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Ah, então você é um de nós...

Que alívio, eu quase achei que tinha quebrado a


Máscara. Ahn? Quem sou eu? Bom, meu nome é John Malkovich, muito prazer. Eu acabei
de chegar em Los Angeles, ainda não deu tempo nem de arrumar as coisas lá em casa.
Minha história? Eu não sei se devo contar, eu estou com muita pressa, sabe? Bom, se
você insiste tanto.

Eu nasci e cresci numa pequena cidade de Kansas, lá era tão pequeno que o
hospital mais perto ficava a umas 3 horas de viagem, hoje não, hoje já deve ter um
hospital na minha cidade... Mas na época, quem fazia os partos ainda eram as
famosas parteiras. Minha vó era parteira, dentre outras coisas, ela era uma mulher
muito sábia. E bom, comigo não foi diferente, nasci na cama dos meus pais, e quem
fez o parto, foi minha própria vó. Mas minha mãe, ela não sobreviveu, infelizmente.
Meu Deus, você não parece se importar com isso, ela era minha mãe! E daí que eu
nunca conheci ela?! Acho melhor eu ir andando... Promete que não vai mais ficar com
esse olhar indiferente? Então ok, vou continuar a história... Quando criança,
aprendi a ler e a falar aos 2 anos, embora tenha dado mais atenção à leitura do que
à comunicação - não que isso preocupasse minha avó. A partir desses primeiros
passos, comecei a trilhar o caminho da introspecção inavertidamente, passando de
uma criança quieta para um garoto introspectivo e um adolescente antissocial.

Minha vó morreu, eu tinha 16, eu era muito apegado à ela. Passei 3 dias com ela no
hospital da capital antes dela morrer. Disseram que eu era um garoto estranho, que
eu deveria procurar ajudar. Foi ai que eu descobrir um tal de "psquiatra" um tipo
de médico estranho pra época, diziam que ele ajudava a extrair toda a merda da
cabeça. Foi aí que decidir ser médico, não queria ver ninguém passando pelo o que
eu e minha vó passamos. Eu queria ajudar. Então depois que completei meus estudos,
consegui uma bolsa para fazer Medicina em NY. E lá foi o caipira estudar na cidade
grande. Quando eu cheguei lá, fui alvo de chacotas por ser o garoto tímido da roça,
inclusive os professores. Mas tinha um em especial, que parecia me entender.

Aquele rapaz franzino e estudioso começou a escrever vários artigos para jornais
independentes locais, o que me permitiu custear sozinho tudo o que precisava. Mas
durante o tempo que passei lá, eu desenvolvi um distúrbio emocional já latente em
minha mente. Sindrome de Asparger. A faculdade em si, já gera um estresse, mas
quando isso é intensificado com pressão constante e um bullys no seu pé, já é mais
do que o suficiente para ter um distúrbio desses.

Aos vinte e cinco eu havia me interessado pela mente humana, já havia conquistado
PhD e cursado psiquiatria, arrumei um emprego com um professor, ele era amigo do
diretor de um Hospício em NY. Sim, era o mesmo professor que eu citei naquele
dia...

O que até então era uma carreira brilhante, no entanto, acabou por se
transformar em uma infeliz tragédia, quando eu, o aclamado acadêmico comecei a
apresentar vários dos sintomas do Mal de Alzheimer. Foi quando O Dr. Hall, diretor
do hospício descobriu e me fez uma proposta irrecusável: a chance de ter uma equipe
de psiquiatras, psicólogos, cobaias e todo e qualquer tipo de profissional que
viesse a precisar sob o seu comando, dedicados a encontrar uma cura para os vários
transtornos mentais com base numa estranha amostra sanguínea com propriedades
únicas e em troco, ele teria todo tempo do mundo para estudar, digamos que toda uma
eternidade...

Nos dias de hoje enquanto permaneço pesquisando para o Dr. Hall, também sigo com
meus projetos. Voce já deve ter ouvido falar sobre ressonância, certo? É justamente
o que eu quero saber, preciso preencher as diversas lacunas desse livro em
branco...
Vejam só, eu passei 1 hora falando de mim mesmo e o táxi já esta esperando.
Desculpe ter tomado tanto do seu tempo, parece eles que precisam da minha ajuda pra
resolver mais um curioso caso. Até logo!

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