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Tomie Ohtake

No dia 21 de novembro de 1913, nascia no Japão a “dama das artes plásticas brasileira”, Tomie Ohtake. Nascida no
Japão (Kioto/1913), Tomie chega ao Brasil em 1936, surpreendentemente, só se envolveria com a arte aos 40 anos
de idade, quando começou a pintar.
Apesar do início tardio, a artista construiu uma carreira consagrada nos últimos sessenta anos. Mesmo que seja
pequena e delicada, o trabalho de Tomie mostra que ela não é frágil. Suas obras são grandiosas, porém visualmente
leves. Na capital paulista, em plena Avenida 23 de Maio, as ondas criadas por ela representam os 80 anos da
imigração japonesa. No Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, ela também marca presença, como na obra Estrela do
Mar, da Lagoa Rodrigo de Freitas, e na grande escultura na Pampulha, formada por duas asas que brotam do chão.
Tomie se tornou uma artista plástica popular, algo raro no país.

Atemporal, seu trabalho é difícil de classificar. A capacidade de renovação de Tomie está expressa nas diferentes
fases de sua pintura e nas suas composições de gravura e escultura. Apesar de consagrada, a artista continua crítica
a respeito de suas criações. “A gente sempre tem dúvidas se o que está sendo feito mostra um bom caminho,
avançado

80 AN0S DE IMIGRAÇÃO JAPONESA – AV. 23 DE MAIO S.P.

JAPÃO MINAS GERAIS RIO DE JANEIRO


Adriana Varejão

Uma das artistas contemporâneas brasileiras mais reconhecidas no


cenário internacional, Adriana Varejão (Rio de Janeiro, RJ – 1964) tem obras
em acervos de instituições do calibre da Tate Modern de Londres, do
Guggenheim e do MOMA, em Nova York, entre outras.

Em 2011, em leilão da respeitada Christie’s, a artista bateu o recorde de


maior valor já pago pela obra de um artista brasileiro ainda vivo.

Varejão teve sua formação em pintura na tradicional Escola de Artes Visuais do Parque Lage, é parte de
uma importante geração de artistas brasileiros que trouxe nova vida à pintura após os anos de herança
pós-modernista e suas práticas carregadas de conceitualismo.

Essa geração de artistas atuantes nos anos 1980 se valia de uma estética muito mais gestual, e fazia uso de
materiais industriais estrangeiros ao universo das artes. Varejão também fez uso, desde o início de sua
carreira, de materiais industriais como o poliuretano com o qual cria os volumes em suas obras. A pintura
de Varejão, porém, apesar de se relacionar em diversos aspectos com a de seus contemporâneos, estava
fora da curva traçada por eles, pois apresentava tendências figurativas e realistas.

No que se refere aos interesses conceituais, a poética de Varejão busca inverter a narrativa histórica e
olhar para o Brasil a partir de dentro. Em suas grandes telas que reproduzem azulejarias, irrompem
rasgos, cortes, fissuras que dão a ver seu interior sanguíneo. A pele e a carne da pintura estão expostas
como um testemunho da ferida aberta da colonização.

A imagem que se constrói na história da arte desde os primeiros artistas europeus a visitarem as américas
recém “descobertas” é a de um povo selvagem habitando terras repletas de animais que são quase bestas
fantásticas.
Adriana Varejão tem consciência das violên-
cias que sustentam esses movimentos colo -
nizatórios que entendem a cultura europeia
como a única capaz de salvar os nativos da
bestialidade e explora tais idiossincrasias em
suas obras. Um bom exemplo é a obra Carne
à la Taunay, na qual faz uma paródia de uma
pintura de paisagem de um dos principais
artistas da Missão Francesa, Nicolas-Antoine
Taunay, fragmentando a paisagem em peda-
ços ensanguentados, concebe uma imagem
desse esquartejamento tupiniquim.

Carne à la Taunay

Em Ruína Brasilis, 2021, vemos na estrutura como que partida, o interior carnal revelado na fissura dos
azulejos característicos de sua obra. Dessa vez os azulejos são escancaradamente verde e amarelo e estão
em uma base que remete a azulejaria árabe. Essa, por sua vez, foi levada pelos mouros a Portugal, onde
influenciou a azulejaria barroca trazida posteriormente ao Brasil
Ruína Brasilis, 2021 Pele Tatuada à Moda de Azulejaria (1995)

. Azulejão, 2016

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