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UNIDADE 1:

Viva com fé
JESUS
lição 1 INSPIRAÇÃO DA NOSSA FÉ
João 1.1-14
“O verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de
graça e de verdade.” v.14

A palavra inspiração tem na sua origem a ideia de soprar em. Deus


soprou o fôlego de vida e o ser humano viveu (Gn 2.7); as Escrituras
nos presenteiam com histórias de pessoas inspiradas por Deus que
podem, por isso, inspirar nossa trajetória de fé. Nesta unidade vamos
rememorar algumas delas, e nesta primeira lição vamos estudar sobre
Jesus Cristo, nossa primeira e maior inspiração, nosso melhor modelo.
Mesmo sendo Deus, Ele se fez gente como a gente e habitou entre nós
(Jo 1.14). Ao aproximar-se de nós, Jesus abre o caminho para nos apro-
ximarmos do Pai.

Da Bíblia
A Bíblia nos apresenta vários títulos para Jesus: Filho de Deus (Mc
1.1), Filho do homem (Mt 24.30), Salvador (Lc 2.11), Senhor (Mc
2.28), Cordeiro de Deus (Jo 1.35), Mestre (Jo 1.38), Messias (Jo 1.41),
Profeta (Jo 1.45), Rei de Israel (Jo1.49), entre outros. William Barclay
(1975, p.9) afirma que o motivo pelo qual o Novo Testamento não
define Jesus em uma única palavra ou frase é que “seus autores
não estão escrevendo teologia: eles estão transmitindo experiên-
cias”. Jesus é a expressão exata de Deus (Hb 1. 3), através do qual
Ele nos fala (Hebreus 1.1)
Cremos que Jesus é Deus e veio à terra em forma humana. No capítu-
lo 1 de João, temos a revelação deste mistério chamado encarnação.
O autor começa falando sobre a divindade de Jesus, identificando-o
como o Logos (Palavra). Na narrativa joanina, esta Palavra se faz
carne e passa habitar no meio de nós. Além disso, aparece no v. 14
o verbo skenóo (do grego, acampar, armar a tenda), que nos remete
à tradição do Êxodo (Tabernáculo): um Deus que se revela, convive
de perto e caminha com o seu povo.

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Ainda que a humanidade de não seja o que eu quero, e sim o
Jesus possa ser considerada um que tu queres” (Mc 14.36).
dos mistérios da fé, ela dignifi-
Além de chamá-lo de Pai, Jesus
cou o ser humano, por isso Ele
convida os discípulos a viver a
se torna nossa maior inspiração.
paternidade de Deus. Ao assu-
O mestre se cansa (Jo 4.6), tem
mir Deus como Pai, o respeito
fome e sede (4.7-8; 19.28), se
e a reverência não são enfra-
emociona (11.35), sangra pelas
quecidos, mas a submissão à
feridas (19.34) e morre (19.33).
sua vontade, a proximidade e
Temos ainda, em outros textos
dependência dele podem ser
da Bíblia, o testemunho de que,
fortalecidas. Paulo consegue
semelhante a nós, Jesus enfren-
compreender isso e instrui as
tou diversas tentações ao longo
igrejas a permanecer neste ca-
de seu caminho (Mt 4.1-11; Mc
minho (Rm 8.15; Gl 4.6).
8.31-33; Hb 2.17-18, 4.15). Essas
imagens reforçam a mensa- Jesus, nas suas relações, viven-
gem de que Jesus, sendo Deus, ciou uma gama de emoções hu-
tornou-se humano, e, a partir manas: chorou com Maria pela
desta humanidade, enfrentou os morte de Lázaro; se irritou com
desafios da vida. No seu rela- a incompreensão dos discípulos;
cionamento com Deus e com as festejou com quem estava se
pessoas encontramos inspiração casando; pacificou discussões;
para viver e perseverar na fé. se indignou com a corrupção do
templo; com a falta de esperan-
Jesus veio ao mundo incumbido
ça dos discípulos; desejou estar
de apresentar de forma mais
sozinho; se sentiu abandonado;
explícita a paternidade de Deus.
provou da traição. Ele viveu
Em Lucas 2.42 o vemos, ainda
intensamente as experiências
menino, declarando sua relação
humanas, aprendeu com elas e
com o Deus Pai. O sermão do
ensinou a partir delas.
Monte (Mt 5 a 7) está recheado
das imagens de Deus como Pai. Guiado por Deus, Jesus enxer-
Jesus sempre ora ao Pai e, num gava a dádiva da amizade e da
crítico momento de sua vida, alegria; conseguia superar as di-
Ele encontra nessa expressão ficuldades e enfrentar as tensões.
o consolo e abrigo para viver a Ele não fugiu da convivência.
dura experiência da crucifica- Talvez a humanidade do Mestre
ção: “Aba, Pai, tudo te é possível; tenha sido testada de uma forma
passa de mim este cálice! Porém especial na sua relação com os

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escribas e fariseus, mas o Mestre tado na sua divindade, mas na
não desistiu. Ele se preocupava sua humanidade: necessidades
em responder àqueles religiosos, físicas, independência e autori-
dando-lhes a oportunidade de re- tarismo. E encontrou na Palavra
fletir e a possibilidade de mudar de Deus a chave para vencer,
a ótica e a vida (Jo 3.1-22; 19.39). nos indicando o caminho da su-
peração (Mt 4.1- 11). Em Cristo
O Mestre também se relacionou não estamos livres de vivenciar
com as pessoas marginalizadas, as tentações, mas encontramos
tomou partido delas; defendeu discernimento para percebê-las,
as mulheres e as crianças; co- forças para superá-las e perdão
meu com pessoas pecadoras; quando cedemos. Deste último,
curou gente enferma; libertou Jesus não precisou.
quem estava com demônios. Todos os recursos utilizados por
Transformou vidas, não deixou Jesus para se fortalecer espiri-
que o medo do Império Romano tualmente estão à nossa dispo-
e dos religiosos o paralisasse. sição: oração, jejum, Escrituras
Amou até o fim e morreu por con- e o poder do Espírito Santo. A
ta deste amor. fraqueza assumida por Jesus em
sua humanidade era superada
por sua dependência de Deus.
Para a vida Ele nos inspira a fazer o mesmo.
A humanidade de Jesus fez parte Jesus trabalhou pelo Reino de
do plano salvífico de Deus para Deus. Ele usou sua autoridade e
a humanidade, sua autodoação poder para cumprir a vontade do
se tornou um sacrifício defini- Pai e fez isso desde menino (Lc
tivo pelos nossos pecados. Ao 2.46-50). Tudo aquilo que recebe-
olhamos para a humanidade de mos do Senhor serve para glorifi-
Jesus, podemos nos inspirar para car seu nome, testemunhar a sua
viver a vontade de Deus. O que Graça, anunciar a Boa Notícia.
Jesus nos ensina? Destacamos Devemos zelar pelas pessoas,
alguns pontos: pelos ministérios da Igreja, pelos
Jesus encontrou na comunhão recursos que nos são dados, tra-
com o Pai a sabedoria para balhando pelo Reino.
vencer. Este é o melhor caminho No Reino de Deus, poder é ser-
para superarmos as tentações e viço, nunca autopromoção. O
dificuldades. A nossa humani- próprio Jesus “se esvaziou, assu-
dade nos abre a possibilidade mindo a forma de servo” (Fp 2.7).
de experimentarmos situações Jesus amou e, por isso, serviu as
desagradáveis. Jesus não foi ten- pessoas. O amor moveu o Mestre

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em todas as suas atitudes, inclusi-
ve na faxina no templo (Mt 21.12- bate-papo
13). Deus nos convida a assumir
Quais são as características
o amor de Jesus Cristo em nossas
humanas e as características
vidas. A partir dele amamos,
servimos, lutamos por justiça, re- divinas de Jesus? Como a
sistimos ao pecado, construímos e vivência de Jesus na terra
anunciamos o Reino. inspira nossa vida e fé?

Conclusão
Jesus é o nosso Senhor e Salvador, leia durante
é Deus com o Pai. Não podemos a semana
ter dúvidas disso, mas Ele tam- Segunda-feira: João 1.1-14
bém viveu como ser humano. Terça-feira: Mateus 5
Se a sua divindade nos salvou, Quarta-feira: Mateus 6
a sua humanidade nos inspira Quinta-feira: Mateus 7
para uma vida de santidade em Sexta-feira: Lucas 14
sua presença. Que as lições des- Sábado: João 15
ta revista tragam conhecimento,
inspiração e as mudanças neces-
sárias para isso.

Bibliografia
KOESTER, Helmut. Introdução ao Novo Testamento: história e literatura do cristianismo primitivo.
Tradução de Euclides Luiz Calloni. São Paulo: Paulus, 2005. v. 2.
KONINGS, Johan. Evangelho segundo João: amor e fidelidade. São Paulo: Loyola, 2005.
MATEOS, Juan; BARRETO, Juan. O evangelho de São João: análise linguística e comentário exe-
gético. São Paulo: Paulinas, 1989.
TILLICH, Paul. História do pensamento cristão. 4ed. São Paulo: ASTE, 2007.

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