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Azulejos

na cultura
luso-brasileira

T-00978
e.1
-006411
d o Pa trim ô nio
Ministério da Cultura IPH AN
PRESDENTE DA nErunitA

Fernando Henrique Cardoso

MINISTno DA cuLTUn

Francisco Weffort

Glauco Campello

DIRETOR Do otPaRTa MNTO or

PROMOCAo oo iHAN
Luiz Antônio Custódio

DIRETORA Do MUstu Do
AçuD
Vera de Alencar

Azulejos
na cultura
HUSEUS CASTmOHATA
HAN C luso-brasileira

B L e

LuCEu
MCTOR
Arte
Oflclo
O RG ANIZA

Dora de Alcântara
Ç
UEL
RG 9 da
ib Ilotec Ministério da Cultura/ MinC
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional / IPHAN
RtAONiT
ARTS
STICO E

'OECA
O
Ceramica aplicada à
arqu1tetura oitocentista
e m Lisboa
MOI TA
IRISALV A

A
aplicação de cerâmica à arquitetura do século VII a.C., e se impressionou, com

tem as suas raízes nas civilizações do os refinados frisos que decoram os Palácios

Oriente Próximo. Nasce da necessidade de de Susa e de Persépolis, na Pérsia

alegrar, com uma nota de policromia, as Aquemenida, nomeadamente o Friso dos

extensas e monótonas fachadas de tijolo Imortais ou Friso dos Arqueiros e o Friso

cru dos enormes palácios e templos dos Leões, do Palácio Real de Susa, datados

assirio-caldaicos e persas. de entre os séculos Ve IV a.C..


Foi com espanto e deslumbramento que, Decorada, em toda a extenso, com

merce das campanhas de escavações leões em baixo-relevo de cerámica vidrada,

a Avenida Processional inicia-se na


arqueologicas, conduzidas pelas nações ricas
da Europa e da América, divulgadas através imponente Porta delshtar, com
de estudos, conferências e exposições, o baixos-relevos representando touros e

mundo culto tomou conhecimento, no dragões alados, vidrados de amarelo,

século XIX, do grandioso conjunto cerâmico de tons


melados ebrancos
da Avenida Processional da Babilônia, datado Foi também no século XIX que se
divulgou devido à constitutção de

FOTO
importantes coleções e à abertura dos
Porta de Ishtar. Século VIl a.C. primeiros museus a yaliosa contribuição
AOE IS8OA
sT oIT

azulejos, riando verdadeiras casas de louça, de outro


2 das chamadas civilizaçöcs cdássicas, om de corda seca ou de igrejas e, possivelmente, de u m ou

azulejaria mudejar,
tem um desenvolvimento proprio, original, ainda assim,
destaque. no
que respeità a ceramica aresta, fabricada nas oficinas de Triana por palacio. Estes exemplos deviam,
arquitetonica. para o
legado etrusco. emergulha as
suas origens n u m a tradição artifices, eles de origem mourisca. s e r em n u m e r o apreciavel na Lisbooa
próprios,
Este povo havia. no entanto, substitudo nas alicerçada, desde o seculo XVI, em raizes acentuava o exotismo da
As escavações que se vém tazendo nos quinhentista, o
que
suas esulturas e baixos-relevos os vidrados muçulmanas, elas próprias herdeiras das últimos anos no casco antigo de Lisboa e cidade e que justifica a impressão, algo

brilhantes por engobes avermelhados, longquas tradições orientais, assirias. persas, estranha e inesperada, que esta produzia
que, a
pouco e pouco, vão revelando as

cinzentos e negros, herdados da tradição egpcias, e ate chinesas, que a sibia Europa várias Lisboas que antecederam a atual, tèm sobre os viajantes que a visitaram e deixaram

tambem descobria e que o mundo arabe tinha em seus escTitos as suas impreSOes. Ao
grega. Estas ontribuiçies, e o
produzido enormes quantidades de
Onheimento do urhanismo das cidades assimilado desde o seculo IN. A essas raizes, fragmentos de azulejos hispano-mouriscos brilho e policromia dos pinaculos, juntava-se

martins de Pompeiae Herrulano. com as que constituem o substrato permanente, contirmam o uso e abuso que então se o colorido intenso dos telhados que
que
Sus casas pintadas Om triss a tnesao. outras intluèncias se vieram juntar, que, fez desse material decorativo. Ao contrario tormavam um contraste violento com a

poinimis tomentara o gost revivalista rapidamente, vamos aqui procurar reavivar. do que se poderà pensar, o seu uso não se

da apicarão da eràmica à anquitetura. qu Remontam ào seculo X\T, ou tinais do restringia apenas aos
palacios reais de

anmpanhou outros revivalismos seculo X\. as primeiras tentativas realizadas que, aliás, o Palacio Real de Sintra é um bom
araterstis da arquitetura europeia no no Ocidente do emprego da decoração exemplo- mas era iualmente consumido
uo \I ceràmica na valorização exterior da nas
igrejas e conventos e em muitos palacios
Na Pen1nsula. Portugal, nào tendo de nobrese da alta burguesia. Por se tratar
arquitetura
nrtinado nas esavaies do Oriente de um produto caro, o seu uso continava-se
Oazulejo mudejar, destinado a ser

aplicado como revestimento da arquitetura. especialmente aos interiores, onde se

esultios A cnorme dituso da ceramica de encontrava mais protegido, sendo restrito o


omeça a
chegar, em grandes quantidades,
evesimnto atventista que * obseTva ao porto de Lisboa, desde finais do seculo seu emprego no exterior dos edificios,

en nS. U V tem. poS, a ver com essas XT, coincidindo a sua aplicação com o solugão que não se adotou, desde logo,
Nuberts, que so ndiretaniente chegaramn periodo de tlorescimento do estilo
como se
praticava em larga escala nos
paises
muçulmanos, no tanto por uma questão de
manuelino. Chegaram primeiro os alicatados
O gosto portuguès da aplicação da gosto, mas apenas por imperativos
andaluzes, depressa destronados pela
Ceramic a economicos. O seu emprego, valorizando a
arqutetura, que « tradunu no
produção de Sevilha que, durante toda a
revestimento total de arquitetura de exterior, limitou-se ao
numerosas fachadas primeira metade do seculo X\I, inundou os OTO

dos revestimento dos pinaculos e cupulas de


predios dos centros urbanos com nossos mercados com enormes de
Detalhe de azulejo sEcuio XVL
cargas
LISoA

AP DA ARQUITETURA OITOCUNTIS TA D IRISA

de NoSsa Senhora do Bom


14 brancura das parcdes, na epoca apenas coda lgreja Palácio Real da Ribeira e no Paço da para Sevilha
c Talavera, razão por que estes

caiadas. Ao colorido destes, acentuado pelos Sucesso em Lisboa, ainda quc venham na Centros passaram a scr os nossos principais
bizarria riqueza da sua
Alcáçova, que, pela e

mesma linha. fornecedores. Alguns dcstes artistas, a partir


vidrados quc aviVaram a cor do barro,
decoração sobrecarregada, tanto

vermclhos O revestimento com ceramica n o sc de meados do século, por sua vcz,


juntava-se, ainda, os castanhos, os cstrangeiros quc os
surpreenderam
verdes escuros dos mucharabics ou dos restringiu aos pináculos, cüpulas e coruchéus dirctamente, ou vindos já de Sevilha e
visitaram, principalmente os italianos,

encerados com que se cobriam as janclas, quc, assim, se tornaram interessantes notas clássica. Talavera, emigraram também para Lisboa e
educados na
elegante simplicidade
O terremoto de 1755 não poupou os chamativas no conjunto da paisagem urbana, Nos principios do século XVI começaram foram, certamente, os responsáveis pela

nacional
multiplos pináculos do apinhado casario mas cstendcu-sc tambem a
cspaçOS a chegar ate nós as primeiras peças de faiança produçao da mais antiga faiança com

lisbocta, hoje apenas vislumbrado através intermédios, entre exterior e interior, local qualidade. Porém, a influéncia chegada
italiana, obtida pelo aperfciçoamento
das panorámicas iluminadas do século XVI, interferindo no cmbelezamento de todo o dos ensinamentos mourisco e chinés trazidos diretamente da Itália não foi pouco

respeita cerámica
ou registrados numa ou noutra alus o
Conjuntoarquitctónico: refiro-me ao
pelas caravanas, através da Pérsia c
significativa no que à

Cscrita. Fora de Lisboa, ou nos arredores revestimcnto das loggias quc ocupavam os Samarcanda. Eram as policromas c brilhantes ornamental aplicada à arquitetura.

da cidade, contamos, andares majólicas com que a Itália espantouc Conhecemos alguns exemplos da sua
porcm, com
alguns superiores dos palácios
cxemplares que resistiram aos séculos e inundou a Europa renascentista. aplicação que a documentaç o conservou,
quinhentistas, alpendres, pátiosc
que nos permitem taser ideia do cfeito As primeiras peças de faiança italiana a cuja procedencia é indiscutível.
claustros, alguns dos quais chegaram
que produziam os muitos que teria aos nossos dias, como o Pátio do chegarem até nós deviam constituir Na própria Itália muito da produço saida
Lisboa. Cito, como protótips Repuxo do Palácio de Sintra ou a encomendas ou ofcrtas isoladas. Em breve, das mãos mágicas dos Della Robbia

xenplares, o coruchéu da torre da porém, os documentos dão-nos conta da destinara-se a cmbelezar c enriquecer as
passagern do mesmo palácio cm que
Se do
Fun hal, , da torre norte da importação cm larga escala cde louça pisana, fachadas exteriores dos edificios. Näo faltan
ainda se v¢ o banco, ondc a
Caterdral de Evora e outros que,
como era
designada, em
Portugal Espanha,e exemplos: o Hospital dos Inocentes de
tralição coloca Dom Sebastião
ainrla faiança italiana na sua maior parte, FHorença (Luca Della Robbia, 1465.1466);
que quinhentistas, s sentado a ouvir as estrofes dos
forarn revestidos de azulejo certamente, constituida por vasilhame para o tinpano do portal da Catedral do Prato
Lusiadas antes de partir uso doméstico. Pouco depois, começamos a (Andrea Della Robbia);
prrsterirnente, no para a
desgraçacla batalha
ou o lindo conjunto
dro alperdralo Pa receber faiança importada da
de Alcácer Quibir.
Antuérpia, constituicdo por triso e tondi, que percorre a

Fpiserpal de EJvas, rutris onde cedo se formou um centro subsidiário parte superior do alpendre exterior do
Náo faltariam,
ou herdeiro do italiano, através da
tambén, cspacos abertos
emigração Hespital do Cepo, em Pistoia (1526-1529),
ta de artistas dos centros fabris italianos,
lgreja de Sars Joan, dhe Torre e
reltnjo da SA velha do
em que a decoraç r ceråmica se aproxirna de
Funchal, forraclos dle azulejos Muitos dos artistas
Deus de
Montern Nin rekerun de azulejcs no shula XViI.
flarnengrs emigrararn uma seni- escultura en ronde-bosse; outras
hispano mourisAs, fi
STA

CfRAM'CA APICADA

RISAL VAM oTA

ornatos toram antes


para embelezar a sua requintada Quinta da
ezes estes preciosos

Bacalhoa, também em Azcitão. Este fabrico portugu s como a lamenga e a vários tipos ceramicos, de diferentes 17
regguardados
nos
interiores: os medalhòcs
palacio
O nós, origens, que irao intluenciar a azulejaria
ou tondi que decoram um teto da capela da possuiu o conjunto ceramico de origem espanhola. azulejo arrancou, entre à

onde italiana de maior interesse existente no escala comercial, com os tipos de nacional mudéjar, italiana, flamenga,
de São Miniato el Monte,
se
greja
encontra a sepultura do Cardeal Dom Jaime nosso pais, apesar dos desvios criminosos
"enxadrezaclo" e de "caixilho", pela espanholahavendo, já entre eles,
simplificação dos ornatos mudejarese SO exemplares portugueses. A decoração
de Portugal (Luca Della Robbia); os baixos que sotreu.
mais tarde, no decurso do século XVI, ceràmica, escultórica e azulejar, começa a
relevos que decoram os timpanos das Durante a gestação da indústria do
começamos a fabricar, primeiro o tipo invadir espaços exteriores, ou visiveis do
quatro portas do cruzeird da Catedral de azulejo em Portugal, o que se processa a
ponta de diamante" e, depois, o tipo exterior: janelas com
graciosOs
Florença (Luca Della Robbia), ou os partir da segunda metade do século XVI, não
"tapete". Esta produção nacional mais barata enquadramentos enxadrezados, uma série de
retabulos da lgreja de Averna, em Arezz0 podia estar ausente a carga da tradição
permitiu alargar o seu
emprego a
espaços de tondi, tipo Della Robbia, ornamentavam a
Andrea Della Robbia). hispano-mourisca, apesar de, jä na altura,
exterior-interior, como pátios, alpendres e galeria arqueada, largamente aberta ao
Em Portugal, onde os primeiros sendo
estar
desalojada pela nova moda vinda claustros, continuando a ser também exterior (infelizmente hoje desaparecidos),
medalhoes Della Robbia chegaram por oferta da Itália. Entretanto, já se
generaliza o
largamente utilizados para revestir pináculos além de variada e rica decoração exterior,
ou encomenda real, são conhecidos os
que azulejo liso, difundido partir da Antuérpia
a
e cupulas. Nestes espaços, em que o exterior ainda que em espaços reservados, com
ornamentavam as tachadas da Igreja do
onde, como já referinmos, cedo se implantou ja participa, mesmo quando situado em destaque para a Casa do Tanque.
Convento da Madre de Deus. Atualmente, de fabricar
a arte
faiança, tornando-se aquela recintos reservados, o azulejo só não se E, porém, no Palácio Fronteira, mansão
com um outro proveniente do Convento da
cidade a principal difusora da nova técnica estendeu às Bachadas possivelmente porque o fidalga da 2" metade do século XVII,
Conceição de Beja, encontram-se em
que exportou para Espanha e Portugal. custo do material ainda não o
permitia. poupada pelo terremoto por se situar nos
exposição no Museu Nacional de Arte A primeira faiança de fabrico No entanto, ainda que o tenhamos de arredores da cidade, em São Domingos de
Antiga. Outras majolicas provenientes das indiscutivelmente nacional, remonta ao considerar um caso especial, temos no Bentica, que a tendència de estendero
oficinas dos Della Robbia ou de Urbino seculo XVIe, Palácio da Bacalhoa provavelmente o
possivelmente, à
já segunda azulejo ao exterior, recobrindo vastos
chegaram até nos adquiridas por compra de metade. De fabrico nacional, mas sob a primeiro exemplo de uma clara intenço de espaços, se radica e tem a sua primeira

grandes magnatas que viajaram pela Itália: os influencia da estender a


aplicação do azulejo, grande expressão, não incluindo ainda,
arte
flamenga, encontramos
casos dos dois painéis de majólica pintada, conjuntamente com outra decoração
azulejos revestindo Capela de São Roque,
a contudo, as fachadas exteriores do predio.
adquiridos por Dom Diogo d' Eça para a sua ceramica, ao exterior. Rica "Casa de Prazer" Neste palacio tambem vamos encontrar
na
lgreja de São Roque, assinados por
Quinta das Torres, em Azeitão, onde ainda quinhentista, mandada construir por Brás de azulejos e decoração ceràmica esculturada,
Francisco de Matos, já adiantado o século
se Albuquerque nos arredores de Azeitão,
encontram, e os tondi e mais ornatos XVI agora, pelo menos em grande parte, de
(1584). Entre a restante
produção
encomendados por Brás de nela, além de se encontrarem
representados
Albuquerque quinhentista, encontram-se tanto a de tabricação nacional, que retletem as varias
G wwww vIYIUNwy S SVSVZS
wAYYIE LY2
oodnogo dO000od0
w.u.0000000Cod
.
iiti
aSALvao

renada mntna d arukjo lio qur ja s uesplendor, desapareem as molduras


Senhora das Dores do Convento de Caloura
Senhor Roubado, situado no principio da 2
a a cainho cc « rahrar, a inthacnni medalhics reevados, elementos deoorativos
do século XVI), que ainda hoje estrada de Odivelas, infelizmente muito
(finais
entanteO.
i a i e n t e , traia peks hlarnnkes q va no permaneer comoo
ostentam as suas fachadas forradas com degradado. A parede do tundo apresenta-se
a h a a po gato maneirista. rwa« motivus omstantes nas grandes composiçies historiados. Ai encontra-
Lisboa. forrada de arulejos
arulejo de "tapete", importados de
tigurativas, agora porem tratados de forma de
s omnais k guras a k r s qu* Mesmo no seculo seguinte, o proprio azulejo se narrada, em
quadros saborosos, atraves

história do
m ranks qasda Giakria das pitoriano arulejo liso.O elevado historiado, em principio pouco convidativo letreiros e cenas imageticas, toda a

Artes aternando dvm nxds SNats qux desaparece para dar lugar a um jogo de
paraaplicação fachadas. pois procura
a milagre operado quando do roubo sarilego
perspetNas explorando o trompe l veil, cujos das hostias, na vizinha lgreja Matriz de
reproduzire substituir grandes tapeçarias,
d n numt jngo onk ania prsiste à efeitos são elevados a consequencias nunca deixou alguns exemplos de aplicaço ao Odivelas.
aternania de rukcjo io e ds ornatus ate então akcançadas. Haja em vista os efeitos exterior. E mais haveria certamente, se Da primeira

Lisboa. de metade de
krads Rr tim, imvatinko jaa maio de autentico reevo que os nossos artistas grande número das edificações de
r t e dos eaUs impera. tinammente.o azulejaxdores vão dar às suas molduras de antes de meados de setecentos, não tivesse

ruikjo l . poinomiv e onONTUmico, de concheados, aos mesmos medalhões outrora sido sacrificada pelo terremoto de 1755, o

u r a ou marrativo. que. uma vez despido relevados, e àos proprios elementos que torna possivel estabelecer uma
a histuria ou anadoica sequència nunca interrompida
cara aqui àrquitetonicos representados nessas

onipresnte, vai dar origem às cenas do da aplicação do azulejo a


composições, criando uma ilusão, muito

otdian0. cenas de pisgem e cenas


fachadas, prática que acabou
viva, de primeiros e segundos planos.
noo
reigiosas que tarão a gloria do arulejo Tendo-se tornado o azulejo de por se generalizar apenas
século XIX.
historiado
portuguès do seculo XVII padronagem, que se generalizou no seculo
Da primeira metade do
A ceramica esculturada, integrada na XVII, um produto mais econômico e de mais
século XVIIl, temos tambem
derorac o arquitetonica, ainda tão viva neste facil execução, e de supor que tivessem
alguns exemplos. Lembro, em
palacio. e que ra renascer como motivo
existido edificios em Lisboa, durante a
primeiro lugar, o gracioso
decorativo da arquitetura na
Europa segunda metade daquela centúria e inicios da
santuário -oratorio do
Oltocentista. parece ter tido aqui, contudo. seguinte, ostentando fachadas azulejadas. Para
entre nos, a sua
ultima grande
oportunidade, que esta hipotese se torne uma certeza, basta
FOTOS

pelo numa escala signiticativa


menos
lembrar a sobrevivéncia, em São Miguel dos
Capela Nossa Senhora do Cabo, em
No decurso
do século XVII, quando a Açores, da Capela de Nossa Senhora do São Miguel dos Açores, 1672.
azulejaria portuguesa atinge máximo do
o
Cabo, em Lagoa (1672)e da lgrejade Nossa
STA DE L' S BO A
IRISALVA *O

é também a Casa Galache, em Vila 23


setecentos

conserva a sua fachada


Franca de Xira, que

historiados, e outros
revestida de azulejos

exemplares haveria, ainda que torçosamente


custos.
nunca muito numerosos, devido aos

Do mesmo
periodo Cronologico, ou um

pouco anteriores, são os altos silhares que

decoram a fachada sobre um terraço do

palacio de Belém, voltada a sul, que então era

uma quinta real suburbana.

Foi também no século XVII que se

generalizaram os
jardins particulares, rodeados

com uma mureta, onde se alternam bancos e

estreitos terraços com tloreiras, alegrados com

o seu forro de azulejo, tão caracteristicos dos

palácios de Lisboa, onde constituem uma nota

paisagistica de grande efeito urbanistico.

Os azulejos dos jardins, por vezes, invadiam a

parede do prédio a ele anexa, formando alto

silhar, como, não raro, forravam a caixa das

escadas de acesso. Na Quinta do Contador-

mor, em Olivais, existiu uma interessante

escada exterior, de acesso a um dos do


corpos
edificio, inteiramente forrada de azulejos
setecentistas que um
arquiteto ignorante ou
FOTO
insensível, sob o pretexto de que já no se
Casa Galache, em Vila Franca de Xira,
encontravam em bom estado, substituiu por
seculo XVII.
uma parede de cimento!
RA
OIToCENTISTA DE LIS B oA
NICA A P L I C A DA ARQUITET0
IRISALVA HOTA

considerar o "registro" de século. Além da espetacular Casa da Pesca.


24 Não vou aqui metade do século. Entre os prédios de
aqui jà não
peças soltas de escultura,
mas

azulejos, esses graciOsOs ornatos que tanta vida com os


paredöes do jardim completamente rendimento ou residencias burguesas
constitui com estas, conjuntos integrados,
deram às fachadas de Lisboa e arredores a revestidos de painis azuis e brancos,
com revestimento exterior
como acontece no Palácio Fronteira. contemporaneas
por não considerar o próprio edificio do palácio, com os
partir deste periodo, os

Outro bom de do de azulejos, anotam0s, para já, em Lisboa: o


exemplo integração
um elemento integrado na arquitetura ou interiores ricamente decorados com silhares
do Pátio da Pascácia, Santa Cruz
azulejo historiado numa fachada setecentista, prédio em

colocado com qualquer intenção de a da Fábrica do Rato, apresenta toda a fachada do Castelo, e ainda um outro em Alfama
oferece-nos o pequeno palácio da Quinta
valorizar. Trata-se antes de um simples ornato da varanda sul, revestida de azulejos Real de Caxias, igualmente da segunda com um dos andares todo revestido de

devocional, sem
qualquer intenço integrante, policromos rocaille. Neste palácio, projeto

salvo raras exceçoes para as quais, a Seu de Carlos Mardel, seguindo já os cânones

tempo, chamaremos a atenção. neoclássicos, o azulejo alterna-se ainda com

São, naturalmente, mais comuns os

exemplares com aplicação de azulejo no


exterior, na
segunda metade do século, por
não terem sotrido danos com o terremoto.

Alem disso, a semi-industrialização imposta


pelo Marqus de Pombal, simplificando os
padrões para aumentar a produço e que

permitiu produzir o azulejo em maior

quantidade, ao baratear o produto, levou ao

seu
emprego de torma menos contida,
estendendo-o, com mais
frequencia, a parcelas
do exterior.

Em primeiro lugar é de citar o Palacio


Pombal, em Oeiras, uma das mais belas
residèncias dos inicios da
segunda metade do

FOTO

Palácio da Quinta Real de Caxias, século XVIl.


I R ' S A L V A M O I T A

cERAMICA APLICADA à ARQuITETURA OITo cENT'sTA DE

27
mais espetacular
Porém, o exemplo
26 azulejos neoclássicos, policromos, havendo, da fachada
do primeiro piso do azulejo num
paredes setecentista, da aplicação
com certeza, outros mais, não anotados, pois Cascais,
da Càmara Municipal de
principal exterior, é o do Jardim Arquitetônico
ainda não foi feito o seu levantamento entre os vãos das espaço
medida dos espaços
feitos à do Paço do Lumiar,
sistemático. Da mesma forma devemos da Quinta dos Azulejos
telhado. Com
menor

e o beiral do do século.
portas metade
efeito dos inícios da segunda
considerar como revestimento de fachada, a não deixa de pretender o
escala, mas
espaço
r e s e r v a d o ou,
que seja
um
Ainda
série de grandes "registros" de azulejos exterior, apresenta-se
o
de revestimento
há dúvida
muito semi-püblico, n o
cobrem totalmente as e n t r e as
molduras quando
policromos que grande painel, enquadrado se trata de um conjunto arquitetônico
duas varandas, de uma que
das duas portas de
inteiramente descoberto, onde se
rico,
casa da Calçada dos Mouros.

FOTO B

Benfica, século XIX.


Quinta do Beau Séjour,

ais
RISAL VA oITA
MO

altermam pilares, oom os respertivos capiteis permitiu o fäbrico em série do azulejo por
pertencendo-lhe também a decoração da
muitos outros haveria para citar. Entre este
processos mecanicos, A uma primeira lase de
ntegrads, banas, fontes, uma péryula,
seria injusto esequecer o sábio arranjo, Cervejaria da Trindade, do mesmo
grupo
alamevdas, arapritos, cte., înteiramente semi-industrialização, seguiu-se processo de comercial bem
obtido com um bem estudado jogo de azulejos proprietário; uma casa

nwstikas de anulejos, oncebidos obtençio da cdecoração por estampilha manual, conhecida em Setúbal; um prédio no Largo de
com decoração moldada, que embeleza a

processo que se generalizou principamente a


prpositadamente para embelezar cada um fachada do Depósito da Fábrica de Louças das Santa Clara, em Lisboa; a Fábrica da Viúva
metade do século.
daquces elementos. Constitui um espaço artir da segunda Devesas, situada no Porto. Lamego, no Largo do Intendente, fundada por
completamente aberto, destinado a recebera arulejo artistico, indivicdualizado e Antônio Costa e onde o próprio Luis das
Entre os primeiros, os artifices que
luz do dia que o enche de uma claridade doce muitas vezes assinado, tinha criado, porém,
continuam a produzir o azulejo artístico Tabuletas trabalhou, além de um grande
co transtorma num local com algo de entre nós, raizes demasiado profundas para manufaturado, a tradição foi continuada número de tabuletas e reclames que justificam
conto de fadas. desaparecer, sem luta, perante a ofensiva da a alcunha por que ficou conhecido. Entre
principalmente por alguns discipulos, ou

Estes exemplos julgo serem nova concorrència. Assim, iremos assitir, outros trabalhos, também lhe andam
discipulos de discipulos, da antiga Fábrica de
suticientemente elucidativos, para, de uma vez através de todo o século XIX, paralelamente ao Louça do Rato, entre os quais se destacaram atribuidos os vistosos azulejos que forramo
por todas, se pór de parte a opinião de se azulejo industrializado, à sobrevivéncia de os nomes de Manuel Joaquim de Jesus, último andar de um dos prédios da Rua das
apresentar o extravasamento do azulejo ao alguns, na verdade cada vez mais raros, artistas Antonio Manuel de Jesus e Luis Ferreira, o Pedras Negras, por detrás da lgreja de Santo
exterior dos edificios, como uma novidade e com obras assinadas, obras que o tempo se vai mais célebre de todos, conhecido por Luis das Antonio. De outros artistas, é mais dificil
um gosto, apenas ligado ao século XIX, encarregando de valorizar. Ao lado destes, os Tabuletas. Segundo a voga lançada pelo azulejo encontrar obra identificada, sendo tambem de
invocando, para justiticar este extravasamento, proprios artesãos que trabalham nas fábricas o industrializado, estes artistas irão, eles assinalar o revestimento do rés-do-chão de um
tatores como a necessidade de uma melhor azulejo industrializado, vão, eles próprios, também, destinar os seus azulejos a prédio que existiu na Rua da Imprensa
impermeabilização dos editicios em certas também, muitas vezes, mercê de combinações revestimentos exteriores. Especialmente o Nacional, decorada com albarradas floridas de
zonas úmidas, problemas de higiene outros, bem Luís das Tabuletas deixou uma obra muito
e
imaginadas, criar alguns arranjos que intensa policromia, de 1871, pintadas por José
como se estes problemas ja não existissem
atingem indiscutível valor artistico e personalizada, alguma dela assinada, de que da Silva. Os restantes andares da casa eram
anteriormente. Os exemplos por nós surpreendernte originalidade: é o caso da subsistem alguns bons exemplares: as fachadas revestidos com azulejo industrializado.
apontados demonstraram, na realidade, não ser da Quinta de São Mateus,
belissima fachada do palacete da Quinta do no Dafundo, Enquanto era este o panorama interno
esta pratica uma novidade oitocentista, mas decorada
Beau-Séjour, em Benfica, ou da alegre vivenda
com
espetacular fachada
ramagens; a
que, afinal, se traduz na continuidade de uma
do prédio do rico
apenas que a generalização do azulejo também da Rua Neves Costa, em Carnide, já muito negociante Manuel Garcia, tradição não interrompida durante séculos, lá
às fachadas, foi permitida, então, por razões do degradada, mas ainda vistosa com as suas
no
Largo da Abegoaria (atual Largo Rafael fora, no que respeita à ceràmica com

barateamento do material cerámico, Bordalo Pinheiro), decorado


situação albarradas com enormes tufos de hortênsias,
com
grandes aplicação na arquitetura, depois dos belos
decorrente da iguras alegóricas de gosto eclético,
sua
industrializaço, que para citar apenas dois exemplos, porque
ensaios do século XVI e ainda do século XVII,
IRISALVA MOTT A
URA

Na exposição Universal de 1862, celebrada umma 31


centurias
de só cor ou de várias cores, prosseguindo
este gosto
vai cair c m
desusO n a s
Em Portugal, onde o azulejo
50
seculo em Kensigton Palace, Londres, todas estas velha tradição. Os azulejos levemente
urante
profundas raizes,
o
revestimento liso tinha
assistindo-se,
seguintes,
fábricas do
verdadeiro renascinmento
de uma
correntes conhecerm a consagraçao, cinequanto a
indiferentes a relevados produzidos por algumas
XIN, a um
ficamos, por muito tempo,
Internacional de Paris de 1889 vai nada têma ver
atraves de um revivalismo das Exposição novidades, preterindo revestir as n o s s a s norte, Massarelos e Devesas,
nova
vaga. estas
dar uma prioridade incontestável as novas Mesmo as
tormas do passado. fachadas com azulejo com esta influencia cosmopolita.

Etetivamente, com a eclos o do manifestaões. Como retlexo, por toda a liso, numa graciosas platibandas de albarradas, algumas
elementos
romantismmo, nasceu o gosto pelas velhas Europa e também na vizinha Espanha, vão estar vezes enriquecidas com

retlexos todas em moda os ornatos cerämicos esculturados esculturados (tiguras alegóricas, pinhas,
tradiçoes nacionais, com em

urnas, etc), usadas entre


traindo estas
as artes e tambem nas impropriamente aplicados à arquitetura, ou outras
nos para r e m a t a r os
chamadas artes menores, industriais ou artes intluencias, de preferència, inspiradas nas

decorativas, entre as quais se incluia a tradições artísticas de cada pais. prédios


revestidos de
ceramica. A descoberta dos baixos-relevos
azulejos, são
da Babilónia e da Persia, o melhor

conhecimento do nivel de mestria da arte do

barro aplicado, que tinham alcançado os

etruscos, fizeram renasceT o


gosto pela
decoração ceramica aplicada à arquitetura
que conhecera pontos altos na Italia

Renascentista. Assim, na ltália e noutros

paises da Europa vanmos assistir à valorização

e imitaçao da arte dos Della-Robbia,


enquanto na França Avisseau repõe o gosto

pelas gordas naturezas mortas das faianças de

Bernard Pallissy, que há muito andavam

esquecidas.

FOTO

Largo Rafael Bordalo Pinheiro, século XIX.


DE LISDOA
TUaA
'T OCENISTA

N382
ANNO 8
apenas
emnieneias neoclasSICas quase Rafael Bordalo Pinheiro,
sempre traduzdas numa linguagem regional, um artista isolado.
Cralmente truste.

Assim, no que nos diz respeito, o caso do So muito tardiamente, ja quase ao virar do

Palacio Real da Pena que tentou integrar-se seculo, surge entre nós um artista

na corrente revivalista curopcia, deve ser verdadeiramente representativo das

considerado uma exceção. Construido nos correntes revivalistas, que entao dominavam

um pouco por toda a Europa. Este artista,


pincaros da erra de Sintra. e uma

construção iniciada na decada de quarenta do que ira tambem permanecer como um cas REDACCAOo 70 RUA oo ouvIDO 70
seculo XIN. e foi obra do rei consorte isolado, foi o grande Rafael Bordalo Pinheiro

D. Fernando de Saxe-Coburgo, apoiado por (1846-1905), que conseguiu não ser


artistas, eles tambem de origem estrangeira, rejeitado pelos seus contemporàneos, e, pelo

o Barão de Eschwege e o ceramista contrário, glorificado, porque soube


Vencesiau de Cifka. Feito a revelia traduzir o cosmopolitismo das novas
não toi
compreendido obras de
do
gosto nacional. correntes em
grande originalidade
e muito menos
seguido. permanecendo inspirando-se tortemente nas correntes

Omo u z obra isolada. tradicionais e populares

Acma eahe á arrz te wtae Prhero o pe2 Lis Guiraraes. Lisboa. 1874.
e
ter reras e Morekc Rorces, canan psolicata no auge do detate da qesrão reg

Verdadelre retrate de emher loneetta


RAR'CA A

cermica eeulturala de revestimento:


Na realidade, a obra eramica de Ralacl

Fabrica e aulejos soltos decoracos com cacun oe


ordalo Pinheiro que nasceu na

tomates ou caranguejos em alto relev q


Iaianças das Calkdas da Rainha, fundada em

da qual to o primeiro diretor parece terem pernmanecro sem aplica a


1884

icou os, COmo a mais be scelicla olbra


artisticosurpreendeu, logoa nasceng:
c revestimento decorativo deste artista, «dentro
amigos, adniradores e
peritos, peo arrojo

novidade de revestia na da linha palissiana seguia nesta primeira lae,


que e c
porqe sua
onpao c realizaçao concorria, alem do ovistoso painel com que revestiu fundo de o

oleiro, tambem o ecultor, o pintor e ale o um lavabo n numental do Palácio de Beau

aricaturista, lacctas, todas, Séjour, em Benlica,

pratcadas por este artista de qual utilizou uma série e

aptidoes exCepcionais quc, no peas soltas de vasilhame


anpo da caricatura roço mesmo liverso, a que deu unicdade, i
ageniaidade. O seu poder criativo e
custa de um fundo de pintura e
d
de inventiva, cedo o transtor maram num
um enquaclramento com

artista polimorto, A cerámica constituiu faixa de azulejos de


apenas um dos Seus cxitos e,
pacdroes também da stta

porventura, nao dos menores


autoria.
ogo na primeira lase da
Tomou, porém,
laboração da tabrica, em que a
nesta primeira fase, já
sua obra recebe uma clara intluencia
grande incremento, o azulejo
palissianae também robialesca,
que de inspiraão hispano-mourisca tle
OTO

se taz sentir no vasilhame Azulejo. Ras, folhas verdes de

grande tradição peninsular que se

artistico que principalmente Nenúfar em relevo.


tornará o tipo mais praticado
produz dentro desta linha,
por Bordalo e que
Bordalo Pinheiro tenta, com
fases da
fraco sucesso, algumas acompanhará todas as

FOTO 2
Sua evolução artística comio
experiencias destinadas à
Jarra Beethoven. ceramista. Inspirados em
modelos dos séculos XV e XVI, existentes produzem o eteito de vigorosas tapeçar
das
infelizmente, näo defendido a tempo)
Art Nouveau, como o

colorido intenso, onde o amarelo torrari francamente


no Palacio Real de Sintra, na lgreja da demolido
Borboletas, dos
"Gafanhotos o u das Exemplar interessante foi o

Senbora do Populo das Caldas da preto, o verde e o azul, criam ambienca


Com eles reveste espaços que vai
Pavilhão de vendas da Fábrica, próximo a o
Rainha, no Palacio da Bacalhoa, em tonalidade quente e efeito decorativo de Papoulas.
molduras esculturadas, outras Parque das Caldas da Rainha, hoje só
Azeitão, e também em modelos de
enquadrar com
grande presença. atrevimento, para conhecido através de fotografia. A decoração
vezes utiliza-os, com grande
Cordova Granada, imita-os, A sua passagem por Paris, como
e
recria decorar fogöes de sala, bufetes e outras peças que o revestia inteiramente, tanto no interior

osou reinventa-os, produzindo a responsável pela decoração do Pavilhäo como no exterior, era de uma grande
de mobiliário.
partir deles, uma
grande variedade Portugues da Exposição Internacional de
riqueza e exuberáncia, ainda que algo
A sua aplicação aos exteriores,
de padröes. Muitos, perfeitos e 1889, vai ser decisiva na sua
evolução artistica ainda que signiticativa, esteve,
desarrumada, onde o azulejo se

revestidos de belos futura. Convivendo e contactando com os combinava com motivos


porém, condicionada ao
seu
preço
esmaltes, os azulejos grandes artistas europeus, toi protundamente muito
esculturados ronde-bo
que não podia ser

bordalianos, feitos a tocado pelas correntes então em voga, o Interessante seria também, se
baixo, devido à sua alta
tivesse chegado a ser
partir de um molde, Historicismo que, alias, jà praticava, ao recriar processo de
qualidade e ao

e reproduzidos em o
azulejo hispano-mourisco, e o Art Nouveau, fabrico individual, ainda que realizado, o Pavilhão que

series sucessivas, correntes cujas influèncias a partir de agora se feito sobre molde. Assim, o azulejo projetou para o Editor Justino

iro alegrar algumas vão tazer sentir, mais intensamente, na sua bordaliano foi principalmente Guedes, onde o azulejo alternava com
a ceråmica aplicada, formando um
casas, especialmente produção ceràmica, ainda que interpretadas de moradias da
aplicado na decoração
dos arredores de com
grande liberdade. Realiza, então, algunas alta burguesia, como o Palacete Biester, conjunto de grande efeito.
Lisboa e das Caldas da na Serra de Sintra, o Palácio O'Neil, em Entre as fontes historicistas em que se
das suas experiências mais bem sucedidas, ora

Rainha, bem enquadrados na continuidade dos modelos anteriores, Cascais, a Casa de Campo de Roque Gameiro, inspirou a que já referimos, a mudéjar e a

na arquitetura e, n o na Amadora, ou em sedes de pequenas manuelina, este artista teve ainda o mérito,
refinando os modelos de inspiração arabizante
numa epoca em que o medievalismo tinha
raro, rematados com ou recriando motivos decorativos usados no empresas, como a
Garagem da Rua de Ponta
frisos de faiança nosso estilo dito manuelino, outras, criando Delgada e Panificadora de Campo
a e grande preferência, de descobrir as
esculturados em baixo- padrões mais livres em que utiliza modelos de Ourique, belíssimo exemplar de Art Nouveau potencialidades artísticas do barroco
relevo. Nos halls das portuguès, recriando neste estilo -

que ele
raiz naturalista tratados com o refinamento da
residencias burguesas, Arte Nova, como o padrão dos "Nenúfares", o FOTOS 4EIS designava, genericamente, por Renascentista
onde foram padrão dos "Gatos", o dos "Nabos" ou das
A esquerda, detalhe de jarra com ramos de magnólia. algumas das suas obras primas, entre as
Acima, Escarrador usurário. quais não devem ser esquecidas: o friso parao
frequentemente aplicados, "Ras", a
par de outros de
gramática
le ala tdes palacete Laibertini e a
nga Mas o prprio Borodal, gue nás TERMOS TECMICos

deseal "Jarra eethowen" qe hurje e


Conseguiu criar esla, permanerend albarrada

metta tna sala rle receppan do Museu


Como um Cas6) iseolado, apear da forç
Naniumal de Belas Artes d» Min de Janei indiscutivel da sua obra, náo rompeua erhe

No etanto, apesar de apreciares muit


e
centenária deo usy do aulejo lise,
tradicão
festejals pehs seus
(mtempo årncos, Bordalo que prosegue
paralelamente e

Pinheiro iäo eriou escola, mas apenas alguns faiança, louGa pisana, majolica
indiferente a este caso ímpar singular da
e

imitarlores, entre s quais se conta o filho, história da cerámica portuguesa do


Manuel tustave, que, ainda assirn, proxlusiu século XIX,

algumas bas prças r t Nouveau O azulejo liso, industrializado, na linha avati tara s Hálha, a* e r a n A leartina e ar a l t a Pre

er rgen tarntern o s n e 114atp (114lca)


No carmpr da cerámica decorativa da tradiçáo anterior, continuará a revestir,
evyap faanca está lapda a Fetua (nálha). rirnero e
seguidkres de profusäo, fachacdas de prédios um
arquitetónica, cntre r9s com ro prrhtor dese ipo de cerarnisa o PenavTATO,

a favarca te un a5arde deenhnrrernto ra Twana, ups


reflctindo vagas
Beorelal, s nerece referéncia especial Prédio do Visconde de Sacavé pouco por toda a
parte,
faianca fo
Certros prodores ruitiplcaran 1Mala e

influências da Arte Nova, assimiladas muito


segundo Vieemde de Sacavém, autor erafes irriurfas, a partr do kOO ZVI endo
rafr
frios e a prirneira tstuna er mas erterdda cono a de pro
proprietáriry do prédin situaeley rna Rua do Ainda é possivel referir mais alguns ao nosso gosto, traduzidas em alegres
uão reraertista talaria Psa foi urn dos principaus cer
floridos ou preenchendo frontões dos
Sa rarmento, lapa,
a en Lisbra, Este inóvel poucos exemplares isolados cm que a tros de eportaão desa cerarruCa, por i o conhecida tarn

prédios de rendimento que se foram bérn cono loua pisana.


(nstitui, seen duvida, o melhor e mais tradiçao bordaliana não foi esquccida, com
construindo nos bairros novos da Lisboa dos loggia
(Fnpleto exemplar rxistente entre nós de a sábia integraçäo do revestimento de azulejo
2leria aberta ern arcada (eqivëncia de arcos).
principios do século.
un caso de decoraçay cerámica aplicada a e maleira entalhada, num arranjo Art
mudéjar
arquitetura, integrando se nas correntes Nouvcau que decora a fachadla edo dos mouros que ficararn na Peninsula lbénca sob o dornínio

cristo (e: cultura rnudéjar).


csnopolitas, ainela que nurma interpretação Rua do Pau ta
Amimatógrafo do Rossio, na
NOTAS
gosto ben portugueses, Con os seus
palissiana
Bandeira, na Baixa Lisbocta, e os a0 gosto (rio gêrero) de Bernard Pallissy.
este
do
(0)Atitulo de curiosidade, julgo oportuno lernbrar que
ornatos (1lores, animais, grotescos e
rutas), revestimentos que decoravam as fachadas
Brande artista português, viveu de 1875 a 1879 no Rio de relevado

de formas gordas e fortemente Café Royal, ao Cais do Sodré, demolido há Jarieiro, responsável pelos hebdornadários de caricatura, o corn motivos decorativos ern relevo.

O Besouro. Ao Rio voltou en 1898/1899


Mosquito, Pistl e
policromadas, cste discipulo de Bordalo fez Cerca de trinta anos. Pode ainda ser indicada, Com urna grande produção cerâmica que aí vendeu, com
robialesca
ao gosto dos Della Robbia.
da sua residéncia de Lisboa uma das mais cm Lisboa, uma versão popular de exceçáo da "Jarra Beethoven, sua obra prima, que ofereceu
ao Palácio do Catete e que hoje se encotra no Museu ronde-bosse
loucas fantasías do Romantismo tardio dos revestimento de cerámica moldada cxistente alto-relevo, relev0 acentuado
Nacional de Belas-Artes, dessa cidade.
finais de oitocentos. num prédio da Rua das Janclas Verdes.
Azulej os na
coleção 4

Castro Maya

DOR A DE A L CA NTA RA

ma das características do azulejo emolduramentos lisos ou recortados; nesses

português é seu programado ambientes palacianos, os azulejos não se

ajustamento às superficies a cujo articulam com talhas douradas como nas

revestimento se destina. Os painéis são igrejas, a não ser em casos excepcionais.

dimensionados de acordo com as paredes, Poucas foram as residências

peitoris ou desvãos que deverão revestir. brasileiras apalaçadas com silhares

Neste momento, em que se procura situar internos de azulejo, no


período
os azulejos do Museu do Açude no âmbito da colonial; são estas, no entanto,

cultura luso-brasileira, foi muito interessante reveladoras da mesma tradiço na

contar, entre as demais, com a contribuição de forma de aplicar os painéis.

José Meco que, em seu depoimento, apontou Nas igrejas, observa-se tambéém a

do azulejo em herança lusitana: com alguma freqüência,


algumas particularidades do uso

palácios portugueses, onde ocupam as paredes talha e azulejaria ajustam-se, ambas

em silhares, mais ou menos elevados, com projetadas para os respectivos locais

de revestimento.

FOTO
O mesmo não ocorre quando se

Cabeceira do da Partida para a caça, que está no trata de uma reaplicação; as diferentes
painel
de dimensões das paredes - de origem e
tanque da horta do Museu do Açude, antiga residência

verão de Raimundo Ottoni de Castro Maya. novas requerem adaptações.


A ULt)os NA CoLCA O CASTRO NAYA

42 Este e o caso dos paineis do Museu dlo A correspondencia de Raimundo Castro


Aude. Nio dispondo de paredes Maya com Ruben Leitão, o antiquariode

suticientemente cntensas para abrigar os Lisboa que lhe vendeu o


conjunto de paineis
paineis adqüiridos, Raimundo Ottoni de joaninos, é reveladora de muitas das

Castro Mava subdividiu séries e até mesmo dificuldades encontradas na remontagem

algumas de suas unidades, A serie das desses paincis.


paisagens, por exemplo, é constituida por Há, em uma das cartas, referência a

oito paincis: no Salão da Lareira, um painel fotogratias enviadas inicialmente, quando da


duplo esta fracionado em cinco segmentos; proposta de venda feita por Ruben Leitão
nas arcadas do Pavilhão Debret, estão (12-12-39). Essas fotos revelavam falhas
aplicados os outros seis painéis, très a très. em alguns paincis, o que foi comentado,
Para as cenas de caçada daquele salão, com certa apreensão, pelo comprador
foi adotada solução análoga à anterior, por (29-12-39). Em outra carta (12-01-40),
tratar-se também de painéis concebidos para procuram tranqüilizá-lo com a noticia de que

superticies maiores, tendo de ser adaptados foram encontrados vários desses azulejos
a paredes de menores dimensões: assim, a dispersos na mesma propriedade". E dito
caça ao veado e a caça ao urso constituiam também, com igual intuito, que os azulejos
um painel duplo haviam sido retirados com muito cuidado,

O painel da partida para a caça, o maior sem quebras; algumas peças já estariam

da série, por estar desfalcado de várias partidas antes do desmonte dos paineis.
peças, foi destituido de seu A embalagem em que foram expedidas, no

emolduramento: a pilastra à esquerda do entanto, deu motivo a novas quebras munt


painel da caça ao urso, ficava à esquerda do numerosas. Raimundo C. Maya reclama
painel da partica para a caça. Sua cabeceira má
a
qualidade das caixas (05-0241).
esta'no tanque da horta e várias de sas Outra diticuldade enorme ele teria pat
peças encontram-se aplicadas no montar os diferentes painéis. As peças
preenchimento das falhas de outros painéis. ceramicas vieram numeradas por meio
(fotas 1, 2, e 3) papeis que lhes haviam sido colados; con"
CASTRo HAYA
A ZULEjOS NA

altura, ao contrário, motivaram a construção de um 47


deixando situações, a sensibilidade com
que foram dos silhares
neoclassicos, de pouca
46 umidade desprenderam-se, aos

interessados um intrincado quebra-cabeça. adaptadas as outras peças; a troca não se


feitos para um ambiente plano que, na
antiga pavilhão, próximo ao
espelho d'água, onde
ainda podem ser vistos. (toto 4)
Observa-se, consequentemente, nos evidencia a uma primeira vista, a nao ser em
residência de Castro Maya, acompanham a

Outro aspecto diz respeito ao uso de


casos de falhas muito grandes. inclinada da escada de acesso ao
painéis, a colocação equivocada de muitas rampa
as verticais da painéis, de diferentes estilos, num m e s m o
unidades. Em vários casos o engano foi do Sabe-se, pela correspondência com
segundo pavimento. Aqui,
ambiente. E natural, em edificações muito
azulejeiro que colocou mal a peça. Noutros, Lisboa, que onze unidades foram feitas na composiço dos painéis apresentam-se

á linha de inclinação da
houve troca de peças dentro de um mesmo Fábrica de Santana, para preencher lacunas. perpendicularmente
soTO

de outro dos São novas, por exemplo, algumas peças do escada, e não aos
planos dos degraus, como

painel, ou um
para paineis, o
Painel de uma das séries de azulejos neoclássicos,
do amolador de ocorreria se houvessem sido projetados para
que deve ter ocorrido em unção da perda pequeno painel facas; foi
ncomendados para a sede da firma Ferreira & Cia.,
tambem completado o rosto de um dos acompanhar a escada.
dos indicadores, já referida. Há casos,
em São Luis do Maranhão. A compra dessas séries por
em O uso incorreto deve ter-se alabardeiros. Se estes azulejos, em sua quase totalidade,
porem, que
Castro Maya motivou a construção de um pavilhão
aos novOs ambientes, os
dado em tunção da falta de algumas Como particularidade na reaplicação de precisaram adaptar-se
Maranhão, proximo ao espelho dágua.
unidades. E curioso notar, nestas duas azulejos a novos locais, e curiOsa a adaptação azulejos neoclássicos comprados no
MAYA
NA
c o L H C A o

cA DORA D ALCA #TARA


A Z U L E J O s

de Marvila já estava decalente em fins d


de azulejos sejam construção muito antiga, feita por D. Manuel gravuras diferentes, até
antigas, que aquisições
mesmo de autorese
AB século XVIl. século XVI, e
que foi paises diversos,
havendo
de Portugal,
no como
diversos momentos, ocorre em
feitas em algumas
vários estilos, Os painéis A Quinta de Belém começa a ser
despojala adquirida, no século XVIl, por D. João , paisagens deste conjunto,
naquelas, portanto,
de seus revestimentos depois da venda ao chamar-se Quinta Real da Os cenários do
de estilos diferentes encontram-se, porem, quando passou a painel duplo e os de trés
säo Estado, em 1939, por coincidéncia ano da Sabe-se de obras ai realizadas pelo outros painéis inspiram-se diretamente em
em ambientes distintos, alguns Praia,

contemporäneos à editicação principal e


negociação da venda dos azulejos a monarca, que deverão
ter incluído a gravuras de Johannes Visscher, que

outros Ihe são posteriores, Em ambientes Raimundo Castro Maya. A presença de


colocação de novos azulejos (havia outros reproduzem pinturas do também holands
servia Jan van Goyen. Personagens, árvorese
que são produto de acrescimos, os
azulejos inúmeros fragmentos encontrados quando anteriores). Nesse periodo, a
quinta
dlas prospecçöes ai feitas, há poucos anos, é breves do rei, para outros elementos foram introduzidos,
menos antigos do que os demais indicam
para permanências
muitas vezes a data clessas novas construções, reveladora do fenômeno de acumulação de hóspedes, ou comemorações especiais modificanddo ligeiramente esses cenários;

Outra coisaé a presença de painéis barrocos azulejos de diferentes períodos, inclusive do Entre outras, destaca-se a
chegada do a interpretação de alguns pequenos detalhes

e rococos em um mesmo recinto, como século passado. principe, futuro D. José I, e de Sua noiva tampouco é exata: das sete vacas existentes

na gravura em que se inspira um dos painéis


Ocorre, por exemplo, no Salo da Lareira. Dona Maria Teresa da Câmara Pereira, espanhola, em 1729, evento registrado em

(foto 8), somente duas foram reproduzidas


O gosto decorativo terá definido apenas o membro da familia proprietária do Palácio pintura sobre azulejos, que se encontram no
claustro da Ordem Terceira de São loto 7);o homem, que nela se vë próximo
colorido, reunindo o azul e branco desses Loulé (última designação atribuida àquela
paineis de diterentes estilos e, no entanto, Francisco, em Salvador, Bahia. (fotos 5 e 6) ao gado, e algumas embarcaçöes foram
propriedade), freqüentou-o em eriança e

separando os rococós com emolduramentos recorda-se de azulejos por toda suprimidos, simplilicando conjunto. o
a
edilicação do
policromos, dos anteriormente citados (em á
Junto igreja que aparece na paisagem
nas escadas, corredores e salas. Lembra-se,
azul e branco) de mesmo estilo. embora sem muita precisão, da Azulejos Barrocos painel, há um curioso pavilhão que
se inspira nas tendas de campanha,
Não foi possivel estabelecer um
paralelo representação de vacas e de uma figura com
em mais de uma gravura,
mais exato entre o local de origem dos Com relação ao conjunto joanino, pude representaclas
uma roda, em dois desses azulejos. Pode
numa de Robert van
azulejos do Museu do Açude com sua recolher informações bastante esclarecedoras como
por exemplo
muito bem tratar-se de uma das paisagens
sobre as diferentes séries. De um modo den Hoecke.
localizaço atual. Ainda assim,
algumas com duas vacas em primeiro plano e do
No painel duplo, cena à direita, no lugar
indicações podem ser dadas: painel com o amolador de facas e sua roda geral, representadas nos painéis de
as cenas
um
A coleção joanina pertencia a um dos azulejo são cópias ou reinterpretações de ondeestariam dois firades, encontra-se
este último tema parece ter sido raro em
fidalgo com braço estendido, inspirado
em

palácios dos Marqueses de Marialva, junto a pinturas, divulgadas através de gravuras


azulejos portugueses.(fotos 7e 15) Le Clerc.
Há uma modelo da série de Sebastien
Lisboa. Marvila ou Belém? Com toda a Essa residência de Belém, no local onde se grande liberdade na composiçao
dessas cenas em que podem ser utilizadas fotos 9, 10e 11)
probabilidade este último, porque Quinta a Encontra hoje o Centro Cultural, era uma
AZU L O NA c o t ç AO C A T O M A YA

50 Já outro painel de aulejos reproxduz a inspirar-se em mais (de uma


gravura; nela hi
"Vista da Ponte e do Velho Castelo de traços de duas figuras femininas dos mele

Corbeil", desenhada por Israel Silvestre e populares de Le Clerc; o menino lembra

gravada por Perelle (fotos 12 e 14). que aparece no retrato de Claude Deruet.

Como no caso do fidalgo, o azulejador deve gravado por Jacques Callot. Este conjunto
ter se inspirado numa contrafação da faz-nos entrever o paisagismo da escola

gravura, porque a pintura no azulejo holandesa, que tornou tamiliares cssas cenas
apresenta-se em posição inversa. Neste ribeirinhas, os dliferentes tipos de barcos
mesmo painel, igualmente invertidas, veleiros e de canoas, moinhos e sobrados

aparccem duas figuras masculinas numa com guindaste junto à empena. As ruinas, a

gangorra improvisada, extraídas da obra de atmosfera um tanto nostálgica e os

Sebastien Le Clerc. (loto 13) detalhes de arquitetura medieval estão


A figura de mulher do povo junto à presentes em quase todas as paisagens

figura de menino em trajes de gala parece Essa ambiència écuriosamente povoada por

9
A ZULEOS N A COLE ÇA O CASTRO MA YA

figuras francesas, por exemplo: tipos O álbum de Johan van der Straat (Johann
54 populares em seu divertimento ou tipos Stracdannus), do século XVI, prestar e ia

aristocráticos em seus
passeios. como base para muitos outros gravarlor
As caçadas constituíam um dos lazeres nos séculos seguintes. Tempesta é outr

prediletos do rei e da nobreza. O aparato de artista cujas gravuras sobre caçadas tera
que se revestiam, especialmente as reais, exercido influência sobre representaçoes
criava um
espetáculo digno de registro, posteriorcs.
que
inspirou a mais de um pintor. As figuras de caçadorcs e seus auxiliare,
Ainda essa vez as gravuras serviram como que os painéis de azulejo apresentam,
instrumento de divulgação dessas obras. diferem bastante das de Stradannus ou das de
Tempesta; não possucm o vigor daquelas,
FOTO 9
apresentando os
personagens em
trajes e

Abaixo, gravura de Sebastien Le Clerc. A figura com posturas elegantes como se fosse de outra
braço estendido, à direita, terá inspirado a que está natureza a atividade de lazer em exercicio.

representada no painel de azulejos (foto 11). Cenas iguais e


personagens em
posturas
A posição invertida dessa figura faz pensar em uma
muito semelhantes foram anotadas, como
contrafação da gravura. sugestão da existência de um modelo comum
MAYA
NA COLEÇA O CASTRO R DEALC A NTaAA
A ZUL EJOs

identificar.
58 que, no entanto, ainda não logrei
Um bom exemplo, é a cena de particda
para a caça, existente na Quinta do Manique

em Portugal, que me fora indicada

por José Meco. Ela só difere da existente no

Museu do Açude em
poucos
detalhes. (foto 3)

Os emolduramentos de diferentes painéis


são, algumas vezes, muito semelhantes. No

caso destes, existem dois outros

praticamente idènticos, variando

especialmente em função das respectivas

dimensões; quanto mais amplos são, tanto

mais detalhes decorativos recebem, para


preenchimento da superticie.
, '
Os dois maiores painéis com

emolduramentos semelhantes aos do


oTO
Açude estão na entrada da nave da lgreja de nas volutas
interno de peitoris ou desvos, vé-se a
tigura Os mascarões que se integram
Figuras masculinas numa gangorra improvisada,
t Saotrancisco de Salvador, Bahia; dois outros do já citado amolador de facas. (foto 15) ea asa de morcego, todos na base do pequeno
Le Clerc.
extraidas da obra de Sebastien
haviam sido transferidos (possivelmenteda No emolduramento deste painel são painel, são únicos neste conjunto de azulejos.
Detalhe da gravura.
sacristia da Igreja da Ordem 3* de utilizados vocábulos decorativos volutas, da fase do
A asa de morcego é tipica primeira
São Domingos, tambem Salvador) para acantos dobrados em cálice de flor etc. terremoto de
Rococó, que antecede
em a o

Solar Monjope, no Rio de Janeiro; semelhantes aos dos demais painéis barrocos. Lisboa (1755). Ora aparece em composiçoes
demolido o solar. perderam-se os azulejos, modura interna, a não ser pela forma onde predomina o novo gosto, ora naquelas

dos qvais Testou apenas um registro Oval, aproxima-se das circulares dos cm que o caráter joanino ainda é o dominante.

fotogratico parcial. medalhões existentes nos paineis de caçada, Os desenhos de Edmé Bouchardon sobre

Num OS pregöes de Paris" tiveram diferentes


pequeno painot, dos que tratamento da moldura externa, com

usualmente destinaväm-se revestimento


ao cravos, também evoca aqueles painéis. versões, segundo os numerosos gravadores
DORA DE ALCANTARA

63

que os reproduziram. Fazendo parte do 19) Profissional ligado à corte de Luiz XIV,
conjunto de azulejos joaninos, o "amola facas assim como seu irmão, Claude, Charles

e tesouras, ou o
"ganha pouco" (gagne Perrault é mais conhecido, no entanto, por
petit), inspira-se em contrafação da versão sua contribuição à literatura infantil, com
que lhe deu o gravador Sebastien histórias como as de Chapeuzinho Vermelho,
Le Clerc.(foto 16) Gato de Botas, Pele de Asno etc. Os irmãos
O painel com maior qualidade, desse Perrault consideraram como Belas Artes, na

conjunto, é o que exibe uma alegoria à decoração desse teto: Pintura, Escultura,
Pintura: baseia-se na gravura de Gérard Arquitetura, Poesia, Eloqüência, Música,
Audran, feita a partir da pintura executada Otica e Mecânica.
por seu irmão, Charles Audran II, Os vários exemplos que pude ver, em
"A Pintura pintando um emblema a Luiz Portugal, do uso dessa temática na decoração
XIV". (fotos 17e 18) de painéis de azulejo apresenta-os sempre
Essa e outras sete pinturas, numa série, maior ou menor, mas nunca

representando as Artes, destinavam-se à isoladamente, o


que me leva a
supor que,
decoração do teto do Gabinete de Charles também neste caso, a alegoria à Pintura

Perrault, "Le Cabinet des Beaux Arts". (foto estivesse inserida em uma série maior.

w w t O e D
DORA DE ALCA N ARA

do 65
No Brasil, em Salvador, junto à bibliotea
antigo Colégio dos Jesuítas ( hoje
dependéncia da Catedral-Basilica ) por

exemplo, há trés desses painéis. Não

encontrei nenhuma série completa com as

oito alegorias; delas, a Arquitetura é a menos

freqüente.
Vi apenas um painel com essa alegoria no

antigo convento de Santa Marinha da Costa,


em Guimar es, Portugal, hoje transformado

em pousada. Nele, as alegorias, em número

de três, fazem parte de uma série com

temática diversificada, o que não encontrara

em nenhum outro lugar.


O trabalho de Luisa Capucho Arruda

sobre as "figuras de convite" enfocaa a

presença dessas figuras, muito usadas em

Portugal, durante o século XVIII, chegando

ainda a principios do XIX.

Essas representações de figuras humanas

em madeira recortada e
pintada aparecem,
também, na Inglaterra, onde eram

conhecidas como
"figuras de companhia".
Em Portugal elas foram pintadas
sobre azulejos: alabardeiros com
uniformes de gala, criados

de libré ou soldados romanos,


entre outros, apresentavam-se
resiodiencias aristoCráticas.
1itrarla das vindo o
unjunto deaulejpn do Mueu do 67
tfipabhavarn visitantes ao longo das
Acude, Cabe uma
palavra mais wbre ema
a

et arlarias. quinta, situada a margern do rio Tejo, em


ben tipico do enpirito barroco esa
Belém, viinha an Monteiro don Jerónimos.
8 i a a r de liguras reais a inaginária
Oterreno que ocupava era exten), mas a
im narrativas prortugucnas de episódios na parte edificada ponsuía dirnensies
ortr, enontramos alabardeiros guiando relatívamente pequenas, assim mesno
"eMalas aima os visitantes, tal como se resultantes de anpliaçies feitas pelos Condes
enontram ainda hoje as
figuras de azulejo, de Sao Lourenço, seus
segundos
rertalas contra as paredes, na subida das proprietários. A planta em U, que começava
eadas ou na entrada das casas. a entrar em voga, bem como as torres com

As cque e cncontram no Museu do coberturas piramidaís (em copiar), foram


Acude dois soldados romanos estariam aotadas nessas ampliações. A planta tornou-
prosavelmente colocadas nas escadarías da se um duplo U, ou seja, um H, em que a

uinta Real da Praia, depois Palácio edificação principal, de dois pavimentos,


Marialva c Palácio Loulé. (foto 20) ocupava a parte central e quatro galerias
ttal d« figuras de convite existentes estendiam-se para os outros lados, com as

T Brasil hega a treze exemplares. Estes quatro torres nas cxtremidades.

191 Moldardos romanos somaram-se a setc Ela foi doada ao quarto Marques de
Jutros enontrados no Convento de Sáo Marialva, que perdera sua propriedade

TTan i e na lgreja da Santa Casa de urbana, com o terTemoto de Lisboa. Nessa

Mricia, em Salvador, Bahíia, desde o quinta passa por uma série


oportunídade, a

Mul XVII, Além dos soldados, destacamn


uatro figuras de mordomos, também OTO 9

atinas, na escada de acesso à biblioteca do proxina påzina

a1tig Clégio dos Jesuítas. Teto do Gabinete de Belas Artes, concebido por

Claude e Charles Perrault com a representação


nencionada a Quinta Real da Praia
nno de oito alegorias ås artes.
local de onde, Com quasc certcza, tera
DORA D ALCA TAR A

de adaptações, para servir como habitação Azulejos Rococós 71

permanente para a familia do marquês.

O diário em que William Beckford relata No final do reinaclo de D. Joäo Vc inicio


sua permanencia em Portugal permite-nos de D. José I, começam a surgir mudanças no

entrever alguns aspectos da residência e gosto decorativo, E csta a fase inicial do

da vida em seu interior, ao tempo de Rococo, que foi a mais fértil e inovadora.

Dom Diogo de Meneses, o quinto Marquês A scgunda, a partir de 1757, é conhecida

de Marialva. como Pombalina; caracterizou-se pela

O sexto desses marqueses, D. Pedro predominância dos conchcados nos


José de Meneses, foi o responsável pela emolduramentos c por figuras menos

vinda da Missão Artística Francesa para o criativas pintadas em azul ou avinhado.

Brasil. Foi dele a encomenda feita a Os emolduramentos são policromos verde,

Charles Percier (um dos mestres de amarelo, azul e avinhado ou apenas em

de Escola de azul, cuja tonalidade mais suave difere do


Grandjean Montigny, na

Belas Artes de Paris) de um projeto de cobalto vibrante da azulejaria barroca.

retorma para o então Palácio Marialva, por Em 1767, no programa de

volta de 1816. Se efetivado, a quinta industrialização manufatureira implementado

teria adquirido o aspecto de uma vila por Pombal, inseriu-se a criação da Fábrica

maneirista italiana, com requintadíssimo do Rato. A orientação dada pelos diretores

tratamento interno e grande dessa fábrica influenciou as novas tendencias

do gosto rococó, cuja terceira e última fase


aproveitamento paisagistico.
Os elevados custos a realização da pode ter seu inicio situado por volta de
para
terão 1774. Nela os ornatos perdem a volumetri
obra e a morte prematura do marquês,
Sido as causas que impediram a efetivação tornam-se mais flamejantes, desordenados e

desse projeto. Morrendo Dom Pedro José começam, também, a ser permeados de

propriedade motivos neoclássicos.


sem herdeiros diretos, passou
a

a De séries como a das "festas galantes" de


a sua irm, ligada por matrimönio

familia Loulé. Antoine Watteau, vários motivos foram


DORA DE ALCA
ASTRO M A YA
NA C OLE A O C
A ZUL EJOS

carregam irutos;
no entanto, Não há
72 aproveitados, desde as figuras desta antiga residência Castro neste
museu,
qualquer indicação quantoao
de gorro) com local de origem desses azulejos. Em seu
principais até os Maya, exibe uma têm o chapéu (especie
e traje (calções, túnica e livro Azulejaria portuguesa Brasil,
grandes plumas
no
cena musical, cuja
elementos que
diferentes. As cenas Santos Simões retere-se a
compunham os composiço adota meias) um pouco esses
exemplares
emolduradas com motivos barrocos. como provenientes de Lisboa, em data
jardins, como muretas, aqueles elementos. são
emolduramento também barroco, mais recente.
vasos, árvores, algumas Assemelham-se Em
Francisco, Salvador, E ainda Santos Simões quem intorma
Convento de São
em
das quais em topiarias; também aos motivos no

do pajem, desta vez sobre a procedencia de dois painéis


eram acrescentados a deste painel, os que se repete-se a figura
usando na dedicados à devoção de Nossa Senhora Mäe
estes, com freqüencia, encontram no segurando uma capa e

dos Homens, com emolduramento azul,


fontes com figuras palácio que foi cabeça barrete de abas viradas para
da Lareira;
humanas esculpidas, propriedade do cima, mais parecido com o do pajem do aplicados à parede do Salo
baseado em tradição oral, diz o autor que
em sua
parte superior Marques de painel do Museu do Açude.
Jardins e fontes Outro painel dessa sala vola a
Pombal, em Oeiras;
semelhantes podem ser
música e dança em tema das caçadas.
observados na Quinta mais
jardins A caça ao veado era considerada a

da Infanta, em Caxias, semelhantes ao nobre e por essá azag toi designada "caçada
nos arredores de
deste. A postura das real". A éppeá apropriada a esse genero,tle
Lisboa. Painéis com emolduramentos tiguras femininas e do músico com
rococós, nesta
caçaca era o mes de agosto. As antigas
quinta, revestem a
parede instrumento de cordas, sentados, e também da veacdo
voltada para o pátio de entrada.
Cronicas falam caga ao

sobretudo a figura do pequeno pajem são Dranco. Na série de vistas de castelos,


O painel de azulejos, com
comuns aos painéis. Os emolduramentos sao
desenhadas egravadas porJ. Rigaud (17i8),
emolduramento de mesmo estilo, FOTO2
rococós. (fotos 21 e 22) a de Forntainebleau e feita a partir de uma anterior (foto 21).
do painel
policromo, que se encontra na sala de jantar Cabe um destaque quanto à figura do Cena com tema análogo ao

colina, onde se desenrola uma caçada ac foi propriedade


do
Encontra-se no palácio que
pajem, também presente em azulejos Veados q artista parece querer ionar Oeiras.
em
Pombal,
FOTO 21 Marquês de
existentes no edificio situado na Calçada cdo Cssa atividadé, prerrpgativadorei, a uma de säão
da paisagem
Painel com emolduramento rococó Alguns
elementos

policromo. Combro, n° 17, Lisboa, e na "Casa do Suas residencías. Nela, aposturde como a figura do
Exibe uma cena musical assim
em jardim, ao gosto das cenas
Machadinho" em localidade próxima. Esses
s e m e l h a n t e s ,

dois dos da
galantes de Watteau, Museu do Açude. cavaleiros é muito próxima qu pequeno pagem.

pajens, Como o do painel que se encontra


foi usada
neste
painel.(foto, 23)
STRO MAYA

NA COL ORA DE ALCANTARA


ZULEJOS
A

no bairro de Xabregas, em Lisboa. Ele é ao Papa o

igreja de pleiteia junto


mesma

14
teriam pertencido à Lourenço de Nossa 75
Rua da Alfändega, no descrito por alguns autores como figura titulo de
"M e dos
invocação, situada
na
Senhora, veio
E necessário que se faça uma veneranda de vida muito
piedosa, tendo Homens para Maria.
Rio de Janeiro. jOvem para o

tudo indica essa grandes dotes de oratória e aptidões foi sim,


pesquisa maior, mas que Ele esteve, Brasil. Tomando
tenha maior fundamento. literárias; preocupado com a
população diante do rei
Dom João habito de Terceiro
tradição no
E provável que tenham pertencido a outra decadente e suas rixas, a ela dedicava
ações
sermão na
Franciscano,
e
V, pregando
capela com essa invocação; poderão tambem conselhos. Costurmava falar em
versos, sendo Sé Patriarcal; a construiu uma

ter decorado alguma igreja matriz, por isso conhecido como "o Poeta de eloqüência com que ermida de Nossa

conventual ou mesmo de irmandade, que Xabregas". Essa designação pode ser lida no comunicava sua Senhora Me dos

abrigasse altar em honra à Senhora Me painel do Museu do Açude. devoção convenceu o Homens e São

dos Homens. Dele diz Ribeiro Guimares Francisco das


(1872): monarca, que lhe deu
anto quanto se tenha noticia, existiram é Chagas, na Serra
o
protótipo de frade entusiasta, do o dinheiro neceSsario

Lisboa do Caraça, onde


em uma
capela e
ermida, que uma beato sincero, de
espirito acanhado e alma á execuç o de uma boa
desapareceram sem deixar vestigio. cândida". Descrevendo mais tarde
um
quadro quue imagem da Virgem,
Quanto as demais, em numero de seis, funcionaria
reproduz sua imagem o mesmo autor traça- como a concebera.
distribuem-se pelo território um tradicional
portugues, nas Ihe um
perfil bastante caricato: "Imagine-se Também com apoio
dioceses de Portalegre e do Porto, no
estabelecimento
um homem excessivamente obeso; a cabeça de Dom João V, foi
patriarcado de Lisboa. de ensino, mais
conhecido pela designação
e como uma imensa mole sobre um
erigido um belo altar a Nossa Senhora Me
No Brasil, ate os
essa
devoção foi introduzida
pescoço curto e grosso... a barriga colossal; dOS Homens, no próprio convento de "O Caraça". Ai viveu irmão Lourenço
em diferentes pontos do 1819.
pais: em So Paulo, e tudo isso embrulhado hábito 95 anos, falecendo
em

SantaCatarina, Bahia, Rio de Janeiro e


no
Xabregas. A pessoa do Irmão
foi ligada à do jovem
xabregano". Percorrendo as ruas da cidade Outro personagem, de certa forma
Minas Gerais; em nenhum volta de 1763, chegara ao
destes portugues que, por
parece-me Com um relicário florido em que levava a
lendário, está ligado a Nossa Senhora Me
viável situar de
procedéncia dos azulejos que,
a

imagem de Maria, mais de uma vez escutou dos Homens. Também português, Irmão Tejuco (Diamantina) e fora morar em
casa

provavelmente terão vindo de Portugal, em da garotada: "Lá vem o João Redondo com Martinho de Sousa
Távora. De la partiria para

epoca mais recente. posteriormente, para a


Piedade e,
Serra da
A
Maria das Flores...". a
Tejucoe
origem dessa devoção está ligada a Frei
FOTO 2

do Caraça. A data de sua chegada ao

Esse retrato é bem diferente do que esta r o painel rococó da sala de jantar. O tema e a Caga
João de Nossa
Senhora, frade hospedou
lizeram com

franciscano do
pintado no painel, no Salão da Lareira (toto
o nome de quem o

Convento de São Francisco


ao veado. Considerada como a mais
nobre. como o
Carlos Tavora,
das
Chagas, 4t). rantasiosa é esta cena em que Frei Joao foi designada caçada real.
que
fosse
identilicado
DORA DE ALCANTARA

familia do Marquès de sucedem longo de silhares pouco elevados


nico sobrevivente

ao
unic 77
Tavora, denada pais e filhos - a suplicio
(em torno de seis fiadas horizontais)
acusados de tentativa de continuos. Outros limitavam-se
e morte publicos, e
aos

asasinatodo Rei Dom José I (1759). Dom elementos decorativos: guirlandas, vasos ou

Carlos, irmão mais moço, teria conseguido cestas de flores, pássaros e ramicelos, de

fugir para uma das colónias portuguesas e expressão bastante linear.

dele nunca mais se teve noticia. Foram muitas vezes aplicados em

Outros querem ver em Irmão ILourenço, combinação com pinturas, ou com papéis de
parede; há casos em que o próprio azulejo,
losé Policarpo de Azevedo, o
próprio autor
dos disparos que atingiram o rei; "criado imitando tecido, substitui o papel de parede.

fora condenado Alguns motivos decorativos inspiravam-se


grave" do Duque de Aveiro,
encontrados
que vinham sendo
em
à morte por Pombal, assim como seu senhor. nos

fresco, nas ruínas da cidade de


Jose Policarpo teria sido escondido pelos pinturas a

frades de Xabregas, até fugir para o Brasil. Pompéia, Itália. Refletem também o gosto

das decorações dos irmãos Adams, na

fontes eram bastante


Inglaterra. E, se essas

mesmo nao ocorre

Azulejos Neoclássicos atuais para a epoca, o

c o m os arabescos de Watteau (1684-1721);

de decorador está
finais
essa figura pintor e

azulejos neoclássicos surgem em


anteriores,
do século
XVII e estão presentes na
mais ligada a periodos
Regència e Rococó.
PrOdução do século seguinte até sua terceira
neoclassicos, que
A série de azulejos
4aproximadamente. Estão ligados ao
do andar térreo
pode ser vista no alpendre
reinado de Dona Maria I.
do Museu do Açude,
do edificio principal
mbora existam painéis que mantem
fora encomendada, originalmente
O
râter
narrativo, é mais comum a
um sobrado, em
(finais do séc. XVIll), para
presença de figuras soltas ou de onde os retirou o
de Salvador, Bahia,
pequenas paisagens no Rocha. Dele comprou-a
Dr. Geraldo
nterior de
medalhões, que se
AYA
CA

ORA DE ALC ANTARA

78 No caso das séries


Pavilhão de Inverno, foiabrigad pelo 19

possivel
reconstituir-Ihes o
roteiro: são duas series
de
azulejos neoclassicos
encomendadas
para o
sobrado que, em São Luis do
Maranhão, foi sede da firma Ferreira &
Cia.
(ver toto 4).

Ha noticia de
que no sobrado havia um
maior numero de
exemplares e de
que os

azulejos toram vendidos, neste seculo, a

mais de um
comprador. Inacio Hesket de
Oliveira, que se tornara socio da tirma,
levou uma serie de figuras de vendedores
chineses
para a varanda (sala de jantar
maranhense) de sua casa na Rua Grande,

782; encontra-se hoje no Museu de Artes

Decorativas do Estado do Maranhão.


O emolduramento das tiguras de

vendedores é igual ao dos medalhões da

mesmo antiquario de Lisboa, Ruben serie menor de azulejos que se encontram


FOTO 1 Raimundo de Castro Maya, em 1921.
Painel da sére de no Museu do Açude. Esta e mais outra que
azulejos neoclássicos, que pode (foto 25) Leitão, que vendera a Castro Maya o
toram
ser vista no alpendre do andar térreo No vestibulo, o Conjunto joanino desta coleção. toi com ela aplicada no pavilhão
pequeno painel
do edificio principal da aniga propriedade de E comum, em Portugal e no compradas por Osvaldo Soares, antiquario
neoclássico com elementos decorativos
e utilizadas no sobrado de sua
Raimundo Castro Maya maranhense,
cesta de flores, guirlandas e pássaros faz Brasil, a
compra de azulejos aplicados a

Rua de São João, em São Lus.


residencia na
parte da série que foi adaptada à subida da edificios antigos e sua consequente
m o r a r em outro local.
indo
escada; diticulta a
Anos depois,
mais um
painel desta série pode mudança de ambiente, o
que series a
duas
Osvaldo Soares vendeu
as
ser visto na pequena tonte, próxima ao
identificação de seus locais Castro Mava.
Raimundo Ottoni de
Pavilhão de Inverno. Ela foi adquirida do de origem.
Mava, bastante secundaria. Mais
astro
O
isante ainda a constatação de motivo
papel desempenhado peo Brasil na
adoção dese gosto foi
dntico cm um doS paineis da Sala dos Actos fundamental: aem da
relatividade das tradiçöes de sua classe social
Universidade de Evora. O exame mais
mais abastada, o cima brasileiro, umido e
detido que pude tazeT, com a ajuda de Jose
quente, encontrou arulejo e suas
no
Meo, esclareeeu-me tratar-se de copia,
qualidades anti-termicas um revestimento
relativamente recente, do painel de Evora.
ideal. (foto 27
* s * * v *ara * V- s ms antgos naste musau - revestem o banco As obras do
arquiteto da Missao Francesa
w a wihàs D e e A o n m s i d s e mrio inspira-se am azulejo taaverana Grandjean de Montignv - e o ensin
s a msido an Taaven de a Reina (Espanhal
Azulejos no século XIX ministrado pelos denmais artistas daquela
Misio, oonsolidaranm o estilo neovdasiio,
industria eramica
No seculo XIX, a que vinha penetrando desuc o sevulo X\l no

izulejos Decorativos m o as do srulo NlN, oltaräo ao


genero porugucsa
modierniza seus metodos de aIs E em veniae que sua adoyão to

de tapete, mas com padries muito Observa-se, îmiciamente, o uso superteal, om exoYao ddo esultacko obtido
produçao.
Cas simphticados, ou reeladores de novos sistematico da estanmpilhagem manual, em algumas obras oticiais. Mas, embora

ton extensa a mtlcnia dv estik,


i r a t i n u s Algumias vess, m a a r n u stos e tendèncias. tambem supertoial,
omplementada por retoques
adotado em toxo o vastv territorio brasilem
m pudominància no saulo \ \ , cles Outo tipo de padrão apenas decorativo seriam adotados
manuais; depois nas
ngiudas nas platihanias
c
inhas mais
anrentamm * cm ainics quc, npetidos, nmais adequados a
enoontramas nos "azulejos de brutesco que, processos de impressão suhstituramas
anelas
nstituem tapetes om tormas tlorais Tgas de portas e
nos seculos X\1e NVII, apresentaram mecamzaao do produto,
A aphaa
em ondulayis do perundo anteruor
cstilizadas, ou ahstratas. Eiste apenas um omposiies decorativas inspiradas nos O aumento quantitativo do avuleo,
u s 0 de

d s azulejOs nas tacthadas


c o
opr
queno nummero de evemplares desse genero motivos encontrados por Ratael, em suas barateameito,
O m o seu conseqüente a quc
se }ntaran
cstatuctas c urnas lassa as,
no Museu do Aqude, revestindo um bano prospeeyões arqucologicas romanas, os Cstmularam novos usos desse materal, material
tabriadas cnm
c esteras,
camada sx1at inhas
externo, junto ao Pav ilhäo Debret (foto 26). rebres "grotescos", muito usados no decorativo e utilitário. A nova
lcmo esmaltado,

sotn do
Em arul, amarelo e branco, cxibem um Renascimento e no Mancirismo. de gosto
menos caigente urano un poav
que emergia, devolheriam ao
casario

lo
padrao baseado nos csqucmas talaveranos tradicional, passou
a
usa- harna
ntrigou-me a existencia de um painel p o n t o de vist.a tantasieosd der
cspirito NIA) da
(cspanhois) de composição. om cses motivos, de aparencia antiga, em Suas resideneias e
estabelecimcntos de oitocentista (sceulo
Oconjto
bom
taniben um

Os azulejos de padrão decorativo que a simples falta de algumas peças não rabalho, não só
internamente
como
asto
Alava v n p e c n d e
coleyio

pombalinos (2 metade do seculo XVI), bem justificaria a localização que lhes foi dada por nas fachadas.
cAsTRO MAYA
A ZULEJ OS NACOLEÇAo

82

FOTO 27

Neste sobrado azulejado, em João Pessoa, Paraíba, as vergas arco-apontadas,


referência neogótica, somam-se já às formas neoclássicas, revelando

o novo gosto eclético (2 metade do séc. XIX).

número de exemplares franceses e Embora a policromia tenha sido


holandeses; dele também constam azulejos
enriquecida no século XIX, os azulejos do
portugueses e, em pequena proporção, Museu do Açude, refletindo certamente o
exemplares espanhóis e belgas gosto de Raimundo Ottoni de Castro Maya,
Essa variedade de procedências é são em azul e branco, ou
possuem pouca
indicativa do comercio que o variação de colorido.
Brasil, depois da independência
ter com outros
(1822), passou a

centros produtores.
0 azulejo:

er m a n ncia e ino vaçao

TOL EDO
BEN E DI TO LIM1 A

visita à Essa virtude, o azulejo irá ostentar, como

forte impressão deixada pela


características marcantes.
Europalia em uma de suas
exposição de azulejos na

Some-se isso a variedade ilimitada de


reforçar minha convicção de que a
1991, só veio
ira
formas e padrões que a arte portuguesa
nesse campo a contribuição de Portugal não
diversidade
mundial. oferecer ao abordar uma grande
teve paralelo na produção artística
tão bem de temas. A concentração dessa
Raramente pode-se ver exposição
de formas e cores em uma
concebida. A mostra o c o r r e u na Porte de multiplicidade
exposição, c o m o O c o r r e u na Europalia,
Hal, em Bruxelas, entre setembro e

dá a medida dessa força criadora, sensaçãob


dezembro. O clima severo a essa época na
acometido o
com as deque, igualmente,
Bélgica, cinzento e frio, contrastava
visitante do Museu dos Azulejos (Madre de
formas e cores intensas dos azulejos.
Deus) em Lisboa.
Leonardo da Vinci apreciava as terracotas
O mesmo poderíamos dizer da surpresa
coloridas de Della Robbia, afirmando que elas
reservada ao viajante que entra na lgreja
a5segurariam à pintura uma perenidade
onde
So de São Lourenço de Almancil,
comparável à da escultura".
Oliveira Bernardes criou
Policarpo de
um conjunto de excepcional unidade,
FOTO

sintonia envolve e comove


Wasth Rodrigues, Rancho da Maioridade, uma que
o observador.
São Paulo, 1922.
A N VAA0
RN ANN
A ZULEJO

catalogo da exposiçio
86 Jose Meco, no

nos da uma
REG FELJO
Azulejos" da Europalia,
aos
brasileiros.
intormaçào muito grata
1702, a Antônio de
Em carta enviada, em

encomendava-se ao
Oliveira Bernardes,
Dourada
artista azulejos destinados à Capela
modelo
de Recite, que deveriam seguir o
holandès e "ser um reflexo do que melhor se

influência
tazia em Lisboa". Se de uma parte a

"reconhece-se
holandesa e evidente, de outra,
muito
ali a pincelada nervosa e enérgica
caracteristica desse pintor".

episódio, vê-se a arte


Assim, por esse

dessa familia de artistas ser exportada ao


Brasil.
Não se conteve nos interiores a arte da

azulejaria. Ganhou os alçados principais dos


edificios e não ficou restrita às edificações

religiosas. E o
que pode notar quem caminha
pelas ruas do Porto ou de Lisboa e,

acrescentaria, de Sao Luís do Maranhão.

Em Lisboa, pudemos visitar, na


grata
companhia do arquiteto Nuno Teotônio

FOTO 2

Wasth Rodrigues, detalhe do painel

do Rancho da Maioridade,

São Paulo.
OVACA

Das residencias
modernizado colicas. O beiral dos
88 da azulejaria. Assim, na
prieira decada deste portug

alpendres terais
projetou, notabilizaram-se,
seculo, chegou ao Brasil o arquiteto contavam
gue

Rua
com
longas telhas de louça
portuense Ricardo Severo. Um antigo aluno narticularmente,
sua propria a
Tagua, em
originarias, igualmente, do Porto.
e, posteriormente, colaborador seu, o São Paulo ea residencia
Numa de Oliveira a
Outro
arquiteto que notabilizou pelo
se

Avenida Paulista. Em ambos casos, o azulejo de


arquiteto José Maria da Silva Neves traçou-lhe uso
azulejo em suas obras foi Victor
um pertil: "Formado pela escola de teve papel relevante
na composição geral. Dubugras. Nascido na
França, Dubugra
A essa epoca, a industria paulista ensaiava estudou em Buenos Aires onde trabalhou
engenharia do Porto, era notàvel
arqueólogo com

primeiros passos na direção da fabricação Tamburini, o mais destacado


e primoroso escritor e conterencista. seus arquiteto
Por essa razão e, certamente, portenho de sua epoca.
Membro da Academia de Ciências de Lisboa, de azulejos.
fundou revista entusiasmo em relaçao a arte de sua Vindo a São Paulo, passou a lecionar na
FOTos 3 E a
Portugalia notabilizando-se pelo
Wasth Rodrigues. Lango da Memória. São Paulo, 1920. pelos trabalhos de pesquisa arqueológica nela terra,
Severo mandava vir do Porto nascente Escola Politecnica. Projetou grande
Detalhe do painel na página ao lado. publicados. Erudito, culto, esteta era, ainda, azulejos especialmente
elaborados pelo numero de obras publicas, notadamente

O alpendre scolas e edificios para forum no Estado


exaltado patriota e fervoroso nacionalista. consagrado artista Jorge Colaço.
Pereira, um conjunto residencial conhecido de São Paulo.
Realizou uma série de conferencias na sede da frontal da residência Numa de Oliveira era

da
como Bairro Estrela d'Ouro de comemoraçoes do centenario
painéis de azulejos de
Para
Agapito Serra Sociedade de Cultura Artistica, em 1914, no revestido com
as

Presidente
Fernandes, de 1908, para surpreender, no sentido de fazer-se no Brasil, bordos recortados, tendo por motivo cenas Independencia, \Washington Luis,
uma
arquitetura
exterior de construções despretensiosas, brasileira que tivesse raizes na
tradição
magnificos paineis de azulejo. Já em São Luis
portuguesa".
do Maranhão, esse revestimento exterior fez a Propugnava a realização de um estilo
cidade passar à história com a
denominação colonial brasileiro. As residéncias
que
de "Cidade dos azulejos". Esse conjunto projetou, longe de ostentarem o
mereceu
aprofundado estudo de Dora despojamento da nossa arquitetura antiga,
Alcântara', guia seguro, que nos permite foram assim
descritas, pelo arquiteto Silva
constatar a
contribuição da arte às
portuguesa Neves, que com ele trabalhou
cidades brasileiras no século XIX. longos anos:
"Suas
concepções eram requintadamente
Essas despretensiosas considerações
fidalgas, sua técnica perfeita e por isso, Sua
servem constatar
para se
que, ao se
chegar ao arquitetura tradicional brasileira', nada mais
século XX,
longa e viva era a
herança na arte era do
que um
maravilhoso barroco
A NOVATAO

aENEDITO LIHA DETOLEDO

cnomcndou lhe*o um com brasão da cidade de forma, fica conciliada a inform:


stado de Siv P'aulo, São Paulo, outro, Dessa
Sobreviveram, nem sem
semprebem
do Mar com um desenho vulgar, muito cie que as peças foram
mjanto at phuss n Camnho e a
em
voga de Byron
Gaspar,
conservadas, obras de Victor
da Nlemoria, Brasil no s¢culo XIX,
no
em Sao Paulo,
com a
presença de
Dubugras, como
wurhmaio do l a na
principalmente em icadas os Pousos do Caminho do Mar
assinalando
e o
Largo da
avital aalistana. Esss obras notabiliram se
igrejas e conventos, O lato e
que inscriçao
no verso, a
Memoria. Nesses trabalhos,
os
azulejos uma mais que o

No uso halbil ko granito e do azulejo, do Largo da Memória loram todos


arocedência inglesa.
Ou seja, as placas foram enquadramento em um movimento
produzidos sobre elas
materiais quc e nvwlaranm muito adequados, pela Fabrica Santa Catarina, da Inglaterra e
arquitetönico, è preciso ter-se em mente
inaugurada em importadas
rtiuiarmente Caminho do Mar, onde 1913, no bairro da Agua Branca, em realizou seu trabalho. virtudes
no o
São Wasth Rodrigues arquitetònicas essenciais, como .

lima apresnta alternàncias brusas. Paulo, sob razão social de


a foram, então, "produzidas" implantação, o respeito a paisagem, a
Fagundes e As peças
E s monumentas toram implantados em Ranzini. Essa fäbrica a
primeira produzir a na Fábrica Santa Catarina,
de Fagundes e adequação dos materiais ao programa e ao

lais privilegiados ara se destrutar a industrialmente louça de pó de pedra no


a
Ranzini.
meio onde a obra é erigida. E nisso, a obra de
pais
uisagem e ura asinalar pontos foi posteriormente
adquirida pelas Nesse monumento toi utilizado, pela Victor Dubugras tem qualidades excepcionais
omde cruza1a à antiga Calçada do Lorena. Industrias Reunidas F. Matarazzo"." o bras o da e, sem duvida, a arte da azulejaria teve
primeira vez e m obra publica,
Nees poUsOs, paincis de azulejo ostentam Duas peças desse antes fora criado por destacado papel.
azulejo podem ser cidade, que pouco
cenas da historia do Caminho do Mar e da
encontradas na Biblioteca da Faculdade de Guilherme de Almeidae]. Wasth Rodrigues,
Calçada do Lorena e no interior do Pouso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de destinado a ser perpetuado em azulejo no

Paranapiacaha e do Rancho da Maioridade, São Paulo, doação do Arquiteto Ruy Gama Largo da Memória - a praça mais bem
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

podemos surpreender motivos diversos que infornmou serem sobra da época da projetada da cidade. Ed Verbo,
I.ASTON, Margaret. O séculoXV. Lisboa
Foram desenhados por J. Wasth Rodrigues construção do conjunto. No verso, pode-se As transtormações que
o c o r r e r a m na
1968. p.208.
cujo trabalho de documentação da arquitetura ler mundo das baroques, In Azulejos.
a
inscrição: H.R.JOHNSON LTD/ALFRED cultura brasileira, notadamente no
2. MECO. José.
"Le cycle des maitres
antiga no Brasil e bem conhecido. EUROPALIA 91 PORTUGAL. p42
MEAKIN/ENGLAND. Ao centro, há arquitetura
na Catálogo
O outro
uma
tigura artes, e particularmente na
em São Luis
monumento, em
que o Dora. Azulejos
portugueses
granitoe composta por um triängulo curvilineo decada de vinte deste século,
levaram a 3. ALCANTARA,
1980.
Rio de Janeiro:
azulejo foram utilizados com notável efeito do Maranhão.
contido no interior de uma circunferência. colocar a obra de arquitetos In
opinião pública
NeociaSICO,
a da Arquitetura
plástico, foio Largo da Memoria. t. NEVES, J.
M. da Silva. Mestres
colonial "Ar
e
O
Sobre
triangulo é atravessado por uma faixa onde do porte de Ricardo Severo,
no rol do
Depoimentos (sene).
Fasciculos
"Estilo

GFAU, 1960.
esse
logradouro, Byron Gaspar, em se lè
palavra CRISTAL.
a a critica teve quitetura
tradicional
brasileira". São Paulo:

seu livro Fontes passadismo. Nem sempre


e chafarizes de São Paulo, de
Segundo José Meco, a lInglaterra ucidez para discernir o modismo esteril 5. Idem, ibIdem.
São
escreveu: "Alem dos de Sio
Paulo.

azulejos que formam o cOstumara exportar peças destinadas a arquitetura Gaspar.


Fontes e
chatarizes

I967,
obras de qualidade. Com isso, a BYRON. lunsmo.

painel do entablamento, há, ainda, dois tsportese


.
Cultura
Secretana
da
Paulo:
tipos receber pintura e cozimento, conhecidas
brasileira acabou por perder as mais
aplicados tanto nas tontes como nas èxedras: p.119.
como placa ou chacoto. periodo.
expressivas residèncias desse
{zulej a r i a 93

cOntemporanea

FRE DERICO MORA

coisas, grande estímulo ao emprego do


azulejo de fachada
um
retomada do
de fachada entre nós. As seis
coincide com a renovação da azulejo
conferências que ele pronunciou entre julho
se inicia nos a n o s
arquitetura brasileira, que deslumbraram os
se e agosto de 1936,
no Rio,
declinio do neocolonial, e
30, após o brasileiros. Estes, conta
Brasília. jovens arquitetos
prolonga até a inauguração de
contrafeitos, do
Carlos Lemos, "ouviram,
Não por acaso, dois dos principais
tendentes à
ilustre professor, lições
renovadores da arquitetura brasileira,
como os
materiais locais,
e valorização dos
c o m seu estilo barroco
Oscar Niemeyer, dos mármores
em vez
sóbrio e granitos cariocas
curvilineo, e Afonso Eduardo Reidy, desuso,
e árvores
em

a
importados, plantas
minimalista, solicitaram com freqüência azulejos, que ele
real e os
como a palmeira
colaboração de artistas em painéis admirar e m
demoradas
a
tanto aprendera
a7ulejados, ao m e s m o tempo que o azulejo Outeiro".
Glória do
visitas à igreja da
dOs
45sume posição destacada em alguns o azulejo, além de
Ou seja, aprenderam que
editiciossímbolos dessa renovação. também u m
material nobre
era
funcional,
A presença de Le Corbusier no Brasil, como suporte a
magniticamente
serviria
que
em 1929 as
e 1936, significou, entre ou novas expressões plásticas.
o
Diferentemente
de Le Corbusier,
Max Bill,
FOTOI
escultor e designer suiço
Painel oa c i o Gustavo 1941/43.
pintor,
Capanema, de Portinari,
A ZULEJARIA CONTEMPo RÅNEA

94 quando esteve no Brasil, em 1953, para tem posição destacada. A retomada do

pronunciar conferencias no Rio e em azulejo e a arquitetura moderna são,

São Paulo, fez severas e infundadas criticas à portanto, contemporâneos. O que é


arquitetura brasileira, especialmente a coerente, afinal o modernismo brasileiro é,

Niemeyere ao edificio do Ministério da simultaneamente, um esforço de atualização

Educação e Cultura. Lúcio Costa rebateu a e uma redescoberta de nossas raizes

afirmação de Bill de que os azulejos do culturais, uma renovação dentro da tradição.


edificio do Ministério da Educação e Cultura Sabe-se, por outro lado, que Niemeyer
eram prejudiciais e inúteis- dizendo: dá grande importáncia ao conjunto de obras

"Ora, o revestimento de azulejos no que realizou para o bairro da Pampulha, em

pavimento térreoeo sentido fluido adotado Belo Horizonte. Nele, o grande arquiteto
na compOsição dos grandes painéis tem a lançou os fundamentos poéticos e artisticos
função muito clara de amortecer a densidade de sua linguagem. Na capela franciscana,

das paredes a fim de tirar-lhes qualquer "obra-prima onde tudo é engenhoe arte" no
impressão de suporte, pois o bloco superior dizer de Lúcio Costa, Portinari realizou sua
não se apoia nelas, mas nas colunas. mais importante obra no campo do azulejo,
Sendo o azulejo um dos elementos obra que é, ao mesmo tempo, um dos

tradicionais da arquitetura portuguesa, pontos mais altos da moderna arte sacra

que era a nossa, pareceu-nos oportuno brasileira. Se no painel externo da capela da


renovar-lhe a aplicaço". Pampulha, Portinari narra com vigor e
O novo prédio do então Ministério da eloquencia expressionistas passagens da vida
Educação e Saúde, iniciado em 1937, e cujo de São Francisco de Assis, no Ministério da
risco original é de Le Corbusier, edificio que Educaçãoe Saúde os azulejos cumprem uma
Henrique Mindlin definiu "como a primeira função mais decorativa ou convidativa, ou

realização monumental da arquitetura nova como escreveu o critico norte-americano


em todo o mundo', é, ainda hoje, no Brasil,

o exemplo mais perfeito da síntese das artes FOTO 2

sob a égide da arquitetura e, nele, os azulejos Painel do Palácio Gustavo Capanema, de Portinari.
PRD COMORAIS

Chase,
"de purae encantadora Csportivo, Portinari realizou um dos seus

Gilbert
decorativa",
isto é, eles ajudam a mais bem sucedidos painéis ern azulejos 9
h i
alidade
m a l i c

acolhedor e de bem-estar sobre o tema dos jogos infantis.


clima
n

circulan entre OS Mas a arte azulejar perfeitamente


transeuntes que
os
para
metros de altura, como Se integrada à arquitetura moderna, isto é,
dez
pilotr
lotisde modular,
azulejo encarado como composição
tivessem
numa
avenida ou praça.
estiv

em escala industrial, alcança seu ponto


habitual n o s painéis
Como será
máximo em Brasília, com Athos Bulcão.
uma linha sinuosa,
de Portinari,
3zulejados
toda a composição, Carioca, Athos tem sido, desde a construção
envolvendo
e viril,
longa
ou no dizer de Brasília, o mais regular colaborador de
forma de um amebóide,
sugere a obras no Rio,
do Oscar Niemeyer. Tem, porém,
Cardoso, "o
contorno

de Joaquim Recife e tambem no

a
São Paulo, Salvador, no
como que
protoplasma primitivo", realizadas em colaboração com

exterior,
"o da vida surgindo à
representar,
começo Federal onde
outros arquitetos. Na Capital
Este
luz do dia, em pleno mar". criou muros
escultóricos,
relevos e
reside,
identificável em Portinari,
bioformismo,
e
acolhedores painéis de azulejos.
Burle Marx e amplos
como também em Niemeyer, mesmo cumprindo uma

Porém, suas obras,


o do
estilo de época,
outros, definiria
um

30/40. Um
dos anos
Segundo modernismo,

74
como
estilo que, tendo rompido
ângulo reto, não
se perdeu,
imperialismo do
informalismo,
entretanto, na gratuidade do
nos
volunmes,
introduzindo na tela, nos

se

Jardins, linhas ou planos ondulantes que


nterpenetram geneticamente, FOTOS

da
Outro exemplo fundamental Detalhe de painel
de Athos

em sua
arquitetura brasileira, sobretudo Bulcão onde
está clara

do
residencial
umensão social, é o conjunto liberdade na
montagem
a

Pedregulho, projeto de Reidy, inaugur das peças.


Cm 1951. Para a parede externa do ginasio
NEA

RDIRIco MORAIs

T00
tunção devorativa, nunca sào apenas adorno
manifestações de "ideologia e öticas" e
original, um teorico que polemizou sobre de Portinari, os ciclos historicos
nem estão editicios para suprir
nos depravação moral". Mas foram mente e
uma
questòes fundamentais da arquitetura economicos do Paranà. 101
eventual deticiencia arquitetónica.
brasileira moderna. Num dos os principais responsáveis pela introduçãodo
Geralmente, Athos conmeça
seus
textos,
modernismo nas capitais regionais os que
lgualmente desenhista ágil despojado, e
projeto o ele atirma que "o
regionalismo deve ser Caribe
fazendo desenho que sera, em
um
mantém, na maioria dos trabalhos
seguida, tomado no sentido da
integração no tambem empregaram pioneiramente tez no do
que
preenchido pela cor. Para os operarios arma, campo azulejo, o mesmo clima
conjunto econòmico e mesologico, de um azulejo, como Jenner Augusto e Caribé em
em cartões gralico de seu desenho. Em seus paineis eria
serigraticos, algumas determinado espaço, em que as atinidades Salvador, Abelardo da Hora,
um numero restrito
do de
combinações possiveis, mas, clima imagens, que, por
e
distribuição de valores estabelecem a
Corbiniano Lins e Francisco
seu caráter de sintese visual,
trequentemente, libera-os para armar oo unidade".
E no contexto dessas Brennand no Recife, Poty em
proximo
ideias que ele da abstração, são como logotipos
painel como bem entendem. Ou seja, ele
empregouo azulejo na maioria de seus Curitiba. Entim, a
da cultura afro-baiana.
nao se dos
ocupa aspectos artesanais de
editicios, que marcam história da azulejaria
criação azulejar, mas de magniticamente a No painel azulejar que
sua
concepção paisagem urbana do Recife, a partir
intelectual. Fala de um final contemporänea Jenner Augusto
"principio de dos anos 50. Fernando Peixoto, ao reutilizar no Brasil é, realizou para a
composição"', a ser
livremente manejado o
azulejo não o fez de modo
tradicional, simultaneamente, a fachada do predio onde
pelos operários. Partindo sempre de formas
como
suporte para desenhos ou
pinturas. história da implantação hoje funciona o Centro de
geometricas simples, de linhas retas ou Sua
postura não é
curvas, dispostas de várias
nostálgica ou
passadista. do modernismo em nosso Educação Tecnica da Secretaria
maneiras, alcança Em
uma notável
seus
projetos para capital da Bahia,
a
pais nas decadas de 40/50.
da Educação e Cultura da Bahia, em
riqueza vocabular. Some-se Salvador, ele usa o
ainda ritmo azulejo sem acréscimos ASsim, se existe uma especialidade Salvador, 1958, tratando da chegada de
o
musical dos arranjos, a
decorativos, integrando grandes àreas ler Tomé de Sousa ao Brasil, ele figura varios de
movimentação continua que no
permite ao de cor e como
azulejar, é possível, ao mesmo tempo,
e criticos. Ao transpor
olhar parte de um jogo viril de no azulejo a história da arte brasileira. seus amigos pintores
descansar, pois que este estå
sempre a
verticais e horizontais que transtormam historicos, pintores
descobrir seus
Fundamentalmente artista grático, para o painel personagens
novos desenhos, compondo, editicios em
pinturas ou esculturas criticos, Jenner criou
uma especie de
decompondo recompondo edificio visual e
e
o esplêndido ilustrador de romances, a
minimalistas. baianasinalizando

alegoria da
arte
num 19 de
processo ativo de participação. Poty realizou, em 1953, na Praça seu carater,
A
Dois outros expansão do modernismo pelas importància
de cada personagem,
exemplos de azulejaria dezembro, em Curitiba, seu primeiro granae
integrada åà arquitetura podem ser provincias brasileiras foi um processo dificil,
painel de azulejos, dentro do espirito
FOTO
Por vezes traumático. As
encontrados na provincia. Delfim primeiras narrativo que irá marcar toda a sua produgao Rural do
Amorin, exposições de arte moderna fora do eixo Vieira da Silva,
Universidade

nascido em
Portugal, foi, além de criador Rio-São Paulo foram muralistica. Nele, Poty descreve, entao
Rio de Janeiro,1943
recebidas como
Ortemente influenciado pelo traço vigoroso
A ZULEJ A RIA coNT EMPORANEA

02 formação e influência, dando indicações Ao tratar do tema da Batalha dos

sobre o futuro da arte nessa região do pais. Guararapes, foge à tradição erudita de um

E como se ele fundisse, num mesmo plano Vitor Meireles para se


aproximar da tradicão
de significações, o fundador da cidade, Tomé popular e anônima. Enquanto Meireles

de Sousa, e os fundadores da arte baiana. coloca os heróis das duas batalhas numa

Abelardo da Hora e Corbiniano Lins, espécie de panteão platönico, numa


paisagem
ostensivamente figurativos e participantes, asséptica e limpa, excluindo a massa dos

com seu estilo rigido e geometrizado, soldados, Brennand transtorma o povo no


de intenção didática, tratam de temas verdadeiro herói. Na ótica de Brennand, a

politicos como a abolição da escravatura e as vitória teria sido, antes de tudo, dos nativos
revoluções pernambucanas de 1817 e 1848. brasileiros, que se mostraram mais dispostos

Figuras traçadas de forma esquemática mas a expulsar os holandeses invasores que os

com evidente eficiência visual. próprios portugueses. Vale dizer, ele situa o
A cerâmica faz parte da família Brennand evento histórico no plano geral de sua obra e
desde 1917. Nesse ano, seu pai fundou uma de sua particular visão do Brasil, em muitos
fábrica de telhas e tijolos, mais tarde casos coincidente com a de Gilberto Freire e
transformada em indústria de porcelana. Ariano Suassuna. Ariano, fundador do
O negócio foi bem até 1942, quando, falida Movimento Armorial, vê Brennand
a empresa, a fábrica foi abandonada.
integrando um grupo de artistas e
Curiosamente, apenas no ano seguinte, em intelectuais brasileiros que, como ele,

1943, Francisco Brennand começou a se acreditam no Brasil, na grandeza de seu

interessar pela cerâmica artística, povo, por isso, "procuramos o épico, um

estimulado por Abelardo da Hora. certo romantismo heróico que, a nosso ver,

Estagiando em Paris, viu a cerâmica de o Brasil está pedindo". Em Brennand, que


Picasso e estudou com André Lhote e a cerâmica-pedra no lugar do
emprega
Fernand Léger, com este último aprendendo
que a arte mural seria uma saída para o FOTO 7

1951.
impasse da arte moderna. Portinari, conjunto residencial de Pedregulho,
A ZU L EJA RIA CO
oRANEA

ERCO oS

104

05

A
X© X XG X X X.©X
X XG X XO. G X FOTO8
azulejo tradicional, há uma curiosidade, sociais, uma civilização da abundância armorial e
elementos de seu repertório Cataguases,
de Santa Rita.
mescla entre o erudito e o popular, entre baseada no trabalho, no respeito à História e a sua visao
Djanira, Igreja
também,
floral, que corresponde, década de 40.
Minas Gerais,
uma certa aristocracia de espirito e uma às tradições, enfim, "civilização regional
uma
panteista e animista do universo.
sincera abertura para a arte que vem do do Nordeste como expressão de uma Caberia ainda mencionar entre os que
em
materia de
talentos e
saberes,
povo. O resultado é a proposta de uma multiplos
harmonia de valores", escreveu Gilberto Portinari: Anisio ficou de
Seguiram a trilha aberta por mais proximo
civilização tropical, fundada no Freire. Emoldurando de
azulejo e o que
obras
as cenas batalhas, Medeiros, Djanira e Burle Marx. Este toi aluno,
e cujas
de quem
entendimento entre as diferentes classes Brennand distribuiu no painel cerâmico os
Portinari,

renascentista, homem de
untimo, espírito
A ZULEJARIA coNTEMPOR ANEA

106 mais conhecidas são os painéis feitos para o para Burle Marx, Anisio Medeiros e Paty no

Instituto Oswaldo Cruz, em Manguinhos, e Rio de Janeiro e Curitiba.

para sede do Clube de Regatas Vasco da Mas, Rossi-(Osir aproveitou a

Gama, na Lagoa. De Djanira, emerge como oportunidade para dar inicio a um outro tip

obra maior,o painelqúe fez em


homenagem de produção azulejar: pequenas composiçoes
aos treze operários vitimados durante a decorativas com quatro ou mais unidades, as

construção do túnel Catumbi-Laranjeiras, em vezes azulejos únicos, de padrão avulso.

1964, hoje no Museu Nacional de Belas Artes. Uma das metas da Osirarte, que se manteve

A Osirarte foi funcada em 1940 em ativa por cerca de 20 anos, era


exportar
São Paulo, pelo pintor Paulo Rossi-Osir, padrões made in Brazil, o que explica a linha
para atender à encomenda que lhe foi feita temática escolhida. Convocados por ele,
pelo Ministério da Educação e Saúde, de trabalharam na Osirarte, Mário Zanini e
execução dos azulejos de fachada do novo Volpi, os primeirosa aderir, vindos do
edificio-sede, no Rio de Janeiro. Dos painéis Grupo Santa Helera, Hilde Weber,
ali implantados em cinco pontos diferentes, Giuliana Giorgi, Gerda Brentani, Maria
três são de autoria do próprio Rossi-Osir e Wrochnik, enquanto César Lacana, Virginia
apenas dois de Portinari. O investimento Artigas, Ottone Zorlihi, Krajcberg, Ernesto
feito na execução dos painéis do Ministério de Fiori e
Carybé tiveram participações
da Educação e Saúde, apesar de exigirem um
temporárias.
esforço hercúleo para obter as tonalidades Rubem Braga, ao comentar a
primeira
azuladas desejadas por Portinari e muita exposição da Osírarte em 1941,escreveu:
paciência para enfrentar a lentidão "Para estes artistas, todos de nomes
habitual da burocracia ministerial, estrangeirados, as coisas da terra e da gente
rendeu bons resultadosa Rossi- Osir. nossa serviram de campo de concentraçao
O certo é que ele executou outros painéis amistoso. Para a arte, digamos, pura, como a

para o mesmo Portinari, na


lgreja de São do pintor, o folclore é um perigo, pois leva

Francisco de Assis, na Pampulha, ao pitoresco e ao mais fácil anedótico com

e no conjunto residencial de Pedregulho, muita frequencia", porém, "esse perigo deixa


FRED ERICo MO RAIS

de existir quando se trata de uma arte como 109


a do azulejo". E acrescenta: "Rossi-Osir
acertou na escolha dos temas. As cenas da
vida e trabalho no Brasil que ele apresenta
são com
frequência cheias de encanto,
algumas até comoventes. Valero no futuro

tanto ou mais do que valem hoje as


gravuras
de Debret e
Rugendas"
Paralelamente à produção erudita, existe

uma outra vertente, constituída por painéis


destinados a decorar estabelecimentos

comerciais como padarias, catés, açougues,

o foyer de edificios residenciais, fachadas e

bairros classe-média.
alpendres de casas em

Painéis de azulejo estão substituindo as

as esculturas de
pinturas a óleo nas igrejas e

mármore nos túmulos dos cemitérios.

estão decorando os
E, ltima moda,
rotatividade dos
apartamentos
de alta

móteis paulistas.
toda esta produção tem origem
Quase
atelies em São Paulo
em três ou quatro
Ateliê Sarasá,
Artístico Moral, 1937,
(Ateliè
no Rio de Janeiro (Ateliê lgrejas).
e
1959)

FOTO 10

com 88 azulejos,
composição
Volpi,
Osirarte,
década de 40
produzidos pela
AZULE)ARIAcoNTE MPORANEA

nas padarias encontrem0s um trigal, nos


No caso da produção erudita, hoje
praticanmente inexistente, os autores são bares vinhedos ou cafezal, imagens da Torre

prestigiacdos artistas brasileiros, enquanto de Belém ou de uma caravela, se o dono do


estabelecimento comercial é portugués.
este outro filão mobiliza sobretudo pintores-
artesãos, autodidatas e com precária Mas, simultaneamente a esta funcionalidade

painéis indicam também


formação artística. A escolha dos temas imagética, os um

segue uma lógica simples. Os painéis gosto, um repertório cultural, uma

cumprem uma função ilustrativa ou percepção estética. Entramos aqui no

publicitária. Parece natural e coerente que território do Kitsch.


CREDI TOS

Ceramica aplicad à arquitetura


oitocentista em Lisboa

FOTO
Castanheira Brandão
Acervo
de Ecyla
5, 6, 7. 8. 9 EI6
3. 4,
2,
FOTOS

José M e c o

12. 13 E I5
I0. 11.
FOTOS

Pedro Ribeiro

FOTO 14

José Pessoa

Azulejos na coleção Castro Maya

exceto:
Fotos de Dora de Alcantara,

FOTOS I7

Romulo Fialdini

FOTOS 8. 9. 10, 12. 13. 16. 18 E 19

Bibliothèque Nationale de Paris

O azulejo: permanëncia e inovaçao

Fotos de José Eduardo Gouveia

Azulejaria contemporânea
Fotos de José Eduardo Gouveia, exceto;

FOTOS I, 2 E9

Arquivo do IPHAN

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