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Atividades a partir das propostas de Murray Schafer:

Lidando com o silêncio – passe alguns minutos em silêncio, simplesmente ouvindo os sons a
seu redor. Registre, em seu caderno, os sons que escutar. Se estiver em um grupo, compare a
sua lista de sons com as de seus companheiros, cada um lendo em voz alta o que anotou.
Marque as diferenças. Lembre-se de que a escuta é muito pessoal. Por esse motivo, todos
terão listas diferentes, mas o importante é que todas estão corretas. Se estiver trabalhando com
crianças pequenas, em vez de lista escrita, promova uma conversa em que todos contem os
sons ouvidos. A discussão poderá ser feita a partir do que o grupo contar.

Organizando a escuta – a lista feita anteriormente servirá de matéria-prima para outros


exercícios. Reescreva os sons desta lista, a partir de critérios variados. Você pode, por
exemplo, perceber se esses sons foram produzidos na natureza, pelo homem ou por maquinas
ou equipamentos de qualquer tipo. Se for um som da natureza, coloque-o numa coluna
encimada pela letra N. Se foi produzido por uma pessoa, ponha numa coluna sob a lertra H, e
se foi produzido por máquina, na coluna com a letra M.

Classificando os sons – você pode, também, classificar os mesmos sons segundo outros
critérios, agrupando-os de acordo com a altura – sons agudos, médios e graves; com a
intensidade – sons fortes, médios e fracos ; com a duração – sons longos, médios e curtos.
Pode, ainda, classificá-los quanto a sua procedência – o que trará o conceito de timbre – e,
tembém, como sons contínuos ou descontínuos, agradáveis ou desagradáveis. Outros critérios
podem ser criados, de acordo com sua imaginação ; estimule a classe a criar, ela mesma,
outras categorias. A cada nova ideia, elabore listas para que seus alunos reagrupem os sons
segundo os critérios estabelecidos.

Pesquisando o ambiente sonoro – faça um passeio pelo quarteirão com o seu grupo. Peça
para que observem com os ouvidos as características sonoras do lugar. Conte-lhes que esse é
um estudo da “paisagem sonora”, isto é, em vez de ver um lugar, você o escuta. Cada local
tem uma paisagem sonora característica, que pode ser reconhecida, analisada e classificada, a
partir dessa escuta. Peça pras pessoas do grupo executarem algumas tarefas: encontrar na
paisagem um som contínuo, um som que se move em sentido contrário ao da direção tomada
pelo grupo ou pela pessoa que realiza a atividade, ou, ainda, um som que tenha saído de um
buraco (entendido num sentido amplo, como uma abertura no chão, uma porta ou uma janela).
Peça pra que anotem, gravem ou memorizem, para posterior discussão.

Explorando os sons de uma escada – nesse passeio, encontre um lugar em que as pessoas
estejam subindo ou descendo escadas. Pergunte aos alunos se os que sobem fazem os mesmos
sons dos que descem, e que outras diferenças eles notam nos sons produzidos pelos que
sobem e pelos que descem. Peça pra que anotem e discutam em grupo suas decobertas.

Buscando sons – você pode pedir a seus alunos que tragam de casa um som interessante, ou
seja, um som que, pelas suas qualidades extrínsecas, mobilize sua sensibilidade estética. No
dia seguinte, cada um mostrará seu objeto, o fará soar e contará porque o som escolhido
despertou seu interesse. Estimule os comentários da classe. Essa atividade pode ser repetida
com propostas semelhantes : trazer um som que contraste com o primeiro : se trouxe um som
agudo, desta vez trará um grave. Se foi um som fraco, o próximo será um som forte, e assim
por diante. As variações são infinitas.
Concerto da natureza – Proponha a seus alunos fazer um “concerto da natureza”. A classe
será dividida em grupos de seis a dez pessoas. Cada grupo escolhe um ambiente que conheça
bem, e que servirá de base para uma pequena composição, com a imitação de sons do local
escolhido, utilizando exclusivamente a voz. Pode ser um local típico da cidade (um mercado,
uma praia, uma feira), que deverá ser reconhecido por seus sons característicos, e não por suas
imagens visuais. A preparação deve durar entre 10 e 15 minutos, nos quais cada grupo
selecionará e organizará os sons característicos do lugar escolhido, de modo a obter a
representação sonora deste espaço. Após este tempo, os grupos voltarão a se reunir, para que
apresentem uns aos outros os os trabalhos sonoros realizados.

Modificando a paisagem sonora – se você tivesse total autonomia, de que modo mudaria a
paisagem sonora da rua, pala torná-la mais interessante do que é? Fomente discussões com
seus alunos, para, a partir daí, criar coletivamente um projeto, em que a paisagem sonora de
um determinado local seja transformada. Pode ser a da escola, de um parque ou jardim da
vizinhança, ou de outro loocal à escolha. A comunidade envolvida pode abraçar a ideia e
construir meios para atingir resultados. Escutem, avaliem, critiquem, proponham alterações
saudáveis para o ambiente escolhido, interessantes de serem ouvidas e apreciadas.

Atividades a partir das propostas de Gertrud Meyer-Denkmann:

Experimento sonoro 1 – Escolha vários materiais e instrumentos que produzam sons como
latas, chocalhos, pauxinhos, caxixis, reco-reco, platinelas, tambores, flautas, apitos, dentre
outros que os alunos também possam criar. Solicite que cada um mostre seu “instrumento”,
procurando descobrir as várias possibilidades de executá-lo para que produza sons. Apoós
uma primeira experimentação livre, que pode ser individual e depois em grupo, sugerir
algumas ações alternativas que produzam sons diferenciados com os instrumentos: bater,
chacoalhar, esfregar, soprar, jogar no chão, entre outras. Essas ações podem ser combinadas
com tipos de comportamentos, como por exemplo: apressado, alegre, nervoso, displicente,
raivoso, com força, decidido, lento etc. Cada uma dessas ações pode ser trabalhada,
modificando a dinâmica (sons mais fortes, mais suaves), o andamento (mais rápido, mais
lento) ou a duração (sons mais curtos, sons mais longos). Por fim, os experimentos podem ser
organizados em uma situação ou vinculados a um acontecimento. Por exemplo, representação
de eventos da natureza (o vento, a chuva, a água etc.), situações sonoras urbanas (no tráfego,
na rua etc.). Com os instrumentos, os alunos tentam imitar esses sons de uma maneira
“naturalística”.

Experimento sonoro 2 – Para exercitar a comunicação e a reação entre os alunos, trabalhe


com atividades que exijam a reaçao do grupo. Cada aluno escolhe um instrumento. Um aluno
começa a tocar o seu instrumento, por exemplo, friccionando com os dedos a pele de um
tambor. Um outro “responde” propondo com o seu instrumento um som contrastante, por
oposição. O jogo pode seguir, até que todos “entrem na roda”. Uma variante desse
esperimento sonoro é que todos possam “responder” ao instrumento que inicia, não por
contraste, mas tentando imitá-lo, mesmo que a materialidade dos instrumentos seja diferente.
O importante é treinar o diálogo musical entre os alunos e a percepção auditiva. A atividade
também pode ser feita com pares, dois a dois, que reagem um ao outro.

Introdução à notação musical – Reconhecer as propriedades dos sons é uma tarefa que pode
ser objetivada através de representações gráficas. Aquilo que os alunos ouvem ou criam pode
ser representado no papel, utilizando folhas grandes, giz de cera, canetas coloridas. O
contrário também pode ser feito: a partir de registros gráficos, os alunos podem executar os
sons com a voz ou instrumentos. Dessa forma, pode ser analisado se a notação é
suficientemente clara e se está de acordo com o que foi ouvido.

Experimentação com voz e instrumento – O contexto da experimentação será o de uma


ventania: quanto mais forte o vento sopra, mais as folhas se movimentam. Organize dois
grupos de alunos. Um grupo tratará de representar o vento e outro tratará de reagir de acordo
com a intensidade proposta pelo primeiro. Para os sons e ruídos podem ser utilizados
instrumentos convencionais ou não, e a voz. Várias ações podem ser combinadas, como
tamborilar com os dedos nos tambores, imitando vento ou chuva, ou emitir consoantes, que
simulem o ruído das folhas. Desenvolver com os alunos os agrupamentos sonoros que
mostrem princípios de organização estrutural, ou uma sequência de eventos sonoros definidos
conscientemente. Esse trabalho pode ser realizado individualmente ou em grupo. Trabalhar
também com pausas, silêncios e interrupções. Essas estruturas sonoras podem ser registradas
e executadas pelo grupo.

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