como se chama...


MALCHUT... a realidade aqui...

então eu ainda me lembro disso... que eu olhei para a Marta


e disse "Marta, tu vais até a secretaria fazer a papelada..."

"porque"... eu me lembro de ter dito a ela...


"se eu for contigo lá eu vou morrer sentado."

E virei pro lado da minha filha e disse... "Busca uma cadeira


de rodas porque eu não vou mais conseguir caminhar."

"Busca uma cadeira de rodas e me leva


para o centro cirúrgico lá no quarto andar..."

porque eu conhecia o hospital...

eu sou funcionário da instituição...

não do hospital mas da pontifícia Universidade


Católica que ficava do outro lado do hospital...

e muitas vezes eu visitei colegas meus que


estavam hospitalizados... professores...
porque nós professores da universidade em geral íamos
tratar a saúde no próprio hospital da universidade...

que é um excelente hospital.

Muito bem.

Me recordo que a minha filha veio com a cadeira de


rodas... me colocou na cadeira de rodas e me levou...

em direção ao elevador.

Isso eu ainda lembro.

Aí... agora... o que eu conto a partir de agora já


não sou mais eu porque no elevador eu colapsei.

Eu tive a parada cardíaca com hipovolemia.

e a minha filha então ficou comigo...


desacordado na cadeira...

sai do elevador gritando aos brados... "Meu pai


está morrendo... meu pai está morrendo..."

e entra meio forçadamente no centro cirúrgico...

e.. enfim...

fui atendido...

no centro cirúrgico...

e aí então começa a outra história, porque...

Eu queria localizar no tempo... aquela situação em que


você só foi atendido quando falou "eu vou pagar".

Porque... veja... eu fiz uma cirurgia pelo sistema de saúde...

fui liberado... fui para casa e fiquei sangrando em casa...

e nesse momento... nessa semana de sangramento eu procurei voltar...

eu queria uma nova internação...


eu sabia que eu precisava uma nova cirurgia...

mas eu não conseguia... a resposta


é que não tinha quarto disponível...

e quando eu disse para o médico


que eu ia pagar aí apareceu quarto...

mas a situação que acabou acontecendo


foi uma situação mais emergencial ainda, né...

Sim, depois do final... porque quando


houve o rompimento da aorta...

porque enquanto o sangramento era pequeno eu estava


controlando... porque... eu também... poxa...

não é por acaso que eu estudei, né...

então eu estava consciente, mas quando houve o rompimento


da aorta... ou da femural... eu não sei qual das veias...

que foi aquele balde de sangue no banheiro... aí eu pensei...


bom agora acabou, né... não tem mais saída...

como eu não tava conseguindo reinternar...

quer dizer... você...

mas naquele espaço entre a sangueira no banheiro


e a chegar até o quarto... o meu quarto de casal...

eu tive a ideia de pedir... vou... porque eu liguei para o médico...

"Eu vou pagar."

E daí ele me disse... "Aguarda aí que eu..." dali a pouco ele ligou e
disse... "Olha... temos quarto."

Mas aqui que vem... então agora vem a experiência


de EQM... porque isso que eu contei aqui faz parte da...

da consciência no corpo...

Agora quero falar da consciência fora do corpo.

Assim... eu não tive isso... porque eu... inclusive depois


quero contar como é que eu cheguei em ti e tal...

eu assisti alguns vídeos e é incrível como as experiências são


parecidas...

mas eu não tive essa experiência que alguns contam...


de que viram os médicos que viram o quarto...

a sala de cirurgia... que saíram para o ar...


para cima... que viram a cidade de cima...

isso eu não vi nada... o que o que aconteceu foi


que...

assim que eu colapsei...


eu me vi num rio...

um rio de águas turbulentas... procelosas... um rio


que parecia aquelas descrições do Camões...

talvez por ser escritor...

uma coisa assim... assustadoramente violenta


um mar muito... uma água muito forte...

batiam ondas de água na minha boca, nos meus olhos, no nariz...

e eu nadava... nadava... nadava...

e eu tinha consciência ali naquele momento


que eu tinha que chegar na praia...

e eu me lembro eu nadando... isso durou um


bom tempo... bastante tempo...

eu lutando, lutando, lutando, porque aí desapareceu


completamente a vida que eu tinha...

Terra, tudo isso, filha, filho, marido, esposa...


amigos, nada, não tinha nada... só...

eu só tinha consciência naquele momento


daquela água batendo no meu rosto...

e na internalidade da consciência...
"Preciso chegar lá na praia."

"Preciso nadar até lá."

E aí eu fui nadando até lá... eu fui nadando até lá... eu fui nadando
até lá... até que eu cheguei numa praia muito bonita.

Não quero chorar.

É difícil falar disso sem me emocionar.

Uma praia maravilhosa, maravilhosa...


de uma areia branca...

eu me lembro da sensação dos pés


naquela areia... lugar lindo...

aí tinha uma ravina... uma rampa...

e eu subi aquela rampa... caminhando...

com uma sensação...

absolutamente extraordinária de paz...


de tranquilidade...

de conhecimento...

naquele momento passavam pelo meu cérebro


fórmulas matemáticas, químicas, físicas...

enormes... coisas que eu não sabia... ou sabia...

uma espécie de...

não tenho como descrever... mas uma sensação


de totalidade... de completude... de totalidade...

E aí eu... me dou... eu subo então... entro num campo...

num jardim... quase... não sei... um lugar muito bonito...


muito perfumado... perfumes maravilhosos...

muito agradável... uma temperatura muito agradável...

uma luz absolutamente extraordinária...

uma luz que vinha do chão... de cima... dos lados...

uma luz que inundava, preenchia tudo e me preenchia.

Eu estava dentro de um mar de luz...

mas ao mesmo tempo... nesse mar de luz tinha... flores...


tinham árvores... tinham pássaros... tinham...

tinha... uma natureza estranha...

e eu vou caminhando naquele...

em absoluta felicidade... eu tenho... eu vou dizer


uma coisa... eu tenho saudade... todos os dias...

eu vou chorar...

quando eu deito, eu me emociono...

do quão bom foi aquilo...

e como eu gostaria de estar lá de volta...

eu sei, eu tenho uma missão aqui para cumprir... tenho que criar minhas
filhas...

agora eu tenho uma filhinha de um ano e três meses...

mas...
tenho muita saudade do lugar onde eu estive.

E muita saudade...

da Luz.

Hoje eu sei o nome... se chama Ohr.

Ohr Yashar... luz direta.

Estou caminhando naquela planície...


e de repente... na linha do horizonte...

eu vejo uma luz dentro... eu não sei como explicar


mas é uma luz dentro da Luz...

me lembra muito uma citação do


Julio Cortázar num grande conto...

em que ele diz assim... "Como um tremor dentro de um cristal."

Então eu vi um tremor... dentro daquele cristal


de luz... algo se destacou lá no fundo do horizonte...

e aquilo veio se aproximando... e eu fui me a...

eu não sei se aquilo se aproximou de mim


ou se eu me aproximei daquilo...

e fui me aproximando, me aproximando... e


aquela sensação maravilhosa... fantástica...

e de repente eu olho e... eu fiz assim...

"Sampaio?"

"É tu, Sampaio?"

Mário Arnaud Sampaio.

Um amigo meu que tinha morrido há uns 20 anos... antes...

na casa... um casal... ele e a esposa...ela tinha sido freira...

ela foi uma das construtoras do Hospital Mãe de Deus lá de


Porto Alegre...

ela tinha sido freira e casou com esse indianista...

espírita, maçon e cabalista... Mário Arnaud Sampaio...

na minha frente...
parado na minha frente...

alto, magro, com os braços cruzados assim.

Ali na minha frente... e eu... "Sampaio?"

Mas eu olhava para o Sampaio e


enxergava através do Sampaio.

Não tem como explicar... era o Sampaio e não era o Sampaio.

Era a luz do Sampaio... era a alma do Sampaio...


sei lá o que era...

e aí começamos a conversar...

começamos a conversar... e aí ele...

me disse que ele era meu guia.

Hoje eu fico me perguntando por que que a gente


precisa de um guia do outro lado... estranho, né...

não dá para entender isso.

Ele ia ser o meu guia...

e eu me recordo nesse momento... quando


ele me disse que ia ser meu guia...

eu entendi... porque a consciência... essa consciência


que a gente tem além da vida é uma coisa incrível...

eu sabia que tinha níveis...

níveis de luz...

níveis de realidade... níveis de dimensões...

Você sabia... lá.

- [antes disso você não sabia]


- lá... não, não, não...

diante dele eu sabia que o papel dele era...


me ajudar a subir os níveis...

E isso fazia parte desse conhecimento abrupto [que chegou a você].

Desse absoluto conhecimento...

e esse conhecimento me acompanhou um pouquinho... depois


quando eu voltei... depois eu quero falar sobre isso também.
como o flash forward... antecipação do que vai acontecer depois...
literariamente.

Aquela consciência absoluta e eu sabia que tinha níveis e que...

e que eu ainda estava numa espécie de ante-sala...

que aquilo ali era uma espécie de ante-sala


dessa experiência com a Luz.

E no meio dessa conversa... ele me dizendo que


ele ia ser meu guia e... conversando com ele...

de repente eu ouvi uns gritos...

e eu nitidamente naquela consciência eu percebi que aqueles


gritos não tinham nada a ver com aquele ambiente ali.

E aí eu me lembro de virar a cabeça aqui assim...


como eu tô fazendo agora... eu olhei assim...

e eu vi lá embaixo... daí eu vi que eu estava num lugar alto...


até ali eu não tinha me dado conta de que eu estava...

num lugar alto... acima... de alguma coisa.

Porque aqui não dá para falar em termos


de espaço e movimentos, né...

aí eu olhei... tu que é físico... né...

aí eu olho assim... eu vi uma bolita de gude...

uma bolinha...

e aquela bolinha fazia assim... pam... pam... pam...

quando ela chegou num tamanho razoável, eu percebi... "É a Terra."

Eu me dei... aí eu tive consciência de que


aquilo era o planeta Terra...

e daí eu...

"Mas é a Usina do Gasômetro..."

Tá... mas eu esqueci de um detalhe aqui...


que eu tô antecipando...

eu ouvi... os gritos e aí... sim... então...


"Usina do Gasômetro"...

ampliou mais...
"A Rua Independência"...

ampliou mais... como se fosse uma máquina fotográfica...


um diafragma... abrindo... com saltos...

não foi uma descida... foi um tum... tum... tum... tum...

"O meu prédio..."

"a portaria do meu prédio..."

"a porta do meu apartamento..."

e aí eu entrei no apartamento...

e daí... dentro do apartamento, Toquinho... ela está


comigo aqui em São Paulo...

ela tem 17 anos... a Sofia, minha filha.

Devia [na época] ter...

3.. 4... anos... talvez uns 5... eu não sei bem direito...
a minha esposa é que sabe as datas...

e ela está no centro da sala... nós tínhamos


um apartamento com uma sala muito grande...

e ela está com as mãos e os punhos


fechados assim... olhando para cima...

e ela batia com as duas mãozinhas


na cabeça e gritava assim...

"Papai, não vai, não vai, papai, não vai, não vai..."

e repetia aquilo e repetia...

eu vou dizer uma coisa... eu não senti dor...

não senti saudade da filha, nada, eu não senti


absolutamente nada mas eu senti...

uma necessidade...

não foi... não foi uma emoção...

eu vi aquela criança... eu sabia que era minha filha...

mas não teve assim um sentimento de...

"Morri... agora não vou mais ver minha filha... pobre de mim"...

nada disso.
Eu vi aquela criança fazer aquilo... eu olhei para ele... para esse
meu amigo... que tá com os braços cruzados na minha frente...

e eu disse para ele... "Sampaio"...

"eu quero voltar."

"E eu quero terminar de criar a filha."

Bem assim... "eu quero terminar de criar a minha filha."

Ele fez assim...

abriu os braços... soltou os braços... e fez assim..."Tu podes voltar."

"Mas tem três condições."

Ele botou o dedo assim... "Um"...

"Dá uma cachorrinha de presente para a tua filha."

Seis meses antes da minha EQM...

a minha esposa Sofia... e a Marta, a minha esposa...


[ou melhor]... a minha filha Sofia e a Marta, minha esposa,

chegaram em casa com uma cachorrinha Shitzu...

no apartamento...

e eu era... eu era um homem muito duro...

eu fui um alemão rígido, duro...

e eu olhei para as duas... a pequenininha...

e eu olhei para a Marta e disse... "Das duas, uma... ou eu... ou a


cachorra."

"Se a cachorra entrar aqui dentro do apartamento, eu saio."

Porque eu não queria conviver com bicho dentro de casa.

As duas viraram as costas... chorando...

e foram devolver a cachorra...

seis meses antes...e ele me disse... "Dá uma cachorrinha


de presente para tua filha."

Dois...

fundar... enfim... criar... enfim... a associação jovem leitor que


tu vive falando pros teus alunos que vai fazer e não faz nunca.

Três...

criar ou abrir, não me lembro a palavra que ele usou...


mas... abrir ou criar um grupo de Kabbalah.

Eu não sabia o que significava...

naquele momento ali...

Kabbalah.

E eu olhei para ele e disse... "Aceito."

Assim que eu disse "aceito", eu abri os olhos...

e eu tava em uma cama no hospital...

e um enfermeiro negro...

em cima de mim...

vira para trás assim...

"Tá vivo, tá vivo, tá vivo,"

Era o cara que tava com o... não sei como é que chama isso...

- Desfibrilador?
- Desfibrilador.

E aí...

naquela hora... eu até confesso que eu pensei... "Ah... morri"...

aí... depois... ainda me lembro de uma coisa...


isso eu preciso contar.

Horrível não é morrer... horrível é voltar para o corpo.

É horrível... é horrível.

Descreva, por favor.

Vou ser escritor e professor de literatura.

Alguém conhece o livro "A colônia penal"... do Franz Kafka?

Lá na colônia penal existe uma máquina...

que atravessa a pessoa com agulhas.

A pessoa viva é atravessada por agulhas... a sensação é essa...


que tu entrou numa máquina de moer carne...

e agulhas te penetram...

e aos poucos tu vai tomando consciência de volta do corpo...

vai... algo muito grande... que é essa consciência...


que a gente comumente chama de alma...

e que retorna para o corpo.

É horrível...

É a pior sensação do mundo.

Tão, tão horrível...

quando eu abri os olhos, que eu senti aquilo tudo que eu...

apaguei... e aí sim... aí eu fiquei três dias e meio...


dois dias... três dias e meio numa espécie de coma...

e deste período... esses três dias e meio


que eu estive numa CTI em coma...

eu não lembro absolutamente de nada.

Nada nada nada nada nada nada.

Essa sensação horrível você sentiu...

Um pouco antes de colapsar de novo.

Na hora em que você abriu os olhos já veio esta sensação?

Já veio... quando eu abri os... quando eu... quando


eu tomei consciência de que eu tinha revivido...

a dor foi horrível...

e uma revolta muito grande...

"não quero ficar aqui, não quero ficar aqui,


não quero ficar aqui..."

não é isso que eu quero...

mas enfim eu tava de volta no corpo...

e aí então eu apaguei...

e muito tempo depois eu abri os olhos de novo...


e daí sim... aí também... acho que foi lá... é que às vezes eu me
confundo... mas foi lá que eu pensei... "Ihhh... morri"...

Porque eu olhei... [e vi] a minha mãe...

minha irmã, meu irmão...

minha família ao redor da cama...

a minha mulher...

aí eu pensei... "Mas como assim?"

"O que que tá fazendo minha mãe que mora a 500 km


daqui... meu irmão que mora em Santa Catarina..."

"minha irmã que mora a mais de 500 km..."

"o que que está fazendo todo mundo aqui... ao redor de mim?..."

"Estou morto!"

Então quando você voltou você achou que você estivesse morto.

Ali ei achei que eu tinha morrido.

- Quando você tava lá você não pensava nisso.


- Porque quando eu...

quando eu colapsei, a sensação...


é que eu tinha ido para a praia...

a sensação era que eu tivesse ido para praia... e que


eu tinha me afogado... estava me afogando na praia...

mas que eu tinha consciência de que eu podia me salvar se eu


chegasse na praia...

então eu tinha que nadar até a praia...

foi pesado, foi difícil, mas não foi sofrido...

eu não senti dor...

- Nem cansaço?
- Nem cansaço.

Eu sentia uma urgência de chegar no outro


lado... lá naquele lugar... na praia...

de chegar em terra firme... isso que eu senti.

Quando você conversou com o Sampaio... não veio sentimento de morte?


Porque você falou que precisava voltar...

Não... ali veio a consciência de que


eu estava em um outro lugar...

e que eu tinha deixado um lugar onde tinha a filha e que eu


queria cuidar... que eu queria... que eu queria...

agora aqui eu vou... eu não ia contar isso


mas eu vou te contar...

eu pensei muito sobre o que eu posso falar...


o que eu não posso falar...

os cabalistas têm uma lei que é assim...


a gente revela um terço e esconde dois...

mas eu vou abrir um pouquinho mais.

Nesta conversa com o Sampaio, ele me deu um prazo...

e no dia 24 de fevereiro de 2014 aquele prazo venceu.

e naquele dia eu hospitalizei de novo...


e quase morri de novo.

Aí eu fui para um outro hospital...

no Hospital Moinhos de Vento.

Ele deu um prazo após o qual você deveria voltar para lá.

Isso... ele me deu um prazo... para criar a filha.

Então eu tive um prazo de tempo ali que fechava uma idade X da minha
filha...

e isso fechou no dia... esse prazo venceu no dia 24 de fevereiro


de 2014... eu tenho essa data bem marcada.

E eu imagino que você não comentou nada disso em casa.

Não, claro que não, naquela época não, agora sim,

hoje em dia eu comento com a Marta.

Mas aí... nesse momento eu voltei a sangrar.

Começou todo sangramento de novo.

E aí eu fui para o hospital Moinhos de Vento...

e aí aconteceu uma coisa muito estranha...


não estranha... enfim... aconteceu...

meu médico estava no Canadá...

o médico da terceira cirurgia... o médico


que fez a minha terceira cirurgia...

o proctologista que fez a terceira cirurgia


do Hospital Moinhos de Vento...

daí... ele fez a cirurgia...

alguns anos antes...

porque depois daquele episódio da PUC eu


procurei ajuda médica num outro hospital...

e daí fiz uma cirurgia... mais uma cirurgia...

Antes deste dia fatídico.

Antes do 24 de fevereiro 2014.

E daí por uns 6, 7 anos eu vivi tranquilo...


e quando venceu o prazo eu comecei a...

a expelir sangue... a sangrar... estourou alguma veia interna...

e aí começou tudo de novo.

Só uma pergunta... quando você teve a terceira


cirurgia você também teve sangramento?

Nada, nada... quando eu fiz a terceira cirurgia


não tive EQM, não tive memória, não tive sonho...

entrei no hospital, o médico, Dr Mallmann,


e a sua esposa, que era anestesista...

foi muito legal a cirurgia... eles me deram a injeção...

eu adormeci e acordei já na recuperação...

sem lembrança nem nada... não aconteceu nada simplesmente...

uma cirurgia com cem por cento de sucesso...


sem nenhuma sequela, sem nada.

E ficou [sendo] meu médico... ele me


acompanhou durante algum tempo...

depois não precisei mais visitá-lo porque eu fiquei bom...


ele me curou do problema que eu tinha...
e aí no dia 24 fevereiro de 2014 voltou tudo de novo.

Voltou tudo de novo.

E aí pedi ajuda para a Marta, a Marta me levou pro hospital...

chegando no hospital descobrimos que o


Dr Malmann estava viajando para o Canadá...

e a médica assistente dele estava em Passo Fundo,


ou seja, a muitos quilômetros de distância...

porque aquele momento ali era carnaval.

Então...o hospital estava meio deserto...

de... assistência... tinha bastante gente


mas estava faltando... profissionais...

só que aí... nesse momento... e aí eu não sei


se entra nisso... mas ali eu já sou cabalista...

e eu já... já faço nesse momento exercícios cabalísticos...

e...

enfim...

fiquei bom... através dos exercícios... até o Malmann


me perguntou... ele disse... "Que estranho"...

Nem chegou a precisar [de ser operado?]

Não fiz cirurgia... não fiz mais nada.

E o médico estranhou?

O médico estranhou...

Quer dizer... você chegou a ser internado?

Sim, eu fiquei um fim de semana...

Mas só em observação?

É... fiquei lá numa maca... até no corredor... porque


também estava com dificuldade de quarto...

e como o caso não era tão grave...

e aí eu fiquei ali... daí eu pedi para o médico assistente...


era um médico plantonista... quinto-anista...

e eu disse... "Quem sabe eu vou para casa...


eu espero o dr Malmann... em casa e tal"...

aí fui para casa e em casa daí eu fiz um exercício


na banheira... uma espécie de Mikvê...

Uma espécie de?

Mikvê... é um banho ritual.

E aí...

assim que eu fiz o que eu devia fazer espiritualmente...


como cabalística... como Kabbalah...

eu fiquei completamente curado.

Quando você teve esse episódio imediatamente


imagino que você relacionou aquela data...

Ah... sim... sim... porque aquela era uma


data que ficava na minha cabeça.

Lógico que aí... no campo da psicanálise...


do poder mental... sei lá...

tu até pode dizer assim... "Não... tu gerou o problema


no dia 24 de fevereiro de 2014"... tudo bem...

"No creo en las brujas... pero que las hay, las hay"

Sim... posso ter gerado um novo episódio...


um falso episódio...

mas é muito estranho, né... e no dia previsto...

Principalmente quando você tem tantas outras experiências.

É...

é uma coisa muito doida, né... muito louco.

E aí?

E aí...e aí onde é que nós paramos?

Nós paramos nesse dia 24 que você...

Sim daí eu voltei para casa... mas ali


eu já era cabalista... já tinha grupo...

Então... nós mais ou menos terminamos a história.

Sim... o que aconteceu de EQM comigo foi isso.


Eu colapsei... passei por uma... nadei por muito... muito tempo...

agora isso que é interessante porque o período que eu fiquei...

até eu escrevi um livro... ele até está publicado


em Israel, esse livro traduzido...

ele se chama "A revolta das coisas"...

porque veja só... essa minha filha... depois de várias... duas ou


três semanas... a minha mulher levou a Sofia no hospital...

porque ela não queria levar a Sofia naquele prazo de vinte e


poucos dias que eu fiquei lá no Hospital da PUC em recuperação...

depois da segunda cirurgia... depois da EQM.

e quando eu estou no quarto com a Sofia e a Marta


e mais alguns familiares, entra o cardiologista...

porque ali começou os pagamentos, então a Marta veio


com o talão de cheque e eu comecei a pagar...

porque daí veio... tudo que eu... "eu vou pagar", né...

daí eu paguei anestesista... daí eu paguei


cardiologista... daí eu paguei... tudo...

E aí veio o cardiologista... e aí veio o cardiologista


conversar comigo... também para receber...

e...

ele diz uma frase que gerou um livro...

que é uma história muito interessante...


chama-se "A revolta das Coisas".

Ele para assim na cabeceira da cama... nos meus pés...

bota as mãos assim e diz... "Charles... tu tens um coração de boi".

Porque... segundo ele... ele não conhecia... alguém


que tivesse sobrevivido com tão pouco sangue.

Mas eu... ali... eu não falei para o médico que eu


tinha ido para outro lugar.

Eu passei anos sem falar sobre isso.

Ele disse... "Tu tens um coração de boi"...

e foi embora.
A esposa pega o carro, vai para casa com a filha...

primeira vez que a pequena... foi a Sofia que


hoje tem 17 anos... guriazinha... foi me visitar.

A Marta me contou depois... isso gerou o livro...

ela pergunta para a mãe... ela é... por isso que eu... ela é bem
pequena... olha o raciocínio...

ela pergunta para a mãe... "Mãe... quando o pai vier


para casa ele vai berrar que nem boi??

"ele vai berrar que nem boi?"

A Marta olhou para ela e disse... "Filha... por que tu tá perguntando


isso?"

"Mas o médico disse que ele tem coração de boi..."

E aí eu escrevi uma história infantil para ela


que se chama "A revolta das coisas".

e que lá em Israel, na tradução, ficou


"A revolta no quarto de brinquedos."

Eu queria fazer umas perguntas.

À vontade.

Vou fazer algumas perguntas e vamos falar também sobre a


Kabbalah... que é uma das três missões que você recebeu.

Não deixe de assistir à segunda parte dessa entrevista,

onde o Charles conta mais detalhes sobre a sua EQM, e


também se aprofunda nas explicações sobre a Kabbalah.

Se você gostou, por favor se inscreva no nosso canal,

dê muitos likes, faça comentários,


compartilhe com seus amigos,

toca o sininho que você sempre fica


sabendo quando chega vídeo novo,

e se você tem alguma dúvida,

ou passou por uma EQM e gostaria de


compartilhar a sua história com o mundo,

por favor nos escreva,

o nosso e-mail é
afinaloquesomosnos@gmail.com

Esta é uma nova fronteira do conhecimento humano.

Vamos juntos atravessá-la?


Sejam todos muito bem-vindos, muito bem vindos mesmo,
ao canal "Afinal, o que somos nós?"

Essa é a segunda e última parte da entrevista de Charles Kiefer,

que teve uma EQM que revolucionou a sua vida.

Ele passou a se dedicar integralmente ao estudo e ao ensino da kabbalah.

E hoje é professor de vários grupos, de vários países.

Aqui ele dá mais detalhes sobre a sua EQM


e se aprofunda nas explicações sobre a Kabbalah.

Vamos assistir?

Vou fazer algumas perguntas e vamos falar


também sobre a Kabbalah...

que é uma das três missões que você recebeu.

Atenção... eu levei... eu levei vários anos... assim...


aah... isso eu esqueci de contar...

é tanta contação de coisa, né...

assim que eu me recuperei no hospital... que eu já tava...

pensa que eu perdi 14 kg nesse corpão aqui...


eu tava virado num... num osso, né...

lá no hospital eu chamei a Marta e disse... "Marta,


vai agora e compra uma cachorrinha pra Sofia"...

logo na primeira semana de recuperação.

Ela olhou para mim...

"Que?"

"Compra uma cachorrinha."

"Mas tu expulsou a gente de casa com a cachorrinha


agora tu quer que compre uma cachorrinha..."

eu disse... "Não... eu mudei de ideia."

"Compre uma cachorrinha".

"Tá."

A segunda missão que eu recebi do Sampaio... não sei


se dá pra chamar de missão... ou indicação... sei lá...
a fundação "Jovem leitor"... um dia eu entro na sala
de aula e dou uma olhada assim...

eu tinha muitos alunos... eu tive milhares


de alunos de oficina literária...

e eu além de ser professor regular, eu tinha cursos que


eu dava por fora, numa livraria chamada Palavraria...

eu olhei assim... eu fiz o cálculo... sério... vou ser


bem sincero... eu olhei assim [e pensei]...

metade do PIB do Rio Grande do Sul


tá aqui nessa sala de aula.

Gente muito rica.

E aí eu dei aquela paradinha assim, olhei


para eles e disse... "Pessoal..."

"há muitos anos eu tenho uma ideia..."

"de fazer uma associação..."

"que leve livro para as favelas... bibliotecas... cursos...


centros culturais..."

fazer alguma coisa... pelo livro... na favela.

E até eu citei... eu disse... "Olha, eu estou baseando isso


numa experiência com o grupo americano Gideões..."

"que distribuem Bíblias... mas eu gostaria


de fazer um grupo que não seja religioso..."

e que distribua literatura...

bons romances, bons livros de contos, boa poesia, boas


peças de teatro... o que que vocês acham... vamos fazer?

Dali nós saímos com a ideia e num fim de semana depois


no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, no MARGS,

num auditório, nós reunimos 72 pessoas.

Tem a ata de fundação e ela funciona até hoje, a Associação Jovem Leitor.

Leva livros, distribui livros, faz cursos...

enfim, opera nesse campo aí de... distribuir boa cultura


literária para as pessoas menos favorecidas.

Então essa segunda missão eu cumpri rapidamente


assim... poucos meses depois que voltei...
Fiquei três meses em casa sem conseguir trabalhar
porque eu estava muito fraco... muito magro...

demorei para me recuperar fisicamente.

Sobre a Kabbalah vai ser um momento especial


aqui que a gente vai aprofundar inclusive.

Inclusive você me mandou um livro... e eu li o livro até


para me preparar para fazer algumas perguntas.

Com relação à experiência eu queria saber...


assim... você era um ateu...

quer dizer, imaginando como ateu... na sua compreensão que


eu acho mais genérica que é... não é só uma questão de...

de acreditar ou não numa existência de um Deus...


é de ser materialista no sentido de morreu... acabou.

Sim.

Eu tinha um avô, meu avô dizia uma frase que talvez


tenha me influenciado muito...

meu avô Bernardo...

que dizia assim... "Morreu, fedeu."

E quando eu perguntava como criança para ele... "Vô..."

"e depois que a gente morre, tem vida depois da morte, tem
céu?"... essas coisas que criança... ouve na igreja...

porque a minha mãe tinha sido freira, noviça, se casou com


meu pai, meu pai era protestante, minha mãe era católica...

Então eu tenho uma experiência... isso se reflete nos meus livros...

eu tenho... eu tenho muita... como é que eu vou te dizer...

eu tenho muita generosidade religiosa...


eu aceito todos os credos, eu...

eu acho que todo mundo tá errado mas,


tudo bem, tá todo mundo errado no certo...

E está todo mundo certo.

Está todo mundo certo... quando todo mundo


está errado, está todo mundo certo.

Aliás isso que eu queria dizer... um recado para pastor, padre,


rabino, mulá... e todos os outros líderes religiosos...

quando vocês morrerem, vocês vão ter uma surpresa


bem... bem... agradável... ou desagradável...

lá não tem cruz... não tem estrela de Davi...


não tem espada e crescente...

no outro lado não tem nada dessas bobagens


religiosas que nós temos aqui... no lado de cá.

E no seu lado individual... quando você chegou lá...


e você que achava que não teria nada...

- Ah... é que você não sabia que estava morto...


- Veja... não, não, atenção...

naquela minha... quando eu estava nadando lá...


eu não tive... em nenhum momento eu pensei...

"Ah... eu cheguei... eu estou indo para


o céu"... ou "eu estou indo para o inferno"... não.

Você não pensou que tivesse morrido.

Eu achava que eu tinha ido passar... não sei...

fui a Santa Catarina... me afoguei... e tô morrendo na água...


e agora tenho que chegar na praia... entendeu?

Eu estava só nadando... não tinha nada... não tinha nada de metafisico...

- era uma sensação física.


- E mesmo quando você viu...

o planeta crescendo...

Também não me espantei...

Como se fosse algo natural?

Foi natural... okay... tá bom... a Terra é ali...


eu estou aqui... e agora a Terra apareceu... cresceu...

Se não me engano na primeira vez que nós conversamos

você falou que o Sampaio, antes dele surgir você via uma luz...

Não... é isso que eu chamei de um tremor dentro de um cristal...

Era tudo luz.

Ele inclusive.
E dentro dessa luz geral apareceu uma luzinha que se destacava...

Que era o Sampaio.

Lá no horizonte... e que veio crescendo na


minha direção... ou que eu fui em direção a ele...

Ah... outra coisa...

a locomoção é completamente diferente


do que eu estou acostumado aqui.

Então... assim... não...

não é que eu caminhei para lá.

Fui... ou veio...

é instantâneo.

Não tem tempo, não tem espaço, não tem movimento... o


movimento literalmente não existe, é uma...

eu entendo cabalisticamente hoje que é Midots... qualidades...

então tu tem aproximação de forma...

tu tem...

conexão através da forma...

aquela forma lá na física e na literatura...

não "fôrma"... a "forma"... então...

há uma... uma qualidade que é semelhante


com outra qualidade... e se aproximam...

e se a qualidade é dessemelhante...
se afastam... não têm contato.

É difícil explicar isso mas depois que eu falar de


Kabbalah eu posso falar um pouco sobre isso.

A sua percepção de espaço era... claro... diferente da...

- percepção daqui...
- Completamente diferente...

porque... vê... deixa eu te dizer uma coisa estranha...

eu tô aqui... eu tô pensando nesse espaço lá...


eu tenho saudade desse lugar... eu tô aqui...
mas eu também sou o pássaro...

eu também sou a árvore...

eu também sou a luz...

eu também sou o Sampaio...

é muito estranho...

é uma consciência absoluta.

Sem perder ao mesmo tempo...

A identidade.

É uma identidade dentro da multiplicidade.

Talvez fosse bom...

- explicar isso aí...


- Você viu animais também... ou só pássaros?

Vi... não... animais, não... vi pássaros...

E você escutava o canto deles?

Escutava... na verdade... escutava o som do vento...

escutava o som do mar batendo lá embaixo naquela


coisa... porque eu tinha subido uma rampa...

daria para dizer que era... que é semelhante...

mas o mais interessante não é o...

porque... acredito... olha só...

tudo isso são ilusões da mente.

Os budistas falam de Advaita...e... outras coisas...


então... existem três níveis de consciência.

Uma consciência unificada...

uma consciência dualística não qualificada...

e uma consciência dualística qualificada...


eu trabalho isso nas aulas que eu dou de Kabbalah.

então... nós temos três níveis de consciência...


uma é a consciência da separação...
que tá na palavra Beit Reshit... no início da Torah... na Torah está
assim...

Bereshit Bará Elohym ET HaShamayim Veet HaEretz.

Esse Beit... Bereshit... é Beit... dá para ler como


Beit Reshit... é um dos segredos...

eu tô escrevendo um livro chama-se Sefer Sodot HaBeit...

Os segredos da letra B...

é um livro inteiro sobre uma letra...

então nessa palavra Bereshit... Beit Reshit...


dá para traduzir por "dois começos".

Ó... nós temos o um... Deus é Echad... Deus é essa


consciência... é... um... que engloba tudo...

e dentro desse tudo tem as separações...

o Beit... o dois...

a consciência dualística não qualificada...

o que que é essa consciência dualística não qualificada?

Imaginar que existe bem e mal... por exemplo...

imaginar que existe calor e frio...


não existe calor... não existe frio.

Existe calor em oposição ao frio...


existe frio em oposição ao calor...

Se tu não tivesse nenhuma noção do que é frio,


tu não teria sensação de calor...

então... essa consciência dualística


não qualificada, ela separa...

porque é o modo que nossa consciência tem de penetrar


no corpo e de viver no corpo e de ser... alma e corpo.

Fora disso, não tem mais isso... é uma consciência unificada.

Então...

tem pessoas que estão numa consciência


dualística não qualificada...

e tem outras que estão numa consciência


dualística qualificada.
Que seria o quê?

Que seria o quê... que seria a capacidade


de integrar bem e mal...

de compreender que coisas ruins são boas...

e coisas boas também são ruins...

então... é uma aproximação dessa consciência universal...

mas que ainda tem distinção...

que ainda identifica.

Fazendo uma brincadeira...

se fala muito em alguns ensinamentos que o início era o nada...

inclusive o significado de continente Mu... Mu é nada, é zero, é vazio...

aí eu penso [matematicamente...]

Esse é o conceito na Kabbalah de Deus... Deus é o nada... Deus é o


Ayin...

Então... e aí eu penso matematicamente... 0= + 1 - 1

Simultaneamente...

simultaneamente... porém quando você entende isso,


você entende que +1 -1 = 0... você volta...

o que seria um pouco a consciência...

a consciência universal...

não, o que você falou?... a qualificada?

Qualificada.

Que seria o quê qualificada?

Não... olha... a consciência... a consciência


não qualificada e a consciência qualificada...

a consciência não qualificada é a consciência da religião.

Eu acho... ó... eu sou o X e tu é Y e logo... eu sou


melhor que você ou você é melhor que eu...

isso é... não qualificado...


agora a consciência de entender que isso não interessa...

que a única coisa que existe é compaixão e amor... o resto é...

então... vamos... em termos cabalísticos...


existe a luz e não existe a escuridão.

O que existe é a ausência da luz.

Então... essa... essa experiência... lógico que depois eu...

tudo... tudo... depois de uma experiência vem


o discurso, vem a narrativa sobre a experiência.

Afinal, eu sou um escritor... o Mythós... eu estou aqui


construindo um Mythós para entender... tentar entender...

na consciência dualística qualificada...


uma consciência não dualística.

Não sei se você consegue...

Que é a origem.

Que é a origem... que é aquele lugar... que é aquela luz...

então... ó... pensa... vamos pensar assim...


então o que que é a alma para mim como cabalista.

Alma é o criador é a Luz que emana... não o Criador...


mas a Luz que emana do Criador...

e esta Luz é uma... só que eu estou num espaço


separado dessa Luz...

um fragmento dessa Luz está em mim...

num corpo...

e assim que esse fragmento consegue sair...


ele volta para aquele lugar da unificação...

dessa consciência absoluta...

Sem perder a identidade?

Agora vê... quando...

Sem perder a identidade... essa questão


da identidade é muito interessante...

porque... então eu vou te contar um episódio... são muitos mas


eu não quero avançar muito porque não posso também....
olha...

em cursos de estudos avançados eu abro bastante mas assim...


até porque isso é público... eu não quero abrir muito.

Mas olha só... quando eu retornei às aulas... voltei a


dar aula... sou professor a vida inteira...

eu estava conversando com a Carla...


a dona da livraria onde eu trabalhava...

e eu estou parado como nós dois aqui e aqui atrás, à minha direita tem
dois homens que estão num balcão...

estão lá num balcão, conversando...

e um deles sem querer bate com o cotovelo num copo de cerveja,


num copo de refrigerante, cerveja, não me lembro o que era.

Isso logo depois que eu retornei.

Primeiro, eu tô conversando com ela aqui e eu sei o que tá acontecendo


aqui.

E quando aquele copo voou, eu levei a mão e peguei o copo no ar e botei


no balcão...

com a maior naturalidade possível.

E a Carla olhou para mim e disse..."Tu tem olhos nas costas?"

e eu quase disse para ela que sim, porque logo nos primeiros
dias depois do retorno eu tinha uma visão 360°.

Você voltou com isso?

Voltei... mas perdi... hoje eu não tenho.

Alguns... alguns dias ainda... isso foi enfraquecendo...

Ou seja é aquela consciência unifi... eu entendo


isso como a consciência unificada.

A não dualística.

Mas não permaneceu nada?

Não, pelo... sim, mas aí isso eu não posso abrir.

Mas o que eu quero dizer... muitas pessoas que passam por uma
EQM contam que os seus sentidos foram modificados ...

{- Completamente}
elas percebem o sentimento da outra pessoa...
às vezes têm premonição...

Tá, já que tu tá me provocando eu vou avançar um pouco


mais além do que eu tinha estabelecido como limite ... ó...

passados três meses...

e aí tu tem que entender o ateu anterior...

que brincava... tirava sarro dos espíritos


em sala de aula... porque achava bobagem...

e o outro que apareceu aqui, que tá conversando contigo.

Uns três meses depois da EQM... em casa... já no final do processo de


recuperação...

a Marta que tá aqui comigo em São Paulo, minha esposa...

e a minha filha, que tem quarenta anos hoje, nessa época ela tinha trinta
e alguma coisa ou vinte e poucos...

me pediram para conversar comigo.

[E eu...] "Ué... que que tá acontecendo... reunião de família assim..."

Sentei no sofá, as duas se sentaram... a minha filha pegou


um papel... e olhou para mim assim e disse... "Pai"...

"Tu não parece mais o meu pai."

Eu disse... "Por quê, filha?"

"Pai, tu não sabia fritar nem ovo,


agora tu é um grande cozinheiro..."

E elas foram... ela foi listando inúmeras coisas


que eu não fazia... antes... e que agora eu fazia.

Ó... um dia ela chega lá em casa... e estou eu


sentado na frente televisão assistindo futebol.

A Maíra... ela olhou para mim e disse..."Pai... tu assiste


futebol?... Nunca te vi assistir futebol"... porque eu não...

eu achava a maior perda de tempo...

eu só via futebol meio forçadamente...

a cada quatro anos, por nacionalismo, quando o Brasil


jogava... daí tá bom aí eu assistia futebol...

mas não era algo que eu gostasse de fazer...


juntavam as pessoas... todo mundo berrando...

e eu gosto... hoje eu assisti o jogo... assisti o jogo do Grêmio


contra o Flamengo... não sou gremista.. sou colorado...

mas não fico tirando flauta dos gremistas.

Gosto de ver futebol.

Faço comidas... faço comidas que...

e ficam boas... sou bom cozinheiro... e eu não era cozinheiro.

Outra coisa... escrevia desesperadamente... não escrevo mais...

era professor de Literatura...

doutorado...

eu tava com dez... nove... uma pós-doutoranda e oito


doutorandos na universidade... mestrandos e doutorandos...

quando eu larguei tudo para só me dedicar à Kabbalah.

Larguei uma carreira acadêmica em ascensão...

Muito legal ser professor mas não faz mais


sentido para mim ficar ensinando literatura...

se eu posso ensinar segredos


maravilhosos sobre a vida.

Hoje eu tenho uma empresa de cursos...


eu tenho 12 grupos de Kabbalah...

Eu tenho um grupo com 300 pessoas que se reúne nas


quartas... em dois grupos porque ficou muito grande...

nas quartas e nas quintas...

passo o tempo inteiro estudando Kabbalah...


ensinando Kabbalah...

não tenho mais interesse em nenhuma


outra coisa a não ser Kabbalah.

Meus alunos e meus colegas na universidade


comentam entre si que eu fiquei louco.

E eu poderia dizer como Shakespeare: "Sim... eu fiquei


louco... quanta loucura... mas que método."

Que método.. interessante...


Isso é uma fala do Hamlet... quando Hamlet
enlouquece... porque viu o pai, lembra...

aliás... é uma história interessante... Hamlet...


é Hamlet... ou é Rei Lear...

não... qual é que é o que... agora me confundi... eu já não


sou professor de literatura... até isso eu não sei mais.

Mas enfim... numa peça do Shakespeare o filho encontra o


pai... o pai vem contar pro filho que quem matou ele foi o tio...

traindo com a mãe...

e aí o personagem que acho que é o ... não... é o... Otelo... não...


Otelo também não é... é Hamlet...

Sim... to be or not to be... that's the question...

e ele... tem um momento em que seus


amigos dizem que ele tá louco...

"Ah... fulano está completamente louco"...


e ele diz... "Sim... louco... mas que método."

Durante a EQM ou mesmo numa lembrança dela você


percebia a existência de um tipo de organização nela?

Não entendi tua pergunta.

Por exemplo você tem caos e você tem cosmos...


que são... cosmos quer dizer ordem, né...

Isso... aqui tem uma coisa interessante


que tu tá falando... e tu é físico...

Essa é a consciência dualística.

Organizado ou não?

Não tem caos.

Qualificado ou não?

Não vou comentar... ó... essa é a consciência


dualística... como assim, caos e ordem?

Porque... o signficado de cosmos...

Essa é a dicotomia grega do Platão


e de Aristóteles, pré-socráticos...

aí isso é interessante, ó...


Zenão de Eleia, Tales de Mileto, Anaxágoras, Anaximandro,
Sócrates, Platão e Aristóteles... só para citar sete...

foram cabalistas...

estudaram Kabbalah na Mesopotâmia...

lá na região de Ur na Caldeia...

Voltaram para a Grécia e traduziram a palavra


Chochmá, que é o nome original da Kaballah...

Chochmá Nistará... sabedoria secreta...

então transformaram Chochmá em Sophiá.

Sophiá... Sophein... Sophós.

Eu sou um Zôon Tekon Praktera... em grego...

Eu vou precisar muito da sua ajuda para


escrever todos esses nomes.

Quando... você sentia... por exemplo... você foi


para um lugar... tinha uma pessoa te recebendo...

- Um amigo...
- Um amigo...

que era espírita... que era cabalista... que eu fiquei sabendo...


não, que ele era maçom e espírita eu sabia...

mas que ele lidava... porque aqui ó...

ser cabalista significa, num certo sentido


manipular as letras...

e aqui vem um grande segredo da criação.

A Torah... que é a Bíblia... a primeira...


a Torah são os cinco livros de Moisés.

A primeira frase da Bíblia em hebraico diz assim...


Bereshit Bará Elohim ET HaShamayin Veet HaEretz.

Aqui tem um problema... o rei James... King James... a famosa tradução da


Bíblia do James.

Ele faz... ele é o primeiro a errar a tradução...

aquela tradução está cheia de erros... cheia de erros.

Então... toda a cristandade está construída


em cima de erros de tradução.
Jesus Cristo era cabalista... era um judeu cabalista...
seus discípulos eram cabalistas...

e que depois virou...

o cristianismo paulino é diferente do cristianismo de Jesus.

Jesus não era Cristão.

É que nem o Freud... Freud não era freudiano


e o Marx não era marxista.

Então voltando aqui à questão do... eu agora me...

Da organização...

da organização.

No seu relato está presente uma organização... alguém


estava te esperando... quer dizer... isso me faz...

pensar que existe uma grande organização


na qual nós estamos imersos.

Antes eu quis falar disso... essa experiência...


essa imersão nessa Luz...

que emana do Criador...

que se chama Ayin Sof Ohr... Luz sem fim...

na Kabbalah se chama Ayin Sof Ohr... a Luz sem fim...

então... dentro dessa luz sem fim nós estamos


com consciência como identidade...

mas nós somos aquilo.

Agora... eu só consigo ter identidade


dentro da consciência dualística...

então... imagina... pensa... vê... o que que eu quero dizer...

esta situação que eu vivi é uma ilusão


da minha consciência dualística.

Porque é a única forma que eu, como ser, tenho


de expressar isso depois na narrativa...

então aqui tá o nível...

ó... eu entrei nessa consciência universal


num nível muito rebaixado de consciência.
Num nível de consciência dualística qualificada...

onde ainda existe Sampaio...

Charles, passarinho...

mas se tu vai subindo nos degraus...


isso vai sumindo completamente.

- E vai virando uma coisa única?


- Vai virando uma coisa una.

E esta coisa una, segundo a Kabbalah...


é o que nós chamamos de Deus.

E que nós não chamamos de Deus na Kabbalah...


nós chamamos de Ayin... Nada... Não...

[- E mesmo subindo...]

O Nada... atenção... esse Ayin não é que não exista...


o Nada não é que não exista...

é que nós não somos capazes de definir


a partir da consciência dualística.

Então não venham dizer que "Ah... Deus... Zeus"...


isso é tudo ilusão da consciência dualística...

isso não tem nada a ver com a consciência unificada.

E mesmo nessa consciência unificada ainda existiriam as identidades?

Não.

Um traço de duplicidade ou de não qualificado... de dualística...


precisa ter para que eu pudesse recordar e te contar.

Quer dizer...

a experiência de imersão nessa consciência ela é...

então... outra coisa que eu acho que não falei...

a gente nesse espaço, a gente enquanto identidade, se sente


muito mas poderosamente atraído para essa unificação...

Então essa força de resistência... de ainda ter


identidade... é que te dá a consciência dualística.

Mas qual seria a meta?

Uma vez que nós teoricamente viemos dessa consciência


unificada a meta é voltar para ela ou é diferente?

Tua questão é boa.

É que aí entra... bom... aí... aí nós entramos no campo do que


a gente na Kabbalah entende sobre o que que aconteceu ali.

A nossa explicação é assim... ó...

Esta consciência absoluta existia simples, equilibradamente,


e preenchia tudo o que nós hoje chamamos de realidade.

Tô pensando... tô falando antes do Big Bang.

Então essa consciência toma conta de tudo...

Mas, não se sabe por que, num determinado momento essa


consciência resolveu dar espaço para algo diferente dela.

que é a criatura...então o Criador toma conta de tudo...

e num determinado momento o Criador faz o que nós


chamamos de Tzimtzum... contração...

ele se contrai num espaço... ele sai de um espaço


infinitamente pequeno... supermassivo... que explode...

Isso está descrito na Kabbalah há milhares de anos.

O Big Bang é de depois que aqueles


cientistas lá... os caras perceberam a...

os raios de onda...

onda... como é... o ruído de fundo.

Ó... esse Tzimtzum Aleph... essa primeira


restrição... dá origem ao Big Bang.

E o Big Bang é o começo...

segundo a kabbalah... o Big Bang... O Tzimtzum Aleph


é o começo da consciência dualística.

Ou seja, a partir dali nós já não temos mais


só Luz... nós temos Luz e ausência de Luz.

Não temos escuridão... temos ausência de Luz.

Isso nos leva para onde...

para uma... para a qualificação?

Isso... todos nós... todos os seres humanos


chegarão na consciência unificada...

alguns mais rápido e outros mais lentamente...

e aí na Kabbalah nós dizemos que têm dois caminhos...


o caminho do sofrimento... e o caminho da Luz...

então... a correção... a correção de alma...


que nós fazemos... os cabalistas fazem...

é de equalizar a minha Luz com a Luz geral.

E para isso nós temos exercícios.

Mas eu quero voltar lá para a tradução do rei James... olha só...

Berechit Bará Elohym ET.

Ali tem uma partícula... esse ET... poderia ser "e"...

Mas aí tem um problema de tradução... No princípio Deus...


Deuses... Elohym... no princípio Deus criou "e".

Só que não é esse sentido.. é o sentido de "alfabeto"...

Aleph-Tav.

Então a tradução boa seria... "No princípio Deus criou 22 letras"...

os 20 tijolinhos de construção do universo...

e com essas 22 letras criou tudo... os céus... a terra... etc...

Então esse Remmez... essa alegoria...

porque a Bíblia é alegórica... é literatura... a Bíblia


é um romance...um maravilhoso romance...

é uma narrativa... alegórica...

Então... essa alegoria está descrevendo...

os receptáculos de Luz... que vão ser... então...

tu és um receptáculo de Luz... eu também


sou um receptáculo de Luz...

esta consciência unificada está dentro de ti.

Só que tu tem dois centros de consciência...


tu tem uma consciência...

mental... na mente... que não é a consciência, não é a alma...


e tu tens uma outra consciência.

Isso também tá referido no Beit Reshit... nos dois.

Então tem dois Carlos...

Na Kabbalah nós dizemos assim... que no 40º dia de


gestação da mãe... entra no feto... entram de fora no feto...

duas almas... vamos chamar de almas...


na verdade são duas Nefashot.

Entram a Nefesh Elokit e a Nefesh Behamit.

A Nefesh Elokit é essa partícula de Luz... de consciência...


que quer voltar para a unidade.

E a outra é a que impede.

A outra é responsável pelas Klipot... pelas


cascas de existência corporificadas.

Que que é uma Klipot?

É uma casca de existência corporificada.

Porque pela alma...

ela não ficaria aqui.

É isso que me dá saudade... a minha alma


gostaria de estar de volta na Luz...

Mas não gostaria de perder a identidade...

e não... mas não perde a identidade


no começo... depois... subindo... vai perder...

Mas essa noção de identidade que nós temos é uma noção...

porque... vê... ter a noção de identidade na multiplicidade


é muito interessante... porque... vê...

tu podes... tu podes ser um abacate...

como tu podes ser... um cachorro... um cientista...

Então deixa eu ver se entendi...

Quando se subir a esse nível... não é que eu perderia a


minha identidade... ao mesmo tempo eu seria tudo.

Isso ... simultaneamente...


É como se na verdade eu multiplicasse
a minha Identidade por tudo.

Nós e tudo... nós temos a mesma característica do Criador...

vamos chamar de Criador... para não falar Deus...


ou essa consciência universal.

A Kabbalah... nós somos pananteístas...

Um panteísta acredita que Deus é a natureza.

Um ateísta acredita que não tem nada.

E um pananteísta acredita que Deus é e não é, simultaneamente...


Deus é a natureza e não é a natureza.

Como nós... nós somos uma consciência unificada...

mas também somos uma consciência polarizada... uma


consciência partida... uma consciência dualística.

Então dá para entender que o objetivo do homem seria atingir...

manter essa separação, porém com a compreensão da unidade?

Sim, e mais uma questão, olha só...

segundo a Kabbalah, a gente comeu o pão da vergonha...


nós chamamos o pão da vergonha...

porque vê... vamos voltar lá... eu digo


para vocês... morram... morram...

não tirem suas vidas... morram...


e voltem... e voltem para contar...

porque é muito interessante... é maravilhosamente


interessante...

essa experiência fora do teu corpo.

Agora uma coisa que eu não ia te dizer também vou te dizer...

nós cabalistas através dos exercícios


nós saímos... do corpo... nós viajamos...

eu conheço cavernas maravilhosas em Marte.

- Em Marte?
- Marte.

A gente pode ir para qualquer ponto


do universo com essa consciência.
Nós saímos do corpo durante exercícios.

Isso se chama na Kabbalah atravessar a Mashchom...


atravessar a barreira...

a barreira que separa a consciência unificada


da consciência dualística.

Então você...

E é isso que eu ensino para os meus alunos... como a


gente sai... como a gente vai passear fora do corpo.

E você define isso como sendo dimensões... de uma forma...


que é até difícil... é como mudando de canal...

10 dimensões... 10...

- Mas essas dimensões...


- Estamos na dimensão de Malchut.

Mas são dimensões que... assim... você vai subindo de uma para outra como
quem muda de frequência...

ou são canais totalmente diferentes?

Não... não são diferentes.. é um todo


integrado em 10 dimensões...

A primeira dimensão... assim ó... para entender...

a dimensão a que está mais próxima do Ayin... do Nada...

Então... eu vou te dar a estrutura inteira do universo como nós


entendemos...

E tu como eu físico vai te divertir bastante... aliás, Michio Kaku... que


é um grande físico que nem tu...

é um estudante profundo de Kabbalah.

Entre na internet e [procure] Michio Kaku...


um japonês-americano...

que estuda Kabbalah e que é um cientista extraordinário.

Ó... a dimensão de Keter... então... a primeira dimensão... não


vamos chamar de... porque essa não tem dimensão... ó...

o adimensional... unificado... nós na Kabbalah... nós não


falamos disso... nós não falamos...

a gente não fica falando de Deus.


Não tem como falar de Deus.

As pessoas chegam para mim


e dizem assim... "Ah eu não acredito em Deus"...

aí o que que eu digo... "Nesse Deus que tu não acredita


eu também não acredito".

Eu também não acredito no Deus do padre...


do rabino... do pastor... do mulã...

do líder religioso... não acredito nesse Deus.

Nesse Deus eu não acredito.

Continue falando da estrutura.

Então a estrutura... então... temos


essa dimensão chamada Ayin...

que dá para traduzir por Não.

Aleph Yud Nun... Ayin

Não.

E se tu inverter a palavra... a gemátria


é muito importante na Kabbalah...

as letras são muito importantes... e a numerologia...

Se inverter a palavra Ayin... dá ... Ani... eu.

Ele, o Criador... inverte... eu...

Ayin... Ani...

Tá... então essa dimensão do Ayin... não falamos sobre isso.

Dali emana... emana... vamos chamar assim... não


temos palavra... mas emana algo...

e esse algo é Luz... mas não é esta luz...


não é luz no sentido da física.

É Ohr.

É Shefa... é alegria, é felicidade,


é abundância, é amor, é compaixão...

Deus é uma força doadora.

Ó... a gente sai na rua, o justo e o injusto, todo mundo tá


feliz.. ele ganha, ele... tem punição nenhuma...

as plantas... brotam sozinhas... a natureza...

podemos chamar isso de natureza, tá...

então esse Ayin emana algo que se chama... tecnicamente


em português... uma péssima tradução... Luz...

Platão chamou isso... Platão cabalista... chamou


isso de Phytourgós... em grego.

E o Aristóteles chamou isso de Energuéia.

Phytourgós... olha só... Phytourgós em grego significa


"Aquilo que não pode deixar de ser"... isso é Deus.

Também dá para traduzir diferentemente...


"Aquilo que faz o que é vir a ser"...

cara... mas que paradoxo... aquilo...


que faz... o que é... vir a ser...

e que a Torah... a Bíblia... quando Deus conversa com a


sarça ardente... lembra... a historinha... na historinha?

Ali releva o nível da consciência do Moisés.

Não está descrevendo o encontro de Moisés com


Deus.

Não tem como encontrar Deus.

Está descrevendo o nível de consciência do Moisés...

que é o nível de Eyeh Asher Eyeh...

Sabe qual é a tradução?


"Eu sou o que sou".

Mas também é... "Eu fui o que eu fui... eu sou o que eu serei...
eu serei o que eu tenho sido... eu tenho sido aquilo que eu fui...

Ou seja todos os tempos verbais


numa única equação... Eyeh Asher Eyeh...

É o nível de consciência do Moisés...

que é o nível da consciência de Keter...

então nessa dimensão... então... Ayin..


Ayin Sof... Ayin Sof Ohr... Kav...

Kav é o vácuo... é a linha por onde essa energia desce aos mundos...
então temos a primeira dimensão... Keter...

depois... à direita... então a gente faz uma árvore da vida...

Keter... Chochmá... Binah... Chessed... Guevurá...


Tiferet... Netzach... Hod... Yessod... e Malchut.

Onde nós estamos? Na décima dimensão.

Então... tecnicamente... já que tu é da física... qual


a diferença entre uma dimensão e a outra?

Aqui a vibração é muito, muito rebaixada.

- Mas é uma coisa contínua?


- Contínua... contínua.

- Da primeira até a última?


- Da primeira até o Criador.

Cada vez mais... mais vibracional...

- Mas dá pra gente falar...


- menos material... mais...

Lá... completamente virtual...

hoje com o computador a gente consegue...

a gente consegue pensar um pouco melhor sobre isso...

pensa bem... tu me manda um e-mail...

mas tu pode mandar um e-mail


para mim e para outra pessoa...

tu pode mandar para um milhão de pessoas.

Como é que o teu computador espelha


aquele negócio e manda para todo mundo?

Vê como o computador tá mostrando... o computador


tem duas consciências... tem a consciência RAM...

e a consciência base...

e uma acoplada na outra.

então o computador tem alma também... nesse sentido espiritual o


computador tem alma.

O hardware é o corpo... e o software é a alma.


Nós também... tem um hardware...

Mas... nesse sistema... nessa organização...

- das dez dimensões como você fala...


- das Sefirot... se chamam Sefirot...

dá para gente imaginar que isso é o desenvolvimento


de uma intenção... de um plano...

Sim, de uma vontade.

Então dá para a gente imaginar que essa organização...

obedece a um plano?

Sim...

encher as criaturas de prazer.

Nós definimos Kabbalah como a revelação do


Criador... do amor do Criador... do prazer do Criador...

a todas as suas criaturas neste universo... neste mundo.

Então... essa noção... essa noção de que... de


bem e mal... para nós não faz o menor sentido.

Uma coisa que me chama muito a atenção...


é a importância do livre-arbítrio...

Sim....

em praticamente todos os relatos...

- Você poderia falar alguma coisa sobre isso?


- Posso.

E quero falar cabalisticamente sobre o livre-arbítrio.

Vê... o livre-arbítrio é consequência da extraordinária


absoluta bondade do Criador...

da luz do Criador.

O livre arbítrio só é possível por conta do Tzimtzum... da restrição.

Deus se afasta da sua criação... para que a sua


criatura possa não acreditar n'Ele...

porque se Ele estivesse na criação... se a luz... como nós


falamos na Kabbalah ...se a Luz estivesse revelada...

tu não terias o menor livre-arbítrio.


Tu não conseguirias fazer nada... aspas... errado.

Tu só... tu seria um boneco... um robozinho da Luz.

Tudo que a luz emana... tudo que a con... vamos


chamar também de consciência universal...

tudo que a consciência universal determinasse,


tu era obrigado a cumprir... tu não tinha opção.

Quem elaborou melhor... em profundidade... é o... talvez o


maior cabalista de todos os tempos... Isaac Lúria...

viveu na cidade de Safed no ano


de... ele morreu em 1572...

e ele elabora muito bem essa questão do Tzimtzum.

A ideia não é dele, já está no Sefer HaZohar,


que é o Livro do Esplendor...

que foi escrito em 163 depois da era cristã...

por Shimon Bar Yochai e seus alunos, que


é o maior livro da Kabbalah que nós temos...

depois da Torah... a Torah é o principal livro da


Kabbalah e o Zohar é o segundo grande livro.

e o Isaac Lúria elabora a noção de TzimTzum... a partir do Zohar...

do afastamento do Criador... da Luz do Criador


do mundo... para que a criatura fosse criatura...

porque ela precisa ter livre arbítrio...

e o Criador, como um pai, eu vejo assim... a gente... que tu é pai, eu


sou pai...

um dia desses a minha filha chegou... ela ia numa festa... alguma coisa
meio pesada... lá...

e eu não tava afim... eu não gostaria que ela fosse.

Como pai e responsável, inclusive material,


do ponto de vista do físico, do corpo...

segunda a constituição eu sou proprietário


do corpo da filha até ela ficar adulta...

eu podia dizer para ela... "Não, você não vai"...

e trancar o pé.
Não fiz isso porque eu não faço isso.

E uns dois dias depois ela sentou no sofá, olhou para mim, eu
olhei para ela e disse... "E aí a festa como é que foi?"...

"Pai... eu desisti de ir na festa"... eu fiquei tão feliz

Porque ela exerceu o livre-arbítrio.

Então, vê... essa consciência... ela deseja


que a gente tenha livre-arbítrio...

porque o prazer de quem atua no livre-arbítrio e de quem...


Deus... vamos chamar de Deus... Ele fica agradado...

então Deus gosta dos ateus... o ateu


está cumprindo o seu livre arbítrio...

ele não quer acreditar.

Eu era... o meu livre-arbítrio...

meu livre-arbítrio me dizia... "Morre, fedeu"...


como dizia meu avô.

Quando eu morri... e não fedi...

porque voltei...

eu descobri que... cara... é tão bom lá no outro lado...

e essa consciência absoluta...

e agora eu tô de volta num corpo que tem livre arbítrio de negar isso.

Uma coisa muito interessante que você me falou


e que eu não tinha escutado até então...

é que quando você esteve lá você foi inundado por um


conhecimento que inclusive incluía formulas matemáticas...

Sim... sim... eu entendi aquele matemático indiano...

que com 14, 15 anos começou a receber de


uma deusa hindu, lembra... uma história...

Tem um filme sobre isso.

um filme...

cara... aquelas formulas todas passavam


pela minha cabeça enquanto eu...
eu sempre descrevo para os meus
alunos em sala de aula que...

a sensação que eu tive é que eu era...


como é o nome do filme...

uma mulher que... o nome do filme é o nome dela...

Qual é a história dela?

Aquela que botam uma droga... estoura um negócio nela...


e aí ela começa a ter uma consciência absoluta...

e no fim ela vira uma geleca escura...

ela vira massa negra no final.

Lucy... o nome do filme... Lucy...

A sensação que tu tem é [que tu é] Lucy.

Eu me lembro... no filme a Lucy... ela liga para a mãe


dela no meio do processo de consciência...

porque ela está... na hiper-consciência...

e ela liga para a mãe... ela diz uma


frase muito bonita... ela diz assim...

"Mãe, eu tô sentindo agora na minha boca o teu seio..."

"quando eu mamei pela primeira vez."

Isso é lindo.

Então... é essa...

lá...

tu sente isso.

E é um sentimento sem emoção... é difícil entender isso.

Um cientista... ele normalmente... um físico, por exemplo, ele


normalmente fica...

muito encantado com a forma como parece


que o universo gosta de números...

as fórmulas são inacreditavelmente simples...

e lindas, né...

e lindas... e...
e a gente percebe que vários ensinamentos no mundo
têm uma relação muito forte com os números...

Por quê?

Porque as letras são números.

Aleph... a letra Aleph é 1...

a letra Shin é 300...

a letra Tav é 400...

a letra Beit é 2...

Aliás você falou sobre a história da letra B.

Inevitável que eu pense que Brasil começa com B.

Tu sabia que Brasil vem do hebraico Berzêl?

Que significa..?

Vermelho.

Que significa?

Madeira vermelha.

Ah... não tem um significado...

- Cabalístico?
- Cabalístico.

O que tem... o Brasil é um país interessante...

até hoje escrevi o prefácio de um livro maravilhoso


de um rabino cabalista do Canadá...

se chama... é uma tradução que ele fez para o português...

"Dez emanações luminosas"... Ten Esser Sefirot... que é um


livro de um grande cabalista chamado Baal Ha Sulam...

e lá no prefácio que eu apresento eu falo que não tem lugar


no mundo onde a Kabbalah tem mais futuro, melhor futuro...

porque aqui estão reencarnadas as almas que viveram e


que foram perseguidos pela Santa Inquisição 500 anos atrás.

Então, aqui... o Brasil... é um celeiro para se


estudar hebraico, aramaico, Kabbalah... etc.
Isso é interessante porque, por outro lado, também parece
que todas as religiões do planeta têm... um...

- Fascinação pelo Brasil.


- carinho... uma fascinação pelo Brasil muito grande...

e isso parece estar vinculado inclusive


ao momento que estamos vivendo...

que pelo livro do Apocalipse se fala numa época


que reconhecemos como sendo agora...

a Kabbalah fala alguma coisa sobre isso?

Fala muito, mas aí... aí vem uma questão


bem interessante, cabalisticamente.

Isso que tu acabou de falar faz parte do nível 1 que é o Pshat.

A Kabbalah é composta de 4 níveis... Pshat, Remmez, Dresh e Sod.

Pshat... histórico literal,

Remmez... alegórico, simbólico,

Dresh... hermenêutico, filosófico

e o Sod... secreto... o segredo.

A Kabbalah trata do Sod...a

a religião trata do Pshat.

Tu citaste um livro que é um livro cabalístico... e que não tem


nada... aquelas coisas todas lá tudo... é tudo alegoria...

somente alegorias.

Então se tu vai fazer a leitura no nível Pshat...


no nível da religião...

aí é complicado.

Que tipo de informação você pode nos dar então sobre isso?

Eu vou te dar... só uma assim para não avançar muito nisso...

as sete igrejas da Ásia menor que aparecem... são


citadas sete igrejas no Apocalipse na verdade referem-se a Chessed,

Guevurá, Tiferet, Netzach, Hod, Yessod e Malchut.

São as sete luzes abaixo da Parsá.


Isso é o Sod lá do livro do Apocalipse.

Um grande cabalista, sabe quem foi? Isaac Newton.

escreveu 400 livros de Kabbalah...

e 5, 6 livros de física.

Agora já saiu nos Estados Unidos


o primeiro volume... o primeiro livro...

eles vão... a Universidade de Berkeley tá começando


a publicar... porque eles tem os originais...

só que ele era um cabalista cristão... eu não... eu não... eu não...


eu...

não dá para dizer que eu sou um cabalista judaico... porque


eu não sou judeu... nem de nascimento nem nada...

mas eu trabalho com a Kabbalah Judaica e não com a


Kabbalah cristã e não com a Kabbalah muçulmana.

A Kabbalah muçulmana se chama sufismo...

a Kabbalah cristã é essa Kabbalah que está dentro da igreja


católica através da sociedade dos jesuítas...

e a Kabbalah que eu trabalho... ela tem a linha...

a Kabbalah que eu trabalho ela tem uma linha


bem histórica, bem interessante, que é...

Adam HaRishon, o primeiro cabalista... não o primeiro homem.

Caim matou Abel e o Caim casou-se com uma ruiva...


como assim, primeiro homem... peraí...

Adam HaRishon é o primeiro a receber a luz espiritual


completa ou seja uma alma completa... um NARANCHAY.

Então... Adam HaRishon...

Abraão...

Moisés...

Shimon Bar Yochai...

Isaac Lúria e Baal Ha Sulam... essa linha que eu sigo.

Fisicamente nós podemos dizer que


o mundo está numa situação crítica...
Prevista pelos cabalistas.

Como é que isso tudo é visto pela Kabbalah?

Olha eu como cabalista vejo isso como o final do processo


do nível civilizacional 0 a caminho do nível 1...

porque a medida de civilização depende do consumo de energia...

então nós estamos no finzinho do processo de consumo de fósseis...

o petróleo... e vamos passar para uma civilização


superior de nível 1...

uma civilização que vai usar Hélio 3 e outras substâncias no


universo como energia...

então eu não sou alarmista, não vejo isso como um problema,

não tem problema nenhum, nós só estamos passando...

todo parto doloroso...

nós estamos saindo de um nível de consciência...

porque é assim... na Kabbalah nós temos... não falei disso mas, ó...

o nível de consciência que a humanidade vive... enquanto humanidade...


lógico... eu não tô nesse esquema e talvez tu também não...

é receber para receber...

e nós estamos começando a passar para um


outro ponto que é receber para compartilhar...

e depois é compartilhar para compartilhar.

Então, nesse receber para receber o egoísmo


do ser humano se expandiu a limites incríveis...

então... por que que nós temos tanto CO2 na atmosfera?...


porque... poxa... não precisa ter tantos carros...

é excesso de consumo, é excesso de egoísmo.

E isso está curando... nós vamos curar isso


através de Kabbalah... Kabbalah prevê isso.

Conforme você falou pode ser um parto doloroso


mas daí nasce uma outra situação [civilizatória]...

Uma outra civilização... uma outra consciência...

O ser humano não vai mudar de formato... nada disso... mas...


e eu vejo isso, olha... nós dois temos quase a mesma idade...

cara... e no meu grupo de Kabbalah tem várias


pessoas que trabalham com co-living...

co-sharing...

Está chegando aí o salário universal.

Toda pessoa vai ter direito a um salário universal.

Logo, logo.

Já tem cidades na Europa...

em que estão sendo testados modelos... em que todo


cidadão ganha um cheque... salário universal.

As pessoas vão ter mais tempo para estudar...


então o que que nós vamos ter adiante...

uma robotização muito grande do mundo, da sociedade,


em que máquinas vão fazer o serviço...

e ao ser humano vai sobrar... arte...


estudar... arte... conhecimento...

Uma coisa que eu queria falar é o seguinte... graças principalmente aos


desfibriladores aumentou exponencialmente...

A experiência de EQM...

É... exatamente... porque se sabe que até Platão


descreve uma experiência de um soldado...

Sabe o que diz o Zohar... esse Livro do Esplendor?

Que na era de Maschiach... Maschiach aqui não é Messias...

Maschiach em hebraico significa pressão.

A era da pressão...

da pressão para a correção...

para a Tikun Haolam... correção do mundo...

então... o mundo... o universo...

então... que nessa era em que nós estamos vivendo, a


ciência iria cada vez mais provar a existência do Criador.

Isso está no texto...


há... 163 D.C.

dois mil anos atrás...

e era um cabalista... um grande cabalista...


Shimon Bar Yochai.

E é interessante que as EQM estão sendo a forma...

Então pensa bem, cara, há 30, 40 anos...

estaria sentado na minha frente aqui para conversar comigo


sobre isso um crente e não um cientista que nem tu...

e no mundo inteiro cientistas estão começando a


desconfiar... "Pera aí... tem alguma coisa errada"...

porque... ó... o argumento da não existência de Deus


é o mesmo da existência de Deus... nove vezes fora zero.

Se eu sou ateu e tu é crente, eu não vou te convencer do meu ateísmo...

e tu como crente não vai me convencer do teu... crentismo.

Qualquer físico sabe que... achar que o universo


existe por si só, como uma coincidência,

é tão difícil de acreditar quanto acreditar na existência de Deus...

É a mesma coisa... não faz nenhuma diferença...

é soma zero... é soma zero.

Ciência.... ó... um cientista russo recentemente descobriu


que aquelas... eu não sei como é o nome científico...

mas aquelas pontes que ligam a dupla hélice...

- Do DNA?
- do DNA,

entre cada ponte... a cada volta ali têm quatro pontes...

e eles mediram as pontes...

essas pontes correspondem às letras hebraicas


Yud Hey Vav Hey... que é o sagrado nome de Deus.

Havayá... Yud Hey Vav Hey.

Como é que é feita essa relação?

Porque as letras hebraicas são números.


Yud vale 10... Hey vale 5... Vav vale 6... e Hey vale 5.

E ele viu a relação com esses números?

A distância... tem 10... vamos supor que fossem micra... que é uma medida
pequena...

10 micra... 5 micra... 6 micra... 5 micra...

reproduzindo em cada segmento as letras Yud... Hey... Vav... Hey...

entra na internet que tu vai achar.

Tem estudos científicos muito interessantes.

Então, uma outra coisa... se fala muito do Tesla...

Nikola Tesla.

eu conheço um compositor muito conhecido brasileiro do século 20...

que ele compunha dormindo...

ele acordava... ele ía dormir com uma pauta em branco


[na mesa de cabeceira]... isso me foi contado pela esposa dele...

e de manhã... isso aconteceu duas vezes... de manhã ela estava escrita.

Eu não chego a isso, mas quando eu escrevia...


a maior parte dos meus livros eu escrevi dormindo...

e ao acordar eu lembro... então eu tenho um


romance... que me foi dado... num sonho...

pelo José Saramago no Chile... numa ruazinha...

eu estava... no sonho... eu estava num bar...

e de repente eu olhei... eu tava lá num bar que eu tinha


frequentado... que eu frequentei muitos anos atrás...

lá no alto das casinhas... ali perto do porto....


em Valparaíso... na cidade de Valparaíso...

e aí eu olhei e pensei... "Ué... o Saramago está aí..."

aí eu fui lá conversar com ele... porque eu conheço ele...


eu conhecia ele... ele veio a Porto Alegre duas vezes...

e aí eu cheguei nele... no sonho... tô contando no sonho...

e aí...
não, desculpa eu não cheguei nele ali naquele momento.. daí eu vi que ele
levantou... e ele parecia meio bêbado...

ele tava cambaleando e saiu...

e eu pensei... "Ele vai cair... desse jeito..."

eu achei que ele tinha bebido... "Ele vai cair"... pensei... "Ele vai
cair"...

"Vou atrás dele... vou proteger ele... "

Saí atrás dele, ele foi caminhando para uma ruela... aquelas
ruelas... que nem aqui o bairro... de vocês aqui...

em Valparaíso... é encarapitada, né...

E aí ele meio que caiu assim... não chegou a cair mas ele sentou
no cordão do calçamento... daí eu cheguei no lado dele...

e daí começamos a conversar... ele me reconheceu...

e daí ele abriu uma pasta e me entregou um romance.

Tem nome... tem personagem... tem tudo... eu sento e


escrevo inteirinho o livro que ele me deu no sonho.

Você fez isso?

Não fiz, esse é um livro inédito.

Você vai fazer?

Não vou... acho que não...

porque nesse processo da EQM...

essa minha carreira... de ficar com essa neura


de escrever... acabou, eu não tenho mais.

Eu não tenho mais desejo de escrever.

Então...

e também não tenho o desejo de ensinar a escrever.

Eu fui professor de escrita criativa durante muitos


anos desde os anos 80 em Porto Alegre...

eu formei gerações de escritores.

Quando eu vejo o número de EQMs que estão acontecendo e


que nós estamos podendo através da tecnologia,
como YouTube, por exemplo, ter acesso, de uma
forma universal, facilitadora para as pessoas...

eu somo também... quando eu falei em Nicola Tesla... e isso


que você teve... ou esse compositor teve...

então a gente vê de uma forma muito clara que existe uma


conexão entre realidades distintas digamos assim...

e parece que isso está sendo a potencializado neste momento...

Voltamos ao que eu tinha dito antes... nós estamos...

por isso que eu não fico apavorado com o CO2,


quanto mais CO2 na atmosfera melhor...

nós estamos numa fase final da


passagem do nível 0 para o nível 1.

Existem civilizações muito mais avançadas


que a nossa... de nível 1, de nível 2, de nível 3...

talvez de nível 4...

Inclusive essa pessoa a quem eu me refiro...

Então, a pessoa pode estar recebendo de seres


dimensionais... sei lá... extra-dimensionais...

não vejo problema nisso.

Então...

Não é muita arrogância nossa achar que o Criador absoluto

criou só a gente aqui num insignificante


grão de areia no universo...

e deu consciência ... e deu tudo para gente aqui...


e para os outros nada?

Nós dizemos na Kabbalah que a Torah vem do futuro.

Os 5 livros da Bíblia iniciais... Gênesis, Êxodo,


Deuteronômio... vêm do futuro.

- Então, o que que é o futuro?


- O Monte Sinai vem do futuro para cá.

A Kabbalah vem do futuro.

Do futuro desta consciência... então só para te descrever o


que que acontece conosco do ponto de vista cabalístico.
Nós estávamos na Consciência com C maiúsculo...

e fomos cortados...

cortados da Consciência pelo Tzimtzum.

Aí nós temos um período... de tempo e espaço e


movimento... fora desta Consciência...

e a terceira fase é o retorno a esta Consciência...

então todos esses eventos... Torah... informações científicas...

elas vêm daquela Consciência reintegrada lá


na consciência geral... que manda de lá para cá...

ou seja, manda para um nível de consciência


chamado espaço tempo...

porque esse é o problema...

então aqui... uma coisa que nós não conversamos antes...

para nós... e a gente tem acesso a isso...


existem seres espirituais...

tu não é um ser espiritual... eu não sou um ser espiritual...


eu sou um ser um material... mas existem seres espirituais...

Mas você quando estava onde você estava...

encontrei um ser espiritual.

Mas você estava em uma forma espiritual lá.

E ele também... e ele também...

A consciência vestida numa forma.

Eu acho que a gente tem que trabalhar mais... talvez na


ciência e também na kabbalah, até nas religiões...

a questão da forma.

A Torah... quando Elohim cria o ser...


vamos entrar um pouco... e ver...

isso não... eu não tô falando de religião judaica,


católica, evangélica, não...

esqueçam... pensem... no livro Torah... na Bíblia como um


livro de ciência, também... ele é um livro de ciência.,,

especialmente os cinco primeiros livros.


então quando Elohim criou Adam...

Adam é Aleph Dalet Mem...

é Aleph... avir... sopro... mais Dam que é sangue, terra...

Adamá...

então isso que é o sopro... o Aleph foi soprado


na terra, no sangue e daí vem essa consciência...

então a gente pode pensar assim... a criação do


homem não é isso que as religiões querem...

porque daí tu fica assim... criacionista e evolucionista.

Para nós é evolucionista... nós já fomos amebas...

só que hoje nós somos uns amebas... mais


qualificadas... com mais consciência...

Então o que Deus injetou nestas amebas é consciência...

e essa consciência vem do futuro.

Tá? Então nós vemos a...

O que que significa... parece que vir do futuro


é uma figura de linguagem...

É que aí estamos falando uma coisa de espaço-tempo


que não existe no futuro e não existe no passado.

Essa noção de espaço-tempo em movimento é só do tempo presente.

Eu sei que a nossa conversa é


até um pouco complexa, mas é...

Tá ficando...

a gente fala de avistamentos... de ovnis... de


objetos voadores não identificados...

e pessoas que... durante uma experiência de quase-morte


vêem seres que chamam de espirituais...

eles têm forma... fora da terra... enxergam a Terra...

então as coisas se avizinham...

se aproximam de uma forma que eu tendo a pensar


que está tudo embaixo do mesmo guarda-chuva...
porque... veja só... por um lado... quando se fala de...

possível nave com extraterrestre que veio de


algum lugar... peraí... vamos levar em conta o seguinte...

aqui no planeta Terra nós estamos não só dentro de uma


gaiola no sentido de que nós precisamos de ar para respirar...

mas nós estamos dentro de uma gaiola de tempo...

Claro.

porque a distância está ligada ao tempo... então quando eu


vejo uma galáxia que está por exemplo a 10 milhões de anos-luz,

isso quer dizer que o que eu estou vendo


é o que aconteceu lá há 10 milhões de anos...

então, eu sou um presente rodeado de passado...

Claro...

e eu não tenho como saber como é que é o presente em outros lugares...

a não ser que eu tenha um acesso que não


seja restrito às leis do meu mundo material.

Então, não é muita arrogância da gente usar esses mesmos paradigmas


mesquinhos em relação ao Universo?

"Ah... nós somos únicos no Universo."... como assim?

Como assim?

A Torah... o Tanak... Tanak é o velho testamento.

a Torah... Netuvim... Ketuvim...

A Torah... os profetas e os escritos...

tem uma cena... em Josué... não me lembro se é segundo...


dois... que Josué, O Guerreiro, sucessor do Moisés,

pediu ajuda para seres extraterrestres numa batalha.

Eles desceram e ajudaram.

Então essa descrição de seres extra-dimensionais...

já tá em todos os textos.

os hindus têm as Vimana...

naves espaciais descritas nos textos... três, quatro mil anos atrás...
e além disso parece que existe hoje uma comunicação como
se tivesse um papel para eles reservado em relação a nós.

Então vamos voltar lá naquela minha afirmação que...

eu não me lembro o nome do cientista russo que fez essa


escala... o nome da escala é escala de... não sei...

que é a civilização zero, 1, 2 e 3...

então, a civilização zero se caracteriza


pelo consumo de energia fóssil...

a civilização de nível 1 ela utiliza a energia que vem do Sol...

para... nós já estamos fazendo isso... nós já


temos painéis celulares...

- Solares.
- Celulares não... solares , exato...

cara, nós já estamos começando a usar a energia contida


nas estrelas para subir para o nível 2...

então quando nós sairmos para fora da Terra


e começarmos a... colonizar as galáxias...

nós estaremos num outro nível


de consciência, de civilização...

Então... por que que nessa longa


história de 15... de 14, 15 bilhões de anos...

só nos últimos 400 mil anos, 500 mil anos


se desenvolveu uma civilização?

mas e se em algum ponto do universo... há um bilhão de anos atrás...

uma civilização começou... em que nível eles estão?

eles estão no nível de tele-transporte... no nível de


materialização e desmaterialização...

Por que que hoje você acha que durante a sua EQM
você foi instruído a divulgar a Kabbalah?

Quem divulgou a Kabbalah na Terra para a humanidade foi uma


figura espiritual que a gente chama de Arcanjo Raziel...

que desceu e ensinou a Adam HaRishon a Kabbalah.

E Adam HaRishon, o primeiro homem, esse que as pessoas


costumam chamar de Adão e Eva... o Adão...
escreveu 2 livros de Kabbalah.

Sefer HaShmot, o Livro dos Nomes e


Sefer HaRaziel, o Livro do Arcanjo Raziel.

Então, a Kabbalah vem do futuro...

a Kabbalah vem do futuro para a Terra...

para que nós façamos a passagem...

de seres dimensionais... unidimensionais...

para seres multi-dimensionais...

para que nós aprendamos como sair do nosso


corpo... como resolver nossos problemas...

então assim... por que que o Sampaio me sugeriu de


abrir um grupo de Kabbalah?

porque ele queria... ele lá no futuro...


no Olam Habá... no mundo futuro...

nós vivemos em Olam Hazeh...


o mundo atual... o mundo presente...

então... lá do mundo de Olam Habá...


ele queria que eu soubesse disso...

que a vida não é essa porcariazinha que nós imaginamos.

Então... por isso que ele me instruiu


a abrir um grupo de KABBALAH.

Para abrir o grupo de Kabbalah eu me interessei


por conhecer a Kabbalah e fui estudar...

e fui aluno de um grande mestre cabalista


Michael Laitman... lá em Israel... através da internet...

e hoje eu tenho meu próprio grupo,


meu grupo tem 300 pessoas...

Nem todos são cabalistas mas estão


a caminho de ser cabalistas...

porque cabalista é alguém que é parceiro da Luz.

Se tem algo errado nós podemos consertar.

Parceiro da Luz?
Da Luz... do Criador...

Se tem uma árvore que não dá frutos


nós podemos ajudar ela a dar frutos...

nós podemos nos movimentar no espaço e no tempo...

nós podemos fazer coisas que vocês


não têm ideia do que sejam possíveis...

então talvez por isso que o Sampaio tenha me instruído


e me dado como condição para voltar...

que eu abrisse um grupo de Kabbalah...

e eu queria dizer uma coisa...

depois da EQM eu não abri um grupo de Kabbalah...

eu passei... 2, 3 anos fugindo... fugindo do Criador...

"Não, não vou fazer, não vou fazer..."

"como assim... professor da universidade...


da Pontifícia Universidade Católica..."

"cara que se dizia ateu... agora de repente vai chegar na


frente dos seus alunos e dizer... pessoal mudei de ideia..."

"eu tive uma experiência de quase-morte e descobri


que a vida existe além da própria vida."

Eu não tinha coragem de abrir o grupo...

mas eu tinha sido professor de oficinas


literárias por muitos anos...

e eu tinha uma lista de espera e uma lista de


ex-alunos que ultrapassava duas mil pessoas...

e aí eu fiz um acordo com o futuro...

com a Luz do futuro...

com Deus...

vou chamar de Deus... mas a Luz do futuro...

eu disse... "Eu vou mandar um e-mail para 2000 pessoas..."

"dizendo que eu pretendo abrir um curso de uma


coisa que eles não sabem o que que é... etc..."

e botei um sinal no e-mail...


e fiz um acordo... que se 13 pessoas
responderem que sim, eu abro o grupo.

48 horas depois 13 pessoas tinham respondido.

Nem 14 nem 12.

Nem 14 nem 12... porque o Sefer Yetzirá, um dos maiores


livros de Kabbalah da história, escrito pelo Abraão...

pai de três religiões...

aliás uma coisa que eu não disse...


a Kabbalah gerou todas as religiões...

vou repetir... a Kabbalah gerou todas as religiões.

uma religião é a má compreensão da Kabbalah.

O religioso que se torna cabalista...

ele compreende que não existe diferença entre


judeu, cristão, muçulmano, budista, xintoísta, ateu...

então...

a religião é uma interpretação equivocada no sentido de só


pegar a parte do Pshat... só pegar a parte literal.

Existe muito mais coisa e a Kabbalah vai revelar isso para


nós... então por isso que eu abri um grupo de Kabbalah.

Quer dizer... você não falou se pelo menos


13 pessoas responderem... você falou...

- se exatamente 13...
- exatamente 13.

Eu achei que tu ia fazer uma outra pergunta e deixei sem


resposta para que tu como bom jornalista me perguntasse...

Por que 13?

Porque 13 são os atributos da misericórdia do Criador.

É... na verdade... era uma pergunta que eu deveria ter feito...


mas aí eu vou fazer uma outra pergunta...

o número 7 parece ter um significado muito especial...

porque... são 7 dias da semana... são... aah... o 7 está


presente em tantas coisas... ele tem algum...
- ... significado especial?
- absoluto.

Naquela estrutura chamada árvore da vida... nós


temos as três superiores, Keter, Chochmá e Binah...

e temos as 7 inferiores...

então... quando a Torah diz que em seis dias Deus


criou o mundo e no sétimo descansou...

Ele está falando de Chessed... Guevurá...


Tiferet... Netzach... Hod... Yessod... Malchut.

Não tem nada a ver com um dia de 24 horas.

De novo... a religião vê como dia...

e esta interpretação errada da religião


provoca um cisma entre ciência e religião.

A ciência prova que o ser humano tá aqui


há 400, 500 mil anos ou 1 milhão de anos...

parece que 3 bilhões né...

não, a Terra existe há 3 bilhões... e o ser humano


existe aqui há uns 400, 500 mil anos... muito tempo...

e aí vem a religião e diz que Deus fez o mundo


em seis dias e no sétimo descansou.

Aí fica uma situação embaraçosa


para um cientista... aceitar isso...

se as evidências factuais comprovam que não...

que tem muito mais tempo.

E é aí que vem a Kabbalah... a Kabbalah


é que existe há 5.780 anos.

Muitas pessoas durante uma EQM... elas comentam... de


repente assim... "Sobre isso eu não tive a permissão de falar"...

Eu também... eu disse antes que... do que eu posso falar


eu falo um terço... dois terços eu não posso falar.

Mesmo durante a EQM você percebeu isso?

Não... lá quando eu estava com o Sampaio?

Nas entrevistas isso aconteceu algumas vezes, não foi sempre...


Não, mas aqui entra uma outra coisa... tá... tudo bem...

tem gente... psicananalista inclusive vai dizer...


"Não... esse cara é louco"... tudo bem eu sou louco...

mas os meus guias espirituais...


os meus Iburim... os meus Partzufim...

eles às vezes me dizem isso...

então vou te contar... vamos voltar lá


na história do dia 24 fevereiro 2014...

dois anos antes do episódio durante


um exercício cabalístico...

durante uma travessia de Mashchom...


eu fui informado pelo meu Maguid...

ele chegou para mim me deu um


exercício... espiritual... cabalístico...

esses exercícios são Tzeruf... Yichud... permutações...


são matemática pura... pura matemática.

no sentido espiritual...

e ele me disse... "Olha... eu vou te ensinar


esse exercício e ele é só para ti..."

"tu não podes compartilhar isso


com nenhum outro ser humano".

E aí eu perguntei... "Tá, mas e quando que eu vou usar esse"...


[e ele disse] "Tu vais saber quando chegar a hora de usar."

Dois anos antes... dois anos depois, no dia 24 eu


estava no hospital...

e aí desceu a compreensão...
de que eu devia usar o exercício.

- Chegou o momento.
- Chegou o momento.

Eu já usei duas vezes.

Eu fui para casa... fiz um Mikvê... um Mikvê espiritual, não um


Mikvê físico porque numa banheira não tem água corrente...

mas produzi espiritualmente um Mikvê


espiritual e fiz o exercício.

Eu saí do... eu cheguei em casa com sangramento...


saí do exercício sem nenhuma gota de sangue.

e o meu médico inclusive me fez


uma pergunta... "Quem te operou?"

Tá?... Então, sim... tem coisas que nós não revelamos...

tem coisas que são para todos...

então a Kabbalah se divide em dois ramos...

não dois ramos... ela tem dois níveis de ensino... e de


recebimento também, porque Kabbalah é receber.

Se chama Segredos de Torah... que são para alguns... e Sabores de


Torah...

E ser segredo ou não depende da capacidade


de compreensão da pessoa?

Exatamente... o segredo não é porque eu escondo de ti...

o segredo é porque tu não tens vasos... não tem Kelim... se


chama Kelim... para receber aquela quantidade de Luz...

porque um excesso de Luz pode ferir, pode machucar.

então a pessoa precisa ter vasos adequados para receber.

Seria como, ó... o Kelim é como um copo...

tu tem abundância de água na tua torneira...

mas tu precisas de um copo de água.

Então tu vai lá com o copo e preenche de água e bebe...

mas tu tem água em abundância.

A luz é assim... tem em abundância...


mas tu tem que construir o teu copo.

Qual é a tua necessidade...

de Luz neste momento... de Ohr neste momento.

Esse é o segredo.

Voltando a falar sobre a questão do futuro... o conhecimento


vem do futuro... eu ouvi isso de você... ouvi de outra pessoa...

mas fica uma coisa de difícil compreensão...

parece aquela cobra que come o


próprio rabo, né... porque o futuro...

Vamos, vamos mudar, vamos mudar a expressão e


daí tu vai entender... como físico tu vai entender...

o conhecimento todo vem da eternidade...

- daí fica diferente.


- Fica.

A eternidade não tem espaço, tempo e movimento.

Sim.

Então quando eu digo que vem do futuro


não é do futuro cronológico,

vem da eternidade.

Vem do não tempo...

Vem do não tempo, vem da Consciência Absoluta...

despeja como um balde de água ou uma torneira... para cá.

Já está lá...

e recebemos aqui no espaço e tempo...

por isso... olha ... eu acho o Platão brilhante...

por isso que o Platão definiu Deus assim como eu vou repetir
agora... Phytourgós... "Aquele que faz o que é vir a ser".

Lá no conhecimento já está...

mas ele faz vir a ser o que é.

Aquilo que é nele... na consciência d'Ele...


desce para a minha consciência... que é aqui.

então... vê esse... quando eu afirmo "vem do futuro"


não é no sentido cronológico...

não é que tá vindo do ano 7.842... não... não...

tá vindo do não tempo, do não espaço, de uma consciência absoluta e vem


para dentro da dualidade.

Esse é o segredo da letra Beit.

Vem do Echad, que é 1, para o dividido.

Ó... primeira divisão... homem e mulher ...


quente e frio... alto e baixo.

Para nós, cabalistas, a realidade é uma


ilusão da nossa mente... dualística.

Isto aqui tudo é um mar de Luz... é um mar de energia...

e aqui o Criador vibra numa determinada frequência...

aqui numa outra frequência... aqui numa


outra frequência... aqui em outra frequência...

Levando tudo em conta, e foi muito tudo que você falou, foi
muita coisa importante para nós, muito obrigado...

mas eu pergunto qual o recado que você deixaria para todos nós...

nesse momento de vida ligeiramente complexo do planeta.

A primeira questão que eu gostaria de deixar de recado é que...

nós precisamos prestar atenção mais em nós mesmos...

nós não somos apenas seres humanos...

nós somos seres espirituais com poderes


extraordinários vestidos de carne.

A única questão é que nós não sabemos como


utilizar esses poderes que nós temos...

então lembrar... já que falamos bastante da Torah... quando


Elohim fez o ser humano ele disse que... aqui é alegoria...

"Façamos Adam... o homem... à nossa imagem e


semelhança"... veja que é no plural...

Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.

então eu pergunto para esse homem e essa mulher... porque


Adam é homem e mulher... é a raça humana...

eu pergunto para esse Adam...

Se você é feito à semelhança, à imagem e semelhança


do Criador, por que que você fica triste?

Por que você sofre de depressão?

Por que que você reclama do emprego?

Por que você reclama do frio e do calor?

Por que que você vive uma vida miserável?


Por que que você não vive como o ser que você realmente é?

Você não pode mudar a realidade muitas vezes, mas você


pode mudar a forma como você percebe a realidade..

Essa é a minha mensagem.

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