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z

vo z
vo es es EMEI NELSON MANDE
DA EMEI NELSON MANDELA

Autora e organizad
AutoraCibele Araújo Racy M
e organizadora
Cibele Araújo Racy Maria
1
1
2
Vozes da EMEI Nelson Mandela

1
Foto Capa: Eduardo Ogata
Criança da capa: Anna Laura Galdino Martinez
Projeto gráfico: José Luiz R. da Broi
Diagramação: Jefferson Oliveira

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Vozes da EMEI Nelson Mandela

Cibele Araújo Racy Maria

Autora e organizadora

Editora

3
Autoras e autores
Ordem Alfabética

Alice Gomes Signorelli Maria Cristina Artilheiro Momesso


Amanda Marques Mariana Fernandes Panizza
Ana Cristina Silva Godoy Mariana Silva Lima
Angelo Augusto da Silva Marina Basques Masella
Camila Lopes Marina Gomes Bittencourt
Camila Tuchlinski Milene Carla Rovaron
Carolina Gitahy Hamburger Monica Cristina Oliveira da Mota
Clelia Rosa Movimento Negro Unificado
Crianças mandelenses Palloma Gonçalves
Deise Regina Ferreira Pedrina Barba da Silva
Família mandelense Priscilla de Lima Rocha
Fernando Oliveira Raul Cabral França
Lenize Cristina Riga Roberta de Cassia Costa Silvestre
Ligia Chiavolella Barbosa de Oliveira Solange Alves Miranda
Luciane Souza Soares Tathiana Pereira Gonçalves
Magda Figueiredo Tatiane Lima dos Santos

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Às famílias e crianças da EMEI Nelson Mandela que confiaram na seriedade da nossa proposta pedagógica e
Às famílias e crianças da EMEI Nelson Mandela que confiaram na seriedade da nossa proposta pedagógica e
que caminharam ao nosso lado para que ela fosse aprimorada sempre que preciso e desejado. São para vocês os
que caminharam ao nosso lado para que ela fosse aprimorada sempre que preciso e desejado. São para vocês os
meus maiores e mais profundos agradecimentos.
meus maiores e mais profundos agradecimentos.
Às Professoras, educadores e supervisores escolares de ontem e de hoje que acreditaram ser possível
Às Professoras, educadores e supervisores escolares de ontem e de hoje que acreditaram ser possível
transformar um an go prédio em uma escola pública de educação infan l de referência internacional. Agradeço
transformar um an go prédio em uma escola pública de educação infan l de referência internacional. Agradeço
por cada conversa, por cada discussão e reflexão. Obrigada, por estarem disponíveis para ensinar e aprender
por cada conversa, por cada discussão e reflexão. Obrigada, por estarem disponíveis para ensinar e aprender
sempre e, de certa forma, abrirem espaço para que a escola fosse, de fato, parte de suas vidas.
sempre e, de certa forma, abrirem espaço para que a escola fosse, de fato, parte de suas vidas.
Aos parceiros e parceiras que contribuíram para ampliarmos os horizontes de nossas crianças e que
Aos parceiros e parceiras que contribuíram para ampliarmos os horizontes de nossas crianças e que
enriqueceram a formação de todos os adultos da escola, o meu reconhecimento de que sem vocês muitas
enriqueceram a formação de todos os adultos da escola, o meu reconhecimento de que sem vocês muitas
mudanças não teriam sido possíveis. A presença de cada uma e um, oxigenou o ambiente de trabalho e rendeu
mudanças não teriam sido possíveis. A presença de cada uma e um, oxigenou o ambiente de trabalho e rendeu
boas doses de adrenalina para que man véssemos o ritmo. Enfim, agradeço a deliciosa injeção de ânimo que nos
boas doses de adrenalina para que man véssemos o ritmo. Enfim, agradeço a deliciosa injeção de ânimo que nos
deram durante os nossos horários de formação.
deram durante os nossos horários de formação.
Aos órgãos centrais e regionais da Secretaria Municipal de Educação que sempre se fizeram presentes
Aos órgãos centrais e regionais da Secretaria Municipal de Educação que sempre se fizeram presentes
quando precisamos de apoio. Meu agradecimento especial aos Secretários Municipais de Educação que foram
quando precisamos de apoio. Meu agradecimento especial aos Secretários Municipais de Educação que foram
decisivos para minha história profissional e para a história da EMEI Nelson Mandela, Paulo Freire e Alexandre
decisivos para minha história profissional e para a história da EMEI Nelson Mandela, Paulo Freire e Alexandre
Schneider.
Schneider.
Aos estagiários, mestrandos e doutorandos que foram muito além do que lançar um olhar de observação
Aos estagiários, mestrandos e doutorandos que foram muito além do que lançar um olhar de observação
passiva enquanto habitaram nosso território. Criaram e foram protagonistas de muitas experiências significa vas
passiva enquanto habitaram nosso território. Criaram e foram protagonistas de muitas experiências significa vas
para todas e todos da escola. Deixaram marcas na formação e propuseram experiências inesquecíveis. Tudo isso
para todas e todos da escola. Deixaram marcas na formação e propuseram experiências inesquecíveis. Tudo isso
lhes garan u o status de membros da família mandelense. Vocês farão parte da nossa história para sempre.
lhes garan u o status de membros da família mandelense. Vocês farão parte da nossa história para sempre.
Aos prestadores de serviço que concre zaram nossas concepções e edificaram cada território de
Aos prestadores de serviço que concre zaram nossas concepções e edificaram cada território de
aprendizagem do jeito que sonhamos para nossas crianças.
aprendizagem do jeito que sonhamos para nossas crianças.
Aos amigos de perto com os quais deixei de conviver por um bom tempo pela dedicação que o trabalho me
Aos amigos de perto com os quais deixei de conviver por um bom tempo pela dedicação que o trabalho me
exigiu e àqueles virtuais que conquistei ao longo dos úl mos quinze anos e foram fundamentais com suas
exigiu e àqueles virtuais que conquistei ao longo dos úl mos quinze anos e foram fundamentais com suas
mensagens de incen vo e reconhecimento ao nosso trabalho. Talvez, não saibam, mas em alguns momentos, ler
mensagens de incen vo e reconhecimento ao nosso trabalho. Talvez, não saibam, mas em alguns momentos, ler
seus comentários em nossas fotos foi decisivo para não desis rmos.
seus comentários em nossas fotos foi decisivo para não desis rmos.
Aos meus pais, meu filho e ao meu irmão que durante todo o tempo foram fundamentais para que eu
Aos meus pais, meu filho e ao meu irmão que durante todo o tempo foram fundamentais para que eu
conseguisse me dedicar à profissão que escolhi e pudesse pisar no chão da escola, todos os dias, com pás e enxadas
conseguisse me dedicar à profissão que escolhi e pudesse pisar no chão da escola, todos os dias, com pás e enxadas
cavar buracos na terra, plantar mudas e colher afetos.
cavar buracos na terra, plantar mudas e colher afetos.
Ao meu amigo e parceiro nesse projeto que dedicou luas cheias e novas, ouvindo histórias, dando vida às
Ao meu amigo e parceiro nesse projeto que dedicou luas cheias e novas, ouvindo histórias, dando vida às
imagens e vislumbrando comigo a possibilidade de irmos além de ser capa
imagens e vislumbrando comigo a possibilidade de irmos além de ser capa
para sermos uma caixa de ressonância, capaz de transportar boas ideias para
para sermos uma caixa de ressonância, capaz de transportar boas ideias para
outros territórios e carregar a responsabilidade social de transformar a
outros territórios e carregar a responsabilidade social de transformar a
realidade que a educação pública de qualidade tem, pode e dever assumir.
realidade que a educação pública de qualidade tem, pode e dever assumir.
Aos grandes mestres que me formaram até aqui, a começar pela
Aos grandes mestres que me formaram até aqui, a começar pela
Professora Eda do pré.
Professora Eda do pré.

5
11 -11Conquistas
- Conquistas

12 -12Como
- Como nascem
nascem os os livros
livros - Crianças
- Crianças mandelenses
mandelenses

13 -13O- livro
O livro - Cibele
- Cibele Araújo
Araújo Racy
Racy Maria
Maria

16 -16A-escola
A escola - Clelia
- Clelia RosaRosa

20 -20O- regente
O regente - Movimento
- Movimento Negro
Negro Unificado
Unificado

SOLOS
SOLOS
23 -23A-primeiras
A primeiras vocalizações
vocalizações - Cibele
- Cibele Araújo
Araújo Racy
Racy Maria
Maria

32 -32Nasce
- Nasce a primeira
a primeira figura
figura de de afeto
afeto - Cibele
- Cibele Araújo
Araújo Racy
Racy Maria
Maria

39 -39Os
- Os meus,
meus, os os seus
seus e os
e os nossos
nossos - Cibele
- Cibele Araújo
Araújo Racy
Racy Maria
Maria

41 -41Projeto
- Projeto cole
cole vo,vo, vencendo
vencendo o individualismo
o individualismo sem
sem perder
perder a individualidade
a individualidade - Solange
- Solange Alves
Alves Miranda
Miranda

49 -49Gestão
- Gestão democrá
democrá ca ca é coisa
é coisa de de quem?
quem? - Priscilla
- Priscilla de de Lima
Lima Rocha
Rocha

57 -57Onde,
- Onde, quando
quando e para
e para quê?
quê? - Cibele
- Cibele Araújo
Araújo Racy
Racy Maria
Maria

59 -59Teia
- Teia
dodo conhecimento,
conhecimento, o desenho
o desenho dodo pensar
pensar e fazer
e fazer - Roberta
- Roberta de de Cassia
Cassia Costa
Costa Silvestre
Silvestre

69 -69Abraçando
- Abraçando a equidade
a equidade racial
racial e de
e de gênero
gênero nono território
território dasdas infâncias
infâncias - Cibele
- Cibele Araújo
Araújo Racy
Racy Maria
Maria

83 -83Que
- Que
diadia é hoje?
é hoje? - Cibele
- Cibele Araújo
Araújo Racy
Racy Maria
Maria

84 -84Planejar
- Planejar e viajar,
e viajar, é preciso!
é preciso! - Cibele
- Cibele Araújo
Araújo Racy
Racy Maria
Maria

97 -97Formação
- Formação
concon nuada,
nuada, transformando
transformando possibilidades
possibilidades emem potência
potência - Lenize
- Lenize CrisCris
na na Riga
Riga

104104 - Cadê
- Cadê a mesa
a mesa queque estava
estava aqui?
aqui? - Cibele
- Cibele Araújo
Araújo Racy
Racy Maria
Maria

105105 - Bom
- Bom dia,dia,
tudotudo bem?
bem? - Ta- Ta
aneane Lima
Lima dosdos Santos
Santos

107107 - Uma
- Uma relação
relação para
para além
além dosdos trilhos
trilhos - Alice
- Alice Gomes
Gomes Signorelli
Signorelli

118118 - Como
- Como assim,
assim, essa
essa pode
pode e essa
e essa não?
não? - Cibele
- Cibele Araújo
Araújo Racy
Racy Maria
Maria

120120 - Registro,
- Registro, umum desafio
desafio para
para muitos
muitos - Ligia
- Ligia Chiavolella
Chiavolella Barbosa
Barbosa de de Oliveira
Oliveira

6
130 - Territórios de aprendizagem, um lugar de ser e estar com o mundo - Carolina Gitahy Hamburger

138 - Pichação e arte por toda parte - Cibele Araújo Racy Maria

140 - Cada um com seu jei nho - Pedrina Barba da Silva

142 - Da sala de informá ca à gestão - Deise Regina Ferreira

147 - A ilha da fantasia - Cibele Araújo Racy Maria

150 - “Diário de projeto é o grande livro que conta a história da nossa turma” - Ana Cris na Silva Godoy

155 - Salas para conviver, arranjos possíveis - Luciane Souza Soares

164 - Seminários infan s, que nome esquisito! - Cibele Araújo Racy Maria

165 - Relatórios de avaliação para a aprendizagem - Marina Gomes Bi encourt

183 - Agrupamentos mul etários, rompendo com as normas segregatórias por idade na educação infan l -
Marina Basques Masella

188 - Avaliação de desempenho para a excelência - Tathiana Pereira Gonçalves

190 - Educação inclusiva, integral e integradora - Cibele Araújo Racy Maria

212 - Letramento e alfabe zação na Educação Infan l - Cibele Araújo Racy Maria

219 - A música na EMEI Nelson Mandela - Cibele Araújo Racy Maria

223 - Equipe, não. Família mandelense! - Monica Cris na Oliveira da Mota

225 - A evolução do pensamento didá co-metodológico: da sequência didá ca ao projeto cole vo - Roberta de
Cassia Costa Silvestre

233 - A responsabilidade da branquitude na construção de uma educação an rracista e plural - Cibele Racy Maria

SOLFEJOS
257 - DO – Do lado de dentro ou de fora? - Cibele Araújo Racy Maria

259 - RE – Respeito e dignidade, já! - Cibele Araújo Racy Maria

260 - MI – Minhocas e bichinhos de Jardim, xô! - Cibele Araújo Racy Maria

262 - FA – Fazendo o que seu mestre mandar? - Cibele Araújo Racy Maria

263 - SOL – Sol e chuva, casamento entre branco e preto, pode? - Cibele Araújo Racy Maria

7
265 - LA – Lá no espelho, sou eu? - Cibele Araújo Racy Maria

266 - SI – Sim, Mandela, por que não? - Cibele Araújo Racy Maria

HAMONIZAÇÕES
269 - Iden dade Revelada: Eu, mulher, negra e professora - Mariana Silva Lima

272 - Diretor de Escola: referência, liderança e compromisso - Maria Cris na Ar lheiro Momesso

277 - A minha experiência como supervisora escolar e mãe na EMEI Nelson Mandela - Mariana Fernandes Panizza

282 - Uma escola até para gente crescida - Raul Cabral França

288 - De um príncipe africano a uma viagem espacial - Angelo Augusto da Silva

289 - EMEI Nelson Mandela, um presente para Ma as - Magda Figueiredo

291- Entrelaçadas pelas redes da Educação - Amanda Marques

295 - Escola, onde todas as emoções devem ser validadas - Camila Tuchlinski

298 - EMEI Nelson Mandela, uma escola de todos e todas - Fernando Oliveira

300 - Tenho essa escola como referência de aprendizado e cultura - Camila Lopes

301- Foi lindo de se ver! - Palloma Gonçalves

302 - Respeito e interações plenas - Milene Carla Rovaron

ENSAIO
307- Na quadra da escola - Cibele Araújo Racy Maria

CORAL MULTIETÁRIO
311- O canto cole vo - Família mandelense

IMPROVISO
323 - Não replique, não implique, modifique! - Cibele Araújo Racy Maria

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PARTITURAS
327 - Avaliação de desempenho adaptada - Cibele Araújo Racy Maria e Mariana Silva Lima

331 - Ficha social - Criação cole va

332 - Planejamento semanal - Criação cole va

340 - Projeto premiado EMEI Nelson Mandela – Azizi Abayomi, um príncipe africano - Cibele Araújo Racy Maria

343 - Projeto premiado: Rádio “Tem Gato na Tuba” - Deise Regina Ferreira

345 - Projeto premiado: – EMEI Nelson Mandela 2019 – Diretor de Escola por um dia - Cibele Araújo Racy Maria

349 - Projeto finalista: Território de Aprendizagem – Samba, samba, samba ô lê lê - Marina Basques Masella

353- Projeto premiado: “Da minha história para a sua: conhecendo o outro para conhecer a mim mesma/o (Musas
Brasileiras) – Alice Gomes Signorelli, Ana Cris na Silva Godoy, Carolina Gitahy Hamburger e Priscilla de Lima Rocha

361 - Projeto premiado: “Jongo: uma roda pela igualdade” - Carolina Gitahy Hamburger

369 - Projeto premiado: “Grupo Lia de Itamaracá: a ciranda de todas as cores” - Ligia Chiavolella B. de Oliveira

373 - Projeto permanente: Território de Aprendizagem - Cozinha Experimental - Criação cole va

376 - Projeto permanente: Território de Aprendizagem - Horta - Criação Cole va

379 - Projeto permanente: Território de Aprendizagem - Restaurante - Criação cole va

381 - Projeto permanente: Território de Aprendizagem - Sala de Leitura - Criação cole va

388 - Projeto permanente: Território de Aprendizagem - Escola de Pais - Criação cole va

391 - Linha de tempos e espaços/ turmas - Criação cole va

393 - Quadro de referência - Parte I - Currículo - Criação cole va

399 - Quadro de referência - Parte II - Currículo - Criação cole va

COLETÂNEA
411 - Momentos marcantes da nossa história registrados por diversas mídias

9
10
Homenagem da

2010
Câmara Municipal de São
Homenagem da Câmara
2008 Municipal de São Paulo
pela qualidade dos
Paulo pela relevância dos
serviços prestados à
Comunidade do Bairro do
serviços educacionais
Limão por meio do Projeto de
oferecidos à Comunidade Concessão da Salva
do Bairro do Limão Educomunicação " Rádio Tem
Gato Na Tuba" de Prata pela
Câmara Municipal
de São Paulo pelo
Projeto "Diversidade

CONQUISTAS Biológica e Cultural

2012

2011
- Lei 10.639|03"

2013
Vencedora do 6º Prêmio Vencedora do Prêmio "
"Educar pela Igualdade Racial" Valeu Professor" – 2º
- Categoria Escola – 1º lugar - Lugar - Rádio Mirim -
Vencedora do 1º Prêmio Projeto "Azizi Abayomi, um Tem Gato na Tuba -
Municipal em Direitos Príncipe Africano" - promovido promovido pela
Humanos da Cidade de pelo CEERT Secretaria Municipal de
São Paulo – A Família Educação
Abayomi - promovido pela
Secretaria Municipal de
Direitos Humanos e Certificação de
Cidadania Escola

2016
Inovadora e
Criativa Vencedora do Prêmio Paulo
concedida pelo Freire – 1º lugar – Educação

2019
Ministério da Infantil – Diretor de Escola
Educação por um Dia – promovido
Vencedora do (MEC)
pela Câmara Municipal de
Prêmio Paulo
Vencedora – 3º Lugar – Educação
Freire - 2º lugar -

2018
Educação Infantil – Projeto - Da sua história
Musas Negras para a minha - promovido
Brasileiras - pela Secretaria Municipal
promovido pela de Direitos Humanos Reconhecimento pela
Camâra Municipal Sociedade Civil pela
de São Paulo Finalista - Prêmio Educador formação cidadã e
Nota 10 - Samba, Samba, o qualidade social da
lê lê. - promovido pela educação – conferido pela
Fundação Victor Civita Confraria G21
2020

Prêmio Professor em
Destaque – 2º lugar –
Educação Infantil –
Vencedora do Prêmio
Paulo Freire - 1º lugar -
Reconhecimento
2021
Prêmio Latin America
Educação Infantil –
promovido pela Jongo, a roda da internacional - Diretora de Lifetime Awards (LALA
Secretaria Municipal de igualdade - promovido Escola Brasileira figura na 2021) - Gestora Pública
Educação – Projeto Lia pela Câmara Municipal lista entre as 100 é eleita uma das 5
de Itamaraca, a ciranda de São Paulo personalidades femininas mulheres protagonistas
de todas as cores inspiradoras de da América Latina -
Realizado em 2019 Realizado em 2019 2020, organizada pela rede Brasil
britânica - BBC
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11
Introdução Como os livros nascem?
Crianças mandelenses

COMO OS LIVROS NASCEM?

“EU ACHO QUE NASCEM DA BARRIGA”


“TEM UM LIVRO, AÍ O OUTRO LIVRO NASCE DELE”

COMO OS LIVROS DE OUTROS LUGARES CHEGARAM AO BRASIL?


“VIERAM DE AVIÃO”
“EU ACHO QUE OS LIVROS CHEGARAM AQUI COM AS PESSOAS”
“DE METRÔ OU DE TÁXI”

O QUE TEM EM UM LIVRO?


“TEM PAPEL, TEM CADA COISA ESCRITA EM UM”
“TEM DESENHOS”
“NA FRENTE TEM O NOME DA HISTÓRIA”

QUEM ESCOLHE O NOME DA HISTÓRIA?


“A PROFESSORA QUE DÁ O NOME DA HISTÓRIA”

12
12
Este livro
Este livro nasce
nasce como
como resposta
resposta às às inúmeras
inúmeras solicitações
solicitações de de professoras(es),
professoras(es), gestoras(es)
gestoras(es)eeestudantes,
estudantes,que que
�veram
tiveram contato
contato com com osos saberes
saberes ee fazeres
fazeres construídos
construídos pela pela EMEI
EMEI Nelson
Nelson Mandela,
Mandela, no no período
período dede 2004
2004 aa 2019,
2019,
quando
quando assumimos
assumimossua suagestão
gestãoadministra�va
administrativae epedagógica.
pedagógica.
A escola se constituiu emfoco
A escola se cons�tuiu em focodedepesquisa
pesquisaatraindo
e atraiu vários
vários pesquisadores
pesquisadoreseevisitantesvisitantesda daárea
áreada daeducação
educaçãoe
ée aébusca
a busca dede respostas
respostasas muitas
as muitas perguntas
perguntas quequesempre
sempre memefiz efizme fizeram
e me queque
fizeram jus�fica o desejo
justifica de escrever
o desejo esse
de escrever
livro.
esse livro.
Qual seria o diferencial dessa escola que que aa fez
fez despontar
despontar no no cenário
cenário educacional
educacional como como referência
referência em em
educação infan�l,
infantil, se
setodas
todasas asescolas
escolasda darede
redemunicipal
municipalseguem
seguemososmesmosmesmospadrõespadrõesdede qualidade,
qualidade, contam
contam com
com as
mesmas
as mesmas verbas
verbaspúblicas e seguem
públicas e seguema mesma
a mesmalegislação?
legislação?
Se as dificuldades
dificuldades são as mesmas das demais demais escolas,
escolas, sese seus
seus profissionais
profissionais foram foram aprovados
aprovadosem emconcursos
concursos
públicos promovidos pelas mesmas en�dades, Polí�co-Pedagógico ee esse
entidades, se apresentam um Projeto Político-Pedagógico esse éé aprovado
aprovado
por uma Supervisão Escolar e por uma Diretora Regional de Educação como as demais unidades unidades da da rede
rede ee se,
se,nas
nas
autoavaliações de desempenho, a maioria das unidades escolares recebem notas máximas pela pela sua
sua atuação
atuação ee aa
EMEI Nelson
NelsonMandela
Mandelaesteve
estevesempre
sempreabaixo
abaixodelas
delasaté
até2019,
2019,o que
o quededefato, faria
fato, a diferença
faria a diferença nessa escola,
nessa então?
escola, então?
Como boa educadora, não darei respostas prontas. Convidei Convidei para
para soltar
soltar aa voz,
voz, várias
várias pessoas
pessoas queque fizeram
fizeram
parte dessa
dessaconstrução,
construção,pisando
pisandononomesmomesmo chão
chãoe amassando
e amassando o mesmo
o mesmo barro, para para
barro, juntasjuntas
darmos algumas
darmos pistas
algumas
pistasque
para para que leitores
vocês, vocês, leitores
e leitoras,e leitoras,
encontrem encontrem
possíveispossíveis
respostasrespostas aos questionamentos
aos ques�onamentos iniciais. iniciais.
Aqui, falaremos sobre as Figuras Figuras dede Afeto
Afeto ee aa Pedagogia
Pedagogia da da Provocação
Provocação ee nesse nesse momento,
momento, agoraagora nãonão em
em
seriaimportante
outro, seria importanteinterromper
interrompera aleitura
leiturae fazer
e fazerumauma pesquisa
pesquisa rápida
rápida na internet
na internet sobresobre
essesesses
doisdois
termostermos
para
para compreender
compreender o espírito
o espírito do livro.do livro.
Com
Com as diversas vozesreunidas,
as diversas vozes reunidas,tentamos
tentamosresponder,
responder,de deforma
formaclara,
clara,semsemrodeios
rodeios pedagógicos,
pedagógicos, todastodas asas
questões que que nosnosforam
foramfeitas,
feitas,explicitando
explicitandooopasso passoaapasso
passopara
paraque,
que,a par�r
a partir dada compreensão
compreensão dosdos processos
processos e
e da
da filosofia
filosofia de de trabalho
trabalho da da escola,
escola, todas
todas e todos
e todos possam
possam utilizá-los
u�lizá-los como
como inspiraçãopara
inspiração parasoltar
soltarsua
suacria�vidade
criatividadee
e construir seu próprio caminho. Como trabalhar questões
construir seu próprio caminho. Como trabalhar questões que, até hoje, são que, até hoje, são consideradas “impróprias” para
para aa
primeira infância ou como abandonar velhas práticas prá�cas do magistério, serão contadas contadas como como de de fato
fato aconteceram,
aconteceram,
sem roman�smos,
romantismos, mas como toda a sensibilidade e o respeito devido e necessário necessário às infâncias e a quemtrabalha
às infâncias e a quem trabalha
com e por
com e por elas. elas.
Dessa
Dessa forma,
forma, trazemos
trazemos nesteneste livro
livro uma
uma abordagem
abordagem diferenciada
diferenciada daquela
daquela que que aa maioria
maioria dos dos livros
livros que
que
versam sobre Educação e suas práticas fazem uso. Descrevemos, ao longo dos textos,
versam sobre Educação e suas prá�cas fazem uso. Descrevemos, ao longo dos textos, os processos de trabalho sob a os processos de trabalho
sob ade
ó�ca ótica
quem defazquem faz a educação
a educação acontecer acontecer
no chão no chão da
da escola escola
e, por essee,mo�vo,
por esse nãomotivo,
haveránão haverá bibliografia
bibliografia ao final ou nos ao
final ou nos rodapés. Tratamos de processos internos de aprendizagens dos docentes
rodapés. Tratamos de processos internos de aprendizagens dos docentes e da transformação de suas prá�cas. e da transformação de suas
práticas. Mergulhamos
Mergulhamos em suas experiências
em suas experiências profissionais profissionais
antes e depoisantesdee atuarem
depois denaatuarem
EMEI Nelson na EMEI Nelson
Mandela Mandela
para que as
para que as leitoras e os leitores possam se identificar e reconhecer as mudanças
leitoras e os leitores possam se iden�ficar e reconhecer as mudanças de concepção entre uma prá�ca e outra. de concepção entre uma
prática e outra. Cantamos
Cantamos e contamos histórias. e contamos histórias.
Trazemos
Trazemos oo olharolhar ee asas experiências
experiências das das famílias,
famílias, dos
dos educadores
educadores ee das das crianças,
crianças, porque
porque aa Educação
Educação se se faz
faz
com elas e eles. É pela voz de cada pessoa que será possível encontrar nossa prática,
com elas e eles. É pela voz de cada pessoa que será possível encontrar nossa prá�ca, as soluções que encontramos as soluções que encontramos
para alguns desafios, dicas, enfim, como cuidamos e educamos nossa comunidade e somos afetados por seus
saberes. Haverá momentos de humor e de críticas, de descontração e tensão. Em todos eles, o que nos rege é o

13
13
desejo de transformar o que vivemos em momentos de aprendizagem para toda a coletividade mandelense e,
agora, para quem se dispôs a caminhar em nossa companhia.
Nessa trajetória, estão presentes as artes plásticas por meio das produções infantis e a poesia criando
contextos para falarmos dos nossos projetos.
Optamos em não fragmentar o conteúdo do livro em capítulos convencionais, fechados em temas.
Buscamos enfatizar uma das manifestações artísticas presentes no universo infantil para inspirar a organização
de nossas experiências.
Entre tantas linguagens que trabalhamos com as crianças, escolhemos a música por duas razões. A
primeira, porque foi ela que marcou a vida dos projetos da EMEI Nelson Mandela, durante os últimos quinze
anos, nas festas do meio do ano e a segunda, porque nosso patrono se deixava contagiar pelo ritmo africano
assim que começavam os sons de seus tambores. Em África, o som e o ritmo estão presentes no cotidiano das
pessoas. Nessa perspectiva, este livro apresentará, em primeiro plano, os SOLOS, em três movimentos:
Ouviremos as VOZES das gestoras, professoras e educadores que contam sobre procedimentos
metodológicos e opções pedagógicas adotadas para atuar com as infâncias, ou seja, relatos de práticas ou vivências
de “antes” e do “depois” de ingressarem na EMEI Nelson Mandela e participarem ativamente da formação que
oferecemos ou das experiências que lá viveram;
Entre uma voz e outra, teremos ACORDES, que são ações que foram se transformando ao longo do tempo
em projetos permanentes e princípios de atuação tanto de ordem administrativa quanto pedagógica e que dão
conta da filosofia de trabalho da EMEI Nelson Mandela;
Em meio às vozes e acordes, aparecerão as NOTAS, com textos mais enxutos que trarão histórias de
como superamos algumas práticas que até hoje se apresentam como problemas enraizados em muitas escolas
brasileiras;
Os SOLFEJOS reúnem algumas provocações interessantes que fizemos e outras que recebemos a tal ponto
que transformaram práticas e cenários, marcando a história de nossa escola;
Adiante, surgirão as HARMONIZAÇÕES que, no universo musical e, agora no contexto educacional,
organizam todos os elementos e despertam sensações e sentimentos. Reúnem os acordes e fazem a música
acontecer. Nesse livro, reunimos pessoas que vindas de fora, emprestaram sua sensibilidade, fizeram suas
harmonias, ou seja, emprestaram conhecimentos e se deixaram levar pelos sons, pela vibração e ritmo da nossa
escola.
Do nada, paramos para um ENSAIO, porque inspiração acontece e pode explicar como surgiu a ideia de
organização do livro.
De surpresa, surge nosso CORAL MULTIETÁRIO em que se unem vozes de várias idades contanto suas
lembranças de quando nos deram o privilégio de sua companhia. Gente grande e pequena, meninas e meninos
que nos enviaram, pelas páginas das redes sociais, mensagens para que publicássemos nesse livro.
Acabou? Não! Um IMPROVISO no final, porque isso não pode faltar em uma boa música.
Seguido por PARTITURAS que foram pensadas e registradas pelas equipes da escola durante os últimos
anos, e se apresentam com o objetivo de servir de provocação para que novas composições sejam possíveis.
Assim como toda partitura, nossas ideias estarão sujeitas às releituras de novos arranjadores e às diversas
interpretações.
E para finalizar, uma COLETÂNEA em que reunimos matérias e reportagens sobre o trabalho da EMEI
Nelson Mandela em diversas mídias para quem tem a curiosidade de sempre saber mais.
Pensamos em um livro que dê liberdade para ser lido da forma que o leitor quiser. Do meio para o
começo, pulando de voz em voz, de acorde em acorde, a depender de sua disposição, porque é essa a nossa
concepção de conhecimento. Ele não se dá de forma linear, um conteúdo depois do outro, do concreto para o
abstrato, do simples para o complexo. Ele depende, inclusive, do humor do aprendiz. O conhecimento se constrói

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pelas conexões que somos capazes de estabelecer entre isso e aquilo, entre o que vejo e o que sinto e o melhor,
sobre o que imagino ser possível e o que consigo realizar.
Apresentamos assim, de forma inusitada, como aconteceu o Projeto Político-Pedagógico da EMEI Nelson
Mandela: livre das amarras publicadas nos diários oficiais e dos formatos pré-definidos dos artigos acadêmicos.
Acreditamos que um Projeto Político-Pedagógico não pode ser direcionado para crianças e adolescentes,
ele deve ser pensado para pessoas grandes e pequenas e que jamais deve permanecer enjaulado entre quatro
paredes, muito menos dentro de uma Unidade Educacional. Deve ser pensado para uma sociedade inteira. Deve
ter como princípio a ousadia de querer transformar o mundo. Precisa ser pensado como um livro que pode
chegar em todos os cantos e conquistar todas as gentes.
Boa imersão e aproveite todos os sons e ruídos que pudemos e quisemos produzir!

Cibele Araújo Racy Maria

15
Clelia Rosa
Clelia Rosa
Clelia Rosa
Este texto não Esteapresenta
Este texto não apresenta não aapresenta
textoa totalidade totalidade das experiências
a totalidade
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que vivemos
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que vivemos
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Eloisa Rosa Silva 5 violências. A espaço violênciadado sequestro
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hoje mais sofrem, maioria
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os corpos são de jovens negros que
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Eloisa Rosa Silva 5
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Rosa Silva 5
o seu transatlân�co,
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É chocante
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consciência e tudo
e saber e sabero
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os corpos denos
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Eu temia daquelas
(e ainda crianças
temo) que negras,
essa ainda
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alcançasse a minha que
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e, foi esse medo esseque ambiente.
me fez sair em
e a vida de crianças negras está mais comprome�da desde o seu nascimento. É chocante ter consciência e saber
os corpos de jovens negros que são diariamente exterminados, mulheres negras são as que mais sofrem violências,
busca deequeauma
vida Eu
de temia
escola que (e
crianças ainda
fosse
negras temo)
maisestá acolhedora,
mais que essa violência
que �vesse
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consciência
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saí perguntando
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queem essa violência
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que encontrei umpequenas
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Eu temia (e ainda temo) que essa violência umaainda
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minha
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a mudança medoessequeambiente.
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que encontrei
Eu temia um (e link
ainda que temo)me levaria
que essapara uma
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busca de uma escola que fosse mais acolhedora, que �vesse consciência do seu papel social, uma escola e
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16
1616
Quando o portão da escola se abriu fomos recebidos com uma cordialidade ímpar. Jeferson estendeu a
mão para nos cumprimentar, ofereceu um copo de água e disse para ficarmos à vontade. Nessa hora eu pensei
“ual que incrível” meu coração já batia acelerado sinalizando que ali as relações estavam em outro nível. Acredito
ser importante relatar isso pois, a forma como as famílias são tratadas no ambiente escolar é também o modo
como nossos filhos e filhas serão tratadas. Eu acredito que a mesma atenção, respeito, e cordialidade que se
entrega para as famílias também será entregue às crianças. (e isso foi sendo confirmado no dia a dia)
Depois que o Jeferson explicou as questões burocráticas para fazer a matrícula, perguntei para ele seu eu
poderia dar uma voltinha para conhecer o espaço físico da escola (quando fizemos essa visita era recesso escolar
e por isso, apenas os funcionários da secretaria e limpeza estavam no local) Ele pegou a chaves e abriu uma outra
porta que deu acesso para aquilo que mais tarde a Eloisa viria a chamar de “Escola Mágica”.
Fiquei impactada com tudo o que eu vi. Em nenhum momento ele me falou sobre o projeto pedagógico,
não foi necessário pois, as paredes da escola me disseram tudo o que eu precisava saber. Estava ali, nas paredes,
a concepção de criança, concepção de escola e concepção de educação infantil. Naquelas paredes que eram
grandes painéis de exposição dos fazeres das crianças, nos objetos, nos brinquedos, na horta, no gramado, nas
árvores centenárias, na cozinha experimental e nas redes coloridas eu vi o Terceiro Educador. Meu coração se
alegrava com a real possibilidade de saber que muito do que eu lia e pesquisava, muito do que eu aprendi como
pedagoga, sobre educação de qualidade, sobre espaços e materiais, muitas coisas que eu pude ver nas escolas
que visitei no norte da Itália durante o meu Mestrado, muitas coisas estavam todas ali, na minha frente. Tive um
momento de êxtase ao imaginar que a minha filha poderia vivenciar aquele espaço, que poderia explorar aquilo
tudo. Era uma espécie de regozijo da professora que virou mãe.
Quando entrei no espaço nomeado de brinquedoteca, e me deparei com um “sofazinho” onde estavam
coladas sentadinhas lado a lado, quatro ou cinco lindíssimas bonecas negras, meus olhos transbordaram, essa
visão se somou ao mural que eu vi antes em uma das salas, era um mural de profissões e nele havia as fotos
da jornalista Joyce Ribeiro, do geógrafo Milton Santos, da escritora Chimamanda Adichie, da médica Katleen
Conceição e tantas outras mulheres e homens negros. Foi uma visita rápida e ao mesmo tempo intensa e especial.
Decidimos naquele mesmo instante que sim, Eloisa seria uma criança “mandelense” (esse título veio assim que
a escola concretizou a mudança do nome de EMEI Guia Lopes para EMEI Nelson Mandela.)
Para as pessoas negras, a escola é um dos primeiros lugares em que ela estará exposta ao racismo. Toda
pessoa negra, hoje adulta tem em suas memórias alguma situação de racismo que ela tenha experimentado
no ambiente escolar. É importante dizer que não se trata unicamente de receber agressões e xingamentos,
mas também de ser invisibilizados por professores, ou ser ridicularizado nas imagens que os livros didáticos
apresentam. Tudo isso se caracteriza como violência racial, seja ela física ou simbólica. Proteger a nossa filha era
a nossa principal meta quando estávamos procurando uma escola. Esse é o instinto de proteção de pais e mães
de crianças negras, nos preocupamos com tudo o que os outros pais e mães também se preocupam, porém, o
racismo nos dá uma pesada carga extra de preocupação.
Não naturalizamos o racismo, não nos acostumamos às violências e não queríamos que nossa menina
guardasse em sua caixa de memórias da infância situações como esta. Somos uma mãe e um pai negros, consciente
da nossa negritude e de tudo o que ela representa, nossa consciência nos convoca a romper esses ciclos de violência,
então nossas escolhas para a gerações que nos precedem é tentar garantir o maior número de acessos aos direitos
que por séculos foram negados e/ou negligenciados, o direito a educação de qualidade e o direito ao afeto, faz
parte disso. Queríamos que ela fosse respeitada exatamente do jeito que ela é, que sua pele preta e que seu cabelo
crespo não fossem barreiras para que ela recebesse atenção e carinho de suas professoras e das outras crianças. A
infância é a fase da vida em que aprendemos com o corpo todo, cada gesto, cada toque, cada tom de voz, cada jeito
de olhar, tudo isso ensina. Pode ensinar que somos importantes ou ensinar o oposto disso.
A construção da nossa identidade passa pela qualidade das relações que vamos tendo desde bem

17
pequenas
cada jeito edeoolhar,
ambiente escolar
tudo isso é responsável,
ensina. Pode ensinar assim como aimportantes
que somos casa, por oferecer
ou ensinar experiências
o oposto disso.que colaborem com
a construção da subjetividade e autoestima das crianças, desde bem pequenas.
A construção da nossa iden�dade passa pela qualidade das relações que vamos tendo desde bem
Queríamos
pequenas uma escola
e o ambiente escolaronde ela pudesse
é responsável, ter como
assim relações de boa
a casa, qualidade,
por oferecer isso sempre
experiências que foicolaborem
importante, com além
a
disso, gostaríamos
construção tambémeque
da subje�vidade ela aprendesse
autoes�ma das crianças,na escola,
desde bem a história
pequenas.dos nossos ancestrais, que ampliasse e
construísseQueríamos uma escola
conhecimento sobreonde ela pudessedo
a participação terpovo
relações
negrodenaboaconstrução
qualidade,desse
isso sempre foi importante,
país. Queríamos umaalém
escola
disso, gostaríamos também que ela aprendesse na escola, a história dos nossos
que fosse complementar a formação que damos para ela em casa, buscávamos uma proposta pedagógica que ancestrais, que ampliasse e
construísse conhecimento sobre a par�cipação do povo negro na construção desse
não violasse o direito humano ao amplo conhecimento, uma proposta que viesse ao encontro dos valores que país. Queríamos uma escola
que fosse
temos. Nãocomplementar a formação
se trata de delegar tudo que
paradamos paramas
a escola, ela em
simcasa,
ter abuscávamos
escola comouma proposta
parceira nesse pedagógica que nãode
amplo processo
violasse o direito humano ao amplo conhecimento, uma proposta
educação, como esse lugar possível para compartilhar a educação que queremos. que viesse ao encontro dos valores que temos.
Não se trata de delegar tudo para a escola, mas sim ter a escola como parceira nesse amplo processo de educação,
Nós sonhamos alto! Fizemos uma aposta colocando em jogo nosso tempo e energia. A escola não ficava
como esse lugar possível para compar�lhar a educação que queremos.
próximo da nossa casa, a distância era cerca de 12km. É uma quilometragem baixa, no entanto o horário de
Nós sonhamos alto! Fizemos uma aposta colocando em jogo nosso tempo e energia. A escola não ficava
entrada
próximoeda saída
nossadacasa,
escola nos jogava
a distância erapara
cercadentro
de 12km. de Éumumatrânsito imenso nabaixa,
quilometragem Marginal Tietê. oÀs
no entanto vezesde
horário a volta para
entrada
casa durava
e saída 90 minutos.
da escola Quase
nos jogava para odentro
mesmo tempo
de um de deslocamento
trânsito imenso na Marginalpara outro
Tietê. município. Muitas
Às vezes a volta parae casa
muitas vezes
durava
ela dormia profundamente durante o trajeto, outras vezes chorava, pois estava
90 minutos. Quase o mesmo tempo de deslocamento para outro município. Muitas e muitas vezes ela dormia cansada, outras vezes vínhamos
cantando e muitas
profundamente outrasoera
durante o momento
trajeto, em que
outras vezes ela mepois
chorava, contava
estavatudo o queoutras
cansada, tinha vezes
acontecido
vínhamos na escola.
cantando e
muitasDentro do ocarro
outras era ela me
momento emexplicou
que ela meo conceito
contava tudo de melanina.
o que �nha - Mãe, você sabe
acontecido o que é melanina? Todas as
na escola.
pessoas Dentro
têm melanina,
do carrona elanossa família oo meu
me explicou avô édequem
conceito tem mais
melanina: - Mãe, e avocê
nossasabeprima
o queé que tem menos”
é melanina? Todaselaasfez
pessoas
essa têm melanina,
explicação na nossa
de um modo tãofamília
seguroo emeu avô é quem
afetuoso, tem mais
que meu e a nossa
coração prima é que tem menos” ela fez essa
sorriu.
explicação
Tambémde umdentro
modo tão
do seguro
carro me e afetuoso,
contou aque meu coração
biografia sorriu.Mandela, dentro do carro me falou sobre o
do Nelson
Jongo. EuTambém
pensavadentro
comigo domesma:
carro me contou
- nossa ela asóbiografia
tem 5 anos do Nelson
e já sabe Mandela,
disso tudo!dentro do carro
Quantas me falou sobre
aprendizagens, o
quanto
Jongo. àEucultura
acesso pensavae comigo mesma:- nossa
ao conhecimento, ela sómesmo
então, tem 5 anos e já sabe
esgotada pelodisso tudo! sentia
trânsito, Quantas umaaprendizagens,
imensa gratidão quanto por
acesso à cultura e ao conhecimento, então, mesmo
conseguir fazer esse trajeto e proporcionar para ela viver tudo aquilo.esgotada pelo trânsito, sen�a uma imensa gra�dão por
conseguir fazer esseque
As histórias trajeto
ela emeproporcionar
contava eram parasempre
ela vivertão tudo aquilo.de vigor, dessa energia pulsante da infância, e
cheias
As histórias que ela me contava eram sempre tão cheias de vigor, dessa energia pulsante da infância, e ela se
ela se sentia tão parte daquilo tudo. As relações de afeto que foram construídas com as professoras e com as
sen�a tão parte daquilo tudo. As relações de afeto que foram construídas com as professoras e com as demais
demais
pessoaspessoas que trabalhavam
que trabalhavam na escola,natudoescola, tudo
isso foi issopara
crucial foi crucial para que
que durante durante
os dois anos deosida
dois anos atravessando
e volta, de ida e volta,
atravessando
chuvas, algunschuvas, algunsum
alagamentos, alagamentos,
acidente (sem umví�mas�
acidente nada(sem
dissovítimas)
nos fez nada
ter umdisso
úniconos fezarrependimento,
dia de ter um único diaaode
arrependimento, ao contrário, todos os dias agradecemos por conseguirmos estar vivendo essa rica experiência.
Certa vez, ela me pediu para ir para a escola com o cabelo solto “mãe, faz um Black de lado e coloca um

18

18
contrário, todos os dias agradecemos por conseguirmos estar vivendo essa rica experiência.
CertaFoi
laço”. vez,assim
ela me
quepediu parapara
ela pediu ir para
eu aarrumar
escola ocom o cabelo
cabelo dela. solto “mãe, faz um
e foi exatamente Black
assim quedeeulado
fiz. eMandei-a
coloca um para
laço”. Foi assim com
a escola que ela
seuspediu
cabelospara eu arrumar
crespos o cabeloBlack
no penteado dela.Power
e foi exatamente
do jeitinho que assimelaque eu fiz.
pediu, em Mandei-a
nenhum momento para a
escola com
eu tiveseus cabelos
dúvidas crespos
para fazer no
essepenteado
penteado, Black Power
aliás, eu nãodo jei�nho
tive medo. queMedoela pediu,
de queemalguém
nenhum momento
dissesse que eu �ve
o cabelo
dúvidasdela
paraerafazer
feio,esse
ou penteado,
que o cabelo aliás, eu era
dela não“duro”
�ve medo. Medooutras
ou tantas de queagressões
alguém dissesse que o cabelo
que as pessoas negrasdela era feio, as
(incluindo
ou quecrianças)
o cabelosofrem “duro” ou tantas
dela erasimplesmente outrasoagressões
por terem cabelo queque têm.as Eu
pessoas negras
tinha uma (incluindo
certeza as crianças)
tão grande de quesofrem
ela seria
simplesmente por terem o cabelo que têm. Eu �nha uma certeza tão grande de que
respeitada, eu acreditava que se por acaso alguma criança fizesse algum tipo de comentário, ela seria acolhida ela seria respeitada, eu
acreditava
pelasque se por acaso
professoras alguma
e mais criança
do que fizesse
acolher, algum �po de
as professoras comentário,
ensinariam sobreelarespeito,
seria acolhida pelas professoras,
sobre características, sobre
e mais pertencimento.
do que acolher,Eu as acreditava
professorasnisso ensinariam sobre respeito, sobre caracterís�cas, sobre
tudo, então sem vacilar ela entrou na escola com seus cabelos crespos pertencimento. Eu e
acreditava nisso
soltos. Ao tudo,
fim doentão sem vacilar
dia quando cheguei elapara
entrou na escola
pegá-la notei que comseu seus cabelos
cabelo crespos
estava e soltos.
bem mexido Ao fim
e com do diade
vestígios
quandoareia
cheguei paraEntão
e grama. pegá-la notei que
perguntei. seu como
“Filha, cabelo foiestava
seu diabem mexido
na escola com e com ves�gios
os cabelos de areia
soltos?” e grama. Então
Ela respondeu: “Ah, foi
perguntei: - Filha, como foi seu dia na escola com os cabelos
normal, as crianças colocaram a mão, e depois a gente foi brincar”. soltos? Ela respondeu: - Ah, foi normal, as crianças
colocaram a mão, e depois
A resposta a gente
dela foi brincar.
me mostrou que de fato o que ela estava vivendo na EMEI Nelson Mandela é o que todas
A resposta dela me mostrou que
as crianças negras merecem e tem o direito de fato o de
queviver,
ela estava
ou seja,vivendo
o respeitona EMEI Nelson
aos seus Mandela
cabelos, a sua épele,
o que todas
a sua as
história
criançase negras merecem e tem
a sua ancestralidade. o direito
Esse respeitode sóviver,
podeouexistir
seja, ose respeito
houveraos seus cabelos, apedagógica
intencionalidade sua pele, apara
sua história
isso. Quandoea
sua ancestralidade. Esse respeito
a escola se organiza só podeoexis�r
para realizar “dia da sebeleza”
houver ondeintencionalidade
todas as formas pedagógica
de beleza para
sãoisso. Quando aonde
valorizadas, escolanão
se organiza para realizar o “dia da beleza” onde todas as formas de beleza são valorizadas,
há hierarquia de um biotipo para outro, aí está a ação educativa de ensinar sobre si mesmo e sobre o outro. onde não há hierarquia
de um bio�po
Aprender para outro,da
a gostar aí está
imagema açãoqueeduca�va
se vê node ensinar
espelho é sobre si mesmo e sobre
uma aprendizagem que oseoutro.
inicia Aprender
no íntimo ada gostar
casa,damas
imagemcom quetodase vêcerteza
no espelho é uma aprendizagem que se inicia no ín�mo da casa, mas com
também deve e pode ser feita no espaço da escola. As relações criança-criança reconhecendo toda certeza também
deve e suas
podesemelhanças
ser feita noeespaço da escola.
suas diferenças (semAs hierarquizar)
relações criança-criança
é muito potente. reconhecendo suas semelhanças e suas
diferenças (sem hierarquizar)
Encontramos naéEMEI
muitoNelson
potente. Mandela, muito mais do que um projeto pedagógico, encontramos ali um
Encontramos na EMEI Nelson
projeto de sociedade. Uma sociedade onde Mandela, muito
todasmais do que são
as pessoas um diversas
projeto pedagógico,
e valorizadasencontramos ali um
por isso. Encontramos
projetouma
de sociedade. Uma sociedade
escola corajosa e mesmo com ondeastodas as pessoas
dificuldades são diversas
existentes e valorizadas
no sistema públicoporde isso.
ensino,Encontramos
consegue cumpriruma
escola ocorajosa e mesmo com as dificuldades existentes no sistema público de ensino, consegue
seu papel institucional. Do primeiro ao último dia letivo, Eloisa não foi uma criança negra, ela foi uma criança! cumprir o seu
papel ins�tucional.
Como tal, sujeito Do primeiro
de direitosao úl�mo dia le�vo,
e o direito Eloisa não
mais precioso quefoi
euuma criançaque
considero negra, ela foi uma
ela adquiriu criança! Como
foi construir relaçõestal,de
sujeito afeto,
de direitos
e são eesses
o direito mais
afetos, precioso
esse espaçoque eu considero
de acolhida que ela
e respeito queadquiriu
fazem partefoi construir
das relações de afeto, e são
esses afetos, esse espaço de acolhida e respeito que fazem parte das

em órias da
m infâ ncia
dela.
Clelia Rosa

19 19
À COMUNIDADE ESCOLA MUNICIPAL EDUCAÇÃO INFANTIL GUIA LOPES

O MNU sempre buscou a redefinição da Escola, seus métodos e conteúdos . Os estudantes da


À COMUNIDADE ESCOLA MUNICIPAL EDUCAÇÃO INFANTIL GUIA LOPES
escola Guia Lopes estão preocupados e comprometidos com desenvolvimento de uma educação
OdeMNU
qualidade
sempreembuscou
todos os níveis de ensino,
a redefinição e comseus
da Escola, a formação
métodos dose educandos
conteúdos para
. Osaestudantes
cidadania, da
de maneira que respeitem e valorizem as diferenças e as d iversidades da nação brasileira,
escola Guia Lopes estão preocupados e comprometidos com desenvolvimento de uma educação desde
a Educação
de qualidadeInfantil.
em todos os níveis de ensino, e com a formação dos educandos para a cidadania,
de
Asmaneira
práticasque respeitemque
pedagógicas e valorizem
conspiramas diferenças e as d jovens
contra crianças, iversidades da nação
e adultos brasileira,
negros, tentandodesde
asilenciá-los
Educação Infantil.
enquanto cidadãos, realizadas na rede de ensino, é uma violência, não deve existir.
Seja
As ela pública
práticas ou particular,
pedagógicas queno centro ou contra
conspiram na periferia, nas zonas
crianças, jovensurbanas e rurais,
e adultos essa violência
negros, tentando
praticada dentro da escola traz consequências catastróficas para os indivíduos e para o cidadão
silenciá-los enquanto cidadãos, realizadas na rede de ensino, é uma violência, não deve existir.
negro em formação.
Seja ela pública ou particular, no centro ou na periferia, nas zonas urbanas e rurais, essa violência
praticada
Mas, se odentro
que sedaquer
escola traz consequências
é extinguir catastróficas
o racismo de um a vez porparatodas,
os indivíduos e para deixar
não podemos o cidadão
de
negro em formação.
demonstrar aos racistas e fascistas que a metodologia deles em coagir pessoas de bem, não vai
prosperar. O MNU sempre defenderá o princípio do direito à educação e a defesa da história e
Mas, se o que se quer é extinguir o racismo de um a vez por todas, não podemos deixar de
da cultura negra que a Escola Guia Lopes começou a implantar com a mudança curricular, que
demonstrar aos racistas e fascistas que a metodologia deles em coagir pessoas de bem, não vai
atende às exigências legais e educacionais da nação democrática plurirracial e multicultural, que
prosperar. O MNU sempre defenderá o princípio do direito à educação e a defesa da história e
de fato somos, reparando a dívida que esta nação e os poderes públicos têm com o povo negro.
da cultura negra que a Escola Guia Lopes começou a implantar com a mudança curricular, que
Assim sendo,
atende a Direção
às exigências e ose Professores(as)
legais educacionais dadanação
escola Guia Lopes plurirracial
democrática têm a solidariedade e o apoio
e multicultural, que
dofato
de MNU – Movimento
somos, reparandoNegro Unificado
a dívida na implementação
que esta da Leipúblicos
nação e os poderes 10.639/03.
têm com o povo negro.
- Contra
Assim o racismo
sendo, e os eracistas!
a Direção os Professores(as) da escola Guia Lopes têm a solidariedade e o apoio
do MNU –o Movimento
- Abaixo fascismo e osNegro Unificado na implementação da Lei 10.639/03.
fascistas!
- -Contra o racismo
Por uma e osdemocracia
verdadeira racistas! racial!

- -Abaixo o fascismo e osdafascistas!


Pela implementação Lei 10.639/03 em todas as escolas do país!
- APor uma verdadeira
COORDENAÇÃO democracia
MUNICIPAL racial!SÃO PAULO
DO MNU
- Pela implementação da Lei 10.639/03 em todas as escolas do país!

A COORDENAÇÃO MUNICIPAL DO MNU SÃO PAULO

20
Acervo - Mostra Cultural

S
O

21
L
O
S
22
Voz As primeiras vocalizações
Cibele Araújo Racy Maria

O primeiro acorde de uma canção, as sonhos, ela seria uma escola pública de qualidade,
primeiras palavras de um texto e o primeiro som que voltada à construção de um país mais justo e
se ouve ao abrir os portões de uma escola, depois de igualitário.
estar afastada por quase dez anos trabalhando em Eu seria capaz de descrevê-la em seus mínimos
órgãos centrais da Secretaria Municipal de Educação, detalhes. Teria um espaço cheio de brinquedos,
são momentos decisivos. São testes que colocam à como se fosse o quarto dos sonhos de cada uma das
prova nossos desejos e, depois de um tempo, nossa crianças que fossem passar de dois a três anos por lá.
persistência. Teria um ambiente tranquilo onde pudessem
Durante os primeiros dezoito anos da minha manusear livros, antes vistos de longe nas mãos
vida profissional fui professora de educação infantil dos adultos. Paredes em que pudessem deixar
e aceitei sair da sala de aula, porque queria ampliar suas marcas, não aquelas mãozinhas manipuladas
meus horizontes. Sempre tive certeza de que o por professoras e professores para não borrar as
meu objetivo profissional era dirigir uma escola paredes, mas uma tela em que pudessem registrar
e que precisava me preparar para esse momento suas impressões em linhas e curvas livres de qualquer
conhecendo outros processos de trabalho para além opressão. Jogos, muitos jogos de brincar e jogar.
do livro de chamada. Uma horta que ensinasse aos adultos e crianças que
Prestar serviços técnicos-educacionais na para se obter resultados é preciso ter dedicação,
área de recursos humanos me possibilitou conhecer perseverança e paciência, porque tudo na vida tem
as relações de trabalho no mundo adulto e, sem seu tempo.
dúvida, me trouxe o amadurecimento profissional e Seria uma escola em que as crianças falassem
a visão que eu buscava para gerenciar uma escola e de fadas, bruxas, bailarinas e príncipes como se
gestar uma equipe. todos fizessem parte da rotina e andassem lado a
Lembro-me que o meu único critério para lado com elas.
indicar a então EMEI Guia Lopes e assumir a direção Enfim, uma escola que se transformasse num
escolar foi perguntar a uma amiga: a escola é ponto de encontro entre adultos e crianças, cidadãos
grande? Ela nunca entendeu essa pergunta, mas e cidadãs de um bairro na Cidade de São Paulo. Um
também nunca me questionou. Apenas me advertiu centro de formação para todas e todos.
que a escola era imensa tanto em metragem quanto Em dezembro de 2004, enchi minha mochila
em problemas. Essas informações foram suficientes com todos esses desejos, reservei um bolso para
para me conquistar. Adoro deixar meus olhos se carregar a ansiedade, outro para alguns medos e um
perderem na amplidão e enfrentar um bom desafio especial para todas as expectativas.
sempre foi meu hobby preferido. Assumi a escola no final do ano e quando
Eu queria uma escola grande onde coubessem cheguei estavam trabalhando apenas alguns
meus sonhos. Eu queria trabalhar num território para funcionários da secretaria e da limpeza. Até fevereiro,
acolher todas as infâncias, sem escadas, com árvores quando retornariam as professoras e crianças, tive
e que não parecesse, nem de perto, com um prédio tempo suficiente para ler e ouvir as histórias das
de três andares para atender à demanda. pessoas que habitavam aquele lugar, além de levar
Se eu pudesse descrever a escola dos meus comigo algumas lendas urbanas que circulavam

23
sobre o histórico da Unidade Escolar.
O acervo de livros obrigatórios dava conta de passagens complicadas que deixavam claros os desafios que
eu teria que enfrentar, mas nada como vivê-los ao vivo, a cores e um de cada vez. Anos trabalhando diretamente
com o público certamente me dariam base para formar uma nova equipe. Pelo menos era no que eu queria
acreditar.
Sabia, de início que a escola estava sem uma diretora e uma coordenadora pedagógica há um bom tempo.
As professoras que assumiram essas funções, temporariamente, renunciaram aos cargos pouco tempo depois de
assumi-los.
Tudo isso era sabido, mas meu sonho sempre falou mais alto. Eu sabia, exatamente, a escola que eu queria
oferecer às famílias e às crianças da rede pública de São Paulo.
A primeira reunião de equipe a gente nunca esquece. A minha com os funcionários da escola não foi
diferente. O grupo ansiava por falar suas mazelas, opiniões e soluções, mas todos falavam ao mesmo tempo, sem
parar e ai de quem tentasse botar o mínimo de ordem na confusão. Imediatamente todos paravam de falar para
atacar o ser pouco democrático que estava cerceando o direito de fala das pessoas que, no caso, era eu. Cheguei
em casa com uma única certeza: a escola precisava de um perfil de diretora que eu não gostaria, mas seria
obrigada a incorporar. Isso me rendeu algumas noites mal dormidas e muita dor de cabeça, mas nem de perto
e nem de longe pensei em desistir. No dia seguinte, comuniquei ao grupo que me aposentaria naquela escola.
O primeiro dia é sempre um teste. No meu caso o teste demorou quase 365 dias e um chorinho de mais
uns dois anos.
Passados os seis primeiros meses de observação, escuta e conversas ao pé do ouvido com cada servidor
e servidora, descobri que havia entrado em um prédio em que as relações humanas estavam deterioradas e as
práticas contaminadas por vícios do serviço público e pelo que hoje conhecemos como racismo estrutural.
Era preciso implodir a noção de que havia um prédio de propriedade de alguns e transformá-lo, tijolo por
tijolo, em um território público em que todos aprendem e ensinam. Dar lugar ao surgimento de uma comunidade
de aprendizagem em que todos os saberes e fazeres têm o mesmo peso e valor, portanto são igualmente
importantes.
As relações estavam fragmentadas e em cada segmento travavam-se disputas de pequenos poderes. No
segmento docente, os professores mais antigos escolhiam as crianças “mais velhas” de 6 anos, porque acreditavam
que teriam “menos trabalho”, deixando para as professoras mais novas as crianças “não adaptadas à escola”, o
que revelava muitas das concepções enraizadas sobre o universo infantil. Fora isso havia disputadas por cadeira,
por armário, por vaga na garagem e outras questões menos nobres. Nessa época, a sala dos professores era
propriedade privada, e “visitas” não eram vistas com bons olhos. Por outro lado, havia excelentes profissionais
que eram engolidos por uma dinâmica pouco produtiva, comandada por servidores mais antigos que se sentiam
no direito de fazerem da escola a extensão de suas próprias casas. Venciam as discussões pela falta de urbanidade,
pelo destempero emocional e o pior de tudo, conseguiam desta forma, desestabilizar o grupo todo.
Para dar uma ideia da gravidade dos fatos, havia professora que batia em criança, que adotava animais
e cercava espaços da escola para mantê-los lá dentro, desvio de merenda, furtos pelos próprios funcionários,
agressão física de pais às professoras, intimidação de professoras às colegas, de famílias à gestão, de vigilância à
gestão, entre outras questões igualmente sérias.
No quadro de auxiliares outras disputas. Apesar de acreditarem que as atribuições tinham caráter
irrevogável, quando souberam que não era bem assim, a competição foi acirrada pelas atividades consideradas
superiores. Atender ao público dava status, auxiliar as crianças não estava entre as preferências. Entre os agentes
escolares preparar as refeições era considerado muito mais digno do que fazer a limpeza dos ambientes e por
isso algumas rusgas foram sedimentadas.
As famílias só eram vistas na hora da saída para retirar seus filhos e o que ouviam eram reclamações sobre

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algumas rusgas foram sedimentadas.
As famílias só eram vistas na hora da saída para re�rar seus filhos e o que ouviam eram reclamações sobre o
o comportamento deles na porta da sala de aula. Não era incomum a direção ser chamada para acudir um ou
comportamento deles na porta da sala de aula. Não era incomum a direção ser chamada para acudir um ou outro
outro que se exaltava.
que se exaltava.
Para que as reuniões pedagógicas acontecessem, era necessária a presença de uma equipe de profissionais
Para que as reuniões pedagógicas acontecessem, era necessária a presença de uma equipe de profissionais
do Núcleo de Ação Educativa, hoje, Diretoria Regional de Educação, com psicólogos e supervisores, porque não
do Núcleo de Ação Educa�va, hoje, Diretoria Regional de Educação, com psicólogos e supervisores, porque não
havia condições de diálogo, apenas superposições de vozes, acusações e algumas risadas nervosas diante do caos
havia condições de diálogo, apenas superposições de vozes, acusações e algumas risadas nervosas diante do caos
que se instalava.
que se instalava.
Como toda boa história, essa é recheada de personagens e acontece num tempo e contexto específicos.
Vivemostoda
Como boa história,
momentos muitoessa é recheada
difíceis, mas foide personagens
nesse caldeirão eem acontece
ebuliçãonumquetempo
demose os contexto
primeirosespecíficos.
passos para a
Vivemos momentos
construção de muito di�ceis,
uma escola quemashojefoié nesse caldeirão
reconhecida pelaem ebuliçãoeque
seriedade demos os com
compromisso primeiros passos para
que defende a
a qualidade
construção de uma
da escola escola
pública queuma
para hojecomunidade
é reconhecida pela seriedade e compromisso com que defende a qualidade da
inteira.
escola pública Iniciei
para uma comunidade inteira.
as primeiras mudanças pelo que de mais concreto existia, o prédio. Um prédio sujo e abandonado
foiIniciei
o queaseu
primeiras mudanças
encontrei. É bom quepelo se
quedigade mais
que naconcreto
época exis�a,
a escola o prédio. Um prédio
não recebia verbassujo
e aemanutenção
abandonado era foi feita
o que pelos
eu encontrei. É bom que se diga que na época a
órgãos centrais da Secretaria Municipal de Educação. escola não recebia verbas e a manutenção era feita pelos
órgãos centrais A da Secretaria
prova Municipal
cabal que me fezdecompreender
Educação. quais eram as prioridades das administrações anteriores que
A prova cabal
contribuíram paraque
queme fez compreender
o clima organizacional quais eram ao
chegasse as ponto
prioridades
em que das administrações
estava, anteriores
encontrei quando subique
a escada
contribuíram para que o clima organizacional chegasse ao ponto em que estava, encontrei quando
que dava no sótão, chamado por alguns pedagogos de “casa das bruxas” para as crianças da sala não subirem. Lá subi a escada
que dava no sótão,
estava chamado
o verdadeiro por alguns
tesouro. pedagogos
Um acervo de “casa
de diários das desde
oficiais bruxas”a para
décadaas crianças
de 1980.da sala não subirem. Lá
estava o verdadeiro tesouro.
Esquesitices Um acervo
à parte, trazerdecordiários oficiais desde
era fundamental a década
e era de não
algo que 1980.
exigiria muito desgaste e nem discussão
em grupo, porque naquele momento seria impossível obter consenso. Haviamuito
Esquesi�ces à parte, trazer cor era fundamental e era algo que não exigiria desgaste
observado dia eapós
nemdiadiscussão
que, durante
em grupo, porque naquele momento seria impossível obter consenso. Havia observado dia após
o horário coletivo, o tempo era utilizado para trabalhos de recorte, colagem, pintura e cópia de atividades paradia que, durante o as
horário cole�vo, o tempo era u�lizado para trabalhos de recorte, colagem, pintura e cópia de
crianças, porque não havia formação continuada. Convidei, então, as professoras a tomarem posse das paredes e a�vidades para as
crianças,
daremporque não
vazão ashavia formação con�nuada.
suas habilidades Convidei, então,
artísticas. Acreditem, as professorasA aprimeira
foi revolucionário. tomarem posse
ação das paredes
coletiva a genteenunca
daremesquece.
vazão asOsuas habilidades
prédio ar�s�cas.porque
que era público, Acreditem,
não erafoi de
revolucionário.
ninguém, ganhou A primeira ação cole�va
os primeiros sinais dea gente
que alinunca
começava
esquece. O prédio que era público, porque não era de ninguém, ganhou os primeiros sinais de que
a surgir uma escola de educação infantil. Foi a primeira vez que aquelas pessoas puderam visualizar o resultado ali começava a
surgir de
uma umescola de educação
trabalho coletivo einfan�l. Foi a como
o ambiente primeira vez queeducador.
o terceiro aquelas pessoas puderam
O sentimento foivisualizar o resultado de
um só: orgulho.
um trabalho cole�vo e o ambiente como o terceiro educador.. O sen�mento foi um só: orgulho.

Invasão das cores - primeira ação cole�va reunindo equipe gestora e professoras.

Era preciso
Era preciso que, visualmente,
que, visualmente, as coisasascomeçassem
coisas começassem
a mudar, apara
mudar, para
depois depois
iniciar iniciar reflexões
profundas profundas reflexões
sobre
sobreinterpessoais,
as relações as relações interpessoais, como as chamávamos
como as chamávamos em 2006. em 2006.
Além Além
disso,disso,
algunsalguns procedimentos
procedimentos administrativos
administra�vos quasequase imperceptíveis
impercep�veis foramforam ganhando
ganhando outrasoutras formas.
formas.
Desde o atendimento telefônico que deixou de ser o “alô” informal até a mudança de prioridades
Desde o atendimento telefônico que deixou de ser o “alô” informal até a mudança de prioridades da secretaria que da secretaria
seria aque seria
par�r a partir
de um de um determinado
determinado dia, atenderdia, atenderParece
ao público. ao público.
óbvio,Parece óbvio,
mas não era. mas não era.
Havia um tom de soberba ao se dirigir às famílias que procuravam a escola para dirimir alguma dúvida
ou mesmo reclamar sobre alguma coisa. Eram atendidas com descuido, como se o que sentissem em relação
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25
a escola não tivesse muita importância. E quando se irritavam com o atendimento, havia um cartaz sempre em
riste que as lembrava da força do Código Penal, Art. 331- Desacatar funcionário público no exercício da função ou
em razão dela: Pena de detenção de seis meses a dois anos, ou multa.
Vamos combinar que um cartão de visita dessa natureza inibe qualquer relação saudável entre escola e
comunidade. Parece muito mais uma declaração de guerra e, no mínimo, deixa clara a prepotência dos servidores
públicos sobre o público para o qual prestou concurso para servir.
Observando o movimento da secretaria percebi que se priorizava o preenchimento de papéis para serem
entregues com prazos absurdos à diretoria regional e as famílias aguardavam o atendimento, sentadas, às vezes
sem serem percebidas no hall de entrada. Chamo isso de Síndrome da Competência que acomete servidores
públicos em geral, cujo primeiro sintoma dá a sensação ao indivíduo de que quanto mais papel preenchido, mais
trabalho realizado.
Por um bom tempo, fiquei mais na secretaria do que em outro lugar da escola, fazendo atendimento
enquanto os atendentes ficavam de cabeça baixa mergulhados em planilhas e nas telas dos computadores.
Quando me ouviam atendendo, imediatamente se levantavam. Isso foi incomodando de tal forma que acharam
por bem elaborarem uma planilha (já que elas resolvem tudo) em que pelo menos um deles ficasse totalmente
disponível para o atendimento presencial durante duas horas, em sistema de rodízio. Partindo da equipe tudo
fica mais fácil, tudo funciona bem.
A secretaria é o território que acolhe e deixa a primeira impressão da escola, merecendo assim todo o
cuidado da equipe gestora. Ela revela, inclusive as concepções de criança, de educação que constam nos famosos
Projetos Políticos-Pedagógicos. O atendimento inicial entrega de bandeja a escola como um todo para quem
entra em seu território.
Um exemplo claro dessa importância que a formação dessa equipe merece, aconteceu em 2007. Um fato
desencadeou a primeira reflexão sobre racismo com “o pessoal” da secretaria.
Eu estava na sala destinada à direção quando escuto uma gritaria fora do normal. As exclamações davam
conta da boniteza de alguma criança. Eram olhos lindos, os cabelos maravilhosos e a pele então, não havia igual.
Era tudo tão incrível e tão barulhento que eu me levantei e fui checar de quem estavam falando bem na hora
da saída das crianças. Lá estava a criança loiríssima, de olhos azuis, bochechas rosadas, sendo matriculada em
nossa escola. Foi a primeira reunião para tratarmos sobre o tema no ambiente escolar. Sim, houve choro, porque
“não houve a intenção”, quando perguntei o motivo de não fazerem a mesma festa quando eram matriculadas
crianças negras lindas, com olhos pretos e pele preta. Perguntei se haviam pensado no efeito de tanto alarde à
beleza branca, nas meninas e meninos negros que estavam passando pela secretaria naquele momento e nunca
tiveram um tratamento igual naquela escola. É, isso gerou um mal-estar, não maior e mais prejudicial do que
aquele causado em nossas crianças negras. Seguimos mais atentas e atentos a partir daquele momento, pelo
menos.
Com o pessoal da cozinha e limpeza, redesenhei todas as atribuições e ganhei três velas pretas e duas
vermelhas com fitas de cetim cheias de nós no para-brisa do meu carro como resposta. Com essas oferendas
e despachos fiz um arranjo que ficou em minha mesa por alguns meses. Acredito que ele, ao contrário do que
pretendiam, inundaram a sala de Axé. Vê-lo ali, diariamente, deu-me a certeza de que aquele era o meu lugar.
Compunham esse segmento as funcionárias mais antigas da escola e, por isso, as mais antigas funcionárias
públicas. Foi de quem me aproximei mais rápido e mais intensamente. Havia disputas e muitos ressentimentos.
Sim, ressentimentos por serem esquecidas e terem suas opiniões desconsideradas na maioria das vezes.
Começa aqui a verdadeira revolução na forma de pensar e ser uma escola de educação infantil. Muitas
leitoras e leitores, em especial os que atuam na área, dirão que em suas escolas isso que vou relatar sempre
aconteceu. Eu, humildemente, posso apostar que não de forma tão radical. Digo que a minha atuação é
comparável à música de Hermeto Pascoal que leva o som às últimas consequências. É assim que penso quando

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proponho mudanças. Elas não podem ter limites. Mudanças são para romper tempos, espaços e possibilidades.
É um chega para lá no convencional para dar espaço ao jamais pensado como possível. É atingir o impensável.
Continuando a remar contra a maré, porque essa sempre foi minha especialidade, nas pautas das reuniões
pedagógicas, a primeira fala começou a ser dos agentes escolares, como eram chamados à época, na então EMEI
Guia Lopes.
Para as professoras que estavam acostumadas a ser o centro de todos os processos, a ocupar o palco por
tempo indeterminado e tomar todas as decisões, isso causou um choque sem precedentes. Eu não pretendia
outra coisa que não fosse redimensionar tempos, revisar importâncias e colocar as coisas em proporção. A
prioridade era equalizar as vozes de tal forma que as pessoas se ouvissem clara e respeitosamente. Era urgente
desocupar o lugar de maior importância dentro da escola que vinha sendo ocupado pelas docentes há décadas.
Esse movimento teve início quando, a partir desta reunião todos os outros segmentos foram ouvidos antes dos
professores. O exercício da escuta era aprendizagem necessária naquele contexto. Reeducar-se faz parte do
processo de aprendizagem dos adultos antes que se pense em educar crianças e adolescentes.
Se por um lado, as professoras se sentiram incomodadas, por outro os agentes escolares foram se
fortalecendo. Foi o primeiro segmento a se constituir como equipe naquele espaço que se configurava, aos
poucos, em território de convivência.
Numa dessas reuniões, a primeira reclamação. Os responsáveis pela limpeza se queixavam dos poucos
cuidados das professoras com a manutenção da limpeza da escola. Eram cinco agentes para limpar mais de uma
vez ao dia uma escola com uma área de quase um quarteirão. Com direito à réplica, as professoras argumentaram
pedagogicamente a favor das crianças, dizendo que elas tinham o direito de usar tintas, de levar areia para onde
quisessem, de brincar com água, de derrubar comida pelo refeitório, porque eram crianças. Assistindo ao debate
acalorado, percebi que o que regia o discurso era mais do que estava sendo dito. Acreditava-se que existiam
pessoas que nasciam para limpar a sujeira que outros humanos faziam. Para não escancarar de vez o racismo
nosso de cada dia, usava-se argumentos didático-pedagógicos para justificar a situação.
Não era o momento de levantar uma discussão sobre racismo, porque os segmentos não estavam
preparados para a profundidade dessas reflexões, então propus soluções. A primeira foi que os professores
ajudassem na limpeza durante o almoço das crianças para que a sujeira não se acumulasse. O que foi rejeitado de
imediato. Na época algumas usaram como argumento o princípio de “desvio de função”. O que já era esperado
e algo a ser muito questionado.
Sugeri, então, que as crianças pudessem auxiliar os operacionais na limpeza do ambiente. Algumas
professoras foram contra, argumentando que as famílias poderiam achar que as crianças estavam sendo “usadas”
para fazer um serviço que era tarefa de adultos (certos adultos, claro), mas após muitas ponderações, a ideia foi
aceita. Mais tarde essa situação foi objeto de estudo e identificada como manifestação do racismo estrutural que
rege nossas relações.
Essas reflexões culminaram com o primeiro projeto permanente da escola: O Restaurante. Sim, o refeitório
que sempre me pareceu coisa de presídio com aquelas mesas retangulares e cadeiras imobilizadoras, ganhou
mesas redondas e as grades das janelas foram retiradas e serviram como suportes para lindos vasos. O galpão
foi transformado em um ambiente arquitetado e decorado anualmente pelas crianças, com objetivos específicos
para lhes garantir os direitos de aprendizagens preconizados pelo nosso Projeto Político-Pedagógico.
Aos poucos, o prédio que parecia coisa privada de alguns funcionários foi se transformando em uma
escola. Uma escola pública que era de todos que a habitavam, mas ainda faltava muito a se conquistar, porque o
coletivo ainda não era uma realidade.
Nesse tempo tinha conseguido algo inédito naquele espaço. Os segmentos tornaram-se equipes, ainda
que funcionando com certo distanciamento umas das outras.
Com equipes de adultos formadas e trabalhando em relativa harmonia, havia chegado o momento de

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trazer a criança para o centro de todas as tomadas de decisão.
Sentei um dia na mureta do parque e deixei que fossem chegando uma a uma como era de costume.
Curiosidades de um lado, abraços de outro, perguntei às crianças o que mais gostariam que mudasse na escola.
Surpreendentemente uma delas foi enfática ao dizer: “Eu quero um banheiro de shopping”. Levei o grupo que
estava me rodeando até um dos banheiros para entender o que seria um banheiro de shopping. Prestei o máximo
de atenção possível aos detalhes.
De fato, os banheiros eram deprimentes. Não pareciam ser feitos para pessoas usarem. Sempre que
entrava em um deles, parecia entrar numa fazenda (se é que me entendem). Via animais bebendo água ou se
alimentando. Era uma sensação muito ruim.
Na semana seguinte começou a reforma. Nasceu assim o primeiro território de aprendizagem da EMEI
Guia Lopes: o banheiro.
Por um bom tempo ele foi o lugar mais frequentado por crianças e suas famílias. Havia nele a dignidade
merecida por aquela comunidade. Hoje olhando as fotos, nem acho tão bonitos, mas naquela época, se
comparados aos que existiam, foi uma revolução estética.
Na saída, o que mais ouvia era “nossa parece banheiro de escola particular”. Entendi, no banheiro, que
haveria mais respostas a dar para uma frase que me perturbava desde os primeiros dias em que assumi a direção
da escola. Na hora da saída, muitas mães paravam na secretaria irritadas com alguma coisa e, em tom de desabafo,
diziam que se tivessem dinheiro, tirariam suas crianças daquele lugar. Compreendi, naquele momento, que se
tratava de garantir-lhes o respeito que mereciam. Ficou claro para mim que aquela comunidade sabia sim o que
queria, ao contrário do que a maioria acreditava. Ao se referirem à escola particular, elas estavam querendo dizer
que queriam oportunidades iguais aos seus filhos e filhas. Aquelas famílias queriam ter acesso a uma educação
de qualidade que pudesse transformar a vida de seus meninos e meninas. O banheiro e sua concretude deram
vazão ao que, de fato, estava entalado na garganta das mães e pais daquela comunidade.
Eu teria que contagiar uma equipe inteira para seguir comigo em busca desse ideal de Educação. O desejo
dessa comunidade teria que se transformar na missão da nossa escola!
Muitas das ações de aproximação com a comunidade nasceram do simples fato de escutá-la e atender
suas angústias e dúvidas. Se há uma dica que gostaria de dar aos diretores, seria ficar alguns momentos do dia
nos corredores da escola. É neles que se falam coisas importantíssimas que precisam ser ouvidas pela gestão
escolar.
Comparo a relação escola-família com o princípio dos casamentos arranjados. As famílias que necessitam
do serviço público não têm a oportunidade de escolher a escola de seus filhos e filhas. Quem define isso é a
própria Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. É claro que uma relação imposta dessa forma já começa
cheia de ruídos e desconfiança. É preciso, então que a escola tenha clareza disso e assuma a responsabilidade
de conquistar as famílias de suas crianças. A escola deve criar formas inovadoras de participação que extrapolem
aquelas determinadas pelo calendário escolar.
Comecei com um convite para que as famílias viessem passar o dia na escola e pintassem no chão algumas
brincadeiras escolhidas por suas filhas e filhos. Na hora do almoço, as refeições foram servidas pelo trio gestor
e professoras. Outra revolução para quem não tinha vez e nem voz naquele espaço. Essa ação virou rotina nos
anos posteriores. Um ritual de acolhimento, logo no início do ano, feito pelas antigas famílias dando boas-vindas
às famílias que chegavam, foi uma prática que adotei durante toda a minha permanência na escola. Tudo o que
ouvia nos corredores da escola, tornava-se uma ação efetiva dias depois. Sempre percebia a preocupação das
famílias sobre os que seus filhos e filhas comiam, nada mais justo que experimentassem a comida para avaliar a
qualidade. Assim nasceram os almoços em família.
Sempre ouvia as queixas das professoras sobre a opinião que as famílias tinham sobre o trabalho que
realizavam com as crianças. Segundo elas, os pais acreditavam que as crianças vinham à escola só para brincar.

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sobre os que seus filhos e filhas comiam, nada mais justo que experimentassem a comida para avaliar e foi assim
nasceram os almoços em família.
Sempre ouvia as queixas das professoras sobre a opinião que as famílias �nham sobre o trabalho que
realizavam com as crianças. Segundo elas, os pais acreditavam que as crianças vinham à escola só para brincar. Pude
Pudeessa
confirmar confirmar
máxima essa máxima
durante osdurante
momentos os momentos
de saída ede nassaída e nasentre
reuniões reuniões entre ase famílias
as famílias a gestão.e Deste
a gestão. Deste
incomodo,
incomodo, nasceu a ideia de lançar a dinâmica “Professor por um dia”, em que as famílias
nasceu a ideia de lançar a dinâmica “Professor por um dia”, em que as famílias puderam pensar em uma a�vidade puderam pensar em uma
atividade
para propor ao para
grupo propor ao grupo
de amigos de amigos
de seus filhos comde seus filhosda
a ajuda com a ajuda
equipe da da equipe
escola. da escola.
Gerenciar 35Gerenciar 35 suficiente
crianças foi crianças
foi suficiente para que pais e mães compreendessem, além das limitações, as possibilidades
para que pais e mães compreendessem, além das limitações, as possibilidades de aprendizagem das propostas que de aprendizagem
das propostas que trouxeram. Finalmente entenderam que brincar era uma forma de compreender e aprender
trouxeram. Finalmente entenderam que brincar era uma forma de compreender e aprender as coisas do mundo.
as coisas do mundo. Nas reuniões de pais, as famílias que tinham passado pela experiência, eram protagonistas e
Nas reuniões de pais, as famílias que �nham passado pela experiência, eram protagonistas e compar�lhavam seus
compartilhavam seus novos saberes com os seus pares. A ideia de que só se brincava foi deixando de fazer parte
novosdo saberes comdaoscomunidade.
imaginário seus pares. A ideia de que só se brincava foi deixando de fazer parte do imaginário da
comunidade.Voltando à reforma dos banheiros, ao ver a reação das famílias e das próprias equipes da escola e como
Voltando
isso à reforma
tinha elevado dos banheiros,
a autoestima de todos,ao ver a reação
iniciamos das famílias e das
os investimentos próprias
na criação deequipes da escola e como isso
outros territórios.
�nha elevadoAatransformação
autoes�ma dede todos, iniciamos
espaços os inves�mentos
em territórios na criaçãofoidedando
de aprendizagem outrosnovos
territórios.
ares as velhas práticas
A transformação
pedagógicas. de espaços
Era preciso investir naem territórios
formação de aprendizagem
dos professores para quefoi dandodanovos
saíssem rotina ares as velhas prá�cas
sala-parque-banheiro-
refeitório,
pedagógicas. para
Era um mundo
preciso inves�r denapossibilidades.
formação dos professores para que saíssem da ro�na sala-parque-banheiro-
As professoras foram
refeitório, para um mundo de possibilidades.listando quais territórios poderiam enriquecer as rotinas das crianças e o pátio
abandonado virou foram
As professoras quadra,listando
a sala de aulaterritórios
quais virou sala de convivência.
poderiam No lugarasdoro�nas
enriquecer mato alto,
das surgiram
crianças ae Horta,
o pá�o
a Brinquedoteca, a Cozinha Experimental e o Espaço de Artes, a Sala Verde e
abandonado virou quadra, a sala de aula virou sala de convivência. No lugar do mato alto, surgiram a Horta,o Redário. O almoxarifado virou a
Cinema. A casa do Zelador se transformou na Sala de Leitura que virou casa da Emília, que virou Casa da Vovó
Brinquedoteca, a Cozinha Experimental e o Espaço de Artes, a Sala Verde e o Redário. O almoxarifado virou Cinema.
Monifa, que virou a Casa do Kiriku.
A casa do Zelador se transformou na Sala de Leitura que virou casa da Emília, que virou Casa da Vovó Monifa, que
Foram incluídos como territórios de aprendizagem a sala da direção, a secretaria, sala da coordenação
virou apedagógica,
Casa do Kiriku.
sala dos professores e cozinha. Todos com acesso livre para todas as crianças, sem restrições.
Foram incluídos
Ao mesmo tempo como em territórios de aprendizagem
que a escola a sala da direção,
começava a acontecer, a secretaria,
era precisa dar unidadesalaas da coordenação
equipes para a
pedagógica, sala dos professores e cozinha. Todos com acesso livre para todas as crianças,
reformulação completa do Projeto Político-Pedagógico. As mudanças concretas, palpáveis que estavam sem restrições.
Ao mesmohaviam
acontecendo tempodesconstruído
em que a escola antigascomeçava
concepções, a acontecer,
portanto oera precisa
antigo dar unidade
documento deixouas deequipes para a
fazer sentido.
reformulação
O que estavacompleta
organizadodo por
Projeto
saúdePolí�co-Pedagógico.
(física, emocional, mental As mudanças concretas,
e mundial) passou palpáveis pelos
a ser organizado que estavam
pilares
acontecendo haviam
da Educação desconstruído
do Século an�gas
XXI (aprender concepções,
a ser, portantoe oa conviver).
a fazer, a conhecer an�go documento
Não haviadeixou de fazer
outro jeito sen�do.
que não fosse O
começar
que estava do zero. Epor
organizado foi osaúde
que fizemos.
(�sica, emocional, mental e mundial) passou a ser organizado pelos pilares da
Educação do Século XXI (aprender a ser, a fazer, a conhecer e a conviver). Não havia outro jeito que não fosse

29

29
Agora, com uma escola bonita de se ver, era preciso preenchê-la de significados. Era preciso ter uma
escola bonita de se viver. Comecei, junto com a Coordenação Pedagógica, a aproximar todas as equipes quando
propusemos a construir frases simples que pudessem expressar nossos desejos para iniciar a construção do novo
Projeto Político-Pedagógico que não se resumisse à cópia da legislação municipal como era o anterior.
Definimos a missão, visão e valores.
Foram três frases que revelaram o quanto as equipes ainda não acreditavam no potencial e na força do
trabalho coletivo. Quando verbalizamos o desejo de sermos referência na educação infantil, deu-se início a uma
sequência de brincadeiras e risadas nervosas, com piadinhas que desacreditavam que aquela escola pudesse
um dia chegar a ser referência em educação da própria rua em que estava situada. A mesma reação quando
definimos a ética como valor e a excelência como missão.
De qualquer forma foi o primeiro movimento em que todas e todos da escola estavam reunidos no mesmo
território e buscando consenso.
Os primeiros cinco anos da minha gestão em parceria com a Assistente de Direção, cargo de confiança,
foram dedicados em grande parte a redesenhar as relações interpessoais e modificar o espaço físico da escola
para atender às necessidades do universo infantil e de suas famílias.
É impossível uma escola conquistar sua comunidade ou trabalhar as relações étnico-raciais se o convívio
entre seus profissionais não atingir o mínimo de harmonia e respeito entre si. Isso não acontece no faz de conta,
no silêncio, no conforto e no não enfrentamento das dificuldades.
O trabalho pedagógico era conduzido pela Coordenação Pedagógica e acompanhado por mim. Tínhamos
reuniões constantes e isso, naquele momento, era o que eu conseguia fazer. Mais tarde, comecei a participar
ativamente de todos os horários de formação, porque encontrei parceiros incríveis na secretaria e lhes dei
autonomia para o fazer burocrático que demanda tanto tempo do diretor escolar, mas que pode ser delegado
quase que na íntegra.
Compartilho agora com vocês um dos meus mantras que repeti à exaustão quando me perguntavam como
eu conseguia me dedicar ao pedagógico da escola, tendo tantas tarefas burocráticas para cumprir: Estudei, me
formei e passei num concurso para ser Diretora de Escola e não uma Administradora de Empresas. Isso sempre
definiu qual era minha prioridade no dia a dia de trabalho e não poderia ser outra que não a aprendizagem das
crianças. Para tanto foi necessário dedicar boa parte do meu tempo de trabalho ao fazer e pensar pedagógico.
Quando defendo e conto que havia chegado a hora de colocar a criança no centro de todos os processos,
isso pode parecer banal ou muito corriqueiro para quem é da área da educação infantil, mas posso dizer
que viver essa máxima não é tão simples assim. As professoras que passaram pela escola sabem que colocar
a criança no centro de todas as tomadas de decisão, interfere inclusive na concessão de abonos (que é uma
falta sem desconto que sempre foi compreendida como direito adquirido e não o é), exige posturas totalmente
diferenciadas dos professores em vários momentos de seu discurso e de sua prática, inclusive compreender que
o momento do parque é um momento de trabalho com criança e não de descanso do professor, que o horário de
almoço é momento de trabalho pedagógico e não de almoço do professor ou troca de experiência com a parceira
do lado. Ou seja, colocar a criança no centro significa ressignificar, em primeiro lugar, o papel do professor e,
consequentemente, da escola inteira.
Portanto, essas revoluções diárias culminaram no amadurecimento dos processos de trabalho, no
aperfeiçoamento profissional e na evolução pessoal de todos os servidores públicos que optaram por trabalhar
na e pela Educação.
Os segmentos deram lugar às equipes que hoje, orgulhosamente, preferem ser chamadas de família
mandelense.
Durante esses processos de ajustes, houve enfrentamentos e embates, mas houve também muita
cumplicidade e cooperação.

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Muitas professoras se removeram para outras unidades, outras fizeram questão de permanecer por
acreditar nas propostas da escola e muitas outras se removeram para a EMEI Nelson Mandela por acreditar que
poderiamMuitas professoras
aprender e somarsesuasremoveram para outras unidades,
forças e competências na defesa outras
de umafizeram questãodedeexcelência,
escola pública permanecer por
mesmo
acreditar nas propostas da escola e muitas outras se removeram para a EMEI Nelson Mandela
sabendo que as exigências seriam bem maiores do que aquelas que estavam acostumadas em suas unidades de por acreditar que
poderiam
origem. Sim,aprender
um dos enossos
somarobje�vos
suas forças e competências
sempre foi a formação nadedefesa de uma competentes.
profissionais escola pública de excelência, mesmo
sabendoRenovar
que as eexigências seriam bem maiores
inovar pressupõe perdas e ganhos. do que aquelas que estavam acostumadas em suas unidades de
origem.Assumir
Sim, umados nossos objetivos
Pedagogia semprecomo
da Provocação foi a formação
forma de de profissionais
reação à normosecompetentes.
que faz a educação pública se
Renovar e inovar pressupõe perdas e ganhos.
aquietar, é assumir riscos e rabiscos. É aceitar as provocações e aprender a fazê-las.
Assumir
Fazendo aum Pedagogia da Provocação
balanço justo até aqui, com como forma
auxílio de reação
luxuoso de Dayóà enormose
Henrique, que faz dizer
posso a educação
que mepública se
acostumei
aquietar, é assumir riscos e rabiscos. É aceitar as provocações e aprender a fazê-las.
a ter altos e baixos no vai e vem do dia a dia e que jamais deixei de sen�r um friozinho na barriga a cada conquista.
Fazendo um balanço justo até aqui, com auxílio luxuoso de Dayó e Henrique, posso dizer que me acostumei
Posso declarar sem medo de errar que mais ganhei do que perdi.
a ter altos e baixos
Entre no vai que
os desejos e vemjá do dia a dia
sonhei, e que
há um quejamais deixei
realizei de sentir um
plenamente. friozinho
Sempre na barriga
desejei a cadaque
uma escola conquista.
�vesse
Posso declarar sem medo de errar que mais ganhei do que perdi.
problemas para resolver, porque escola sem problemas, não existe. Se você já ouviu falar de alguma, pode começar
Entre
a duvidar os desejos
de quem anda que já sonhei,sobre
lhe contando há umelaque realizei
e depois plenamente.
cheque o endereçoSempre
e cep.desejei uma escola
Provavelmente que tivesse
encontrará um
problemas para resolver,
terreno baldio e infér�l. porque escola sem problemas, não existe. Se você já ouviu falar de alguma, pode
começar a duvidar de quem anda lhe contando sobre ela e depois cheque o endereço e cep. Provavelmente
encontrará um terreno baldio e infértil.

“Viver é par�r
Voltar e repar�r
(é isso)
Par�r, voltar e repar�r
(é tudo pra ontem)
Viver é par�r
Voltar e repar�r
Par�r, voltar e repar�r”

Música: É tudo pra ontem


Compositor: Emicida.

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31
Acorde
Acorde
Nasce a primeira figura de afeto
Nasce a primeiraCibele
figura deRacy
Araújo afeto.
Maria
Cibele Araújo Racy Maria

Na EMEI Nelson Mandela nada é por acaso, mas provação. Se chovia, me cobravam a capa e o guarda-
Na EMEI Nelson Mandela
tudo parece acontecer sem querer. Pode parecernada é por acaso, um guarda-sol
chuva. era o forte
Se o sol estava item demais,
mais solicitado na sala
um guarda-sol eradao
mas tudo parece acontecer sem querer.
contraditório, mas logo vocês compreenderão o motivo Pode parecer diretoria. As crianças
item mais solicitado na sala medaencontravam onde me
diretoria. As crianças eu
contraditório, mas logo vocês
para iniciar o texto com esta frase. compreenderão o es�vesse para reivindicar cuidados e
encontravam onde eu estivesse para reivindicar cuidados mais dignidade
mo�vo para iniciar o texto com esta frase. para
Ao criar a nossa horta, esquecemos de observar e maisaquele
dignidadeque,paraaos aquele
poucos,que, ganhava mais atenção
aos poucos, ganhava
Ao criar a nossa horta, esquecemos de do que os alfaces e repolhos que brotavam. Nenhum
que a escola é uma ilha cercada de verde por todos os mais atenção do que os alfaces e repolhos que brotavam.
observar que a escola é uma ilha cercada de verde �po de sofrimento era permi�do
lados,
por em plena
todos avenida
os lados, em central do Bairrocentral
plena avenida do Limão.do Nenhum tipo de sofrimento era para o espantalho
permitido para o
Fizemosdoo primeiro plantio eonada brotou.plan�o
No segundo, que ganhava, dia após dia, contornos
espantalho que ganhava, dia após dia, contornos e e caracterís�cas
Bairro Limão. Fizemos primeiro e nada
germinaram poucas sementes.
brotou. No segundo, germinaram poucas As crianças mais humanas. Até que
características mais umhumanas.
dia recebiAté umaquecomissão
um dia
sementes.
investigaramAstodas
crianças
as inves�garam
variantes durante todas as de 35 crianças falando ao mesmo
recebi uma comissão de 35 crianças falando tempo que
variantes
dias e durante
descobriramdias eque
descobriram
pássaros que não era possível deixar Tetelo
ao mesmo tempo que não era possível com aquelas
pássaros de vários tamanhos
de vários tamanhos, cores e espécies e cores roupas
deixaresfarrapadas,
Tetelo com afinal aquelasele roupas
estava
davam conta de comer as
davam conta de comer as sementes sementes triste demais.
esfarrapadas, afinal ele estava triste
que plantávamos. Vários dete�ves e
que plantávamos. Vários detetives
alguns cien�stas fizeram plantões e Pois ser No final do dia re�rei o Tetelo da horta e
demais.
algunschegarem
para cientistas afizeram plantões
esta conclusão. mestre é isso: não é que
mesmo.
No final
No
eledoestava
dia seguinte,
cabisbaixo,
dia retirei
as
o Tetelo
crianças
para chegarem a esta
Pesquisamos em vários livros e
encontramos
Pesquisamos em a resposta
conclusão.
parae o
vários livros
ensinar a da horta
chegaram
e
e, ao
não é que
perceberem
ele
a
cabisbaixo, mesmo. No dia seguinte, as
estava
ausência
nosso problema em uma obra
encontramos a resposta para o nosso de felicidade. do espantalho,
crianças chegaram a escola
e, aoparou e nuncaa
perceberem
arte.
problema em uma obra de arte. mais
ausência foi a mesma. Não havia outro
Era
espantalho
Era preciso
preciso aa presença
para
presença de
afugentar os
de um
um
intrusos.
Rubem Alves eu
assuntodopossível
passava.
em cada
espantalho, canto por
a escola ondee
parou
espantalho para afugentar os intrusos. nunca mais foi a mesma. Não havia outro
Como dizia Rubem Alves,
Como dizia Rubem Alves, uma boa uma Cheias em
assunto possível de entusiasmo,
cada canto curiosidade
por onde eue
boa escola é aquela que consegue causar perguntas, as crianças começaram a levantar
escola é aquela que consegue causar espanto em passava.
espanto em seus alunos, captei a mensagem e hipóteses
seus alunos,
pedi a umacaptei a mensagem
colaboradora quee pedi a uma colaboradora
confeccionasse um Cheiasdo que poderia
de entusiasmo, ter acontecido
curiosidade e perguntas, e aso
que confeccionasse um espantalho para colocarmos na planejamento
crianças começaram dos professores
a levantar foi por água
hipóteses do abaixo. Sim,
que poderia
espantalho para colocarmos na horta. Tetelo – o espantalho - obrigou nossas professoras a viver
horta. Sua chegada causou alegria e um grande ter acontecido e o planejamento dos professores foi por
a experiência de planejar,
Tetelo – ocole�vamente, pela primeira
impactoSua naschegada causou
crianças. alegria
Passei dee grupo
um grandeem impacto
grupo água abaixo. Sim, espantalho - obrigou nossas
nas crianças. Passei de grupo em grupo pedindoparaque vez, porque todas as crianças estavam envolvidas
professoras a viver a experiência de planejar, coletivamente, em
pedindo que escolhessem um nome e levassem
escolhessem um nome e levassem para votação, durante a descobrir
pela primeirao quevez,haviaporque
acontecido todascom as ele e preocupadas
crianças estavam
votação, durante a assembleia infan�l.
assembleia infantil. aconteceu. O nome escolhido foi em encontrá-lo. Vasculharam cada cen�metro
envolvidas em descobrir o que havia acontecido com da escola.
ele e
A reunião
A reunião aconteceu. O nome
Tetelo e no mesmo dia ele foi colocado na horta,escolhido foi Tetelo Os adultos
preocupadas resolveram
em entrar
encontrá-lo. na brincadeira.
Vasculharam Cada um
cada
despretensiosamente.
e no mesmo dia ele Sim, os processos
foi colocado na horta,de dava uma resposta
centímetro da escola.diferente sobre resolveram
Os adultos o paradeiro entrar
de Tetelona
germinação começaram, mas não foram
despretensiosamente. Sim, os processos de germinação só na terra ou sobre os mo�vos do seu desaparecimento.
brincadeira. Cada um dava uma resposta diferente sobre o Fomos
que molhamos
começaram, diariamente,
mas não foram só nanão. terraComeçaram
que molhamos a para a ruadepregar
paradeiro Tetelocartazes
ou sobre nos ospostes: “Procura-se
motivos do seu
brotar impensáveis coisas em inimagináveis
diariamente, não. Começaram a brotar impensáveis coisas terrenos. espantalho triste da nossa horta”.
desaparecimento. Fomos para a rua pregar cartazesPerguntamos paranosas
Com o passar
em inimagináveis terrenos. do tempo, as crianças pessoas se �nham visto Tetelo vagando
postes: “Procura-se espantalho triste da nossa horta”. sem rumo.
começaram a não tolerar que Tetelo passasse
Com o passar do tempo, as crianças começaram a por Telefonamos
Perguntamos para paratodos os hospitais
as pessoas e para avisto
se tinham polícia. Vou
Tetelo
qualquer
não tolerar�poquede Tetelo
provação. Se chovia,
passasse me cobravam
por qualquer a
tipo de contar, vivemos momentos de grande tensão.
vagando sem rumo. Telefonamos para todos os hospitais e
capa e o guarda-chuva. Se o sol estava forte demais, Todas e todos envolvidos pelo afeto!

32
32
A primeira figura de afeto da EMEI Nelson Mandela
A primeira figura de afeto da EMEI Nelson Mandela

para aEssaEssa mobilização


polícia. Vou contar,me me trouxe
vivemos uma recordação
mobilização trouxemomentos
uma recordaçãode grande
muito querida
tensão.querida
Todas e todosde quando
envolvidos estabeleci a primeira
pelo afeto!a primeira
muito de quando estabeleci
parceriaEssa emmobilização
uma escolame pública
trouxe com
uma uma professora
recordação muito
parceria em uma escola pública com uma professora
chamada Regina,
querida deRegina, na
quando estabeleci década
a primeirade 80,
parceria em que
chamada na década de 80, em em queuma
envolvemos outras professoras e as famílias das
envolvemos outras professoras e as famílias dasna
escola pública com uma professora chamada Regina,
criançasdeem
década um projeto. Foi a primeira vez que provei
crianças em80,umem que envolvemos
projeto. outras
Foi a primeira vezprofessoras
que provei e as
afamílias
potência
dasde de um
crianças projeto cole�vo
em um projeto. e de como isso
a potência um projeto cole�voFoie ade primeira
comovez issoque
enriquecia
provei a os processos
potência de um de aprendizagem,
projeto coletivo e de porque
como isso
enriquecia os processos de aprendizagem, porque
trazia diferentes olhares sobre o mesmo tema. Era
enriquecia
trazia os processos
diferentes olharesde aprendizagem,
sobre o mesmo porque tema. Era trazia
incrível a rede que se formava quando cada membro
diferentes olhares sobre o mesmo tema.
incrível a rede que se formava quando cada membro Era incrível a rede
da comunidade contribuía com seus saberes e
daque se formava quando
comunidade contribuía cada commembroseusdasaberes
comunidade e
fazeres e, assim surgiam as possíveis soluções. O
contribuía
fazeres com seus
e, assim saberesase fazeres
surgiam e, assim
possíveis surgiamO as
soluções.
conhecimento sempre foi construído sem ordem
possíveis soluções.
conhecimento O conhecimento
sempre foi construído sempresem foi construído
ordem
cronológica ou de qualquer outra natureza, mas num
cronológica
sem ordemou de qualquer
cronológica ou outra natureza,
de qualquer outramas num
natureza,
emaranhado de lógicas que só quando a vida invade a
emaranhado de lógicas que
mas num emaranhado só quando
de lógicas que sóa vida invade
quando a
a vida
escola é possível fazer acontecer. Resolvi inves�r
escola
invade éa possível fazer acontecer.
escola é possível Resolvi
fazer acontecer. Resolviinves�r
investir
nessa ideia!
nessa ideia!
nessa ideia!
Diante de todo esse processo, não era mais
Diante
Diante dedetodo esse processo, nãonãoeraera mais
possível encarar otodo
Teteloessecom processo,
os mesmos olhos maise
possível
possível encarar
encarar o Tetelo
o Tetelo com os
com os mesmos mesmos e comoeum
olhos
como um simples espantalho. Passei aolhos
considerá-lo e
como umespantalho.
simples simples espantalho. Passei a considerá-lo e
denominá-lo como Passei
sendoauma considerá-lo
figura deeafeto,denominá-lo
de tão
denominá-lo
como sendo como uma sendo uma figura dehumanizado
afeto, de tão
humanizado quefigura
�nhade sidoafeto,
pelasdecrianças
tão e adultos que
e
humanizado
tinha sido que
pelas �nha
crianças sido
e pelas
adultos crianças
e pela e adultos
importância e
que
pela importância que havia conquistado nos
pela
havia importância
conquistado queprocessos
nos havia conquistado
de aprendizagem nos
processos de aprendizagem de todas e todos nós. de
processos de
todas e todos aprendizagem de todas e todos nós.
Devonós. confessar que �ve uma infância
Devo confessar que uma �ve uma infância
enriquecida confessar
Devo por umaque avótivepaternainfância enriquecida
que adorava dar
enriquecida
por uma avó por uma
paterna avó
que paterna
adorava dar que
asas adorava
à imaginaçãodar e
asas à imaginação e foi capaz de plantar uma “árvore Panfleto original distribuído pelo Bairro do Limão
asas à imaginação
foi capaz de plantare foi
uma capaz de plantar
“árvore de gomauma “árvore só
de mascar” Panfleto original distribuído pelo Bairro do Limão

33
33
33
para concretizar
de goma um sonho
de mascar” do meu
só para filho, quando
concre�zar ainda do
um sonho erameu
criança.
filho, quando ainda era criança.
de goma de eu
Sim, mascar”
tenho asóquem
parapuxar.
concre�zar um sonho do meu filho, quando ainda era criança.
Sim, eu tenho a quem puxar.
ASim,
Avida
eu tenho afoi
vidadedeTetelo
quem
Tetelo foi
puxar.um enredo construído pelas crianças. A cada ideia que surgia, eu dava um jeito de fazê-
ganhando
ganhando um enredo construído pelas crianças. A cada ideia que surgia, eu dava um
la A
acontecer,vida de Tetelo
“de verdade” foi ganhando
por“de
meioverdade” um enredo
de vídeos em que construídoe falava,
pelas crianças. A cadavida ideia que surgia, euNodava um
jeito de fazê-la acontecer, por meioeledeandava
vídeos em que ou seja, ganhava
ele andava durante
e falava, a noite.
ou seja, ganhavainício só
vida
jeito
eu de fazê-la
tinha esse acontecer,
movimento, “de verdade” por meio de vídeos em que ele andava e falava, ou seja, ganhava vida
durante a noite. No iníciomassó euas pessoas
�nha esse foram sendo contagiadas
movimento, com o resultado
mas as pessoas foram sendo e como isso mobilizava
contagiadas com ao atenção
resultado dase
durante
crianças. a noite.
Tetelo No início
ganhou o status só eu �nha esse
de “terceiro movimento, mas as pessoas foram sendo contagiadas com o resultado
Pedagogiae
como isso mobilizava a atenção das educador
crianças. encarnado”,
Tetelo ganhou inaugurando maisde
o status um“terceiro
conceito para os anais da
educador encarnado”,
como
da isso mobilizava a atenção das crianças. Tetelo
Provocação.mais um conceito para os anais da Pedagogia da Provocação. ganhou o status de “terceiro educador encarnado”,
inaugurando
inaugurando
Depois maisdarum conceito para osaanais da Pedagogia daadeptos
Provocação.
Depoisde de darasas
asasà imaginação,
à imaginação, ideia que
a ideia ganhou
que mais
ganhou para explicar
mais adeptos seu sumiço,
para explicar foi a de que
seu sumiço, foi aele
deestava se
que ele
sentindo Depois
muito de dar asas
sozinho e à imaginação,
tinha saído da a ideia
escola em que
buscaganhou
de um mais
amigo,adeptos
mas o paraaconteceu
que explicar seu
foi sumiço,
que ele foi a de àque
retornou ele
escola
estava se sen�ndo muito sozinho e �nha saído da escola em busca de um amigo, mas o que aconteceu foi que ele
estava
com seamiga.
uma sen�ndo muito sozinho e �nha saído da escola em busca de um amigo, mas o que aconteceu foi que ele
retornou à escola com uma amiga.
retornou Nósà escola comevitar,
umamas amiga.
Nóstentamos
tentamos evitar, depois
mas depoisde de
algum tempo
algum tempoas crianças insistiam
as crianças na ideia
insis�am nade um de
ideia namoro firme entre
um namoro firme Tetelo
entree
sua amigaNós tentamos
Tetela, nome evitar,
que ela mas depois
recebeu de algum
depois de uma tempo
eleição.asE crianças
a gente? insis�am
Não na ideia de um namoro firme entre
resistiu!
Tetelo e sua amiga Tetela, nome que ela recebeu depois de uma eleição. E a gente? Não resis�u�
Tetelo eVocês
sua amiga Tetela, nome que ela recebeu depois vida
de umaparaeleição. E a gente? Não
de resis�u�
Vocêsatéatépodem
podemnão nãoacreditar, mas
acreditar, maso casal ganhou
o casal ganhou vida dizerdizer
para o SIM ona
SIMfrente
na frentetoda
deatoda
comunidade.
a comunidade.
Vocês até podem não acreditar, mas o casal ganhou vida para dizer o SIM na frente de toda a comunidade.

Depois de muitas histórias, eles se casaram e


Depoisde
Depois de muitas
muitas histórias,
histórias, eles se se casaram
�veram os gêmeos Kauê e Sofia. eles casaram foi
O mais incrível e
�veramososgêmeos
tiveram gêmeos Kauê e Sofia. O mais incrível foi
como as figuras deKauê afetoe Sofia. O mais incrível
nos ajudaram e nosfoi como
ajudam
como
as as figuras
figuras de afetode nosafeto nos ajudaram
ajudaram e nos ajudame nos ajudam
a tratar de
a tratar de temas que são considerados verdadeiros
a tratar
temas quedesãotemas que sãoverdadeiros
considerados considerados tabusverdadeiros
nas escolas
tabus nas escolas de educação infan�l.
tabus nas escolas
de educação infantil. de educação infan�l.
Quando perguntamos às crianças quem
Quandoperguntamos
Quando perguntamos às crianças
às crianças quem
quem gostaria
gostaria de fazer parte da equipe médica que faria o
de fazer de
gostaria parte da parte
fazer equipedamédica
equipeque faria que
médica o partofariadeo
parto de Tetela, foram tantas inscrições que �vemos
Tetela,
parto deforam tantas
Tetela, inscrições
foram tantasque tivemos que
inscrições que fazer
�vemosum
que fazer um processo ele�vo. As famílias par�ciparam
processo
que fazer umeletivo. As famílias
processo ele�vo.participaram ativamente
As famílias par�ciparam
a�vamente dessa eleição. Quem diria, não é? Crianças,
dessa eleição.
a�vamente Quem
dessa diria,Quem
eleição. não é?diria,
Crianças,
não é?fazendo
Crianças, o
fazendo o parto de bebês? Sabendo como nasceram e
parto
fazendode obebês?
parto Sabendo
de bebês? como nasceram
Sabendo como e por onde ose
nasceram
por onde os bebês de Tetela poderiam nascer?
bebês de Tetela
por onde os bebêspoderiam
de Tetelanascer?
poderiam nascer?
Falar em vagina e pênis e não em florzinha,
Falar em vagina e pênis
Falar em vagina e pênis e nãoeemnãoflorzinha, piu-piu
em florzinha,
piu-piu
epiu-piu e seus
seus derivados, derivados,
foi motivofoifoi mo�vo
demo�vo
formação de formação com
e seus derivados, decom os pais com
formação e foi
os pais e foi
superprodutivo superprodu�vo
entenderem que entenderem
é papel daqueque é
escola,papel
por exemplo, ensinar termos científicos desde a primeira infância.
os pais e foi superprodu�vo entenderem é papel
da escola,um
Introduzir porvocabulário
exemplo, ensinar
adequado termos
nessa cien�ficos
faixa etáriadesde
é umaaa forma
primeira infância.para
de infância.
estímulo Introduzir
meninasum vocabulário adequado
da escola, por exemplo, ensinar termos cien�ficos desde primeira Introduzir ume vocabulário
meninos ingressarem
adequado no
nessa faixa
mundofaixa etária
das ciências, é uma forma de es�mulo para meninas e meninos ingressarem no mundo das ciências, da
nessa etária édauma pesquisa.
formaÉ assim que se familiarizam
de es�mulo para meninascom informações
e meninos precisas sobre no
ingressarem assuntos
mundoda vida
das cotidiana.
ciências, Sim,
da
pesquisa.
porque ciênciaÉ assim que
não que se familiarizam
se fazsesófamiliarizam
em laboratórios,com informações precisas sobre assuntos da vida co�diana. Sim, porque
pesquisa. É assim comciência se vive. precisas sobre assuntos da vida co�diana. Sim, porque
informações
ciência nãoAlém sedisso
faz só em laboratórios,
provemos uma ciência
palestra sobre sesexualidade
vive. Aléminfantil
disso provemos uma palestra
aberta ao público sobre sexualidade infan�l.
interessado.
ciência não se faz só em laboratórios, ciência se vive. Além disso provemos uma palestra sobre
sexualidade infan�l.

34
34
34
Hoje, o casal está aposentado e vive
em Hortolândia com seu filho Kauê
(à esquerda). Sofia, à direita, cresceu
e se casou com um Príncipe Africano,
mas essa é uma outra história que
está sendo contada até hoje pelas
crianças mandelenses.

Assumi,junto
Assumi, junto comcom o cole�vo
o coletivo escolar,escolar,
as figurasasdefiguras
afeto como de afeto
estratégiacomo estratégia
pedagógica para pedagógica
o desenvolvimento para de o
desenvolvimento de projetos
projetos didáticos, porque didá�cos,
respeitam porqueimaginativa
a capacidade respeitamdas a capacidade
crianças desta imagina�va
faixa etáriadas
e aocrianças desta faixa
mesmo tempo etária
comprovam
eque
aoomesmo tempo comprovam que o protagonismo infan�l é capaz de revolucionar
protagonismo infantil é capaz de revolucionar as relações humanas no ambiente escolar, conferindo significado aos as relações humanas no
ambiente
conhecimentosescolar, conferindo
construídos pelasignificado
comunidade aos conhecimentos construídos pela comunidade educa�va.
educativa.
Desconstruindoa lógica
Desconstruindo a lógica queque determina,
determina, em diferentes
em diferentes contextoscontextos
históricos,históricos,
que quemque devaquem deva dos
ser o centro ser processos
o centro
dos processos educacionais seja o professor, a figura de afeto aparece como um
educacionais seja o professor, a figura de afeto aparece como um terceiro educador capaz de canalizar interesses, mobilizarterceiro educador capaz de
canalizar interesses,
crianças, adultos mobilizaro crianças,
e «afetivizar» adultos e «afe�vizar» o currículo escolar.
currículo escolar.
Para garantir
Para garan�raaformação
formação dede cidadãos
cidadãos crí�cos
críticos e atuantes
e atuantes é necessário
é necessário investirinves�r
em suasemhabilidades
suas habilidades
e deixá-lose deixá-
atuar,
los atuar, desde a primeira infância, como autores das próprias histórias e coautores
desde a primeira infância, como autores das próprias histórias e coautores dos seus processos de formação. Sim, crianças dos seus processos de
formação.
formam outras Sim,crianças
criançase formam outras crianças e adultos também.
adultos também.
Minhasobservações
Minhas observações sobre
sobre as as relações
relações interpessoais
interpessoais no âmbito
no âmbito escolarescolar não ficaram
não ficaram restritasrestritas
às figurasàsdefiguras de
afeto, em
afeto, emàquela
especial, especial, àquela
construída construída
entre professores entre professores
e alunos e em queemedidaalunosestas
e em que medida
relações estas
interferiam relações
positiva interferiam
ou negativamente
nos processos
posi�va de aprendizagem
ou nega�vamente nosdasprocessos
crianças. de Confirmando
aprendizagem a teoriadasdecrianças.
que a afetividade
Confirmandoe a cognição
a teoriasãode processos
que a
indissociáveiseeao reconhecimento
afe�vidade cognição são processos de que a diversidade
indissociáveis humana e odizreconhecimento
respeito também de à qualidade que imprimimos
que a diversidade humanaas nossas
diz
interações,
respeito avaliei como
também necessário
à qualidade queampliar o círculoasdenossas
imprimimos convivência das crianças
interações, avalieicom outros
como profissionais
necessário da escola.
ampliar o círculo de
Sabemos
convivência que as características
das crianças pessoais interferem
com outros profissionais sim na relação entre professor-aluno, logo é preciso criar outras
da escola.
referências
Sabemos que as caracterís�cas pessoais interferemter
dentro do ambiente escolar para que a criança possa sima quem procurar,
na relação casoprofessor-aluno,
entre precise. logo é preciso
Aqui referências
criar outras cabe um adendo dentro importantíssimo
do ambiente que não para
escolar teria outro
que a momento
criança possaque nãoter aesse paraprocurar,
quem ser dito. Estamos falando de
caso precise.
afeto e Aqui
é importante
cabe um pensarmos como gestores que
adendo importan�ssimo de escola
não teria o que
outrodevemos
momento fazerque quando percebemos
não esse dificuldade
para ser dito. Estamos de
relacionamento entre uma criança ou adolescente e uma professora ou professor.
falando de afeto e é importante pensarmos como gestores de escola o que devemos fazer quando percebemos Sim, isso existe, porque existe em qualquer
tipo de relacionamento.
dificuldade de relacionamentoColocandoentrede ladouma o nosso
criança discurso tendencioso,
ou adolescente eu digo
e uma que o melhor,
professora profissionalmente
ou professor. Sim, issofalando,
existe,
é garantir à criança e ao adolescente o direito de estar com um profissional que lhe
porque existe em qualquer �po de relacionamento. Colocando de lado o nosso discurso tendencioso, eu digo que o acolha completamente, sem restrições.
Eu já fiz profissionalmente
melhor, mudanças de grupo falando, por esse émotivo.
garan�r Acho importante
à criança encararmos alguns
e ao adolescente o direitodesafios,
de estarsem dourarmos
com a pílula, que
um profissional sem
mascará-los
lhe com discursos carregados
acolha completamente, de teoriasEu
sem restrições. e poucos resultados imediatos.
já fiz mudanças de grupo Nunca fiqueimo�vo.
por esse indiferente
Achoàsimportante
queixas das
encararmos alguns desafios, sem dourarmos a pílula, sem mascará-los com discursos carregados de da
famílias e nem às queixas das professoras. O que não se pode é deixar de assumir uma posição sempre em defesa criança
teorias e
e do adolescente. São os meninos e meninas que devem estar no centro de qualquer
poucos resultados imediatos. Nunca fiquei indiferente às queixas das famílias e nem às queixas das professoras. O tomada de decisão. Já ouvi muitos
discursos
que não se que nãoéaceitam
pode deixar de trocar crianças
assumir uma deposição
grupo quando
semprea em sinalização
defesa parte das famílias.
da criança Acreditem, em
e do adolescente. Sãoalguns casos há
os meninos e
motivos que justificam a solicitação.
meninas que devem estar no centro de qualquer tomada de decisão. Já ouvi muitos discursos que não aceitam
Falo aqui de
trocar crianças de dois
grupo tipos de afeto.
quando Aquele que nos
a sinalização parte tocadas
e aquele queAcreditem,
famílias. nos afeta. em alguns casos há mo�vos que
jus�ficam a solicitação. Falo aqui de dois �pos de afeto. Aquele que nosnão
Sim, a professora e o professor precisam ser figuras de afeto, mas se tocaforem,
e aqueleoutras
quepessoas precisam representar
nos afeta.
esse porto
Sim, seguro, acolhedor
a professora e oe aconchegante
professor precisam para crianças e adolescentes
ser figuras de afeto,de masnossas
se não escolas.
forem, outras pessoas precisam
Ao mesmo tempo, é preciso descontruir o sentimento de posse dos alunos, comum e milenar na educação infantil e

35
35
compartilhar a responsabilidade da formação das crianças com todos da escola, da família e da comunidade. Para isso, foi
preciso criar um ponto de intersecção entre os interesses infantis, os objetivos da escola e as prioridades das famílias. Sem
dúvida, as figuras de afeto nos trouxeram as respostas a essas inquietações. Por quê?
Estando todos adultos envolvidos com os projetos didáticos coletivos da escola e com as figuras de afeto, as crianças
eram acolhidas em suas falas, dúvidas e compartilhamento de descobertas, não só pelas suas professoras, durante as horas
de sua permanência na escola. Havia sempre alguém disponível, em algum território, para essa escuta atenta.
Outro resultado foi o de aproximar as famílias dos assuntos tratados nos projetos didáticos. Com a ludicidade
impregnada pelas figuras de afeto a qualquer tema tratado, tudo chegava em casa com um entusiasmo fora do comum. A
família, ao perceber o envolvimento de suas filhas e filhos, acabava por se interessar em saber o que estava acontecendo na
escola e, é claro, a gente não deixava escapar a oportunidade de lhe pedir apoio e parceria.
Esta educação compartilhada com as figuras de afeto previa também aproximar as crianças da figura do diretor
escolar, descontruindo o mito que envolve a sala da direção e as relações de poder que ali se estabelecem ou habitam o
imaginário infantil. Falei às professoras que estava cansada e que não queria mais receber crianças para “conversar” sobre
comportamento ou que a sala da direção fosse usada como uma ameaça às crianças que não cumpriam as normas de
convivência.
Não me passava pela cabeça me transformar naquilo que eu abominava. A figura opressora, que metia medo e dava
castigo em criancinhas. Essa era a diretora que tive na minha infância. Havia um banco ao lado da diretoria “Banco da Dona
Filinha”. Se ela passasse e te visse sentada naquele banco de madeira, coitada de você. Além da humilhação pública, porque
todas as filas passavam o dia todo por ali, sua família era chamada para lhe retirar daquela posição estática e degradante.
Aos poucos, as crianças foram percebendo a minha intimidade com os bonecos da escola até porque eu era uma fonte
confiável de informação sobre a vida deles. Até 2019, a sala da direção vivia repleta de crianças, contando que haviam
encontrado com Tetelo ou Azizi Abayomi durante a noite em suas casas e muitos dos temas dos projetos didáticos nasceram
dessas conversas ao pé do ouvido.
A criação das figuras de afeto possibilitou a todos conversar, trocar ideias em torno de um interesse comum. Neste
sentido, ter um terceiro elemento nesta relação, possibilitou-nos aprofundar o estudo sobre diversos temas, uma vez que não
falamos, inicialmente, de nós mesmos. A linguagem utilizada para garantir o envolvimento de todos não poderia ser outra,
senão aquela impregnada de fantasia, magia e encantamento que as figuras de afeto trouxeram para o cotidiano escolar.
A escola fez uma opção didática muito consciente quando decidiu trabalhar por meio de projetos e, ao reconhecer as
concepções envolvidas ao tomar esta decisão, excluiu de sua prática a comemoração de datas de qualquer ordem. Desta
forma, personagens como o Papai Noel e o Coelho da Páscoa, que classifico como figuras de afeto, deixaram de fazer parte do
universo escolar. Reconhecendo a importância desses facilitadores do trabalho docente, foi preciso criar personagens que
fizessem sentido no contexto da EMEI Nelson Mandela e que ao mesmo tempo garantissem a laicidade aos projetos didáticos
e não estimulassem o consumismo infantil.
A existência dessas personagens possibilitou a inversão de papéis dentro da escola. As crianças passaram de receptoras
de cuidados e educação para serem responsáveis por cuidar e educar nossas figuras de afeto.
O despertar para cuidar do outro e de todos que foi desencadeado pelas figuras de afeto, trouxe-nos a possibilidade
de trabalhar os princípios de uma cultura da paz na escola. Partimos daquilo que as crianças faziam com excelência ao cuidar
das figuras de afeto para que fizessem o mesmo com as outras meninas e meninos, mulheres e homens da escola.
Conclui que era preciso institucionalizar a importância da afetividade para além daquilo que nos afeta e criar um
ambiente propício para que os jogos simbólicos não fossem prerrogativa, apenas das crianças.
Como é possível compreender o brincar como um modo de ser, se como adultos esquecemos como funciona isso?
Era preciso refrescar nossas memórias, reviver episódios, provocar situações em que a nossa criatividade infantil pudesse
ganhar vida através dos corpos de pano. Mais objetivamente, era preciso aprendermos a brincar de faz de conta de novo.
O primeiro passo foi formar professores e funcionários para estarem atentos às falas de nossas crianças, porque
seriam elas a definir os rumos dos projetos didáticos. As figuras de afeto seriam, a partir daquele momento, a estratégia para

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Outra questão importante que as figuras de Havia
afeto nos possibilitaram foi a con�nuidade dos verda
projetos didá�cos de um ano para o outro. horár
Observamos e registramos os interesses e provo
desenvolvermos as habilidades sociais de nossas crianças e porque não dizer, dos adultos também. Elaboramos inúmeros
esse
filmes tendo nossas figuras de afeto como protagonistas comnecessidades
enredos criados, infan�s e projetamos
na íntegra, por nossas ações para
crianças. o trabalho
Alguns estarão
pirlim
disponíveis por meio de links nesse livro. imediato ou para o ano seguinte. Essa metodologia de que f
O fato é que, as histórias foram devidamente registradas
trabalhoe são apresentadas
gerou uma dinâmicaa todasdeasacolhimento
novas criançasdasque
novassão
matriculadas anualmente na escola. Portanto, é mais um o projeto que contraria o que dizem
coloc
crianças que ingressam na osescola
livros que tratamano
a cada do assunto.
muito Ryan
É um projeto que não tem fim e não tem um produto final.
interessante. As crianças que permanecem na escola não s
Até que, em 2011, chega em nossa escola mais uma figura de afeto incrível, que nos ajudou a trabalhar a Lei 10.639/03
contam as histórias das figuras de afeto até aquele ano,
que torna obrigatório o estudo da História e Cultura Africana e Afro-Brasileira.
sorri
parae os
Nosso Príncipe Africano Azizi Abayomi se casou com Sofia novos
dessa amigos.
união, seguindo o enredo criado por nossas crianças, diret
nasceram os gêmeos Dayó e Henrique que habitam o palco da escola até hoje. aproximação fácil e quase instantânea
Há uma acab
Descobrimos, com o passar do tempo, que pessoas entre eles
de carne e elas.
e osso Todossesetransformar
poderiam tornam donos da de
em figuras mesma
afeto, regis
também. história, donos da mesma escola, amigos do mesmo volta
príncipe.
Foi o que aconteceu quando trouxemos a história de Nelson Mandela, em 2013, ano de seu falecimento. Imediatamente insta
as crianças decidiram que ele era o avô de Azizi Abayomi. E quem somos nós teve
para discordar? prim
Assim início e segue um projeto que dura
Os resultados de ser ter uma figura de afeto que mobilize a atenção de todos são perceptíveis figura
há 12 anos na EMEI Nelson Mandela.e inquestionáveis. Foi imóv
possível constatar, por exemplo, que as normas de convivência (combinados)
A família deixaram de ser uma
mandelense, lista opressora,
incluindo difícil de
as figuras de
cumprir e passaram a ser uma questão que envolvia a magia desses personagens no cenário escolar e mais do que isso, se umas
afeto, abraçou a educação como instrumento de temp
transformaram em valores e princípios a serem respeitados.
mudança social. Optarmos por uma prá�ca mais
O não pode isso ou aquilo, aos poucos foi transformado em é melhor fazer de um outro jeito para benefício de todos. era u
Os projetos didáticos foram enriquecidos pelas vozeshumanista, levou-nos adas
infantis e a participação descobrir
famílias. Asque direitos,
figuras todos
de afeto nos
temos, mas a grande e libertadora brincadeira
aproximaram das nossas emoções mais caras e do que temos de mais rico que são as memórias de nossas próprias infâncias. é
exercê-los
Esse contato com o que não queremos perder, nos facilita entender intensamente
o que desde apara
precisamos preservar infância. O brincar
nossas crianças parae
lhes garantir seus direitos. reaprender a brincar é um deles.
Outra questão importante que as figuras de afeto nos possibilitaram foi a continuidade dos projetos didáticos de um
ano para o outro.
Observamos e registramos os interesses e
necessidades infantis e projetamos ações para o trabalho
imediato ou para o ano seguinte. Essa metodologia de
trabalho gerou uma dinâmica de acolhimento das novas “Aseguir
“A seguirdedefato
fato
crianças que ingressam na escola a cada ano muito OOcaminho
caminhoexato
exato
interessante. As crianças que permanecem na escola Dadelicadeza
Da delicadeza
contam as histórias das figuras de afeto até aquele ano, EEter
teraacerteza
certeza
para os novos amigos. De
Deviver
viverno
noafeto
afeto
Há uma aproximação fácil e quase instantânea Só
Sóviver
viverno
noafeto”
afeto”
entre eles e elas. Todos se tornam donos da mesma
história, donos da mesma escola, amigos do mesmo
príncipe. Música:
Assim teve início e segue um projeto que dura há Música:
Leve e Suave
12 anos na EMEI Nelson Mandela. Leve e Suave
Compositor:
A família mandelense, incluindo as figuras de Compositor:
Lenine
afeto, abraçou a educação como instrumento de mudança Lenine
social. Optarmos por uma prática mais humanista, levou- Árvore Árvore genealógica
genealógica das figuras
das figuras de afetode afeto
nos a descobrir que direitos, todos temos, mas a grande e
libertadora brincadeira é exercê-los intensamente desde
a infância. O brincar e reaprender a brincar é um deles.

38
37
acola
aproximaçãonão se mexia,
fácil e quasevirava mesmo um boneco
instantânea com um
acabava leve
o encanto. Só que desta vez, uma professora
ano,
as. Todos sorriso
se tornam nos lábios de quem �nharegistrou
donos da mesma convencido a
o momento e pedi que eles, Ryan e Jaden,
diretora dos seus superpoderes. Minutos depois,
voltassem no dia seguinte para ver as fotos do exato
s da mesma escola,
acabava o amigos do
encanto. Só mesmo
que desta vez, uma professora
nea instante em que um menino �nha virado, pela
sma registrou o momento e pedi que eles,
Havia dias em que o Ryan insistia que virava
Ryan
primeira e Jaden,
boneco de vez naehistória
verdade da escola,
eu nunca duvidei. um acabado
Numa tarde, boneco, uma
o horário
eve início e segue
voltassem umno projeto
dia que
seguinte dura
para ver as fotos do exato
smo de estudo com as professoras, ele veio me provocar figura de que
e decidi afeto.
tinhaEu nunca
chegado �nha
a hora visto
de fazer esseo sonho
Ryanacontecer.
ficar tão A
EMEI Nelson Mandela.
instante em que um menino �nha
exigência era o pó de pirlimpimpim. Pedi ao Jaden,imóvel virado,
seu amigocomo pela
de aventuras,
ficouquequando
fosse pegarseo pote
viumágico
boneco.na salaFicamos
de leitura.
primeira vez na história
ia mandelense, incluindo as figuras de
Ao colocar o pozinho em sua da
cabeça, escola, um
imediatamente boneco,
Ryan ficou uma
imóvel, como sempre ficava. Não falava, não se mexia, virava
dura umas boas horas conversando e a maior parte do
figura
mesmo de
um afeto.
boneco
u a educação como instrumento de Eu
com nunca
um �nha
leve sorriso visto
nos o
lábios Ryan
de quem ficar
tinhatão
convencido a diretora dos seus superpoderes. Minutos
depois, tempo, ele tentando mee pedi
convencer que aquilo tudo
imóvelacabava
comoo encanto. Só que desta
ficou quando sevez,
viuuma professoraFicamos
boneco. registrou o momento que eles, Ryan e Jaden, voltassem
sal.
de Optarmos
no
umas
por uma
dia seguinte
boas parahoras
prá�ca
ver as mais
fotos do
conversando exato instanteera uma
em que
e a maior umbrincadeira.
parte menino
do tinha virado, pela primeira vez na história da escola,
ou-nos
de a descobrir
tempo, eleque
um boneco, uma direitos,
figura
tentando metodos
de afeto. Eu nunca tinha visto o Ryan ficar tão imóvel como ficou quando se viu boneco. Ficamos umas
convencer que aquilo tudo
boas horas
a grande eeralibertadora conversando e a maior
brincadeira parteé do tempo, ele tentando me convencer que aquilo tudo era uma brincadeira.
mais uma brincadeira.
nsamente
odos desde a infância. O brincar e
rarincar
é é um deles.
ar e

“A seguir de fato
O caminho exato
ato Da delicadeza
ato E ter a certeza
De viver no afeto
a
Só viver no afeto”
eto
eto”
Música:
Leve e Suave
Compositor:
Lenine
gica das figuras de afeto

38
38

38
Nota
Os segredos
Os segredos invioláveisdos
invioláveis dosarmários
armáriosnuma numa escola
escolapública,
memórias de tempos
pública, memórias de tempos idos. idos.
Quando
Quando cheguei
cheguei ouou mesmoquando
mesmo quandoera eraprofessora,
professora, havia
havia
um acordo sem nunca ter sido acordado sobre a privacidade dos
um acordo sem nunca ter sido acordado sobre a privacidade dos
armários
armários de cada
de cada professora
professora dentrodedesuas
dentro suassalas
salasdedeaula.
aula.
AlgoAlgo
queque sempre
sempre meme inquietoueram
inquietou eramos ossegredos
segredos ee oo que
que
de tão valioso era guardado dentro deles.
de tão valioso era guardado dentro deles. Sim, porque cadeados Sim, porque cadeados

Os
com chaves sem cópia inibiam o acesso de qualquer ser ao que era
com chaves sem cópia inibiam o acesso de qualquer ser ao que era
considerado como propriedade privada e inviolável dos docentes.
considerado como propriedade privada e inviolável dos docentes.
Percebi que o sentimento de posse não cabia trancafiado

meus,
Percebi que o sen mento de posse não cabia trancafiado
apenas nos cubículos fechados com enormes portas de alumínio
apenas nos cubículos fechados com enormes portas de alumínio
que chegavam a brilhar, durante todo o dia, aos olhos de quem se
que chegavam a brilhar, durante todo o dia, aos olhos de quem se
aventurava a entrar no território proibido. Os armários eram

os seus
aventurava a entrar no território proibido. Os armários eram
consequência, porque a sala era um terreno que só os corajosos e
consequência, porque a sala era um terreno que só os corajosos e
ousados se arriscavam a “invadir”.
ousados se arriscavam a “invadir”.

e os
Confesso que resquícios dessa cultura emanam algumas
Confesso que resquícios dessa cultura emanam algumas
vibrações ainda hoje. Ser diretora e entrar numa “sala de aula”
vibrações ainda hoje. Ser diretora e entrar numa “sala de aula”

nossos.
causa estranheza em muitos profissionais.
causa estranheza em muitos
Semelhantes aos profissionais.
princípios que regiam as capitanias
Semelhantes aos princípios
hereditárias, as salas pertenciam a uma queúnica regiam as capitanias
professora até a hora
hereditárias, as salas pertenciam a uma única
de sua remoção ou aposentadoria. Imaginem depois de alguns professora até a
horaanos
de como
sua remoção
estavam essas ou aposentadoria.
salas. Se não imaginam, Imaginem depois de
vou contar.
alguns anosAlém como estavam essas
do mobiliário salas.
adquirido pelaSeSecretaria
não imaginam,
Municipalvoude
contar.
Educação, em uma delas, havia móveis que já não eram úteis em
casaAlém do mobiliário
e serviam para guardar adquirido
outras pela
tantas Secretaria
coisas queMunicipal
não cabiam de
Educação, em uma armários
nos portentosos delas, havia móveis ou
de alvenaria quemadeira.
já não eram úteis em
casa e serviamAs cadeiras, mesas e armários não tinhamque
para guardar outras tantas coisas nãode
chapas cabiam
bens
nos portentosos armários de alvenaria ou madeira.
patrimoniais, mas recebiam marcas invisíveis aos olhos dos mais
As cadeiras,
inocentes, como mesas e armários
propriedade exclusivanãode nhamalgunschapas de bens
funcionários. O
patrimoniais, mas recebiam marcas invisíveis
mesmo acontecia com as vagas do estacionamento e com as aos olhos dos mais
inocentes,
crianças.como propriedade exclusiva de alguns funcionários. O
Ana - 5 anos
mesmo acontecia
Sim, móveis,comcrianças,
as vagas do estacionamento
territórios todos de propriedadee com de as
crianças.
uns e outros.
Sim, Nessa
móveis, mesmacrianças, territórios
lógica, ao sentir todos
falta de dealguma
propriedade
coisa emde
uns ecasa,
outros.
outra não fez a menor cerimônia e satisfez sua necessidade.
NessaAo mesma lógica,
final de cada aoeu
ano, sen r falta
ficava atenta de ao
alguma
tempocoisa em
que era
casa,preciso
outra não
parafezumaa menor cerimônia
professora e sa osfez
desocupar sua necessidade.
armário, uma vez que
Aosefinal
havia de cada
removido paraano, euunidade.
outra ficava atenta Geralmenteao tempoumasquetrês era
ou
preciso para
quatro uma de
viagens professora
carro. Nãodesocupar
conseguia saber o armário,
ao certoumao quevez que
estava
haviadentro
se removido
das caixaspara que outra
saiam,unidade.
mas que era Geralmente
um volumeumas três ou
considerável
quatro viagens
de coisas, issode era.carro. Não conseguia
Era material que não acabava saber mais.
ao certo o que
estava dentro das um
Até que caixas queo saiam,
dia, sob pretextomas que era
de limpar um volume
os armários (sim
era precisodeumcoisas,
considerável pretexto),
isso pedi
era. aEra
todas que retirassem
material que nãotudo que
acabava
Ketelyn - 5 anos
mais.havia neles. As coisas pessoais deveriam ser levadas para casa eo
material
Até queescolar
um das
dia,crianças, deixado de
sob o pretexto na escola.
limpar os armários (sim

3939
Comoção, revolta, insatisfação.
era preciso um pretexto),
Indignação, despachospedi a todas que re rassem tudo que havia neles. As coisas pessoais deveriam ser levadas
e desaforos.
para casa e o material escolar das
Eu estava ultrapassando os limites crianças,
quedeixado na escola.a fogo e ferro durante décadas.
foram desenhados
Comoção,
Algumas revolta, insa
professoras nem se sfação.
deram ao trabalho de esvaziar os armários e deixaram para a escola decidir o que fazer
Indignação, despachos e desaforos.
com tanta coisa sem serventia. Sim, muitas nem sabiam o que havia naquelas prateleiras de alvenaria que aguentavam toda
Eu estava ultrapassando os limites que foram desenhados a fogo e ferro durante décadas.
a sorte de desaforos. Essa foi a minha sorte, porque consegui desvendar todos os mistérios e saciar minha curiosidade.
Algumas professoras nem se deram ao trabalho de esvaziar os armários e deixaram para a escola decidir o
Herança de atividades para mimeógrafo, retalhos de retalhos de papel que jamais seriam utilizados, folhas e mais folhas de
que fazer com tanta coisa sem serven a. Sim, muitas nem sabiam o que havia naquelas prateleiras de alvenaria que
sulfite com desenhos de crianças que jamais teriam suas produções reconhecidas, livros de história em péssimas condições
aguentavam toda a sorte de desaforos. Essa foi a minha sorte, porque consegui desvendar todos os mistérios e
e, em alguns casos, restos de lanches e um pequeno mercadinho de produtos esquecidos.
saciar minha curiosidade. Herança de a vidades para mimeógrafo, retalhos de retalhos de papel que jamais seriam
Veio o primeiro grande impacto. A quantidade de sacos de lixo que saíram pelos portões durante mais de uma semana
u lizados, folhas e mais folhas de sulfite com desenhos de crianças que jamais teriam suas produções
era de causar espanto aos mais compulsivos acumuladores, mas não foi só isso, não. A quantidade de material das crianças
reconhecidas, livros de história em péssimas condições e, em alguns casos, restos de lanches e um pequeno
não utilizado era
mercadinho de encher esquecidos.
de produtos os olhos.
Não
Veioera coisa de um
o primeiro ano, não.
grande A sensação
impacto. A quanquedade
eu tinha era quedeoslixo
de sacos tempos de escassez
que saíram doportões
pelos serviço público,
durantemarcaram
mais de
para
umasempre
semanaa era vidadedoscausar
profissionais
espanto daaos
educação.
mais compulsivos acumuladores, mas não foi só isso, não. A quan dade de
material Canetas, tintas,não
das crianças colas,
u tesouras,
lizado eraenfim o que os
de encher encontramos
olhos. nesses armários conseguiu abastecer a escola por alguns
anos, sem Nãonenhum exagero.
era coisa de um Afinal,
ano,onão.
material era e sempre
A sensação que eufoi das
nhacrianças,
era quenão
os do professor.
tempos de escassez do serviço público,
marcaram Dianteparadesse movimento
sempre a vida dose deprofissionais
tanta perplexidade, de todos os lados, não foi preciso conversar. Não havia argumento
da educação.
capaz deCanetas,
justificar aquela situação.
ntas, colas, tesouras, enfim o que encontramos nesses armários conseguiu abastecer a escola
por algunsComo sempre,
anos, sem durante
nenhumasexagero.
férias deAfinal,
janeiro,opreparávamos
material era ealgumas
sempresurpresas para a equipe
foi das crianças, não dodocente.
professor.
ADiante
grandedesse movimento
novidade, no inícioedo deano
tanta perplexidade,
seguinte e nos que de todos
vieram os lados,
depois, não foi preciso
foi encontrar conversar.
tudo organizado emNão havia
prateleiras
argumento
dentro capaz
das salas. de jus
Nunca maisficar aquela
faltou situação.
material para as crianças desde o primeiro dia de aula.
O problema foi resolvido, mas as suas janeiro,
Como sempre, durante as férias de preparávamos
causas persistem algumas surpresas
e se manifestam para a equipe
de várias maneiras no dia docente.
a dia das escolas.
A grande novidade, no início do ano seguinte e nos que vieram depois, foi encontrar
A imensa confusão do que diferencia o público do privado deveria ser objeto de formação envolvendo os servidores tudo organizado em
das redes
prateleiras
públicas. dentrode
O espírito dascoletividade,
salas. Nunca maisvalor
como faltou
da material para asecrianças
cultura africana desdeprecisa
afro-brasileira, o primeiro dia deaaula.
ser levado sério.
O problema foi resolvido, mas as suas causas persistem e se manifestam de várias maneiras no dia a dia das
escolas. A imensa confusão do que diferencia o público do privado deveria ser objeto de formação envolvendo os
servidores das redes públicas. O espírito de cole vidade, como valor da cultura africana e afro-brasileira, precisa

E os armários?
ser levado a sério.
.

Estavam sem portas para sempre..

40
40
Voz Projeto coletivo: vencendo o individualismo
sem perder a individualidade
Solange Alves Miranda

Comecei a trabalhar na educação Infantil em 2003 concentrado dentro das quatro paredes de uma sala de
num Centro de Educação Infantil conveniado com a aula e nós acreditamos? Quais sinais a sociedade nos dá
Secretaria Municipal de Educação e logo que cheguei já fui que promovem essa memória coletiva que é reforçada por
levada à sala para conhecer as crianças que ficariam sob a muitos espaços de educação? Seriam os prêmios
minha responsabilidade. Recebi algumas orientações individuais destinados aos melhores professores? Seriam
prévias de como seria a organização e sobre os fazeres as disputas internas por pequenos poderes onde a régua
básicos do dia. A partir daquele momento, eu estava se dá pelo tempo dedicado ao magistério? Entrar para a
responsável pelo grupo com a supervisão e apoio da área da educação me levou a atuar sozinha, mesmo que
coordenação pedagógica. Não posso negar que fiquei no período de formação acadêmica fossem estimulados os
muito feliz, pois havia assumido um grupo como educadora trabalhos em grupo e algumas parcerias, isso não foi
pela primeira vez e para mim tudo isso significava muito. suficiente para ultrapassar a barreira imposta por meio de
Uma vez por mês tínhamos um encontro geral que práticas e jeitos de fazer muitas vezes engessados,
servia muito mais como um momento de faxina, encrustados e validados pelos códigos de boa convivência
organização dos espaços e, às vezes, conversas para alinhar no chão das escolas.
algumas coisas, mas nada focado na construção de algo O trabalho na educação pareceu sempre muito
coletivo, como planejamento ou algo nessa linha. Tudo solitário para mim e de certa forma estar sozinha no pensar
sempre era feito de forma individualizada e nesses dias, a e produzir percursos com as crianças me parecia um
última sexta feira de cada mês, em que estávamos sem as caminho natural, porque eu era a única responsável por
crianças, não era diferente. planejar as possibilidades, os desafios e avaliar seus
Segui durante sete anos trabalhando nesse CEI, resultados. Estava tudo sob o meu controle.
mesmo quando eu fazia projetos incríveis com as crianças, Eu tenho muitas memórias do tempo em que
não me passava pela cabeça a possibilidade de convidar as trabalhava no CEI e tem algo dessa trajetória solitária que
outras professoras para pensarmos juntas, ou até mesmo reverberava no coletivo e alimentava muito o meu ego,
construirmos algo que envolvesse todos os grupos e todas que era o de sempre estar fazendo propostas e projetos
as educadoras. Tenho certeza, também, que nunca recebi diferenciados. O trabalho com projetos na Educação
nenhum convite para participar de alguma prática de outra Infantil era algo muito recente, eu lia e pesquisava muito
colega. Falo muito na primeira pessoa, porque nessa época sobre essa prática para concretizá-la com meu grupo de
pouco existia o nós e as pessoas responsáveis pelo coletivo crianças. Trabalhar com projetos em um Centro de
como a coordenação pedagógica e a direção que estavam Educação Infantil e receber destaque como educadora, ao
ali para coordenar, sugerir e embasar um trabalho coletivo, invés de contagiar a equipe e conquistar parcerias, foi me
não o faziam, apenas seguiam com suas atribuições, nos distanciando dos meus pares que, por falta de orientação
seus fazeres também ilhados. e estímulo não se sentiam encorajadas a ingressar ou criar
Em qual momento aprendemos que a educação é propostas de projetos para as crianças pequenas. Cada
uma área profissional de ações individualizadas? Em que uma seguia com seu grupo de crianças e seus fazeres
momento nos fizeram acreditar que nosso poder está desconectados. Os Centros de Educação Infantil (CEI)
estavam a pouco tempo sob a responsabilidade da

41
Secretaria Municipal de Educação e nós seguíamos atuando dentro do prazo para a transição, ainda sem um Projeto Político-
Pedagógico, sem uma coordenação pedagógica atuante, sem orientações objetivas sobre os fazeres com bebês e crianças e
sem grandes desafios tanto para as educadoras, quanto para as crianças.
Tem uma parte desse processo de ser e estar só como educadora no CEI, de ser a única responsável por pensar e
conduzir os processos educativos das crianças que me formou, orientou minha prática e que se mostrou um grande desafio
quando em 2012, chego a Escola Municipal de Educação Infantil Guia Lopes, hoje EMEI Nelson Mandela, e já nos primeiros
dias eu me deparo com uma proposta de trabalho coletivo. Fui convidada a construir, com as minhas novas colegas de
trabalho, alguns espaços de aprendizagem. Desde o início percebi que tudo era motivo, uma oportunidade para o fazer
coletivo, planejar juntas, pensar propostas de encontros entre grupos, convidar as outras educadoras e educadores da escola
para fazerem parte das ações dos projetos, mas tinha algo que movimentava a escola inteira e isso tinha um nome: ações
coletivas, elas nos tiravam do lugar e vinham de encontro a essa minha resistência interna de fazer coletivamente que só fui
aprendendo ao longo dos anos estando nessa escola.
Sair deste lugar solitário que é o de compartilhar percursos e pensar jornadas que incluam outros pares que não
sejam exclusivamente as crianças e outras professoras e o desafio de compor e construir uma comunidade educadora de fato
estava ali na minha frente, palpável, me desafiando a usar todos os recursos e pensar novas maneiras de fazer e pensar fora
da caixa.
Na EMEI Nelson Mandela eu vivi o encontro com essa prática e tudo começou a fazer sentido. Viver a Educação
Infantil era muito mais do que eu ouvi e vinha fazendo, as propostas às crianças podem e devem tratar de diversas temáticas,
explorando um universo de conhecimentos importantes para a construção das identidades. Sim, vamos discutir com as
crianças sobre justiça e injustiça, respeito, direitos e deveres, por que não? O projeto abria esse campo de possibilidades,
exigia de todas nós uma dedicação maior, pesquisar mais, estudar mais e aprender sobre o que não sabíamos, não tinha como
não crescermos juntas com esse projeto.
Existe uma metodologia de trabalho construída durante os últimos anos que exige a participação de todas e todos na
elaboração dos projetos didáticos a serem desenvolvidos com nossas crianças. Ela nos ajuda a organizar o pensamento, para
depois fazer uma desconstrução total dessa organização. É assim que provocamos e somos provocadas a avançar em nossas
práticas. De um esquema tradicional de organizar os conhecimentos para a complexidade de uma teia de conhecimentos.
O primeiro passo é pensar temáticas que avaliamos como importantes as crianças aprenderem, no final de cada ano
letivo. Nós, enquanto educadoras, temos o dever ético de oferecer oportunidades para que todas elas acessem conhecimentos
que só a escola pode promover. Não nos cabe, apenas, esperar o que as crianças nos trazem. O segundo, é fazer um
levantamento para saber o que aprenderam e o que elas gostariam de aprender sobre si, sobre os outros e sobre o mundo,
durante o próximo ano. Respostas em mãos, colocamos no papel todas as ideias que surgem a respeito do tema escolhido,
sem esquecer que os temas transversais da escola são: relações étnico-raciais para um turno e sustentabilidade e consumismo
para o outro turno de professoras.
Elaboramos um esquema do projeto, não aquele esquema que eu aprendi na universidade, com objetivos,
desenvolvimento e produto. Esse esquema projeta possibilidades de caminhos e como tudo poderá acontecer, sem um
produto preestabelecido. Ai que está!
A professora, aqui, pira por não ter o controle de tudo que vai acontecer, traçar uma jornada sem ponto final? Ouvir
as crianças durante o percurso para mudar a rota conforme seus interesses? Sim, tive que aprender a abrir mão do controle,
mas que agora não era tão necessário, porque diferente das experiências anteriores, nessa escola eu não estou sozinha, nós
fazemos juntas e seguimos lado a lado.
Primeiro definimos um nome ao projeto, considerando o envolvimento das figuras de afeto. No exemplo, idealizamos
uma viagem no tempo para a Família Abayomi. Isso se deu, porque em reunião do Conselho de Escola um pai boliviano

42
O primeiro desenho do projeto

sugeriu que ensinássemos para sua filha a História do Brasil. Segundo ele, em seu país, as crianças aprendem desde muito
idealizamos uma viagem no tempo para a Família Abayomi. Isso se deu, porque em reunião do Conselho de Escola
cedo a História da Bolívia e ele achava muito estranho isso não acontecer por aqui. Nós havíamos decidido que naquele ano,
um pai boliviano sugeriu que ensinássemos para sua filha a História do Brasil. Segundo ele, em seu país, as crianças
os pais decidiriam o tema do projeto didático que queriam para suas filhas e filhos. Com a concordância de todas e todos, esse
aprendem desde muito cedo a História da Bolívia e ele achava muito estranho isso não acontecer por aqui. Nós
foi o tema central de um dos turnos. Para dar a ludicidade necessária, uma viagem no tempo com a família Abayomi caiu
havíamos decidido que naquele ano, os pais decidiriam o tema do projeto didá�co que queriam para suas filhas e
muito bem.
filhos. Com a concordância de todas e todos, esse foi o tema central de um dos turnos. Para dar a ludicidade
necessária,Depois
umadaviagem
avalanche de ideias,
no tempo com a gestão pedagógica
a família Abayomi organiza
caiu muitoe compartilha
bem. com o grupo o resultado do trabalho
coletivo.Depois da avalanche de ideias, a gestão pedagógica organiza e compar�lha com o grupo o resultado do
trabalhoComeçamos
cole�vo. com um tema geral do projeto, dividimos nossas ideias em uma linha de tempo, mês a mês, com títulos
e subtemas. A melhorcom
Começamos parteumdessa
tema produção
geral doé projeto,
elencar adividimos
cada mês todas
nossas asideias
possibilidades
em umadelinhadiscussões e temáticas
de tempo, para
mês a mês,
desenvolver
com �tulos ecom as crianças
subtemas. duranteparte
A melhor o ano.dessa
Sim, fica enorme,éuma
produção lista agigantesca
elencar cada mêsque assusta,
todas mas são possibilidades
as possibilidades e não
de discussões
uma lista que deve ser seguida à risca.
e temá�cas para desenvolver com as crianças durante o ano. Sim, fica enorme, uma lista gigantesca que assusta,
mas sãoApós possibilidades
receber essae não
linhauma lista que
de tempo dosdeve ser coletivos,
projetos seguida àinicia-se
risca. o projeto de cada turma.
Após
É aquireceber
que cadaessa linha
grupo vaidedesenhando
tempo dosseu projetos
própriocole�vos,
caminho.inicia-se
Apesar doso projeto
temas de cada turma.
estarem classificados por meses e
seguir uma lógica definida pelos adultos da escola, quem vai desenhar os caminhos e seus desvios são as crianças e as
professoras.
Esses percursos são registrados numa teia de conhecimentos que coloca a vista o que dessa projeção inicial já foi feito
pelo grupo e o que pode ser integrado durante a sua trajetória, desconstruindo a organização cronológica dos acontecimentos.

43
43
LINHA
LINHA DE DE TEMPO
TEMPO - PROJETO
- PROJETO COLETIVOCOLETIVO - A ABAYOMI
- A FAMÍLIA FAMÍLIA ABAYOMI
VIAJA NOVIAJA
TEMPONO TEMPO LINHA DE TEM
1º TURNO1º TURNO

QUAL A ORIGEM QUAL A ORIGEM


O POVO O POVO
POVOS POVOS DA FAMÍLIA NA DA FAMÍLIA NA
BRASILEIRO É BRASILEIRO É
QUEM FAZ PARTE QUEMCOMO
FAZ PARTE
SURGIL COMO SURGIL ANCESTRAIS POVOS
ANCESTRAIS POVOS
POVOS POVOS
SOCIEDADE? SOCIEDADE?
UMA GRANDE UMA GRANDE QUEM FAZ PARTE COMO SURGIL
DA FAMÍLIA DA FAMÍLIA
O HOMEM? O HISTORIAS
HOMEM? ANTIGAS HISTORIAS ANTIGAS EUROPEUS EUROPEUS
AFRICANOS AFRICANOS FAMÍLIA? NUMA FAMÍLIA
FAMÍLIA? DA FAMÍLIA
NUMA FAMÍLIA O HOMEM?
ABAYOMI ABAYOMI
(LENDAS -várias (LENDAS -várias
LUZIA A PRIMEIRALUZIA A PRIMEIRA
POVOS POVOS QUAL A ORIGEM QUAL A ORIGEM TODOS SÃO ABAYOMI
TODOS SÃO (LENDAS -várias
( RESGATE) ( RESGATE)
culturas) culturas)
BRASILEIRAS BRASILEIRAS
INDÍGENAS OS PORTUGUESES
INDÍGENAS OS PORTUGUESES NEGROS NO
NEGROS NO BRASIL DA BRASIL
MINHA DATEMOS IGUAIS?
MINHA POVOS TEMOS POVOS (IGUAIS?
RESGATE) culturas)
NO BRASIL NO BRASIL
NO BRASIL NO BRASIL FAMILIA ? FAMILIA ?
IRMÃOS? IRMÃOS?

FEVEREIRO FEVEREIRO
MARÇO MARÇOABRIL ABRILMAIO MAIOJUNHO AGOSTO
JUNHO SETEMBRO
AGOSTO SETEMBRO
OUTUBRO NOVEMBRO
OUTUBRO NOVEMBRO
FEVEREIRO MARÇO

QUAIS QUAIS
POR QUE NOSSA PORPOR
QUEQUE SOMOS POR QUE
NOSSA ASSOMOS
GRANDES AS GRANDES
VALORES VALORES
VALORES VALORESVALORES VALORES PAÍSES VIZINHOS PAÍSESSEMELHANÇAS
CONSTITUIÇÕES CONSTITUIÇÕES VIZINHOS EPOR QUE NOSSAE
SEMELHANÇAS POR QUE SOMOS
ESCOLA CHAMA ESCOLA CHAMA
TÃO DIFERENTES DESCOBERTAS
TÃO DIFERENTES DESCOBERTAS CIVILIZATÓRIOS
CIVILIZATÓRIOS CIVILIZATÓRIOS CIVILIZATÓRIOS
CIVILIZATÓRIOS CIVILIZATÓRIOS
FAMILIARES FAMILIARES ESCOLA CHAMA
DIFERENÇAS NOSDIFERENÇAS NOS TÃO DIFERENTES
NELSON NELSON
NO BRASIL? NO BRASIL? CONEXÕES CONEXÕESUNEM? NELSON
UNEM? NO BRASIL?
MANDELA? MANDELA?
RESGATE VALORES
RESGATE VALORES
PERSONALIDADESPERSONALIDADES PERSONALIDADES
PERSONALIDADESPERSONALIDADES PERSONALIDADES
ÁRVORE TERRITORIAIS
ÁRVORE TERRITORIAIS MANDELA? RESGATE
(VIDA E OBRA) (VIDAHISTORIA
E OBRA) DO CIVILIZATÓRIOS
HISTORIA DO CIVILIZATÓRIOS
FEMININAS FEMININAS
FEMININAS FEMININAS
FEMININAS FEMININAS LATINO AMÉRICA LATINO AMÉRICA
GENEALÓGICA GENEALÓGICA UMA (VIDA UMA
E OBRA) HISTORIA DO
BRASIL - 2017 BRASIL - 2017 (CONEXÕES (CONEXÕES PERSONALIDADE PERSONALIDADE BRASIL - 2017
PERSONALIDADESPERSONALIDADES
(ATUAIS) (ATUAIS)
(ATUAIS) (ATUAIS)
(ATUAIS) (ATUAIS)
PARENTAIS) PARENTAIS) DA FAMÍLIA DA FAMÍLIA
FEMININAS FEMININAS

LINHA
LINHA DE DE TEMPO
TEMPO - PROJETO
- PROJETO COLETIVOCOLETIVO - A ABAYOMI
- A FAMÍLIA FAMÍLIA ABAYOMI
VIAJA NOVIAJA NO ESPAÇO
ESPAÇO LINHA DE TEM
2º TURNO2º TURNO
ATITUDES ATITUDES
QUANTOS COMO
QUANTOS COMOPOSITIVAS POSITIVAS
COMO COMO ELEMENTOS OUTROS
ELEMENTOS OUTROS A A
COMO SURGIU O COMO SURGIU O SURGIU SURGIU A ELEMENTOS
A ELEMENTOS FAVOR FAVOR COMO SURGIU O
MUNDO EM MUNDOCOMOEM COMOA A FENÔMENOS FENÔMENOSNATUREZA SE
NATUREZA SE DO MEIO DO MEIO MUNDO EM
QUE QUE
SURGIU VIDA
SURGIU VIDA NATURAIS NATURAIS TÊM? RELACIONAM
TÊM? RELACIONAMAMBIENTE AMBIENTE QUE S
VIVEMOS? VIVEMOS?
A VIDA HUMANA
A VIDA HUMANA AR AR NÓS ENTRE
NÓS ENTRE VIVEMOS? A
BIG BANG BIG BANG
NO NO
NO NO TERRA TERRA SOMOS SI?
SOMOS SI?REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS BIG BANG
ELEMENTOS ELEMENTOS
PLANETA PLANETA
PLANETA PLANETA AGUA AGUA UM (PLANETAS,
UM INFANTIS DE
(PLANETAS, INFANTIS DE ELEMENTOS PL
DA NATUREZA DA NATUREZA
TERRA? TERRA?
TERRA? TERRA? FOGO FOGO DELES? DESTAQUE
ASTROS,ESTRELAS)
ASTROS,ESTRELAS)
DELES? DESTAQUE DA NATUREZA T

CHEGADA CHEGADA CHEGADA


FAMÍLIA FAMÍLIA
MARÇO MARÇO
ABRIL MAIO
ABRIL MAIO
JUNHO JUNHO
JULHO JULHO
AGOSTO SETEMBRO
AGOSTO SETEMBRO
OUTUBRO OUTUBRO
NOVEMBRO DEZEMBRO
NOVEMBRO FAMÍLIA
DEZEMBRO MARÇO A
ABAYOMI ABAYOMI ABAYOMI

PLANTIO PLANTIO
EXISTE EXISTE DO
RELAÇÃO RELAÇÃO DO COMO COMO COMO CONSTRUÇÃO
COMO ATITUDES
CONSTRUÇÃO ATITUDES PLANTIO E
COMO COMO
DA HORTA DA HORTA
VIDA VIDA
NOSSO NOSSOOS HUMANOS OS HUMANOS MEU DE SOLUÇÕES
MEU DE
DE SOLUÇÕES DE DA HORTA
OS OS
ELEMENTOS ELEMENTOS
NA NA
NASCIMENTO NASCIMENTO SE SE CORPO PARA
CORPO PROTEÇÃO
PARA PROTEÇÃO ELEMENTOS
ELEMENTOS ELEMENTOS
DA DA
NOSSA NOSSA
COM A COM A RELACIONAM RELACIONAM SE RELACIONA VIVER
SE RELACIONA DOS
VIVER DOS DA N
DA DA
NATUREZA NATUREZA
HORTA? HORTA?
HORTA E COM
HORTA COM OS ELEMENTOS
E OS ELEMENTOS E PODE EMELHOR
PODE SERES
MELHOR SERES NATUREZA H
NATUREZA NATUREZA
COM A COM A DA DA SE COMSE O MUNDO COMHUMANOS
O MUNDO HUMANOS
AFETAM AFETAM
EVOLUÇÃO EVOLUÇÃONATUREZA? NATUREZA? E AS PESSOAS ECONSTRUÇÃO
AS PESSOAS CONSTRUÇÃO
VIDAS? RELACIONAR
RELACIONAR
NOSSAS VIDAS? NOSSAS
HUMANA HUMANA ASPECTOS CULTURAIS
ASPECTOS CULTURAIS COM COM CRIATIVIDADE CRIATIVIDADE
A NATUREZA? A NATUREZA?

C C C
44 44

44
já foi feito pelo grupo e o que pode ser integrado durante a sua trajetória, desconstruindo a organização cronológica
dos acontecimentos.
Segue um exemplo de Teia do Conhecimento de um dos projetos acima. Pela voz da Professora Roberta
vocês conhecerão os detalhes sobre os processos de elaboração e alimentação da teia.
Segue um exemplo de Teia do Conhecimento de um dos projetos acima. Pela voz da Professora Roberta vocês
conhecerão os detalhes sobre os processos de elaboração e alimentação da teia.

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45
45
Como o projeto é baseado em um processo educativo intencional é preciso manter um equilíbrio nessas escolhas, o
que projetamos, o que as crianças desejam aprender e as provocações e dúvidas que surgem durante a trajetória de cada
grupo.
Saber como o projeto coletivo acontece nos grupos individualmente, foi uma descoberta enriquecedora. Os grupos
partem do mesmo tema, como citado acima, e o caminhar vai se dando de formas diferentes, porque durante esse percurso
vamos ouvindo as crianças, o que elas pensam sobre as temáticas. Aí está a riqueza desse fazer coletivo.
Em alguns momentos nos juntamos em ações coletivas, que são pensadas para reunir todos os grupos com o objetivo
de trocar, partilhar, comunicar, saber o que cada um está descobrindo e vivendo no seu projeto. Posso dizer que esses
momentos, a princípio, eram o meu terror, como assim partilhar, trocar? Sim, eu aprendi que nesses momentos todas e todos
nós da escola aprendemos muito. Como é possível termos saído todas nós com o mesmo tema e agora estarmos vivendo e
aprendendo coisas tão diversas? Os seminários infantis, quando acontecem, dão uma energia diferente às trajetórias de cada
grupo, porque as crianças saem dessas ações coletivas provocadas, instigadas e com muitos questionamentos. É um
combustível a mais para todos os grupos.
As ações coletivas, para nós da EMEI Nelson Mandela, são planejadas quando pensamos o esquema do projeto e
envolvem as figuras de afeto em momentos cruciais do ano e do projeto. Os seminários infantis são uma das possibilidades.
A festa do meio do ano é outro exemplo em que celebramos os conhecimentos construídos, mas para além disso, aproveitamos
a ambientação da festa para trazer várias provocações que, após o evento, as crianças são convidadas a explorar e pesquisar
para encontrarem respostas que oxigenam o projeto de cada turma com muitas novidades e novos conhecimentos.
Em outros momentos, criamos situações com as figuras de afeto, fazemos filmes que provocam discussões sobre um
tema que interessa a maioria dos grupos, ou partimos para pesquisas pelo bairro com o objetivo de confrontar resultados.
Sempre algo que mobilizava a escola inteira para chamar a atenção para um tema de extrema importância. Além de
todos da escola, a família colabora nos enviando informações, imagens, histórias de família ou mesmo vindo até a escola
colaborar com seus relatos ou auxiliar em atividades mais complexas como cortejos e passeatas.
Gosto de fazer uma analogia para exemplificar o que acontece, de fato, quando se trabalha com projetos coletivos.
Imagine que cada grupo simboliza um barco e que todos os barcos partem do mesmo ponto, seguindo seu trajeto. Pense as
ações coletivas como pequenos portos em que todos param para trocar, confraternizar, se abastecer e depois deste momento
cada um retoma a sua jornada que pode ter seu rumo redirecionado e alimentado por esse encontro.
Comprove, então, como é produtivo o trabalho coletivo. Um grupo trabalhou em março “Como surgiu a vida no
Planeta Terra” e outro grupo vai introduzir esse mesmo tema em maio. Havia momentos em que as professoras trocavam de
grupos de crianças, porque já haviam feito a pesquisa e dominavam o assunto. Aquela que conhecia o assunto repetia a
experiência com o grupo da colega e a colega assumia seu grupo propondo uma nova ideia sobre o projeto da turma.
O medo que eu tinha de não saber o “produto final do projeto” como eu havia aprendido na minha formação inicial
foi se dissipando, porque o mais importante é a trajetória riquíssima em aprendizagens que se constrói. Essa lista de
possibilidades produzida a partir do esquema do projeto, cumpre o papel de um mapa para uma grande aventura e que
podemos consultar sempre que criamos atalhos durante o trajeto e precisamos voltar ao foco ou sentimos uma ponta de
insegurança no meio do caminho.
Ao utilizarmos o termo Projeto Coletivo, precisamos deixar claro o seu conceito. Não o denominamos como sendo
coletivo, porque todas e todos da escola participam ativamente da sua construção e dos seus encaminhamentos. É coletivo
porque envolve toda a coletividade e transpõe os muros da escola. O projeto cria demandas para comunidade inteira.
Um projeto didático precisa envolver o maior número de pessoas possíveis para que a pluralidade de saberes e
fazeres agregue valores aos conhecimentos construídos e enriqueça o repertório de adultos e crianças envolvidos nele.
Para que o projeto didático chegasse às crianças, foram necessários muitos investimentos anteriores, como falei

46
antes. Foi preciso superar o caráter solitário da docência, e na EMEI Nelson Mandela o exercício começa anualmente com a
leitura coletiva do Projeto Político-Pedagógico no final do todo ano letivo. A leitura coletiva tem por objetivo fazer as alterações
para o ano seguinte após um ano vivendo as últimas alterações realizadas.
Esse exercício de construção coletiva é essencial para que aprendamos a compartilhar visões e concepções, o que
facilita o trabalho em grupo e parcerias no dia a dia. A equipe que consegue construir o PPP, coletivamente, consegue construir
uma escola coletivamente, consegue planejar, avaliar, combater o racismo e elaborar práticas antirracistas, porque se fortalece
com as diferenças. Sabe reconhecer no outro o valor de seus saberes e valoriza suas histórias.
Para a revisão do PPP, lançamos mão de várias dinâmicas para que o ritual não se transforme numa rotina anual
cansativa e desinteressante.
Um ano, dividimos o documento em partes, cada grupo leu e apresentou aos demais as suas sugestões de mudança
que foram aprovadas ou não.
Em outro, apresentamos o documento para as famílias e ao receber os seus questionamentos, percebemos o que
deveríamos revisar.
Utilizamos, para revisar o documento, os resultados obtidos pela Avaliação dos Indicadores de Qualidade da Educação
Infantil (disponível na internet).
Em outra oportunidade, apresentamos para as educadoras da limpeza a documentação pedagógica e observamos
suas dúvidas para aprimorar as explicações sobre elas em nosso PPP.
Num dado momento, revisamos apenas parte do documento e há pouco tempo resolvemos criar um texto autoral
sobre nossa concepção de professor, partindo de palavras escolhidas pela gestão e complementadas pela equipe docente.
Em 2019 reconstruímos o documento por completo. Com a aposentadoria da diretora, ela iniciou um movimento e
deixou que o grupo caminhasse sozinho para se apropriar e se responsabilizar por completo pela versão final do documento
para 2020.
Sempre tivemos uma visão muito própria sobre o que deveria compor o documento norteador das práticas e das
concepções de uma escola de qualidade e ela nunca se limitou ao que era publicado em Diário Oficial.
Fui Coordenadora Pedagógica da EMEI Nelson Mandela por alguns períodos e considerando a rotatividade de
professores, para a gestão da escola o PPP tinha que garantir o máximo de informações possíveis para as novas professoras
que chegavam, na tentativa de lhes garantir o mínimo de autonomia para o fazer e para o aprender sobre a escola.
As informações obrigatórias pelas portarias publicadas pelo Diário Oficial nunca deram conta da complexidade das
práticas da escola. Nesse sentido, o que pensávamos, o que fazíamos, como fazíamos, porque fazíamos, bem como a história
de como tudo foi sendo construído estava detalhadamente expresso em nosso documento.
Isso nos garantiu a continuidade e aperfeiçoamento do trabalho com projetos didáticos coletivos, temas transversais,
dinâmicas de leitura, o detalhamento das rotinas, de projetos permanentes para os diferentes territórios de aprendizagem e
atividades permanentes, manutenção e aperfeiçoamento da documentação pedagógica.
É o Projeto Político-Pedagógico que construído, coletivamente, mesmo com descontinuidade das políticas públicas,
permitiu que a escola mantivesse sua conexão com a comunidade e com seus princípios de Educação.
A força da nossa comunidade, a potência da nossa equipe e a constância dos nossos fazeres, garantiram que a escola
se transformasse em referência na Educação Infantil na Cidade de São Paulo.

47
públicas, permi�u que a escola man�vesse sua conexão
com a comunidade e com seus princípios de Educação.
A força da nossa comunidade, a potência da nossa
equipe e públicas,
a constância dos nossos fazeres, garan�ram que
permi�u que a escola man�vesse sua conexão
a escola se transformasse
com a comunidadeem
Educação
referência
e com na de Educação.
seus princípios
A força da nossa comunidade, a potência da nossa
Infan�l na
equipe e a constância dos nossos fazeres, garan�ram que

Cidade de SãoEducação
Paulo.
a escola se transformasse em referência na

Infan�l na
Pode
Cidade de São Paulo.
“...Choro
“...Choro
Pode
saberque
saber
morrer
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senão
morrer se
o homem
homem
nãosouber
souber
sábio
sábio
nadar
nadar
Choro Choro
contigo
“...Choro e parto
saber con
que ogo e parto
homem sábio
Nasmorrer
Nas ondas
Pode ondas
vagas sevagas
incertas incertas
não souber nadar Solange Alves Miranda
Formada em Pedagogia pela Universidade
As nossasAs nossas
velas Choro
abertas velas
con abertas
go e parto
São ferramentas
Nas ondas do
vagas caos
incertas de São Paulo em Solange2010, com
Solange Alvesespecialização
Alves Miranda
Miranda
São ferramentas do caos em
Formada psicomotricidade.
em Pedagogia pela Atua na educação
Universidade
As nossas velas abertas Formada em Pedagogia
Chore comigoChore
barco comigo barco de
de São
infan�l Paulo em 2010,
do município
São Paulo em com especialização
de São Paulo há onze
São ferramentas do caos
A sinaAdesina
todasdeas todas
naus...”as naus...”
Chore comigo barco
em psicomotricidade.
em
anos, psicomotricidade.
nove deles na EMEI Atua Nelson
Atua na educação
na educação
Mandela.
infantil
infan�l do
do município
município de
de São
São Paulo
Paulo há onze
há onze
A sina de todas as naus...” Professora formadora para as relações
Música: Barco anos, nove
anos, nove deles
deles na
na EMEI
EMEI Nelson
Nelson Mandela.
Mandela.
Música: Barco étnico-raciais
Professora e currículo
formadora para asan�rracista
relações na
Professora formadora para as relações
Compositor: Chico César Educação
currículoInfan�l desde na 201�.
Compositor: Chico César Música: Barco étnico-raciais
étnico-raciais ee currículo antirracista
an�rracista na
Compositor: Chico César Educação Infantil desde
Educação Infan�l desde 201�.2018.

48
48

48
Acorde
Acorde
Gestão democrá�ca é coisa de quem?
Gestão democrática é Priscilla
coisa de deLima
quem?
Rocha
Priscilla de Lima Rocha

Quando falamos em democracia, pensamos isso, faço a escolha aqui de não classificar nenhum
em um sistema desses lugares pelos quais passei em públicos ou
Quandoque considera
falamos a par�cipação
em democracia, de todos
pensamos em diferentes tipos de gestão e hoje tenho a oportunidade de
e um
todas, valorizando as suas falas e acreditando na par�culares, mas apenas como escolas.
sistema que considera a participação de todos e todas, refletir sobre eles. Traço aqui uma linha que de forma
potência da ascontribuição Nos lugares que �ve a chance de conhecer,
valorizando suas falas edos diferentes
acreditando na indivíduos
potência da simplória nomeio como tipos de gestão, e agora relato
que fazem parte
contribuição de uma sociedade.
dos diferentes indivíduos que A escola, comode
fazem parte vivi
minhasdiferentes
experiências �pos comdeo gestão e hojeostenho
que considero extremos a
umumamicrocosmo
sociedade. desta sociedade,
A escola, como umreproduz microcosmoa forma
desta oportunidade
dessa linha. de refle�r sobre eles. Traço aqui uma
como vivemos fora de seus muros,
sociedade, reproduz a forma como vivemos fora de inclusive comoseus linha que Node forma
início simplória
da minha nomeio
trajetória na como �posainda
educação, de
lidamos uns comcomo
muros, inclusive os outros.
lidamos uns com os outros. gestão,
como uma e agora relatode
estudante minhas experiências
pedagogia, vivi umacom o que
experiência
Fora
Fora da da escola,
escola, predomina
predomina aa democracia.
democracia.EE considero os extremos dessa linha.
marcante, talvez por ser uma das minhas primeiras
dentro?
dentro? No início da
vivências minhadotrajetória
dentro espaço na educação,
escolar e, por ainda
não
Pra�car a democracia
Praticar a democracia no ambiente no ambiente como uma estudante de pedagogia,
estar no papel de professora titular, tive a vivi uma
escolar
escolaréé um desafio.Quando
um desafio. Quando se se
falafala
em em experiência marcante,detalvez
oportunidade por sere uma
observar das
registrar
poder
poderde de decisão aindaéécomum
decisão ainda comum queque minhasalgunsprimeiras
momentos vivências dentro do
e situações com espaço
maior
este seja centralizado em uma
este seja centralizado em uma figura figura escolar e, por não estar no
distanciamento. Nesta escola, observei papel de
dedeautoridade,
autoridade, alguém quedetém
detémaa professora, �ve a oportunidade de
razão e que nos
alguém que
guiará até o lugar
O distanciamento uma gestão que demonstrava confiar
observar alguns momentos com maior
razão e que nos guiará até o lugar tanto em suas profissionais a ponto de
onde
onde nossos
nossos obje�vos
objetivos serão serão de uma gestão dos distanciamento.
abdicar de seuNesta lugarescola, observei
de orientação,
alcançados.
alcançados. ÉÉ assimassim em em diversos
diversos processos pedagógicos uma gestão passando
raramente que demonstrava confiare
o dia na escola,
lugares, nãoseria
lugares, não seria diferente
diferente na
na escola. descaracteriza a tanto
dandoem suas profissionais
liberdade a cada umaa de ponto de
realizar
escola. A gestão escolar ainda é vista oabdicar de seuserlugar
que julgava melhorde eorientação,
adequado,
A gestão escolar ainda
e praticada de maneira centralizadora é vista ideia de gestão raramente passando o dia
sem maiores avaliações. Cada professora na escola, e
eempra�cada de maneira
muitas unidades. É umcentralizadora
cargo permeado democrá ca ... dandorealizar
podia liberdade o quea cada uma de
quisesse de maneira
fazer o
empor muitas unidades.
estereótipos É um demais
que o distancia cargo da que julgava
individual. ser melhor, sem
O planejamento maiores
baseado em
permeado por estereó�pos que o distancia
comunidade na qual está inserida. Além disso, essa avaliações. Cada professora podia
diferentes conteúdos não precisava ser discutido, realizar o que
dafunção
comunidade na qualatribuições
possui diversas está inserida. Aléme disso,
técnicas burocráticas quisesse
refletido de maneira com
ou compartilhado individual.
ninguém. O Bastava
planejamento
ter uma
que, função
essa muitas vezes,
possui acabam por deixar
diversas questõestécnicas
atribuições pedagógicas e baseado
breve listaem dasdiferentes
atividades conteúdos
que seriamnão precisava
realizadas ser
em cada
da escola emque,
burocrá�cas segundo plano.
muitas vezes, acabam por deixar discu�do,
dia da semana refle�do
e tudoouestava compar�lhado
bem. De certa comforma,
ninguém.
o tom
questõesNa minha vida
pedagógicas como em
da escola professora, passei por
segundo plano. Bastava
era dado ter pelas
uma breve
avaliações lista das a�vidades
famílias: seque nãoseriam
havia
algumas Naescolas
minhaparticulares
vida comoe professora,
públicas. Deixo claropor
passei que realizadas
reclamações, em cada
estavadiatudo da semana
certo. Ase tudo estava
reuniões bem. De
pedagógicas
minha intenção
algumas escolasaqui não é generalizar
par�culares e públicas. e nem demonizar
Deixo claro eramforma,
certa comandadas
o tom era peladado coordenação, sem contar
pelas avaliações com a
das famílias:
nenhum
que minhados tipos de
intenção aquiadministração.
não é generalizar Pelo contrário,
e nem participação
se da direção escolar,
não havia reclamações, pois certo.
estava tudo essa se As limitava
reuniõesa
acredito que deva existir um diálogo
demonizar nenhum dos �pos de administração. Pelo entre a escola resolver questões burocráticas inerentes
pedagógicas eram comandadas pela coordenação, sem ao seu papel, que
particular acredito
contrário, e a escola que devapública.
exis�rAsumduas realidades
diálogo entre entendo
contar com não eram poucas,damas
a par�cipação que não
direção poderiam
escolar, anular
pois esta se
a educacionais precisameseacruzar
escola par�cular escola e sepública.
unir em prol
As de uma
duas a importância
limitava a resolverdo acompanhamento
questões docenteaoeseu
burocrá�cas inerentes da
educação de qualidade para todos e todas,
realidades educacionais precisam se cruzar e se unir e isso se mostra aprendizagem das crianças, como
papel, que entendo não eram poucas, mas que não pontuei.
emcada vezde
prol mais
uma urgente.
educaçãoPor isso, faço a escolha
de qualidade paraaqui de não
todos e poderiamApesar anulardea ter sido uma do
importância experiência marcante
acompanhamento
classificar nenhum desses lugares pelos
todas, e isso se mostra cada vez mais urgente. Por quais passei em como citei acima, no meu lugar de estagiária
docente e da aprendizagem das crianças, como pontuei. e estudante,
públicos ou particulares, mas apenas como escolas. sinto que pouco aprendi sobre uma prática pedagógica
Nos lugares que tive a chance de conhecer, vivi que seja significativa para as crianças no tempo em que
49

49
e trabalhar. Do ponto de vista das relações diárias, tudo era bom, todas se davam muito bem. Era um
nte leve e sem cobranças, e que se tornava ao mesmo tempo, um ambiente sem orientação e reflexão.
, ao sair de lá, percebi que não me sen�a preparada para assumir uma turma de crianças como professora
nem mesmo de realizar um planejamento que não fosse uma lista de a�vidades ou para fazer qualquer
coisa que não fosse relacionada aos cuidados diários das crianças. Isso me causou uma grande insegurança
o termineipermaneci
o curso nessa escola. Claro pois
de Pedagogia, que naainda
época, era
com muito
a minha di�cil
visão pouco
paraexperiente
mim verdacomo área, achava um ótimo
a teoria lugar parana
aprendida se
trabalhar. Doem
ade se transformava ponto de vistaEsse
prá�ca. das relações
�po dediárias,
gestão,tudoqueera bom,
podetodas
até se davam
soar comomuitoumabem.gestão
Era um democrá�ca
ambiente leve epor sem
cobranças,
da liberdade e que se tornava
concedida ao mesmo tempo,acaba
às profissionais, um ambientepor sem orientação e reflexão.
empobrecer Porém, ao percorridos
os caminhos sair de lá, percebipara
que nãoa
me sentia preparada para assumir uma turma de crianças como professora titular,
dizagem, tanto por parte das professoras como das crianças. A ausência da gestão na construção pedagógica nem mesmo de realizar um planejamento
que não fosse uma lista de atividades ou para fazer qualquer outra coisa que não fosse relacionada aos cuidados diários das
de uma escola não pode ser confundida com democracia, pois para que um trabalho possa ser significa�vo, é
crianças. Isso me causou uma grande insegurança quando terminei o curso de Pedagogia, pois ainda era muito difícil para
o autoavaliação, trocas entre profissionais e reflexão constante sobre a prá�ca, o que não acontecia no
mim ver como a teoria aprendida na faculdade se transformava em prática. Esse tipo de gestão, que pode até soar como uma
o em que trabalhei lá.
gestão democrática por conta da liberdade concedida às profissionais, acaba por empobrecer os caminhos percorridos para
Em um outro momento, com meu diploma de graduação em mãos, vivenciei uma gestão mais
a aprendizagem, tanto por parte das professoras como das crianças. A ausência da gestão na construção pedagógica diária de
lizadora, nauma qual
escolaa não
falapode
dasserespecialistas
confundida com em educação
democracia, não
pois para queera considerada,
um trabalho possa sermuitas vezes
significativo, nem
é preciso na parte
autoavaliação,
ógica. As decisões
trocas entreeram tomadas
profissionais apenas
e reflexão pelos
constante membros
sobre a prática, oda
quegestão, o que
não acontecia incluíaem
no período questões
que trabalheirela�vas
lá. ao
ano da escola, ao Em pedagógico e ao calendário.
um outro momento, com meu diplomaO conteúdo queem
de graduação seria
mãos,trabalhado
vivenciei umaao longo
gestão maisdo ano nas turmas
centralizadora, na qual
truturado previamente pela coordenação, organizado em apos�las e não contava com
a fala das especialistas em educação não era considerada, muitas vezes nem na parte pedagógica. As decisões eram tomadasa par�cipação das
soras. Ainda assim,
apenas a equipe
pelos membrosdocente
da gestão,erao quechamada semanal
incluía questões ou quinzenalmente
relativas ao cotidiano da escola, para uma reunião
ao pedagógico individualO
e ao calendário.
intuito de avaliar
conteúdoasque propostas planejadas
seria trabalhado ao longopara
do anoo período,
nas turmasmesmo que estas
era estruturado fossem
previamente baseadas
pela coordenação,no que foi pré-
organizado em
elecido pelaapostilas
coordenação.
e não contava Par�cipávamos
com a participação dedasformações
professoras.bimestrais,
Ainda assim, anas quais
equipe a presença
docente era chamada dasemanal
direção ou
ente acontecia. Nos relatórios
quinzenalmente de avaliação
para uma reunião individual com daso intuito
aprendizagens, que eram
de avaliar as propostas escritos
planejadas para opara
período,asmesmo
famílias
que
panharem oestas desenvolvimento
fossem baseadas no daquecriança, havia sempre
foi pré-estabelecido pelamudanças
coordenação.realizadas
Participávamos pordeparte da gestão,
formações re�rando
bimestrais, nas quaisoa
ão julgavampresença da direção raramente
ser verdadeiro ou importanteacontecia.deNos serrelatórios
dito, sem de avaliação das aprendizagens,
uma conversa prévia,que o queeramreforçava
escritos para a as famílias
falta de
acompanharem o desenvolvimento da criança, havia sempre mudanças
nça nas profissionais e a necessidade de manter o controle. Houve momentos em que eu só percebia as realizadas por parte da gestão, retirando o que não
julgavam ser
ções no momento daverdadeiro
reuniãooucom importante de ser dito,
as famílias. sem uma
A falta de
conversa prévia, o que reforçava a
omia se fazia presente desde as professoras até as crianças. falta de confiança nas
profissionais e a necessidade de manter o controle. Houve
Digo isso pois, ao mesmo tempo em que as professoras não
momentos em que eu só percebia as alterações no momento
ipavam do processo de construção do planejamento
da reunião com as famílias.
ógico bimestral, Aasfalta crianças não �nham permissão para
de autonomia se fazia presente desde as
rem a sua professoras
autonomia em momentos do co�diano, como ir
até as crianças. Digo isso pois, ao mesmo tempo em
nheiro, beber queágua ou até não
as professoras se locomover
participavam do pelo espaço
processo escolar
de construção
ntervençãodode um adulto.
planejamento pedagógico bimestral, as crianças não tinham
O clima que reinava
permissão aliexercerem
para era faltaade suaconfiança
autonomia em e de parceria.
momentos do
a uma eterna briga
cotidiano, como entre a gestão
ir ao banheiro, bebere água
a equipe
ou até sedocente.
locomover
s vezes, nãopeloparecia
espaço que trabalhávamos
escolar sem a intervençãojuntas, mas parecia
de um adulto.
gestão estava ali Opara climanosquevigiar
reinavae ali
sinalizar
era faltaosdenossos
confiança erros.
e de
que eram simplesmente
parceria. Parecia uma apontados,
eterna briga pois faltava
entre ume espaço
a gestão Protagonismo da Coordenação Pedagógica na articulação e
a equipe envolvimento de todas as equipes nas formações internas e externas.
o ao diálogo. Isso chegou
docente. a umnão
Muitas vezes, ponto
pareciaem queque as professoras
trabalhávamos juntas,
odiam maismas nem parecia que a gestão
cartazes estava ali
na parede paraanos
sem vigiar e sinalizar
aprovação os nossosque
da gestão, erros.queria
Erros que eram simplesmente
verificar a qualidade apontados,
da nossa pois
a. faltava um espaço aberto ao diálogo. Isso chegou a um ponto em que as professoras não podiam mais nem pendurar cartazes
na parede sem a aprovação da gestão, que queria verificar a qualidade da nossa escrita.
Apesar de ser um estilo de gestão bem diferente da primeira experiência que relatei, quase oposta, vejo que esta da
mesma forma, acaba por empobrecer o processo pedagógico vivido dentro da escola, pois a falta de abertura e confiança
fazia com que a equipe docente fosse apenas reprodutora dos conteúdos julgados adequados. Um planejamento que poderia
50

50
Apesar de ser um es�lo de gestão bem diferente da primeira experiência que relatei, quase oposta, vejo
que esta da mesma forma, acaba por empobrecer o processo pedagógico vivido dentro da escola, pois a falta de
abertura e confiança fazia com que a equipe docente fosse apenas reprodutora dos conteúdos julgados
adequados. Um planejamento que poderia ser realizado em parceria e assim, contar com diferentes pontos de
vista, tornando-o mais rico e significa�vo, era idealizado por apenas uma cabeça e aplicado por outra. É fácil
imaginar queser realizado
o mesmo em acontecia
parceria e assim, contar com
em relação às diferentes
crianças,pontos
que como de vista, tornando-o
citei mais rico pouca
acima, �nham e significativo,
autonomiaera idealizado
nesse
por apenas uma cabeça e aplicado por outra. É fácil imaginar que o mesmo acontecia
espaço. As propostas planejadas não consideravam as diversidades presentes em cada grupo, o que fazia com que em relação às crianças, que como citei
elas também acima, tinham poucareprodutoras
se tornassem autonomia nesse doespaço. As propostas
conteúdo, planejadas não consideravam
e não protagonistas dos processos as diversidades presentes em cada
de aprendizagem.
Emgrupo,
outraso que fazia com
escolas pelas quequais
elas também
passei,sepercebi
tornassem uma reprodutoras
abertura do conteúdo,
maior para easnãodecisões
protagonistas dos processos
cole�vas, tanto da de
aprendizagem.
equipe quanto da comunidade. Porém isso acontecia em momentos pontuais previstos no calendário escolar e que
são obrigatórios,Emcomo outrasno escolas pelas quais
Conselho de passei,
Escolapercebi uma abertura
e Associação de maior
Pais epara as decisões
Mestres, coletivas, tanto
Indicadores de da equipe quanto
Qualidade da
da comunidade. Porém isso
Educação e Reuniões Pedagógicas bimestrais. acontecia em momentos pontuais previstos no calendário escolar e que são obrigatórios, como
NosnoConselhos
Conselho dedeEscola Escola e Associação
e Associação de Pais e Mestres,
de Pais Indicadores
e Mestres, momentosde Qualidade
nos quaisda Educação
contávamos e Reuniões
com aPedagógicas
presença
bimestrais.
de representantes de diferentes segmentos da comunidade escolar, como gestão, equipe docente, auxiliares
Nos Conselhos de Escola e Associação de Pais e Mestres, momentos nos quais contávamos com a presença de
técnicos de educação e famílias, discu�amos diferentes assuntos rela�vos ao dia a dia da escola, como onde aplicar
representantes de diferentes segmentos da comunidade escolar, como gestão, equipe docente, auxiliares técnicos de
o dinheiro das verbas, prestação de contas, bem como organização geral do dia a dia da escola. Nos Indicadores de
educação e famílias, discutíamos diferentes assuntos relativos ao dia a dia da escola, como onde aplicar o dinheiro das verbas,
Qualidade da Educação, havia a presença de todos os
prestação de contas, bem como organização geral do dia a
segmentos que citei acima para fazer a autoavaliação da
dia da escola. Nos Indicadores de Qualidade da Educação,
unidade escolar. Nesses momentos, a tomada de decisão
havia a presença de todos os segmentos que citei acima
era feita de forma cole�va. Nas Reuniões Pedagógicas,
para fazer a autoavaliação da unidade escolar. Nesses
havia apenas a presença da gestão e das professoras e
momentos, a tomada de decisão era feita de forma
professores da Unidade Escolar para discu�r e decidir
coletiva. Nas Reuniões Pedagógicas, havia apenas a
encaminhamentos pedagógicos, sem contar com a
presença da gestão e das professoras e professores da
par�cipação de outros educadores e educadoras da
Unidade Escolar para discutir e decidir encaminhamentos
escola.
pedagógicos, sem contar com a participação de outros
Claro que os momentos previstos em calendário são
educadores e educadoras da escola.
muito importantesClaroe devem acontecer. Porém, não podemos cair
que os momentos previstos em calendário
no equívocosãodemuito
pensarimportantes
que somente o cumprimento dos eventos
e devem acontecer. Porém, não
do calendário escolarcair
podemos sejam suficientes
no equívoco deou determinantes
pensar que somente parao
que a gestão de uma escola
cumprimento seja dedo
dos eventos fatocalendário
democrá�ca. Mesmo
escolar sejam
nessas escolas que realizavam esses eventos obrigatórios,
suficientes ou determinantes para que a gestão de uma muitas
vezes eu meescola
via colocada
seja de nos fatoextremos
democrática. entre a liberdade
Mesmo nessastotal e a Mandela,
escolas
Protagonismo Familiar - Presidente do Conselho de Escola da EMEI Nelson
a Vice-Presidente e a Diretora Regional de Educação da
extrema limitação, ambas vazias
que realizavam esses de reflexão.
eventos obrigatórios, muitas vezes
Freguesia/Brasilândia em reunião com o Secretário Municipal de Educação.

Para
eu uma
me viagestão
colocada democrá�ca,
nos extremos aentre par�cipação
a liberdadeetotal
escuta das pessoas
e a extrema queambas
limitação, compõemvazias deuma comunidade escolar
reflexão.
deve acontecer de forma
Para uma constante e se tornar
gestão democrática, uma prá�ca
a participação internalizada,
e escuta das pessoas umque hábito
compõemdiário.
uma comunidade escolar deve
Apesar dos modelos de gestão relatados acima terem suas diferenças,
acontecer de forma constante e se tornar uma prática internalizada, um hábito diário. vejo pontos em comum. Percebo que
a falta de diálogoApesar
reina em dos todas
modelos asdesituações: entre acima
gestão relatados gestão e equipe
terem docente,vejo
suas diferenças, entre equipe
pontos docente
em comum. e crianças,
Percebo entre
que a falta de
gestão e equipe docente e famílias. É algo que causa um efeito dominó, afeta a todos e todas.
diálogo reina em todas as situações: entre gestão e equipe docente, entre equipe docente e crianças, entre gestão e equipeEsses lugares parecem
não ter dado a devida
docente importância
e famílias. É algo que para causa momentos de discussão
um efeito dominó, afeta a todose debate
e todas.sobre assuntos
Esses lugares relevantes
parecem não ter aodado contexto
a devida
educacional, como o Projeto Polí�co-Pedagógico da unidade, elaboração de calendário,
importância para momentos de discussão e debate sobre assuntos relevantes ao contexto educacional, como o Projeto rumos dos projetos e
planejamentos semanais, limitando
Político-Pedagógico da unidade, as decisões
elaboraçãoade apenas uma pessoa.
calendário, rumos dos Algo que também
projetos me chama
e planejamentos atenção,
semanais, é o fato
limitando as
das diretoras e diretores dessas escolas estarem ausentes em diversos momentos do
decisões a apenas uma pessoa. Algo que também me chama atenção, é o fato das diretoras e diretores dessas escolas co�diano escolar, como nas
reuniões pedagógicas,
estarem ausentes limitando
em diversos a sua atuaçãodoa cotidiano
momentos questõesescolar,
burocrá�cas
como nase reuniões
administra�vas
pedagógicas,e criando
limitando assim,
a sua relações
atuação a
limitadas dentro da escola. O distanciamento de uma gestão dos processos pedagógicos
questões burocráticas e administrativas e criando assim, relações limitadas dentro da escola. O distanciamento de uma descaracteriza a ideia de
gestão
dos processos pedagógicos descaracteriza a ideia de gestão democrática, pois além de ser uma das atribuições desse cargo
51

51
realizar
gestãoesse acompanhamento,
democrá�ca, pois além de quando
ser uma falamos em democracia
das atribuições desse
entendemos
cargo realizar que éesse importante a atuação ativaquando
acompanhamento, de todasfalamos as pessoas em
democracia
que compõem
gestão democrá�ca, entendemos
essa comunidade,
pois além deque é importante
nossermais
uma diversos a atuação
aspectos de
das atribuições a�va uma
desse de
todasrealizar
cargo
unidade as pessoas
escolar, sejamque
esse compõeme/ou
acompanhamento,
pedagógicos essa comunidade,
quando falamos
administrativos. nos maisem
diversos
democracia aspectos
Outroentendemos de
ponto relevante uma unidade
que é importante escolar,
a ausência da sejam
a atuação pedagógicos
participação a�va das de
e/ou
todas administra�vos.
famíliasasnesse
pessoas que compõem
processo. Em todos essa comunidade,
os exemplos, estasnos só mais
eram
diversos Outro ponto
aspectos de relevante
uma unidade é a ausência
escolar, da par�cipação
sejam pedagógicos das
convidadas a adentrar esse espaço em eventos obrigatórios e festivos,
famílias
e/ou nesse
administra�vos. processo. Em todos os exemplos, estas só eram
momentos
convidadas queasão muito importantes
adentrar esse espaço e devem
em eventosacontecer para firmare
obrigatórios
o vínculo Outro ponto
dasmomentos relevante
famílias comque é
a escola, masa ausência
apenas da par�cipação
esses momentos das
não
fes�vos,
famílias nesse processo. Em são todosmuito importantes
os exemplos, estas esódevemeram
permitem
acontecer a sua participação ativa. Além das famílias, não consigomas me
convidadas apara firmaresse
adentrar o vínculo
espaço dasem famílias
eventos comobrigatórios
a escola, e
lembrar
apenas deesses
momentosmomentos em quenão outros segmentos
permitem a da escola,
sua par�cipaçãocomo
fes�vos, momentos que são muito importantes e devem Protagonismo das Educadores da Merenda Escolar
a�va.
educadoras Além e das famílias,
educadores não
da consigo
limpeza,
acontecer para firmar o vínculo das famílias com a escola, masme
da lembrar
secretaria, de momentos
da cozinha, formando a comunidade sobre hábitos alimentares

em queesses
agentes
apenas deoutros
apoio, segmentos
auxiliaresnão
momentos dadeescola,
vida como
permitem escolar, aeducadoras
fizeram
sua e educadores
parte
par�cipação de da limpeza, da secretaria, da cozinha, agentes
Protagonismo das Educadores da Merenda Escolar
de apoio,
momentos auxiliares de vida escolar, fizeram parte de momentos de discussão e trabalham
tomada denadecisão,
sobreeo queeducadoras
reforça a
a�va. Alémdedas discussão
famílias, e tomada
não consigo de decisão,
me lembraro que reforça a exclusão de pessoas que
de momentos formando a comunidadeescola são
hábitos alimentares
exclusão de mas
e educadores, pessoaspor nãoqueobterem
trabalham na
umcomo escolade
diploma e são educadoras
pedagogia não são e educadores,
consideradas mas
como por
tal.não obterem um diploma de
em que outros segmentos da escola, educadoras e educadores da limpeza, da secretaria, da cozinha, agentes
pedagogia não são consideradas como tal.
de apoio, Hoje, com as novas
auxiliares de vida vivências
escolar,que adquiriparte
fizeram ao longo dos anos, tudo
de momentos isso me intriga,
de discussão pois questiono
e tomada de decisão,queolugar
que seria maisa
reforça
Hoje, com as novas vivências que adquiri ao longo dos anos, tudo isso me intriga, pois ques�ono que lugar
exclusão
propício parade pessoas
o diálogoque trabalham na escola
e descentralização do poder e são
do queeducadoras
uma escola, e educadores,
e acredito quemas essepor não obterem
pensamento um diploma
me ocorre de
pois pude
seria mais propício para o diálogo e descentralização do poder do que uma escola, e acredito que esse pensamento
pedagogia
presenciar não
como são consideradas como tal.
me ocorre poisissopudeacontece em uma
presenciar como escola
issoque se atreve
acontece ema umaviver escola
a gestãoquedemocrática.
se atreve aEscolhiviver ao gestão
termo “atrevimento”,
democrá�ca.
porque Hoje,
vejo a com
decisão as novas
de vivências
colocá-la em que
prática adquiri
de verdadeao longo
e sem dos anos,
reservas, tudo
como isso
um me
ato intriga,
de pois
resistência ques�ono
ao modelo que lugar
que nos
Escolhi o termo “atrevimento”, porque vejo a decisão de colocá-la em prá�ca de verdade e sem reservas, como umé
seria mais
instituído, propício
em que uma para o diálogo e descentralização do poder do que uma escola, e acredito que esse pensamento
ato de resistência aopessoa
modelo manda
que nos e aséoutras obedecem,
ins�tuído, em que umauma pessoa
pessoaocupa o lugar
manda e asdeoutras
saber obedecem,
mais do que umaas outras ea
pessoa
me ocorre
responsabilidade pois pude presenciar como isso acontece em uma escola que se atreve a viver a gestão democrá�ca.
ocupa o lugar édedesaber uma única
mais do figura.
queRenunciar
as outrasao e alugar de poder, se tornar
responsabilidade é deresponsável
uma única efigura. aceitarRenunciar
compartilhar a missão
ao lugar de
Escolhi
poder, o termo
se tornar“atrevimento”,
responsável porque
e aceitar vejocompar�lhar
a decisão deacolocá-la missão emfazer
de prá�ca umade verdade
escola e sem reservas,
funcionar, exige como um
coragem,
de fazer uma escola funcionar, exige coragem, disposição e o trabalho de todas e todos envolvidas (os) nessa prática.
ato de resistência
disposição ao modelo queenos é ins�tuído, em que uma pessoa manda e as outras obedecem, uma pessoa
Uma egestão
o trabalho de todas
democrática todos
é aquela envolvidas
que se propõe (os) nessa
a abrirprá�ca.
as portas da escola, promovendo e possibilitando a
ocupa o lugarUma de saber
gestão mais
democrá�ca do queé as
aquela outrasque ese a responsabilidade
propõe a abrir é de da
as portas uma únicapromovendo
escola, figura. Renunciar ao lugar de
e possibilitando a
participação
poder, se de todos
tornar e todas
responsável da comunidade
e aceitar escolar
compar�lhar (professorasa e
missãoprofessores,
de fazercrianças,
uma famílias,
escola direção,
funcionar,equipe
exige pedagógica,
coragem,
par�cipação
demais educadores de todos e todas da
e educadoras, comunidade
comunidade do escolar
entorno, (professoras
agremiações, e professores, crianças,
parceiros de outras famílias,
áreas direção, equipe
do conhecimento etc.).
disposição e o trabalho de todas e todos envolvidas (os) nessa prá�ca.
pedagógica, demais educadores e educadoras, comunidade do entorno, agremiações, parceiros de outras áreas do
Essa participação
Uma gestão se dá de forma ativa
democrá�ca nos processos
é aquela de tomada deas decisão eda enriquece promovendo
o Projeto Político-Pedagógico da
conhecimento etc.). Essa par�cipação seque dá sedepropõe
forma a�va a abrir nos portas
processosescola,de tomada de decisão e possibilitando
e enriquece oa
Unidade
Projetoe para
par�cipação deisso,
todosé necessário
Polí�co-Pedagógico e todas da mostrar
da comunidade
Unidade a essa e comunidade
escolar
para isso, éonecessário
seu papele professores,
(professoras nomostrar
contextoa educacional.
crianças,
essa famílias, odireção,
comunidade seu papel equipe
no
Da
pedagógica, mesma
demais
contexto educacional. forma que,
educadores quando e falo
educadoras,em gestão democrática,
comunidade do digo
entorno, que é necessário
agremiações, que representantes
parceiros de outras da gestão
áreas do
conhecimento
abram as portas
Da mesma etc.).
da Essa
escola,forma par�cipação
ela também
que, quando se dáfalo
só pode de em forma
acontecer a�va nos
quando
gestão existeprocessos
uma equipe deetomada de decisão
uma comunidade e enriquece
educativa dispostao
aProjeto
se Polí�co-Pedagógico
empenhar
democrá�ca, edigo
a assumir as da Unidade que erepresentantes
responsabilidades
que é necessário paraqueisso,vêmécom necessário
da essa decisão, mostrar
pois aem essa
umacomunidade o seu papel
gestão democrática não cabeno
contexto
apenas educacional.
gestãoparticipar
abram as dasportas
tomadas dade decisão,
escola, elamastambémtambém sócolocá-las
pode
emacontecerDa mesma
prática. A quando forma
descentralização
existe uma que,
do poderquando
equipe falo
de edecisão em gestão
também implica
uma comunidade
democrá�ca,
naeduca�va digo
disposta
divisão do trabalho que é necessário
se empenhar e a assumir da
a sera desempenhado. que representantes as
gestão abram
responsabilidades as portas
que da
vêm escola,
com essa ela também
decisão,
A EMEI Nelson Mandela foi a minha primeira experiência em pois sóem pode
uma
acontecer
gestão quando existenão
democrá�ca umacabe equipe e umapar�cipar
comunidade
um lugar que exemplifica as práticas de apenas
uma gestão democrática dasque
educa�va
tomadas disposta a se empenhar e a assumir asA
relatei acima.deIsso decisão, mas também
não significa que é umcolocá-las
caminho fácil, em prá�ca.
que todas as
responsabilidades
descentralização que
do vêm com
poder de essa decisão,
decisão também poisimplica
em uma na
respostas já estão prontas e que não há conflitos. A meu ver, é um
gestão
divisãodemocrá�ca
do trabalho a ser não cabe apenas par�cipar das
desempenhado.
caminho de erros e acertos que continua sendo trilhado e precisa ser Protagonismo de todos e todas as parceiras da
tomadas de A EMEI Nelson Mandelacolocá-las
decisão, mas também foi a minha em prá�ca.primeira A escola na formação da comunidade mandelense.
revisado constantemente.
descentralização
experiência em do umpoder lugar de quedecisão
exemplifica também implica de
as prá�cas na uma gestão democrá�ca que relatei acima. Isso não
Quando entrei na
divisão do trabalho a ser desempenhado. EMEI em 2017, muito do trabalho
Protagonismo de todos e todas as parceiras da
construído já tinhaNelson
A EMEI sido feito. Muito dofoi
Mandela quearelato minha aquiprimeira
já fazia parte escola na formação da comunidade mandelense.

experiência em um lugar que exemplifica as prá�cas de uma


52 gestão democrá�ca que relatei acima. Isso não

52
52
da prática há um tempo. Para mim, tudo era novidade. Pensar coletivamente no projeto didático? Novidade. Ouvir as falas das
crianças sobre o que estavam aprendendo e então decidir os próximos passos? Novidade. Fazer parte de reuniões pedagógicas
nas quais as educadoras da limpeza, da cozinha, agentes de apoio, secretaria e gestão participavam? Novidade. Chamar as
significa que é um caminho fácil, que todas as respostas já estão prontas e que não há conflitos. A meu ver, é um
famílias para participarem de propostas a qualquer momento do dia e qualquer dia da semana? Novidade. Enfim, iniciei uma
caminho de erros e acertos que con�nua sendo trilhado e precisa ser revisado constantemente.
experiência que não
Quando tinhana
entrei precedentes
EMEI em 2017,para mim.
muito do trabalho construído já �nha sido feito. Muito do que relato aqui
Estar inserida nesse ambiente,
já fazia parte da prá�ca há um tempo. Para em um primeiro
mim, momento, causou estranhamento
tudo era novidade. e receio de como
Pensar cole�vamente agir, pois
no projeto muitas
didá�co?
vezes eu não Ouvir
Novidade. me sentia apta para
as falas dasocupar essesobre
crianças lugar, inseguranças
o que estavam essasaprendendo
que eu carregava (e às vezes
e então decidir ainda
osme vejo carregando)
próximos passos?
desde
Novidade. Fazer parte de reuniões pedagógicas nas quais as educadoras da limpeza, da cozinha, agentes deo apoio,
o início da minha vida profissional nessa área. Tudo era tão novo e complexo, que muitas vezes eu não sabia que e
como fazer. Sentia
secretaria e gestãoque par�cipavam?
eu não ia me encaixar.
Novidade.Não se comparava
Chamar com nenhuma
as famílias outra experiência
para par�ciparem escolar queaeuqualquer
de propostas já havia
presenciado,
momento doseja diacomo aluna ou
e qualquer diaprofessora,
da semana? e aNovidade.
cada dia que passava,
Enfim, inicieime
umasurgiam novos desafios,
experiência que nãotanto
�nhacomo pessoa,
precedentes
quanto como profissional. Apesar dos medos que tive, eu decidi valorizar as vivências que estava tendo ali. Sabia que seria
para mim.
algo que Estar
levariainserida
para a minha
nessevida, mesmo que
ambiente, em um eu não permanecesse
primeiro momento, nessa escola,estranhamento
causou então me coloquei como aprendiz.
e receio de como agir,
pois muitas
Eu mevezes eupassar
permiti não me porsen�a apta para
um processo ocupar esse lugar,
de desconstrução e tirarinseguranças essasdeque
tudo o que tivesse bomeudessa
carregava (e às vezes
experiência, e até
aindacontinuo
hoje, me vejoaprendendo
carregando) desde
muito o início
todos da minha
os dias. vida profissional
O que diferencia o momento nessaemárea. Tudo era
que entrei tão novo
na escola e complexo,
de hoje, que
é que agora
muitas
eu vezes
sei que euestar
quero não sabia o que e ocomo
ali e encontrei sentidofazer. Sen�aessas
de todas que
eu não ia me encaixar. Não se comparava
práticas. O estranhamento que tive inicialmente, me com nenhuma
outra experiência
possibilitou perceberescolar
que todos queoseu já havia
outros lugares presenciado,
pelos quais
eu passei em dez anos de profissão não eram e nem passava,
seja como aluna ou professora, e a cada dia que estavam
me surgiam novos
tentando ser assim. desafios, tanto como pessoa, quanto
como profissional.
Uma das práticas que me marcou aconteceu nadecidi
Apesar dos medos que �ve, eu EMEI
Nelson Mandela, primeira escola em que tive acesso realseria
valorizar as vivências que estava tendo ali. Sabia que ao
algo que levaria para a minha vida, mesmo que eu não
Projeto Político Pedagógico, logo no início do ano. Com acesso
permanecesse nessa escola, então me coloquei como
real, quero dizer ter a chance de ler, estudar, entender o
aprendiz.
porque de cada coisa escrita ali e participar da sua construção.
Protagonismo Docente na condução de Eu me permi� passar por um processo de
reuniões pedagógicas, de pais e de formação. Isso se mostra uma prática democrática, pois apesar de o
desconstrução e �rar tudo o que �vesse de bom dessa
experiência, e até hoje, con�nuo aprendendo muito todos os dias. Projeto Político-Pedagógico
O que diferencia seroum documento
momento empúblico, muitas
que entrei na
pessoas de uma comunidade escolar nem sabem da existência dele. Em alguns dos
escola de hoje, é que agora eu sei que quero estar ali e encontrei o sen�do de todas essas prá�cas. Oexemplos que dei acima, mesmo sendo
professora,
estranhamento não tive acesso
que �ve ainicialmente,
esse documento,me muito menos perceber
possibilitou participação queemtodos
sua construção.
os outrosTer a chance
lugares pelosde quais
participar desse
eu passei
processo
em dez anosfez com que eu menão
de profissão sentisse
eramde fato uma
e nem estavamespecialista
tentando emser
educação,
assim. pois o conhecimento que adquiri ao longo dos
anos foi valorizado.
Uma das prá�casAlém disso,
quememetrouxe
marcou uma sensação na
aconteceu de EMEI
pertencimento, que ia muito
Nelson Mandela, além escola
primeira de apenasemtrabalhar em um
que �ve acesso
local, mas
real ao sim dePolí�co
Projeto fazer parte de uma história
Pedagógico, logo no e de ser uma
início de suas
do ano. Comprotagonistas.
acesso real, Uma querodas protagonistas,
dizer ter a chance poisdenessa história
ler, estudar,
que relatamos
entender são muitas.
o porque de cada coisa escrita ali e par�cipar da sua construção. Isso se mostra uma prá�ca democrá�ca,
pois apesar
Lá tambémde o éProjeto
costumePolí�co-Pedagógico
que a gestão participe serdasum documento
reuniões diárias,público,
formações, muitas
momentospessoas de uma comunidade
de planejamento semanal,
escolar
bem comonem sabem
também da existência
é um dele. Em alguns
hábito ver educadoras, dos exemplos
professoras e criançasque dei acima,
dentro da sala damesmo
gestão.sendo professora,
No final de cada ano não �ve
letivo,
acesso a esse documento, muito menos par�cipação em sua construção. Ter a chance de
a linha de referência, que mostra o que será trabalhado no projeto coletivo do ano seguinte, é construída envolvendo a par�cipar desse processo
fez com quedaeugestão,
participação me sen�sse de fato
professoras, uma eespecialista
famílias crianças. Houveem educação,
anos em que pois
as ofamílias
conhecimento
expressaram queo adquiri ao longo
que gostariam quedos
as
anos foi valorizado. Além disso, me trouxe uma sensação de pertencimento,
crianças aprendessem, assim como também houve momentos em que essa pergunta foi feita às crianças. que ia muito além de apenas trabalhar
em umAlocal,
sala damas sim éde
gestão umfazer parte
espaço de umapara
concebido história
trocaee de ser uma
diálogo, de suas protagonistas.
e a apropriação desse espaçoUma se deudasao protagonistas,
longo dos anos
pois nessa história que relatamos são muitas.
pela equipe docente, educadoras e educadores, crianças e comunidade.
Lá também é costume que a gestão par�cipe das reuniões diárias, formações, momentos de planejamento
As famílias também se apropriam cada vez mais dos espaços da escola. São convidadas a participar das atividades que
semanal, bem como também é um hábito ver educadoras, professoras e crianças dentro da sala da gestão. No final de
envolvam
cada anoconhecimentos
le�vo, a linharelativos ao projeto
de referência, que quemostra
está sendo
o quedesenvolvido em qualquer
será trabalhado dia quecole�vo
no projeto a professora acharseguinte,
do ano produtivo,é
construída envolvendo a par�cipação da gestão, professoras, famílias e crianças. Houve anos em que as famílias
expressaram o que gostariam que as crianças aprendessem, assim como também houve momentos em que essa
53

53
além daqueles momentos definidos pelo calendário escolar obrigatório.
Elas também participam do Projeto Diretor e Diretora de Escola por um
Dia, definindo prioridades e auxiliando a direção nas tomadas de decisão
juntos ao Conselho Escolar e Associação de Pais e Mestres. As famílias,
na EMEI Nelson Mandela, compõem a comunidade de aprendizagem
que se forma para e pelas crianças.
Práticas que caracterizam uma gestão democrática, como as que
relatei até aqui, surtem efeitos que vão além da relação entre a gestão e
as professoras. Os reflexos se mostram na forma como outras relações
se darão, como entre as professoras e as crianças, outras educadoras e
famílias, e vice-versa. Como professora, afirmo que refletindo sobre
essas práticas, me coloco de maneira diferente em relação às crianças.
Já não é possível me colocar como a detentora de todo o saber, a
transmissora de conhecimentos. Hoje, a sala é o lugar no qual eu me
coloco como parceira nas descobertas com o grupo. É o território de
experiências no qual eu me coloco como gestora e posso perceber os
desafios de uma gestão de fato democrática. Uma das práticas que
alterei e que para mim fica mais evidente é em relação à escuta das
crianças. A prática de ouvi-las e considerar as suas opiniões, preferências
e necessidades é algo que antes era muito abstrato para mim. Eu achava
que as estava considerando sim, mas na verdade ainda fazia o que
julgava ser importante. Eu as ouvia, mas não as escutava de fato. Essa
mudança não significa que hoje no meu grupo cada um faz o que quer
na hora que quer. Pelo contrário, olhando e refletindo sobre a minha
prática e me baseando nos princípios de uma gestão democrática, me
coloco como parte integrante desse grupo, no qual discutimos, pensamos
e tomamos decisões em conjunto. O dia a dia é organizado e construído por muitas mãos.
Foi neste lugar, me colocando dessa maneira, que eu percebi o quanto é difícil a gestão ser verdadeiramente
democrática: como fazer para ouvir e considerar as opiniões de trinta crianças? Não parece possível, mas é um exercício
enriquecedor e necessário, a partir do momento em que acreditamos na potência das vozes que fazem uma escola.
Como citei acima, práticas como as que ocorrem aqui não aconteceram da noite para o dia, e precisam ser
constantemente discutidas e avaliadas, pois é muito fácil voltarmos a antigos hábitos tão enraizados em nossa formação. Ter
um coletivo forte, um grupo alinhado, não significa ter ausência de conflitos. Ao longo dos anos, ocorreram momentos em
que atitudes por parte das (os) profissionais envolvidas (os) foram questionadas, levantando dúvidas sobre o quão de fato as
decisões eram tomadas de maneira democrática. Como exemplo, relato aqui uma situação que ocorreu entre gestão e equipe
docente: anualmente é realizada uma festa na escola com a temática trabalhada nos projetos.
Normalmente, essa festa acontece entre os meses de junho e agosto, dependendo da organização do calendário.
Uma prática que temos é de solicitar às famílias de cada turma que enviem prendas para as barracas de brincadeiras. No ano
de 2019, percebemos que a quantidade de prendas recebidas até uma certa data não seria suficiente para a realização da
festa, o que fez com que a gestão tomasse a decisão de adiá-la. O comunicado às famílias foi feito no momento da saída das
turmas e pegou muitas pessoas da equipe docente de surpresa. Como já havíamos decidido de forma coletiva a data na qual

54
cisão causou estranhamento. No dia seguinte, a gestão e a equipe docente se reuniram para con
ocorrido. A opinião da maioria permanecia favorável à realização da festa na data combinada, e
mesmo havendo discordâncias sobre o melhor a ser feito, a festa foi man�da. Tivemos muito trabalho
para fazê-la acontecer, mas no fim deu tudo certo e a festa foi um sucesso.
a festa seria
Em uma escola realizada,
que pra�caessa decisão
a gestão causou estranhamento. Nonão
democrá�ca, dia seguinte,
é possívela gestão e a equipe
dizer quedocente
a�tudes se reuniram
comopara a relatada
conversar sobre o ocorrido. A opinião da maioria permanecia favorável à realização da festa na data combinada, e dessa forma
m apenasmesmoda gestão para a equipe docente. Eu, como professora responsável por uma turma de
havendo discordâncias sobre o melhor a ser feito, a festa foi mantida. Tivemos muito trabalho como coletivo para
s, já me vifazê-la
na mesma
acontecer,posição
mas no fimde deu ter
tudoque
certo tomar decisões
e a festa foi um sucesso.consideradas pouco democrá�cas, tendo em
gava ser melhorEmpara o grupo
uma escola em adeterminados
que pratica gestão democrática, momentos.
não é possível dizerSituações assim
que atitudes como ocorrem
a relatada pois não é fáci
acima ocorrem
apenas da gestão para a equipe docente. Eu, como professora responsável por uma turma de trinta crianças, já me vi na
s vozes valerem em um cole�vo tão diverso e numeroso. Em sala de aula, penso em momentos co�d
mesma posição de ter que tomar decisões consideradas pouco democráticas, tendo em vista o que julgava ser melhor para o
isso ocorreu.
grupo em Um bom exemplo
determinados momentos.éSituações
quando, assimnos
ocorremmomentos
pois não é fácilde Ludoteca,
fazer todas as vozesavalerem
turma em é umdividida
coletivo tão em mesa
es jogos. diverso
Eu permaneço
e numeroso. Emem sala uma
de aula,mesa
penso emcom quatro
momentos crianças
cotidianos em queescolhidas
isso ocorreu. Umnobommomento do planejament
exemplo é quando, nos
entação de momentos
um jogo de Ludoteca,
novo,aenquanto
turma é divididaas emoutras
mesas com diferentes jogos.
crianças Eu permaneço
da turma em uma mesa com
se organizam nasquatro crianças
outras mesas com
escolhidas no momento do planejamento para a apresentação de um jogo novo, enquanto as outras crianças da turma se
ecidos. Porém,
organizam acontece
nas outras mesasdecom muitas criançasPorém,
jogos já conhecidos. desejarem
acontece deficar
muitasem umdesejarem
crianças mesmo ficar jogo, o que imposs
em um mesmo
s brincadeiras.
jogo, o queNesses momentos,
impossibilita me vejo
algumas brincadeiras. Nessesna situação
momentos, denater
me vejo quedevetar
situação ter queavetar
escolha
a escolhade algumas crian
de algumas
o é o mais crianças,
justo, afinal
o que nãouma escolha
é o mais foiuma
justo, afinal feita e expressada,
escolha masmas
foi feita e expressada, não nãofoi possível
foi possível cumprir
cumprir naquele momen
naquele momento.
Já tive também que invalidar decisões do grupo sobre brincadeiras que faríamos em determinados territórios da escola por
mbém queconta invalidar decisões do grupo sobre brincadeiras que faríamos em determinados territór
de imprevistos ou falhas na minha divisão do tempo entre os espaços.
or conta de imprevistos ou falhas
Ninguém está livre de passarna por minha
situações divisão
como estas,do tempo
porém entre
penso que os espaços.
é preciso sempre olhar para elas e pensar
Ninguémseestá livreforma
há alguma de passar
melhor depor agir. situações como estas, porém penso que é preciso sempre olhar par
r se há alguma forma melhor de agir.

55
55
"Um país sem democracia
é um lugar ilegal, sem
alvará de funcionamento e
sem licença para ser
Pátria"

Sergio Vaz. Priscilla de Lima Rocha


Formada em pedagogia pela
Universidade Paulista UNIP com
especialização em Psicopedagogia pelo
Centro Universitário Assunção.
Professora de Educação Infan�l na Emei
Nelson Mandela desde 2017.

56
56
Nota Tempos

infâncias
Tempos
possibilidades
e espaços,
e espaços,
de
umauma
interpretação.
outra quando
concepçãocom
concepção
Uma
possibilidades de interpretação. Uma quando pensamos nas
nas infâncias
e outrae quando pensamos
pensamos
quando
nos
com inúmeras
inúmeras
pensamos
nosprofissionais
profissionais
envolvidos
envolvidos com com elaselas
e ae serviço
a serviçodelas.
delas. Uma Uma quando
quando
analisamos
analisamos e acompanhamos
e acompanhamos as crianças
as crianças emem seusfazeres
seus fazerese
outras equando
outras quando
gerimosgerimos uma escola.
uma escola. O que Oproponho
que proponhonessa
nota énessa nota épedagógico-administra�vo.
um olhar um olhar pedagógico-administrativo. Envolvendo a

Onde, escola inteira,Envolvendo


universo.
considerando a inteira,
a escola
como centro desse universo.
criançaconsiderando
como centro desse
a criança

quando
Para evitar injus�ças
Para evitar do �po
injustiças do “sobrou
tipo “sobroupra mim”,
pra mim”,“era
fulano(a)
“eraque teria que
fulano(a) queteria
fazer“
queou as “ou
fazer clássicas respostas
as clássicas que
respostas
deixamquequalquer
deixamgestor
qualquerintranquilo como “mas
gestor intranquilo como foi “mas
a primeira
foi a

e
vez”, “não sei”, “não deu tempo” “nunca
primeira vez”, “não sei”, “não deu tempo” “nunca aconteceu” ou
“esqueci”, as linhas
aconteceu” ou de tempos,asespaços
“esqueci”, linhas deetempos,
atribuições espaçossãoea
soluçãoatribuições
para muitos são dos problemas
a solução da escola.
para muitos Promovemdaa
dos problemas

para
jus�ça escola.
na divisão de atribuições e lembram aos
Promovem a justiça na divisão de atribuições funcionários e

?
que estão em uma Unidade Educacional para
lembram aos funcionários que estão em uma Unidade servir à criança,
ao seuEducacional
bem-estar, para a suaservir
segurança e abraçar o compromisso

quê
à criança, ao seu bem-estar, a sua
diário segurança
de ampliar seus horizontes, independentemente
e abraçar o compromisso diário de ampliar seus da
funçãohorizontes,
que exerçam. independentemente da função que exerçam.
As linhas de tempo, espaços e atribuições garantem
As linhas de tempo, espaços e atribuições garantem
às crianças todos os direitos de aprendizagem que estão
às crianças todos os direitos de aprendizagem que estão
detalhados em nosso Projeto Polí�co-Pedagógico, porque
detalhados em nosso Projeto Político-Pedagógico, porque
reservam para cada grupo os diferentes territórios de
reservam para cada grupo os diferentes territórios de
aprendizagem pensados e construídos para elas e mais do
aprendizagem pensados e construídos para elas e mais do
que isso, podem contar com mais de um profissional em
que isso, podem contar com mais de um profissional em
momentos que precisam de mais auxílio para realizar
algumasmomentos
a�vidades. que precisam de mais auxílio para realizar
algumas
Há mais atividades.
uma questão que sempre nos pareceu
Há mais
importan�ssima para es�mular uma questão que sempre
a conversa nos pareceu
das famílias com
nossasimportantíssima
crianças sobre opara queestimular
�nham feito a conversa
na escola. dasSabemos
famílias
que é com nossasresponder
simples crianças sobreaosopais
que tinham feito na escola.
que perguntam que
Sabemos que é simples responder aos
passaram o dia brincando e, de fato, é isso que tentamospais que perguntam
que passaram
proporcionar o dia mas
o dia todo, brincando
queríamose, dequalificar
fato, é isso que
melhor
tentamos proporcionar o dia todo, mas queríamos
esse brincar.
qualificar
Na EMEImelhor Nelson esse brincar. para garan�r que nossas
Mandela,
famílias (sim, Na EMEI Nelson
porque Mandela, são
se as crianças paranossas,
garantir que nossas
as famílias
também famílias (sim, porque se as acrianças
são) acompanhassem ro�na são nossas,
diária as famílias
de suas filhas e
também são) acompanhassem a rotina
filhos, nós publicávamos anualmente as linhas nas redes diária de suas filhas
sociaiseefilhos, nós publicávamos
enviávamos uma cópiaanualmente
por meio da as linhas
agenda. nasAssim,
redes
sociais eem
ao chegarem enviávamos
casa, seusuma paiscópia por meio
poderiam da agenda.
perguntar mais
Roberto - 6 anos
obje�vamente qual a receita
Assim, ao chegarem em casa,que �nham
seus pais poderiaminventado
perguntar na
cozinhamais
experimental,
objetivamente quequal
brincadeira
a receita que�nham tinhamconhecido
inventado na
quadra,naque livro �nham
cozinha escolhido que
experimental, na sala de leitura ou
brincadeira o que
tinham

57
57
�nham plantado
conhecido na horta.
na quadra, queEnfim haviaescolhido
livro tinham argumentos para
na sala um bom
de leitura ou obate
que papo.
tinhamIsso aproxima
plantado e dá,
na horta. às crianças,
Enfim a noção
havia argumentos
exata daum
para importância que sua
bom bate papo. Issofamília dispensa
aproxima e dá, àsà escola.
crianças,Ganhos
a noçãopara
exatatodos os lados. que sua família dispensa à escola.
da importância
Para os adultos,
Ganhos para todos os lados. elaboramos uma linha de tempo, espaço e atribuições para todas e todos: gestão,
professoresParae crianças,
os adultos,professores
elaboramosde umamódulo que
linha de auxiliam
tempo, as crianças
espaço durante
e atribuições para todo
todasoeperíodo que permanecem
todos: gestão, professores e
na crianças,
escola, equipe da secretaria, agentes escolares, auxiliares técnicos de educação,
professores de módulo que auxiliam as crianças durante todo o período que permanecem na escola, educadores daequipe
limpeza da
(empresa terceirizada), educadoras da alimentação (empresa terceirizada) e condutores escolares.
secretaria, agentes escolares, auxiliares técnicos de educação, educadores da limpeza (empresa terceirizada), educadoras da
Isso garan�u
alimentação (empresa o terceirizada)
redirecionamento das escolares.
e condutores a�vidades dos professores de módulo que davam suporte ao
professor eIsso
nãogarantiu
à criança, possibilitou à direção
o redirecionamento ser asser�va
das atividades na supervisão
dos professores e orientação
de módulo que davamnos serviços
suporte de limpeza
ao professor e nãoda
à
merenda e à gestão pedagógica acompanhar as docentes com precisão nos territórios de aprendizagem.
criança, possibilitou à direção ser assertiva na supervisão e orientação nos serviços de limpeza da merenda e à gestão
Conclusão:
pedagógica Quando
acompanhar as cada um com
docentes sabeprecisão
seu papel, o gestor sabe
nos territórios a quem deve solicitar, cobrar um serviço a ser
de aprendizagem.
feito ou elogiar aquele bem realizado. As cobranças são reduzidas
Conclusão: Quando cada um sabe seu papel, o gestor sabe a quem deve a menos da metade
solicitar, ecobrar
o desgaste reduzido
um serviço a ser afeito
quase
ou
zero. Os elogios? Começam a fazer parte da ro�na.
elogiar aquele bem realizado. As cobranças são reduzidas a menos da metade e o desgaste reduzido a quase zero. Os elogios?
Dica: aAsfazer
Começam linhas dedatempo,
parte rotina. espaços e atribuições individuais são reduzidas para que possam ser colocadas
junto com oDica:
celular nos bolsos
As linhas de tempo,dosespaços
servidores.
e atribuições individuais são reduzidas para que possam ser colocadas junto com o
celular nos bolsos dos servidores.
Acervo - Mostra Cultural

58
58
Voz Teia do conhecimento, o desenho do pensar e fazer
Roberta de Cássia Silvestre

É uma honra imensa e motivo de orgulho ser importante acervo que se apresentava para mim.
uma das representantes das tantas vozes da EMEI Nesse ponto da leitura, talvez, seja importante dizer
Nelson Mandela. Ter feito parte de algo tão especial, que eu acabara de iniciar minha carreira na educação
construído a tantas mãos é simplesmente incrível. regular, minha experiência com salas de aula estava
Lembro-me de me encantar com a escola desde o muito distante das escolas. Isso dito, imaginem o
primeiro dia e assim permaneci, por 4 anos letivos, tamanho da minha insegurança com o material.
com encantamentos diários que traziam consigo A minha experiência e relação com a
doses de ensinamentos para uma professora documentação pedagógica foi construída com base
inexperiente. num processo diário de observação, reflexão,
Logo, cada dia se tornou um antídoto para a persistência e envolvimento. Nessa caminhada me
mesmice, para a descrença e para a apatia. Era deparei com o grande desafio de incorporar ao meu
impossível ter qualquer um desses sintomas diante trabalho a teia de conhecimentos, compreender a
de uma comunidade escolar tão grandiosa, mas não transcendência do projeto didático construído a
se engane, antídotos nem sempre são gostosos ou partir da perspectiva e história das crianças.
confortáveis. O desconforto torna-se companheiro Antes de adentrar especificamente no
quando estamos dispostos a aprender com a terreno da teia, é importante resgatarmos as
caminhada. E assim foi para mim: uma caminhada influências que temos na construção da prática
repleta de encantamento, mas também do pedagógica, a partir de nossas próprias experiências
desconforto necessário. Foram anos intensos que enquanto estudantes. Uma das mais marcantes e
me construíram como pessoa, muito antes de me que se relacionam diretamente com teia de
construírem como profissional. conhecimentos é a sequência didática.
O trabalho político-pedagógico na EMEI A sequência didática se caracteriza por ser
Nelson Mandela é estruturado por uma complexa um conjunto de atividades, uma maneira de
documentação pedagógica que nos permite avaliar, encadear ou relacionar etapas de um ou mais
redirecionar, pensar e repensar os percursos que processos de aprendizagem, determinando a ordem
estamos construindo com o grupo de crianças. Essa ou sequência a qual cada conteúdo precisa ser
complexa estrutura proporciona ao docente diversas apresentado com o objetivo de promover uma
formas de registro do trabalho pedagógico, aprendizagem gradual e eficiente.
ampliando o olhar sobre o percurso de construção Ao sermos educados sob essa perspectiva,
do conhecimento vivido pelas crianças. Pensar nessa aprendemos a hierarquizar o conhecimento,
estrutura me faz lembrar do meu primeiro dia diante definindo o que é mais importante ou mais complexo,
da EMEI que me transformaria. o que deve vir antes ou depois, sem considerarmos
Foi intenso na mesma medida que foi mágico. as potencialidades e interesses das crianças. A
Embora a Cibele tivesse planejado falar da sequência didática passou a ser a nova cartilha, um
documentação pedagógica com parcimônia, era método que se antecipava em planejar com detalhes
impossível não se sentir inundado frente àquele a ordem que as crianças deveriam se relacionar com

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este ou aquele conhecimento. Impregnados da perspectiva de eficiência da sequência didática fomos impelidos
a fundir esse conceito com o conceito de planejamento didático e assim, mesmo sem perceber, não concebíamos
outra maneira de organizar o trabalho pedagógico.
Quando eu cheguei na EMEI Nelson Mandela, o movimento para superar a sequência didática já havia
iniciado, não era à toa que fomos convidadas a entender o que seria uma teia de conhecimentos e construir uma
a partir do projeto didático.
A superação da sequência didática é justamente um convite para que nos aprofundemos nas relações
que estabelecemos com o conhecimento. Por que uma criança precisa aprender sobre animais antes de aprender
a escrever? Seria possível encontrar outros universos de interesse infantil? Seria possível contemplar esses
universos e ampliar nosso olhar para o que deve fazer parte de um projeto didático?
Estabelecendo um paralelo com o meu próprio percurso de formação enquanto docente, considerar a
sequência didática como recurso, seria em algum momento dizer que apenas depois de conhecer profundamente
cada item da documentação pedagógica eu poderia fazer uso dela, quando na verdade, somente o percurso foi
capaz de me dar elementos para a compreensão do trabalho e o papel dos diversos registros que fui construindo.
Foi no contato com o todo que eu construí meu próprio caminho. E nessa elaboração, idas e vindas foram
essenciais para que eu atribuísse significado a cada tropeço, cada registro e cada observação.
Pensando nas minhas próprias experiências, fica muito claro quão complexa e ao mesmo tempo simples
é a construção do conhecimento. Complexa porque ela foge do padrão que temos como lógico: ordenado,
sequencial e organizado. Simples porque tudo pode, tudo tem ligação e sempre é hora de construir significados.
Não há recessos nessa jornada, tudo o que vivenciamos interfere de alguma forma em nossa percepção e em
como atribuímos sentido ao que nos cerca.
Eis o desafio de tecer a teia de conhecimentos. Desconstruir a visão de que aprendizagem tem hora
certa, ordem e sequência para acontecer que um tema se define e se esgota nele mesmo e assim podemos
“partir” para o próximo. É um chamado constante à construção e desconstrução, planejamento e mudanças de
rota. Para superá-lo, vivíamos anualmente dois processos: o primeiro composto pela elaboração do projeto
didático e dos principais temas que gostaríamos de visitar a partir dele. Parecido com um esqueleto, esse mapa
trazia, a partir de uma construção coletiva, devo ressaltar, pontos importantes a serem visitados ao longo do
ano letivo com uma estimativa do mês que seria possível adentrar em cada tema.
Junto com esses temas, subtemas eram cuidadosamente planejados com a intenção de enriquecer as
experiências relacionadas a ele. Tê-los na linha do projeto didático não tornava obrigatório o trabalho com cada
um deles, mas apontava possíveis caminhos que iam sendo escolhidos à medida que nós escutávamos as
crianças. Com o esqueleto do projeto pronto, fazíamos a transferência desses subtemas para a teia de
conhecimento, processo esse que foi fundamental para o trabalho construído. O pensar fora da rota, fora do
que estávamos habituados precisou de um processo com etapas para que não nos perdêssemos nessa complexa
trama.
A seguir veja o esquema, ou como citado acima, o esqueleto do projeto didático e seus desdobramentos:

60
1° TURNO - MODOS DE SER E VIVER NO MUNDO: A MINHA, A SUA, A NOSSA CASA
FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO, JUNHO E JULHO JUNHO AGOSTO E OUTUBRO E DEZEMBRO
SETEMBRO NOVEMBRO
ADAPTAÇÃO CHEGADA SOFIA E DAYÓ MODOS DE SER E MODOS DE SER E VIVER: MODOS DE SER E MODOS DE SER MODOS DE SER E MODOS DE SER
CONSTRUÇÃO COM A MALA: MODOS DE VIVER: O CORPO É A A CASA DO OUTRO VIVER: A CASA DO E VIVER: BAIRRO ESTAR NO MUNDO E ESTAR NO
COLETIVA DO SER E VIVER CASA DE QUÊ? OUTRO DO LIMÃO MUNDO
RESTAURANTE - É DIFERENTE
- 1° CASA: GRAVIDEZ - QUAIS SÃO AS - QUAIS AS SITUAÇÕES APRESENTAÇÃO - NOSSOS NATUREZA E -MOSTRA
- CHEGADA DO AZIZI *PESQUISA SOBRE ATITUDES REAIS QUE ENTRAMOS COLETIVA CORPOS EM AMBIENTE? CULTURAL:
E DO HENRIQUE GESTAÇÃO COM AS SUSTENTÁVEIS PARA EM CONTATO COM A RELAÇÃO COM A “FEIRA DE
FAMÍLIAS CUIDAR DO NOSSO CASA (CORPO) DO OUTRO MÚSICAS QUE FALEM NATUREZA E O - CAMPANHAS JUNTO CIÊNCIAS /
- FOTOS DE *PARTO CORPO (CASA)? DE CONTATOS E AMBIENTE À COMUNIDADE “OFICINAS”
PESSOAS SE *ALIMENTAÇÃO *ALIMENTAÇÃO -PROFISSÕES QUE CASA DE MODO
ALIMENTANDO *CÉLULAS TRONCO (DENTRO DO CORPO PERMITEM O CONTATO SUBTENDIDO -MAPEAMENTO -VISITAR A
*COMO VIVEMOS TEMOS OUTRAS CORPORAL (SUGESTÃO 2018: VERDE DO SUBPREFEITURA
-CONSTRUÇÃO DO DENTRO DA BARRIGA DA CASAS – ÓRGÃOS) “COISA DE CASA” – BAIRRO
RESTAURANTE COM MÃE *SENTIMENTOS -LINGUAGENS ARTÍSTICAS BANDA OUTROEU) -NATUREZA E SUA
AS FAMÍLIAS *O QUE *HIGIENE QUE ME PERMITEM O -RELAÇÃO DE MATÉRIA PRIMA
EXPERIMENTAMOS, *SONO CONTATO COM O OUTRO CONSUMO E UTILIZADA
SENTIMOS E NATUREZA PLENAMENTE
APRENDEMOS DENTRO -PREFERÊNCIAS -SITUAÇÕES COTIDIANAS (SABONETE VEGANO)
DA BARRIGA DA MÃE PESSOAIS DE CONTATO CORPORAL -AÇÕES
COLETIVAS -CRIAÇÃO DE MODOS
-O CORPO (CASA) - O EQUILÍBRIO DAS JUNTO A ALTERNATIVOS DE
ALÉM DE ABRIGAR, RELAÇÕES ENTRE OS COMUNIDADE UTILIZAÇÃO DA
COMUNICA O QUE SERES VIVOS PROMOVE A DA PAZ MATÉRIA PRIMA
SOMOS E DO QUE SUSTENTABILIDADE
GOSTAMOS -QUEM VOCÊS -ENVOLVIMENTO DA
*COMO VESTIMOS -A NATUREZA PRECISA DE ACHAM QUE SOCIEDADE CIVIL
NOSSO CORPO CONTATOS MORA AQUI?
(CASA)? -VISITAS
*LINGUAGEM -O CONTATO COM O SISTEMÁTICAS:
CORPORAL CORPO (CASA) DO OUTRO MOBILIZAÇÃO,
GERA OUTRAS VIDAS CONSCIENTIZAÇÃO,
CONTEXTUALIZAÇÃO,
PLANEJAMENTO,
INTERVENÇÃO

habituadosObserve
precisouque o desenho
de um processotraz
comuma estimativa
etapas para quedenão
percurso do projetonessa
nos perdêssemos didático, considerando
complexa trama. alguns
objetivos, falas das crianças ao final do ano letivo anterior e desdobramentos do grande tema, nesse caso:
A seguir veja o esquema, ou como citado acima, o esqueleto do projeto didá�co e seus desdobramentos:
“Modos de ser e viver no mundo: A minha, a sua, a nossa casa.” Tecer a teia é entrelaçar cada experiência numa
trama repletaque
Observe de significados
o desenho étraz não uma
determinar
es�ma�vacomo,demas disponibilizar
percurso recursos
do projeto para que
didá�co, as informações
considerando alguns
sejam desvendadas, questionadas ou quem sabe, reinventadas.
obje�vos, falas das crianças ao final do ano le�vo anterior e desdobramentos do grande tema, nesse caso: “Modos
Como
de ser e viver parte integrante
no mundo: A minha,dos registros
a sua, a nossadocasa.”
trabalho docente e desenvolvimento do projeto didático a teia é
estruturada coméoentrelaçar
Tecer a teia nome/temacadado projeto didático
experiência numaexemplo: Modos de
trama repleta deser e viver noémundo:
significados a minha, acomo,
não determinar sua, amas
nossa casa.”, os eixos (ser, conhecer, fazer e conviver) adaptados ao projeto e as perspectivas sobre o projeto
disponibilizar recursos para que as informações sejam desvendadas, ques�onadas ou quem sabe, reinventadas.
que circundam a teia.
Como parte integrante dos registros do trabalho docente e desenvolvimento do projeto didá�co a teia é
Os eixos que citei acima, são estruturas que abrigam os direitos de aprendizagem (objetivos) que
estruturada com o nome/tema do projeto didá�co exemplo: Modos de ser e viver no mundo: a minha, a sua, a
consideramos em nosso planejamento. Esses direitos estão dispostos no quadro de referência (currículo),
nossa casa.”, os eixos (ser, conhecer, fazer e conviver) adaptados ao projeto e as perspec�vas sobre o projeto que
documento que está em contínua transformação para atender as crianças em suas infâncias.
circundamOa teia.
quadro de referência, foi inspirado nos objetivos de aprendizagem contidos nos documentos oficiais,
em especial naque
Os eixos citei acima,
normativa nº 1 desão estruturas
2015 – Padrõesque abrigam
Básicos os direitos
de Qualidade de aprendizagem
na Educação (obje�vos)
Infantil Paulistana e noque
consideramos
Currículo daem nosso
Cidade paraplanejamento. Esses(2019)
a Educação infantil direitos
– osestão dispostos
eixos nos no quadro
quais esses objetivosdese referência
organizam, (currículo),
por sua
documento que está em con�nua transformação para atender as crianças em suas infâncias.
vez, foram inspirados no livro “Educação, um Tesouro a Descobrir”, sob a coordenação de Jacques Delors, e sua
O quadro
proposição dosdequatro
referência,
pilaresfoi
deinspirado nos obje�vos
uma educação de aprendizagem
para o século con�dos
XIX. Esses pilares foram nos documentos
ressignificados oficiais,
a partir da em
especial na norma�va
realidade nº 1educativo
do território de 2015 –daPadrões Básicos
EMEI Nelson de Qualidade
Mandela e da BasenaNacional
Educação Infan�l
Comum Paulistana
Curricular. e nosendo,
Assim Currículo
da Cidade para a Educação
foram elaborados infan�l
objetivos (2019)
para cada eixo– que
os eixos nos quaispara
são utilizados esses obje�vos se de
o planejamento organizam,
propostaspor sua vez,para
e desafios foram
inspirados no livro “Educação, um Tesouro a Descobrir”, sob a coordenação de Jacques Delors, e sua proposição dos
as crianças.
quatro pilares de uma educação para o século XIX. Esses pilares foram ressignificados a par�r da realidade do
território educa�vo da EMEI Nelson Mandela e da Base Nacional Comum Curricular. Assim sendo, foram
61
elaborados obje�vos para cada eixo que são u�li�ados para o planejamento de propostas e desafios para as
crianças.
A seguir vejaveja
A seguir os subtemas
os subtemas dodoesqueleto
esqueletodo doprojeto
projeto dede 2019, “A minha,
2019, “A minha,aasua,
sua,a anossa
nossacasa.
casa. Modos
Modos de de
serser e
conviver no mundo.”:
e conviver no mundo.”:
- Família Abayomi,
- Família Abayomi,a casa dosdos
a casa afetos;
afetos;
- A nossa primeira casa;
- A nossa primeira casa;
- Nosso corpo
- Nosso é a casa
corpo de quê?
é a casa de quê?
- A casa do outro;
- A casa do outro;
- Bairro do limão,
- Bairro a casa
do limão, de muitos
a casa de muitos de nós;
de nós;
- O mundo,
- O mundo,a casa de todos
a casa de todose todas.
e todas.
Esses subtemas
Esses subtemas sãosãodesdobramentos
desdobramentos do do grande temaeeterão
grande tema terãoo opapel
papeldede nortear
nortear alguns
alguns caminhos
caminhos do do
trabalho
trabalho pedagógico.
pedagógico. ElesElessãosãotranscritos
transcritosparapara aa teia,
teia, sem
sem referência
referênciacronológica,
cronológica,a fima fimde dequequepossamos
possamos
estabelecer conexões entre eles ao longo do processo construído com o grupo de crianças.
estabelecer conexões entre eles ao longo do processo construído com o grupo de crianças. Nesse ponto da leitura, Nesse ponto da
leitura,
acredito seracredito ser importante
importante resgatar que resgatar
a nossaqueideia
a nossa ideia
é que umé que
temaumnãotema não precisa
precisa ter umter fimumem fimsi em si mesmo
mesmo e que se
e que se queremos superar a sequência didática, as relações entre esses subtemas não
queremos superar a sequência didá�ca, as relações entre esses subtemas não podem ser estabelecidas sem a podem ser estabelecidas
sematenta
escuta a escuta atenta crianças
às nossas às nossasou crianças ou sem considerar
sem considerar o envolvimento
o envolvimento do grupodo grupo
nas nas
ações doações do projeto.
projeto.
Considerando
Considerando os os aspectos
aspectos citados,
citados, iniciamos
iniciamos a teia
a teia delineando
delineando sua
sua estrutura,ououseja,
estrutura, seja, colocandononopapel
colocando
os pilares que serão a sustentação para as conexões que faremos ao longo do ano le�vo. Veja um um
papel os pilares que serão a sustentação para as conexões que faremos ao longo do ano letivo. Veja exemplo
exemplo da teia
da teia ainda no início do ano letivo:
ainda no início do ano le�vo:

A FAMILIA ABAYOMI
D
A C AE
I O E E ASA SC
R D DE D O
R ITÓ IDA CASA DOS QUEQULA,
R N EM Ê
TE UMA AFETOS
H
A CASA DE TUDO

MODO DE
O MEU CORPO
O PLANETA

SER E
E TODOS

O MUNDO
O CORPO
A CASA DE
TODOS
VIVER NO CASA DE
E MUNDO QUÊ?
TODAS
A MINHA, A SUA,
A NOSSA CASA

A O
CA TR
SA OU
DO DO
O LIMÃO O
UT CASA DE ORP
RO C
MUITA O
GENTE

62 62
Observe que o nome do projeto e os subtemas foram transcritos para o papel de forma que seja possível
a relação entre qualquer um deles, sem ordem cronológica ou hierárquica. Considerando as falas infantis e
outros elementos que tornem possível essa conexão.
Para Observe
alimentarquea oteia
nome e estabelecer
do projeto e os possíveis
subtemasconexões, nos pautamos
foram transcritos em nosso
para o papel de formasemanário. O semanário
que seja possível a
é o registro de nosso
relação entre planejamento
qualquer um deles, semsemanal,
ordem em cada proposta,
cronológica registramos
ou hierárquica. também
Considerando as falas
as falas das ecrianças
infan�s outros que
nos dão elementos
elementos que possibilitam
que tornem identificar sua compreensão, interesse e relação com o tema. Ao final da
possível essa conexão.
Para alimentar
semana, a professora a teia e seus
revisita estabelecer possíveis
registros, conexões,
avalia a semananos pautamos
do projeto em nosso semanário.
e recorre à teiaO semanário
para desenharéo as
registro de nosso planejamento semanal, em cada proposta, registramos também as
conexões. Na teia, vários tipos de registros são possíveis: temas já trabalhados com o grupo de crianças,falas das crianças que nos dão
elementos queque
desdobramentos possibilitam
poderemos iden�ficar
usar, sua
novos compreensão,
temas, falas interesse e relaçãoque
das crianças comapontem
o tema. Aouma final nova
da semana,
conexão.a Ao
professora revisita seus registros, avalia a semana do projeto e recorre à teia para desenhar as conexões. Na teia,
revisitar os registros, temos também dimensão do envolvimento das crianças pelos temas. Alguns serão mais
vários �pos de registros são possíveis: temas já trabalhados com o grupo de crianças, desdobramentos que
interessantes
poderemos para
usar,um determinado
novos temas, falasgrupo de crianças,
das crianças outrosuma
que apontem nem novatanto.
conexão. Ao revisitar os registros, temos
Sob essa perspectiva, reitero aqui que o esqueleto
também dimensão do envolvimento das crianças pelos temas. Alguns serãoaponta caminhos ao invés
mais de engessá-los.para
interessantes A sequência
um
didática passou agrupo
determinado ser compreendida
de crianças, outrospela
nem equipe
tanto. docente da EMEI Nelson Mandela como uma possibilidade de
ampliação do Sobrepertório
essa perspec�va, reitero aqui que
das professoras o esqueleto
e nunca comoaponta
sendocaminhos
um projeto ao invés
emdesi engessá-los. A sequência
para ser aplicado junto às
crianças, visto seu caráter subjetivo e parcial no momento de sua elaboração. Esse modo de pensar adeprática
didá�ca passou a ser compreendida pela equipe docente da EMEI Nelson Mandela como uma possibilidade
ampliação do repertório das professoras e nunca como sendo um projeto em si para ser aplicado junto às crianças,
sempre foi considerado um processo, uma fase a ser superada para conquistar o pensar coletivo.
visto seu caráter subje�vo e parcial no momento de sua elaboração. Esse modo de pensar a prá�ca sempre foi
Reconhecer a identidade do grupo é fundamental para nós e isso só é possível quando temos mecanismos
considerado um processo, uma fase a ser superada para conquistar o pensar cole�vo.
de registrosReconhecer
variados eaque nos proporcionem
iden�dade flexibilidade
do grupo é fundamental paraenós
reflexão sobre
e isso só a prática.
é possível quando temos mecanismos
de Para contextualizar
registros variados e quecomo nossos registros
nos proporcionem se articulam
flexibilidade e nos
e reflexão sobre permitem apurar reflexões sobre os
a prá�ca.
processos que Para ocontextualizar
grupo de crianças
como nossos estáregistros
construindo, vamos
se ar�culam e nosanalisar
permitemo apurar
trabalho de uma
reflexões sobresemana típica de
os processos
que o grupo
planejamento de crianças está construindo, vamos analisar o trabalho de uma semana �pica de planejamento e
e registro:
registro:
Às sextas feiras realizamos o planejamento. No início do ano letivo, nossa prioridade é o acolhimento das
Às sextas feiras realizamos o planejamento. No início do ano le�vo, nossa prioridade é o acolhimento das
crianças.1-Temos objetivos específicos para esse período, o projeto inicia timidamente. À medida que as interações
crianças. Temos obje�vos específicos para esse período, o projeto inicia �midamente. À medida que as
acontecem, interações
o projetoacontecem,
vai ganhando mais espaço, corpo e força. O planejamento semanal é composto por 2
o projeto vai ganhando mais espaço, corpo e força. O planejamento semanal é
propostas diárias
composto considerando
por 2 propostaseixos,diárias
objetivos, territórios
considerando e oobje�vos,
eixos, projeto em si. O planejamento
territórios e o projeto em inicia
si. Ocom a
avaliação daplanejamento
semana queiniciase encerra. Observe
com a avaliação o exemplo:
da semana que se encerra. Observe o exemplo:

AVALIAÇÃO DA SEMANA
PRECISO PRIORIZAR PARA A PRÓXIMA SEMANA
EM RELAÇÃO AO PROJETO:
Conseguimos ampliar novos conhecimentos em relação à vida do bebê na barriga da mãe de forma
leve e divertida. A pesquisa com as famílias teve um bom retorno.

EM RELAÇÃO ÀS CRIANÇAS:
Se envolveram bastante e estão falando sobre o projeto em outros territórios de aprendizagem.
Manipular os dados da pesquisa foi um grande desao para a maioria. Apesar da grande adesão à
pesquisa, preciso dar um tempo para não esgotar esse recurso.
Quando lemos a avaliação da semana já podemos guardar as seguintes informações:
Quando lemos a avaliação da semana já podemos guardar as seguintes informações:
- O grupo de crianças se envolveu com as questões sobre a gestação, estão levando para casa suas conquistas e as
- O grupo
famílias de criançastambém.
estão par�cipando se envolveu com as questões sobre a gestação, estão levando para casa suas
conquistas
- O temae do
as projeto
famíliastem
estão
sido participando também.
pauta de conversas das crianças em momentos livres (o que demonstra curiosidade e
- O tema do projeto tem sido pauta de conversas das crianças em momentos livres (o que demonstra
engajamento)
curiosidade e engajamento)
- Realizaram uma pesquisa e isso foi desafiador para a maioria, embora seja um bom recurso, u�lizá-lo
indiscriminadamente
- Realizaram umapode causaredesinteresse
pesquisa e distanciar
isso foi desafiador as crianças.
para a maioria, embora seja um bom recurso, utilizá-lo
indiscriminadamente pode causar desinteresse e distanciar as crianças.
63

63
2 – Considerando a avaliação da semana, tudo o que o grupo de crianças já viu e o esqueleto do projeto, a
professora então inicia
2 – Considerando seu planejamento.
a avaliação As propostas
da semana, tudo do projeto
o que o grupo são asjáprimeiras
de crianças a seremdo
viu e o esqueleto planejadas,
projeto,
assim, os outros territórios visitados ao longo da semana poderão ser mediadores para essas
a professora então inicia seu planejamento. As propostas do projeto são as primeiras a serem planejadas, propostas
assim,
também. Ao planejar o projeto, a professora já está u�li�ando seus próprios registros para
os outros territórios visitados ao longo da semana poderão ser mediadores para essas propostas também. Ao encontrar
conexões.
planejar Observe
o projeto, o exemplo:
a professora já está utilizando seus próprios registros para encontrar conexões. Observe o
exemplo:

64
64
Observando a página do semanário acima, juntamente com os quadros explicativos, podemos
compreender algumas das conexões estabelecidas entre os temas do projeto. Nessa concepção que nos
pautamos para construir a teia de conhecimentos, as falas das crianças são muito valiosas e não podem se
perder nas páginas do semanário. Elas precisam de avaliação e reflexão para que sejam pinçadas no momento
certo e reiterem o pacto de protagonismo que estabelecemos com as crianças. Trazendo a fala que conduziu o
planejamento daquela proposta, a professora dá a possibilidade das crianças se reconhecerem no processo,
tornando tudo muito mais interessante. Contudo, a intencionalidade e identidade da professora está ali,
conforme explicação do quadro 3: a partir da minha leitura, experiências e paixões, atribuí às falas do grupo
esse caráter científico que me permitiu conectar a barriga da mamãe, o corpo, as diferentes árvores da escola e
a genética. Minha intencionalidade pedagógica esteve presente a todo tempo e é meu papel saber colocá-la a
serviço do projeto. No entanto, quando o planejamento sai do papel e vai para a prática, o eixo narrativo é
deslocado, a eles não interessa o “pedagogês”, interessa sentir-se protagonista do processo, sentir-se parte
colaboradora, essencial e insubstituível do grupo. Isso é pertencimento.
3 – Considerando um intervalo semanal, a professora utiliza o semanário e outros registros que possam
colaborar para alimentar a teia de conhecimentos. Para compreendermos melhor esse processo, vamos utilizar
os dados que já temos e mais alguns registros de outras propostas para criar conexões em uma teia de
conhecimentos.
Nesse ponto da estruturação da teia de conhecimentos, algumas dúvidas surgem. Como fazer um
planejamento se as conexões são criadas a partir da fala das crianças? Como estabelecer objetivos em um
processo que não foi antecipado?
Desenhar o esqueleto do projeto é a antecipação. É considerar temas que se relacionam e enriquecem o
todo. Olhar para ele ao longo do ano letivo é uma ótima estratégia para nos lembrar de que nós sabemos aonde
queremos chegar.
E é assim que a documentação pedagógica da EMEI Nelson Mandela se completa, o planejamento é, não
só inspirado, mas também viabilizado, por esses registros diversos, entre eles a teia. A teia de conhecimentos
torna visível como as falas das crianças se conectam com nossos objetivos. A intencionalidade pedagógica é a
mediadora entre esses elementos e os registros da teia organizam o pensamento didático, desenhando as
relações já estabelecidas para que possamos elaborar novas conexões a serem exploradas. O registro é uma
etapa do processo de construção da teia. O desenho da linha do projeto didático, as experiências com o grupo
de crianças, o planejamento, o registro das falas, a avaliação da semana, o olhar atento, as reflexões propostas
nas formações, todos esses elementos constroem nosso registro e nos permite enxergar novos links, novos
percursos, outras direções.
Afinal, como fazer o registro na teia de conhecimentos?
Construir a teia é tornar o mais visual possível o percurso que estamos construindo com o grupo de
crianças, testar caminhos, traçar planos. Sabe aquela fala infantil que foi muito boa, mas não cabe no tema
nesse momento?
Ela pode ir para a teia e ter desdobramentos incríveis!
Para construirmos um exemplo de registro na teia, considere as imagens e registros que já analisamos e
a próxima imagem, que são registros de falas das crianças da mesma semana:

65
Agora façamos algumas conexões com os dados que temos:

A FAMILIA ABAYOMI
AD DA

A SA D QU
CA E D
ID O

ES E E
E
AN RI

ÃO

CO Q M
ES S
ARVOR
M TÓ

E
GUMAS

LA UÊ
A L S?
OU A
HU RRI

E T R

PESSOAS SÃO DIFERENTES

,
FL PORQ U
CASA DOS QUE AS

FÍSICAS QUE NOS TORNAM ÚNICOS


OR R E S
TE

MA IO
CA EST
AFETOS

DANÇA E DESCANSA
SA A,

BRINCA, CANTA
DE MA

CARACTERÍSTICAS
SE
M?
LO C A L I Z A Ç Ã O

QU R E
GEOGRÁFICA

ND TER TO
ÃO S
E NT

AÇ NO
EM RIO IM
QU ISM
O

FE ÃOS IMEN
EN
? DE TO RAC NCEITO
U E IS S( ECO
Ê O TÁV AL PR

C
CU IN
OR NHE
Q U E N EG
E ST RI
S A D S SU MODO DE A,
TR
CO
CA UDE IST G

O MEU CORPO
TA IT SER E E)
R AT
HO
GENÉTICA
VIVER NO O CORPO DNA
MUNDO

RELAÇÃO DE AMOR ENTRE OS FAMILIARES


CASA DE
A CASA DE TUDO

O MUNDO QUÊ? 5 SENTIDOS


A MINHA, A SUA,
A PLANETA
E TODOS

A CASA DE
TODOS
A NOSSA CASA
O QUE NOS FAZ DIFERENTES?

E O
TODAS MO
BARRIGA DA MÃE

CO ÃO
NOSSA PRIMEIRA

O :
ÇÃ IM
OQ
U T I GA DO L
EP E S O
CASA

BA
INV BAIR R
OD SA?
IR
PARRO D
TEM NOO LIM
A EM
OS A CA ?
SS Ã
PARALGU A CA O QU US INH RVE
A A MA SA ( E F
S C CO CO AZ
AR
NO É A M LA SE
LIMÃO E
RIA ISA RP BEM
NÇ FE O). MO UE
I
AS? TA
CASA DE CO RA Q
MUITA PA
O
A

GENTE
TR

COMO EU CUIDO DA
CA

OU
SA

CASA DO OUTRO?
DO
DO

ATITUDES POSITIVAS
O

CAMPANHAS REVITALIZAÇÃO
OU

RP

DA
CO
TR

PRAÇA
O

66
66
Na representação gráfica da teia, podemos observar esquemas traçados a par�r dos subtemas e nessas
conexões idas e vindas em um mesmo tema são possíveis. Como saber? Avaliando os registros e constatando o
envolvimento do grupo de crianças naquele determinado assunto. Perceba como esse processo pode ser
enriquecedor eNa respeitoso
representaçãocom os processos
gráfica das
da teia, crianças.
podemos Uma turma
observar esquemaspodetraçados
ficar extremamente envolvidae com
a partir dos subtemas nessasas
questõesconexões
do corpoidas humano
e vindas e sua
em umcomposição,
mesmo tema fazendo com que
são possíveis. a professora
Como explore os
saber? Avaliando mais o tema
registros com o grupo,
e constatando o
enquantoenvolvimento
outra turma do se debruça
grupo desobre as questões
crianças naqueledo bairro ou dos
determinado �pos dePerceba
assunto. moradia. Nãoesse
como há certo e errado.
processo podeSobsera
enriquecedor
perspec�va e respeitosodos
da transversalidade comtemas
os processos das crianças.cada
que escolhemos, Umaponto
turma dopode ficar extremamente
projeto nos abre um envolvida
rico lequecomde
as questões do corpo humano e sua composição, fazendo com que a professora explore mais o tema com o
experiências e aprendizagens com as crianças. Não há prejuízos em deixá-las guiar e traçar os caminhos, pelo
grupo, enquanto outra turma se debruça sobre as questões do bairro ou dos tipos de moradia. Não há certo e
contrário, envolvê-las no processo é a premissa para o sucesso.
errado. Sob a perspectiva da transversalidade dos temas que escolhemos, cada ponto do projeto nos abre um
Arico
teialeque
de conhecimentos
de experiências representou
e aprendizagens umacom quebra de paradigma
as crianças. no que eu
Não há prejuízos em�nha como
deixá-las referencial
guiar e traçar de
os
planejamento de ações pedagógicas, de aprendizagens e sobre
caminhos, pelo contrário, envolvê-las no processo é a premissa para o sucesso.intencionalidade pedagógica. Em um primeiro
momento, construirA teia adeteia, me pareciarepresentou
conhecimentos o abandono uma daquebra
intencionalidade.
de paradigmaOra, se as
no que eu falas
tinhadas
como crianças seriam
referencial de
planejamento de ações pedagógicas, de aprendizagens
registradas para dar con�nuidade ao trabalho, onde entrariam minhas intenções? e sobre intencionalidade pedagógica. Em um primeiro
momento, construir a teia, me parecia o abandono da intencionalidade. Ora, se as falas das crianças seriam
Acompanhando o processo de construção da teia e reflexões para o planejamento, fica claro que considerar
registradas para dar continuidade ao trabalho, onde entrariam minhas intenções?
as falas das crianças não representa,
Acompanhando o processo em demomento
construção algum, o abandono
da teia e reflexõesdapara
intencionalidade
o planejamento, pedagógica
fica claro ou
queo
trabalhoconsiderar
desgovernado emdas
as falas função da ausência
crianças de umaem
não representa, sequência
momentodidá�ca.
algum, o abandono da intencionalidade pedagógica
Oou
que eu descobri
o trabalho no percurso
desgovernado eméfunção
que intencionalidade
da ausência de uma não sequência
se trata dedidática.
controle, previsibilidade e sequência.
A intencionalidadeO queprecisa contarno
eu descobri com um olhar
percurso é que apurado que vê emnãotoda
intencionalidade experiência
se trata uma possibilidade
de controle, previsibilidade de e
sequência.
descoberta, um novo A intencionalidade
caminho queprecisa pode sercontar com um olhar
construído. apurado
Para que vê em
os adultos, essetoda experiência
olhar é uma uma possibilidade
habilidade a ser
de descoberta,
reconquistada, para as um novo caminho
crianças essa é a que únicapode
formaser possível
construído.de Para os adultos,
se relacionar comesseo olhar
mundo, é uma habilidade aseus
ques�onando ser
reconquistada, para as crianças essa é a única forma possível de se relacionar com o mundo, questionando seus
porquês e construindo seus próprios significados.
porquês e construindo seus próprios significados.
Me apropriar da teia de conhecimentos e suas possibilidades foi um percurso cheio de tropeços. Treinar o
Me apropriar da teia de conhecimentos e suas possibilidades foi um percurso cheio de tropeços. Treinar
olhar para construir as conexões,
o olhar para construir pinçar pinçar
as conexões, as falasasque
falastrariam maismais
que trariam possibilidades,
possibilidades,transitar
transitarcom
comleveza
leveza entre as
entre as
tramas, foram
tramas,inúmeros desafiosdesafios
foram inúmeros que só quepuderam ser superados
só puderam porque
ser superados eu pude
porque contar
eu pude comcom
contar o olhar cuidadoso
o olhar ea
cuidadoso
orientação
e aincansável
orientaçãoda Cibele e com
incansável um �me
da Cibele e comde professoras
um time de que é imensamente
professoras potente. Construir
que é imensamente potente.caminhos,
Construir
significarcaminhos,
conceitossignificar
não pode conceitos não pode
ser ordenado ser ordenado
porque porque
é individual e euéaprendi
individual e eu
isso nãoaprendi
pelas isso nãoque
coisas pelas
elacoisas que
me disse,
ela me
mas porque ela disse,
estavamas porque
vivendo esseelaprocesso
estava vivendo
comigo, esse
doprocesso
meu jeitocomigo,
à minha domaneira.
meu jeito à minha maneira.
Foi umaFoi uma jornada
jornada construída
construída a muitasa muitas
mãos.mãos.
A cada A cada registro,
registro, cadacada semana
semana planejada,buscávamos
planejada, buscávamos maneiras
maneiras
de apurar a técnica e tornar a teia um facilitador de fato. Nada foi pensado ou elaborado individualmente, ao
de apurar a técnica e tornar a teia um facilitador de fato. Nada foi pensado ou elaborado individualmente, ao longo
longo dos 4 anos que estive na EMEI Nelson Mandela o coletivo se sobrepôs ao individual de forma respeitosa
dos 4 anos que es�ve na EMEI Nelson Mandela o cole�vo se sobrepôs ao individual de forma respeitosa e
e colaborativa.
colabora�va. Não poderia deixar de mencionar a importância de um grupo de docentes tão comprometidas e de
Não poderia deixar
Coordenadoras de mencionar
Pedagógicas igualmentea importância de um grupo
envolvidas. Tivemos de docentes
um ambiente educador tãopropício
comprome�das
não só para e de
as
Coordenadoras
crianças,Pedagógicas
mas para todas igualmente envolvidas.
nós. É maravilhoso poderTivemos
dizer queum ambiente
o pacto educador propício
de protagonismo, respeito enão só para as
pertencimento
crianças,que
masbuscamos
para todas oferecer
nós. Épara as crianças,
maravilhoso pudemos
poder dizer também experimentar.
que o pacto de protagonismo, respeito e pertencimento
que buscamos oferecer para as crianças, pudemos também experimentar.

protagonismo
respeito
pertencimento
67
67
“Todas as pessoas estão
presas na mesma teia inescapável
de mutualidades, entrelaçadas
num único tecido do des no. O
que quer que afete um
diretamente, afeta a todos
indiretamente. Eu nunca posso ser
o que deveria ser até que você
seja o que deve ser. E você nunca
poderá ser o que deve ser até que
eu seja o que eu devo ser.” Roberta de Cassia Costa Silvestre
Formada em Pedagogia em 2012
pela Universidade Nove de
Mar n Luther King Julho, atuou como Professora de
Educação Infan�l na EMEI
Nelson Mandela no período de
2016 a 2019.

68
Acorde
Acorde
Abraçando a equidade
Abraçando racial
a equidade e dee gênero
racial
no território
Cibeledas
de gênero
território das infâncias
no
Araújoinfâncias
Racy Maria
Cibele Araújo Racy Maria

A EMEI Guia Lopes ficou conhecida no pudesse refle�r sobre os entraves que impediam
cenário nacional após ter incluído em
A EMEI Guia Lopes ficou conhecida no cenárioseu currículo que as relações
de mais respeito pudessem se estabelecer num
e civilidade.
a Lei 10.639/03
nacional que torna
após ter incluído em seu obrigatório
currículo aoLei
estudo da
10.639/03 clima de mais
Dediquei harmonia
grande parte ou
do pelo
meu menos
tempo adeouvir
maise
Cultura
que tornae História
obrigatórioAfricana
o estudoe Afro-Brasileira.
da Cultura e Poucos
História respeito
anotar a fala ede
civilidade.
todas as pessoas da escola. Durante os
conhecem os mo�vos que a levaram a
Africana e Afro-Brasileira. Poucos conhecem os motivosser indicada horários de formaçãogrande
Dediquei com asparte do meu repetia
professoras, tempo os a
pela Diretoria Regional de Educação para colaborar ouvir e anotar a fala de todas as pessoas da
que a levaram a ser indicada pela Diretoria Regional de termos pelos quais as crianças eram identificadas, tais
com um material a ser produzido sobre o trabalho escola. Durante os horários de formação com as
Educação para colaborar com um material a ser produzido como: “aquele que a mãe fica no farol em vez de cuidar da
com as relações etnicorraciais desde a primeira professoras, repe�a os termos pelos quais as
sobre o trabalho com as relações étnico-raciais desde a família”, “aquela que vive cheia de remela”, “aquele mais
infância. crianças eram iden�ficadas, tais como: “aquele
primeira infância. escurinho”, “o mais gordinho” ou “aquele que não
É esta história que antecede o trabalho que a mãe fica no farol em vez de cuidar da
É esta história que antecede o toma banho”. Ao que
se ouvirem na voz de outra
com as crianças que passo a contar e que família”, “aquela vive cheia de remela”,
trabalho com aspara
foi decisiva crianças
que,que empasso
2011,a pessoa,
“aquele o grupo
maisfoiescurinho”,
tomando consciência
“o mais do
contar e que foi decisiva para
es�véssemos prontas para dar os que, em quanto
gordinho” ou “aquele que não tomao
suas falas e atitudes carregavam
2011, estivéssemos
primeiros passosprontas para dara
em direção
percebi racismo,
banho”.a intolerância
Ao se ouvirem e os preconceitos
na voz de
osuma
primeiros passos em
Pedagogia Brasileira e direção a que o trabalho que negavam ter. Foi urgente,
outra pessoa, o grupo foi tomando a partir
uma Pedagogia
An�rracista no BairroBrasileira
do Limão.e com as relações daquela
consciênciaconstatação,
do quantocomeçar
suas falasume
Antirracista no Bairro do Limão. processo de reeducação, não só do
Ficou
Ficou
evidente,
evidente,
quando assumi a direção da
desde
desde
étnico-raciais a�tudes carregavam
olhar, mas de todos os
o racismo,
sentidos
intolerância e os preconceitos que e
a
dos
quando assumi a direção
escola, que alguns fatores da escola, não se limita significados
negavam ter. Foi de urgente,
suas a opções
par�r
que alguns fatoresa determinavam
determinavam qualidade das a ao conteúdo da profissionais.
daquela constatação, começar um
qualidade
relações das relações interpessoais
interpessoais naquele Lei 10.639/03... processo Em relação às hipóteses
de reeducação, nãoquesóeram
do
naquele
ambiente.ambiente. A intolerância,
A intolerância, disfarçada olhar, mascomo
verbalizadas de todos os sen�dos
verdades absolutasesobre
dos
por brincadeiras
disfarçada e provocações,
por brincadeiras pouco
e provocações, assignificados
famílias dedenossas
suas opções profissionais.
crianças, elaborei um
profissionalismo
pouco profissionalismode dealguns
algunsee a pelepelebranca
brancaque questionárioEm relação para
(anamnese) às hipóteses que eram
que as professoras as
que definia
definia o que osequeviviasee vivia
o queese o que se deixava
deixava viver,os
viver, foram verbalizadas
entrevistassem noscomo verdades
primeiros absolutas
dias letivos. sobre
Era certeza as
entre
foram os indicadores que mais me
indicadores que mais me chamaram a atenção. Apesar chamaram a famílias de nossas crianças, elaborei
todos da escola que as crianças, de forma generalizada, um
atenção. Apesar desta constatação e do
desta constatação e do perfil da comunidade escolar ser perfil da ques�onário
tinham problemas(anamnese) para que asporque
de aprendizagem, professoras
suas
comunidade
composto escolar
por maioria ser ocomposto
negra, trabalho de por maioria
desconstrução as entrevistassem
famílias nos primeiros
eram desestruturadas dias pela
e que elas, le�vos. Era
situação
negra, o trabalho de desconstrução
do racismo institucional foi se dando aos poucos e do racismo de pobreza extrema, não tinham acesso ao bem maiorde
certeza entre todos da escola que as crianças, da
ins�tucional foi se dando aos poucos e su�lmente,
sutilmente, sem que essa discussão fosse trazida para as forma generalizada, �nham problemas
humanidade: a televisão. Não à toa, as primeiras de
sem que essa discussão fosse trazida para
rodas de conversa, porque o grupo não estava maduro e as rodas aprendizagem,
reinvindicações quandoporquechegousuaso famílias
programa eram de
de conversa, porque o grupo não estava
eu não tinha formação para esse tipo de reflexão nos maduro e desestruturadas e que elas, pela situação
transferência de verbas para a escola, era a aquisição de de
eu não �nha formação para esse �po de reflexão pobreza extrema, não �nham acesso ao bem
primeiros anos da minha atuação, apenas percepções e uma televisão para cada sala. Claro que isso nunca
nos primeiros anos da minha atuação, apenas maior da humanidade: a televisão. Não à toa, as
uma luta pessoal contra o racismo. aconteceu. O que aconteceu é que depois dessas
percepções e uma luta pessoal contra o racismo. primeiras reinvindicações quando chegou o
Diversas ações pontuais e provocações foram entrevistas, a única TV que existia quebrou e nos últimos
Diversas ações pontuais e provocações programa de transferência de verbas para a
disparadas para que o coletivo da escola pudesse refletir quinze anos permaneceu quebrada e outras formas de
foram disparadas para que o cole�vo da escola escola, era a aquisição de uma televisão para
sobre os entraves que impediam que as relações pudessem acesso aos filmes contextualizados aos projetos foram
se estabelecer num clima de mais harmonia ou pelo menos providenciadas.

69
69
Após os atendimentos individualizados às famílias, realizados durante os horários destinados para as professoras
prepararem material para as crianças, tabulei os resultados e os apresentei às equipes. O espanto foi geral quando descobriram
que quase 80% das crianças ficavam mais de 8 horas diárias em frente a televisão. Que 70% das crianças tinham os pais
biológicos morando na mesma casa e que talvez essa não fosse a realidade do grupo de funcionários da escola. Enfim, todas
as afirmativas dadas como certas foram caindo por terra. A primeira reação do grupo foi desacreditar do resultado. A alegação
era que as famílias estavam mentindo por “vergonha de falar a verdade”. Levantei, pela primeira vez, a discussão do quanto
nossas ideias sobre a comunidade, as crianças e suas famílias estavam carregadas de preconceito e racismo. Foi, sem dúvida,
o balde de água gelada mais produtivo na história da escola. Anos mais tarde, tivemos vários banhos de esguicho envolvendo
as famílias, mas nada que se compare à enxurrada de realidade que essa escuta atenta nos proporcionou.
Várias questões sobre a relação entre escola/família saltaram aos olhos, ficando impossível não as denunciar ao
grupo. Trazer à consciência que a queixa de não participação das famílias na vida escolar de suas filhas e filhos não era apenas
falta de interesse, precisou de muito investimento e formação. Era necessário estudar a História e a Cultura Africana e Afro-
Brasileira para que pudéssemos transformar esse distanciamento abissal em uma parceria para e pela vida.
Em 2011, não havia na escola ninguém com formação inicial ou continuada sobre a Lei 10.639/03, apenas interesses
individuais e muito particulares sobre o assunto. No final do ano anterior, o trio gestor (direção, assistente de diretor e
coordenação pedagógica) separou um excelente material produzido pela Secretaria Municipal de Educação para iniciarmos
nossos estudos durante os horários coletivos.
Perguntamos aos professores, em 2010, se as crianças eram capazes de atitudes racistas. O grupo se dividiu entre as
que negaram essa possibilidade, alegando que as crianças mal conseguiam se expressar e que seriam puras demais para isso
e outro que ficou em dúvida. Essas incertezas foram o alicerce para fundamentar a necessidade de estudo da história que nos
foi negada e justificarmos os investimentos que seriam necessários em 2011.
Solicitamos às professoras que fizessem uma lista dos materiais que desejavam ter para trabalhar com as crianças e
entre os itens apareceram livros com personagens negras/os e brinquedos.
Após analisar o acervo da escola, eram poucas as obras com personagens negras e negros e chamei uma editora para
que pudéssemos adquirir alguns exemplares. As professoras fizeram a análise e me passaram a listagem. Os títulos foram
comprados.
Partimos para as férias, período em que eu me dedicada a confecção de todas as figuras de afeto, bonecos gigantes
que habitam a escola e que se transformaram em estratégia pedagógica potente junto às crianças.
Durante esse momento de criação, sofri o maior impacto da minha vida. Doeu a minha alma e transbordou um suor
frio em cada poro da minha pele branca. Como era possível? Eu, que tinha uma visão do racismo que permeava a relação de
toda uma equipe, que o reconhecia em várias situações do cotidiano, fui incapaz de enxergá-lo em mim mesma? Foi um misto
de decepção, de desconforto e confesso, sofri calada por muito tempo essa dor antes de escancará-la para o mundo.
Diante do desafio de confeccionar um Príncipe Africano para trabalhar a Lei 10.639/03 com as crianças e adultos da
escola, analisei todas as figuras de afeto que compunham a família de Tetelo, Tetela, Kauê e Sofia (espantalhos da horta). Sim,
todos brancos, loiros, de olhos azuis e verdes. Por anos, eu apresentei essas figuras para que crianças, em sua maioria negras,
de uma escola pública de São Paulo, se identificassem. Não há como descrever o que eu senti naquele momento. Foi tão
devastador e tão transformador que eu decidi dedicar minha vida, a partir daquele momento, a fazer com que esse momento
de descoberta chegasse para todas as pessoas que passassem pela EMEI Guia Lopes (nome da escola até 2016). Compreendi,
naquele instante doloroso, a ideologia racista e como ela opera, o racismo estrutural engendrado em nossas entranhas e
dentro de nossas escolas. Só posso descrevê-lo como um dos momentos mais difíceis e reveladores que já passei na vida.
Fiz uma retrospectiva e fui capaz de identificar quantos erros de igual crueldade e irresponsabilidade havia cometido
apesar do meu discurso afiado contra o racismo. Reconheci minha branquitude e me responsabilizei por séculos de crimes

70
cometidos contra o povo negro, mas antes disso, confesso, deixei-me invadir por um sentimento de culpa, sim. Nessa balança,
um pouco de inconformismo, também.
Eu estava ali, como diretora de escola, usufruindo mais uma vez de todos os privilégios que a cor da minha pele me
dava e reproduzindo a estética e a lógica de quem oprimiu o povo negro, de quem violentou e violou todos os seus direitos
humanos durante séculos.
Só aos poucos e muito lentamente fui compreendendo o meu lugar e fazendo a diferenciação entre culpa e
responsabilidade histórica de transformação social.
Aos 50 anos, nas férias de janeiro de 2010, desenhei a primeira figura negra da minha vida. Não sabia por onde
começar. Vivi um grande dilema. Como fazer o cabelo? O nariz? E o desafio foi dobrado, porque ele tinha que ser um espantalho
para continuar o enredo da história de seis anos que já estava construída para as figuras de afeto. O que era simples, o que eu
fazia de olhos fechados, roubou-me noites de sono.
Fiquei me perguntando onde tinham ficado todos os meus discursos. Sim, aqueles em que eu dizia ter amigos negros
ou que tinha namorado um homem negro. Descobri, humildemente, que eram como álibis que eu usava para camuflar aquilo
que eu queria esconder de mim mesma.
Compreendi que não havia nascido apartada do mundo e que no mundo em que vivo ser branco e racista é a regra.
Diante disso, optei por querer ser uma pessoa melhor e levar comigo quem tivesse essa disponibilidade.
Foi preciso disposição para estudar, uma dose generosa de humildade e, acima de tudo, reaprender a falar com mais
cuidado, a tocar sem medo de não saber como, a ver o mundo com mais lucidez e ouvir todas as histórias que eu não conhecia
das pessoas que habitam o mundo muito antes que eu.
Iniciamos o ano de 2011 recebendo uma equipe de formadores que realizou uma série de dinâmicas com nossas
crianças. Presenciei as reações que tiveram às propostas apresentadas e percebi que o trabalho com as relações étnico-raciais
não se limitava ao conteúdo da Lei 10.639/03, seria preciso irmos além do conhecimento acadêmico. O estudo da História e
da Cultura Africana e Afro-Brasileira era o começo de um caminho sem volta. A partir daquele ano, começamos a conhecer a
constituição do povo negro e de seu valor e, ao mesmo tempo, revisitar criticamente a história que os brancos nos contaram.
Após os primeiros dias letivos, iniciamos o projeto didático com as figuras de afeto retornando de férias junto com as
crianças. Nesse ano a Família de Tetelo das Couves traria uma grande surpresa. Um príncipe. Não detalhei que era um príncipe
negro. As professoras tiveram tempo de mobilizar as crianças com os preparativos para a recepção. Desenhos de príncipes
povoavam a escola. Figuras loiras, de olhos azuis, de pele branca ocupavam as paredes e o imaginário infantil, como nos
contos de fada. Assim como ainda faziam parte do meu imaginário adulto, eurocêntrico e pouco esclarecido de trinta dias
atrás.
Na chegada das figuras de afeto, grande agitação e um incômodo. Algumas crianças não reagiram muito bem a figura
do príncipe africano. Várias choraram. Ao lembrar, revejo a cena e constato que, ao invés de agirem com mais naturalidade ao
estranhamento, algumas professoras e funcionárias se condoeram demasiadamente com o sofrimento infantil, como se a
presença de um príncipe negro fosse realmente algo a temer.
Havia preparado um canto com referências africanas para receber Azizi Abayomi com sua bagagem cheia de novidades.
Ele chegou com uma mala cheia de livros, sementes, jogos e informações preciosas que provocariam a curiosidade de nossas
crianças, mas lá ele ficou, quietinho, sem que ninguém demonstrasse muito interesse. Acompanhando o movimento, interferi
e solicitei que fossem planejadas algumas provocações junto às crianças sobre a vida do príncipe negro recém-chegado.
Iríamos, a partir daquele momento, criar coletivamente a sua história de vida para aproximar toda a escola daquele que seria
o nosso elo lúdico com o Continente Africano.
Perguntas como quem eram seus pais, como ele havia nascido negro, como era sua casa na África do Sul, quais suas
brincadeiras preferidas entre outras, foram abrindo o leque de possibilidades para as interações entre as crianças e o príncipe

71
Azizi. Cada grupo de crianças foi construindo um texto coletivo e da reunião de todos eles, sairia a biografia definitiva do
príncipe.
Após uma semana, as falas infantis começaram a chegar na sala das professoras. Algumas delas deram conta de
responder a primeira provocação que fiz a elas no final do ano de 2010. Crianças de 4 e 5 anos seriam capazes de pensamentos
ou atitudes racistas?
Quando perguntadas como eram os pais do príncipe africano Azizi Abayomi, a resposta veio num fôlego só “O pai era
preto, mas a mãe era loira, porque preto só gosta de loira”. A justificativa encontrada para Azizi ter nascido negro foi a de que
“o médico não era desse mundo. O Azizi nasceu e ele pintou ele de preto, os ossos de preto, tudo de preto”.
Não conseguirei agora me lembrar da avalanche de respostas que deixou o grupo de professoras emudecido por
alguns minutos e o colocou em estado de ebulição a partir do momento em que todas perceberam a urgência do trabalho
com a Lei 10.639/03 desde a primeira infância.
Apesar da comprovação inequívoca de que as crianças fazem uma leitura apurada do mundo e, portanto, reproduzem
atitudes e pensamentos racistas desde muito cedo, mais revelações estavam por vir.
As semanas foram passando, as rotinas foram se adaptando ao ritmo das crianças e os planejamentos que estavam
com tempos estendidos para territórios específicos, foram ampliados para iniciarmos os projetos permanentes como sala de
leitura, artes, horta, quadra, entre outros.
Os processos de formação começaram e sempre esteve entre as prioridades da gestão pedagógica acompanhar o
planejamento das professoras. Esse momento de formação era dividido entre a direção, a assistente de direção (às vezes) e a
coordenação pedagógica. O que é de causar espanto em muita gente. Geralmente as atribuições exercidas pela maioria dos
diretores são burocráticas, mas esse nunca foi o meu perfil e nem a minha pretensão ao assumir o cargo de gestão. Sempre
dizia, nunca fui uma administradora de empresas, sou uma diretora de escola e não estou diretora, portanto, trabalho para
garantir condições excelentes para que todos ensinem e aprendam uns com os outros. Tive clara a função social para a qual
me preparei antes e durante o exercício da minha profissão, portanto fazer parte do dia a dia de professores e crianças sempre
esteve na primeira ordem do dia.
Qual não foi a surpresa quando eu e minhas parceiras de trabalho nos deparamos com o planejamento de algumas
brincadeiras, ditas como de origem africana, retiradas de uma coleção que levava o nome de “Africanidades”, entre elas:
“barra manteiga na fuça da nega”, “chicotinho queimado” e “escravos de jó”.
Muitos podem se perguntar como uma escola que comete esses erros nada básicos em quatro meses, conseguiu
tornar-se referência na educação antirracista. O que posso garantir como resposta, agora, é que sem eles nada teria sido
possível.
A teoria que elimina o erro como possibilidade não vinga dentro da Pedagogia da Provocação, como denomino o
pensar e fazer da EMEI Nelson Mandela. O erro sempre foi capaz de nos levar para além das expectativas. A consciência do
erro nos coloca no lugar de aprendizes o tempo todo e é esse o lugar que devemos O momento em que nos descobrimos
brancas, brancos e racistas é o primeiro passo para iniciarmos nossa jornada antirracista. A partir desse ponto, seremos
capazes de reconhecer e evitar atitudes e pensamentos racistas como aqueles que tínhamos, mas só condenávamos nos
outros ou que, convenientemente, só acreditávamos existir na casa do vizinho ou nas manchetes de jornal.
É difícil imaginar o dedo que apontamos sendo apontado para o nosso próprio nariz, mas necessário.
O que veio a seguir foi uma reflexão bem produtiva que tivemos. O que fazer, então? Não brincar mais? Contextualizar
as brincadeiras? Mudar o nome das brincadeiras e as músicas que as acompanham?
Fuça é coisa de gente? Chicotinho lembra escravidão. Vamos explicar e trazer essa referência para as crianças?
O grupo chegou à conclusão que a motivação que criou ou nomeou as brincadeiras era suficiente para não as repetir,
mas uma argumentação nos convenceu a todas de forma definitiva. Havíamos acompanhado uma discussão sobre a obra de

72
Monteiro Lobato e o fato de o autor ter expressado seu pensamento racista em sua obra. A argumentação mais utilizada para
justificar a sua permanência em circulação foi a possibilidade de contextualização histórica dela. Pensamos se este seria o
caso a ser aplicado às brincadeiras. Concluímos que não, porque nenhuma criança antes de brincar faria tal contextualização.
Pior, nenhum adulto a faria, como nós não a fizemos. O racismo se alimenta de nossos silêncios, dos nossos “descuidos” e da
nossa ignorância sobre seu funcionamento nefasto.
É comum a justificativa do “mas eu não sabia que falar isso ou aquilo poderia ofender”, “mas eu fazia isso sem
querer”. É importante ressaltar que o racismo se sustenta da nossa ignorância consciente de não querer saber nada sobre ele.
Bem, após o choque inicial ao constatar que havíamos errado, houve um momento de paralização. O medo de errar,
novamente, conseguiu nos colocar de molho pedagógico por duas semanas. O que tínhamos feito até aqui? O que tínhamos
falado para nossas crianças sem analisarmos as consequências? Como agiríamos daquele dia em diante? Junta-se ao erro do
planejamento o fato de termos iniciado o estudo da História e da Cultura Africana e Afro-brasileira e estarmos nos sentindo
profundamente traídas pela educação que recebemos nas escolas que frequentamos. Como era possível não termos
conhecimento sobre nada daquilo durante tantos anos de estudo? Que tipo de escola tínhamos frequentado? Fomos mesmo
manipuladas por aqueles que deveriam ampliar nossos horizontes? Onde esta história estava escondida até aquele momento?
Certo era que não poderíamos prosseguir da mesma forma.
Todas essas descobertas foram de importância visceral e sacudiram a vida de todos e todas da escola. Percebemos
que estudar sobre a nossa própria história, não era o mesmo que estudar o papel da arte na educação infantil, muito menos
a importância da música na primeira infância, como eram os estudos que tínhamos feito em nossos horários coletivos até
então. Tudo isso era valioso, mas não só isso. O mundo era muito maior. Definitivamente o impacto desse tema mudaria para
sempre os rumos e as concepções do Projeto Político-Pedagógico da então EMEI Guia Lopes, a ponto de não ser mais possível
ostentar outro Patrono que não fosse o grande líder mundial Nelson Mandela.
Assumir a responsabilidade da aplicação da Lei 10.639/03 significa responsabilizar-se por uma transformação
individual profunda e intransferível, assumindo um projeto social como compromisso de uma vida inteira.
Ao mesmo tempo em que deslizávamos no racismo no nosso de cada dia, cumpríamos com o que a lei trazia de mais
óbvio. Estudamos, estudamos muito. Trouxemos para a escola pessoas negras para falar sobre racismo, e é o povo negro que
tem o direito de falar sobre sua negritude. Não se engane se lhe disserem o contrário.
Fomos trazendo referências da cultura africana e afro-brasileira para as paredes da escola e retiramos dela as
tendências que pretendiam dar uma única cor possível as pessoas que habitavam aquele território.
Naquela altura já tínhamos descoberto que precisaríamos do olhar do outro para nos ajudar a reconhecer onde
estávamos sendo racistas no tratamento com as crianças e entre nós, adultos. Se é mais fácil reconhecer o racismo no outro,
vamos usar isso a nosso favor. Utilizamos alguns horários coletivos para observar a atuação de professores e crianças nos
momentos de brincadeira livre e trocar impressões nos momentos de estudo. Vejam o nível de maturidade, de confiança e de
intimidade que chegamos. Quais as crianças que eram mais solicitadas? Quais recebiam mais atenção e mais carinho? Tudo
era registrado. As afirmações escritas nos livros por acadêmicas e acadêmicos negras/os respeitadas/os eram comprovadas in
loco. Conceder ao colega o direito de me observar e apontar no que posso melhorar minha prática, onde errei é o início da
construção de uma verdadeira comunidade de aprendizagem.
Todas as vezes em que não tínhamos certeza do que fazer ou a certeza de termos errado, isso era abertamente
conversado e resolvido em grupo. Sem recriminações, mas com acolhimento e mais estudo.
Não tínhamos o menor receio de confessar diante de todas o inconfessável: as nossas limitações. Olhar uma para a
outra era o mesmo que nos olharmos no espelho, porque nossas fragilidades nos uniam e nosso não saber nos fortaleceu
como grupo em busca do conhecimento.
Durante o primeiro semestre, ao mesmo tempo que recebíamos formação, chamávamos as famílias para promover

73
e, de confiança e de in�midade que chegamos. Quais as crianças que eram mais solicitadas?
s atenção e mais carinho? Tudo era registrado. As afirmações escritas nos livros por acadêmicas
s/os respeitadas/os eram comprovadas in loco. Conceder ao colega o direito de me observar e
so melhorar minha prá�ca, onde errei é o início da construção de uma verdadeira comunidade
encontros com o mesmo teor. Era incrível poder partilhar os novos conhecimentos. Era uma nova velha história do mundo.
Sentíamo-nos como crianças descobrindo as possibilidades das tintas e das letras pela primeira vez. Era isso. Contando uma
zes em que não �nhamos certeza do que fazer ou a certeza de termos errado, isso era
nova versão de uma história que nos foi cobrada em repetidas provas finais quando éramos alunas. Em pensar que aquela era
rsado e resolvido
apenas umaem versãogrupo. Sem
dos fatos, umarecriminações,
versão manipulada para mas ser com acolhimento e mais estudo.
mais exata.
os o menor receio de oconfessar
Chegou meio do ano diante
e com elede todas
a época o inconfessável:
da tradicional as nossas
festa junina, mas não faria olimitações.
menor sentido Olhar uma
parar o projeto
mesmo quepara nos realizá-la.
olharmos Duranteno umaespelho,
reunião do porque
Conselho de Escola, propusemos
nossas fragilidades a realização da primeira
nos uniam Festa Afro-Brasileira.
e nosso não saberA
maioria venceu, mas houve um queixume por parte de algumas mães que já haviam comprado a roupa de caipirinha. O caso
o grupo emfoibusca do conhecimento.
resolvido dizendo que a roupa era o menos importante numa festa como a que queríamos fazer e que as crianças poderiam
rimeiro semestre,
vir vestidas doao mesmo
jeito tempo
que se sentissem que recebíamos formação, chamávamos as famílias para
melhor.
s com o mesmoSeria teor.
umaEra festaincrível poder
para o Príncipe par�lhar
Africano os enovos
Azizi Abayomi conhecimentos.
seria importante Eraauma
que ele conhecesse novatambém.
nossa cultura velha
Após seis meses no Brasil, ele estava saudoso de seu país, África do
Sen�amo-nos como crianças descobrindo as possibilidades das �ntas e das letras pela primeiraSul, e para alegrá-lo trouxemos tudo que pudesse fazê-lo
se sentir em casa. Trajes, penteados, culinária, crenças e religiões, música, dança, contação de histórias e a beleza do povo
ndo uma novanegro eversão de uma história que nos
seus tambores.
�das provas finais quando
Sabíamos éramos
da grande alunas. Emque
responsabilidade
era apenastínhamos
uma versão
em fazer ados melhorfatos,
festa deuma
todosversão
os tempos.
Sabíamos que romper com as tradições é sempre uma
r mais exata.
iniciativa arriscada. Não havia a menor possibilidade de
eio do anoerro.eEcom ele a época da tradicional
não erramos!
ão faria o menor sen�do parar
A receptividade o projeto
das famílias nuncaparafoi tão
grande. Sentimos
e uma reunião do naquele
Conselho momentode que aEscola,
escola tinha
firmado uma parceria definitiva com sua comunidade,
lização daqueprimeira Festa Afro-Brasileira. A
iria para além daquela tão almejada relação escola-
as houve um queixume
família. O ingredientepor partehavia
que faltava dechegado,
algumas o afeto
m comprado que sóa éroupa de ocaipirinha.
possível com reconhecimentoOdacaso foi
integralidade
do outro.
que a roupa era o menos importante numa
Sentirem-se finalmente reconhecidas e
ueríamos valorizadas
fazer e que em sua ascultura
crianças
e jeitospoderiam
de ser foi abrir vir
canais
e se sen�ssem melhor.
de comunicação que estiveram sempre fechados ou
esta para o Príncipe
cheios de ruídos.Africano Azizi Abayomi e
Energizadas com a magia e a força daquele momento, seguimos mais confiantes e o projeto foi ganhando cada vez
e ele conhecesse a nossa cultura também. Após seis meses no Brasil, ele estava saudoso de seu
mais força. Novas parcerias foram surgindo e nossa formação foi saindo da sala das professoras e ganhando todos os territórios
e para alegrá-lo
da escola. trouxemos tudo que pudesse fazê-lo se sen�r em casa. Trajes, penteados,
religiões, música, dança,
Vários projetoscontação
foram nascendo.de histórias
O protagonismoe a beleza dotão
das crianças, povo negro
alardeado pelaeeducação
seus tambores.
das infâncias já não era
suficiente para as equipes
a grande responsabilidade quemandelenses.
�nhamos O protagonismo
em fazerfamiliar
a melhorfoi levado às últimas
festa de todosconsequências.
os tempos. Sabíamos
Até que no dia 15 de outubro de 2011, voltando para casa, leio a pichação no muro lateral da escola “Vamos cuidar
tradiçõesdoéfuturo
sempre uma inicia�va arriscada. Não havia a menor possibilidade de erro. E não
das nossas crianças brancas” cercada de várias suásticas. Parei o carro e pensei como chegaria na segunda-feira para
conversar com as crianças. Não foi preciso nenhum planejamento, porque ao chegar no portão da escola fui cercada por elas
ade das famílias nuncacom
que me contavam, foi indignação,
tão grande. o que Sen�mos
tinham visto no naquele momento
muro. As famílias entraramque a escola
na escola �nha
e fizemos firmado
uma reunião para
pensarmos juntas o que fazer.
�va com sua comunidade, que iria para além daquela tão almejada relação escola-família. O
As professoras realizaram uma assembleia geral com as crianças e ficou decidido que pintaríamos o muro coletivamente,
ava havia chegado,
convidando “oomundo afetotodoquepara só nos
é possível com ocom
ajudar”. Contamos reconhecimento da integralidade
o apoio de várias autoridades do outro.
locais, dos órgãos centrais da
finalmente reconhecidas
Secretaria e valorizadas
Municipal de Educação, da Comunidade emLocal,
suadascultura
famílias, doeMovimento
jeitos de sere defoi
Negro abrir
vários canais
artistas. Um dia de
que
s�veram sempre fechados ou cheios de ruídos.
74

74
Vários projetos foram nascendo. O protagonismo das crianças, tão alardea
não era suficiente para as equipes mandelenses. O protagonismo familiar foi levad
Até que no dia 15 de outubro de 2011, voltando para casa, leio a pichação
cuidar do futuro das nossas crianças brancas” cercada de várias suás�cas. Parei o
marcou a nossa história!
segunda-feira para
Se o que me motivou conversar
a escrever com
esse livro foi contaras crianças.
alguns detalhes dosNão foi vamos
bastidores, preciso nenhum planejame
a um deles!
Algumas professoras se recusaram a participar com suas crianças, mesmo com a autorização das famílias. Alegaram
da escola fui cercada por elas que me contavam, com indignação, o que �nham vi
estar com medo. A gestão, a supervisão escolar e outras colegas assumiram as crianças dessas professoras para que
na escoladoeevento
participassem fizemos uma reunião
que transcorreu sem nenhum para problema.pensarmos juntas o que fazer.
No ano seguinte, houve mais duas pichações com o mesmo teor. Decidimos não fazer nenhum tipo de divulgação e
As professoras realizaram uma assembleia geral com as crianças e ficou d
resolver a questão internamente. Sabemos que neonazistas adoram ver seus crimes na mídia.
das com acole�vamente,
magia e a força
Ao contrário convidando
daquele
do que possa ter momento, “o mundo
sido a intenção seguimos
dos todo
pichadores, essepara
mais nosnosajudar”.
confiantes
movimento Contamos
e o projeto
mobilizou ainda nossocom o a
foiO ganhando
mais.
orça. Novas
dos parcerias
projeto
órgãos foram
centrais
tinha pulado os surgindo
muros da escola e não e
da terianossa
Secretaria formação
Municipal
mais como foiEducação,
de
ficar preso dentro saindo
dela. Estavada salaComunidade
da
comprovada das professoras
sua importância e e d
Local,
a necessidade de criarmos estratégias para divulgar a urgência de implementação da Lei 10.639/03 e inclui-la em nosso
os territórios
deda
ecurrículo. escola.
vários ar�stas. Um dia que marcou a nossa história!
ojetos foram nascendo. O protagonismo
Em 2012, prosseguimos das crianças,
com as provocações tão alardeado
por meio de nossas figuras de afeto.pela educação
Ao chegarem das
na escola infâncias já
as crianças
e para as equipes
encontrarammandelenses.
nosso príncipe Azizi O protagonismo
Abayomi familiarsuafoi
cabisbaixo. Vasculharam levado
casa às �l�mas
e encontraram consequências.
escondida em seus pertences,
o dia 15 de outubro de 2011, voltando para casa, leio a pichação no muro lateral da escola “Vamos
das nossas crianças brancas” cercada de várias suás�cas. Parei o carro e pensei como chegaria na
ra conversar com as crianças. Não foi preciso nenhum planejamento, porque ao chegar no portão
ada por elas que me contavam, com indignação, o que �nham visto no muro. As famílias entraram
os uma reunião para pensarmos juntas o que fazer.
soras realizaram uma assembleia geral com as crianças e ficou decidido que pintaríamos o muro
onvidando “o mundo todo para nos ajudar”. Contamos com o apoio de várias autoridades locais,
ais da Secretaria Municipal de Educação, da Comunidade Local, das famílias, do Movimento Negro
as. Um dia que marcou a nossa história!

uma carta de amor dirigida à Sofia. Isso porque durante os


ensaios da Festa Afro-Brasileira uma das crianças chegou
perto de mim e disse achar que Azizi estava apaixonado
por Sofia. As crianças sabiam a quem deviam confiar esse
Se oApareciam
tipo de segredo. que me mo�vou
na minha a escrever esse livro foi contar alguns detalhes dos ba
sala, sentavam-se
sem cerimôniaAlgumas professoras
e desfiavam secretamente se recusaram a par�cipar com suas crianças, mesm
suas impressões
sobre as figuras de afeto. Eu guardei a informação o
Alegaram
quanto pude. estar com medo. A gestão, a supervisão escolar e outras colegas
professoras
Nesse ano a para que par�cipassem
grande questão a ser respondida foi: do evento que transcorreu sem nenhum prob
Será que Azizi pode se casar com Sofia? A primeira
Nonão.
resposta foi que ano seguinte,
Ele era preto e ela erahouve
branca. Foi mais
o duas pichações com o mesmo teor. Decid
divulgação
gancho que estávamose resolver a questão
esperando para internamente. Sabemos que neonazistas adoram
trabalhar alguns

Ao contrário do que possa ter sido a intenção dos pichadores, esse movim
nosso projeto �nha pulado os muros 75 da escola e não teria mais como ficar preso
me mo�vou a escrever esse livro foi contar alguns detalhes dos bas�dores, vamos a um deles!
sua importância e a necessidade de criarmos estratégias para divulgar a urg
esposta foi que não. Ele era preto e ela era branca. Foi o gancho que estávamos esperando para trabalhar algun
emas, entre eles: as famílias afro-brasileiras de nossas crianças, as configurações familiares, as histórias de amo
ntre pais/mães; casais homoafe�vos; pais/mães/filhos e filhas; mães e pais solos e a história de amor que um di
xis�u; rituais de união em diferentes culturas.
temas, entre eles: as famílias afro-brasileiras de nossas crianças, as configurações familiares, as histórias de amor entre pais/
mães; casais homoafetivos; pais/mães/filhos e filhas; mães e pais solos e a história de amor que um dia existiu; rituais de
união em diferentes culturas.
Em 2013, uma criança grita aos quatro ventos que Sofia está grávida e durante o ano as turmas se especializaram no
deviam confiar esse �po de segredo. Apareciam na minha sala, sentavam-se sem cerimônia e desfiavam
corpo humano,suas
secretamente nos impressões
cuidados com a gravidez;
sobre as figuraso papel do homem
de afeto. na gravidez,
Eu guardei as questões
a informação o quanto depude.
gênero que envolvem o
nascimento de uma
Nesse ano criança,
a grande conheceram
questão adetalhes de sua gestação
ser respondida e do
foi: Será queseuAzizi
nascimento
pode secontados por suas
casar com Sofia? mães e pais, a
A primeira
definição
resposta da
foisua
quecor de pele
não. (melanina),
Ele era preto e os
elatipos de parto Foi
era branca. e foram responsáveis
o gancho por fazer oesperando
que estávamos parto de Sofia.
paraAprenderam sobre
trabalhar alguns
os cuidados
temas, entredeeles:
crianças de 0 a 3anos
as famílias e os direitosde
afro-brasileiras e deveres
nossasdas infâncias.
crianças, as configurações familiares, as histórias de amor
Em 2014, trouxemos a vida e obra de Nelson Mandela
entre pais/mães; casais homoafe�vos; pais/mães/filhos e filhas; mães pelo seu falecimento em dezembro
e pais solos de de
e a história 2013.
amorImediatamente
que um dia
ele se transformou em avô de Azizi Abayomi.
exis�u; rituais de união em diferentes culturas. Sua biografia nos possibilitou trabalhar o impensável com nossas crianças.

Em 2013, uma criança grita aos quatro ventos que Sofia está grávida e durante o ano as turmas s
specializaram no corpo humano, nos cuidados com a gravidez; o papel do homem na gravidez, as questões d
ênero que envolvem o nascimento de uma criança, conheceram detalhes de sua gestação e do seu nascimento
ontados por suas mães e pais, a definição da sua cor de pele (melanina), os �pos de parto e foram responsáveis po
azer o parto de Sofia. Aprenderam sobre os cuidados de crianças de 0 a 3anos e os direitos e deveres das infâncias.

Em 2013, uma criança grita aos quatro ventos que Sofia está grávida e durante o ano as turmas se
especializaram no corpo humano, nos cuidados com a gravidez; o papel do homem na gravidez, as questões de
gênero que envolvem o nascimento de uma criança, conheceram detalhes de sua gestação e do seu nascimento
contados por suas mães e pais, a definição da sua cor de pele (melanina), os �pos de parto e foram responsáveis por
fazer o parto de Sofia. Aprenderam sobre os cuidados de crianças de 0 a 3anos e os direitos e deveres das infâncias.

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76
Em 2014, trouxemos a vida e obra de Nelson Mandela pelo seu falecimento em dezembro de 2013.
Imediatamente
Em 2014, eletrouxemos
se transformoua vidaem avô de
e obra deAzizi
NelsonAbayomi.
Mandela Suapelo
biografia nos possibilitou
seu falecimento trabalhar de
em dezembro o impensável
2013.
com nossas crianças. Houve de fato uma iden�ficação instantânea sua história. Trechos
Imediatamente ele se transformou em avô de Azizi Abayomi. Sua biografia nos possibilitou trabalhar o impensável davam conta que Madiba
quando criança
com nossas não �nha
crianças. Houve roupa para
de fato umair para a escola einstantânea
iden�ficação que morava suanuma casaTrechos
história. bem pequena,
davam conta na favela. Não �nha
que Madiba
brinquedos
quando criançae correr
Houve de
não com
fato�nha pequenos
uma identificação
roupa ir animais
para instantânea erahistória.
sua
para a escola esua
quegrande
Trechos
morava distração.
davam
numa conta que
casa Temas
Madiba
bem complexos
quando na
pequena, criança foram
não Não
favela. verdadeiras
tinha roupa
�nha
maratonas
brinquedos paraeircorrer
para a escola
filosóficas ecom epequenos
que morava
apaixonante foinuma casa era
a forma
animais bem
como pequena,
sua nossas
grandenacrianças
favela. Nãosetinha
distração. brinquedos
entregavam
Temas e correr
as suascom
complexos pequenos
ponderações.
foram animais
Falamos
verdadeiras
sobre era
igualdade,
maratonas sua grande
racismo,
filosóficas distração. Temas
equidade,foi
e apaixonante complexos
preconceito,foram
a forma como verdadeiras
apartheid, maratonas
jus�çase
nossas crianças filosóficas
e injus�ça.
entregavam e apaixonante
E aplicamos foi a forma como
esses conceitos
as suas ponderações. nossas
Falamosno dia a
dia crianças
da escola,
sobre se
refle�ndo
igualdade, entregavam
racismo, sobre as suas ponderações.
as nossas
equidade, relações.apartheid, jus�ça e injus�ça. E aplicamos esses conceitos no dia ae
preconceito, Falamos sobre igualdade, racismo, equidade, preconceito, apartheid, justiça
injustiça.
dia da escola, E aplicamos
refle�ndo esses
sobre conceitos
as nossas no dia a dia da escola, refletindo sobre as nossas relações.
relações.

Foinesse
Foi nesseFoi ano,
ano, durante
durante
nesse ano, uma
uma Reunião
uma do
Reunião
durante doConselho,
Conselho,
Reunião queque
do Conselho, seu
seuPresidente,
quePresidente,
seu
Sr. Claudio, pai de
Presidente, aluno
Sr. Claudio, nospai perguntou
de aluno nos quem
perguntou
Sr. Claudio, pai de aluno nos perguntou quem �nha sido “Guia Lopes”, �nhaquem sido “Guia
tinha sido Lopes”,
“Guia
Patronoda
Patrono da Escola.
Lopes”,
Escola. Esclareci
Patrono
Esclareci que ooEsclareci
da Escola.
que nome
nomeverdadeiro
que o nome era
verdadeiro eraFrancisco
verdadeiro era Lopes
Francisco Francisco
Lopese que
e que
�nha sido guia
Lopes edas
que tropas
tinha brasileiras
sido guia das na
tropasGuerra do
brasileiras
�nha sido guia das tropas brasileiras na Guerra do Paraguai e que por esseParaguai
na Guerra e
do que por
Paraguai esse
e
mo�vo não queera conhecido
por esse motivo não pelas criançaspelas
era conhecido e, consequentemente,
crianças e, consequentemente,por suas
mo�vo não era conhecido pelas crianças e, consequentemente, por suas
famílias epor
comunidade.
suas famílias Oe Sr. Claudio sugeriu
comunidade. aos membros
O Sr. Claudio sugeriu aospresentes
membros na
famílias e presentes
comunidade. O Sr. Claudio sugeriu aos membros presentes na
reunião se não poderíamos
na reunião trocar
se não opoderíamos
nome datrocar escolao para
nome Nelson
da escola Mandela,
para
reunião seNelson
uma vez que
não poderíamos
seuMandela,
filho sóuma falava
trocar
vez o nome
queVovô
no seu filho só da
Madiba
escola
falava
emnocasa
Vovôpara
eMadiba
Nelson
em casa
ele acreditava
Mandela,
eque
uma vez que
todas asele seu filho só
acreditavaestavam
crianças falava no
que todasmuito Vovô
as crianças Madiba em
estavam muito
envolvidas casa e ele
com envolvidas acreditava
o projeto. o que
comTodos
todas as projeto.
concordaramcrianças
e eu, estavam
Todos
como concordaram
diretora, muitoe eu,envolvidas
respondi como veria acom
quediretora, o projeto.
respondi que veria aTodos
possibilidade.
concordaram e aeu,ideia
como
possibilidade.
Achei diretora,
ó�ma respondi
e corri que veria
para saber se aseria
possibilidade.
possível. Tomei
Achei a ideia
Achei aó�ma
ideia e
ótimacorri
e para
corri para
conhecimento da necessidade de abrir um processo administra�vo saber
saber se
se seria
seria possível.
possível. Tomei Tomei
e
conhecimento conhecimento
da
começamos a nos mexer. da
necessidadenecessidade de de abrir
abrir um
um processo
processo administrativo
administra�vo e e
começamos Emcomeçamos
a2015,
nos mexer.
pora nos mexer. tanto no vovô Nelson Mandela, sen�mos
falarmos
saudadeEmdos2015, Em
nossos 2015,
por Vovôs por falarmos
falarmos tanto
e Vovós tanto osnovovô
e no vovô Nelson
Nelson
trouxemos Mandela,
Mandela,
para sentimos
sen�mos
protagonizar o
saudade dos nossos Vovôs e Vovós e os trouxemos para protagonizar o
saudade dos nossos Vovôs e Vovós e os trouxemos para protagonizar o

77 77

77
projeto desse ano. Trabalhamos valores de várias culturas, histórias de vidas, gostos e preferências de ontem e de
hoje, a sabedoria dos mais velhos, hábitos e costumes, objetos de afeto, receitas de família, brincadeiras e
memórias. A ancestralidade como valor. Foi nessa festa que iniciamos o abaixo-assinado para compor o processo
projeto desse ano. Trabalhamos valores de várias culturas, histórias de vidas, gostos e preferências de ontem e de hoje, a
de alteração do nome
projeto
sabedoriadesse da velhos,
ano.
dos mais escola.
Trabalhamos
hábitos evalores
costumes,deobjetos
várias culturas, histórias
de afeto, receitas dede vidas,
família, gostos e preferências
brincadeiras e memórias. Ade ontem e de
ancestralidade
Nesse
como ano,
hoje, valor. a escola
a sabedoria
Foi nessados passou
festamais por uma
velhos,
que iniciamos reforma
hábitos significa�va.
e costumes,
o abaixo-assinado objetosOode
para compor muro
afeto,
processo onde
de foi feita
receitas
alteração a pichação
dedofamília,
nome e as pinturas
dabrincadeiras
escola. e
ar�s�cas memórias.
estavaNesse
cheioA ancestralidade
dearachaduras
ano,
comoteve
escola passouepor
valor.que
Foi nessa
uma reforma
festa que
ser refeito iniciamos oParte
e pintado.
significativa.
abaixo-assinado
O muro onde foi da feitanossa
para compor
história
a pichação �nhao sido
e as pinturas
processoapagada.
artísticas
de alteração
Agora, alterar do nome da escola.
estavaocheio
nome
Nesse
da escolaeera
de ano,
rachaduras
a escolateve
manter
que ser
passou
viva aenossa
porrefeito pintado.missão
uma reforma Parte daenossa
significa�va.
dar uma
Ohistória
resposta
muro ondetinha sido defini�va
apagada.
foi feita
àqueles
Agora,
a pichação
que
alterar tentaram
o nome
e as pinturas
in�midar ar�s�cas
uma
da escola
escola era
estavapública
manter
cheio com
viva ummissão
ato criminoso
dea rachaduras
nossa e eteve uma de
dar que racismo.
resposta
ser definitiva
refeito àqueles
e pintado. Partequedatentaram intimidar
nossa história umasido
�nha escola pública
apagada.
Em 2016,
com ascriminoso
umalterar
Agora, ato crianças
o nomede sen�ram
daracismo.
escola erafalta dos avós
manter viva adenossaTetelo,
missão primeira
e dar uma figura de afeto
resposta defini�vada escola,
àquelesque que não chegaram
tentaram
a conhecer. Vejam
in�midarEmumao2016,
poderas crianças
escola públicasentiram
dessas umfalta
histórias
com atoque doshabitam
avós de
criminoso deTetelo, primeira
a escola.
racismo. Como figura de afeto da
o boneco nãoescola,
exis�a quemais,
não chegaram
trouxemos a um
conhecer.
álbum de fotos Em Vejam
de 2016, o
suas aspoder
úl�mas dessas
criançasférias.histórias
sen�ram que
Elefalta habitam
fezdosuma a escola.
avósimersão Como
de Tetelo,numa o
primeiraboneco
aldeia não existia
figuraindígena mais,
de afeto daeescola, trouxemos
nos apontou um álbum de
questões que
que não chegaram
precisavamfotos de suas
a conhecer.
de mais Vejamúltimas
pesquisa férias.
o poder Ele fez uma
dessasDesta
e estudo. imersão
históriasvez,que numa aldeia
habitam da
tratamos indígena
a escola. e nos apontou
Como o boneco
invisibilização questões
não exis�a
dos povos que precisavam
mais, trouxemos
originários, de mais
do racismo um e dos
preconceitos enfeitados de penas e guaches que cercam seus modos de ser. Fizemos paralelos comdeo que
pesquisadee estudo.
álbum fotos deDesta
suas vez, tratamos
úl�mas da invisibilização
férias. Ele fez uma dos povos numa
imersão originários,
aldeia doindígena
racismo eedos nospreconceitos
apontou enfeitadosque
questões
penas e guaches
precisavam que cercam
de mais pesquisa seus modos deDesta
e estudo. ser. Fizemos paralelos
vez, tratamos dacom o que aprendemos
invisibilização dos povos do povo negro e nos
originários, do aprofundamos
racismo e dos
aprendemos do povo
preconceitos
negro e nos aprofundamos em valores tais como a vida em comunidade, papeis socias de
em valores tais enfeitados
como a vidade empenas e guaches
comunidade, papeisque cercam
socias seus modos
de homens, mulheresdee crianças,
ser. Fizemos paralelos
religiosidade, come plantas
ervas o que
homens, mulheres
aprendemos e crianças,
do povo
medicinais, cultivo religiosidade,
negro
da terra, e noscorporais
pinturas ervas
aprofundamos e plantas
e arte. medicinais,
em valores tais como cul�vo
a vidada emterra, pinturaspapeis
comunidade, corporais
sociasede arte.
homens, mulheres e crianças, religiosidade, ervas e plantas medicinais, cul�vo da terra, pinturas corporais e arte.

Neste mesmo ano, em 18/08/2016, conquistamos o direito e a honra de termos como nosso Patrono
Neste Neste mesmo
mesmo ano, ano,
em em 18/08/2016, conquistamos
18/08/2016, o direito e a honraadehonra
termosdecomo nosso Patrono alguém de
alguém de quem nos orgulhássemos e queconquistamos o direito
representasse a nossa missãoe como escola. termos como nosso Patrono
alguém dequem
quem nos orgulhássemos
nos EMEIe que
orgulhássemos
Finalmente representasse
Nelsone que a nossa
representasse
Mandela! missão comocomo
a nossa
Imediatamente, escola.
missão como escola.
de costume, imprimimos em nosso muro a
Finalmente Finalmente EMEI
EMEI para
resposta defini�va Nelson
Nelson Mandela!
quemMandela! Imediatamente,
Imediatamente,
ainda duvidasse como
do nosso podercomo de costume,
de lutade imprimimos
costume,
e mobilização, em do
nosso
oimprimimos
rosto muro
nosso em anosso
resposta
Patrono. muro a
definitiva para quem ainda duvidasse do nosso poder de luta e mobilização, o rosto do nosso Patrono.
resposta defini�va para quem ainda duvidasse do nosso poder de luta e mobilização, o rosto do nosso Patrono.

78
78
Em 2017, durante uma reunião do Conselho de Escola, perguntamos aos pais o que eles achavam
importante suas filhas e filhos aprenderem na escola. Um pai boliviano manifestou sua insa�sfação quando disse
Em 2017, durante uma reunião do Conselho de Escola, perguntamos aos pais o que eles achavam
que em Bolívia as crianças estudam a história de seu país desde muito cedo e achou estranho isso não acontecer
importante suas filhas e filhos aprenderem na escola. Um pai boliviano manifestou sua insa�sfação quando disse
aqui no Brasil. Completou que gostaria que sua filha aprendesse um pouco mais sobre o país em que estava
que em Bolívia as crianças estudam a história de seu país desde muito cedo e achou estranho isso não acontecer
morando. Aprovada a ideia, percebemos depois que o desafio era bem maior do que parecia.
aqui no Brasil. Completou
Em 2017, durante uma quereunião
gostaria que sua
do Conselho de filha
Escola,aprendesse
perguntamos um pouco
aos pais o quemais sobre oimportante
eles achavam país em suasque estava
Depois de estudar
filhas eAprovada
filhos aprenderem a História
napercebemose Cultura
escola. Um paidepois Africana
boliviano e Afro-Brasileira,
manifestou suaera
insatisfação nós
quandonão poderíamos
que em Bolívia as crianças a
disseparecia. mais replicar
Em morando.
2017, durante umaa ideia,
reunião do Conselho que o desafio
de Escola, bem maior
perguntamos do que aos pais o que eles queachavam
História do Brasila história
estudam comode ela
seunos
país havia muito
sido contada. Houve
estranhoum trabalho de aqui
pesquisa incessante. Tivemos
Depois de estudar a desde
História e cedo Culturae achou
Africana eisso não acontecer
Afro-Brasileira, nósno não
Brasil. Completou que
poderíamos gostaria
mais replicar a
rtante suasquefilhas
reaprender tudo
sua ee filhos
mais umaprenderem
pouco. maisna
Aquele escola. Umquepai
tal desconstruir boliviano
para manifestou
construir. Algumas sua insa�sfação
confusões mentais, quando
outras disse
História do filha aprendesse
Brasil como ela um pouco
nos havia sobre
sidoocontada.
país em estava
Houve morando.
um trabalhoAprovadade apesquisa
ideia, percebemos depois Tivemos
incessante. que o que
mdescobertas
Bolívia as crianças
com
desafio
reaprender era ar deestudam
bem
tudo
quero
emaior
maisdoum queapouco.
mais história
e reescrevemos
parecia. de seuapaís nossadesde
história muito cedo e de
para crianças achou4 e 5estranho
anos, sem isso
Aquele tal desconstruir para construir. Algumas confusões mentais, outras
nãoCada
censura. acontecer
notrecho dessa
Brasil.
descobertas
história
Completou
Depois de foiestudar
com arque
adaptado
gostaria
de quero
para Cultura
maiseque
a História um sua�po de
filha
Africana
e reescrevemos
contação
aprendesse de história.
e Afro-Brasileira,
a nossa história não O
nósum
para
resultado
pouco
poderíamos
criançasmais deu
mais um orgulho
sobre
de 4replicar ao
e 5 anos, país imenso
semdoem
História que
Brasil
censura.
noestava
Cada
cole�vo
ndo. escolar.
como ela
Aprovada a Foihavia
nos
ideia, uma forma
sido contada.
percebemos incrível
Houve de trabalho
um
depois trabalhar
que o as relações
dedesafio
pesquisa étnico-raciais
incessante.
era bem Tivemos
maior que
do com as crianças.
reaprender
que tudo e mais
parecia. Projeto
um pouco. que é
trecho dessa história foi adaptado para um �po de contação de história. O resultado deu um orgulho imenso no
projeto faz todotalmundo
aaprender e reaprender
Aquele desconstruir para construir. Algumasjunto!
confusões mentais, outras descobertas com ar de quero mais e reescrevemos
Depois de
cole�vo estudar
escolar. Foi História
uma forma e4 eincrível
Cultura deAfricana
trabalhar e asAfro-Brasileira, nós não
relações étnico-raciais com poderíamos
as crianças. mais
Projetoreplicar
que é a
A festa do meio do ano recebeu o nomecensura.
a nossa história para crianças de 5 anos, sem de “Sou CadaBrasileira
trecho dessa história foi adaptado
e Brasileiro com muito para um tipo de contação
orgulho, com muito
doprojeto
riaamor”.
Brasil faz todo
como
de história. mundo
Oela nosaprender
resultado havia
deu e reaprender
sido
um orgulho imenso no junto!
contada. Houve
coletivo umFoitrabalho
escolar. uma forma de pesquisa
incrível de trabalharincessante. Tivemos que
as relações étnico-
ender tudo A
e festa
raciais com asdo
mais um meio
pouco.
crianças. do ano
Projeto querecebeu
Aquele tal ofaz
é projeto nome de “Sou
desconstruir
todo mundo Brasileira
para
aprender e Brasileiro
econstruir.
reaprender Algumas
junto! com confusões
muito orgulho, com muito
mentais, outras
amor”.
obertas com ar de quero
A festa mais
do meio e reescrevemos
do ano recebeu o nome dea“Sou nossa história
Brasileira paracom
e Brasileiro crianças de 4 com
muito orgulho, e 5 muito
anos,amor”.
sem censura. Cada
o dessa história foi adaptado para um �po de contação de história. O resultado deu um orgulho imenso no
vo escolar. Foi uma forma incrível de trabalhar as relações étnico-raciais com as crianças. Projeto que é
to faz todo mundo aprender e reaprender junto!
A festa do meio do ano recebeu o nome de “Sou Brasileira e Brasileiro com muito orgulho, com muito
”.

Em 2018, comemoramos o Centenário de Nelson Mandela e optamos em homenageá-lo de uma forma


diferente. As mulheres sempre �veram um papel fundamental na vida de Madiba. Sua mãe, e suas duas mulheres
Em 2018, comemoramos o Centenário de Nelson Mandela e optamos em homenageá-lo de uma forma
lhe deram a sustentação necessária para que pudesse se tornar o líder mundial que representa a força, a
diferente. As mulheres sempre �veram um papel fundamental na vida de Madiba. Sua mãe, e suas duas mulheres
persistência e a sabedoria do povo negro. Pensamos então que as mulheres que protagonizaram com suas músicas
lhe deram a sustentação necessária para que pudesse se tornar o líder mundial que representa a força, a
a festa do ano anterior, poderiam prestar suas homenagens ao Nelson Mandela e serem musas inspiradoras dos
persistência e a sabedoria do povo negro. Pensamos então que as mulheres que protagonizaram com suas músicas
diferentes grupos de crianças. Queríamos �rar um pouco a figura masculina da centralidade dos projetos. Assim
a festa do ano anterior, poderiam prestar suas homenagens ao Nelson Mandela e serem musas inspiradoras dos
Leci Brandão, Sandra de
Em 2018,de Sá, Clemen�na
comemoramos de Jesus,
o Centenário de Elza Soares,
Nelson Lia de em Itamaracá, Dandara
de uma e Dona IvoneAsLara,
diferentes grupos crianças. Queríamos �rar um Mandela
pouco ae figura
optamos homenageá-lo
masculina da centralidade forma diferente.
dos projetos. Assim
mulheresmulheres
importantes
sempre da História
tiveram Brasileira,
um papel �veram
fundamental na vidasua vida e Sua
de Madiba. suamãe,
obra estudadas
e suas pelaslhecrianças
duas mulheres da escola. Ao
deram a sustentação
Leci Brandão, Sandra de Sá, Clemen�na de Jesus, Elza Soares, Lia de Itamaracá, Dandara e Dona Ivone Lara,
mesmo tempo, buscamos
necessária pontosse
para que pudesse detornar
conexão demundial
o líder suas vidas com a vida
que representa das nossas
a força, meninas
a persistência e meninos.
e a sabedoria do povo negro.
mulheres importantes da História Brasileira, �veram sua vida e sua obra estudadas pelas crianças da escola. Ao
Pensamos então que as mulheres que protagonizaram com suas músicas a festa do ano anterior, poderiam prestar suas
Em mesmo tempo, buscamos o
2018, comemoramos pontos de conexão
Centenário de de suas vidas
Nelson com a vida
Mandela das nossas
e optamos emmeninas e meninos. de uma forma
homenageá-lo
homenagens ao Nelson Mandela e serem musas inspiradoras dos diferentes grupos de crianças. Queríamos tirar um pouco a
ente. As mulheres sempre
figura masculina �veram dos
da centralidade umprojetos.
papel Assim
fundamental
Leci Brandão,na vidadedeSá,Madiba.
Sandra ClementinaSua mãe,
de Jesus, Elzae Soares,
suas duas
Lia de mulheres
Itamaracá, Dandara e Dona Ivone Lara, mulheres importantes da História Brasileira, tiveram
eram a sustentação necessária para que pudesse se tornar o líder mundial que representa a força, a sua vida e sua obra estudadas
pelas crianças da escola. Ao mesmo tempo, buscamos pontos de conexão de suas vidas com a vida das nossas meninas e
stência e ameninos.
sabedoria do povo negro. Pensamos então que as mulheres que protagonizaram com suas músicas
a do ano anterior, poderiam prestar suas homenagens ao Nelson Mandela e serem musas inspiradoras dos
entes grupos de crianças. Queríamos �rar um pouco a figura masculina da centralidade dos projetos. Assim
Brandão, Sandra de Sá, Clemen�na de Jesus, Elza 79 Soares,
79 Lia de Itamaracá, Dandara e Dona Ivone Lara,
eres importantes da História Brasileira, �veram sua vida79e sua obra estudadas pelas crianças da escola. Ao
Em 2019, para trabalhar com
mais um dos valores civilizatórios
africanos e afro-brasileiros, decidimos
trabalhar o tema CASA com o
segundo turno. Compreendendo a
barriga da mãe como sendo nosso
primeiro habitat e o nosso corpo
como morada de tudo que somos
nós. A corporeidade como valor,
acabou sendo o eixo para trazer mais
conhecimentos sobre ludicidade,
musicalidade, ancestralidade, entre
outros.

80
80
Acredito
Acreditoque que
traçartraçar
uma breve
uma linhabrevedolinha
tempo docom os com os
tempo
temas
temas trabalhados
trabalhados seja importante para exemplificar
seja importante como os como
para exemplificar
projetos, além de coletivos, não são encerrados
os projetos, além de cole�vos, não são encerrados ao final do ano ao final do
letivo. Com dois temas transversais tão
ano le�vo. Com dois temas transversais tão amplos e amplos e complexos,
deixamos
complexos,questões abertas que
deixamos dão um bom
questões caldo que
abertas para serem
dão um bom
respondidas no ano seguinte.
caldo para serem respondidas no ano seguinte.
Engana-se
Engana-se quemquem pensapensa
que aoque construir uma prática
ao construir uma prá�ca
antirracista, o currículo fique estagnado nessa questão
an�rracista, o currículo fique estagnado nessa questão
específica. Não é possível desconstruir o racismo e não se
específica. Não é possível desconstruir o racismo e não se
sensibilizar com outras desigualdades tão perversas quanto ele.
sensibilizar com outras desigualdades tão perversas quanto
Preconceitos, mitos e tabus são igualmente revelados e
ele. Preconceitos, mitos e tabus são igualmente revelados e
discutidos, como as questões relacionadas às desigualdades de
discu�dos, como as questões relacionadas às desigualdades
gênero, ao capacitismo, à xenofobia, à sustentabilidade e ao
de gênero, ao capaci�smo, à xenofobia, à sustentabilidade e
consumismo infantil, entre outros. Nossas paredes contam essa
ao consumismo infan�l, entre outros. Nossas paredes
história para todos que chegam à escola.
contam Paraessa
que história paranão
as discussões todos
ganhem queum chegam
caráteràpessoal,
escola.
elegemos Paracomoque as discussões
agentes provocadores não de ganhem
aprendizagensum caráter
nossas pessoal,
elegemos
figuras como
de afeto. agentes
Suas provocadores
cartas chegam com desafios, de aprendizagens
com pedidos nossas
figuras
de ajuda deparaafeto. Suassegredos
desvendar cartas chegam
ou acharcom desafios,
tesouros. com pedidos
Esse clima
desuspense
de ajuda parae dedesvendar
maravilhamento,segredos
cria nasoucrianças
achar tesouros.
o desejo deEsse clima
de suspense
aprender sobree detudo,maravilhamento,
para então poder criaensinar
nas crianças
a Famíliao desejo de
Abayomi todos os mistérios da vida. Essa inversão de papéis aprender sobrepara
é fundamental tudo, para então
a autoestima poder eensinar
de meninas meninosa Família
Abayomi
mandelenses. todos os mistérios da vida. Essa inversão de papéis é fundamental para a autoes�ma de meninas e meninos
mandelenses.
Por sabermos que alguns assuntos continuam a ser delicados para as famílias, organizamos alguns encontros para
Por sabermos
discutir a temática com elas, que
antesalguns assuntos
de iniciarmos con�nuam
o trabalho a ser Preparamos
com as crianças. delicados dinâmicas,
para as convidamos
famílias, organizamos
especialistas alguns
encontros
e preparamos para discu�r
sempre a temá�ca
um vídeo disparadorcom elas,
para antes de iniciarmos
as discussões. o trabalho
Ao final, sinalizamos com asque
às famílias crianças.
iniciaremosPreparamos
as conversar dinâmicas,
com suas filhasespecialistas
convidamos e filhos sobre aeclassificação
preparamos entresempre
“coisas de
ummeninos
vídeo edisparador
coisas de meninas”,
para aspor exemplo. E alguns
discussões. Ao final,casos, são
sinalizamos às
as próprias
famílias quefamílias a virem até
iniciaremos asaconversar
escola paracomconversarem comeasfilhos
suas filhas crianças
sobresobre determinadas questões.
a classificação entre “coisas Um exemplo
de meninosdesta e coisas
iniciativa é quando vamos tratar das diversas religiões e crenças. Ninguém tem a pretensão de dar
de meninas”, por exemplo. E alguns casos, são as próprias famílias a virem até a escola para conversarem com as aulas sobre assunto. Então
convidamos
crianças váriasdeterminadas
sobre famílias para virem contar como
questões. Um vivem suasdesta
exemplo vidas religiosas
inicia�va noédia a dia. Quais
quando vamos seustratar
rituais,das
se frequentam
diversas religiões e
ou não lugares específicos, se existem regras a serem seguidas e todos os detalhes
crenças. Ninguém tem a pretensão de dar aulas sobre assunto. Então convidamos várias famílias para que as fazem diferentes entre si. Esse
virem contar
movimento, acredito, é deixar que a vida como ela é entre na escola pela porta da frente junto
como vivem suas vidas religiosas no dia a dia. Quais seus rituais, se frequentam ou não lugares específicos, com as famílias. Simples, não se
é? Às vezes me pego pensando que todo o problema reside no fato de queremos criar um mundo
existem regras a serem seguidas e todos os detalhes que as fazem diferentes entre si. Esse movimento, acredito, é fictício dentro dos muros
da escola.
deixar queBlindando possibilidades
a vida como antesna
ela é entre deescola
tentarmos.
pelaAprendemos
porta da frenteque o junto
faz de com
contaasé bom, sim, mas
famílias. na medida
Simples, não certa.
é? Às vezes me
Volto a dizer que, como especialistas em educação, devemos compreender que
pego pensando que todo o problema reside no fato de queremos criar um mundo fic�cio dentro dos muros da a escola não pode se ver cerceada
naquilo que
escola. deve propor
Blindando às crianças e adolescentes
possibilidades pelo que é palatável
antes de tentarmos. Aprendemos ou nãoque paraosuas
fazfamílias.
de conta Deve sim, formá-las
é bom, sim, mas para
na medida
que compreendam
certa. a importância de suas propostas.
Esse sempre foi um procedimento que deu certo. Sempre nos perguntavam se não encontrávamos resistência das
Volto a dizer que, como especialistas em educação, devemos compreender que a escola não pode se ver
famílias. A resposta é esta. Nossas famílias sempre foram as primeiras a saber sobre o tema que seria abordado com nossas
cerceada naquilo que deve propor às crianças e adolescentes pelo que é palatável ou não para suas famílias. Deve
crianças, seus filhos e filhas. Além de serem comunicados por meio de pesquisas, bilhetes, chamadas virtuais, oferecíamos
sim, formá-las para que compreendam a importância de suas propostas.
formações sobre as questões e qual seria nossa abordagem. Preparados, pais e mães tornavam-se terceiros educadores.
Esse sempre foi um procedimento que deu certo. Sempre nos perguntavam se não encontrávamos
Nossos parceiros.
resistência das famílias. A resposta é esta. Nossas famílias sempre foram as primeiras a saber sobre o tema que seria
abordado com nossas crianças, seus filhos e filhas. Além de serem comunicados por meio de pesquisas, bilhetes,
chamadas virtuais, oferecíamos formações sobre as questões e qual seria nossa abordagem. Preparados, pais e
81
Isso não quer dizer que nunca houve quem não se sentisse ofendido com as nossas propostas. Uma vez fomos parar
mães tornavam-se terceiros educadores. Nossos parceiros.
numa rede de televisão, porque ousamos nomear os órgãos sexuais feminino e masculino. A negação da ciência não é
Isso não quer dizer que nunca houve quem não se sen�sse ofendido com as nossas propostas. Uma vez
prerrogativa de poucos.
fomos parar numa rede de televisão, porque ousamos nomear os órgãos sexuais feminino e masculino. A negação
Para ilustrar, um belo dia, tiramos Sofia, esposa do Príncipe Azizi Abayomi do cenário sem dar muitas explicações. As
da ciência não é prerroga�va de poucos.
crianças ao sentirem sua falta, logo começaram a levantar hipóteses. Com o passar dos dias, íamos bagunçando a casa onde
Para ilustrar, um belo dia, �ramos Sofia, esposa do Príncipe Azizi Abayomi do cenário sem dar muitas
eles moram (oAs
explicações. palco da escola).
crianças Azizi e seus
ao sen�rem filhos logo
sua falta, Dayó começaram
e Henrique pareciam
a levantarcada vez mais Com
hipóteses. tristes.o Dayó
passarchegou a escrever
dos dias, íamos
uma carta para sua mãe tentando entender o que havia acontecido, mas foi em vão. Fizemos um
bagunçando a casa onde eles moram (o palco da escola). Azizi e seus filhos Dayó e Henrique pareciam cada vez mais filme em que Azizi pede ao
telefone para chegou
tristes. Dayó Sofia voltar, e Sofia uma
a escrever não revela porque
carta para suatinha decidido partir
mãe tentando para ao que
entender casa havia
dos pais. Fizemos uma
acontecido, Assembleia
mas foi em vão.
Infantil para compartilhar as hipóteses das crianças. Não deu outra. Sofia tinha partido
Fizemos um filme em que Azizi pede ao telefone para Sofia voltar, e Sofia não revela porque �nha decidido porque não aguentava mais dar par�r
conta
sozinha da arrumação
para a casa dos pais. da casa. Essa
Fizemos umafoiAssembleia
a hipótese mais votada
Infan�l parapelas crianças. Aas
compar�lhar partir daí abrimos
hipóteses uma discussão
das crianças. comoutra.
Não deu todas
as crianças
Sofia �nha epar�do
com todas
porqueas famílias da escola.mais
não aguentava Foi incrível
dar conta os resultados
sozinha daque conseguimos!!
arrumação A mobilização
da casa. dos pais mais
Essa foi a hipótese para
desencadear
votada pelasvárias açõesA na
crianças. escola,
par�r os meninos
daí abrimos uma ensinando
discussão algumas tarefas
com todas aspara Azizi e com
crianças Henrique.
todasEssas discussões
as famílias foram
da escola.
sendo aprofundadas
Foi incrível a tal ponto
os resultados que foram levadas
que conseguimos!! a todos os territórios
A mobilização de aprendizagem.
dos pais para desencadearAnálisevárias de quantos
ações livros de
na escola, os
meninos
história ensinando
tinham algumas
personagens tarefasfemininas
principais para Azizinaenossa
Henrique.
sala deEssas
leituradiscussões foram sendo
e quais os motivos aprofundadas
de só terem a tal ponto
mulheres trabalhando
que foram levadas a todos os territórios de aprendizagem. Análise de quantos livros
na cozinha. Como uma das respostas as nossas reflexões, organizamos um dia de chefe de cozinha com os pais nos grupos de história �nham de
personagens
suas principais
filhas e filhos. Enfim,femininas na nossa
apenas exemplos desala
como deasleitura
coisasepodem
quais os mo�vos
mudar com de só terem
apenas mulheres trabalhando
uma provocação bem-feita. Esse na
cozinha.ilustra
episódio Comobem umaporque
das respostas
a pedagogia as criada
nossasrecebe
reflexões,
o nome organizamos
que tem. um dia de chefe de cozinha com os pais nos
gruposEnfim,
de suas filhas e filhos. Enfim, apenas exemplos
por que então abraçar as relações étnico-raciais e as dequestões
como asdecoisas
gênero podem mudar com
desde a primeira apenas
infância? E poruma que
Enfim, por que então abraçar
provocar crianças e adultos a pensar sobre elas?as relações étnico-raciais e as questões de gênero desde a primeira infância? E
por quePorque
provocar crianças
conhecer e adultos
nossa históriaasignifica,
pensar sobre elas?
irrefutavelmente, abraçar uma causa, nossa ancestralidade, nossa essência
Porque conhecer
e nossa própria divindade. nossa história significa, irrefutavelmente, abraçar uma causa, nossa ancestralidade, nossa
essência e nossa própria divindade.
Significa abrir os braços e deixar ir o que não nos pertence mais, para que chegue o novo.
Significa
Porque aoabrir os braços
conhecer e deixar
o outro ir o que
abraçamos nãomesmos
a nós nos pertence
e todas mais, para que chegue
as novidades o novo.
que chegam com esse novo ser que
Porque ao conhecer
descobrimos habitar em nós. o outro abraçamos a nós mesmos e todas as novidades que chegam com esse novo ser
que descobrimos habitar em nós.
Porque precisamos experimentar a delícia que é nos sentirmos mais leves ao acarinhar os outros, mas todos os
Porque precisamos experimentar a delícia que é nos sen�rmos mais leves ao acarinhar os outros, mas todos
outros, mesmo!
os outros, mesmo!
É descobrir que quando tratamos de racismo, preconceito e discriminação, a tônica da conversa precisa ser a do afeto.
É descobrir que quando tratamos de racismo, preconceito e discriminação, a tônica da conversa precisa ser
Que seja possível, um dia, finalmente, não soltarmos a mão de ninguém, mas de ninguém mesmo!
a do afeto.
Que seja possível, um dia, finalmente, não soltarmos a mão de ninguém, mas de ninguém mesmo!

E na hora que a televisão brasileira


Distrai toda a gente com sua novela
É que o Zé bota a boca no mundo
Ele faz um discurso profundo
Ele quer ver o bem da favela
Está nascendo um novo líder...”
Música: Zé do Caroço
Compositora: Leci Brandão

8282
Nota Tinha Tinha chegado
chegado a hora
a hora dodo convencimento.Por
convencimento. Porque
quecomemorar?
comemorar? Para Paraquê?
quê?
Reunimos as famílias no restaurante da escola
Reunimos as famílias no restaurante da escola para um encontro sem para um encontro sem
esmiuçar
esmiuçar a pauta.
a pauta.
ElasElas
foramforamrecebidas
recebidascom comum um círculo
círculo de decadeiras
cadeiras e noe no
centrocentro cinquenta
cinquenta folhas
folhas
dede sulfite,
sulfite, contendo
contendo ilustrações
ilustrações com comváriasvárias
datasdatas comemora�vas
comemorativas das mais das mais
comuns
comuns até as menos conhecidas. Um prato cheio para quem
até as menos conhecidas. Um prato cheio para quem quer provocar uma boa reflexão. quer provocar uma

Que
boa reflexão.
Nas paredes, duas grandes folhas de papel pardo. Uma com o título «FAMÍLIA»
Nas paredes, duas grandes folhas de papel pardo. Uma com o �tulo
e a outra com letras garrafais «ESCOLA».
«FAMÍLIA» e a outra com letras garrafais «ESCOLA».
Pedimos
Pedimos quequecada cada casal
casal ou ou pessoa
pessoa escolhesseuma
escolhesse umadatadatae ea classificasse,
a classificasse,

dia
colocando-a emem umum dosdosdoisdois cartazes.DeDe quemseria seriaa responsabilidade
a responsabilidade de de

?
colocando-a cartazes. quem
comemorar
comemorar a data
a data escolhida?
escolhida? Bem,
Bem, só só
com com essapergunta,
essa pergunta,a adiscórdia
discórdiajájáhavia
havia
encontrado
encontrado o lugarcerto
o lugar certopara
para se
se instalar.
instalar.Casais
Casaisemem total dissonância
total dissonância e quem estava
e quem
sem par, logo foi em busca de um para dirimir a sua dúvida:
estava sem par, logo foi em busca de um para dirimir a sua dúvida: “O que você “O que você acha? É da

é hoje acha?escola

ponto.
É daou

Começamos
da família
escola
ApósApós uma
ou daafamília
umahora,
obrigação
hora,voltamos
refle�ndo sobre
de comemorar
a obrigação
voltamos àà roda
as datas
o dia das mães?”
de comemorar
rodaeecomeçamos
começamos
que �nham
o dia das mães?”
a discussão
a discussão
sido
Começamos refletindo sobre as datas que tinham sido deixadas no centro do círculo deixadas
de outro
de outro
no
ponto.
centro
do círculo de cadeiras.
de cadeiras. Abandonadas.
Abandonadas. Entre elas:Entre
Dias dos elas: Dias
Pais, Diados Pais, eDia
do Ateu, do Ateu,
outras que não e
outras
meque não me recordo.
recordo.
Todas as datas esquecidas foram defendidas pela equipe da escola e
Todas as datas esquecidas foram defendidas pela equipe da escola e levadas
levadas para o mural ESCOLA, porque cada um deu uma jus�fica�va plausível em
paradessa
defesa o mural ESCOLA, porque
classificação. Eu porcada um deupor
exemplo, umaserjustificativa
ateia me sen� plausível em defesa
no direito de
dessa classificação. Eu por exemplo, por ser ateia
ter uma comemoração no meu dia, porque �nha respeitado todos os anos da me senti no direito de ter uma
minhacomemoração
existêncianoasmeu dia, porque tinha
fes�vidades respeitado
religiosas, semtodos os anos da
reclamar ouminha existência
desrespeitar
as festividades religiosas, sem reclamar ou desrespeitar ninguém.
ninguém.
Conclusão:
Conclusão: Provamosàs
Provamos às famílias
famílias quequedois maismais
dois dois dois
são quatro e que duzentos
são quatro e que
duzentos dias le�vos
dias letivos não dariam
não dariam para comemorar
para comemorar todasQuais
todas as datas. as datas. Quaisentre
as datas, as datas,
todas,
entre todas, ser
deveriam deveriam ser Por
escolhidas? escolhidas?
que a dataPor que Xa teria
do casal datamais do importância
casal X teria do mais
que a
importância
da professorado queY? E ao da professora
projeto da escola? Y? Que
E o tempo
projeto da escola?
teríamos Que tempo
para desenvolvê-lo?
teríamos
Iniciamos as explicações da diferença entre escolas que trabalham com escolas
para desenvolvê-lo? Iniciamos as explicações da diferença entre projetos
que coletivos,
trabalham com projetos cole�vos, nosso caso, e as
nosso caso, e as escolas que não trabalham com projetos e tem todo escolas que nãoo
trabalham
tempo do com projetos
mundo paraefalar
temcada
tododia o tempo
sobre uma do data
mundo para falar cada
comemorativa. dia sobre
Explicamos que
umanossas
data crianças
comemora�va. Explicamos que nossas crianças
e adolescentes merecem muito mais do que o conhecimento e adolescentes
merecem muito
superficial que émais do compartilhar
possível que o conhecimento
em uma únicasuperficial
aula ou em um queúnico
é possível
dia. Seus
compar�lhar em uma única aula ou em um único dia. Seus
direitos são mais amplos e abrangentes do que os parcos conhecimentos de quem direitos são mais se
amplos e abrangentes do que os parcos conhecimentos de quem se atém ao
Sofia - 4 anos atém ao mínimo que já sabe.
mínimo que já sabe.
Dica:Dica: O conhecimento
O conhecimento nãonãocabecabeemem umum ano,por
ano, porissoissoacreditamos
acreditamosque que
projetos
projetos nãonão tenhamfim.
tenham fim. Não
Não háháum umproduto.
produto. Há umHá resultado
um resultado provisório. Produto
provisório.
é prova
Produto com nota.
é prova com Fujanota.dessa
Fujaforma
dessasimplista de acreditar
forma simplista deque as crianças
acreditar que sãoas
incapazes de compreender as complexidades da vida,
crianças são incapazes de compreender as complexidades da vida, além do além do desenho de um coelho
ou dasderenas
desenho um de um papai
coelho ou dasnoel.renas
Fuja das
de fórmulas
um papai ultrapassadas
noel. Fuja de dasensinar
fórmulase de
aprender. Nossas
ultrapassadas crianças
de ensinar e adolescentes
e de aprender. Nossas têm direitos
criançasde aprendizagem
e adolescentes a serem
têm
Kauê - 4 anos
garantidos.
direitos de aprendizagem a serem garan�dos.

83
83
Voz Planejar e viajar é preciso!
Cibele Araújo Racy Maria

Desde a década de 80, tive diversas experiências e coordenadores pedagógicos quanto nos investimentos da
várias orientações de como planejar minha atuação com Secretaria Municipal de Educação para formar esses
crianças na educação infantil. Confesso que no início da formadores. Como professora, ainda fechada em minha
profissão tinha tanta sabedoria que decorei um argumento sala de aula, não sei ao certo de onde partiu a ideia, por
que muitas das minhas colegas tinham, quando nos exemplo, de que teríamos que vivenciar o método
perguntavam: qual objetivo você tem com essa científico que Piaget utilizou para fazer suas descobertas.
“atividade”? Não posso afirmar ser essa uma orientação da Secretaria,
A resposta era quase idêntica: “lateralidade, mas seja como for, alguém acreditou, numa determinada
oralidade, sociabilidade e coordenação motora fina, época que, irmos para a sala de aula com uma lista de
vários”. Enfim, tudo que a memória pudesse dar conta de várias folhas almaço contendo as perguntas que Piaget
lembrar. Era uma pergunta com peso de prova oral e uma teria feito às crianças para chegar às conclusões de sua
resposta pronta que gerava uma satisfação média no teoria, seria uma ótima ideia para compreendermos as
ouvinte. infâncias.
Na verdade, esse era um discurso muito presente Passado algum tempo, me fizeram acreditar que
entre as formadoras daquele tempo. Qualquer proposta se eu colocasse no meu planejamento “pular corda” eu
feita carregava um leque enorme de aprendizagens estaria garantindo um compêndio de objetivos da
possíveis. Pedagogicamente falando isso é um fato, mas educação infantil e meu planejamento se transformou em
colocou os docentes numa zona de conforto que nos uma lista de palavras soltas. Uma lista de palavras soltas
impediu de avaliar, o que queríamos observar em nossas que hoje compõe o que compreendo como sendo uma
crianças em determinados momentos. Essa máxima linha de tempo, jamais um planejamento.
conferiu superpoderes a mim e aos meus pares, dando- Antes de prosseguir com o assunto, é preciso
nos a impressão de que qualquer proposta era excelente fazer apenas um adendo. Toda vez que nos deparamos
por si só. com alguma mudança de paradigmas envolvendo práticas
A teoria tantas vezes repetida, nos fez acreditar docentes, temos a tendência de avaliarmos como errados
que poderíamos ser suscintas no ato de planejar, inclusive, ou impróprios nossos fazeres anteriores. Esta postura
porque tudo estava subentendido. Tudo desenvolvia tudo está bem longe daquilo que acredito. Valorizo cada passo
e a contento. que dei como professora e como formadora de
As consequências desse vício da simplificação do professores, porque compreendo todas as variantes e os
planejamento, levadas às últimas consequências, podem contextos em que se deram cada uma dessas formas de
nos explicar, por exemplo, a grande dificuldade para pensar e fazer a educação acontecer. É preciso que
compor os relatórios individuais de avaliação descritiva compreendamos, também, que alguns erros fazem parte
das crianças e não termos o hábito de avaliarmos a nossa do processo de feitura da história da educação e, portanto,
prática, porque nos falta elementos para isso. compõem minha história e os processos de constituição
A preocupação com a importância em se planejar do ser professora e professor daqueles que optam pela
a prática pedagógica sempre esteve presente, tanto nos docência.

84
professor daqueles que optam pela docência.
Par�cularmentetenho
Particularmente tenhodúvidas
dúvidas dede quem
quem dizdiz não
não errar.
errar. Penso
Penso queque existem
existem duas
duas possibilidades:
possibilidades: umauma de que
de que não
não enxergar o erro pode acusar a cegueira de quem os nega e não a sua inexistência e outra,
enxergar o erro pode acusar a cegueira de quem os nega e não a sua inexistência e outra, porque acerta-se tanto nasporque acerta-se
tanto
mesmasnascoisas
mesmasque coisas queasepossibilidade
se elimina elimina a possibilidade
de inovação, de inovação,
o que o que não
não é nenhum é nenhum
feito admirável.feito admirável.
Refazer trajetos, repensar prá�cas é a exigência mínima da nossa profissão.
Refazer trajetos, repensar práticas é a exigência mínima da nossa profissão.
Planejar con�nua a ser um desafio para a educação infan�l, cujas consequências são percep�veis quando a
Planejar continua a ser um desafio para a educação infantil, cujas consequências são perceptíveis quando a
professora ou professor precisa elaborar o relatório individual sobre as crianças ou mesmo avaliar sua prá�ca.
professora
Issooume
professor precisaseelaborar
leva a pensar estamos o relatório individual sobre
mesmo garan�ndo asos
todos crianças oude
direitos mesmo avaliar suaprevistos
aprendizagem prática. pela BNCC
Isso me leva
-Base Nacional a pensarComum
Curricular se estamos mesmo
- para garantindo
as nossas todos eosadolescentes,
crianças direitos de aprendizagem previstos pela
quando persis�mos emBNCC -Base
elaborar
Nacional Curricular
planejamentos semComum - para
foco nos as nossas crianças e adolescentes, quando persistimos em elaborar planejamentos sem
obje�vos.
foco nosBem,
objetivos.
lá por volta de 1982, meu planejamento era exatamente esse:
Bem, lá por volta de 1982, meu planejamento era exatamente esse:

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta


Acolhimento Acolhimento Acolhimento Acolhimento Acolhimento
Higiene Higiene Higiene Higiene Higiene
Lanche Lanche Lanche Lanche Lanche
Pular corda Massinha com Pinos e monta - Brincadeira Pintura
materiais tudo dirigida
diversos
Hora da História Recorte e Hora da História Desenho Livre Filme
Colagem
Parque Parque Parque Parque Parque
Roda de Brincadeira com Roda de Argila Roda de
Conversa água Conversa Conversa
Relaxamento Relaxamento Relaxamento Relaxamento Relaxamento
Preparação para Preparação para Preparação para Preparação para Preparação para
a saída a saída a saída a saída a saída
Em 2019, nem a linha de tempos e espaços da escola em que fui diretora era tão simples como o meu an�go
Em 2019, nem a linha de tempos e espaços da escola em que fui diretora era tão simples como o meu antigo
planejamento. Segue um exemplo da ro�na organizada, considerando que aderimos ao Programa São Paulo
planejamento. Segue um exemplo da rotina organizada, considerando que aderimos ao Programa São Paulo Integral,
Integral, portanto com tempo de permanência das crianças de oito horas diárias.
portanto com tempo de permanência das crianças de oito horas diárias.
Nela, são garan�dos todos os territórios de aprendizagem, a frequência das a�vidades de letramento,
Nela, são egarantidos
raciocínio lógico todos
os dias dos os territórios
projetos didá�cos. deApesar
aprendizagem, a frequência
de não estarem das atividades
explícitas, de letramento,
toda a escola raciocínio
e suas funcionárias
elógico e os diastêm
funcionários dos suas
projetos didáticos.pautadas
atribuições Apesar denesses
não estarem
temposexplícitas,
e espaçostoda
queagarantem
escola e suas funcionárias
direitos e funcionários
às infâncias.
têm suas atribuições pautadas nesses tempos e espaços que garantem direitos às infâncias.

85

85
Linha de Tempo e Espaços – Turma Clementina de Jesus
2019
8:00 – 8:15 Higiene
8:15 – 8:30 Lanche
8:30 – 9:00 Rotina Letramento
9:00 – 9:45 Parque/Gramado
9:45 – 10:30 2ª feira – Sala de Leitura
3ª feira - Horta
4ª feira - Artes
5ª feira – Projeto Sustentabilidade e Consumismo –
Modos de Ser e Viveu no Mundo: A minha, a sua a
nossa Casa”
6ª feira – Projeto Sustentabilidade e Consumismo –
Modos de Ser e Viver no Mundo: A minha, a sua a
nossa Casa”

10:30 -11:15 2ª feira - Projeto Sustentabilidade e Consumismo –


Modos de Ser e Viver no Mundo: A minha, a sua a
nossa Casa”
3ª feira - Registro
4ª feira - Cultura Corporal
5ª feira - Quadra
6ª feira - Registro
11:15– 11:30 Higiene
11:30– 12:00 Almoço
12:00 – 12:15 Higiene
12:15 – 12:30 Pausa
12:30 – 12:45 Rotina – Resolução de Situações- Problema
12:45 –– 13:30 2ª feira - Artes
3ª feira – Projeto Relações étnico-raciais – “Modos de
conhecer e conviver no mundo: Eu, Eles, Elas e Nós”
4ª feira - Projeto Relações étnico-raciais – “Modos de
conhecer e conviver no mundo: Eu, Eles, Elas e Nós”
5ª feira – Projeto Relações étnico-raciais – “Modos de
conhecer e conviver no mundo: Eu, Eles, Elas e Nós”
6ª feira - Brinquedoteca
13:30 14:15 Parque
14:15 – 14:30 Higiene
14:30 – 14:45 Lanche
14:45 – 15:30 2ª feira - Ludoteca
3ª feira - Redário
4ª feira - Registro
5ª feira - Registro
6ªfeira – Cultura Corporal
15:30 – 16:00 Pausa/Saída

Muito provavelmente algumas professoras devem estar se reconhecendo nessa forma de planejar e não há nenhum
problema em relação
Muito a isso, porque
provavelmente a motivação
algumas para devem
professoras escreverestar
esse se
livro é levar meus pares
reconhecendo nessaaforma
refletirde
sobre sua prática,
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nenhum nossos relatos.
problema em relação a isso, porque a mo�vação para escrever esse livro é levar meus pares a refle�r sobre
Meudiante
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nossos que passei por vários momentos de formação e não descarto a importância de nenhum
relatos.
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de formação planejar é uma processo
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aprender a fazer e a insistência
e formadora. Aprenderema fazer sempre
planejar é um
melhor. e o aprimoramento foi acontecendo por dois fatores: disponibilidade em aprender a fazer e a insistência
processo
em fazerAosempre
retornar à escola em 2004 como diretora, o modelo de lista era usado como planejamento e ao longo de quinze
melhor.
anos, muitas inquietações
Ao retornar à escolanosemajudaram
2004 comoa aprimorar
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o modelo queera
de lista exige avaliação,
usado concentração, criatividade,
como planejamento e ao longo de
conexão com o grupo de crianças e com Projeto Político-Pedagógico da escola em que se atua. Fomos
quinze anos, muitas inquietações nos ajudaram a aprimorar esse momento que exige avaliação, concentração, revisando, anualmente,
os modos de planejar.
cria�vidade, conexão com o grupo de crianças e com Projeto Pol��co-Pedagógico da escola em que se atua. Fomos
revisando, anualmente, os modos de planejar.

86
86
Passamos da lista para um planejamento que determinava três ou quatro objetivos gerais por semana e a descrição
detalhada de todas as atividades que seriam desenvolvidas. Um grande avanço. Nesse período o currículo da escola era
organizado por saúde (saúde física, emocional, mental e mundial) e os objetivos divididos pelos estágios (1º, 2º e 3º
estágios). Como se vê, duas concepções que já não fazem parte do nosso Projeto Político- Pedagógico.
A cada nova provocação, uma nova solução. Portanto, o roteiro do pensar as propostas para as crianças e o jeito de
fazer do professor, foi sendo construído em cima dos problemas apontados pelo grupo.
“Eu fiz o que planejei, mas as crianças fizeram tudo em cinco minutos”, “não deu tempo de acabar o que planejei”,
“não tenho o que escrever no relatório individual de avaliação”, “as crianças não conseguiram realizar sozinhas e eu só
consegui ajudar algumas”, essas foram algumas das muitas falas que consigo lembrar e que nortearam, ano a ano, um novo
modelo de planejamento que atendesse as necessidades das crianças e das professoras.
Ao planejar, o(a) professor(a) exercita sua autonomia para promover aprendizagens e aprender com suas crianças
ao mesmo tempo. Não se trata, porém de um momento desconectado do Projeto Político-Pedagógico da escola em que
atua, mas de conjunção de ideias, desejos e habilidades pessoais com as expectativas que o contexto escolar definiu como
sendo prioritárias para a sua comunidade. Na contramão do senso comum, consideramos o currículo da EMEI Nelson
Mandela o seu Projeto Político-Pedagógico na íntegra. A escuta atenta aos saberes infantis nos ajuda a desconstruir a base
adultrocêntrica em que estão construídos os direitos à educação, sobretudo àqueles que definem sobre o que as infâncias
devem ou não ter acesso. Nesse sentido, uma lista de direitos de aprendizagem não faz parte das nossas preocupações, se
for de alguma forma cercear temas que sejam importantes para ampliar o repertório de nossas crianças e suas famílias. Os
direitos de aprendizagem contidos na BNCC são, para nós, referências.
Outra questão fundamental que o nosso modo de planejar deixa muito evidente, são os campos destinados à escuta
atenta de nossas crianças e os vários campos destinados aos registros de suas falas. Não é possível atuar com crianças se
não soubermos quais são seus desejos, necessidades e, principalmente quais as leituras que fazem do mundo.
O registro da atuação e das falas infantis refletem suas aprendizagens e nos servem de parâmetro para redirecionar
nossa prática, avaliar o percurso do projeto e fundamentar a avaliação sobre os avanços e desafios de cada uma de nossas
crianças.
É preciso planejar o registro para que seja possível ouvir e registrar as falas infantis nos diferentes tempos e espaços,
porque nos revelam suas histórias de vida, os conhecimentos prévios que possuem sobre qualquer proposta de trabalho
que queiramos fazer e se novos conhecimentos foram construídos, após as interações com o professor.
Registrar o que as crianças nos dizem significa compartilhar as responsabilidades pelo processo educativo e
formativo.
Sempre houve uma grande dificuldade durante os anos de implementação desse roteiro, porque se argumentava
ser impossível anotar a fala de 35 crianças durante as rodas de conversa.
Nesse sentido, fizemos algumas interferências individuais para definir quais registros seriam importantes e quantas
crianças seriam ouvidas por dia.
Quando o(a) professor(a) assume o papel de bom escutador, não deve interferir no que ouve de nenhuma forma,
deve apenas registrar sem julgamentos. As suas intervenções serão planejadas, posteriormente, para que encontre a
melhor provocação e a faça para todo o grupo de crianças, levando-as a refletir sobre algum tema do projeto.
Portanto, definimos que as falas a serem registradas diriam respeito, exclusivamente, ao projeto garantiu qualidade
aos registros e tranquilizou as professoras.
Fica a dica: direcionar o foco de quais falas devem ser registradas garante qualidade e significado ao registro.
É possível falarmos em planejar, sem antes termos definido o currículo da escola? Sim, se confundirmos planejar

87
com organizar e usarmos a lista como planejamento. Não, se optarmos em planejar a prática pedagógica, ou seja, pensar
no que fazer, por que fazer e como fazer.
Podemos falar em planejamento sem sabermos ao certo quais os direitos de aprendizagem (objetivos) que queremos
e devemos garantir para nossas crianças? Sim, se a semana inteira for dedicada, por exemplo, a comemorar o dia da criança
com atividades recreativas e, nesses dias, o professor não estiver preocupado em fazer nenhum tipo de observação de suas
crianças, apenas cuidar para que tenham a segurança necessária para brincar. Claro, que ao brincar, elas estão apreendendo
o mundo que as cerca, mas não estou falando das crianças e sim do papel das professoras e professores nesse momento.
Cito esse exemplo por um motivo muito simples. Nesses dias era muito comum, nos semanários, as páginas terem um risco
como se não houvesse a necessidade de planejamento. Claro que há. Não podemos, como especialistas de Educação que
somos, assumir um papel de cuidadores, apenas. O planejamento não diz respeito, somente, ao que o professor espera que
suas crianças façam. O planejamento diz respeito ao que o(a) professor(a) deve fazer, também. Neste exemplo, na EMEI
Nelson Mandela, ele(a) deve planejar quais as três crianças que serão observadas e sobre as quais serão feitos os registros
para compor o relatório. Entendemos que esses relatórios de avaliação são construídos durante todo o ano letivo e não
quando chega a hora de entregá-los aos pais, afinal essa não é a sua única finalidade.
Sabemos que o currículo e, consequentemente, os direitos de aprendizagem devem estar expressos no Projeto
Político-Pedagógico e que a grande queixa é de que muitas professoras não sabem onde fica esse documento em suas
escolas. Como podem ver, são várias lacunas que levam o planejamento dos professores a ser uma lista de atividades.
Não tenho dúvida sobre algumas das causas que interferem decisivamente na qualidade da educação pública. A
primeira é a ausência de formação continuada sobre como planejar e alcançar resultados que sejam passíveis de avaliação
da criança e do trabalho do professor. Essa falta de parâmetros reais, dificulta o investimento nas necessidades reais dos
docentes. O segundo é o distanciamento entre o Projeto Político-Pedagógico e os docentes. Reverter esse quadro não é
desafio para uma administração de quatro anos e, tendo em vista a descontinuidade das políticas públicas, algumas
deficiências da rede municipal tornam-se crônicas.
No entanto, temos o que comemorar. A promulgação da BNCC garantiu acesso a todos os profissionais da educação
aos direitos de aprendizagem das crianças e adolescentes. Se não for por meio da escola, a internet disponibiliza acesso
irrestrito ao documento. Insisto nesse ponto, porque o planejamento da EMEI Nelson Mandela, até 2019, esteve baseado
nos direitos de aprendizagem. Hoje, não cabe mais a autonomia para o não fazer. Há espaço de sobra para se fazer bem-
feito e diferente.
Reunindo todas as falas das professoras durante as avaliações de seus planejamentos, a gestão pedagógica da
escola foi construindo um modelo que chegou nesse roteiro que, espero, sirva de inspiração para muitas e muitos de vocês.
Para preenchê-lo, a professora precisava ter com ela a seguinte documentação pedagógica: diário de projeto, teia do
conhecimento, portfólio individual da criança e quadro de referência (currículo).
Por que tudo isso para planejar? Porque ninguém planeja o que vai fazer sem lembrar das experiências anteriores.
As boas e más lembranças devem vir à tona para evitar erros já cometidos e lembrar dos êxitos.
Algumas vozes contarão para vocês sobre cada documentação pedagógica, mas falarei aqui brevemente sobre cada
uma e sua importância para o momento de planejar e com mais detalhes do quadro de referência.
O diário de projeto conta a história do projeto de cada turma, portanto para planejar é fundamental que o professor,
garantindo a continuidade histórica do enredo, consulte-o antes de prosseguir. A Teia do Conhecimento é onde ficam
registrados os caminhos já percorridos e as conexões que podem ser feitas tendo como base as falas das crianças e a
criatividade da professora. O portfólio individual reúne os registros feitos pelas crianças de suas experiências e para planejar
os novos registros, é preciso analisar os já realizados para diversificar as linguagens.

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O quadro de referência é como chamamos o currículo da escola. Organizamos os direitos de aprendizag
que constam na BNCC em quatro eixos, baseados nos princípios da Educação do Séculos XXI: Aprender a
aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a conviver.
Aqui lanço um desafio aos leitores e leitoras desse livro. Que tal reunir os professores de sua esco
escolher quatro O quadroeixos para organizar
de referência os direitos
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governantes no nosso País, de seu Estado ou Cidade. Primeiro
de aprendizagem) a ser observado, que corresponde a uma proposta elaborada pelo professor que a apresenta em forma
criar os eixos revela a concepção que a sua escola tem sobre Educação e as discussões de onde encaixar cada direito
de provocação para as crianças.
de aprendizagem, aproximam olhares e argumentos de todas as equipes. É uma experiência interessan�ssima
quando falamos em planejamento e fundamental para revisitar depois os Projetos Polí�cos -Pedagógicos,
anualmente.
Se vocês observarem em nosso modelo de planejamento, para cada território ou proposta há um obje�vo
(direito de aprendizagem) a ser observado, que corresponde a uma proposta elaborada pelo professor que a
apresenta em forma de provocação para as crianças.

Máquina do Tempo - Mostra Cultural Máquina do Tempo - Mostra Cultural

Fomos agregando novos conhecimentos a nossas histórias profissionais. Uma viagem no tempo que nos
olhar para traz e trazer o que de melhor �nhamos experimentado para nos servir no presente. Na simbolo
Adinkra, o termo Sankofa representa muito bem esse nosso movimento.
Segue o roteiro da viagem e do pensar didá�co-pedagógico que asMáquina
professoras fazem
do Tempo paraCultural
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Fomos agregando novos conhecimentos a nossas histórias profissionais. Uma viagem no tempo que nos fez olhar
para traz e trazer o que de melhor tínhamos experimentado para nos servir no presente. Na simbologia Adinkra, o termo
Sankofa agregando
Fomos representa muito
novosbemconhecimentos
esse nosso movimento.
a nossas histórias profissionais. Uma viagem no tempo que nos fez
Segue o roteiro da viagem e do pensar didático-pedagógico
olhar para traz e trazer o que de melhor �nhamos experimentado que as para
professoras fazem para
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presente. ações.
simbologia
Adinkra, o termo Sankofa representa muito bem esse nosso movimento.
Segue o roteiro da viagem e do pensar didá�co-pedagógico que as professoras fazem para planejar suas ações.
89 89
PRO JETO DIDÁTICO CO LETIVO

1) SITUAÇÃO PRO BLEM A RELATIVA AO PRO JETO :


Decidir se pretende iniciar um novo tema do projeto ou vai dar continuidade ao que estava
sendo trabalhado.
A descrição da situação problema pode ser:
- Uma situação-problem a/provocação que deverá ser respondida pelo grupo.
- Algo que provoque a curiosidade das crianças e você possa registrar suas hipóteses.
Nas semanas posteriores em que for dar contin uidade ao mesmo tema, a descrição deverá estar
baseada na avaliação do projeto feita na semana anterior. “CAM PO - AVALIAÇÂO DA SEM ANA”.
2) EIXO DO PRO JETO :
Antes de definir o objetivo (direito de aprendizagem ), reflita e faça sua opção sobre qual
eixo você pretende priorizar, considerando:
Aprender a Ser (o que a criança pensa a respeito do tema/protagonismo infantil/visão de
mundo)
Aprender a Conhecer (o que a criança precisa saber sobre o tema/pesquisa/o que já sabe)
Aprender a Fazer (que experiências podem ajudá-la a aprender
fazendo/participando/registrando)
Aprender a Conviver (como utilizo o que aprendi na vida| quais as aprendizagens que
preciso ou merecem ser compartilhada/grupos)
Esta ordem não é aleatória e pode ajudá-la a manter o pensar didático durante o ano, mas
não é obrigatória.
3) O BJETIVO GERAL DO PRO JETO :
Definir qual será o objetivo geral (dentro do eixo escolhido) que você vai considerar para os
três dias de projeto da semana que vai planejar. Veja: QUADRO D E REFERÊNCIA
referente ao projeto coletivo de seu turno.
4) CO NTEÚDO DA SEM ANA:
Definir qual o tema que será proposto. Para facilitar pense inicialmente nas áreas do
conhecim ento, depois em temas relacionados a ela. Lembre-se, ao planejar os três dias de
projeto não daremos aula de nenhum conteúdo, mas planejaremos experiências que auxiliem
nossas crianças a pensar sobre eles.
5) PA RCERIAS:
Definir pelo menos uma parceria por mês. Descreva-a no dia do planejamento em que ela
ocorrerá, mas sinalize que tipo de parceria você pretende estabelecer no m ês vigente.
Portanto, em um dos dias de projeto por mês você deverá planejar uma experiência para ser
compartilhada com: FAM ÍLIA NA ESCOLA, OU TRAS PROFESSORAS, OUTROS GRUPOS
DE CRIANÇAS, OUTRAS EQUIPES DA ESCOLA
6) CIDADE EDUCADO R A:
Definir uma saída da escola pelo menos a cada bimestre, para envolver: VIZINHOS,
FAM ÍLIAS(CASA), ESTABELECIM ENTOS COM ERCIAIS, PASSEIOS DE OBSERVAÇÃO
E REGISTRO, VISITA A INSTITUIÇÕES)

7) FALAS IN FA NTIS SOBRE O PRO JETO (anotar no verso da página)

90
90
PLANEJAMENTO DAS ROTINAS PARA A SEMANA

( ) Rotina Letramento ( ) Rotina - Resolução de Problemas

DESCREVA A PROPOSTA DE TRABALHO PARA OS MOMENTOS DE ROTINA

Que tipo de provocação você vai propor ao grupo? Lembre-se, trata-se de uma proposta que será
trabalhada sempre no coletivo. As intervenções individuais serão feitas nos dois dias de registro previstos
pela linha de tempo. A proposta descrita será utilizada durante a semana inteira, diariamente. Diversifique
as crianças que ficarão evidenciadas nesses momentos.

PLANEJAMENTO PARA OS MOMENTOS DE PARQUE

( ) Observação e registro ( ) Interação

A cada semana você deve alternar sua opção e sinalizá-la com um x. Uma única opção deverá ser
considerada para a semana inteira: ou observação e registro ou interação do professor (abaixo)

OBJETIVO ESPECÍFICO

Preencher quando sua opção for “observação e registro” no parque. Escolher o objetivo no quadro de
referência para este território de aprendizagem.

CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:

Registrar o nome de cinco crianças que serão observadas durante o parque. Uma por dia.

REGISTRO DAS OBSERVAÇÕES:

Se for necessário utilize o verso da folha

91
91
Orientação para planejar os dias de PROPOSTAS DE EXPERIÊNCIAS da linha de tempo

DIA/MÊS: _______/_______/201 DIA DA SEM ANA


( ) 2ª ( ) 3ª ( ) 4ª ( ) 5ª ( ) 6ª
Preencher conforme linha do tempo
PROPOSTA DA LINHA DE TEM PO:
( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
Sinalizar a proposta|atividade que aparece na linha de tempo (quando for o caso)
TERRITÓRIO:
Para os dias de Projeto e Registro sinalize um território que não esteja na sua linha de tempo, a saber:
1º turno- Sala de Convivência, Redário, Horta, Cozinha Experimental, Sala Verde, Casa da família Abayomi, Sala Multimídia,
Brinquedoteca.
2º turno – Sala de Convivência, Sala de Leitura, Cozinha Experimental, Gramado, Sala multimídia, Sala Verde.
Para os dias de Jogos – o território será sempre a sala de convivência quando se tratar de jogos prontos. Quando envolver
criação de jogos temáticos, outros territórios poderão ser escolhidos.
ATENÇÃO: Planejar os 3 dias de projeto primeiro, antes de planejar os demais territórios.
OBJETIVO ESPECÍFICO:
Para os dias de Projeto: criar objetivos específicos que atendam ao objetivo geral escolhido por você e registrado na primeira
página da semana.
Para os dias de Registro – pesquisar no quadro de referência nos seguintes territórios: Todos (rotinas) ou Sala de Convivência.
Para os dias de Jogos- pesquisar no quadro de referência no seguinte território: Sala de Convivência.

DESAFIO DAS CRIANÇAS:


Se for dia de projeto não preencher. Se for dia de Jogos e|ou registro definir o que você espera das suas crianças (algo que seja
possível de ser avaliado)
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA:
Para os dias de projeto: Planejar situações que tratem do tema e não uma aula sobre o assunto. Não devem ser planejadas
propostas de registros nos dias de projeto. O professor deverá fotografar para registrar os momentos vividos ou utilizar o
planejamento de outros territórios da linha de tempo para registrar situações relativas ao projeto.
Para os dias de Registro: os dois registros devem ser feitos no portfólio individual do aluno da seguinte forma:
- 1 registro referente ao projeto didático
- 1 registro de outros territórios e projetos.
Para os dias de Jogos: definir o jogo que será trabalhado e quais os passos que você vai compartilhar para sua apropriação pelas
crianças. Comece por jogos que tenham quantidade suficiente para todas as crianças.
CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:
Se for dia de projeto não preencher. Se for Jogos e|ou registro, preencher o nome de 3 crianças que serão observadas
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO:
Preencher em dias de jogos e registro.
Orientação para planejar os dias de TERRRITÓRIOS da linha de tempo
DIA DA SEM ANA
DIA/MÊS: _______/_______/201 ( ) 2ª ( ) 3ª ( ) 4ª ( ) 5ª ( ) 6ª

PROPOSTA DA LINHA DE TEM PO:


( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
Não preencher este campo
TERRITÓRIO:
Copiar o território que conste na sua linha de tempo
OBJETIVO ESPECÍFICO:
Procurar no quadro de referência um objetivo específico do território que vai planejar.
DESAFIO DAS CRIANÇAS:
Definir o que você espera das suas crianças (algo que seja possível ser avaliado) e que você observará nas 3 crianças do dia.
Procure fechar o foco do objetivo que você escolheu, definindo o que é passível de observação que deve estar relacionado à
experiência que você criará logo a seguir.
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA:
Descrever todas as etapas da experiência de forma detalhada para que o leitor compreenda o que de fato vai acontecer.

CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:


Preencher o nome de 3 crianças que serão observadas
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO:
Preencher

92
92
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO:
Preencher

PLANEJAMENTO - DIÁRIO DE PROJETO


Qual experiência do projeto eu vou registrar no diário de projeto?
Que produção as crianças farão para compor a página?
Em que dia da semana a 3 crianças farão as poduções?
OBSERVACÕES DAS CRIANÇAS DURANTE OS TERRITÓRIOS DE APRENDIZAGEM para compor o relatório descritivo.
AVALIAÇÃO DA SEMANA
PRECISO PRIORIZAR PARA A PRÓXIMA SEMANA
EM RELAÇÃO AO PROJETO: Os três dias de projeto foram suficientes para dar conta do objetivo geral? Neste campo você vai decidir se é
necessário mais investimentos e outras formas de fazê-lo, ou se vai introduzir um novo tema na próxima semana.
EM RELAÇÃO ÀS CRIANÇAS: As crianças se envolveram? Porquê? Se não, o que preciso planejar para a próxima semana?

É preciso de um acompanhamento da gestão pedagógica e de formação constantes para chegarmos a um


planejamento de propostas que preveem a ação das crianças e dos professores. Eu e minhas parceiras líamos os semanários
e chamávamos individualmente as professoras para conversar a cada quinze dias. Além disso, escrevíamos cartas,
comentando sobre nossas impressões, quando não havia possibilidade de encontros presenciais. Foi preciso muito
investimento para que as professoras fossem tomando posse desse novo jeito de pensar sua prática. Houve resistência?
Houve, como sempre há. Houve também quem aceitasse o desafio e depois nos relatasse como foi importante estar segura
dos seus propósitos ao chegar segunda-feira na escola e ter tudo muito bem definido e providenciado, além de ser possível
acompanhar o desenvolvimento de suas crianças e falar sobre ele com propriedade.
Estar segura ao se encontrar com suas crianças, saber exatamente o que lhe interessa ouvir e registrar, a quem
observar e auxiliar e quais os encaminhamentos possíveis em determinados momentos, significa ganhar tempo e qualidade
nas relações e interações.
Outro ganho foi a segurança ao conversar com as famílias e a autoestima em tornar concreto o resultado do seu
trabalho e se espantar, esse é o termo, com a qualidade e a quantidade de conhecimentos construídos com seu grupo de
crianças.
A partir dessa importante melhoria na forma de planejar as ações, de aprimorar os registros, os relatórios individuais
ganharam uma qualidade excepcional, retratando fielmente cada criança da escola, seus avanços e desafios. As anotações
do semanário, caderno em que são feitos os planejamentos semanais, eram suficientes para que a professora elaborasse os
relatórios.
Imprevistos sim, improvisação jamais!
Isso significa dizer que quando se faz um bom planejamento e surge algum imprevisto aparece, você estará
preparada para aproveitar a situação da melhor maneira possível, por uma razão bem simples. Ao se planejar em detalhes
como sugere esse modelo que adotamos, você pensa até nesses imprevistos, acredite. Ao pensar neles, você se prepara.
Esse exercício vai lhe garantindo competência para aproveitar as oportunidades e enriquecer seu projeto didático com
aquilo que lhe pareceu, à primeira vista, fora de contexto. O coletivo pedagógico da EMEI Nelson Mandela (todas e todos),
aprendeu que as falas das crianças, se bem analisadas, são reveladoras de grande sabedoria e podem ser disparadoras de
novos conhecimentos. Portanto, jamais desconsidere uma fala infantil ou uma situação antes de trocar com suas parceiras
e parceiros da escola.
Segue um modelo da primeira página do seminário planejado por uma de nossas professoras.

93
PROJETO DIDÁTICO – PLANEJAMENTO GERAL DA SEMANA

1)Situação Problema a ser enfrentada : Dayó e Sofia enviaram uma carta e uma boneca Matrioska para
preparar as crianças para a chegada delas na escola.

2) Eixo Geral do Projeto:


( X ) Aprender a Ser ( ) Aprender a Conhecer ( ) Aprender a Fazer
( ) Aprender a Conviver

3) Direito de Aprendizagem (Projeto): Relate suas


emoções sobre fatos da vida.
Corpo, casa de quê? Nossa primeira morada, casa dos sentimentos .

4) Conteúdo da Sem ana: Gravidez (memórias sobre a gravidez descritas na carta por Sofia e relação
com a boneca Matrioska)
5) 1ª Proposta da Semana – Como sensibilização para o tema e p ara ampliar o vocabulário sobre as
emoções, vamos fazer um passeio pela escola com algumas plaquinhas e alguns emojis. Ao meu sina l,
vamos parar para observar uma situação e as crianças deverão escolher uma representação que
defina o que estão sentindo diante dela. Nos demais dias de projeto especificarei a leitura da carta
e o trabalho com a boneca matrioska.
5) Parceria:
( X ) Família ( ) Professora ( ) Grupo de crianças ( ) Outras equipes ( ) Convidados ( ) Outros
Enviar uma pesquisa na quarta -feira para que as famílias descrevam como foi a gravidez e quais
sentimentos estão relacionados a ela. – Detalhes sobre sentimentos d a família. A primeira “casa”
das crianças”. (Para trabalhar na próxima semana. )
6) Cidade Educadora:
( ) Saída com a família ( ) Saída com outra turma ( ) Visita Agendada ( ) Passeio Coletivo

PLANEJAMENTO DAS ROTINAS PARA A SEMANA


( X ) Rotina Letramento ( ) Rotina Solução de Problemas

Descreva a proposta PARA A ROTINA que se repetirá durante toda a semana.


Lista das emoções que moram em nosso corpo/casa. Pedir as famílias que completem a nossa lista
na hora da saída das crianças.

PLANEJAMENTO PARA OS MOMENTOS DE PARQUE


( x ) Observação e Registro
Compreenda suas emoções e sentimentos (conversar posteriormente sobre as
Objetivo Específico:
observações – momento do relatório)

Crianças a serem observadas:


Ana, João, Rian, Cristian, Noah (quais as emoções que estão em jogo na hora das brincadeiras.
Como lidam com elas)
Registro das observações:

PLANEJAMENTO PARA OS MOMENTOS DO PARQUE


( ) Interação do Professor
Descreva a proposta:

94
94
ÀÀprimeira
primeira vista podeparecer
vista pode parecercomplexo,
complexo, quando
quando na verdade
na verdade não
não é. é. Prova
Prova disso édisso é que
que se numse num primeiro
primeiro momento
momento parecem muitos campos a serem preenchidos, as fotos que seguem comprovam que, quando
parecem muitos campos a serem preenchidos, as fotos que seguem comprovam que, quando se começa a realmente se começa
a pensar
realmente pensar
e avaliar e avaliar
a prática, a prá�ca,
todo espaço étodo espaço é pouco!
pouco!

O que surge durante os processos


de interação com as crianças não
pode e não deve ser confiado a
nossa capacidade de lembrar ou
julgar, de imediato, o que é
importante ou deixa de ser, porque
tudo é urgente na infância. Um
pensamento não volta, uma fala
jamais se repete da forma original
em que foi dita e o professor, tal o
dinamismo e a intensidade em que
as relações se desenham, perde o
que poderia ser essencial. Invista
na arte do registro e abuse na
criação de espaços onde
ele não existe!

95
95
Um bom planejamento pode lhe render
uma viagem inesquecível com seu grupo de
crianças,
“Lustra o leme, encera o mastro,
Lava esse convés.
Cobre o bote, guarda a boia
Pra não ter revés.
Olha o mapa, segue o rumo,
Foge das marés,
Marujo.”

Música: Marujo
Compositor: Paulo Cesar Pinheiro e Toquinho
acredite
!

96
96
Acorde Formação con�nuada, transformando

Acorde
possibilidades
Formação em potência.
continuada, transformando
Lenize Cris�na �iga
possibilidades em potência
Lenize Cristina Riga

A formação con�nuada de professoras visa nos colocar em contato com saberes importantes,
oferecer um aprimoramento profissional que como a obra de Paulo Freire, o olhar para as
A formação continuada de professoras
incorpora novos conhecimentos à formação inicial, visa oferecer necessidades
antropologia, entre educacionais
outros. Pode nos especiais,
colocar emleis e
contato
complementando-a
um aprimoramentopara que dos
se aproximar
profissional pensares
incorpora novos documentos,
com saberes desenvolvimento
importantes, comoinfan�l a obra edeatéPaulo
mesmoFreire,
e fazeres de cada escola
conhecimentos e acontece
à formação inicial,durante a jornada
complementando-a esta�s�ca,
o olhar paraporém para os educacionais
as necessidades graduandos,especiais,sempreleis
depara
trabalho do professor
se aproximar da Prefeitura
dos pensares e fazeres dodeMunicípio
cada escola faltava algo. Hoje percebo que o
e documentos, desenvolvimento infantil e até mesmoque faltava era
deeSão Paulo. Para além do inves�mento teórico, este poder colocar
estatística, porémà provapara tudo o que li, assimilar
os graduandos, os
sempre faltava
acontece durante a jornada de trabalho do professor
momento des�nado ao estudo das temá�cas conteúdos vendo sua aplicação no dia a dia,
da Prefeitura do Município de São Paulo. Para além do algo. Hoje percebo que o que faltava era poder colocar
condizentes com as concepções da unidade, é iden�ficar abordagens que não vi, ter estudos de
investimento teórico, este momento destinado ao estudo à prova tudo o que li, assimilar os conteúdos vendo sua
caso e pensar sobre eles. Mas eu não sabia, e
importante para que aconteça alinhamentos
das temáticas condizentes
pedagógicos, pesquisas com as concepções
relacionadas aosda aplicação no
acreditava que diaeste
a dia,algo
identificar
apareceriaabordagens
duranteque
unidade,didá�cos,
projetos é importante para que aconteça
aprofundamento na nãoestágios
os vi, ter estudos
e foi de
nelecaso
quee pensar
aposteisobre eles.
para
alinhamentos pedagógicos,
documentação pesquisas
escolar, soluções Mas eu não sabia,
complementar e acreditava
a minha formação. que este
relacionadas
cole�vas aos projetos do
para dificuldades didáticos,
dia a algoOapareceria
meu contato durante
com aosformação
estágiosde e foi
aprofundamento
dia, trocas e diálogos na documentação
com seus Na verdade, professoras
nele que apostei aconteceu em dois a
para complementar
pares a fimsoluções
escolar, de ampliar o olhar para
coletivas de naquela época momentos
minha diferentes, o primeiro
formação.
cada uma sobre
dificuldades do diaos assuntos
a dia, trocas e
eu atribuía a ideia de Acomo
m i nestudante
h a e x pee or i segundo
ê n c i a ccomo
om a
tratados
diálogos e as experiências
com seus paresvividas.
a fim de profissional. Enquanto
formação de professoras aconteceucursava a
No anoode
ampliar 2013
olhar de me
cadaformei em
uma sobre momentos de estudo ao em faculdade desejava traçar um
dois momentos diferentes, a
pedagogia em uma universidade
os assuntos tratados e as experiências silêncio e à compara�vo entre escola pública e
primeira como estudante e a segunda
par�cular, ainda sem compreender os
que �nha como uma de suas
vividas.
prioridades os cursos da área de tranquilidade. como
fazeres profissional.
diferenciados Enquanto
de cada uma cursava
pela a
No anoa qualidade
saúde. Visando de 2013 me dosformei
serviços em faculdade desejavaefe�va
falta de experiência traçarnaum comparativo
área. A minha
pedagogia em
educacionais uma universidade
oferecidos, pude contar que com
tinha entre
primeiraescola pública efoiparticular,
experiência ainda sem
como estagiária,
como umaprofessoras
excelentes de suas prioridades os cursosaodameu
que trouxeram área compreender
inicialmente por os fazeres
meio diferenciados de cada umada
dos estágios obrigatórios pela
de saúde.
olhar Visando a qualidade
inexperiente, dos serviços dignos
ques�onamentos educacionais
a faculdade e posteriormente com um estágio remunerado
falta de experiência efetiva na área. A minha primeira em
qualquer educadora ou educador que preze
oferecidos, pude contar com excelentes professoras que atribuir uma escola foi
vivência par�cular. Pouco tempo
como estagiária, depois, como
inicialmente porparte
meiododos
humanidade,
trouxeram ao dedicação e valorização
meu olhar inexperiente, em sua
questionamentos corpo docente
estágios da EMEI Nelson
obrigatórios Mandela.e posteriormente com
da faculdade
atuação
dignos futura. É comum
a qualquer colocarmos
educadora ou educadora graduação
que preze Em meu primeiro estágio,
um estágio remunerado em uma escola pude particular.
acompanhar Pouco
neste lugar quase san�ficado que sana
atribuir humanidade, dedicação e valorização em sua todas as umatempo depois, como parte do corpo docente da de
professora de uma escola municipal EMEI
dúvidas e nos torna plenamente aptos para lidar com educação infan�l (EMEI), durante o seu período de
atuação futura. É comum colocarmos a graduação Nelson Mandela.
os o�cios relacionados a ela. Se você está em sua docência e de formação. Eu estava muito ansiosa
neste lugar quase santificado que sana todas as dúvidas com esseEmmomento meu primeiro estágio,
e para pude acompanhar
amenizá-lo optei por uma
primeira graduação, atente-se.
e Anosgraduação
torna plenamente aptos para
pode ampliar lidar com
a minha os ofícios
visão de professora
estagiar em de umuma lugarescola municipaladeescola
conhecido, educaçãoem infantil
que
relacionados a ela. Se você está
mundo sobre as variadas ciências que compõem a em sua primeira (EMEI),
estudei. durante
A escola o seu
era período
pequena de docência
e as e
criançasde formação.
eram
graduação,como
pedagogia, atente-se.
didá�ca, psicologia, sociologia, Eu estavaemmuito
atendidas ansiosa manhã
dois turnos: com esse momento
e tarde. Ainda equepara
A graduação
psicomotricidade, pode ampliarentre
antropologia, a minhaoutros.
visão dePode
mundo amenizá-lo
a escola opteiapenas
�vesse por estagiar em um
três salas de lugar conhecido,
referência, era a
sobre as variadas ciências que compõem a pedagogia, escola em que estudei. A escola era pequena e as crianças
como didática, psicologia, sociologia, psicomotricidade, eram atendidas em dois turnos: manhã e tarde. Ainda que
97

97
a escola tivesse apenas três salas de referência, era muito comum a falta de professoras e a ausência de profissionais que
pudessem substitui-las.
A professora era muito comprometida com tudo o que fazia, tinha uma rotina estabelecida e apesar da sala pequena,
as crianças conheciam seus fazeres diários, como onde guardar mochilas, quais materiais pegar nos armários. Ela tinha um
caderno com os dias da semana e com as propostas que seriam apresentadas às crianças organizadas por áreas de
conhecimento. Confesso que romantizei um pouco a atuação da professora e cheguei a pensar que, ao assumir uma sala,
no meio do ano, todos os grupos estariam agindo como aquele que eu estava acompanhando. Fiz inúmeras perguntas sobre
planejamento e atuação, constituição de rotina, opção de letras para a escrita e tudo o que naquele momento eu achava
importante. Hoje, perguntaria tantas outras coisas.
Após a docência eu acompanhava a professora até a sala de professores para a formação continuada que ela chamava
de JEIF. Por não conhecer as siglas que fazem parte da rotina das escolas da prefeitura de São Paulo, ela me explicou que a/o
docente pode optar anualmente pela Jornada Especial Integral de Formação (JEIF), composta por vinte e cinco horas-aula
destinada à docência; oito horas-aula destinada ao estudo coletivo, caracterizado pelo Projeto Especial de Ação (PEA); e três
horas-aula destinadas a momentos individuais. O PEA é um importante instrumento de trabalho que viabiliza por meio do
aprofundamento, execução e avaliação de práticas, a atuação direta sobre as necessidades curriculares da escola.
Pensando nas possibilidades de troca que encontraria com as demais professoras, criei expectativas relembrando
que, quando criança, passava em frente a sala das professoras e via todas elas juntas conversando. Porém o que encontrei
foi uma pequena sala onde estávamos acompanhadas somente por alguns textos soltos em cima de uma mesa que haviam
sido selecionados pela coordenadora pedagógica. Encarei o que encontrei com naturalidade, uma vez que não sabia ao certo
como estes momentos aconteciam na prática ou como deveriam acontecer. Na verdade, naquela época eu atribuía a ideia
de “momentos de estudo” ao silêncio e à tranquilidade.
Hoje sei que muito do que vi não estava de acordo com o que se espera legalmente de uma escola da prefeitura de
São Paulo. O Projeto Especial de Ação, tempo dedicado ao tema escolhido para estudo durante o ano, deveria ser um
momento de troca entre pares visando melhorar aspectos da vida e gerar impactos que transformem a realidade de toda
aquela comunidade escolar. Pude observar como resultado desta desarticulação de ações alguns problemas, como faltas
frequentes, a ausência de compromisso com as crianças e famílias, e o desconhecimento do Projeto Político-Pedagógico. Ele
é o pilar que sustenta as práticas e concepções de uma escola e deveria ser guardião de todo o conhecimento acumulado.
As atribuições de uma coordenação pedagógica estão relacionadas à articulação de todos que compõem uma
comunidade escolar com a concepção que se tem da mesma, conteúdo esse organizado no Projeto Político-Pedagógico, ao
mesmo tempo, que deve assegurar que as documentações e práticas estejam de acordo com as solicitações dos órgãos
municipais e com o Ministério da Educação.
Para além da documentação, é papel da coordenação investir na integração das equipes que compõem a escola. Esta
integração deve favorecer o trabalho dos adultos para que todas e todos estejam cientes das rotinas, intervenções, projetos
e concepções da escola. Essa comunhão de objetivos, chega até as crianças como ações e orientações que estarão condizentes
com o Projeto Político-Pedagógico. Incluo ainda a direção escolar e assistente de direção, pois o trio gestor também deve
estar em consonância ao pensar em estratégias, metas e cronogramas, obtendo uma condução alinhada de toda as equipes
da unidade escolar.
Dando continuidade ao relato, iniciei em uma escola particular no último ano de faculdade, que atendia berçário,
educação infantil e ensino fundamental I. Eu realmente queria compreender as diferenças entre público e privado na prática
antes de me formar, até mesmo para definir com qual delas eu me identificava para traçar um objetivo com a conclusão da

98
graduação. Enquanto estagiária eu não tinha grandes expectativas com a formação, porque eu compreendia que ela
aconteceria no dia a dia, conforme observava as ações das professoras e na interação com as crianças.
No começo, eu acreditei que as estagiárias receberiam uma formação voltada às concepções da escola e que aos
poucos seríamos convidadas a participar das reuniões com as professoras. Participávamos de reuniões de organização de
eventos promovidos pela escola e de outros que eram destinados às equipes da escola, como primeiros socorros e brigada
de incêndio. Algumas formações eram destinadas às famílias e, eventualmente, oferecidas para as estagiárias.
Chegamos a ter o início de uma formação, porém depois do primeiro encontro a coordenadora pedagógica não
conseguiu mais encontrar um período para dar continuidade, mesmo que dentro da jornada integral das estagiárias.
Passamos então para outra formação, sobre “Moral na Educação Infantil”, organizada pela diretora da escola e assim como
a anterior, tivemos apenas um encontro.
Ainda que os temas das formações para as estagiárias fossem interessantes, não passaram de uma ideia fragmentada
e mal planejada. Esta postura evidenciou ainda mais o quanto minha atuação era limitada, no que se refere ao acesso às
formações.
Esta segregação de saberes e fazeres me trouxe muitos sentimentos como raiva, falta de pertencimento, tristeza,
desvalorização e invisibilidade. Será que uma graduação, especialização ou um diploma era motivo suficiente para silenciar
as pessoas que ocupavam aquele ambiente escolar como se nada pudessem acrescentar?
O período de estágios obrigatórios terminou e trabalhei um ano nesta mesma escola como auxiliar de classe. Apesar
da mudança da nomenclatura em minha carteira de trabalho, o tratamento continuou o mesmo, acrescido de mais cobranças,
responsabilidades e ausência de fala. A opção por continuar lá se ancorava na minha falta de experiência em educação, pois
foi meu primeiro contato e era o que eu conhecia. Fora essas questões, um vínculo também me dava forças, uma criança
incrível que acompanhei por dois anos por conta de suas necessidades educativas e posso afirmar que, com certeza, ela foi
primordial para eu compreender o poder do vínculo, afeto e comprometimento.
Hoje, ao olhar para trás e perceber o quanto esses momentos de troca foram passivos e silenciosos, fica evidente
que o papel da formação continuada é essencial para uma escola que quer potencializar seu trabalho e deve partir do que
faz uma escola ser o que é, as pessoas. Se não houver investimento no profissional, não há qualidade social possível.
Logo que fui desligada da escola em que trabalhei, a ansiedade fez com que eu dedicasse meu tempo à espera da
chamada do concurso prestado para a Prefeitura de São Paulo e este presente logo veio, trazendo consigo muito medo e
insegurança. A escolha pela EMEI Nelson Mandela se deu pela logística de deslocamento pela cidade, por ser próxima a
estação de metrô. Só depois eu viria a descobrir tantos outros motivos que me fariam optar por esta escola e por tudo o que
ela representa.
Você sabe o que é começar um ano letivo sem o quadro de professoras(es) estar completo? Pois é, eu também não
sabia e por conta disso, o acolhimento teve que esperar para que eu logo partisse para a ação no primeiro dia letivo do ano,
assim a minha primeira turma foi atribuída. Ao estar com todas aquelas crianças esperando que eu fizesse algo, também
cheia das incertezas, me senti pela primeira vez professora. Entrar na Prefeitura do Município de São Paulo, uma rede, é
muito mais do que fazer parte de uma escola, é preciso compreender tudo o que envolve ser professora em um lugar regido
por leis, decretos, normas, entre outras coisas, para que você possa oferecer àquelas crianças o que de melhor há em você.
O estágio me manteve refém da passividade e agora eu estava em primeiro plano, responsável por duas turmas no
período intermediário, ou seja, ficando com uma turma das 11:00 às 13:00 e outra das 13:00 às 15:00 horas, o que me
auxiliou foram, apenas minhas observações. Dentre elas me pautei na organização de grupos de crianças, na ampliação do
repertório de músicas e brincadeiras, mediação e estratégias de leitura. Apesar delas, a realidade era bem diferente com um

99
contexto tão diverso e com quase o triplo de crianças do que eu estava habituada. O que me fez pensar na importância desse
momento tão burocrático, o estágio obrigatório, exigido em nossa formação inicial, que para mim era apenas uma demanda
de relatório que eu tinha que fazer para me formar. Da forma como acontece, é realmente produtivo?
As escolas, privadas e públicas, estão mesmo preparadas para receber os estagiários e durante esse período compor
uma relação de troca de aprendizagens com os estudantes do curso de Pedagogia? Acredito que não. De um lado a escola
particular com seu silenciamento e ausência de reconhecimento e incentivo àqueles educadores em processo; de outro a
escola pública com o medo de ter seu saber invalidado, substituído e ofuscado, não dando abertura para que as(os)
estagiárias(os) pensem sobre suas hipóteses, aprendam com as singularidades da escola pública e quem sabe, estudem a
possibilidade de fazer parte dela.
O estágio para além de suas burocracias de horas e relatórios, deveria ser uma oportunidade para a escola acolher
estes futuros educadores e proporcionar uma vivência mais próxima do real quanto fosse possível. Conhecer a escola, as
educadoras de todas as equipes, as crianças, as práticas, desafios e poder ter um momento de troca questionando o que viu,
propondo sugestões, aplicando algum planejamento e refletindo sobre ele.
Sua importância é porque a graduação não dá conta da realidade, pois apesar de ser um primeiro passo, ela se
estrutura muito mais no campo das ideias por não conseguir abarcar em sua duração toda a diversidade de espaços
educativos que se apresentam como possibilidade de exercício (espaços formais/não formais de educação, público/privado).
Sendo assim, a formação tenta garantir que consigamos refletir sobre a educação em um contexto generalista, pautado em
teorias que muitas vezes não conversam com a nossa realidade, exceto as que abordam aspectos de desenvolvimento
infantil, que nos servem de base investigativa em nossa prática.
Voltemos a formação continuada na Prefeitura do Município de São Paulo. Em 2015, meu ano de ingresso, eu tinha
muito a assimilar, além de pensar em como seria a minha atuação com as crianças no dia a dia e confesso que não me lembro
de cursos que fiz nesse ano. Com o passar do tempo conheci o sindicato e passei a fazer os cursos por ele oferecido. Havia
também os cursos oferecidos pela DRE (Diretoria Regional de Educação) que cheguei a fazer alguns poucos ou pela SME
(Secretaria Municipal de Educação).
Assim como falado anteriormente, temos os momentos de formação continuada dentro de nossa jornada de
trabalho, conforme a escolha que fazemos no início do ano. Na EMEI Nelson Mandela os momentos de formação são
organizados de modo que possam dar conta das demandas coletivas e individuais de cada grupo de professoras. No coletivo
nossas horas de JEIF são distribuídas em três dias, sendo um dedicado a estudos, leitura de textos, análise de práticas; um
para organização da documentação pedagógica; e outro para o planejamento no semanário, com as propostas individuais de
cada turma ou em parceria com outras turmas e ações coletivas, que podem envolver desde todas as turmas, como também
toda a escola e demais membros da comunidade educadora.
Apesar de algumas dessas práticas não serem comumente caracterizadas como um momento de estudo, manter o
fazer e nossa intencionalidade pedagógica alinhados ao Projeto Político-Pedagógico da escola requer atenção, reflexão e até
mesmo replanejamentos, como por exemplo, a documentação pedagógica. Ela envolve a elaboração de comandas para o
caderno das crianças; o diário de projeto, que conta o trajeto percorrido pelas turmas com a participação das crianças,
trazendo ludicidade e pertencimento a este registro; e a teia de conhecimento, apontando possíveis caminhos a se percorrer
e visitar, revisitar ou atravessar, quando as ações do grupo são planejadas.
Havia momentos de formação individual com a gestão pedagógica, composta pela Coordenadora e pela Diretora que
faziam atendimentos personalizados às professoras sobre os projetos didáticos de cada turma, devolutivas dos relatórios de
avaliação para a aprendizagem, avaliação de desempenho para a excelência e avaliação da documentação pedagógica.

100
As primeiras formações que par�cipei na EMEI
Nelson Mandela tratavam inicialmente de fazeres e
saberes importantes para o desenvolvimento no nosso
trabalhoAs
As primeiras formações
e ambientação
primeiras formações queProjeto
ao participei na EMEI Nelson
Polí�co-Pedagógico
que par�cipei na EMEI
Mandela tratavam inicialmente de fazeres e saberes
daNelson
escola.MandelaComtratavam
o tempo, inicialmente
fomos de aosfazeres
poucos e
importantes para o
saberes importantes desenvolvimento no nosso
para o desenvolvimento trabalho e
apresentadas às Leis 10.639/03 e 11.645/08no quenosso
são a
ambientação
trabalhodo ao Projeto
e ambientação Político-Pedagógico da escola. Com
ao Projeto Polí�co-Pedagógico o
essência trabalho desenvolvido na escola e posso
tempo,
da fomos
escola. aos Com
poucosoapresentadas
tempo, às Leis 10.639/03
fomos aos poucos e
dizer com certeza, não foi tão simples assim.
11.645/08 que são às
apresentadas a essência do trabalho
Leis 10.639/03 desenvolvido
e 11.645/08 quenasão a
Uma das primeiras perguntas que nossa então
escola e possodo
essência dizer com certeza,
trabalho não foi tão na
desenvolvido simples assim.
escola e posso
diretora Cibele Racy nos fez foi se nos considerávamos
dizerUma
com certeza,
das primeiras não foi tão simples
perguntas que nossa assim.
então diretora
pessoas Uma
racistas e é uma pergunta simples de se
Cibele Racy nosdas primeiras
fez foi perguntas que
se nos considerávamos pessoasnossa então
racistas
responder,
e é diretora
uma pergunta
nãosimples
Cibele é? Em
Racy nos coro
de sefez foirespondemos
se nos
responder, não
que não.
considerávamos
é? Em coro
Apesar da resposta estar na ponta da língua, Cibele fez maispessoas perguntas comoe“quando você vê uma pessoa denegra
respondemos racistas
que não. Apesar é uma pergunta
da resposta estarsimples
na ponta da se
vindo em sua direção, quantas vezes você pensou que poderia ser
responder,um assalto e atravessou para o outro
que não. e
lado?”
língua, Cibele fez mais perguntas como “quando você vê uma pessoa negra vindonãoem suaé? direção,
Em coro respondemos
quantas vezes você pensou
tantas Apesar
outras que nos fizeram
da resposta estar pensar
na que
da apesar de respondermos comocomo acreditamos que asvêcoisas são, o racismo
que poderia ser um assalto e ponta
atravessoulíngua,
para o Cibele fez mais
outro lado?” perguntas
e tantas outras que nos “quando
fizeramvocê
pensaruma que pessoa
apesar denegra
está tãovindo
naturalizado que não
em sua direção, conseguimos
quantas vezes vocêao pensou
menos queiden�ficá-lo
poderia seremum situações
assalto ecorriqueiras.
atravessou para o outro lado?” e
respondermos como acreditamos que as coisas são, o racismo está tão naturalizado que não conseguimos ao menos
tantas outras que nos fizeram pensar que apesar de respondermos como acreditamos que as coisas são, o racismo
identificá-lo em situações corriqueiras.
está tão naturalizado que não conseguimos ao menos iden�ficá-lo em situações corriqueiras.

É comum ouvirmos questionamentos sobre a importância de manter uma formação tão comprometida com as Leis
10.639/03
É comum e 11.645/08,
ouvirmos afinal a impressão que
ques�onamentos sobrepassa é que esta é uma
a importância deescola
manter“só para
umanegros”
formaçãoou que “sócomprome�da
tão fala de índio”, mascom as
É comum
compreender ouvirmos
a extensão dosques�onamentos
impactos sobre
causados por a importância de manter uma formação tão comprome�da com as
Leis 10.639/03 e 11.645/08, afinal a impressão queelas não pode
passa é queseresta
vistoétão
umafacilmente
escola em “sóuma
parasociedade
negros”estruturada
ou que “só fala
Leis 10.639/03
pelomas
racismo. e 11.645/08,
Durante nossas afinal a impressão
formações pudemos que passa
pensar é que
sobre ser estano
epor
estar é uma
mundo escola
e como“sónos
para negros” oucom
relacionamos queele“só
e fala
de índio”,
de índio”,compreender
mas compreender a extensão dos
a extensão impactos
dossiimpactos causados
causados por elas não
elas não pode
pode ser visto tão
ser visto são facilmente
tão atitudes
facilmente ememumauma
com
sociedade as pessoas,
estruturada e sabemos
pelo peloo quanto
racismo. olhar para
Durante é doloroso,
nossas ainda
formações mais quando o que encontramos que não
sociedade
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acreditamos Durante
ser. nossas formaçõespudemos
pudemospensarpensar sobre
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mundo e e
como nos
como relacionamos
nos relacionamoscom comele eele
com as pessoas,
e com as pessoas, e sabemos
e sabemos o quanto
o quantoolhar
olharpara
para si
si é doloroso,ainda
é doloroso, aindamais
mais quando
quando
Antes de olhar para nossa ação com as crianças, foi preciso primeiro olhar para dentro de nós e aprender a identificar
o que encontramos
o que encontramos são a�tudes
são a�tudesque que
nãonão
condizem
condizem comcoma pessoa
a pessoa que
queacreditamos
acreditamos ser.
ser.
tudo o que estava embebido em preconceitos suscitados pelo racismo. Nossas falas, brincadeiras, postura frente a situações,
Antes Antes
de olhar para para
de olhar nossanossa
açãoação
comcomas crianças,
as crianças,foifoi
preciso
precisoprimeiro
primeiroolhar
olhar para dentro
dentrode denósnóse eaprender
aprender a a
repetição de tradições que são passadas de geração em geração sem reflexões, a quem nossas escolhas favorecem e quantas
iden�ficar tudo otudo
iden�ficar queo estava
que estavaembebido
embebido emem preconceitos
preconceitossuscitados
suscitadospelopelo racismo. Nossasfalas,
racismo. Nossas falas,brincadeiras,
brincadeiras,
pessoas já magoamos com alguma das possibilidades acima. Para além da formação, olhar para dentro e fora de si, possibilitou
posturapostura
frentefrente a situações,
a situações, repe�ção
repe�ção de tradições
de tradições queque
sãosão passadasde
passadas degeração
geraçãoem em geração
geração sem semreflexões,
reflexões, a quem
a quem
que educadoras
nossas escolhas sefavorecem
descobrissem e negras, sendo
quantas pessoasessejáomagoamos
primeiro passo
com para uma nova
alguma das jornada de autodescobrimento
possibilidades acima. Para e da
além
nossas escolhas favorecem e quantas pessoas já magoamos com alguma das possibilidades acima. Para além da
autoamor. olhar para dentro e fora de si, possibilitou que educadoras se descobrissem negras, sendo esse o
formação,
formação, olhar para dentro e fora de si, possibilitou que educadoras se descobrissem negras, sendo esse o
primeiro
primeiro passo passo para nova
para uma uma nova jornada
jornada de autodescobrimento
de autodescobrimento e autoamor.
e autoamor.
101

101
Em Em nossas
Em nossas
nossas formações
formações
formações fomos
fomosapresentadas
fomos apresentadasaa a
apresentadas
pensadores
pensadores
pensadores que que que conversavam
conversavam
conversavam e compunham
e compunham
e compunham os saberes osos
saberes nossa
saberes de nossa escola sobre currículo avaliação,
e avaliação,
de nossade escola sobreescola sobre
currículo e currículo
avaliação, econcepções
concepções de educação e criança, pensadores dada
concepções de educação e criança, pensadores
de educação
cultura e criança,
negra, indígena pensadores
entre da cultura
outros. negra,ao
cultura negra, indígena entre outros. O Oacessoacesso ao
indígena entre outros.
conhecimento que O acesso
a escolaao proporciona
conhecimentopara que aseu
conhecimento que a escola proporciona para seu
escola proporciona
corpo docente, para
buscouseu corpo
mais docente, buscou mais e
corpo docente, buscou mais do doque que livros,
livros, ar�gos
ar�gos e
do que livros,
documentos artigos
da e documentos
prefeitura para
documentos da prefeitura para complementar nossas da prefeitura
complementar para
nossas
formações,nossas apostando também
complementar
formações, apostando formações,
também emem
apostandosuasua comunidade
também
comunidade em
para enriquecer
sua comunidade esses
para momentosmomentos
enriquecer eesses e possibilitar
momentos trocas
e
para enriquecer esses possibilitar trocas
afe�vas,
possibilitar potentes
trocas afetivas,e empoderadoras.
potentes e empoderadoras.
afe�vas, potentes e empoderadoras.
A escola deixou suas portas abertas para
A escola
Aincorporar
escola deixousuas
deixou suasportas
portas abertas
abertas para para Formação com Irene Reis Santos - Reinventando a Educação
outros saberes, convidando familiares de Formação com IreneOReis Santos - complexo
pensamento Reinventando a Educação
de Edgar Morrin
incorporar
incorporar outros
outros saberes,
nossas crianças saberes,
e pessoas convidando
convidando
da comunidade familiares
familiares de
de
educa�va O pensamento complexo de Edgar Morrin
nossas
nossas
para crianças
crianças e epessoas
contribuir pessoas
com seus da da comunidade
comunidade
conhecimentos, educa�va
educativa para
específicos
para contribuir
contribuir
ou não,com com seus conhecimentos,
seus conhecimentos,
valorizando e fortalecendo específicos específicos
os fazeres oude não,
cada
ou não,
valorizandovalorizando
um. Tivemos e
e fortalecendo fortalecendo
mães os fazeres de
falando os fazeres
cada um.
sobre de cada
Tivemos
crianças com
um. Tivemos mães falando sobre
mães falando sobre crianças com Síndrome de Down, e
Síndrome de Down, concepção crianças
de educação com
Síndrome
relações
concepção deeducação
de Down, econcepção
étnico-raciais, relações técnicas de de educação
étnico-raciais, técnicase
fotografia,
relações étnico-raciais,
literaturaliteratura
negra, pais técnicas de fotografia,
de fotografia, negra,falando sobre
pais falando sobregeriatria
geriatriae o
literatura
e n v e lnegra,
h e c i m pais
e n t ofalando
d o c o sobre
r p o . Ageriatria
s s i m c oemoo ,
e o envelhecimento do corpo. Assim como, estabelecemos
e n vestabelecemos
e l h e c i m e n tparcerias
o d o c ocom r p oespecialistas
. A s s i m das com o,
várias
parcerias
áreas com
do especialistas das
conhecimento que várias
formaram áreas pais do e
estabelecemos parcerias com especialistas das várias
conhecimento
áreas professoras queemformaram
do conhecimento eventos que pais formaram
diurnos e professoras
e noturnos paisempara
e
eventos diurnos
atender a e
todos noturnos
e todas. para
professoras em eventos diurnos e noturnos paraatender a todos e todas. Formação com a mamãe e fotógrafa Mayara

atenderEm Em outras
outras
a todos situações, educadoras
situações,
e todas. educadoras dadalimpeza limpezacontando parte de suas histórias Formação sobre gestação
com a mamãe e recebendo
e fotógrafa Mayara
formação,
contando
Em parteem
outras outros
de suas
situações, momentos
histórias sobre compar�lhando
educadoras gestação
da limpeza e recebendolembranças
contandoformação,sobre
parte de morar
em outros no bairrosobre
momentos
suas histórias do Limão e até mesmo
compartilhando
gestação suas
elembranças
recebendo
experiências
formação,
sobre morarem como
no outros
bairro do colaboradoras
momentos a�vas
Limão e atécompar�lhando dos projetos
mesmo suas experiências da
lembrançasescola.
comosobreTudo isso para
morar noativas
colaboradoras evidenciar
bairro
dosdo que
Limãoda
projetos todo saber
e escola.
até mesmo tem sua
suas
Tudo isso
importância,
experiências como valorizando as pessoas que os transmitem e criando um ambiente seguro de educação para todas e
para evidenciar que colaboradoras
todo saber tem a�vas dos projetos
sua importância, da escola.
valorizando as Tudo
pessoasissoque
paraos evidenciar
transmitemque todo saber
e criando tem sua
um ambiente
todos.
importância,
seguro de educação valorizando
para todas as pessoas
e todos. que os transmitem e criando Por um contaambiente
de nosso seguroprojeto
de educação para todasee
estruturado
todos. Por conta de nosso projeto estruturado e diferenciado, diferenciado,
vindo destevindo
processodeste formação,
processo frequentemente
de formação,
Por conta
frequentemente de nossode projeto
recebemos convites paraestruturado
falar sobree
recebemos convites para falar sobre nossa experiência sobre este espaço tão ricovindo
diferenciado, e plural.deste
De formandas, nos transformamos
nossa experiência sobre este espaço tão rico eformação,
processo de plural. De
frequentemente
em formadoras
formandas, recebemos
nos de convites para
professoras e professores.
transformamos em formadoras falar sobre
Vivenciei
de
nossa experiência
professoras e sobre
professores. este espaço
Vivenciei tão
dois rico e plural.
encontros
dois encontros em que pude falar sobre minha prática na emDe
formandas,
que pude nos sobre
falar transformamos emnaformadoras de
EMEI Nelson Mandela.minha prá�ca
O primeiro em uma EMEIrodaNelsonde
professoras e professores. Vivenciei dois
Mandela. O primeiro em uma roda de conversa em um encontros em
que conversa
pude em um
falar sobre evento
minhade prá�ca
educaçãonanaEMEI FEUSPNelson
e o
evento de educação na FEUSP e o segundo na semana de
segundo
Mandela. O na semana
primeiro de
em pedagogia
uma da
roda
pedagogia da Faculdade Zumbi dos Palmares. Faculdade
de conversa Zumbi
em dos
um
Palmares.
eventoNadeprimeira,
educaçãoa na FEUSPfoi
par�lha e o entre
segundo na semanada
profissionais de
educação,
pedagogia da em que
Faculdade conversamos
Zumbi dos sobre
Palmares.
Na primeira, a partilha foi entre profissionais da prá�cas
diferenciadas
educação, emcomo
Na primeira, a que projetos
par�lha que seprofissionais
foi entre
conversamos estendem
sobre à
práticasda
Formação das famílias com especialistas de educação, comunidadeem paraquealémconversamos
dos fazeres esperados
sobre de uma
prá�cas
várias áreas do conhecimento diferenciadas como
escola, envolvendo outros
projetos
aspectos
quecomo
se estendem à
diferenciadas como projetos que sea estendem
melhoria e o à
comunidade para além dos fazeres esperados de uma
Formação das famílias com especialistas de comunidade para além dos fazeres esperados de uma
várias áreas do conhecimento escola,
escola, envolvendooutros
envolvendo outrosaspectos
aspectos como
como aa melhoria
melhoriaeeoo
102

102
102
por meio de horta comunitária. Conversar com estudantes de pedagogia sobre o professorar e suas
foi incrível. Apresentando-lhes novas referências em contraponto às propostas tradicionais que
am nossa história de vida enquanto alunas(os) é um avanço. Por conta de a EMEI Nelson Mandela ser
a por seu trabalho voltado às relações étnico-raciais, expor
nossas prá�cas
bem-estar
desmis�fica
pormeio meio
ahorta
complexidade de reflexão das
bem-estar
bem-estar por
por meio dede
de horta
horta comunitária.
comunitária.
comunitária. Conversar
Conversar
Conversar com comcomestudantes
estudantes estudantesdedepedagogia
pedagogiasobre
sobreo oprofessorar
professorare esuas
suas
bre racismo e
implicações
implicações
bem-estar sobre foifoi a possibilidade
incrível.
incrível.
porsobre Apresentando-lhes
meio odeprofessorar
horta de
Apresentando-lhes
comunitária. contribuir
novas
novas referências
Conversar para
referências o em contraponto
em contraponto às propostas
às propostas tradicionais
tradicionais que
que
de pedagogia e suas implicações foicom estudantes
incrível. de pedagogia sobre o professorar e suas
ento e fortalecimento
repertoriaram
implicações foi
repertoriaram nossade
nossa sua
incrível.
história iden�dade
história dede vida
Apresentando-lhes
vida como
enquanto
enquanto criança
alunas(os)
novas
alunas(os) negra
referênciasé um
é um avanço.
em
avanço. Por conta
contraponto
Por conta àsde
de a EMEI
apropostas
EMEI Nelson Mandela
tradicionais
Nelson Mandela queser
ser
Apresentando-lhes novas referências em contraponto àsétnico-raciais,
propostas
gra. Sendo assim, por
reconhecida
repertoriaram
reconhecida apresentar
por
nossa seu históriacomo
trabalho
seu trabalho de vidaampliar
voltado
voltado às
enquanto ealunas(os)
relações
às relações valorizar é umoavanço.
étnico-raciais, expor
exporPor conta de a EMEI Nelson Mandela ser
tradicionais
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reconhecida de que
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desmis�fica
voltado história
a de vida
complexidade enquanto
de reflexão das
algumas
de culturasalunas(os) de
africanas é
nossas
um
prá�cas
e afro-brasileiras
avanço.
para crianças pequenas, expor
desmis�fica aàs relações
complexidade étnico-raciais,
de reflexão das
crianças
algumas sobre racismo e sobre a possibilidade de contribuir para o o
sobre
de nossas racismo
prá�cas e sobre
desmis�ficaa possibilidade
a complexidade de contribuir
de reflexão para
das
eque de crianças
possibilidades
reconhecimento
criançasPorsobre contaeracismo
de
para
efortalecimentoa sobre
fortalecimento
a EMEIeNelson
atuação adesua
Mandelasuadessas
iden�dade
ser
possibilidade
futuras(os)
reconhecida
de como por criança
seu para
contribuir negra
o
reconhecimento de iden�dade como criança negra
os). ou não
reconhecimento
outrabalho
não negra. negra.
voltadoSendo Sendo
e
às relações assim,
fortalecimento
assim, apresentar
de sua
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étnico-raciais, como
iden�dade
como ampliar
como
ampliar
algumas e valorizar o o
e valorizar
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tantas
ou nãopessoas
repertório
práticas dede
negra.
desmistifica desconhecidas,
culturas
Sendo
culturas africanas detraz
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aafricanas
complexidade afro-brasileiras
reflexãoacomo
e afro-brasileiras insegurança
das para
paraampliarcrianças
crianças
crianças ede pequenas,
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abre
abre a um um de
lequeculturasde africanas
possibilidades e afro-brasileiras
para a para
atuação crianças
dessas pequenas,
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uir traduzir eleque
sobre adepossibilidade
complexidade
racismo possibilidades
do meu para porém
fazer,
de contribuir apara
atuação dessas futuras(os)
reconhecer
o reconhecimento
abre um leque de possibilidades para a atuação dessas futuras(os)
pedagogas(os).
pedagogas(os).
a prá�ca é pedagogas(os).
epassível
àde
fortalecimento
Estar compar�lhamento
frente
de sua identidade como e saber
criança queoutraz
negra ela
nãopodenegra.
Estar à frente dede tantas
tantas pessoas
pessoas desconhecidas,
desconhecidas, a insegurança
traz a insegurança dede
Sendo
ignifica�vamente
não Estarassim,
à
conseguirpara apresentar
frente a deprá�ca
traduzir tantas
a como de ampliar
pessoasoutras
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pessoas,
desconhecidas,
do meu ofazer,
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é
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a um dereconhecer
insegurança
porém de Formação das educadoras da limpeza
não conseguir traduzir a complexidade do meu fazer, porém reconhecer
culturas
não
tovalorização
que paraafricanas
aconseguir
minha tudo
prá�ca e afro-brasileiras
traduzir a complexidade
oé passível
éque para
construímos
passível crianças
donessa pequenas,
meu fazer, abre
eporém
escola queum
reconhecer e da merenda
que a minha prá�ca dede compar�lhamento
compar�lhamento e sabersaber quequeelaela pode
pode
lequea minha
que de possibilidades
contribuir para a para
prá�ca é passível atuação
de dessas futuras(os)
compar�lhamento epedagogas(os).
saber queéela pode
r meio decontribuir
par�lha esignifica�vamente
aprofundamento
significa�vamente para a aprá�ca
de prá�ca
saberes, dedeoutras
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estruturaçãopessoas,
pessoas, éter
ter
da umum
iden�dade docente
Formação
Formação das
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uma
educadoras
educadoras da de
limpeza
limpeza
contribuir
olhar
olhar significa�vamente
Estar à frente de tantas
dedeautovalorização
autovalorização para
para para
pessoas
tudo
tudo ao desconhecidas,
prá�ca
oque de outras
queconstruímos traz pessoas,
construímos anessa é terde
insegurança
nessaescola
escola um
quenão conseguir
que traduzirdas
Formação a complexidade
educadoras eda
e da dadomerenda
meu
merenda
limpeza
olhar de autovalorização e da merenda
propõe,
fazer, porém
propõe, porpor meiodede
reconhecer
meio quepara
par�lha
par�lha etudo
a minha o que
aprofundamento
prática
e aprofundamento construímos
é passível de
dede nessa
saberes, aescola
compartilhamento
saberes, eque
estruturação
a estruturação saberda da
que iden�dade docente
ela pode contribuir
iden�dade docente dede cada uma
significativamente
cada uma dede
scola segue ocupando
propõe,
nós. por meioterritórios
de par�lha educa�vos
e aprofundamento “para de cons�tuir-se
saberes, a em
estruturação um dapolo formador
iden�dade docente
para a prática de outras pessoas, é ter um olhar de autovalorização para tudo o que construímos nessa escola que propõe,
nós.
e mul�plicador
de cada uma de
transformadoras
nós.Nossa
Nossa
por meio deda
escola realidade.
escola segue
segue
partilha Entre
ocupando
ocupando
e aprofundamento elas:
territórios formação
territórios educa�vos
educa�vos
de saberes, das
“para
“para
a estruturação famílias,
dacons�tuir-se
cons�tuir-se
identidade deem equipes
em um
docenteum depolo
polo de outras
formador
formador
cada uma Unidades
e mul�plicador
deenós.
mul�plicador
Nossa
outras Diretorias escola
Regionais segue ocupando
de Ensino territórios
erealidade.
outros educa�vos
Estados” “para
elas:(PPP cons�tuir-se
–constituir-se
2019, pag. em um polo formador e mul�plicador
dedeprá�cas
prá�cas transformadoras
transformadoras
Nossa escola segue dadarealidade.
ocupando Entre
Entre
territórios elas:
educativos formação
formação
“para das em31)
dasfamílias,
famílias, edeequipes
umdepoloeu sigode
equipes
formador com ela,Unidades
deeoutras
outras porque
Unidades
multiplicador de
de prá�cas
Escolares, transformadoras
outras Diretorias da realidade.
Regionais de Entre
Ensino e elas:
outros formação
Estados” das
(PPP famílias,
– 2019, de
pag.equipes
31) e eu de outras
sigo com Unidades
ela, porque
emos que Escolares,
apesar
práticas outras
de Diretorias
ser
transformadoras da Regionais
de extrema
realidade. de Ensino
importância
Entre e outros
observar
elas: formação Estados”
das (PPP
de –equipes
e inves�gar
famílias, 2019,nossapag.
de 31)própria
outras eUnidades
eu sigoprá�ca,
com ela, porque
Escolares, se faz
outras
Escolares,
compreendemos outras Diretorias
queapesar Regionais
apesar deser de Ensino
serdede extrema e outros Estados”
importância (PPP
observar – 2019, pag.
einves�gar
inves�gar 31)nossa
e eu sigo com
própria ela, porque
prá�ca, sefazfaz
compreendemos que de extrema importância observar e nossa própria prá�ca, se
ampliar nossos olhares
Diretorias
compreendemos
necessário
para
Regionais
ampliar que novas
de Ensino
apesar
nossos
realidades
e outros
de
olhares
Estados”
serpara e(PPP
de extrema
novas
contextos,
2019, pag.a31)
–importância
realidades
fim e eude
observar
e contextos,
transformar
sigo com
aefim
ela, porque
inves�gar
de
possibilidades
compreendemos
nossa
transformar própria prá�ca,
possibilidades
e novos
que apesar
se faz
e novos
necessário
de ser de ampliar
extrema nossos olhares
importância para
observar enovas realidades
investigar nossa e contextos,
própria prática, a fim
se fazde transformar
necessário possibilidades
ampliar nossos e
olhares novos
para
ntos em potência.
necessário ampliar
conhecimentos
conhecimentos emem nossos olhares para novas realidades e contextos, a fim de transformar possibilidades e novos
potência.
potência.
novas realidades e contextos,
conhecimentos em potência. a fim de transformar possibilidades e novos conhecimentos em potência.

“Feliz aqueleque
“Feliz que transfereo o
“Felizaquele
aquele quetransfere
transfere o
“Feliz aquele que que
que sabee aprende
transferee aprende
o o que
que sabe e aprendeooque
sabe que
ensina”
que sabe e aprende o que ensina” ensina”
ensina”
PauloFreire
Paulo Freire
Paulo Freire

Paulo Freire

Lenize
Lenize Cris�na
Cris�na Riga
Riga
Lenize Cris�na Riga
Formada
Formada
Formada em em Pedagogia
em Pedagogia pelo
pelo
Pedagogia pelo
Centro
Centro
Centro Universitário
Universitário
Universitário São
São São
Camilo,
Camilo, pós-graduada
Camilo, pós-graduada
pós-graduada em emem
Lenize
Pedagogia Cris�na
Pedagogia Freireana
Pedagogia Freireana
Rigapela
pela
Freireana pela
Formada em Pedagogia
Universidade
Universidade
Universidade Nove
Nove pelo
de Julho.
de Julho.
Nove de Julho.
Centro Universitário São
Camilo, pós-graduada em
103
103
103
103 Pedagogia Freireana pela
Universidade Nove de Julho.
Acorde
Nota
Foramvárias
Foram várias tenta
tentativas,
vas, masmas de de certo
certo queque buscar
buscar uma uma nova
nova
denominação para
denominação para esse
esseterritório
território de deaprendizagem
aprendizagem nos nos ajudou
ajudou nesse
nesse
desprendimento.
desprendimento.
Pareceóbvio
Parece óbvio que
que uma salasala dedeconvivência
convivênciae enão nãomais
mais umaumasalasala
de
deaula
aulapressupõe
pressupõe queque
as as pessoas
pessoas queque nelanela estejam
estejam devam devam interagir,
interagir, não é?não
é? Inicialmente, ao alterarmos o nome do espaço, o layout mudou,
Inicialmente,
mas a concepção permanecia ao alterarmos
intacta. o nome
A ideiadodaespaço,
“sala deoaula”
layout mudou,
continuava

Cadê a mas a concepção


habitando permanecia
nosso imaginário. A mesaintacta. A ideia
da professora
con nuava habitando nosso imaginário. A mesa da professora era de
dafato
era de
anos dedicados ao estudo. Quem, como aluna, não sentiu uma admiração
fato um troféu aos anos dedicados ao estudo. Quem, como aluna, não
“sala de aula”
um troféu aos

mesa
profunda por aquela pessoa que ficava em evidência sobre um tablado?
sen u uma admiração profunda por aquela pessoa que ficava em
evidênciaPara sobremuitas de nós a admiração foi tanta que buscamos a mesma
um tablado?
profissão.
Para muitas de nós a admiração foi tanta que buscamos a mesma

que profissão.Como sobreviveria uma professora sem uma mesa para cumprir as

?
Como
atividades sobreviveria
burocráticas queuma professora
a profissão nos sem
impõe uma mesa
e que só para
seria cumprir
possível
asrealizar
a vidades burocrá
com certo sossego? cas que a profissão nos impõe e que só seria

estava possível realizar com certo sossego?


Compreendemos,
Compreendemos,
oportunidades ideais para práticas
aos poucos, que esses momentos são
aos poucos, que esses
de letramento.
oportunidades ideais para prá cas de letramento. As crianças, ao
momentos
As crianças, são
ao estarem

aqui
perto da professora quando ela anota a presença ou quando responde uma
estarem perto da professora quando ela anota a presença ou quando
agenda, também são momentos de troca e, portanto, de aprendizagem.
responde uma agenda, também são momentos de troca e, portanto, de
Adotamos uma metodologia de trabalho para enfrentar o número
aprendizagem.
excessivo de crianças
Adotamos umapormetodologia
sala de aula e adesuatrabalho
sistematização
para propõe
enfrentarque oa
cada dia,excessivo
número durante ode planejamento
crianças por semanal,
sala dea professora
aula e a sua defina quais as
sistema três
zação
crianças
propõe quecom as quais
a cada dia, vai dividiro sua
durante atenção, com
planejamento as quaisa vai
semanal, de fato
professora
defina quais
conviver num as três crianças momento
determinado com as quais vai dividir
do dia. Por quesua atenção,
três? Porquecomnuma as
quais vai de fato conviver num determinado
mesa de quatro, a professora comporá o grupo. momento do dia. Por que
três? PorqueEssenuma mesa
exercício foi de quatro,
doloroso e, aem
professora comporácontinua
alguns momentos, o grupo.sendo.
O motivoEsseéexercício
que “dar foi doloroso
conta de trinta e, em alguns
e cinco momentos,
crianças” parece con nua
ser uma
sendo. O mo vo é que “dar conta de trinta e cinco crianças” parece ser
prerrogativa do cargo que assumimos e que, apesar de inúmeras mobilizações
uma prerroga va do cargo que assumimos e que, apesar de inúmeras
e lutas para aeredução
mobilizações lutas paradesse número, desse
a redução nós continuamos
número, nós a remar
con contramaré
nuamos a
querendo
remar “dar conta
contramaré do que é“dar
querendo impossível”.
conta do que é impossível”.
Houve resistências
Houve resistências à novaà nova postura diantediante
postura das crianças. O desapego
das crianças. O
da mesa recebeu vários nomes e foram várias as
desapego da mesa recebeu vários nomes e foram várias as jus fica vas justificativas para nada
para nada acontecer
acontecer durante um durante um bom tempo.
bom tempo.
Criamos
Criamosum umjeito
jeitodedeexercer
exercer aadocência
docência que
que está
está cada
cada vezvez mais
mais
distante da onipresença que tentam
distante da onipresença que tentam nos impor. nos impor.
É fato que, em alguns momentos, tentamos dar alguns passinhos
É fato que, em alguns momentos, tentamos dar alguns passinhos
para trás e para os lados, mas quando deixar de ser o centro de todo o
para trás e para os lados, mas quando deixar de ser o centro de todo o
processo foi coisa fácil para nós, humanos adultos?
processo foi coisa
A mesa dasfácil para nós, humanos
professoras? O tempo adultos?
deu conta de colocá-la no
passado. Se o isolamento da professora em saladeainda
A mesa das professoras? O tempo deu conta colocá-la no passado.
acontece? Há
Lucas - 5 anos Se o isolamento da professora em sala ainda acontece? Há recaídas.
recaídas.

104
104
Voz Bom dia, tudo bem?
Tatiane Lima dos Santos

Eu estou na EMEI Nelson Mandela desde setembro de 2008.


Trabalhei antes em duas escolas e porque a gente ser da limpeza,
eu achei o tratamento diferenciado, porque tinha vezes que a gente
chegava nas outras escolas, dava bom dia e ninguém respondia. Quando
eu cheguei na EMEI Guia Lopes, que agora é Nelson Mandela, a primeira
coisa que eu senti diferença foi o tratamento e como eu fui recepcionada.
Antes de chegar, eu fiquei com medo, porque me falaram que a
diretora da escola era uma bruxa, não gostava de pessoas negras. Entrei
e falei assim, seja o que Deus quiser. Quando eu entrei a Marinete me
atendeu dizendo bom dia, seja bem-vinda e eu pensei, nossa estou na
escola errada. Do jeito que falaram da escola e da direção, eu achei que
tinha entrado na escola errada.
Eu notei a diferença e achei que era só porque era o primeiro dia
e que depois seria igual as outras escolas. Eu ia dizer bom dia e ninguém
iria responder.
Fui apresentada para as professoras e os outros funcionários me
receberam muito bem.
No dia seguinte, quando eu conheci a Dona Cibele, eu falei:
pronto, agora o bicho vai pegar, porque falaram que a mulher é uma
bruxa. Ela se apresentou para o grupo novo da limpeza, foi supersimpática
e eu pensei que o que tinham falado dela era mentira. Pensei, vamos ver
nos próximos dias.
Eu estranhei, porque em outros lugares eu falava bom dia para as
professoras e elas não respondiam, mas na hora de pedir alguma coisa
falavam: oi tudo bem, você pode limpar ali para mim? aí já era outra coisa,
né?
Na Nelson Mandela é totalmente diferente. Falavam: - oi, bom
dia! tudo bem? como você está? como foi seu final de semana?
Aí eu pensei, quem falou mal da direção, falou errado, então.
A diretora começou a chamar a gente para participar das reuniões
pedagógicas e das festas da escola.
Eu pensava, porque nós da limpeza temos que participar, sendo
que a reunião é de professoras?
No começo, a gente só participava da apresentação, quando dava
o intervalo a gente saía e ia fazer o nosso serviço.

105
Depois a gente viu que começou a participar da reunião.
A gente se apresentava e tomava o café junto com as professoras. Foi aos pouquinhos. Depois do café a gente
perguntava:A gente se apresentava
Podemos ir embora? Ela e tomava o café junto com as professoras. Foi aos pouquinhos. Depois do café a
falava, não.
gente perguntava: Podemos ir embora? Ela falava, não.
No começo a gente achava uma chatice. Dava sono e a gente não entendia muito bem o que estava acontecendo. Só
No começo a gente achava uma cha ce. Dava sono e a gente não entendia muito bem o que estava
depois que a gente estava participando, que a gente estava entendo o projeto da escola e de como era importante a gente
acontecendo. Só depois que a gente estava par cipando, que a gente estava entendo o projeto da escola e de como
participar,
era porqueaa gente
importante gente fazia
par parte
cipar,daporque
escola eadagentecomunidade, é quedafomos
fazia parte escolanoseinteirando da reunião.
da comunidade, é que fomos nos
inteirando Eu entendi que era educadora quando comecei a participar das festas da escola. A primeira festa foi o casamento do
da reunião.
Tetelo com a Tetela. Por
Eu entendi queque eranós estávamosquando
educadora participando
comeceida festa
a parse acipar
gentedas
tinha que estar
festas limpando
da escola. a escola? festa foi o
A primeira
casamento A diretora falou com
do Tetelo que aagente da Por
Tetela. limpeza
quefaz nósparte da escolapar
estávamos e fazcipando
parte dada educação.
festa seQue além danha
a gente gentequelimpar
estara
escola, a gente
limpando está educando as crianças a limpar o que sujam. Foi aí que caiu a minha ficha. É verdade, quando a gente
a escola?
limpa, a Agente está ensinando
diretora falou que que ondeda
a gente se suja tem que
limpeza se limpar.
faz parte da escola e faz parte da educação. Que além da gente
limpar aOescola,
momento mais importante
a gente está educandopara mim foi quando
as crianças me chamaram
a limpar para fazer
o que sujam. Foi aíuma
quepalestra na UNICAMP.
caiu a minha ficha. É verdade,
quandoEu a gente limpa, a gente está ensinando que onde se suja tem que
tinha que falar da escola e como nós participávamos como educadoras da limpeza. se limpar.
O momento
No começo eumaisnão importante para
queria ir e falei mim
para foi quando
chamar me chamaram
outra pessoa, para fazer
mas disseram uma palestra
que quem tinha quena UNICAMP.
ir era eu. Eu fiquei
emocionada Eu nha queque
por ter falar da com
falar escola e comoprofessores
diretores, nós par cipávamos como educadoras
e até doutorados. Pedi ajuda, da limpeza.
porque disseNo quecomeço
não sabiaeu falar
não
queria
direito. ir e falei para chamar outra pessoa, mas disseram que quem nha que ir era eu. Eu fiquei emocionada por
ter que Eu falar
mecom diretores,
emocionei, professores
porque quando eu e até doutorados.
terminei de contarPedi ajuda,
o que porque
a gente faziadisse que não
na escola, sabia falar
o projeto, direito.
a Família Abayomi,
Eu me emocionei, porque quando eu terminei de contar o que a gente fazia na escola,
(foi legal porque levamos o Azizi e a Sofia e carregamos eles para cima e pra baixo) as professoras e diretoras vieram o projeto, a Família
falar
Abayomi, (foi legal porque levamos o Azizi e a Sofia e carregamos eles para cima e pra baixo) as professoras e
que se emocionaram com a nossa fala, minha e da Marina. Eu me emocionei, porque a direção da escola mencionou o meu
diretoras vieram falar que se emocionaram com a nossa fala, minha e da Marina. Eu me emocionei, porque a
nome para ir participar da palestra. Ali, na faculdade, tirando a passeata, eu me senti importante e que nós, da limpeza,
direção da escola mencionou o meu nome para ir par cipar da palestra. Ali, na faculdade, rando a passeata, eu me
éramos educadoras mesmo.
sen importante e que nós, da limpeza, éramos educadoras mesmo.
AA EMEI
EMEINelson
Nelson Mandela
Mandela é diferente de todas
é diferente as outras,
de todas porqueporque
as outras, ela acolheelaaacolhe
comunidade, as famílias, as
a comunidade, os famílias,
funcionários
os
efuncionários
os professores. A escola me fez desenvolver a fala pelo afeto das pessoas e aprendi a me abrir
e os professores. A escola me fez desenvolver a fala pelo afeto das pessoas e aprendi a me abrir com com minha família. Eu só
minha família. Eu só conversava o necessário e agora eu abraço minha irmã, falo que amo apesar de ela ser chata. Aa
conversava o necessário e agora eu abraço minha irmã, falo que amo apesar de ela ser chata. A escola me ensinou que
gente tem
escola meque amar que
ensinou as coisas quetem
a gente a gente
quefaz.
amarEu aseracoisas
na minha,
que era durona
a gente faz.eEu
consegui
era name abrirera
minha, pordurona
causa das professoras
e consegui mee
da direção.
abrir A Dona
por causa Cibele
das ficava meeabraçando
professoras da direção. e euA abraçava
Dona Cibelea Dona Cibele,
ficava meapertava.
abraçando Aprendi
e euaabraçava
dialogar. a Dona Cibele,
apertava. Aprendi a dialogar.

amar as coisas que a gente faz


“Olá, como vai?
Eu vou indo, e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro, e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranquilo, quem sabe?”

Música: Sinal Fechado


Compositor: Paulinho da Viola

Palestra na UNICAMP

106
106
Acorde Uma relação para além dos trilhos
Alice Gomes Signorelli

Acorde Uma relação para além dos trilhos


Alice Gomes Signorelli

Nos �l�mos quinze minutos antes do horário puderam entrar na escola e após algum tempo,
da saída, eu e minha parceira de trabalho, chamamos mães, pais, avós, avôs, �as, �os, irmãos e irmãs
nossas turmas
Nos últimosparaquinze
guardar os antes
minutos brinquedos
do horáriododa puderam
escola e apósse encaminhar
algum tempo, atémães,
a salapais,
das crianças
avós, avôs, paratias,
parque.
saída, eu Uma ajudando
e minha parceiraa de outra, fomos
trabalho, chamando
chamamos nossas buscá-las. Nesse momento, eu já estava
tios, irmãos e irmãs puderam se encaminhar até a sala de pé ao lado
aquelas crianças que ficaram por �l�mo,
turmas para guardar os brinquedos do parque. Uma elogiando da
dasporta
criançase as crianças
para buscá-las.sentadas em suas carteiras,
Nesse momento, eu já estava
aquelas que guardaram os brinquedos e deixando as vendo os livros e aguardando para irem embora.
ajudando a outra, fomos chamando aquelas crianças que de pé ao lado da porta e as crianças sentadas em suas
turmas trocarem as �l�mas palavras antes de cada As educadoras responsáveis pelo transporte
ficaram por último, elogiando aquelas que guardaram os carteiras, vendo os livros e aguardando para irem embora.
uma ir para sua sala, aguardar o momento da saída. cole�vo chamaram as crianças que iriam embora com
brinquedos e deixando as turmas trocarem as últimas As educadoras responsáveis pelo transporte
Antes de entrar na sala, chamei as crianças elas. As crianças se encaminharam para porta, nos
palavras antes de cada uma ir para sua sala, aguardar o coletivo chamaram
despedimos e após aas salacrianças
esvaziarque um iriam
pouco,embora
os outroscom
para que, como todos os dias, após o parque,
momento da saída.
fossem ao banheiro, lavassem as mãos e elas.responsáveis
As criançaspelasse encaminharam
crianças chegaram. paraUma porta,
mãe nos
bebessem Anteságua.
de entrar
Nessena sala, chamei as
momento, despedimos
me perguntou e após
como a havia
sala esvaziar
sido o dia umdepouco,
seu
crianças para que, como
Pedrina, uma das educadoras da todos os dias, os outros responsáveis pelas
filho, pois pela manhã, em sua casa, ele crianças
após o parque, fossem ao
limpeza, terminava de passar pano no banheiro, Afinal, a segurança havia chegaram.
�do Uma mãe medeperguntou
dificuldade se organizarcomo
lavassemeasnos
banheiro mãos e bebessem
ajudou observandoágua. haviairsido
para o dia de
à escola, seubravo,
ficou filho, pois pela
brigou
asNesse momento,
crianças e dizendoPedrina, uma das
palavras de
das crianças com a mãe e chorou. Conversamos
manhã, em sua casa, ele havia tido
incen�vo àquelas que conseguiam
educadoras da limpeza, terminava em relação à escola, brevemente
dificuldade de e como episódiospara
se organizar assim ir à
vinham se repe�ndo, combinamos
lembrar
de passarde lavar
panoasnomãos.
banheiro e nos passa, muitas vezes escola,
de
ficou
marcar um
bravo, brigou com
horário parabrevemente
a
falarmos
mãe
ajudouQuando voltaram
observando para a
as crianças e chorou. Conversamos
sala, uma criança
e dizendo caiu edemachucou
palavras incentivo pela relação com
e comomais calma.
episódios assim vinham se
o àquelas
joelho. que
Nesse momento, passava
conseguiam lembrar de que sua família Com a sala já de
repetindo, combinamos
vazia, o pai de outra criança chegou
bem maisum
marcar
pelo
lavarcorredor
as mãos. a Antônia (mais
conhecida como Toninha), educadora estabelece com e
horário para falarmos com mais calma.
seu filho pediu para que ele entrasse
Quando voltaram para a sala, Com a sala já bem mais vazia, o pai
do quadro de apoio, que com toda sua
uma criança caiu e machucou o joelho. esse espaço. havia
na sala para mostrar a obra de arte que
de outra
feito criança
naquela chegou
tarde.e seu filho pediu
Contamos para
para
atenção e cuidado, cuidou do machucado e
meNesse
ajudoumomento,
trazendo passava
o livropelo corredor a para
de ocorrência Antônia
que eu ele, que
eu eele entrasse na
o pequeno, comosalahavia
para mostrar a obra de arte
sido a a�vidade.
(mais conhecida
pudesse registrar como Toninha), educadora do quadro de
o acidente. que havia feito naquela
Alguns minutostarde. antes Contamos para ele,
de finalizar o meueu e o
apoio,Enquanto
que com toda sua atenção e cuidado,
isso, o grupo já estava guardando cuidou do pequeno, como havia sido a atividade.
horário de trabalho, chamei as três crianças que ainda
machucado e me ajudou trazendo o
suas agendas na mochila, algumas crianças ajudavamlivro de ocorrência estavam Alguns
na sala,minutos antes de
organizamos finalizar
os livros o meufomos
e juntas horário
para que
outras queeu pudesse
haviam registrar oe acidente.
cochilado estavam sonolentas. de restaurante
ao trabalho, chamei as três nos
da escola crianças que ainda estavam
encontrarmos com asna
As crianças,Enquanto
aos isso,
poucos,o grupo já estava
entre guardando
conversas, suas
risos, educadoras do quadro de apoio: Mônica,
sala, organizamos os livros e juntas fomos ao restaurante Toninha e
agendas na
dispersão mochila, algumas
e chamadas crianças
de atenção da ajudavam
minha parte outras Ângela.
da escolaAvisei-as sobre umcom
nos encontrarmos recado importante
as educadoras que
do quadro
(que
quejáhaviam
estavacochilado
preocupada, pois sonolentas.
e estavam o portão iria As abrir),
crianças, estava na agenda de uma das crianças,
de apoio: Mônica, Toninha e Ângela. Avisei-as sobre um solicitando
sentaram-se nas cadeiras e passaram a ver
aos poucos, entre conversas, risos, dispersão e chamadas os livros para
recadoqueimportante
alertasse quem fosse buscá-la,
que estava na agenda sobrede ele.
umaEudas
que
deeu haviada
atenção organizado
minha parte para
(queessa ocasião.
já estava preocupada, pois me
crianças, solicitando para que alertasse quem fossee buscá-
despedi das crianças e das educadoras me
Quando o educador e educadora da secretaria encaminhei para a sala das professoras.
o portão iria abrir), sentaram-se nas cadeiras e passaram la, sobre ele. Eu me despedi das crianças e das educadoras
e ada No corredor, encontrei com a Clélia (mãe de
verlimpeza,
os livros queWanderley e Ta�ane,
eu havia organizado paraabriram os
essa ocasião. e me encaminhei para a sala das professoras.
portões, Quando
as educadoras dose educadora
transportes uma criança da minha turma, pedagoga e formadora)
o educador da cole�vos
secretaria e No corredor, encontrei com a Clélia (mãe de uma
da limpeza, Wanderley e Tatiane, abriram os portões, as criança da minha turma, pedagoga e formadora) que
educadoras dos transportes coletivos puderam entrar na estava indo conversar com a Cibele, diretora pedagógica,
107

107
que estava indo conversar com a Cibele, diretora pedagógica, sobre a formação que ela daria ao grupo d
que estavano indodiaconversar
seguinte. com Trocamos algumas
a Cibele, diretora palavrassobre
pedagógica, sobrea aformação
formação, que sobre
ela daria suaao filha
grupoede nos despedimos com:
professoras
encontramos
no dia seguinte. Trocamosna formação!”.
algumas palavras sobre a formação, sobre sua filha e nos despedimos com: “Amanhã nos
encontramos na formação!”.Há um ditado africano que diz que é preciso uma aldeia para
Hásobre
um ditado
a
educar umaformação africano
que ela que
criança. diz
dariaNa que édeNelson
ao EMEI
grupo preciso
professoras uma noaldeia
Mandela para
dia seguinte.
compreendemos essa
educar uma criança.
Trocamos Na EMEI
algumas palavrasNelson
sobre Mandela
a formação, compreendemos
sobre sua filha eessa nos
filosofia de vida como um princípio que guia uma educação de qualidade.
filosofia de vida como
despedimos um“Amanhã
com: princípio nosque guia umana
encontramos educação
formação!”. de qualidade.
Uma comunidade Uma
Há um ditado
comunidade
escolar
africanoé que
escolar
composta
diz que épor
é composta
crianças,
preciso
por crianças, professoras e
professoras
uma aldeia para educare
professores, professores,
uma educadoras
criança. Na EMEI educadoras
e educadores
Nelson Mandela edeeducadores
todos os setores
compreendemos deessatodos osdesetores (secretaria,
(secretaria,
filosofia
limpeza,
limpeza, cozinha)
vida como eumas cozinha)
famílias.
princípio queeAs asrelações
guia famílias.
uma educação Asderelações
entre todos esses
qualidade. entre
sujeitostodos esses sujeitos
agem no agem processoUmanoeducacional
processoescolar
comunidade educacional
é compostade
de absolutamente por absolutamente pessoas todas as pessoas
todas asprofessoras
crianças,
envolvidas.eenvolvidas.
professores, educadoras e educadores de todos os setores (secretaria,
Busquei
limpeza,ilustrar
cozinha)
Busquei no
e asbreve
famílias.
ilustrarrelato
Asno acima
relações
breve como
entre mesmo
todos
relato esses
acima nos �l�mos
sujeitos
como agemmesmo nos �l�mos
quinze minutos
no do dia,
processo é possível
educacional de iden�ficar muitas
absolutamente todas dessas
as pessoas pessoas
envolvidas.que
quinze minutos
juntas tecem essa comunidade,
do dia,seja, é possível iden�ficar muitas dessas pessoas que
Busquei ilustrar noou breve relatoa nossa
acimaaldeia. Desde nos
como mesmo pequenas
últimos
juntas
situaçõesquinze
às maiores tecem essa comunidade, nasou seja, aasnossa aldeia. Desde pequenas
minutosações do dia,que acontecem
é possível identificar escolas,
muitas dessas crianças
pessoas são que
influenciadas situações
direta às
ou maiores
indiretamente ações na que acontecem
construção
juntas tecem essa comunidade, ou seja, a nossa aldeia. Desde pequenas de seusnas escolas,
valores, as crianças são
aprendizagensinfluenciadas
situaçõese maneiras
às maiores direta
de elaborar
ações ou acontecem
que oindiretamente
mundo. nas escolas, na asconstrução
crianças são de seus valores,
aprendizagens
Ocasiões
influenciadascomuns direta aoeoumaneiras
dia a dia dasde
indiretamente elaborar
escolas, como,
na construção o mundo.
a de
maneira como
seus valores,
todas as pessoas
aprendizagens se comunicam;
Ocasiões
e maneiras comuns a abertura
aoodia
de elaborar que
a diaasdas
mundo. crianças
escolas, possuem
como, a maneira como
para acessar a sala da diretoria, para além de momentos direcionados;
todasOcasiões
as pessoas comuns se comunicam;
ao dia a dia das escolas, a abertura
como, a maneira quecomo asacrianças possuem
presença de familiares dentro do espaço escolar em diversas ocasiões,
para
todas
inclusive em
asacessar
pessoas asesala
momentos como da
comunicam; diretoria,
a entrada e a para
a abertura
saída,além de momentos
que as crianças
até fes�vidades
possuem direcionados;
e
Passeio comaas famílias no Ibirapuera
para acessar ade
presença salafamiliares
da diretoria, dentro
para alémdo de momentos
espaço direcionados;
escolar em a diversas ocasiões,
celebrações; saídas de campo; a�vidades específicas relacionadas à projetos; dias das famílias etc. Passeio Tudo isso com as famíli
presença de familiares dentro do espaço escolar em diversas ocasiões, inclusive em momentos como a entrada e a saída,
influencia inclusive
no processo em educacional
momentos ecomo é nesse a entrada
movimento e a de saída,
relaçõesaté fes�vidades
que a parceriae entre educadores,
até festividades e celebrações; saídas de campo; atividades específicas relacionadas à projetos; dias das famílias etc. Tudo
educadoras, celebrações; saídas de ecampo;
professores, professoras a�vidades
famílias será determinante específicas
no processo relacionadas
educacionalàdas projetos;
crianças.dias das famílias e
isso influencia no processo educacional e é nesse movimento de relações que a parceria entre educadores, educadoras,
Parainfluencia
agirmos a no par�r processo
da perspec�va educacional
de parceria, e éfaz-se
nesse movimento
necessário
professores, professoras e famílias será determinante no processo educacional das crianças.
desde ode relações
primeiro que aorganizar
momento, parceria entre
educadoras, ações
professores, para que as
professoras famílias possam
e famílias confiar no espaço escolar em que estão inseridas.
Para agirmos a partir da perspectiva de parceria, faz-seserá determinante
necessário desde o primeirono processo educacional
momento, organizar ações das crian
Afinal, a segurança das crianças em relação à escola, passa, muitas vezes, pela relação
para que asPara famíliasagirmos a par�r
possam confiar da perspec�va
no espaço escolar em quede estãoparceria, faz-se
inseridas. Afinal, necessário
a segurança desdeemorelação
das crianças primeiro
à mome
que sua família estabelece com esse espaço.
açõespassa,
escola, paramuitasquevezes,
as famílias
pela relação possam confiar
que sua família
Nunca me esqueço da minha primeira semana na EMEI Nelson Mandela, além
no espaço
estabelece com esse escolar
espaço. em que e
de já estar encantada Afinal,Nunca me esqueçodas
a segurança
com o lugar,
da minha
crianças
com
primeira
em semana
relação
o comprome�mento
naàEMEI Nelson
escola,
que passa,
Mandela,
a equipe muitas veze
além de já estar encantada com o lugar, com o comprometimento que a equipe
demonstrava ter quecom suatodosfamília os estabelece com esse espaço.
processos e engajamento com o espaço, me lembro
demonstrava ter com todos os processos e engajamento com o espaço, me lembro
quando a Cibele disse: “As Nunca me podem
famílias esqueço da minha
entrar na escola primeira
a qualquer
quando a Cibele disse: “As famílias podem entrar na escola a qualquer momento.
semana
momento. na EMEI
Elas Nelson M
podem inclusive depedir
já estarpara ver as crianças durante
encantada com oodurante
dia, o ano
lugar, inteiro”. Essa fala me
Elas podem inclusive pedir para ver as crianças o com o inteiro”.
dia, o ano comprome�mento
Essa fala q
pegou de surpresa. demonstrava ter com todos os processos e engajamento com o espaç
me pegou de surpresa.
No decorrer da minha trajetória profissional, trabalhei em uma escola
quando No adecorrer
Cibeledadisse: minha“As famílias
trajetória podemtrabalhei
profissional, entrar em na escola
uma escolaa qualquer m
par�cular que prezava muito pela relação com as famílias e essa referência esteve
particular
podem que prezava muito pela relação com as famílias edurante
essa referência esteve
sempre comigo desde inclusive
então. No pedir momento para daver as crianças
saída, as famílias entravam o dia, o ano inteiro
na sala,
sempre comigo
pegou de surpresa. desde então. No momento da saída, as famílias entravam na sala,
Condução de dinâmica com as conversavam conosco, falavam não apenas com seus filhos e filhas, mas também com
conversavam conosco, falavam não apenas com seus filhos e filhas, mas também
famílias pela mamãe Carina
as outras crianças, que em Nopoucodecorrer
tempo,da minhaa reconhecer
passavam trajetória os profissional,
parentes de seus trabalhei em
com as outras crianças, que em pouco tempo, passavam a reconhecer os parentes
amigos e amigas. Era um momento de troca,par�cular
de seus amigosque prezavaEra ummuito
de cuidado, de parceria. Em poucopela tempo relação
as famíliascomjá as famíliasEme essa refe
se conheciam,
e amigas. momento de troca, de cuidado, de parceria.
as crianças ficavam cada vez mais próximas e a relação
sempre comigo de confiança entreNo escola e famílias dafluía comasmuita
pouco tempo as famíliasdesde então.
já se conheciam, momento
as crianças ficavam cada saída,
vez famílias entr
mais próximas
facilidade. falavam nãofluía
apenas com seus filhos e filhas, mas
Condução de dinâmica com as econversavam a relação de confiançaconosco, entre escola e famílias com muita facilidade.
famílias pela mamãe Carina
as outrasEntãocrianças, que emestaria
me peguei pensando: pouco tempo,pois,
eu surpresa, passavam a reconhecer
não imaginava que era os pa
amigos e amigas. Era um momento de troca, de cuidado, de parceria. Em pouco tempo as famílias já
as crianças ficavam cada vez mais próximas 108 108 e a relação de confiança entre escola e famílias flu
facilidade.
Então me peguei pensando: estaria eu surpresa, pois, não imaginava que era possível estabelecer essa
relação em umaestabelecer
possível escola pública? (Explico
essa relação em umao que mo�vou
escola pública?esse pensamento
(explico o que motivou nosesse
próximos
pensamento parágrafos),
nos próximosouparágrafos),
talvez eu
tenha achado umeupouco
ou talvez exagerado
tenha achado o fato
um pouco de que oasfato
exagerado famílias
de quepoderiam apareceraparecer
as famílias poderiam em qualquer momento?
em qualquer momento? Entendi
Entendi
que as duas coisas influenciaram minha surpresa. E desde então, passei a construir minha relação
que as duas coisas influenciaram minha surpresa. E desde então, passei a construir minha relação com as famílias partindo com as famílias
par�ndo dessa
dessareferência
referência tão tão significa�va
significativa e entendendo,
e entendendo, conforme conforme
fui vivendo asfuiexperiências
vivendo asdaexperiências da nossa
nossa escola, que era sim escola,
possível,
que era sim possível,
construir essaconstruir
relação com essa relaçãodaquele
as famílias com asespaço
famílias mais.espaço e muito mais.
daquele
e muito
É comum É comum
que as que as relações
relações entreentre famílias
famílias e escolaspassem
e escolas passem por
por dois
dois trilhos:
trilhos:nasnas
escolas particulares
escolas par�cularesmuitasmuitas
vezes a
equipe docente
vezes a equipe docentesese vêvêpresa em uma
presa em umarelação baseadabaseada
relação no consumo, ou seja, as famílias
no consumo, ou seja, seas
colocam como
famílias se clientes
colocam e acomo
gestão
clientes edas escolasdas
a gestão acata todas acata
escolas as demandas
todas as familiares,
demandas semfamiliares,
balancear sesem são balancear
de fato importantes
se são depara fatooimportantes
processo educacional
para o
processodas crianças e para
educacional dasocrianças
coletivo educativo.
e para oFui entender
cole�vo isso depoisFui
educa�vo. de passar
entenderpor outras escolas,de
isso depois além daquela
passar porescola que
outras
comentei anteriormente.
escolas, além daquela escola que comentei anteriormente.
Por outro lado, por vezes, ocorre nas escolas públicas de as famílias se sentirem sem espaço para terem suas
Por outro lado, por vezes, ocorre nas escolas públicas de as famílias se sen�rem sem espaço para terem suas
demandas acolhidas e a equipe docente se colocar num lugar de autoridade única e absoluta em relação aos saberes que
demandas acolhidas e a equipe docente se colocar num lugar de autoridade única e absoluta em relação aos
permeiam a educação das crianças.
saberes que permeiam a educação das crianças.
Nem um, nem outro é o caminho ideal para a construção de relações frutíferas entre escolas e famílias. Partindo de
Nem
uma ideia nem
um, de queoutro
muitasé vezes
o caminho
as escolas ideal para aprocessos
vivenciam construção de relações
passando fru�feras
pelos mesmos trilhosentre escolas econstruídos,
historicamente famílias.
Par�ndo vamos
de uma nos ideia
inspirarde na que
poesiamuitas
de Manoel vezes as escolas
de Barros, vivenciam
para entender processos
que essas relaçõespassando peloságua
podem ser como mesmos
que corretrilhos
entre
historicamente
as pedrasconstruídos,
estruturantesvamos nos inspirar
do sistema educacionalna poesia decaçando
brasileiro, Manoelliberdade
de Barros, parapara entender
transgredir o queque essas
temos de relações
habitual e
podem ser como água
experimentar que corre
a potência que essasentre as pedras
relações estruturantes do sistema educacional brasileiro, caçando
podem ter.
liberdade para transgredir
Entendi depois, o que
quetemos
era comumde habitual
a Cibeleefalar
experimentar
frases que nos a potência
chocavam. queFuiessas relações
percebendo quepodem ter.
ela frequentemente
partia dedepois,
Entendi um lugar que provocativo
era comumpara nos atirar da zonafalar
Cibele de conforto
frases equenos movimentar.
nos chocavam. Assim, aos
Fui poucos, compreendi,
percebendo queque elaa
ideia não era
frequentemente par�aque deas famílias
um lugar podiam chegar a qualquer
provoca�vo para nos momento
�rar dae entrar
zona de na sala para falar
conforto commovimentar.
e nos seus filhos e filhas. Qualquer
Assim, aos
professora sabe o vendaval que isso pode gerar numa turma de muitas crianças
poucos, compreendi, que a ideia não era que as famílias podiam chegar a qualquer momento e entrar na sala parapequenas. Porém, Cibele com sua sabedoria
falar come seus
experiência,
filhos enos provocou
filhas. para sairmos
Qualquer de nossas
professora sabezonas de conforto
o vendaval quee isso
refletirmos
pode sobre
gerar possibilidades
numa turmaoutras de nos
de muitas
relacionarmos com as famílias.
crianças pequenas. Porém, Cibele com sua sabedoria e experiência, nos provocou para sairmos de nossas zonas de
Na verdade, a proposta dela era
conforto e refle�rmos sobre possibilidades
que as famílias deveriam sentir-se sempre
outras de nos relacionarmos com as famílias.
à vontade para pedir para marcarmos
Naconversas;
verdade,pudessem
a proposta dela era
circular pelaque espaçoas
famílias deveriam sen�r-se sempre
escola, ocupando-o como sendo à vontadedelas
para pedirtambém;
para marcarmos conversas; pudessem
deveríamos convidá-las para
circular pela
participarem escola,
espaço ocupando-o
de atividades diversas;comopara
sendo delas também;
construir deveríamos
e participar dos grandesconvidá-las
eventos
para par�ciparem de a�vidades
conosco; envolver-se com diversas;
o Conselho para
da
construir Escola e da Associação
e par�cipar dos grandesde Pais eeventos
Mestres
(APM); apresentá-las
conosco; envolver-se com o Conselhoao grupo todo de
da Escola e
crianças (por meios dos
da Associação de Pais e Mestres (APM); projetos didáticos),
para ao
apresentá-las quegrupo
todastodoas crianças
de crianças pudessem(por
conhecer quem fazia parte da vida de seus
meios dos projetos didá�cos), para que todas as
amigos e amigas da turma.
crianças pudessem conhecer quem fazia parte da
Como poderia tudo isso se
vida de seus amigos e amigas da turma. Famílias participando das rotinas da escola com seus filhos
dar na prática, no dia a dia? Para uma

109
109
compreensão aprofundada de práticas reais que buscam incluir as famílias nos mais diversos processos das instituições
escolares, irei compartilhar algumas das práticas que vivemos na EMEI Nelson Mandela.
É preciso dizer que essa relação entre escola e famílias é contaminada pelo racismo estrutural, em especial nas escolas
públicas, e isso dificulta a aproximação real, uma vez que é comum as famílias não se sentirem reconhecidas no contexto
escolar. Portanto, é imprescindível que qualquer escola, pública ou privada, que deseje se aproximar de sua comunidade e/
ou receber crianças negras em seu contexto, inclua em seu currículo a Lei 10.639/03, agregando a cultura familiar de suas
crianças e adolescentes ao repertório de conhecimentos e saberes que a escola precisa aprender.
Dessa maneira, selecionei algumas passagens para comentar, dentre tantas que poderiam ser relatadas. O que há
em comum nessas situações é que representam de maneira significativa as concepções que permeiam nosso trabalho com
a lei 10.639/03 e com os princípios de sustentabilidade e combate ao consumismo infantil, evidenciando a nossa busca
constante por valorizar os saberes das famílias e das crianças, por proporcionar possibilidades para que ocupem a escola,
os territórios para fora de seus muros e possam fazer parte do que será trabalhado com as crianças no decorrer do projeto.
Logo no início do ano letivo, agendamos um encontro individual com as famílias para conhecer detalhes de suas
histórias de vida. Elaboramos uma ficha social contendo algumas informações importantes para o nosso trabalho e, por meio
dessa conversa informal, reunimos dados que nos auxiliam durante o ano a compreender cada criança de nosso grupo e
quais as famílias que podem ser potenciais parceiras em determinados momentos do projeto didático que desenvolvemos.
Ao sabermos de seus interesses, suas habilidades e termos acesso a alguns dados da cultura familiar, além de nos aproximar,
nos possibilita chamá-las a protagonizar várias ações na escola.
Outra prática que se mostrou importante e tem sido adotada anualmente é convidar famílias que já não têm crianças
matriculadas na EMEI Nelson Mandela para fazer o acolhimento inicial das novas famílias, fazendo um breve relato de como
foi sua experiência durante os anos em que esteve com nossa equipe. Cria-se, de imediato, os primeiros vínculos de confiança
em nosso trabalho.

Valorizando e trocando saberes


É bastante comum que as famílias sejam convidadas a participar de momentos de formação com a equipe docente e
educadoras da escola. Já tivemos formações sobre islamismo, com uma mãe muçulmana; sobre o candomblé com uma mãe
candomblecista, maneiras de fotografar as crianças e espaços da escola, com uma mãe fotógrafa; algumas formações com
uma mãe bastante parceira da escola, sobre educação antirracista.
Nessas ocasiões buscamos unir as demandas institucionais relacionadas, principalmente, a questões pedagógicas
com os saberes das famílias, construindo assim uma conexão entre aquilo que é necessário ser trabalhado pelo grupo
somado ao que podemos aprender com a diversidade de saberes das famílias que frequentam nossa escola.
Essas formações podem ocorrer não apenas para as pessoas que trabalham na escola, mas para as próprias famílias.
Temos um projeto intitulado Escola de Pais que as convida a participar de palestras e encontros formativos a respeito de
determinados assuntos que normalmente são selecionados por pedidos das famílias ou quando notamos alguma demanda
latente. Nesses encontros já conversamos sobre alfabetização, sexualidade na infância, racismo, nutrição, entre outros.
Quem media esses momentos podem ser tanto especialistas convidados por nós, como as próprias famílias.
Além disso, convidamos membros das famílias das crianças para compartilharem vivências e conhecimentos a
respeito de algo que estamos estudando. No ano de 2019 cada turma estudou a vida de uma figura brasileira importante
para nossa música e/ou história, foram elas, Elza Soares, Leci Brandão, Dandara dos Palmares, Lia de Itamaracá, Clementina

110
de sua vida: lugar onde nasceu, do que brincava quando criança, sua configuração familiar, suas
o momento em que conversamos sobre o Rio de Janeiro, o grupo lembrou que uma das crianç
cidade carioca e então, convidamos a mãe dessa criança para nos contar um pouco sobre
osa, a par�r da Ivone
de Jesus, sua Lara
experiência. Desde
e Sandra de Sá. No esse
meu grupo momento,
estudamos esse
a vida de Elza foie costuramos
Soares um dos elementos
aspectos da vida
importantes da de Elza q
grupo. vida das crianças com os da artista conforme conhecemos aspectos de sua vida: lugar onde nasceu, do que brincava quando
criança, sua configuração familiar, suas ideias e ideais. No momento em que conversamos sobre o Rio de Janeiro, o grupo
lembrou que uma das crianças tinha raízes na cidade carioca e então, convidamos a mãe dessa criança para nos contar um
pouco sobre a cidade maravilhosa, a partir da sua experiência. Desde esse momento, esse foi um dos aspectos da vida de
Elza que mais marcou o grupo.

Mãe Lu Bento, professora por um

111
111
equente chamarmos mãe, pais, avós, avô, irmão, irmãs, �os e �as para o dia da colheita e
s com os ingredientes desse território. É encantador observar nessas situações a interação das
ducadoras e professoras, envolvidas
Outros momentos importantes que costumamos ter a par�cipação das famílias são aqueles ligados à horta
�vo de preparar
da nossa escola.OutrosaÉ frequente
refeição,
momentos chamarmostrocando
importantes mãe,
que pais, avós, avô, irmão, irmãs, �os e �as para o dia da colheita e
costumamos
ais, ensinando
preparação dee aprendendo
receitas
ter a participação com
das sobre
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ligadosterritório.
à horta É encantador observar nessas situações a interação das
criançasda enossa
famílias,
escola.educadoras e professoras,
É frequente chamarmos envolvidas
mãe, pais, avós,
as maneiras
em umavô, mesmo
de consumi-los.
irmão,obje�vo
irmãs, tios de epreparar
Nessas
tias paraaorefeição,
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trocando e
as conteúdos
saberespreparação ligados
de
intergeracionais, comàos ingredientes
receitasensinando saúdee aprendendo e território.
desse sobre os
É encantador
alimentos e as muitas observar nessas situações
maneiras de consumi-los.a interação das
Nessas
m, mas as questões
crianças
das relações de
ocasiões nãoe famílias,
apenaseducadoras
conteúdos e professoras,
ligados àenvolvidas
saúde e
am bastante em um evidentes
mesmo objetivo e possíveis
de preparar
alimentação aparecem, mas as questões das relações de a de
refeição, trocando
saberes intergeracionais, ensinando e aprendendo sobre
nessesgêneromomentos
e de poder ficam não deveevidentes
bastante exis�re possíveis de
os alimentos e as muitas maneiras de consumi-los.
serem trabalhadas: nesses momentos não deve exis�r
co, desigualdade
Nessas ocasiõesde gênero.
não apenas conteúdos Todo ligados à saúde e
hierarquia, tão pouco, desigualdade de gênero. Todo
alimentação aparecem, mas as questões das relações de
a massa epõe
mundogênero ocupa ae mão onamesmo
de poder massa lugar
e ocupa
ficam bastante o nomesmo
evidentes lugar no
e possíveis
ão das refeições.
processo de preparação
de serem trabalhadas: dasnesses
refeições.
momentos não deve existir Colheita com
Colheita com as famílias
as famílias

Além dessas
hierarquia, tão pouco,ocasiões sistemá�cas
desigualdade de gênero. queTodo
s ocasiões
buscamosmundo
sistemá�cas
proporcionar
põe a mão nacom
que
massacerta
e ocupa frequência,
o mesmo lugar um no
nar episódio
com processo
certa defrequência,
memorável preparação foidasem um
refeições.
um ano em que
convidamos Além dessas ocasiões
as famílias sistemáticas queobuscamos
a compar�lhar que
el foi em um ano em que
proporcionar
acreditavam com certa trabalharmos
ser importante frequência, um comepisódio
as
mílias a
crianças compar�lhar
memorável
no ano que foiviria
em aum o que
anoOem
seguir. que da
projeto convidamos
escola é as
portante famílias
elaborado a compartilhar
trabalharmos
a muitas mãos:ocom que
todoacreditavam ser importante
as selecionamos
ano
trabalharmos com as crianças no ano que viria a seguir. as O
ria aassuntos
seguir. O que consideramos
projeto da escola indispensáveis
é
projeto da escola é elaborado a muitas mãos: todo ano
crianças conhecerem, adicionamos àqueles que as
mãos: todo
crianças ano assuntos
selecionamos
se interessam selecionamos
que consideramos indispensáveis
em conhecer e convidamos as
as crianças conhecerem, adicionamos àqueles que as
ideramos indispensáveis
famílias a darem
crianças
suas contribuições.as
se interessam em conhecer e convidamos as
Na reunião em que abrimos para as famílias
m, adicionamos famílias a darem
expressarem Na suas
àqueles que
suas contribuições.
opiniões, o pai
as
de uma
reunião em que abrimos para criança
as famílias
m emboliviana
conhecer nos e convidamos
disse que, na as
Bolívia,
expressarem suas opiniões, o pai de uma criança as crianças
costumam
contribuições. aprender
boliviana nos disseaque, história de seu
na Bolívia, país desde
as crianças costumam
pequenas e quea história
aprender ele estranhava
de seu país a filha
desdedele aindaenão
pequenas que ele
m que abrimos
ter �do contato acom
estranhava
para as
filha dele
famílias
a história
ainda não do terBrasil. Ele falou
tido contato com a
piniões,
também ohistória
paisua
que dode filha
Brasil. uma
amava
Ele criança
falou comer
também feijão,
que sua quefilha
haviaamava
que, nacomer
aprendido feijão,noque
isso
Bolívia,
que considerava
havia país
nosso
as aprendido
crianças e que issoconsiderava
no nosso país e
fundamental que elafundamental que ela e elesde
e eles conhecessem conhecessem
fato a
a história de de
fato a seu
cultura país
do local
cultura do local onde moravam, consumindo os desde
onde moravam, consumindo
os alimentos daqui e entendendo os costumes. EssaEssa
fala fala
stranhava
alimentos adaqui
filhae dele entendendoaindaosnão costumes.
nos mobilizou
nos mobilizou profundamente e eentão
profundamente então no anono seguinte,
ano
m a história do Brasil. Ele falou
realizamos o projeto: “Somos brasileiros e brasileiras com
seguinte, realizamos o projeto: “Somos brasileiros e
a amava muito orgulho”.
comer feijão, que havia Contação da História do Brasil
brasileiras com muito orgulho”.
nosso país e que considerava
e eles conhecessem de fato a 112
112

de moravam, consumindo os
lgumas famílias. Para evitar desentendimento no decorrer do semestre e com o obje�vo de que as
ve diferentes pontos de vista, o que é potente e conflituoso.
ompreendam a importância de suas vozes na construção dos projetos, logo no início do semestre
ssa escola propõe o trabalho com temá�cas que são, de maneira geral, vistas como polêmicas. Propor
uma reunião em que explicamos um pouco sobre o
e ações acerca do racismo e das questões de gênero são frequentemente alvo de ques�onamentos por
í�co-Pedagógico da escola, contamos sobre o projeto
algumas famílias.Obviamente Para evitar desentendimento
as mais diversas situações no asdecorrer do semestre e com o obje�vo de que as
com
do os desconfortos que será desenvolvido durante o
ompreendam a importância
famílias podem ser permeadas de suas vozes na construção
de desconfortos, afinal, dos projetos, logo no início do semestre
serão as abordagens
todo tipo que faremos e explicitamos os
s uma reunião emdeque relação tem seus desafios
explicamos um pouco e com sobre
escola eo
que o estruturam. Ao final do semestre, realizamos
famílias não seria diferente, principalmente por ser uma
lí�co-Pedagógico
relação daenvolve
que escola, contamos
diferentes pontos sobre
de grupo. o projeto
vista, o que é
ião contando os caminhos percorridos pelo
do os desconfortos que será desenvolvido durante o
potente e conflituoso.
otável como com esse movimento nos possibilita, falar
o serão as abordagens Nossa escola quepropõe
faremos o trabalho com temáticas
e explicitamos os
plo, que trabalhamos com as crianças
que são, de maneira geral, vistas como polêmicas. a par�r de
Propor
que o estruturam. Ao final do semestre, realizamos
como: “De onde viemos?”
reflexões e a par�r
e ações acerca disso,econversarmos
do racismo das questões de
nião contando ossão
caminhos percorridos pelo grupo. por
a na barrigagênero
da mãe, frequentemente
sobre cordão alvo de questionamentos
umbilical que alimenta
notável como partecom
de algumas famílias. Para evitar
esse movimento nosdesentendimento
possibilita, falar no
re até comodecorrer
os bebês saem da barriga de suas mães.
do semestre e com o objetivo de que as famílias
plo, que
ando chegamos trabalhamos
em temas
compreendam
com mais
a importância
asdelicados,
crianças ana construção
de suas vozeschamamos
par�r de
como: “Dedos
para contarem onde viemos?”
projetos,
aos logo no
seus einício
a par�r
próprios disso,econversarmos
do filhos
semestre realizamos
filhas como uma Mayara com foto da placenta do
reunião em que explicamos um pouco sobre o Projeto Diego falando sobre seu nascimento
ea elementos
na barriga da quemãe, sobre cordão
permearam essa umbilical
história que alimenta
(história
Político-Pedagógico da escola, contamos sobre o projeto
de
bre até como
s, a exibição os bebês
de fotografiassaemdesses
da barriga de suas mães.
momentos, a história
Enfrentando os desconfortos que será desenvolvido duranteda família
o ano, comoda criança).
serão Essa que
as abordagens é uma oportunidade
faremos e explicitamos
ando chegamos
rimos espaços em
os objetivos
paraque temas
todas mais
o estruturam.
as formas delicados,
Ao final
de doamor, chamamos
semestre, realizamos
deixando queoutra reunião
a vida contando
como elaosé,caminhos
entre no percorridos
espaçopelo grupo.
escolar
japara contarem Éaos seus
notável próprios
como com essefilhos
movimento e filhas como falar por exemplo, que trabalhamos
nos possibilita, Mayara com com foto da placenta
as crianças a partir dedo
preciso dar aulas sobre isso.
perguntas como: “De onde viemos?” e a partir disso, conversarmos sobre a vida na barriga da mãe, sobre cordãonascimento
Diego falando sobre seu umbilical
e elementos que permearam essa história (história de
que alimenta o bebê, sobre até como os bebês saem da barriga de suas mães.
ndo novas perspec
es, a exibição de fotografias vas,desses
Quando chegamos ocupando momentos,
em temas osdelicados,
mais espaços
a história edaoutros
chamamos família horários.
da criança).
as famílias para contaremEssaaosé uma oportunidade
seus próprios filhos e
brimos espaços paranasceram
filhas como todas as formas que
e elementos de permearam
amor, deixando que(história
essa história a vidadecomo ela é,a exibição
seus nomes, entre no espaço escolar
de fotografias desses
ar os
eja muros
preciso não
momentos,
dar aulasé acoisa
históriasó
sobre dapara
isso.famíliaasdacrianças
criança). Essa emé uma oportunidade em que abrimos espaços para todas as formas de
amor, deixando
la. Convidamos que a vida
as famílias para comonoselarepresentar
é, entre no espaço escolar sem que seja preciso dar aulas sobre isso.
situações,
ndo novas como
perspecno encontro com o Secretário
vas, ocupando os espaços e outros horários.
de Educação, Conhecendo
na comemoração novas perspectivas,
dos 80 anosocupando da os espaços e outros horários.
Infan�l
ar os murosou nos não passeios
é coisa pedagógicos antes
Pular os murossónão para assócrianças
é coisa em em
para as crianças
ola.paraConvidamos
as crianças. as Além
nossa escola. famílias disso,
Convidamospara
muitas
nos para
as famílias
famílias
representar
nos representar
vidadas e aceitaram
situações,emcomo conceder
no encontro
várias situações, como nocom entrevistas com oque
o Secretário
encontro Secretário
do de trabalho
Educação, dananossa
Municipal de escolana para
Educação,
comemoração dosmatérias
comemoração
80 anos dos 80 e anos
da
ns.Infan�l
Consideramos
ou nosque todos
da Educação Infantil
passeios
ouesses eventos
nos passeios
pedagógicos fazem
pedagógicos
antes
antes
que exclusivosdepara as crianças. Alémfamiliar,
disso, muitas quefamílias
parachamamos
as foram
crianças. protagonismo
Além disso, muitas famílias
convidadas e aceitaram conceder entrevistas que Passeata Centenário Nelson Mandela
mos
nvidadas e inves�mos
etratavam
aceitaram esforçosconcederpara entrevistas
que aconteça que
do trabalho da nossa escola para matérias e
do o ano
do trabalho de todas as
da nossa
reportagens. maneirasescola
Consideramos possíveis.
para
que todos matérias e
esses eventos
fazem parteque
ns. Consideramos do que chamamos
todos essesdeeventos
protagonismo familiar,
fazem
que incentivamos e investimos esforços para que aconteça
que chamamos de protagonismo familiar, que
durante todo o ano de todas as maneiras possíveis. Passeata Centenário Nelson Mandela
mos e inves�mos esforços para que aconteça 113
do o ano de todas as maneiras possíveis.
113
oi ministrado por uma das mães, fora do horário regular.
ficar as facilidades, habilidades e competências das famílias, como dito anteriormente, enriquece as
das crianças com as pessoas adultas com quem convivem. Essa é uma das formas de atuarmos junto
ando-lhes visibilidade.
Se as oportunidades não surgem, nós as criamos como quando oferecemos um curso de yoga para as crianças que
go dos anos, iden�ficamos que um dos maiores impedi�vos para podermos contar com a par�cipação
foi ministrado por uma das mães, fora do horário regular.
m determinadosIdentificar
eventos, é o horário de realização desses. Chegamos, durante um período anterior
as facilidades, habilidades e competências das famílias, como dito anteriormente, enriquece as experiências
tegral, a oferecer
das criançascursos
com as no período
pessoas adultas noturno e aos finais
com quem convivem. Essa éde
umasemana.
das formas Isso exigiujunto
de atuarmos muito esforço,
às famílias: mas
dando-lhes
entes resultados,
visibilidade.pois o Projeto Polí�co-Pedagógico da escola ganhou mais apoio ao passo que a
pôde se apropriar O longo
dele.dos anos, identificamos que um dos maiores impeditivos para podermos contar com a participação das
famílias em determinados eventos, é o horário de realização desses. Chegamos, durante um período anterior ao horário
das ações permanentes que acho mais interessantes da nossa escola é o projeto: “Diretora e diretor
integral, a oferecer cursos no período noturno e aos finais de semana. Isso exigiu muito esforço, mas rendeu excelentes
criado pela Cibele.pois
resultados, Nesse projeto
o Projeto pessoas de
Político-Pedagógico diferentes
da escola ganhou segmentos da escola
mais apoio ao passo são convidadas
que a comunidade para
pôde se apropriar
ras por umdele.
dia, ou seja, elas exercem essa função junto com a diretora e podem compreender o
to dessa função, Umasuas possibilidades
das ações permanentes que e acho
desafios. As pessoas
mais interessantes convidadas
da nossa caminham
escola é o projeto: “Diretora pela escola,
e diretor por um
dia”, criado
om as crianças pela Cibele. Nesse projeto
e funcionárias/os, compessoas de diferentes
o obje�vo desegmentos da escola são convidadas para serem diretoras por
um dia, ou seja, elas exercem essa função junto com a diretora
ões de melhoria para nosso espaço. Após terem esse
e podem compreender o funcionamento dessa função, suas
ivenciarempossibilidades
o espaço de uma outra
e desafios. perspec�va,
As pessoas convidadaselas têm
caminham
com a diretora paraconversam
pela escola, compar�lhar com as o que pensaram.
crianças e funcionárias/os, com
eu disse,o objetivo
são pessoas
de pensaremdeações
todos os segmentos
de melhoria que
para nosso espaço.
Após terem esse tempo para
Portanto, as crianças têm direito a esse momento,vivenciarem o espaço de uma
outra perspectiva, elas têm uma reunião com a diretora para
da limpeza,compartilhar
da cozinha e da secretaria, professoras e as
o que pensaram.
Como eu disse, são pessoas de todos os segmentos que
ssante lembrar da primeira
participam. Portanto, as vez quetêm
crianças uma mãe
direito aceitou
a esse momento,o
educadoras
e para assumir o cargo da limpeza, da cozinha
de diretora pore da
umsecretaria,
dia. Elaprofessoras
passou
e as famílias.
a, com sua prancheta, conversando com todos e todas e
Interessante lembrar da primeira vez que uma mãe
do que acreditava
aceitou o nossomerecer
convite um
para olhar
assumirmaiso cargoatento da
de diretora
nal do dia, por
emum conversa com ao direção
dia. Ela passou da escola,
dia na escola, indicou
com sua prancheta,
estões queconversando
foram consideradas
com todos eetodas implementadas,
e anotando tudo entre
que
acreditava merecer um olhar mais atento da direção. Ao final A mamãe Li Souza como Diretora de Escola
ão de tapetes na brinquedoteca e reposição de toalhas
do dia, em conversa com a direção da escola, indicou inúmeras
te. Foi muito interessante
sugestões perceber que
que foram consideradas todas e todos
e implementadas, entre elas a inserção de tapetes na brinquedoteca e reposição de
m esse cargo, demonstraram
toalhas no restaurante. Foiuma muitovisão essencialmente
interessante pedagógica,
perceber que todas com o olhar
e todos que ocuparam centrado
esse cargo, no bem-
demonstraram uma
nças, assimvisão
como essencialmente
é a postura pedagógica,
da escola com o olhar centrado
expressa no bem-estar
no Projeto das crianças, assim como é a postura da escola
Polí�co-Pedagógico.
expressa no Projeto Político-Pedagógico.
de municipal de Na São Paulo
rede é realizado
municipal de São Paulo todos os anos
é realizado osanos
todos os Indicadores dedeQualidade
os Indicadores da Educação
Qualidade da Educação Infan�l
Infantil Paulistana,
formalmente conhecido
informalmente comocomo
conhecido IQ. Nesse
IQ. Nesseevento, avaliamos
evento, avaliamos a escola
a escola por meiopor meio
de nove de nove
dimensões quedimensões que
abarcam os espaços
spaços da escola, as relações, o trabalho com as relações étnico-raciais e de gênero, entre outros.que
da escola, as relações, o trabalho com as relações étnico-raciais e de gênero, entre outros. É um momento muito rico em É
todas as pessoas que fazem parte da comunidade educativa são convidadas a participar, votar, dar suas opiniões e construir
o muito rico em que todas as pessoas que fazem parte da comunidade educa�va são convidadas a
planos de ação para que o trabalho na escola seja aprimorado no ano seguinte.
tar, dar suas opiniões
Na EMEIe Nelson
construir
Mandelaplanos de ação
organizamos para grupos
pequenos que o(constituídos
trabalho na escola seja
de diferentes aprimorado
pessoas da comunidade noescolar)
ano
de discussão de cada uma das dimensões para que depois os pontos levantados por esses pequenos grupos sejam levados
MEI Nelson Mandela organizamos pequenos grupos (cons�tuídos de diferentes pessoas da
escolar) de discussão de cada uma das dimensões para que depois os pontos levantados por esses
upos sejam levados para a plenária, discu�dos (se necessário)
114 e votados. As famílias par�cipam
para a plenária, discutidos (se necessário) e votados. As famílias participam ativamente dos pequenos grupos e normalmente
são mediadores das discussões, sendo também, representantes na plenária.
Convidar as famílias para protagonizar a aplicação do IQ na escola foi uma das estratégias propulsoras para fazer
desse momento um evento realmente democrático em que todas as pessoas envolvidas possam não apenas participar da
ocasião, mas possam de fato ocupar esse espaço.

Celebrações

As celebrações são sempre ótimas oportunidades para estreitar os vínculos com as famílias. Convidá-las para auxiliar
na organização de festas, dar espaço para que possam expor seus trabalhos nessas situações, chamar para que dancem com
seus filhos
a�vamente e filhas nas grupos
dos pequenos apresentações e participarem
e normalmente são de passeatas edas
mediadores cortejos, são algumas
discussões, sendodastambém,
situaçõesrepresentantes
que procuramos
oportunizar.
na plenária.
ConvidarEm asnossa escola
famílias paraasprotagonizar
festas são
relacionadas
a aplicação do IQaosnaprojetos.
escolaFoifoimuito umalegaldas
quando algumas famílias
estratégias propulsoras para fazer desse se mobilizaram
e organizaram uma barraca de sucos para
momento um evento realmente democrá�co
incentivar que todos e todas consumissem
em que todas as pessoas envolvidas possam
sucos ao invés de refrigerantes. Ao
não apenas
comprarpar�cipar
um suco,da ocasião, mas
ganhávamos umapossam
caneca
de fatoreutilizável
ocupar esse espaço.
personalizada da EMEI Nelson
Celebrações
Mandela para evitar a produção de lixo.
Em outro ano,são
As celebrações umasempre
das mãesó�mas
ficou
responsável
oportunidades pelaestreitar
para coreografia osárabe na festa
vínculos com
de casamento de Azizi e Sofia.
as famílias. Convidá-las para auxiliar na
organização de Um festas,
dia memorável
dar espaço foi para
a festa
que
da mudança do nome
possam expor seus trabalhos nessas da escola em que
realizamos
situações, chamar umparacortejo
quededancem
maracatucom pelasseus filhos e filhas nas apresentações e par�ciparem de passeatas e
ruas do bairro em celebração à mudança
cortejos, são algumas das situações que procuramos do nome. Fomos todos e todas, pelas ruas, comemorar a conquista da comunidade
oportunizar.
inteira com esse cortejo.
Em nossa escola as festas são relacionadas aos projetos. Foi muito legal quando algumas famílias se
Para além das situações citadas acima, é importante ressaltar que a disponibilidade para criação de vínculo e de
mobilizaram e organizaram uma barraca de sucos para incen�var que todos e todas consumissem sucos ao invés de
parceria está também nos detalhes, nas sutilezas, na conversa do dia a dia; no convite para entrar na escola, na troca
refrigerantes. Ao comprar um suco, ganhávamos uma caneca reu�lizável personalizada da E�EI Nelson �andela
de ideias no momento da saída; na sensibilidade da resposta do bilhete na agenda chamando pelo nome a pessoa que
para evitar a produção de lixo.
receberá o bilhete; nos trabalhos das crianças expostos pela escola que convidam as famílias a conhecerem o que está sendo
Em outro ano,
desenvolvido com osuma das Não
grupos. mães ficouosresponsável
bastam pelapara
grandes eventos coreografia árabe nanessas
que o investimento festarelações
de casamento
aconteça.de Azizi e
Sofia. Como seria possível passar um ano inteiro com as crianças, conversando sobre as sementes da horta, de onde vem
asUm dia memorável
comidas, como nascemos,foi a festa
comoda mudança
escrever do nome
os nomes da escola
próprios, lendo em que realizamos
histórias um cortejo
de diversos temas de maracatu
e não conhecer suas
famílias,
pelas ruas saber minimamente
do bairro em celebração como vivem, se estão
à mudança passando
do nome. Fomospor alguma
todos enecessidade,
todas, pelas entender a dinâmica dea conquista
ruas, comemorar suas casas,
em qual horário
da comunidade inteira dormem
com esse e acordam
cortejo.e tantos outros fatores determinantes no processo educacional e, que temos acesso
apenas por meio das nossas conversas
Para além das situações citadas acima, com aséfamílias?
importante ressaltar que a disponibilidade para criação de vínculo
Como poderiam as famílias
e de parceria está também nos detalhes, nas su�lezas,conhecerem profundamente
na conversa do suas
diacrianças,
a dia; noacompanharem suas aprendizagens,
convite para entrar na escola, na
conquistas, desafios e crescimentos, sem conhecer sua escola, suas professoras, saber
troca de ideias no momento da saída; na sensibilidade da resposta do bilhete na agenda chamando pelo como elas agem nesse espaço, quema
nome
pessoasãoqueseusreceberá
amigos e amigas?
o bilhete; nos trabalhos das crianças expostos pela escola que convidam as famílias a
conhecerem o que está sendo desenvolvido com os grupos. Não bastam os grandes eventos para que o
inves�mento nessas relações aconteça.
115
Como seria possível passar um ano inteiro com as crianças, conversando sobre as sementes da horta, de
onde vem as comidas, como nascemos, como escrever os nomes próprios, lendo histórias de diversos temas e não
Portanto, para que essas relações possam ser frutíferas, produtivas, positivas, potentes, é fundamental que haja
haja engajamento
engajamento de ambos
de ambos osÉlados.
os lados. tambémÉ também indispensável
indispensável que hajaerespeito
que haja respeito e compreensão
compreensão de que
de que a aldeia a aldeiapor
é formada é
formada por diversas
diversas pessoas pessoas funções.
com diferentes com diferentes
Ou seja, funções.
é essencialOu seja, é que
entender essencial entender
as crianças agem que as crianças
de maneiras agem de
diferentes, em
maneiras diferentes, em espaços diversos; compreender que a perspec�va das famílias
espaços diversos; compreender que a perspectiva das famílias frente ao desenvolvimento das crianças é imprescindível frente ao
desenvolvimento das crianças
e que no espaço escolar existemépessoas
imprescindível e que no espaço
com o distanciamento escolar para
necessário existem pessoas
pensar com o distanciamento
em soluções e propostas para
necessário
determinadas questões, além de conhecimentos pautados em muitos estudos, debates e discussões e que devem,pautados
para pensar em soluções e propostas para determinadas questões, além de conhecimentos portanto,
em muitos
ter suas estudos,
vozes debates
escutadas e discussões
pelas famílias, e que devem,
num movimento portanto,
de confiança ter suas vozes
e entendimento deescutadas pelasperspectivas
que todas essas famílias, numsão
movimento
medulares. de confiança e entendimento de que todas essas perspec�vas são medulares.
OO que
queconstruímos
construímos durante
durante os os �l�mos
últimos anosanos na EMEI
na EMEI NelsonNelson Mandela
Mandela extrapola
extrapola o convencional,
o convencional, o trilho, ooesperado.
trilho, o
esperado.
É o sonhadoÉ por
o sonhado
aquelespor
queaqueles que
acreditam seracreditam
possível umaser parceria
possívelreal
umaentre
parceria
escolareal entre escola e família.
e família.

116
116
Alice Gomes Signorelli
Formada em Pedagogia pela
Universidade de São Paulo e atua na
Rede Municipal de São Paulo desde
2015.

"Moro com meu pai,


minha mãe e três irmãos
Meu cachorro mora aqui também
Moro com a minha mãe,
seu marido e meio-irmão
E no Sábado com meu pai
Tantas famílias tão diferentes
Famílias com pouca,
com muita gente
Isso não importa,
o gostoso é ter
Sempre uma família
bem per nho de você"

Música: Família
Compositora: Rita Rameh

Família mandelense: Layla Letícia O. C. Borges,


Maytê Valentina O. R. Borges e Onatha Aymê O. R. Borges

117
117
Nota
Era preciso urgentemente comprar aparelho de som
Era preciso urgentemente comprar aparelho de som
portátil para que as professoras pudessem tê-los disponíveis nas
portá l para que as professoras pudessem tê-los disponíveis
salas de aula. Essa era a reivindicação frequente, logo que entrei
nas salas de aula. Essa era a reivindicação frequente, logo que
na escola e perdurou até que a escola começasse a receber
entrei na escola e perdurou até que a escola começasse a
verba para decidir o que comprar.
receber verba para decidir o que comprar.
A rotina musical da escola consistia em três momentos
A ro na musical da escola consis a em três
diferenciados. O primeiro era
momentos diferenciados. logo no era
O primeiro horário
logoda noentrada.
horário As da

Como
crianças As
entrada. se crianças
sentavamsecom as pernas
sentavam comcruzadas,
as pernas umacruzadas,
atrás da
outra,
uma no da
atrás galpão e cantavam
outra, no galpãouma sequência
e cantavam de sequência
uma músicas para de
esperar que todas as outras chegassem.
músicas para esperar que todas as outras chegassem. Na

assim,essa
Na frente
frente algumas algumas professoras
professoras cantavam. cantavam.
O mesmo Oacontecia mesmo
acontecia
com com as crianças,
as crianças, com umcom um detalhe,
detalhe, algumasalgumas preferiam
preferiam se
se cutucar, outras desenhar no chão com
cutucar, outras desenhar no chão com os dedos. Havia os dedos. Havia aquelas
que pareciam
aquelas estar emestar
que pareciam outroem planeta.
outro planeta.

pode e

?
OOsegundo
segundomomento,
momento, era era quando
quando se se reuniam
reuniam vários
vários
grupos e as músicas que tocavam repetidas
grupos e as músicas que tocavam repe das vezes nos vezes nos programas
de televisãodededicados
programas televisãoàs dedicados
crianças baixinhas,
às criançaseram baixinhas,
ouvidas à

essa
exaustão.
eram ouvidas à exaustão.
EE o terceiro
terceiro acontecia, espontaneamente,
acontecia, espontaneamente,nos momentos nos
momentos
de brincadeirasde brincadeiras livres emlugar
livres em qualquer qualquer
da escola.lugarNos da
escola. Nos no
banheiros, banheiros,
parque, no norestaurante,
parque, nopor restaurante,
onde dessapor onde
vontade

não dessa vontade


de cantar
“Cada
quadrado”.
“Cada um
de cantar e dançar.
e dançar.
umnono seuseu quadrado,
quadrado, cada umcadano seuum
Foi o primeiro choque cultural a chegar na “diretoria”,
no seu
quadrado”.

mas queFoifoio fácil


primeiro choque
contornar, cultural
afinal a letraaechegar
a música nanada
“diretoria”,
tinham
mas que foi fácil contornar, afinal a letra e
de tão problemático, era apenas o preconceito musical falandoa música nada
nham
em alto dee bomtãosom.
problemá co, era apenas o preconceito
musical falando
“É creu em alto
nelas, e bom
é creu som.Pra dançar creu tem que ter
neles.
“É creu
disposição”. nelas, é creu neles. Pra dançar creu tem que
ter disposição”.
Nesse dia, e em muitos outros foi preciso de um tempo
Nesse dia, e em
para compreendermos quemuitos
a negaçãooutros foi preciso
da cultura familiardenãoum é
tempo para compreendermos que a negação
uma opção para uma escola que pretende respeitar a diversidade. da cultura
familiar não é uma opção para uma escola que pretende
Não é demonstrando assombro ou um puritanismo exacerbado
respeitar a diversidade. Não é demonstrando assombro ou
de quem não foi formado para lidar com essas situações dentro
um puritanismo exacerbado de quem não foi formado para
da escola que se encaminha esse tipo de situação. É mais uma
lidar com essas situações dentro da escola que se encaminha
manifestação, sim, do racismo estrutural e suas artimanhas que
esse po de situação. É mais uma manifestação, sim, do
afastam cada vez mais as crianças e adolescentes de nossas
racismo estrutural e suas ar manhas que afastam cada vez
escolas.
mais as crianças e adolescentes de nossas escolas.
Nãose
Não se pode
podeconfundir
confundiro que o quese faria comocomo
se faria pessoa física
pessoa
comcom
�sica o queo devo fazerfazer
que devo comocomoespecialista em educação.
especialista em educação.
Discutimos com o grupo de
Discu mos com o grupo de professores professores quequeproibir que
proibir
as crianças
que as criançascantassem
cantassem ou dançassem
ou dançassem o tal do “créu”
o tal na escola
do "créu" na
Laura - 6 anos estava bem longe de ser um ato pedagógico, era sim um ato

118
118
ato pedagógico, era sim um ato discriminatório e repressivo.
a música, fizemos algumas sondagens para descobrir o que as crianças
tos. Muitas nos deram respostas desconexas, outras sabiam do que se tratava a
afias diferentes para earepressivo.
discriminatório mesma melodia.
No caso específico
o repertório do FUNK até que dessa música,
elas, fizemos algumas
as crianças, sondagens para descobrir
encontrassem uma outrao que asmúsica
crianças compreendiam da
letra e dos gestos. Muitas nos deram respostas desconexas, outras sabiam do que se tratava a música. Criamos algumas
momento,coreografias
sem lhes rar para
diferentes o prazer
a mesmade cantar e dançar, livre e deliciosamente à
melodia.
Decidimos, então ampliar o repertório do FUNK até que elas, as crianças, encontrassem uma outra música que
substituíssenos
m que foi possível a preferida do momento,
tornarmos sem lhes
autores detirar o prazer
novas de cantarde
versões e dançar, livre e deliciosamente
músicas, cujas letrasà vontade.
Houve outras situações em que foi possível nos tornarmos autores de novas versões de músicas, cujas letras foram
nças e pordiscutidas
não agradarem a todas,
com nossas crianças foram
e por não descartadas
agradarem a todas, foramdo nossodorepertório
descartadas por
nosso repertório por consenso. O que
os, deve ser
nãopauta
agrada ade discussão
todos, e não
deve ser pauta de eliminação.
de discussão e não de eliminação.
detalhavam asQuando letrasalgumas
e outras
criançasse sen am
detalhavam ofendidas
as letras e outras secom
sentiamoofendidas
conteúdo, fazíamos
com o conteúdo, fazíamos uma votação
e ficava decidido que, na escola, aquela música não tinha lugar.
, na escola, aquela música não nha lugar.
Claudinho e Bochecha entraram com tudo e foram tema dos casamentos de Tetelo com Tetela e de Azizi Abayomi
traram com comtudo
Sofia. e foram tema dos casamentos de Tetelo com Tetela e de Azizi
Colocar na roda o que as crianças pensam a respeito de qualquer assunto é sempre a melhor solução para os
impasses que, geralmente, teimamos em resolver como adultos autoritários que somos.
ue as crianças pensam a respeito de qualquer assunto é sempre a melhor solução
, teimamos em resolver como adultos autoritários que somos.

Depois do Funk,
entramos de
corpo e alma no RAP.

119
Voz
Voz
Registro, um desafio para muitos
Registro, Ligia
umChiavolella
desafioBarbosa
para de
muitos
Oliveira
Ligia Chiavolella Barbosa de Oliveira

Recebi o convite para escrever um texto sobre o pouco conteúdo que desafiasse o interesse das crianças,
Recebi o convite para escrever um texto sobre desafiasse o interesse
portfólio individual nesse livro que fala sobre o trabalho tão ou que se preocupassem em das crianças,
despertá-lo ou que
de alguma se
forma.
o por�ólio individual nesse livro que fala sobre o preocupassem em despertá-lo de alguma forma.
diverso datão
trabalho EMEIdiverso
Nelson Mandela.
da EMEIQuestionei
Nelson de imediato
Mandela. Para mim, era um tempo roubado das vivências
Para mim, era um tempo roubado das vivências
a Cibele e de
Ques�onei os motivos
imediatodela ter me
a Cibele escolhido
e os mo�vospara delafalar
ter artísticas
ar�s�cascomo
comodança,
dança,música,
música,poesia e oeócio.
poesia o ócio.
sobre
me o caderno
escolhido parade registros
falar sobre dasocrianças
caderno mandelenses.
de registros
Logo mandelenses.
das crianças eu que tinha Logo sériaseurestrições
que �nhaa sérias esses
momentos?
restrições a esses momentos?
Mesmo perguntando,
Mesmo perguntando, fiquei
fiquei sem sem resposta.
resposta. Talvez,
Talvez,
porque esse fosse o estilo de ensinar dessa escola dessa
porque esse fosse o es�lo de ensinar e essa
escola
fosse ae melhor
essa fosse a melhor
maneira maneiraa de
de aprender aprender
responder, coma
responder, com asletras,
as minhas próprias minhas própriasque
as perguntas letras,
costumo as
perguntas que costumo fazer. Era viver um dia de cada
fazer. Era viver um dia de cada vez e tentar escrever uma
vez e tentar escrever uma linha por dia que fosse. Era
linha por dia quecada
experimentar fosse. coisa
Era experimentar
a seu tempo. cada coisa Eraa
seu tempo. Era
desconstruir desconstruir
conceitos conceitos e preconceitos
e preconceitos e estruturare
estruturar novos e inéditos jeitos de
novos e inéditos jeitos de olhar para as mesmasolhar para as mesmas
coisas.
coisas. Seria como Chico: sou eu que
Seria como Chico: sou eu que vou seguir você do vou seguir você do
primeiro rabisco
primeiro rabisco atéaté oobe-a-bá”
be-a-bá” ou oucomo
comoLulu LuluSantos:
Santos:
Mara - 5 anos
“nada do que foi será, de novo do jeito que
“nada que foi será, de novo do jeito que já foi um dia”? já foi um
dia”? Minha primeira experiência, na Secretaria Naquela época, diferentes sensações se
Minha Naquela época, diferentes sensações se
Municipal de primeira
Educação experiência,
da Cidade de na São
Secretaria
Paulo, misturavam e, embora com críticas, eu não conseguia
misturavam e, embora com crí�cas, eu não conseguia
Municipal de Educação da Cidade
aconteceu como professora de módulo no 1° ano do de São Paulo, reconhecer as conquistas das crianças do 1° ano, porque
aconteceu como professora de módulo no 1°quando
ano doa reconhecer as conquistas das crianças do 1° ano,
Ensino Fundamental, ou seja, entrava em ação não tinhanão
porque vivência
�nha do vivência
letramentodocomo aquele em
letramento comoque
Ensino Fundamental, ou seja, entrava em ação
professora efetiva faltava. Até então, eu havia assistido acreditava,
aquele empara quealém da cópia. Portanto,
acreditava, para além tinhada umacópia.
visão
quando a professora efe�va faltava. Até então, eu
a docência durante o períododurante
de estágio exigido pela apenas parcial
Portanto, �nhadaqueles processos
uma visão de ensinar
apenas parciale aprender.
daqueles
havia assis�do a docência o período de
faculdade exigido
estágio e não tinha pelafamiliaridade
faculdadecom a rotina
e não �nha da No ano seguinte,
processos de ensinar e aprender.ingressei na EMEI Nelson
alfabetização. com
familiaridade Na minha concepção
a ro�na o conceito de
da alfabe�zação. Naregistro
minha MandelaNo e, conforme esperado,
ano seguinte, as expectativas
ingressei na EMEI estavam
Nelson
estava vinculado,
concepção única edeexclusivamente,
o conceito registro estava aosvinculado,
processos aMandela
frente. O espaço amplo da escola com vários
e, conforme esperado, as expecta�vas territórios
dei ca
ún alfabetização.
e exc l usiAsvam minhas
entememórias
, aos pde rocinfância
es so s edas e de aprendizagem,
estavam a frente.provocavam
O espaço minhaamplo curiosidade
da escola com para
alfabe�zação.
experiências que As minhas memórias
assisti como de infância
estagiária e as
reforçavam vários territórios
propostas ao ar livre.deQual
aprendizagem,
não foi minhaprovocavam
surpresa ao
experiências que assis� como estagiária reforçavam
essa ideia. Na minha avaliação, as crianças de seis e sete minha curiosidade para propostas ao
ver “registro” na linha do tempo das crianças? ar livre. Como
Qual
essa
anosideia. Na minha
passavam tempoavaliação, as crianças
demais sentadas dentrodedaseis e
sala. não foi Minha
ousam? minhabagagem
surpresanão aopoupava
ver “registro”
críticas na linha em
a escrita do
sete anos passavam tempo demais sentadas
Havia uma exigência grande para a escrita de uma forma dentro tempo das crianças?
detrimento do brincar. Como ousam? Minha bagagem
da sala. Havia uma exigência grande para a escrita de não poupava crí�cas
Resistência, a escrita
essa era em
a palavra de detrimento
ordem. do
que não me parecia saudável. A minha leitura era de
uma forma que não me parecia saudável. A minha brincar.
tolhimento dos corpos daquelas crianças que copiavam Passei, como todas as parceiras que ingressaram
leitura era de tolhimento dos corpos daquelas Resistência, essa era a palavra de ordem.
exaustivamente
crianças cabeçalhos,
que copiavam numerais e listascabeçalhos,
exaus�vamente de palavras. comigo Passei,
naquelecomo
ano, todas
por processos
as parceirasdequeformação
ingressarampara
Era um volume
numerais e listasgrande de tarefas,
de palavras. Era mas a meu ver,
um volume com
grande compreender o que pensavam e quais eram
comigo naquele ano, por processos de formação para as práticas
de tarefas, mas a meu ver, com pouco conteúdo que compreender o que pensavam e quais eram as prá�cas

120
120
pedagógicas adotadas pela escola, por meio da leitura minuciosa do Projeto Político-Pedagógico.
Formação, mais formação, observação e muitos questionamentos.
Como módulo, não tinha um grupo fixo de crianças. Seguia uma linha de tempo que contemplava várias turmas em
momentos diferentes de suas rotinas. Eu participava de propostas de atividades dirigidas na quadra, na cozinha experimental,
gicas adotadas pela escola,
no espaço de artes por
e, nasmeio
salas da leitura minuciosa
de convivência do Projeto
que envolviam jogos ePolí�co-Pedagógico.
propostas de registro no chamado portifólio individual.
Formação,Esta
mais formação,
experiência observação
foi muito rica, porém,e muitos ques�onamentos.
havia o ônus de não estar apenas com uma turma.
Nos horários coletivos de estudo
Como módulo, não �nha um grupo fixo de crianças. Seguia uma havia questionamentos da equipe
linhasobre a quantidade
de tempo que de registros semanais
contemplava ea
várias
em momentossuas funções.
diferentes de suas ro�nas. Eu par�cipava de propostas de
Acompanhei
des dirigidas na quadra, registrosexperimental,
na cozinha de propostas diversas.
no espaçoElas iam além do
de artes meu
e, nas
imaginário sobre copiar e fazer um desenho. Possibilidades foram se abrindo.
e convivência que envolviam jogos e propostas de registro no chamado
Enfim, o tempo.
io individual. Esta experiência foi muito rica, porém, havia o ônus de não
No ano seguinte, assumi minha primeira turma. Dentre tantas e tantas
penas com uma turma.
propostas semanais, o temido registro estava lá!
Nos horários cole�vos de estudo
Talvez aqui, nesse exatohavia ques�onamentos
momento da equipe
desse relato, tenha sobre
descoberto por
�dade de registros semanais e a suas funções.
que tenha sido convidada a escrever sobre o “temido” registro nesse livro.
Acompanhei registrosCom umade propostas
frequência média de diversas.
vinte sete Elas
a trintaiam além
crianças do minhas
por dia, meu
ário sobre copiar e fazerforam
preocupações um desenho.
mudando dePossibilidades
foco. foram se abrindo.
Enfim, o tempo. Como usar o caderno com 30 crianças ao mesmo tempo e ainda fazer
observações e intervenções? Que propostas farei? Registrar o que e sobre o quê?
No ano seguinte, assumi minha primeira turma. Dentre tantas e tantas propostas semanais, o temido
O registro é um momento previsto em linha do tempo, mas para que aconteça, há etapas indispensáveis?
o estava lá! Descobri que a proposta de registro é fruto de uma vivência das crianças, desse modo, é preciso planejar. Depois,
Talvez aqui, nesse
escolher um exato momento
objetivo no quadrodesse relato,e tenha
de referência escreverdescoberto
uma comandapor queimpressa.
que será tenha sido Foi aconvidada a escrever
primeira descoberta.
“temido” registroAh,nesse livro.
os prazos...
Com uma frequência média
Algo que deveriadeservinte sete a trinta
organizador, seguiu,crianças
por muito portempo,dia, minhas
como preocupações foram mudando de
algo ameaçador.
Era uma mistura de muitas ideias e pouco contorno. Eu queria propor tudo, mas fazer escolhas e definir temas foi um
Como usardesafio
o caderno
que me com 30 crianças
acompanhou ao mesmo tempo e ainda fazer observações e intervenções? Que
por meses.
tas farei? Registrar “Seoaque e sobre
prefeitura o quê?
envia O registro
o material, é um
as crianças têmmomento
o direito de previsto em
usá-lo.” Esta linha
frase me do tempo,
marcou em umamasdaspara que
calorosas
discussões
ça, há etapas sobre registro.
indispensáveis?
Um
Descobri que a proposta adendodepara a importância
registro é frutodadeconstrução
uma vivência coletiva.
dasO crianças,
registro estava
desse garantido
modo,noé PPP (Projeto
preciso Político-
planejar.
Pedagógico)
, escolher um obje�vo da no
escola,
quadroconcordando ou discordando,
de referência eu teriauma
e escrever que me haver com
comanda ele.será
que E queimpressa.
bom! Se nãoFoifizesse parte da
a primeira
erta. documentação pedagógica da escola, talvez eu tivesse desistido dele.
Ah, os prazos... Lembro-me de diversas conversas sobre registro nos momentos de formação. O dia em que, com ares de seriedade,
ouvimos “Hoje vamos falar sobre registro, eles precisam começar.”
Algo que deveria ser organizador, seguiu, por muito tempo, como algo ameaçador.
Eu sentia aquelas palavras com tantos calafrios quanto as crianças quando eu dizia “escreva do seu jeito.”
Era uma misturaFicar de intimidada
muitas ideias e pouco contorno. Eu queria propor tudo, mas fazer escolhas e definir
pelo produto é desconsiderar cada etapa do processo. Foram muitos:
oi um desafio que- Apresentar
me acompanhou o caderno porpara meses.
as crianças e conversar sobre sua materialidade, cuidados e suas possibilidades;
“Se a prefeitura -envia
Propor que cada criança fizesse umatêm
o material, as crianças capa o direito
para de usá-lo.” Esta frase me marcou em uma das
o seu portifólio;
as discussões sobre registro.
- Marcar no calendário o “grande dia”;
Um adendo para- aColar importância
uma foto deda construção
cada cole�va.
criança na primeira O registro
página e pedir queestava garan�do no PPP (Projeto Polí�co-
ela a decorasse
ógico) da escola, concordando
Pois bem, ele já não oueradiscordando,
um estranho. eu teria que me haver com ele. E que bom! Se não fizesse
a documentação -pedagógica da escola,
Entregar uma “placa de nome”talvez
paraeu �vesse
cada criança.desis�do
De um ladodele.
havia o primeiro nome e do outro o nome completo.
Lembro-me de diversas conversas
- Cada criança é orientadasobre registro
e escrever o seunos
nome momentos
e a data. de formação. O dia em que, com ares de
No outro dia, ela poderá cortar
de, ouvimos “Hoje vamos falar sobre registro, eles precisame colar sua comanda. Depois, uma leitura Eu
começar.” coletiva.
sen�a aquelas palavras com
calafrios quanto as crianças quando eu dizia “escreva do seu jeito.”
Ficar in�midada pelo produto é desconsiderar cada etapa do processo. Foram muitos:
121
entar o caderno para as crianças e conversar sobre sua materialidade, cuidados e suas possibilidades;
r que cada criança fizesse uma capa para o seu por�fólio;
O período integral contribuiu para ressignificar a proposta. Até o ano anterior, havia grande descontentamento com
o pouco tempo de permanência das crianças na escola que era, apenas de seis horas. Havia professoras que permaneciam
Com
duas horas o tempo,
com cortar
cada uma daseduas
colarturmas
a comanda, escrever o nome
e isso inviabilizava e a trabalho
um bom data deixam de ser o O
pedagógico. obje�vo e passam
turno integral veioa fazer
para
parte dos primeiros passos do registro.
aplacar a sensação de perda e gerou possibilidades. Afinal, agora tínhamos tempo para tudo! Até mesmo encarar os medos
A leitura
do processo compar�lhada da comanda passa a revelar qual a proposta do registro daquele dia.
de letramento.

Com o tempo, cortar e colar a comanda, escrever o nome e a data deixam de ser o obje�vo e passam a fazer
parte dos primeiros passos do registro.
A leitura compar�lhada da comanda passa a revelar qual a proposta do registro daquele dia.

O período integral contribuiu para ressignificar a proposta. Até o ano


anterior, havia grande descontentamento com o pouco tempo de
A linha do tempo garantia, dentre muitas coisas, o parque duas vezes
permanência
O período das crianças
integral contribuiuna escola
para que aera,
ressignificar apenas
proposta. Até o de
ano seis horas. Havia
por dia para as crianças. O território do redário era semanal. Assim, o Registro
professoras
anterior, haviaque permaneciam
grande duas horas
descontentamento com ocom poucocada umadedas duas turmas e
tempo
passou
isso a serdas
permanência mais
inviabilizava uma
crianças
um bom dasescola
na muitasquepossibilidades
trabalho era,pedagógico.
apenas de seisde horas.
vivência
Havia
O turno das crianças.
integral veio para
aplacar Crianças
professoras
a
que escrevem
permaneciam
sensação de operda
duasseu nome.
horas com
e Quer maior
cada
gerou
uma das direito que esse?
duas turmas
possibilidades.
e Colocam
Afinal, agora
isso inviabilizava um bom trabalho pedagógico. O turno integral veio para
a�nhamos
data. Num dia vão
tempo para
aplacar a sensação cortar
de perdatudo! a comanda
Até mesmo
e gerou e colar
encarar
possibilidades. no caderno.
os medos
Afinal, REGISTRO,
agora do processo quede
nome interessante. Grandes feitos são registrados
�nhamos tempo para tudo! Até mesmo encarar os medos do processo de
letramento. por meio de documentos,
letramento. sons e vídeos. A necessidade ou vontade de guardar para a
fotografias,
AA linha
linha do tempo
do tempo garan�a,garan�a, dentre
dentre muitas coisas,muitas
o parquecoisas,
duas o parque duas
posteridade.
vezes
vezes porpordiadia
parapara as crianças.
as crianças. O do
O território território
redário erado redário era semanal.
semanal.
Assim, o o
Assim, Registro passou
Registro a ser mais
passou umamais
a ser das muitas
umapossibilidades
das muitasdepossibilidades de
vivência das crianças.
vivência das crianças.

Eu precisava de tempo.
"Prô, posso levar meu caderninho
pro parque?"

Eu precisava de tempo.
"Prô, posso levar meu caderninho
pro parque?"

122

122

122
Crianças escrevem quando desenham.
Crianças escrevem o seu nome. Quer maior direito que esse? Colocam a data. Num dia vão
cortar a comanda e colar no caderno. REGISTRO, que nome interessante. Grandes feitos são
registrados por meio de documentos, fotografias, sons e vídeos. A necessidade ou vontade de
guardar para a posteridade.
Ah, não é CADERNO, é PORTIFÓLIO INDIVIDUAL!
Faz diferença? Faz! A escola em sua essência e beleza é cole va. Os caminhos serão
percorridos por muitas crianças. O por fólio individual é a materialidade do registro individual deste
percurso.
Registro: ao longo do tempo descobri que pode ser pesquisa, dança, desenho de observação,
jogos.
E o ano segue...
Já viu coisa mais linda quando eles folheiam? “Olha essa bolinha que virou letra”. Ah, olha o
Acervo - Mostra Cultural

nome!
Desenhos que passam a ser recheados de figuras, palavras de afeto, nome dos amigos e
amigas! Um dia, o registro era sobre o parque, mas o nome da LUA NOVA também estava lá! “Pode
escrever na areia?” Claro! “Pode escrever com cola no caderno e colocar areia?” Melhor ainda!

Ah quanto orgulho
de mostrar o caderno!
Narrativas de um ano e tantas vivências…

Ah!
123
123
Desculpe se o �tulo fez pensar sobre letramento. Era uma desculpa! Eu queria era falar do por�fólio
individual!
Por muito tempo acreditei que a educação infan�l era o respiro do brincar que seria imediatamente
roubado das crianças assim que ingressassem no 1° ano e fossem engolidas pela alfabe�zação. Sim? Não? Você já
viu isso acontecer?
Desculpe se o título fez pensar sobre letramento. Era uma desculpa! Eu
Pois bem...
queria era falar do portifólio individual!
A criança não precisa de autorização para começar a experimentar o
Por muito tempo acreditei que a educação infantil era o respiro do brincar
mundo. Ele é lido a todo tempo de forma obje�va ou subje�va. Cada território
que seria imediatamente roubado das crianças assim que ingressassem no 1° ano
da escola é uma oportunidade de comunicar (estejam preenchidos ou não). O
e fossem engolidas pela alfabetização. Sim? Não? Você já viu isso acontecer?
que a escola tem comunicado às crianças? Palavras, imagens, gestos, muros,
Pois bem...
portas, árvores são tão ou mais comunica�vos do que as palavras verbalizadas.
A criança não precisa
- Quer ver o meu caderno? Eude autorização
conto o que eupara
fiz! começar a experimentar o
-mundo. Ele é lidopro
Posso mostrar a todo
meutempo
amigo? de forma objetiva ou subjetiva. Cada território da
escola é uma oportunidade de comunicar (estejam preenchidos ou não). O que
- Posso mostrar pra visita?
a escola tem comunicado às crianças? Palavras, imagens, gestos, muros, portas,
- Posso mostrar pra minha família na hora de ir embora?”
árvores são tão ou mais comunicativos do que as palavras verbalizadas.
- Olha o que eu fiz! Olha o que eu sei!
- Quer ver o meu caderno? Eu conto o que eu fiz!
- Olha o que eu vivi!
- Posso mostrar pro meu amigo?
Registro como opra
- Posso mostrar direito
visita?da criança poder experimentar ser, fazer e poder registrar.
Em um mostrar
- Posso intervalo prademinha
cincofamília
anos, no máximo,
na hora de ir recebo
embora?” fotografias da minha “calça de pintura” guardada a sete
chaves por minha mãe. Meu pai prefere
- Olha o que eu fiz! Olha o que eu sei! o papel de “frases da Lígia” com pérolas da infância. Fotografias da escola,
da família e das festas. O momento da acusação magoada está garan�do “Você �nha muitos desenhos lindos, mas
- Olha o que eu vivi!
jogou fora com 8 anos, porque achou que eram de criança”.
Registro como o direito da criança poder experimentar ser, fazer e poder registrar.
No 1° ano, escrevi meu primeiro texto encomendado pela professora. Lembro do susto ao ouvir o anúncio:
Em um intervalo de cinco anos, no máximo, recebo fotografias da minha “calça de pintura” guardada a sete chaves
“Hoje vocês vão escrever um texto.” Depois de pensar um pouco, resolvi escrever sobre minha gata. Daí saiu o texto
porga�nha”.
“A minha mãe. NãoMeu me pai prefere
lembro do oconteúdo,
papel de “frases
mas a da Lígia” com
sa�sfação foipérolas
imensa! daLevei
infância. Fotografias
o caderno paradacasa
escola, da famíliavezes
e li algumas e das
festas.
para O momento
minha família odagrande
acusaçãotextomagoada está garantido “Você tinha muitos desenhos lindos, mas jogou fora com 8 anos,
de 4 linhas.
porque Oachou que eram de criança”.
por�ólio individual faz parte da documentação pedagógica da EMEI Nelson Mandela compõe um
No
momento no 1° ano,
qual escrevi meu se
as crianças primeiro texto encomendado
concentram para realizar o pela professora.
registro de algoLembro do susto
que lhes ao ouvir o anúncio:
foi significa�vo. Conheci,“Hoje
nos
vocês vão escrever um texto.” Depois de pensar um pouco, resolvi escrever
momentos de formação que �vemos, algumas histórias sobre como surgiu esse conceito e a concepção sobre minha gata. Daí saiu o texto “A gatinha”.
desses
Não me lembro
por�ólios do conteúdo,
na Educação masA aprincípio
Infan�l. satisfação foi forma
e de imensa!bem Levei o caderno
geral, para casa
a proposta e liera
inicial algumas vezes
recolher para minha
algumas família
produções
o grande
da criançatexto
parade 4 linhas.
ilustrar seu caminho, durante o ano naquele grupo de crianças com uma determinada professora ou
O portfólio individual
nos dois anos que permanecesse faz parte da documentação
em uma pedagógica
Unidade Educacional. da EMEI
Muitos Nelson
foram Mandela compõe um
os ques�onamentos momento
de quem terianoo
qual as crianças
direito de escolherse concentram para realizar
essa ou aquela o registro
produção paradecompor
algo queolhes foi significativo.
por�ólio infan�l. Conheci, nos momentos
Provavelmente de formação
um adulto, como
que tivemos,
sempre. Nesse algumas
sen�do histórias
e parasobre como surgiu
desconstruir esse conceito
o óbvio, a EMEIeNelson
a concepção
Mandela desses portfólios
adotou na Educação
o “caderno Infantil. A
de desenho,”
princípio pela
enviado e deprefeitura,
forma bem como geral, suporte
a proposta inicial
para eraasrecolher
todas criações algumas
de suas produções
crianças,da comocriança
uma para ilustrar
forma seu caminho,
democrá�ca de
valorizar toda e qualquer produção sem que elas passassem por alguma avaliação esté�ca
durante o ano naquele grupo de crianças com uma determinada professora ou nos dois anos que permanecesse em uma parcial e adultocêntrica.
Unidade Os registrosMuitos
Educacional. ocorrem foramna os
sala de convivência,
questionamentos apoiado
de quem terianao direito
mesa de com a criança
escolher essa sentada
ou aquelaem a�vidades
produção para
específicas. Em outras,
compor o portfólio infantil. os cadernos estarão nas mãos das crianças, enquanto percorrem os territórios de
aprendizagem para registrar
Provavelmente suas experiências.
um adulto, como sempre.São contempladas
Nesse sentido e para as mais diferentes
desconstruir o linguagens
óbvio, a EMEI como desenhos
Nelson Mandelade
observação, confecção de gráficos como resultado de uma pesquisa, pinturas, fotografias,
adotou o “caderno de desenho,” enviado pela prefeitura, como suporte para todas as criações de suas crianças, como uma colagens, entre outras
manifestações
forma democrática ar�s�cas.
de valorizar toda e qualquer produção sem que elas passassem por alguma avaliação estética parcial e
adultocêntrica.
Gráfico? Pesquisa? Educação infan�l?
Você sabe oocorrem
Os registros que a Lia de Itamaracá
na sala de convivência,usa apoiado
na cabeça? Estacom
na mesa pergunta
a criançamovimentou a turma específicas.
sentada em atividades que passouEm a
percorrer os diferentes
outras, os cadernos estarãoterritórios
nas mãos das da crianças,
escola em busca percorrem
enquanto de respostas. De volta
os territórios deaaprendizagem
sala, é horapara de registrar as
par�lharsuas
descobertas:
experiências. SãoTouca? Pano? Peruca?
contempladas as maisTurbante?
diferentes linguagens como desenhos de observação, confecção de gráficos como
resultado de uma pesquisa, pinturas, fotografias, colagens, entre outras manifestações artísticas.
Gráfico? Pesquisa? Educação infantil?
Você sabe o que a Lia de Itamaracá usa na cabeça? Esta 124 pergunta movimentou a turma que passou a percorrer os
diferentes territórios da escola em busca de respostas. De volta a sala, é hora de partilhar as descobertas: Touca? Pano?
Peruca? Turbante?

124
Um cartaz cole�vo comunica o resultado e, na semana seguinte, será a referência para outro registro.
Olhos orgulhosos cheios de pertencimento exibem o caderno tão cheio de histórias!
O tempo...
Aos poucos
Um cartaz alguns procedimentos
coletivo foram ganhando
comunica o resultado intencionalidades
e, na semana seguinte, será ea histórias.
referência para outro registro.
ComOlhosa u�lização
orgulhososdocheios
por�ólio individual, queríamos
de pertencimento garan�rtão
exibem o caderno alguns
cheiodireitos de aprendizagem para as
de histórias!
crianças da escola. Alguns
O tempo... deles previstos pela Base Nacional Comum Curricular, nosso Quadro e Referência, outros
porque acreditamos
Aos poucos seralguns
fundamental que para
procedimentos aprender
foram e ensinar
ganhando é preciso que
intencionalidades as relações com tudo e com todos
e histórias.
seja mediada Compelos afetos. do portfólio individual, queríamos garantir alguns direitos de aprendizagem para as
a utilização
Compreendi
crianças queAlguns
da escola. a listadeles
de exigências
previstos que
pela aparecem
Base Nacionalfriamente
Comumlogo acima, nosso
Curricular, num primeiro
Quadro emomento
Referência,e que
me pareceu pouco significa�va,
outros porque acreditamos ser erafundamental
carregada deque significado em cada
para aprender um deéseus
e ensinar itens.
preciso que as relações com tudo e
com- Era necessário
todos que apelos
seja mediada própria criança valorizasse suas produções. Na verdade, uma injeção de autoes�ma,
afetos.
Compreendi que
por isso apresentávamos a lista de exigências
os cadernos que aparecem
e conversávamos sobrefriamente logo acima,
sua importância e osnum primeiro
cuidados quemomento
temos quee que
ter com
me pareceu pouco significativa, era carregada de significado
o que é nosso e o que é do outro, em especial com nossas criações. em cada um de seus itens.
- Era
- Para necessário
tornar seu um quecaderno
a própriaque
criança
eravalorizasse
igual parasuas
todasproduções. Na verdade,
as crianças da Redeuma injeção de
Municipal deautoestima,
Educação, era
por isso apresentávamos os cadernos e conversávamos sobre sua importância e os cuidados
preciso deixar suas marcas cria�vas. Não era uma capa, era a assinatura antecipada de um livro que contaria que temos que ter suas
com o que
experiências é nosso
pelo tempoe que
o queeleé fosse
do outro, em especial com nossas criações.
guardado.
- Para tornar seu um caderno que era igual para todas as crianças da Rede Municipal de Educação, era
preciso deixar suas marcas criativas. Não era uma capa, era a assinatura antecipada de um livro que contaria
suas experiências pelo tempo que ele fosse guardado.

125
125
- Era -preciso
Era preciso
dardar a importância devida
a importância devidaaoao primeiro
primeirodia emdiaque
emutilizaríamos o “caderno”
que u�lizaríamos que ganhou,que
o “caderno” dependendo
ganhou,
do ano, vários nomes: diário de detetive, caderno do cientista, de acordo com
dependendo do ano, vários nomes: diário de dete�ve, caderno do cien�sta, de acordo com o projeto didá�co o projeto didático desenvolvido pelo grupo.
Marcamospelo
desenvolvido no calendário uma data oficial
grupo. Marcamos para iniciarmos
no calendário umaosdataregistros,
oficialporque
paranão bastava convencer
iniciarmos as crianças
os registros, porque de que
não
aquele portador de histórias era importante, era preciso conquistar alguns professores
bastava convencer as crianças de que aquele portador de histórias era importante, era preciso conquistar alguns também.
- Colar a foto da criança foi a forma encontrada para garantir que as crianças conquistassem autonomia para pegar
professores também.
seu próprio
- Colar material
a foto nos diasfoidea registro.
da criança Para as crianças
forma encontrada paraque não conseguiam
garan�r reconhecer
que as crianças seus nomes,autonomia
conquistassem as fotos sempre
para
pegar seu próprio material nos dias de registro. Para as crianças que não conseguiam reconhecer seus nomes,se
foram um porto seguro e que não deixavam exposta nenhum tipo de diferenciação entre elas nos momentos em que as
pedia para que distribuíssem o material para os amigos e amigas.
fotos sempre foram um porto seguro e que não deixavam exposta nenhum �po de diferenciação entre elas nos
momentos em - Escrever o nomepara
que se pedia é mais
queque um direito, éoamaterial
distribuíssem marca depara uma osidentidade.
amigos eConfeccionamos
amigas. as placas com o primeiro
nome de um lado
- Escrever o nomee o nome
é maiscompleto
que um do direito,
outro no éinício do ano,
a marca deconsiderando
uma iden�dade.que as Confeccionamos
crianças vencem desafios em tempos
as placas com o
diferentes. Não é um objetivo que todas escrevam seus nomes completos
primeiro nome de um lado e o nome completo do outro no início do ano, considerando que as crianças vencem ou não. É ser fiel a um dos princípios que
desafios em tempos
norteiam diferentes.
o Projeto Não é um qual
Político-Pedagógico, obje�vo que todas escrevam seus nomes completos ou não. É ser fiel a
seja oferecer
um dos princípios iguais
oportunidades que anorteiam
todas elas.o Projeto Polí�co-
Pedagógico, qual - Todassejaeoferecer
todos nós oportunidades
aprendemos pelas iguaisnossas
a
todas elas.
tentativas de acertar, portanto com nossos erros também.
É -comum
Todas crianças
e todosusarem
nós aprendemos
o “não sei” oupelas “não nossas
gosto” sem
tenta�vas
nuncade acertar,ouportanto
tentarem com nossos
experimentarem. errosessa
Para vencer
também. resistência e esse discurso, dizemos a elas que todaou
É comum crianças usarem o “não sei” a obra
“não gosto” sem nunca tentarem ou experimentarem.
de um(a) artista é assinada por ele(a) e recebe a data em que
Para vencer
foi feitaessa
e queresistência e esse discurso,
as suas produções não podemdizemos a
ser diferentes.
elas que toda a obra de um(a) ar�sta é assinada
Nessas tentativas de escrita de letras e números, alguns e por
ele(a) inúmeros
e recebeavanços.
a data em que foi feita e que as suas
produções Recortar não podem e colar sercomadas,
diferentes. Nessasuma
isso merece
tenta�vas
explicação mais detalhada. Recortar e colar já faz eparte
de escrita de letras e números, alguns
inúmeros avanços.das infâncias, mas comanda? De Comandar?
do universo
Recortar ecom
Compreendi colar comadas,e oisso
as formações merece
passar umasóexplicação
do tempo, ele mais detalhada. Recortar e colar já faz parte do
universo
mesmo daspara
infâncias,
me fazermas comanda?que
compreender, Dealgumas
Comandar?palavrasCompreendi com são
e alguns “recados” as formações
direcionadoseparao passar do tempo,
os diferentes só da
públicos ele
mesmo para me fazer compreender, que algumas palavras e alguns “recados” são direcionados
escola. Esse é um caso clássico, em que o ‘nome” (comanda) servia mais para lembrar às professoras do que era necessário para os diferentes
públicos da escola.
conter Esse é um caso
na contextualização clássico,
que iria coladaem em que
cadaoprodução
'nome” (comanda)
da criança, doservia mais para lembrar
que propriamente às professoras
transparecer um conceito do
que era necessário
filosófico sobre conter
a questão. na contextualização que iria colada em cada produção da criança, do que propriamente
transparecerOum conceito
portfólio filosófico
individual, parasobre
além do a questão.
registro das vivências das crianças, é uma documentação que serve de apoio ao
O por�ólio individual, para além do
professor para acompanhar o desenvolvimento das crianças registro das vivências
em seus das crianças,
vários aspectoséeumao seudocumentação
envolvimento comque serve de
as questões
apoiodo aoprojeto
professor para acompanhar o desenvolvimento das crianças em seus vários aspectos e
didático desenvolvido pelo grupo. De nada adiantaria uma reunião de registros de trinta a trinta e cinco criançaso seu envolvimento
com asse,questões do projeto
ao consultá-los, didá�co
a professora nãodesenvolvido
tivesse claro qualpeloeragrupo. De de
o objetivo nada
cadaadiantaria
uma de suas uma reunião
propostas oude registros
o que de trinta
havia solicitado
a trinta e cinconaquele
à criança crianças se, ao consultá-los,
momento. Para compor os a professora
relatórios de não �vesse
avaliação claro se
é preciso qual era o obje�vo
construir de cada uma
uma documentação de suas
que garanta
propostas
aos professores condições de avaliar o desenvolvimento de suas crianças e de seu próprio trabalho. Pensando nisso, haviase
ou o que havia solicitado à criança naquele momento. Para compor os relatórios de avaliação é preciso
construir uma documentação que garanta aos professores condições de avaliar o desenvolvimento de suas crianças
regras claras sobre a elaboração das comadas que deviam ser recortadas e coladas nos portfólios individuais. Primeiro para
e de seu próprio trabalho. Pensando nisso, havia regras claras sobre a elaboração das comadas que deviam ser
servir de referência para avaliação do professor e segundo para que as famílias pudessem compreender a proposta da escola
recortadas e coladas nos por�ólios individuais. Primeiro para servir de referência para avaliação do professor e
e os registros de suas filhas e filhos.
segundo para que as famílias pudessem compreender a proposta da escola e os registros de suas filhas e filhos.
Ao procurar o significado da palavra comanda no dicionário, pode parecer estranho utilizá-la num suporte de criações
Ao procurar o significado da palavra comanda no dicionário, pode parecer estranho u�lizá-la num suporte
infantis. Lá a definição dá conta que comanda são os pedidos adotados pelo garçom em restaurantes ou estabelecimentos
de criações infan�s. Lá a definição dá conta que comanda são os pedidos adotados pelo garçom em restaurantes ou
comerciais. Tudo
estabelecimentos bem, vamosTudo
comerciais. tirar bem,
tudo evamos
ficar com apenas
�rar tudoo eseguinte:
ficar com comanda
apenasé oopedido que se
seguinte: faz para alguém.
comanda é o pedidoIsso nos
que
basta.
se faz para alguém. Isso nos basta.

126
Chegamos à conclusão que pedir alguma coisa sempre foi melhor do que mandar, não é?!
Enunciado, cabeçalho, “conforme exposto” tudo nos pareceu muito menos convidativo, e muito menos claro.
Chegamos
Chegamosààconclusão
conclusãoque quepedir
pediralguma
algumacoisa
coisasempre
semprefoi foimelhor
melhordo doque
quemandar,
mandar,não nãoé?!é?!
Comanda diz claramente
Enunciado, o que devo pedir que a criança faça. Quando estou num restaurante ou bar eu não peço uma
Enunciado, cabeçalho,
cabeçalho, “conforme
“conforme exposto”
exposto” tudo
tudo nos nos pareceu
pareceu muito
muito menos
menos convida�vo,
convida�vo, ee muito
muito menos
menos
pizza,
claro. eu peço uma
claro.Comanda
Comanda dizpizza
diz de calabresa,
claramente
claramente quepor
ooque devo
devoexemplo.
pedir
pedirqueSó assim
que aacriançatereifaça.
criança condições
faça. Quando
Quandode estou
avaliar
estounum se a restaurante
num pizza de calabresa
restaurante ou bardaquele
oubar eu
eunão
não
estabelecimento
peço é boa ou não, certo?
peço uma pizza, eu peço uma pizza de calabresa, por exemplo. Só assim terei condições de avaliar se a pizza de
uma pizza, eu peço uma pizza de calabresa, por exemplo. Só assim terei condições de avaliar se a pizza de
calabresa Assim
calabresa é com
daquele
daquele a comanda. Se énão
estabelecimento
estabelecimento boaformos
éboa ou
ounão, precisas
não, certo?no que esperamos da criança, como poderemos avaliar sua
certo?
produção? Esseéécom
Assim
Assim foi
com o aaprincípio
comanda.
comanda. básico
Se
Senãoqueformos
não fez a escola
formos optar
precisas
precisas no´por
no quedenominar
que esperamoscomo
esperamos da “comanda”
dacriança,
criança, como
como uma parte do avaliar
poderemos
poderemos texto que
avaliar sua
sua
produção?
deveria Esse
Essefoi
ser elaborado
produção? foioopelas
princípio básico
básicoque
professoras.
princípio quefezfezaaescola
escolaoptar
optar´por´pordenominar
denominarcomo como“comanda”
“comanda”uma umaparte
partedo dotexto
texto
que
que deveria
Somadaser
deveria ser elaborado
elaborado
à comada, pelas
pelas professoras.
nós elaboramos professoras. Somada
Somada
o que é chamado àà comada,
comada, nós
de contextualização. elaboramos
nósEssa diz respeito oaos
elaboramos o que
que éé chamado
motivoschamado
que levaram de
de
contextualização.
contextualização. Essa
Essa diz
diz respeito
respeito aos
aos mo�vos
mo�vos que
que levaram
levaram aquele
aquele registro
registro ser
ser importante.
importante. Se
Se
aquele registro ser importante. Se o portfólio tem como premissa o registro de vivências significativas, precisamos comunicar oopor�ólio
por�ólio tem
tem como
como
premissa
apremissa ooregistro
registro
todas e todos de
os seus vivências
deleitores
vivências significa�vas,
foi vivido deprecisamos
significa�vas,
o que importantecomunicar
precisamos comunicar aatodas
para que recebessetodaseuma
etodos
todos os
osseus
página seus leitores
leitoresonesse
de destaque oque foi
foivivido
queportador
vivido
dede importante
importante para
para que
que recebesse
recebesse uma
uma página
página de
de destaque
destaque nesse
nesse portador
portador de
de emoções.
emoções.
de emoções.
Essas contextualizações
Essascontextualizações
contextualizações dizem
dizem respeito
respeito ao
ao projeto
projeto didá�co
didá�co do
do grupo
grupo ou
ou àsàs experiências
experiências nos
nos diversos
diversos
Essas
territórios
dizem respeito ao projeto didático do grupo ou às experiências nos diversos territórios de
territóriosde
deaprendizagem
aprendizagemcomo comosalasaladedeartes,
artes,sala
salade
deleitura
leitura––atual
atualcasa
casado
doKiriku
Kiriku––quadra,
quadra,gramado,
gramado,rua,rua,entre
entre
aprendizagem como sala de artes, sala de leitura – atual casa do Kiriku – quadra, gramado, rua, entre outros.
outros.
outros.

CONTEXTUALIZAÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO

DURANTE
DURANTE O
DURANTE O PROJETO
O PROJETO FALAMOS
FALAMOS SOBRE
SOBRE AA DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL. DESCOBRIMOS,
DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL. DESCOBRIMOS, POR
POR
MEIO
MEIODE DEUM EXAME
UMEXAME
EXAMEDEDE SANGUE
DESANGUE REALIZADO
SANGUEREALIZADO NA
REALIZADONA FAMÍLIA
NAFAMÍLIA ABAYOMI,
FAMÍLIAABAYOMI,
ABAYOMI, QUE
QUE
QUEASAS PESSOAS
PESSOAS
AS TÊM
TÊM
PESSOAS TÊM CORES
TONS DE
CORES
DE
DEPELE
PELEPELE DIFERENTES
DIFERENTES
DIFERENTES DEVIDO
DEVIDO
DEVIDO AAQUANTIDADE
A QUANTIDADE
QUANTIDADEDE DE
DEMELANINA
MELANINA NONO
MELANINA SANGUE.
SANGUE.
NO ESCOLHA
ESCOLHA
SANGUE. DUAS
DUAS
ESCOLHA IMAGENS
IMAGENS
DUAS DE
IMAGENS
DE
DE PESSOAS
PESSOAS
PESSOAS DIFERENTES,
DIFERENTES, ANALISE
ANALISE
DIFERENTES, EE REPRESENTE
E REPRESENTE
ANALISE AA QUANTIDADE
A QUANTIDADE
REPRESENTE DE
DE MELANINA
DE MELANINA
QUANTIDADE QUE VOCÊQUE
MELANINA VOCÊ
ACREDITA
QUE VOCÊ
ACREDITA
QUE ESSASQUE
ACREDITA ESSAS
PESSOAS
QUE PESSOAS
PESSOASTENHAM,
ESSASTENHAM, TENHAM,COLANDO-AS
COLANDO-AS NOS TUBOS
COLANDO-AS NOSDETUBOS
NOS DE
ENSAIO.
TUBOS DEENSAIO.
ENSAIO.

MARCA
MARCANORTEADORA
NORTEADORAPARA
PARAASASCRIANÇAS
CRIANÇASACOMPANHAREM
ACOMPANHAREM COMANDA
COMANDA
AALEITURA
LEITURA COLETIVA DO TEXTO (SEMPREDA
COLETIVA DO TEXTO (SEMPRE DAESQUERDA
ESQUERDAPARA
PARA
AADIREITA
DIREITA––PARTINDO
PARTINDODO
DOLADO
LADOEM EMQUE
QUESESEENCONTRA
ENCONTRAAA
BOLINHA)
BOLINHA) EECOLAREM
COLAREMAAFILIPETA
FILIPETANA
NAPOSIÇÃO
POSIÇÃOCORRETA
CORRETANO
NO
PORTFÓLIO INDIVIDUAL.
PORTFÓLIO INDIVIDUAL.

AAleitura da comada passou a seraum momento esperado. Primeiro,Primeiro,


porque as criançasasacompanhavam com o dedo a
A leitura
leitura da
da comada
comada passou
passou a ser
ser umum momento
momento esperado.
esperado. Primeiro, porque
porque as crianças
crianças acompanhavam
acompanhavam
leitura
com o que lhes causava o orgulho de “já sei ler” e segundo, porqueeelas ficavam sabendo qual seria osabendo
desafio daquele dia.
comoodedo
dedoaaleitura
leituraooque
quelhes
lhescausava
causavaooorgulho
orgulhode de“já
“jásei
seiler”
ler” esegundo,
segundo,porque
porqueelas
elasficavam
ficavam sabendoqual qualseria
seria
Sim, a comanda, ou pedido,
oo desafio deveria se configurar num desafio para que aconfigurar
proposta contagiasse as criançasque
e fosse capaz de
desafio daquele
daquele dia.
dia. Sim,
Sim, aa comanda,
comanda, ou ou pedido,
pedido, deveria
deveria sese configurar num num desafio
desafio para
para que aa proposta
proposta
fazê-las mobilizar
contagiasse seus esforços para realizar os registros, afinal eles contavam histórias importantes do
contagiasse as crianças e fosse capaz de fazê-las mobilizar seus esforços para realizar os registros, afinal eles
as crianças e fosse capaz de fazê-las mobilizar seus esforços para realizar os grupo.
registros, afinal eles
contavam
contavamhistórias
históriasimportantes
importantesdo
dogrupo.
grupo.

127
127
127
O portfólio individual da criança, assim como toda a documentação pedagógica, é analisado pela gestão pedagógica
O por�ólio individual da criança, assim como toda a documentação pedagógica, é analisado pela gestão
da escola e, em alguns casos, motivo de orientações para as professoras, uma vez que é compreendido como um direito da
pedagógica da escola e, em alguns casos, mo�vo de orientações para as professoras, uma vez que é compreendido
criança ter suas produções devidamente valorizadas e organizadas. Além disso, esse trabalho reflete também a condução do
como um direito da criança ter suas produções devidamente valorizadas e organizadas. Além disso, esse trabalho
projeto e a necessidade ou não de novos encaminhamentos.
reflete também a condução do projeto e a necessidade ou não de novos encaminhamentos.
Existem muitas questões envolvidas no uso do caderno na Educação Infantil que não são possíveis com as tão usuais
Existem muitas questões envolvidas no uso do caderno na Educação Infan�l que não são possíveis com as
folhas soltas de sulfite que têm sua importância garantida, e são tratadas com igual importância por aqui.
tão usuais folhas soltas de sulfite que têm sua importância garan�da, e são tratadas com igual importância por aqui.
Após termos realizado uma reunião com uma escola de ensino fundamental para ouvir quais as reais expectativas
Após termos realizado uma reunião com uma escola de ensino fundamental para ouvir quais as reais
das professoras das primeiras séries, consta em nosso quadro de referência, como direito de aprendizagem, aprender a
expecta�vas das professoras das primeiras séries, consta em nosso quadro de referência, como direito de
folhear livros e cadernos
aprendizagem, sem rasgar
aprender a folhearou amassar.
livros e Desejamos
cadernos sem que elas
rasgaraprendam que usamos
ou amassar. a frente
Desejamos quee elas
o verso de uma que
aprendam
página como forma de economizar papel e que uma página vem após a outra, obedecendo
usamos a frente e o verso de uma página como forma de economizar papel e que uma página vem após a outra, uma sequência, por exemplo.
Essaobedecendo
forma de organização ao utilizarpor
uma sequência, um material,
exemplo.sabemos, se reflete
Essa forma em outras rotina
de organização do diaum
ao u�lizar a dia, inclusivesabemos,
material, para os futuros
se reflete
processos de alfabetização.
em outras ro�na do dia a dia, inclusive para os futuros processos de alfabe�zação.
Portfólio Individual,
Por�ólio individual,
Individual, individual,
individual, por quê?por
individual, Existe
quê?outro?
Existe outro?
Sim, existe!
Sim, existe!
Se existe um individual,
Se existe é porque
um individual, existe um
é porque coletivo.
existe um cole�vo.
O portfólio do grupo é feito de forma
O por�ólio do grupo é feito de forma virtualvirtual e publicado na página
e publicado naque a escola
página que amantém em uma rede
escola mantém social.
em uma rede social.
São fotos legendadas que contam momentos que não seriam possíveis colocar numa
São fotos legendadas que contam momentos que não seriam possíveis colocar numa folha de papel. São folha de papel. São expressões
que expressões
só mesmo um queolhar atento, numa
só mesmo um olharfração de segundos
atento, poderiadecaptar.
numa fração segundos poderia captar.
É a criança
É a criança em movimento. O pé fora do chão, o riso largo pronto
em movimento. O pé fora do chão, o riso largo e solto e solto para serpara
pronto eternizado.
ser eternizado.
É a criança ocupando a rua, comendo amora no pé, pisando na poça
É a criança ocupando a rua, comendo amora no pé, pisando na poça d'água e desenhandod’água e desenhando sozinha na areia para
sozinha na areia
descansar da brincadeira em grupo.
para descansar da brincadeira em grupo.
É a sombra, é o solé oé sol
É a sombra, a chuva e o vento
é a chuva compondo
e o vento o cenário.
compondo o cenário.
É o registro que as famílias esperam ver, porque não
É o registro que as famílias esperam ver, porque não podem podem estar. estar.
É o registro que inspira novas práticas, que sugere
É o registro que inspira novas prá�cas, que sugere concepções,concepções, que denuncia abertamente
que denuncia como pensamos
abertamente as
como pensamos
infâncias.
as infâncias.
É umÉportfólio
um por�óliodo grupo em que
do grupo emum dosum
que membros sou eu.sou eu.
dos membros
São asSãocores vibrantes
as cores vibrantesdo giz do pastel, as voltas
giz pastel, no no
as voltas barbante,
barbante, pedaços
pedaços mi-nu-ci-o-sa-men-te
mi-nu-ci-o-sa-men-te colados no papel,
colados no papel,
calendários, gráficos, pesquisas.
calendários, gráficos, pesquisas.
São osSãoreflexos do fimdodefim
os reflexos tarde
de no parque,
tarde são os ângulos
no parque, diferentesdiferentes
são os ângulos do mesmodo objeto,
mesmo sãoobjeto,
coloridas oucoloridas
são preto e ou
branco, são focadas em muitos ou em um único detalhe, são instantes, são
preto e branco, são focadas em muitos ou em um único detalhe, são instantes, são fotos. fotos.
São histórias. São registros
São histórias. em folhas...
São registros em folhas...
Eu encontrei a beleza na intencionalidade
Eu encontrei a beleza na intencionalidade pedagógica.
pedagógica.

128 128
“...Me ensina a escrever
A folha em branco me assusta
“...Me
Eu quero ensinadicionários
inventar a escrever
A folha em branco
Palavras me assusta
que possam tecer
AEurede
quero
eminventar
que vocêdicionários
descansa
EPalavras
os sonhosqueque
possam
você tecer
ver”
A rede em que você descansa
E os sonhos
Música: que você
Me ensina ver”
a escrever
Compositor: Oswaldo Montenegro
Música: Me ensina a escrever
Compositor: Oswaldo Montenegro Ligia Chiavolella Barbosa de Oliveira
Formada em Pedagogia pela Faculdade de
Educação da USP, Arte
Ligia Chiavolella Educadora
Barbosa com
de Oliveira
experiência
Formadaememespaços
Pedagogiaculturais não formais
pela Faculdade de
e Professora
Educação mandelense
da USP, desde 2017.
Arte Educadora com
experiência em espaços culturais não formais
e Professora mandelense desde 2017.

129
129

129
Acorde lugares
Territórios de
Territórios
lugarespara
paraser
de aprendizagem:
sereeestar
aprendizagem:
estarcom
comoomundo.
mundo
CarolinaGitahy
Carolina GithayHamburger
Hamburger

Quando soube
Quando soube queque seria
seria professora
professora da daEMEI
EMEI movimentada
tanto inóspita. Noeentanto,
comercial Celespelanomovimentada
o passeio até chegare
Nelson
Nelson Mandela,
Mandela, poucopouco sabia
sabia sobre
sobre seu seu projeto
projeto eesua
sua diante do
comercial muro até
Celestino da chegar
escoladiante
foi recompensador.
do muro da escola
história.
história. NaNa ocasião,
ocasião, eu euestava
estavabastante
bastantedesgastada
desgastada ee Impactada
foi pelo grafite
recompensador. do Nelson
Impactada peloMandela
grafite do pensei:
Nelsoné
desiludida pelas minhas experiências
desiludida pelas minhas experiências iniciais na rede iniciais na rede aqui.
Mandela pensei: é aqui.
municipal de São Paulo e descrente
municipal de São Paulo e descrente de suas possibilidades. de suas Ao recordar minha chegada ao território da
Ao recordar minha chegada ao território da EMEI
possibilidades. O critério que usei na escolha da escola EMEI Nelson Mandela levanto um ques onamento
O critério que usei na escolha da escola que trabalharia Nelson Mandela levanto um questionamento importante:
que trabalharia em 2017 foi estritamente a distância importante: o que significa adentrar um território
em 2017 foi estritamente a distância da minha casa. o que atuar
significa adentrar um território para atuar como
da minha casa. Pensava: se é para ser assim tão di�cil, para como professora? Qual deve ser nossa
Pensava: se é para ser assim tão
que seja pelo menos fácil de chegar. Para difícil, que seja professora?
postura ao Qual deveum
integrar ser nossa postura
território ao ao integrar
qual não
pelo menos fácil de chegar.
fazer a lista de escolas, dediquei muito Para fazer a um território ao qual não pertencemos?
pertencemos?
lista dena
tempo escolas,
internet dediquei
traçandomuito tempo
trajetos Minha
Minhaprimeira
primeira experiência como
experiência
na internet traçando trajetos
e me atentando a distância, tempo e me como professora
professora foi em
foi em uma uma
escola escola
particular
atentando
de a distância,
deslocamento tempo de
e conduções. A Tudo isso par cular que ficava a 600
que ficava a 600 metros da casa onde metros
EMEI Nelsone Mandela
deslocamento conduções. era A EMEI a embasado por um da morava,
eu casa onde noeu morava,
próprio no próprio
bairro onde eu
sé ma escola
Nelson Mandeladaeraminha
preferência, a 7dequilômetros
lista
a sétima de
escola Projeto bairro onde eu cresci. O ambiente
cresci. O ambiente profissional era,
profissional era, desde o primeiro
preferência, de
da minha lista
onde morava, a doismorava,
a7
ônibusa dois
de Polí co-Pedagógico desde o primeiro momento, muito
momento, muito familiar, e as
quilômetros de onde familiar, e as crianças com quem
distância.
ônibus de distância.
vivo que abarca todos eucrianças com quem eu trabalhava
trabalhava estavam vivendo suas
Antes de começar o ano
Antes de começar o ano letivo, os processos da estavam
infâncias no
vivendo
mesmo
suas infâncias
território no qual
no
vivi.
le vo, decidi experimentar o trajeto mesmo território no qual eu vivi.
decidi experimentar o trajeto de
de bicicleta. Não parecia complicado. No bicicleta. escola. Haviamuita
Havia muitaiden
identificação
ficação da daminha
minha
Não parecia
mapa, era pra complicado.
camenteNouma mapa,reta. eraNa parte
parte com com as crianças,
as crianças, asas famíliase oe bairro.
famílias o bairro.
praticamente
realidade, erauma reta. Na
um sobe realidade,
e desce morros,era um sobe o
atravessa Quandoentrei
Quando entrei nana rede
rede municipal,
municipal, comecei
comecei aa
e desce cruza
viaduto, morros, atravessa
o rio Tietê eoentãoviaduto, cruza o Bairro
adentra rio Tietê
doe trabalharem
trabalhar em uma
uma escola
escola nesse
nesse mesmo
mesmo bairro,
bairro, aa 500
500
Limão pela várzea de ruas labirín cas
então adentra o Bairro do Limão pela várzea de ruas ocupadas por metros de distância da escola par cular. Porém,
metros de distância da escola particular. Porém, as crianças as
galpões e caminhões
labirínticas ocupadas por atégalpões
chegar enacaminhões
avenida Professor
até chegar crianças
que que lá frequentavam
lá frequentavam moravam moravam
em outras em outras
regiões da
Celes no Bourroul, nº 358, endereço
na avenida Professor Celestino Bourroul, nº 358, endereço da nossa regiões da cidade. Eram filhas das trabalhadoras e
cidade. Eram filhas das trabalhadoras e trabalhadores que
escola.
da nossa escola. trabalhadores que se deslocavam de seus bairros
se deslocavam de seus bairros para atender às demandas
Gosto de me atentar às minhas sensações e para atender às demandas de serviços dessa outra
Gosto de me atentar às minhas sensações e de serviços dessa outra região.
impressões quando vou pela primeira vez a um lugar região.
impressões quando vou pela primeira vez a um lugar
que frequentarei recorrentemente, porque é sempre As crianças habitavam
As crianças habitavam esse esse território
território apenas
apenas
querepente
de frequentarei
que merecorrentemente,
dou conta de que porque é sempre
o caminho se enquanto
enquantoestavam estavam na na
escola, acompanhando
escola, acompanhando a jornadaa
de repente que me dou conta de que
tornou familiar e que eu me tornei, de alguma forma, o caminho se de trabalho
jornada de de suas
trabalho famílias.
de Aqui,
suas acrescento
famílias. outro
Aqui,
tornou familiarO etrajeto
pertencente. que eunão mefoitornei, de alguma
tranquilo de fazerforma,
de acrescento outroQual
questionamento: quesé onamento:
a relação entreQualaéescola
a relação
e o
pertencente.
bicicleta. O trajeto
As ladeiras, não foi
pontes tranquiloforam
e avenidas de fazer
hos des entre a escola
território no qual e oestá
território no qual
inserida? Que está
papelinserida?
a escola
às pedaladas
bicicleta. e a chegada
As ladeiras, pontespelos galpõesforam
e avenidas e ruashostis
vaziasàs Que papel a escola desempenha
desempenha ou deveria desempenhar no território em ou deveria
foi um tanto inóspita. No entanto, o
pedaladas e a chegada pelos galpões e ruas vazias foi um passeio pela desempenhar
que se encontra?no território em que se encontra?

130
130
Meus primeiros dias de trabalho na EMEI Nelson Mandela foram de Reuniões Pedagógicas. O tema central no qual
Meus primeiros dias de trabalho na EMEI Nelson Mandela foram de Reuniões Pedagógicas. Pedagógicas. O O tema
tema central
central
nos debruçamos foi justamente os Territórios de Aprendizagem da escola.
no qual nos debruçamos foi justamente os Territórios de Aprendizagem da escola. Nos Nos apresentaram as salas de convivência,
Nos apresentaram
apresentaram as a Sala
as salas
salas de
de
Verde, a Brinquedoteca, a Sala de Leitura, o Redário, o Parque, o Gramado, o Espaço
convivência, a Sala Verde, a Brinquedoteca, a Sala de Leitura, o Redário, o Parque, o Gramado, Multiuso, a Sala Multimídia,
Gramado, oo Espaço
EspaçoMul a Casa
Mul uso,
uso,aa
da Família
Sala Mul Abayomi, a Salada
mídia, a Casa dasFamília
Professoras, a Secretaria,
Abayomi, o Restaurante
a Sala das Professoras, e osa Banheiros.
Secretaria,Basicamente,
o Restaurante
Restaurantetodos
e os
os espaços da
Banheiros.
e os Banheiros.
escola. E que espaços!
Basicamente, todos os A espaços
EMEI Nelson Mandela
da escola. foi um
E que Parque AInfantil
espaços! EMEI construído em 1955
Nelson Mandela foiem
umuma
um áreaInfan
Parque
Parque com muito
Infan verde. É
llconstruído
construído
um verdadeiro
em 1955 em uma refúgio
áreaarborizado
com muito no industrial
verde. É Bairro do Limão. Que
um verdadeiro alegria
refúgio senti ao me
arborizado no imaginar trabalhando
industrial
industrial do todos
Bairro do
Bairro Limão.
Limão.osQue
dias
Que
alegria sen ao me
num espaço como aquele.imaginar trabalhando todos os dias num espaço como aquele.

Brinquedoteca
Brinquedoteca

Na
Na reunião,
reunião,formamos
formamospequenos
pequenos grupos
gruposcom
com integrantes de de
integrantes todas as equipes
todas e cada
as equipes
equipes grupo
ee cada
cada grupose deslocou
grupo se a um
se deslocou
deslocou aa
dos Territórios de Aprendizagem. Fomos convidadas a refletir sobre cada território
um dos Territórios de Aprendizagem. Fomos convidadas a refle r sobre cada território a partir de uma
território aa par série
par rr de de
de uma perguntas
uma série
série de
de
disparadoras as quais eu confesso que não lembro. Mas lembro bem que,
perguntas disparadoras as quais eu confesso que não lembro. Mas lembro bem que, no momento do compartilhamento,
que, nono momento além
momento do das
do
reflexões apresentadas
compar lhamento, alémpelosdas
pequenos grupos,
reflexões a gestão e educadoras
apresentadas antigasgrupos,
pelos pequenos nos contaram várias
a gestão das históriasan
e educadoras
educadoras quegas
an existem
gas nos
nos
por trás devárias
contaram dasdeles.
cada um histórias que existem por trás de cada um deles.

Ocupação lúdica da calçada da escola Casa


Casa do
do Kiriku
Kiriku (sala
(sala de
de leitura)
leitura)

Noscontaram
Nos contaramsobre
sobre o banco
o banco de madeira
de madeira que foique foi colocado
colocado na frentenada
frente da secretaria
como umacomo
secretaria
secretaria formauma
como uma forma
forma de
de transformar de
transformar aquele ambiente que antes era estritamente burocrá co e muitas vezes palco de de embates
embates e conflitos,
aquele ambiente que antes era estritamente burocrático e muitas vezes palco de embates e conflitos, em eum conflitos,
espaço
em um espaço acolhedor, de encontros e de conversas. Um espaço onde as crianças ee aa comunidade comunidade são são
acolhedor, de encontros e de conversas. Um espaço onde as crianças e a comunidade são convidadas a estar e frequentar.
convidadas a estar e frequentar. Também relataram a história de quando as crianças escolheram escolheram usar usar oo dinheiro
dinheiro
Também relataram a história de quando as crianças escolheram usar o dinheiro que havia sido arrecadado na festa e reformar
que havia sido arrecadado na festa e reformar o banheiro do restaurante para que ficasse ficasse bonito
bonito igual
igual um
um
o banheiro do
“banheiro derestaurante
shopping”.para quequando
E sobre ficasse bonito
houveigual
umaum “banheiro
grande festadedeshopping”. E sobre
inauguração quando houve
do restaurante uma
que grande
deixou
restaurante que deixou de ser defesta
ser
de inauguração
chamado do restaurante
de refeitório que
e usado deixoucomo
apenas de sertalchamado
e passoudearefeitório e usadoque
ser um espaço apenas
garancomo àstal
a às e passou
crianças
crianças um
uma ser um espaço
momento
momento de
de
que garantia às crianças um momento de alimentação digno e agradável,
alimentação digno e agradável, com mesas redondas e decoração feita por elas. com mesas redondas e decoração feita por elas.

131
131
Ta m b é m o u v i m o s s o b r e a
criação do redário que se deu a par r
da visita de um grupo de indígenas da
etnia Kariri Xocó e a construção da
horta que antes era no chão e depois
Ta m b é m oau vser
passou i m o ssuspensa,
s o b r e a e que era
criação do redário que se deu a par r
cuidada
da visita pelas
de um grupo primeiras
de indígenas da figuras de
afetoXocó
etnia Kariri Tetelo e Tetela, da
e a construção centrais para o
desenrolar
horta que antes era nodoschão
projetos
e depois didá cos.
passou a ser suspensa, e que era
cuidada pelas primeiras figuras de
afeto Tetelo e Tetela, centrais para o
desenrolar dos projetos didá cos. Horta suspensa - Tema transversal do currículo - Sustenta

Ficou evidente para mim que o que estava sendo construído do lado de dentro do muro
quem estava do lado de fora.Horta suspensa - Tema transversal do currículo - Sustentabilidade e consumism
A par cipação e pertencimento da comunidade como parte c
escola
Ficou
Ficou ficou
evidente
evidente paraescancarado
para mim
mim queque o que
o que logo
estava
estava na primeira
sendo
sendo doreunião
construído
construído do lado
lado aodentro
de
de dentro discu reraosfeito
do muro
do muro espaços
era parada
feitoe com
com equemescola. Por
para
quem do
estava histórias,
estava
ladodode ladoexiste
fora.de a par
fora. A par cipação
A participação ecipação eapertencimento
va das
pertencimento crianças ecomo
da comunidade
da comunidade
da comunidade partecomo
centralparte ecentral
objedadovos
do projeto pedagógicos
projeto
escola da
ficou ass
escola ficou escancarado
constante
escancarado logo para logo
na primeira garan naao
reunião primeira
a elasosreunião
rdiscutir seus ao
dadiscu
escola.erPor
direitos
espaços ostrás
espaços
dignidade. daTudo
de todas escola.
essas isso Porembasado
histórias, trás dea participação
existe todasporessasum Projeto
histórias, existe
ativa dasvivo a par cipação a va das crianças e da comunidade e obje vos pedagógicos asser vos numa busca
quee abarca
crianças todoseos
da comunidade processos
objetivos da escola.
pedagógicos assertivos numa busca constante para garantir a elas seus
constante
direitos para garan
e dignidade. Tudor isso
a elas seus direitos
embasado por ume Projeto
dignidade. Tudo isso embasado
Político-Pedagógico vivo quepor um Projeto
abarca todos osPolí co-Pedagógico
processos da escola.
vivo que abarca todos os processos da escola.
Nos anos seguintes, vi a escola virar
palco de eventos que se tornaram referência
de lazer num bairro com escassez de área
verde e diversão, de eventos com serviços
gratuitos aos moradores do bairro da Casa
Verde e Bairro do Limão com parcerias
firmadas com lideranças locais.
Vivi a escola como espaço aberto de
formação ao receber visitas de vários grupos
de educadoras(es) de diferentes cidades e
estados interessados em conhecer o espaço Redário - O ócio coletivo
e os princípios do Projeto Político-Pedagógico
Nos anos seguintes, vi a escola virar palco de eventos que se tornaram referência de lazer- num
Redário O óciobairro com
coletivo
que embasa nossas práticas.
escassez de área verde e diversão, de eventos com serviços gratuitos aos moradores do bairro da Casa Verde e
ViviLimão
Bairro do eventoscomformativos
Nos anosabertos
parcerias firmadaspara acom
seguintes, comunidade
vi alideranças
escola virar
locais.palco de eventos
Vivi a escola que aberto
como espaço se tornaram referência
de formação ao de la
ereceber
para a rede municipal de
visitas de vários educação
grupos com temáticas
de educadoras(es)ligadas Território de aprendizagem que
escassez de área verde e diversão,de dediferentes
eventoscidades e estados interessados
com serviços gratuitos aos em conhecer
moradores o do bai
àespaço
educação infantil envolvendo profissionais de diferentes nasce
e os princípios do Projeto Polí co-Pedagógico que embasa nossas prá cas. a partir do projeto: Tetelo na
Bairro doestagiárias/os/es,
áreas. Acolhemos
Limão com parcerias firmadas com lideranças locais. Vivi a escola como espaço abe
mestrandas/os/es,
Vivi eventos forma vos abertos para a comunidade e para a rede municipal de educação Aldeia Indígena
com temá cas
receber
doutorandas/os/es
ligadas à educação visitas
acreditando de vários
infan lserenvolvendo grupos
esta uma contribuição de educadoras(es) de diferentes cidades
profissionais de diferentes áreas. Acolhemos estagiárias/os/es, e estados interessa
espaço
àmestrandas/os/es,
melhoria e os
da qualidade princípios
da educaçãodo
doutorandas/os/es Projeto Polí ser
acreditando
pública brasileira. co-Pedagógico que embasa
esta uma contribuição nossas
à melhoria da prá cas. da
qualidade
educação pública
Vi também a escolaVivi brasileira.
eventos
ocupar Vi também
forma por
outros territórios a
vos escola
meio ocupar
abertos
da outros territórios por meio da
para a comunidade e para a rede municipal par cipação das de educa
ligadas à educação infan l envolvendo profissionais de diferentes áreas. Acolhemos
mestrandas/os/es, doutorandas/os/es132acreditando ser esta uma contribuição à melhori
132
educação pública brasileira. Vi também a escola ocupar outros territórios por meio d
participação
professorasedas
professoras professoras
egestoras
gestoras em e gestoras
emeventos
eventos em eventos
externos
externos externos lhamos
onde compar onde compartilhamos
nossa práxis enossa práxis e encontramos
encontramos novos olhares.novos
olhares. Vivi
Vivi
olhares. Vivicortejos
passeatas,
passeatas, passeatas,
cortejoseecortejos
festa naecalçada.
festa na festa na calçada.
calçada. Saí comSaí
Saí as com as crianças
crianças no entorno
no entorno da escola
da escola parapara fazer
fazer pesquisaseeentrevistas.
pesquisas entrevistas.
entrevistas.
Pintei
Pinteiooomuro
Pintei muroda
muro daescola
da escolajunto
escola juntodas
junto das
daseducadoras,
educadoras,
educadoras, crianças e famílias.
crianças e famílias.

A rua, nosso território de trabalho, conquistas


conquistas ee lutas.
lutas.

Assisti
Assis osos
Assis osterritórios
territórios
territórios dadaescola
da escola
escola ocuparem
ocuparem
ocuparem espaços
espaçosvirtuais. A EMEI
virtuais. A EMEINelson
NelsonMandela foi pioneira
Mandela no usonodas
foi pioneira usoredes
uso das
das
sociais
redes como
sociaisforma
como de estreitar
forma de laços com
estreitar
redes sociais como forma de estreitar laços a comunidade
laços com a e divulgar
comunidade seuetrabalho
divulgar inovador.
seu Começou
trabalho por
inovador. meio de
Começouum
Começou por blog
por
emeio
depois
meio dese
de tornou
um
um blogaeeprimeira
blog depois se
depois escola
se tornou
tornoude educação
aa primeira
primeira infantil
escolaa de
desenvolver
educaçãoum projeto
infan pedagógico que
l a desenvolver umincluía o uso
projeto do Orkut.
pedagógico
pedagógico
Asque
que redes sociais
incluía
incluía oo usose do
uso tornaram
Orkut.aliadas
do Orkut. As redes
As na sociais
redes aproximação e inclusão
sociais se tornaram da comunidade
aliadas na aproximaçãona escola na medida
e inclusão da em que facilitam
comunidade
comunidade na
na
escola na medida
compartilhamento doem que facilitam
trabalho.
escola na medida em que facilitam comparÉ uma compar
forma lhamento
eficiente de do trabalho.
compartilhar É uma
saberes e forma
fazeres eficiente
e inspirarde compar
outras/os/es lhar saberes
profissionais
saberes
eefazeres
da fazeres eeinspirar
educação. inspiraroutras/os/es
outras/os/esprofissionais
profissionais da educação.
Tudo
Tudo
Tudo isso
isso
isso foi
e éeepossível
foifoi éé possível
possível
porque porque
porque
existeexiste uma concepção
uma concepção de educação
de educação que perpassa quetodos
perpassa todos os
os territórios de territórios
territórios de
aprendizagem de
aprendizagem
eaprendizagem e garante
e garante
garante que a vivência que a
que a não
na escola vivência
vivência na escola não se limite a tríade: sala de aula, refeição e parque.
se limite a tríade: sala de aula, refeição e parque. Essa concepção é o primeiro pilar Essa
Essa
concepção
concepção é é o
o primeiro
primeiro pilar
pilar do
do Projeto
Projeto Polí co-Pedagógico ao qual uma
do Projeto Político-Pedagógico ao qual uma professora mandelense é apresentada: educação é relação.professora mandelense é apresentada:
apresentada:
educaçãoéérelação.
educação relação.

Oscorredores
Os corredores -- territórios
territórios de
de possibilidades
possibilidades A diretoria
A diretoria -- território
território de
de trocas
trocas ee reivindicações
reivindicações

133
133
133
Espaço Multiuso - onde cabem todas as possibilidades

Entender que educação é relação significa que, partimos do princípio de que as aprendizagens acontecem na
Entender
interação que educação
e convivência das crianças é relação significa
e adultas/os/es comque, par que
o mundo mos asdo princípio
cerca e com osde quee sujeitos
seres as aprendizagens acontecem
que nele habitam.
na interação
Entendemoseque convivência
o encontrodas crianças
entre e adultas/os/es
os diferentes modos de existir comeoamundo queexperiências
de diversas as cerca egeram com os seres e sujeitos
oportunidades de que
neleaprendizagens,
habitam. Entendemos
de construçãoque o encontrode
de identidades, entre os diferentes
reconhecimento modosaode
e respeito exisque
outro r enão
a de diversas
seriam experiências
possíveis no espaço geram
oportunidades
restrito da “saladedeaprendizagens,
aula”. de construção de iden dades, de reconhecimento e respeito ao outro que não
seriam possíveis
Duranteno espaço
muito tempo restrito da “sala
a instituição de aula”.
escola insistiu em validar apenas a relação “professora-criança” que ocorre
restritamente no espaço da “sala de aula” como relaçãoinsis
Durante muito tempo a ins tuição escola u emdevalidar
geradora apenas
aprendizado. Hojea emrelação “professora-criança”
dia, apesar dos referenciais que
ocorre restritamente
curriculares atualizados no desconstruírem
espaço da “sala de tipo
esse aula” como relação
concepção geradora
e valorizarem na de aprendizado.
educação infantil aHoje em dia, apesar
multiplicidade de dos
referenciais
experiências,curriculares atualizados
ela ainda é reproduzida pordesconstruírem esse po
muitas escolas e validada pelasconcepção e valorizarem
famílias. Nessa na educação
chave, as crianças aprendem na infan l a
mulsala,
plicidade
brincam no deparque
experiências,
para “gastarelaenergia”,
ainda éusamreproduzida
o refeitóriopor
paramuitas escolas eeovalidada
se alimentarem banheiro pelas
para sefamílias.
aliviarem.Nessa
Ponto. chave,
as crianças aprendem
O único espaço validado nae,sala, brincam
portanto, no eparque
pensado planejado para
é a“gastar energia”, usam o refeitório para se alimentarem e o
Sala de Aula.
banheiro paraPorém,sese aliviarem.
educaçãoPonto.é relação O único espaçoasvalidado
e, na escola, e, portanto,
relações não acontecempensado
apenas entree planejado é a eSala
professoras de Aula.
crianças no
espaço da “sala de aula”, mas sim em todas as interações que vivenciam nos diferentes espaços da escola e em seu entorno,crianças
Porém, se educação é relação e, na escola, as relações não acontecem apenas entre professoras e
no espaço
todos osda “sala devem
espaços de aula”, ser mas simvividos,
olhados, em todas as interações
pensados quepara
e planejados vivenciam
que suasnos diferentessejam
possibilidades espaços da escola
descobertas e e em
seupotencializadas.
entorno, todos Por os
isso,espaços
na EMEI devem ser olhados,
Nelson Mandela, vividos,
esses espaços sãopensados
chamados e planejados
Territórios para que suas
de Aprendizagem e sãopossibilidades
vividos,
sejam descobertas
pensados, e potencializadas.
e transformados pelas crianças,Por isso, naeEMEI
educadoras Nelsonconstantemente.
comunidade Mandela, esses espaços são chamados Territórios
de Aprendizagem
Cada territórioe são
– e asvividos,
atividadespensados,
que tomam corpo e transformados
em cada um deles pelas crianças,diferentes
– proporciona educadoras e comunidade
possibilidades de
constantemente.
interação das crianças com o espaço e das crianças entre si. Por exemplo, o parque, entre outras coisas, propicia inúmeras
formasCada território
das crianças – e asdesafios
explorarem a vidades quee adquirirem
corporais tomam corpo em cada
consciência um deles
da potência de seus–corpos.
proporciona diferentes
Envoltas pela
possibilidades
ludicidade de desuasinteração
brincadeiras, dasnocrianças com
trepa-trepa, naogangorra,
espaçono e das crianças
balanço, entre no
no gira-gira, si. brinquedão
Por exemplo, o parque,
sustentam entre outras
seus corpos
coisas, propicia
das mais inúmeras
diversas formas, formas das crianças
se equilibram, escalam,explorarem desafios
escorregam, saltam, se corporais
jogam. Por emeioadquirirem consciência davão
dessas experimentações, potência
de seus corpos.
descobrindo Envoltas pela
as possibilidades ludicidade
e limites de seusde suasebrincadeiras,
corpos diferentes formas nodetrepa-trepa,
usá-lo para sena gangorra, no balanço, no gira-
expressarem.
gira, no brinquedão sustentam seus corpos das mais diversas formas, se equilibram, escalam, escorregam, saltam,
se jogam. Por meio dessas experimentações, vão descobrindo as possibilidades e limites de seus corpos e
diferentes formas de usá-lo para se expressarem. 134
para ajudar uma à outra. Recontam histórias, fazem massagem com toques su s, cantam músicas de ninar,
brincam com os bichinhos de pelúcia. Mas nem sempre é tão simples. “Mas eu queria deitar com ele”, “eu queria a
rede azul”, “eu quero balançar bem alto!” são alguns conflitos que surgem nesse território. Por meio de
intervenções das prôs, educadoras e das próprias crianças, embasadas nas possibilidades e contornos oferecidos
por esse território, esses conflitos se tornam possibilidades de crescimento e aprendizagem.
Ou quando, no redário, território dedicado à tranquilidade e ao descanso, as crianças são convidadas a dividirem
Ademais, par r da ocupação dos territórios, certas determinações impostas pelos diferentes cargos que as
a rede e a relaxar. Diante das condições oferecidas pelo território, as crianças usam de seus repertórios para ajudar uma
educadoras exercem
à outra. Recontam na histórias,
escola, fazem
podem ser extrapoladas
massagem com toques sutis,ampliando as possibilidades
cantam músicas de ninar, brincamdas comrelações.
os bichinhosPor deexemplo,
uma coisapelúcia.
é quando
Mas nem as sempre
crianças interagem
é tão simples. “Mas com as educadoras
eu queria da cozinha
deitar com ele”, “eu queria noa redemomento da refeição
azul”, “eu quero balançar ebema interação
normalmente se limita
alto!” são à temá que
alguns conflitos ca surgem
da comida.nesse Outra coisa
território. é quando
Por meio as educadoras
de intervenções das prôs,da cozinhaeocupam
educadoras das própriaso território
crianças, embasadas nas possibilidades e contornos oferecidos por esse território,
da sala de convivência para compar lharem com as crianças outros saberes e experiências. A interação em esses conflitos se tornam possibilidades
diferentesdeterritórios
crescimento com
e aprendizagem.
diferentes intencionalidades, expandem as possibilidades de relação e reconhecimento.
Ademais, partir da ocupação dos territórios, certas determinações impostas pelos diferentes cargos que as educadoras
Ou até mesmo a relação, mesmo que efêmera, que as crianças estabelecem com os/as prestadores/as de serviço
exercem na escola, podem ser extrapoladas ampliando as possibilidades das relações. Por exemplo, uma coisa é quando as
que vão podar
criançasárvores
interagemou com consertar
as educadorasalgodana escola,
cozinha por exemplo.
no momento Quantas
da refeição vezes
e a interação já engatamos
normalmente em
se limita papos sobre as
à temática
ferramentas u lizadas,
da comida. as habilidades
Outra coisa necessárias,
é quando as educadoras e outras
da cozinha ocupamcuriosidades.
o território da sala de convivência para compartilharem
Emcomsuma, os espaços
as crianças promovem
outros saberes inúmeras
e experiências. possibilidades
A interação de exploração
em diferentes territórios com �sica e material,
diferentes mas também são
intencionalidades,
expandem
importantes as possibilidades
mediadores de relação e reconhecimento.
e possibilitadores das relações. OuPor
até mesmo
esse mo a relação,
vo, amesmo
ro naque efêmera,
(Linha que as crianças
do Tempo) das turmas é
organizadaestabelecem
de formacom queos/as prestadores/as
todas as criançasde serviço
ocupem que vão podarosárvores
todos ou consertar
Territórios algo na escola, porpelo
de Aprendizagem exemplo. Quantas
menos uma vez na
vezes já engatamos em papos sobre as ferramentas utilizadas, as habilidades necessárias, e outras curiosidades.
semana, sendo alternados momentos de a vidades dirigidas e momentos de exploração espontânea. Dessa
Em suma, os espaços promovem inúmeras possibilidades de exploração física e material, mas também são
forma, procuramos garan r que as crianças experimentem as mais diversas formas de expressão, de desafios, de
importantes mediadores e possibilitadores das relações. Por esse motivo, a rotina (Linha do Tempo) das turmas é organizada
relações edeque elas
forma queexerçam
todas as seu direito
crianças de descobrir,
ocupem de inventar
todos os Territórios e de expressar
de Aprendizagem pelo menossuasumasubje vidades.
vez na semana, sendo
Aoalternados
viver os territórios de aprendizagem, também os transformamos. Seja
momentos de atividades dirigidas e momentos de exploração espontânea. Dessa forma, procuramos garantir por meio de queexposições,
intervenções, criações
as crianças ou alterações
experimentem propostas
as mais diversas formas pelas crianças
de expressão, para seu
de desafios, aprimoramento,
de relações os territórios
e que elas exerçam seu direito deestão em
constantedescobrir, de inventar ePor
transformação. de expressar
exemplo, suas quando
subjetividades.
inspiradas/os pela Clemen na de Jesus – a Rainha Quelé –
pesquisamos as diversas rainhas que existem ou já exis osram
Ao viver os territórios de aprendizagem, também transformamos.
no mundoSeja por meio de exposições,
e confeccionamos o Jogointervenções,
de Memória das
criações ou alterações propostas pelas crianças para seu aprimoramento, os territórios estão em constante transformação.
Rainhas ePorele passou a compor a Ludoteca da escola. Ou quando pintamos o mapa do con nente africano de
exemplo, quando inspiradas/os pela Clementina de Jesus – a Rainha Quelé – pesquisamos as diversas rainhas que existem
acordo comou jásua diversidade
existiram no mundocultural extrapolando
e confeccionamos o Jogo deas fronteiras
Memória polí ecas
das Rainhas ele e ele se
passou tornoua Ludoteca
a compor elemento de ambientação
da escola. Ou
da entrada do restaurante.
quando pintamos o mapa Oudoquando,
continentepor meio
africano de uma
de acordo comassembleia
sua diversidade infan
culturall, extrapolando
decidimosasque construiríamos
fronteiras políticas uma
casa na árvore
e ele seno gramado
tornou elementodadeescola. Ou quando,
ambientação da entrada todo ano, reformamos
do restaurante. Ou quando,ou porconstruímos os móveis
meio de uma assembleia para casa da
infantil,
decidimoseque
Família Abayomi construiríamos
criamos uma casa na árvore
uma ambientação paranoogramado da escola. Ou quando, todo ano, reformamos ou construímos
restaurante.
os móveis para casa da Família Abayomi e criamos uma
Para além dos territórios de dentro da escola, existe o território ambientação para o restaurante.
primordial: o Bairro do Limão. Da mesma
Para além dos territórios de dentro da escola, existe o território primordial: o Bairro do Limão. Da mesma forma
forma como receber a comunidade dentro da escola é fundamental, permi r que as crianças extrapolem seus
como receber a comunidade dentro da escola é fundamental, permitir que as crianças extrapolem seus muros também é.
muros também é.

Os muros - Um livro aberto para contar nossas histórias

135
135
Nas saídas
Nas saídaspelo bairro,
pelo as crianças
bairro, visitam
as crianças seus lugares
visitam familiares
seus lugares de umade
familiares outra
umaforma.
outraMediadas por objetivos
forma. Mediadas por
obje vos estabelecidos
estabelecidos na escola
na escola (fazer (fazer entrevistas
entrevistas com os/as/es com os/as/es transeuntes,
transeuntes, observar determinados
observar e desenhar e desenhar determinados
aspectos), as
aspectos),
crianças são convidadas a lançar diferentes olhares ao seu território e estabelecerem diferentes relações com ele.diferentes
as crianças são convidadas a lançar diferentes olhares ao seu território e estabelecerem
relaçõesQuando
com ele.pesquisávamos sobre o Jongo, saímos às ruas com objetivo de perguntar às pessoas se conheciam essa
Quando pesquisávamos
prática. As crianças, empoderadas por sobre
essao Jongo,
missão,saímos
quiseram àsentrar
ruas com obje vo de perguntar
em absolutamente às pessoasque
todos os comércios se passávamos
conheciam
essa prá ca. As crianças, empoderadas por essa missão, quiseram entrar em absolutamente todos os comércios
na frente! Alguns onde já frequentavam e outros que, apesar de passarem sempre na frente, nunca tinham entrado.
que passávamos na frente! Alguns onde já frequentavam e outros que, apesar de passarem sempre na frente,
Entramos no restaurante, na barbearia, na borracharia, no escritório que eu nem sabia que existia na frente da escola. Sob
nunca nham entrado. Entramos no restaurante, na barbearia, na borracharia, no escritório que eu nem sabia que
a responsabilidade das educadoras da escola, na ausência de suas famílias e na companhia de seus pares, as crianças têm a
exis a na frente da escola. Sob a responsabilidade das educadoras da escola, na ausência de suas famílias e na
chance de interagirem
companhia com seu
de seus pares, entorno atêm
as crianças partir de um outro
a chance lugar, o lugarcom
de interagirem de cidadã.
seu entorno a par r de um outro lugar, o
E eu, professora,
lugar de cidadã. mediada pelo trabalho construído coletivamente na EMEI Nelson Mandela e pela ação das crianças
em seu Ebairro, entendi que
eu, professora, adentrarpelo
mediada emtrabalho
um território para atuar
construído colecomo professora
vamente na EMEIimplica
NelsonemMandela
aprender eepela
respeitar sua
ação das
história, construir
crianças relações
em seu bairro, com todas/os/es
entendi que adentraraquelas/es
em umenvolvidas/os/es nessa como
território para atuar construção e contribuir
professora implica a partir dos meuse
em aprender
respeitar sua história,Emconstruir
saberes e experiências. relações
outras palavras, comque
eu diria todas/os/es aquelas/es
implica em fazer-se parte.envolvidas/os/es nessa construção e
contribuir a par
E qual é arrelação
dos meus saberes
entre e experiências.
a escola e o território Em outras
no qual estápalavras,
inserida?euQuediria queaimplica
papel escola em fazer-se parte.
desempenha ou deveria
E qualno
desempenhar é aterritório
relação ementre
quea escola e o território
se encontra? no qual
A meu ver, estádeve
a escola inserida? Que papel
ser parceira de suaa escola desempenha
comunidade ou
e, com ela,
deveria desempenhar no território em que se encontra? A meu ver, a escola deve ser parceira de
trabalhar para cuidar e educar suas crianças como sujeitos com voz, direitos e deveres. A escola é elemento que compõe a sua comunidade
e, com ela, trabalhar
territorialidade paraecuidar
das infâncias e educar
como tal, suas crianças
deve assumir seu papelcomo
na vidasujeitos com voz,Ela
em comunidade. direitos
reflete ea história
deveres. deAseuescola
tempoé
elemento que compõe a territorialidade das infâncias e como tal, deve assumir seu papel na vida em comunidade.
e permite a construção de diferentes enredos para o presente e para o futuro. A escola é lugar em que as diferenças devem
Ela reflete a história de seu tempo e permite a construção de diferentes enredos para o presente e para o futuro. A
ser mais do que acolhidas, devem ser sua potência criadora.
escola é lugar em que as diferenças devem ser mais do que acolhidas, devem ser sua potência criadora.

Ocupação - Sala das professoras Lousão - Histórias por toda parte Parque - Construções temporárias

Espaço de Artes - sombra, água e tinta fresca Restaurante "Nelson Mandela"

136
136
Que o chão da escola seja ocupado e transformado por todas/os/es aquelas/es que nele caminham e
Quecaminhos.
constroem o chão da escola seja ocupado e transformado por todas/os/es aquelas/es que nele caminham e

EE que
que todas/os/es nele
constroem caminhos.

todas/os/es
possam
se nelepossam
se reconhecer.
reconhecer.
“Transcorrendo,
“Transcorrendo,
Transformando,
Transformando,
Tempo e espaço
Tempo e espaço Carolina Gitahy Hamburger
navegando todos os sen dos” Carolinaem
Formada Gitahy Hamburger
Pedagogia pela
navegando todos os sen dos” Formada em Pedagogia pela
Música: Tempo Rei Universidade de São Paulo e
Música: Tempo Rei Gil mestranda em educação pelae
Universidade de São Paulo
Compositor: Gilberto mestranda em educação pela
Compositor: Gilberto Gil University of California,
Berkeley,University
atua como ofprofessora
California,
Berkeley, atua como professora
de Educação Infan l há 10 anos.
de Educação
Passou Infana comunidade
a integrar l há 10 anos.
Passou a integrar a comunidade
mandelense em 2017.
mandelense em 2017.

137
137
137
Nota
Os muros e portões da escola sempre foram folhas
de papelmuros
Os e portões
sem pauta em queda escola sempre
recebíamos foram folhas
mensagens de
de papel sem pauta em que recebíamos mensagens de
pessoas que não conhecíamos, mas que sabiam exatamente
pessoas que não conhecíamos, mas que sabiam
qual era o projeto de educação e de sociedade que a EMEI
exatamente qual era o projeto de educação e de
Nelson Mandela defendia e tinha como prioridade na
sociedade que a EMEI Nelson Mandela defendia e nha
comoformação de suas crianças
prioridade e comunidade.
na formação de suas crianças e

Pichação
comunidade. Nessas mesmas folhas, nós respondíamos
imediatamente
Nessas mesmas as intimidações
folhas,quenós nosrespondíamos
impunham. Foi
assim com as as
imediatamente primeiras pichações
in midações quedenos cunho racista que
impunham. Foi
foram
assim comestampadas
as primeiras nas pichações
paredes e nos portõesracista
de cunho e comque as

e arte
foram estampadas
demais provocações nasqueparedes e nos portões
foram chegando depois.e com as
demais provocações que foram chegando
A última aconteceu há pouco tempo quando, emdepois.
A úl
2019, tomamosma aconteceu
conhecimento há pouco
da basetempo quando,
teórica que em
sustenta

por
2019,
a novatomamos conhecimento
política educacional da base
para o país: teórica
a família educaqueea
sustenta a nova
escola só ensina. polí ca educacional para o país: a família
educa e a escola só ensina.
Nos primeiros meses do ano, nosso portão foi
Nos primeiros meses do ano, nosso portão foi

toda
pichado com a frase: a escola não educa seus filhos.
pichado com a frase: a escola não educa seus filhos.
Fizemos
Fizemos umaumareunião
reuniãocom comasasfamílias
famílias para
para discu
discutirr
a frase
a frase pichada
pichada e umae uma assembleia
assembleia com com as crianças
as crianças parapara
ver
ver opensavam
o que que pensavam sobre sobre
isso.isso. Ouvimostodas
Ouvimos todasee todos
todos dada

parte.
escola
escola e anotamosasasfalas
e anotamos falasdedeadultos
adultoseecrianças.
crianças.
NoNodiadiaseguinte,
seguinte, aa equipe
equipe gestora
gestora subiu
subiu nosnos
andaimes e começou a escrever no muro
andaimes e começou a escrever no muro da frente todasda frente todas
as as
respostas.
respostas.Em Emseguida,
seguida,foifoiaavez
vez de
de outros
outros adultos
adultos dada
escola,
escola,comcoma apar cipação luxuosa
participação luxuosa dasdas educadoras
educadoras da da
limpeza, deixarem suas marcas.
limpeza, deixarem suas marcas.
NoNosábado,
sábado,foifoidiadiade deocupar
ocupar aa calçada
calçada comcom as as
famílias e nossas crianças para, abaixo das inscrições,
famílias e nossas crianças para, abaixo das inscrições,
deixarem suas assinaturas de protesto.
deixarem suas assinaturas de protesto.
Durante o processo, ouvimos alguns gritos saídos
dos cole vos Durante o processo,quando
e automóveis, ouvimoso alguns gritos saídos
farol fechava: “isso
vaidos coletivos ou
acabar!” e automóveis,
“eu educo quando
meuo filho”,
farol fechava: “isso
enquanto
vai acabar!”
estávamos ou “eu educo
completando meu filho”,
a frase: EDUCAR enquanto
É... estávamos
completando a frase: EDUCAR
Já se passaram É... e ninguém pichou as
alguns anos
Já se passaram
nossas respostas. alguns con
O muro anos enua ninguém pichou ou
a inspirar as
nossas respostas.
incomodar quem passaO muro continua
pela avenidaa inspirar ou incomodar
mais movimentada
doquem
bairropassa
do Limão, em Sãomais
pela avenida Paulo.movimentada do bairro do
Sim, o nosso
Limão, em São Paulo. muro tem o incrível poder de nos
libertar daquilo
Sim, oque nossonosmuro
oprime. tem o incrível poder de nos
libertar daquilo que nos oprime.mais uma vez ,as nossas
E por isso damos razão,
crianças: essa escola realmente é mágica!
E por isso damos razão, mais uma vez, as nossas
crianças: essa escola realmente é mágica!

138
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Ele, ao contrário do que possa parecer, é mais portal do que muro e nos permite enxergar, nitidamente, os valores
Ele, ao
da sociedade emcontrário do que
que vivemos possa
e o que nelaparecer, é mais
precisamos portal do que muro e nos permite enxergar, ni damente, os
mudar.
valoresAprendemos
da sociedadea ver
em eque vivemos e o que nela precisamos mudar. aquela do não saber, sem resposta. Já dizia um
ouvir através dele e a nunca deixar a ignorância,
Aprendemos a ver e ouvir através dele e a nunca deixar a ignorância, aquela do não saber, sem resposta. Já
grande mestre que não adianta saber ler e escrever. É nosso papel educar e ensinar quem precisa aprender além do que já
dizia um grande mestre que não adianta saber ler e escrever. É nosso papel educar e ensinar quem precisa aprender
sabe ou pensa saber.
além do que já sabe ou pensa saber.

139
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e é a EMEI Nelson Mandela. levantando esse projeto e graças a Deus esse projeto
agora nessa escola, porque con�nuo deu no que deu, por isso é uma escola modelo. Eu
ojeto. Foram muitas lutas e muita fico muito feliz, porque em outros lugares eu nunca
as, comunidade, das professoras, da �ve oportunidade de falar o que eu penso e, na EMEI

Voz
ós, que �vemos a oportunidade de
e desse projeto, graças a Deus.
Nelson Mandela, Cada um com
a direção
nós da limpeza falarmos e eu me considero uma
deu seu jeitinho
oportunidade
Pedrina Barba da Silva
para

s escolas, eram escolas comuns. As pessoa muito privilegiada por isso, porque a gente
m, estudavam, normal. Agora aqui, �nha sugestões para os projetos e discu�amos os
assuntos e éramos uma equipe mesmo. Nós éramos
Eu passei por duas ou três escolas bem diferentes o seu fazer, a gente foi levantando esse projeto e graças a
eu comecei a trabalhar na Nelson
antes de chegar na antiga EMEI Guia Lopes em 201, que
uma família mesmo.
Deus esse projeto deu no que deu, por isso é uma escola
ma diferença
hoje é muito grande.
a EMEI Nelson Não �nha
Mandela. O evento
modelo. que feliz,
Eu fico muito mais meem
porque marcou foi aeupasseata,
outros lugares
nte foi muito bem Estou acolhida,
até agora nessa escola, se
a gente porque continuo na avenida,
nunca tivecom o Maracatu
oportunidade de falar o queBloco
eu pensode Pedra, da
e, na
lutando pelo projeto. Foram muitas lutas e muita união EMEI Nelson Mandela, a direção deu oportunidade para
ontade, pra�camente uma das
das famílias, comunidade, família e a da diretoraProfessora
professoras, e
Sol. Nós
nós da limpeza fechamos
falarmos a avenida,
e eu me considero uma pessoa tudo com
endo umadefamília.
nós, que Eu,
tivemospora oportunidade
ter sessenta e fazer parte
de poder segurança e teve guarda
muito privilegiada de atrânsito
por isso, porque para ficar tudo
gente tinha sugestões
desse projeto, graças a Deus. para os projetos e discutíamos
tranquilo, junto com a comunidade e aquilo os assuntos e éramos uma foi muito
ca vivi uma experiência tão bonita como equipe mesmo. Nós éramos uma família mesmo.
As outras escolas, eram escolas comuns. As
a o racismo, contra o preconceito junto
crianças entravam, estudavam, normal. Agora aqui, não. legal. Foi muito marcante.
O evento que mais me marcou foi a passeata, na
porque as criançasQuando são as peças
eu comecei mais na Nelson
a trabalhar Eu achei
avenida, muitoBloco
com o Maracatu estranho
de Pedra, daser chamada de
Professora
Sol. Nós fechamos a avenida, tudo com segurança e teve
cola. Mandela eu vi uma diferença muito grande. Não tinha educadora, porque para eu achava que educadora
preconceito, a gente foi muito bem acolhida, a gente se guarda de trânsito para ficar tudo tranquilo, junto com a
eto foi assim. As crianças
sentiu muito praticamente uma família e era
à vontade, envolvendo a sócomunidade
professora. e aquiloDepois euFoientendi
foi muito legal. que quando
muito marcante.
te se envolvendo
gente continuacom sendo as família. Eu, porAter sessentaestamos
umacrianças. e limpando,
Eu achei muitonós estamos
estranho ser chamada educando
de as
poucos anos, nunca vivi uma experiência tão bonita como educadora, porque para eu achava que educadora era
ça guerreira mesmo, nunca vi uma crianças a ter noção de higiene e manter uma escola
essa. A luta contra o racismo, contra o preconceito junto só professora. Depois eu entendi que quando estamos
, por issocomque o nome
as crianças, dela
porque é Cibele.
as crianças são as peças mais limpa. limpando,
Nós não nós somos a �a da
estamos educando limpeza,
as crianças nós estamos
a ter noção
. importantes da escola. ali educando
de higienecrianças.
e manter uma escola limpa. Nós não somos a
Esse projeto foi assim. As crianças envolvendo a tia da limpeza, nós estamos ali educando crianças.
em uma horta linda que as crianças e
gente e a gente se envolvendo com as crianças. A Cibele
uidam. Temos
uma forçaoguerreira
projeto do nunca
mesmo, foguetevi uma pessoa tão
, sem contar daisso
forte, por Família
que o nomeAbayomi que
dela é Cibele. Forte, fortíssima.
A gente tem uma horta linda que as crianças e
fia, a Dayóoseprofessores
o Henrique. Nós estamos
cuidam. Temos o projeto do foguete que
ade deles,nósporque
fizemos, semelescontar
foram viajar
da Família e que tem
Abayomi
am para oa Azizi,
nossa escola
a Sofia, a Dayó por causa Nós
e o Henrique. da estamos com
muita saudade deles, porque eles foram viajar e ainda não
azem muita faltapara
voltaram e as crianças
a nossa escola porsempre
causa da pandemia. Eles
s. fazem muita falta e as crianças sempre perguntam deles.
de par�cipar das reuniões,
Eu gosto porque
de participar a porque a
das reuniões,
gente opina, a gente tem liberdade de dar sugestões. Nas
ente tem reuniões
liberdade semprede dar sugestões.
participamos e nunca faltamos, porque a
mpre par�cipamos e nunca
Cibele sempre falava faltamos,
que nós somos uma equipe e cada um
Interação das educadoras com as crianças
sempre com o seu jeitinho, cada um com seu ponto, cada um com
falava que nós somos uma em momento do projeto didático.

140

140
Eu fico sempre emocionada quando falo da escola, porque são muitas experiências. Se a gente for ficar falando, vai
Eu fico sempre emocionada quando falo quando da escola, porque são muitas experiências. Se a gente for ficar
falando,Eu Eu fico
fico sempre
falando esempre
não terminaemocionada
emocionada
nunca. Ver quando falo
as criançasfalo da
da escola,
escola,
comendo o porque
porque
que são
são muitas
plantaram muitas
na horta. experiências.
experiências.
As festas que Se
Seaconteciam
aa gente
gente for fortodo
ficar
ficar
o
falando, vai falando,
falando,
falando,vaifalando
vaifalando,e não
falando,falando termina
falandoeenão nunca.
nãotermina Ver as
terminanunca. crianças
nunca.Ver comendo
Veras ascrianças o que
criançascomendo plantaram
comendoooque na horta.
queplantaram As
plantaramna festas
nahorta.que
horta.As Asfestas
festasqueque
ano e
aconteciam aconteciam
todo eram emocionantes.
o ano etodo eramooemocionantes. Cada ano era um projeto.
Cada ano eraCada Teve um
um projeto. ano que
Teve vieram
um anoTeveos índios.
queum Em
vieram 2019, a Mayara da limpeza foi
aconteciam todo ano
ano ee eram
eram emocionantes.
emocionantes. Cada ano
ano eraera um
um projeto.
projeto. Teve um anoos
ano que
queíndios.
vieram
vieram Emosos índios.
índios. EmEm
2019, a Mayaraescolhida
da para representar
limpeza foi escolhida a Lia
paraderepresentar
Itamaracá naahora Lia daItamaracá
de apresentação na das crianças
hora da e ficou lindo.
apresentação das crianças edascrianças
2019,
2019,aaMayara
Mayarada dalimpeza
limpezafoi foiescolhida
escolhidapara pararepresentar
representaraaLia Liade
deItamaracá
Itamaracána nahora
horada daapresentação
apresentaçãodas criançasee
ficou lindo. ficou Eu gostava muito quando tinha assembleia com as crianças que a Cibele se sentava com elas no anexo para saber
ficoulindo.
lindo.
o que elas
Eu gostava Euqueriam
muito
Eu quando
gostava
gostava para
muito
muito a quando
�nha escola
quando e �nha
assembleia o�nha
quecomprecisa
assembleia
assembleia comprar.
as crianças comque
com Uma
as queria que
a Cibele
ascrianças
crianças uma
se
que aaflor
sentava nacom
Cibele
Cibele mesa
se do no
elas
sesentava
sentavarestaurante,
anexo
com
comelas para
elas outras
no
noanexo
anexoqueriam
para
para
toalhas.
saber o que saber
elas ooAque
saberqueriam Cibele
que elas
elasarregaçava
para a escola
queriam
queriam as emangas,
para
para o aque
a escolasentava-se
precisa
escola ee oo que
que noprecisa
comprar. chãoUma
precisa e rolava
comprar.
comprar.na terra
queria Umacom
uma
Uma flor
queriaasnacrianças,
queria mesa
uma
uma flor então
do
flor era uma
restaurante,
na
na mesa
mesa docoisa
do diferente
restaurante,
restaurante,
outras queriampara
outrasmim.
toalhas.
outras queriamA Cibele
queriam toalhas.
toalhas.arregaçava
Cibeleasarregaçava
AACibele mangas, sentava-se
arregaçava as
asmangas,
mangas, no chão e rolava
sentava-se
sentava-se no na terra
nochão
chão comna
eerolava
rolava as terra
na crianças,
terracomcomentão
as
ascrianças,
crianças,então então
era uma coisa eradiferente
era uma Eu
uma coisa para
nunca vi mim.
coisa diferenteisso
diferente para Eu
numa nunca
escola.
para mim. vi
mim. Eu isso
Então numa
quando
Eu nunca escola.
nunca vivi issofalo da
isso numaEntão
Nelson
numa escola.quando
Mandela
escola. Então falo
eu da
me
Então quando Nelson
emociono
quando falo Mandela
falo da muito,
da Nelson eu me
inclusive
Nelson Mandela o
Mandela eumeu eufilho
me
me
emociono muito,
lembra inclusive
emociono
emociono muitomuito,
muito,o meu
o Nelson filho
inclusive
inclusive lembra
Mandelaoo meu
meu muito
e quando
filho
filho lembrao
lembraNelson
eu olhomuitomuitoMandela
para ele,
oo Nelson
Nelson e quando
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Mandela
Mandela eu
da escola,olho
ee quando
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não tem euele,
eu olhoeu
como. lembro
olho para Nãoele,
para da
dá eu
ele, para separarda
eu lembro
lembro daa
escola, não tem como.
escola
escola,danão
escola, não Não
família.
tem dá
Eu
temcomo. para
pensei
como. separar
quedá
Não
Não dá a
tinha
para
paraescola
aprendidoda
separar família.
separaratudo aescola
escola Eu
e essa
da pensei
daescola
família.que
família.foiEu
Eu �nha
uma aprendido
das experiências
pensei
pensei que
que�nha tudo e essa escola
mais fortestudo
�nhaaprendido
aprendido da minha
tudo eeessa
essavida.
escola
escola
foi uma das experiências
foi
foiuma
umaEu das
das mais fortes
experiências
experiências da minha
mais
mais fortesvida.
fortes da
da minha
minha vida.
vida.
quero lembrar também que quando eu entrei tinha a Mariana que era assistente da Cibele que era uma pessoa
Eu quero lembrar
Eu
Eu
muito envolvida também
quero
quero nolembrar
lembrar
projetoquetambém
daquando
também
escola.que eu
que
Uma entrei
quando
quando
pessoa �nha euaentrei
eu
muito Mariana
entrei �nha
�nha
companheira que era
aaMariana assistente
Mariana
da Cibele que
que
queera daassistente
era
eu Cibeleesqueci.
assistente
nunca quedadaera umaque
Cibele
Cibele
Outra queera
pessoaeramuito
uma
uma
pessoa muito envolvida
pessoa
pessoa muito
importante muito no projeto
é a envolvida
envolvida
Adriana, dano escola.
no projeto
educadoraprojeto Uma
da
da Cozinha pessoa
da escola.
escola.
queUma muito
Uma
participa companheira
pessoa
pessoa muito
muito
de todas da Cibele
ascompanheira
companheira
festas da escola. queda eu nunca
da Cibele
Cibele que esqueci.
que eueu nunca
nunca esqueci.
esqueci.
Outra pessoaOutra
muitopessoa
Outra importante
pessoa muito
muito éimportante
a Adriana, educadora
importante éé aa Adriana,
Adriana, da Cozinha que
educadora
educadora da
da par�cipa
Cozinha
Cozinha de todas
que
que par�cipa
par�cipa as festas
de
de da escola.
todas
todas as
as festas
festas da
da escola.
escola.
Nelson Mandela diz tudo: é força, é guerra, é luta para vencer. Eu não vejo a hora dessa pandemia acabar, para voltar
Nelson Mandela Nelson
NelsondizMandela
tudo: é força,
Mandela diz
diztudo:é guerra,
tudo: ééforça,é luta
força, para vencer.
ééguerra,
guerra, ééluta Eu
lutapara
paranão vejo aEu
vencer.
vencer. Eu hora
nãodessa
não vejoaapandemia
vejo hora
horadessa
dessa acabar,
pandemia
pandemiaacabar, acabar,
a ser a Nelson Mandela antiga.
para voltar a para
ser a Nelson
paravoltar
voltaraaser Mandela
seraaNelson an�ga.
NelsonMandela
Eu amo essa essa
Eu amo
Mandelaan�ga. an�ga.

escola
escola
de de
paixão.
paixão.
“Meu homem “Meu
“Meu homem
homem
Passeamos pelo parque pelo
Passeamos
Passeamos pelo parque
parque
Sem notar que
Sem existem
Sem notar brancos
notar que
que existem
existem brancos
brancos
E sem ver que havia
EE sem
sem vernegros
ver que
que havia
havia negros
negros
Nos guetos Nos
Nos guetos
guetos
São irmãos brancos
São e pretos
São irmãos
irmãos brancos
brancos ee pretos
pretos
Nos guetos Nos
Nos guetos
guetos
São irmãos brancos
São e pretos”
São irmãos
irmãos brancos
brancos ee pretos”
pretos”

Música: MeuMúsica:
HomemMeu
Música: (Carta
Meu à Mandela)
Homem
Homem (Carta
(Carta àà Mandela)
Mandela)
Compositor:Compositor:
Mar�nho daMar�nho
Compositor: Vila
Mar�nho da
da Vila
Vila

141 141
141
141
Acorde
Acorde
Acorde
Da sala de informática à gestão
Da sala de informá�ca à gestão
Deise Regina
Da sala de informá�ca
Ferreira
à gestão
Deise Regina Ferreira
Deise Regina Ferreira

Começo o texto com a frase que sempre nos oferecido pela Secretaria de Educação de São Paulo em
Começo o texto com a
motivou em todos os nossos projetos: “Essa escola é frase que sempre nos Educomunicação,
conjunto com a Diretoria oferecido
Regional pela Secretaria
de Educação Freguesia- de
mo�vou Começo
emprofessora?”o texto
todos os nossos com a frase
projetos: que
“Essasempre
escola énos Educomunicação,
Educação deEste
Sãoprojeto oferecido
Paulo em pela
conjunto com Secretaria
adeDiretoria de
mágica,
mo�vou né Sim, aqui tudo é possível... Brasilândia. nos encantou logo primeira,
mágica, néem todos os nossos
professora?” Sim, aqui projetos:
tudo é“Essa escola é
possível... EducaçãodedeEducação
Regional São Paulo Freguesia-Brasilândia.
em conjunto com a Diretoria Este
mágica, Emné 2009, foi oferecida
professora?” Sim, aaqui
oportunidade
tudo é de inclusão
possível... pois tinha odeclaro objetivo Freguesia-Brasilândia.
de formar jovens produtores
Em 2009, foi oferecida a oportunidade de projeto nos encantou logo de primeira, pois �nhaEste
Regional Educação o
de um novo
Em território
2009, foide aprendizagem
oferecida a em nossa
oportunidade unidadede de mídia,nosos quais teriamlogoa autonomia parapois desenvolver
inclusão de um novo território de aprendizagem em claro obje�vo de formar jovens produtores de mídia, oso
projeto encantou de primeira, �nha
escolar,
inclusão
nossa adesala
unidade de
umescolar,
novo informática.
a sala deLonge
território de de pensar
aprendizagem
informá�ca. Longeque
em eclaro
quais coordenar
obje�vo
teriam programas
de
a formar dejovens
autonomia comunicação.
produtores
para Em derazão
desenvolver disso,
mídia, eos
nossa
nossas
de pensarunidade
crianças escolar,
que aprenderiam a
nossas criançassala de informá�ca.
programas Longe
ou planilhas,
aprenderiam coordenar programas de comunicação. Em razão disso,e
a quais
gestão teriam
da escola a autonomia
vislumbrou umapara desenvolver
potente ferramenta
de pensar
mas
programas sempreou que
focando nossas mascrianças
na interação,
planilhas, aprenderiam
curiosidade,
sempre focando na acoordenar
gestão programas
de educação
da escola nãodevislumbrou
comunicação.
tradicional para uma Emas razão disso,
crianças,
potente
programas e,curiosidade,
descoberta
interação, ouprincipalmente,
planilhas, mas no sempre
universo focando
descoberta e, na a gestão da favoreceria
que
ferramenta escola vislumbrou
de educação o processo uma
educativo
não tradicional potente
para e a
interação,
pder i n cpossibilidadescuriosidade,
i p a l m e nte , que descoberta
n o au ntecnologia
i ve rs o d e e, ferramenta
as crianças, de
interação entreeducação
que as não tradicional
crianças, equipe
favoreceria para
escolar,
o processo
p r i n c i
possibilidades p a l m e nte , n o u n i ve rs o d e as crianças, que favoreceria o processo
poderia nos trazer,que a ideiaa nos tecnologia
chamou educa�vo
comunidade e a interação entre as crianças,
e tecnologias.
possibilidades
poderia
muita atenção nos desde que
trazer,o início.a tecnologia
a ideia nos não houve educa�vo
equipe escolar, e a interação
É nesse contexto
entre as crianças,
comunidade que, em e31
poderia
chamouAssim, nos
muita após trazer,
atenção a
a ideia
desde
aprovação
nos
o
um nãosó houve
dia que
equipe
tecnologias.
de agosto
escolar,
de 2010,
comunidade
a segunda Rádio
e
chamou muita atenção desde o
início.
do Conselho de Escola
início. Assim, após a aprovação do e da Gestão um só dia
não nos encontramos 31Escolar que tecnologias.
É nesse contexto que, em
É Mirim
nesse da Rede Municipal que, em
de contexto
Escolar, uma
Assim, nova
após
Conselho de Escola e da Gestão fase
a da
aprovação minha do não nos encontramos
para trocar ideias
de agosto
de deEducação “Tem
Rádio Escolar Mirim dasegunda
31 agosto de
2010, a segunda
Gatoa na
2010, Tuba”,
Rede
jornada
Conselho
Escolar, uma profissional
denovaEscola faseeteveda início
da Gestão
minha para os
sobre trocar
próximos ideias Municipal composta
Rádio depor
Escolar todos
EducaçãoMirim as“Tem
crianças
da Gato
Rede da
Escolar, fui
quando
jornada uma nova fase
designada
profissional da minha
professora
teve de
início sobre os próximos naMunicipal
passos...
EMEI,
Tuba”,foi inaugurada
de Educação
composta empor nosso“Temterritório.
todos Gato
as
jornada profissional teve início na Tuba”,
A rica da composta
programação por todos
da rádio contava as
Informática
quando
quando fui
fui Educativa
designada(POIE)
designada
na entãode
professora
professora de passos... crianças
crianças
com
EMEI,
da EMEI,
entrevistas ao
foi
vivo,foi
inaugurada
inauguradasobre
reportagens
em
em
chamada
Informá�ca EMEI Guia Lopes,
Educa�va (POIE) atual na EMEI
então nosso território. A rica programação da
Informá�ca
chamada
Nelson EMEIEduca�va
Mandela. Guia Lopes, (POIE)
atual na EMEI então
Nelson rádio nosso
projetos
contava território.
desenvolvidos Aem
com entrevistasricacadaprogramação
turma vivo,da
aoe música
chamada EMEI Guia Lopes, atual
Mandela.Uma de nossas primeiras ações foi possibilitar EMEI Nelson reportagens rádio contava
sobrealegria
regada a muita com
projetos entrevistas
desenvolvidosAlém
e descontração. ao
em cadavivo,
disso,
Mandela. Uma de nossas primeiras ações foi possibilitar ureportagens
r m a e m úsobre
timplementamos projetos
s iaca“Imprensa desenvolvidos
re ga d a Jovem”,
a m u i na ta quala l e emr i acada
gcrianças e
o protagonismoUma de
de nossas
nossas
crianças
primeiras
no
ações
Projeto
foi
“Música
possibilitar
onoprotagonismo de nossas t u r m a e m ú s i ca re ga d a a m u i ta a l e g r i a ae
o Parque”. As crianças
protagonismo de teriam
nossas acrianças
disposição
crianças
no
um
no
Projeto
aparelho
Projeto
descontração.
faziam a cobertura
descontração.
Além
Além
disso,dasimplementamos
jornalística
disso,
transmissões, tirando
implementamos
“Música no Parque”. As crianças teriam a disposição “Imprensa
fotos e Jovem”,convidados
entrevistando na qual com crianças
gravadores. faziam a a
de som,
“Música bem como
no Parque”. CDs, para que pudessem escolher, no
um aparelho de som,Asbem crianças como teriam
CDs,a paradisposição
que “Imprensajornalís�ca
cobertura Jovem”, na dasqual crianças faziam
transmissões, �rando a
momento
um aparelho de recreação
de som, no parque,
bem como suas músicas e assim O nome da rádio foi escolhido pelas próprias
pudessem escolher, no momento de CDs, para no
recreação que cobertura
fotos jornalís�ca
e entrevistando das transmissões,
convidados com gravadores. �rando
alegrar
pudessem toda a turma.
escolher, Um
no pedido
momento
parque, suas músicas e assim alegrar toda a turma. das depróprias
recreaçãocrianças
no crianças
fotos e que, além
entrevistando de gostarem
convidados da
O nome da rádio foi escolhido pelas próprias música
com “Tem
gravadores. Gato
àparque,
Um gestão.
pedido suas
Nesse
dasmúsicas
sentido
próprias eque
assimnosso
crianças alegrar
trabalhotodasempre
à gestão. a Nesse
turma.foi na Tuba”,
crianças O de
nome
que, além daderádio
Braguinha gostaremfoi escolhido
e Alberto daRibeiro,
música pelas
“Tem próprias
associaramGato a
Um pedido
pautado
sen�do das próprias
no coletivo,
que nosso sendo assim,
trabalho crianças
sempre àfoigestão.
nas primeiras
pautado Nesse
semanas
no crianças
naestrutura
Tuba”, de que, além
deBraguinha de gostarem
madeira localizada
e Alberto da música
noRibeiro
pátio em “Tem
que ficava
, associaram Gatoa
sen�do
das
cole�vo, que
aulassendo nosso
de informática,
assim, trabalho
nas todas sempre
as turmas
primeiras foi pautado
aprenderam
semanas das no na Tuba”, de
a aparelhagem
estrutura Braguinha
dede som a um
madeira e Alberto
localizada Ribeiro
coreto, conforme
no pá�o , associaram
descrevia
em que a
cole�vo,
aulas
a utilizar sendo
de informá�ca, assim,
a aparelhagem todas nas
deassomprimeiras
turmas
de forma semanas
aprenderam
autônoma,das
a a
ficava estrutura
música: de
a aparelhagem madeira
“Todo domingodehavia localizada
sombanda,
a um no no
coreto, pá�o doem
coretoconforme que
Jardim”
aulas de informá�ca, todas as de turmas
formaaprenderam ficava a aparelhagem de som a um coreto, conforme
u�lizar
garantindo a aparelhagem
que eles pudessem de som escolher canções ea
autônoma,
as descrevia
e ao projeto a música:
que estava“Todosendo domingo havia banda,
desenvolvido por duasno
u�lizar
garan�ndo a aparelhagem de som de forma autônoma, descrevia
coreto a música: “Todo domingo
do Jardim” e ao projeto que estava sendo havia banda, no
histórias nosque eles pudessem
momentos escolher as canções e
em que desejassem. professoras.
garan�ndo
histórias nos que eles pudessem
momentos em quecom escolher as canções e
desejassem. coreto do Jardim”
desenvolvido por duaseprofessoras.
ao projeto que estava sendo
histórias Enquanto isso,
nos momentos me deparei o Projeto “Nas Ondas desenvolvidoAs apresentações
por duas eram realizadas uma vez por
professoras.
Enquanto isso, me em que desejassem.
deparei com o Projeto “Nas As apresentações eram realizadas uma vez
do Rádio” que faziaisso,
Enquanto parte me dodeparei
Programa com Educomunicação,
o Projeto “Nas mês e exigiam a integração eram de várias equipes da escola
Ondas do Rádio” que fazia parte do Programa por mês e exigiam a integração derealizadas
As apresentações várias equipes uma vez
da
Ondas do Rádio” que fazia parte do Programa por mês e exigiam a integração de várias equipes da

142
142
142
escola para montagem das transmissões ao vivo que envolviam: a mesa de som, caixas amplificadoras,
escola para aparelhos
microfones, montagem dedas transmissões
CD, notebooks, ao vivo que
instrumentos envolviam:
musicais, a mesa
celulares, de som,
cadeiras caixas
e mesas amplificadoras,
para os repórteres
para montagem
microfones, das transmissões
aparelhos de CD, ao vivo que instrumentos
notebooks, envolviam: a mesa de som,
musicais, caixas amplificadoras,
celulares, cadeiras e microfones,
mesas para osaparelhos de
repórteres
que fariam a apresentação da rádio naquele dia.
CD,
quenotebooks, instrumentos da
fariam a apresentação musicais, celulares,dia.
rádio naquele cadeiras e mesas para os repórteres que fariam a apresentação da rádio
naquele dia.

Os textos referentes às reportagens ficavam por conta


da própriaOs equipe
textos referentes às reportagens
de apresentadores mirins. Aficavam
fala depor conta da
cada
Os
própria equipetextos referentes
de apresentadores às reportagens
mirins. ficavam
A fala cada conta
por da
repórter era transformada em imagens para que no de
momento repórter
própria
erarádio equipe de apresentadores
transformada mirins.
que A fala de cada da
repórter
da pudessem em imagens
“ler” por meio paradessas, no momento
o que garantia rádio
era transformada
pudessem “ler” em imagens
por meio para
dessas, paraque no momento
o queos garan�a da
muito rádio
mais
muito mais autonomia e segurança pequenos na
autonomia e segurança para os pequenos na horamais
pudessem “ler” por meio dessas, o que garan�a muito da
hora da apresentação
autonomia e ao vivo, sem
segurança paracontar
os que essa estratégia
pequenos na hora da
xtos referentes às reportagens
apresentação
possibilitava que
ao vivo, sem contar
as crianças
ficavamque essa
pudessem
por conta
estratégia
realizar
da
possibilitava
a atividade
apresentação ao vivo,
que as crianças mirins. sem contar
pudessemArealizar que essa estratégia possibilitava
pe de apresentadores
de
que forma
as natural.
crianças Era
pudessemincrívelfala
realizardeaa a�vidade
quando, cada
ao terminar
a�vidade
de forma natural. Era incrível quando, ao terminar de ler suas
repórterde ler
devocê
forma natural.
no�cias, os repórteres diziam com orgulho: “É com fulana/o de Era
tal” incrível
falando oquando,
nome daaopróxima
terminar de ler
criança suas
a dar o
mada em furo
imagens
suas notícias,
no�cias, os para
os
repórteres que
repórteres no
diziam
diziam momento
com com orgulho:
orgulho:
de reportagem. Impossível ficar indiferente! “É da
“É
com rádio
com
vocêvocê
fulana/o de tal” falando o nome da próxima criança a dar o
furo de
fulana/o reportagem.
de tal” falando Impossível
o nome
er” por meio dessas, o que garan�a muito mais daficar indiferente!
próxima criança a dar o furo
de reportagem. Impossível ficar indiferente!
e segurança para os pequenos na hora da143
o ao vivo, sem contar que essa estratégia possibilitava143
ças pudessem realizar a a�vidade de forma natural. 143 Era incrível quando, ao terminar de ler suas

pórteres diziam com orgulho: “É com você fulana/o de tal” falando o nome da próxima criança a dar o
Indiferente mesmo era impossível ficar, quando o DJ anunciava as 5 músicas mais pedidas do mês. Era uma
festa só! O grupo responsável
Indiferente mesmo pelaeraapresentação
impossível ficar,fazia umao pesquisa
quando DJ anunciava comas 5todos damais
músicas escola paradolistar
pedidas mês. as
Erapreferências
uma festa só!
e o sucessoOera garan�do.
grupo responsável pela apresentação fazia uma pesquisa com todos da escola para listar as preferências e o sucesso era
garantido.
A nosso ver, a rádio nos trouxe ganhos significa�vos na
aprendizagem dasA nosso ver, a rádio
crianças, pois nos
alémtrouxe
de ganhos significativos
compar�lhar na aprendizageme
conhecimentos
projetos dedascada
crianças, pois além
turma, de compartilhar
as crianças ganharamconhecimentos
autonomia, e projetos de cadae
inicia�va
turma,Além
senso cole�vo. as crianças
disso,ganharam
a rádio teveautonomia,
um papel iniciativa e senso coletivo.
transformador paraAlém
que
disso, a rádio teve um papel transformador
as crianças mais introver�das ganhassem voz por meio de novas para que as crianças mais
tecnologias,introvertidas
do uso deganhassem
microfones, voz por meio de novas
gravadores e dastecnologias,
apresentações do uso aode
vivo. microfones, gravadores e das apresentações ao vivo.
Contar com Contara compresençaa presença das famílias
das famílias nosnos momentos das
momentos das
apresentações
apresentações elevou aelevouautoes�maa autoestima de todos
de todos os envolvidos,também.
os envolvidos, também.
Para mim,Para mim, bonito
o mais o mais bonito
foi verfoique
ver que os frutos
os frutos dedenossa
nossa rádio
rádio
ultrapassaram
ultrapassaram os muros os muros
da escola,da escola,
pois pois
nossas nossas crianças�veram
crianças tiveram a a
oportunidadeoportunidade
de par�ciparde participar de diversos
de diversos eventos,
eventos, entreentre eles:a aBienal
eles: Bienal do
do
Livro, lançamento
Livro, lançamento da plataforma
da plataforma digitaldigital
“São “São
PauloPaulo Carinhosa”,Seminário
Carinhosa”, Seminário
da Diretoriada Diretoria
Regional Regional
de de Educação Freguesia-Brasilândia
Educação Freguesia-Brasilândia no CEU Paulistano,
no CEU
Mercado Municipal, entre outros. A repercussão
Paulistano, Mercado Municipal, entre outros. A repercussão foi tanta foi tanta que o projeto
que
o projeto ganhou a segunda colocação no evento “Valeu Professor – pela Secretaria Municipal de Educação e foi
ganhou a segunda colocação no evento “Valeu Professor – 2011”, promovido
objeto depela
2011”, promovido váriasSecretaria
reportagensMunicipal
em diversasdemídias.
Educação e foi objeto de várias reportagens em diversas mídias.
Quando fui designada ao cargo de professora de Informática Educativa nunca pensei que me tornaria uma das
Quando fui designada ao cargo de professora de Informá�ca Educa�va nunca pensei que me tornaria uma
idealizadoras de um projeto de tamanha importância, fato que apenas se concretizou por conta do apoio e confiança
das idealizadoras de um projeto de tamanha importância, fato que apenas se concre�zou por conta do apoio e
incondicional da gestora escolar vigente na época, Cibele Racy, assim como das demais equipes da escola. Foi um enorme
confiança incondicional da gestora escolar vigente na época, Cibele Racy, assim como das demais equipes da
prazer compartilhar tantas descobertas e conquistas com nossas crianças.
escola. Foi um enorme prazer compar�lhar tantas descobertas e conquistas com nossas crianças.
Esse Projeto colheu frutos até o ano de 2016, quando foram extintas as salas de informática na Educação Infantil.
Esse Projeto colheu frutos até o ano de 2016, quando foram ex�ntas as salas de informá�ca na Educação
Assim que a notícia chegou a nossa escola, minha trajetória profissional ganhou novos ares, porque fui convidada a
Infan�l.
compor a Equipe Gestora da EMEI Nelson Mandela. Uma escola com propostas e projetos tão potentes demandava muita
Assim que a no�cia chegou a nossa escola, minha trajetória profissional ganhou novos ares, porque fui
dedicação e comprometimento de todas e todos. Implementar e inovar na Educação requer muito estudo e pesquisa. E
convidada a compor a Equipe Gestora da EMEI Nelson Mandela. Uma escola com propostas e projetos tão
conhecimento Cibele Racy sempre teve de sobra. Ela conseguia apontar caminhos, traçar percursos e encontrar objetivos
potentes demandava muita dedicação e comprome�mento de todas e todos. Implementar e inovar na Educação
que melhor poderiam favorecer a aprendizagem de nossas crianças. Tornar-se referência em nosso território foi a primeira
requer muito estudo e pesquisa. E conhecimento Cibele Racy sempre teve de sobra. Ela conseguia apontar
grande meta como educadoras. Mal sabíamos que nos tornaríamos referência da Rede Municipal de Ensino de São Paulo
caminhos, traçar percursos e encontrar obje�vos que melhor poderiam favorecer a aprendizagem de nossas
com projetos premiados nas mais diversas áreas e temáticas e que isso seria, apenas o começo para uma equipe tão
crianças. Tornar-se referência em nosso território foi a primeira grande meta como educadoras. Mal sabíamos que
comprometida.
nos tornaríamos referência da Rede Municipal de Ensino de São Paulo com projetos premiados nas mais diversas
Ao analisar minha trajetória na EMEI Nelson Mandela, tenho certeza que fazer parte da equipe gestora abriu os
áreas e temá�cas e que isso seria, apenas o começo para uma equipe tão comprome�da.
meus horizontes em várias direções. Entrar em contato com todos os processos administrativos e contar com o apoio dos
Ao analisar minha trajetória na EMEI Nelson Mandela, tenho certeza que fazer parte da equipe gestora
educadores e educadoras da secretaria para dar conta de toda a demanda burocrática que uma escola pública recebe
abriu os meus horizontes em várias direções. Entrar em contato com todos os processos administra�vos e contar
dos órgãos centrais não foi tarefa fácil, num primeiro momento. Foram dias longos de aprendizagem para quem estava
com o apoio dos educadores e educadoras da secretaria para dar conta de toda a demanda burocrá�ca que uma
em docência havia tantos anos. Exigiram de mim boas horas de dedicação e estudo para compreender e dar conta de
escola pública recebe dos órgãos centrais não foi tarefa fácil, num primeiro momento. Foram dias longos de
todos os processos de trabalho, ao mesmo tempo em que me encheram de orgulho a cada resultado positivo, a cada
aprendizagem para quem estava em docência havia tantos anos. Exigiram de mim boas horas de dedicação e
reconhecimento e ao ver, diariamente, a satisfação das famílias ao deixarem seus filhos e filhas na secretaria da escola sob
estudo paranossa
compreender e dar conta de todos os processos de trabalho, ao mesmo tempo em que me encheram
responsabilidade.
de orgulho a cada resultado posi�vo, a cada reconhecimento e ao ver, diariamente, a sa�sfação das famílias ao
deixarem seus filhos e filhas na secretaria da escola sob nossa responsabilidade.
Se as crianças achavam a escola mágica, como adulta posso garan�r que fazer parte da gestão dessa escola
144
Se as crianças achavam a escola mágica, como adulta posso garantir que fazer parte da gestão dessa escola fugia
um pouco dos padrões que eu estava acostumada a “ouvir falar”, mesmo que tenha acompanhado os fazeres das antigas
assistentes. Lá não se podia compreender um trio gestor que não fosse pedagógico. Não era possível somente preencher
papéis, ir em reuniões que tratavam de novos formulários ou traziam novidades sobre os direitos e benefícios dos servidores.
Deveríamos estar atentos ao atendimento às crianças, às famílias e ao público e, concomitantemente, participar ativamente
dos projetos didáticos que estavam sendo desenvolvidos pelas professoras. Essa era a visão que se tinha de um trio gestor.
Unido em todas as decisões e fazeres, desde que o pedagógico estivesse funcionando como deveria: com a participação de
todas e todos.
Para garantir esse funcionamento e as aprendizagens das crianças, havia uma dinâmica muito própria entre a direção,
a coordenação e a assistente de direção. Um movimento que, hora unia as três por longos períodos, hora as distanciava para
que cada uma pudesse dar conta de suas atribuições específicas. Em nenhum momento a unidade dos trabalhos se perdia,
porque o Projeto Político-Pedagógico era um norte, também para a equipe administrativa. Acredito que não houve um só dia
que não nos encontramos para trocar ideias sobre os próximos passos e isso deu consistência ao trio e, consequentemente,
segurança ao coletivo escolar.
Na verdade, nós nos completávamos umas as outras. Enquanto uma lidava com a papelada, outra atendia a família
e a outra formava as professoras. Essas atribuições, apesar de estarem bem definidas pela legislação, eram cumpridas,
por vezes, por uma composição totalmente fora dos padrões, porque lá era assim que trabalhávamos: todas as três eram
capazes de responder a qualquer demanda da escola assim que fosse necessário. Apesar de cada uma ter habilidades e
preferências, na hora da necessidade, era preciso assumir responsabilidades quaisquer que elas fossem.
Engana-se quem pensa que uma equipe gestora pensa igual o tempo todo. Que não há atritos e desconfortos. Isso
seria ingenuidade acreditar. Tínhamos pontos de vistas opostos, às vezes, e tivemos conversas de horas para tentar achar
consensos. O importante é que acertamos ao encontrar a melhor solução para todas e todos e prova disso está em tudo
que conquistamos juntas.
O trio gestor foi fundamental para garantir continuidade aos processos de construção do Projeto Político-Pedagógico
iniciado em 2004, que eu participei desde a primeira versão, assim como a sustentação de suas concepções e, principalmente,
ao estreitamento de vínculos com a comunidade. Eu era professora da escola antes que a administração da Cibele começasse.
Posso afirmar que não havia nada mais complicado do que a relação da escola com a comunidade. A parceria estabelecida e
o nível de confiança entre mim e a direção foi determinante para muitas conquistas da escola, não tenho dúvida.
Uma escola que em outros tempos, tinha um cenário com espaços vazios e paredes cinzas, foi invadida no melhor
sentido da palavra, “de vida”, quando os novos territórios de aprendizagem surgiram, bem como a introdução da lei
nº10.639/03 no currículo da escola. O trio gestor abraçou esta temática. Todo o planejamento era cuidadoso e se pensava
em cada detalhe dos ambientes, em cada material que adquirimos com a verba pública, sendo ele estruturado ou não, não
importava, tudo tinha uma intencionalidade mudando totalmente o Projeto Político-Pedagógico da nossa escola. O poder
que tem uma gestão forte é este: trazer elementos e conhecimentos que ampliem o olhar de todas as equipes que ali atuam.
E foram esses olhares que conquistaram nossas famílias também. Sim, nossas!! Elas começaram a participar ativamente das
rotinas, dos projetos, das reuniões de Conselho de Escola, APM e Indicadores de Qualidade. Um marco neste processo foi
a chegada das figuras de afeto. Com eles vivenciamos momentos incríveis que ficarão para sempre na memória de todos.
Nossas festas com eles eram muito esperadas. A cada ano que elas aconteciam, ampliavam também a nossa rede de parceria.
Sempre foi bonito de ver nossas famílias alegres por estarem ali fazendo parte da nossa história e a gente fazendo parte das
histórias delas. Entrelaçadas. Uma contribuindo para a transformação da outra. Uma sendo a referência para a outra.

145
Entrelaçadas. Uma contribuindo para a transformação da outra. Uma sendo a referência para a outra.
Muitas famílias �veram a vida transformada pelo projeto de educação da EMEI Nelson Mandela. Elas
passaram a acontecerMuitas famílias
com as tiveram
nossas a vida transformada
famílias também peloemprojeto de educação da
consequência dosEMEI Nelson Mandela.que
conhecimentos Elas foram
passaram gerados e
as relaçõesa acontecer com
estabelecidas as nossas
com pessoas famílias também
engajadas em consequência
em causas, dos conhecimentos
formações, que
movimentos foram gerados e as relações
Entrelaçadas.
Entrelaçadas.
estabelecidas comUma contribuindo
Umapessoas
contribuindo
engajadaspara
paraemaatransformação
transformação
causas, formações, da
daoutra.
outra. Uma
Umasendo
movimentos sendo aareferência
referência
e temáticas que não para
para aeaoutra.
eram,
temá�cas que não eram,
outra.
até então, habituais
até então, habituaisMuitas em uma
Muitas famílias
famílias �veramescola
�veram de transformada
aa vida
vida educação
transformada infan�l.
pelo Vivi isso
pelo projeto
projeto de com a da
de educação
educação minha
EMEIfilha
da EMEI Nelson
Nelson que, por meio
Mandela.
Mandela. Elas dessas
Elas
em uma escola de educação infantil. Vivi isso com a minha filha que, por meio dessas interações, percebeu o seu poder de
interações, percebeu
passaram
passaram o seu com
aa acontecer
acontecer poder
com as de mulher
as nossas
nossas famílias
famíliasnegra,
também
também atuando
em a par�r daí
em consequência
consequência dosem
dos movimentos
conhecimentos
conhecimentos que
quecole�vos.
foram
foram geradosA diversidade
gerados ee
mulher negra, atuando a partir daí em movimentos coletivos. A diversidade racial não é trabalhada em nossas escolas. Com
as
as relações
relações estabelecidas
estabelecidas com
com pessoas
pessoas engajadas
engajadas em
em causas,
causas, formações,
formações,
racial não é trabalhada em nossas escolas. Com tantos ganhos, surgiu a possibilidade da mudança do nome da movimentos
movimentos e
e temá�cas
temá�cas que
que não
não eram,
eram,
tantos
até
até ganhos,
então,
então, surgiu a em
habituais
habituais possibilidade
em uma uma da mudança
escola
escola de do nome
de educação
educação da nossa
infan�l.
infan�l. ViviUnidade.
Vivi isso Fomos
isso com
com às ruas, filha
aa minha
minha fomos
filha a eventos
que,
que, por públicos
por meio
meio para
dessas
dessas
nossa Unidade. Fomos
divulgar nossa às ruas,
ideia. Nósoo nunca fomos
medimos a eventos públicos
esforçosnegra,
para uma para divulgar
escolaaapública de nossa ideia. Nós nunca medimos
onde eu for. esforços
interações,
interações, percebeu
percebeu seu
seu poder
poder de
de mulher
mulher negra, atuando
atuando par�r daíqualidade
par�r daí em e isso eu cole�vos.
em movimentos
movimentos carrego para
cole�vos. AA diversidade
diversidade
para umaracial
escola
Precisamos pública de qualidade eescolas.
isso
nossaeu carrego eparapelasonde eu for. Precisamos fazer sempre o melhor pela
racial não ééfazer
não sempre
trabalhada
trabalhada oem
em melhor
nossas
nossaspelaescolas. comunidade
Com
Com tantos
tantos ganhos,
ganhos, nossas
surgiucrianças.
surgiu Hoje agradeço
aa possibilidade
possibilidade da por tanto
da mudança
mudança aprendizado!
do
do nome
nome dada
nossa comunidade
Encerramos
nossa
nossa Unidade.
Unidade. e pelas
nossaFomos
parceria
Fomos nossas
àscomo
às ruas, crianças.
ruas,trio
fomos
fomosgestor Hoje
da maneira
aa eventos
eventos agradeço
públicos
públicos para por
mais potente tanto
para divulgar
divulgar aprendizado!
que poderíamos
nossa
nossa ideia.pensar:
ideia. Nós
Nós nuncaEncerramos
nunca medimos esforçosparceria
nossa
medimos esforços
como trioparagestor
para umada
uma maneira
escola
escola pública
pública mais
de potenteeeque
de qualidade
qualidade issopoderíamos
isso eu
eu carrego
carrego para pensar:
para onde
onde eu eu for.
for. Precisamos
Precisamos fazerfazer sempre
sempre oo melhor
melhor pela
pela

Éramos felizes
nossa
nossa comunidade
comunidade ee pelas
pelas nossas
nossas crianças.
crianças. Hoje
Hoje agradeço
agradeço por
por tanto
tanto aprendizado!
aprendizado! Encerramos
Encerramos nossa
nossa parceria
parceria
como
comotrio
triogestor
gestorda
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maneiramais
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quepoderíamos
poderíamospensar:
pensar:

Éramos felizes
e sabíamos!
e sabíamos!
"Que veleje nesse info-mar
Que aproveite a"Que
"Que veleje nesse
velejeda
vazante nesse info-mar
info-mar
info-maré
Que
Que aproveite
aproveite aa vazante
vazante da
da info-maré
info-maré
Que leve um oriki do meu orixá
Que
Que leve
leve um
um oriki
oriki do
do meu
meu orixá
orixá
Ao porto
Ao
de um
Ao porto
porto de
disquete
de um
um disquete
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disquete de
um
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micro
um micro
micro
emem
em Taipé"
Taipé"
Taipé"

Música: Pela
Música:
Música: internet
Pela
Pela internet
internet
Compositor:
Compositor: Gilberto
Gilberto
Compositor: Gilberto Gil Gil
Gil

Deise
Deise Regina
Regina Ferreira
Ferreira
Cursou
Cursou Magistério
Magistério no Deise
no Colégio
ColégioRegina
São Ferreira
São
Cursou
José Magistério
José –– São
São Paulo
Paulo em no
em 1981.Colégio São
1981.
Formada
Formada em em Pedagogia
Pedagogia
José pelas
pelas em 1981.
– São Paulo
Faculdades
Faculdades Integradas
Integradas Ibirapuera
Ibirapuera
Formada em Pedagogia pelas
em
em 1985
1985 com
com especialização
especialização para
para
Faculdades
educação
educação Infan�l
Integradas
Infan�l pela
pela Pon��cia
Pon��cia
Ibirapuera
em 1985 com
Universidade
Universidade especialização
Católica
Católica de
de São
São para
educação
Paulo
Paulo nonoInfan�l
ano
ano de pela Pon��cia
de 1997.
1997.
Universidade Católica de São
Paulo no ano de 1997.

Trio
Trio Gestor
Gestor 2019
2019 -- Deise,
Deise, Cibele
Cibele ee Marina
Marina

146
Trio Gestor 2019 - Deise, Cibele e Marina
146
146
Nota Sei que muitos de vocês não devem se lembrar de

Nota
um seriado famoso. Nele as pessoas pagavam para terem
Sei que muitos de vocês não devem se lembrar de
seus sonhos Seirealizados
que muitosedeao aportarem
vocês não devem noseparaíso
lembrareram.
de
um seriado famoso. Nele as pessoas pagavam para terem
um seriado
recepcionadas famoso. Nele
pelo elegante as pessoas pagavam
Mr. Roarke eparaíso para terem
seu ajudante
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seus sonhos realizados
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ao aportarem no
aportarem no paraíso eram.
eram.
Ta oo e a concre
recepcionadas pelo zação
elegante doMr.sonho
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e a
recepcionadas pelo elegante Mr. Roarke e seu ajudante
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localizada é Limão.
umacomercial
centro ilha verde,
do localizada
Bairro do

dada
no centro comercial do Bairro do Limão.
Limão.

fantasia
fantasia
A EMEI Nelson Mandela sempre foi conhecida por
seus territórios de aprendizagem e muitos educadores
A EMEIA EMEI NelsonMandela
Nelson Mandela sempresempre foi conhecida por seuspor
foiconquistamos
conhecida
acreditam que a qualidade da educação que
seus éterritórios
territórios de aprendizagem
fruto exclusivo de aprendizagem e muitos educadores
dessa imensidão e muitos acreditam
territorial.
que
educadores
Minha
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muito simples.que A émaioria
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muito as possibilidades de um bom
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pode reduzir e muito as possibilidades de um bom trabalho.
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porque dele pode
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reduzir e muito as possibilidades de um
trabalho com a Lei 10.639/03. O fato é que muitas das bom trabalho.
de professoras, talvez porque tenhamos iniciado o trabalho com
O ano era
professoras que2012nham e houve
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a Lei 10.639/03. O fato é que muitas das professoras que tinham
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da sala
de
equipe leitura, da brinquedoteca,
de professoras, talvez da cozinha
porque experimental
tenhamos e da o
iniciado
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trabalho com experimental
da cozinha a Lei 10.639/03. e da horta,O não
fato é que muitasdadas
O desejo das professoras que faziam
ficarammais na parte
escola,
Acervo - Mostra cultural professoras
nossa que
equipe. nham par cipado da
algumas recém-chegadas, era construir uma nova sala de
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de leitura, da brinquedoteca, da cozinha experimental e da
horta, não faziam mais parte da nossa equipe.
O desejo das professoras que ficaram na escola,
147
147
Acervo - Mostra cultural algumas recém-chegadas, era construir uma nova sala de
O desejo das professoras que ficaram na escola, algumas recém-chegadas, era construir uma nova sala de convivência.
Uma sala dos sonhos. Durante o recesso e as férias, reuni o grupo interessado e elaboramos juntas um Planejamento
Estratégico.
Em dezembro de 2011, eu e as educadoras da limpeza desmontamos a escola inteira. Levamos todos os materiais e
móveis para o galpão da escola. Tudo organizado para receber as professoras em 2012.
Ainda em dezembro, quando acontece a atribuição de aulas e salas, entregamos uma carta de boas-vindas a todas e
todos os funcionários da escola, anunciando que haveria mudanças sem detalhar quais seriam elas.
Dia 01 de fevereiro de 2012, as professoras antigas e novas chegaram. A reação foi de desconcerto ao verem o caos
instalado. A escola sempre estava organizada, sem que fosse preciso fazer absolutamente nada nos primeiros dias do ano.
Lemos, de imediato o texto: O caos como oportunidade de mudança, frase do novelista e historiador Henry Adams
para aplacar os primeiros desconfortos que sabíamos que aconteceriam.
Saímos daquele ambiente poluído e convidamos a todas e todos para conhecerem as novas salas de convivência da
EMEI Nelson Mandela. É bom sinalizar que a maior reclamação das professoras era que as crianças não tinham lugar para se
movimentar. “As mesas e cadeiras ocupam todos os espaços da sala”. Entramos num lugar totalmente vazio.
Trabalhamos suas possibilidades, mas com os corpos meio desajeitados, sem saber onde se apoiar, onde se
aconchegar.
Pedimos que as três professoras que ocupavam a mesma sala em períodos diferentes se reunissem e colocassem no
papel como seria essa “sala dos sonhos”.
“Clara, iluminada, sem cadeiras ou mesas”, “com múltiplas atividades que permitam a autonomia das crianças”, “onde
eu consiga realizar meu trabalho e proporcionar momentos felizes”, “com brinquedos, jogos, materiais de artes, sucata e
instrumentos musicais”, foram alguns dos desejos.
Em seguida começou a brincadeira. Cada grupo/sala ganhou duas madrinhas para o ano todo, entre as educadoras
da limpeza, e todas partiram para o galpão escolher o que queriam para ambientar suas salas.
Querem saber o final desse episódio?
Antes disso, preciso fazer uma pequena análise. Constatei que alguns sonhos têm prazo de validade. Os territórios
de aprendizagem idealizados e construídos por um grupo de professoras não tinham o mesmo valor para as novas equipes
que chegavam. Compreendi que era preciso desapegar de tudo que até então era tido como ótimo para experimentar os
novos sonhos.
Não foi um processo fácil, mas necessário.
Decorridos três ou quatro meses, os brinquedos da antiga brinquedoteca, muitos livros da sala de leitura, os jogos da
ludoteca já não existiam mais. As crianças disputavam as poucas cadeiras que existiam nas salas, porque ficavam cansadas
de sentar no chão grande parte do tempo.
Todas essas questões foram sendo levadas para discussão na sala das professoras. Havia, em muitas, uma exaustão
visível, porque a dinâmica havia sofrido uma drástica mudança.
A rotina das crianças ficou reduzida à sala, parque, restaurante, horta e quadra. Aquela movimentação que fazia
bem, acabou. Uma escola de mais de um quarteirão repleta de ar e verde, estava na verdade, confinando suas crianças, num
novo ambiente poluído e menos confortável. Ao chegar os dias mais frios, algumas mães reclamaram da falta de cadeiras
para seus filhos.
Infelizmente levou um tempo para repor todo o material que foi perdido, porque a verba nunca foi muita.
Às vezes, por mais experiência e capacidade de antecipação que você tenha, passar com seu grupo por algumas

148
experiências é mais do que importante, é fundamental. Se a gestão tivesse feito suas previsões, certamente o ano de 2012
ilustrações para revistas que falam sobre educação. Não
começaria cheio de frustrações.
são para escolas públicas com parcos recursos, com trinta
Compreendemos, como
e cinco crianças coletivo,
e uma que modismos pedagógicos e cópias de modelos de cá e de lá são ótimas ilustrações
professora.
para revistas que falam Nemsobre educação.
sempre Não uma
o ideal para são para escolas
escola públicas com parcos recursos, com trinta e cinco crianças e
é o melhor
uma professora.para outra.
Daquele episódio em diante, construímos projetos
Nem sempre o ideal para uma escola é o melhor para outra.
permanentes para todos os territórios de aprendizagem
Daquele episódio
da escola, comoemforma
diante, construímospara
de preservá-los projetos permanentes
as crianças da para todos os territórios de aprendizagem da
escola, como forma
escola.de preservá-los para as crianças da escola.
Logo após a apresentação
Logo após a apresentação no Seminário
no Seminário de Educação
de Educação que dava conta que a sala dos sonhos foi, na verdade, nosso
que dava conta que a sala dos sonhos foi, na verdade, nosso
pior pesadelo, lembro de ter ouvido a Diretora da Divisão Técnica exclamar: “Adoro ouvir um pouco de realidade por aqui!”.
pior pesadelo, lembro de ter ouvido a Diretora da Divisão
Na série da TV,exclamar:
Técnica quando“Adoro
o sonho doum
ouvir sonhador não
pouco de dava muito
realidade por certo, o diálogo final dos anfitriões era inspirador:
Mr. Roarke:
aqui!”.- Ah, anime-se Tattoo. Como você disse, ninguém acerta todas, não é?
Tattoo: - Mas éNadivertido
série da tentar!
TV, quando o sonho do sonhador não dava muito certo, o diálogo final dos anfitriões era
inspirador:
Mr. Roarke: - Ah, anime-se Ta oo. Como você disse, ninguém acerta todas, não é?
Ta oo: - Mas é diver do tentar!

Da ditadura das cadeiras


à ditadura
das rodas,
tudo que é demais
o. Não
m trinta é muito.
melhor

ojetos
zagem
ças da

ucação
nosso 149

Divisão
de por

hador não dava muito certo, o diálogo final dos anfitriões


149 era
Voz
Voz
“Diário de projeto é o grande livro que
“Diário
“Diário de
de projeto
conta
conta
projeto éé ooda
a história
a história
grande
da
conta a história da
nossalivro
grande
nossa
livro
nossaSilva
Ana Cristina
que
que
turma.”
turma”
turma”
Godoy
Ana
Ana Cristina
Cristina Silva
Silva Godoy
Godoy

Escolhi como título a fala significativa de uma das mais alto e, durante os meus quinze minutos de descanso,
Escolhi como �tulo aafala
falasignifica�va de uma meus
meus quinze minutos de
de descanso, comecei a
criançasEscolhi
da Turma como �tulo
Marte, durante significa�va
nossa Mostra de uma
Cultural comecei quinze
a explorar minutos
cada volume descanso,
sem fazer muito comecei alarde.a
das
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da Turma
Turma Marte,
Marte, durante
durante nossa
nossa Mostra
Mostra explorar
explorar cada
cadavolume
volume sem fazer
fazermuito
semmaterial muito alarde.
alarde. Jamais
Jamais
em 2018,em
Cultural ao 2018,
explicaraopara sua mãe,
explicar parao sua
que mãe,
aqueleo diário Jamais
imaginei imaginei
que que
aquele aquele
material poderia
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representava. 2018,
Sim, ao explicar
o nosso Diário para sua
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outro material
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que trate sobre ser
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aquele diário representava. Sim, o nosso Diário de
diário representava. Sim, nosso Diário de quanto
quanto qualquer outro livro que trate sobre as
qualquer outro que trate sobre as
documentaçõesdas pedagógicas que enriquecem as práticas pedagógicas
prá�cas da Educação Educação Infantil e seus registros.
Projeto
Projeto éé uma
uma das documentações
documentações pedagógicas
pedagógicas que que prá�cas pedagógicas
pedagógicas da da Educação Infan�l Infan�l ee seus seus
pedagógicas da EMEI Nelson Mandela. Eledaé um documento O primeiro impacto veio
registros. quando descobri do que se
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Nelson registros. OO primeiro
primeiro impacto
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quando descobri
descobri
construído
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do que se tratava pela capa confeccionada feitos
do que pela
se capa
tratava confeccionada
pela capa com elementos
confeccionada com
Mandela. Ele é um documento construído com aa
Ele é um documento construído com com
par�cipação
revelando, porda
par�cipação da professora
meio de diversas
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das crianças
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revelando, elementos
por crianças feitos
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e adultos,
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mais diferentes os
por meio
meio de de diversas
os conhecimentos
por representações
e percursos
diversas ar�s�cas,
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representações os
cada grupo
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possíveis. De diferentes
planetas a possíveis.
frutas, de De planetas
animais
�tulos mais diferentes possíveis. De planetas a frutas, a cores ae frutas,
alguns
conhecimentos
de crianças. e percursos construídos
conhecimentos e percursos construídos por cada por cada de
de animais
com nomes de
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cores ee importantes.
pessoas alguns
alguns com com Na nomes de
verdade,
nomes de pessoas
era uma
pessoas
grupo
grupode de crianças.
crianças. importantes.
profusão interminável
importantes. Na
Na de verdade, era uma
ideias e acontecimentos.
verdade, profusão
era uma profusão Ao me
Entrei na EMEI Nelson Mandela em 2017, e
Entrei
Entrei na
na EMEI
EMEI Nelson
Nelson Mandela
Mandela em em 2017,
2017, ee interminável
refazer de ideias
do maravilhamento
interminável e acontecimentos.
de ideias edaacontecimentos.
descoberta de um tesouro Ao
Ao me me
com olhos
com olhos dedeprofessora,
professora, fuiobservando
fui observando asasparedes,
paredes,
com olhos de para
professora, fui elas
observando asaparedes, refazer do maravilhamento
refazerdedooportunidades
maravilhamento da descoberta
da desvendadas,
descoberta percebide
de um um
asprateleiras
prateleiras ver ooque
que mediziam
diziam respeito repleto a serem
as
as prateleiras para ver o que elas me diziamaarespeito
para ver elas me respeito tesouro repleto de oportunidades aa serem
daquele ambiente que eu desconhecia, mas que quejá tinha tesouro repleto de oportunidades
que cada um continha a narrativa de um projeto. Nas serem
daquele
daquele ambiente
ambiente que que eu eu desconhecia,
desconhecia, mas mas que jájá desvendadas, percebi que
�nha ouvido falar muitas vezes. Na desvendadas,
páginas daqueles percebi
diários, que cada
estavam cada um
um con�nha
impressas con�nha
históriasa
asdaqueles
a
ouvido ouvido
�nha falar muitas vezes.
falar Na salavezes.
muitas Na sala dos
sala
dos professores, meu
dos narra�va
narra�va de um
degrupos projeto.
um projeto. Nas
Nas páginas
páginas daqueles
professores,
professores, meu
olhar parou emmeu olhar
umaolhar
coleçãoparou em
de cadernos
parou uma
em uma coleção
gigantes
coleção de
e bem
de vividas
diários, pelos
estavam de crianças
impressas as e que
históriasa professora
vividas pelosera
cadernos gigantes e bem diferentes. diários,
apenas estavam
mais crianças impressas
um elemento e não as histórias vividas
a principal figura pelos
naquele
cadernos
diferentes.gigantes e bem diferentes. grupos
grupos de de crianças ee que que aa professora
professora era era apenas
apenas
contexto.
mais O que me echamava a atenção eramnaquele páginas
mais umum elemento
elemento e não não aa principal
principal figura
figura naquele
com desenhos,
contexto. colagens, dobraduras, fotos,eram escritas feitas
contexto.OOque queme mechamava
chamavaaaatenção atenção erampáginas páginas
pelas
com crianças,
desenhos, ou suas falas
colagens, registradas
dobraduras,
com desenhos, colagens, dobraduras, fotos, escritas pelas professoras,
fotos, escritas
feitas
tudo pelas
feitascom
pelastodocrianças, ou
cuidado
crianças, ou suas falas
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suas registradas
falas para valorizar
registradas pelas
pelasas
professoras,
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professoras, delastudoe não
tudo com
com todo
exaltar
todo as cuidado
cuidado esté�co
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esté�co das
para
valorizar
valorizar as
professoras. as produções
produções delas delas ee não não exaltar
exaltar as as
habilidades ar�s�cas das professoras.
habilidades ar�s�cas das professoras.

Parecia
Parecia uma
Parecia uma
coleção,
uma coleção,
mas não
coleção, mas
eram
mas não
impressos
não eram
eram
impressos
ou não ou
faziam não faziam
parte do parte
acervo do
enviadoacervo
pela
impressos ou não faziam parte do acervo enviado enviado
Secretaria
pela
pela Secretaria
Municipal Municipal
de Educação,
Secretaria de
porque
Municipal dejáEducação,
tinha estadoporque
Educação, em outras
porque jájá
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�nha estado
escolas em
da rede
estado outras
outrasescolas
emmunicipal da
darede
de ensino.
escolas municipal
A curiosidade
rede municipal de
falou
de
ensino. A curiosidade falou mais alto e, durante
ensino. A curiosidade falou mais alto e, durante os os

150
150
150
Recebi orientações durante todo o ano, sobre toda
coordenação, mas das próprias colegas.
Toda a documentação é elaborada cole�vamente para
habilidades de todas e as dúvidas encontrem, rapidamente, as s
dos Diários de Projeto não foge a essa regra. Trocamos ideias pa
Diferentemente de outras experiências, além de ter o a
Eles estavam cronologicamente organizados e foi perceptível as mudanças que foram acontecendo nesse passar do
compreender um pouco mais sobre o diário de projeto quando
tempo. A sua elaboração foi sendo qualificada para garantir que qualquer pessoa pudesse entender o projeto dos grupos a
primeiros dias do ano le�vo. Ao mesmo tempo que eu lia sobr
qualquer tempo que o diário fosse lido.
na sala dos professores.
Assim me encantei e não via a hora de entender como e quando, isso Sótambém
depoisfaria parte do
entendi meuque
o por percurso
havianauma
escola.prateleira re
Como professora nova naquele território, havia uma insegurança
cordões,inicial sobrena
botões como
salamedos
apropriar desse instrumento
professores. Não era para deixar f
de trabalho, porque já sabia não ser esse o único a fazer parte da complexa documentação pedagógica da escola
nas suas salas, era para os professores u�lizarem que escolhinos diários d
para trabalhar. páginas.
Aprendi, com o tempo, que se aprende no exercício do fazer. Toda as segundas-feiras nos reunimos na sala das pro
Recebi orientações durante todo o ano, sobre toda a documentação
tesouras parapedagógica.
criarmos Não só da páginas.
nossas gestão e coordenação,
Cada uma a seu es�lo,
mas das próprias colegas. projeto. Trocamos experiências, aprendemos umas com a
Toda a documentação é elaborada coletivamente para queminimalistas e detalhistas,
haja troca de ideias, fazer páginas
sejam potencializadas megalomaníacas, cr
as habilidades
de todas e as dúvidas encontrem, rapidamente, as soluções no simplesmente
próprio grupo de mostrar que
trabalho. Ao menos também
elaboração dos Diáriosé mais.
de
Como
Projeto não foge a essa regra. Trocamos ideias para seu planejamento e execução. disse acima, o Diário de Projeto conta a história d
Diferentemente de outras experiências, além de ter orepresentação
acompanhamento lúdica dos registros
da gestão feitosfoinapossível
pedagógica, Teia de Conhecim
compreender um pouco mais sobre o diário de projeto quando recebi professoras.
o Projeto Político-Pedagógico da escola nos primeiros
dias do ano letivo. Ao mesmo tempo que eu lia sobre ele,
eu viajava nas histórias dos cadernos gigantes na sala dos pedag
professores. garan
profis
Só depois entendi o porque havia uma prateleira
repleta de fitas, papéis especiais, brilhos, sementes, cordões,
de pr
botões na sala dos professores. Não era para deixar fora do
subs�
alcance das crianças, o material delas estava nas suas salas,
o trab
era para os professores utilizarem nos diários de projeto junto metod
com elas ou na finalização de suas páginas. enred
Toda as segundas-feiras nos reunimos na sala das envolv
professoras e ocupamos as mesas com colas, tecidos, fazem
tesouras para criarmos nossas páginas. Cada uma a seu avent
estilo, à sua maneira, vai construindo o seu grande livro do projeto. Trocamos experiências, aprendemos umas com as outras
a criar composição de cores, sermos minimalistas e detalhistas, fazer páginas megalomaníacas, criar pop arte, destacar as
composições infantis, ou simplesmente mostrar que o menos também é mais.
151
Como disse acima, o Diário de Projeto conta a história do projeto didático de cada grupo. Na verdade, ele é a
representação lúdica dos registros feitos na Teia de Conhecimentos que é utilizada para nortear o trabalho das professoras.
Como todo registro do pensar e do fazer pedagógico da escola, existem objetivos que queremos garantir tanto para
as crianças, quanto para os profissionais que trabalham com elas.
A primeira e grande conquista ao assumir o diário de projeto como documentação, foi utilizá-lo em substituição às
sequências didáticas que antes norteavam o trabalho da equipe docente da escola. Assim como a metodologia anterior,
o diário garante o registro do enredo do projeto. Nossos projetos contam histórias envolvendo as figuras de afeto e as
provocações que fazemos às crianças vão construindo os caminhos da aventura que vivemos com elas durante o ano.
O registro é semanal, portanto, ele acaba se transformando numa sequência de eventos que promovem
conhecimentos, assim como a sequência didática propõe. Apesar de não estar presente durante esse período, soube disso

151
pela leitura do Projeto Político-Pedagógico que traz o histórico de todas essas mudanças pelas quais a escola passou.
É importante garantir ao professor e às crianças que elas tenham acesso aos conhecimentos construídos pela
humanidade e por que não lhe dar acesso ao que foi construído por ela e seu grupo? O diário de projeto cumpre com esse
objetivo, uma vez que fica disponível para ser manipulado nas salas de convivência. Há dias em que planejamos uma visita
coletiva ao diário para relembrar nossas experiências e recorremos a ele quando preparamos a apresentação dos seminários
infantis.
A cada visita, o que já se sabe ganha novas indagações e permite partir para novas pesquisas. Portanto, além de
reavivar as lembranças é um potente instrumento de avaliação do nosso trabalho como professoras. É quando devemos nos
perguntar se existe a necessidade de retomarmos algumas vivências ou se devemos usar a nossa criatividade para reelaborar
experiências inusitadas, possibilitando novas hipóteses e possíveis soluções.
O Diário de Projeto subsidia o nosso planejamento semanal. Não é possível seguir adiante sem consultarmos o último
registro feito nesse portador de experiências para dar continuidade pedagógica ao nosso fazer.
A sua elaboração exige planejar o que as crianças irão produzir para compor a próxima página, anotar o que elas
pensam e o que aprenderam sobre o tema trabalhado, registrar as falas infantis e definir quais crianças serão responsáveis
pela produção daquela semana.
Geralmente escolhemos quatro crianças para a confecção de uma página e rodiziamos os grupos para que todas
participem da sua confecção e deixem suas marcas no documento coletivo.
Outro objetivo do Diário de Projeto, além dos já mencionados, é tornar-se referência estética para as crianças. O uso
das cores, o uso dos materiais, a disposição dos elementos na página, tudo é pensado para servir de inspiração para que ela
utilize como norte, quando for fazer suas produções no seu portfólio individual.
Como toda a documentação pedagógica, o diário é utilizado pela gestão pedagógica para formação individualizada.
Após análise, conversamos sobre os rumos do projeto e trocamos ideias e sugestões de novos encaminhamentos para
enriquecer a teia de conhecimentos e nossos planejamentos semanais. É um documento que dá visibilidade ao trabalho das
professoras e das crianças da EMEI Nelson Mandela e serve para a gestão como suporte de formação e avaliação do nosso
trabalho.
Percebo que nas reuniões de pais, fica muito mais lúdico e interessante para as famílias conhecer o projeto que está
sendo desenvolvido com as crianças, quando lhes mostramos as páginas coloridas do Diário. Parece que há um envolvimento
instantâneo, porque reconhecem nele os momentos das histórias que seus filhos e filhas chegam contando em casa.
Assim como para as outras documentações, há orientações precisas do mínimo que deve ser observado para a
elaboração de cada página. Essas definições foram sendo determinadas pela experiência acumulada das professoras que me
antecederam e registradas no Projeto Político-Pedagógico da escola para servir de consulta sempre que necessário.
Descrevo, a seguir alguns dos detalhes que compõem a sua elaboração.
- O Título deve sinalizar de forma objetiva o tema que a página retrata.
- A contextualização é um texto elaborado pela professora descrevendo a experiência que foi vivenciada e o
conhecimento que foi construído pelo grupo. Além disso deve fazer uma relação com o conteúdo da página feita anteriormente
para garantir o enredo do projeto.
Essa contextualização é sempre lida para as quatro crianças responsáveis pela confecção dos elementos que
comporão a página para servir de inspiração às crianças. Devem ocupar o menor espaço possível da página porque serão
lidos, apenas, pelos adultos e para que eles compreendam o passo a passo do projeto. O maior espaço da página deve ser
preenchido com as produções do grupo.

152
ue comporão
que comporão a páginaa para página servir
paradeservir inspiração
de inspiração
às às
rianças. crianças.
Devem ocupar Devem oocupar menoro espaço menor possível espaço possível
da da
ágina porque
páginaserão porque lidos,serão apenas,
lidos, pelos
apenas, adultos
peloseadultos
para e para
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maior espaçomaior da espaço
página
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pela equipe pela equipe está, Se issoestá,
deve serdeve ser
ue a gestão crianças no
pedagógica diário. Em nossa linha de tempo,
epresentado representado
pelo pelo avalia
trabalho diretoocom
trabalho caminhar
diretoas crianças
com doas crianças
no no
dedicamos três dias aos projetos e temos apenas
Se os temas
iário. Emdiário. estão
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nossade tempo, trabalhos,
linha dededicamos se o
tempo, dedicamos projeto
três dias aos três dias aos
um dia de registro em nosso diário, portanto, essa
gnado
rojetoseprojetos
ese a teiaeapenas
temos do
temos conhecimento
um apenasdia de
única página semanal tem que ser muito bem
está
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diário,
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exercitar página
issoo meu devesemanal
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bem
trabalho
síntese planejada.
Eu
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esse Eu
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exercitar
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documento. a exercitar
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síntesedeelaborando
síntese elaborando
esse documento.
esse documento.
m nossa- As linhaFalas
de- Infan�s
As
- AsFalas
tempo, FalasqueInfan�ssão registradas
dedicamos
Infantis quetrês
que sãoregistradas
são registradas
dias pelas
aos professoras
pelas professoras
e podemeser podem
digitadasser digitadas
ou escritas oupelas
escritas
próprias
pelas própria
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temoscrianças.
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pelas professoras dianão e épodem
de haja
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ser haja
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ou �po de correção
ou adequação ou adequação
da fala. Elas da fala.
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registradas
ser registradas
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orma exata
rtanto, forma
essacomo exata
única
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página
pelas faladas.
própriasforam
semanal faladas.
crianças. Atem queéser
exigência que não haja nenhum tipo de correção ou adequação da fala. Elas devem ser
Devem
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Devem
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a exercitar as pensam
crianças
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e o que querem
documento. e o queaprender
querem aprender
sobre sobr
Asle. Falasele.
Infan�s Devem que são refletir o que as crianças
registradas pelaspensam sobre o tema,
professoras o que aprenderam
e podem e o queou
ser digitadas querem aprender
escritas sobre
pelas ele.
próprias
- Fundos -eFundos
A exigência é que-Bordas
Fundos
não haja eesãoBordas
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nenhum sãosão propostas
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crianças
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crianças oucriançasnosrealizam
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momentos nos momentos
de a�vidades
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da fala. Elas de a�vidades
ser diversificadas
diversificadas
devem em quediversificadas
registradas daem
vários em
ue vários quemateriais
vários são
materiais materiais
são disponibilizados
são disponibilizados
disponibilizados que as eprofessoras
e que aseprofessoras que as professoras
aproveitam aproveitam
para comporaproveitam
para compor
as páginas para de
do Diário as
compor
páginas
Projeto. as do
páginas
Diáriodo deDiário d
ata como foram faladas.
rojeto. Projeto. Ao final do ano letivo, eu percebo como as crianças sentem orgulho de mostrar o Diário de Projeto às visitas e as
evem refle�r o que as crianças pensam sobre o tema, o que aprenderam e o que querem aprender sobre
Ao finalsuasdo Aoano final
famílias ele�vo,
do ano
como eutornam
se le�vo,
percebo eu como
percebo
protagonistas asaos
crianças
como assentem
folhearem crianças orgulho
sentem
suas páginas de
orgulho
contandomostrar
tudo quedeomostrar
Diário de
aprenderam o Diário
Projeto
para deàsquiser
quem Projeto
visitas às visita
asouvir.
as suasefamílias suas Confesso
comoquese
efamílias eaté eu meseespanto
como
tornam comprotagonistas
protagonistas
tornam o tanto
aosde folhearem
coisasaos
que folhearem
construímos juntos.
suas páginassuascontando
páginas contando
tudo quetudo aprenderam
que aprenderam
Fundos e BordasOsão Diário
propostas
deouvir.
que
ProjetoConfesso
deveaté
as crianças
comunicar de
realizam
forma simples,
nos momentos de a�vidades diversificadas em
ara quem paraquiser
quem ouvir.
quiser Confesso que euquemeaté espanto
eu me com
espantooobjetiva
tanto
comdeeocolorida
tantocomo
coisas de
que aconstruímos
infância
coisas quedeve ser, bem como
construímos
juntos. o que
juntos.
s materiaisumsão disponibilizados que as professoras
na eEMEI aproveitam para compor as páginas do Diário de
O Diáriogrupo de de criança
O Diário
Projeto dedeve viveucomunicar
Projeto deveNelson deMandela.
comunicarformade simples,
forma obje�va
simples, eobje�va
coloridae como
colorida a infância
como a deveinfância
ser,deve
bem ser, bem
omo o que como umogrupoqueDurante
um meus anos
degrupo
criança nestana
deviveu
criança EMEI,
EMEIvejoNelson
viveu os diários
na que
EMEIMandela. já construí
Nelson com as turmas na prateleira da escola e tenho orgulho
Mandela.
o final Durante
do ano le�vo,
de tudo meuso queeu
Durante já percebo
anos vivi nesta
meus comcomo
e vi anos EMEI,meuas
o nesta vejocrianças
olhar
EMEI,atento
os esentem
observador
diários
vejo osque orgulho
diários
já de uma de mostrar
queprofessora
construí já com o Diário
asmandelense.
construí turmas
com asna de Projeto
turmas
prateleira às
davisitas
na prateleira
escolada e escola e
famílias
enho orgulho e como
tenhode orgulhose
tudo odetornam
que tudo protagonistas
já vivi
o quee vijá comvivioemeu aos
vi com folhearem
olhar
o meuatento
olharsuas páginas
e observador contando
atento e observador
de uma professoratudo que
de uma professora aprenderam
mandelense.mandelense.
m quiser ouvir. Confesso que até eu me espanto com o tanto de coisas que construímos juntos.
Diário de Projeto deve comunicar de forma simples, obje�va e colorida como a infância deve ser, bem
ue um grupo de criança viveu na EMEI Nelson Mandela.
urante meus anos nesta EMEI, vejo os diários que já construí com as turmas na prateleira da escola e
gulho de tudo o que já vivi e vi com o meu olhar atento e observador de uma professora mandelense.

153

153 153
“O que
“O que está
está escrito
escrito em
em mim
mim
Comigo ficará guardado
Comigo ficará guardado
Se lhe
Se lhe dá
dá prazer
prazer
A vida
A vida sempre
sempre segue
segue em
em frente
frente
O que se há de fazer
O que se há de fazer
Só peço
Só peço a a você
você
Um favor,
Um favor, se
se puder
puder
Não me esqueça,
Não me esqueça, num num canto
canto qualquer.”
qualquer.”

Música: O
Música: O Caderno
Caderno Ana
Ana Cris�na
Cris�na �ilva
�ilva Godoy
Godoy
Compositor: Chico Buarque
Compositor: Chico Buarque Formada
Formada em Pedagogia pela
em Pedagogia pela
Universidade
Universidade Nove
Nove de
de Julho
Julho
desde
desde 2013.
2013. Atua
Atua na
na Educação
Educação
Infan�l h� mais de vinte anos.
Infan�l h� mais de vinte anos.

154
154
154
Acorde Salas de conviver, arranjos possíveis
Salas para conviver: arranjos
Luciane possíveis.
Souza Soares
Luciane Souza Soares

Inicialmente,
Inicialmente,nos nostrês
três últimos
úl�mos semestres
semestres da aos conceitos teóricos, práticas profissionais em todos os
teóricos, prá�cas profissionais em todos os setores de
graduação
da graduação em Pedagogia, por conta por
em Pedagogia, da elaboração
conta dado setores de uma empresa.
uma empresa.
Trabalho
elaboração de Conclusão
do Trabalho de Curso, tive a possibilidade
de Conclusão de Curso,de Além disso, o programa buscava desenvolver
Além disso, o programa buscava desenvolver
iniciar minha carreiradecomo
�ve a possibilidade professora
iniciar em umcomo
minha carreira projeto competências
competênciasprofissionais
profissionaisee pessoais
pessoais que garantisse
que garan�sse
professora
social em um
da Prefeitura projetodesocial
Municipal da Prefeitura
Santo André/SP (Projeto aa formação
formação global
global ee ampliasse
ampliasse as as possibilidades
possibilidades dosdos
Municipal de Santo André/SP (Projeto Andrezinho
Andrezinho Cidadão), cujo objetivo era o desenvolvimento participantes
par�cipantes de inserção pessoal e profissionaldoa
de inserção pessoal e profissional a partir
Cidadão), cujo obje�vo era o desenvolvimento
da sociabilidade de indivíduos ou grupos em situação de da repertório de cada umdee cada
par�r do repertório suas conexões
um e suascom as diversas
conexões com
sociabilidade de indivíduos ou grupos
conflito social por meio de processos educativos em situação informações,
as de modo a integrar
diversas informações, de modo esses elementos
a integrar na
esses
de conflito social por meio de processos
não-formais. construção de
elementos na novos saberes.
construção de novos saberes.
educa�vos não-formais. Nas experiências profissionais acima
Dessa forma, tínhamos como Nas experiências profissionais
Dessa forma, �nhamos como citadas, haviahavia
espaço
objetivo provocar e fortalecer os
obje�vo provocar e fortalecer os acima citadas, espaçopara
para diálogo,
diálogo,
processos de autoconhecimento e di sc ussõe s e con str usentidos
çõe s dee
processos de autoconhecimento e
transformação,
Oferecer discussões e
sen�dos e para
construções
significados
de
todos os para todos
transformação,tanto tantonanavida
vidadas significados envolvidos.
crianças
criançase adolescentes,
e adolescentes, quanto nos
quanto
das
desafios sob os envolvidos. Não se adequava
Não se adequava aos tempos e
grupos e comunidades
nos grupos e comunidades nos quais nos diversas medidas é aos tempos e espaços de uma
espaços de uma educação tradicional,
educação tradicional, fragmentada
estavam inseridos.
quais estavam inseridos. garan r que todas a fragmentada e limitada.
e limitada.
Não �nhamos
Não tínhamos uma uma salasalade crianças consigam AA partir
par�r da da aprovação
aprovaçãopara para oo
aula, nosso espaço de trabalho
de aula, nosso espaço de trabalho era a concurso
concurso da da prefeitura
prefeitura de de São
São Paulo
rua onde nos reuníamos
era a rua onde nos reuníamos em em roda para avançar. (2003),
Paulo
(2003), iniciei
iniciei minha jornada como
minha jornada como
discu�r
roda parasobre os interesses,
discutir dúvidas e
sobre os interesses, professora dede
professora educação
educação infantil. Nesse mesmo
infan�l. Nesse
angús�as
dúvidas e das meninas
angústias das emeninas
meninose que ali se
meninos períodoperíodo
mesmo de atuação no magistério,
de atuação entrei para
no magistério, o
entrei
encontravam. Era muito interessante de se ver que para o mestrado em Linguís�ca
que ali se encontravam. Era muito interessante de se ver mestrado em Linguística Aplicada eAplicada
Estudos da e Estudos
Linguagemda
a cada dia esse grupo crescia em quan�dade e em Linguagem no(2005).
LAEL/PUC-SP (2005). Nessaobjetivo
época
que a cada dia esse grupo crescia em quantidade e em no LAEL/PUC-SP Nessa época tinha como
desenvolvimento pessoal.
desenvolvimento pessoal.
Neste momento, fui convidada a trabalhar realizar uma pesquisa sobre a pedagogia social, a fim dea
�nha como obje�vo realizar uma pesquisa sobre
Neste momento, pedagogia
dar social,
continuidade a fim de
ao trabalho de dar con�nuidade
conclusão de curso daao
no SENAC/SP como fui convidada
docente no aPrograma
trabalhar no
trabalho de conclusão de curso da graduação. Estava
SENAC/SP
Educaçãocomo para docente
o Trabalho,no Programa
que visava Educação para o
contribuir graduação. Estava bastante empolgada com os conteúdos
bastante empolgada com os conteúdos aprendidos
Trabalho, que visava contribuir
para o desenvolvimento parae oprofissional
pessoal desenvolvimento
de aprendidos nas disciplinas. Fazia questão de compartilhar
nas disciplinas. Fazia questão de compar�lhar
pessoal e profissional
jovens socialmente de jovens
desfavorecidos, socialmente
auxiliando-os conhecimentos tão importantes com a coordenadora
conhecimentos tão importantes com a coordenadora
desfavorecidos, auxiliando-os de
assim no desenvolvimento assim no desenvolvimento
competências para pedagógica
pedagógicadada escola em que
escola em trabalhava
que trabalhavae com minhas
e com
ampliar
de suas possibilidades
competências para ampliar suas de possibilidades
inserção node colegas
minhasde JEI (Jornada
colegas de JEIEspecial
(JornadaIntegral).
Especial Integral).
mercado
inserção no de trabalho,
mercado geração
de trabalho, de renda
geração de rendae e AA coordenadora
coordenadora pedagógica
pedagógica começou começou aa se se
par�cipação na sociedade.
participação na sociedade. envolver
envolver com as teorias comentadas por mim ae
com as teorias comentadas por mim e propôs
Aqui, �ve minha primeira experiência
Aqui, tive minha primeira experiência em sala de em realização
propôs a de um projeto
realização dede um formação
projetocom as professoras.
de formação com
sala de aula, entretanto o Programa visava as professoras.
Sua Sua proposta
proposta era estudarmos eraasestudarmos
juntas juntas
teorias de ensino-
aula, entretanto o Programa visava metodologias ativas,
metodologias a�vas, valorização da fala dos as teorias de ensino-aprendizagem para pedagógicas,
que ela, nas
valorização da fala dos jovens, saídas culturais relacionadas aprendizagem para que ela, nas reuniões
jovens, saídas culturais relacionadas aos conceitos reuniões pedagógicas, pudesse trabalhar com o

155
155
pudesse trabalhar com o grupo de professores e agentes escolares. Aceitei o desafio, reorganizei o projeto de pesquisa e
iniciei o trabalho com ela. Visualizava a possibilidade de desenvolver uma pesquisa, de fato, colaborativa, pois a demanda
adveio da Unidade Educacional.
Após a reorganização do projeto, marcamos a primeira sessão reflexiva na escola que durou pouco mais de quinze
minutos. Ali, percebi a tensão e o constrangimento da coordenadora pedagógica em falar sobre sua prática. Conseguimos
realizar três sessões reflexivas e, na última, a coordenadora pontuou que não poderia continuar.
Quando percebi que havia “perdido” meu sujeito de pesquisa, uma sensação de medo me invadiu pois, teria que
modificar o trabalho, iniciar novas investigações de outros conhecimentos com outros participantes e, assim, realizar novas
adequações. A professora que acompanhou toda minha trajetória na prefeitura e o processo de seleção do mestrado,
percebendo minha angústia, se propôs a realizar o trabalho e sistematizar o que já fazíamos há um ano; porém, sem planificar
nossas ações e aprofundá-las teoricamente. A partir daí, reorganizei novamente o projeto.
Assim, surgiu a ideia de transformar esta experiência em um estudo sistemático que investigasse os sentidos que
atribuímos ao processo de ensino-aprendizagem, às visões de professor e de aluno, uma vez que essas são culturalmente
construídas e se instalam em nossas mentes, podendo distorcer nossa visão de mundo e criar barreiras que, muitas vezes,
impedem ou restringem nossa ação.
Desse modo, o medo e ansiedade que eu e a professora participante demonstramos ter do diferente, daquilo que
desconhecemos ou pouco sabemos, bem como o foco nas dificuldades, limitações, restrições, incapacidades, nos obstáculos
e não no potencial a ser desenvolvido, na criatividade e possibilidades, acabaram contribuindo para aumentar o fosso
da exclusão social e escolar, afetando a autoestima e o processo de ensino-aprendizagem tanto das crianças como das
professoras.
Apesar de toda a teoria que carregávamos, nossas ações pouco reverberavam essas reflexões, por diversas vezes as
propostas se apresentavam sem intencionalidade pedagógica clara e desconsideravam os diferentes contextos dos territórios
e as necessidades das próprias crianças. Reproduzindo uma educação massificada (folhinha para todos os lados), atuei da
mesma forma como fui ensinada enquanto estudante. Sentia-me confinada em quatro paredes, onde os únicos momentos
de respiro eram os de lanche e parque. Vale ressaltar que neles também não vislumbrava uma prática pedagógica potente,
pois já havia sido impregnada com a “velha ordem”.
Nesse espaço institucionalizado, para mim não havia mais lugar para o diálogo, para a discussão de interesses trazidas
pelas crianças. Apenas pensava que deveria cumprir o planejamento anual da Unidade Educacional e isso só seria possível
alcançar, oferecendo às meninas e meninos folhinhas com alfabeto, números e desenhos prontos. O importante era cumprir
a lista de atividades do dia. E para garantir esse objetivo, era fundamental que as crianças estivessem “concentradas”!
Em pouco tempo, estava desmotivada a continuar na docência. Sentia-me frustrava ao estudar conceitos tão
potentes e visualizar uma prática limitadora. Distanciei-me da sala de aula por alguns anos. Fui experimentar outros “ares”
mesmo que continuasse na área da educação.
No final de 2015, voltei para a sala de aula e escolhi uma Unidade Educacional de excelência. Onde tinha certeza de
que poderia ter uma formação continuada de qualidade e a esperança de retomar o brilho no olhar!
Escolhi a EMEI Guia Lopes (que mais tarde, torna-se EMEI NELSON MANDELA) e já nos primeiros contatos reparei
que algo era diferente! Em janeiro, antes do início do ano letivo, recebi uma carta de boas-vindas pelo correio da gestão da
escola. Achei aquilo o máximo e logo pensei na valorização do trabalho docente.
No primeiro dia de reunião de planejamento, fomos recebidas com um café da manhã acolhedor e, enfim, iniciamos
os trabalhos. Em meio às apresentações e informações burocráticas, a gestão solicitou que nos separássemos em grupo e

156
pensássemos nos combinados dos territórios de aprendizagem. Logo me veio na cabeça: Certamente faríamos uma lista de
“Não pode isso, não pode aquilo”. Inocência a minha acreditar que, nessa Unidade, assim seria.
Logo uma professora veterana me situou: “Não Lu, a gente precisa dizer tudo isso partindo da fantasia, do lúdico ...
a escola tem o “pó de pirlimpimpim”.
Pó de pirlimpimpim, fantasias, fadas, brinquedoteca .... o quê? Não me permitia pensar em me fantasiar de fada para
explicar os combinados de um território, muito menos tratar bonecos em tamanho real como humanos que ganham vida à
noite (se ainda não os conhecem, em algum momento do livro eles serão apresentados!!!). E comecei a perceber que muitas
barreiras se colocavam ali para mim.
Fui para casa pensando em toda minha trajetória profissional e em tudo que conhecia sobre a EMEI Guia Lopes.
Decidi que me abriria para o novo e que antes de dizer não, tentaria realizar as propostas e entendê-las a partir da ótica das
crianças. Peguei um caminho sem volta, porque estava disposta a entender a metodologia, o PPP, os significados e sentidos
de tudo aquilo que era proposto pela gestão. Comecei a relacionar com minhas pesquisas e as coisas começaram a fazer
sentido.
Claro que isso não aconteceu do dia para noite, foi um processo longo, preciso confessar que ainda tenho dificuldade
de entrar no mundo da magia e fantasia, mas não o rejeito mais!
Foi um ano que aprendi o que é realizar um planejamento com intencionalidade pedagógica, tendo como referência
o PPP da escola, e entender como de fato ele pode ser um documento vivo e construído coletivamente; tive a possibilidade
de compreender a documentação pedagógica como um conjunto de informações complementares que me revelam a
criança e seu processo de desenvolvimento; compreender todos os territórios da Unidade como potentes para diferentes
aprendizagens, assim me desvencilhando das paredes que tanto me incomodavam quando ingressei no ensino formal; ficou
claro para mim que não mais necessitaria daquelas folhinhas para ver acontecer o desenvolvimento das meninas e meninos;
a importância de um espaço de formação levado à sério, legítimo e de trocas teórico-prática que permitem a reflexão e
reelaboração de ações educativas. Sinceramente, pensei que havia chegado no ponto em que considerava razoável.
Entretanto no final de 2016, um desafio muito agudo soou aos meus ouvidos e transpassou por todo o meu corpo.
Foi aberta a votação sobre a adesão às salas multietárias. Claro que eu muito convicta votei NÃO, e posso explicar aqui a
opção do voto. Não conseguia imaginar diferentes idades na mesma sala e como se daria a organização das comandas,
atividades e desafios. Como lidar com as diferenças tanto na hora de planejar as atividades quanto na hora de executá-las?
Havia acabado de chegar na EMEI Nelson Mandela, tantas novidades, tantos olhares, tantas aprendizagens. Afinal de contas,
minha experiência profissional era pautada na ação e interação direta com adultos e adolescentes em situação não formal
de educação. E aqui se inicia um novo desafio! Teria início a desconstrução de anos de profissão, para a constituição de uma
profissional madura, consciente de seu papel, do seu fazer. E agora?!
As salas multietárias trazem outros ganhos pedagógicos que só mesmo com o tempo me foi possível constatar, como:
direito à educação, sua democratização, seu acesso, sucesso das meninas e meninos, qualidade educacional, organização do
trabalho pedagógico, currículo, formação docente, diversidade e Projeto Político-Pedagógico.
E, conforme descobria todas as possibilidades de renovar e inovar meu trabalho, não parava de me perguntar: “como
pude ser contra essa proposta?”.
Comecei a entender e compreender que as opções pedagógicas, são feitas no cotidiano da prática educativa, no
currículo em movimento, no contexto do planejamento, nas várias transgressões docentes (que não eram poucas!), tornando
as barreiras das salas multietárias mais ou menos intransponíveis, a depender das escolhas que eu realizava. Mas, todas
essas questões podiam ser conversadas, reorganizadas e replanejadas com a existência da multidirecionalidade das opções

157
mbinados e territórios às novatas, o que lhes dava o sen�mento de responsabilidade e elevava a
os recém-chegados, acalmando-os e acolhendo-os. Foi possível perceber outros resultados
momentos cole�vos havia uma maior interação entre as turmas, o que enriquecia toda e qualquer discussão.
alas mul�etárias
Os projetos do trouxeram
ano anterior para eram o trabalho
retomadosdocente,com levezacomo por exemplo,
e propriedade o enriquecimento
nas discussões das turmas e as os
de estudo possibilitavam
assembleias que ficaramamais ricasde
ampliação e repertório
com maistanto das crianças novatas, quanto das veteranas que olhavam
flexão.
para aquelas político-pedagógicas
Conseguíamos
aprendizagens com proporcionadas
compar�lhar
maior maturidade,pela mais
gestão da
realizando novas conexões. As veteranas, �nham como obje�vo
apresentar EMEI, momentos
os combinados estes produtivos
e territórios e significativos
às mais
novatas, que
o que lhes dava o sen�mento de responsabilidade e elevava a
das as professoras passaram a ter voz,
autoes�ma com os recém-chegados, acalmando-oscom
transformavam ações soltas em um planejamento e acolhendo-os. Foi possível perceber outros resultados
el não acrescentar
intencionalidade um acontecimento nas
pedagógica.
posi�vos que as salas mul�etárias trouxeram para o trabalho docente, como por exemplo, o enriquecimento os
ostas. Isso nos
horários cole�vos Ede fazia
eisestudo
que essa crescer
que ficaram enquanto
intencionalidademaisabria
ricasespaço
e com mais
mo para
casosmandelenses. a
para a reflexão.busca de soluções
NãoConseguíamos pedagógicas
sei se consciente nascidas
compar�lharou no mais
cotidiano do fazer-docente; abria espaço para a
e, sabíamos
experiências e que
todaso as que estávamos
professoras realizando
passaram a ter mais voz,
criação de alternativas, de materiais, de inovações,
pois teria
não era impossível
retorno. não acrescentar um acontecimento nas
de novas formas de organização e de superação das
discussões propostas. Isso nos fazia crescer enquanto
ul�etáriasadversidades
trazem outros surgidas ganhos
no contexto pedagógicos
educacional. Assim,
profissionais e como mandelenses. Não sei se consciente ou
m o tempo me afoi
comecei
inconscientemente,
me possível
sabíamos queconstatar,
debruçar a entender melhorcomo: o grupo de
o que estávamos realizando
crianças. Quem eram, quais eram suas habilidades, quais O olhar de perto é expressão de respeito
o,
erasua democra�zação,
potente e que não teria retorno. seu acesso, sucesso à produção infantil
questões mereciam um olhar mais cuidadoso em minhas
ninos, qualidade educacional,
As salas mul�etárias
intervenções.
trazem organização
a agrupá-lasdo em trabalho
outros ganhos pedagógicos
E, a partir daí, comecei meus arranjospedagógico,
por semelhanças currículo,
ou diferenças, formação
por saberes oudocente,
desafios
que só mesmo com
eto Polí�co-Pedagógico. o tempo me foi possível constatar, como:
a serem superados. Voltei a olhá-las e a tentar perceber no que cada uma poderia auxiliar
O olhar de seus
pertocolegas nas propostas
é expressão de respeito
direito à educação, sua democra�zação, seu acesso, sucesso
me descobria
das meninas
lançadas
e
todas qualidade
durante
meninos,
as possibilidades
o dia. Isso significava
educacional,
que de
em renovardo
um dia,
organização
os e trabalho
inovar pedagógico,
arranjos poderiammeu trabalho,
ser modificados nãoformação
dependendo
currículo,
paravadocente,
à produção
das deinfantil
propostas me
sugeridas.
pude ser contra
diversidade e Projetoessa proposta?”.
Polí�co-Pedagógico.
Durante o planejamento semanal, que era preparado toda a sexta-feira, eu realizava o fechamento e avaliação da
a entenderE, conforme
e descobria
compreender
semana passada, pensava nos todas que as possibilidades
desafios as opções
levantados de renovar
pelas crianças e inovar
para a próxima semanameu trabalho,
e iniciava não parava
a elaboração de me
das atividades,
perguntar: “como
feitas no pensando
co�dianopude ser
que elas contra
dadeveriam
prá�ca essa proposta?”.
ser educa�va,
bem orientadas.no Dessa forma,
Comecei
vimento, no a entender
criavacontexto
uma ficha dedo e
consultacompreender que
que era confeccionada
planejamento, nasascom opções
texto
pedagógicas, são feitas
e desenhos, no co�diano
contendo informaçõesda prá�ca educa�va,
importantes para as crianças no
es docentes
currículo em
(que não
movimento,
a respeito
eram poucas!),
no contexto
das atividades
tornando
do planejamento,
que desenvolveríamos. Essa ficha tinhanas
as mul�etárias
várias transgressões mais
dois objetivos: ou
docentes menos
o primeiro(que intransponíveis,
eranão eram
de tirar poucas!),
dúvidas sobre atornando
execução
escolhas
as barreirasque
das
da eu mul�etárias
salas
proposta realizava.
e o segundo era Mas,
mais todas
ouampliar
o de essas
menosasintransponíveis,
possibilidades de
a depender
ser das escolhas
execução.
conversadas, que eu realizava.
reorganizadas e replanejadasMas, todas essas
questões
da podiam Eser
mul�direcionalidade conversadas,
aqui,
das reorganizadas
era um momento
opções delicado para e replanejadas
polí�co- mim, pois no
com a existência
começo da sentiamul�direcionalidade
muita dificuldade em das opções
considerar polí�co-
as sugestões
orcionadas pela gestão
pedagógicasdasproporcionadas
crianças. Só quando da EMEI,
pelamegestão
momentos
conscientizei
da EMEI,que este trabalho
momentos
significa�vos
estes produ�vos que
deveria,e em transformavam
primeiro lugar,
significa�vos queconsiderarações soltas
as intervenções
transformavam açõesdelas soltasé
nto com
em um intencionalidade
que as atividades
planejamento comcomeçaram pedagógica.
a fluir e eupedagógica.
intencionalidade comecei a colher frutos
dessas
E eis queinterações.
essa intencionalidade Assim,
essa intencionalidade
abriaera deespaço
extremaabriaimportância
espaço
para a que,paraaléma
busca de explicarpedagógicas
de soluções as propostas, eu qualificasse
nascidas nominha escuta do
co�diano e incluísse
fazer-
pedagógicasas
nascidas
ideias da turma nos
no co�diano
meus roteiros.
do fazer-
docente; abria espaço para a criação de alterna�vas, de
spaço para aIniciei
materiais, de inovações,
criação de alterna�vas,
a qualificação
de novas formassobre a explicação de
da rotinae de
de organização de
ações, de novas
trabalho, os formas
objetivos de
das organização
atividades
superação das adversidades surgidas no contexto educacional. propostas, e de
o espaço para
versidades a surgidas
Assim, comecei exploração nomateriais
dos
a me debruçar contexto
a entender educacional.
apresentados. Comecei
melhor a criarde
o grupo e
planejar eram,
crianças.
me debruçar Quem a atividades
entender em que
quais eram
melhoras crianças
suas tivessem que quais
de tomar
habilidades,
o grupo
questõesquaisdecisões e resolver
mereciam um desafios,
olhar sem cuidadoso
mais ter o processoem dirigido
minhas por
eram, eram suas
mimE,e, aconsequentemente, habilidades,
experimentando quais
apenas
intervenções. par�r daí, comecei a agrupá-las ema minha
meus A troca de olhares em dupla faz crescer
am um olhar mais cuidadoso
arranjos por semelhanças ou diferenças, por saberes ou em minhas
adesafios
par�r adaí, comecei a agrupá-las em emeus A troca de olhares em dupla faz crescer
serem superados. Voltei a olhá-las a tentar perceber no que cada uma poderia auxiliar seus
melhanças ou diferenças, por saberes ou 158

superados. Voltei a olhá-las e a tentar perceber no que cada uma poderia auxiliar seus
as nas propostas lançadas durante o dia. Isso significava que em um dia, os arranjos poderiam ser modificados
dependendo das propostas sugeridas.
Durante o planejamento semanal, que era preparado toda a
colegas nas propostas lançadas durante o dia. Isso significava que em um dia, os arranjos poderiam ser modificados
sexta-feira, dependendo
eu realizavadas o fechamento
propostas sugeridas. e avaliação da semana passada,
pensava nos desafios levantados
Durante pelas crianças
o planejamento semanal, paraquea próxima semanatoda
era preparado e
perspectiva. Garanto que não foi uma trajetória tranquila, exigia uma a
iniciava a elaboração
sexta-feira, eu dasrealizava
a�vidades, pensando
o fechamento que elasdadeveriam
e avaliação ser
semana passada,
observação atenta de todos e de cada um. Nos primeiros movimentos, eu
bem orientadas.
pensavaDessa forma,levantados
nos desafios criava uma pelasficha de para
crianças consulta
a próximaquesemana
era e
não vislumbrava possibilidades desafiadoras e atraentes para a turma e, cai
confeccionadainiciavacom texto edasdesenhos,
a elaboração contendo
a�vidades, pensando queinformações
elas deveriam ser
no erro de atividades em grupo sem intencionalidade pedagógica. Com o
importantes bempara orientadas. Dessa forma,
as crianças criava umadas
a respeito ficha de consulta que
a�vidades que era
exercício da observação, pude começar a identificar as demandas individuais
confeccionada
desenvolveríamos. com texto e desenhos, contendo informações
e coletivasEssa
importantes
ficha
e assim,para
�nha propostas
construir
as
dois obje�vos:
crianças mais
a
o primeiro era de �rar
interessantes.
respeito das
dúvidas sobre a execução
Nesse da proposta
momento, as criançase também
o segundo erase
estavam dea�vidades
o adaptando
ampliar a as que
essa
desenvolveríamos. Essa ficha �nha dois obje�vos: o primeiro era de �rar
possibilidadesnovadeestratégia
execução.
dúvidas sobre ae execução
me acessavam com frequência
da proposta ou por conta
e o segundo era o da
de própria
ampliar as
E aqui, era
atividade um
ou momento
pela dificuldade
possibilidades de execução. delicado
em interagirpara
com mim,
os pois
colegas. Aos no começo
poucos, essas
sen�a muitadificuldades
dificuldade foram
E aqui, em
eraseumconsiderar
dirimindo
momento as sugestões
e elas delicado
foram se tornando das
para mim, crianças.
maispois
autônomas.Só
no começo
quando mesen�aconscien�zei
As muitaeram
propostas que
dificuldade esteem
modificadas trabalho
partir dodeveria,
aconsiderar em
queprimeiro
as sugestões
momento não das lugar,
crianças.
era vista pelo Só
considerar as intervenções
quando
grupo deme
crianças delasumé desafio
conscien�zei
como que este
que asa a�vidades
trabalho
ser alcançado. começaram
deveria, a fluir
emressaltar
Aqui, vale primeiroqueelugar,
eu comeceiconsiderar
a colher
elas tinham aasfrutos
liberdade dessas
intervenções interações.
delas
de rearranjar é que
as regras Assim,
asde
a�vidades eracomeçaram
cada propostadeapresentada
extrema a fluir e
importânciaeu comecei
eque,
isso além
era ade
colher
discutido com frutos
explicar
a turmaasdessas interações.
propostas,
nos momentos eu Assim, era de
qualificasse
coletivos. extrema
minha
importância
escuta e incluísse as Asideiasque,
atividades além
da eram
turma de explicar
nos meus
diversas, as propostas,
desderoteiros. eu qualificasse
recorte, passando por ordenação, minha
escuta
contagem,e incluísse
escrita eas ideiasatividades
leitura, da turma denos meus
pintura comroteiros.
materiais diversificados
Iniciei a qualificação sobre a explicação da ro�na de
e brinquedos trabalho,
diversos, os obje�vos das a�vidades propostas, o
Iniciei a qualificação sobre a explicação da ro�na de porém todas
trabalho, osessas possibilidades,
obje�vos estavam
das a�vidades atreladas
propostas, o
ço para aespaçoexploração
aos desafiospara dos
refletidos materiais
em nosso Quadro
a exploração apresentados.
de Referências
dos materiais apresentados.
ecei a criarComecei
e planejar a�vidades
(direitos ea aprendizagem), em
criar e planejarembasado que
a�vidadespeloas crianças
em Projeto
que as crianças
sem que tomar�vessem decisões
que e
tomar resolver
decisões desafios,
e resolver
Político-Pedagógico da Unidade Educacional, portanto sem ter o sem ter o
desafios,
esso dirigido
processo por do
que diferem mim
dirigido e,por consequentemente,
uso indiscriminado mime e, livre.consequentemente,
Outro ponto
rimentandoexperimentando
apenas a minha apenasperspec�va.
a minha Garanto
perspec�va.
relevante nessa experiência, diz respeito à organização queGaranto que
não
foi uma trajetória foi uma trajetória
tranquila,
dos agrupamentos. tranquila,
Eles exigia
eram uma exigia
diversos uma observação
observação
e dependiam
a de todos atenta
e de
da de todos
cada
necessidade um.deeNosde
cada cada um. Nos
primeiros
criança. primeiros
possibilitavamovimentos,
movimentos,
Isso eu
uma eu
não vislumbrava possibilidades desafiadoras e atraentes para
islumbravatroca
possibilidades
de aprendizagensdesafiadoras
qualificada,ealématraentes para
da interação
acomturma e, cai no erro de a�vidades em grupo sem
noo diferente,
erro depois
rma e, caiintencionalidade sabemos queem
a�vidades as crianças
grupo tendem
pedagógica. Com o exercício da observação,
sem
a pedagógica.
cionalidadepude se organizar em Com pequenos
o exercíciogrupos por afinidades.
começar a iden�ficar asda observação,
demandas individuais e
Com
começar cole�vas essa metodologia
a iden�ficar as de trabalho, elas
demandas passaram a tere
individuais
e assim, construir propostas mais interessantes.
�vas e assim,a construir
possibilidades de conhecer
Nessepropostas
momento, mais melhor outros amigos de
as interessantes.
crianças também estavam se
sala e ampliar
Nesse momento,
adaptando a suas
as essa interações
crianças
nova também e isso acarretou
estratégia estavam maior
e me acessavam se com
tranquilidade
frequência ao grupo,
ou por conta pois alguns atritos
da acessavam diminuíram,
própria a�vidade
tando a essa nova estratégia e me com ou pela
consideravelmente.
uência ou dificuldade
por contaemdainteragir própria coma�vidade
os colegas.ou Aospela
poucos, essas
É importante ressaltar que não se trata de
uldade em dificuldades
interagir com foram se dirimindo
os colegas. Aos epoucos,
elas foramessas se tornando
“cantinhos com atividades diversificadas”
mais autônomas. As propostas eram modificadas a par�r do como
uldades foram se dirimindo e elas foram se tornando
conhecemos,
momento queporque
não eranessavista forma de trabalhar
pelo grupo de crianças eu como um
autônomas. As
desafio propostas
rodiziavaaminha
eram
ser alcançado. modificadas
Aqui,todas
atenção entre
a
vale ressaltar par�r
as crianças
do
quee elas
os �nham a
ento que não era
liberdade vista
cantos levamde pelo grupo
emrearranjar de crianças
consideraçãoasalgumas como
regrasatividades
de cada umde proposta
fio a ser alcançado.
apresentada Aqui,
interesse geraledoissovale era discu�do com a turma nosamomentos
grupo.ressaltar que elas �nham
dade de cole�vos.
rearranjar
Comeceiasa regrasobservar que de cada
quando proposta
as crianças
sentada e isso era discu�doseus
compartilhavam comsaberes,
a turma formulavam
nos momentos
suas
�vos.
159

159

159
As a�vidades eram diversas, desde recorte,
passando debatiam
questões, e explicavam
por ordenação, seus pontos
contagem, escritadee
vista, as a�vidades
leitura, aprendizagens de eram
pintura maiscomsignificativas
materiais
e transpostas epara
diversificados outras diversos,
brinquedos situações. porém
Entretanto,
todas
essas
mediar possibilidades,
a aprendizagem estavam das crianças atreladas
requer um aos
de s afi o s refl e� dos e m n os s
acompanhamento de perto, um registro das ações, o Q ua dro de
Referências
clareza dos (direitos
objetivose eaprendizagem),
desafios das embasado
propostas
pelo
apresentadas. Levando em consideraçãoUnidade
Projeto Polí�co-Pedagógico da essas
Educacional, portanto que diferem do uso
questões, sempre acompanhava um grupo de quatro
indiscriminado e livre. Outro ponto relevante nessa
crianças em cada dia, com o objetivo de apurar minhas
experiência, diz respeito à organização dos
observações e, assim
agrupamentos. Eles qualificar
eram diversosminhase intervenções
dependiam da e
avaliações. E, de
necessidade porcada
essacriança.
razão, optei em trabalhar uma
Isso possibilitava em
pequenos
troca de grupos, pois essa estratégia
aprendizagens me possibilitava
qualificada, além da
olhar com cuidado
interação as necessidades
com o diferente, pois pedagógicas
sabemos que individuais e do grupo
as crianças tendem como umorganizar
a se todo. Tal estratégia
em pequenos exigiu grupos
a habilidade
por
afinidades. Com essa
de agrupar aquelas metodologia
crianças de trabalho,maior
que demonstravam elas passaram a ter aquelas
facilidade com a possibilidades de conhecer
que necessitavam de uma melhor outros
intervenção
amigos de sala e ampliar suas interações e isso acarretou maior tranquilidade ao
diferenciada para alcançar a mesma fluidez. Então, os agrupamentos eram pensados por mim com o intuito de que todas grupo, pois alguns atritos
as
diminuíram, consideravelmente.
crianças pudessem atingir avanços e consolidar aprendizagens.
É importante
O ressaltar
suporte oferecido por que
mimnão aos se trata era
grupos de “can�nhos comantes
de auxílio, pois a�vidades
de tudodiversificadas”
eles deveriam como conhecemos,
se sentir amparados
porque nessa forma de trabalhar eu rodiziava minha atenção entre todas as crianças e os cantos levam em
para quaisquer eventualidades, desde o esclarecimento de possíveis dúvidas até outras intervenções, como, por exemplo,
consideração algumas a�vidades de interesse geral do grupo.
divergências de opiniões. Nesse sentido, faz-se necessário dar ênfase ao respeito mútuo, tendo em vista o caráter ímpar que
Comecei a observar que quando as crianças compar�lhavam seus saberes, formulavam suas questões,
norteia
deba�am o ser humano como
e explicavam seusumpontos
todo. Dar oportunidade
de vista, para todos!eram
as aprendizagens E issomais
só é significa�vas
possível se estivermos perto, para
e transpostas em contato,
outras
com escutaEntretanto,
situações. qualificada,mediar
com objetivos claros! Assim,
a aprendizagem para mim
das crianças estavaum
requer óbvio que não conseguiria
acompanhamento resultados
de perto, diferentes
um registro das
ações, clareza dos obje�vos e desafios das propostas apresentadas. Levando em consideração essas questões,o
caso continuasse seguindo a mesma lógica fragmentada e massificada perpetuada até então. Que nada mudaria se
planejamento
sempre não me inserisse
acompanhava um grupo em deumquatro
grupo de crianças
crianças emdecada
cadadia,
vez,com
se continuasse
o obje�vo dedistribuindo folhinhas
apurar minhas de atividades
observações e,
assim qualificar minhas intervenções e avaliações. E, por essa razão, optei em trabalhar
sem nenhum propósito pedagógico. Se não me deixasse afetar e ser afetada por cada uma delas, pois a afetividade é em pequenos grupos, pois
essa estratégia
fundamental me possibilitava
e determinante paraolhar com cuidado
aprendizagem, as foi
e essa necessidades
a forma de pedagógicas
me aproximarindividuais e do grupo
de cada criança, como umo
abandonando
todo. Tal estratégia
tratamento massificado exigiu a habilidade
de tarefas iguais paradeosagrupar
diferentes aquelas criançastempo
com o mesmo que para
demonstravam
o seu início emaior
término. facilidade com
aquelasNessaque trajetória,
necessitavam de uma intervenção diferenciada para alcançar a mesma
a minha maior dificuldade era propor as mesmas atividades, ao mesmo tempo, para crianças fluidez. Então,com os
agrupamentos eram pensados por mim com o intuito de que todas as crianças pudessem a�ngir avanços e
diferentes idades e níveis de conhecimento. Coube a mim, com o auxílio de minhas colegas mandelenses e a contribuição da
consolidar aprendizagens.
Gestão da escola, extrair o melhor que as crianças pudessem oferecer, por meio de desafios cada vez mais inovadores. Para
O suporte oferecido por mim aos grupos era de auxílio, pois antes de tudo eles deveriam se sen�r
isso, organizava
amparados paraa sala por conhecimento
quaisquer e não mais
eventualidades, desde poro idade. Antes de planejar,
esclarecimento estudava
de possíveis a turma,
dúvidas atéas propostas
outras realizadas
intervenções,
anteriormente,
como, como cada
por exemplo, criança aprendia
divergências e o que Nesse
de opiniões. já sabia.sen�do, faz-se necessário dar ênfase ao respeito mútuo,
tendo em Tendovistaessas informações,
o caráter ímpar que conseguia
norteiaorganizar
o ser humano as salas em pequenos
como um todo. Dargrupos colaborativos
oportunidade e traçava
para todos! objetivos
E isso só éa
possível se es�vermos
serem alcançados por cada perto, em contato,
um deles, com escuta
pois os desafios qualificada,
eram pensados com obje�vos
conforme claros!
as habilidades Assim, para
e capacidades demim
cadaestava
grupo,
óbvio que não
considerando, conseguiria
também, resultados
aquilo que precisavam diferentes
desenvolver. caso con�nuasse seguindo a mesma lógica fragmentada e
massificada perpetuada até então. Que nada
Neste processo precisei me despir das certezas absolutas, mudaria secomo
o planejamento não
a do silêncio para me inserissee, consequentemente
a concentração em um grupo de
crianças de cada
aprendizagem; da vez, se con�nuasse
massificação distribuindo
dos conteúdos; da falta folhinhas de a�vidades
de proximidade sem nenhum
e afetividade propósito
com as crianças. pedagógico.
Necessitei Se
ser mais
não me deixasse afetar e ser afetada por cada uma delas, pois a afe�vidade é fundamental e determinante para
sensível, exercer a humildade pedagógica, com o intuito de conhecer a natureza, características e necessidades do grupo de
aprendizagem, e essa foi a forma de me aproximar de cada criança, abandonando o tratamento massificado de
crianças,iguais
tarefas do trabalho
para osadiferentes
ser realizado come, aopartir
mesmo disso,
tempo avançar
paranoo desenvolvimento de possibilidades e estratégias. E, quando
seu início e término.
me refiro a humildade pedagógica, quero enfatizar a importância de compartilhar poderes com as crianças, porque esse
trabalho exige flexibilidade.

160

160
organizava a sala por conhecimento e
ntes de planejar, estudava a turma, as
anteriormente, como cada criança
essa trajetória, a minha maior dificuldade era propor
a.
as a�vidades, aoE,mesmonesse instante,
tempo,reconheço
para ocrianças
adultocentrismo
com
nformações,
s idades equeníveis
conseguia
guiavadeo meu
organizar
fazer e início um
conhecimento.
as
conflitoaabsurdo,
Coube mim,
upos colabora�vos
tentando e traçava
vislumbrar caminhos obje�vos
para uma
xílio de minhas colegas mandelenses e a contribuição nova prática.
r cada
ão umComeço
deles,
da escola, a entender que
poisoosmelhor
extrair não deixeieram
desafios quedeas ter autoridade,
crianças
mas que iniciei um processo de partilha e colaboração
mhabilidades
oferecer, pore capacidades
meio de desafios de cada
cada grupo,
vez maisconsiderando, também, aquilo que precisavam
coletiva, de corresponsabilidade, no momento em que
es. Para isso, organizava a sala por conhecimento e
divido o grupo e ofereço a oportunidade de escolha.
o por idade.Aqui
precisei Antes
me de planejar,
despir
entendo estudava
das certezas
o conceito aabsolutas,
turma, as
de gestão democrática na como a do silêncio para a concentração e,
s realizadas anteriormente, como cada criança
rendizagem; sala dedaconvivência,
massificação convivênciadosque conteúdos;
pressupõe a da falta de proximidade e afe�vidade com as
e o que já sabia.
interação, a troca, o deslocamento, o barulho da
r mais sensível, exercer a humildade pedagógica, com o intuito de conhecer a natureza,
endo essasaprendizagem
informações, conseguia
acontecendo e se organizar
consolidando.asA
ssidades do grupo
pequenos convivência
grupos colabora�vos
de crianças, do
e traçava
que possibilita a quebra trabalho
obje�vos
de paradigmas do a ser realizado e, a par�r disso, avançar no
ossibilidades
alcançados rosa
porcome estratégias.
cada rosa,
umazul com azul
deles, E,e quando
pois transmuta
os desafios me
para umrefiro
eram arco-írisaonde
humildade pedagógica,
todas as conjunturas quero
são possíveis e viáveisenfa�zar
e que gera uma
r�lhar
s conformepoderes
alto
asnível com as crianças,
de aprendizagem,
habilidades pois éporque
e capacidades esse
significativo,
de cada etrabalho
vivo grupo, exige flexibibidade.
real! considerando, também, aquilo que precisavam
Assim, na EMEI Nelson Mandela, reconhecer e valorizar as diferenças é um direito, pois possibilita às crianças e
te, reconheço o adultocentrismo que guiava o meu fazer e início
ver. um conflito absurdo,
famílias o acesso aos bens socialmente construídos, ao exercício da cidadania, à socialização, ao desenvolvimento individual
este processo
aminhos para precisei
uma nova me prá�ca.
despir das certezasa absolutas,
Começo entendercomo que não a dodeixei
silêncio depara a concentração
ter autoridade, mas e,
e o planejamento de todas as propostas está pautado nesse direito: ser diferente é legal. O meu grande desafio e posso
oentemente
de par�lha aprendizagem;
e que
afirmar colaboração da massificação
de toda comunidade cole�va, dedos
mandelense,
conteúdos; da falta de no
corresponsabilidade, proximidade e afe�vidade
é garantir que todas as crianças momento em que
tenham uma educação
com as
de divido
qualidade oe
Necessitei ser mais sensível, exercer a humildade pedagógica, com o intuito de conhecer a natureza,
tunidade de escolha.
usufruam de umaAqui entendo
escola pública o conceito de gestão democrá�ca na sala de convivência,
de excelência.
s�cas e necessidades do grupo de crianças, do trabalho a ser realizado e, a par�r disso, avançar no
upõe
vimento a interação, Nessaaexperiência,
de possibilidades troca, oaprendi
deslocamento,
e estratégias.
que trabalhar comoasbarulho
E, quando me refiro a da
diferenças é umaaprendizagem
vantagem pedagógica,acontecendo
humildade pedagógica, quero enfa�zar e sea
e realizar uma intervenção
vência
ncia quecompartilhada
possibilita
de compar�lhar
comaasquebra
poderes
crianças em
com asde
uma perspectiva colaborativa
paradigmas
crianças, porque esse do rosa e que
com
trabalho
desenvolva
rosa,
exige
aazul
autonomia
flexibibidade.comdeazul cada e
uma, deve ser um
transmuta
princípio filosófico da Educação.
,todas
nesseas conjunturas
instante, reconheço
Oferecer
são possíveis
desafioso sob
e viáveis e que
adultocentrismo
diversas medidas éque
geraoum
guiava
garantir meu
que todas
alto nível
fazer
as crianças
de aprendizagem,
econsigam
início um conflito
avançar. Mas para
pois é
absurdo,
que isso
o!vislumbraraconteça,
caminhos para uma nova prá�ca. Começo a entender que não deixei de ter
é preciso romper com o ideal da homogeneidade das crianças e com as aulas centradas na figura da professora autoridade, mase
eiI um
Nelson Mandela,
processo
sua de par�lha
perspectiva reconhecer
e colaboração
adultocêntrica, queeensina
valorizar
cole�va,
a todas edeas diferenças
corresponsabilidade,
todos é um
como se ensinasse a uma,direito,
no momento
apenas. poisem possibilita
que dividoàs o
ofereço
acessoa aos oportunidade
bensEm 2016, de escolha.
socialmente
tinha a ideia queAqui entendo
construídos,
a sala multietáriao conceito de gestão
aoo resultado
era exercício dademocrá�ca
cidadania,
da precariedade naàsala
da Educação, de convivência,
socialização,
hoje, venho ao
testemunhar
cia que pressupõe a interação, a troca, o deslocamento, o barulho da aprendizagem acontecendo
os benefícios do trabalho com essas turmas. Essa experiência colaborou e colabora para a inovação pedagógica, além disso, e se
idual e o planejamento
ando. A convivência
de todas as propostas está pautado nesse direito: ser diferente é
as crianças deque possibilita
idades a quebra
e saberes diferentes têmdea oportunidade
paradigmasdedo rosa com
aprender umas rosa,
com asazul com azul e transmuta
outras.
safio e posso
arco-íris onde todasafirmar
Aqui,as
queportanto,
conjunturas
defendo,
de toda são comunidade
umapossíveis
mudança naefilosofia
mandelense,
viáveis é garan�r
deeensino-aprendizagem,
que gera um altode nível que
umade
todas as crianças
queaprendizagem, pois é
enfatiza a homogeneidade
�vo,de qualidade
vivo e real! e usufruam
das crianças e a padronizaçãode uma escolados
das estratégias pública de excelência.
professores, para outra que reconhece a diversidade de cada uma delas e
ssim, na
cia, aprendiEMEI Nelson
que trabalhar
a necessidade Mandela, reconhecer
com as diferenças é
de um redirecionamento. e valorizar as diferenças é um direito, pois possibilita às
e famílias o acesso
dagógica, e Por fim,aos
realizar partobens
douma socialmente
princípio construídos,
que o convívio
intervenção num ao exercício da cidadania, à socialização, ao
vimento individual
território deeaprender
o planejamento
e ensinar, deva deestar
todas as propostas está pautado nesse direito: ser diferente é
pautado
crianças na em uma
diversidade
perspec�va
humana e valer-se
colabora�va e
meu grande desafio e posso afirmar quedeladepara
todacompor
comunidade mandelense, é garan�r que todas as crianças
onomia
uma educação de cada
diversos uma,nas
arranjos
de qualidade deve
e salas ser
que um
usufruam deprincípio
agrupamumapessoas
escola pública de excelência.
para conviver. A sala multietária, entendo, pode ser
essa experiência, aprendi que trabalhar com as diferenças é
uma formamedidas
os sob diversas de resistência é agaran�r
um sistemaque cujo discurso
todas
ntagem pedagógica, e realizar uma intervenção
continua distante da prática. A EMEI Nelson Mandela
vançar.
lhada com Mas as para
ousou
criançasqueem
romper isso
com
uma aconteça,
essa
perspec�va é preciso
colabora�va e
prática discriminatória,
envolva a autonomia
homogeneidade
antes que eladas de cada
fosse crianças
adotadauma,comoedeve
com ser um princípio
as aulas
uma possibilidade
da Educação.e sua perspec�va adultocêntrica,
professora
ferecer desafios sob diversas medidas é garan�r que todas
dos como se ensinasse a uma, apenas.
as consigam avançar. Mas para que isso aconteça, é preciso 161
om o ideal da homogeneidade das crianças e com as aulas
diversidade de cada uma delas e a necessidade de um redirecionamento.
la mul�etária, entendo,
Por fim, parto pode do ser uma que
princípio forma de resistência
o convívio num território a umdesistema
aprendercujo discurso
e ensinar, devacon�n
estar
rá�ca. A EMEI Nelsonhumana
diversidade Mandela ousoudela
e valer-se romper com essa
para compor prá�ca
diversos discriminatória,
arranjos antes que
nas salas que agrupam ela fosse
pessoas para
ma possibilidade para a Rede
sala mul�etária, Municipal
entendo, pode ser deuma Sãoforma
Paulo.deA resistência
Educaçãoaprecisa um sistemadesconstruir
cujo discurso a ideia de h
con�nua
prá�ca.
ois, por mais
para a que
A as
EMEI Nelson
crianças
Rede Municipal
Mandela
possuam
de São Paulo.
ousou
A Educação
romper idade,
a mesma com essa
precisa desconstruir a cada
prá�ca
ideia de uma
discriminatória,
delas aprende
homogeneidade,
antes que
pois, por maisem
ela fosse
que seu
as ritmoad
uma possibilidade para a Rede Municipal de em
Sãoseu
Paulo. eAdeEducação precisa desconstruir a ideia
ososde homo
rmas. Portanto,
crianças é uma
possuam falácia
a mesma idade, os
cadaagrupamentos
uma delas aprende por data
ritmo de nascimento.
diferentes formas. Assim
Portanto, é umacomo
falácia sistem
pois, por mais
agrupamentos que
por data de as criançasAssim
nascimento. possuam
como os asistemas
mesma idade,
precisam de cada
revisão,uma
cabe,delas aprende eem
a nós, professores seu ritmo e d
gestores
visão, cabe, a nós,
realizarmos
professores
formas. adaptações
Portanto,àsépropostas, e gestores
uma falácia realizarmos
osasagrupamentos
trazendo
adaptações
porcentral
diferenças para o eixo datadede às propostas,
nascimento.
nossas
trazendo
Assimfazendo
tomadas de decisão, comouma as diferep
os sistemas
entral de nossas
boa gestãotomadas
revisão, cabe,
dos a nós,
jeitos deprofessores
decisão,
de conviver fazendo
e gestores
num território uma
que pretende boa
realizarmos
ser gestão
adaptações
de educação. dos jeitos
Precisamos de aconviver
àscomeçar
propostas, trazendo
pintar num
o mundo territóri
as diferença
de
er de educação.
um Precisamos
jeito que
central deuna começar
as diferenças
nossas tomadasem vezde a pintar
dedecisão,
classificá-las. o mundo
fazendo umade boaum jeitodos
gestão que unadeasconviver
jeitos diferenças em vez de
num território qu

Cada Cada
criança é é
ser de educação. Precisamos começar a pintar o mundo de um jeito que una as diferenças em vez de clas

criança
umum
universo,
universo,
porque nascemos
porque e emorremos
nascemos assim:
morremos assim:

únicos
únicoseedis�ntos.
dis�ntos.

162

162

162
“Tem gente alta, baixa, gorda, magra
“Tem gente “Tem
alta, baixa,
gentegorda,
alta, baixa,
magragorda, magra
Mas o que me agrada é que um amigo
Mas o que meMasagrada
o queémequeagrada
um amigo
é que um amigo
A gente colhe sem pensar
A gente colhe
A gente
sem pensar
colhe sem pensar
Pode ser igualzinho a gente
Pode ser igualzinho
Pode seraigualzinho
gente a gente
Ou muito diferente
Ou muito diferente
Ou muito diferente
Todos têm o que aprender
Todos têm oTodos
que aprender
têm o que aprender
E o que ensinar”
E o que ensinar”
E o que ensinar”
Música: Normal é ser diferente
Música: Normal
Música:
é serNormal
diferente
é ser diferente
Compositor: Jairzinho
Compositor:Compositor:
Jairzinho Jairzinho
Luciane Souza Soares
Luciane SouzaLuciane
SoaresSouza Soares
Formada em Pedagogia pelo
Formada em Formada
Pedagogiaempelo
Pedagogia pelo
Mackenzie
Mackenzie Mackenzie
Pós- graduada em Gestão Escolar
Pós- graduadaPós-
emgraduada
Gestão Escolar
em Gestão Escolar
pela Famosp
pela Famosp pela Famosp
Mestre em Linguís�ca Aplicada e
Mestre em Linguís�ca
Mestre em Aplicada
Linguís�ca
e Aplicada e
Estudos da Linguagem – pela
Estudos da Linguagem
Estudos da– Linguagem
pela – pela
Puc/SP
Puc/SP Puc/SP
Doutoranda em Teoria
Doutoranda emDoutoranda
Teoria em Teoria
Psicanalí�ca- Ufrj
Psicanalí�ca- Psicanalí�ca-
Ufrj Ufrj

163
163 163
163
Nota papel
As criançasnham
As crianças tinhamquequeocupar
ocupardefini
definitivamente
papel de protagonistas e, literalmente, assumir o papel de
de protagonistas e, literalmente, assumir o papel de
professoras de seus pares.
professoras de seus pares.
vamenteoo

Criamosososseminários
Criamos seminários infantis.
infan s.Discutimos
Discu mos muitomuito
o o

Seminários
“nome” da dinâmica. Achamos que era
“nome” da dinâmica. Achamos que era um nome “adulto um nome “adulto
demais”.
demais”. Pensaque
Pensa quepensa
pensa ee nada
nadadedesurgir umauma
surgir ideiaideia
mais mais
legal.legal. Chegamos à conclusão de que não perderíamos mais
Chegamos à conclusão de que não perderíamos mais
tempo com isso. A cada dois meses, mais ou menos, a escola
tempo com isso. A cada dois meses, mais ou menos, a escola

infan s,
parava e os grupos se revezavam para apresentar todas as
parava e os grupos se revezavam para apresentar todas as
novidades que haviam descoberto em seus projetos para as
novidades que haviam descoberto em seus projetos para as
outras crianças da escola.
outras crianças da escola.
EssaEssa
é umaé uma dasinúmeras
das inúmeras oportunidades
oportunidades de trocas que que
de trocas

que nome um um projeto coletivo proporciona aos seus participantes. Mesmo


projeto cole vo proporciona aos seus par cipantes.
que os grupos estejam em momentos diferentes, os assuntos
Mesmo que os grupos estejam em momentos diferentes, os
se intercruzam, os conhecimentos construídos se conversam.
assuntos se intercruzam, os conhecimentos construídos se
Novas conexões são possíveis depois desses seminários, que

esquisito
conversam. Novas conexões são possíveis depois desses
fogem a qualquer planejamento e qualquer previsibilidade que
seminários, que fogem a qualquer planejamento e qualquer
tentemos desenhar.
previsibilidade que tentemos desenhar.
Os preparativos para o seminário eram momentos
Os prepara vos para o seminário eram momentos de
de refazer o caminho com outro olhar, o olhar de quem já
refazer o caminho com outro olhar, o olhar de quem já sabe
sabe aquilo e mais um pouco e estava apenas revisitando a
aquilo e mais um pouco e estava apenas revisitando a
documentação pedagógica.
documentação pedagógica.
Era Era colocara amão
colocar mão na
na massa
massa para
paraproduzir
produzirumaumanova nova
documentaçãopara
documentação para guiar
guiar as
as suas
suaspróprias
própriasfalasfalas
e construir
e construir
jogos que pudessem fazer com que seus amigos e amigas
jogos que pudessem fazer com que seus amigos e amigas
“entendessem tudo mais facilmente”. Foi surpreendente
“entendessem tudo mais facilmente”. Foi surpreendente
descobrir os talentos de nossas crianças nesses momentos
descobrir os talentos de nossas crianças nesses momentos
de interação. Sabe aquela criança que não participava nos
de interação. Sabe aquela criança que não par cipava nos
momentos das discussões? Era a grande revelação! E aquela
momentos das discussões? Era a grande revelação! E aquela
que na roda de conversa desenhava no chão sem lápis na mão,
que na roda de conversa desenhava no chão sem lápis na
parecendo distante da conversa? Era a sensação do seminário!
mão, parecendo distante da conversa? Era a sensação do
Seminário não é um bom nome? Isso não fez a menor
seminário!
diferença! Há quem diga, como eu, que é perfeito na falta de
Seminário não é um bom nome? Isso não fez a menor
outro.
diferença! Há quem diga, como eu, que é perfeito na falta de
outro. Conclusão: Ninguém conhece ninguém, senão quando
se permite o seu protagonismo.
Conclusão: Ninguém conhece ninguém, senão
quando se Dica:
permite Compartilhe pequenos poderes, a potência
o seu protagonismo.
de Dica:
seu grupo
Comparse duplicará, o dinamismo
lhe pequenos te energizará.
poderes, E o de
a potência
seu conhecimento? Será construído
grupo se duplicará, nessa relação.te energizará. E o
o dinamismo
conhecimento? Será construído nessa relação.

164

164
Voz Relatórios de avaliação para a aprendizagem
Marina Gomes Bittencourt

Minha história na educação começa quando Para que você consiga entender e até se identificar
ingressei em uma universidade particular de Pedagogia. com essa prática, vou explicar como ela acontecia.
Naquela época tinha a intenção de atuar como professora Eu recebia um questionário pronto, ele tinha mais
de Educação Infantil muito pela vontade de oferecer para ou menos umas 30 questões que eram divididas pelos
as crianças atenção, dedicação e acolhimento que não tive conteúdos que sustentavam o currículo da escola, então,
quando vivi a escolaridade na minha infância. havia perguntas sobre as diversas áreas do conhecimento
Logo no início dessa jornada, em 2005, pude e socialização das crianças. Meu papel nessa hora era
perceber que muito já havia sido feito para a garantia de responder cada questão, assinalando com um “X” as
uma Educação Infantil de qualidade, tendo sua importância seguintes opções de resposta: sim, não e em processo.
reconhecida como o início da educação básica do país. Essas tabelas eram entregues às famílias nas
Na universidade, fui preparada e incentivada a reuniões bimestrais e elas ficavam à vontade para ler ou
buscar o meu lugar na educação em escolas particulares não o documento naquele momento, pois ele iria para
grandes e bem-conceituadas. Afinal, quem não quer casa junto com outras produções feitas pelas crianças.
um bom emprego? A educação pública nunca foi pauta Lembro-me que a maioria dos pais passava os
trazida pelas educadoras e educadores com os quais olhos superficialmente sobre aquela avaliação e logo
convivi durante 4 anos de formação na faculdade. Existia dedicavam o tempo disponível para saber como seu filho
um fascínio em alcançar a tão almejada e disputada vaga ou filha estavam se comportando na escola em diferentes
em alguma escola particular de qualidade e esse era o aspectos como: a relação afetiva e social com as demais
objetivo. Por isso, foram longos onze anos dedicados a crianças da turma, sua relação com as professoras e
educação particular, sem ter se cogitado ou estimulado o professores de todas as áreas do conhecimento, a feitura
meu ingresso na rede pública de ensino. das propostas de atividades, ou seja, tudo aquilo que
Pois bem, nesse contexto, as turmas nas quais a “tabela de avaliação bimestral” não dava conta de
atuei como professora eram formadas, em média, por esclarecer as famílias.
dez crianças. É diante dessa realidade que vou começar Estava claro para mim que os relatórios cumpriam,
a falar sobre minha experiência em escrever relatórios apenas, uma demanda burocrática e estavam longe de ter
individuais ou, como chamamos na EMEI Nelson Mandela, alguma intencionalidade pedagógica.
Relatórios de Avaliação para a Aprendizagem. Como essa atividade não demandava muito tempo,
Para falar da minha experiência anterior não levarei eu conseguia atender essas famílias individualmente
muito tempo já que, na verdade, naquela época eu não nas reuniões bimestrais ou em dias aleatórios de acordo
precisava me dedicar a construir relatórios descritivos de com a solicitação de cada uma delas. Além disso,
cada criança e sim a responder um questionário bimestral tinha liberdade para chamá-las para conversar quando
em que apontava o que cada uma delas já conseguia fazer, necessário. Acredito que essas conversas falavam mais
não conseguia fazer ou estava em processo para conseguir sobre as crianças do que o próprio questionário que tinha
fazer. essa função. Por ter toda essa estrutura a meu favor, via

165
a estrutura a meu
ões fundamentais
s oralmente nas
Além disso, �nha liberdade para chamá-las para conversar quando
6, carregava
ário. Acredito uma
a talque essas
tabela como conversas
um complementofalavamàsmais sobre as
informações crianças do
fundamentais que
sobre as
miodescartadas
ques�onário por
que �nha essa função. Por ter toda essa estrutura
aprendizagens das crianças que eram relatadas oralmente nas conversas com a meu
fios
ia a que até então
tal tabela
cada como um complemento às informações fundamentais
família.
r três
as deles que
aprendizagens das cheguei
Quando crianças queNelson
na EMEI eramMandela,
relatadasem 2016,oralmente
carregava nas
uma
sas com cada família.
bagagem cheia de experiências que com certeza não foram descartadas por
rma
Quando de educação
estar frente
cheguei na aEMEI
uma nova
Nelson realidade, mas tiveem
Mandela, que2016,
superarcarregava
desafios queumaaté
não dar de
m cheia então
conta não
do faziam parte
experiências quedocom meucerteza
professorar.não Porforam
aqui voudescartadas
citar três delespor
que
ente
de a uma
cada umamarcaram
nova
delas e mudarammas
realidade, minha�ve forma
que desuperar
pensar. Vamos lá? que até então
desafios
ziam parte do meu O primeiro foi lidar com
professorar. Poro fato
aquide assumir
vou citar uma três
turma deles
de educação
que
infantil com mais de trinta crianças. Deu medo! Medo de não dar conta do
am
colase mudaram
par�culares minha forma de pensar.
Temas transversal Vamos
- relações lá?
étnico-raciais
recado, medo de não conseguir observar a individualidade de cada uma delas
O primeiro
dos foi lidar com o fato de assumir uma turma de educação
previamente
como se deve.
mcom mais de trinta
na produção de crianças.didá�cos,
materiais
O segundo
Deu medo!
desafio foi trabalhar com Medo de não dar conta do
comliberdade
projetos. Nas escolas particulares
medo de
às turmaspor não conseguir
de onde
cadapassei, observar
ano. fui Diferente a
preparadada
individualidade
EMEI
para Nelson
reproduzir
de cada uma delas
conteúdos previamente
e deve. já definidos
sversais pensados e peloescritosProjeto Polí�co-Pedagógico.
por diferentes profissionais que trabalham na produção
Ocada
segundo
turma, desafio foi trabalhar
a cada didáticos,
de materiais ano, conte com umacom
liberdadeprojetos.
história Nas
sobre
para criar escolas
as umapar�culares
e dar-lhes identidade que
Temas transversal - relações étnico-raciais

ede passei,correspondesse
e consumismo fui preparada
e relações para
às turmas reproduzir
de cada
étnico-raciais, ano. Diferenteconteúdos
sustentadoda EMEI Nelson previamente
Mandela, que
os e escritos
ender a fazer pore diferentes
trabalha com projetosprofissionais
aprender autorais
a conviver com temasquetransversais
que trabalham na produção
guiam ojá definidos de materiais
pelo Projeto didá�cos,
Político-Pedagógico. com
Então, liberdade
para fazer valer
iar e dar-lhes umadaiden�dade
o currículo que correspondesse
escola, é necessário que cada turma, a cada àsano,
turmas de história
conte uma cada sobre
ano. asDiferente
experiênciasdaqueEMEI
viveramNelson
a partir
dois temas:
la, que trabalha comsustentabilidade
projetos autorais e consumismo
com temas e relações étnico-raciais,
transversais sustentado pelo
já definidos por quatro eixos:Polí�co-Pedagógico.
Projeto aprender a ser, aprender
se relato, conhecer,
era o deaprender
escrever relatórios descri�vos e
para fazer valer o currículoada fazer e aprender
escola, a conviver que
é necessário que guiam
cada o planejamento
turma, a cada das professoras.
ano, conte uma história sobre as
fato, como
ncias que viveram um documento
E oaterceiro
par�r doisdesafio, de
temas: avaliação
e o que para a
mais nos interessa nesse
sustentabilidade relato, era o e
e consumismo derelações
escrever relatórios descritivossustentado
étnico-raciais, e individuais
atro eixos:sobre cada criança
aprender a ser,que aprender
se configurassem, de fato, como
conhecer, aprenderum documento
a fazerdeeavaliação
aprender para aaaprendizagem.
conviver que guiam o
é escrito diariamente,
mento das professoras.Na EMEI a
Nelson par�r
Mandela do momento
aprendi que o que
relatório é escrito diariamente, a partir do momento que escolhemos três
o os registroscriançasdessas
a seremobservações
observadas por dia. diárias
São os que vãodessas observações diárias que vão alimentar e formar os relatórios
registros
E o terceiro desafio, e o que mais nos interessa nesse relato, era o de escrever relatórios descri�vos e
ngo do ano.descritivos e individuais ao longo do ano.
uais sobre cada criança que se configurassem, de fato, como um documento
A elaboração de avaliação
desses relatórios para Osa
não é simples.
ços na
izagem. avanços na prática em fazer relatórios descritivos para
foram
Na EMEI Nelson Mandela aprendi que o relatório é escrito diariamente, a par�r do escritas
momento que
aprendizagem, foram conquistas de muitas e momentos
mação
emos três crianças a serem observadas por dia. São osderegistros dessas observações
formação individualizada com a gestãodiárias queCartas
pedagógica. vão
análise
tar e formar os relatórios descri�vos e individuais ao longo do ano. de análise de cada trecho escrito sobre as crianças.
e cartas
sobre
A elaboração desses relatórios não é simples. Os avanços na Questionamentos sobre cada afirmação que constava nos
em fazer relatórios descri�vos para aprendizagem, foram relatórios.
adoras
istas de muitas escritas e momentos de formação Para orientar a escrita desses relatórios, as formadoras
serem com a gestão pedagógica. Cartas e cartas de análise
ualizada construíram um roteiro com uma série de lembretes para
serem lidos pelas professoras durante e após a sua elaboração.
a trecho escrito sobre as crianças. Ques�onamentos sobre
2012 a que constava nos relatórios. Após analisarem os relatórios durante o período de
firmação
alguns 2012 a 2014, a gestão pedagógica reuniu, nessas orientações,
Para orientar a escrita desses relatórios, as formadoras
alguns equívocos que apareciam na maioria deles. Além de
os, elesum roteiro
uíram com uma
Temas transversal série de lembretes
- sustentabilidade e consumismopara serem
apontá-los, eles eram acompanhados por justificativas para
elasfosse
professoras durante e após a sua elaboração.
Após analisarem os relatórios durante o período de 2012 a
a gestão pedagógica reuniu, nessas orientações, alguns 166
cos que apareciam na maioria deles. Além de apontá-los, eles Temas transversal - sustentabilidade e consumismo
autocorreção dos relatórios após um tempo de formação, foi nos
que o trecho fosse revisado pela professora.
a para avançarmos em sua construção.
Esse exercício de escrever e fazer a autocorreção dos relatórios após um tempo de formação, foi nos ajudando a
�va, acompanhadas de algumas explicações que nada mais eram do
conquistar autonomia e confiança para avançarmos em sua construção.
gem, de escola e de professoras, preconizadas pelo Projeto Polí�co-
As dicas foram escritas de forma objetiva, acompanhadas de algumas explicações que nada mais eram do que as
nto foi o meuconcepções
grande aliadode criança,
parade aprendizagem,
superar de escola
esse desafio e deseguir
e que professoras,
o preconizadas pelo Projeto Político-Pedagógico.
Hoje posso
anário, foi fundamental paraafirmar
que euque o planejamento
conseguisse foi o relatórios
escrever meu grande aliado para superar esse desafio e que seguir o passo
a passo
trinta crianças (issodescrito
melhorou em quando
cada folhapassamos
do semanário,a ser foi
uma fundamental
escola de para que eu conseguisse escrever relatórios descritivos
para cada criança
scrita dos relatórios com anuma turma de
professora trinta crianças
parceira). (isso melhorou
Atualmente, cadaquando passamos a ser uma escola de período integral e
18 relatórioscomeçamos
descri�vos.a dividir a escrita dos relatórios com a professora parceira). Atualmente, cada professora é responsável pela
escrita de 17 da
istrado no semanário a 18EMEI
relatórios
Nelsondescritivos.
Mandela, para propor uma
reciso planejar o De acordo com
território o planejamento registrado
de aprendizagem, planejarnoo semanário
obje�vo da EMEI Nelson Mandela, para propor uma experiência
s, descreversignificativa
a propostapara a turma,as
e registrar é preciso planejarfeitas
observações o território
sobredeasaprendizagem,
três planejar o objetivo específico, planejar o desafio
para as crianças, descrever a proposta e registrar as observações feitas sobre as três crianças que planejei para o dia.
r o que observar eCom o quetudo planejado,
registrar é possível
sobre as trêssaber o que observar
crianças. E algumase o que registrar sobre as três crianças. E algumas perguntas
de fazer os devem
registros das observações
nos acompanhar na hora deque noosfuturo,
fazer registroscomporão os que no futuro, comporão os relatórios de avaliação para
das observações
São elas: Como as três crianças
a aprendizagem. agiram
São elas: Comofrente
as trêsaocrianças
desafioagiramda proposta?
frente ao desafio da proposta? Conseguimos atingir o objetivo? Se
que disseram sim,as crianças
o que disseram que me fezque
as crianças perceber que o obje�vo
me fez perceber foi foi alcançado? Quais foram suas falas? Onde estávamos?
que o objetivo
ávamos? QueQue materiais
materiaiselaselasusaram?
usaram? ComoComointeragiram?
interagiram?
egistros das observações
Como disseque possibilitam a construção
no início do texto, dos relatórios
são os registros das observações que possibilitam a construção dos relatórios
descritivos e individuais.
nos foram feitas durante as formações
E começam sobre esseque
aqui as provocações tema.
nos foram feitas durante as formações sobre esse tema.
m e para quem? Relatórios para aprendizagem de quem e para quem?
m, apenas, para apontar De certoo que
queas os crianças
relatóriossabem ou deixam
não servem, apenas,de saber,
para apontar o que as crianças sabem ou deixam de saber, mas o
cisam reformular em suas prá�cas. Reconhecer acertos e detectar
que as professoras e professores precisam reformular em suas práticas. Reconhecer acertos e detectar necessidade de
a ser um movimento constante
aperfeiçoamento é ouna vida de
deveria ser um(a) docente.
um movimento constante na vida de um(a) docente.
gem de todos os envolvidos no processo de ensinar e aprender.
É um relatório para avaliar a aprendizagem de todos os envolvidos no processo de ensinar e aprender.
reflexão profunda sobre o que pensamos ter feito e o que aconteceu
É um documento que nos exige uma reflexão profunda sobre o que pensamos ter feito e o que aconteceu de
rianças? O que lhes interessou? O que aprenderam após nossos
fato. O que afetou realmente nossas crianças? O que lhes interessou? O que aprenderam após nossos investimentos? Eles
ra
foram suficientes para todas elas? Se não foram, o
mo
que fazer? Como fazer?
é A avaliação para a aprendizagem é
mo competência da escola. Portanto, tem como
eto referência os objetivos estabelecidos no Projeto
ter Político-Pedagógico da instituição e não deve ter
ças como finalidade selecionar ou classificar crianças em
fase de formação.
ma O relatório descritivo começa com uma folha
as em branco em que se deve imprimir todas as cores
as da infância, considerando suas particularidades e
subjetividades.

167
Eu, acostumada em preencher tabelas, deparei-me com todas essas informações e o grande desfio de descrever
as experiências, relatar o em
Eu, acostumada que preencher
vivi com cada criançadeparei-me
tabelas, da turma noscom momentos
todas essasde projeto, registro ee demais
informações o grandeterritórios
desfio de de
aprendizagem,
descrever transformando
as experiências, essasoinformações
relatar que vivi comnum cadatexto em que
criança cada família,
da turma ao fazer ade
nos momentos leitura, reconhecesse
projeto, registro esua filha
demais
ou filho.
territórios de aprendizagem, transformando essas informações num texto em que cada família, ao fazer a leitura,
reconhecesse sua filha
Nas reuniões ou filho. apresentamos os relatórios descritivos e entregamos para as famílias pedindo para que
semestrais,
façam aNas reuniões
leitura naquelesemestrais,
momento, já apresentamos
que só levam os relatórios
o relatório descri�vos
para e entregamos
casa as crianças para as ofamílias
que completam pedindo
último ano para
na escola.
que façamdizer
É preciso a leitura
que naquele momento,dajáEMEI
foi uma conquista que só levamMandela
Nelson o relatório parao casa
alterar fluxoasburocrático
crianças que quecompletam o úl�mo ano
define o encaminhe dos
na escola. É preciso dizer que foi uma conquista da EMEI Nelson Mandela alterar o fluxo burocrá�co
relatórios da EMEI para a escola de Ensino Fundamental, diretamente sem o consentimento das famílias. Nós acreditamos que define o
encaminhe dos relatórios
que os relatórios pertencemda EMEI para
à criança e suaafamília.
escolaTambém
de Ensino Fundamental,
temos garantido, nadiretamente
linha de tempo,semhorários
o consen�mento
para atenderdas as
famílias. Nós acreditamos que os relatórios pertencem à criança e sua família. Também temos garan�do, na linha de
famílias que precisam de horários diferenciados.
tempo, horários para atender as famílias que precisam de horários diferenciados.
Após a leitura, é notável como as famílias se sentem seguras para comentar os fatos que suas crianças chegam
Após a leitura, é notável como as famílias se sentem seguras para comentar os fatos que suas crianças
contandocontando
chegam em casa, pois encontraram
em casa, no relatóriono
pois encontraram descritivo a contextualização
relatório para todas as histórias
descri�vo a contextualização que ouviram.
para todas Quando
as histórias que
isso acontece
ouviram. é umaisso
Quando sensação muito
acontece boa por
é uma dois motivos.
sensação Um épor
muito boa pordois
saber que os conhecimentos
mo�vos. Um é por saber construídos pelos projetos
que os conhecimentos
ganham as casas
construídos pelosdeprojetos
nossas crianças
ganhameaso casas
outro de
é que valecrianças
nossas a pena mee odedicar
outro éàque observação
vale a penae escuta atenta àdas
me dedicar crianças e
observação
econhecê-las
escuta atenta tão das
bemcrianças
que suasefamílias as reconhecem
conhecê-las tão bem que na minha escrita. as reconhecem na minha escrita.
suas famílias
Transcrevo agora
Transcrevo agora dicas
dicas para
parailuminar,
iluminar,de dealguma
algumaforma,
forma,a escrita dede
a escrita todas
todase todos queque
e todos chegaram
chegaramaté aqui ou que
até aqui ou
que possam
possam suscitar
suscitar a elaboração
a elaboração de outras
de outras tantastantas
dicas dicas para evitar
para evitar as frases
as frases prontas prontas e, às vezes,
e, às vezes, tão genéricas
tão genéricas como quecomo se
que se �radas
tiradas de umade uma tabela.
tabela.

Acolhimento
Acolhimento
Em nossa escola os relatórios de avaliação para a
aprendizagem
Em nossasão escola
escritos os em três partes.
relatórios Período para
de avaliação de
acolhimento,
a aprendizagem primeiro e segundo
são escritos em semestres.
três partes. Período de
É no primeiro
acolhimento, períodoe de acolhimento
segundo semestres.que temos as
primeiras É noexperiências de conviver
período de acolhimento em grupo,
que temos de
as primeiras
reconhecer
experiências os de territórios
conviver em de grupo,
aprendizagem, de nosos
de reconhecer
conhecer e de conhecer a escola e as pessoas que estão
territórios de aprendizagem, de nos conhecer e de conhecer a
nela. Por isso, para planejar esse período, temos alguns
escola e as pessoas que estão nela. Por isso, para planejar esse
obje�vos gerais já definidos em nosso quadro de
período, temos
referência alguns objetivos
(currículo), tais como, gerais já definidos
conheça em nosso
e respeite os
quadro de referência
combinados de cada(currículo), tais como,
espaço cole�vo; conheçaaeusar
aprenda respeite
os
recursos de higiene de maneira consciente; compreendaos
os combinados de cada espaço coletivo; aprenda a usar
arecursos
diferençadedohigiene de maneira
que é individual e doconsciente; compreenda
que é cole�vo, entre
a diferença
outros quedoconsideramos
que é individualfundamentais
e do que é coletivo,
para essaentre
outros quefase
primeira consideramos
do relatório. fundamentais
Além disso,para precisamos
essa primeira
reconhecer o queAlém
fase do relatório. faz de cada
disso, criança um
precisamos ser único
reconhecer e
o que
quais suas reações a esse novo ambiente.
faz de cada criança um ser único e quais suas reações a esse Essas
experiências,
novo ambiente. as Essas
primeiras reações as
experiências, e sensações devem e
primeiras reações
ser registradas,
sensações devembem ser contextualizadas,
registradas, bem assim como os
contextualizadas,
encaminhamentos que demos nas primeiras
assim como os encaminhamentos que demos nas primeiras semanas. A
par�cipação das famílias e a sua permanência na escola
semanas. A participação das famílias e a sua permanência na
são desejáveis e devem constar no relatório.
escola são desejáveis e devem constar no relatório.

168
emestre
No primeiro semestre, iniciamos os relatórios com a caracterização do grupo com dados relevantes
1º semestre
�dos nas fichas de matrícula e extraídos das fichas sociais. Relatamos como o nome da turma foi escolhido pelas
nças e uma explicação da escola ter escolhido trabalhar com turmas mul�etárias, bem como os bene�cios que a
No primeiro semestre, iniciamos os relatórios com a caracterização do grupo com dados relevantes contidos nas
ivência entre
fichas de matrícula etraz
os diferentes para das
extraídos as aprendizagens das crianças
fichas sociais. Relatamos e dosdaadultos
como o nome turma foiem todos pelas
escolhido os momentos da
crianças e uma
explicação da escola ter escolhido trabalhar com turmas multietárias, bem como os benefícios que a convivência entre os
Dedicamos um parágrafo
diferentes traz para aspara resumir das
aprendizagens a história
criançasdo projeto
e dos adultoseem
a jus�fica�va de suadarealização.
todos os momentos vida.
Em seguida um relatoumdaparágrafo
Dedicamos par�cipação da acriança
para resumir história donesse
projetoprojeto, apontando
e a justificativa desafios, conquistas e
de sua realização.
venções da professora, sempre acompanhadas da descrição de uma situação concreta com falase das
Em seguida um relato da participação da criança nesse projeto, apontando desafios, conquistas intervenções da
crianças.
professora, sempre acompanhadas da descrição de uma situação concreta com falas das crianças.
. O projeto é vivenciado pelas crianças durante todo o ano e visa propiciar momentos de
O projeto é vivenciado pelas crianças durante todo o ano e visa propiciar momentos de aprendizagem, reflexão,
aprendizagem, reflexão, interação e troca de conhecimentos. Nele são elaboradas experiências que se
baseiam nosinteração e trocadas
interesses de conhecimentos.
crianças emNele são elaboradas
relação a temáexperiências
ca definida que sepela
baseiam nos interesses
equipe docente, das gestão
crianças em
pedagógica e comunidade escolar. Assim, com o obje vo de envolver as crianças nos processosobjetivo
relação a temática definida pela equipe docente, gestão pedagógica e comunidade escolar. Assim, com o que de
abordam a envolver as crianças nos eprocessos
tudes sustentáveis de consumoque abordam atitudesiniciamos
consciente, sustentáveisoe de consumo
projeto consciente,
2019 – Modos iniciamos
de sero projeto
e viver2019
no mundo: a–minha,
Modos de ser e a
a sua, viver no mundo:
nossa casa!a minha, a sua, a nossa casa!
Com a chegadaCom ada chegada
famíliada Abayomi,
família Abayomi, e pare partindo
ndo dodoprincípio
princípio de
deque
queo ocorpo
corpoé também
é também uma casa
umaque guarda
casa
que guarda muitas coisas que nos pertencem, inclusive nossos sen mentos, fizemos uma pesquisa compara
muitas coisas que nos pertencem, inclusive nossos sentimentos, fizemos uma pesquisa com os adultos da escola
descobrir
os adultos da escolase,paradiantedescobrir
de uma mesma situação,
se, diante detodas
umaasmesma
pessoas sentem as mesmas
situação, todas coisas. Nesse momento
as pessoas sentem aasXXXX
mesmas coisas. Nessesegurança
demonstrou momento a XXXXpara
e facilidade demonstrou
se comunicar segurança e facilidade
com vários adultos da escola, para se comunicar
se fazendo com
entender ao perguntar:
vários adultos
“eudatô escola,
fazendo se umafazendo
pesquisaentender ao perguntar:
e preciso saber “eu tô
o que você sente fazendo
quando vocêuma
viaja pesquisa
e volta parae casa?”,
precisoanotando
saber as
o que você sente quando
respostas obtidasvocê
no seuviaja e volta
caderno o quepara casa?”,
demonstra queanotando as respostas
se sente à vontade oba escrita
para utilizar das nocomoseuforma
caderno o
de registro
que demonstra
mesmoquequese de
sente
formaà vontade para u lizar a escrita como forma de registro mesmo que de forma
não convencional.
não convencional.
Tendo em vista Tendo em vista os inúmeros
os inúmeros Territórios Territórios de Aprendizagem,incluímos
de Aprendizagem, incluímos uma
umavivência da criança
vivência em outro
da criança emcontexto,
outro
apontando desafios, conquistas e intervenções do(a) professor(a).
exto, apontando desafios, conquistas e intervenções do(a) professor(a).
“O XXXXX apresentou facilidade em se relacionar com as
O XXXXX apresentou facilidade em se relacionar com as
crianças do grupo, em diferentes momentos da rotina escolar. Durante
crianças do grupo, em diferentes momentos da ro na escolar.
os momentos das propostas na Sala de Convivência, demonstrou
Durante os momentos das propostas na Sala de Convivência,
interesse em conhecê-las com autonomia para perguntar o nome de
demonstrou interesse em conhecê-las com autonomia para
cada um e se apresentar dizendo: “oi amigo, como você chama, eu sou
perguntar o nome de cada um e se apresentar dizendo: “oi
o XXXX”. Mesmo fazendo parte do grupo de alunos novos, colaborou
amigo, como você chama, eu sou o XXXX”. Mesmo fazendo
nos primeiros dias com aqueles que tiveram mais dificuldade
parte do grupo de alunos novos, colaborou nos primeiros dias
(pegava na mão, acarinhava o rosto), em especial nos momentos
com aqueles que veram mais dificuldade (pegava na mão,
de brincadeira livre dizia: “não precisa chorar, a escola é legal, “vem
acarinhava o rosto), em especial nos momentos de brincadeira
aqui vamos brincar”. Logo começou a criar vínculos afetivos e a
livre dizia: “não precisa chorar, a escola é legal, “vem aqui
demonstrar carinho aos amigos, amigas e às professoras. Isso ficou
vamos brincar”. Logo começou a criar vínculos afe vos e a
evidente quando fomos pela primeira vez ao redário: “eu amo essa
demonstrar carinho aos amigos, amigas e às professoras. Isso
escola”, “eu respeito os amigos, ó pro eu vou te ajudar a cuidar deles
ficou evidente quando fomos pela primeira vez ao redário: “eu
que não respeitam”.
amo essa escola”, “eu respeito os amigos, ó pro eu vou te ajudar
a cuidar deles que não respeitam”.
Decidimos, apesar de poucos recursos, incluir de uma a duas fotos coloridas como forma de imprimir uma memória
afetiva e visual aos relatórios, ilustrando algum fato importante que a criança tenha vivido no período descrito.
Deixarde
Decidimos, apesar reservado
poucosum campo deincluir
recursos, assinatura
dedas
umafamílias
a duase espaço
fotospara que possam
coloridas comocomentar
formasobre a aprendizagem
de imprimir uma
das crianças, sempre esteve como prioridade para nossa equipe
mória afe�va e visual aos relatórios, ilustrando algum fato importante que a criança tenha vivido no período
rito.
Deixar reservado um campo de assinatura das famílias e espaço para que possam comentar sobre a
ndizagem das crianças, sempre esteve como prioridade para169
nossa equipe.
2º Semestre
Para o segundo semestre, o relatório traz algumas novidades.
Iniciamos com um breve relato sobre os avanços e envolvimento do grupo com a festa temática que se realiza no
meio do ano.
Em seguida, retomamos os desafios apontados pela família, apontados no relatório do primeiro semestre,
contextualizando as conquistas e os novos desafios.
Descrevemos a nova fase do projeto e a atuação da criança, apontando os desafios, conquistas e intervenções da(o)
professora(o) quando necessário.

“Iniciamos esse período comemorando nossas aprendizagens na festa “Ô de casa, posso entrar?”. Nesta festa,
pudemos ver por meio das apresentações das crianças em consonância com a ambientação que enfeitou nossa escola,
todas as descobertas que fizemos ao longo de um semestre dedicado a projeto: “Modos de conhecer, conviver, ser e viver
no mundo”.
O preparo da festa oportuniza diferentes aprendizagens para as crianças, nesse período elas relembram
conhecimentos, criam coreografias inspiradas em suas vivências, ampliam o repertório musical, conhecem compositores/
as e letras de música, dançam e percebem a possibilidade de se comunicar por meio do corpo. As crianças marcam o
dia da festa no calendário e não veem a hora dele chegar para comemorarem e compartilharem suas conquistas com a
família, amigos, amigas e comunidade escolar.
Nos momentos de preparação para a festa o XXX demonstrou curiosidade e entusiasmo com o acontecimento
que estava prestes a acontecer “eu gosto da música Odara, ela é boa para o corpo”, “O que é Odara, prô?”
Passada a festa, seguimos em busca de novas descobertas relacionadas aos modos de ser e viver no mundo.
A família Abayomi (figuras de afeto), nos ajudou nessa missão. Ela nos trouxe o Jornal de Hortolândia (cidade em que
moram Tetela e Tetelo - figuras de afeto), deste jornal destacamos as notícias que mais nos chamaram a atenção e
partimos em busca de novos conhecimentos.
Foi por meio da leitura do jornal de Hortolândia que soubemos sobre as queimadas da Amazônia. Esta notícia
preocupou a turma Clementina de Jesus e, percebendo o interesse do grupo, perguntei às crianças porque elas achavam
importante falar sobre a Amazônia. Percebemos que essa temática despertou interesse de XXX: “a gente tem que ir lá
na Amazônia e tentar resolver esse problema” que se demonstrou preocupada com as queimadas e fez questão de dar
ideias para ajudar a recuperá-la: “eu acho que a água do rio tem que ser “transbordada pra lá pra apagar o fogo e daí
plantar mais coisas”.
O Jornal de Hortolândia também nos trouxe um desafio: O que você pode fazer para ajudar a cidade ou o bairro
que você mora? Neste momento a XXX fez questão de expor suas ideias frente ao grupo, demonstrando habilidade em
compartilhar seus conhecimentos, segurança em sua fala, compreensão as discussões do projeto, desenvolvimento de
consciência ambiental e afetividade em relação a natureza. Conquistas muito importantes para infância e representadas
por meio de suas falas:
“A natureza é o lugar que a gente vive, a natureza é a nossa vida!”, “Eu fico muito triste com as pessoas que não
cuidam da natureza do meio ambiente, será que eles também querem morrer? ficar cheio de lixo?”, “Pro, você sabia que
um dia encontrei uma pessoa jogando lixo no chão e disse: “ei, você não sabe que não pode jogar lixo no chão?”, “A
gente precisa ensinar as pessoas pro planeta melhorar”, “Pro a minha mãe sabe dos 5 R’s, ela até tem um canudo que
não é de plástico”.

170
E a descrição da atuação e envolvimento da criança em pelo menos mais um território de aprendizagem da
cola (apontando desafios, conquistas e intervenções do(a) professor(a).

Em suas relações sociais, o XXX con�nua a se destacar como bastante acessível às demais
crianças doEgrupo. Emdadiversas
a descrição atuação esituações,
envolvimentoconsegue
da criança emsepelo
relacionar
menos maiscom diferentes
um território pares e o da
de aprendizagem seu jeito de
escola
agir a(apontando
favor dodesafios,
bem-estar do egrupo,
conquistas acaba
intervenções do(a)atraindo mais crianças que passam a fazer parte do seu
professor(a).
círculo de amizades: “Todo mundo tem que respeitar a pro e também os amigos senão as coisas ficam
erradas e aí ó“Em todosuasmundo
relações perde”,
sociais, o XXX continua a se destacar
demonstrando como bastantesobre
entendimento acessível
asàsnormas
demais crianças do grupo. com
de convivência
Em diversas situações, consegue se relacionar com diferentes pares e o seu jeito de agir a favor do bem-estar do grupo,
diferentes crianças no grupo.
acaba atraindo mais crianças que passam a fazer parte do seu círculo de amizades: “todo mundo tem que respeitar a
Interessante perceber que durante as brincadeiras livres compõe parcerias com meninas e
pro e também os amigos senão as coisas ficam erradas e aí ó todo mundo perde”, demonstrando entendimento sobre as
meninos optando
normas pelas brincadeiras
de convivência que mais
com diferentes crianças lhe agradam, como o dia em que decidiram fazer de um
no grupo.
dos troncos do parque,perceber
Interessante um fogão industrial
que durante e lá preparam
as brincadeiras deliciosos
livres compõe parceriaspratos paraeserem
com meninas meninos servidos
optando para
os amigos.
pelasNessa brincadeira,
brincadeiras que mais lhedemonstrou
agradam, como saber
o dia emtrabalhar emfazer
que decidiram grupo,
de umrespeitando a função
dos troncos do parque, que lhe foi
um fogão
determinada:
industrialservir os pratos
e lá preparam parapratos
deliciosos os clientes.
para serem servidos para os amigos. Nessa brincadeira, demonstrou saber
trabalhar em grupo, respeitando a função que lhe foi determinada: servir os pratos para os clientes.”

Território de Aprendizagem Transitório

Descrevemos, Descrevemos, em linguagem


em linguagem objetiva, em
obje�va, em forma
forma de de
tópicos, todas astodas
tópicos, conquistas que a criança que
as conquistas obteve
a em relaçãoobteve em
criança
as hipóteses de escrita e leitura, uma vez que investimos, diariamente, em práticas de letramento. Essas conclusões são
lação as hipóteses de escrita e leitura, uma vez que inves�mos, diariamente, em prá�cas de letramento. Essas
resultado da análise das sondagens que realizamos durante todo o ano, em diversos momentos da rotina escolar.
onclusões são resultado da análise
Por fim, apontamos das sondagens
a frequência das crianças,que realizamos
sendo durante
esta uma exigência legal todo o ano,Municipal
da Secretaria em diversos momentos da
da Educação.
�na escolar. Com o objetivo de dar autonomia às professoras da EMEI Nelson Mandela, foi elaborado um roteiro para nos guiar
Por fim, apontando
na construção a frequência
dos relatórios. dasimportante
Ele foi muito crianças,parasendo
minhaesta umapor
formação, exigência legal daque
ser um instrumento Secretaria Municipal da
me possibilitou
ducação. autoavaliar a minha escrita e, desta forma, qualificar as minhas práticas e a elaboração dos meus relatórios de avaliação para
Comaoaprendizagem.
obje�vo de dar autonomia às professoras da EMEI Nelson Mandela, foi elaborado um roteiro para
os guiar na construção dos relatórios. Ele foi muito importante para minha formação, por ser um instrumento que
e possibilitou autoavaliar a minha escrita e, desta forma, qualificar as minhas prá�cas e a elaboração dos meus
171
latórios de avaliação para a aprendizagem.
Compartilho, a seguir, o roteiro de dicas da forma como foi pensado e constou em nosso Projeto Político-Pedagógico
até 2019.
Os relatórios descritivos não devem categorizar as crianças, nesse sentido a produção da professora e do professor
sobre cada criança deve priorizar:
Os avanços conquistados, citando situações concretas e falas infantis que os comprovem. Não basta descrever
o que a criança sabe fazer (avanço) sem ilustrar ou comentar qual era ao estágio anterior para comprovar duas coisas:
primeiro o avanço e segundo que houve trabalho da professora ou do professor para que ela avançasse. Não havendo essas
referências, o leitor pode concluir que a criança chegou na escola já sabendo tudo o que está descrito no relatório. O papel
do(a) professor(a) e seus investimentos são instantaneamente diluídos pela sua própria escrita, caso não haja uma boa
contextualização.
Os desafios descrevendo situações concretas ou falas infantis que exemplifiquem, ao leitor, o que se está querendo
comunicar. Assim como nos avanços, é fundamental que o professor cite quais investimentos estão sendo feitos para
superação das dificuldades apontadas.
Os encaminhamentos, descrevendo o que foi, está e continuará a ser feito para a superação de possíveis dificuldades
e sugestões para estreitar a parceria com as famílias, pode ser interessante e desejável.
Algumas dicas são mais especificas e para facilitar a leitura, vou mantê-las em tópicos.
professor que justifique sua avaliação.
1 - Para cada afirmação (avaliação) sobre a criança, deve corresponder uma descrição de situações observadas pelo
professor que justifique sua avaliação.
Exemplo:
“A criança prefere não emitir opiniões durante as rodas de conversa”.
Ao fazer afirmações concisas demais podemos cometer erros sérios de avaliação.
O primeiro questionamento, ou melhor provocação é pensarmos na escolha do verbo “preferir”. Será que a criança
passa por um processo interno de escolha até chegar à conclusão que prefere não participar? Pensemos nisso!
“Durante uma roda de conversa em que discutíamos sobre a gestação de Sofia, Rafaela não se participou, mesmo
sendo incentivada a expor seus conhecimentos”
Geralmente a criança que não gosta de se expor diante o grupo em uma roda, conversa com seus amigos em outras
situações. É preciso ter em mente que crianças de 4 anos, na maioria das vezes, não estão acostumadas a serem ouvidas. A
exposição, inicialmente, pode assustá-la.
Diante disso, mesmo exemplificando a situação, é necessário que o leitor saiba se este comportamento é esperado
ou não de crianças desta idade. Além disso, a professora supõe que a criança tenha conhecimentos sobre gestação, o que
pode não corresponder à realidade. Veja como ficaria a leitura desta mesma afirmação com uma contextualização mais
abrangente.

“Durante uma roda de conversa sobre a gestação de Sofia, Rafaela não participou das discussões do grupo,
mesmo sendo incentivada pela professora. Consideramos essa atitude comum para crianças desta idade e a continuidade
desta dinâmica fará Rafaela adquirir mais confiança com o passar do tempo. No entanto, durante as brincadeiras livres
no parque, observamos que se comunica com seus amigos, fazendo-se entender e expondo suas vontades. Outro dia,
Rafaela, teve a iniciativa de propor uma brincadeira para sua amiga, dizendo: “Andrea, vamos brincar de casinha no
tanque?!”

172
vontades. Outro dia, Rafaela, teve a inicia�va de propor uma brincadeira para sua amiga, dizendo: “Andrea, vamos
brincar de casinha no tanque?!”
Outras interpretações
Outras interpretações sãosãopossíveis
possíveispara
para uma avaliação
uma avaliação sem
sem fundamentos.
fundamentos.
O peso de uma afirmação que carrega o «não», pode levar o(a) leitor(a) a fazer duas leituras:
O peso de uma afirmação que carrega o «não», pode levar o(a) leitor(a) a fazer duas leituras:
��lizando o mesmo exemplo, a família ao ler o relatório pode deduzir que sua filha ou filho tem problemas
Utilizando o mesmo exemplo, a família ao ler o relatório pode deduzir que sua filha ou filho tem problemas de
de relacionamento, é �mida(o), entre outras conclusões precipitadas para um indivíduo em formação.
relacionamento, é tímida(o), entre outras conclusões precipitadas para um indivíduo em formação.
Os formadores, ao analisarem o relatório, podem se fazer inúmeros ques�onamentos: será que a
professora ou Os professor
formadores,sabe ao analisarem
tratar-seo de relatório,
uma podem
a�tudeseesperada
fazer inúmeros questionamentos:
de crianças será queSerá
desta idade? a professora ou
que ela/ele
professor
realmente sabe tratar-se
observou de uma atitude esperada
este comportamento, uma vez de que
crianças
nãodesta idade? Será
conseguiu que ela/ele erealmente
contextualizar apenas observou
classificou este
um
comportamento, uma vez que não conseguiu contextualizar e apenas classificou
comportamento como nega�vo? Será que em todas as situações da ro�na escolar a criança demonstra um comportamento como negativo? Será
que em todas
insegurança as situações da rotina escolar a criança demonstra insegurança para falar?
para falar?
Enfim, Enfim,
quandoquando nãonãoexplicamos,
explicamos, detalhadamente,
detalhadamente, o queo queremos
que queremosdizer e odizer
que foi,
e odeque
fato,foi,
observado descrevendo
de fato, observado
situaçõessituações
descrevendo concretas, concretas,
cometemos cometemos
deslizes pedagógicos
deslizessérios.
pedagógicos sérios.
Se esta
Se esta afirmação
afirmação constarno
constar norelatório
relatório do
doprimeiro
primeiro semestre,
semestre,é preciso retomá-la
é preciso no segundo
retomá-la para sinalizar
no segundo paraavanços.
sinalizar
CasoCaso
avanços. contrário, fica a fica
contrário, ideiaade quede
ideia o ano
queterminou sem que sem
o ano terminou nadaque
fossenada
feitofosse
em relação à participação
feito em da criança nosda
relação à par�cipação
momentos
criança de conversa
nos momentos decom os colegas.
conversa com os colegas. Portanto, é impossível iniciar a escrita do segundo semestre
sem reler o que foi registro
Portanto, no primeiro
é impossível período
iniciar a escrita dodo ano. semestre sem reler o que foi registro no primeiro período do ano.
segundo
MaisMais
importante
importante dodoque queisso.
isso.Você
Vocêconhece algumadulto
conhece algum adulto queque
nãonão se coloca
se coloca em público?
em público?
É fundamental
É fundamental avaliarmos
avaliarmosseseesta estacaracterís�ca da criança
característica da criançaééimpeditiva
impedi�va aoao
seuseu desenvolvimento.
desenvolvimento. Se nãoSefor,
não for,
não
não merece
merece ser citadano
ser citada norelatório,
relatório, certo?
certo?

“XXX preferiu
“XXX preferiu assumir
assumir uma uma posturade
postura deescuta
escuta durante
duranteasas
rodas
rodasde conversa, mas émas
de conversa, perceptível que esteve
é percep�vel queatenta
esteve
a tudo que foi dito quando lancei a proposta de construção de um livro que contasse a História do Brasil e
atenta tudo que foi dito quando lancei a proposta de construção de um livro que contasse a História do Brasil e ela ela foi capaz
dede
foi capaz reproduzir detalhes
reproduzir por meio
detalhes porda fala da
meio e dos
faladesenhos”
e dos desenhos”

Projeto: A família Abayomi viaja no tempo

2 - Para cada afirmação (avaliação) sobre a criança, deve corresponder uma descrição do trabalho do professor
2 - Para cada afirmação (avaliação) sobre a criança, deve corresponder uma descrição do trabalho do professor
diante da constatação.
diante da constatação.
É comum
É comum acharmos frases
acharmos frases prontas
prontasqueque
são recortadas e coladas
são recortadas em todos em
e coladas os relatórios.
todos osEsta antiga concepção
relatórios. de
Esta an�ga

173
avaliação, revela-nos alguns conceitos que precisam ser reavaliados. Quando montamos textos para alunos sem problemas,
com problemas e com muitos problemas, estamos desconsiderando a individualidade, a história de cada um deles. Negamos
a possibilidade de que um mesmo comportamento possa ter raízes diferentes e, consequentemente, nossas intervenções
serão ineficientes.

Exemplo:
“Demonstrou estar bem adaptada à rotina escolar”.

Esta frase solta não significa nada para quem lê e muito menos possibilita um trabalho efetivo do professor, além de
revelar a concepção de escola um pouco distante do desejável. Não é a criança que deve se adaptar à escola, não é verdade?
Bem, seguimos!
A primeira coisa a se fazer é consultar os registros de observação no semanário para que o(a) professor(a) se lembre
de quem está falando. Temos certeza de que nossas crianças apresentam habilidades e dificuldades em relação à rotina
escolar.
Nossa sugestão é que o (a) professor(a) descreva sobre qual a rotina do seu grupo ele(a) se refere e depois sinalize
o que considera “bem adaptada”
O conceito de “bem adaptada” é subjetivo, assim como todos os adjetivos que aparecem, hoje, com menos
frequência, nos relatórios.
Poderíamos perguntar, por exemplo: Estar bem adaptada é, na concepção desse profissional, aquela criança que
obedece? Se hoje vivemos a total falta de limites, duvidamos que alguma criança consiga cumprir com todos os combinados,
por exemplo. Cada criança reage de forma diferente às exigências sociais e essa sua característica é que deverá constar em
seu relatório.

Vamos imaginar que o professor queira manter a frase genérica:


“A Rafaela demonstrou estar bem adaptada à rotina escolar.”

Deverá descrever o trabalho que foi desenvolvido para que isso fosse garantido, veja:

“A Rafaela demonstrou estar bem adaptada à rotina escolar. Construímos, diariamente, uma lista com o grupo,
contendo a previsão de várias atividades. Rafaela participa da sua elaboração e, sempre que possível, lembra ao grupo
qual será o próximo momento.”

Como a frase é genérica, fica difícil fazermos intervenções. Neste caso, entendemos que a professora avaliou se a
criança conhecia a rotina fixada pela linha de tempo, mas ficamos com dúvidas se era isso mesmo que ela queria dizer.
Além disso, perguntamos o que significa “bem adaptada” para quem redigiu a avaliação. Para alguns pode significar
a submissão, para outros a autonomia.
Portanto, seja qual for a afirmação que carregue consigo uma avaliação, deve estar acompanhada de um contexto,
de uma situação real.
A conclusão mais acertada é não utilizar mais o verbo “adaptar” em seus relatórios e, ao invés disso, substituí-lo pela
descrição de situações que demonstrem como a criança reage às rotinas da escola, descrevendo-a sem utilizar adjetivos.

174
Situação de aprendizagem em pequenos grupos – Sala de Leitura

3 - Para cada afirmação (avaliação) sobre a criança, o(a) professor(a) deverá refletir se a informação é importante
I3 - Para cada afirmação (avaliação) sobre a criança, o(a) professor(a) deverá refle�r se a informação é importante
para o desenvolvimento da criança. Em caso afirmativo, descrever os motivos.
para o desenvolvimento da criança. Em caso afirma�vo, descrever os mo�vos.

Exemplo:
Exemplo:
“A criança
“A criança demonstra
demonstra agressividade com
agressividade com seus
seuscolegas
colegase professores”.
e professores.”

Não Não bastabasta descrever oo comportamento,


descrever comportamento, é preciso sinalizarsinalizar
é preciso as consequências destas atitudesdestas
as consequências para o desenvolvimento
a�tudes para o
infantil, assim como
desenvolvimento compreender
infan�l, assim como a sua origem.
compreender a sua origem.
Ao falarmos
Ao falarmossobre comportamentos
sobre agressivos,
comportamentos agressivos, porpor exemplo,
exemplo, é preciso
é preciso sinalizar
sinalizar no relatório
no relatório a conversaa conversa que
que deveria
deveria
terter
sidosido
feitofeito
comcom
os paisosepais e se
se ela ela efeitos.
surtiu sur�u efeitos.
SabemosSabemosquequeesses comportamentos
esses comportamentos podem podemrevelar
revelar duas
duas situações
situações que abrangem
que abrangem o convívio
o convívio familiar familiar
e a formae a
formacomo
como o professor
o professor gerencia
gerencia seu grupo
seu grupo de crianças.
de crianças.
Ao classificamos
Ao classificamos comportamentos,
comportamentos, pura puraeesimplesmente,
simplesmente, semsem lhes lhes dar contextualização
dar uma uma contextualização e descrever
e descrever o que foi o
que foi
feito sobre eles, é o mesmo que afirmarmos que nós, professores, nos eximimos da responsabilidade de suas ocorrênciasde
feito sobre eles, é o mesmo que afirmarmos que nós, professores, nos eximimos da responsabilidade
suas ocorrências
e fomos incapazese fomos incapazes
de construir de construir
estratégias estratégiasEmpara
para superá-los. superá-los.
última Em �l�ma as
análise, culpabilizamos análise, culpabilizamos
crianças e suas famílias, as
crianças e suas famílias,
demonstrando demonstrando
desconhecer a linguagem desconhecer a linguagem
corporal utilizada na primeira corporal
infância.u�lizada na primeira infância.
O professor precisa
O professor ter claro
precisa queque
ter claro “comportamento”
“comportamento”não nãoééum umproblema
problema ee queque para
para compreendê-lo
compreendê-lo é épreciso
preciso
conhecer a história
conhecer de vida
a história dede
de vida nossas
nossascrianças,
crianças, antes
antes dedeclassificá-las
classificá-las emem seusseus relatórios.
relatórios.
Vale ressaltar que comportamentos avaliados como impedi�vos de aprendizagem podem ser registrados
Vale ressaltar que comportamentos avaliados como impeditivos de aprendizagem podem ser registrados nos
nos relatórios, desde que tenha havido um ou mais encontros com as famílias. Além disso, logo após descrever um
relatórios, desde que tenha havido um ou mais encontros com as famílias. Além disso, logo após descrever um comportamento
comportamento considerado inadequado, o professor deve relatar quais foram seus inves�mentos para superá-lo.
considerado inadequado, o professor deve relatar quais foram seus investimentos para superá-lo.

175
«Durante diversos momentos do projeto, foi possível perceber a a�va par�cipação de XXX e reiterar o que
foi colocado no relatório de adaptação: ele tem aprendido e respeitado cada vez mais as normas de convivência da
“Durante
escola. É evidente diversos
que momentos
em alguns diasdoisso
projeto, foi possível
acontece mais perceber
e em aoutros
ativa participação de XXX eestá
menos, quando reiterar
maiso que foi e por
agitado
diversascolocado
vezes no relatório
corre peladesala
adaptação:
sendo ele tem aprendido
necessário queeretomemos
respeitado cada vez mais
com as normas
ele quais são de
osconvivência
locais da da escola.em
escola É que se
evidente
pode correr. Osque em alguns
fatores quedias isso acontece
o auxiliam mais e eme outros
a entender cumprirmenos, quando
ou não está mais agitado
os combinados e pordiretamente
estão diversas vezesrelacionados
corre
ao fatopela salainteressar
de se sendo necessário
por um queassunto
retomemos com
e ao ele quais
querer sãoeosnão
algo locais da escola
poder, por em que ele
vezes se pode
fica correr. Os fatores
frustrado quea�tudes
e toma
o auxiliam
impulsivas. Porém,a entender e cumprir
a maioria ou nãoao
das vezes, os conversarmos,
combinados estãoele diretamente
se acalma relacionados ao fatojuntos
e procuramos de se interessar por umpara seu
uma solução
conflito.assunto e ao querer algo e não poder, por vezes ele fica frustrado e toma atitudes impulsivas. Porém, a maioria das vezes,
ao conversarmos, ele
É fundamental quese acalma
a famíliae procuramos
par�cipe juntos uma solução
das reuniões para
e dos seu conflito.
eventos da escola para que possamos estabelecer
É fundamental que a família participe
uma parceria e ajudar XXX a superar alguns desafios." das reuniões e dos eventos da escola para que possamos estabelecer uma
parceria e ajudar XXX a superar alguns desafios.”

Situação de aprendizagem em grandes grupos -Jogos)


4 – Evite em
4 – Evite adje�vos adjetivos
seusem seus relatórios
relatórios e/ou e/ou julgamentos
julgamentos baseados no
baseados no senso
sensocomum.
comum.
Geralmente u�lizamos adje�vos que pouco dizem respeito ao processo de aprendizagem. Assim como
frases prontas, usamosutilizamos
Geralmente adje�vos para sermos
adjetivos que poucogenéricos, não nos
dizem respeito aocomprometermos e ao mesmo
processo de aprendizagem. tempo
Assim como deixarmos
frases
os leitores
prontas,(pais)
usamossa�sfeitos.
adjetivos para sermos genéricos, não nos comprometermos e ao mesmo tempo deixarmos os leitores
Quando
(pais) rotulamos uma criança como sendo: alegre, delicada, carinhosa, �mida, presta�va, triste,
satisfeitos.
comunica�va estamos
Quando cometendo
rotulamos uma criança umcomo
grande
sendo:equívoco. Primeiro
alegre, delicada, porque
carinhosa, definimos
tímida, rótulos
prestativa, para crianças em
triste, comunicativa
desenvolvimento
estamos cometendo e emum segundo
grande porque
equívoco.falamos
Primeiro sobre
porquecaracterís�cas
definimos rótulosque não
para interferem
crianças na capacidade
em desenvolvimento cogni�va
e em
de uma criança,
segundo essa
porque sim, deve
falamos sobreser um dos focos
características dosinterferem
que não relatóriosnaindividuais.
capacidade cognitiva de uma criança, essa sim, deve
ser Esta
um dosforma
focos dos
de relatórios
se dirigirindividuais.
às crianças configura uma concepção ultrapassada de relatório e reforça um
relacionamento pouco
Esta forma profissional
de se entreconfigura
dirigir às crianças escola eumacriança.
concepção ultrapassada de relatório e reforça um relacionamento
pouco profissional entre escola e criança.
Exemplo:
“A Rafaela
Exemplo: é carinhosa e dedicada.”
“A Rafaela é carinhosa e dedicada.”

176
Assim como em outros registros, cabem inúmeros ques onamentos. Carinhosa com quem? Quando? Por
Assim como em outros registros, cabem inúmeros questionamentos. Carinhosa com quem? Quando? Por quê? Como?
quê? Como? E, finalmente, o que esta caracterís ca conta sobre a Rafaela? Para um leitor pode significar que ela
E, finalmente, o que esta característica conta sobre a Rafaela? Para um leitor pode significar que ela não seja agressiva (outro
não seja agressiva (outro adje vo que não esclarece quem é a criança), para outros pode sinalizar que Rafaela
adjetivo que não esclarece quem é a criança), para outros pode sinalizar que Rafaela possa ter atitudes manipuladoras em
possa ter a tudes manipuladoras em relação ao professor e seus colegas (o que não nos leva a lugar nenhum).
relação ao professor e seus colegas (o que não nos leva a lugar nenhum). Adjetivos não deixam claras as observações sobre
Adje vos não deixam claras as observações sobre a criança.
a criança.
Subs tua um adje vo por uma descrição de situação/ ação.
Substitua um adjetivo por uma descrição de situação/ ação.
“Rafaela é dedicada. Concentra-se para finalizar as propostas e geralmente as realiza atendendo às
solicitações das“Rafaela é dedicada.
professoras, Concentra-se
u lizando sua criapara finalizar
vidade paraasproduzi-las.”
propostas e geralmente as realiza atendendo às solicitações
das professoras, utilizando sua criatividade para produzi-las.”
Mais uma vez, a intervenção fica di�cil, porque ao fazê-la, consideramos que o “dedicada” diz respeito à
Mais uma vez,mas
realização das propostas, a intervenção
pode nãoficaser difícil,
estaporque para fazê-la,
a intenção do(a)consideramos
professor(a). queVeja
o “dedicada”
como adiz respeito à realização
intervenção do(a)
das propostas,
formador(a) fica somentemas pode
na não ser esta a intenção
especulação do quedo(a)eleprofessor(a).
imagina que Vejaacomo a intervenção
professora do(a) formador(a)
ou professor possa fica
ter somente
do a
intençãonadeespeculação
dizer com odoadje
que ele
vo.imagina que a professora ou professor possa ter tido a intenção de dizer com o adjetivo.
Podemos perguntar,
Podemos então:
perguntar, PorPor
então: quequeserserdedicada
dedicada eecarinhosa
carinhosa sãosão caracterísimportantes
características cas importantes para asna
para as crianças
na educação
crianças educação infan
infantil? l? Em
Em que estasque estas caracterís
características auxilias acas auxiliasdo
construção a construção
conhecimento? doOconhecimento?
que ser carinhosa O que ser
interfere nos
carinhosaseus
interfere
processosnosde seus processos
aprendizagem? Se de
não aprendizagem?
interfere, não deveSeestar
nãonointerfere,
relatório denão deve estarAdjetivos
aprendizagem. no relatório de
classificam.
aprendizagem.
AdjetivosAdje
são, emvossua
classificam. Adje vosOnde
maioria, excludentes. são,háem sua maioria,
adjetivos, há falta excludentes.
de observaçõesOnde há adje
melhores vos, há
para serem falta de
registradas.
observações melhores
Em uma para
escolaserem registradas.
Inclusiva, integral e integradora, todas as pessoas são únicas e incríveis. Totalmente desnecessário e
Em úlque
inapropriado ma análise,
nossos a u lização
relatórios contenham de rótulos
adje vos, desprofissionaliza
estereotipados os relatórios. Não podemos, como
das infâncias.
especialistas emEmeducação, confundir o afeto que deve ser expresso e rege nossas
última análise, a utilização de adjetivos, desprofissionaliza os relatórios. Não relações, com
podemos, umespecialistas
como processo de em
avaliaçãoeducação,
de aprendizagem.
confundir o afeto que deve ser expresso e rege nossas relações, com um processo de avaliação de aprendizagem.

Situação de aprendizagem na
interação com as educadoras da limpeza.

Situação de aprendizagem
Interação com as educadoras da limpeza

177

177
5 - Porque inserir falas infan�s nos relatórios
Nós, na EMEI Nelsoninserir
5 - Porque Mandela, chamamos
falas infantis a avaliação de “Relatório de Avaliação para a Aprendizagem”.
nos relatórios
Para que a descrição Nós,dasna propostas
EMEI Nelsondesenvolvidas
Mandela, chamamos pelasacrianças
avaliaçãotenha um caráter
de “Relatório individual,
de Avaliação para aa transcrição
Aprendizagem”. dasPara
alas garanteque
a personalização do relatório.
a descrição das propostas Além disso,
desenvolvidas pelasdá credibilidade
crianças tenha umao relatório,
caráter falando
individual, de uma das
a transcrição determinada
falas garante a
criança, e não de outra qualquer.
personalização Para
do relatório. Alémgaran�rmos vínculos com
disso, dá credibilidade as famílias,
ao relatório, falandoedecontar com seu apoio
uma determinada para
criança, futuras
e não de outra
ações que visem o desenvolvimento
qualquer. de nossas
Para garantirmos vínculos com ascrianças,
famílias, ée contar
preciso comqueseuseapoio
estabeleça uma
para futuras relação
ações de confiança
que visem com
o desenvolvimento
o(a) professor(a). O fato
de nossas de oéresponsável
crianças, preciso que sepela criança
estabeleça umareconhecer sua filhacom
relação de confiança ou o(a)
filhoprofessor(a).
por meio O das falas,
fato de o situações
responsávelepela
reações, é o criança
primeiro e um dos
reconhecer suapassos
filha ouque
filhonos
por aproxima.
meio das falas, situações e reações, é o primeiro e um dos passos que nos aproxima.
ReconhecerReconhecer
seu(sua) seu(sua)
filho(a)filho(a)
nos relatórios dá,dá,
nos relatórios aosaos pais,
pais,aasegurança
segurança dedeque que a professora
a professora e a escola
e a escola estãoaos
estão atentas
atentas aos seus avançose dificuldades.
seus avanços e dificuldades. Confiabilidade
Confiabilidade é a palavra!
é a palavra!
Outro ponto fundamental
Outro que merece
ponto fundamental destaque
que merece destaqueé que as falas
é que as falasdas
dascrianças
crianças conduzem
conduzem osos nossos
nossos projetos.
projetos. Elas dão
Elas dão legi�midade
legitimidadeeenos servemdederoteiro
nos servem roteiro
parapara o trabalho
o trabalho pedagógico.
pedagógico. Nesta perspec�va,
Nesta perspectiva, é impensávelé que
impensável quenão
nos relatórios
nos relatórios não
seja seja possível,
possível, ao professor,
ao professor, transcrevê-las.
transcrevê-las.
Na foto, todas as crianças
Na foto, todas as deram
criançassua opinião,
deram mas amas
sua opinião, professora,
a professora,emem seuseu
planejamento, definiu
planejamento, definiu três
três crianças
crianças com as
com as quaisquais
conversou após a a�vidade para registrar suas argumentações.
conversou após a atividade para registrar suas argumentações.

Pesquisa de opinião:
A prisão de Nelson mandela foi justa?
Anotações das falas para o relatório de
avaliação individual.
Pesquisa de opinião:
A prisão de Nelson Mandela foi
justa?
Anotações das falas para o
relatório de avaliação individual.
6 - Não citar nomes de outras crianças nos relatórios individuais
6 - Não citar nomesAdecitação
outrasdecrianças
nomes denos
outras crianças individuais
relatórios nos relatórios individuais, no início das reflexões sobre este tema, garantia
que o professor
A citação de nomes observava suascrianças
de outras crianças. Era
nosconsiderado
relatórios como uma prova
individuais, noirrefutável
início dasdereflexões
que ele estava atento.
sobre este tema,
garan�a que o professor observava suas crianças. Era considerado como uma prova irrefutável de que ele estava
atento. Exemplo:
Exemplo: “Junior adora brincar com o Fabrício e com João”.
“Junior adora brincar com o Fabrício e com João.”
Ao analisar essa afirmação, podemos fazer inúmeros questionamentos sobre o que ela nos conta sobre a criança que
Ao analisar essa
está sendo afirmação, podemos fazer inúmeros ques�onamentos sobre o que ela nos conta sobre a
avaliada.
criança que está sendo avaliada. essa relação de preferência tem para o desenvolvimento do Junior? O(a) professor(a) ao descrevê-
Que importância
Que importância essa relação de preferência tem para o desenvolvimento do Junior? O(a) professor(a) ao

178

178
la, garante a qualidade do processo de socialização do Junior? Qual é o real objetivo ao inserir esta informação no relatório?
Eu poderia avaliar que o Junior encontra dificuldade de se relacionar com outras crianças do grupo? Claro que sim.
Isso passaria a ser um desafio a ser conquistado e não um avanço a ser apontado, certo?
Se fôssemos nos aprofundar nessas relações para justificarmos porque Junior procura brincar com o Fabrício e com
o João, cairíamos em outro erro, qual seja o de avaliar os amigos por meio do relatório do Junior.
Desta forma, o que é preciso constar no relatório é de que forma o Junior se relaciona com o grupo, citando,
por exemplo: que elegeu alguns amigos de sua preferência, quais as situações em que brinca com um número reduzido
de colegas, se alterna os amigos a depender das situações em que se encontra, se há dificuldade em brincar com novos
parceiros, entre outras situações de convivência e quais as intervenções foram realizadas para ampliar o círculo de amizades
do Junior.

7 - Incluir informações sobre as conquistas de escrita e leitura.


Faz parte da nossa proposta pedagógica e do nosso currículo ouvir a nossa comunidade e dar-lhe respostas aos seus
anseios. A inserção de práticas de letramento no relatório faz parte desse processo de escuta e acolhimento das famílias.
Contamos com a participação efetiva de nossa comunidade na elaboração do nosso Projeto Político-Pedagógico e
contemplar suas expectativas é nossa concepção de uma Educação Inclusiva, Integral e Integradora.
Após a observação das sondagens de escrita e leitura de seu grupo, a professora ou professor opta pelos itens
do roteiro que correspondem à realidade de cada criança e os inclui nos relatórios, mantendo-os em formato de tópicos
para facilitar a compreensão pelas famílias. É importante ressaltar que só existem sinalizações positivas, ou seja, tudo o
que a criança já conquistou durante o período letivo. Pela nossa experiência, esse procedimento tem um nome: elevar a
autoestima.

Tópicos a serem utilizados nos relatórios:


- Percebe que a escrita é diferente do desenho, mesmo utilizando símbolos que não representem letras.
- Reproduz o movimento da escrita cursiva para escrever o que demonstra que já diferencia o desenho da escrita.
- Possui um bom repertório de letras e para escrever diversas palavras utiliza algumas que não usa para escrever seu
nome.
- Utiliza as letras de seu nome para escrever diversas palavras o que representa um grande avanço.
- Percebe que o movimento para escrever e ler é sempre feito da esquerda para a direita.
- Quando pedimos para ler alguma palavra que escreveu, acompanha com o dedo e faz alguns recortes, tentando
ajustar a leitura ao que escreveu.
- Percebe que para escrever utilizamos letras e não desenhos.
- Percebe que palavras diferentes se escrevem de forma diferentes.
- Sente-se à vontade para escrever e ler, mesmo que de forma não convencional. Não ter receio de errar é fundamental
para o seu desenvolvimento.
- Percebe que a escrita representa a fala.
- Percebe que as palavras são formadas por vários sons e, no momento da
escrita, escreve uma letra (ou mais) para cada som.
- Percebe que os sons que emitimos ao falar uma palavra são diferentes e quando escreve faz relação desse som

179
com as letras que conhece.
- Percebe que as palavras são formadas por vários sons. Ao ler, divide a palavra que escreveu em várias sílabas.
- Reconhece a função social da escrita e a utiliza sempre que necessário.
- __________ (nome da criança) está alfabetizado e nos próximos anos ajustará sua escrita às regras convencionais.
- __________ (nome da criança) superou nossas expectativas de aprendizagem e o seu interesse pela leitura e
escrita ajudará seu processo de alfabetização nos próximos anos escolares.

AÇÕES PARA AUTOCORREÇÃO DOS RELATÓRIOS DESCRITIVOS

Após reler seu relatório, SUBLINHE todas as afirmações (avaliações) que você fez sobre a criança e faça a seguinte
análise para cada uma delas:
1) Há algum fato que comprove minha conclusão? Se não houver, retire suas observações ou descreva uma situação.
2) Minha observação foi feita em única oportunidade ou durante a realização de uma mesma atividade? Se a
resposta for positiva, observe a criança em outras situações antes de ser conclusiva.
3) Relendo minha escrita, percebi que registrei alguns julgamentos sobre a criança. Verifique se sua escrita relata
fatos ou julga comportamentos. Muitas vezes os julgamentos não estão explícitos, mas levam os leitores a tirar suas próprias
conclusões, o que não é desejável.
4) Apontei uma dificuldade da criança. Verifique se você, após ter constatado a dificuldade, registrou o seu trabalho
para que a criança a superasse. Se não houve nenhum investimento, invista primeiro para depois avaliar.

Releia, como leitor, os seus relatórios, perguntando-se:

1) Fiz uso repetitivo de expressões e palavras (adjetivos, advérbios, preposições e verbos).


2) Os parágrafos estão muito extensos, dificultando a compreensão de leitores pouco assíduos?
3) Há contradições em meu texto? É comum isso acontecer quando não lemos, criticamente, nossos textos. No início,
digo que está tudo bem e depois, em outros parágrafos, falo que precisa melhorar ou que apresentou avanços.
4) Posso unir os parágrafos que falam sobre o mesmo assunto?
5) Após indicar que houve avanço sobre determinado aspecto, encontrei em parágrafos anteriores a sinalização da
dificuldade?
6) Ao apontar avanços, eu os descrevi por meio de uma boa contextualização.
7) Existem falas da criança em meu relatório? Por que não? Reúna falas em vários momentos da rotina.
8) Os aspectos que analisei na maioria dos outros relatórios, foram mencionados neste. Por quê?
9) Não fui capaz de fazer um relatório fidedigno da criança X. Por quê? O que preciso fazer para reunir subsídios?
10)Ao final da escrita, reli o relatório e grifei todas as minhas avaliações. As descrições das aprendizagens estão
balanceadas entre avanços e dificuldades acompanhadas de suas justificadas.
11) Inclui fotos que representam momentos significativos da vida da criança com o grupo e em atividades individuais.
Lembre-se que todas as fotos têm um cenário de fundo. Não esqueça de analisá-lo.

180
Por fim, acredito ser importante compartilhar que os relatórios eram um grande desafio para mim, mas foram
ganhando
Por fim,significados
acredito serna importante
medida em compar�lhar
que foram incorporados a minhaeram
que os relatórios rotina.
umQuando
grandefaço a releitura
desafio para mim, paramasa última
foramconferência, valorizo meuna
ganhando significados próprio
medida trabalho
em quee foram
reconheço o quanto anosso
incorporados minhagrupo
ro�na. foiQuando
capaz defaço realizar. Muitaspara
a releitura vezes
a me
úl�ma emociono, porque
conferência, por meio
valorizo meudeles revivo
próprio momentos
trabalho únicos com
e reconheço cada uma
o quanto dasgrupo
nosso crianças. Os relatórios
foi capaz registram
de realizar. Muitas nossas
vezesmemórias
me emociono, porque por meio
individuais e coletivas. deles revivo momentos únicos com cada uma das crianças. Os relatórios
registram nossas memórias
O relatório individuais
de avaliação paraeaprendizagem
cole�vas. é um portador do trabalho que realizei para a minha colega que vai
O relatório de avaliação para aprendizagem é um
receber a criança no ano seguinte. Essa troca entre professoras portadoré do trabalho eque
valiosíssima quemrealizei para a minha
é beneficiada colega que
pela qualidade desses
vai receber a criança no ano seguinte. Essa troca entre professoras é valiosíssima e quem é beneficiada pela
registros é a infância, suas memórias e conquistas. Conhecer, antecipadamente, um pouco da história das crianças com as
qualidade desses registros é a infância, suas memórias e conquistas. Conhecer, antecipadamente, um pouco da
quais vai conviver, ressignifica o período de acolhimento, carregando-o daquilo que sempre nos acompanha nas práticas da
história das crianças com as quais vai conviver, ressignifica o período de acolhimento, carregando-o daquilo que
sempreescola:
nosoacompanha
afeto. nas prá�cas da escola: o afeto.
Mas em nossa
Mas em nossa escola, escola,
há há sempre
sempre espaçopara
espaço parainovar.
inovar.Em
Em 2019,
2019, acompanhei
acompanheiuma umaprática
prá�ca dasdas
Professoras
Professoras Roberta
e Lígia
Roberta que que
e Lígia deveria ser adotada
deveria por todas
ser adotada e todos
por todas nós. Elas,
e todos nós.antes de marcar
Elas, antes a reunião
de marcar com oscom
a reunião pais,os
fizeram a leitura dos
pais, fizeram
relatórios
a leitura com cadacom
dos relatórios uma cada
das crianças
uma das decrianças
seu grupo.
deSegundo
seu grupo.relato das professoras
Segundo relato das envolvidas,
professoras alémenvolvidas,
de emocionadas
além com
de emocionadas com a reação
a reação das crianças das crianças
ao ouviram tudo o queao ouviram
aprenderam,tudopuderam
o que aprenderam,
perceber que puderam perceber
haveria muitas que haveria
aprendizagens a serem
muitas aprendizagens
incluídas a serem
no relatório incluídas
pelas novas falasno
querelatório pelas novas
foram surgindo. Alémfalas que
disso, foram surgindo.
a sensação Além disso,
mais importante queativeram
sensação foi a de
maisreforçar
importante que �veram foi a de reforçar o compromisso com as meninas e meninos de sua turma,
o compromisso com as meninas e meninos de sua turma, no sentido de terem adotado uma postura ética em que no sen�do
de terem adotado uma postura
o avaliado é o primeiro é�ca
a saber emsua
sobre queavaliação.
o avaliado é o primeiro a saber sobre sua avaliação.

“Atingimos um nível
"A�ngimos umde parceria
nível e transparência
de parceria e
com transparência
o grupo que com eu onunca
grupotinha
que eu experimentado.
nunca
Quando�nhafalamos quais os desafios
experimentado. que elas
Quando tinham que
falamos
superar, algumas
quais pediramque
os desafios para elas
ver o�nham
portfólioqueindividual
superar, algumas pediram para
e mostraram interesse em concluir as propostas, ver o até
mesmo por�ólio individual
do dia em e mostraram
que tinham faltado. As interesse
crianças ficaram
felizes e se sentiram parte de todo o processo. do
em concluir as propostas, até mesmo Eu nunca
dia em que �nham faltado. As crianças
imaginei que pudesse estabelecer um relacionamento
ficaram felizes e se sen�ram parte de todo
tão cuidadoso, delicado e sensível com todas as crianças
o processo. Eu nunca imaginei que
do grupo. Isso só foi possível pela confiança e o respeito
pudesse estabelecer um relacionamento
mútuo tãoque definiram nossas
cuidadoso, interações”
delicado e sensível com
todas as crianças do grupo. Professora
Isso só foi Roberta
possível pela confiança e o respeito
mútuo que definiram nossas interações"
Professora Roberta

Pietra trocando informações sobre


Pietra trocando seu relatório
informações de
sobre seu
avaliação com a Professora.
relatório de avaliação com a professora.

181181
"Avaliar
"Avaliar éé construir
construir possibilidades
possibilidades
para que o outro
para que o outro se
se enxergue
enxergue com
com umum olhar
olhar
"Avaliar é construir possibilidades
estrangeiro,
estrangeiro, aquele
aquele curioso
curioso e afe vo
vo de
e afe com de
para que o outro se enxergue um olhar
quem quer
quem quer descobrir todas
descobriraquele as
todas as potências
potências de
de vo de
estrangeiro, curioso e afe
alguém
alguémquemque precisam
que quer
precisam ser
ser reveladas
reveladas para
para
descobrir todas as potências de
todos e todas.
todos ealguém Essa
todas. que construção
Essaprecisam
construção precisa
precisa de
de
ser reveladas para
cuidado,
cuidado, leva
levae tempo
tempo e ser diária.
diária. Ela não
todos todas. eEssa
ser construçãoEla precisa
não de
pode estar
pode estar desvinculada
desvinculada de
de um
um projeto
projeto de
de
cuidado, leva tempo e ser diária. Ela não
Educação
Educação que pretende ser inclusivo,
pode que
estarpretende
desvinculada ser de
inclusivo,
um projeto de
integral e integrador.
integralEducação
e integrador.que pretende ser inclusivo,
Avaliar
Avaliarenão
não éé expressar
expressar a a minha
minha
integral integrador.
opinião sobre alguém,
opinião sobre Avaliar
alguém,não mas registrar
maséregistrar o
o que
que
expressar a minha
conquistamos
conquistamos juntos e os desafios que
que nos
opinião juntos e os desafios
sobre alguém, nos o que
mas registrar
esperam."
esperam."
conquistamos juntos e os desafios que nos
esperam."
Cibele
Cibele Racy
Racy
Cibele Racy
Marina
Marina Gomes
Gomes Bi
Bi encourt
encourt
Formada em Pedagogia
Formada em PedagogiaMarinapela Universidade
pela Universidade
Gomes Bi encourt
Bandeirante
Bandeirante de
de São
São Paulo
Paulo em 2007,
em pela com
2007,Universidade
com
Formada em Pedagogia
habilitação para
habilitação para o
o Magistério
Magistério e
e Administração
Administração
Bandeirante de São Paulo em 2007, com
Escolar.
habilitação para o Magistério e Escolar.
Administração
Escolar.

Marina
ProfessoraMarina

Cortejo com a Professora Marina


comaaProfessora
Cortejocom
Cortejo

182
182
182 182
Acorde
Acorde
Acorde
Agrupamentos multietários: rompendo com as normas
Agrupamentos
AgrupamentosMul�etários,
Mul�etários,
segregatórias
segregatórias por
rompendo
rompendo
por idade
idade na na
com
comasasnormas
educação
educação
segregatórias por idade naMarina
educação
normas
infantil
infan�l
infan�l
Basques Masella
Marina
MarinaBasques
BasquesMasella
Masella

Minha
Minhahistória
Minha históriacom
história comaa EMEI
com aEMEI
EMEI Nelson
Nelson
Nelson Mandela
Mandela
Mandela teve implementação
Após sete anos da
implementação dedaLeiLei10.639/03
10.639/03no
implementação danoPPP
Lei
PPP dadaescola,
10.639/03 no
escola,
teve
teve início
inícioinício em
em 2017, 2017,
em 2017, mesmo
mesmomesmo ano emanoano em
queem que o Projeto
que o Projeto
o Projeto Político- que trouxe
queda
PPP trouxe consigo
escola,consigo a
que trouxe concepção
a concepção
consigo a de de uma educação
uma educação
concepção de uma
Polí�co-Pedagógico
Polí�co-Pedagógico da escola dava o pontapé inicial an�rracista para as educadoras, a equipe se deu
Pedagógico da escoladadava escola dava o pontapé
o pontapé inicial parainicial
uma an�rracista
educação para aspara
antirracista educadoras,
as educadoras, a equipe
a equipesese deu
deu
para
para uma
uma importante
importante mudança
mudança curricular:
curricular: a a conta dedeque valorizar o oconvívio e eo odireito à
importante mudança curricular: a organização das turmas conta de que valorizar o convívio e o direito à diferençaà
conta que valorizar convívio direito
organização
organização dasdas turmas em
turmas em agrupamentosagrupamentos diferença
diferençaem implicaria
implicaria em rever
emorever tudo o
tudo o que que es�vesse
es�vesse
em agrupamentos
mul�etários. multietários. implicaria
“naturalizado” reverno tudo
que que estivesse
estruturava “naturalizado”
as prá�cas
mul�etários. “naturalizado” no que estruturava as prá�cas
EmEm todas asaslegislações e normativas que norteiam no que estruturava as práticas pedagógicas.escolha Uma vez
Emtodas todas aslegislações
legislaçõese enorma�vas norma�vasque que pedagógicas.
pedagógicas.Uma Umavez vezque quenenhumanenhuma escolha
a educação
norteiam a abrasileira,
educação a seriação
brasileira, das crianças
a aseriação é tidadas que nenhuma escolha
curricular curricular atravessadas
é aleatória e todas
norteiam educação brasileira, seriação das curricularé éaleatória
aleatóriae etodas todassão são atravessadaspor por
como
crianças fato
é �dadadocomo e a mistura
fato dado
crianças é �da como fato dado e a mistura de de
e aidades
mistura e a
de são
intenções, atravessadas por intenções,
intenções, era preciso problema�zaro o
era preciso problema�zar era preciso
idades e
interação
idades a interação
e aentre entre
faixas entre
interação faixas
etáriasfaixas etárias
distintas,
etárias problematizar
caráter
caráter “natural”
“natural” o dos
caráter “natural”das
dossignificados
significados dos
das
dis�ntas,
como uma
dis�ntas, como uma
exceção.
como umaNãoexceção. Não
é diferente
exceção. Nãoé é divisões
divisõespor
significados por idades
das divisões
idades nana Educação
por idades na
Educação
diferente quando
quando pensamos
diferente quandopensamosnopensamos
estudo de nono Fomos
Fomospercebendo percebendo Infan�l Infan�le etudo
Educação tudoaquilo
Infantil e tudooaquilo
aquilo oquequeeles
o eles
que
estudo
estudo de inúmeros
inúmerosdeteóricos
inúmeros teóricos
que teóricos
classificamqueque quequeas ascrianças
criançasde de omi�am eles
omi�am e eocultavam.
omitiam e ocultavam.
ocultavam.
classificam o desenvolvimento Um PPP
PPP(Projeto
(ProjetoPolí�co-
classificam
o desenvolvimento
humano
humano emem
o desenvolvimento
dias,
dias,
humano em
meses
meses e eanos
anos
diferentes
diferentes idades
idades Pedagógico)
Um PPP
Um
Pedagógico) queque
(Projeto
deseja
deseja
Polí�co-
Político-
afirmar
afirmar
dias, meses e anos presentes nas
presentes
presentes nasnas grades
grades dosdos cursos
cursos estabelecem
estabelecem tanto
tanto
Pedagógico) que deseja afirmar
asasdiferenças
diferenças e eo odireito
direito dedeser
as
ser
grades dos cursos de pedagogia. diferenças e o direito de ser diferente
dede
Se
pedagogia.
pedagogia.SeSepor
por um lado
porum
essas
umlado
correntes
lado relações
relações dede diferente
diferentenecessitava
necessitava necessitavaestruturar
estruturar estruturar
práticas
essas correntes teóricas trazem prá�cas para que as crianças
essas correntes teóricas trazem
teóricas trazem contribuições
contribuições
interdependência,
interdependência, convivessem prá�cas para que as crianças
para que as crianças convivessem e
contribuiçõesimportantes importantespara para convivesseme eampliassem ampliassemsua sua
importantes asas
pensarmos
pensarmos para pensarmos
infâncias,
infâncias, também
também as quanto de par
quanto de par lha gama lha ampliassem
gama sua gama Transgredir,
dedeinterações.
interações. de interações.
Transgredir,
infâncias, também
provocaram
provocaram aoaolongo provocaram
longo dadahistóriaao longo
história efeitos
efeitos entre
entreelas.elas. então, Transgredir,
então, a aconcepçãoentão,de
concepção a de
concepção
infância debaseada
infânciabaseada infância
segregatórios na
da história efeitos
segregatórios maneira com
segregatórios
na maneira comnaqueque professoras
maneira
professoras em recortes
em baseada
recortes em etários que
recortes
etários segregam e dividem,
etários quee segregam
que segregam dividem,
e ecom
professores consideram
que professoras
professores consideram a aprendizagem,
e professores fazendo
consideramfazendo
a aprendizagem, a permi�ndoe dividem,
permi�ndo que adultos
quepermitindo e crianças
que adultos
adultos e crianças em interação
criançasno
emeinteração em
no
emergir prá�cas
aprendizagem,
emergir prá�cas que
fazendo subjugam
que emergir
subjugam as
práticas potencialidades
que subjugam as
as potencialidades espaço
interação educa�vo
espaço educa�vo ques�onem
no espaço educativoques�onem e
questionem extrapolem
e extrapolem
e extrapolem asas
das
das crianças.
crianças.
potencialidades das crianças. barreiras
barreiras impostas
impostas pela
pela hierarquização
hierarquização
as barreiras impostas pela hierarquização etária, pelo etária,
etária, pelo
pelo
Desse modo, nonomunicípio dedeSão Paulo, aa determinismo biológico
Desse modo, município
Desse modo, no município de São Paulo, a divisão São Paulo, determinismo
determinismo e pelase etapas
biológico
biológico epelas
pelas etapas
etapaspré-
pré-estabelecidas, pré-
divisão
divisão por faixas
poretárias etárias
faixasnas etárias nas unidades
nas unidades de Educação
de Infantil
Educação estabelecidas,
estabelecidas, era mais um dos caminhos possíveis
por faixas unidades de Educação éa era mais um dos era mais possíveis
caminhos um dos caminhospara isso. possíveis
Infan�l
Infan�lé éa aorganização
organizaçãovigente vigentepara paraagrupar
agruparasas para
paraisso.
isso.
organização vigente paraentre
crianças, agrupar as crianças, distribuídas Assim comocomo qualquer mudança estrutural, essa
crianças,distribuídas
distribuídas entreturmas turmasdedeInfan�l Infan�lI I Assim
Assim comoqualquer qualquermudança mudançaestrutural,
estrutural,
entre turmas
(crianças de 4 de
anos)Infantil
e I (crianças
Infan�l II de 4 anos)
(crianças de e5Infantil
anos) II decisão
essa coletiva veio com resistência por partepor de algumas
(crianças de 4 anos) e Infan�l II (crianças de 5 anos) essa decisão cole�va veio com resistência porparte
decisão cole�va veio com resistência parte
até(crianças
a escrita dedesse
5 anos)textoatéem aemescrita
2021.Edesse
2021. Eo oque texto
levou em 2021.
então deprofessoras da escola, inseguras de como agir perante
até a escrita desse texto que levou então dealgumas
algumasprofessoras
professorasdadaescola, escola,inseguras
insegurasdedecomo como
o oEgrupo
o quedede
grupo levou então o da
educadoras
educadoras grupo
daEMEI
EMEIdeNelson
educadoras
NelsonMandela da EMEI
Mandela aa esse
agir novo
agirperante
perante cenário.
esse Mais
essenovo novouma vez, os
cenário.
cenário. espaços
Mais
Mais umauma formativos
vez,
vez,osos
optar por
Nelson
optar romper
Mandela
por romper acomcomessa
optar pormaneira
essa romper
maneira dedeorganização
com essa maneiraede
organização e foram
espaços
espaços utilizados
forma�vos
forma�vospara foram
trazer
foram àu�lizados
tona o percurso
u�lizados paraque
para trazerestava
trazer àà
montar turmas
organização
montar turmas mistas?
e montar
mistas? turmas mistas? tona
sendo o percurso
tona otraçado
percurso que
pelaque estava
escola
estava sendo
nossendo traçado
últimos pela
anos, pela
traçado escola
propiciando
escola
Quando
Quando cheguei
Quando cheguei cheguei parapara a primeira
para aa primeira reunião
primeira reunião
reunião nos úl�mos
debates,
nos úl�mos anos,
leituras propiciando
e discussões
anos, propiciando debates,
que trariam
debates, leituras
subsídios
leituras ee
para
pedagógica,
pedagógica,
pedagógica, me meme recordo
recordo
recordo dadagestão
da gestão gestãoexplicar
explicar motivosos
osexplicar os
que discussões
discussões
embasar essasque
que trariam
trariamsubsídios
educadoras em subsídios para
seus temores, paraembasar
embasar
totalmente
mo�vos
mo�vos queque levaram
levaram a a escola
escola a afazer
fazer essa
essa opção
opção teoricamente
teoricamente
justificáveis. essas
essas educadoras
educadoras e, ao
e, mesmo
ao mesmo tempo,
tempo,
levaram a escola a fazer essa opção política e pedagógica.
polí�ca e pedagógica. Após analise
polí�ca e pedagógica. Após analise de sete anos da de sete anos da aplacar seus temores, totalmente
aplacar seus temores, totalmente jus�ficáveis. jus�ficáveis.

183
183
Um primeiro passo importante para a
superação desse paradigma foi a desconstrução de
um currículo que diferenciava por idade as intenções
e obje�vos pedagógicos, até se chegar a um quadro
de referências Um com
Um direitos
primeiro
primeiro passo de aprendizagem
importante
passo quea
para a superação
importante para
excluíssem
superaçãoas classificações
desse paradigma
dessefoiparadigma por foi
faixas
a desconstrução etárias.
de Fomos
um currículo
a desconstrução que
de
um currículo
diferenciava por
compreendendo que diferenciava
idade
que, seaseducação por idade
intenções eéobjetivos as
relação, intenções
pedagógicos,
quanto
e obje�vos
até se chegarpedagógicos,
a um quadro até
de se chegar
referências
mais diferente for o outro de mim, mais aprendo. a um
com quadrode
direitos
de referênciasque Happy hour muito mais do que uma reunião do Conselho de Escolha.
aprendizagem
Durante umacom direitos asdeclassificações
excluíssem
reunião aprendizagem
do Conselho de por que
faixas
Escola
excluíssem
etárias.foi as compreendendo
Fomos classificações por faixas etárias.éFomos
em 2016, proposto para asque, se educação
famílias relação,
presentes a discussão sobre o desejo pela implementação das salas
compreendendo
quanto mais que,
diferente se
for oeducação
outro de é
mim,relação,
mais quanto
aprendo.
mul�etárias para o for
mais diferente anoo outro
de 2017. Em um
de mim, maisdado momento, o pai de uma das crianças ponderou: “Não vejo problemas
aprendo.
em unir criançasDurante uma
de uma reunião
idades do Conselho
diferentes. de
Meu filho,Escolaporemexemplo,
Happy hour muito mais do que uma reunião do Conselho de Escolha.
convive com primos, vizinhos e amigos de idades
Durante reunião do Conselho de Escola
2016, foi proposto para as famílias presentes a discussão
diferentes.
em 2016,Isso foi
ajuda a criança
proposto paraa aprender
as famíliasapresentes
conviver com as diferenças”.
a discussão sobre o Com
desejoessa fala,
pela que endossou
implementação dasainda
salasmais o
sobre o desejo pela implementação das salas multietárias para o ano de 2017. Em um dado momento, o pai de uma das
desejomul�etárias
das educadoras pordeampliar
para o ano 2017. Emasum interações
dado momento,mul�etárias, a implementação
o pai de uma passou“Não
das crianças ponderou: a ser feita
vejo também em
problemas
crianças ponderou: “Não vejo problemas em unir crianças de idades diferentes. Meu filho, por exemplo, convive com primos,
em unir crianças
parceria com as famílias. de idades diferentes. Meu filho, por exemplo, convive com primos, vizinhos e amigos de idades
vizinhos e amigos
diferentes. de idades
Isso ajuda diferentes.
a criança Isso ajuda
a aprender a criança
a conviver coma as
aprender a conviver
diferenças”. Com com
essa as diferenças”.
fala, Com essa
que endossou aindafala,
maisqueo
É importante
endossou reiterar que a proposta de turmas mul�etárias não é um procedimento adotado para atender
desejo dasainda mais o desejo
educadoras das educadoras
por ampliar por ampliar
as interações as interações
mul�etárias, multietárias, a implementação
a implementação passou
passou a ser feita a ser feita
também em
mais parceria
vagas
tambémna em
com Educação
parceria comInfan�l,
as famílias. como algumas vezes podemos observar em polí�cas públicas criadas como
as famílias.
respostas àsÉ importante
demandas locais. Não é umde procedimento administra�vo, mas essencialmente pedagógico,
É importantereiterar
reiterarque quea aproposta
proposta deturmas
turmas multietárias
mul�etárias nãonão
é um procedimento
é um procedimento adotado parapara
adotado atender mais
atender
consciente
vagas
mais na e compar�lhado
Educação
vagas na Educação por
Infantil, como toda
Infan�l, a equipe
algumas
comovezes da escola
podemos
algumas vezes com
observar aemcomunidade
podemos políticas escolar.
públicas
observar em criadas como
polí�cas respostas
públicas às demandas
criadas como
locais. Não às
respostas é um procedimento
demandas administrativo,
locais. Não é ummas essencialmente
procedimento pedagógico, consciente
administra�vo, e compartilhado
mas essencialmente por toda a
pedagógico,
A música
equipe da escola
consciente que
comressoou porcom
a comunidade
e compar�lhado aa equipe
implementação
escolar.
toda da escola comdas turmas mul�etárias
a comunidade escolar.
A música que ressoou com a implementação das turmas multietárias
A música que ressoou com a implementação das turmas mul�etárias
Após alguns anos de organização das crianças em turmas mistas, colhemos experiências possíveis de se
Após alguns
relatar. Descreverei anos de delas,
algumas organização
comdas crianças
ênfase ememtrês
turmas mistas, colhemos
situações: experiências
acolhimento, possíveis de
brincadeiras se relatar. Esses
e registro.
Descreverei
episódios Apósalgumas
fazem parte delas,
algunsdas
anos com
minhas ênfase em três
de organização
anotaçõesdassituações:
criançasacolhimento,
docentes em turmas brincadeiras
pessoais, mistas, e registro.
colhemos
que compuseram aEsses episódios
experiências fazempedagógica
possíveis
documentação parte
de se
relatar.
das minhasDescreverei
anotações algumas
docentes delas, com ênfase em três situações: acolhimento, brincadeiras e registro. Esses
das crianças durante esses anos. pessoais, que compuseram a documentação pedagógica das crianças durante esses anos.
episódios fazem parte das minhas anotações docentes pessoais, que compuseram a documentação pedagógica
das crianças durante esses anos.

Guerra de Água com a participação de crianças de 4 e 5 anos, pais, mães,


educadores,Guerra de Água
professoras com a As
e gestoras. participação deidade
diferenças de crianças de 4 e as
enriquecem 5 anos, pais, mães,
brincadeiras.
educadores, professoras e gestoras. As diferenças de idade enriquecem as brincadeiras.

184
184
184
Começo pela maneira positiva em que aconteceram o acolhimento das cria
das crianças no período de adaptação no início de cada ano. Desde que as turmas
carinho
pela maneiraturmas
posi�va passaram
em que aaconteceram
ser multietárias, as crianças mais velhas e carinhosamente
o acolhimento profess
consideradas
período de adaptação “veteranas”
no início de cadapreparam junto que
ano. Desde comas suas professoras o acolhimento
iniciand
das crianças novas
am a ser mul�etárias, as que estão chegando
crianças e iniciando
mais velhas e sua trajetória de dois anos na visitas g
EMEI.
consideradas Elas criam brincadeiras,
“veteranas” preparam visitas
juntoguiadas aos espaços e pensam juntas como
com suas colegas
colhimento dasfazer crianças
para que novas
seus colegas novos chegando
que estão se sintam maise seguros e confortáveis nos ano le�v
primeiros
ajetória de dois anosdias
na do ano letivo.
EMEI. Elas criam brincadeiras,
os espaços e pensam A acolhida
juntas feita
comodessa
fazermaneira
para quenos seus
revelou que quando optamos por por pen
pensar um espaço educativo ampliado
sintam mais seguros e confortáveis nos primeiros dias do de possibilidades interativas, valorizando valoriza
as culturas infantis produzidas pelas crianças em suas vivências, a marca da vivência
a feita dessafragilidade
maneira nosatrelada a infância
revelou é deixadaoptamos
que quando de lado para que as suas vozes sejam que as s
ouvidas
espaço educa�vo frente, inclusive,
ampliado a hierarquiaintera�vas,
de possibilidades etária que poderia ter determinado que a poderia
professora,
culturas infan�s por ser mais
produzidas velha,
pelas possuiriaem
crianças a experiência
suas necessária para planejar que a p
a da fragilidade atrelada
sozinha a infância
a recepção é deixada
das crianças de lado para
no primeiro dia letivo. mais ve
Planejando o acolhimento dos
s sejam ouvidas frente, inclusive, a hierarquia etária que
Não há nada que se compare a crianças recebendo outras crianças. O novos amigos experiê
rminado choro e as manifestações de insegurança tão comuns nesse período ganharam para pl
, por ser uma nova roupagem quando quem recepção dasessas
acolhia crianças no primeiro
angústias eram asdia le�vo.
ssuiria a próprias crianças que já haviam passado Não hámesma
pela nada que se compare
experiência no a crianças
cessária ano anterior. crianças. O choro e as manifestações de insegu
ozinha a Outro movimento importanteperíodo
nesse ganharam
nesse caminho uma nova roupage
foi constatar
como professoras que havíamos acolhia essas angús�as
construído eram as
um imaginário próprias crianç
irreal
do outras passado
quanto ao perfil e “o que podem” pelamais
as crianças mesma experiência
velhas no ano anterio
e as crianças
comuns mais novas. Em determinado momento do ano, já não sabemos nesse cam
Outro movimento importante
o quem comoquem
mais afirmar com tanta convicção professoras que havíamos
são as crianças de 4 e as construído um
á haviam quanto ao perfil e “o que podem” as crianças
de 5 anos, tamanha integração e envolvimento entre elas. Em alguns
crianças mais novas. Em determinado momen
dias, nos surpreendemos com uma criança de 4 anos que assume a
onstatar sabemos mais afirmar com tanta convicção que
liderança de um grupo e em outros, observamos uma criança de 5
rio irreal de 4 e as de 5 anos, tamanha integração e en
anos ensinando pacientemente seu par de menor idade a fazer um
has e as elas. Em alguns dias, nos surpreendemos com
registro. anos que assume a liderança de um grup
o, já não Fomos percebendo que as criançasuma de criança
diferentes
crianças observamos de 5idades
anos ensinando p
estabelecem tanto relações deparinterdependência,
de menor idade quanto
a fazerdeumpartilha
registro.
to entre
entre elas. As crianças maiores também Fomos percebendo que asa crianças de
se apoiam e desejam
nça de 4
presença das menores e não apenas o oposto. Isso
estabelecem poderelações
tanto ser observado
de interdependê
outros,
em um episódio no parque, em que cinco meninas estavam muito
par�lha entre elas. As crianças maiores tamb
ente seu
mobilizadas organizando uma festa de aniversário
desejam a presença comdas
as panelinhas,
menores e não apen
baldes e colheres. Quando mepodeaproximei e perguntei em
ser observado paraum quem era
episódio no parqu
s idades aquela festa, me disseram que era para Naíma, irmãmuito
de umamobilizadas
das cinco organizan
meninas estavam
anto de
meninas, que pertencia a outraaniversário
turma da escola e que compartilhava
com as panelinhas, baldes e colhe
poiam e
15 minutos do parque conosco. Uma dase crianças
aproximei perguntei no para
meioquem
dessa era aquela
sto. Isso
meninas,
organização falou: “Ela é a irmã pequenaque pertencia
da Aisha, a outra
prô. Ela tem queturma da esco
ue cinco
chegar logo pra festa!”
festa de
Preparando o bolo de boas-vindas
ando me
disseram que era para Naíma, irmã de uma das cinco
compar�lhava 15 minutos do parque conosco. Uma das 185
pressupõem que crianças menores e maiores, por estarem em diferentes estágios de seu desenvolvimento, não se
interessariam por estarem juntas, ou não se entenderiam em suas brincadeiras, havendo um aumento dos
conflitos entre elas.
Encerro narrando uma terceira situação, que desde o início se estabeleceu como um grande desafio para as
professoras:Esse o registro. Chamamos
episódio coloca mais uma vez deem registro na ro�na
cheque categorias da escola
evolutivas o momento
e cronológicas atreladasem que as
à infância quecrianças
pressupõem realizam
propostas guiadas
que crianças em seus
menores por�ólios
e maiores, individuais,
por estarem propostas
em diferentes estágiosessas
de seuestruturadas
desenvolvimento, pornãomeio de uma “comanda”
se interessariam por
(enunciado), elaborada
estarem juntas, ou nãopela professoraem
se entenderiam com suasuma intencionalidade
brincadeiras, havendo umpedagógica
aumento dos evidente.
conflitos entre elas.
Ao elaborar uma comanda
Encerro narrando uma terceirapara um que
situação, registro,
desde oé início
preciso adequar como
se estabeleceu as nossas
um grandeexpecta�vas
desafio paraenquanto
as
professoras e osodesafios
professoras: que vamos
registro. Chamamos de propor
registro para cada
na rotina dacriança
escola o amomento
par�r doemobje�vo que selecionamos
que as crianças realizam propostaspara tal. E
comoguiadas
organizar esseportfólios
em seus momento e planejar
individuais, essasessas
propostas comandas compor
estruturadas crianças
meio de deuma
diferentes
“comanda” idades compondo
(enunciado), o mesmo
elaborada
grupo?pelaFomos
professoracompreendendo que nãopedagógica
com uma intencionalidade necessariamente
evidente. teríamos que preparar duas comandas diferentes só
porque temos criançasuma
Ao elaborar de comanda
idades dis�ntas nos grupos,
para um registro, mas
é preciso que deveríamos
adequar aprimorar
as nossas expectativas o nosso
enquanto olhar para
professoras e ospensar
que �po de desafios
desafios que vamosestávamos
propor para cadapropondo
criança anessas
partir docomandas
objetivo queeselecionamos
como avaliar paraastal.
produções e devolu�vas
E como organizar esse momentodadas por
cada uma das essas
e planejar crianças. Entendemos
comandas com crianças que os desafios
de diferentes a serem
idades compondo avaliados
o mesmodegrupo?acordoFomoscom os obje�vos que
compreendendo selecionados
não
necessariamente
poderiam ser muitosteríamos que preparar
e dis�ntos, mesmoduas tendocomandas
comodiferentes
base uma só mesma
porque temos crianças de idades distintas nos grupos,
comanda.
masDaque deveríamos
mesma aprimorar
maneira, fomoso nosso olhar para pensar
descobrindo comoque tipo deas
agrupar desafios estávamos
crianças para que propondo
elas nessas
fossemcomandas
provocadase de
acordocomocom avaliar
suasas par�cularidades
produções e devolutivas dadas pornas
educa�vas cadasituações
uma das crianças. Entendemos
de registro e emque os desafios
todos a serem avaliados
os territórios e propostas.
de acordo com os objetivos selecionados poderiam ser muitos e distintos, mesmo
Percebemos que em alguns momentos fazia mais sen�do agrupar pares e formar grupos mais homogêneos dentro tendo como base uma mesma comanda.
das turmas, Da emmesma
outros, maneira,
quanto fomos
maisdescobrindo
heterogêneos como forem
agruparos as grupos,
crianças para que elas fossem provocadas de acordo com
melhor.
suas particularidades educativas nas situações de registro
Ser professora de Educação Infan�l de escolas públicas municipais foie em todos os territórios e propostas.
uma escolha Percebemos
muitoque em alguns que fiz
consciente
momentos
na vida. Atuar no faziaespaço
mais sentido
público agrupar
era pares e formarforte
um desejo grupos
que mais homogêneos
gritava dentrodentro
de mim das turmas, em outros,
e conversava com quanto mais que
os anseios
heterogêneos forem os grupos, melhor.
�nha como cidadã, mulher e profissional da educação. Meu encontro com a EMEI Nelson Mandela foi certeiro para
Ser professora de Educação Infantil de escolas públicas municipais foi uma escolha muito consciente que fiz na vida.
que pudesse vivenciar tantas experiências – docentes e para muito além delas – que confirmaram a potência que
Atuar no espaço público era um desejo forte que gritava dentro de mim e conversava com os anseios que tinha como cidadã,
possuem projetos polí�cos, pedagógicos e de vida, construídos na cole�vidade e a par�r de saberes de culturas
mulher e profissional da educação. Meu encontro com a EMEI Nelson Mandela foi certeiro para que pudesse vivenciar tantas
contra hegemônicas.
experiências – docentes e para muito além delas – que confirmaram a potência que possuem projetos políticos, pedagógicos
Não
e de háconstruídos
vida, nada quena supere os efeitos
coletividade sen�dos
e a partir por de
de saberes construir junto de
culturas contra crianças pequenas projetos didá�cos que
hegemônicas.
afirmem as diferenças
Não há nada que de ser,
supere exis�r e estar
os efeitos no mundo
sentidos e coloquem
por construir todos os
junto de crianças saberes
pequenas comodidáticos
projetos legí�mos. E não apenas
que afirmem
anunciar, mas buscar
as diferenças de ser,viver
existiro eque anunciamos.
estar Há muitotodos
no mundo e coloquem da EMEI Nelson
os saberes como Mandela
legítimos.em mim
E não e não
apenas há possibilidade
anunciar, mas
dessabuscar
costura se desfazer.
viver o que anunciamos. Há muito da EMEI Nelson Mandela em mim e não há possibilidade dessa costura se desfazer.
VoltoVolto
a reforçar que aque
a reforçar opção polí�ca
a opção e pedagógica
política e pedagógica por por
turmas mul�etárias
turmas multietáriasnanaEMEI EMEINelson
NelsonMandela
Mandela surgiu
após surgiu
muitasapós reflexões
muitas que emergiram
reflexões a par�r adapartir
que emergiram implementação
da implementação da Leida10.639/03.
Lei 10.639/03.EssaEssaimplementação,
implementação, revela
uma das
revelavárias
uma possibilidades de propostas
das várias possibilidades curriculares
de propostas que que
curriculares podem podem ser ser
criadas
criadase desenvolvidas
e desenvolvidas quando quando uma
unidade
umaescolar
unidade se compromete
escolar se compromete e se eengaja
se engajaos princípios
os princípiosdessa
dessa Lei. Sejamesses
Lei. Sejam esses caminhos
caminhos quaisquais
forem,forem,
ouso ouso
afirmar que invariavelmente
afirmar que invariavelmentelevarão levarãotodos
todos os os sujeitos queoo trilharem
sujeitos que trilharema areconstruir,
reconstruir, repensar
repensar e reestruturar
e reestruturar ideias, ideias,

a favor de
açõesações
e projetos sempre
e projetos sempre

uma educação mais justa e


menos desigual.
186

186
"Papai e mamãe sempre me dizem
Pense grande
"Papai o seu des
e mamãe no!me dizem
sempre
Grandes
Pensemelodias vêmdes
grande o seu do violão
no! e do violino
Então muita atenção, Meninas
Grandes melodias vêm do violãoe meninos
e do violino
Todos somos Grandes Pequeninos"
Então muita atenção, Meninas e meninos
Todos somos Grandes Pequeninos"
Música: Grandes pequeninos
Compositor: Jairzinho
Música: Grandes pequeninos
Compositor: Jairzinho Marina Basques Masella.
Marina Basques
Formada Masella.
no curso Normal
Formada
(magistério) noIns�tuto
pelo curso Normal
Madre
(magistério) pelo Ins�tuto Madre
Mazzarello. Pedagoga formada
Mazzarello. Pedagoga
pela Universidade formada
de São Paulo e
pela Universidade de São Paulo e
especialista em prá�cas inclusivas
especialista em prá�case inclusivas
na educação gestão das
nadiferenças
educação epelo
gestão das
Ins�tuto
diferenças pelo Ins�tuto
Singularidades. Atua como
Singularidades. Atua como
professora de Educação Infan�l
professora de Educação Infan�l
há 66anos
há anoseenanaEMEI
EMEINelson
Nelson
Mandela desde 2017.
Mandela desde 2017.

187
187
187
Nota
Acredito
Acredito na na importânciadedeacompanhar
importância acompanhar oo trabalho
trabalho de de todas
todas ee
todos as/os envolvidas/os no processo de desenvolvimento
todos as/os envolvidas/os no processo de desenvolvimento de nossas
de nossas
crianças e considerar as especificidades de cada unidade que compõem
crianças e considerar as especificidades de cada unidade que compõem
a rede municipal de ensino. Esse acompanhamento não poderia ser feito
a rede municipal de ensino. Esse acompanhamento não poderia ser feito
sem o devido registro. Assim como registramos os trabalhos infantis, a
sem o devido registro. Assim como registramos os trabalhos infan s, a
gestão da EMEI Nelson Mandela acreditou ser importante adequar os
gestão da EMEI Nelson Mandela acreditou ser importante adequar os
instrumentos oficiais de autoavaliação (Indicadores de Qualidade) e a
instrumentos oficiais de autoavaliação (Indicadores de Qualidade) e a

Avaliação
Avaliação de Desempenho às necessidades da escola, quer em sua forma
Avaliação de Desempenho às necessidades da escola, quer em sua forma
de aplicação, quer em seu conteúdo.
de aplicação, quer em seu conteúdo.
As escolas municipais vivem dois momentos de avaliação. O
de As escolas municipais vivem dois momentos de avaliação. O
primeiro é composto pela autoavaliação da unidade escolar conhecido
primeiro é composto pela autoavaliação da unidade escolar conhecido
como Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (IQ) que objetiva

desempenho
como Indicadores
a elaboração deda Qualidade
ações, por meiona Educação Infan l (IQ)
de um planejamento que obje para
estratégico, va a
elaboração
melhorarde os ações,
processos pordos meio de um pedagógico
trabalhos planejamento estratégico, bem
e administrativo, para
melhorar
como os processos dos trabalhos quepedagógico
podem sere administra vo, bem
para a como
definir
definir
Municipal das
responsabilidades
responsabilidades
Diretorias Quando
que
Regionais
podem ser da
Educacional, das Diretorias Regionais de Educação ou da Secretaria
Educacional, de Educaçãopara
da própria Unidade
própria
ou da
Unidade
Secretaria
excelência
de Educação. a competência a solução do
Municipal
problema encontrado extrapola a governabilidade da gestão escolar,do
de Educação. Quando a competência para a solução é
problema
feito umencontrado
encaminhamento extrapola a governabilidade
aos órgãos competentes. da gestão escolar,
O segundo momentoé
feitoacontece
um encaminhamento
quando da aplicaçãoaos de umórgãos competentes.
documento denominado O Avaliação
segundo
momento acontece
de Desempenho, que quando da aplicação
prevê: autoavaliação de um documento
dos servidores, avaliação dos
denominado Avaliação de Desempenho, que prevê:
servidores pelo gestor, avaliação do gestor pelos servidores, autoavaliação dos
avaliação
servidores, avaliação
coletiva das condições dosdeservidores pelo gestor,
trabalho e avaliação avaliação em
da comunidade do relação
gestor
pelosaosservidores, avaliação
serviços oferecidos cole va das condições de trabalho e
pela escola.
avaliação da Os indicadores de qualidade aos
comunidade em relação serviçosinfantil
da educação é um pela
oferecidos escola.
instrumento
Os indicadores
de autoavaliação de qualidade
da qualidade da educação
das instituições, por meio de infan l é um
um processo
instrumento de eautoavaliação
participativo aberto a toda adacomunidade.
qualidade das Esseins tuições,foi
documento por meio de
elaborado
um sobprocesso
a coordenação conjunta do Ministério da Educação, por meioEsse
par cipa vo e aberto a toda a comunidade. da
documento
Secretariafoidaelaborado sob a coordenação
Educação Básica, conjunta
da Ação Educativa, do Ministério
da Fundação da
Orsa, da
Educação,
UNDIMEpor meio
e do da Secretaria da Educação Básica, da Ação Educa va,
UNICEF.
da Fundação O IQ auxiliaUndime
Orsa, da a escolae do Unicef.suas práticas pedagógicas, com
a avaliar
O IQ auxilia
o objetivo a escola a avaliar
de aperfeiçoá-las garantindo suasassim
prá oscasdireitos
pedagógicas,
da criança come ao
objeconstrução
vo de aperfeiçoá-las
de uma sociedade garan maisndo assim os direitos da criança e a
democrática.
construção AdeEMEI umaNelson
sociedade mais participou
Mandela democrá da ca. sua primeira aplicação e
A EMEIpara
contribuiu Nelson Mandela par
sua adequação cipou de
no sentido da possibilitar
sua primeira aplicação
ajustes quandoe
da sua aplicação
contribuiu para suajunto às famílias
adequação das escolas
no sen públicas. ajustes quando
do de possibilitar
Por ser
da sua aplicação um às
junto documento
famílias dasextenso
escolas que demanda uma preparação
públicas.
minuciosa,
Por serfomos diversificando
um documento a sua aplicação
extenso que demandade ano uma
para ano. Em um
preparação
minuciosa, fomos diversificando a sua aplicação de ano para ano. Empara
escolhemos apenas os itens que não foram sinalizados no ano anterior um
nos debruçarmos
escolhemos apenas melhor
os itensem quesuanão
análise,
foram emsinalizados
outro ano definimos que os
no ano anterior
parapais
nosseriam os protagonistas
debruçarmos melhorna em condução dos trabalhos.
sua análise, em outro ano Enfim, usamos
definimos
da criatividade para estimular a participação de todos
que os pais seriam os protagonistas na condução dos trabalhos. Enfim, e não transformar
esse processo
usamos da cria avaliativo
vidade para em algo apenasaburocrático.
es mular par cipação de todos e não
transformar esse processo avalia vo em algonaapenas
É bom reforçar que a aplicação íntegra, todos os
burocrá co.anos, é
Natanael - 4 anos
improdutiva, ou pelo menos
É bom reforçar que afoiaplicação
esse o consenso que chegamos.
na íntegra, todos os anos, é

188
188
O resultado da sua discussão, gera um plano de trabalho que só tem sentido se a sua execução for viável. De nada
adianta querer abraçar o mundo se os recursos financeiros não nos permitem. Dessa forma, elegíamos alguns indicadores
para que pudéssemos dar conta de efetivar o plano de ação. Esse se mostrou o processo mais adequado para alcançarmos
os resultados esperados durante os duzentos dias letivos.
Consideramos que, apenas os adultos participarem era, no mínimo, injusto. Tivemos a ideia de adequar seu formato
para aplicar alguns de seus itens com as crianças e foi um sucesso.
Perguntar e ouvir as crianças se havia algum adulto por perto quando elas precisavam, se as pessoas da escola as
chamavam pelo nome e outras atitudes dessa natureza foi importante. Essa prática não foi incluída em nosso Projeto Político
Pedagógico, mas deveria.

A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO
Na tentativa de nortear nosso trabalho, a gestão decidiu utilizar os instrumentos institucionais de forma mais
produtiva, em especial, no que diz respeito à avaliação de desempenho que não trata das especificidades dos servidores
públicos ligados à área educacional, uma vez que o referido instrumento é aplicado por todas as secretarias municipais.
Desta forma, o complementou para que atendesse ao Projeto Político-Pedagógico da EMEI Nelson Mandela.
A necessidade surgiu, porque os indicadores a serem analisados eram genéricos demais, dificultando que se fizesse
uma análise criteriosa de cada servidor da escola. Assim como existe uma documentação pedagógica que subsidia a avaliação
que nós professoras fazemos das crianças, era preciso criar alguns critérios mais específicos para que a gestão tivesse um
roteiro de observação que garantisse isonomia aos profissionais da escola.
Observando os indicadores constantes no documento oficial da Prefeitura da Cidade de São Paulo, foram criadas
algumas expectativas para o trabalho dos funcionários da escola. Todos nós temos acesso ao instrumento de avaliação
quando recebemos uma cópia do Projeto Político-Pedagógico, no primeiro dia do ano letivo, compreendendo desta forma
em que termos seremos avaliadas(os).
Sua aplicação consiste em encontros individuais entre as(os) funcionárias(os) com o Diretor e o Coordenador
Pedagógico e, quando possível, com o Assistente de Diretor. Assim como para as crianças, seu objetivo é constatar avanços
e dificuldades dos profissionais para revelar a necessidade de formação pedagógica ou orientações administrativas.
Você deve saber como é importante ser reconhecido por algo que se realiza, não é? Isso ganha mais força e sentido
quando sabemos que o motivo do reconhecimento não é apenas burocrático, mas baseado em fatos e circunstâncias, ou
seja, na nossa competência e comprometimento com a profissão que escolhemos. A maturidade que conquistamos como
equipe e que esses momentos de troca nos exigem, suplantam e muito a importância da pontuação que se recebe ou deixa
de receber.
Aprendi, com o tempo, que o princípio da avaliação para a aprendizagem não pode ser unilateral, valer apenas para
os relatórios das crianças, mas deve ser compreendido como sendo um valor e, portanto, inegociável, mesmo que atrelado
ao bônus de final de ano.
A experiência de ser avaliada com considerações criteriosas e bem fundamentadas foi importante para a minha
evolução profissional e pessoal. O bate-papo com a gestão sempre enriqueceu minha prática e foi um diálogo de mão
dupla, em que na mesma medida fui ouvida e pude me expressar. Sem dúvida, em um momento de avaliação em que se
apontam desafios e conquistas, os erros e os acertos há ganhos para a educação e para a qualidade das relações entre os
profissionais responsáveis por fazê-la acontecer. Isso se traduz num ambiente rico em experiências para toda a comunidade
de aprendizagem. Nossas crianças e suas famílias foram sempre as mais beneficiadas com a seriedade com que fomos
avaliadas(os) e avaliamos nossos pares.
Tathiana Pereira Gonçalves

189
Nota Educação inclusiva, integral e integradora
Cibele Araújo Racy Maria

Em certa ocasião, fui convidada a participar de termos a pretensão de ser um território inclusivo para as
uma formação sobre inclusão para alunos e alunas do crianças e famílias, pensar nas exclusões que aconteciam
curso de pedagogia de uma universidade de São Paulo. dentro dos muros da escola, a portas fechadas, com as
Em seguida, para expor nosso trabalho sobre Educação pessoas, funcionárias e funcionários públicos, que fazem
integral em um seminário promovido pela Secretaria a educação acontecer.
Municipal de Educação e descobri o quanto os relatos Essa questão foi capaz de gerar uma grande
eram, na essência, complementares. inquietação. Seria preciso, em uma escola de Educação
Busquei imagens para colocar na minha Infantil, pensarmos primeiro nos adultos? A resposta foi
apresentação, muito mais importante para mim do que sim! Muitos dos que trabalham nela, são tocados pela
para o público, porque o tempo de fala seria dividido com exclusão quando têm seus direitos intelectuais, de gênero,
outras colegas e era preciso objetividade e o que encontrei de idade, religiosos e étnico-raciais negados, inviabilizados.
enriqueceu minha reflexão e minhas argumentações Ou vamos dizer nessa altura que não? Quantos dos
sobre o tema. servidores públicos são silenciados por suas opções para
Nas pesquisas, a maioria das imagens eram de se sentirem aceitos? O quanto conhecemos de quem faz
crianças, de mãos dadas, com tons de peles diferentes e parte dessa rede que ao mesmo tempo que inclui, por
com deficiências diversas. O que leva qualquer pesquisador meio de concursos públicos, exclui? Exclui, porque não
mais afoito a ter uma ideia superficial do que seja uma deixa de ser representativa de uma sociedade contamina
educação inclusiva na sua mais primordial concepção. pelo racismo e preconceitos de todas as ordens.
Optei por iniciar a minha conversa exibindo o Houve, em algum momento, um movimento
conjunto dessas imagens exatamente com esse discurso sério para saber qual a orientação sexual, qual identidade
que foi muito comum ouvir pelos corredores das escolas e, de gênero, religião e outros dados que constituem a
muitas vezes, nos bate-papos pedagógicos que participei. identidade de um indivíduo para propor programas e
Sempre me fez parecer que inclusão era coisa ações efetivas de formação à rede municipal de educação
que adulto tinha responsabilidade de garantir às crianças, para que seus funcionários e funcionárias se sintam
em especial para aquelas da rede pública que sofrem reconhecidos e reconhecidas em suas inteirezas? Não
os efeitos de um país marcado pelas desigualdades e seria essa uma das formas possíveis de valorização de seus
injustiças em vários níveis. profissionais? Valorizar suas identidades e suas histórias?
Talvez, porque as políticas públicas mais ostensivas Acredito ser impossível pensarmos em uma
nos últimos anos tenham caminhado no sentido de nos Educação inclusiva, integral e integradora sem que seus
fazer acreditar que inclusão era mesmo para crianças com princípios sejam adotados de forma horizontal e vertical
deficiências, ampliando esse conceito e intensificando pelas estruturas de poder que compõem os órgãos de
seus investimentos nos últimos anos, especificamente, a uma Secretaria Municipal de Educação.
partir de 2003. Dando vazão ao que mais gosto de fazer, fiz
O questionamento que mais me intrigou foi algumas provocações a mim mesma. Coloquei no papel
quando ventilei a hipótese de ser necessário, antes de perguntas objetivas para serem respondidas, porque

190
porque adoro provar dos meus próprios experimentos.
adoro provar dos meus
Questões próprios
centrais experimentos.
evidenciaram as minhas lutas diárias e para as quais eu dediquei bons anos da gestão da
Questões
escola em que me centrais
formeievidenciaram
como diretoraas minhas
e comolutas diárias ede
formadora para as quais eu dediquei
professores, bonsfamílias
educadores, anos da gestão da escola em
e crianças.
que me formei como diretora e como formadora de professores, educadores, famílias e crianças.

DE QUEM?
COM QUEM?

INCLUSÃO

DO QUÊ?
EM QUÊ?

DO QUÊ EM QUÊ?
Da Escola no Bairro
DO QUÊ EM QUÊ?
A an�ga EMEI Guia Lopes era um muro invisível em 2004. Isso ficou claro quando alguns anos depois das
Da Escola no Bairro
transformações �sicas e conceituais, passou a fazer parte do calendário das eleições. Nosso muro é dividido com
uma escolaA antiga EMEI Guia
estadual Lopes era
e, apesar deum muro
bem invisível emo2004.
demarcado Isso ficou
terreno, claro quando
as pessoas alguns anos depois
se espantaram das transformações
ao descobrir uma “nova
físicas
escola” e conceituais,
no Bairro do passou
Limão.a fazer
A EMEIparte do calendário
estava lá desde das eleições.
1955. Nosso muro
Lembro-me é dividido
da fala de um dos comnossos
uma escola estadualda
educadores e,
apesar de bem
secretaria, demarcado
enquanto nosoorganizávamos
terreno, as pessoas
parasereceber
espantaram ao descobrir
os eleitores: uma não
“Nossa, “nova escola”eleição,
parece no Bairro do Limão.
parece umaAfesta”.
EMEI
E era assim
estava que1955.
lá desde eu pensava.
Lembro-meAo abrir as portas
da fala de um para os cidadãos
dos nossos do bairro
educadores em que a enquanto
da secretaria, escola está nossituada, abrir a porta
organizávamos para
receber os eleitores: “nossa, não parece eleição, parece uma festa”. E era assim que eu pensava. Ao abrir as portas paratão
para aqueles para os quais a escola existe. É representar, da melhor maneira possível, o serviço público os
desacreditado. É se fazer presente para aquela comunidade e provar que é possível uma escola
cidadãos do bairro em que a escola está situada, abrir a porta para aqueles para os quais a escola existe. É representar, da de Educação
Infan�lmaneira
melhor Pública encher
possível,oso olhos
serviçodaqueles quedesacreditado.
público tão não precisamÉdela e darpresente
se fazer orgulhopara
paraaquela
aqueles que precisam.
comunidade e provar que é
possível Aumaeleição
escolafoideo Educação
primeiro Infantil
movimento
Públicaconcreto
encher os deolhos
inclusão da escola
daqueles no precisam
que não mapa dodela
Bairro doorgulho
e dar Limão. para
Daquele dia
aqueles
e de outros
que precisam. tantos, brotaram parcerias com especialistas de várias áreas do conhecimento que trouxeram valiosas
contribuições
A eleiçãoàsfoi
nossas formações.
o primeiro Tudoconcreto
movimento pelo encantamento
de inclusão dado queno
escola osmapa
olhosdo viram e do
Bairro que o Daquele
do Limão. acolhimento
dia e foi
de
capaz de demonstrar.
outros tantos, brotaram parcerias com especialistas de várias áreas do conhecimento que trouxeram valiosas contribuições
Fazer parcerias com o Posto de Saúde, emprestar o prédio nos tempos ociosos para formaturas dos Centros
às nossas formações. Tudo pelo encantamento do que os olhos viram e do que o acolhimento foi capaz de demonstrar.
de Educação Infan�l parceiros que não �nham espaços, promover eventos sem fins lucra�vos e eventos da
Fazer parcerias com o Posto de Saúde, emprestar o prédio nos tempos ociosos para formaturas dos Centros de
Subprefeitura, foram estratégias importantes para se fazer conhecer e conhecer o bairro. Mais adiante, com a
Educação
proposta Infantil parceiros
pedagógica bemque não tinham
delineada, espaços,encontros
promover promoverforma�vos
eventos semabertos
fins lucrativos e eventos
para todos da Subprefeitura,
os interessados fez da
foram
escola um espaço educa�vo tal qual o idealizamos em nosso Projeto Polí�co-Pedagógico. Incluir a escolabem
estratégias importantes para se fazer conhecer e conhecer o bairro. Mais adiante, com a proposta pedagógica na
delineada, promover encontros formativos abertos para
comunidade foi o primeiro passo. A integração foi consequência. todos os interessados fez da escola um espaço educativo tal qual
o idealizamos em nosso Projeto Político-Pedagógico. Incluir a escola na comunidade foi o primeiro passo. A integração foi
consequência.
DO QUÊ EM QUÊ?
Da Escola na Diretoria Regional de Educação
DO QUÊ EM QUÊ?
Da EscolaComecei
na Diretoria Regional
a fazer de Educação
convites e disponibilizar o espaço generoso e quase sem igual da escola para as reuniões da
Diretoria Regional de Educação. As visitas de outras Diretoras e Diretores de Escola, a circulação de outras e outros
Comecei a fazer convites e disponibilizar o espaço generoso e quase sem igual da escola para as reuniões da Diretoria
Regional de Educação. As visitas de outras Diretoras e Diretores de Escola, a circulação de outras e outros Coordenadores
191

191
Pedagógicos e Supervisores Escolares foi, aos poucos, descontruindo a ideia que tinham da escola e de seus habitantes, além
de fazer com que a equipe adquirisse confiança no seu trabalho. Incluir-se como referência positiva junto à Diretoria Regional
de Educação foi o segundo passo.
Além desse movimento de abrir as portas para a entrada do mundo e das pessoas, aceitávamos todos os convites
feitos pela Divisão de Orientação Pedagógica. Começamos a fazer exposições dos nossos trabalhos, a participar de relatos
de experiência, de marcar presença em reuniões de gestão, de professores e participar de eventos fora da escola. Um passo
ousado para as pessoas que estavam acostumadas as suas salas de aula e a preferir ser uma escola fechada em si mesma.
Sair da concha abriu possibilidade de enxergar novas possibilidades de pensar a Educação e atualizar as práticas que,
até então, pareciam as melhores. Ao mesmo tempo que compartilhávamos o nosso melhor, ouvíamos o melhor de outras
tantas escolas. Isso foi decisivo para todas as equipes se abrirem as novas ideias que chegavam com a direção.

DO QUÊ EM QUÊ?
Da Escola na Secretaria Municipal de Educação

Um pouco mais adiante, a Secretaria Municipal de Educação ficou sabendo da nossa existência, e ligou pela primeira
vez para falar comigo. Não se animem. Foi para me dar um puxão de orelha com toda a classe do mundo. Fizemos a primeira
colheita da recém-inaugurada horta e quisemos trabalhar com as crianças o processo produtivo até a chegada da produção
ao consumidor final. Para isso montamos uma barraca de feira na calçada para “vender”, simbolicamente para as famílias
convidadas, o que havia sobrado das verduras e hortaliças que não usamos em nossas receitas.
Só esquecemos que a Avenida Celestino Bourroul é super movimentada e quem passava por ela, achou a iniciativa
linda e quis comprar.
Não nos demos conta que a escola fica ao lado de um famoso jornal e alguém viu, quis fazer uma matéria e ligou para
a Secretaria de Educação para pedir autorização.
E eu, depois de ouvir que vender não era coisa que uma escola pública deveria fazer e justificar da melhor maneira
que consegui, fui elegantemente compreendida.
Após esse primeiro telefonema, houve inúmeros outros, porque a escola foi incluída na lista de pautas positivas da
Secretaria Municipal de Educação. Volto a repetir que erros são ótimas oportunidades! Esse foi o terceiro passo, ou tropeço,
como preferirem.
Para uma escola pública, tornar-se conhecida pelas boas práticas, é encontrar ânimo onde todos veem, apenas,
dificuldades. Fazer parte de uma equipe reconhecida pelo trabalho que realiza é estimulante e impulsiona o grupo a buscar
sempre aprimorar seus fazeres. Aguça a criatividade, confere unidade aos propósitos. Se há um energizante que todas e
todos deveriam experimentar, seria provar uma dose de reconhecimento público do seu trabalho.

DO QUÊ EM QUÊ?
Da Escola no Mundo Digital

Era preciso mais. Vislumbramos a necessidade de incluir a escola no universo digital. Lembro de ter entrado no
Orkut e feito uma busca por EMEI Guia Lopes. As postagens davam conta de algumas insinuações pouco que não diziam
muito sobre o trabalho que era desenvolvido pela escola. Foi preciso um enfrentamento inicial para desativar a página
existente. Por fim, deu certo e uma nova foi criada. Fomos a primeira escola de Educação Infantil a apresentar para o Setor
de Informática Educativa um projeto didático, utilizando as redes sociais como ferramenta de trabalho e de divulgação de

192
a apresentar para o Setor de Informá�ca Educa�va um projeto didá�co, u�lizando as redes sociais como
ferramenta de trabalho e de divulgação de nossas prá�cas para as famílias de nossas crianças. Na época, o Orkut
nãonossas
era liberado paraasuso
práticas para nas de
famílias escolas
nossas de educação
crianças. infan�l,
Na época, mas
o Orkut nãonós
era conquistamos
liberado para usoesse direito,
nas escolas de uma vez que as
educação
professoras alimentavam
infantil, mas os álbuns
nós conquistamos de fotos
esse direito, umade
vezseus grupos
que as em horário
professoras de trabalho.
alimentavam os álbuns de fotos de seus grupos em
horário
Com de atrabalho.
ex�nção dessa rede social, buscamos novos caminhos de comunicação com nossa comunidade.
Com a extinção dessa rede social, buscamos novos caminhos de comunicação com nossa comunidade.

E.M.E.I GUIA LOPES

E.M.E.I GUIA LOPES


idioma: Português (Brasil) criada em: 4 de fevereiro de 2008
categoria: Escolas e Cursos local: Av Professor Celestino Bourroul
tipo: moderada 358, Bairro do Limão - São Paulo 02710,
Brasil
privacidade: público

E.M.E.I GUIA Página oficial para professores, pais, alunos, funcionários e amigos que fizeram e fazem
parte da Escola Municipal de Educação infantil - EMEI GUIA LOPES.
LOPES Objetivos Educacionais:
1) - iniciar o processo de inserção ao mundo informatizado de todos os envolvidos no
processo ensino-aprendizagem
comunidade
2) - Facilitar,à Comunidade, acesso às informações gerais da escola; -
fórum 3) - Possibilitar maior participação dos pais na vida escolar de seu (sua) filho (a):
4) - Divulgar o trabalho dos professores junto aos pais;
denunciar abuso 5) - Registrar a opinião dos pais sobre as várias ações promovidas pela
Escola/Secretaria Municipal de Educação/Diretoria de Educação Freguesia-Brasilândia/
Prefeitura da Cidade de São Paulo

VISITEM NOSSOS ÁLBUNS DE FOTOS - VOLUME I , VOLUME II


e VOLUME III (Aparecem como amigos da Comunidade)

Visite nosso Blog: http://emeiguialopes.blogspot.com

Fórum
Projeto Diversidade/preconceitos
9 respostas: obrigado por 9 de setembro de 2011

Deixe aqui o seu recadinho....


163 respostas Esperamos sua visita... 30 de julho de 2011

APOSTILA 2011 - RECORTE DO PROJETO PEDADÓGICO


33 respostas. VIII - Avaliação .... 12 de fevereiro de 2011

Reuniões Pedagógicas - 2011


9 respostas. II - Exibição do material... 6 de fevereiro de 2011

Optar
Optar pelasmídias
pelas mídias sociais
sociais levou
levouememconsideração
consideração a rapidez necessária
a rapidez para apara
necessária divulgação de algunsdeassuntos
a divulgação alguns e, assuntos
principalmente, a interatividade que só os meios digitais podem oferecer. A agilidade na comunicação
e, principalmente, a intera�vidade que só os meios digitais podem oferecer. A agilidade na comunicação e o e o retorno imediato
as nossas
retorno publicações,
imediato foram publicações,
as nossas pontos decisivosforam
para opontos
investimento diário para
decisivos nas publicações que fazíamos.
o inves�mento diárioEm nasnossa escola,
publicações que
o blog e a página no Facebook fizeram parte do nosso Projeto Político-Pedagógico. Criar um canal
fazíamos. Em nossa escola, o blog e a página no Facebook fizeram parte do nosso Projeto Polí�co-Pedagógico. Criar virtual de comunicação
um permanente
canal virtual comdenossas famílias e interessados
comunicação permanente em educação foi umafamílias
com nossas decisão que levou em consideração
e interessados algumas foi
em educação avaliações
uma decisão
que fizemos, considerando o contido no Documento – Orientações Curriculares – quando
que levou em consideração algumas avaliações que fizemos, considerando o con�do no Documento – Orientações se propõe a “…criar um recurso
de comunicação
Curriculares que informe
– quando as famílias
se propõe das crianças
a “…criar um matriculadas
recurso denas instituições deque
comunicação educação Infantil
informe asdafamílias
rede municipal
das crianças
de ensino sobre as perspectivas de trabalho pedagógico que estão sendo discutidas nas unidades”
matriculadas nas ins tuições de educação Infan l da rede municipal de ensino sobre as perspec vas de trabalho e o desejo que o referido
documento revela quanto ao “…fortalecimento de uma cultura profissional comprometida com a mediação da aprendizagem
pedagógico que estão sendo discu das nas unidades” e o desejo que o referido documento revela quanto ao
das crianças, por meio da formulação de metas comuns, da troca de experiências e de materiais, de intercâmbio de registros
“…fortalecimento de uma cultura profissional comprome da com a mediação da aprendizagem das crianças, por
entre os professores que trabalham com as mesmas turmas em diferentes unidades”.
meio da formulação de metas comuns, da troca de experiências e de materiais, de intercâmbio de registros entre os
Além das orientações oficiais, havia metas postas pela escola em seu Projeto Político-Pedagógico que justificariam
professores que trabalham com as mesmas turmas em diferentes unidades”.
nossos investimentos na utilização do universo virtual para atingir nossos objetivos.
Além das orientações oficiais, havia metas postas pela escola em seu Projeto Polí�co-Pedagógico que
Era preciso envolver toda a Comunidade Escolar na elaboração, reflexão, avaliação do nosso Projeto Político-
jus�ficariam
Pedagógico.nossos
A leiturainves�mentos na u�lização
do documento sempre do universo
foi um momento pouco virtual para a�ngir
interessante para as nossos
famílias.obje�vos.
No entanto, acompanhar
Era preciso envolver toda a Comunidade Escolar na elaboração, reflexão,
a rotina de suas filhas e filhos por meio de fotos e pequenas legendas foi uma forma lúdica de fazê-los avaliação do nosso
compreender como Projeto
Polí�co-Pedagógico. A leitura do documento sempre foi um momento pouco interessante para as famílias. No
entanto, acompanhar a ro�na de suas filhas e filhos por meio de fotos e pequenas legendas foi uma forma lúdica de
193
o PPPP saia do papel. Os comentários nas fotos e nos eventos publicados sempre foram compreendidos, por nossa equipe,
como uma devolutiva do nosso trabalho.
Conseguimos incrementar as formas de comunicação entre a escola e a comunidade, tornando-as mais ágeis e
eficazes, mas mantivemos a rotina das agendas, porque sabíamos que não eram todas as famílias que tinham acesso à
internet.
Quando definimos como missão da escola oferecer serviços educacionais de qualidade à nossa comunidade,
estávamos nos referindo a dar acesso a toda a comunidade do bairro do Limão e a toda a comunidade educativa interessada
em conhecer nossas práticas. Não haveria outra forma de divulgação que não fosse pelas redes sociais, porque só por meio
delas garantíamos as interações.
Atualizamos o Blog até 2016 e paramos, porque não havia a interação que desejávamos com as famílias, mas as
páginas nas redes sociais que foram reiniciadas em 2008 continuaram ativas. O envolvimento das famílias com os projetos
didáticos é total. Saberem o que está acontecendo na escola as aproximou de seus filhos, possibilitando conversar com eles
sobre o dia que tiveram na escola. Além disso, um retorno positivo não esperado foi o surgimento de inúmeras parcerias.
Ao despertar o interesse pela nossa forma de trabalhar, fomos constantemente procurados por profissionais das
mais diversas áreas do conhecimento dispostos a nos ajudar. Essas iniciativas envolveram ações diretas com as crianças e a
formação dos nossos professores, o que enriqueceu o nosso PPP.
A divulgação de nossas práticas despertou a curiosidade de muitos profissionais ligados à educação. Para atender
a demanda por conhecer a escola, recebíamos equipes de professores de São Paulo e outros estados, portanto, a troca de
experiências extrapolou o mundo virtual e acontecia todas as segundas-feiras com a equipe gestora.
Até 2019, a página nas redes sociais foi considerada como uma documentação pedagógica da escola. Foi possível, à
gestão, acompanhar o trabalho de cada grupo de crianças pelo registro fotográfico e legendas que as professoras postavam
uma vez por semana, em média. A abertura de álbuns específicos definiu os conteúdos e a seguinte estrutura:
- Portfólio Virtual de cada grupo classe – as professoras são responsáveis por alimentar o álbum de seu grupo com
registros fotográficos e legendas.
- Portfólio de matérias sobre a EMEI Nelson Mandela na imprensa escrita – Clipping
- Portfólio de vídeos com matérias veiculadas sobre a EMEI Nelson Mandela – Videoteca
- Portfólio de vídeos de atividades com nossas crianças
- Cardápio Escolar
- Eventos, Momentos e Talentos – registro fotográfico de eventos coletivos promovidos pela escola.
- Lembranças – resgate fotográfico de ex-alunos e ex-funcionários
Nós adotamos alguns procedimentos importantes para proteger a escola e as crianças quando da publicação de
fotos e durante todos esses anos nunca houve problema.
No ato da matrícula, os pais ou responsáveis preenchiam uma autorização de uso de imagem e voz para publicações
nas redes sociais ou em matérias, reportagens, livros sem fins lucrativos e especializados em educação.
Durante a reunião inicial com as famílias, explicamos os objetivos do projeto que está bem fundamentado. No nosso
caso, os registros fotográficos também eram utilizados nos momentos de formação de nossos professores e nos relatórios
de avaliação para aprendizagem.
Anos mais tarde, com a pandemia, todo esse investimento foi fundamental para que a escola se destacasse no
trabalho com as famílias de forma remota, uma vez que já era habitual essa comunicação com as famílias.
Esse foi o quarto e importante passo para a escola se firmar como um território de educação infantil de qualidade.

194
Convencer que todos da escola são importantes para a criança não foi e não é tarefa fácil, mas posso ga
possível. Muitos acreditam que apenas os professores são responsáveis e que só a eles cabe a missão de ed
nar e cuidar.
Claro que não há fórmulas e que, nesse caminhar, foi preciso lidar em muitos momentos com difer
trações. Divulgar seu trabalho e utilizar a tecnologia como ferramenta indispensável para a Educação do século XXI, desde a primeira
infância.
Somados aos esforços de valorização de todos os servidores em igual medida, vislumbrei a minha seg
ão. Uma DE QUEM
missão queEM QUÊ?
sabia não ser a mais fácil, posto que uma pesquisa publicada em 2009, anunciava
nas 20% dos diretores
Do Diretor na GestãosePedagógica
dedicavam aos fazeres pedagógicos das escolas em que atuavam. Infelizmente
segui localizar uma pesquisa
Convencer mais
que todos atualsão
da escola sobre esse tema
importantes que pudesse
para a criança compar�lhar.
não foi e não é tarefa fácil, masEssa
possoconstatação
garantir ser traz e
possível. Muitos acreditam que apenas os professores são responsáveis pelas crianças
mim, outras exclusões. E que exclusões! A exclusão do diretor de escola do pensar didá�co-pedagógico e que só a eles cabe a missão de
educar, ensinar e cuidar.
mações dos professores, da sala dos professores, das reuniões de pais, das reuniões pedagógicas, das sal
Claro que não há fórmulas e que, nesse caminhar, foi preciso lidar em muitos momentos com diferentes frustrações.
vivência e de tudo queaos
Somados dissesse respeito
esforços de àsdecrianças
valorização e suas aprendizagens.
todos os servidores Era aa cultura
em igual medida, vislumbrei minha segundado cargo
missão. que vinga
e pública. Uma missão que sabia não ser a mais fácil, posto que uma pesquisa publicada em 2009, anunciava que apenas 20% dos
diretores
Sei que, ainda se dedicavam
hoje, causa aos fazeres pedagógicosno
estranheza dasambiente
escolas em que atuavam.aInfelizmente
escolar figura denãouma consegui localizar pedagógica.
diretora uma
pesquisa mais atual sobre esse tema que pudesse compartilhar. Essa constatação traz em si e para mim, outras exclusões. E
meiro momento e mais di�cil, devo confessar, que impus a minha presença em todos os lugares e mome
que exclusões! A exclusão do diretor de escola do pensar didático-pedagógico, das formações dos professores, da sala dos
�nha outra forma das
professores, de reuniões
fazer com que
de pais, dasse acostumassem
reuniões pedagógicas, dascomsalas a
deminha persona
convivência e de tudoeque tudo o que
dissesse ela representa
respeito às
ginário dascrianças
pessoas,e suasmas com o tempo
aprendizagens. comecei
Era a cultura do cargo a fazer
que parte
vingava dopública.
na rede contexto histórico-polí�co-educa�vo do lu
Sei que, ainda hoje, causa estranheza no ambiente
Bem, para que Projeto Polí�co-Pedagógico seja de fato reconhecido escolar a figura de uma diretora pedagógica.
e validado Num primeiro
é preciso que o(a) diret
momento e mais difícil, devo confessar, que impus a minha presença em todos os lugares e momentos. Não tinha outra
scola par�cipe, a�vamente, dos processos pedagógicos e administra�vos da unidade que pretende gere
forma de fazer com que se acostumassem com a minha persona e tudo o que ela representava no imaginário das pessoas,
e ser maismas
umcom entre todos.
o tempo Digo
comecei queparte
a fazer assumi a direção
do contexto para desierarquizar
histórico-político-educativo do lugar.as estruturas e não as manter inta
arquias afastam, Bem,segregam ainda
para que Projeto mais e a escola
Político-Pedagógico seja não
de fatodeve se prestar
reconhecido a esse
e validado papel.
é preciso As diretora(o)
que a(o) escolas da públicas co
uma vasta escola participe, ativamente,
legislação dos processos
que auxilia o gestorpedagógicos
a tomar e administrativos da unidade
suas decisões, que pretendeogerenciar.
portanto, restante Devedo sertempo
mais precis
um entre todos. Digo que assumi a direção para desierarquizar as estruturas e não as manter intactas. Hierarquias afastam,
zado em favor das aprendizagens das crianças e dos adolescentes. Além do que, existe uma equipe que au
segregam ainda mais e a escola não deve se prestar a esse papel. As escolas públicas contam com uma vasta legislação que
ção no cumprimento dossuas
auxilia o gestor a tomar fazeres
decisões,burocrá�cos.
portanto, o restanteDelegar
do tempo deve serutilizado
precisa ser um propósito para conseguir
em favor das aprendizagens das gesta
alho de qualidade.
crianças e dos adolescentes. Além do que, existe uma equipe que auxilia a Direção no cumprimento dos fazeres burocráticos.
Delegar deve ser um propósito para conseguir gestar um trabalho de qualidade.

48% 16%
governo comunidade
13%
professor

9%
aluno

7%
escola
5%
outros
diretor 2%
Quem é o responsável
A maioria diz que a responsabilidade pela nota baixa no Ideb é do governo e o diretor
aparece como o menos responsável
https://api.whatsapp.com/send?text=https://novaescola.org.br/conteudo/7501/o-que-o-que-pensa-o-gestor-escolar

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Há resistências nesse sentido. Há resistências em todos os sentidos. Sobra resistência para todos os gostos, porque
para delegar você precisa encontrar alguém que queira assumir com você a cogestão.
Há resistência, inclusive dos próprios Coordenadores Pedagógicos. Todos com quem tive o prazer de trabalhar,
sentiram certo desconforto ao perceberem que a escola tinha uma diretora que conhecia todo o fazer pedagógico e
participava, diariamente, da formação dos professores, que fazia questão de ler os relatórios, de discutir as pautas das
reuniões pedagógicas, de participar da organização das festas, dos ensaios, da elaboração do Projeto Político-Pedagógico,
dos encaminhamentos dos projetos didáticos, do atendimento das famílias sem hora marcada. Grande parte desse
estranhamento se deve ao fato de que na educação infantil, há apenas um coordenador pedagógico por unidade, portanto
esse profissional exerce suas funções, na maioria das vezes, mais intimamente com o grupo de professores da escola.
Portanto, a estranheza é compreensível.
Há, também, um problema crônico na rede que se soma a essas estranhezas. É a pressa em se mudar as coisas antes
de se conhecer sua história, seus resultados, analisar e avaliar se o que é bom vale a pena continuar ou não. Acontece isso
quando muda a administração de quatro em quatro anos e essa dinâmica do descarte acontece nas escolas nos processos
de remoção todo final de ano. Os profissionais mudam de escola, buscando um local de trabalho mais próximo de suas
residências ou uma unidade que atenda suas expectativas pedagógicas e administrativas. A inconstância e impermanência
dos profissionais na mesma unidade educacional me ensinou a ter cautela, muita cautela em aceitar grandes transformações
no Projeto Político-Pedagógico antes de ter certeza de que as(os) profissionais tivessem vivido pelo menos um ano do que
já estava consolidado pela comunidade escolar. Isso frustrou muitos docentes e especialistas que passaram pela escola.
As propostas de mudança sempre foram bem-vindas e, se aceitas pela maioria, começavam a valer no ano seguinte a sua
proposição, jamais no meio do caminho. A razão para tanta cautela é simples: muitas e muitas vezes, depois de alterarem o
PPP, esses profissionais entravam em remoção e não experimentavam as alterações que tinham proposto.
Compreendo que nós, professoras e professores, somos agentes de mudança e transformação e não vermos as
nossas propostas acontecerem de imediato, com a urgência que imaginamos ser necessária, não é fácil. Aceitar o que está
posto é sempre um exercício difícil para quem sempre teve a criatividade como condutora do seu trabalho.
Todas as escolas de referência que conheci na Rede Municipal de Educação e todas que nos visitaram, não
coincidentemente, contavam com uma diretora de escola pedagógica atuante. É preciso um profissional que preze pela
continuidade dos projetos de educação que foram pensados pelo coletivo escolar. A qualidade da Educação se faz no
exercício de sua prática e não há como aperfeiçoá-la sem a presença de um profissional que consiga garantir o mínimo
de unidade aos processos de construção e formação. Na escola, essa figura, deve ser o diretor escolar. Terceirizar essa
responsabilidade é jogar com o futuro de milhares de crianças e profissionais. Avalio que o sucesso de uma escola e dos
processos de aprendizagem das crianças estejam relacionados à coerência dos processos administrativos e pedagógicos
que ficam comprometidos na rede pública pela desconfiguração das equipes de trabalho ou pela manutenção e falta de
oxigenação de algumas delas. De um lado a remoção e de outro a estabilidade.
Portanto, o papel da Diretora e do Diretor de escola merece mais atenção, em especial nas pautas da Secretaria
Municipal de Educação ao definir cursos de formação para a categoria.

DE QUEM EM QUÊ?
Das Equipes no Projeto Político-Pedagógico
Uma escola que se pense inclusiva e integradora, não pode abrir mão de ter uma equipe ciente do documento que
orienta todo o pensar e fazer da sua comunidade de aprendizagem, até porque ela é uma das responsáveis pela elaboração
do Projeto Político-Pedagógico.

196
Tudo óbvio, não fossem alguns empecilhos que algumas legislações criam. Isso é fato por mais que pareça estranho.
Essa situação se agrava quando falamos, especificamente, dos docentes. Grande parte das professoras que conheci, a
começar por mim, desconheciam o documento mais importante da escola em que trabalharam.
Aqui faço um adendo e sublinharia se não fosse exagero. Entrarei num terreno úmido, arenoso e tenho certeza
desagradável de que pode justificar, em parte, esse distanciamento entre os educadores e o documento norteador do
pensamento e das práticas da escola: O PPP. São dilemas jurídico-pedagógicos que determinam a qualidade dos serviços
educacionais oferecidos pelas escolas da rede municipal, cujas soluções exigiriam uma reformulação de mentalidades só
possível para os próximos séculos, contando com a vontade e coragem política para enfrentar muitos descontentamentos.
Para não citar inúmeros, vou me ater a dois dos direitos/benefícios legais: a remoção anual (mudança de local de
trabalho) e o acúmulo de cargos que, por óbvio, agravam o problema, mas não se configuram como suas principais causas.
Para que um profissional se inteire do Projeto Político-Pedagógico da escola em que atua, é preciso viver a realidade
desse território e conhecer as diretrizes político-pedagógicas que norteiam o trabalho da sua Unidade Educacional. Para
vivê-lo não existe outra forma que não seja conviver com as crianças e outros profissionais nas diversas situações que
o ambiente promove, em especial, participando dos momentos de estudo coletivo para os professores que optam pela
JEIF (jornada de trabalho integral de formação). Em alguns casos, os professores que acumulam com escolas estaduais ou
municipais não conseguem optar por essa jornada, fora os acúmulos não declarados com escolas privadas.
O que dizer então de um diretor de escola que acumula cargo com a função de professor? Ele exerce durante um
período o papel de diretor, para, entra em sala de aula em outra escola, volta e assume a direção na escola de origem,
por exemplo. Não há como garantir saúde a esses profissionais. A política pública acertada seria investir também nos
responsáveis pela educação a tal ponto que não precisassem acumular cargos. Que educação integral se exige de uma escola
quando se fragmenta a vida de seus profissionais?
Como é possível à professora ou professor que acumula cargos, com duas jornadas de trabalho, viver duas escolas e
participar na elaboração de dois Projetos Político- Pedagógicos? As chances dessa dedicação ser integral fica reduzida.
As escolas que são convidadas a participar do Programa São Paulo Integral contam com uma possibilidade ímpar que
outras unidades da rede não possuem. Todas as professoras que assumem sala, não acumulam cargos com a rede pública
ou privada. Isso lhes permite conhecer e se inteirar por completo sobre tudo o que acontece. Esse profissional envolvido
faz a diferença e compõem o coletivo da escola. Vive a escola, participa das conquistas e propõe soluções aos problemas
que surgem. Defendem suas ideias e os ideais da escola em que passa a maior parte do dia, conquista as famílias, amigos e
parceiras de trabalho. Inclui e integra a comunidade escolar. Estuda, aperfeiçoa práticas, compartilha seus saberes, ensina e
aprende. Cria vínculos profissionais e pessoais com adultos e crianças o que é imprescindível quando se pretende falar em
educação de qualidade.
Esse panorama propício à excelência e que acabo de descrever é exceção na rede pública de educação. Portanto,
digo que a mesma lei que autoriza o acúmulo de cargos e defende esse direito aos professores, é a mesma lei que define a
qualidade da educação dentro das escolas ou a ausência dela.
Outra questão, ainda tratando de direitos dos servidores, que afeta diretamente a continuidade dos trabalhos
pedagógicos das unidades e a interação das equipes com os princípios do Projeto Político-Pedagógico da unidade que atuam
é a troca de profissionais que acontece anualmente.
Isso significa que a mesma descontinuidade administrativa nos órgãos centrais que ocorre a cada quatro anos, ou
menos, é reproduzida na escola e pior, nos parques. A cada final de ano as escolas ganham contorno diferentes exigindo de
todos novos e constantes esforços.

197
Essa instabilidade nas equipes gestoras e a alteração constante do quadro de professores gera investimentos que
exigem um recomeçar desgastante para a equipe formadora. Esse movimento interfere na revisão e reformulação do PPP
diretamente. Pode acarretar o desinteresse dos professores, uma vez que permanecerão apenas um ano na unidade o
mesmo acontecendo com a equipe gestora.
Esses entre outros fatores, corroboram para que o documento fique por algum tempo estático, sem ganhar revisões
ou a participação de todas e todos escola e da comunidade.
As escolas municipais de educação infantil sofrem, a cada ano, uma renovação substancial das crianças e famílias que
atende. Soma-se a isso, a remoção das equipes de professores, gestores e quadro de apoio e mais o projeto de formação
continuada que pretende aperfeiçoar práticas e, portanto, fundamentar concepções. Diante desse quadro de mudanças
é impossível que um Projeto Político-Pedagógico não precise ser revisto de um ano para o outro. Se isso não acontece, é
preciso que a escola seja alertada a rever o seu papel social.
É certo que nos últimos anos, tive a honra de contar com supervisoras pedagógicas e comprometidas que fizeram o
acompanhamento do PPP da escola. Essa é uma das soluções. A cobrança efetiva da Supervisão Escolar da revisão anual e
da participação de todas e todos na construção do PPP. Sem cobranças não há papel, nem ação que saia dele.
Só é possível aos professores desenvolver um bom trabalho, conhecendo o Projeto Político-Pedagógico da escola
em que trabalham. Se isso não acontece, a sua docência fica descontextualizada e solitária, sem impacto social na sua
comunidade. Essa desconexão com a realidade e com a história do território que está inserida/o como profissional, invalida
sua opção pelo serviço público. É dever e direito das professoras e professores da rede municipal de ensino cobrar do trio
gestor da sua escola o Projeto Político-Pedagógico para avaliá-lo e participar de sua transformação.
Na EMEI Nelson Mandela, todo mês de fevereiro era dedicado a leitura do Projeto Político-Pedagógico para validar as
alterações feitas no ano anterior nos meses de novembro e dezembro. Dessa forma, todas as professoras não só conheciam
o documento, como participavam de sua elaboração ao final do ano, mesmo que não fossem permanecer na unidade,
porque o concurso de remoção começa no mês de outubro. Assim, ao chegar na próxima escola e lhe perguntassem sobre o
Projeto Político-Pedagógico, a resposta seria: Conheço, li, reli e reescrevi. Sempre dei o nome a isso de formação continuada.
O PPP é a política pública mais assertiva que precisa de todas e todos para dar certo.

DE QUEM COM QUEM?


Das Equipes com o Público

Nossa escola apresentava dificuldade em estabelecer relações informais com o público externo. Era preciso, então,
acostumar as equipes a ver pessoas “de fora” andando, sem aviso prévio, por todos os cantinhos. É bem verdade que
durante um bom período, algumas mal tinham se acostumado aos meus passeios diários e constantes sem um sobressalto,
mas preferi acreditar que eram apenas coincidências. Criar rotinas para os adultos também é fundamental.
Minha visão era de que quanto mais vidas de fora entrassem, mais oportunidades daríamos as nossas crianças de
ampliarem seus repertórios.
Lembro-me que até algum tempo atrás, havia uma cobrança que eu avisasse o coletivo escolar se viesse alguma
“visita”. Nunca entendi o termo “visita” usado num espaço público, mas um dia resolvi dar ouvidos a reivindicação e perguntei:
Por quê? Como professora, vivenciei uma época em que era costume alguém da escola passar pelas salas de aula avisando
que a supervisora tinha chegado, mas estávamos em outro século, não é mesmo? Conversei longamente com todas e todos

198
e disse claramente o que pensava, concluindo meu pensamento com o que acreditava. Nós não temos nada a esconder, ao
contrário, temos muito do que nos orgulhar. E seguimos felizes, sem aviso prévio, mostrando a escola como ela acontece
para quem tivesse disposta(o) a conhecê-la.
Começamos a ter um movimento quase que diário de grupos de professores e formadores, repórteres, parceiros,
mestrandos, estagiários e doutorandos. Nada mais era visto como incômodo e sim como uma surpresa para que nossas
crianças interagissem com adultos que poderiam lhes contar histórias bem diferentes do contexto do dia que estavam
vivendo, ou não, poderiam ser complementares. Era sempre uma nova relação e uma grande novidade. Das crianças
introvertidas, nasceram excelentes Repórteres por um Dia, Mestres de Cerimônia, e havia uma disputa para compor as
equipes que apresentavam a escolas para quem chegava para conhecê-la. Havia, nesse momento, um orgulho de mostrar
o que lhes pertencia e, ao mesmo tempo, contar todas as histórias que já haviam vivido nos territórios de aprendizagem.
Há quem pense que a presença de “estranhos” incomode ou atrapalhe a “rotina”. Gostaria de refletir um pouco
sobre isso. Toda a pessoa que passa por uma secretaria escola, ou seja, que foi autorizada a entrar, não é estranha, certo?
Pode ser desconhecida e que está lá com algum objetivo e, portanto, deve ser acolhida. Um dos pilares do nosso Quadro
de Referência (currículo) é aprender a conhecer, inclusive pessoas. A Educação Infantil é espaço e tempo de processos de
socialização. É quando desejamos que nossas crianças ampliem seu círculo de convivência, mas será que isso implica apenas
a convivência com outras crianças? A (o) desconhecida(o) está ali para ser desvendada(o) em suas histórias. A presença
constante dessas pessoas incríveis mudou os rumos da escola.
Outra expressão que me causa estranhamento quando ouço, em tom de reclamação, é “mas quebrou a rotina”
quando algo inesperado acontece. Sim, temos uma linha de tempo e espaços para garantir direitos de aprendizagem, não
para restringir possibilidades. Acredito mesmo que a boa escola seja aquela que quebre tudo, quando isso significar ter a
oportunidade de aprender. Quebrar paradigmas, quebrar rotinas, quebrar paredes, quebrar as estruturas, quebrar regras.
Quebrar pode simplificar processos mais complexos e deixar o trânsito livre para as novidades circularem, além do que é um
processo muito sedutor. Não à toa, quebrar os brinquedos faz parte da brincadeira.

DE QUEM COM QUEM?


Das Equipes entre as Equipes e com as Crianças

Não bastava tentar entender a atuação profissional do outro. Era preciso vivê-la.
Como construir um Projeto Político-Pedagógico autoral sem a participação efetiva de todos e todas? Como, se o
quadro de apoio não participava de nada, porque se sentia excluído ou se excluía para não dar a chance de ser excluído pelo
outro. Contraditório? Não, não é.
Como fazer entender que pessoas têm habilidades e interesses diferentes e que a escola é o melhor lugar para
descobrirmos isso não apenas nas crianças, mas nos adultos também?
Como fazer uma equipe entender que só é possível atingir a excelência se soubermos unir todos os talentos e que
todos são de igual importância para torná-la de fato uma potência na arte de se educar as crianças, suas famílias e toda uma
comunidade?
Descontruir a cultura das atribuições rígidas e bem detalhadas do serviço público requer talento e
persistência.
Durante a realização de um projeto didático, a equipe da secretaria e a gestão foram desafiadas pelas crianças a

199
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mas significativos uma reação a ser
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insuficientes, aos problemas crônicos da sociedade. Longe de 201ser a resposta definitiva às necessidades reais, a criação
da figura do Auxiliar de Vida Escolar, um estagiário que orientado por equipes da Secretaria da Saúde e da Secretaria da
Educação para acompanhar a criança com dificuldade de locomoção e alimentação, foi essencial para as conquistarmos
alguns avanços. Esse foi um dos investimentos mais significativos que pude presenciar durante a minha atuação como
diretora, porque além de atender diretamente a criança, foi a primeira parceria com outra Secretaria em que houve ganhos
múltiplos.
Outra questão fundamental que qualificou o atendimento às crianças com deficiência(s) foi elaborar uma linha de
tempo para as professoras de módulo que permanecem na unidade sem regência para substituir eventuais faltas. Essas
profissionais acompanhavam as crianças quando a atuação do auxiliar de vida escolar não era permitida pelo contrato.
Isso garantiu um atendimento especial durante todo o seu período de sua permanência. A mesma prioridade era dada nas
linhas de tempo das educadoras do quadro de apoio. Entendemos, Na EMEI Nelson Mandela, que todas as crianças são de
responsabilidade da escola, ou seja, de todas e todos, não apenas da professora titular da sala. Uma filosofia de trabalho que
demandou algum tempo para ser compreendida, mas foi incorporada e valia para todas as crianças da escola.
Há muito o que ser feito, porque enquanto as políticas públicas não conseguirem chegar a todas as escolas da
forma como foram idealizadas, as injustiças, as desigualdades e a discrepância no atendimento às crianças serão as marcas
registradas da rede pública.
Sempre tivemos um lema: se aprendemos com as diferenças, quanto mais diferentes formos, melhor! O incomum,
geralmente nos chama a atenção. Esse mobilizar os sentidos é o princípio para se aprender qualquer coisa. Se eu me
espanto, se me intriga, se me provoca qualquer reação, despertou o meu desejo de saber mais. Não podemos descartar a
indiferença como sendo uma reação a ser considerada nesse processo.

201
Nenhum tipo de exclusão é natural, por mais que tenhamos nos acostumado a conviver com ela. A escola é o
território que deve desnaturalizá-la, combatendo-a com a potência formadora que tem.
Se até aqui falei das relações necessárias para se construir um ambiente em que o sujeito educador, grande ou
pequeno, tenha condições ótimas de se relacionar entre si e com o mundo, existem outras formas que lhe dão a inteireza de
EM? ser sujeito de si para ser sujeito do mundo.
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DE QUEM COM QUEM?
De Todas e Todos com as Famílias
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se uma Educação Inclusiva:
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sempre Por
lhes meio de projetos ou ações que ficam
foi oferecido.
soras ou da gestãoFoi preciso investir
escolher o melhore formar
momento as famílias
parapara a participação cidadã. Por meio de projetos ou ações que ficam a
desencadear.
critério das professoras ou da gestão escolher o melhor
momento para desencadear.
Só é possível uma escola inclusiva para as
crianças, se todos os adultos se sentirem incluídos e
respeitados pelo Projeto Político-Pedagógico. Isso
precisa estar escrito com todas as letras. Portanto,
o pensar, o falar e o fazer dessa escola precisam
defender, em essência, os direitos humanos. O coletivo
escolar precisa estar antenado aos problemas sociais
que atingem os grandes e pequenos que irão conviver
nesse território, sem esquecer que vivem fora dele
toda a sorte de dificuldades e devem unir esforços
para transformar as vidas que serão compartilhadas,
na educação infantil, por um breve período.
É cômodo adotarmos o discurso de que as
Não basta ser família, tem que dançar!
famílias não querem participar das reuniões ou não
el uma escola inclusiva para as crianças, se todos os adultos se sen�rem incluídos
querem e respeitados
participar dos eventos. Precisamos pensar
o-Pedagógico. que Isso precisa
existem estar
fatores que escrito com todas
as impossibilitam de as letras. Quando
participar. Portanto, o pensar,
paramos o falarseriamente
para pensar e o fazer sobre esse assunto,
am defender, em essência,
criamos estratégias osparadireitos humanos.
atendê-las O cole�vo Oescolar
em suas necessidades. serviço precisa
ao públicoestar antenado
tem por finalidadeaos
dar atendimento a essas
que a�ngemnecessidades.
os grandes e pequenos que irão conviver nesse território, sem esquecer que vivem
te de dificuldades Ae devemescola pública está para servir
unir esforços a essas famíliasas
para transformar que encontram
vidas dificuldades
que serão em participarna
compar�lhadas, da vida escolar de suas
or um brevefilhas e filhos. Isso já é coisa sabida. Cabe, diante dessa realidade, transformá-la.
período.
adotarmos o discurso Desconstruir
de queo discurso das impossibilidades
as famílias não querem ou do não fazer
par�cipar dasé bem interessante.
reuniões ou nãoPor querem
exemplo: Não dá para marcar a
reunião de
ntos. Precisamos pais fora
pensar quedo horário
existemde trabalho
fatoresda/o
queprofessora e muito menosdenopar�cipar.
as impossibilitam final de semana ou à noite. É claro que dá! É
Quando
ar seriamente impensável filmarassunto,
sobre esse as reuniões ou passarestratégias
criamos um resumo por
paramensagens virtuais
atendê-las emparasuasasnecessidades.
famílias que não puderam
O comparecer. É
claro que dá! Não é possível as famílias definirem uma pauta para as reuniões com seus assuntos de interesses, porque isso
em por finalidade dar atendimento a essas necessidades.
demanda tempo. É claro que dá! Enfim, sejam quais forem as justificativas que nos levem a não alterar o curso das coisas,
blica está para servir a essas famílias que encontram dificuldades em par�cipar da vida escolar
elas precisam cair por terra. É preciso inverter a lógica, e impulsionar às novas práticas. Onde cabia o “não”, encaixar o “e
s. Isso já é coisa sabida. Cabe, diante dessa realidade, transformá-la.
se?” e trazer para a escola quem tem direito e precisa estar mais próxima dela.
r o discurso das impossibilidades ou do não fazer é bem interessante. Por exemplo: Não dá para
e pais fora do horário de trabalho da/o professora e muito menos no final de semana ou à noite. É
ensável filmar as reuniões ou passar um resumo por mensagens 202
virtuais para as famílias que não
cer. É claro que dá! Não é possível as famílias definirem uma pauta para as reuniões com seus
a criança permaneça menos tempo. Fico pensando quais foram os interesses que fizeram
m por um ensino fundamental de nove e não uma educação infan�l de quatro ou cinco anos
nfâncias. Um clássico caso de inserção e não de inclusão de crianças de seis anos nas escolas d
. DE QUEM COM QUEM?
idos alguns anos,
De Escolas comas consequências traduzidas pelos resultados das avaliações externas dess
Escolas

corporadas como sendo


Dizem que próprias
a infância das de
passa num piscar séries
olhos. Oiniciais, apagando-se
que dizer então do breve períododa história
de dois esse
anos? Há uma equívoco, n
urgência
na Educação Infantil que precisa ser denunciada, porque não faz parte dos discursos da maioria dos especialistas que
ensar as infâncias, irreparável para várias gerações passadas e futuras.
escuto. É um contrassenso que a etapa de ensino mais bem avaliada pelos cidadãos paulistanos seja aquela em que a
onizamoscriançacom outras
permaneça menos duas unidades
tempo. Fico pensando quais educacionais e fizeram
foram os interesses que a nossa supervisora
autoridades optarem por um umaensino reunião
a com umfundamental
Centrodedenove e não uma educação infantil de quatro ou cinco anos. Um desrespeito as infâncias. Um clássico caso
Educação Infan�l (CEI), uma Escola Municipal de Educação Infan�l (EMEI
de inserção e não de inclusão de crianças de seis anos nas escolas de ensino fundamental.
de Ensino Fundamental (EMEF)
Hoje, decorridos alguns para
anos, as ajustarmos
consequências traduzidasalgumas expecta�vas.
pelos resultados Foi dessa
das avaliações externas umtransição
dos encontro
e par�cipei.
já foramAincorporadas
pauta foi comodefinida
sendo própriaspelas gestoras
das séries junto dacom
iniciais, apagando-se aesse
história supervisão,
equívoco, na minhareunindo
maneira de todas a
pensar as infâncias, irreparável para várias gerações passadas e futuras.
ntos de escutaNós e protagonizamos
reflexão. com outras duas unidades educacionais e a nossa supervisora uma reunião pedagógica conjunta
e umas responsabilizavam
com um Centro de Educação as outras
Infantil (CEI), umapor alguns
Escola Municipal fracassos. A EMEI
de Educação Infantil (EMEI)culpabilizava
e Escola Municipal de o Ensino
(CEI), porqu
Fundamental (EMEF) para ajustarmos algumas expectativas. Foi um dos encontros mais produtivos que participei. A pauta
m sem autonomia para se alimentar e ir ao banheiro, a EMEF reclamava da EMEI, porque a
foi definida pelas gestoras junto com a supervisão, reunindo todas as equipes para momentos de escuta e reflexão.
em saber escrever Sabíamosoquenome e sem saber
umas responsabilizavam usarporoalguns
as outras caderno eAaEMEI
fracassos. EMEI ficouoperplexa
culpabilizava (CEI), porque asao saber que a
crianças
omendochegavam
de garfo, faca e prato
sem autonomia de vidro,
para se alimentar e ir aovoltavam
banheiro, a EMEFa se alimentar
reclamava porque colher
da EMEI, com as crianças e pratosem
chegavam de plás�co
saber escrever o nome e sem saber usar o caderno e a EMEI ficou perplexa ao saber que as crianças que saiam comendo
deradas muito pequenas
de garfo, faca na voltavam
e prato de vidro, EMEF.a São alguns
se alimentar dos epequenos
com colher detalhes
prato de plástico, porque eramque foram
consideradas saindo na
muito
mos, mas dão
pequenasa dimensão de que
na EMEF. São alguns a rede
dos pequenos nunca
detalhes foi uma
que foram saindo rede, porque
nas conversas paramas
que tivemos, issodãoé necessário qu
a dimensão
de que a rede nunca foi uma rede, porque para isso é necessário que haja diálogo entre as partes, trocas e isso não há, pelo
partes, trocas e isso não há, pelo menos entre os atores das diversas etapas do ensino.

Reunião conjunta -
CEI, EMEI e EMEF

Reunião conjunta - CEI, EMEI e EMEF


menos entre os atores das diversas etapas do ensino.
te que as escolas municipais
Ficou evidente que
que as escolas atendem
municipais que atendemas asmesmas crianças
mesmas crianças nasfaixas
nas diferentes diferentes faixas etárias
etárias, desconhecem
balho queo trabalho
já foiquerealizado,
já foi realizado,ou seja
ou seja o histórico
o histórico escolar
escolar das crianças que das
chegamcrianças
e isso afeta aque chegam
continuidade e isso afeta
dos processos

ocessos de aprendizagem que deveriam ser garan�dos para as meninas e meninos da escol
203

tos oficiais dissertam sobre as possibilidades, mas esquecem de dizer do papel essencial do
de aprendizagem que deveriam ser garantidos para as meninas e meninos da escola pública.
Os documentos oficiais dissertam sobre as possibilidades, mas esquecem de dizer do papel essencial dos órgãos
centrais em fomentar a articulação entre as etapas de ensino que lhes cabe. Ao redigir as orientações, as fazem direcionadas
aos professores, diretores, e supervisores se esquecendo de incluir a própria Secretaria Municipal de Educação como
fazedora de programas e executora das políticas públicas. Ela seria, a meu ver, a grande articuladora dessa integração
entre as unidades da rede que deveria ser cobrada das Diretorias Regionais de Educação por meio de ações efetivas de
seus Diretores Regionais. Uma integração dessa natureza e dimensão não se faz a depender só dos gestores das unidades
educacionais ou dos supervisores. Uma ação dessa magnitude precisa de vontade política para acontecer, portanto de
investimentos.
Deve-se, sim, criar uma cultura na rede em que o profissional da educação seja formado para o cargo que ocupa
durante toda a sua carreira, Professor de Educação Infantil e Ensino Fundamental e não para que fique restrito à sua área de
atuação, essa ou aquela. Essa mudança de mentalidade transformaria a rede municipal de educação e seus profissionais e
trarias benefícios diretos às crianças e adolescentes.
Quando esta sincronicidade e continuidade de fato acontecer, será possível pequenas ações conjuntas e, porque
não, projetos e ações conjuntas entre as crianças dos CEI, EMEI e EMEF.
O fato é que essa articulação entre as escolas ainda não encontrou seu eixo como deveria, apesar de ser um dos
pilares da desejada Educação Integral e Integradora.
É preciso investir em projetos didáticos que possam unir as diversas etapas de ensino da rede municipal,
transformando-a em uma teia colaborativa de ensinar e aprender. Elaborar um calendário específico para essas trocas. Já
pensaram nisso? Um projeto de ocupação de territórios, de leitura, de culinária, de dança entre as escolas.
Pensar em um calendário que promova encontros entre CEI, EMEI e EMEF a serem organizados pelas Diretoria
Regionais de Educação, ou seja, fomentar ideias para quem não as tem e não se limitar ao que já sabemos ser obrigatório
por lei.
Parece que a história das políticas públicas é esquecida pelas administrações que passam pela Secretaria. Eu me
lembro que quando me efetivei em 1984, assumi uma sala de PLANEDI – Plano de Educação Infantil instituído pelo Decreto
14.291/77 – que consistia na criação de classes multietárias (4, 5 e 6 anos e algumas de 7) nas escolas de Ensino Fundamental.
Na época a classe tinha mais de 55 crianças. Vem daí minha experiência e a defesa da não classificação em faixas etárias e a
insistência em provar que, apesar de estar longe do ideal, trabalhar com trinta e cinco crianças é preciso se é esta a realidade
que se apresenta.
Cabe aqui a lembrança mais do que afetiva de que, por não dar conta, solicitei a presença de algumas mães para
ficarem comigo durante todo o período escolar. Minha iniciativa gerou uma tremenda revolução na escola, mas não foi a
maior. A que deu o que falar, foi quando descobriram que eu estava alfabetizando as crianças de 7 anos sem pedir permissão
à direção e sem fazer o “teste de prontidão”. Essa história nesse contexto para dizer que, às vezes, a história das práticas e
das políticas em educação involuem.
Bom, voltando ao tema, o que há de certo nisso tudo é que a convivência das crianças pequenas e grandes em suas
diversas fases da vida escolar e o potencial de trocas que isso possibilita, seria o ideal em todas as escolas, por esse motivo,
sou defensora dos CEMEIF (Centro de Educação Infantil e Ensino Fundamental), num único território, com uma equipe
integrada e um único Projeto Político-Pedagógico. Não tive tempo de levantar essa bandeira no Bairro do Limão. Fica o meu

204
desejo que esta seja uma nova pauta para o ensino público municipal.
Educação inclusiva, integral e integradora

São os princípios do que compreendemos como Educação inclusiva, integral e integradora que garantem a qualidade
da formação do indivíduo em todas as suas dimensões: intelectual, física, emocional, social e cultural.
Isso só é possível de se constituir por meio de um projeto coletivo, compartilhado por crianças, jovens, famílias,
educadores, gestores e comunidades locais, ou seja, o que vimos até aqui, por meio do relato que fiz das práticas da escola,
mas há algo que precisa ser reforçado.
É a partir deste momento que as questões que até agora estavam organizadas separadamente, se unem para atender
ao objetivo central da educação infantil.
Se construímos uma escola para estabelecer relações entre tudo e todos, temos que cultivar um território em que
uma educação emancipatória e libertadora seja garantida para nossas crianças. Não é possível pensar em nada diferente
disso e para tanto é preciso compreender a criança como um ser único e múltiplo e lhe garantir o direito de usufruir de uma
educação que reconheça a necessidade deste olhar plural para suas várias dimensões.
É assim que exercíamos a docência muito antes de aderirmos ao Programa São Paulo Integral lançado pela Secretaria
Municipal de Educação.
Alguns pressupostos dão sustentação à concepção de uma Educação Integral, conforme Instrução Normativa n.º 26
de 03/10/2020 que faz parte do nosso repertório pedagógico há alguns anos, inclusive a ideia de inclusão que descrevemos
até aqui.
Não usaremos os termos dos documentos oficiais ou cópia de seus conceitos. Vamos traduzi-los para nossa linguagem
preferida: a prática.
Compreender as crianças e valorizar seus sentimentos, seus pensamentos, palavras e ações está explícito em todas
as ações administrativas e pedagógicas que mergulham no universo infantil por meio das figuras de afeto, dando às crianças
vez e voz e trazendo ao centro dos processos da escola as culturas das infâncias. Esse universo em que realidade e fantasia
se mesclam nos possibilita viver e experimentar um dia de cada vez e aproveitar o que ele nos ensina, mesmo que nada
tenha sido planejado naquele sentido. A novidade que surge pode desencadear novas conexões para a próxima semana.
Imediatismos pedagógicos não nos interessam.
Claro que essa não é a única forma de viver a infância, isso seria reduzir-lhe a potência. Cada escola tem sua própria
história e pode aproveitar seus próprios atores e cenários para construir seus enredos. Uma coisa é certa, é preciso um curso
de formação para que os adultos exercitem seu poder de imaginação depois de um curso superior, qualquer que ele seja.
Lembro, logo no início da “aparição” das figuras de afeto, que alguns adultos me cobravam dados reais para a idade do Tetelo,
“Mas como ele pode ter 24 anos se ele chegou a dois anos na escola e tinha 6?” E eu tinha que explicar que as crianças que o
viram chegar com seis anos já não estavam mais na escola e as que tinham chegado naquele ano não precisavam saber disso.
Na verdade, chegou ao ponto de eu só ter uma resposta a cada cobrança de lógica adulta: “Professoras, é uma brincadeira
de faz de conta. Vocês topam brincar? Nada disso é de verdade. Relaxem!”
Pode parecer pouco relevante contar esses detalhes, mas não é. Como podemos respeitar e valorizar algo que
desconhecemos? Como é possível termos esquecido como é bom brincar e como isso exige uma rede complexa de relações,
raciocínio e de desprendimento? Como o brincar nos exige uma boa leitura de mundo para representar, ou seja, quantos
processos cognitivos são ativados ao brincar? O brincar precisa deixar de ser um discurso na educação infantil e precisa se
encher de significado para os adultos que trabalham com as infâncias. Não basta repetir o que leu ou ouviu dizer, temos que
viver, experimentar. Como trabalhar o valor da ludicidade sem compreendê-la, de fato? Quando dizemos que é importante

205
a presença da infância circulando e ocupando o que lhe é de direito, exige o planejamento de saíd
má�cas com as crianças. Nesse sen�do, pedimos uma autorização no ato da matrícula para saída ocasionais
eirão da escola. Quando são planejadas, enviamos apenas um bilhete no dia anterior comunicando a fam
ue, caso haja algum problema, ela nos avise. Desburocra�zar é preciso, além de ser saudável! A cidade de
ucadora ealiar
quem melhor do
os conhecimentos que a escola
acadêmicos para lembrá-la
ao que vivemos, isso não podedisso?
ter como Não por
discurso, coincidência,
apenas, depois de conquista
o público discente.
ma da calçada, pintamos
Elaborar umabrincadeiras para
rotina diferenciada, que todos
construir que
territórios de passassem por ali se sen�ssem
aprendizagem especialmente pensados paraconvidados
formação a dar u
os nas amarelinhas
das crianças (e ou desviar
adultos) dentro os caminhos
da escola por entre
e compreender que osos percursos
espaços desenhados.
públicos precisam Uma
se acostumar comocupação
a presença lúdica se
da infância circulando
e alarde e com significado. e ocupando o que lhe é de direito, exige o planejamento de saídas sistemáticas com as crianças.
Nesse sentido, pedimos uma autorização no ato da matrícula para saída ocasionais no quarteirão da escola. Quando são
Se não há espaços
planejadas, ou dinheiro
enviamos apenas umpara
bilhetese
noconstruir territórios,
dia anterior comunicando é possível
a família para que,ressignificar os que já
caso haja algum problema, elaexistem
nos den
ola. Imaginem criar um projeto
avise. Desburocratizar dealém
é preciso, sustentabilidade paradeve
de ser saudável! A cidade o banheiro e para
ser educadora e quemo melhor
restaurante.
do que a escola para
lembrá-la disso? Não por coincidência, depois de conquistar a reforma da calçada, pintamos brincadeiras para que todos
que passassem por ali se sentissem convidados a dar uns pulinhos nas amarelinhas ou desviar os caminhos por entre os
percursos desenhados. Uma ocupação lúdica sem grande alarde e com significado.
Se não há espaços ou dinheiro para se construir territórios, é possível ressignificar os que já existem dentro da escola.

Sustentabilidade não se ensina, se vive.

Imaginem criar um projeto de sustentabilidade para o banheiro e para o restaurante. Sustentabilidade não se ensina, se vive
Territórios de aprendizagem precisam muito mais de intencionalidade pedagógica do que espaços físicos. As
dependências que já existentes nas escolas são suficientes, basta ressignifcá-las. Que tal iniciar a desconstrução de
estereótipos pelo material exposto nas paredes, e pensar num novo jeito de utilizar a sala dos professores quando não
há de
Territórios ninguém lá dentro? Jamaisprecisam
aprendizagem vou me esquecer
muitodo Nicolas,
mais de Diretor por um Dia, que quis pedagógica
intencionalidade construir uma piscina na salaespaços
do que dos �sico
professores, porque ele só entrava lá de vez em quando e isso não era justo. O fato é que, depois dessa reunião, demos um
endênciasjeito
que já existentes nas escolas são suficientes, basta ressignifcá-las. Que tal iniciar a desconstruç
na sala das professoras para que as crianças pudessem desenvolver alguma atividade por lá. Colocamos computadores
ereó�pos quepelo material
poderiam exposto
ser usados nas
em alguns paredes,
momentos do diaee as
pensar
reuniõesnum jeito de
novopassaram
dos diretores a seru�lizar
feitas nasagrandes
sala mesas
dos professor
o não há ninguém lá dentro? Jamais vou me esquecer do Nicolas, Diretor por um Dia, que quis construir um
na sala dos professores, porque ele só entrava lá de vez em quando e isso não era justo. O fato é que, depo
reunião, demos um jeito na sala das professoras206para que as crianças pudessem desenvolver algum
de por lá. Colocamos computadores que poderiam ser usados em alguns momentos do dia e as reuniões d
de reunião. O máximo do requinte e importância!
com Perceber
Perceber a escola Perceber
o olhar acom
escola
capturado
a escola com
pelos
o olhar o diretores
olharpelos
capturado capturado pelos
dediretores
escola por
de diretores
um por
escola dedia,
dia,um escola
descontaminapor aum adia,
visão
descontamina descontamina
visão a visão
acomodada com
acomodada
odada com a mesmice. Naquele com a mesmice.
canteiro Naquele
esquecido canteiro
na lateral esquecido
da escola, na lateral
sementes da escola,
podem sementes podem ser bem-vindas.
ser bem-vindas.
a mesmice. Naquele canteiro esquecido na lateral da escola, sementes podem ser bem-vindas. Será que aquele almoxarifado
Será que
ue aquele almoxarifado queaquele almoxarifado
é ocupado quepode
por coisas, é ocupado
ser ��lpor coisas,
para pode serO ��l
as pessoas? quepara as aqui
exis�a pessoas?
se O que exis�a aqui se
que é ocupado por coisas, pode ser útil para as pessoas? O que existia aqui se transformou em cantinho do almoço para
ormou em can�nho transformou
do almoçoem paracan�nho do almoço
funcionários, sala para funcionários,
de informá�ca porsala de informá�ca
quatro anos e em por 2019quatro
se anos e em 2019 se
funcionários, sala de informática por quatro anos e em 2019 se transformou em um cinema, que foi montado por uma dupla
transformou
ormou em um cinema, em um cinema,
que foi montado por umaque foi montado
dupla incrível depor uma dupla incrível de diretores.
diretores.
incrível de diretores.

cinema cinema
Quando afirmo que colocamos Quando afirmo que colocamos
as crianças no centro de as todos
crianças os no centro de
processos da todos
escola,osquero
processos
dizer, da escola, quero dizer,
exatamente,
mente, isso. Os espaçosQuandodevem
afirmoisso.
serOs
que espaçosaspor
ocupados
colocamos devemelas,ser
crianças ocupados
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centro poros elas,
tertodos
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processos ter intencionalidade
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escola, quero no pedagógica
dizer, exatamente, isso. no
planejamento
amento dos professores,
Os espaços devem
devem serdos
ser professores,
prioridade
ocupados devem
para
por elas, ser
terprioridade
os inves�mentos
devem para os
programados
intencionalidade inves�mentos
pedagógicapelanogestão programados
da escolados
planejamento pela gestão devem
e professores, da escola e
nalidade paraser funcionalidade
asprioridade
crianças para os para
usufruírem. as crianças
investimentos usufruírem.
programados pela gestão da escola e funcionalidade para as crianças usufruírem.
Somos uma ilha verde Somos uma ilha verde incrustada no Bairro no
Somos
incrustada uma no ilha verde
Bairro do incrustada
Limão e somos, Bairro
do Limão edo
também, Limão
somos,uma eilha
somos,
também, umatambém,
cercada umadede
decercada
ilha Escolas ilha cercada
Escolas de Escolas
de Samba por de
a por todos ostodos Samba
lados.osElas por
se
lados. todos
tornaram
Elas osparceiras
lados.
se tornaram Elas
desemuitas
parceiras tornaram
de horas
muitas parceiras
e trocamos
horas de muitas
e trocamos horas e trocamos
possibilidades
possibilidades de possibilidades
deaprendizagens
aprendizagens sempredequeaprendizagens
possível.
e que possível. sempre
Ora elas que
nos possível.
recebem eOra elas
apresentamnos recebem
seus e apresentam
instrumentos, sua seus
culturainstrumentos,
e nos dão sua
aulas
Ora elas nos recebem e apresentam seus instrumentos, sua cultura e nos dão aulas de coletividade e comunitarismo que cultura
de e nos dão aulas de
cole�vidade
idade e comunitarismo e comunitarismo
que precisamos aprender,queora precisamos
elas invadem a nossa
aprender, oraquadra com seus
elas invadem a nossa
sambasquadra
e com seus sambas e
precisamos aprender, ora elas invadem a nossa quadra com seus sambas e desfilam a sua ancestralidade, musicalidade,
desfilammusicalidade,
m a sua ancestralidade, a sua ancestralidade, musicalidade,
corporeidade e todos oscorporeidade e todos
valores africanos os valores africanos
e afro-brasileiros que e afro-brasileiros que
corporeidade e todos os valores africanos e afro-brasileiros que trabalhamos com nossas crianças. Isso é territorialidade. Isso
hamos com nossastrabalhamos
crianças. Isso com nossas crianças.Isso
é territorialidade. Issoééaterritorialidade.
caracterís�ca e aIsso é a caracterís�ca
riqueza e a riqueza
do nosso território a do nosso território a
é a característica e a riqueza do nosso território a serviço das infâncias.
o das infâncias. serviço das infâncias.

Walker Brito papai e Walker Brito papai e


ista da Águia de Ouro estilista da Águia de Ouro
eccionou o figurino da confeccionou o figurino da
ossa escola de samba nossa escola de samba
homenageou a musa que homenageou a musa
Leci Brandão Leci Brandão
Walker Brito papai e estilista
da Águia de Ouro confeccionou
escola de samba

escola de samba

o figurino da nossa escola de


samba que homenageou a musa
Leci Brandão.

207 207 207


A construção autoral tanto na forma como no conteúdo do nosso Projeto Político-Pedagógico foi compreendida por
todos aqueles que gostaríamos que o compreendesse, durante os quatorze anos e quase doze meses. O documento contou
histórias sobre a construção do pensamento pedagógico de todas as equipes que participaram de sua elaboração. Conservou
a contribuição de muitas professoras que hoje representam uma comunidade educativa em cada linha e em todas as suas
expressões, mesmo daquelas que não estavam mais naquele espaço e nesse tempo. Minha reverência e minha homenagem
a todas elas. E isso nada mais é do que a ancestralidade preservada e a defesa incansável da autonomia da escola, prevista
inclusive por portarias e decretos, e pela memória que não pode desconsiderar a importância da contribuição de todos e
todas que pensaram, escreveram e fizeram uma escola pública acontecer, desde 2004.
A articulação entre os saberes é considerada uma das características da educação integral e compreendemos que o
trabalho com projetos coletivos garante a transversalidade em suas múltiplas linguagens, além de vincular o que se aprende
ao que se faz na vida, assim que se volta para casa. A relação entre o que se aprende e o que se vive é o que garante o
poder transformador da educação. A conexão entre teoria e prática, entre o saber científico e a vida teve como estratégia
a adoção de dois temas transversais para o nosso currículo. Isso conferiu concretude a todos os direitos de aprendizagem
(objetivos) contidos nos documentos oficiais. Foi revolucionário eleger dois dos problemas globais que afetavam a todos nós
para permear nosso pensar e fazer pedagógico.
Para um desenvolvimento integral é preciso que o currículo deixe transparecer o tipo de indivíduo que se quer
formar e se essa formação compreende tanto os conhecimentos acadêmicos quanto aqueles que as crianças, adolescentes
e suas famílias possuem. Trazer a cultura familiar para dentro da escola não é uma opção, mas uma exigência. Apesar de
pensarmos no futuro que queremos, é bom que se diga que nos dedicamos a criança do hoje e do agora que não será, mas
que já é. Uma criança repleta de saberes que é capaz de refletir sobre questões complexas da vida. Há um termo usado
em textos que falam sobre educação integral que acredito refletir exatamente nossa filosofia de trabalho. Temos “altas
expectativas” em relação as nossas crianças, sim! Não porque esperamos delas o que é desejável para crianças de quatro a
seis anos, mas porque temos certeza de que são capazes de muito mais do que qualquer documento possa imaginar. Quem
nos levou a acreditar nessa máxima foram as centenas delas que conviveram conosco na EMEI Nelson Mandela.
Esse livro, em sua totalidade, conta histórias de uma escola em que as gestoras, professoras, os educadores e
educadoras, crianças e famílias, entre erros e acertos, foram construindo princípios de uma educação inclusiva, integral e
integradora antes mesmo disso ser uma opção ou uma demanda, porque não existe outra forma de garantir qualidade social
à educação que não seja essa.

As integrações e integralidades da educação pública


A educação integral não é só aquela pensada e promovida por alguém para alguém ou de dentro da escola para
fora dela. É um processo interno, para dentro da instituição e para dentro de cada educador e educadora que nos permite
aprender com nossas próprias pernas, quando estamos diante de uma boa oportunidade. Ela é feita por indivíduos de visão
ampliada que pensam na coletividade. Indivíduos políticos que, com sua visão, enxergam pessoas a sua frente e a passos
largos se aproximam delas.
Portanto, a Educação Integral considera os tempos e espaços de quem ocupa a escola quando está fora dela e quais
as aprendizagens que se leva e traz nesse ir e vir diário de gente grande e pequena. Educação Integral pensa em contextos.
Não há tempo cronológico para quem compreende que a integralidade de quem educa e é educado extrapola as
oito horas diárias, porque é questão de conexão ininterrupta com o compromisso entre pessoas, suas histórias e realidades.
O tempo é pano de fundo.

208
A Educação Integral é vertical, é horizontal e transversal exigindo uma gestão democrática que compartilhe, para
todos os lados, o dia a dia da escola com seus vários atores, criando estratégias para fomentar a participação dos pais nos
colegiados e associações obrigatórios por lei, mas que não se limite a isso. Ela exige uma gestão que crie o que ainda não
existe e dê oportunidades para que todas e todos participem, protagonizando as ações e se faça, na maioria das vezes, uma
expectadora atenta.
Fazer acontecer uma educação integral e integradora é um processo complexo, completo e dinâmico que nos faz
descobrir que o currículo, aquele que avaliamos como extenso demais para dar conta, é só um indício das possibilidades que
as crianças têm o direito de aprender na Educação Infantil e que quando contextualizado pela vida que levamos, deixa de ser
um fardo para ser uma rica experiência de conviver.
A educação integral, inclusiva e integradora requer esforços que extrapolam o que está explícito nos documentos
oficiais da Secretaria Municipal de Educação, porque não cabem apenas na pedagogia, nem tampouco na escola. É um ideal
que precisa ser sonhado por muitos e compartilhado por todos, todas e todes.

Algumas incompletudes da realidade


Para que tenhamos implementada uma política de qualidade para a educação pública, faltam algumas inclusões e
integrações nesse (con)texto. É preciso rever a fragmentação das políticas públicas e pensar na integralidade do ser humano
em primeiro lugar e, em segundo, na integralidade do currículo. É urgente compreendermos que o adolescente que está no
ensino fundamental e médio, entrou num Centro de Educação Infantil com zero anos, portanto, falamos do mesmo indivíduo
durante todo o tempo. Partindo desse pressuposto, os investimentos precisam ter como foco a pessoa e não a modalidade
de ensino em que ela se encontra. Se o pico da evasão escolar se inicia aos 14 anos, como explicar o que aconteceu até essa
idade com esse sujeito de direitos? Ou seria melhor perguntar, o que não aconteceu nas escolas pelas quais esse adolescente
passou até essa idade, a começar pelas unidades que frequentou desde a primeira infância?
Tenho absoluta certeza que vários equívocos colaboram ao longo do tempo para que chegássemos ao ponto em que
estamos hoje. Não seria possível, nesse momento, discuti-los minuciosamente, mas não posso fugir a minha responsabilidade
cidadã de, ao menos, citá-los como os vivi durante o tempo em que fui servidora pública.
Não se trata de apontar, aqui e agora, algo que não tenha dito em alto e bom som toda a vez em que tive voz e
alguém disposto a me ouvir durante os 38 anos em que atuei na educação pública.
Começo por dois eventos que ainda me causam grande incômodo: o primeiro foi o ingresso antecipado das crianças
de seis anos no ensino fundamental e a consequente redução de permanência na educação infantil e o segundo é a retenção
de crianças nos Centros de Educação Infantil (antigas creches) com idade para estarem nas escolas de educação infantil
(EMEI) por falta de vagas nessas unidades. Não é preciso aprofundamento para saber as consequências que essas duas
situações causam para o desenvolvimento das crianças.
Dessa forma, a educação infantil, nas Escolas Municipais de Educação Infantil não é garantida para todas as crianças
de 4 a 6 anos, por mais que se encontrem formas de não as deixar em casa. Isso, em 2022, é inadmissível.
Outra questão que parece sem solução, é a disparidade na qualidade da educação oferecida pelas diferentes unidades
da Rede Municipal de Educação de São Paulo, mesmo que da mesma modalidade de ensino.
Isso viola vários dos direitos fundamentais da criança e do adolescente. Enquanto a educação de qualidade for uma
questão de sorte, que dependa do endereço da residência da criança, não há equidade, igualdade e, portanto, justiça social
que seja possível garantir.
É preciso criar meios de acompanhamento das escolas mais eficazes que deem conta de fazer cumprir a vasta e
importante documentação produzida pela Secretaria Municipal de Educação. Deveria ser obrigatório seu estudo, antes

209
da aprovação de qualquer outro PEA (Projeto Especial de Ação que define temas variados para os momentos de horários
coletivos de estudo) ou a própria Secretaria, por meio das Diretorias Regionais de Educação, assumir os cursos de formação
na própria documentação que produz, para todos os professores ingressantes. O olhar pedagógico dos supervisores
escolares, que aprovam o objeto de estudo para os horários coletivos das escolas que compõem seu polo de formação,
poderiam propor o aprofundamento e reflexão dessa documentação, considerando a avaliação que fazem e a necessidade
dos contextos escolares que vivem.
É urgente rever a qualidade dos cursos de formação continuada oferecidos pelas Diretorias Regionais de Educação
que, em sua maioria, são oferecidos por professoras da própria rede. Se estamos a discutir a qualidade da formação inicial
e continuada, precisamos rever a quem entregamos a formação dos professores e professoras da rede municipal. Não
há a menor intenção de desqualificar os servidores públicos, mas é preciso investir em outros especialistas e diversificar
a formação para outras áreas do conhecimento humano. É preciso investir mais recursos para contratar profissionais de
ponta para essas formações. Aqui, um adendo sobre as formações destinadas aos trios gestores que nunca tiveram atenção
especial das administrações com formação específica sobre gestão escolar, se limitando às reuniões de procedimentos
burocráticos e, quando muito, algumas de cunho pedagógico.
A mesma coisa seria necessária às formações continuadas que acontecem durante os horários coletivos de estudo
dentro nas Unidades Escolares. É certo que além de formar os professores e professoras, o objetivo final dessa formação é
aprimorar as práticas pedagógicas que chegam até às crianças e adolescentes. Com grande satisfação soube que em 2019
foi publicada a Portaria n.º 8.804 que dispõe sobre a verba denominada PTRF (Programa de Transferência Financeira) com
destinação específica para a contratação de formadores. Sem dúvida um ganho para toda a comunidade educativa que
contará com especialistas para incrementar as discussões e reflexões trazendo novos ares e olhares para dentro da escola.
A presença desses formadores enriquecerá os Projetos Especiais de Ação que acontecem nos horários coletivos de estudo e
reverberarão nas práticas pedagógicas das Unidades Educacionais.
As políticas públicas para a educação deveriam seguir as mesmas concepções que constam nos diversos documentos
elaborados e divulgados para as escolas municipais. Se assim fosse, alguns discursos seriam traduzidos na reorganização
da rede tendo os alunos como centro das tomadas de decisão. Para tanto, haveria necessidade de revisão da legislação,
dos seus processos de concursos de acesso e do acompanhamento e avaliação das unidades escolares. Como é possível
os supervisores escolares não avaliarem as escolas sob sua supervisão? Repensar a forma massificada da Avaliação de
Desempenho e adaptá-la às necessidades da Secretaria Municipal de Educação pode ser um caminho.
Rever os princípios isonômicos pelos quais as vagas nas escolas são oferecidas aos cidadãos é urgente e conferir
lisura e transparência em todas as suas etapas é fundamental.
O currículo para educação infantil deveria ser mais ousado e incluir educação sexual, como forma de diminuir o índice
de evasão por gravidez precoce na sua adolescência, por exemplo. Os resultados de uma boa educação nem sempre são
imediatos, não é preciso sermos especialistas em educação para sabermos disso, basta sermos mães, pais ou responsáveis
por alguma criança. Educação é processo a curto, médio e longo prazo. A formação de um indivíduo não acontece em 200
dias letivos e essa visão compartimentada de educação precisa ser desconstruída por quem tem o poder de decisão. A
formação de um indivíduo e a sua complexidade precisam ser compreendidas como uma teia de sucessivas inter-relações de
aprendizagens desde o seu nascimento. A escola e suas políticas não podem insistir em resolver problemas complexos com
ações pontuais.
Se houvesse um acompanhamento mais assertivo no que diz respeito ao cumprimento dos Projetos Políticos-
Pedagógicos de todas as unidades escolares com o aumento significativo das equipes de supervisores nos órgãos centrais,
as escolas seriam mais interessantes para as crianças e, consequentemente, para os jovens o que poderia evitar o seu

210
Polí�cos-Pedagógicos de todas as unidades escolares com o aumento significa�vo das equipes de supervisores nos
órgãos centrais, as escolas seriam mais interessantes para as crianças e, consequentemente, para os jovens o que
poderia evitar o seu afastamento pelo desinteresse, pelo desconhecimento de seus desejos, de suas histórias de
vida e pela ausência cruel de representa�vidade. Se há a competência no pensar, certamente haverá habilidade
para o fazer. Com mais apoio e orientação, talvez fosse possível aumentar o número de escolas que respeitassem as
diferenças afastamento
com a inclusão pelo desinteresse, pelo desconhecimento
da Lei 10.639/03 de seus desejos,
e Lei 11.645/08 em de suascurrículos,
seus histórias de vida
quee pela ausência cruel
abolissem de
as datas
comemora�vasrepresentatividade.
que mais excluemSe há a competência no pensar,ecertamente
do que incluem adotassem haverá habilidadecom
o trabalho para oprojetos.
fazer. Com Haveria,
mais apoio come orientação,
certeza,
talvez fosse possível aumentar o número de escolas que respeitassem as diferenças
escolas assumindo sua função social junto às comunidades e a diminuição do índice de evasão escolar causado com a inclusão da Lei 10.639/03 e Lei
pelo
11.645/08
racismo estrutural. em seus currículos, que abolissem as datas comemorativas que mais excluem do que incluem e adotassem o
trabalho
Houve umacom projetos.
época, emHaveria, com certeza,no
que trabalhei escolas
então assumindo
Núcleosuadefunção
Açãosocial junto às comunidades
Educação, hoje Diretoria e a diminuição
Regionaldode
índice de evasão escolar causado pelo racismo estrutural.
Educação, em que havia um trio formado por um representante da supervisão escolar, um do setor pedagógico e o
Houve uma época, em que trabalhei no então Núcleo de Ação Educação, hoje Diretoria Regional de Educação,
terceiro do setor financeiro que visitavam as escolas para verificar aos desafios que a gestão escolar estava
em que havia um trio formado por um representante da supervisão escolar, um do setor pedagógico e o terceiro do setor
enfrentado e se precisava de auxílio e orientação para resolvê-los. Uma parceria administra�vo-pedagógica que
financeiro que visitavam as escolas para verificar aos desafios que a gestão escolar estava enfrentado e se precisava de auxílio
sur�u efeito que reverberavam claramente na qualidade da educação. Uma excelente inicia�va quando a polí�ca
e orientação para resolvê-los. Uma parceria administrativo-pedagógica que surtiu efeito que reverberavam claramente na
pública chega de fato no chão da escola.
qualidade da educação. Uma excelente iniciativa quando a política pública chega de fato no chão da escola.
Quando falo chão da escola, incluo todos que nele pisam. Quero acreditar que chegará o dia em que os
Quando falo chão da escola, incluo todos que nele pisam. Quero acreditar que chegará o dia em que os investimentos
inves�mentosserãoserão des�nados
destinados aos indivíduos
aos indivíduos dadesde
da rede pública redeopública desde
seu ingresso, paraoqueseusóingresso,
saiam dela na para
idadeque só Se
certa. saiam
existedela
idadena
idade certa.certa
Se existe idadecoisa,
para alguma certanãopara alguma
deveria coisa,
ser para não deveria
aprender a ler ou ser paraeaprender
escrever a ler
sim para sair ou escrever
da escola. e simintegral
A educação para sair
e
da escola. Aintegradora
educação deve ser aquela que não admite que seus adolescentes saiam da escola antes de concluírem seus estudos. Éda
integral e integradora deve ser aquela que não admite que seus adolescentes saiam
escola antesaquela
de concluírem
que investigaseus estudos.
as causas e mexe É aquela que
nas feridas doinves�ga
sistema, semasmedo
causas de eperder
mexeamigos,
nas feridas
cargos do sistema, sem medo
ou votos.
de perder amigos,Acargoseducação ouintegral
votos.começa por políticas que integrem à Secretaria Municipal de Educação, ações de diversas outras
A educação
secretarias integral começa
como Secretaria por polí�cas
Municipal que
de Assistência integrem à Secretaria
e Desenvolvimento Municipal
Social, de Cultura, de Educação,
De Direitos ações de
Humanos e Cidadania,
diversas outras secretarias
da Pessoa comodo
com Deficiência, Secretaria Municipal
Esporte e Lazer, de eAssistência
e do Verde Meio Ambiente e Desenvolvimento
e que não deixe isso como Social,
sendodeiniciativa
Cultura,dosDe
Direitos Humanos e Cidadania,
trios gestores das UnidadesdaEducacionais.
Pessoa com Deficiência, do Esporte e Lazer, e do Verde e Meio Ambiente e que
não deixe isso como Digosendo inicia�va
sempre, dos trios
que a educação gestores
forma pessoas,dasmasUnidades
a educaçãoEducacionais.
pública pode transformar um país, porque é nela que
Digoestá
sempre,
a maioria que a educação
de nossas criançasforma
e jovenspessoas, mas
e é nela que seaencontra
educação pública
a maior frentepode transformar
de resistência um país,
às injustiças sociais,porque
nossas é
nela que está a maioria
professoras de nossas crianças e jovens e é nela que se encontra a maior frente de resistência às
e professores.
injus�ças sociais, nossas professoras
Se há alguma coisa em equeprofessores.
se pode apostar é na autonomia das escolas e que ela seja suficiente para levar adiante
as alguma
Se há boas ideias, os bons
coisa emprojetos
que seepodeas boas políticas.é Se
apostar naháautonomia
um desejo ainda
das não realizado?
escolas e que Sim,
elaque todas
seja as criançaspara
suficiente tenham
levar
direitoideias,
adiante as boas à educação de qualidade,
os bons projetosindependentemente
e as boas polí�cas. da escola
Se háque
umfrequentem
desejo aindana redenãopública de educação.
realizado? Sim, que todas as
crianças tenham direito à educação de qualidade, independentemente da escola que frequentem na rede pública
de educação.

Vamos
levar adiante as
boas ideias ?

211211
Acorde
Acorde
Letramento e alfabetização na Educação Infantil
Letramento e alfabe�zação na Educação Infan�l
Cibele Araújo Racy Maria

Cibele Araújo Racy Maria

Certamente é possível obter as mais diversas tema, contra ou a favor. É intrigante pensar, por exemplo,
respostas quando o assunto
Certamente é possívelé alfabetização
obter as mais nadiversas
Educação que todos que hoje opinam sobre o assunto foram
teóricos que versam sobre o tema, contra ou a favor.
Infantil, emquando
respostas especial nas escolas públicas.
o assunto Há uma grande
é alfabe�zação na Éalfabetizados na pré-escola
intrigante pensar, (não escola),
por exemplo, ou não?
que todos que hoje
polarização sobre o assunto, sempre
Educação Infan�l, em especial nas escolas públicas. atrelada as mais Na maior parte das vezes,
opinam sobre o assunto foram alfabe�zados na pré- critica-se os
recentes
Há descobertas
uma grande em outras
polarização sobreáreas do conhecimento
o assunto, sempre processos
escola (nãode alfabetização
escola), ou não? do século passado, pelos
humano, as
atrelada porque
maisserecentes
criou umdescobertas
desfiladeiro intransponível
em outras quais osNaestudiosos,
maior parte pensadores e privilegiados
das vezes, cri�ca-se foram
os
entredo
áreas esse processo e ohumano,
conhecimento de letramento
porquemais aceito
se criou um alfabetizados,
processos época em do
de alfabe�zação queséculo
se exigia da criança
passado, pelos
pelos especialistas
desfiladeiro das infâncias.
intransponível entre Masesse
há quem
processo e o quais os exercícios
estudiosos, absurdos e repetitivos
pensadores de treinos
e privilegiados
de letramento
prefira o silênciomais aceitoo pelos
e ai reside especialistas
problema. foram alfabe�zados, época em que se
e mais treinos. Claro que a metodologia exigia da
das infâncias.
silêncio
Como éMas
e ai reside
há quem
objetivo desse prefira
livro o
Que escola criançausada
exercícios
para seabsurdos e repe��vos
alfabetizar precisou de ser
trocar em miúdoso tudoproblema.
o que for treinos e mais
revisada treinos.
e a ela Claro que
foram agregados novosa
Como é obje�vo
escrito para que qualquer pessoa desse livro seria essa que metodologia usada para se alfabe�zar
conhecimentos e significados, mas
trocar em miúdos tudo
possa compreender o que lê, o que for uma criança de precisou
não seserpoderevisada e a ela
determinar foram
a partir de
escrito para que qualquer
vamos diferenciá-los com poucas pessoa 4 anos agregados novos conhecimentos
que idade se pode ou não se pode e
possa compreender o que lê, significados, mas não se pode
letras, sem dissociá-los, porque
vamos diferenciá-los com poucas
precisa pedir para iniciar esse processo, porque isso
determinar a par�r de que idade se
isso seria um grande equívoco. aprender independe do deixar ou não deixar

?
letras, sem dissociá-los, porque pode ou não se pode iniciar esse
que ele aconteça. A escola não tem
isso seriaAlfabetização é aprender a
um grande equívoco. processo, porque isso independe
escrever e a ler. Letramento
Alfabe�zação é sabera
é aprender poder algum sobre isso, porque esse
do deixar ou não deixar que ele
qual o papel
escrever e a ler.social da escrita
Letramento e da
é saber processo tem
aconteça. início assim
A escola não que
temnascemos
poder
leitura,
qual o ou seja, social
papel a importância
da escritada escrita
e dae para o sobre
algum mundo.isso, porque esse processo
da leitura
leitura, ouna vidaadas
seja, pessoas. da escrita e
importância Sabendo
tem início ou não
assim quedosnascemos
motivos e prevendo
para o
Por essa breve
da leitura na vida das pessoas. explicação fica claro por que algumas
mundo. respostas, espero que todos busquem outras
não é Por essaensinar
possível breve explicação
uma coisa sem fica claro pornão
a outra, queé? argumentações
Sabendopara ou nãoo enigma que apresento
dos mo�vos e prevendonesse
não é possível
Quando ensinar uma
um profissional coisa semplaneja
da Educação a outra, não é?de
práticas texto: por respostas,
algumas que alfabetizar “é proibido”
espero que todos para busquem
as crianças
Quando um profissional da Educação planeja
letramento, ela está alfabetizando? Se recebeu formação prá�cas outras argumentações
que estudam nas escolaspara o enigma
públicas que apresento
de educação infantil da
de letramento, ela
adequada para isso, sim! está alfabe�zando? Se recebeu nesse texto: por
cidade de São Paulo? que alfabe�zar “é proibido” para as
formação adequada
Diante do fato parade isso,
que sim!
vivemos em uma cultura crianças que estudam
Deixemos um pouconas escolase vamos
a filosofia públicas de
analisar
Diante do fato de que vivemos
letrada, o território escolar não pode se omitir diante daem uma educação
alguns fatosinfan�l
e suasda cidade de São Paulo?
consequências.
cultura letrada, o território escolar não pode se Deixemos um pouco a filosofia e vamose
constatação inequívoca de que a cidadania só pode ser Quando não adotamos práticas de letramento
omi�r diante da constatação inequívoca de que a analisar alguns fatos e suas consequências.
exercida com o domínio de alguns conhecimentos, dentre alfabetização desde a primeira infância nas redes públicas,
cidadania só pode ser exercida com o domínio de Quando não adotamos prá�cas de letramento
eles a escrita e a leitura, assim como da oralidade. estamos sim, perpetuando desigualdades.
alguns conhecimentos, dentre eles a escrita e a e alfabe�zação desde a primeira infância nas redes
A defesa
leitura, assim comode concepções
da oralidade. que tornaram indesejável públicas, O estamos
fato é facilmente comprovado
sim, perpetuando quando nos
desigualdades.
a alfabetização na educação infantil,
A defesa de concepções que tornaram desconsidera o debruçamos sobre as expectativas de aprendizagem
O fato é facilmente comprovado quando nos da
fato de que ela
indesejável ocorre com ouna
a alfabe�zação semeducação
o consentimento
infan�l,da rede púbica esobre
debruçamos as comparamos
as expecta�vascom asdepráticas da rede
aprendizagem
escola, dos professores
desconsidera o fato deeque dos ela
teóricos
ocorrequecom
versam sobreoo
ou sem privada.
da rede púbica e as comparamos com as prá�cas da
consen�mento da escola, dos professores e dos rede privada.

212

212
Há quem dirá, indignado, que se trata de defender as infâncias. Há quem pensará que não devemos formar a criança
do hoje para o amanhã. Há quem afirmará que não devemos comparar essa infância com aquela. Há quem implorará para
não forçarmos isso ou aquilo. Quero deixar claro que concordo com tudo isso.
Podemos, também, analisar os resultados das avaliações externas sob outra perspectiva. Considerar, por exemplo,
que apesar de não avaliar as crianças da educação infantil, os baixos índices registrados no PISA são consequência de todo o
histórico escolar do aluno avaliado e não de um determinado ano letivo. As dificuldades de um aluno são cumulativas.
A existência de inúmeros artigos que discutem o abismo entre as escolas públicas e as escolas particulares, não
garante a compreensão exata do que quero compartilhar por meio de algumas provocações. Não se trata de comparar uma
infância a outra e sim nos incomodarmos com essa discrepância a ponto de querer transformar a realidade das crianças
atendidas pela escola pública que defendemos.
Não se trata de se sacrificar a infância como dizem alguns, porque hoje as práticas de letramento e os processos de
alfabetização não exigem sofrimento, exigem criatividade e ludicidade em qualquer tempo e para qualquer idade. Exigem
formação inicial e continuada para todas as professoras e professores.
Não estamos falando de exigir aquilo que as crianças não nos podem dar. Não estamos pensando em lhes oferecer
aquilo que não as interessa.
Vamos lembrar dos processos que as famílias utilizam para que suas filhas e filhos aprendam a falar. Como eles se
dão? Aprende-se a falar, falando. É assim que começa o processo de alfabetização. É tentando escrever que se aprende a
escrever. É pelas práticas de letramento que se desperta o interesse em descobrir o mundo letrado. É esse “tentar” que
entendo deva ser incentivado e sistematizado na educação infantil. Falo sobre garantir acesso!
A Educação contribui para reduzir as desigualdades sociais ou ajuda a perpetuá-las? Se os problemas persistem há
anos, é preciso mudar as propostas de solução. Insistir na fragmentação do indivíduo em ciclos estanques considerando-lhes
a idade, diluir o conhecimento em caixinhas, talvez seja um equívoco histórico a ser repensado. Pensa-se muito em inovar no
chão da escola, jamais em mudar o sistema que as rege. Defendo essas posições, não apenas para a educação infantil, mas
para o ensino fundamental também. As escolas precisam crescer, amadurecer, virar projetos de educação.
Lembro-me, após assistir uma sessão de leitura compartilhada (professor e alunos lendo o mesmo livro, ao mesmo
tempo, mesmo que de forma não convencional) de uma criança chegar bem perto de sua professora e lhe pedir: Você me
ensina a ler? Interpretei esta atitude como um sinal de que a escuta das falas infantis não pode ser acompanhada de um filtro
adulto sobre o que seja ou não direito da infância.
Que escola seria essa em que uma criança de quatro anos precisa pedir para aprender? Ela sabia exatamente que o
que estava fazendo não era uma leitura, era um faz de conta. Pior ainda pensar que há escolas que não têm ouvidos e não
investem nesses desejos infantis, só naqueles que lhes parecem convenientes por concepção. Uma concepção que jamais
será revista? Trabalhei durante trinta e oito anos na mesma rede de ensino e alguns discursos se mantiveram intactos. Isso
me causa estranheza, vivendo num mundo em ebulição constante.
Há os que dirão que pais ansiosos incutem nas crianças o desejo precoce sobre a aquisição da leitura e da escrita,
mas o que dizer de outros adultos que querem nos convencer de que isso não é importante desde a educação infantil? Os
adultos, serão sempre os adultos a definir o “não”? Foram os mesmos especialistas que defendem as infâncias que, de um
ano para o outro, colocaram para serem alfabetizadas as crianças de seis anos que, até então, frequentavam as escolas de
educação infantil.
É bem verdade que há avanços perceptíveis em algumas escolas públicas visto os projetos dedicados à leitura
sistemática de histórias, mas em relação às práticas de letramento e ao avanço das hipóteses de escrita o investimento fica
restrito a poucas. E, pasmem, isso é mantido em segredo.

213
de suasFicocrianças.
imaginando o que fazem as escolas
A desconsideração de suas que necessidades
se quer tentamé o caminho
compreender os para
anseiosperpetuar
de sua comunidade e de suase crianças. maisA largo para
de suas maiscrianças.curtoA desconsideração de suas asnecessidades
injus�ças é oocaminho
desconsideração
ins�tucionalizar de suas necessidades
o racismo é o caminho
nas escolase públicas, mais curto para
mais curto para perpetuar as injus�ças o mais sob largoo ponto
para de vista da
perpetuar as injustiças eeoda
minha branquitute mais
minhalargo concepção
para institucionalizar o racismo nas
ins�tucionalizar o racismo nas escolas públicas, sob odeponto jus�ça desocial.
vista da
escolas públicas, sob o pontoade
Reconhecendo vista da minha branquitute
marginalidade e da minha
minha branquitute e da minha concepção de jus�ça com social.que a alfabe�zação ocorre
concepção de justiça social.
dentro das unidades
Reconhecendo a marginalidadede educação com queinfan�l na redeocorre
a alfabe�zação pública, e que a
dentro das Reconhecendo
unidades de a marginalidade
educação infan�l com na que
rede a alfabetização
pública, e ocorre
que a
maioria das crianças que as frequentam são negras, declaradas ou não
dentro
maioria acredito das
das criançasunidades
que de
as educação
frequentam infantil
são na rede
negras, pública, e
declaradasque a
ou maioria
não,
ser possível estabelecermos conexões e iniciarmos nossa
acredito dasser
crianças que asestabelecermos
possível frequentam são negras, conexões declaradas ou não, acredito
e iniciarmos nossa
reflexão
ser possível
sobre a quemconexões
estabelecermos
interessa e
a manutenção
iniciarmos nossa
das discussões
reflexão sobre a
sobre o
reflexão que sobre a quem
deve ouanão interessa a
ser ensinado manutenção
às crianças das dediscussões
quatro sobre o
que deve quemou interessa
não ser manutenção
ensinado às das discussões
crianças de sobre
quatro e o que
cinco deve eou
anos
cinco
de não
idade
anos de idade
ser
das escolas
ensinado municipais
às crianças de São Paulo.
das escolas municipais dede Sãoquatro
Paulo.e cinco anos de idade das escolas municipais
de Precisamos nos
São Paulo. nos perguntar e inves�gar perguntar e inves�gar se não há indícios do
Precisamos se não há indícios do
racismo estrutural
Precisamos nos permeando
perguntar e essase não
investigar discussão.
há indícios Seria essa mais uma
do racismo
racismo estrutural permeando essa discussão. Seria essa mais uma
manifestação
manifestação
estrutural permeando
racista
racista
para essa
para
discussão.
perpetuar
perpetuar
Seria de
a mão essaaobra
mão
mais umade manifestação
obra desqualificada
desqualificada e
e
barata?
barata?racista
A paraAperpetuar
Educação Educação
Integrala seriaIntegral
mão de obra
garan�da seria garan�da
desqualificada
apenas e apenas
e tão barata?
somente AeEducação
tão
com somente
o com o
ebrincar
brincarIntegral oe
com seria com o entendimento
garantida
entendimento apenas superficial
e tão somente
superficial que se tem comque seele?
o brincar
sobre tem sobre
e Fica
com oo ele? Fica o
convite entendimento
convite
para fazermos superficial
para umaqueleitura
fazermos seuma temminuciosa
sobre
leitura ele? minuciosa
Fica
dos odireitos
convitedos para
dedireitos de
fazermos uma leitura minuciosa dos direitos de aprendizagem
aprendizagemaprendizagem
que devemque devem
que ser
serdevem garantidos
garan�dos ser garan�dosàs crianças
às crianças às e, se acharmos
crianças
e, se acharmos e, sequeque
acharmos que
são insuficientes,
são insuficientes,
são insuficientes, fazermos
fazermos fazermos as devidas
as devidas as devidascomplementações.
complementações.
complementações. O currículo
O currículo é lugar
O écurrículo de
lugar de é desassossego, de
lugar de desassossego,
desassossego, disputa de
de disputa de poder
depoder e de de pode
disputa
einteresses.
de interesses.
e de interesses.
Faço FaçoFaçoessas
essas essas provocações,
provocações,
provocações, porqueporque
porque me pergunto
me pergunto como
como
me pergunto é possível
é possível
como inúmeros filhos efilhos
éinúmeros
possível filhas de
inúmeros professoras
e filhasfilhos e efilhas
professores
de professoras e
de professoras e
da
professoresescola pública
da escola
professores terem suas infâncias
públicapública
da escola terem suas roubadas
terem infâncias por serem alfabetizados
roubadasroubadas
suas infâncias por serempor com a idade
alfabe�zados de 4
serem alfabe�zados e 5 anos nas
com a idadecom escolas particulares
de 4aeidade
5 anosde nas4 e 5 anos na
escolase não haver nenhum
par�culares e não movimento
haver de combate
nenhum movimentoa essa prática
de tão rechaçada
combate a essa nos discursos
prá�ca tão feitos nos territórios
rechaçada nos públicos.
discursos Ou
feitos
escolas par�culares e não haver nenhum movimento de combate a essa prá�ca tão rechaçada nos discursos feito
mesmo, como é possível um profissional
como éalfabetizar
possível essas crianças no período
um profissional alfabe�zar da manhã
essasna escola “Ursão
crianças nocriançasBambam”
período da (escola
nos territórios públicos.
nos territórios Ou mesmo,
públicos. Ou mesmo, como é possível um profissional alfabe�zar essas nomanhã
período da manhã
fictícia)
na escola e chegar
“Ursão em uma escola
Bambam” (escolamunicipal
fic�cia�defic�cia�
eeducação
chegareinfantil
em uma e mudar
escola o discurso
municipal e serderadicalmente
educação contra a alfabetização.
na escola “Ursão Bambam” (escola chegar em uma escola municipal deinfan�l
educação e mudar
infan�l o e mudar o
Não haveria nesses profissionais um conflito interno entre concepções de infâncias?
discurso e ser radicalmente contra a alfabe�zação. Não haveria nesses profissionais um conflito interno entre
discurso e ser radicalmente
A legislação contranão
que garante direitos a éalfabe�zação.
igual para todos? Não haveria
Os cursos nesses profissionais
de Pedagogia formam profissionaisum conflito
diferentes interno entre
concepções de infâncias?
concepções
aAdepender dade infâncias?
escola que irão direitos
trabalhar?não Essaé
legislação que garante
A legislação que garante aqui se, as não é
direitos
igual discussão
para todos? poderia Ossercursos
encerrada
de Pedagogia
formamigual
famílias para
da rede
profissionais todos?pública Ospudessem
diferentes cursos
a depender de Pedagogia
escolher da
formam
em qual profissionais
escola matricular
escola que irão trabalhar? Essa discussãodiferentes
suas filhas ea depender
filhos, da
escola
poderiaoptando que
assim irão
ser encerrada trabalhar?
por aquela
aqui Essa ou
queasalfabetiza
se, famílias discussão
da
poderia
rede pública ser encerrada
não alfabetiza
pudessem a partir dosaqui
escolher quatro
em qual se,anos
as
escolafamílias
de da
rede
idade,pública
matricular mas sabemos
suas pudessem
filhas que aescolher
e filhos, optandoem
desigualdade qual
no escola
assim
Brasil chega
matricular
por aquela asuas
níveisfilhas
que alfabe�za alarmantes
ouenão e alfabe�za
filhos,as injustiças
optando a assim
àdos
par�rpor estratosfera.
aquela
quatro anos que alfabe�za
de idade, mas ou não sabemos alfabe�za a
que apar�r É certo
desigualdade
dos queno
quatro a anos
clandestinidade
Brasildechega
idade, com
a mas quesabemos
níveis
o
alarmantesprocesso de
que ae desigualdade alfabetização acontece
as injus�ças à estratosfera. a portas
no Brasil chega a níveis
É certo gera
que aaindaclandes�nidade com que cujaso
alarmantes e as injus�çasequívocos,
fechadas mais à estratosfera.
processo de Éalfabe�zação
consequências certoseque refletemacontece
na vida adaqueles
a clandes�nidade portas com que o
fechadas
que gera
deveriam ainda mais
protagonizar equívocos,
a sua
processo de alfabe�zação acontece a portas cujas
construção.
consequências se refletem na vida daqueles que
fechadas gera ainda mais equívocos, cujas
deveriam protagonizar a sua construção. O jeito
consequências se refletem na vida daqueles que
de resolver esse problema é expô-lo. Só assim,
deveriam protagonizar a sua construção. O jeito 214
de resolver esse problema é expô-lo. Só assim,
deixando-o visível, buscaremos soluções.
Para não comprometer os processos de alfabe�zação das
crianças
deixando-o é buscaremos
visível, preciso conhecer soluções. como elas pensam a escrita e a leitura. Para
isso,
Paraseria
não mais do que necessário
comprometer os processos que asdeprofessoras
alfabe�zação e professores
das de
O jeito de resolver esse problema é expô-lo. Só assim, deixando-o visível,
criançaseducação
é precisoinfan�l
buscaremos soluções.da rede pública fossem incluídos nos cursos que tratam
conhecer como elas pensam a escrita e a leitura. Para
isso, seria
dessa mais
Paradonão
temá�ca.que necessário
Soluçãoosque
comprometer as professoras
simples,
processos demas quee professores
alfabetização exigiria
das criançasda de Secretaria
é
educação infan�l
Municipal da
de rede pública
Educação o fossem incluídos
reconhecimento nos do
preciso conhecer como elas pensam a escrita e a leitura. Para isso, seria maiscursos
problemaque tratam
e tomadas de
dessa do temá�ca.
decisão. Solução
que necessário que as simples,
professoras mase professores
que exigiria da Secretaria
de educação infantil
Municipal de Educação
Só o
professores reconhecimento
bem formados do problema
não
da rede pública fossem incluídos nos cursos que tratam dessa temática. e
reproduzem tomadas de
folhinhas com
decisão.exercícios
Solução motores
simples, mas quee cópia dasdavogais
exigiria comMunicipal
Secretaria letras cursivas.de Educação o
Só professores
A omissão
reconhecimento bem formados
da escola
do problema e tomadas não
e dos reproduzem
órgãos competentes
de decisão. folhinhas com deixa nossas
exercícios motores
crianças e cópia
Só expostas
professores das
àquilo vogais
bem que com letras
tantonão
formados cursivas.
combatemos
reproduzem em termos
folhinhas comde prá�cas
A
de omissão
letramento
exercícios da escola
motorese eprocessos e dos órgãos
de alfabe�zação,
cópia das vogais competentes
com letras cursivas. deixa nossas
entre elas a cópia de signos e
crianças expostas
o desenho àquilo
das letras.
A omissão que tanto combatemos
da escola e dos órgãos competentes em termos de prá�cas
deixa nossas crianças expostas àquilo que tanto combatemos em
de letramento e processos
termos dePosso
práticas de
compar�lhar alfabe�zação,
de letramentoduas entre
razõesdeque
e processos elas a cópia
comprometem
alfabetização, de signos
entre elas ae cópia
esses processos
de signos eantes mesmo
o desenho da criança entrar para
das letras.
o desenho dasPosso letras.
escola. A primeira diz respeito
compartilhar duas razõesà ciência dos pais de que
que comprometem esses asprocessos
escolas municipais
antes mesmodedaeducação criança entrar infan�l paranão alfabe�zam e
escola.
Posso
A primeiracompar�lhar
diz respeito duas razões que comprometem esses processos antes mesmo da criança entrar para
não tem prá�cas deà letramento
ciência dos pais de que as escolas
sistema�zadas. municipais
Dessa foram, de assumem
educação infantil não alfabetizam
os processos iniciaise não e astemcrianças são
escola.práticas
A primeira diz respeito
de letramento à ciência
sistematizadas. dos pais
Dessa de
foram, que as
assumem escolas municipais
os processos de
iniciaisoueducação
e aspelos
crianças infan�l não
são alfabetizadas alfabe�zam e
alfabe�zadas em casa, geralmente por irmãs e irmãos mais velhos próprios pais queem casa,
temem que elas
não tem prá�cas
geralmente de letramento
por irmãs e porque sistema�zadas.
irmãos mais Dessa foram, assumem os processos iniciais e as crianças são
fiquem “atrasadas”, nãovelhos
estudam ou pelosem próprios pais que par�culares”.
“boas escolas temem que elasAfiquem segunda, “atrasadas”,
como já porque
disse,nãoé porque as
alfabe�zadas em
estudam em “boascasa, geralmente por
escolas particulares”. irmãs e irmãos
A segunda, mais
como que velhos
já disse, ou pelos
é porque as próprios pais que temem que elas
professoras
fiqueminfantil
“atrasadas”,
eporque
professores
não
de educação
estudam em “boas
infan�l
escolas
acreditam
par�culares”.
serprofessoras
A segunda,
importantecomo
e professores

asdisse,
prá�cas de educação
de letramento
é porque as
e
que
alfabe�zação, acreditam ser
reproduzem importante
com suasas práticas
criançasde letramento
as e alfabetização,
formas pelas reproduzem
quais foramasalfabe�zadas com suas crianças as
eletramento formas
alfabe�zados
professoras
pelas e professores
quais foram de educação
alfabetizadas e infan�l
alfabetizados porque não acreditam
receberem ser importante
formação continuada e,prá�cas
portanto, deatualizada sobre eo por não
receberem
alfabe�zação, formação con�nuada e, portanto , atualizada sobre o tema.
tema. reproduzem com suas crianças as formas pelas quais foram alfabe�zadas e alfabe�zados por não
receberem formação A alfabe�zação
con�nuada e seus processos
e, portanto estão atrelados
, atualizada a um dos pilares que dão sustentação aos princípios de
A alfabetização e seus processos estão atrelados asobre um dosopilares
tema. que dão sustentação aos princípios de uma gestão
uma
A gestão democrá�ca,
alfabe�zação e seus àquelaestão
processos que atrelados
deve garan�r a um acesso
dos ao conhecimento,
pilares que dão sustentaçãosem dis�nção,
aos princípios semdeexceção ou
democrática, àquela que deve garantir acesso ao conhecimento, sem distinção, sem exceção ou restrições. Como garantir
restrições.
uma gestão Como garan�r dequefatodeveo espírito democrá�co ao dentro de um universo que constantemente desconsidera
de fatodemocrá�ca, àqueladentro
o espírito democrático garan�r
de um universo acesso
que constantementeconhecimento,
desconsidera sem dis�nção,
as expectativas sem
de suaexceçãocomunidade ou
as expecta�vas
restrições. Como garan�r dede suafato comunidade
o espírito em relaçãodentro
democrá�co ao desenvolvimento
de um universo de seus
que filhos? Avalio
constantemente que não há a menor
desconsidera
em relação ao desenvolvimento de seus filhos? Avalio que não há a menor possibilidade de parceria quando um dos lados
possibilidade decomunidade
parceria quando um dosaolados envolvidos tenta,seus insistentemente, convencer háoaoutro de que seus
as expecta�vas
envolvidosde sua
tenta, em relação
insistentemente, convencer o outrodesenvolvimento
de que seus desejos de e preocupações filhos?com a vidaque
Avalio real não
não correspondem menor
desejos
possibilidade
ao que há deede
preocupações
parceria quando
mais moderno com
em um ados
vida
teorias real não
lados correspondem
envolvidos
pedagógicas. ao que há de mais
tenta, insistentemente, moderno
convencer em teorias
o outro de quepedagógicas.
seus
Falando
desejos e preocupações
Falando aindaainda
com a sobre
sobre vida
gestão gestão
real democrá�ca,
não correspondem
democrática, quero citar quero
ao que hácitar
um exemplo um
de mais exemplo
moderno
clássico clássico
em teorias
que vivencio háque vivencio
pedagógicas.
alguns há alguns
anos sobre a anos
sobre
Falando
atuação ados
atuação
ainda dosdeConselhos
sobre
Conselhos gestão cujodecaráter
Escola,democrá�ca, Escola, cujo caráter
quero
deliberativo, citar
na um delibera�vo,
maioriaexemplo
das vezes, naé bem
clássico maioria
que dasFala-se
vezes,
vivencio
restrito. hámuitoéalguns
bem emrestrito.
anos
ouvir Fala-se
sobre aa atuação
comunidade,dosno Conselhos
entanto, quandode Escola, muito cujo
constatamos em ouvir
caráter adesejo
comunidade,
que o delibera�vo, dos paisnaé no entanto,
maioria
de que quando
dasfilhos
seus vezes, constatamos
é bem
aprendam arestrito. que o desejo dos
Fala-se
ler e a escrever,
muito em paisouvir
muitas é de a que
vezescomunidade,
seus
pela filhos
dificuldade noaprendam
entanto,
que sentemquando
apor
lernãoe aconstatamos
escrever, os
dominarem que
muitas
mesmos ovezes
desejo dosdificuldade
pela
processos,
pais é deque quesentem
tratamosseusdefilhos poraprendam
desenrolar não odominarem
discursoa ler
deequeaosescrever,
omesmos muitas
mais importante vezes
processos, pela
tratamos
é o brincar, dificuldade
que detipo
esse desenrolar o
que sentem discursopor
de registrodenão dominarem
nãoque o maisnessa
importante os mesmos
importante processos,
fase da vida, é ooubrincar, tratamos
ainda queque de
esse �po
a educação desenrolar denão
infantil o
registro não
discursoimportante
de que o
pode ser umanessa mais importante
escola fase
que viseda àvida, é o brincar,
ou ainda
preparação paraque que esse
a educação
o ensino �po de
fundamental, infan�lregistro
comonão não
pode ser uma
de fato
importante escola nessa
não deve que fase da vida, ou ainda que a educação infan�l
ser.vise à preparação para o ensino fundamental, como de fato não deve ser. não pode ser uma
escola que vise àAApreparação EducaçãoInfantil
Educação para ocomo
Infan�l ensino
como fundamental,
parte parte como
fundamental
fundamental da de fato
da não
educação devedeve
educação
básica ser.básica deve
Apreparar
Educação
preparar suas
suas Infan�l
crianças
crianças como
para para parte
a vida,a mas
vida,fundamental
mas
que vidaqueserávida da será
essa educação
em queessa
se está embásica
que deve
sempre seemestá sempre
prepararem suas crianças
desvantagem?
desvantagem? para
Que vida a
Que vida,
é essa mas
vidaque que
nega oque
é essa vida será
conhecimento essa em que se
do que é básico?do
nega o conhecimento estáQuesempre
queensino
é básico? Que
em desvantagem?
básico ébásico
ensino Que
esse doéqual vida é
essea do essa
educação que nega
qual ainfantil
educação o conhecimento
faz parte?
infan�l faz parte? do que é básico? Que
ensino básico é esse Há
Há os do
osque qual
quedirão a educação
dirão queque infan�l
o Conselho
o Conselho faz
de Escolaparte?
de não é formado
Escola não é formadopor especialistas
por especialistas
Háem osEducação
que dirão paraquedecidir
o Conselho
ou de Escola
alterar o que não
a é formado
legislação por especialistas
determina como sendo
em Educação para decidir ou alterar o que a legislação determina como sendo
em Educação para decidir ou alterar o que a legislação determina como sendo
recomendável para as crianças da Educação Infan�l. Eu discordo,háporque há
recomendável para as crianças da Educação Infantil. Eu discordo, porque
recomendável para asdacrianças
representantes equipe da Educação
docente e da gestão. Infan�l. Eu discordo, porque há
representantes da equipe docente e da gestão.
representantes da equipe docente e da gestão.

215 215
215
Será mesmo que quando Paulo Freire pensou em uma escola que transformasse a realidade e que provocasse a
mudança na vida de sua comunidade, ele falava da passividade diante da injustiça que se impõe às crianças da escola pública
quando se determina, somente para elas, uma idade certa para aprender a ler e escrever?
Eu acredito que gestores, professores e professoras não podem ignorar o fato de que a leitura e a escrita fazem
parte da vida e negá-las às crianças é um ato tendencioso que precisa ser discutido em todos os seus termos e sem paixões
sedimentadas de um lado e de outro, sem esquecer que há mais um grupo a ser consultado e ouvido nessa discussão: a
família.
Diante dessa constatação e de inúmeras inquietações, incluímos em nossa proposta político-pedagógica a formação
continuadaSerá demesmo que quando
nossos professores sobrePaulo Freire pensou
a construção eme uma
da escrita escola
brincamos quedetransformasse
muito a realidade
escrever e ler com e que
nossas crianças
provocasse a mudança na vida de
em situações cuja sua função social é explícita. sua comunidade, ele falava da passividade diante da injus�ça que se impõe às
crianças da escola
Considero como pública
dever quando se determina,
da escola orientar os passossomente parae de
das crianças elas,
suasuma idade
famílias certa
rumo para aprender
à conquista a ler e
de seus direitos
escrever?
que não devem ser diferentes daqueles conquistados em outros cenários educacionais.
Eu acredito que gestores,
O currículo da EMEI Nelson Mandela
professores e professoras não podem
é permeado por características próprias do
ignorar o fato de que a leitura e a escrita
universo infantil. da
fazem parte O encantamento,
vida e negá-las a fantasia
às
ecrianças
a imaginação
é um ato tendencioso queas
estão presentes em todas
nossas
precisapropostas e provocações
ser discu�do em todos didáticas
os seusàs
crianças.
termos eAsem escrita e a leitura
paixões não poderiam
sedimentadas de
estar fora desse contexto.
um lado e de outro, sem esquecer que
há mais Não um definimos
grupo a seruma lista de
consultado e
conteúdos
ouvido nessa a serem trabalhados,
discussão: mas atitudes
a família.
que esperamos façam constatação
Diante dessa parte da vida e dede
nossas
inúmerascrianças, dentreincluímos
inquietações, muitas oem interesse
nossa
proposta
em aprenderpolí�co-pedagógica
a escrever e a ler. a formação
Adotamos
uma estratégia pedagógica eficiente,sobre
con�nuada de nossos professores quando a
construção
criamos da escrita
as figuras e brincamos
de afeto cujo contatomuitosó
édepossível
escreverpor e ler comdenossas
meio cartas,crianças
posto em que
situações cuja sua função social
só ganham vida durante à noite, quando é explícita.
não há mais Considero
ninguémcomo deverOs
na escola. da vínculos
escola Tarde de autógrafos - Livro «Nelson Mandela»
orientar os passos das crianças
que são estabelecidos com esses bonecos e de suas
famílias
fazem rumo
brotar à conquista
cartas de seuspelas
diárias escritas direitos
crianças e outras tendo o professor como escriba, tal a necessidade e urgência de
que não devem ser diferentes daqueles conquistados em outros cenários educacionais.
estabelecer essa conexão. Portanto, muitas vezes, às atividades de escrita estão vinculados a necessidade de comunicação
O currículo da EMEI Nelson Mandela é permeado por caracterís�cas próprias do universo infan�l. O
com nossos terceiros educadores.
encantamento, a fantasia e a imaginação estão presentes em todas as nossas propostas e provocações didá�cas às
Temos como objetivo inicial que as crianças se sintam à vontade para escrever o que para algumas é um desafio
crianças. A escrita e a leitura não poderiam estar fora desse contexto.
vencido ao longo de um ano. O medo de errar e a justificativa de não saber fazer, sentimentos criados durante os processos
Não definimos uma lista de conteúdos a serem trabalhados, mas a�tudes que esperamos façam parte da
desencadeados
vida de nossaspelas famíliasdentre
crianças, sobre amuitas
escrita, oimobiliza a criatividade
interesse em aprender e tolhe qualquer iniciativa
a escrever e a ler. de construir uma
Adotamos hipóteses sobre
estratégia
apedagógica
palavra escrita. Superada
eficiente, a insegurança
quando criamos ase figuras
conquistado o prazer
de afeto de se comunicar,
cujo contato adotamos
só é possível durante
por meio a rotina
de cartas, escolar,
posto que
momentos
só ganhamem quedurante
vida a funçãoà social
noite,daquando
escrita não
se fazhápresente, mas, além
mais ninguém na disso,
escola.criamos situações
Os vínculos queem sãoque a necessidadecom
estabelecidos do
registro tem por objetivo guardar na memória os bons momentos que vivemos durante os projetos
esses bonecos fazem brotar cartas diárias escritas pelas crianças e outras tendo o professor como escriba, tal a didáticos.
Destinamos,
necessidade em nossa
e urgência delinha de tempoessa
estabelecer e espaços, dois dias
conexão. da semana
Portanto, paravezes,
muitas que a criança escreva sobre
às a�vidades algo que
de escrita lhe
estão
foi significativo.
vinculados Com o auxíliodedecomunicação
a necessidade professores atentos e formados,
com nossos esses
terceiros momentos propiciam os avanços de nossas crianças
educadores.
em suas Temos
hipóteses de escrita
como obje�voe a inicial
construção
que asde crianças
estratégias
sede leitura.à vontade para escrever o que para algumas é um
sintam
desafio vencido ao longo de um ano. O medo de errar e a jus�fica�va de não saber fazer, sen�mentos criados
durante os processos desencadeados pelas famílias sobre a escrita, imobiliza a cria�vidade e tolhe qualquer
inicia�va de construir hipóteses sobre a palavra escrita. 216Superada a insegurança e conquistado o prazer de se
comunicar, adotamos durante a ro�na escolar, momentos em que a função social da escrita se faz presente, mas,
além disso, criamos situações em que a necessidade do registro tem por obje�vo guardar na memória os bons
Diariamente, brincamos de descobrir o nome do diretor de escola por um dia, de adivinhar a palavra secreta e, em
outras situações, de construção coletiva de textos.
É interessante estabelecer uma relação entre o que pensamos sobre letramento e alfabetização e o que asseguramos
as nossas crianças durante sua permanência na escola. Nosso currículo se concretiza nas interações que ocorrem nos
diferentes tempos e espaços da escola.
As vivências no parque, na sala de leitura, na brinquedoteca, na horta, na cozinha experimental, no espaço de artes,
no cinema e em outros territórios de aprendizagem, compõem o cenário ideal para que inúmeras formas de expressão sejam
reconhecidas em sua importância e, portanto, garantidas como direitos de nossas crianças.
Hoje é impossível pensar na educação como áreas fragmentadas do conhecimento e do desenvolvimento humano.
de nossas crianças em suas hipóteses de escrita e a construção de estratégias de leitura.
O conteúdo, o brinquedo, o caderno e o livro estão na mesma prateleira, só falta aprender a brincar. A brincadeira não deve
Diariamente, brincamos de descobrir o nome do diretor de escola por um dia, de adivinhar a palavra secreta
ser considerada como uma linguagem apartada das provocações que planejamos para as crianças em todos os momentos da
e, em outras situações, de construção cole�va de textos.
nossa convivência. É por meio das concepções que temos sobre o brincar que construímos
É interessante nossas propostas
estabelecer de letramento
uma relação entre o
e o trabalho com a alfabetização. que pensamos sobre letramento e alfabe�zação e o que
Importanteasressaltar
asseguramos nossas quecrianças
o investimento na criação
durante sua
de espaços diferenciados de convivência foi
permanência na escola. Nosso currículo se concre�za concebido para
as
nascrianças,
interaçõesmasque se constituem
ocorrem nos emdiferentes
objeto de tempos
formaçãoe
para nossos
espaços professores. Pensar a educação fora de quatro
da escola.
paredes,As vivências
e para além donoqueparque,
pode enao que
sala não
de pode,
leitura, na
é um
brinquedoteca,
dos nossos desafios. na horta, na cozinha experimental, no
espaçoUm de lugar
artes,que
no limita
cinema e em outros
possibilidades de territórios
aprendizagem de
é uma escola, compõem
aprendizagem,
não é uma prisão.o cenário ideal para que
inúmeras formas de expressão sejam reconhecidas em
Qualquer movimento que iniba a construção de um
sua importância e, portanto, garan�das como direitos de
conhecimento não é educação, é omissão.
nossas crianças.
Sim, temos expectativas em relação à escrita e à leitura e elas estão Hoje todas descritas em
é impossível nossona
pensar quadro de referência.
educação como
Cobramos isso das crianças? Não, elas nem desconfiam. Talvez por esse motivo, sempre nos
áreas fragmentadas do conhecimento e do desenvolvimento humano. O conteúdo, o brinquedo, o caderno e o livro surpreendam tanto.
estão naA ansiedade de professores
mesma prateleira, e paisaprender
só falta sobre as questões
a brincar.que A envolvem
brincadeira a alfabetização
não deve ser na educação
consideradainfantil
como pública
umaé
alimentada pelo
linguagem desconhecimento
apartada dos processos
das provocações que de sua construção.
planejamos paraAas negação
criançasde direitos,
em todosas ideias
os difusas
momentos sobre da
o que seja
nossa
sócio construtivismo
convivência. É por emeio
a conceituação equivocada
das concepções quedetemos
que a construção de hipóteses
sobre o brincar que de escrita se constitua
construímos nossas em um método
propostas de
e não em uma
letramento e oteoria do conhecimento,
trabalho fez crescer a insegurança em todos os atores envolvidos com a alfabetização das
com a alfabe�zação.
crianças.Importante ressaltar que o inves�mento na criação de espaços diferenciados de convivência foi concebido
para as Conduzida
crianças, mas pelossepensamentos
cons�tuem em objeto
de Paulo de formação
Freire, para passos,
acelerei meus nossos peguei
professores.
alguns Pensar
atalhos aaoeducação
som das falasfora das
de
quatro paredes, e para além do que pode e o que não pode, é um dos nossos desafios.
crianças, das parceiras de trabalho e das famílias da EMEI Nelson Mandela, e ouvi, silenciosamente: “Seria uma atitude muito
ingênuaUm lugarque
esperar queaslimita
classespossibilidades de aprendizagem
dominantes desenvolvessem umanão é uma
forma escola, éque
de educação umapermitissem
prisão. às classes dominadas
Qualquer
perceberem movimento
as injustiças sociaisque iniba acrítica”.
de forma construção de um conhecimento não é educação, é omissão.
Sim, temos expecta�vas em
Agradeci em voz baixa e depois falei emrelação à escrita
alto eebom
à leitura
som esobre
elas estão todasde
as práticas descritas
letramentoem nosso quadro de
e os processos de
referência. Cobramos isso das crianças? Não, elas nem desconfiam. Talvez por
alfabetização dentro de uma escola pública de educação infantil, durante o primeiro encontro da Escola de Pais.esse mo�vo, sempre nos
surpreendam tanto.
Para solucionar tais cobranças sociais, compreendo também que é dever da escola proteger nossas crianças de
A ansiedade de professores e pais sobre as questões que envolvem a alfabe�zação na educação infan�l
tudo aquilo que desrespeite a sua infância, seu ritmo, seus desejos e necessidades. Não há outra solução que não seja
pública é alimentada pelo desconhecimento dos processos de sua construção. A negação de direitos, as ideias
compartilhar
difusas sobreoso saberes
que sejasobre
sócioo constru�vismo
assunto. e a conceituação equivocada de que a construção de hipóteses de
Eucons�tua
escrita se e minha equipe
em um garantimos
método easnão nossas crianças
em uma os mesmos
teoria direitos que fez
do conhecimento, sãocrescer
inquestionáveis às crianças
a insegurança de outras
em todos os
escolas.
atores envolvidos com a alfabe�zação das crianças.
Conduzida pelos pensamentos de Paulo Freire, acelerei meus passos, peguei alguns atalhos ao som das
falas das crianças, das parceiras de trabalho e das famílias da EMEI Nelson Mandela, e ouvi, silenciosamente:
“Seria uma a�tude muito ingênua esperar que as classes 217dominantes desenvolvessem uma forma de educação

que permi�ssem às classes dominadas perceberem as injus�ças sociais de forma crí�ca”.


soluçãoLetrar e alfabetizar
que não é libertar os
seja compar�lhar nossas
saberescrianças
sobredeo assunto.
um destino que lhes é imposto por uma cultura adultocêntrica
que proíbe,
Eu eentão
minhaque sejamos
equipe por uma as
garan�mos cultura
nossasquecrianças
libere qualquer
os mesmostipo direitos
de conhecimento e aprendizagem. às
que são inques�onáveis Secrianças
adultos
podem definir o
de outras escolas.que não pode, somos a exceção à regra. Fizemos uma escolha profissional consciente, na medida em que
aprendemos com
Letrar e nossas crianças
alfabe�zar do que elas
é libertar são capazes
nossas e dissemos
crianças de um sim, vamosque
des�no aprender
lhes tudo o que o por
é imposto mundouma temcultura
a nos
oferecer!
adultocêntrica que proíbe, então que sejamos por uma cultura que libere qualquer �po de conhecimento e
Após entenderem
aprendizagem. Se adultos como as crianças
podem pensam
definir o quee constroem
não pode, a escrita,
somosdurante os encontros
a exceção à regra.formativos
Fizemosrealizados todo
uma escolha
início de ano,consciente,
profissional as famílias nunca mais cobraram
na medida em queda escola a liçãocom
aprendemos de casa e nem
nossas a alfabetização.
crianças do que elas Aprenderam
são capazesa acompanhar
e dissemos
as conquistas
sim, de suas tudo
vamos aprender filhasoequefilhos, incentivando-os
o mundo a cada tentativa e evitando frases que eram tão comuns pelo
tem a nos oferecer!
desconhecimento: “tá errado”,como
Após entenderem “não éasassim, é assim
crianças ó” ou “copia
pensam do seu irmão.
e constroem Ele sabedurante
a escrita, fazer”. Essa
os comunhão
encontrosde objetivos
forma�vos
érealizados todo início
o que chamamos de ano, asde
de comunidade famílias nunca mais cobraram da escola a lição de casa e nem a alfabe�zação.
aprendizagem.
Aprenderam a acompanhar as conquistas
Concluo que, tanto as crianças nos surpreendemde suas filhas
comeseus
filhos, incen�vando-os
avanços, a cada
como as famílias comtenta�va e evitando
seu desejo frases
de se tornarem
que eramdatão
parceiras comuns
escola pelode
na missão desconhecimento:
educar e ensinar. “tá errado”, “não é assim, é assim ó” ou “copia do seu irmão. Ele
sabe fazer”. Essa comunhão
Registramos de obje�vos
nossas impressões sobreéoomundo
que chamamos
mesmo antes de comunidade de aprendizagem.
de nascer, ninguém pode nos tirar o direito de continuar
Concluo que, tanto as crianças nos surpreendem com seus avanços,
registrando ou marcar dia, mês e ano para que isso aconteça. Existem várias formas de registro como as famílias com seu
e a criança temdesejo dede
o direito se
Registramos
acessar todas elas. nossas impressões sobre o mundo mesmo antes de nascer, ninguém pode nos �rar o direito de
con�nuar registrando ou marcar dia, mês e ano para que isso aconteça. Existem várias formas de registro e a
Letrar e alfabetizar é garantir às crianças o direito à liberdade de expressão.
criança tem o direito de acessar todas elas.
Letrar e alfabe�zar é garan�r às crianças o direito à liberdade de expressão.

Oi crianças!
Estamos no Rio de Janeiro !
A cidade é maravilhosa e depois
O primeiro cartão postal enviado
de um delicioso banho de mar, pelo casal Princípe Azizi Abayomi e Sofia
batemos um papinho com um
novo amigo! durante a lua de mel
Estamos voltando!!!
beijos
Azizi e Sofia

“Ler e escrever
São as descobertas na infância,
São as aventuras na adolescência,
E na vida adulta a sabedoria e a experiência.”

Trecho do
poema de Elaine dos Passos
Recanto das Letras

218
218
Nota
Parafraseando os novos baianos na voz de Baby Consuelo
Parafraseando os novos baianos na voz de Baby Consuelo
“Quando eu cheguei, tudo, tudo estava virado”, #sqn!
“Quando eu cheguei, tudo, tudo estava virado”, #sqn!
Anos fora da escola e algumas rotinas se mantiveram intactas.
Anos fora da escola e algumas ro�nasse mannteram intactas.
As crianças entravam e iam se sentando, enfileiradas, com as
As crianças entravam e iam se sentando, enfileiradas, com as
famosas
famosas pernas
pernas cruzadas.
cruzadas.
A sua A frente
sua frente
todastodas as professoras
as professoras do do turno.
turno. Umas
Umas cantavam,
cantavam,
outras não, ou porque se julgavam desafinadas ou porque não não
outras não, ou porque se julgavam desafinadas ou porque
conheciam
conheciam as letras.
as letras.

A
O momento
O momento da música
da música durava
durava exatosquinze
exatos quinzeminutos,
minutos, queque era
era o
tempoo tempo de tolerância
de tolerância para as para as crianças
crianças atrasadas.
atrasadas. Eu passava
Eu passava alguns
alguns
minutos observando até a hora que começava
minutos observando até a hora que começava o grande hino da o grande hino da infância:

música
“o sapo
infância: não lava
“o sapo nãoolava
pé” oe,pé”
como e, se não se
como bastasse a sua versão
não bastasse a suaoriginal,
versão
original, vinham as releituras com a saparia completa... “a sapaana
vinham as releituras com a saparia completa... “a sapa na lava pá,lava
o a
pá, osopo
sopononolovolovoo pó”. NoNo
o pó”. “sepe
“sepene leve e pê”,
ne leve eu me
e pê”, euretirava,
me re�ava,comocomoque

na
que num protesto silencioso,
um protesto silencioso,acho achoeu.eu.
Outra Outra dinâmica
dinâmica que envolvia
que envolvia música música era quando
era quando chovia.chovia.
Colocava-se
Colocava-se o a omúsica
a músicanono galpãocom
galpão comososCDs
CDsmais
mais atuais
atuais eeasascrianças
crianças

EMEI
ficavam livres
ficavam para
livres dançar
para dançaratéatéque
queera precisointerromper
era preciso interromper a
a brincadeira,
brincadeira, porque ela saia
porque ela saia do controle. do controle.
A ocasião mais
A ocasião formal
mais formal ememque queaamúsica
música não podiafaltar
não podia faltarera
eraemem

Nelson
dia de
diafesta. Os Os
de festa. ensaios
ensaiosconsis�amem
consistiam emdeixar deixar a música
músicatocar
tocarnas nas salas
salas de
de aula até que as crianças decorassem as letras
aula até que crianças decorassem as letras e a coreografia. e a coreografia.
Nunca entendi
Nunca como
entendi como essas prá�
essas as poderiam
práticas poderiamser serprazerosas
prazerosas

Mandela
parapara
as crianças
as crianças e, por outro lado, não percebia a utilização damúsica
e, por outro lado, não percebia a u�liação da música
comcomintencionalidade
intencionalidade pedagógica
pedagógicaem emnenhum momento.
nenhum momento.
É importante
É importante sinalizar
sinalizarquequenãonãoé édesejável
desejável vincular
vincular umumobjetivo
obje�o
de aprendizagem
de aprendizagem a todas
a todasasassituações
situações em queaamúsica
em que música estver
estiver presente,
presente, mas esses precisam ser pensados, porque
mas esses precisam ser pensados, porque ela é uma linguagem que ela é uma
linguagem
pode ser queutilizada
pode serparau�liada para trabalhar
trabalhar os temas os temas abordados,
abordados, durante o
durante o desenvolvimento dos projetos
desenvolvimento dos projetos didáticos, por exemplo.didá�os, por exemplo.
A música para mim sempre foi fonte de prazer. Nasci e cresci
A música para mim sempre foi fonte de prazer. Nasci e cresci
rodeada de música por todos os lados e sabia muito bem da
rodeada de música por todos os lados e sabia muito bem da importância
importância que ela poderia ter na vida das crianças, quer como lazer,
que ela poderia ter na vida das crianças, quer por lazer, como uma forma
como uma forma de reflexão e vazão de senn�m tos e emoções, quer
de reflexão e vazão de sentimentos e emoções, quer como fonte de
como fonte de conhecimento de si, do outro e do mundo.
conhecimento de si, do outro e do mundo.
Começamos a rever nossa prá� a quando renovamos nosso
Começamos a rever nossa prática quando renovamos nosso
repertório. Uma nova canção era introduzida, exatamente quando o
repertório. Uma nova canção era introduzida, exatamente quando o
“SAPO” queria se manifestar. As novas músicas exigiam movimento,
“SAPO” queria se manifestar. As novas músicas exigiam movimento,
ainda limitadas ao universo infan�l. Era preciso cantar com o corpo (e
ainda limitadas ao universo infantil. Era preciso cantar com o corpo
com a alma). Aproveitamos os horários cole� os para ensaiar com as
(e com a alma). Aproveitamos os horários coletivos para ensaiar com
professoras as novas músicas e pedimos, em tom de brincadeira, que
as professoras as novas músicas e pedimos, em tom de brincadeira,
dessem sossego para o an�bio por algum tempo. Por sorte, elas
que dessem sossego para o anfíbio por algum tempo. Por sorte, elas
Avylla - 5 anos levaram a sério.
levaram a sério.

219
219
Decorrido algum tempo, a prática de reunir as crianças no galpão acabou caindo em desuso, porque elas eram
capazes de se locomover do portão até as suas respectivas salas com muita autonomia e os atrasos foram diminuindo após
algumas conversas francas com a comunidade.
Com o tempo, conseguimos ampliar o repertório infantil para além das músicas feitas para as crianças, incluindo
canções que fizessem sentido para determinados momentos do projeto didático.
Num determinado ano, não me recordo qual, nossas crianças queriam ouvir música nos momentos das brincadeiras
livres. Na época, tínhamos recebido de doação várias caixas de madeira. Tivemos a ideia de fazer um coreto no meio do parque.
Conversamos com duas professoras que se interessaram em montar um projeto e uma banda. As crianças confeccionaram
e personalizaram seus próprios instrumentos. Aprenderam sobre a origem dos coretos, a Revolução Francesa e sobre o
surgimento do rádio. Nesse momento, entrou em cena a Professora de Informática Educativa Deise que trouxe para o
nosso Coreto, a tecnologia. As crianças inauguraram a nossa rádio, tocando músicas durante os momentos de parque. Elas
manejavam microfones, aparelhagem de som, confeccionaram capas dos CDs no laboratório de informática, enfim, esse foi
o começo do projeto premiado da Rádio Mirim “Tem Gato na Tuba”.
Dessa forma, estava garantida a música no parque como as meninas e meninos queriam.
Era incrível assistir a autonomia com que lidavam com a tecnologia e se divertiam, mas havia algo que continuava a
me incomodar muito. As crianças cantavam, dançavam livremente, escolhiam seu repertório, ampliavam seus conhecimentos
e preferências, mas eu tinha certeza de que se elas compreendessem o que estavam cantando, tudo faria mais sentido.
Eu me perguntava: por que será que as crianças gostam mais de uma música do que de outra? Será que elas sabem
o que estão cantando? Era um direito compreender essa preferência. E será que depois de compreender a letra, o gosto
continuaria o mesmo? Ampliar o repertório musical é um direito de aprendizagem que está em nosso quadro de referência,
portanto precisávamos criar uma estratégia para atender a esse direito de saber mais. Surgiu a ideia de iniciarmos o processo
de filosofar em cima das letras das músicas que tinham relação com os projetos da escola e, em seguida, transformá-las em
imagens.
Isso mudou toda a dinâmica e envolvimento no momento de cantar e dançar.
Criamos uma metodologia de trabalho que extrapolou o decorar a letra pela exaustão de ouvi-la, sem pensar um
segundo no que se estava repetindo. Quando adultos, cantamos as músicas, porque sabemos os significados de suas letras
ou quando elas fazem parte de algum momento importante de nossas vidas. Não poderia ser diferente com as crianças.
Cantar é um ato lúdico e prazeroso, mas saber o que se canta é um ato político.
Portanto, falar sobre a música e compreendê-la é filosofar sobre a vida. Precisamos criar o hábito de prestar atenção
ao que falamos e, consequentemente, ao que cantamos.
Há exigências mínimas para que o envolvimento seja pleno no momento de se cantar e não podemos exigir isso só
da criança. O professor deve conhecer a letra da música e precisa saber cantá-la (mesmo que não seja afinado), porque os
intérpretes farão nossas vezes e nossa voz. Cantar junto com as crianças é uma atitude desejada e importante para contagiá-
las. A maioria de nós não é professor(a) de música e nem de canto, mas todos(as) cantamos.
Após a confecção de um cartaz com letras bastão em tamanho gigante, fazemos a leitura da letra do começo ao
fim. Voltamos ao início para começar as provocações que farão com que as crianças pensem sobre o tema tratado pelo
compositor. Consideramos que esse momento é o momento de aproximar a mensagem da música à realidade das crianças.
Em seguida, segue o exemplo de como criamos significados para elas e como uma música pode ser o gatilho para
novos conhecimentos relativos ao projeto que está sendo desenvolvido pelo grupo de crianças.
Isso quer dizer que existe uma preparação prévia de material para ampliar o repertório musical das crianças e conferir
intencionalidade pedagógica, quando isso for desejado.

220
pode ser o ga�lhopara novos conhecimentos relaatos ao projeto que está sendo desenvolvido pelo grupo de
crianças.
Isso quer dizer que existe uma preparação prévia de material para ampliar o repertório musical das crianças
e conferir intencionalidade pedagógica, quando isso for desejado.

MÚSICA: NINGUÉM É IGUAL A NINGUÉM, AINDA BEM! Filosofando 1


Composição de Milton Karam e Escola Stagium Dinâmica: O que você mais gosta no seu
amigo? As crianças dirão o nome do amigo e
NÃO QUEIRA SER AQUILO QUE O OUTRO É o que eles acham legal (podem fazer isso em
NÃO QUEIRA SER AQUILO QUE O OUTRO É 2 VEZES relação ao pai, a mãe). Peça para seu amigo
NEM QUE O OUTRO SEJA, ORA VEJA lhe dizer o que você tem e ele(a) admira em
TUDO AQUILO QUE VOCÊ QUER você.
Após as falas, pergunte: Nós conseguimos
NINGUÉM É IGUAL A NINGUÉM ser iguais a alguém? Por que não? Por que
2 VEZES sim?
AINDA BEM, AINDA BEM!

A GENTE MESMO SE INVERTE NO ESPELHO


O QUE REFLETE EXATAMENTE ESSE CONSELHO Filosofando 2 – Por que as pessoas ficam tristes?
Por que você fica triste? O que é o contrário de
NÃO QUEIRA SER AQUILO QUE O OUTRO É tristeza?
NÃO QUEIRA SER AQUILO QUE O OUTRO É 1 VEZ Você conhece alguém que nunca deu uma
NEM QUE O OUTRO SEJA, ORA VEJA risada?
TUDO AQUILO QUE VOCÊ QUER O que te faz rir?
Alguém conhece uma pessoa nervosa? Quando a
TEM GENTE TRISTE QUE ANDA MAL - HUMORADA gente sabe que uma pessoa está nervosa?
SÓ VIVE RESMUNGANDO, SEM DAR UMA RISADA O que é ser uma pessoa corajosa? Quem não é
TEM A NERVOSA QUE ESTÁ SEMPRE IRRITADA corajoso é o quê?
BRIGA POR QUALQUER COISINHA, DEIXA A GENTE O que te deixa chateada(o)
CHATEADA O que deixa a gente dolorido?
E A CORAJOSA QUE INVENTA COISAS NOVAS E o que deixa a vida dolorosa?
FAZENDO A VIDA FICAR MENOS DOLOROSA
Quem conhece uma pessoa negra, branca, parda ou
NINGUÉM É IGUAL A NINGUÉM 2 VEZES amarela?
AINDA BEM, AINDA BEM! Alguém tem um amigo com uma deficiência? Qual?
Fazer exercícios de pensar sobre quem gosta de.... para
NEGRO, BRANCO, PARDO OU AMARELO constatar as diferenças do gostar, por exemplo. Reunir
ALTO, BAIXO, GORDO OU MAGRICELO grupos de quem gosta de uma determinada cor, fruta,
MORENO, LOIRO, CARECA OU CABELUDO ou desenho, esporte etc.
DEFICIENTE, CEGO, SURDO OU MUDO A gente é o que é.
EM TUDO Se defina em uma palavra: Eu sou_____ e em seguida a
TEM DIFERENÇA criança do lado continua até todos da roda
DESDE NASCENÇA participarem.
O QUE A GENTE É
O QUE A GENTE FAZ
O QUE A GENTE PENSA
A letra diz que as diferenças são desde nascença? O que
TODOS TÊM DIFERENÇA
significa “nascença”?
DESDE NASCENÇA
Já nascemos diferentes? Quais são essas diferenças?
A GENTE É O QUE É
Quais nossas características que não mudam nunca?
A GENTE É DEMAIS
Procure uma diferença no(a) seu(sua) amigo(a) do lado.
A LISTA É IMENSA
A gente é o que é – Vamos completar a frase. Eu sou____
VIVA A DIFERENÇA

NINGUÉM É IGUAL A NINGUÉM


2 VEZES Por que será que “ninguém é igual a
AINDA BEM, AINDA BEM!
ninguém? (registrar todas as hipóteses)
VIVA A DIFERENÇA 5(VAMOS
VEZESPENSAR Será que existe uma pessoa igual a outra?
É bom ou ruim ser diferente?

221
221
Em seguida, elaboramos um segundo cartaz subs�tuindoalgumas
palavras escritas por imagens, e discu�mosos significados de cada
uma delas, cantando a música e acompanhando a leitura com o
dedo. Em Emseguida,
alguns elaboramos
casos, a escolhaum segundo cartaz substituindo
de imagens suscitavaalgumas outraspalavras
escritas
discussõespor imagens,
Em seguida, que nos e discutimos
auxiliavam
elaboramos os significados
a ampliar
um segundo de cada
conceitos,
cartaz uma delas,
como
subs�tuindoalgumas cantando
no
acaso
música
palavras e acompanhando
da letra escritas a leitura
por imagens,
da música que citacom o dedo.
e discu�mosos Em
como diferença alguns casos,
significados a escolha
de cada
as pessoas
de imagens suscitava outras discussões que
loiras e morenas. Escolhemos uma criança negra e loira.oFoi
uma delas, cantando a música e nos
acompanhando auxiliavam
a leituraa ampliar
com
conceitos,
dedo. Em como no caso
alguns da letra
casos, da música
a escolha que cita como
de imagens diferença
suscitava outras as
uma conversa incrível com nossas crianças, porque elas ainda
discussões
pessoas loiras que nos auxiliavam
e morenas. Escolhemos a ampliar
uma criançaconceitos,
negra ecomo loira. no
Foi
faziam
caso daalgumas
letra associações
da música que cita equivocadas
comoporque
diferença sobre isso.
as pessoas
uma conversa incrível com nossas crianças, elas ainda faziam
Esses
loiras e cartazes
morenas. ficam
Escolhemos
algumas associações equivocadas sobre isso.
expostos
uma e, toda
criança negraa vez
e que
loira. a música é
Foi
tocada,
uma conversadepoisincrível
Esses cartazes
de ficam
amplamente
com nossase,discu�da,as
expostos crianças,
toda a vezporque
crianças
elas ainda
que a música é
cantam,
lendo
faziam
tocada, a algumas
letradeno
depois cartaz. Presenciei,
associações
amplamente
equivocadas porsobre
discutida, as crianças inúmerasisso. vezes, a
cantam, lendo
Esses cartazes ficam expostos e, todadiante
a vez que dosa música é e, em
adisputa
letra nopara cartaz.ocupar o lugar
Presenciei, de leitor
por inúmeras vezes, a disputa cartazes
para
tocada,
outrasovezes, depois de amplamente
de forma discu�da,as
espontânea, algumascrianças cantam,
crianças copiavam
ocupar
lendo alugar letradenoleitor diante
cartaz. dos cartazes
Presenciei, por e, em outras
inúmeras vezes,
vezes, a de
alguns
forma trechos. algumas crianças copiavam alguns trechos.
espontânea,
disputa para ocupar o lugar de leitor diante dos cartazes e, em
OsOs
outras ensaios
vezes, que
ensaiosdeque formaeram
eram momentos
momentos
espontânea, desgastantes
desgastantes
algumas para as crianças,
para ascopiavam
crianças crianças,
começaram
começaram
alguns trechos.a ser repetidos inúmeras vezes a pedido delas, porque delas,
a ser repe�dosinúmeras vezes a pedido cantar porque
ecantar Oseensaios
dançar asdançar
novasque as eram
novas
músicas músicas
semomentos
transformou seem transformou
desgastantes
fonte depara em fonte
as crianças,
prazer. Foi umade prazer. Foi uma
conquista,
começaram
conquista, umum aprendizado.
a ser repe�dosinúmeras
aprendizado. Era emocionante
Era emocionante vezes a pedido
participar dapar�ciparda
delas, porque
cantoria na quadracantoria
e, na quadra e,
quando
cantar eterminava,
quando
dançar as novas o pedido:
músicasDe senovo,
terminava, o pedido: De novo, de novo, de novo!
de
transformou novo, de
em fonte novo!
de prazer. Foi uma
conquista, um aprendizado. Era emocionante par�ciparda É percep� cantoriael na quadra
que, após e,
esse trabalho,
É perceptível que, após esse trabalho,
quando terminava, o pedido: De novo, de novo, de novo! as crianças não estão apenas reproduzindo, elas estão dizendoas crianças
coisas por meionão estão ap
das letras que cantam. Elas falam, cantando, coisas queÉreproduzindo, aprenderam
percep� elnos que, elas
apósestão
projetos da
esse dizendo
escola, como éascoisas
trabalho, caso dapor
o crianças meio
música
não das
“Ninguém
estão letras que
apenas
cantam.
é igual a Elas
reproduzindo, ninguém”falam,
elas estão que cantando, coisascoisas
foi o “hino”
dizendo da
porescola
meioque por
dasaprenderam
alguns que denos projetos
letras anos,
TEM GENTE TRISTE QUE ANDA MAL-HUMORADA
cantam. autoria
escola,Elas de
comoMilton
falam, é oKaram
casoeda
cantando, da música
Escola
coisas queStagium,
“Ninguém
aprenderamque gentilmente
é igual
nos a nos
projetos ninguém”
da que
TEM GENTE TRISTE QUE ANDA MAL-HUMORADA
escola, autorizaram
“hino”
comoda a publicação
é oescola
caso dapor da música,
alguns
música que
anos, de
“Ninguém faz parte
autoria
é igual do Álbum
de Milton
a ninguém” “Olha
que foiKaram
o e da
“hino” quem
da vem
escola aí”,
por produzido
alguns em
anos, 2005
de pela
autoriaEscola
de
Escola Stagium que faz parte do Álbum “Olha quem vem aí”, produ Stagium.
Milton Karam e da
Escola Portanto, aprender doqual o significado devemumaaí”, letra, que
emStagium
2005 que faz
pela parteStagium.
Escola Álbum “Olha quem produzido
SÓ VIVE RESMUNGANDO, SEM DAR UMA RISADA pode ser o de
em 2005 pela Escola Stagium. comunicar uma ideia do que se quer viver ou se viveu,
SÓ VIVE RESMUNGANDO, SEM DAR UMA RISADA Portanto, aprender qual o significado de uma letra, que pode s
divulgar algo
Portanto, em sequal
aprender acredita ou se querdecombater
o significado uma letra, ou que
coisaspode
que ser
se o
de comunicar
aprendeuuma
de comunicar ou que uma
se do
ideia ideia
querque do
ensinar que
se quer se quer
é fundamental
viver ou separaviver
viveu, ou se crie oalgo divulgar
se
quedivulgarviveu,
em se em se acredita
acredita
prazer ou se
ou se cantar
de ouvir, quer e quer
dançar.combater
combater ou coisas
Mais do queouisso,
que coisas
se aprendeuqueque
é assim seouse
aprendeu
que ou
se querseapura
quer
ensinar ensinar
o gosto é fundamental
é fundamental
musical queparase crieque
parapossibilidades
e se criam ode se
prazer crie
novas de oouvir,
prazer
escolhas. de ouvir, c
cantar
e dançar.
e dançar. Mais Mais
do
Aprender quedo que
isso,
que isso, que
háémúsicas
assim éque
assim
se queose
nosapura
transmitem apura
gosto o gosto
musical
tudo isso e se musical e
sem
TEMAANERVOSA
NERVOSA QUE
QUEESTÁ SEMPRE IRRITADA
TEM ESTÁ SEMPRE IRRITADA criam possibilidades
criam possibilidades
pronunciar uma só depalavra
novas escolhas.
detambém
novaséescolhas.
importante.
Aprender que há
O poderque
Aprender músicas
do há que
som,músicas nos
da palavra, transmitem
quedonos tudo isso
movimento
transmitem e osempoder
tudo isso sem
pronunciar
da uma
compreensãosó palavra
não também
podem é
ser importante.
desperdiçados, precisam ser
pronunciar
O incorporados.
poder do som,
uma da
só palavra
palavra, do
também
movimento
é eimportante.
o poder da
O poder Devem
do som, se fundir de tal formadoque não seja maisepossível
BRIGA POR QUALQUER COISINHA, DEIXA A GENTE CHATEADA
compreensão nãoSepodem
distingui-los. é música,serda palavra,
desperdiçados,
se
movimento
é poesia, se se precisam
fala ou cala, serse seodança
poder da
BRIGA POR QUALQUER COISINHA, DEIXA A GENTE CHATEADA incorporados.
compreensão Devem nãofundir
podem de ser desperdiçados, sejaprecisam ser
ou se só se ouve, se não importa. tal forma
Imprescindívelque énão mais possível
o entendimento de
incorporados.
dis�ngui-los.Se é música,
que são essenciais Devem se
paraseaévida fundir
poesia,
porque de
se nos tal
se fala forma
ou cala,que
fortalecem. se senãodançasejaoumais pos
se sódis�ngui-los.Se
se ouve, não importa. é música, Imprescindível é o entendimento de quesesãose danç
Essa sensibilidade só se é poesia,
floresce quandose se todosfalaosounossos
cala,
essenciais só para
sesentidosse são a vidanão
ouve, e nos fortalecem
tocados eimporta.
para isso Imprescindível
é preciso exercitá-los. é o entendimento
A escola e de q
Essa sensibilidade só floresce quando todos os nossos senn�dosão
essenciais para atêm
seus profissionais vidaessee poder
nos fortalecem
nas mãos, basta cantá-los como
tocados e para isso é preciso exercitá-los. A escola e seus profissionais
um Essa
direitosensibilidade
a ser garantidosó floresce
para as meninas quando
e meninostodos dasosescolas
nossos senn�do
têm esse poder nas mãos , basta encará-lo como um direito a ser
públicas. e para isso é preciso exercitá-los. A escola e seus profissio
tocados
garan�dopara as meninas e meninos das escolas públicas.
têm esse poder nas mãos , basta encará-lo como um direito a ser
garan�dopara as meninas e meninos das escolas públicas.
222
222
Voz Equipe, não. Família mandelense!
Monica Cristina Oliveira da Mota

Comecei a fazer parte da EMEI Nelson Mandela em EQUIPE Nelson Mandela, mas a família mandelense.
2017. Já conhecia o trabalho dessa escola com o olhar de Sempre tive liberdade de poder dar sugestões
tia e mãe de ex-alunos e isso já fazia com que eu tivesse sobre aquilo que, a meu ver, poderia trazer melhorias para
admiração, pois até hoje eles têm boas lembranças desse o nosso dia a dia e sempre foram bem aceitas.
lugar. Foram momentos inesquecíveis que tivemos
Essa foi a minha primeira experiência como enquanto a Cibele esteve conosco e que levo como
educadora com crianças entre 4 e 5 anos e já fui impactada aprendizado para minha vida.
logo no primeiro dia com a recepção desses pequeninos. A importância de respeitar o espaço do outro e
Senti-me totalmente acolhida, num ambiente de vivermos sempre como uma família. Sem isso, com certeza,
muito amor e com o tempo entendi o real motivo desse o projeto jamais teria seguido adiante.
acolhimento das crianças. De tudo o que vivemos juntas, o que mais marcou
O diferencial do projeto dessa escola é o olhar a minha vida foi no dia da nossa avaliação individual,
cuidadoso de permitir e estimular que todos os adultos conversando sobre a rotina diária fui surpreendida com a
literalmente façam parte, estejam envolvidos em tudo que seguinte frase: “ Monica, fico tranquila aqui na minha sala
acontece. sabendo que você está ali fora com as crianças, porque
Conhecer toda a história da família Abayomi, você ME REPRESENTA”.
ajudar as crianças a descobrir coisas sobre essa família é o Isso significa que o amor que eu sempre tive pelas
que torna esse lugar mágico. Somos convidados a entrar no crianças e o orgulho que tenho de ser uma educadora
mundo da criança e, ao mesmo, tempo fazê-los entender também encontrei nessa mulher que investiu e depositou
os princípios fundamentais para uma vida adulta. todo o seu amor num projeto que deu certo e será levado
Um desses princípios que valem para a vida toda adiante sempre.
é o respeito às diferenças, respeito ao próximo, mas isso Obrigada, Cibele por não ter desistido do seu sonho
só ganhou forma por conta de alguém que teve esse olhar por uma educação de qualidade e por me impulsionar a
para a criança em si e que, antes de mais nada, conseguia não desistir dos meus sonhos.
dar voz às crianças e respeitar seus pensamentos, suas E um deles sempre foi a pedagogia, algo que achei
dúvidas e suas vontades e, partir daí, desenvolver trabalhos que estaria bem distante de acontecer, mas através da
maravilhosos com elas. sua história, de lutar para que a educação seja vista como
Sim, aqui nesse lugar temos assembleia com as fundamental e essencial para as nossas crianças, pude
crianças em que elas decidem, junto com os adultos, o que entender que estou no caminho certo. Que posso sim me
é melhor para a nossa escola. tornar uma pedagoga e continuar te representando por
Cibele iniciou esse projeto com esse olhar e isso fez onde eu for.
toda a diferença. Levo comigo a certeza de que o amor e o respeito
Com o tempo fui vendo que esse olhar se estende são as ferramentas principais para que as coisas possam
para todo o grupo e nos fez enxergar que ali não existia a dar certo.

223
- É pecado sonhar?
- Não, Capitu. Nunca foi.
- Então por que essa divindade nos dá golpes e
- É nossos
parte pecado sonhos?
sonhar?
- Não, Capitu.
- Divindade Nunca foi.
não destrói sonhos, Capitu. Somos
- Então por que essa divindade nos dá golpes e
nós que ficamos esperando, ao invés de fazer
parte nossos sonhos?
acontecer.
- Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos
nós que ficamos esperando, ao invés de fazer
(Dom Casmurro)
acontecer.
Machado de Assis
(Dom Casmurro)
Machado de Assis
Muito prazer,

!
sou Educadora,
Muito prazer,
Auxiliar Técnico de Educação e

!
Mandelense
sou Educadora,
Auxiliar Técnico de Educação e

Mandelense

224
224
224
Acorde
Acorde
A evolução do pensamento didático-metodológico:
Evolução do pensamento
da sequência didática aometodológico:
projeto coletivo
Roberta de Cassia Costa Silvestre
da sequência didá�ca ao projeto cole�vo
Roberta de Cassia Costa Silvestre

As sequências didáticas surgiram na França em atividades relacionadas/interligadas, com a finalidade de


meados As dossequências
anos 80 comdidá�caso objetivo surgiram na França
de descomplicar o a�vidades
ensinar relacionadas�interligadas,
um conteúdo. Sua principal característica écom dividira
em meados
ensino da língua dosmaternaanos 80 com gradualmente
e apresentar o obje�vo aos de ofinalidade
processo dedeconstrução
ensinar do umconhecimento
conteúdo. Sua principal
em etapas. O
descomplicar
estudantes o ensino
os diversos gênerosda língua materna e
textuais. caracterís�ca
centro é dividir
do processo, nesseoplanejamento,
processo de éconstrução
o professordo e
apresentar
No Brasil, a sequência didática os
gradualmente aos estudantes diversos
surgiu nos conhecimento em etapas. O centro
os objetivos que ele tenha estabelecido para a sequênciado processo,
gêneros textuais. nesse
em planejamento,
questão, por mais que é o professor
ele penseena os criança
obje�vos ouqueno
documentos oficiais no início dos anos 90 e era aberta a
No Brasil, a sequência didá�ca surgiu nos ele tenha estabelecido para a sequência em questão,
diferentes objetos do conhecimento. adolescente quando está elaborando seu plano.
documentos oficiais no início dos anos 90 e era por mais que ele pense na criança ou no adolescente
aberta Hoje, se objetos
a diferentes constituem em um
do conhecimento. quando está Muitas vezes, aseu
elaborando sequência
plano. didática se
planejamentoHoje,com sediversas etapas, que
cons�tuem emtemum torna Muitas
um fim em si mesma.
vezes, Por fragmentar
a sequência didá�ca
por objetivo tornarcom
planejamento a aprendizagem mais
diversas etapas, see torna
reduzirumo fim processo
em si pelomesma. qual Poras
eficiente
que tem encadeando
por obje�vo e sequenciando
tornar a crianças constroem
fragmentar e reduzirosoconhecimentos,
processo pelo
aprendizagem
conteúdos, utilizando mais eficiente
critérios como Não é possível muitos(as)
qual profissionais
as crianças optam por
constroem os
encadeando e sequenciando
grau de complexidade e correlação
conteúdos, u�lizando critérios
ensinar o que não cter
o n em
h e ccada
profissionais
i m esequência
“pequeno projeto”
n t o s , mdidática
optam
u i t o s ( um
porum
que traz
as)
tertema
em
entre um tema
de
e outro.
ser indicada como ferramentae
como grau complexidade
Após
se sabe, nem cada sequência
específico e ao final dodidá�ca
conjunto um de
correlação entre um tema e
de trabalho pelos Parâmetros se restringir “pequeno projeto” que
aulas, o tema está supostamente traz um
outro. Após ser indicada como
Curriculares Nacionais, ela foi
ferramenta de trabalho pelos ao que já é tema específico e ao final do
esgotado, partindo então para o
conjunto de aulas, o tema está
ganhando
Parâmetros espaço nos planejamentos
Curriculares Nacionais, sabido outro.
supostamente esgotado, par�ndo
dos
e l a f o i g a n h a n d o e s pum
professores no Brasil. Foi a ç ogrande
nos então para Os prejuízos
o outro. em se assumir tal
avanço se considerarmos que
planejamentos dos professores no Brasil. até então metodologia, além de claramente
Os prejuízos fragmentar
em se assumir tal
oFoiuso
umdagrande
cartilha ainda seeraconsiderarmos
avanço habitual nos meios
que a metodologia,
construção doalém percurso de cada grupo,
de claramente a nossoa
fragmentar
educacionais.
até então o uso da car�lha ainda era habitual nos ver, é o de substituir
construção do percurso umde projeto didático
cada grupo, por diversas
a nosso ver, é o
meios educacionais.
A sequência didática foi um marco importante de subs�tuir
sequências um do
ao longo projeto didá�co
ano letivo, tornandoporo diversas
trabalho
A sequênciaquedidá�ca
com as transformações causou à foi um marco
Educação. Saímos pedagógico inconsistente e inacessível por parte daso
sequências ao longo do ano le�vo, tornando
da engessada cartilha para um sistema de planejamentoà
importante com as transformações que causou trabalhoque
crianças pedagógico
ora estão inconsistente
imersas em práticase inacessível
de higiene por
Educação. Saímos da engessada car�lha para um parte das
pessoal crianças semanas
e algumas que ora estãodepois,imersas em prá�cas
engaveta-se esse
que nos permitia considerar algumas variáveis.
sistema de planejamento que nos permi�a de higiene pessoal e algumas semanas depois,
E por que não a utilizar na EMEI Nelson Mandela assunto para que outro possa surgir, por exemplo.
considerar algumas variáveis. engaveta-se esse assunto para que outro possa surgir,
até hoje?E por que não a u�lizar na EME� Nelson Então por que as sequências didáticas foram
por exemplo.
Mandela As atésequências
hoje? didáticas têm como principal um marco na educação
Então por que as brasileira e há didá�cas
sequências ainda um foram certo
característica a rigidez, ainda
As sequências que detêm
didá�cas forma subentendida.
como principal preciosismo
um marco na comeducação
elas? brasileira e há ainda um certo
Sua utilização visaa facilitar
caracterís�ca rigidez,a ainda
organização
que dede aulas
forma e Se avaliarmos
preciosismo com elas? a evolução cronológica dos recursos
subentendida.
possibilita ao professor Suaelaborar
u�lização
alguns visa facilitar
conteúdos que elea pedagógicosSeutilizados
avaliarmos na educação
a evolução infantil e nos anos
cronológica dos
organização
deseja trabalhar.de aulas e possibilita ao professor recursos
iniciais pedagógicos
do ensino u�lizados
fundamental, não na educação
precisamos infan�l
voltar no
elaborar É alguns conteúdos
uma maneira de que ele deseja
elaborar trabalhar.de
um conjunto e nos anos iniciais do ensino fundamental,
tempo para nos depararmos com a cartilha: um caderno não
É uma maneira de elaborar um conjunto de precisamos voltar no tempo para nos depararmos

225
225
hor, do que ela não deveria ser.
Nas turmas de educação infan�l, um cenário um pouco diferente: a ausência de um material referenc
cionamento pedagógico oneravam propostas aleatórias sem qualquer conexão entre si e com o mun
órias e contos que perpetuam a discriminação racial e de gênero, crianças assis�ndo filmes semanalme
e�ndo a tá�ca já u�lizada em casa, que silencia suas vozes e seus corpos.
de atividades com capítulos que apresentam sílabas e a ação do estudante resumia-se a acompanhar a leitura com a
O queprofessora
vimos de fatodiversas
e copiar acontecer, foicontinham
palavras que a produção fabril de sequências didá�cas. Em alguns contextos,
a tal sílaba.
m trocadas como Nessese trocavam
contexto, modelos
o estudante mimeografados.
é mero espectador de um processo Novos
de treinotermos,
que não onovas
enxerga etapas, mesma
como indivíduo com maneira
sar. potencialidades e pior do que isso, desperdiça horas preciosas da infância na qual a criança deveria estar se comunicando,
se relacionando
NA EMEI Nelson eMandela,
explorando oamundo com seuque
avaliação corpo.fizeram
Um retrato cinza damodelo,
desse infância ou porque
melhor, doeleque ela
foinão deveria ser.
adotado por um tem
de que se tratava Nas turmas
mais de deeducação infantil, um cenário
uma comprovação doum pouco diferente:
trabalho docente: a ausência de um material
organizado, referencial e devidame
sequenciado,
direcionamento pedagógico oneravam propostas aleatórias sem qualquer conexão entre si e com o mundo. Histórias e
arquizadocontos
e assim registrado, do que de um pensar para e com a criança.
que perpetuam a discriminação racial e de gênero, crianças assistindo filmes semanalmente, repetindo a tática já
Nesteutilizada
pontoemvocê pode
casa, que se suas
silencia perguntar:
vozes e seusmas a sequência didá�ca só é pensada, por que existem crian
corpos.
olvidas nesse trabalho
O que vimospedagógico, não
de fato acontecer, foi aé?
produção fabril de sequências didáticas. Em alguns contextos, elas eram trocadas
Sim, verdade. Crianças
como se trocavam sem
modelos nome, sem
mimeografados. raça,
Novos sem
termos, história
novas iden�dade.
e semmaneira
etapas, mesma de pensar.Com uma sequência didá
Na EMEIdo
calcula cada vírgula Nelson
queMandela,
eles vãoa avaliação
ver sem que fizeram desse modelo,
considerar porque ele foique
os interesses adotado
elesporpodem
um tempo, era de que
trazer, as necessida
se tratava mais de uma comprovação do trabalho docente: organizado, sequenciado, devidamente hierarquizado e assim
se apresentam na relação com o outro, com a escola e com o conhecimento, os desafios que poderão
registrado, do que de um pensar para e com a criança.
esentar no meio doponto
Neste caminho.
você pode Ao final da
se perguntar: massequência, umasó avaliação
a sequência didática é pensada, porque gradua
que existem muito
crianças mais o doce
envolvidas
an�ndo-lhe que
nesse tudopedagógico,
trabalho o que foinão planejado
é? foi “dado”, do que a própria criança e como ela vivenciou o proce
sa avaliação, talSim,qual elaCrianças
verdade. é feita,semra�ficamos
nome, sem raça,asem eficiência daidentidade.
história e sem sequência Com umadidá�ca a didática
sequência par�rque dos nossos próp
calcula
âmetros. cada vírgula do que eles vão ver sem considerar os interesses que eles podem trazer, as necessidades que se apresentam na
relação com o outro, com a escola e com o conhecimento, os desafios que poderão se apresentar no meio do caminho. Ao
Avaliamos que suas fragilidades não se resumem a um planejamento empobrecido que desconside
final da sequência, uma avaliação que gradua muito mais o docente, garantindo-lhe que tudo o que foi planejado foi “dado”,
ndo real edofragmenta conhecimentos
que a própria criança como
e como ela vivenciou se fosse
o processo. Nessapossível
avaliação, dividi-los em ratificamos
tal qual ela é feita, pílulas. Ela também
a eficiência da é frági
iação, pois torna-se
sequência impossível
didática avaliar
a partir dos nossos a complexidade
próprios parâmetros. do pensamento infan�l a par�r de uma perspec
uzida e engessada. Avaliamos que suas fragilidades não se resumem a um planejamento empobrecido que desconsidera o mundo real
e fragmenta conhecimentos
Para compreender melhor comoo queseestamos
fosse possível dividi-los observemos
falando, em pílulas. Ela também
daquié por
frágildiante
na avaliação,
como poissetorna-se
deu a evolução
impossível avaliar a complexidade do pensamento infantil a partir de uma perspectiva reduzida e engessada.
sar metodológico da EMEI Nelson Mandela que ao mesmo tempo que foi muito próprio, porque direcion
Para compreender melhor o que estamos falando, observemos daqui por diante como se deu a evolução do pensar
a um grupo específico
metodológico da EMEIde professores
Nelson Mandelaao quelongo
ao mesmode tempo
váriosqueanos, pode
foi muito iluminar
próprio, porque e criar possibilidades
direcionado para um grupo para ou
pos de formação.
específico de professores ao longo de vários anos, pode iluminar e criar possibilidades para outros grupos de formação.

Professoras Roberta e Marina, professoras readaptadas e muito atuantes Vivian e Heloisa,


educador e auxiliar técnico Wanderley e gestora Deise participando das formações.
fessoras Roberta e Marina, professoras readaptadas e muito atuantes Vivian e Heloisa, educador e auxiliar técnico Wanderley e gestora Deise participando das forma

226

226
Começou-se a planejar uma sequência didá�ca para uma única a�vidade, conforme o exemplo que segue.
É bom lembrar que esse foi o primeiro passo para sair da lista de a�vidades. O obje�vo era, eleger uma palavra da
lista (planejamento)
Começou-se a eplanejar
elaborar
uma uma sequência
sequência didá�ca
didática paraúnica
para uma ela. atividade,
Nesse caso, a professora
conforme o exemplohavia
queplanejado,
segue. para
uma segunda-feira,
É bom lembrar contar umafoi
que esse história. O desafio
o primeiro foi pensar
passo para sair danuma
lista desequência
atividades.didá�ca para
O objetivo essa
era, proposta,
eleger apenas.
uma palavra da
Esse exercício durou quase um ano com todas as professoras
lista (planejamento) e elaborar uma sequência didática para ela. da escola. Uma vez por semana, cada professora
escolhiaNesse
uma a�vidade da sua lista
caso, a professora (planejamento)
havia planejado, parapara
uma elaborar uma sequência
segunda-feira, contar umadidá�ca.
história.
O desafio foi pensar numa sequência didática para essa proposta, apenas. Esse exercício durou quase um ano com
todas as professoras da escola. Uma vez por semana, cada professora escolhia uma atividade da sua lista (planejamento)
para elaborar uma sequência didática.

Tema: Gêneros literários

Livro: O caso do bolinho

Obje�vos:
Desenvolver comportamento leitor, antecipar a leitura por meio das imagens e o �tulo da história, relacionar
números às suas respec�vas quan�dades, escrita espontânea.

Conteúdo: Leitura e interpretação de texto; antecipação e levantamento de hipótese, números e escrita.

1. Leitura da história: apresentar a capa do livro, ler o �tulo e deixar que eles verbalizem suas hipóteses sobre o
conteúdo da história. Contar a história e assis�r ao vídeo da música cantada.

2. Roda de conversa: sentar em círculo com o grupo e deixar que eles contem sobre a história, suas percepções e
opiniões.
- Fazer perguntas sobre a história: Quem o bolinho encontrou pelo caminho?
- Como o bolinho conseguiu fugir?

3. Propor às crianças que digam a receita de um bolinho e escrever no quadro o texto cole�vo criado por eles; ler o
texto e confirmar se há algum ingrediente faltando; ques�onar também sobre as quan�dades, caso elas não
tenham se atentado a isso.

4. Entregar o texto da receita criado pelo grupo sem o registro das quan�dades e alguns grãos de feijão ou len�lha.
Pedir para que colem a quan�dade de grãos correspondente a quan�dade de cada ingrediente.

5. Proponha um registro por meio de desenho e escrita espontânea da história.

227

227
Analisando o exemplo, temos uma sequência didá�ca simplificada, elaborada de acordo com as premissas
e obje�vos de aprendizagem para educação infan�l, com base em um livro também apropriado para a faixa etária.
O planejamento prevê cinco momentos e poderíamos incluir uma sexta proposta, na qual as crianças fariam a
receita do bolo. Esse foi o primeiro passo.
Analisando
De acordo ocom exemplo, temos uma
a sequência sequência
pensada peladidá�ca simplificada, elaborada de acordo com as premissas
Analisando
e obje�vos de o exemplo,
aprendizagem temos
parana uma
educação sequência
infan�l,
professora, estaremos imersos experiência docom base em um livro também apropriado para a faixa etária.
didática
O planejamento
bolinho simplificada,
por cincoprevê elaborada
dias, cinco
explorando de
momentos acordo com as
e poderíamos incluir uma sexta proposta, na qual as crianças fariam a
as possibilidades
premissas
receita do e objetivos
bolo. Esse de
foi o aprendizagem
primeiro
de aprendizagem. Como podemos avaliar se passo. para educação
ao final
infantil,
dela, comacordo
De
a�ngimos basenossos
emcom um obje�vos?
livro tambémE apropriado
a sequência sepensada
o grupo para
pela
de
a faixa etária.
professora,
crianças O planejamento
nãoestaremos
se envolverimersos comprevê a na cinco momentos
experiência
história, seria um do
bolinho
e poderíamos
contratempo por cinco serdias,
aincluir umaexplorando
contornado sexta proposta,
ou um as possibilidades
na qual as
indica�vo de
de
que aprendizagem.
não devo Como
levar a podemos
sequência
crianças fariam a receita do bolo. Esse foi o primeiro avaliar
adiante? seEm ao final
que
dela,
passo.a�ngimos
momento as falas nossos obje�vos?
das crianças foramE seconsideradas
o grupo de
crianças
para Denão
definir os se envolver
rumos
acordo com a com
da inves�gação? a história,
sequência Ao seriapela
término
pensada um
da
contratempo
sequência, o aque serdevo
contornado ou um paraindica�vo
planejar de
professora, estaremos imersos na experiência doa
considerar
que não devo
con�nuidade doslevar a sequência
conhecimentos adiante? por
produzidos Emessa
que
bolinho por cinco dias, explorando as possibilidades de
momento as falas das crianças foram consideradas
experiência?
aprendizagem.
para definir
PercebaosComo que podemos
rumos odatema avaliar
inves�gação?
se se ao
esgota efinal
Ao dela,
término
não atingimos
deixadarastrosnossos
para oobjetivos?
próximoE trabalho
se o grupocom de crianças não seeenvolver
as crianças muito
com a história,
sequência, o que
provavelmente seria um contratempo
devo considerar
a professora a
fará a escolhaser contornado
parade planejar ouaum indicativo
forma aleatória. Não há desafios a serem superados pelas criançasque
de que não devo levar a sequência adiante? Em e
momento
dessa as falas
maneira,dos
con�nuidade das crianças
nãoconhecimentos foram
há avaliação direcionada consideradas
produzidose eficiente para definir os
por essa possível. rumos da investigação? Ao término da sequência, o que
devo considerar
O segundo
experiência? para planejar a continuidade
movimento, foi ampliar dos conhecimentos
o conceito produzidos por
e as possibilidades deessa experiência?
elaboração das sequências didá�cas,
introduzindo
Perceba
Perceba o conceito
que
queo o temada se
tema transversalidade
esgota
se esgotae nãoedeixa no pensamento
não rastros para o didá�co,
deixa rastros próximo mais
para o trabalhoainda
próximo com a as
centralidade
crianças
trabalho come as dos
muito processos nas
provavelmente
crianças e muito
mãos da professora.
provavelmente
a professora faráaaprofessora
escolha de fará forma a escolha
aleatória.deNão forma aleatória.
há desafios Não há
a serem desafiospelas
superados a serem superados
crianças e dessa pelas crianças
maneira, não háe
dessa Nesse
maneira, momento,
não há o
avaliaçãofoco
avaliação direcionada e eficiente possível. do planejamento
direcionada e eram
eficiente as áreas
possível. do conhecimento forma pela qual estavam
organizadosO
O segundoos obje�vos
segundo movimento,
movimento, defoiaprendizagem.
foi ampliar
ampliar Para
e ascada
o conceito
o conceito e asdia da semana,
possibilidades
possibilidades deuma
de elaboração área
elaboração
das deveria ser contemplada,
das sequências
sequências didáticas, didá�cas,
introduzindo
considerando
introduzindo oum tema por
conceito daquinzena.
transversalidade no pensamento didá�co, mais ainda a centralidade dosdaprocessos nas
o conceito da transversalidade no pensamento didático, mais ainda a centralidade dos processos nas mãos professora.
mãos da professora.
Nesse momento, o foco do planejamento eram as áreas do conhecimento forma pela qual estavam organizados
Nesse momento, o foco do planejamento eram as áreas do conhecimento forma pela qual estavam
osI –objetivos
Tema de
organizados osaprendizagem.
obje�vos dePara cada dia da semana,
aprendizagem. Para cadaumadiaáreadadeveria ser contemplada,
semana, uma área deveria considerando um tema por
ser contemplada,
quinzena.
II- Obje�vo Geral
considerando um tema por quinzena.
III- Obje�vo Específico
IV- Linguagens: Oral e escrita, Matemá�ca, Artes Cênicas, Visuais, Música e Movimento, Relações Sociais,
Ciências
I – Tema Naturais e Sociais e Jogos Infan�s.
II- Obje�vo Geral
III- Obje�vo Específico
IV- Linguagens:
Nesse modo Oraldeepensar
escrita,a Matemá�ca,
sequência, asArtes Cênicas,começaram
professoras Visuais, Música
a ser eformadas
Movimento, paraRelações
pensar nos Sociais,
obje�vos
Ciências Naturais e Sociais e Jogos Infan�s.
antes de pensar nas a�vidades. O maior desafio até hoje encontrado. Como o planejamento era quinzenal, para
cada área do conhecimento, era preciso planejar de duas a três propostas. Portanto, havia uma sequência didá�ca
horizontal e ver�cal. Apesar do grau de complexidade ser maior, as restrições e crí�cas feitas ao modelo anterior
con�nuam Nesse modo de Em
as mesmas. pensar a sequência,
termos as professoras
de formação começaram a ser formadasfoipara pensar nos eobjetivos antes
Nesse modo de pensar a sequência, as con�nuada,
professoras acomeçaram
visão das professoras
a ser formadas se para
ampliando a disposição
pensar nos obje�vos
de pensar
em pensar nasdiferente
atividades. O maiora desafio
aguçou até hoje encontrado. Como o planejamento era quinzenal, para cada área do
antes de pensar nas a�vidades. Ocria�vidade
maior desafio e oatédesejo por mais
hoje encontrado. formação sobre
Como o planejamentoo pensamento didá�co-
era quinzenal, para
conhecimento,
metodológico. era preciso
Durante umplanejar
ano asde duas a três
professoras propostas.
permaneceram Portanto, havia
planejando uma sequência
dessa forma, didática
enquanto
cada área do conhecimento, era preciso planejar de duas a três propostas. Portanto, havia uma sequência didá�ca horizontal
eram e vertical.
formadas
Apesar
para do grau
trabalhar
horizontal de complexidade
com
e ver�cal. projetos. doser
ApesarNesse maior,
de as
período,
grau restrições e críticas
algumas vivências
complexidade feitas
foram
ser maior, asaoessenciais
modelo anterior
restrições para continuam
que
e crí�cas fosse asmodelo
mesmas.
feitaspossível
ao abandonar
anterior
con�nuam Em termos de formação
as mesmas. continuada,
Em termos a visãocon�nuada,
de formação das professoras foi das
a visão se ampliando
professorase afoi
disposição em pensar
se ampliando diferente
e a disposição
aguçou
em a criatividade
pensar diferentee aguçou
o desejoapor mais formação
cria�vidade e o sobre
desejoo pensamento didático-metodológico.
por mais formação Durante umdidá�co-
sobre o pensamento ano as
metodológico. Durante umplanejando
professoras permaneceram ano as professoras
dessa forma,permaneceram
enquanto 228eramplanejando
formadas para dessa forma,
trabalhar enquanto
com projetos.eram
Nesseformadas
período,
para trabalhar com projetos. Nesse período, algumas vivências foram essenciais para que fosse possível
algumas vivências foram essenciais para que fosse possível abandonar essa prática e seguir adiante, uma delas foi a chegada abandonar
das figuras de afeto, e com elas uma das aprendizagens mais importantes: a escuta atenta às falas infantis.

228
228
essa prá�ca e seguir adiante, uma delas foi a chegada das figuras de afeto, e com elas uma das aprendizagens mais
importantes:
importantes: a escutaa escuta
atentaatenta às falas àsinfan�s.
falas infan�s.
O terceiroO terceiro movimento,
movimento, teve teveinícioinício
com com a passagem
a passagem do modelodo modelo de sequências
de sequências didá�cas didá�caspara para pro
projetos
didá�cosdidá�cos individuais,
individuais, ou seja, ou cada
seja, grupo
cada grupodecidia decidia seu tema,
seu tema, mas omas o centro
centro de todos de todos
par�apar�a de uma de carta
uma carta enviadaenviad
por
Tetelo e Tetela (figuras de afeto) como disparadora das curiosidades
Tetelo e Tetela (figuras de afeto) como disparadora das curiosidades infan�s. No início do ano, era elaborada uma infan�s. No início do ano, era elaborada
carta carta
específicaespecífica
O terceiro para
cada cada
paramovimento, grupo. grupo.
teve Três Trêsagrandes
início grandes
com passagem
avanços avanços
do modelo
podem podem
deser ser notados.
sequências
notados. didáticas O primeiro
para
O primeiro projetos
e mais e mais
didáticos importan
importante diz
respeitorespeito
individuais, as crianças
ou seja,escolherem
as crianças escolherem
cada grupo decidia o tema, o tema,
seu tema, o segundo
mas o centro
o segundo é que é
de todosque
entram entram
partiaemde uma em
cenacartacena os territórios
enviada por Tetelo
os territórios de aprendizagem
e Tetela
de aprendizagem (no
modelo modelo
comdeacom
(figuras afeto)acomo
denominação
denominação disparadora
u�lizada u�lizada
das à época).
curiosidades
à época). infantis. No início do ano, era elaborada uma carta específica para cada
grupo.
O quarto O grandes
Três quarto foi o revolucionário,
foi o avanços
mais mais
podem revolucionário,
ser notados. porque
O primeiro
porque conscien�zou
e mais
conscien�zou importante dizorespeito
o professor professor queé ele
as crianças
que ele éeterno
um eterno
escolherem
um tema, aprendiz.
oaprendiz. MuitoM
se falase fala
o segundo
de deéampliar
ampliar que entram osem
os horizontes horizontes das crianças,
cena os territórios
das crianças, poucopouco
de aprendizagem
se fala sede
(no fala
modelodecom
ampliar ampliar o repertório
oa denominação
repertório utilizada
do doà professor
professorépoca).
sobresobre o tema o tem
que
será trabalhado
O quarto foi como maisasrevolucionário,
crianças. Aqui os
porque projetos
conscientizou ganharam
o professorqualidade,
será trabalhado com as crianças. Aqui os projetos ganharam qualidade, porque a visão de mundo dos professores que ele é umporque a visão
eterno aprendiz. de
Muitomundo
se fala dos profes
de ampliar
foi alargada. os horizontes
Essa herança das crianças, pouco se até
permanece fala de
osdeampliar
dias deo repertório
hoje. doéprofessor sobre o tema queum seráprojeto
trabalhado
foi alargada. Essa herança permanece até os dias hoje. Não éNão possívelpossível desenvolver
desenvolver um projeto com criança
com crianças de 4
com as crianças. Aqui os projetos ganharam qualidade, porque a visão de mundo dos professores foi alargada. Essa herança
e 5 anos se o professor não se dispuser a aprofundar seus estudos e pesquisas sobre o tema escolhido. Não éN
e 5 anos se o professor não se dispuser a aprofundar seus estudos e pesquisas sobre o tema escolhido.
permaneceensinar
possível até os dias
onão de hoje.
que não Não é possível desenvolver um projeto com crianças de 4 e 5 anos se o professor não se
se sabe.
possível ensinar
dispuser aAqui
o que
aprofundar
se sabe.
seuséestudos e pesquisas sobre o tema escolhido. Não é possível ensinar o que não se sabe. e interdisciplinar
AquiAqui de de de éfato
fato possível possível
ver e ver e comprovar
comprovar o que oconhecemos
que conhecemos por por transversalidade
transversalidade eacontecendo,
interdisciplinaridade
acontecendo, fato é possível
porque é ver e comprovar
esse o obje�vo o que
ao conhecemos
se trabalhar porcom
transversalidade
projetos. eVeja
interdisciplinaridade
a estrutura dos projetos individua
acontecendo,
porque é esse porque é esse
o objetivo ao oseobje�vo
trabalhar ao comseprojetos.
trabalhar Vejacom projetos.
a estrutura Veja a estrutura
dos projetos individuais. Os dossemanários
projetos individuais.
eram Os
semanários
semanários eram eram planejados
planejados de acordode acordo
com o Nocom o registrado
registrado no projeto. No item II, era obrigatório conter as fala
planejados de acordo com o registrado no projeto. item II, erano projeto.conter
obrigatório No itemas falasII, era obrigatório
das crianças conter as falas das
para comprovar
criançascrianças para comprovar que o tema escolhido era realmente de interesse do grupo e direcionar os trabalh
que para
o temacomprovar
escolhido eraque o tema
realmente escolhido
de interesse era realmente
do grupo e direcionar os detrabalhos
interesse do grupo
de pesquisa e direcionar os trabalhos
do professor. de
pesquisa
pesquisa do professor. do professor.

I - Denominação VII - Espaços


VII - Espaços escolares/A�vidades
escolares/A�vidades
I - Denominação
II - Jus�fica�va
II - Jus�fica�va - Sala-de Sala de leitura
leitura
III - Período
III - Período de realização
de realização - Sala-de Sala de registro
registro
IV - Obje�vo - Cozinha experimental
IV - Obje�vo GeralGeral - Cozinha experimental
V - Obje�vos Específicos - Ludoteca
- Ludoteca
V - Obje�vos Específicos
VI - Fases - Quadra- Quadra
VI - Fases
1ª - Sensibilização
1ª - Sensibilização - Sala-de Sala de Artes
Artes
2ª - Ampliação de repertório - Informá�ca
- Informá�ca Educa�vaEduca�va
2ª - Ampliação de repertório
3ª - Envolvimento da família - Horta - Horta
3ª - Envolvimento da família
4ª - Festa VIII - Resultado
VIII - Resultado / Avaliação
/ Avaliação
4ª - Festa
AindaAinda não havia
não havia a obrigatoriedade
a obrigatoriedade do registro
do registro constante constante das infan�s
das falas falas infan�s durante durante o desenvolvimen
o desenvolvimento do
projeto, Ainda
mas não havia
isso foi a obrigatoriedade
incorporado do
como registro
uma constante
necessidade das falas
e osinfantis durante
projetos foramo desenvolvimento
sendo do
direcionados projeto,pelas crianç
projeto, mas isso foi incorporado como uma necessidade e os projetos foram sendo direcionados pelas crianças no
mas isso foi ano
segundo incorporado
após acomo uma necessidade
adoção dessa e os projetos foram
metodologia sendo direcionados
de trabalho. Ohoje pelas crianças
que éhoje no segundo ano
é imprescindível após
pedagogicament
segundo ano
a adoção dessa
após a adoção
metodologia
dessa
de trabalho.
metodologia
Oes�mulante
de trabalho.
que hoje é imprescindível
O que
pedagogicamente,
imprescindível
no passado
pedagogicamente,
foi uma edescoberta
no
passado passado foi uma
foiestimulante
uma descoberta descoberta muito
muitodees�mulante para as equipes de profissionais da escola não uma imposição
muito para as equipes profissionais daparaescolaaseequipes de profissionais da escola e não uma imposição.
não uma imposição.
No
No momento momento seguinte, a Pedagogia da Provocação foi ins�tucionalizada. Era preciso ensinar a pergun
No momentoseguinte,
seguinte, aaPedagogia
Pedagogia da Provocação
da Provocação foi ins�tucionalizada.
foi institucionalizada. Era preciso ensinarEra preciso
a perguntar ensinar
ao invés a de
perguntar ao
invés darinvés
deasdar de dar as
as respostasrespostas e foi esse o exercício feito para apurar o pensar e o fazer docente, conforme sug
respostas e foi esse eo exercício
foi essefeito o exercício
para apurarfeito para
o pensar e oapurar o pensar
fazer docente, e o fazer
conforme sugere docente,
o modelo que conforme
segue. sugere o
modelo
modelo queOsegue. que segue.
projeto continuava a ser individual e apenas algumas ações coletivas pontuais eram desenvolvidas durante o ano.
O O projeto
projeto con�nuava
con�nuava serade ser individual e apenas algumas ações cole�vas pontuais eram desenvo
Elas estavam ligadas, sempre, às a figuras individual e apenas
afeto. A equipe gestora ealgumas
as professoras ações
criavamcole�vas
situações pontuais
que pudessem eram desenvolvidas
mobilizar
durante durante
o ano.
a escola
o ano.
para questões
Elas
Elas estavam estavam
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planejamento semanal.semanal.

229
229 229
I - Situação Problema: qual o problema que seu grupo quer resolver? Qual situação será investigada ou qual o interesse do
grupo relacionado ao projeto que merece investimento? Transforme suas respostas em uma pergunta a ser respondida pelo
seu trabalho e pelas crianças.

II - Objetivos gerais: escolhidos do quadro de referência (parte I), mediante as necessidades do grupo de crianças. O que suas
crianças precisam aprender para encontrar respostas à pergunta inicial?

III - Objetivos específicos: escolhidos do quadro de referência (parte II), mediante as necessidades do grupo de crianças. O
que suas crianças precisam aprender para encontrar respostas à pergunta inicial?

IV - Conteúdos: relacionar os conhecimentos do projeto e que você, professora, terá que aprofundar seus estudos para
responder à pergunta inicial.

V – Provocações: relacionar os materiais e recursos resultantes de suas pesquisas que deverão chegar às crianças como
provocações para mobilização, espanto, ampliação de repertório ou conclusões transitórias sobre o novo conhecimento:

- Vídeos
- Livros de história
- Obras de arte
- Músicas
- Poesias
- Artigos de vários meios de comunicação
- Brincadeiras e jogos
- Objetos
- Pesquisas e gráficos

VI - Proposta de trabalho: diante da provocação feita, descreva sua proposta de trabalho detalhadamente.

VII - Desafio: descreva qual o desafio que a criança terá que vencer e você observar.

VIII - Ações:

a) Nos territórios de aprendizagem: propostas de trabalho conforme linha do tempo e espaços

b) Parcerias: com quem você pretende socializar conhecimentos, partilhar eventos e quais equipes escolares serão
envolvidas em diferentes momentos do percurso de seu grupo.

IX - Envolvimento das famílias: descreva de que forma você envolverá as famílias (ações).

X – Cidade Educadora: descreva o evento externo e seus objetivos

230
A evolução dessa forma de pensar é a que encontrei quando cheguei à EMEI Nelson Mandela e que outras vozes
detalham tão bem em textos que compõe esse livro. Vou descrevê-la, brevemente, para finalizar a minha análise, porque
acredito ser importante registrar o quanto aprendi ouvindo as experiências vividas por antigas professoras da escola e o
quanto avalio como desafiadora a atual forma de organizar o pensamento didático por meio de projetos.
Grandes avanços foram conquistados nesse momento histórico da escola. A partir daqui o pensar pedagógico não
era prerrogativa docente ou da gestão, passou a ser da comunidade de aprendizagem inteira. Todos eram levados em
consideração na hora de definir os rumos do projeto e, portanto, definir o que era importante para nossas crianças.
A escrita rígida, inicialmente das sequências didáticas e depois dos projetos individuais, garantiu a formação docente
durante bons anos para que chegássemos as formas de pensar e fazer que hoje garantem a qualidade da educação desejada
por todas e todos os mandelenses, como segue:

- Registro das falas infantis do ano anterior que não puderam ser atendidas.

- Levantamento das necessidades das crianças sob a ótica dos professores e das famílias.

- Definição do tema central do projeto considerando os anseios da comunidade educativa.

- Criação de enredo de uma aventura de férias para a Família Abayomi que sirva de cenário para atender às
falas e o tema escolhido.

- Desenho coletivo do esqueleto do projeto contendo o tema, subtemas, provocações e ações coletivas com
as figuras de afeto.

As etapas de elaboração que antecedem o projeto podem parecer simplistas, mas estão baseadas na teoria do
pensamento complexo de Edgar Morin. A complexidade e a interseccionalidade vão sendo tecidas na medida e que os temas
vão surgindo e as conexões entre as diversas áreas do conhecimento surgem e a vida no planeta acontece. Não à toa que
o planejamento e o registo dos processos do projeto é que foram ganhando cada vez mais detalhamento durante os anos
e não a definição antecipada do projeto ou seus resultados transitórios. Tanto o planejamento como os seus processos de
elaboração estão bem detalhados por outras vozes desse livro e demonstram o grande ganho que foi para a coletividade o
pensar pedagógico não ter como ponto de partida, apenas a visão da professora ou do professor.
Aqui, paro para contar um diferencial em termos de formação continuada. Você já ouviu falar em formação
individualizada de professores para atender suas necessidades específicas? Pois bem, eu só fui capaz de escrever esse texto
com tanta propriedade, detalhando o que não vivi, porque a gestão pedagógica da escola agendou vários horários para
me explicar todos esses processos de trabalho, seus prós e contras e as tomadas de decisão que foram necessárias para as
mudanças de rumo. Isso se deu, porque fizemos uma revisão completa no Projeto Político-Pedagógico da escola e para que
eu me sentisse segura e participasse, precisei conhecer os detalhes dessa história.
Além de aplacar as curiosidades docentes, uma das características das formações da escola é ser essencialmente
prática. A ideia é se arriscar experimentando, avaliar e abraçar o que deu certo e seguir, olhar para frente sem esquecer o
que foi construído por todas e todos que pisaram no chão da escola e planejar juntas o que se pode melhorar.

231
e melhorar.
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o caminho percorrido por inúmeros profissionais que eu �ve a sorte de conhecer, que eu �ve a
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de sucesso.

Ah moleque, assim que é meu filho, assim


“Ah moleque, assim que é meu filho, assim
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Eu me desenvolvo e evoluo com meu pai”
u me desenvolvo e evoluo com meu filho pai
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u me desenvolvo e evoluo com meu filho pai”
u me desenvolvo e evoluo com meu pai”
Musica: Loadeando
Musica: LoadeandoCompositor : Marcelo D2
Musica:
ompositorLoadeando
: Marcelo D2
Musica:
ompositorLoadeando
: Marcelo D2
ompositor : Marcelo D2

232

232
Outras Vozes A responsabilidade da branquitude
na construção de uma educação
antirracista e plural
Cibele Araujo Racy Maria

Começo com um convite e o desejo de mobilizar firmes e dispostas/os para inovar e renovar a visão de
todos os sentidos de quem está comigo nessa jornada de mundo para além do que nos ensinaram ser possível.
ouvir todas as vozes desse livro e a minha por mais uma Será que existe alguma possibilidade de nós,
vez. brancas/os, sem nenhum tipo de formação específica,
Ler, ouvir, escrever e pensar sobre o racismo e em não sermos racistas? Talvez possamos descobrir algumas
formas de como combatê-lo é “uma questão de manter respostas possíveis nesse texto e darmos os primeiros
a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo”, passos sobre o que seja antirracismo.
recorrendo ao mantra do talentoso compositor Walter Repito, os primeiros passos, porque não se pode
Franco. É também abandonar o lugar confortável e ficar depender, única e exclusivamente, da formação que
inquieta/o, quando descobrimos que pouco sabemos recebemos na escola em que trabalhamos, na instituição
sobre nossa própria história. Nada do que segue deve ser em que estudamos, nos textos que buscamos em nossas
lido uma única vez. Com o coração aberto, é preciso se pesquisas e nesse livro de poucas páginas. Adotar
deixar levar pelas provocações, sem resistências. Estar práticas antirracistas requer movimento de quem quer
disponível para compreender cada palavra como uma aprender. Elas nos exigem sair da passividade e da zona
oportunidade de aprendizagem e não como um ataque que a nossa branquitude confortavelmente nos instalou.
às defesas pessoais, é um bom começo para iniciarmos a Nós, professoras, professores e pessoas interessadas
leitura desse texto. em transformar a realidade em que vivem, precisamos
Percebi que a minha visão de mundo estava protagonizar a ampliação do nosso repertório, buscando
mudando toda vez que me sentia incomodada. Esse fontes confiáveis de informação, não imputando às
desconforto do “não saber” ou da indignação do pessoas negras a responsabilidade por nossa formação.
“como não percebi isso antes” faz parte do processo de Não podemos nos contentar com a teoria, é preciso
conscientização que quero provocar e é o primeiro sinal provar e comprovar o que dizem os teóricos. Esse foi o
de que ele começou. caminho que adotamos para iniciar os trabalhos na EMEI
Ao entrarmos em contato com propostas Nelson Mandela para vencer a negação sobre o racismo.
de discussão sobre o racismo, a primeira e grande É pouco provável, para não dizer impossível, não
aprendizagem é não acionarmos os nossos mecanismos sermos racistas tendo nascido e sendo criadas/os por uma
de negação. É liberar a nossa capacidade de indignação sociedade regida pelo racismo estrutural. Aprendemos
com as injustiças, inclusive aquelas que fomos capazes de que sobre o racismo não se fala, e quando o assunto
cometer ou, o que é ainda pior, aquelas que sustentamos sai a palavra de ordem é dizer que se é contra. Está
há séculos. provado que ser contra o racismo é apenas um discurso
O convite é para cultivarmos o desejo de driblar que aprendemos desde que nascemos e que isso não é
tudo o que nos impeça de assumir o compromisso íntimo suficiente e jamais será para pôr fim às desigualdades
e intenso de transformação. É, na verdade, fazer um pacto que marcam séculos de injustiças e políticas perversas
silencioso de exposição diante do espelho de tudo que e desumanas direcionadas ao povo negro. Portanto, isso
tentamos camuflar e, ao mesmo tempo, mantermo-nos não basta. Isso é quase nada.

233
O racismo é um projeto de sociedade, é uma filosofia de vida da raça branca para criar e perpetuar a ideia de sua
supremacia. Parece forte demais para os primeiros parágrafos de um texto? Discordo, essa objetividade na fala e na escrita
é necessária, assim como é essencial que criemos, a partir daqui uma nova postura diante de quem somos e da vida repleta
de privilégios que levamos, pelo simples fato de termos a pele branca.
O que é o antirracismo para você? Quando me deparei com essa pergunta durante minha participação em um
evento, por um segundo entrei em pânico acreditando que seria uma resposta quase impossível de formular. Em segundos,
revi vários conceitos que continuo aprendendo nesses últimos anos. Tentei organizar didaticamente minha resposta. Sorte
que a pergunta solicitava a minha visão sobre antirracismo e não o que se pensava sobre isso de forma genérica ou sob a
ótica de algum pensador da atualidade. Encontrei um território seguro, porque aprendi, não antes sem sofrer, que todas e
todos têm seu lugar de fala.
Para mim, antirracismo não é uma faixa que se pode colocar no peito e ostentar. Não é adjetivo que se possa usar
em um currículo. Não é uma qualidade, é um dever.
Antirracismo é ação, é a prática que combate os efeitos do racismo em qualquer instância em que ele ocorra. Essa
ação de enfrentamento aos efeitos das injustiças e desigualdades adquire formas diferentes a depender do contexto em
que ocorrem e, mais importante, a quem envolvem, portanto, podemos, mesmo que para efeitos exclusivamente didáticos,
diferenciá-las em três níveis: o primeiro em que o sistema detecta desigualdades e cria políticas públicas de reparação como
no caso das cotas(ações afirmativas), o segundo em que um grupo se organiza para enfrentamento do racismo como no
caso de ONGs, grupos dentro das empresas e mesmo uma escola como a EMEI Nelson Mandela e o terceiro, e não menos
importante, é aquele que gera um movimento interno de reconhecimento que ocorre da pessoa com ela mesma e sem o
qual nenhuma prática antirracista é possível. Para sermos capazes de práticas antirracistas, precisamos, em primeiro lugar,
nos reconhecermos racistas. Não há outro caminho a percorrer, a não ser o do autoconhecimento com uma boa dose de
humildade. O caminho para esse processo, requer outros conhecimentos, em especial, da história construída pela raça
branca para que chegássemos até aqui.
Uma história e conhecimentos construídos pela humanidade que necessitam de uma leitura cuidadosa e crítica.
Por exemplo, você sabia que está na internet para qualquer um acessar que há um gene com nome e sobrenome
que justificaria a dificuldade para os homens serem fiéis ou ainda que justifica que nós, mulheres somos péssimas no volante,
porque o nível de testosterona, desde a pré-história, auxilia o homem a achar com mais facilidade o caminho de volta para
casa, portanto o senso de direção?
O conhecimento, as teorias e seus resultados dependem, inclusive, de quem decide investir recursos para pesquisas
dessa natureza, assim como dependemos dos historiadores para conhecer as histórias dos nossos antepassados. Hoje em
dia, o conhecimento depende também da capacidade do sujeito aprendiz em filtrar algumas informações.
Nada mais comum do que classificar as coisas e formular alguns padrões para organizar nossos pensamentos, a
ciência nos facilita a vida, mas não foi isso que aconteceu quando os brancos criaram o conceito de raças. Com o tempo o
que era apenas para organizar a população em categorias começou a ganhar outros contornos.
Se, em princípio, eram as características físicas a determinar a raça, ou seja, a cor da pele, juntou-se a esse critério
o aspecto físico, as capacidades e habilidades emocionais, intelectuais, cognitivas e culturais, colocando os brancos em
superioridade como sendo os mais bonitos, mais criativos e mais inteligentes.
Colocou a raça branca como modelo a ser desejável, como ser absoluto e centro das relações e do poder.

234
M
Digo que a confiança na ciência e nos seus postulados
depende, porque Digo queela, aem determinados
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Algunsproduziu inverdades
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Alguns
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nos fez assistir, inúmeras vezes, poruma perpetuar
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ideologia que nos fez assis�r, por inúmeras
desumanização em que foi possível ouvir o pedido insistente vezes, umade cena de

E
desumanização
um homem negro, emem vão,que
até afoisua
possível
morte. ouvir o pedido insistente
de um homem negro, em vão, até a sua morte.
Somos as mesmas pessoas que se mostram sensíveis
Somos as mesmas pessoas que se mostram sensíveis
diante do sofrimento de George Floyd e indiferentes ao fato de
diante do sofrimento de George Floyd e indiferentes ao fato
que, no
de Brasil,
que, no 78% dos mortos
Brasil, 78% dos pelamortos
polícia pela
em 2020 foram
polícia emnegros.
2020 foram
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negros.

M
me foram apresentados
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exemplos que fiz e compartilho
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ilustrar
meoforamprocesso de desumanização
apresentados em cursos sofrido
que fiz háeséculos pelo para
compar�lho
povoilustrar
negro. oComo processo
a grandede desumanização
maioria, eu aprendi sofrido há séculos
na escola uma pelo
versãopovo negro. Como
embranquecida a grande
da história do maioria,
mundo e eu aprendi
do meu país.na
Aoescola
uma versão
conhecer a históriaembranquecida da história foi
escondida, o sentimento do omundo e do meu
de revolta
país. Ao conhecer a história escondida,
contra a educação que recebi, capaz de me negar o direito de o sen�mento foi o de

Ó
revolta
conhecer contra
alguns fatosa históricos
educaçãorelevantes
que recebi, paracapaz
que eudepudesse
me negar o
direito dea minha
compreender conhecer alguns fatos históricos
contemporaneidade, relevantes para
minha branquitude
que eu pudesse compreender a minha
e as raízes racistas em que ela foi fundamentada. Na época, contemporaneidade,
minha branquitude e as raízes racistas em que ela foi
responsabilizei as escolas de elite branca pelas quais havia
fundamentada. Na época, responsabilizei as escolas de elite
passado, mais tarde descobri que essa realidade é replicada em
branca pelas quais havia passado, mais tarde descobri que “...A iden dade negra fica confinada às
todas as instituições de ensino (racismo institucional) até hoje.

R
essa realidade é replicada em todas as ins�tuições de ensino surradas categorias do ritmo, do esporte,
A existência
(racismo da manipulação
ins�tucional) até hoje. do conhecimento para do vestuário e da culinária, e pareceque
perpetuação do racismo e da
A existência dasupremacia
manipulação branca é coisa antiga. para
do conhecimento as a vidades intelectuais, polí cas,
Somos frutos de umadohistória
perpetuação racismomal contada.
e da supremacia branca é coisa econômicas, técnicas e tecnológicas não
an�ga.
ComoSomos frutos
primeira de uma história
informação, cito amal contada. da
categorização estão a seu alcance. Assim, a criança de
espécie humana Como primeira
e suas informação,
características feitacito
por aCarlcategorização
Linnaeus, da origem africana tende a não inden ficá-
em 1767, em sua obra “Sistema da Natureza”, baseadas Carl
espécie humana e suas caracterís�cas feita por Linnaeus,

I
em suas las como áreas de aspiração,
em 1767,
observações em comum):
(senso sua obra “Sistema da Natureza”, baseadas em reproduzindo, ela própria, a imagem
suas observações (senso comum): excludente implícita na versão da história
- Homo
- Homo sapienseuropaeus:
sapiens Branco,sério,
europaeus:Branco, sério, forte.
forte.
que lhe é passada“.
- Homo
- Homo sapiensasia
sapiens asiaticus: Amarelo,melancólico,
cus: Amarelo, melancólico, avaro.
- Homo
- Homo sapiens
sapiensafer:
afer:Negro,
Negro,impassível,
impassível,preguiçoso.
preguiçoso. Senador Abdias Nascimento
- Homo sapiens americanus: Vermelho,
- Homo sapiens americanus: Vermelho, mal-humorado, mal-humorado,

A
violento. Fonte:
violento.
A ciência além de hierarquizar, desumanizou o negro www12senado.leg.br/no cias/especiais/
com A ciência além de mas
suas teorias, hierarquizar,
não foidesumanizou
a classificação o negro
em comraças que
suas criou
teorias, mas não foi a classificação em raças que criou o arquivo-s/senador-abdias-nascimento-
o racismo, ele já exis�a muito antes dela. uma-vida-dedicada-a-luta-contra-o-
racismo, ele jáDocumentos
existia muito de antes
1733dela.registram uma frase racista de
racismo
Voltaire diante de
Documentos de 1733
uma registram
obra de arte: uma “A fraseraça negradeé uma
racista
Voltaire diante de uma obra de arte: “A raça negra é uma espécie

235
humana tão diferente da nossa quanto a raça de cachorros spaniel

C
é dos
espécie galgos...”
humana tão diferente da nossa quanto a raça de
cachorros spanielO racismo e o preconceito baseados na ciência ou a
é dos galgos...”
ciência como instrumento de baseados
O racismo e o preconceito perpetuação nadociência ou tem
racismo a um

O
“Eu sei que o meu corpo te incomoda ciêncianome:
comoeugenia
instrumento de perpetuação
que, segundo o dicionário,doconsiste
racismo emtemuma série
Sinto muito, o azar é seu um nome: eugenia que, segundo o dicionário, consiste
de crenças e práticas cujo objetivo é o de melhorar a qualidade em
Abre o olho, eu tô na moda uma série de crenças e prá�cas cujo obje�vo é o de melhorar
genética da população. No nosso caso, a supremacia branca, tal
E quem manda em mim sou eu a qualidade gené�ca da população. No nosso caso, a

R
qual pensou Hitler.
Eu, eu” supremacia branca, tal qual pensou Hitler.
Um outroUm outro dado histórico
dado histórico relevanterelevante é a justificativa
é a jus�fica�va
pseudocientíficadedeinferiorizar
pseudocien�fica inferiorizar o povoo povo negronegro
em comparação
em
Música: Quem sabe sou eu
comparação ao povo europeu, ilustrada na obra “Tipos de dos

P
Intérprete: Iza ao povo europeu, ilustrada na obra “Tipos de Humanidade”
Composição: Gabriel Moura/Leandro Humanidade”
autores Josiahdos Nott
autores Josiahe No
(1804-1873) George(1804-1873)
Glidon (1809 –e 1857).
Fab/Pre nha a Serrinha/Rogê George Glidon
Nela, eles (1809
comparam– 1857).
o povoNela, eles acomparam
branco uma esculturao povo
grega e o
branconegro
a uma escultura grega
ao cérebro de um chipanzé. e o negro ao cérebro de um

O
chipanzé.
Não nos Nãofaltam
nos faltam
exemplos exemplos ou contextualizações
ou contextualizações de de
um passado
um passado remoto remoto ou recente
ou recente para ilustrar
para ilustrar de quedeforma
que forma
o o
sentimento
sen�mento de superioridadefoifoipermeando
de superioridade permeando asasrelações
relaçõeshumanas

R
humanase seeinfiltrando
se infiltrandono pensamento
no pensamento do povodo branco, do qual faço
povo branco,
do qual faço parte, a tal ponto de ter se tornado
parte, a tal ponto de ter se tornado a regra de dominação a regra de e
dominação e opressão mais longa e ininterrupta
opressão mais longa e ininterrupta da história. da história.

E
Ao ouvirmos falar sobre supremacia branca, logo
Ao ouvirmos falar sobre supremacia branca, logo
estabelecemos uma relação com as atrocidades nazistas
estabelecemos
ocorridas há 75 anos.uma Essarelação
relação com com as umaatrocidades
história tãonazistas
“As trancas, as correntes, a prisão do ocorridas
distante há 75 anos.
é confortável, Essa relação
porque com uma história tão
nos desresponsabiliza peladistante

I
corpo outrora… é confortável,
sua existência porque nos desresponsabiliza pela sua existência
no presente.
Evoluíram para a prisão da mente agora noPara
presente.
aproximar essa realidade dos dias atuais, trago
Ser preto é moda, concorda? Mas só no a pesquisa daPara antropóloga
aproximarAdriana Abreu Magalhães
essa realidade Dias, trago
dos dias atuais,
visual

D
da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)
a pesquisa da antropóloga Adriana Abreu Magalhães Dias, da que indica
Con nua caso raro ascensão social a existência, no Brasil, de 334 células de grupos neonazistas
Tudo igual, só que de maneira diferente Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) que indica a
em a�vidade que se dividem entre hitleristas, supremacistas
A trapaça mudou de cara, segue existência, no Brasil, de 334 células de grupos neonazistas em
brancos, separa�stas e de negação do Holocausto. São Paulo

A
impunemente lidera atividade
o rankingque comse 99
dividem
células,entre hitleristas,
seguido porsupremacistas
Santa Catarina brancos,
As senzalas são as an -salas das com 69,separatistas
Paraná com e 66de enegação
Rio Grande do Holocausto.
do Sul com 47. São Paulo lidera o
delegacias ranking
Se porcom 99 células,pode
um segundo seguido por Santa
se pensar, Catarina
diante dessescom 69,
Corredores lotados por seus filhos e dados,Paraná comé66pouco
e Rio Grande do Sul com 47.

D
que isso e não representa o Brasil, temos
filhas…” mais um exemplo da segundo
ideologiapode racista agindo em desses
nosso dados,
Se por um se pensar, diante
modo que
de analisar a realidade e minimizar o
isso é pouco e não representa o Brasil, temosabsurdo de ainda
mais um
Música: Carta à a Mãe África termos manifestações neonazistas em nosso tempo e
exemplo da ideologia racista agindo em nosso modo de analisar a

E
Compositor: GOG espaço. O pensamento racista é capaz de invisibilizar as
realidade e minimizar o absurdo de ainda termos manifestações
esta�s�cas do extermínio do povo negro, normalizar
neonazistas
pichações nazistasempelosnossomuros
tempodae cidade
espaço.eOchamar
pensamento
crimesracista é
capaz de invisibilizar as estatísticas do extermínio do povo negro,

236
normalizar pichações nazistas pelos muros da cidade e chamar

M
crimes de
de ofensas.
ofensas.
O racismo O racismo não é pra�cado,
não é praticado, apenas, porapenas, por extremistas
extremistas e não e
não acontecem, apenas, quando
acontecem, apenas, quando ganham manchetes. O racismo é ganham manchetes. O

U
racismo é silencioso e su�l para quem o sustenta e devastador
silencioso e sutil para quem o sustenta e devastador para quem
para quem é ví�ma.
é vítima.
É inegável, portanto, quer seja pela comprovação
histórica, portanto,
É inegável, quer pelasquerdesigualdades
seja pela comprovação histórica, entre
que persistem

S
quer pelas desigualdades
brancos e negrosque persistem entre
a necessidade debrancos
polí�cas e negros a
reparadoras às
necessidade de políticas
injus�ças reparadoras
perpetradas às injustiças
ao povo negro.perpetradas
Portanto, as ao prá�cas
an�rracistas
povo negro. Portanto,se as cons�tuem em uma
práticas antirracistas se obrigação
constituem de em todas e
“Cada negro que for
uma obrigação de todas e todos sem distinção de cor, raça, credo, ou de
todos sem dis�nção de cor, raça, credo, sexo, idade
Mais um negro virá

I
qualquer
sexo, idade ou de outra natureza.
qualquer outra natureza.
Para que não reste dúvida, falta a afirmação de que Para lutar
Para que não reste dúvida, falta a afirmação de que Com sangue ou não
vivemos sob os princípios construídos por nossa branquitude.
vivemos sob os princípios construídos por nossa branquitude. Com uma canção
O racismo criado para manutenção do poder entre os brancos
O racismo
nãocriadoestápara manutenção às do poder entre os brancos pela

C
circunscrito células monitoradas Também se luta irmão
não está circunscrito às
pesquisadora dacélulas
UNICAMP.monitoradas pela pesquisadora
Ele está escamoteado em cada lar, Ouvir minha voz
da UNICAMP. Ele está escamoteado em cada lar, em
em cada escola e em cada empresa. Ele define pensamentos, cada escola Luta por nós“
e em cada empresa. Ele define
comportamentos pensamentos,
e a lógica social quecomportamentos
é replicada por cada

A
e a lógica social que
branco é replicada
e branca que porainda,
cada branco
por euma brancaquestão
que de Música: Homenagem à
amadurecimento
ainda, por ou não querer,oupor
uma questão de amadurecimento nãodesconhecimento,
querer, por Mar n Luther King
comodidadecomodidade
desconhecimento, e manutenção de privilégios,
e manutenção con�nua a negar
de privilégios, Compositor: Wilson Simonal
sua existência.
continua a negar sua existência.

L
Os efeitos da branquitude estão estampados por onde
Os efeitos da branquitude estão estampados por onde
quer que a gente passe, mas para enxergá-los é preciso ter um
quer que a gente passe, mas para enxergá-los é preciso ter um
olhar refinado e afinado com o desejo de mudança. No Brasil,
olhar refinado
não há ecamposafinadode com o desejo de que
concentração mudança. No Brasil,aos mais
materializem,

I
não háincrédulos,
campos deaconcentração
existência doque materializem,
racismo, aos mais vielas,
mas há territórios:
incrédulos,
becos, a existência
ruas, favelasdo eracismo,
complexos.mas Há,
há territórios: vielas, outros
em contrapar�da “Passageiro do Brasil, São
becos, territórios
ruas, favelasque e complexos.
negam a Há, em contrapartida
presença do negro eoutros que servem Paulo, agonia
territórios
como que sinalizadores
negam a presença da do negro e que
dimensão dasservem como
desigualdades. As Que sobrevivem em meio às

D
consequências do racismo nosso de
sinalizadores da dimensão das desigualdades. As consequências do todos os dias, é honras e covardias
racismoigualmente
nosso de todoscruel seé comparado
os dias, igualmente cruel àquelas prá�cas que
se comparado Periferias, vielas, cor ços
àquelasre�raram
práticas que a humanidade, demonizaram
retiraram a humanidade, a fé, determinaram
demonizaram a fé, a Você deve tá pensando: O
morte e usurparam toda a dignidade de um povo, sob o que você tem a ver com

A
determinaram a morte e usurparam toda a dignidade de um povo,
comando nazista. A cegueira sele�va, o silêncio e a negação isso?”
sob o comando nazista. A cegueira seletiva, o silêncio e a negação
repetem uma atrocidade já vivida. Portanto, não podemos
repetem uma atrocidade já vivida. Portanto, não podemos fugir
fugir ou criar argumentos para aquilo que promove a
ou criardesvalorização
argumentos para Música: Negro Drama
do aquilo que promove
povo negro a desvalorização
e dos povos originários.

E
do povo negro eSedos povos originários.
ouvirmos atentamente os relatos de mulheres e
Intérpretes: MC Racionais
Se ouvirmos
homens negros atentamente os relatos
sobre as passagens de mulheres
de suas vidas em eque a cor Compositores: Mano Brown /
homensde negros sobre
sua pele as passagens
definiu de suas
a qualidade vidas
das em que a cor
experiências que deviveram, Edy Rock
sua pele definiu a qualidade das experiências que viveram, a escola

237
é o primeiro lugar que lhes traz as lembranças mais sofridas. Não

C
“Estar em estado de liberdade é estar é possível,
a escola então,lugar
é o primeiro ficarmos
queindiferentes
lhes traz asàlembranças
indiferença da educação
mais
em estado de existência na paz, mas só no trabalho
sofridas. Não é com essas realidades.
possível, então, ficarmos indiferentes à
se consegue esse estágio quando a luz indiferença da educação
Devemos no trabalho
assumir com essasarealidades.
o enfrentamento esse problema, em

I
interna está acesa, límpida e conectada Devemos assumir o enfrentamento
especial ao fato de que as mulheres e mulheres negras a esse
sofrem de
com a verdade, sabedoria, problema, em especial ao fato de que as mulheres e
forma mais intensa esses efeitos pelo sexismo, opressão e níveis
compromisso, tolerância e respeito ao mulheres negras sofrem de forma mais intensa esses efeitos
de pobreza. Precisamos ficar atentas e atentos para detectar a
pelo sexismo, opressão e níveis de pobreza. Precisamos

R
próximo.”
presençaedesses
ficar atentas atentosfatores
paranodetectar
chão dasa escolas,
presença desde a primeira
desses
Autora: Eliane Po guara infância,
fatores no chão querdasna convivência
escolas, desdeentre meninosinfância,
a primeira e meninas,
querquer no
tratamento que
na convivência os adultos
entre dão a eelasmeninas,
meninos e eles. quer no

C
tratamento que os adultos
Enquanto dão a elascom
estudávamos e eles.
nossas crianças a biografia
Enquanto estudávamos com
de Nelson Mandela, surgiu uma inquietação nossas crianças
depois aque as
biografia de Nelson Mandela, surgiu uma inquietação
crianças começaram a falar que a sua luta tinha acabado com o

U
“A mulher negra é a síntese de duas depois que as crianças começaram a falar que a sua luta
opressões, de duas contradições regime segregacionista na África do Sul. Lançamos um desafio
�nha acabado com o regime segregacionista na África do
essenciais: a opressão de gênero e a de para as professoras
Sul. Lançamos um desafio em um momento
para de estudo:em
as professoras seráumque aqui,
raça. no Brasil,
de existe apartheid? Não aqui,
foi difícil
nochegar
Brasil,a um consenso.

L
momento estudo: será que existe
Isso resulta no po mais perverso de Sim, existe.
apartheid? Não foiEledi�cil
se traduz nos “nãos”
chegar para as vagas
a um consenso. Sim,deexiste.
emprego, na
confinamento. Ele se“ausência”
traduz nos de afetos
“nãos”naparaescola
aspara
vagas as crianças negras,na
de emprego, no chão
Se a questão da mulher avança, vem o “ausência”
frio dasderuas,
afetos
na na escola
frieza para as crianças
dos cuidados médicos negras,
as mãesno negras e

A
racismo e barra as negras. chão frio das ruas, na frieza dos cuidados médicos as mães
seus filhos negros que ainda nem nasceram.
Se o racismo é burlado, geralmente negras e seus filhos negros que ainda nem nasceram.
quem se beneficia é o homem negro. Basta olharmos para os lados e fazermo-nos as seguintes
Basta olharmos para os lados e fazermo-nos as
perguntas: Onde estão os negros nesse restaurante que

R
Ser mulher negra é experimentar essa seguintes perguntas: Onde estão os negros nesse
condição de asfixia social” frequentamos? Onde estão eles e elas na loja que compramos? E
restaurante que frequentamos? Onde estão eles e elas na
nesse
loja que mercado e naE rua
compramos? em que
nesse moramos?
mercado e na rua em que
Sueli Carneiro

I
moramos? O racismo e o preconceito não se manifestam apenas no
Fonte: O racismo e onaquilo
preconceito nãosesefazmanifestam apenas
h ps://www.facebook.com/nucleobeatriznascimen
que se faz, mas que não ou naquilo que se impede
to/ no quequese ofaz, mas naquilo que não se faz ou naquilo
povo negro, indígena e a comunidade LGBTQIA+ façam que se ou
impede que acesso.
o povo negro, indígena e a comunidade

D
tenham
LGBTQIA+ façam ou tenham acesso.
“O processo de tomar hormônios me O racismo não acontece quando pensamos nele. Ele
O racismo não acontece quando pensamos nele. Ele
causava conflitos. Eu nha medo do acontece em todas as nossas ações e reações.
acontece em todas as nossas ações e reações. Ele Ele
faz faz parte de
parte

A
que as pessoas iriam pensar,
de nós,nós, da nossa
da nossa visão
visão dede mundo.
mundo.
principalmente, o que as mulheres
AindaAinda
em horários de formação,
em horários as provocações
de formação, não não
as provocações
iriam pensar de mim. Mas resolvi
paravam. Fazíamos
paravam. algumas
Fazíamos algumasperguntas
perguntas ee afirmações
afirmações queque
deveriam
acreditar que, independente do que eu

D
deveriam ser respondidas apenas com sim ou
ser respondidas apenas com sim ou não, para compararmos os não, para
fosse, não me faltaria afeto.”
compararmos os resultados. Uma dinâmica simples, apenas
resultados. Uma dinâmica simples, apenas para comprovação
para comprovação de uma realidade conhecida, mas que na
Samantha Winter de uma realidade conhecida, mas que na maioria das vezes é
maioria das vezes é negada ou providencialmente

E
Fonte: negada ou
h ps://www.campograndenews.com.br “esquecida”. A providencialmente
proposta era para “esquecida”.
que as Aprofessoras
proposta era para
que asos
fechassem professoras
olhos e fechassem
anotassem os olhos e anotassem
as respostas paraas respostas
as
para as perguntas ou afirmações (que seguem como exemplo).

238
O
Ao final, fizemos a tabulação, coletivamente, respondendo em
perguntas
voz alta. “Faça uma ouretrospectiva
afirmações da (que
suaseguem como exemplo).
vida. A diretora da sua Ao
final, fizemos a tabulação, cole�vamente, respondendo em
escola era/é branca? A sua melhor amiga é branca? Você teve
voz alta. “Faça uma retrospec�va da sua vida. A diretora da sua
uma professora negra na faculdade. A sua médica é negra? A sua
escola era/é branca? A sua melhor amiga é branca? Você teve
filha/ouma
tem professora
amigos negros quenafrequentam
faculdade.a Asua
suacasa?”. Dados “A mentalidade racista está na

R
negra médica é negra? A
de realidade
sua filha/o tem amigos negros que frequentam a suaa casa?”.
sempre são bem-vindos e melhor ainda quando cabeça de todos. Cada um no seu
realidade é bem
Dados de próxima.
realidade sempre são bem-vindos e melhor ainda lugar de fala.
quando a realidade
Precisamos, é bem próxima.
assumidamente brancas e brancos, tomar A leitura de um branco no meio de
ciência do quePrecisamos, assumidamente
nossos antepassados brancas
foram capazes de ecriar
brancos,
para, tomar dois negões é de que ele é a ví ma.

A
O Brasil é isso aí”
então, nos tornarmos agentes ativos da urgente mudança nessede criar
ciência do que nossos antepassados foram capazes
estadopara, então,
caótico em quenosas tornarmos agentes
relações humanas estãoa�vos da urgente
concebidas.
mudança Mano Brown
Portanto, há umanesse estado caó�co
responsabilidade emdaque
história qualasnão
relações
podemos humanas
Fonte: h ps://no�ciapreta.com.br
estão concebidas. Portanto, há uma responsabilidade história
fugir. Assumir esse fato, nos ajuda a assumir, também, a facilidade
da qual não podemos fugir. Assumir esse fato, nos ajuda a

L
que é ser branco numa sociedade racista. É sobre essa facilidade
assumir, também, a facilidade que é ser branco numa
que precisamos
sociedadefalar, semÉfragilidades.
racista. sobre essa facilidade que precisamos falar,
Nascer
sem branco significa não ter que reivindicar nossos
fragilidades.
direitos, significa ter orgulho
Nascer da nossa não
branco significa descendência europeia. nossos
ter que reivindicar
direitos,
Ser branco significa
é muito maister
doorgulho
que ter da nossa
a pele descendência
branca, significa sereuropeia.

I
Serintelectualmente
superior branco é muito mais e serdomais
quecompetente
ter a pele branca,
em nossassignifica ser
várias dimensões e ter a autoestima tão preservada a pontoem
superior intelectualmente e ser mais competente de nossas
várias
acreditar emdimensões
tudo isso. Éegozar
ter a autoes�ma tão preservada
de uma superioridade inventadaa ponto de
acreditar
que, por em tudo
ser conveniente, isso. É gozar
acreditamos de uma superioridade
ser verdadeira.

D
inventada que, por ser conveniente, acreditamos ser
E aqui quero comentar um episódio que fez toda a
verdadeira.
diferença na Eminha aqui formação.
quero comentarLogo depois de ganharmos
um episódio que fezo toda a
Prêmiodiferença
Educar pela Igualdade
na minha Racial, convidamos
formação. Logo depois a Professora
de ganharmos o
Doutora Cida Bento,
Prêmio Educarfundadora e diretora
pela Igualdade doconvidamos
Racial, CEERT (Centro de
a Professora “...O fato de você olhar a estrutura

A
Estudos das Relações
Doutora de Trabalho
Cida Bento, fundadora e Desigualdades) para uma
e diretora do CEERT (Centro de de poder e ver poucos negros ou
Estudos
conversa com das
todaRelações
a equipe.deApósTrabalho e Desigualdades)
a apresentação formal,paraa uma quase não ver negros, não ver
conversa
primeira pergunta comquetoda a feita
nos foi equipe. Após
por ela, a apresentação
ficou na minha cabeça formal, a mulheres, não ver índios, isso
primeira
por dois motivos. pergunta queporque
O primeiro, nos foitinha
feitacerteza
por ela, deficou
que erana minha significa que há alguma coisa que
cabeça por dois mo�vos. O primeiro, porque
algo importante só pela reação de descrença que ela teve quando �nha certeza de não foi feita nesse país...“.

D
que“não”
dissemos era algo importante
e o segundo, só pela
porque nunca reação de descrença
tinha ouvido naqueleque ela
termo.teve quando dissemos “não” e o segundo, porque nunca �nha Kabengele Munanga
ouvido naquele termo. Fonte:
Minutos depois depois
Minutos de se apresentar, ela pergunta:
de se apresentar, “vocês “vocês
ela pergunta: fpabramo.org.br/2010/09/08/nosso
já trabalharam a questão
já trabalharam da branquitude?”
a questão Ao ouvir oAo
da branquitude?” “não”,
ouvir elao “não”,
-racismo-e-um-crime-perfeito-

E
murmurou: “ainda falta muita
ela murmurou: “ainda coisa paramuita
falta vocês aprenderem”.
coisa para vocês entrevista-com-kabengele-
Ela, com sua sabedoria,Ela,
aprenderem”. tinha
com todasua
razão. Descobrimos,
sabedoria, �nhatempostoda razão. munanga/
depois,Descobrimos,
que não nos cabe falar sobre
tempos depois,negritude
que não emnos
tempocabe algum.
falar sobre
negritude em tempo algum.
Era óbvio que não havíamos trabalhado e compreendemos
por que não tínhamos ouvido falar e não havíamos estudado

239
sobre essa questão. A explicação está no parágrafo anterior.

C
Era óbvio
Quando começamosque anão havíamos
trabalhar trabalhado
a Lei 10.639/03, sendo emaioria
compreendemos
branca na gestão por que
e nonão �nhamos
corpo docente,ouvido
nosso falar e não
interesse era falar
havíamos estudado sobre essa questão. A explicação está no
sobre a negritude. O fato é que a insistência em focarmos as

O
parágrafo anterior. Quando começamos a trabalhar a Lei
discussões sobre a negritude, nada mais era do que um jeito de
10.639/03, sendo maioria branca na gestão e no corpo
nãonosso
docente, falarmos da nossaera
interesse branquitude.
falar sobreEra uma forma de
a negritude. invisibilizar
O fato

O
é quea anossa responsabilidade
insistência em focarmos dianteasdaquilo
discussõesque agora
sobretínhamos
a
que reconhecer e combater: o racismo
negritude, nada mais era do que um jeito de não falarmos da estrutural, institucional
nossa ebranquitude.
individual queEra nós,
umamagistralmente, lustramos acom
forma de invisibilizar nossacapricho,

P responsabilidade
como joia rara,
reconhecer eSegundo
diante
combater:
daquilo
nos seus mínimos
o racismo
a própria
quedetalhes
agora �nhamos
Prof.ªestrutural,
individual que nós, magistralmente, lustramos com
que
e demonstrações.
ins�tucional
Drª Cida Bento, existe um e pacto

E
narcísico da branquitude para mantermos nossos privilégios
capricho, como joia rara, nos seus mínimos detalhes e
intactos e essa é a verdadeira face e R.G. do racismo. A lógica
demonstrações.
utilizada
Segundo é aa de que “brancos
própria Prof.ª Drªsempre asseguram
Cida Bento, existeparaum outros

R pacto brancos
narcísico
em escolhas
privilégios
os lugares mais qualificados,
da branquitude
intactosoue julgamentos.”
essa é a verdadeira
seja em processos
para mantermos
Quando digo face que
nossos seletivos,
o racismo
e R.G. do se

A
racismo. A lógica
alimenta u�lizada
do nosso é aé de
silêncio que “brancos
exatamente isso quesempre
quero dizer.
asseguram
Ele nos para outros brancos
interessa e enquanto os lugares
não nos mais qualificados, desses
desapegarmos
seja em processos
privilégios, nãosele�vos,
há como em escolhas ou julgamentos.”
desencadearmos práticas antirracistas.

T
“O Brasil foi “inventado” a par r das Quando digo que o racismo se alimenta
A ideologia racista nos ensinou e nós aprendemosdo nosso silêncio
a nãoéconfiar
dores de suas mulheres e é exatamente isso que quero dizer. Ele nos interessa e
nos negros e esta relação precisa mudar de rumo.
importante não esquecermos esta enquanto não nos desapegarmos desses privilégios, não há

I
Apesar da educação
como desencadearmos prá�casnão ser a única estrutura
an�rracistas. a disseminar
A ideologia
história para podermos olhar de
frente para nosso passado e racistao no
racismo,
ensinou ela eestá
nóscontaminada
aprendemosnaamedida não confiarem que nosainda é
aprendermos com ele. O Brasil negrospensada
e esta relação precisa mudar de rumo.
e gerida por brancos, inclusive na área pública.

V
precisa se reconciliar com sua
história; aceitar que foi “construído”
Apesar Se da educação
formos pensar nãona áreasereconômica
a única estrutura
disseminar o racismo, ela está contaminada na medida em
verbas, poderemos comprovar em quem se pensa no momento
que ainda é pensada e gerida por brancos, inclusive na área
e a destinação a das

I
sobre um cemitério.” dos investimentos.
pública.
Se formosO mesmopensar na acontece
área econômicaquandoe afazemos
des�naçãoalguns
Autor: Daniel Munduruku questionamentos
das verbas, poderemossobre outras estruturas
comprovar em quem que definem
se pensa no nossas

D Fonte:
h ps://racismoambiental.net.br/2018/0
3/24/minha-avo-foi-pega-a-laco/
momentovidas.dos
condenados
inves�mentos.
Como
O mesmopelo
fazemos valer a justiça em nosso país? Quem são os
acontece quando
poder judiciário? Quem fazemos
tem o poder alguns
de decisão

A
ques�onamentos sobre outras estruturas que
na política brasileira? Que tipo de pesquisas são importantes definem
nossasnesse
vidas. Como
país? E o fazemos valer a culturalmente?
que é valorizado jus�ça em nosso Quempaís?elegemos
Quem são os condenados pelo poder judiciário? Quem tem
e que ideias são defendidas pelos eleitos?

D
o poder de decisão na polí�ca brasileira? Que �po de
pesquisas sãoEm plena pandemia,
importantes por exemplo,
nesse país? E o que éavalorizado
distribuição das
vacinas está sendo
culturalmente? Quemfeita de formae igualitária
elegemos que ideias entresão brancos,

E
defendidas
negrospelos eleitos? Não. As pessoas brancas foram duas vezes
e indígenas?
Em vacinadas
mais plena pandemia, por exemplo,
que as negras, conforme a distribuição
amplamentedas divulgado
pela mídia.

240
E a família está isenta de práticas e discursos racistas?

A
vacinas está sendo feita de forma igualitária entre brancos,
Não, ela é uma instituição e como tal, contaminada pelo racismo.
negros e indígenas? Não. As pessoas brancas foram duas vezes
maisApesar de todas
vacinadas que asas facilidades e privilégios
negras, conforme que
amplamente

N
recebemos
divulgadosó pelo
pelafato de termos nascidos brancos, muitos de
mídia.
nós, quando Equestionados
a família está como chegamos
isenta a ocupar
de prá�cas as posições
e discursos racistas?
Não, elanaéempresa
de destaque uma ins�tuição e como tal,
em que trabalhamos, contaminada
falamos sobre os pelo

C
nossosracismo.
esforços e os finais de semana que perdemos para estudar
Apesar profissionalmente.
e nos atualizarmos de todas as facilidades
Em nenhum e privilégios
momento que
assumimos que ter a pele branca foi um grande facilitador paramuitos
recebemos só pelo fato de termos nascidos brancos, A Ki í gbón tó "Èmi ni ó ni í"

E
nossasdeconquistas.
nós, quando ques�onados como chegamos a ocupar as
Tradução: Não podemos ser mais sábios
posições de destaque na empresa em que trabalhamos,
Defender a ideia de que a meritocracia é uma forma do que "eu sou o dono"
falamos sobre os nossos esforços e os finais de semana que

S
justaperdemos
de ascensão parasocial, ou seja,
estudar e nos“todo mundo éprofissionalmente.
atualizarmos capaz, basta Aplicação: Uma pessoa não deve
se esforçar”
Em nenhum é a resposta
momento queassumimos
aprendemos a dar
que ter ae pele
a mais irrealfoi um
branca pensar que conhece ou entende mais
e cruel no facilitador
grande país em que paravivemos. Ao usarmos esse tipo de
nossas conquistas. sobre alguma coisa do que o próprio

T
argumento, demonstramos,
Defender a ideia no mínimo,
de que anosso desconhecimento
meritocracia é uma forma dono. É aconselhável não tentar ser
sobrejusta de ascensão
o tempo histórico, social,
políticoou seja, “todoque
e econômico mundo é capaz,
vivemos. Seria basta mais inteligente sobre um assunto do
se esforçar” é a resposta que aprendemos
uma prova da nossa alienação sobre a relação entre o racismo a dar e a maise irreal que a pessoa que passou pela

R
e cruel no
o capitalismo quepaís
dita em que vivemos.
as normas Ao usarmos
da submissão esse �po de
numa sociedade experiência.
argumento, demonstramos, no mínimo, nosso
de consumo.
desconhecimento sobre o tempo histórico, polí�co e
Cabe aqui uma reflexão pessoal sobre o fato de ser uma Fonte: edeyoruba.com/sabor-a-cultura-

A
econômico que vivemos. Seria uma prova da nossa alienação
funcionária pública. Em dado momento me dei conta que fazia pg2.html
sobre a relação entre o racismo e o capitalismo que dita as
partenormas
de um da grupo seleto de
submissão numa privilegiadas.
sociedadeFui de adiante
consumo. e mais
profundamente quando someireflexão
a esse fato a minha
sobreprofissão,

L
Cabe aqui uma pessoal o fato de ser
professora municipal e cheguei à conclusão que
uma funcionária pública. Em dado momento me dei conta fazia parte de que
um grupo de “superprivilegiadas”
fazia parte de um grupo seleto de nível
de superior.
privilegiadas. Fui adiante e

I
mais profundamente
Quantos negros gozamquando somei noa serviço
de estabilidade esse fato a minha
público,
fériasprofissão,
e recessosprofessora
anuais, abonos,municipal e cheguei
13º salário, à conclusão
entre outros direitos que
fazia
e benefícios?parte de um grupo de “superprivilegiadas” de nível

D
superior.
Os negros trabalham duas horas a mais do que os
Quantos negros gozam de estabilidade no serviço
brancos e, apesar disso, levam a fama de preguiçosos assim
público, férias e recessos anuais, abonos, 13º salário, entre
comooutros
os indígenas.
direitosAs inverdades proliferam mesmo que dados
e bene�cios?
comprovem outra
brancos
no Brasil
como se,os
realidade.
Os negros
Não háe, como
ao indígenas.
trabalham duas horas a mais do que os
apesaranalisar
fazê-lo nos excluímos
o panorama
disso, levam
As inverdades
a famadas
do quadro
de desigualdades
preguiçosos assim
de análise.
proliferam Nós que
mesmo
A
dados ocomprovem
compomos

no Brasil se, ao
outra realidade.
quadro de indicadores.
antes e bem antes dos negros, por onossa
Não há como
fazê-lo
analisar
nos
Chegamos aonde chegamos,
panorama
excluímos
das desigualdades
pele branca.
uma questão, apenas, de merecimento, mas de contar comanálise.
do quadro de
Não é
uma Nós
D
compomos
estrutura inteira queo quadro
nos permitiude atender
indicadores.
a todasChegamos
chegamos, antes e bem antes dos negros, por nossa pele
dos editais de convocação dos concursos públicos. O mais
interessante e urgente é reconhecer esse privilégio e utilizá-lo
as exigênciasaonde
E
241
A
para mudar o rumo da história de crianças e adolescentes negros
branca.queNão é uma questão,
frequentam apenas, de merecimento, mas
nossas escolas.
de contar com uma estrutura inteira que nos permi�u
Foram nossos antepassados que criaram o Mito da
atender a todas as exigências dos editais de convocação dos
Democracia
concursos públicos.RacialO para
mais que discursos alienados
interessante e urgentetentassemé
justificar o injustificável e que nós temos
reconhecer esse privilégio e u�lizá-lo para mudar o rumo da repetido a exaustão.
"Olha que lindo o nosso jongo
Uma
história decilada histórica
crianças comumentenegros
e adolescentes utilizadaque
parafrequentam
negar a existência
Dançando assim, uma força me traz
É uma canção bonita que me encantou nossasdoescolas.
racismo que disseminou a ideia de que todos, brancos e negros,
Lembrando meus ancestrais "
vivemos
Foramem perfeita
nossos harmonia noque
antepassados Brasil. Uma visão,
criaram o Mito claramente
da
Democracia
unilateralRacial para que discursos
e embranquecida de umaalienados
realidadetentassem
fictícia que tem
jus�ficar o injus�ficável e que nós temos repe�do
como um dos objetivos negar a barbárie gerada pela escravidão. a
Chão de Raiz
exaustão. Umaa cilada
Sustentar históricadacomumente
ideia romântica miscigenação, u�lizada
negandopara a violação
Fonte: youtube.com/watch?v=T0Mcy3-
2G8 negardosa existência do racismo que disseminou a ideia
direitos humanos, em especial das mulheres negras é alimentode que

X
todos, brancos e negros, vivemos em perfeita harmonia no
para comprovar o sentimento perverso da superioridade branca.
Brasil. Uma visão, claramente unilateral e embranquecida
de uma O racismo
realidadecontinua
fic�ciaa ser
quea forma
tem comomais eficaz
um dosde coibir a ascensão
obje�vos
negarsocial dos negros
a barbárie e perpetuar
gerada a supremacia
pela escravidão. branca.a ideia
Sustentar
român�ca daAmiscigenação,
democracia racial está longe
negando de ser fato
a violação dos edireitos
é muito mais
um valor
humanos, a ser conquistado.
em especial das mulheresO seunegras
caráteré fantasioso
alimento para é revelado
comprovar o sen�mento perverso da superioridade
nos discursos racistas comumente ouvidos nas conversas sobre a branca.
O racismo con�nua
temática. Além do a ser a forma
discurso mais eficaz
da harmonia entrede as coibir a
raças, algumas
ascensão
frasessocial dos negros
são repetidas desde ae nossa
perpetuar
infância,a como:
supremacia
“somos todos
branca.iguais”, “não existe raça branca ou raça preta, existe raça humana”
A democracia racial está longe de ser fato e é muito
ou ainda “somos diferentes, mas iguais perante a lei”. Todo o
"Quando eu vim lá de Luanda mais um valor a ser conquistado. O seu caráter fantasioso é
Truce cuica e gonguê pensamento, fala e atitude que nega a existência das diferenças,
revelado nos discursos racistas comumente ouvidos nas
Quem brincar em Cambinda Estrela é racista
conversas e preconceituosa.
sobre a temá�ca. Além do discurso da harmonia
Esse baquê é de Guiné Diante
entre as raças, algumas das desigualdades que a escola
frases são repe�das desdeajuda a perpetuar,
a nossa

É
Eu tei’ n bombo eu tei’n caixa não há
infância, como“somos
como: adotar o todos
silêncio iguais”,
como estratégia,
“não existeporqueraça o silêncio
Gongê com a fita brancafala.
ou raça preta, existe raça humana” ou ainda “somos
Eu Tei’n rei e rainha e boneca bonita" diferentes, mas iguaisenviar
Ele pode perante a mensagens
várias lei”. Todo oàspensamento,
famílias, às crianças
fala e a�tude que nega a existência das diferenças,
e aos adolescentes. O silêncio da escola pode significar é racista eque ela
Música: Maracatus preconceituosa.
não reconhece ou não valoriza a sua comunidade, porque a
Grupo Mawaca Diante das desigualdades que a escola ajuda a
Fonte: youtube.com/watch?v=- comunidade é negra em sua maioria. Pode dizer, sem emitir um
perpetuar, não há como adotar o silêncio como estratégia,
znnIEIF3KE som, que não sabe como implementar a Lei 10.639/03 e 11.465/08
porque o silêncio fala.
e Ele
não pode
está interessada
enviar váriasem aprender.
mensagens Pode,
às ainda,
famílias,sinalizar
às que
não eprecisa
crianças falar nada sobre
aos adolescentes. O racismo,
silêncio porque
da escola “naquela
pode escola
todasque
significar as crianças
ela nãosãoreconhece
iguais “ ou que
ou não“são pequenas
valoriza ademaissua para
falar sobre
comunidade, isso.” a comunidade é negra em sua maioria.
porque
Pode dizer, Osem emi�r
currículo ume silencioso
oculto som, queou não sabe como
os discursos equivocados
implementar
ofuscam os direitos de aprendizagem para e pelaestá
a Lei 10.639/03 e 11.465/08 e não igualdade
interessada em aprender. Pode, ainda, sinalizar
racial e de gênero, porque as crenças pessoais ganham status que não
de conteúdo quando os portões e as portas das salas de aula se

242
fecham. É preciso fazer valer os Projetos Político-Pedagógicos das

L
escolas e suas essências.
precisa falar nada sobre racismo, porque “naquela escola
Por todas
todas asas crianças
razões, ficasão evidente
iguais " ou a urgência
que "sãoque o
pequenas demais
trabalho com as falar
para Leis 10.639/03
sobre isso.” e 11.465/08 sejam incluídos nos
currículos como temas O currículo
transversaisoculto e silencioso
e coletivos. ou os discursos
Para a efetivação

U
e atendimentoequivocados
dessa demanda ofuscam os direitos
é preciso que hajadeuma
aprendizagem
supervisão para e pela
igualdade racial e de gênero,
escolar atuante, formada e comprometida na rede pública porque as crenças
com pessoais
ganham status de conteúdo quando os portões e as portas das
essas temáticas.
salas de aula se fecham. É preciso fazer valer os Projetos
Portanto, é responsabilidade da escola, desencadear

D
Polí�co-Pedagógicos das escolas e suas essências. "Guerreiros Nagô
práticas para a equidade
Por todas as razões, fica evidente altura
racial e de gênero. E por que, nessa a urgência que o Jogavam caxangá
do texto, incluir as questões de gênero? Porque compreendemos
trabalho com as Leis 10.639/03 e 11.465/08 sejam incluídos Tira, põe
nos currículos
que o currículo não pode ser como temassobre
seletivo transversais e cole�vos. Para a
quais diferenças Deixa ficar
efe�vação
devemos trabalhar come atendimento
nossas crianças dessa demanda é preciso
e adolescentes. As que haja

I
Guerreiros com Guerreiros
diferenças uma
estãosupervisão
dentro deescolar nossas atuante, formada enossas
casas, compõem comprome�da na Fazem zigue, zigue, zá"
rede pública com essas temá�cas.
famílias e as de nossas crianças e adolescentes, por que não
Portanto, é responsabilidade da escola, desencadear Adaptação livre da música
podem estar dentro das nossas escolas? O respeito às diferenças
prá�cas para a equidade racial e de gênero. E por que, nessa Escravos de Jó

C
está previstoaltura
na nossa
do Constituição
texto, incluir e issoasé questões
o suficientede paragênero?
ser Porque
garantido nas escolas. Domínio Público
compreendemos que o currículo não pode ser sele�vo sobre
O respeito às diferenças
quais diferenças devemos estátrabalhar
previsto comna nossas
nossa crianças e
adolescentes. As diferenças estão
Constituição e isso é o suficiente para garanti-las como temasdentro dedenossas casas,

I
compõem
estudo, reflexão nossas famílias e as de nossas crianças e
para a aprendizagem.
adolescentes,
As práticas por que
antirracistas são, não podemestratégias
em síntese, estar dentro de das nossas
escolas? O respeito às diferenças está previsto na nossa
enfretamento do racismo estrutural, institucional e individual
Cons�tuição e isso é o suficiente para ser garan�do nas
e uma baseescolas.
sólida para consolidá-las é construir uma imagem

D
positiva dos povos O negros e originários
respeito e de suasestá
às diferenças histórias em na nossa
previsto
contraposição àquelas queecomumente
Cons�tuição são divulgadas.
isso é o suficiente para garan�-las como temas
Em de estudo,
outras reflexão
vezes, para a aprendizagem.
é preciso inverter a lógica, para
chegarmos à igualdade As prá�casde oportunidades
an�rracistas são,dentro
em do espaço
síntese, estratégias de

A
escolar. Issoenfretamento
aconteceu quando do racismo
iniciamosestrutural,
o projetoins�tucional
“Diretor de e individual
e uma base sólida para consolidá-las
Escola por um Dia”, que não teve como foco o cumprimento é construirdauma imagem
mas dos
posi�va
Lei 10.639/03, como povos negros ecomo
a tratamos originários e de suas histórias em
tema transversal,
contraposição àquelas que comumente são divulgadas.

D
nosso olhar atento se fez presente nas tomadas de decisão desse
Em outras vezes, é preciso inverter a lógica, para
projeto. chegarmos à igualdade de oportunidades dentro do espaço
Nasescolar.
discussões
Issoiniciais de quais
aconteceu seriam
quando os critérios
iniciamos para “Diretor de
o projeto
escolhermos a ordem
Escola por um em Dia”,
que queas crianças
não teve seriam
comochamadas, a
foco o cumprimento da

E
Lei 10.639/03,
gestão pedagógica e o corpo masdocente,
como a tratamos
definiram como tema transversal,
que seriam
intercaladasnosso olharduas
para cada atento se fez
crianças presente
negras nas tomadas
uma criança branca. de decisão
desse projeto.
Não fosse assim, seriam as crianças brancas as primeiras a serem
Nas discussões iniciais de quais seriam os critérios para
escolhidas, porque são aquelas que tem acesso mais fácil ou

243
facilitado aos professores que ainda não se dedicaram a estudar a questão.
Considerando a rotatividade dos profissionais na escola, essa medida foi providencial. Algumas professoras novas
na escola, durante as nossas formações, nos questionaram sobre o encaminhamento que demos. Perguntamos, ao invés
de responder, qual era a opinião delas sobre as cotas raciais. O estranhamento e o desconforto foi o mesmo, tanto para o
critério de escolha para os diretores por um dia quanto para o princípio das cotas raciais. As críticas às iniciativas que visam
reparar as injustiças promovidas pelo racismo, é uma expressão de descontentamento da branquitute ao se ver diante de
situações em que há perda de seus privilégios. É preciso compreender que a nossa branquitude reage contra qualquer
regra que nos retire do centro das atenções, quando não chegamos ao cúmulo de classificar as reivindicações por igualdade
resultado do “mimimi”, ou seja da reclamação sem motivo. Essa sim a reação máxima da falta de empatia, em seu estado
bruto e de brutalidade.
Essa estratégia foi adotada na primeira rodada dos diretores de escola por um dia, nas demais as professoras já
estavam atentas para fazerem suas listas ou gerenciarem com cuidado as inscrições. Esse é um bom exemplo de como se
reeduca o olhar nas práticas pedagógicas, transformando-as em práticas antirracistas.
Outro exemplo que vale a pena citar, foram os relatórios de avaliação para a aprendizagem. A dupla formadora
da escola separou alguns relatórios, cuidadosamente retirou o nome e o sexo das crianças avaliadas e colocou, em turnos
de professoras diferentes, para análise. O desafio era identificar quem eram as crianças: sexo, raça/cor e justificar suas
conclusões. Não foi difícil identificar todos os estereótipos, vocabulário e julgamentos tendenciosos presentes nos relatos
que fizeram ser possível identificar quem eram os meninos negros, os meninos brancos, as meninas negras e brancas.
O currículo contextualizado humaniza os direitos de aprendizagem (conteúdos/objetivos) que aparecem nos
documentos oficiais em tabelas com referências numéricas. Confere significado, não apenas aos professores, mas ao coletivo
escolar, porque carrega, além do que é obrigatório, o papel social da escola. Demonstra o estudo da realidade local que foi
realizado e justifica a escolha dos temas mais significativos para a comunidade do entorno.
Como escola pública, ciente de que 55,8% da população brasileira é composta por negros e pardos e, portanto,
que essa é a realidade do público que atendemos, repensar o currículo significa escolher temas que lhes representem para
nortear os trabalhos administrativos e pedagógicos. Não por outro motivo, a EMEI Nelson Mandela optou por dois temas
transversais e contextualizou os direitos de aprendizagem a eles de forma contínua e ininterrupta, independentemente da
idade das crianças.
Na mesma medida que a negritude deve ser exaltada pelos negros, e que seu valor e potência precisam ser
reconhecidos por todas e todos nós, devemos nos conscientizar dos efeitos que a nossa branquitude foi capaz produzir e, a
partir daí, agir! O que quero reforçar aqui é o pedido para que repensemos os temas que trabalhamos nos projetos didáticos
das infâncias e de que forma eles conseguem, de fato, transformar a vida de nossas crianças e suas famílias.
A nossa branquitude e o não pensar sobre ela é o descompasso da história. É a antítese do ritmo e da harmonia. É a
discórdia, é a continuidade da barbárie.
Outra prova do sentimento de superioridade que a branquitude gosta de reafirmar, esteve presente em nossa escola
e gerou alguns conflitos no início do nosso projeto sobre a Cultura Africana e Afro-brasileira: a intolerância religiosa, quando
todas as iniciativas que tratavam do tema foram compreendidas, erroneamente, como sendo de doutrinação. A entrada na
escola de tambores, trajes do Candomblé, elementos das religiões de matrizes africanas causou desconforto para alguns
funcionários e funcionárias. Perdemos excelentes profissionais por esse motivo. Ganhamos outros com competências de
igual ou maior proporção, é bem verdade. Foi um longo percurso e muitas formações até compreendermos que a religião
representa a cultura de um povo e que a escola é laica, portanto, deve apresentar às crianças o conhecimento sobre todas
elas. Vencemos o não saber que dá margem ao preconceito, à intolerância e ao racismo. Foi maravilhoso transpor cada uma
das dificuldades, porque saímos mais fortalecidas/os como grupo. Considero essa uma das maiores conquistas do projeto
da escola.

244
Descontaminar o olhar, substituir vocabulário, despoluir a
Descontaminar o olhar, subs�tuir vocabulário, despoluir a
mente são práticas antirracistas.
mente são prá�cas an�rracistas.
Não cabe mais o discurso de negação no tempo em que
Não cabe mais o discurso de negação no tempo em
vivemos, em especial dentro das Unidades de Educação. Não há
R
E
que vivemos, em especial dentro das Unidades de Educação.
escola
Nãoque há possa
escolaafirmar
que possaque seu Projeto
afirmar quePolítico- Pedagógico
seu Projeto Polí�co- «Sou de Nanã Yewá, Yewá, Yewá
estáPedagógico
de acordo com a Base Nacional Comum Curricular
está de acordo com a Base Nacional Comum se não
Sou de Nanã Yweá, Yewá, Yewá, ê
assumir como se compromisso ético o combate diário eé�co
persistente

L
Curricular não assumir como compromisso o combate Fui chamado de cordeiro, mas cordeiro
ao racismo. Não há a menor
diário e persistente possibilidade
ao racismo. Não há constar
a menor nessepossibilidade
mesmo não sou, não.
documento que semesmo
constar nesse pretende formar cidadãos
documento que secríticos
pretendese não
formar Prefiro ficar calado, do que falar e levar
cidadãos crí�cos
reconhecemos quem seelasnão reconhecemos
e eles são. quem elas e eles são.

I
não.
Que cri�cidade é essa que
Que criticidade é essa que queremos ver no queremos verolhar
no olhar
de de O meu silêncio é uma singela oração
nossas
nossas crianças
crianças e adolescentes
e adolescentes se con�nuarmos
se continuarmos a contar a
a contar a História A minha santa de fé.
História do Brasil tal qual aprendemos e não dissermos quem Meu cantar vibram as forças que
do Brasil tal qual aprendemos e não dissermos quem eram os

G
eram os bandeirantes e a serviço de que interesses agiam? Ou sustentam o meu viver
bandeirantes e a serviço de que interesses agiam? Ou ainda, como
ainda, como julgarmos o negacionismo cien�fico e histórico É um apelo que eu faço a Nãna ê»
julgarmos
alheio osenegacionismo
somos, em pleno científico e histórico
século alheio sedesomos,
XXI, incapazes conversar
emcomplenonossas
século crianças,
XXI, incapazes deeconversar com foram
nossas gerados
crianças, e os

I
filhas filhos como Intérprete: Margareth Menezes
filhas e filhosdos
nomes como foram
seus gerados
órgãos e os nomes
sexuais? Se somosdos seus órgãos de
incapazes Compositores: Mateus /Dadinho
sexuais? Se somos
reconhecer emincapazes
nossas de reconhecer
crianças em nossas crianças
e adolescentes questões
relacionadas ao gênero que deveriam ser
e adolescentes questões relacionadas ao gênero que deveriam trabalhadas desde a
ser primeira
trabalhadas
nãoopção
da
se trata
mãe
infância,
e nem
desde aporque
de uma
e não
de uma
pode
primeira
opçãodoença?
sabemos
e nem de
ser
infância,que
uma doença?
interrompida
começa na barriga da mãe e não pode ser interrompida quando
nãosabemos
porque
A Educação
quando
se trata que
começa
ela
de uma
na barriga
A Educação
entra na
O
«Ô dai-me a tua bençã!

S
escola com uma fragmentação de temas e assuntos. Educação Menininha do Gantois
ela entra na escola com uma fragmentação de temas e assuntos. Livrai-me dos inimigos!
é vida que segue.
Educação é vida que segue. Menininha do Gantois
As ações an�rracistas não podem estar desvinculadas

I
As ações
de outras tantas antirracistas
questões, não podemnascem
porque estar desvinculadas
da coerênciadeentre Dai-me sua proteção!
outras tantas discursos
os nossos questões, porporque
umanascem
educação da coerência entre os a
crí�ca e libertadora, Menininha do Gatois
nossos
vidadiscursos
que levamospor umae oseducação
privilégios crítica e libertadora,
brancos que devemos a vidaabrir E guia os meus passos
E por onde eu caminhar

D
quemão.
levamos e os privilégios brancos que devemos abrir mão.
Costumo
Costumo dizerdizer que, depois
que, depois de algum detempo,
algumcom tempo, com o
o olhar Vire os olhos grande de cima de mim
Pras ondas do mar»
atento para detectar atitudes e falas racistas e preconceituosas, e
olhar atento para detectar a�tudes e falas racistas
preconceituosas, é impossível
processo ouestancar
retroceder,esse processo
nossa ou

A
é impossível estancar esse porque
retroceder, porque nossa visão de e para o mundo muda. Com Música: Embala eu
visão de e para o mundo muda. Com todos os nossos sentidos Compositora: Saura Valle da Silva
todos os nossos sen�dos alertas é impossível se omi�r e,
alertas é impossível se omitir e, consequentemente, alertar o Intérpretes: Clemen na de Jesus e Clara
consequentemente, alertar o outro sobre as manifestações

D
outro sobre quando
racistas as manifestações racistas quando
elas acontecem. elas acontecem.
Num primeiro movimento Nunes
Num primeiro
somos grandesmovimento somos grandes
“incomodadores” que, com “incomodadores”
o tempo e prá�ca,
que,somos
com o tempo e prática, somos
transformados transformados
em exímios em exímios de
provocadores

E
provocadores
mudanças.de mudanças.
OutraOutra questão
questão fundamental,
fundamental, que pode que podea orientar
orientar escola a
paraescola
manter para
seu manter seu às
olhar atento olhar atento
práticas às prá�cas
antirracistas, dizan�rracistas,
respeito
a construir um currículo contextualizado.

245
U
O currículo contextualizado humaniza os direitos
diz respeito a construir um(conteúdos/objetivos)
de aprendizagem currículo contextualizado.
que aparecem nos
O currículo contextualizado humaniza
documentos oficiais em tabelas com referênciasos direitosnuméricas.
de
aprendizagem (conteúdos/obje�vos)
Confere significado, não apenas aos que aparecem
professores, mas aonoscoletivo
documentos
escolar,oficiais
porqueem tabelasalém
carrega, comdo
referências numéricas.o papel
que é obrigatório,
Confere significado, não apenas aos professores, mas ao
social da escola. Demonstra o estudo da realidade local que foi
cole�vo porque carrega, além do que é obrigatório, o papel

B
realizado
social da escola.e Demonstra
justifica a escolha dos temas
o estudo mais significativos
da realidade local que para a
comunidade
foi realizado e do entorno.a escolha dos temas mais
jus�fica
significa�vos paraComoa escola
comunidade
pública,do entorno.
ciente de que 55,8% da população
Como escola
brasileira é composta pública, ciente
por negros de que
e pardos 55,8% da
e, portanto, que essa
população brasileira é composta por negros e
é a realidade do público que atendemos, repensar o currículopardos e,
portanto, que essa
significa é a realidade
escolher temas quedolhes público que atendemos,
representem para nortear os
repensar o currículo significa escolher temas que lhes
trabalhos administrativos e pedagógicos. Não por outro motivo,

U
representem para nortear os trabalhos administra�vos e
a EMEI Não
pedagógicos. Nelson
porMandela optouapor
outro mo�vo, EMEI dois temasMandela
Nelson transversais e
“ O Ubuntu não significa que uma pessoa
não se oreocupe com seu progresso optou contextualizou
por dois temas os direitos de aprendizagem
transversais e contextualizoua eles deos forma
contínua
direitos e ininterrupta,a eles
de aprendizagem independentemente
de forma con�nua da idadee das
pessoal. A questão é: o meu progresso
pessoal está a serviço do progresso da crianças.independentemente da idade das crianças.
ininterrupta,
minha comunidade? Isso é o mais Na mesma medida
Na mesma que que
medida a negritude deve
a negritude deve serser
exaltada
exaltada pelos
importante da vida. E se uma pessoa pelos negros,
negros,e que
e que seu valor e potência precisam
seu valor e potência precisam ser reconhecidos ser por

N
conseguir viver assim, terá a ngido algo reconhecidos por todas e todos nós, devemos nos
todas e todos nós, devemos nos conscientizar dos efeitos que a
muito importante e admirável “ conscien�zar dos efeitos que a nossa branquitude foi capaz
nossa
produzir e, abranquitude foi capaz
par�r daí, agir! O queproduzir
queroe,reforçar
a partir aqui
daí, agir!
é o O que
Nelson Mandela pedidoquero reforçar
para que aqui é o pedido
repensemos os temas para
queque repensemosnos
trabalhamos os temas
que didá�cos
projetos trabalhamosdas nosinfâncias
projetos didáticos
e de que das forma
infânciaseles
e de que
Fonte: mundoubuntu.com.br
forma de
conseguem, elesfato,
conseguem,
transformar de fato,
a vidatransformar a vida dee nossas
de nossas crianças
suas famílias.
crianças e suas famílias.
A nossa branquitude, e o não e opensar sobre sobre
ela, é oela é o

T
A nossa branquitude não pensar
descompasso da história. É a an�tese do ritmo e da
descompasso da história. É a antítese do ritmo e da harmonia. É a
harmonia. É a discórdia, é a con�nuidade da barbárie.
discórdia,
Outra provaé a continuidade
do sen�mento da barbárie.
de superioridade que a
branquitude gostaOutra de prova do sentimento
reafirmar, de superioridade
esteve presente em nossa que a
escolabranquitude
e gerou alguns gostaconflitos no início
de reafirmar, do nosso
esteve projeto
presente em nossa
sobre escola
a Cultura
e gerouAfricana e Afro-brasileira:
alguns conflitos no início doanossointolerância
projeto sobre a
religiosa, quando todas as inicia�vas que tratavam
Cultura Africana e Afro-brasileira: a intolerância religiosa,do temaquando

U
foramtodas
compreendidas,
as iniciativas queerroneamente,
tratavam do tema comoforamsendo de
compreendidas,
doutrinação. A entrada na escola de tambores, trajes do
erroneamente, como sendo de doutrinação. A entrada na escola
Candomblé, elementos das religiões de matrizes africanas
causoudedesconforto
tambores, trajes do Candomblé,
para alguns funcionárioselementos das religiões de
e funcionárias.
matrizes
Perdemos africanas causou
excelentes desconforto
profissionais porparaessealguns funcionários
mo�vo.
e funcionárias.
Perdemos excelentes Perdemos excelentes
profissionais por profissionais
esse mo�vo. por esse
motivo.outros
Ganhamos Ganhamos
com outros com competências
competências de igual de ouigual ou maior
maior
proporção, é bem verdade.

246
Foi um longo percurso e muitas formações até compreendermos que a religião representa a cultura de um povo e
que a escola é laica, portanto, deve apresentar às crianças o conhecimento sobre todas elas. Vencemos o não saber que dá
margem ao preconceito, à intolerância e ao racismo. Foi maravilhoso transpor cada uma das dificuldades, porque saímos
mais fortalecidas/os como grupo. Considero essa uma das maiores conquistas do projeto da escola.
A EMEI Nelson Mandela foi pioneira ao assumir de forma transversal, as práticas antirracistas como norte de todos
os seus projetos didáticos. Todos os conhecimentos que nascem e são desencadeados durante o ano, tem como fonte
primeira o que herdamos do Continente Africano e dos povos originários, desconstruindo assim a ideia de que o homem
branco colonizou o mundo e deu origem a vida, a fé, e ao que sabemos sobre nós mesmos. Mais importante do que isso,
acreditou na importância de começar esse trabalho com as crianças.
Aplicar a Lei 10.639/03 e a Lei 11.465/08 resolve o problema? Não, está bem longe disso. O marco legal é de extrema
importância e representatividade, mas não é suficiente. É preciso estudar a História e a Cultura Africana e Afro-Brasileira
para se ter a dimensão do quanto o gestor/as, professor/a, educador/a têm a aprender. Não há fórmulas, mas há algumas
condições para que isso seja possível.
E impensável que uma escola do Século XXI não se responsabilize pela formação das famílias. Não há nada mais
frustrante do que perceber que os projetos da escola não reverberam positivamente nas casas de nossas crianças e
adolescentes. Só há uma razão para esse distanciamento e compete à gestão escolar identificar suas causas e agir. Não se
consegue formar crianças e jovens conscientes, menos preconceituosos e capazes de assumir práticas antirracistas como
sendo uma de suas responsabilidades sociais, se suas famílias não estiverem envolvidas na mesma formação.
Precisamos compreender, como formadores e educadores que somos, sendo docentes ou não, que referências não
se fazem presentes com imagens estampadas no papel. De nada adianta comemorar o dia 20 de novembro preenchendo
as paredes das escolas se, no dia a dia, a gestão coloca as pessoas negras apenas para limpar e cozinhar, ou ainda afasta a
comunidade da ocupação diária e permanente do território escolar. Pessoas negras em posição de comando e com poder de
decisão dentro da escola ou em qualquer outra instituição são referências positivas para as crianças e adolescentes negros.
Portanto, crie situações que possibilitem a participação das mulheres e homens negros da escola em outras atividades. Faça-
os compreender sua importância, ou melhor, compreenda você a importância que elas e eles tem sobre a educação das
crianças e integre-as/os aos projetos didáticos. Convide-os para compartilhar suas histórias de vida e seus saberes. Abdique
de alguns pequenos poderes, delegue-os. Desapegue, se for gestor. Desapegue, se for professor. Esses pequenos poderes
também são privilégios. Compartilhe-os.
Não há como falarmos em uma Educação Antirracista se as práticas antirracistas não forem abraçadas pelo coletivo
escolar. Ela deve ser missão da escola e da comunidade inteira, portanto, os projetos didáticos que acontecem, timidamente,
na sala de aula de uma professora ou professor precisam ganhar todo o apoio da gestão escolar para contagiar a todas e
todos. Só há um caminho para perceber a importância desse trabalho e são os resultados que nos possibilitam enxergar isso,
portanto, comece!
A gestão escolar precisa estar ciente de que desconstruir a estrutura hierárquica dentro de uma escola é uma ação
antirracista, porque ela retrata os efeitos do racismo estrutural. Ao falarmos em gestão democrática, deveríamos ampliar
seu conceito, relacionando-a às questões raciais, sim!
Outro lembrete importante é conscientizar-se que o dia 20 de novembro não é uma data comemorativa, é um dia
dedicado à reflexão, em especial da nossa branquitude e condição cheia de privilégios. Aproveite a inserção da Lei 10.639/03
e 11.465/08 e tire do calendário escolar a comemoração de todas as datas religiosas, respeitando a laicidade da escola
pública ou, se ainda não conseguir trabalhar com projetos, insira datas de todas as religiões da comunidade que a escola

247
atende, mas antes verifique se os candomblecistas e umbandistas se sentem à vontade para declarar sua religião na sua
escola. Se não, esse deve ser o ponto de partida para a implementação da lei.
Nenhum projeto que pretende assumir as práticas antirracistas como norteadoras de um currículo libertador e
promotor de equidade racial e de gênero começa sem que o trio gestor esteja totalmente afinado em torno desse objetivo.
O tema e o propósito estão longe de serem consenso em qualquer grupo que seja pautado pelas razões que temos exposto
até aqui, portanto, há que ter uma gestão capaz de propor esse desafio que, no caso, é o cumprimento da legislação.
Cabe ao Diretor/a, ao Coordenador/a Pedagógico/a e ao Assistente de Diretor/a mobilizar interesses e esforços e
diminuir os índices de resistência que surgirão ao propor o tema. O elemento surpresa sempre foi um aliado para conseguir
que nos reconhecêssemos racistas e preconceituosos diante de situações para as quais não estávamos preparadas na
EMEI Nelson Mandela. E é preciso dizer, às vezes caíamos nas nossas próprias provocações. Deixarmos exposta nossa
fragilidade e falta de conhecimento é fundamental para trabalharmos as Leis 10.639/03 e 11.465/08. Para ser mais objetiva,
não podemos ocultar o que sentimos. Para trabalhar as relações étnico-raciais e questões de gênero é preciso, além de
humildade, transparência. Não participar de formações com temas religiosos; sair de um evento, porque ouvimos o som
de tambores numa roda de jongo; desmarcar uma apresentação de samba de roda, entre outras manifestações de racismo
foram algumas situações que tivemos que trabalhar, antes de nos tornarmos referência. Não devemos e não podemos ter
receio nenhum em admitir nossos sentimentos e crenças e a única condição para que isso aconteça é criar um ambiente de
profundo respeito e confiança. Portanto, uma educação antirracista é também implementar uma cultura da paz nas escolas.
Não há outra e melhor maneira de se começar um movimento de construção de valores e atitudes antirracistas do
que a vontade de uma pessoa de mudar a própria visão de mundo. Uma vontade pessoal capaz de contagiar um coletivo e
transformá-la em uma conquista de todas e todos.
Precisamos protagonizar as mudanças que queremos ver! Quem sabe você não seja o principal agente de mudança
no seu contexto social? Para testar sua potência transformadora, só começando as provocações para o seu grupo de convívio.
Todo o meu desejo de mudar o mundo, mesmo que adulta, não se difere daqueles sonhos que eu tinha ainda
adolescente, porque ambos começam dentro do meu quarto, para depois alcançarem “essas pessoas na sala de sala de
jantar, preocupadas em nascer e morrer”, como ainda cantam aos meus ouvidos, os Mutantes.
De toda a minha trajetória, não trago fórmulas, porque todas as que consegui decorar nunca utilizei em minha vida.
Relato algumas experiências pelas quais passei e que me ajudaram a criar uma nova maneira de contemplar e valorizar as
diferenças, em especial, depois que descobri a grandiosidade e o quanto da cultura e dos valores dos povos negros e dos
povos originários há em mim.
Comecei lendo autoras e autores negras/os e dos povos originários para lhes conhecer a história e o quanto de
desinformação eu carregava de ambos. Li e reli vários livros e textos para compreender os conceitos básicos que estão
presentes nas reflexões sobre as relações étnico-raciais e questões de gênero, como: racismo, preconceito, discriminação,
apropriação cultural, interseccionalidade, LGBTQI+, identidade de gênero binário, não binário, entre outros inúmeros, porque
há um mundo a ser descoberto.
Busquei autoras e autores negras/os e indígenas para compreender o meu lugar de fala ao discutir e combater o
racismo. Não foi fácil admitir que faço parte de uma raça que criou a figura do negro, que menospreza o povo originalmente
brasileiro e que os escraviza até hoje. Aprender mais sobre a branquitute que me constitui foi fundamental.

248
Procurei fundamentar todos os meus pontos de vista, em especial quando o assunto é racismo reverso, cotas raciais
ou qualquer política de reparação histórica. Aprendi com Chimamanda Ngozi Adichie que toda história tem dois lados (no
mínimo), então busco ouvir, pelo menos, três versões: da branquitude, da negritude e da indígena.
Além de ler o Estatuto da Igualdade Racial, busquei informação sobre racismo recreativo, ambiental, publicitário,
Procurei fundamentar
obstetrício, todos
científico e toda vezosquemeus
surgepontos
uma novade vista, em especial
discussão, quando onão
um novo conceito, assunto é racismo
perco tempo para reverso,
me atualizar.
cotas raciais ou qualquer
Comecei apolí�ca de de
participar reparação
eventos histórica.
promovidos Aprendi com Chimamanda
pelas comunidades negras Ngozi
(feiras,Adichie que
palestras, toda história
seminários) porque é na
tem doisconvivência
lados (no com mínimo), então busco ouvir, pelo menos, três versões: da branquitude, da
eles e elas que aprendi a admirá-los, respeitá-los, a compreender seus valores, sua cultura e sua negritude e da história.
indígena.Visitei uma aldeia indígena estabelecida na cidade de São Paulo para compreender um pouco mais sobre os processos de
Além de ler
opressão queovivem,
Estatuto
sobredasuas Igualdade Racial, busquei informação sobre racismo recrea�vo, ambiental,
lutas e história.
publicitário, obstetrício,
Utilizei o meu espaço virtual para surge
cien�fico e toda vez que dar vozuma novaaodiscussão,
e vez povo negro ume novo conquistasnão
suas conceito, perco tempo
e divulgar suas iniciativas
para me atualizar.
empreendedoras, além de comprar bonecas/os negros, livros com personagens negros e indígenas de autoras e autores
Comecei a par�cipar de eventos promovidos pelas comunidades negras (feiras, palestras, seminários)
negros e indígenas ou jogos africanos e indígenas para presentear as crianças da minha família.
porque é na convivência com eles e elas que aprendi a admirá-los, respeitá-los, a compreender seus valores, sua
Para finalizar, mesmo sabendo que deveria escrever um livro inteiro sobre isso, e reconhecendo que me falta muito
cultura e sua história. Visitei uma aldeia indígena estabelecida na cidade de São Paulo para compreender um pouco
para tanto, transcrevo algumas observações pontuais que fiz nas salas das professoras, durante os últimos anos.
mais sobre os processos de opressão que vivem, sobre suas lutas e história.
U�lizei oUmameueducação para apara
espaço virtual igualdade
dar vozracial
e vezsóaoacontece
povo negroquando nosconquistas
e suas dispomos revisar nossos
e divulgar suashábitos e crenças e
inicia�vas
compreendemos
empreendedoras, além de quecomprar
o que figura como direito
bonecas/os de aprendizagem
negros, na educaçãonegros
livros com personagens infantil -ecuidar de si de
indígenas e do outro -epara nós,
autoras
adultos,ese
autores negros constituiou
indígenas emjogos
um dever cidadão.
africanos SP 14/06/2011
e indígenas para presentear as crianças da minha família.
Uma ação
Para finalizar, mesmoafirmativa
sabendo se faz com
que a nossaescrever
deveria disponibilidade
um livroeminteiro
tirar assobre
vendasisso,
dos eolhos (e da alma) que
reconhecendo quenosmeoferecem
uma visão deturpada e parcial da realidade. Uma ação afirmativa só é possível
falta muito para tanto, transcrevo algumas observações pontuais que fiz nas salas das professoras, durante os nascer de pessoas transformadas que
compreendem a sua responsabilidade na perpetuação do racismo, do preconceito e da intolerância no tempo e espaço que
�l�mos anos.
ocupam.
Uma SP 12/09/2013
educação para a igualdade racial só acontece quando nos dispomos revisar nossos hábitos e crenças e
compreendemos A que o que para
educação figuraa como
igualdadedireito de exige
racial aprendizagem na educação
lucidez suficiente infan�l-como
para colocar cuidarprioridade
de si e domudar
outro-opara
mundo para
nós, adultos,
melhorse cons�tui
e sabedoria emem umdose
dever cidadão.
dupla SP 14/06/2011
para começar essa mudança colocando ordem na nossa bagunça interna, nas nossas
Uma ação afirma�va se faz com a nossa disponibilidade
próprias casas e no ambiente que escolhemos trabalhar. SP 13/05/2015 em �rar as vendas dos olhos (e da alma) que nos
oferecem uma Uma visãoeducação
deturpada e parcialeda
antirracista realidade.
plural Uma ação
se concretiza quando afirma�va só é possível
reconhecemos aquilo quenascer de pessoas
nos reveste, nossa maior
transformadas que compreendem a sua responsabilidade na perpetuação do racismo,
armadura, o sentimento de superioridade em relação a todos e todas não brancos, porque finalmente descobrimos do preconceito e da que é
intolerância no tempo e espaço que ocupam. SP 12/09/2013
ele o responsável pelas desigualdades e injustiças que promovemos e sustentamos como forma de opressão e manutenção
Ade
educação para
privilégios. a equidade racial exige lucidez suficiente para colocar como prioridade mudar o mundo
SP 22/05/2018
para melhor e sabedoria em dose dupla para começar essa mudança colocando ordem na nossa bagunça interna,
Por fim, tenho uma proposta a fazer. Que tal, depois de ouvir todas as vozes da EMEI Nelson Mandela, você escolher
nas nossas próprias casas e no ambiente que escolhemos trabalhar. SP 13/05/2015
um novo livro, de uma mulher brasileira, para se dedicar nos próximos meses?
Uma educação an�rracista e plural se concre�za quando reconhecemos aquilo que nos reveste, nossa
Podemos dar o primeiro passo juntas/os, escolhendo um objeto de afeto para marcar essa sua importante tomada
maior armadura, o sen�mento de superioridade em relação a todos e todas não brancos, porque finalmente
de decisão,
descobrimos que ébasta ele virar mais uma página
o responsável pelasdadesigualdades
sua vida, agora. e injus�ças que
promovemos e sustentamos como forma de opressão e manutenção de
privilégios. SP 22/05/2018
Por fim, tenho uma proposta a fazer. Que Mil tal, depois
nações de ouvir
moldaram minhatodas
caraas
vozes da EMEI Nelson Mandela, você escolher um novo livro, de uma mulher
Minha voz uso pra dizer o que se cala.
brasileira, para se dedicar nos próximos meses?
Podemos dar o primeiro passo Serjuntas/os,
feliz no vão,escolhendo
no triz, é força
umque me de
objeto embala
afeto
O meu país é meu lugar
para marcar essa sua importante tomada de decisão, basta virar mais uma página de fala.”
da sua vida, agora. Música: O que se cala
"Mil nações moldaram minha cara / Minha voz uso pra
Compositor: Douglas Germano
dizer o que se cala.
Ser feliz no vão, no triz, é força queIntérprete:
me embala Elza/ Soares
O meu
país é meu lugar de fala."
Música: O que se cala - Compositor: Douglas Germano / Intérprete: Elza Soares
249
Outras palavras
M
A
"Todos os países que estão representados nas Nações
Unidas, celebram o Dia de Nelson Mandela. "Racismo é não gostar de alguém só
Eles têm projetos an�rracistas e que combatem a guerra porque ela é boliviana, japonesa ou
em defesa da paz. até índio."
Essas ideias que vocês estão colocando para essas
crianças, vão crescer com elas.
Essa é uma contribuição para que elas cresçam contra

D
o racismo e as guerras.
Vocês fazem parte de uma grande família mundial.
Agradeço pelo projeto e pelas ideias que vocês
defendem aqui."
Embaixador da África do Sul Vusi Mavimbela

"Racismo é pensar que é melhor que

I
os outros só porque é branco."
Micaela - criança mandelense

B
."Racismo é tratar mal alguém que é
negro."
Chris�an - criança mandelense

A
01/05/2022 – Visita à EMEI Nelson Mandela do Cônsul-Geral da África do Sul
em São Paulo, o Embaixador Vusi Mavimbela, Consul Geral Tinyiko Kumalo,
Cibele Racy ex-diretora da EMEI Nelson Mandela, Secretário Adjunto de
Educação da Cidade de São Paulo Bruno Lopes Correia, a Diretora Regional de
Educação Freguesia/Brasilândia Jussara Maciel Cardoso, a Diretora da EMEI
Nelson Mandela Roseli Rodrigues da Silva e a Supervisora Escolar Mariana
Panizza.

250
MARCADORES PARA A MUDANÇA

LETÍCIA CAROLINA ALINE PACHAMAMA DJAMILA RIBEIRO AMARA MOIRA


NASCIMENTO

É autora, pedagoga e É escritora do Povo É escritora, filósofa É escritora,


professora acadêmica Puri e Doutora em e acadêmica professora de
brasileira, História Cultural brasileira. Graduou- literatura, doutora
pesquisadora da área pela UFRRJ. Mestre se em Filosofia pela em Letras pela
de Gênero e em História Social Unifesp, em 2012, e Unicamp, Amara
Educação. Ela foi a pela Uff, e tornou-se mestra Moira traz um relato
primeira mulher idealizadora da em Filosofia Polí�ca autobiográfico sobre
traves� a ocupar uma Pachamama Editora, na mesma
cátedra em uma sua transição de
(editora formada ins�ttuião, em
universidade pública gênero e as
por mulheres 2015, com ênfase
piauiense, indígenas). em teoria feminista. experiências como
Universidade Federal profissional do sexo
do Piauí (UFPI). em Campinas.

251
252
ELIANE CAVALLEIRO ALINE NGRENHTABARE APARECIDA SUELI MARIA APARECIDA
L. KAYAPÓ CARNEIRO DA SILVA BENTO

É pedagoga com É kayapó, É uma filósofa, escritora É uma psicóloga,


especialização em descendente do povo e a�vvita an�rracista do escritora, a�vvita
educação pré- Aymara. Escritora, movimento social negro brasileira e diretora do
escolar e formada autora e a�vvita no brasileiro. Fundadora e Centro de Estudos das
em Letras. Mestra movimento nacional atual diretora do Relações de Trabalho e
em Educação, pela de indígenas
Geledés Ins�ttuo da Desigualdades. Doutora
Faculdade de mulheres. Fundadora
Educação - USP Mulher Negra e em psicologia pela
do Wairaísmo -
(1998) e Doutora corrente ancestral- considerada uma das Universidade de São
também pela filosófica que se principais autoras do Paulo, onde homologou
Faculdade de vincula à reflexão da feminismo negro no em 2002 a tese "Pactos
Educação - USP resistência das Brasil. Doutora em narcísicos no racismo:
(2003). É escritora indígenas mulheres no filosofia pela branquitude e poder nas
de livros que tratam Brasil. É acadêmica do Universidade de São organizações
do racismo nas curso de Direito. Paulo (USP). empresariais e no poder
escolas. público".

253
254
Acervo - Mostra Cultural

S
O
L

255255
F
E
J
O
256
Do lado de fora ou de dentro?
Era intrigante perceber a incidência com que incomodava as professoras,
as crianças não participarem
Era intrigante perceber das rodas de
a incidência comconversa nos relatórios
que incomodava de avaliação,
as professoras, as
porque essa observação aparecia
crianças não par�ciparem das rodas de em grande parte deles.
conversa nos relatórios de avaliação,
Foi preciso uma investigação
porque essa observação aparecia em grande sobre esse parte deles.e fui longe para tentar compreendê-lo.
fenômeno
Só me uma
Foi preciso lembro que, de umsobre
inves�gação determinado dia em diante,
esse fenômeno e fuidesenhar
longe paraumtentar
círculocompreendê-lo.
de fita adesiva nas salas de aula era
sinalSódememodernidade
lembro que,pedagógica. De fato, a formação
de um determinado da rodadesenhar
dia em diante, para umaum conversa
círculoéde umafitaatitude
adesivademocrática
nas salas dediante das
aula era
sinal infantis.
falas de modernidade
Há tambémpedagógica. De fato,
algo significativo que não a formação da roda para uma
pode ser desconsiderado em sua conversa
história,époruma a�tude
tratar-se dedemocrá�ca
uma herança
ancestral ritualística que inunda de significado o momento em que uma roda é formada. A circularidade representapor
diante das falas infan�s. Há também algo significa�vo que não pode ser desconsiderado em sua história, tratar-
o coletivo
se por
e, de uma herançaé ancestral
esse motivo, considerada ritualís�ca
um valor que inundaafro-brasileiro.
civilizatório de significadoDeo importância
momento em que inegável,
cultural uma roda é formada.
tanto que se fazA
circularidade
presente representa
no nosso dia a dia,otenho
cole�vo
algumase, por esse mo�vo,
restrições no tratoépedagógico
considerada queum valor civilizatório
foi ganhando nos últimos afro-brasileiro.
tempos. De
importância cultural inegável, tanto que se faz presente no nosso dia a dia, tenho algumas
Num determinado momento histórico da escola, muito se falou sobre a ditadura das cadeiras. Era preciso de espaço restrições no trato
pedagógico que foi ganhando
para que as crianças pudessem nos �l�mos
circular pela tempos.
sala e logo desenhou-se um círculo no centro para as conversas. Na linha de
Num determinado momento histórico da escola, muito se falou sobre a ditadura das cadeiras. Era preciso de
tempos e espaços lá estava ela, a Roda de Conversa.
espaço para que as crianças pudessem circular pela sala e logo desenhou-se um círculo no centro para as
Decidi acompanhar algumas, depois que percebi que elas não faziam muito sucesso entre as crianças, já que a
conversas. Na linha de tempos e espaços lá estava ela, a Roda de Conversa.
maioria preferia ficar mais fora da roda do que dentro delas, segundo relato das próprias professoras.
Decidi acompanhar algumas, depois que percebi que elas não faziam muito sucesso entre as crianças, já que a
maioria Anotações
preferia ficar feitas, parti
mais forapara fazer do
da roda algumas reflexões
que dentro comsegundo
delas, as professoras
relatoedassãopróprias
elas queprofessoras.
compartilho aqui.
Para que
Anotações servem
feitas, as para
par� rodasfazer
de conversa?
algumasSão para conversar,
reflexões mesmo? Masequem
com as professoras temque
são elas o direito de conversar
compar�lho aqui.e quando?
Se todos
Para queconversam,
servemquem escuta?
as rodas de conversa? São para conversar, mesmo? Mas quem tem o direito de conversar e
Sobre essas questões,
quando? Se todos conversam, quem tenho algumas
escuta? considerações. Não, nem todas as rodas são de conversa e tudo depende sob
a ótica
Sobrede essas
quem questões,
estamos falando.
tenho algumas considerações. Não, nem todas as rodas são de conversa e tudo depende
sob a ó�ca Achei
demais
quemprodutivo
estamosdefinir,
falando.em primeiro lugar, o que a Roda de Conversa não deve ser. Fica mais interessante,
acredito
Acheieu. mais produ�vo definir, em primeiro lugar, o que a Roda de Conversa não deve ser. Fica mais interessante,
acredito Umaeu. Roda de Conversa não é uma aula disfarçada sem cadeiras. Se a intenção é um monólogo, deixe que crianças
Uma Roda de Conversa
fiquem confortavelmente não épelo
sentadas, umamenos.
aula disfarçada sem cadeiras. Se a intenção é um monólogo, deixe que
crianças UmafiquemRodaconfortavelmente
de Conversa não ésentadas,
um jeito pelo menos. de reunir suas crianças para dar uma bronca generalizada e
democrático
Uma
poder Roda
olhar nosdeolhos
Conversa
de cadanãouma
é um jeito
para se democrá�co
certificar que de reunir
todas suas crianças
entenderam paraDesde
o recado. dar uma bronca
quando generalizada
é democrático dare
“bronca” coletiva? Não há maquiagem para isso. Quando for necessário, seja objetiva e explique que há momentos em queé
poder olhar nos olhos de cada uma para se cer�ficar que todas entenderam o recado. Desde quando
democrá�co
cada um deve dar “bronca”
ocupar cole�va? sem
o seu quadrado, Nãomedo há maquiagem
de errar. para isso. Quando for necessário, seja obje�va e explique
que há momentos em que cada um deve ocupar o seu quadrado, sem medo de errar.
Uma Roda de Conversa não possui a magia de paralisar a inquietude das infâncias. Não espere que ouvir a(o) amiga(o)
Uma Roda de Conversa não possui a magia de paralisar a inquietude das infâncias. Não espere que ouvir a(o)
falar seja mais interessante do que brincar com ela ou ele, até porque isso não significa que a criança não esteja antenada.
amiga(o) falar seja mais interessante do que brincar com ela ou ele, até porque isso não significa que a criança não
Então, o assunto e os estímulos precisam ser muito bem planejados.
esteja antenada. Então, o assunto e os es�mulos precisam ser muito bem planejados.
Uma Uma RodaRoda de Conversa
de Conversa nãonão é para
é para reunir
reunir trinta
trinta e cinco
e cinco crianças
crianças dede quatroa seis
quatro a seisanos
anoseetrazer
trazerpara
paradiscussão
discussão umum
assunto
assuntoque queeles
elesnunca
nuncaouviram
ouviram falar e querer
falar e querer ouvir o que
ouvir eleseles
o que têmtêm
a dizer. É preciso
a dizer. que que
É preciso o professor
o professortragatraga
ou faça uma
ou faça
provocação
uma provocação muito bem-feita para que meninos
muito bem-feita para quee meninas
meninossintam o desejosintam
e meninas de falar.o Édesejo
precisode instigar
falar.a Écuriosidade para que,a
preciso ins�gar
pelo menos, elas
curiosidade parae que,
eles sintam desejo de
pelo menos, elasperguntar sobredesejo
e eles sintam o que sedeestá propondo,
perguntar ou mesmo
sobre o que se que se propondo,
está apresente o ou tema antes
mesmo
que se apresente o tema antes d epropor a roda para ouví-los.

257
257
de propor a roda para ouvi-los.
Uma Roda de Conversa com crianças não é um bate papo entre adultos que pode durar mais de quatro horas sem
que ninguém perceba o tempo passar. Deve durar, no máximo quinze minutos.
Uma Roda de Conversa não pode ser uma prova de quem resiste mais tempo sentado no chão frio e duro de um
piso cinza de uma sala de aula. Pense em tapetes ou mesmo cadeiras, desde que todos estejam no mesmo nível em que a
conversa irá acontecer, inclusive a professor(a).
Uma Roda de Conversa não pode ser rotina, tem que ser uma novidade, um evento, um ritual. Não caia na tentação
de pegar uma cadeira só para você, adulto ou adulta, isso quebra o encanto, quebra o espírito democrático e a descontrução
hierárquica que é um dos princípios da circularidade.
Uma boa Roda de Conversa é aquela em que o assunto é interessante para todos e todas. Elabore a pauta das Rodas
de Conversa com as crianças e adolescentes. Isso pode mudar tudo!
As Rodas de Conversa na Educação Infantil não precisam ser realizadas com todas as trinta e cinco crianças da sala,
porque isso nem de longe será democrático nessa fase. Nenhum profissional consegue ouvir nem metade delas. O ideal é
chamar um grupo de dez crianças, no máximo, para uma roda e deixar que as outras crianças optem por outras propostas.
Interessante seria se, nesse mesmo momento, as crianças criassem outros tipos de rodas: roda do descanso, roda
da meditação, roda do carinho, roda da música e outras rodas que pudessem ser gerenciadas por elas sem o auxílio do(a)
professor(a).
Aprendemos, na EMEI Nelson Mandela, que repetir práticas nos faz repetir discursos e queixas. É preciso inovar,
compreendendo inovação não como algo que nunca foi feito, mas como uma atitude capaz de assegurar resultados positivos
para professores e crianças em seus processos de ensinar e aprender.

258
Respeito e dignidade, já!
Era o centro nervoso, pouco convidativo e passagem obrigatória para
qualquer Eralugar oquecentro
você desejasse
nervoso, ir dentro
pouco da EMEI eGuia
convida�vo Lopes. obrigatória
passagem Sempre lotado,
para
barulhento
qualquer de onde
lugar que se você
viam desejasse
crianças inquietas
ir, dentro dae adultos
EMEI Guia passivosLopes.
diante do caos. lotado,
Sempre
Mesasderetangulares
barulhento onde se viam com três crianças
crianças inquietas e enfileiradas
adultos passivosde cada
diante lado. Não sei qual
do caos.
foi a concepção que definiu
Mesas retangulares comesse mobiliário,
três crianças mas
enfileiradas pedagogicamente
de cada lado. Nãoa ideia não foi
sei qual meaagradava
concepçãonemque
um pouco.
definiu
Nas janelas,mas
esse mobiliário, grades bem fechadas impediam
pedagogicamente a ideia não a limpeza dos vidros
me agradava neme oumar de circular livremente por aquele espaço. Do
pouco.
outro ladoNas do janelas,
vidro, a sujeira
gradesacumulada
bem fechadas de anos, impedia a limpeza
impediam visão do parque
dos vidrose dase lindas
o ar de árvores
circularcentenárias
livrementeplantadas por
por aquele
uma das primeiras
espaço. Do outro diretoras
lado dodavidro,
escola.a sujeira acumulada de anos, impedia a visão do parque e das lindas árvores
As crianças
centenárias formavam
plantadas filas das
por uma paraprimeiras
pegar o prato de plástico
diretoras azul e a caneca de plástico azul já gastos pelo uso com a
da escola.
inscrição AsPMSP. Sem esquecer,
crianças formavam é claro, da colher
filas para pegardeoplástico
prato de azul.
plás�co azul e a caneca de plás�co azul já gastos pelo uso
com a Foi
inscrição PMSP.
impossível Sem esquecer,
suportar esse cenário é claro, da colher
por muito tempo.de plás�co azul.
AFoi impossível
segunda verba que suportar
chegou esse cenário
para por muito
que a escola tempo.
investisse no seu Projeto Político-Pedagógico teve destino certo! Um
A segunda verba que chegou para
projeto permanente que transformou o refeitório em restaurante.que a escola inves�sse no seu Projeto Polí�co-Pedagógico teve des�no
certo!Adquirimos
Um projetopratos permanente
de vidro,que transformou
garfos, o refeitório
facas e canecas em restaurante.
supercoloridas. Hoje isso é norma na Secretaria Municipal de
Educação,Adquirimos
mas na épocapratos nem sedepensava
vidro, nisso.
garfos, facas e canecas
Recebíamos inúmerassuper coloridas.
perguntas Hojeque
de colegas isso
nãoésabiam
normacomo
na Secretaria
tínhamos
Municipal de Educação, mas na época nem se pensava nisso. Recebíamos inúmeras
coragem de dar faca e garfo para crianças tão pequenas. Como assim, vocês não têm medo de que eles se machuquem? perguntas de colegas que não E
ossabiam
pratos como �nhamos
de vidro, quantoscoragem
quebramde pordar
dia?faca e garfo para crianças tão pequenas. Como assim, vocês não têm medo
de queAseles se machuquem?
mesas receberam toalhas E osepratos de vidro,
as crianças ficaramquantos quebram
responsáveis pelapor dia?
ambientação do restaurante. Isso se transformou
As mesas receberam toalhas e as crianças ficaram responsáveis
em uma prática anual. Todo ano, o restaurante recebe produções relacionados ao tema do projeto didático. pela ambientação do restaurante. Isso se
transformou em uma prá�ca anual. Todo ano, o restaurante recebe
As mesas retangulares saíram e deram lugar as mesas redondas. Almoçar em pequenos grupos, produções relacionados ao tema do projeto
possibilitou às
didá�co.
crianças conversar em um tom mais baixo e assumir outras posturas durante os momentos de refeição, como limpar o
As mesas
próprio prato e o lugarretangulares
onde se sentou. saíram e deram lugar as mesas redondas. Almoçar em pequenos grupos,
possibilitou
As grades foram retiradas e seem
às crianças conversar um tom mais
transformaram em baixo
suportes e assumir
de lindasoutras
plantasposturas durante
e foi possível os momentos
almoçar admirando de o
refeição, como limpar o próprio prato e o lugar onde se sentou.
parque em que iriam brincar.
As grades foram re�radas e se transformaram em suportes de lindas plantas e foi possível almoçar
Refeitório é pouco para um lugar que se pretende formar hábitos alimentares saudáveis, é pouco quando se quer
admirando o parque em que iriam brincar.
criar um clima de convivência prazeroso.
Refeitório é pouco para um lugar que se pretende formar hábitos alimentares saudáveis, é pouco quando
Refeitório é possível encontrar em cadeias e em empresas. Parece muito mais um lugar feito para comer e sair logo,
se quer criar um clima de convivência prazeroso.
porque o mais importante está por vir. Isso não era o que desejávamos para nossas crianças.
Refeitório é possível encontrar em cadeias e em empresas. Parece muito mais um lugar feito para comer e
Ele já foi “Restaurante só para crianças”, “Restaurante do Tetelo” “Restaurante do Azizi” e, entre outros tantos e, por
sair logo, porque o mais importante está por vir. Isso não era o que desejávamos para nossas crianças.
último, “Restaurante Nelson Mandela”.
Ele já foi “Restaurante só para crianças”, “Restaurante do Tetelo” “Restaurante do Azizi” e, entre outros
tantosOe fato é que passaram
por úl�mo, milhares
“Restaurante de crianças
Nelson Mandela”.por ele durante esses últimos quinze anos.
Um grupoé delas,
O fato foi representar
que passaram milharesa escola em um evento
de crianças por elenodurante
Mercado Municipal
esses úl�mos de quinze
São Paulo comUm
anos. a Professora Deise
grupo delas foi
Ferreira e seu Projeto premiado “Tem Gato Na Tuba”. As crianças foram como repórteres
representar a escola em um evento, no Mercado Municipal de São Paulo, com a Professora Deise Ferreira e seu da nossa rádio mirim.
Projeto Napremiado
hora do almoço,
“Tem Gato pegaram
Na Tuba”.os pratos, os talheres,
As crianças sentaram-se
foram como a mesa
repórteres sem cerimônia,
da nossa rádio mirim.com total domínio do
ambienteNa e almoçaram
hora do almoço, junto com
pegaramtodosos ospratos,
adultosos e talheres,
autoridades que estavam
sentaram-se no local.
a mesa semOcerimônia,
restaurantecomparou. Depois
total de
domínio
algum tempo, a pergunta que veio ao pé do ouvido com incredulidade, foi: - São
do ambiente e almoçaram junto com todos os adultos e autoridades que estavam no local. O restaurante parou. crianças de escola pública? Adivinha a
resposta
Depois em de alto e bom
algum som?aSim,
tempo, de escola
pergunta que pública!
veio ao pé do ouvido com incredulidade, foi: - São crianças de escola
pública? Adivinha a resposta em alto e bom som: - Sim, de escola pública!

259
259
Minhocas e bichinhos, xô!
Era uma reunião promovida pela Diretoria Regional de Educação e depois
de algumas Eraorientações
uma reunião gerais,promovida
nos reunimos pela em pequenos
Diretoria Regionalgrupos para compartilhar
de Educação e depois de
experiências relativas aogerais,
algumas orientações trabalho noscom projetos.em
reunimos Estávamos em
pequenos cinco pessoas
grupos entre diretoras
para compar lhar
eexperiências
coordenadoras pedagógicas, num raro
rela vas ao trabalho com projetos. momento em que se reúne a dupla gestora
Estávamos em cinco pessoas entre diretoras e das escolas num
mesmo espaço de troca e discussão.
coordenadoras pedagógicas, num raro momento em que se reúne a dupla gestora das escolas num mesmo espaço
de troca Escutei as experiências das minhas colegas de educação infantil e notei que os quatro relatos tinham dois pontos
e discussão.
em comum. O primeiro
Escutei foi iniciar com
as experiências dasaminhas
afirmação de quedeo educação
colegas tema tinha infan
surgidol das crianças
e notei que eoso quatro
segundorelatos
é que emnham
90 % dosdois
relatos o tema era “bichinhos”.
pontos em comum. O primeiro foi iniciar com a afirmação de que o tema nha surgido das crianças e o segundo é
que emTinha90 %chegado
dos relatos a minha
o temavez erade contar o que estávamos fazendo na escola e fui breve. Disse que estávamos
“bichinhos”.
construindoTinhaumchegado
foguete para resgatar
a minha vez de Tetelo e Tetela
contar o queque tinham viajado
estávamos fazendoemna Luaescola
de Mel para
e fui Marte,
breve. masque
Disse como o motor
estávamos
deu um probleminha, as crianças acharam melhor construir outro em vez de mandar
construindo um foguete para resgatar Tetelo e Tetela que nham viajado em Lua de Mel para Marte, mas como alguém até lá para consertar. Parao
programar
motor deuessa umviagem, era preciso
probleminha, as conhecer todos os planetas
crianças acharam melhordo sistema solar
construir outropara
emidentificar
vez de mandaronde o alguém
nosso foguete
até láteria
para
que chegar por
consertar. Paracontrole
programar remoto.essa viagem, era preciso conhecer todos os planetas do sistema solar para iden ficar
Inicialmente ouve
onde o nosso foguete teria que um silêncio,
chegar seguido por uma
por controle risada de quem não tinha entendido absolutamente nada. Era
remoto.
compreensível essa reação.
Inicialmente ouve um silêncio, seguido por uma risada de quem não nha entendido absolutamente nada.
Na época, havia
Era compreensível essaumreação.
discurso unânime de que tudo deveria vir da criança. Se não viesse, não teria valor. A professora
que ousasse se antecipar, estaria
Na época, havia um discurso desrespeitando,
unânimeoudemelhor,que tudoinvadindo
deveriao território da infância.
vir da criança. Se não Eraviesse,
preciso não
estarteria
atenta paraA
valor.
aproveitar
professora osque
interesses
ousasse naturais e espontâneos
se antecipar, estaria para, daquele ponto, ou
desrespeitando, iniciar um projeto.
melhor, invadindo o território da infância. Era
precisoBem,estarpode
atenta serpara
que aproveitar
essa seja ainda uma possibilidade
os interesses uma concepção
naturais e espontâneos paradaquele
para, muitas ponto,
pedagogas e pedagogos,
iniciar um projeto.eu
respeito, Bem,
mas não foi assim que construímos os projetos da EMEI Nelson Mandela.
pode ser que essa seja ainda uma possibilidade e uma concepção para muitas pedagogas e
Uma Pedagogia
pedagogos, eu respeito, da Provocação
mas não foinão assim espera, cutuca.
que construímos os projetos da EMEI Nelson Mandela.
Perguntei inicialmente
Uma Pedagogia às professoras
da Provocação nãoporque
espera,haviam
cutuca. estudado tantos anos. Se esses anos de estudo dão lhes dava
competênciaPerguntei
para saberinicialmente
o que seria àsimportante
professoras porque
suas criançashaviam estudado
aprenderem tantos
ou não. Ou anos.
ainda, Se esses
se não anos
seria de estudo
possível dão
mobilizar
olhes dava competência
interesse das crianças para para saber oque
assuntos quenenhuma
seria importante suas crianças
escola de educação aprenderem
infantil teria ousadooupropor
não. Ouatéainda,
aquelesemomento.
não seria
possível mobilizar
Será mesmo o queinteresse
é a criançadasquecrianças para assuntos
deve definir sempre o que pontonenhuma
de partida?escola de educação
Ou podemos infan l teria
compartilhar ousado
o trajeto eo
propor até aquele momento.
destino? Essa rigidez sobre quem é que comanda um projeto impôs alguns equívocos na caminhada pedagógica de alguns
professores Será mesmo que é a criança que deve definir sempre o ponto de par da? Ou podemos compar lhar o
e professoras.
trajetoPensei
e o des queno? Essae descobri
pensei rigidez sobre
a chave quem é que comanda
de tamanha coincidênciaumsobre
projeto impôs
tantos algunsnos
bichinhos equívocos na caminhada
projetos infantis. É fácil
pedagógica
entender por quê.de alguns professores e professoras.
Pensei que
Primeiro temos pensei e descobri aachave
que desconstruir ideia dedeque
tamanha coincidência
o interesse sobre
das crianças portantos bichinhos
bichinhos nos projetos
seja natural como meinfanfoi ditos.
É fácil
na entender
tal reunião “Elaspor(asquê.
crianças) adoram bichinhos”. Não, elas não adoram bichinhos. Nós, adultos, praticamente obrigamos
as crianças a gostarem de que
Primeiro temos desconstruir
“bichinhos desde que a ideia
elasde que o interesse das crianças por bichinhos seja natural como me
nascem.
foi ditoMal nanascem,
tal reuniãojá tem“Elas
um leão(as oucrianças)
um ursinho adoram
comobichinhos”. Não,daelas
enfeite da porta não adoram
maternidade, quandobichinhos.
não umaNós, girafaadultos,
ou um
pra camente
elefante na paredeobrigamos
do quarto. as crianças a gostarem de “bichinhos desde que elas nascem.
Quando completam osum
Mal nascem, já tem dozeleão ou um
meses, ursinho
quando nãocomo
antesenfeite da porta
disso, somos da maternidade,
peritos em imitar os sons quando nãoanimal
de cada uma girafa
que
ou um elefante
encontramos na eparede
na rua fazer umado quarto.
festa para aqueles que não pretendemos colocar em nossas casas nunca e de jeito nenhum!
Quando
Vamos até completam
a livraria paraoscomprar
doze meses, quando
os primeiros não antes
exemplares paradisso,
nossossomos peritos
pequenos em imitar
e pequenas, os sons
aqueles de cada
de pano ou
animal que encontramos na rua e fazer uma festa para aqueles que não pretendemos colocar em nossas casas

260
260
plástico, e qual não é a surpresa quando sem perceber levamos um do ratinho, outro do macaco e outro mais lindo ainda
da coelhinha?
Ah! Os primeiros brinquedos. Ah! Os primeiros brinquedos com sons! Os primeiros múúús, mééés e cocoricós!
E os desenhos na TV, então? Como as crianças amam, ficam hipnotizadas. Tem até aqueles que gostam mais. Sim, o
dos porquinhos!
Então, vamos combinar? Crianças só falam sobre aquilo que conhecem. Crianças só falam de bichinhos, porque é a
única coisa que nós adultos não cansamos de lhes mostrar desde que nascem.
Nós, da EMEI Nelson Mandela decidimos interromper essa lógica e acreditar na potência de nossas crianças.
Acreditamos que elas são capazes de muito mais e todas as vezes que as provocamos, elas nos surpreenderam. Todas as
vezes que trouxemos a vida para ser discutida e pensada, elas foram capazes de nos emocionar com suas opiniões. Há
sempre uma hipótese na ponta da língua, esperando uma oportunidade para ser dita. Há sempre algo já pensado e não dito
para ser compartilhado para quem perguntar.
Então, em nome das infâncias, mudem os discursos e os temas dos projetos de educação infantil e apertem os cintos!
Não esperem tanto, provoquem. Isso não é pedagógica e nem politicamente incorreto. As minhas, as suas, as nossas crianças
merecem outros roteiros!

261
Fazendo o que seu mestre
mandar?
Em
Em que que tempo
tempo ser obediente
ser obediente merecia merecia prêmiodedentro
prêmio dentro de uma
uma escola? escola?
Bem, Bem,
se houve
se houve não deveria haver mais, não é?
não deveria haver mais, não é? Ser ajudante do dia é coisa para ser disputada por crianças de
Ser ajudante do dia é coisa para ser disputada por crianças de quatro e cinco anos de
quatro e cinco anos de idade? Por quê? Foi essa a pergunta que me fiz durante bons anos assistindo a
idade? Por quê?
prática se repetir diante dos meus olhos. Será que ser o primeiro da fila para entrar no banheiro valia o esforço de fazer tudo
Foi essa a pergunta que me fiz durante bons anos assis�ndo a prá�ca se repe�r diante dos meus olhos.
o que aSerá
professora
que ser mandava fazer? da
o primeiro Ela fila
não para
pedia,entrar
porquenosebanheiro
pedisse a criança
valia o poderia
esforçodizer não, certo?
de fazer tudo o que a professora
Talvez ao título fosse disputado, porque era um jeito de sair
mandava fazer? Ela não pedia, porque se pedisse a criança poderia dizer não, certo? da rotina e cumprir outros tipos de obrigação. Não sei,
pode ser.Talvez ao �tulo fosse disputado, porque era um jeito de sair da ro�na e cumprir outros �pos de obrigação.
Não sei,Que
podeprazer
ser. seria esse? Seria o de finalmente poder chegar mais perto da professora do que normalmente era
possível?
QueOuprazer
quem sabeseriaver o nome
esse? Seriaem destaque
o de finalmentenum poder
cartaz ao lado da
chegar maisporta de entrada
perto da sala?do que normalmente era
da professora
possível?JáOusei,quem
era porsabe
tudover
isso e maisem
o nome um destaque
pouco. Eranumo desejo
cartazdeaoserlado
importante.
da portaErade protagonizar algumas ações da rotina
entrada da sala?
e assim,Jáser notado.
sei, era por tudo isso e mais um pouco. Era o desejo de ser importante. Era protagonizar algumas ações da
ro�na e O assim, ser“Diretor
projeto notado.de Escola por um dia”, foi idealizado por várias razões, mas a atuação submissa que era comum
O projeto
ao ajudante “Diretor de
das professoras Escoladeixar
precisava por umde dia”, foi prática
ser uma idealizado
comum porna várias
EMEIrazões, mas a atuação submissa que era
Nelson Mandela.
comumProtagonismo
ao ajudante das professoras
Infantil tem outraprecisava
origem edeixar
outras de ser uma prá�ca
características que, comum na EMEInão
definitivamente Nelson Mandela.
se parecem em nada com
Protagonismo Infan�l tem outra origem e outras caracterís�cas
pegar e distribuir cadernos, puxar a fila ou levar recados para uns e outros. que, defini�vamente não se parecem em
nada com Erapegar
precisoe distribuir cadernos,
que as crianças puxar a fila ou
experimentassem levar recados
a escola de um jeitopara uns
que e outros.
nunca tinham vivido. Se a escola foi feita para
Era preciso que as crianças experimentassem a escola de um
atender as suas necessidades, que assim fosse feito. Unimos duas questões fundamentais. jeito que nunca �nham que
Queríamos vivido.
elasSe a escola
fossem livresfoi
feita para atender as suas necessidades, que assim fosse feito. Unimos duas questões fundamentais. Queríamos que
para viver a escola como desejassem, mas que nos ajudassem a construir soluções com o seu poder de análise. Uma análise
elas fossem livres para viver a escola como desejassem, mas que nos ajudassem a construir soluções com o seu poder
só possível com o olhar visto de baixo para cima, na altura da cintura de um adulto, mais ou menos.
de análise. Uma análise só possível com o olhar visto de baixo para cima, na altura da cintura de um adulto, mais ou
menos. Ao mesmo tempo em que elas não tinham obrigação de fazer absolutamente nada com o seu grupo de referência,
havia apenas
Ao mesmouma exigência
tempo que em era
quealmoçar
elas nãoe lanchar
�nhamquando sentissem
obrigação fome.absolutamente nada com o seu grupo de
de fazer
No restante
referência, havia apenasdo dia, eraexigência
uma andar pelaqueescola e verificare lanchar
era almoçar se tudo corria
quando bem e conversar
sen�ssem com todas e todos. No meio
fome.
dessa agenda superlotada,
No restante do dia,dava
eratempo
andarde brincar
pela escolaonde quisessese
e verificar e otudo
tempo que bem
corria fosse enecessário.
conversarJamais vou mee esquecer
com todas todos. No
de uma
meio diretora
dessa agenda quesuperlotada,
me perguntoudava o que eu fazia.
tempo Depois onde
de brincar de mequisesse
ouvir atentamente,
e o tempo dirigiu-se
que fosseà necessário.
sala das professoras
Jamais vou e
acompanhou
me esquecer de a JEIF
uma (horário
diretoradeque
estudo
me coletivo)
perguntou acompanhando
o que eu fazia. a leitura
Depoisdedeum metexto
ouvireatentamente,
fazendo várias dirigiu-se
anotaçõesàem salasua
das
professoras
prancheta. e acompanhou a JEIF (horário de estudo cole�vo) acompanhando a leitura de um texto e fazendo várias
anotaçõesO usoemda sua prancheta.
medalha não era um prêmio, mas era uma forma de ser reconhecida/o por qualquer pessoa da escola e ser
O usopara
procurada/o da resolver
medalhaquestões
não eraouum serprêmio, mas aera
convidada/o uma forma
participar de ser
de alguma reconhecida/o
atividade fora de sua por qualquer pessoa da
rotina.
escola eEser procurada/o para resolver questões ou ser convidada/o a par�cipar de
como as crianças sempre nos surpreendem, problema nenhum escapava aos olhos atentos dessas diretoras alguma a�vidade fora de sua e
ro�na.
diretores. As soluções para os problemas sempre foram tão criativas que não havia como desprezá-las. Foram todas levadas
E como as crianças sempre nos surpreendem, problema nenhum escapava aos olhos atentos dessas diretoras
a termo.
e diretores. As soluções para os problemas sempre foram tão cria�vas que não havia como desprezá-las. Foram todas
levadas Nunca
a termo. o cargo de diretora e diretor por um dia foi tão disputado. Eram 320 candidatas(os) para 7 vagas diárias.
Praticamente
Nuncaum concurso
o cargo público. e diretor por um dia foi tão disputado. Eram 320 candidatas(os) para 7 vagas diárias.
de diretora
O resultado?
Pra�camente A lista de
um concurso aprovadas e aprovados sempre foi imensa!
público.
O resultado? A lista de aprovadas e aprovados sempre foi imensa!

262
262
Sol e chuva, casamento entre
branco e preto, pode?
Quando perguntamos às crianças se Azizi Abayomi, príncipe africano poderia
Quando perguntamos às crianças se Azizi Abayomi, príncipe africano poderia se
se casar com Sofia, moça branca do interior paulista, a resposta foi uma só: “Não, ele é
casar com Sofia, moça branca do interior paulista, a resposta foi uma só: "Não, ele é preto
preto
e ela éebranca!"
ela é Essa branca!”
narra�vaEssa estava
narrativa estavana maioria dos grupos.
presente presente na maioria dos grupos.
NãoNãodissemos
dissemos nada,
nada,porque
porquejá havia algo planejado.
já havia Enviamos
algo planejado. a agendaa para
Enviamos agenda casa,para
pedindo
casa,uma foto da
pedindo umafamília
fotodeda
nossas crianças e as professoras foram compondo um lindo cartaz na medida em que
família de nossas crianças e as professoras foram compondo um lindo cartaz na medida em que as fotos foram as fotos foram chegando. Entre as
respostas,
chegando. vinham
Entrejustificativas
as respostas, dasvinham
famíliasjus�fica�vas
que eram compostas só pela
das famílias quemãe,
erampor duas mães,
compostas sóporpeladois paispor
mãe, e nós
duasfizemos
mães,
por dois pais e nós fizemos questão de que elas enviassem as fotos, mas que antes viessem
questão de que elas enviassem as fotos, mas que antes viessem conversar com a gestão que fazia questão de conhecê-las. conversar com a gestão
que fazia questão
Enquanto de conhecê-las.
aguardávamos as fotos e conhecíamos melhor as famílias, fomos confeccionando um lindo cartaz, sem
fazer nenhuma relação com o projeto as
Enquanto aguardávamos fotos euma
e fizemos conhecíamos melhorPor
nova provocação: asquefamílias,
será que fomos
Sofia confeccionando um lindo
é branca e Azizi Abayomi é
cartaz, sem fazer nenhuma relação com o projeto e fizemos uma nova provocação: Por que será que Sofia é branca
negro?
e Azizi Abayomi é negro?
Depois de ouvir as mais variadas respostas, montamos um laboratório para buscarmos as possíveis respostas.
Depois de ouvir as mais variadas respostas, montamos um laboratório para buscarmos as possíveis
Construímos um corpo humano,
respostas. Construímos equipamos
um corpo humano,o laboratório
equipamos comotubos de ensaio,
laboratório comseringas,
tuboslupas e tudo seringas,
de ensaio, que fosse preciso
lupas epara
tudo
asque
nossas cientistas e nossos pesquisadores pudessem atuar com tranquilidade e não
fosse preciso para as nossas cien�stas e nossos pesquisadores pudessem atuar com tranquilidade e não reclamassem por falta de material.
De tantopor
reclamassem olharem
falta de para os tubos de ensaio, perceberam que havia, nas amostras de sangue de alguns pacientes,
material.
De tanto
alguns pontinhos queolharem
não eram para os tubos
vermelhos. de ensaio,
O que perceberam que havia, nas amostras de sangue de alguns
seria aquilo?
pacientes,
No dia alguns pon�nhos
seguinte, que não
ao abrirem eramhumano
o corpo vermelhos.
feito O que caixa
numa seria aquilo?
de papelão, constataram que nas veias, corria um
sangue com alguns pontos de luz bem diferentes e que passavam por todos de
No dia seguinte, ao abrirem o corpo humano feito numa caixa papelão,
os órgãos constataram
internos feitos comque nas veias,
bexigas corria
coloridas.
um sangue com
Tudo muito intrigante. alguns pontos de luz bem diferentes e que passavam por todos os órgãos internos feitos com
bexigas coloridas. Tudo muito intrigante.
Claro que as professoras deram uma ajuda, dizendo que talvez ali estivesse a resposta para a nossa pergunta. Seriam
Claro que as professoras deram uma ajuda, dizendo que talvez ali es�vesse a resposta para a nossa
aqueles
pergunta.pontos que circulavam
Seriam aqueles pontos no sangue responsáveisnopela
que circulavam diferença
sangue da cor da pela
responsáveis nossadiferença
pele? da cor da nossa pele?
E Eveio
veioa resposta!
a resposta! Melanina
Melanina era era
o nome
o nomedaquela potência
daquela capaz capaz
potência de darde cordar
a nossa
cor apele,
nossa aopele,
nossoaocabelo
nossoe cabelo
a cor dos
ea
nossos olhos. Quanto mais melanina no nosso corpo, mais escura a nossa pele, nosso
cor dos nossos olhos. Quanto mais melanina no nosso corpo, mais escura a nossa pele, nosso cabelo e nossos cabelo e nossos olhos.
olhos.Nunca imaginamos ser possível acontecer o que estava diante dos nossos olhos. Crianças negras compreendendo
que elas Nunca
ganhavam imaginamos
em quantidade ser de possível
melanina acontecer o que
das crianças estava
brancas, foi diante
a maior dos nossos
injeção olhos. Crianças
de autoestima que vimos negras
ser
compreendendo
possível. Sim, foi esseque elas ganhavam
o sentimento. em comprovamos
Foi aí que quan�dade de melanina poder
o verdadeiro das crianças brancas,
da melanina! foi adomaior
O poder injeção de
conhecimento!
autoes�ma
Saber explicar que havia uma razão científica que lhe dava uma pele preta, um cabelo preto e crespo e olhospoder
que vimos ser possível. Sim, foi esse o sen�mento. Foi aí que comprovamos o verdadeiro escuros,da
melanina! O poder do conhecimento!
foi libertador.
Saber explicar que havia uma razão cien�fica que lhe dava uma pele preta, um cabelo preto e crespo e olhos
Chegar em casa e explicar que o avô tinha mais melanina que a mãe e que a mãe tinha menos melanina que o pai
escuros, foi libertador.
foi revelador e levou
Chegar empara
casaas famílias aque
e explicar certeza
o avôde�nha
que era
mais preciso participar
melanina que adesse
mãe poderoso
e que a mãe projeto
�nhacapaz
menosde transformar
melanina que a
vida dasfoipessoas
o pai reveladorgrandes e pequenas.
e levou para as famílias a certeza de que era preciso par�cipar desse poderoso projeto capaz de
As crianças
transformar a vidanãodasforam
pessoasas mesmas
grandes depois dessa descoberta e a melanina passou a ser conteúdo de todos os projetos.
e pequenas.
Sim, conteúdoAs crianças não foram
na educação asmandelense.
infantil mesmas depois dessa descoberta e a melanina passou a ser conteúdo de todos os
projetos. Sim, conteúdo na educação infan�l mandelense.

263
263
Depois de empoderadas, donas de si, voltamos ao projeto retomando a árvore com as fotos das famílias.
AnalisamosDepoisuma a uma. Descobrimos
de empoderadas, donas deque na maioria
si, voltamos delas oretomando
ao projeto casal eraaformado
árvore comporasuma
fotospessoa negraAnalisamos
das famílias. e a outra
branca.
uma a uma. Descobrimos que na maioria delas o casal era formado por uma pessoa negra e a outra branca.
Não induzimos a análise das fotos e nem fizemos conexão com a nega va das crianças em relação ao
Não induzimos a análise das fotos e nem fizemos conexão com a negativa das crianças em relação ao casamento de
casamento de Sofia com Azizi. Não foi preciso. As crianças são suficientemente inteligentes para fazerem isso sem
Sofia com Azizi. Não foi preciso. As crianças são suficientemente inteligentes para fazerem isso sem nossa ajuda.
nossa ajuda.
Convidamos asasfamílias
Convidamos famílias a nos contar
a nos contarcomo
comohaviam se conhecido,
haviam se havia
se conhecido, uma música
se havia que tinha
uma música quemarcado a vida doa
nha marcado
casal,docomo
vida foicomo
casal, o casamento e ou se houve
foi o casamento e ou um casamento.
se houve As mães queAscriavam
um casamento. mães que seuscriavam
filhos e seus
filhasfilhos
sozinhas nos contaram
e filhas sozinhas
que se
nos apaixonaram
contaram que um dia, mas que o relacionamento
se apaixonaram um dia, mas que não odeu certo. Os casais homoafetivos
relacionamento não deu certo. estiveram presentes
Os casais homoafee deram
vos
seusveram
es depoimentos
presentesbemeemocionados
deram seuse as professoras contaram
depoimentos suas históriasetambém.
bem emocionados as professoras contaram suas histórias
também. Depois de tantos romances e o envolvimento de todas e todos da escola, voltamos a pergunta que desencadearia a
ação coletiva do de
Depois meiotantos
do ano: romances e o eenvolvimento
Afinal, a Sofia o Azizi podem sedecasar?
todas e todos da escola, voltamos a pergunta que
desencadearia
Antes que a ação cole va
as crianças do meio do ano:
respondessem, cadaAfinal, a Sofia
professora e o Azizi
lembrou ao podem
seu gruposequal
casar?
tinha sido a resposta anterior, mas
Antes
não teve jeito. que as crianças respondessem, cada professora lembrou ao seu grupo qual nha sido a resposta
anterior,A mas não teve jeito.
resposta veio fácil, fácil: “Sim, eles podem casar, porque tem amor.”
A resposta veio fácil, fácil: “Sim, eles podem casar, porque tem amor.”
Um bom projeto é capaz de construir novas respostas para a mesma pergunta, feita aos mesmos sujeitos, num curto
Um bom projeto é capaz de construir novas respostas para a mesma pergunta, feita aos mesmos sujeitos,
espaço de tempo.
num curto espaço de tempo.
É preciso ensinar desde cedo que a ciência nos apresenta várias respostas e inúmeras soluções para os dilemas da
vida. Uma educação antirracista é assim, para cada manifestação racista baseada no senso comum, uma ação afirmativa
eficaz baseada no conhecimento científico.

Melanina, pontos de Estudo da bibliografia Pesquisas laboratoriais


luz no corpo humano sobre o tema

264

264
Lá no espelho, sou eu?
Sabemos
Sabemosque que oo racismo
racismo se se manifesta não
manifesta não só
só pelo
pelo que
que se sefaz,faz,mas
mas
pelo
peloque que deixamos
deixamosde de fazer
fazer àsàs pessoas
pessoas negras. Uma
negras. Uma das
das questões
questões mais maissentidas
sen das
nas
nas escolas
escolas diz diz respeito
respeito ao afastamento
ao afastamento dos profissionais
dos profissionais da da educação
educaçãodos doscorpos
corpos
das
dascrianças
criançasnegras.
negras.OOolhar olharquequenãonãoolhamos,
olhamos,as palavras que deixamos
as palavras de lhesdedirigir
que deixamos lhes edirigir
o toqueeo
toque que lhes negamos. Digo sempre que vencer o racismo começa quando
que lhes negamos. Digo sempre que vencer o racismo começa quando decidimos reeducar nossos cinco sentidos. Talvez o decidimos reeducar nossos
cinco
tato sejasen dos. Talvez
o primeiro que omereça
tato seja o primeiro
nossa especial que mereça nossa especial atenção.
atenção.
Erapreciso
Era preciso provocar
provocar a aproximação
a aproximação de professoras,
de professoras, educadoras,educadoras,
educadores educadores
das meninasdas meninasdaeescola.
e meninos meninos Umada
escola. Uma aproximação que fizesse a todos e todas quebrarem as barreiras e as jus fica
aproximação que fizesse a todos e todas quebrarem as barreiras e as justificativas que até então eram usadas para não tocar, vas que até então eram
usadas para não tocar, não abraçar, não mexer no cabelo, não, não e não.
não abraçar, não mexer no cabelo, não, não e não.
Tivemos a ideia de fazer o Dia da Beleza que, inicialmente começou com a reconfiguração da brinquedoteca
Tivemos a ideia de fazer o Dia da Beleza que, inicialmente começou com a reconfiguração da brinquedoteca por
por alguns dias do mês. Definimos cantos afros e, dentre vários, lá estava o território das mil e uma possibilidades.
alguns dias do mês. Definimos
Compramos todos oscantos afrosde
modelos e, enfeites
dentre vários, lá estava
possíveis paraoosterritório
cabelos,das mil e apropriados
pentes uma possibilidades.
para cabelos lisos e
Compramos todos os modelos de enfeites possíveis para os cabelos, pentes
crespos, elás cos, cremes, spray coloridos para que ninguém ficasse sem ser tocado e saísse sa sfeito apropriados para cabelos lisos equando
crespos,se
elásticos,
olhasse cremes,
no espelho. spray coloridos
Compramos para que ninguém ficasse
maquiagem também, sem ser tocadoa eideia
porque saíssenão
satisfeito quando
era adul zarseas
olhasse
meninasno espelho.
e nem
Compramos
constrangermaquiagemos meninos. também, porqueantes
Explicamos, a ideiadenão era adultizar
entrarem no salãoas meninas
de beleza,e nem
queconstranger os meninos.
eles receberiam muitosExplicamos,
carinhos e,
antes
comode entrarem
mágica, essesnocarinhos
salão deficariam
beleza, que eles receberiam
desenhados em seusmuitos
cabelos carinhos
e rostos.e, Todos
como entraram
mágica, esses
na filacarinhos
repe das ficariam
vezes.
Os carinhos, naquele dia, eram coloridos.
desenhados em seus cabelos e rostos. Todos entraram na fila repetidas vezes. Os carinhos, naquele dia, eram coloridos.
NoNoinício
iníciofoifoipreciso
precisoquebrar
quebrar o gelo
o gelo dasdas mãos
mãos dosdos adultos.
adultos. Sempre
Sempre aparecia
aparecia um um pedido
pedido de socorro
de socorro no sen dedo
no sentido
de não
não sabersabercomocomo lidar lidar
com ocom o cabelo
cabelo crespo. crespo.
O que Oeuque
diziaeuera,
dizia era, solte-o,
solte-o, passecom
passe creme creme com delicadeza
delicadeza e pergunte e pergunte
à criança à
criança o que ela quer que você faça. Quais os enfeites ela quer que você coloque.
o que ela quer que você faça. Quais os enfeites ela quer que você coloque. Esse era o movimento mais importante. Soltar Esse era o movimento mais
importante. Soltar os cachos, massagear os cabelos com um creme bem cheiroso, ser tocada por alguém diferente
os cachos, massagear os cabelos com um creme bem cheiroso, ser tocada por alguém diferente de sua mãe ou seu pai. Ser
de sua mãe ou seu pai. Ser tocada por sua professora, pela diretora ou pela professora que fica na secretaria.
tocada por Já sua
os professora,
meninos, pela quase diretora
sempre ou pela
comprofessora que ficacurtos,
cabelos muito na secretaria.
queriam tudo. Queriam todos os enfeites.
Já os meninos, quase sempre com cabelos
Compramos spray de várias cores, mas enquanto não penduramos longas muito curtos, queriam tudo. Queriam
trancinhas,todos
nãoos enfeites.
ramos aqueleCompramossorriso
spray
que queríamos ver estampados em seus rostos diante do espelho. Era incrível vê-los balançar a cabeça e sen r ver
de várias cores, mas enquanto não penduramos longas trancinhas, não tiramos aquele sorriso que queríamos algo
estampados
ir de um lado emaseus rostos
outro, como diante do espelho.
se fossem seus Era incrível
longos vê-los balançar a cabeça e sentir algo ir de um lado a outro, como
cabelos.
se fossemNa seus
horalongos cabelos.o espanto das famílias. Vendo a alegria de seus filhos e filhas, não havia clima para
da saída,
reclamar Na dohoracabelo soltoo eespanto
da saída, nem dadasnta verde Vendo
famílias. e rosa na cabeça
a alegria deinteira. No dia
seus filhos seguinte,
e filhas, muitas
não havia meninas
clima vieram com
para reclamar do
os mesmos adereços de tanto que gostaram daquele momento.
cabelo solto e nem da tinta verde e rosa na cabeça inteira. No dia seguinte, muitas meninas vieram com os mesmos adereços
Conclusão:
de As relações
tanto que gostaram entremomento.
daquele professoras e educadores e as crianças mudaram. Os olhares se encontravam de uma
forma Conclusão:
diferente, As pelo simples
relações fatoprofessoras
entre do toque que não haviae acontecido
e educadores antes. Criou-se
as crianças mudaram. umaseinencontravam
Os olhares midade quedefaltava uma
para que os laços se estreitassem e a empa a pudesse tomar seu devido lugar.
forma diferente, pelo simples fato do toque que não havia acontecido antes. Criou-se uma intimidade que faltava para que
Dica: O Dia da Beleza virou uma a vidade permanente em nosso calendário interno, porque tudo que dá certo
osprecisa
laços seser estreitassem
incorporado e aaoempatia
Projetopudesse
Polí cotomar seu devidoEle
Pedagógico. lugar.
já teve outras versões, mas não deixa de acontecer. O
que deDica: O Dia da Beleza
fato acontece todo dia,virou
é ouma atividade
conviver com permanente
contato, comem nosso
tato, comcalendário
afeto. interno, porque tudo que dá certo
precisa ser incorporado ao Projeto Político Pedagógico. Ele já teve outras versões, mas não deixa de acontecer. O que de fato
acontece todo dia, é o conviver com contato, com tato, com afeto.

265265
Sim,
Si m, Mandela!
Mandela! Porque
Porque não
não
poderia ser outro. poderia ser outro.
Por que Nelson Mandela e não um negro ou negra brasileira?
Por
Por que
que Nelson
Nelson Mandela
Mandela
Quanta gente curiosa e furiosa nós ee não
não um um
negro negro ou
ou negra
enfrentamos com negra
essabrasileira?
brasileira?
pergunta.
Quanta
Quanta gente curiosa
gente
Nossa resposta curiosa ee furiosa
sempre furiosa nós
nós
foi a mesma: enfrentamos
enfrentamos
"porque comessa
com
trabalhamos essapergunta.
pergunta.
com projeto e só
Nossa
Nossa resposta sempre foi a mesma: "porque
acontecem coisas se elas têm sen do para nossas crianças e toda a comunidade educa acontecem
resposta sempre foi a mesma: “porque trabalhamos trabalhamos
com projeto e só com
va." projeto coisase sesó
acontecem
elas têmEm sentido
2014para coisas se elas têm
nossas criançascom
trabalhávamos sen
e toda do para nossas
a comunidade
nossas crianças
crianças educativa.” e toda a comunidade educa
a biografia de Nelson Mandela após seu falecimento em va."
dezembro Em 2014
de 2013. trabalhávamos
Foi quando com
surgiu nossas
a ideia crianças
de alteração a biografia de escola,
Nelsondurante
Mandela após seu falecimento em
Em 2014 trabalhávamos com nossas crianças a biografiado denome
NelsondaMandela após seu uma reunião
falecimento emdodezembro
Conselhode de
dezembro
Escola, de 2013. Foi quando surgiu a ideia de alteração do nome da escola, durante uma reunião do Conselho de
2013. Foiproposta
quando surgiupela presidente Sr. Claudio,
a ideia de alteração pai de
do nome da aluno.
escola, Segundo
durante uma ele reunião
e as demais famíliasdepresentes,
do Conselho as crianças
Escola, proposta pela
Escola, proposta
não paravam pela
de falar pai presidente
no Vovô Sr.
Madiba. Claudio, pai de aluno. Segundo ele e as demais famílias presentes, as crianças
presidente
não paravam Sr. Claudio,
de falar no de aluno.
Vovô Madiba.Segundo ele e as demais famílias presentes, as crianças não paravam de falar no Vovô
Só foi possível a mobilização
Madiba.Só foi possível a mobilização para para pleitearmos um novo patrono, porque nossas crianças estavam envolvidas
nessa ação que acabou fazendo parte do pleitearmos
projeto didá umco novo
daquelepatrono,
ano. porque nossas
Traçamos vários crianças
paralelos estavam
entre envolvidas
a vida e obra
nessa Só foiquepossível a mobilização parado pleitearmos um novo patrono, porque nossasvários
crianças estavamentreenvolvidas nessa
de Mandela pela igualdade racial com a vida de nossa comunidade, contamos às crianças sobre as históriasobra
ação acabou fazendo parte projeto didá co daquele ano. Traçamos paralelos a vida e das
ação
de que acabou
Mandela pelafazendo
igualdade parteracial
do projeto didático daquele ano.
pichações racistas em nosso muro ecom
queaprecisávamos
vida de nossa darcomunidade,
uma respostacontamos às crianças sobre as histórias das
aos criminosos.
pichaçõesTraçamos
Como racistas
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em dos paralelos
nosso muro
nossos entre
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de emobilização,
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precisávamos umapela
darpintamos igualdade
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o muro aos daracial comdaa vida
criminosos.
frente de nossa
escola, comunidade,
as crianças fizeram
contamos Comoàs parte
crianças dos
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as esforços
histórias das de mobilização,
pichações racistaspintamos
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pesquisas na rua para saber quem conhecia o líder sul-africano, fizemos abaixo-assinado e por fim conseguimosquefrente da escola,
precisávamos daras crianças
uma fizeram
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criminosos.
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rua para saber quem conhecia o líder sul-africano, fizemos abaixo-assinado e por fim conseguimos a
da escola.
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Conclusão: da escola.
nossosdeesforços
O nome Nelsonde mobilização,
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foi escolhido, o muro da frente
Tata da escola,
Madiba as crianças fizeram
se transformou em umapesquisas
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na rua Conclusão:
para saber O
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conhecia Nelson
o líder Mandela
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afeto para nossas crianças. Na escola, o Prêmio Nobel da Paz é conhecido como Vovô do Príncipe AfricanoMadiba
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do nome de
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afeto para nossas crianças. Na escola, o Prêmio Nobel da Paz é conhecido como Vovô do Príncipe Africano Azizi
Abayomi.
da escola.
Abayomi. Dica: A concepção de Nelson
educação que coloca a criança no centro das tomadas de decisão,
Conclusão: O nome de Mandela foi escolhido, porque Tata Madiba se transformou emdeve
uma sair dasdepáginas
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Dica:
dos Projetos A concepção
Polí co-Pedagógicos.de educação que
Algumas coloca
delas a criança
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não agradar das tomadas
a todos, de
mas nada decisão, deve
que o cole sair das páginas
vo escolar não
para
dos nossas crianças.
Projetos Na escola, o Prêmio
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co-Pedagógicos. Nobeldelas
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a todos, mas nadaAfricano
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esteja disposto
Dica: A concepção pronto para
de educação responder e não tenha orgulho de ter realizado.
que coloca a criança no centro das tomadas de decisão, deve sair das páginas
esteja disposto
Viva Madiba a fazer,e apronto para responder
EMEI Nelson Mandela!e não tenha orgulho de ter realizado.
dos Projetos Político-Pedagógicos.
Viva Madiba e a EMEI Nelson Algumas delas podem não agradar a todos, mas nada que o coletivo escolar não esteja
Mandela!
disposto a fazer, pronto para responder e não tenha orgulho de ter realizado.
Viva Madiba e a EMEI Nelson Mandela!

Obra coletiva no muro interno em comemoração ao Centenário de Nelson Mandela


Obra coletiva no muro interno em comemoração ao Centenário de Nelson Mandela

266
266
266
H A R M O N I Z A Ç Õ E S
Acervo - Mostra Cultural

267
268
Dó Identidade revelada:
eu, mulher, negra e professora!
Mariana Silva Lima
Harmonia em

Lembro-me de quando entrei na antiga EMEI Guia Lopes pela primeira vez, era uma reunião para
atribuição de aulas, eu estava apreensiva, numa nova escola e em um novo momento. Logo a diretora entrou na
sala, de vestido longo, sorrindo, receptiva com as professoras antigas e se apresentando de forma acolhedora
às novas, foi assim que eu conheci a Cibele Racy. Naquele momento não tinha ideia de como este encontro
ocasionaria um grande impacto em minha vida, me descobrindo como mulher, negra e professora.
Já dizia Paulo Freire que é preciso ter a esperança do verbo esperançar e que esperançar é se levantar,
ir atrás, construir e não desistir; a cada reunião e fala da gestão eu ampliava minha compreensão deste verbo,
que me despertava o desejo de ir adiante. Neste percurso trilhamos muitos caminhos juntas: materializamos
a pedagogia de projetos, enchemos os nossos fazeres de encantamento com bonecos (espantalhos) que
ganhavam vida, estreitamos os laços com a comunidade do entorno e então mergulhamos de cabeça na
temática da diversidade cultural e étnico-racial.
O convite para trabalhar com esta temática foi a partir de uma assessoria com algumas formadoras
que vinham à Unidade Escolar e nos causavam algumas inquietações pedagógicas. Este ponto de partida foi
crucial, mas o meu olhar para esta história é de que fomos muito além, em nossas práticas e construções de
vida. Como foi dolorido descontruir para reconstruir não só o meu fazer, mas a percepção de quem era e sou.
Aquilo que inicialmente era mais um projeto para as crianças me fez olhar no espelho e me reconhecer
como mulher, negra e professora. Essa desconstrução começou pela percepção de que algumas de minhas
ações e falas eram preconceituosas e revelavam um olhar que negava minha origem e quem eu sou. Como se a
trajetória frenética de reprodução do vivido desde a infância, como garota negra numa escola de brancos sendo
a única de pele escura, alisando os cabelos para ser pertencente e seguindo condutas que desconsideravam
minhas origens e minha história, reverberasse em minha prática. Diante de um espelho, percebi que mesmo já
tendo seis anos de experiência na educação infantil eu nunca tinha me dedicado a ler histórias de origem africana
e trazer aspectos da cultura e seus contextos, referências que propiciassem aos meus alunos o sentimento
de pertencer a um povo com uma história tão rica e de fundamental importância para a humanidade. Uma
história que era minha. Nem ao menos algo que disparasse um debate ou uma reflexão sobre a tolerância e o
respeito à diversidade. Dura foi a descoberta, mas mesmo em meio a dor eu decidi permanecer imbuída pelo
desejo de fazer o melhor pelas crianças e por descobrir a mim mesma. Segui mesmo com as incertezas de
como seria o futuro repleto de novas descobertas. As vivências com minhas crianças passaram a ser regadas
de reflexões de gênero, diferentes composições familiares e diferentes origens.
A cada pesquisa que fazíamos e a cada momento formativo, eu descobria o quanto ainda havia em mim
de conceitos pejorativos e atitudes que iam na contramão daquilo que eu almejava para mim e para as crianças.
Descobri que replicava brincadeiras que para mim eram apenas divertidas, mas que na verdade carregavam
consigo uma história de escravidão, de agressão e de racismo. Duro também foi o dia em que percebi que
muitos dos meus alunos negros não se viam como negros como se fosse uma vergonha ter a pele escura, então

269
era mais fácil se dizer igual aos brancos. Extremamente difícil foi o dia em que, numa roda de conversa com as crianças sobre
suas famílias, um aluno me descreveu sua mãe dizendo que embora a pele dele fosse escura ela era de pele branca e que
trabalhava em um escritório. Esse aluno tinha apenas cinco anos e para minha surpresa na reunião de pais sua mãe veio até
mim e me disse da dificuldade de vir às reuniões porque era diarista. Vi uma mulher negra de cabelos crespos e, naquele
momento, pensei que poderia ser meu filho falando sobre mim para sua professora. Pensei que eu, como professora negra,
estava negligenciando as minhas crianças, ao meu filho e a mim mesma o conhecimento e orgulho da nossa própria história.
Experiências como estas foram me transformando e me permitindo o encontro com minha identidade e com a
profissional de referência que eu queria ser para todas as crianças da escola. Desta forma o projeto passou a ser mais do
que ensinar o respeito e a tolerância, mas a compreensão do sentido do meu fazer e ser: ensinar as crianças a ter orgulho da
nossa negritude, a conhecer a história que nos foi roubada e conquistar todos os nossos direitos.
Eu tive a sorte de viver, no espaço da EMEI Guia Lopes, a intensidade da construção que o levou a ressignificação
do nome para EMEI Nelson Mandela, hoje com maior sentido e como símbolo de uma resistência, sim, pois no início do
projeto quando eu ainda era professora vivemos um ataque racista por pessoas que achavam que a escola era um lugar de
brancos. Foi a oportunidade de compartilhar a intensa construção que estávamos vivendo na escola com as famílias e de
presenciarmos o projeto crescer para além dos muros da escola.
Foi a crença de que estávamos fazendo o melhor por nossas crianças na construção que uma educação que priorizava
o respeito e acolhimento às diversas culturas e histórias que eu me candidatei para a coordenação da EMEI. Eu queria ter
a oportunidade de compartilhar os processos de descoberta que haviam mudado os rumos da minha vida com todas as
equipes da escola.
A parceria com a Cibele foi intensa, partilhamos conceitos e reflexões que nos levaram a alçar alguns voos. O horário
de trabalho ou atribuições oficiais não eram limitadores aos nossos ideais, juntas fizemos escola de pais, rodas de conversa
com educadores e comunidade, ministramos cursos e compartilhamos as experiências vividas na expectativa de que outras
escolas também embarcassem nessa militância. Ficamos horas e horas ao telefone, em reuniões, almoços e encontros onde
nossa perspectiva era sempre materializar principalmente a escuta das crianças. Anotávamos tudo com muito cuidado, pois
nós tínhamos certeza de que esta escuta tinha o poder de mudar a sociedade em que vivemos. Escutem as crianças!
Depois de um ano na coordenação a Cibele me convidou para ser sua assistente dando continuidade ao trabalho que
estávamos fazendo e que a cada ano trazia novos desafios, percepções, estudos, pesquisas e avanços. Lembro-me de cada
aventura que me constituíram como a educadora que sou hoje e enriqueceram tanto o meu fazer.
Nesta trajetória fizemos imersão em outras culturas, conhecemos tribos indígenas, visitamos a comunidade boliviana,
japonesa e africana, vivências que além de enriquecer o trabalho da EMEI, propiciaram que as crianças tivessem o contato
com o que é tão negado pelo racismo estrutural que permeia nossa relação com o mundo. Todas essas experiências me
transformaram em uma mulher com a compreensão do que é respeito e tolerância.
Esse percurso de descobertas teve o poder de revelar quem eu era, sou e quero ainda ser. Quanto professora me
trouxe a percepção do poder que tenho em minhas mãos, não sou mais uma simples “fazedora de coisas” ou aquela que
transmite o que aprendeu e que viveu sem nem ao menos refletir, nem ao menos compreender, aquela que apenas faz
porque lhe ensinaram assim. Hoje minha prática reflexiva, participativa, dá voz às crianças e a mim mesma. Compreendo
que educar é acreditar no ser humano, em seu potencial, é dar voz às diversas histórias, proporcionar o pertencimento e a
valorização de todas e todos. É mostrar que boas práticas pedagógicas podem transformar não só uma escola, mas as vidas
que nela estão inseridas. A coragem que hoje tenho, mostra que posso avançar na perspectiva de que talvez nunca chegue
à sabedoria completa, que talvez esteja sempre em construção, mas jamais estagnada.

270
tenho, mostra que posso avançar na perspec�va de que talvez nunca chegue à sabedoria completa, que talvez
esteja sempre em construção, mas jamais estagnada.
A descoberta
A descoberta da iden�dade
da identidade de deumauma professora
professora faz comfaz
quecom que as eformações
as formações e as sejam
as aprendizagens aprendizagens
permanentessejam
e
permanentes
acompanhadas de transformações, desconstruções e ressignificações. Solidifica o poder de influenciar a sociedade em que de
e acompanhadas de transformações, desconstruções e ressignificações. Solidifica o poder
influenciar a sociedade
vive e potencializa em que vive
sua militância para eque
potencializa sua
o mundo seja, demilitância para
fato, um lugar que oMotivações
melhor. mundo seja,
quede fato, um
inspiram meulugar melhor.
fazer atual
Mo�vações que de
como gestora inspiram meupública.
uma escola fazer atual como gestora de uma escola pública.

Ilustração da Gabi - filha da Mari

Mestranda pelo Programa de Pós-


Graduação em Educação da Universidade
Nove de Julho (PPGE/Uninove). Graduada
em pedagogia pela Universidade Paulista,
com especialização em Educação Infan�l
pela Universidade Nove de Julho. Atua como
Diretora de Escola em um Centro de
Educação Infan�l da �ede Municipal de
Ensino da Cidade de São Paulo, PMSP.

271
271
Sol#
Sol#
Diretor de escola: referência,
liderança e compromisso
Diretor deCristina
Maria escola: referência,
Artilheiro Momesso
em

liderança e compromisso
Harmoniaem

Maria Cris�na �r�lheiro Momesso

"...Que a importância de uma coisa não de mede


“...Que a importância
com fita métrica de uma nem
nem com balanças, coisabarômetros
não de medeetc.
Harmonia

com fita métrica nem com balanças, nem barômetros etc.


Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo
Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo
encantamento que a coisa produza em nós "
encantamento que a coisa produza em nós “
Manoel de Barros
Manoel de Barros
Ser convidada para esta escrita me enche de gra�dão e orgulho, especialmente porque,
Ser convidada
além parae admiração
do respeito esta escritapelo
me enche
trabalho de que
gratidão
�ve oeprivilégio
orgulho, especialmente
de conhecer mais porque, além do
de perto nos
respeitoanos
e admiração pelo trabalho que tive o privilégio de conhecer mais de perto
de 2016 e 2017, quando na função de supervisora escolar da EMEI Nelson Mandela, nos anos de 2016 e 2017,
quandoconviver
na função de proximamente
mais supervisora escolar da EMEI
à família Nelson Mandela,
mandelense conviver maismeproximamente
verdadeiramente à família
encantou e tornou-se
referência
mandelense em meu pensamento
verdadeiramente me encantou pedagógico.
e tornou-se referência em meu pensamento pedagógico.
Observar mais de perto,
Observar mais de perto, em uma escolaem uma escoladepública
pública de educação
educação infantil da infan�l da redede
rede municipal municipal
educaçãode
educação
de São Paulo, de São Paulo,
as concepções as concepções
e fundamentos e fundamentos
da garantia da garan�a
de Direitos das Pessoas ede as Direitos
concepções dasdaPessoas
Pedagogiae as
concepções da Pedagogia da Infância tomarem corpo no co�diano das relações e interações das
da Infância tomarem corpo no cotidiano das relações e interações das crianças entre si, delas com os adultos e
crianças entre si, delas com os adultos e destes entre seus pares, foi uma oportunidade única,
destes entre seusvaliosíssima
singular, pares, foi uma oportunidade única,
e enriquecedora singular,
e muito valiosíssima
prazerosa em meuse enriquecedora
caminhos pela e muito prazerosa
Educação. Eé
em meus caminhos pela Educação. E é desse lugar de fala que, dentre tantas, minhas
desse lugar de fala que, dentre tantas, minhas memórias escolheram dar voz a algumas memórias escolheram
dar vozpremissas
a algumas premissas que nortearam
que nortearam a ação adaação da diretora
diretora da EMEI
da EMEI Nelson
Nelson MandelaCibele
Mandela Cibele Racy:
Racy: uma
uma
educadora, não
educadora, nãoaaúnica,
única,mas,
mas,emem minha opinião,
minha a figura
opinião, central central
a figura nesse
nesse encantamento a
encantamento a que me refiro.que me refiro.
CienteCiente
dasdas desigualdadessociais
desigualdades sociaisaaque
que estão
estão expostas
expostas nossas
nossas
crianças
crianças ee suas
suas famílias, ela optou
famílias, ela optou porpor acreditar
acreditarna napotência
potênciaeenas nas
possibilidades da escola pública e não nas dificuldades
possibilidades da escola pública e não nas dificuldades do percurso, do percurso,
dedicando-se
dedicando-se com com competência
competência técnica,
técnica, convicção humana,
convicção humana,
compromisso social e afeto para que todas as pessoas que
compromisso social e afeto para que todas as pessoas que compõem a
compõem a comunidade educa�va interna e externa da EMEI
comunidade educativa interna e externa da EMEI Nelson Mandela, em
Nelson Mandela, em especial, todas as crianças, pudessem, cada
especial,
vez mais, todas as crianças,uma
desenvolverem pudessem,
imagem cada vez mais,
posi�va de sidesenvolverem
mesmas e de
umapotencialidades.
suas imagem positiva de si mesmas e de suas potencialidades.
Legitimando
�egi�mando o papele ea afunção
o papel funçãoqueque deve
deve ee precisa
precisa ter
terum um
diretor de escola, assumiu e exerceu a necessária liderança paraoo
diretor de escola, assumiu e exerceu a necessária liderança para
envolvimento, conscientização
envolvimento, conscien�zação e articulação da comunidade
e ar�culação educativa,
da comunidade
ou seja, inspirou
educa�va, e fez acontecer
ou seja, inspirouuma autêntica
e fez e verdadeira
acontecer uma mobilização
autên�ca e
verdadeira
social que, evidentemente, não se consolidou de um dia para onão
mobilização social que, evidentemente, outrose
consolidou
, nem tão poucode umsem diaerros,
para conflitos
o outro ou , nem tão pouco
tensões, mas que sem erros,
plantou
conflitos ou tensões, mas que plantou sementes,
sementes, floresceu e ainda hoje germina não só naquela escola floresceu e ainda
hoje germina não só naquela escola como também nas concepções
como também nas concepções e práticas de muitos educadores e no
Professora Simone Leopoldino atuando como e prá�cas de muitos educadores e no caminhar de todas as crianças
esposa de Nelson Mandela - Graça Machel que por láde
caminhar todas as crianças que por lá passaram.
passaram.

272272
Como percursora da mudança, essa diretora de escola inspirou a comunidade mandelense no sen�do de
Como percursora da mudança, essa diretora de escola inspirou a comunidade mandelense no sentido de acreditarem
acreditarem e provarem que é possível uma outra realidade para a escola pública, que a comunidade educa�va
e provarem que é possível uma outra realidade para a escola pública, que a comunidade educativa precisa e deve partilhar
precisa edos
deve par�lhar dos mesmos desejos e que as pessoas podem e precisam atuar cole�vamente. Nesse
mesmos desejos e que as pessoas podem e precisam atuar coletivamente. Nesse sentido, as premissas de uma educação
sen�do, as premissas
pública de uma
de excelência, educação
de que pública dee de
todos são educadores excelência,
que todos osdesaberes
que todos são educadores
são importantes e de como
estabeleceram-se que todos os
saberes são importantes
mantras para aquelaestabeleceram-se
comunidade educativa.como mantras para aquela comunidade educa�va.

Imprimindo um jeito próprio de ser e de fazer na escola, nunca temeu enfrentar problemas, nunca os lastimou,
jamais os negou. Ao contrário, compreendia-os como parte de sua opção por uma gestão de pessoas para uma educação
Imprimindo
de qualidade um jeito próprio
que pressupõe de ser
mudança, gera edebates
de fazer na escola,
e embates, nunca
dissensos temeu Com
e consensos. enfrentar problemas,
expressiva dedicação enunca os
las�mou,esforço,
jamaisassumiu
os negou. Ao superar
e buscou contrário, compreendia-os
os problemas e dificuldadescomo partenodepercurso,
que surgiam sua opção por umacomo
constituindo-se gestão
umade pessoas para
gestora
competente,
uma educação respeitosa de que
de qualidade escutapressupõe
atenta e busca incessante gera
mudança, por soluções
debates eficientes. A partir dissensos
e embates, de vivências simples, mas
e consensos. Com
sempre inusitadas, o projeto “Diretor por um dia” em que as crianças e/ou os adultos
expressiva dedicação e esforço, assumiu e buscou superar os problemas e dificuldades que surgiam no percurso, (docentes, funcionários de apoio,
familiarescomo
cons�tuindo-se das crianças,
umamoradores
gestora do entorno) podiamrespeitosa
competente, assumir as atribuições
de escuta daquele cargoefoibusca
atenta um dosincessante
projetos educativos
por soluções
que se demonstrou valoroso para uma escuta atenta e respeitosa às diferentes vozes. Nessas ocasiões, as reuniões de
eficientes. A par�r de vivências simples, mas sempre inusitadas, o projeto “Diretor por um dia” em que as crianças
trabalho com os “diretores por um dia” traziam problemas, mas também desejos, sugestões, soluções. Dialogar com eles,
e/ou os adultos (docentes, funcionários de apoio, familiares das crianças, moradores do entorno) podiam assumir
acolhê-los foi sempre um bom caminho especialmente no sentido de construção de um trabalho efetivamente coletivo que
as atribuições daquele cargo foi um dos projetos educa�vos que se demonstrou valoroso para uma escuta atenta e
consegue ampliar o olhar e compreender que problemas devem e podem ser superados.
respeitosa às diferentes
Atenta a tudo vozes. Nessas ocasiões,
que desumaniza a escola e as asrelações
reuniões que delá setrabalho
dão, Cibelecomnunca osse“diretores
omitiu acercapor
de um dia” traziam
questões
problemas, masnatambém
cruciais defesa dosdesejos, sugestões,
direitos humanos, soluções.
combatendo, não Dialogar
apenas comcom eles, acolhê-los
argumentos, mas também foicom
sempre
saberesum bom caminho
e fazeres,
especialmente no sen�do
discriminações de construção
por quaisquer de umestas
condições fossem trabalho
físicas, efe�vamente cole�vo
sociais, étnico-raciais, queouconsegue
religiosas ampliar
de gênero bem comoo olhar e
compreender que
qualquer problemas
outra devem
possibilidade e podem
de atitude ou açãoser superados.
excludente ou classificatória. Esse posicionamento humanizado sensibilizou
Atenta a tudo
a comunidade que desumaniza
educativa a escola
para um novo olhar e as Dessa
para a escola. relações
maneira,que lá vista
antes se dão,
como Cibele
um espaçonunca se omi�u
hermético que detémacerca de
questõesecruciais
define os na
saberes que as
defesa crianças
dos podem
direitos acessar, que
humanos, tem tempos e espaços
combatendo, rígidos e com
não apenas defende concepções ultrapassadas
argumentos, mas também com
saberes efrente à contemporaneidade,
fazeres, discriminações a EMEI
porNelson Mandela
quaisquer passou a serfossem
condições interpretada
estascomo uma escola
�sicas, para é�co-raciais,
sociais, todos, que reconhece
religiosas ou
que as experiências educativas ocorrem dentro e fora das salas de atividades
de gênero bem como qualquer outra possibilidade de a�tude ou ação excludente ou classificatória. Esse e dos muros da escola e que a comunidade
pode e deve reunir-se em torno de projetos de educação e promover o diálogo entre saberes diferenciados.
posicionamento humanizado sensibilizou a comunidade educa�va para um novo olhar para a escola. Dessa
maneira, antes vista como um espaço hermé�co que detém e define os saberes que as crianças podem acessar, que
tem tempos e espaços rígidos e defende concepções ultrapassadas
273
frente à contemporaneidade, a EMEI Nelson
Mandela passou a ser interpretada como uma escola para todos, que reconhece que as experiências educa�vas
ocorrem dentro e fora das salas de a�vidades e dos muros da escola e que a comunidade pode e deve reunir-se em
Era comum que a escola contasse com a presença de familiares, escritores, lideranças indígenas e afrodescendentes,
profissionais das mais diferentes áreas que vinham do entorno, de universidades, da sociedade civil ou de ONGs ou outras
instâncias para conversar com as crianças sobre seus fazeres ou para participar ativamente na formação docente assim
como explorar os espaços e equipamentos do entorno e dialogar com outros munícipes.
Assumindo de fato o desafio de seus fazeres como diretor de escola que escuta e acolhe, mas que também questiona
e desiquilibra; que se disponibiliza e anima, mas que também provoca e desafia e que apoia e aplaude, mas que também
faz apreciações detalhadas e análise criteriosas, essa diretora mobilizou toda a comunidade educativa da EMEI Nelson
Mandela que foi se constituindo, de fato, numa verdadeira comunidade de aprendizagem em que todos têm direitos e
também responsabilidades, em que todos opinam e também escutam, em que todos aprendem e também ensinam. E
foi assim, reconhecendo-se como uma comunidade de aprendizagem que os mandelenses escreveram, com clareza de
intencionalidade, e a muitas mãos, seu projeto político-pedagógico e legitimaram essa unidade educacional de educação
infantil como uma escola inovadora e transformadora, uma Escola Cidadã como nos disse Paulo Freire:

“Escola Cidadã é aquela que se assume como um centro de direitos e de deveres. ... E, como ninguém pode
ser só, a Escola Cidadã é uma escola de comunidade, de companheirismo. É uma escola de produção comum
do saber e da liberdade. É uma escola que vive a experiência tensa da democracia.”
Paulo Freire (1997), entrevista à TV Educativa do RJ

Na EMEI Nelson Mandela, o ponto de partida para pensar e planejar o trabalho pedagógico sempre foi a integralidade
das crianças em seus contextos socioculturais. Reconhecendo e legitimando que as crianças são sujeitos de direito, potentes,
competentes e capazes, que têm direito de falar e de serem ouvidas, que podem e devem desenvolver potencialidades
em todas as dimensões – intelectual, física, emocional, social e cultural – com liberdade e autonomia, a proposta política
pedagógica dessa escola sempre privilegiou sua participação ativa e democrática em seu percurso de desenvolvimento e
aprendizagens. Conhecer a escola, por exemplo, era uma situação quase que cotidiana por parte de outros educadores e
estudiosos e qual não era a surpresa do visitante ao ser acompanhado por uma ou algumas crianças que, com propriedade
e entusiasmo, contavam “o que” e “como” eram as relações sociais e, consequentemente, as aprendizagens, que se davam
nos diferentes ambientes da escola.
Experiências, acontecimentos, fatos, situações, fazeres e saberes ganhavam, a partir de metodologias inovadoras e
participativas, cor, sabor, calor, cheiro, som e fantasia constituindo-se, de maneira afetuosa e significativa, em descobertas
incríveis acerca dos mais diferentes campos de conhecimento. Azizi Abayomi - o príncipe africano e sua família, assim como
as fadas que visitavam a Biblioteca e jogavam “pó de pirlimpimpim” e outros “Bonecos de Afeto” são um bom exemplo disso.
Vivendo verdadeiramente no imaginário das crianças, materializavam-se através de situações planejadas pelos educadores a
partir de curiosidades, interesses ou necessidades individuais ou coletivas das crianças, de suas famílias e/ou da sociedade.
Os membros da família Abayomi escreviam cartas que chegavam pelo correio, eram lidas, discutidas, respondidas... Eles se
casavam, a festa era planejada e organizada, os parentes convidados... Eles tinham filhos, a gestação trazia muitas perguntas
que eram respondidas pelo ginecologista... E o bebê nascia... Eles viajavam em férias e deixavam saudade... Quando
voltavam eram esperados por todos com grande alegria: as crianças e suas famílias, os educadores internos e outras pessoas
da comunidade se aglomeravam nas calçadas da escola, nos gramados do parque esperando sua chegada... E então eles
chegavam! Vinham em um carro grande (o carro da nossa diretora) que tinha ido buscá-los no aeroporto e que buzinava com
entusiasmo! Ah... Essa cena... Só quem viveu vai levar para sempre no coração a sensação de alegrar-se como as crianças...

274
esperando sua chegada... E então eles chegavam! Vinham em um carro grande (o carro da nossa diretora) que
�nha ido buscá-los no aeroporto e que buzinava com entusiasmo! Ah... Essa cena... Só quem viveu vai levar para
sempre no coração a sensação de alegrar-se como as crianças... E assim, em meio a um universo mágico, lúdico e
afe�vo os bonecos de afeto falavam de tudo, mas falavam especialmente das questões étnico-raciais e nesse
pronunciamento
E assim, emfalavam
meio a do
um conhecimento humano
universo mágico, lúdico mais
e afetivo importante:
os bonecos de afetoo falavam
de quedetodas as pessoas
tudo, mas devem ter uma
falavam especialmente
imagem posi�va de siétnico-raciais
das questões e de todos os outros
e nesse seres humanos.
pronunciamento falavam do conhecimento humano mais importante: o de que todas as
Todos os devem
pessoas espaços da imagem
ter uma escola,positiva
assimdecomo si e de os mobiliários,
todos equipamentos,
os outros seres humanos. materiais e brinquedos eram
intencionalmente pensados
Todos e da
os espaços arranjados
escola, assimpara
comoprovocar ambiência
os mobiliários, agradável,
equipamentos, materiaisprazerosa, convida�va
e brinquedos eram e propiciar
intencionalmente
aprendizagens
pensadose apropriações
e arranjados paraculturais significa�vas.
provocar ambiência agradável,Cons�tuíam-se como
prazerosa, convidativa territórios
e propiciar educa�vos
aprendizagens em que as
e apropriações
crianças podiam
culturais par�lhar significados
significativas. Constituíam-sesociais e cole�vos
como territórios a par�r
educativos em de
queinterações, brincadeiras,
as crianças podiam jogos e sociais
partilhar significados linguagens
e
coletivos
relacionadas a partir
às artes, de interações,
à cultura, brincadeiras,
às ciências, jogos e linguagens
à tecnologia. relacionadas
O cul�vo às artes,eàhortaliças,
de verduras cultura, às ciências, à tecnologia.
do plan�o O
à colheita e
cultivo de verduras e hortaliças, do plantio à colheita e preparo, foram alguns dos
preparo, foram alguns dos muitos conhecimentos significa�vos que as crianças �veram a possibilidade de muitos conhecimentos significativos que
as crianças
experienciar tiveram a possibilidade
em territórios educa�vos de experienciar em territórios
especialmente educativos especialmente
construídos para dar construídos
sen�do para dar sentido
e alegria às e suas
alegria às suas aprendizagens.
aprendizagens.
Sua curiosidade
Sua curiosidade e atenção
e atenção comcom as asdescobertas
descobertas de desaberes tão interessantes
saberes era, semera,
tão interessantes dúvida,
semrepleta de boniteza.
dúvida, repleta de
Assim, as experiências na horta e na cozinha experimental, entre tantas em outros territórios
boniteza. Assim, as experiências na horta e na cozinha experimental, entre tantas em outros territórios educa�vos, educativos, impressionavam
pela energia pulsante nos olhares e fazeres envolventes das crianças. O refeitório, por exemplo, não era apenas um local
impressionavam pela energia pulsante nos olhares e fazeres envolventes das crianças. O refeitório, por exemplo,
para servir a merenda. Era o ambiente para se alimentar, para trocar ideias, para contar casos. Decorado com adornos que
não era apenas um local para servir a merenda. Era o ambiente para se alimentar, para trocar ideias, para contar
eram escolhidos pelas próprias crianças e temporariamente substituídos por outros lembrava muito um restaurante em que
casos. Decorado com adornos que eram escolhidos pelas próprias crianças e temporariamente subs�tuídos por
as próprias crianças se serviam em pratos de vidro. Esse sistema “self-service” também foi uma das decisões das crianças,
outros lembrava muito um restaurante em que as próprias crianças se serviam em pratos de vidro. Esse sistema
compartilhada e definida em uma assembleia infantil porque estava havendo muito desperdício de comida quando os pratos
“self-service” também foi uma das decisões das crianças, compar�lhada e definida em uma assembleia infan�l
eram oferecidos já prontos a elas.
porque estava havendo muito desperdício de comida quando os pratos eram oferecidos já prontos a elas.

Fonte: Imprensa Oficial - educaçãqo.sme.prefeitura.sp.gov.br

275

275
Os talheres eram de inox e as mesas estavam sempre cobertas por toalhas limpas e bonitas. As crianças alimentavam-
se com calma e prazer, conversavam com tranquilidade e alegria no olhar. Por vezes havia música ambiente. Ao término de
suas refeições, levavam seu prato e talhares ao educador que trabalhava na cozinha (todos os profissionais da EMEI Nelson
Mandela são educadores), agradeciam e, não raro, elogiavam o prato servido.
Possibilitar a todas as crianças acesso a bens culturais e aprendizagens significativas, ambientes lúdicos e
desafiadores, sejam internos ou externos à escola, planejando intencionalmente as experiências de aprendizagem a partir
dos interesses, necessidades e curiosidades das crianças com certeza oportunizou condições concretas para que todas as
crianças se desenvolvessem e aprendessem, com respeito e afeto, sobre si mesmas e sobre o mundo. Dar visibilidade as suas
descobertas e produções, com certeza, as tornou confiantes, corajosas. Projetos coletivos como “Festa na Aldeia”, “Eu sou
Brasileiro com muito orgulho”, “Ô de casa! Pode entrar”, “Samba, Samba, Samba Ô Lelê”, entre tantos outros, não apenas
reuniram crianças e adultos em torno de objetivos comuns como também lhes permitiu reconhecer e ressignificar o sentido
e valor de diferentes matrizes culturais na beleza de nossa constituição e existência.
Assim, o compromisso inegociável com a ética e com os princípios de uma escola justa para todos, a clareza e
consciência da missão social da educação para a transformação social, o cuidado pedagógico com a especificidade da
escola no desenvolvimento e aprendizagem de todas as crianças e a busca contínua de reconhecimento e legitimação das
competências e habilidades dos todos os atores da comunidade escolar aliados ao exercício efetivo das responsabilidades
e atribuições de diretor de escola em relação à organização e administração da escola, seu monitoramento e avaliação
foram pressupostos fundamentais no exercício da liderança dessa diretora que certamente favoreceram o aprendizado da
democracia na EMEI Nelson Mandela. Assembleias infantis, reuniões da associação de pais e mestres, rodas de conversa
e pesquisas de opinião entre outras práticas de diálogo de coletivos sempre foram eventos expressivos e marcantes na
rotina da escola. Avaliações de projetos, posicionamentos sobre situações que envolviam a coletividade, busca de consensos,
decisões acerca de prioridades para utilização das verbas públicas repassadas à APM, entre outras questões, eram sempre
discutidas e definidas a partir de análises e posicionamentos daqueles diferentes segmentos de representatividade.
Encerro com o desejo de que as vozes que comporão esse livro possam trazer um pouco da magnitude e dar fome
a tantas outras comunidades educativas que habitam, invisivelmente, todas as nossas escolas públicas pois, como escreveu
Rubem Alves argumentando que não se deve confundir afeto com beijinhos e carinhos:
“Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva. É a fome que põe em funcionamento o
aparelho pensador. Fome é afeto. O pensamento nasce do afeto, nasce da fome ... Afeto, do latim afetare, quer dizer “ir atrás”.
O afeto é o movimento da alma na busca do objeto de sua fome, é o Eros platônico, a fome que faz a alma voar em busca do
fruto sonhado.”
Alves, Rubem (2012) O desejo de ensinar e a arte de aprender.

276
Si A minha experiência como supervisora
e mãe na EMEI Nelson Mandela
Mariana Fernandes Panizza
Harmonia em

A EMEI Nelson Mandela é reconhecida pela comunidade educacional da cidade de São Paulo por sua
excelência e compromisso com a promoção da igualdade, durante a gestão da diretora Cibele Racy, que se
aposentou em 2019. Conhecer e acompanhar as articulações desta diretora e sua colaboração na construção
da identidade da escola e sua comunidade, localizada no bairro do Limão na cidade de São Paulo foi muito
especial. Agradeço o convite para relatar o que vivi no referido ano, como supervisora escolar e mãe do Caetano,
estudante desta escola pública que se tornou referência no cenário nacional.
Este relato se refere ao vivido em 2019, último ano letivo antes da pandemia COVID 19. De lá para
cá perdermos mais 400 mil brasileiros (as). Há greve de servidores em favor da vida! Temos orientado nossa
comunidade sempre que possível para que se mantenha em quarentena, que cumpram com os protocolos de
saúde, e que se protejam até que haja vacina para todas e todos.
A pandemia tem fragilizado, dentre outros, o desenvolvimento dos princípios norteadores da Educação
Infantil. As interações e brincadeiras que aconteciam nos espaços escolares deixaram de ser promotoras das
aprendizagens dos nossos estudantes nesse período de excepcionalidade.
A EMEI Nelson Mandela, por exemplo, teve sua fundação em 1955 como Parque Infantil à luz da
concepção de Mario de Andrade, é um espaço privilegiado para o desenvolvimento da infância. Uma escola
com amplos espaços educativos a céu aberto, arborizada. Estes espaços são chamados no Projeto Político -
Pedagógico de Territórios de Aprendizagem e foram pensados para a manifestação e construção de diferentes
saberes, intencionalmente organizados e construídos considerando a infância. Os territórios de aprendizagem na
EMEI Nelson Mandela são: o espaço de artes, a cozinha criativa, a ludoteca, a sala multimídia, a horta, o redário, o
multiuso gramado, o parque, a quadra, a brinquedoteca, a sala de leitura. Para cada um deles, há objetivos claros
e definidos para contemplar a multiplicidade de linguagens e experiências oferecidas às crianças. Infelizmente,
há uma perda para a infância paulistana desde 2020.
Impedidos de promover a aprendizagem em ambientes educadores, as relações e modos de interagir
passaram a depender do acesso à tecnologia. Ainda não há gratuidade neste acesso aos estudantes da cidade
de São Paulo. Sem a garantia necessária para o acesso, 65% da comunidade paga por dados das operadoras de
INTERNET para acessar as propostas remotas.
Na escola, os servidores cumprem os protocolos e atendem 35% das crianças presencialmente.
Prioritariamente atendemos os filhos dos profissionais dos serviços essenciais como saúde, educação, assistência,
serviço funerário, transporte público e segurança. Não há garantia de segurança no atendimento presencial,
todos se expõem ao vírus. O distanciamento social tão necessário para evitar a propagação, desconfigura as
relações da infância. Estamos nos reinventando com poucas certezas.
Como mulher, mãe e supervisora, tenho buscado me fortalecer na sabedoria das que me antecederam,
observando o passado, para entender o presente e projetar o futuro. E neste sentido, encontro algumas certezas
nas palavras da carta da minha querida colega, supervisora aposentada, Cris Momesso em 18.12.2020:
(...) É preciso olhar o que nunca foi visto. É preciso tentar escutar o que nunca foi ouvido.
É preciso pensar o que nunca foi pensado. É preciso realizar junto o que nunca foi
realizado. É preciso continuar a construir juntos (..)

277
Assumi a supervisão
Assumi supervisão nanaEMEI EMEI Nelson
Nelson Mandela
Mandela incentivada
incen�vada pela Cris
pelaMomesso,
Cris Momesso,na atribuição de setores
na atribuição deem 2019.em
setores Ela
que conhecia um pouco o meu trabalho com a Educação Infantil e já havia acompanhado
2019. Ela que conhecia um pouco o meu trabalho com a Educação Infan�l e já havia acompanhado o setor, dizia: o setor, dizia: Você tem perfil, vai
Você
gostartem
do perfil,
desafio!vai gostar do desafio!
Neste contexto de excepcionalidade
Neste contexto de excepcionalidade o convite parapara
o convite esteeste
relato como
relato supervisora
como supervisora escolar
escolare mãe
e mãesignifica
significareviver
reviver umum
sonho
sonhobom.
bom. Rememorar
Rememorar oovivido, vivido,refletir
refle�r e escrever
e escrever sobresobre o sen�do
o sentido do processo
do processo é umépresente!
um presente!
Fui mãeaos
Fui mãe aos31 31anos,anos,
numanumagravidezgravidez
planejada planejada e pornaacreditar
e por acreditar qualidade na da educação pública, inscrevi o Caetano,
qualidade da educação pública, inscrevi o Caetano, meu filho,
meu filho, ainda bebê, como candidato a vaga de estudante no município de São Paulo. ainda bebê, como
candidato
Aguardamos a vaga
doisde anosestudante
até que eleno município
fosse chamado. de São O Paulo.
serviçoAguardamos
público sempre dois anos
esteve
até que ele fosse chamado. O serviço público sempre esteve
presente na minha trajetória de vida. O Caetano nasceu no SUS no qual ambos somos presente na minha
trajetória
atendidos.deEu vida.
fui O Caetano
aluna nasceu
da escola no SUS
pública no qual ambos
na Educação Básica.somos
Aos 15atendidos.
anos cursei Eu o
fui aluna da escola pública na Educação Básica. Aos 15
magistério no extinto CEFAM programa de formação de professores do Estado de Sãoanos cursei o magistério
no ex�nto CEFAM programa de formação de professores do Estado de São Paulo.
Paulo. A faculdade de Pedagogia foi custeada em 45% de seus valores pelo município de
A faculdade de Pedagogia foi custeada em 45% de seus valores pelo município de
Osasco, onde
Osasco, onde fuifuiprofessora
professora e tive
e �vetrabalhos
trabalhos reconhecidos
reconhecidos na temática étnico –étnico
na temá�ca racial. –
racial. Ingressei na Rede Municipal de Educação de São Paulo como Coordenadora
Pedagógica aos 25 anos,
Ingressei na Redee foi naMunicipal
minha formação de para este concurso
Educação de São que Paulo
me aproximei
como
da literatura afro-brasileira
Coordenadora Pedagógicae africana.
aos 25 No primeiro
anos, e foiprojeto
na minha que coordenei
formação na para
Educaçãoeste
Infantil em
concurso que2010, escrevi umadahistória
me aproximei literatura emafro-brasileira
contribuição aoe africana.
meu grupo Nopara que
primeiro
pudéssemos contar para as crianças a história do herói,
projeto que coordenei na Educação Infan�l em 2010, escrevi uma história em Nelson Mandela. Na ocasião
apresentamosao
contribuição para
meu todagrupo
a comunidade
para queescolar as riquezas
pudéssemos da África
contar paradoasSul, país quea
crianças
naquele do
história ano herói,
sediava Nelson
a copa doMandela.
mundo. Na ocasião apresentamos para toda a
comunidade escolar
Em 2016, noutraas riquezas da África
parceria público do Sul,
privada, paísvez
desta queentre
naquele ano sediava
a prefeitura de Sãoa
copa
Paulodoe mundo.
a PUC- SP, fui selecionada junto com outros 40 coordenadores pedagógicos da
Em 2016,onoutra
rede para cursar mestrado parceria público
profissional emprivada,
educação desta
comvezumaentre
bolsaaintegral
prefeitura de
(única Caetano eterno mandelense
São Paulo emunicipal
articulação a PUC-nesta SP, fui selecionada
perspectiva junto com
acadêmica). Em 2017 outros 40 coordenadores
fui chamada para assumir
pedagógicos da rede para cursar o mestrado profissional
o Cargo de Supervisora Escolar como 15ª colocada entre candidatos cotistas no em educação com uma bolsa
primeiro integral
concurso (única
de acesso ar�culação
nesses moldes
municipal nesta perspec�va acadêmica). Em 2017 fui chamada para assumir o Cargo de
em nosso município. As políticas públicas afirmativas, e de formação de professores marcaram a minha identidade profissional. Supervisora Escolar como
15ª colocada entre candidatos co�stas no primeiro concurso de acesso nesses moldes
Falo desse lugar de mulher trabalhadora, mãe de criança pequena e gestora de carreira na educação pública na cidade em nosso município. As
polí�cas públicas afirma�vas, e de formação de professores marcaram a minha iden�dade profissional.
de São Paulo. São pouco mais de 37 anos de vida, 20 anos de magistério, 6 anos de maternidade, 4 anos de supervisão escolar
Falo desse lugar de mulher trabalhadora, mãe de criança pequena e gestora de carreira na educação pública
na diretoria regional da Freguesia Brasilândia e 2 anos de EMEI Nelson Mandela.
na cidade de São Paulo. São pouco mais de 37 anos de vida, 20 anos de magistério, 6 anos de maternidade, 4 anos de
Assim como outros educadores da rede municipal, eu também tinha curiosidade em conhecer o trabalho da EMEI.
supervisão escolar na diretoria regional da Freguesia Brasilândia e 2 anos de EMEI Nelson Mandela.
Apesar de toda identificação com o projeto a minha relação começa com o Caetano como aluno. Depois a atribuição do
Assim como outros educadores da rede municipal, eu também �nha curiosidade em conhecer o trabalho da
setor, Apesar
EMEI. e o desafiode de
toda viver esse duplo papel.
iden�ficação com oComo projetosupervisora
a minhaacompanhei
relação começa um pouco comalém do previsto.
o Caetano como Como mãeDepois
aluno. eu tinhaa
acesso a todos
atribuição os bilhetes
do setor, e o da agendadeescolar,
desafio viver estava
esse duplosemprepapel.
no portão
Como da escola com a comunidade
supervisora acompanhei para
uma entrada
pouco aléme a saída,
do
previsto. Como mãe eu �nha acesso a todos os bilhetes da agenda escolar, estava sempre no portão da escolaafirmar
reuniões de pais, vivi o clima amistoso, solidário e de carinho durante todo o ano. E sem rodeios pedagógicos arrisco com a
que o sucessopara
comunidade do trabalho
a entrada está
e anasaída,
intencionalidade
reuniões dedas relações
pais, vivi ode respeito
clima desenvolvidas
amistoso, solidárioalieentre todas edurante
de carinho todos: crianças,
todo o
educadores,
ano. pais, parceiros
E sem rodeios e curiosos,
pedagógicos queafirmar
arrisco não são que poucos.
o sucesso do trabalho está na intencionalidade das relações de
respeito Na primeira visita,
desenvolvidas dialogamos
ali entre todas sobre
e todos: as crianças,
experiências pedagógicas
educadores, vividas
pais, por aquela
parceiros comunidade
e curiosos, que não nassão
paredes
poucos. do
prédio escolar que documentam
Na primeira seu currículo.
visita, dialogamos sobre Tantoas nos muros externos
experiências onde está avividas
pedagógicas concepção
por de educação,
aquela quanto no nas
comunidade hall
paredes
de entradadoda prédio
escolaescolar
que revelaqueosdocumentam seu currículo.
projetos pedagógicos Tanto desde
desenvolvidos nos muros externos
2006, com ondedeestá
as figuras a concepção
afetos de
Tetelo e Tetela,
educação, quanto no hall
e a árvore genealógica que de entrada
formou da escola
a família Abayomi.queFotografias,
revela os projetos
objetos, pedagógicos desenvolvidos
folders entre outros que contam desde
o que2006, com
aconteceu
asnofiguras
ambientedeeducacional,
afetos Tetelo e Tetela,à comunidade,
permitindo e a árvore genealógica
aos familiares,que formou
e a quem a família
interessar, Abayomi.
conhecer Fotografias,
o projeto da escola.objetos,
Nestes
folders entre outros que contam o que aconteceu no ambiente educacional, permi�ndo
cartazes, as últimas festas vivenciadas pela comunidade, como a afro-brasileira desenvolvida em 2011, o casamento das figuras à comunidade, aos
familiares, e a quem interessar, conhecer o projeto da escola. Nestes cartazes, as úl�mas
de afeto príncipe Azizi Abayomi e Sofia em 2012, a gravidez da Sofia em 2013 e a chegada da Dayó e Henrique, em 2014 a festa festas vivenciadas pela
comunidade,
Viva Vovô Madiba,comoem a afro-brasileira
2015 o trabalhodesenvolvida
sobre ancestralidadeem 2011, o casamento
e a festa no colinhodas da figuras
vovó e dodevovô,
afetoempríncipe
2016 a Azizi
festa Abayomi
na aldeia,

278
278
homenagem aos povos indígenas, em 2017 a cultura brasileira em destaque em 2018 o centenário de Madiba.
As figuras de afeto que compõem a família Abayomi são bonecos que num dado contexto apresentam os temas
articuladores das experiências, que poderão ser vivenciadas pelas crianças nos projetos. Estes “bonecos personagens” se
comunicam com as crianças através de cartas com problemas de pesquisa, enviam objetos, livros, histórias, músicas a serem
estudados. São eles que criam os contextos lúdicos de aprendizagem, numa estratégia pedagógica ora pautada em letramento
ora em resolução de problemas diversos. As intervenções previstas pela equipe docente com as figuras de afeto promovem
para as crianças diversas possibilidades de investigar, imaginar e explorar.
As experiências compartilhadas pelo Caetano, meu filho, com a família Abayomi e as estratégias das professoras,
envolviam tanto a criança como os adultos da nossa casa. As vivências lúdicas encantam aos adultos também. Na fala do
Caetano sempre havia referência a alguém da família Abayomi: Mãe tinha um globo terrestre na mala da Sofia ou recebemos
uma carta do Azizi. Eu ia descobrindo quem eram os pais, os filhos e me envolvendo como a família. Os bonecos da família
Abayomi ocupam um lugar central no palco da escola, onde fica a sua casa. Os objetos da casa foram construídos com material
reciclável com a participação de todas as turmas: uma fez a cama, outra o sofá, a tv, a geladeira e assim por diante. Na hora da
saída, a casa da família era um ponto de parada para ouvir as explicações do Caetano, sobre as suas experiências nos projetos.
Entre os diferentes relatos do Caetano dou destaque para as aprendizagens que ele construía com seu grupo acerca
da melanina na pele humana, o DNA, e a cadeia genética, palavras e conceitos que passaram a compor o vocabulário dele na
época em suas explicações sobre a cor de pele humana. Ele passou a analisar as pessoas da família e explicar geneticamente
com pontinhos desenhados quanto de melanina possuía a cor de pele de cada um, numa investigação de proporcionalidade
incrível.
Uma aprendizagem importante para o Caetano e para a nossa família, esteve na história de vida da musa de sua
turma, a pernambucana Lia de Itamaracá. Até então desconhecida por toda a família, passou a ser para os pais, tios e avós,
uma referência no cenário da música brasileira, a nossa rainha da Ciranda! Estivemos com a Lia de Itamaracá junto com as
professoras Roberta e Lígia num evento cultural. As professoras levaram o diário de projeto para a Lia ver quantas aprendizagens
a sua história de vida proporcionou às nossas crianças.
No ano de 2019 como tema de um dos projetos as turmas pesquisaram a vida e obras das musas, que nomearam
as salas. Havia na porta de cada sala o estandarte da sua musa: Leci Brandão, Dandara, Dona Ivone Lara, Clementina de
Jesus, Lia de Itamaracá, Elza Soares e Sandra de Sá foram personalidades estudadas pelas crianças. Havia ainda o projeto de
sustentabilidade e o desafio da revitalização de um espaço público que aconteceu na Praça da Comunidade da Paz.
As experiências de aprendizagens propostas para as crianças não se limitavam a responsabilidade individual, mas
coletiva. Na organização cotidiana dos espaços, destaco as experiências de alimentação no restaurante, onde todos eram
responsáveis em manter a higiene do local. No projeto “Diretor por um dia” também havia a responsabilidade coletiva, pois,
as crianças observavam as necessidades dos territórios de aprendizagem para registrar os problemas. As crianças caminhavam
pelos espaços da escola com as pranchetas na mão observando os espaços e registrando, articulavam e apontavam as
resoluções possíveis num registro sistemático das demandas identificadas. A mediação com as crianças era realizada por
diferentes pessoas da equipe escolar. Estavam observando, refletindo e registrando para providências, um exercício potente
de cidadania.
Nas visitas escolares era comum as crianças adentrarem os espaços da secretaria para fazer perguntas referentes ao
projeto que estavam desenvolvendo em seus grupos. Respondi a uma pesquisa, questionando o meu conhecimento sobre o
acessório para cabelo turbante. Dentro da escola e fora dela, as crianças indagavam os adultos com as questões pertinentes
a sua pesquisa, no comércio local pelas ruas do bairro do Limão. A calçada da escola se tornou um lugar de experimentar a
ocupação, de explorar a cidade, de falar com pessoas de interagir com o mundo de um jeito real, investigando a vida.
Um elemento curricular potencializador das aprendizagens infantis na EMEI Nelson Mandela é a Educação Integral, na
perspectiva de ocupar os espaços do entorno da instituição, oferecendo às crianças condições de experimentar a cidade e ver
nela um objeto pedagógico. Essa proposta dá um sentido maior a aprendizagem, porque a criança está inteira na experiência

279
vivendo, vendo, ouvindo, sentindo, pensando. É a possibilidade de uma interação mais completa. Há muita diferença entre ouvir
uma música e assistir uma apresentação musical, neste último há muitos sentidos acionados, a descoberta de um instrumento,
as possibilidades de som que ele produz. Promove curiosidade, descoberta, novos interesses. Muitas vezes as crianças não
conhecem os polos culturais da região que residem, do entorno da escola.
O acesso a cultura, arte, lazer e é um direito de todas e todos. O município precisa avançar na perspectiva da
intersetorialidade, com propostas que garantam a acessos para a comunidade escolar aos diferentes espaços públicos. As
conexões entre as secretarias de saúde, transporte, cultura, lazer precisam estar mais bem articuladas com a secretaria de
educação e as escolas para garantir que as concepções do currículo da cidade de São Paulo: a educação integral, inclusiva e
equitativa. Acompanhei durante o ano de 2019 uma parceria entre a EMEI e a companhia de ônibus de linha, para levar as
crianças num evento cultural próximo, uma maneira de ocupar os espaços da cidade que poderia estar articulada e prevista
como garantia da Educação Integral no município.
O ano de 2019 foi marcado pela decisão da diretora Cibele em se aposentar. Entre as equipes da EMEI Nelson Mandela,
havia certa ansiedade em garantir que as construções e conquistas do trabalho pedagógico e administrativo não fossem
perdidas. A aposta de trabalho para o ano foi discutir e refletir entre o grupo docente a composição do PPP Projeto Político –
Pedagógico para desenvolver uma escrita coletiva e indestrutível do documento. Esse foi o tema central da formação docente
naquele ano.
Acompanhei e orientei a reestruturação do documento norteador da EMEI Nelson Mandela que ficou organizado
com uma carta de apresentação e 6 capítulos, a saber: 1º) Unidade Escolar com identificação e o histórico da mudança
do nome de EMEI Guia Lopes para EMEI Nelson Mandela; 2º) Estudo diagnóstico e perfil da comunidade escolar e seu
território; 3º) Compromissos, concepções e princípios; 4º) A documentação pedagógica; 5º) Proposta curricular e Avaliação
e 6º) Educação Democrática: protagonismo e participação. O compromisso com o Projeto Político-Pedagógico era revelar as
práticas pedagógicas, as relações, planejamentos e organizações estabelecidas no ambiente educacional para a promoção da
igualdade, construído ao longo dos últimos anos.
Entre as ações de promoção da igualdade, incentivando a participação, a autonomia, e levando as crianças a viverem
a cidadania num exercício de democracia dou destaque para as assembleias infantis. Nestas propostas eram articuladas
escolhas, negociados pontos de vista e compartilhados propósitos. Com uma escuta intencional, ética, respeitosa do adulto
para tomada de decisão através do voto numa decisão coletiva. De mesmo modo é possível falar das relações estabelecidas
nos colegiados da EMEI como Conselho de Escola, Associação de Pais e Mestres (APM), onde o diálogo e a escuta dos pais e
sua forma de compreender a educação eram consideradas para futuras demandas propositivas.
As reuniões de conselho de escola e APM estavam sempre com um público bastante expressivo, e possibilitava aos
pais e educadores, deliberações acerca da organização escolar, festas, aquisições de recursos, dentre outros, levando – os a se
sentir responsáveis pelas decisões que afetam a todos.
O trabalho na EMEI Nelson Mandela, articulado pela diretora Cibele, observado em 2019 tem características de uma
gestão democrática e participativa. Sua permanência de anos na escola, o uso de técnicas, procedimentos, a utilização de
instrumentos didáticos - metodológicos para planejamento e avaliação permitiram dirigir um trabalho educativo intencional,
participativo, consciente e inovador no qual houvesse significado para os envolvidos. Certamente foi um desafio. Uma vez que
a autonomia da escola é relativa, que os recursos são racionalizados e que a coordenação do esforço humano e o envolvimento
coletivo precisam ser acompanhados, avaliados, incentivados e liderados para avançar no sentido do consenso do que
consideramos qualidade.
Faço destaque para algumas práticas observadas em 2019 que justificam a teorização dessa gestão como democrática
e participativa, a saber: os incentivos na participação da comunidade em processos de escolha e decisão demonstram um
caminho intencional para o exercício da cidadania na escola ou fora dela. Verifiquei neste ano que onde houvesse o poder de
escolha, optou-se por uma decisão compartilhada. Presenciei a diretora orientando a professora acerca de suas propostas
nos cadernos de registro das crianças indicando instrumentos e procedimentos adequados para o avanço das propostas

280
da docente. Identifiquei nas salas dos professores, secretaria e gestão o planejamento das propostas e as tarefas a serem
executadas, expostas em grandes murais para o conhecimento de todos.
Havia priorização para atender as necessidades de formação das professoras, educadoras de apoio, crianças e
comunidade. Na reunião de apresentação do Projeto Político-Pedagógico, faço um destaque para a orientação da diretora
Cibele aos pais da comunidade, na explicação sobre o processo de alfabetização e a aquisição da linguagem escrita pelas crianças
de 4 e 5 anos. O pai do Caetano nunca se esqueceu. Acompanhei relações produtivas e criativas de parceria com a academia,
com coletivos de organizações não governamentais, empresas, pais e outros. E por fim, mas não menos importante, dou
destaque para a avaliação sistemática da instituição que conheci, indicando as expectativas para o trabalho dos funcionários,
considerando os projetos da EMEI para revelar avanços, dificuldades e elencar as demandas de formação pedagógica ou de
intervenção administrativa.
Participei dos momentos organizados e planejados pelo grupo docente em parceria com a Coordenadora Pedagógica
Marina Basques e a Assistente de Direção Deise promovendo exposições abertas à comunidade escolar com todas as crianças,
ora para dar visibilidade às produções da cultura infantil na perspectiva de apresentar as propostas desenvolvidas, ora para
estabelecer momentos de interação entre famílias e responsáveis. Acompanhei propostas da unidade escolar que ampliavam
a forma de a comunidade ver e pensar o mundo, formando os sobre diferentes assuntos entre eles sobre como percebem a
infância. Vivi junto com outros familiares momentos formativos em rodas de conversa com psicólogos e escritores.
Ao longo do ano 2019 participei de pelo menos 3 festas com comes, bebes envolvendo a participação da comunidade.
Teve plantio de árvores frutíferas, samba enredo da Mangueira na chegada da Sofia e da Dayó (figuras de afeto). Teve a presença
da Leci Brandão na festa junto com toda a comunidade. Almoço coletivo após as reuniões de pais. Diálogos e dinâmicas nos
grupos entre os pais e as crianças nas salas de convivência. Houve a colheita na horta para o desenvolvimento de receita e
partilha da refeição entre a comunidade.
As escolhas pedagógicas descritas aqui orientaram mudanças, quebraram paradigmas e trouxeram outros caminhos
possíveis para transformação da realidade dessa comunidade escolar, são estratégias possíveis e necessárias ao fazer da gestão
escolar nas relações que desenvolve em seu cotidiano, são possibilidades para projetar o futuro da escola e de sua comunidade.
Como mãe e supervisora escolar, nesse lugar social e nesse tempo histórico que ocupo, marcada pelo meu gênero, pelo
meu trabalho e pelas políticas públicas que oportunizaram meu desenvolvimento pessoal e profissional, tive minha trajetória
marcada nessa relação com a comunidade mandelense, e vivo um processo de autoformação nesse acompanhamento.
Não haveria outro espaço se não o público para essa experiência de qualidade. O objetivo comum entre as mulheres dessa
comunidade, pela qualidade do serviço público ofertada à infância é o nosso elo. O que nos une. O que efetiva a nossa parceria.
Foi uma honra ter acompanhado esse processo curto e marcante em 2019. Intenso e ao mesmo tempo leve. E agora
depois do vivido, ter a voz da comunidade reunida nesse livro, com a sua existência eternizada na linguagem escrita, para
continuar quebrando silêncios, refutando e retirando a hegemonia do discurso, representa um passo em direção à emancipação
e me devolve a utopia como educadora. Muito obrigada, Cibele Racy e comunidade mandelense. SP 18/05/21.

281
da
nça Fa Uma escola até pra gente crescida
Raul Cabral França
Harmonia em

do Era abril de 2019, e eu tinha visitas agendadas em várias escolas naquele mês. Estava conhecendo
em
alguns dos 178 projetos educativos brasileiros que foram reconhecidos como inovadores pelo MEC, em 2016.
era
Algumas dessas escolas, célebres há bastante tempo, recebiam visitantes em dias específicos; era preciso se
nto
inscrever e aguardar uma data com vagas. Certa vez fui a uma dessas escolas e cheguei junto com um grupo de
iro
se estudantes de uma faculdade de pedagogia. Éramos cerca de vinte pessoas; o roteiro da visita começou por uma
tes apresentação do projeto, seguiu pelos espaços onde estavam os estudantes e terminou em um bate-papo. Tal
os, era a rotina semanal daquela escola, com diferentes grupos de visitantes – pessoas que vinham de vários lugares
para conhecer pessoalmente o que já tinham visto em livros, relatos e documentários.
las Eu era uma delas. O que buscava, em minha pesquisa de doutorado, eram experiências de escolas
há públicas que constituíram projetos educativos inovadores e emancipatórios. Estava convencido, há muito tempo,
ões de que não seriam os especialistas em secretarias de educação, universidades e fundações que apontariam os
até caminhos para transformar a escola, mas justamente o contrário: precisaríamos ir até as escolas que estavam se
om transformando, para entender o que estava acontecendo ali e aprender com elas. Afinal, as educadoras da escola
da já estão na dianteira das mudanças, sem esperar pelo aval da academia; o papel dos pesquisadores, como escreve
os” Michael Apple, é o de agirem como “secretários” desses movimentos, auxiliando a documentar, a teorizar e a
so tornar visíveis esses sucessos. Não é mais o tempo dos “intelectuais de vanguarda”, mas de “retaguarda”, como
s.
lembra Boaventura de Sousa Santos.
n�l
Na semana seguinte, minha visita estava marcada em uma escola municipal de Educação Infantil na
ra,
cidade de São Paulo, que me chamou a atenção logo pelo nome. “Nelson Mandela” não era, definitivamente,
era
do um nome típico de escola, o que me despertou a curiosidade. Minha expectativa era encontrar uma escola
:A infantil diferenciada, mas estava longe de imaginar tudo o que era o projeto, tendo lido apenas a modesta
de descrição que constava na página do Movimento pela Inovação na Educação: A EMEI Nelson Mandela entende
Nas que a gestão democrática se constrói com sucessivas tentativas de aproximação e a construção de vínculos
ões entre a comunidade e os diversos atores escolares. Nas assembleias infantis, a iniciativa garante que as crianças
ma apresentem propostas de solução para situações do cotidiano e decidam sobre a aplicação das verbas. Na Rádio
se Tem Gato Na Tuba, os alunos fazem a programação, escolhem os assuntos sobre os quais querem falar, explicitam
po suas preferências musicais e apresentam notícias ao vivo para suas famílias. A EMEI Nelson Mandela acredita que
ões a infância é tempo de brincar e que, durante as experiências lúdicas, surgem motivações, interesses e inúmeras
ro situações produtivas de aprendizagem que possibilitam pesquisar, problematizar, criar, construir e favorecer o
desenvolvimento das habilidades e competências individuais e coletivas.
nte Quando cheguei na EMEI Nelson Mandela, não encontrei mais nenhum outro visitante esperando para
ão
ir junto. Não havia roteiro para a visita. Era uma terça-feira normal; a então coordenadora pedagógica Marina
elo
Basques veio me receber, gentilmente, e começamos a caminhar pelo espaço, repleto de adereços alegres. Nos
de
. murais do corredor principal estavam os registros vivos de vários projetos didáticos realizados na escola ao longo
dos anos: produções de crianças, fotos e objetos.

282
Marina me contava, em detalhes, como todos eles estavam encadeados em uma narrativa, e mostrava, com entusiasmo,
o universo lúdico que a escola havia criado para conduzir suas propostas. Durante toda a tarde, percorremos o amplo espaço
físico daquela unidade, conversando sobre o projeto e a história da escola, e eu me dava conta de quantas práticas inovadoras
existiam naquele lugar, para muito além daquilo que eu esperava encontrar.
Vale dizer: diferentemente da imagem que se tornou senso comum, quando falamos em “inovação na educação” não
estamos pensando necessariamente em tecnologia ou endossando modismos pedagógicos. Não se trata de buscar novidades,
mas de pensar soluções e respostas aos desafios encontrados. Pode ser que a resposta demande algum apoio tecnológico
diferente, mas, muitas vezes, a “tecnologia” necessária está inteira nas relações humanas. A inovação não é, portanto, um fim
em si mesma, mas um processo necessário para superar as incoerências entre a educação que desejamos e o modelo escola
que ainda temos.
Desde que comecei a pesquisa, busco escolas em que eu consiga enxergar, concretamente, a educação em que
acredito. Um pouco como Rubem Alves conta no livro A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir.
Na EMEI Nelson Mandela, encontrei inovações definidas pelo caráter emancipatório e pela consciência social e política; não
obstante, trazendo um olhar sensível para a infância e proporcionando às crianças um ambiente lúdico e acolhedor. Vim a
saber, mais tarde, que a escola já era bastante reconhecida pelo seu projeto em favor da igualdade racial. Porém, percebi que
ainda havia muito mais a ser contado a respeito dela.
Ao terminar a visita e voltar para casa, senti intimamente que já não precisava mais procurar outras escolas. Era ali que
eu gostaria de realizar meu trabalho. O que me convenceu, porém, não foram os prêmios recebidos pela escola, seu renome
ou as coisas que me foram ditas. A autenticidade daquele projeto educativo se patenteava sem necessidade de discurso.
Estava no olhar da coordenadora pedagógica quando falava, na generosidade com que recebiam um único visitante, na atitude
das crianças que percorriam o espaço, na forma como o ambiente era organizado, e em mais coisas do que cabe nesta breve
descrição.
Se escolas tivessem biografias, minha tese de doutorado seria uma. Nela reconto e esmiúço a história dessa EMEI que
nasceu Guia Lopes, mas se tornou Nelson Mandela, em um estudo de caso que busca compreender como se constitui um
projeto educativo inovador e emancipatório em uma escola pública.
Aqui neste texto, porém, venho para contar outras histórias e dizer que não é possível se relacionar com a EMEI
Nelson Mandela sem vivê-la intensamente. Pois, assim como chegaram ao fim os dias do “intelectual de vanguarda”, também
se foram os do “pesquisador neutro e distanciado” – o que não torna a pesquisa menos séria e fundamentada. A produção
sistematizada de dados, a coerência teórica, a lógica da análise e o compromisso ético para com as/os participantes não estão
em contradição com a admiração declarada, a ternura e a amizade nos laços, a liberdade de brincar junto com as crianças, a
cumplicidade de entrar na fantasia e se tornar um personagem das narrativas lúdicas – pois até isso eu fiz.
Eu queria que todo mundo conhecesse a escola que eu conheci. E meu segundo contato com a EMEI Nelson Mandela,
depois da visita inicial, já foi fazendo o convite para uma roda de conversa no IX FALA OUTRA ESCOLA, seminário realizado
pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada (GEPEC), da Faculdade de Educação da UNICAMP, em 2019. A
escola veio representada por três membros: Marina Basques, coordenadora pedagógica, Tatiane Lima, educadora da limpeza
e o boneco Azizi Abayomi, príncipe sul-africano que habita a unidade. O trio não poderia ser mais representativo daquilo que
a escola preconiza em seu projeto político-pedagógico. Dito e feito: o público do auditório se encantou com o universo lúdico
da escola, molhou de lágrimas o sorriso ao ouvir a educadora da limpeza narrar sua participação e se cativou pela eloquência
da jovem coordenadora, tão apropriada do projeto. Imagine se estivessem conhecendo o lugar pessoalmente, como eu. Mas
o encontro rendeu encontros e, semanas depois, um grupo de orientadoras pedagógicas da rede de Campinas estava na EMEI
Nelson Mandela para um dia de partilha de experiências e de formação conjunta.

283
Contudo, eu ainda não tinha nenhuma relação formal com a escola. Até então, a gente estava só “se curtindo”.
Preparei, então, uma carta de apresentação da proposta de pesquisa, endereçada à diretora Cibele Racy e à toda a comunidade
mandelense. Tomei o cuidado de explicar todos os objetivos da pesquisa, as ideias e métodos com os quais estava trabalhando,
como seria minha presença na escola e quais seriam os benefícios para a instituição. A resposta não tardou. Pedi a escola em
casamento e ela disse “sim”.
Então, sendo “da casa”, passei a ir com frequência para São Paulo para passar o dia na escola, participando de reuniões
com as educadoras, indo a eventos, consultando documentos e observando o seu dia a dia. No resto do tempo, ficava em
Campinas, em minhas atividades na universidade. Pacata rotina de pesquisador. Um dia, em casa, recebi um áudio por
WhatsApp da professora Leny Riga. Nenhuma outra mensagem junto para oferecer contexto. Toquei o áudio e ouvi uma voz
de criança:
– Bom dia! A nossa turma é turma Elza Soares, sala 7! O nome da escola... é Nelson Mandela!
Ao fundo, uma voz adulta perguntava para a criança:
– E a gente está mandando mensagem pra ele pra quê?
– Pra... pra gente ver um negócio que você tá falando... – a criança procurava palavras enquanto dizia – você tá falando
da Amazônia?
O que será que eu estava falando da Amazônia? Sem fazer a menor ideia, abri um sorriso e fiquei muito curioso para
saber o que mais viria dali. Na gravação, uma outra criança tomou a palavra e continuou:
– Você pode vim aqui pra ver se as nossas ideias são boas pra ajudar a floresta Amazona? É... beijinhos e abraços!
– Turma Elza Soares, sala 7! – outra criança emendou, para garantir que essa informação não se perdesse.
– A gente viu o seu contato aqui no Jornal de Hortolândia – completou a professora, na sequência –, a gente recebeu
o jornal e por isso está mandando essa mensagem, tá bom? Muito obrigada.
O áudio terminou e eu estava em estado de graça. O que era aquilo que tinha acabado de acontecer? Que adorável
receber uma mensagem de crianças no meio da manhã e conversar com elas! E como não sou do tipo que precisa de explicações
para entrar na brincadeira:
– Muito bom dia, crianças da Nelson Mandela! – peguei o celular no mesmo instante e comecei a gravar a resposta –
Eu sou o Raul, tô aqui em Hortolândia agora, e fiquei muito contente em receber a mensagem da turma Elza Soares. Eu ando
muito preocupado com o que tá acontecendo na Amazônia... preocupado demais! E olha, a gente precisa muito da ajuda de
vocês. Podem contar comigo. Eu vou aí na escola para conhecer os planos que vocês estão fazendo. Beijos e abraços pra vocês
também.
Horas depois, a professora Leny me escreveu, dizendo que tinha mostrado o áudio para as crianças e elas ficaram
“chocadas com o meu contato”. Recebi, por e-mail, o Jornal de Hortolândia que as crianças tinham visto, cuidadosamente
editorado pela professora e repleto de informações. Ao fim das notícias, lá estava a minha foto, convidando as crianças a
entrarem em contato com o novo repórter.
Um lugar chamado “Hortolândia” é a escolha perfeita para situar a casa fictícia de Tetelo e Tetela, os espantalhos da
horta da escola. E o engraçado é que essa cidade realmente existe, embora não corresponda em quase nada com a imagem
de horta que o nome sugere. Hortolândia é uma cidade bastante industrializada, nas vizinhanças de Campinas, e, por uma
divertida coincidência, eu havia começado a frequentá-la naquele ano, participando de um projeto em outra escola pública
de lá.
A vida estava imitando a arte. Dali a duas segundas-feiras, eu estava em Hortolândia para realizar um trabalho. Contei
para minha colega e amiga, Victória Valério, sobre meu novo “cargo” de jornalista na EMEI Nelson Mandela. Era fim de tarde
e estávamos passando pela Lagoa Santa Clara. Ainda não tinha escurecido, e perguntei a ela:

284
– Vic, me ajuda a fazer uma coisa?
– O que?
Encostei o carro e expliquei o plano. A gente ia inventar uma história. Olhei ao redor: um amplo espaço aberto, pessoas
correndo e passeando em volta da lagoa. Chegando mais perto, uma coisa curiosa me chamou a atenção. A água da lagoa,
que ficava em uma parte baixa da cidade, escoava por um enorme ralo. Talvez, após dias de chuva e com o nível da água alto,
aquele dreno não fosse visível. Mas naquele dia dava para ver toda a água entrando em um buraco e indo embora para sabe-
se lá onde.
“O Grande Desconhecido” foi o nome que me veio na cabeça. Dava para criar uma boa cena ali, fazendo mistério sobre
aquele buraco que engolia a água da lagoa em Hortolândia. Um furo de reportagem para o jornal, e dos grandes. Com um
vago roteiro em mente, pedi para Victória começar a filmar com o meu celular. Comecei a dar a notícia, do jeito que aprendi
assistindo ao noticiário, e fui me aproximando da lagoa, fazendo suspense. Subi por uma ponte estreita que passava por cima
do buraco. Fazendo cara de espanto, exclamei “é surpreendente!”, desci correndo e dizendo à cinegrafista: “corta”! A “matéria”
não tinha um final, nem um contexto, e poderia ser usada criativamente pelas educadoras. Mandei. Dias depois, comecei a
receber fotos, desenhos e áudios de crianças formulando hipóteses sobre aquele grande e desconhecido buraco.
E a parceria, que já era acadêmica e jornalística, tornou-se também musical. Escrevo músicas para crianças, e uma de
minhas canções, “Tudo Bem Ser Diferente”, acabou entrando para o repertório das professoras. A letra celebra as diferenças,
assim como faz o projeto educativo da EMEI Nelson Mandela:
Somos todos diferentes
Cada um tem o seu jeito
Ninguém é igual à gente
E todos merecem respeito

Tudo bem ser pequenininho


Tudo bem ser grandão
Ser leve ou pesadinho
Tudo bem, problema não tem
Não sermos iguais à ninguém

Tudo bem se a cor dos meus olhos


Não for a mesma dos seus
Tudo bem se a cor da minha pele
Também for diferente
Cada um é especial
E assim fica muito mais legal
Embora a música já existisse, parecia ter sido feita para a escola. Em outubro de 2019, na semana em que se comemora
o Dia das Crianças, a EMEI Nelson Mandela programou uma série de atividades especiais para as crianças brincarem e
celebrarem. Para minha surpresa e alegria, recebi o convite para participar, fazendo uma vivência musical com as crianças.
Preparei, então, o violão, uma caixa com objetos para contar histórias, e para lá fui com uma missão especial.
Era muito divertido chegar na escola e ser recebido e festejado pelas crianças como um jornalista e um cantor famoso.
Acho que as crianças nunca desconfiaram que eu estava ali na escola meramente para fazer uma pesquisa, nada assim tão

285
.
e
,
a
a
o extraordinário. Do portão para fora, eu era um cidadão comum. No momento em que a primeira criança da EMEI Nelson
a Mandela me avistava, aquilo virava um acontecimento. Era euforia e abraço que não acabava mais! Nunca vivi nada assim em
e lugar nenhum.
s Na EMEI Nelson Mandela, todo espaço, pessoa e relação têm papel educador, e não apenas no discurso. Posso falar
s pela minha própria experiência: o júbilo de me sentir convidado a participar dos projetos, a me relacionar com as crianças, a
fazer parte da comunidade mandelense. Não me ofereceram o lugar de samambaia, comumente reservado a pesquisadores
o ou estagiários em escolas, que ficam estáticos em algum canto da paisagem, observando em silêncio. Ofereceram o lugar
a de samba: me puxaram para dançar e me trouxeram para dentro da roda. Em uma ocasião, por exemplo, algumas crianças
começaram a provocar um menino que tinha ido para a escola com uma camiseta rosa. As educadoras tiveram, então, uma
ideia. Perguntaram se eu, sendo uma figura masculina que as crianças conheciam, tinha alguma camiseta rosa e poderia vesti-
la na próxima visita que fizesse. Fizemos, então, uma intervenção que não teve discurso e nem nada. Era horário do parque, as
crianças estavam lá, brincando, e eu apareci com a minha camiseta rosa. Brincamos juntos, muito naturalmente, e depois as
educadoras puderam continuar a conversa.
Esse episódio me inspirou a escrever alguns versos novos para a canção “Tudo Bem Ser Diferente”. Mas não contei
para ninguém. No final do ano, a escola me convidou para ensaiar com as crianças e tocar a música na Mostra Cultural, em
dezembro. No dia da apresentação, cantamos juntos e, quando todos terminaram, eu continuei:

Tudo bem ser menino ou menina


Para entrar na brincadeira
Tudo bem, quem não sabe a gente ensina
Pode vir! Sim, sim, sim!

Pois nesse gramado verde


Nessa escola amarela
Todo mundo é diferente
Todas as cores são belas

Rosa pode ser pra ele


o Azul pode ser pra ela
I Porque a gente é colorido
Porque a gente é Mandela
a
e
o Nossa casa é o mundo todo
Tem lugar pra todo mundo
E já que estamos neste espaço
Por que não um grande abraço?

A parte nova da música foi uma surpresa para todo mundo, mas a força dessa parceria já não era novidade.
No ano seguinte, em que a pandemia de COVID-19 tirou tudo do lugar, não era mais possível nos encontrarmos no
gramado verde e na escola amarela; de suas casas, as educadoras se desdobraram para que o projeto da EMEI Nelson Mandela
atravessasse as telas e chegasse às crianças e suas famílias.

286
nto das energias, as educadoras ainda encontraram ânimo e cria�vidade para gravar vídeos q
sformaram no clipe da música, marcando o final do ano de 2020.
essa escola, embora já conte com vários capítulos, con�nua sendo escrita. Isso significa
te livro precisarão con�nuar surgindo, pois os frutos dessa história, que já são muitos, es
Como pesquisador, somei forças com a professora da escola Marina Basques e com a minha orientadora na universidade,
a chegar. No momento em que escrevo estas palavras, as a�vidades presenciais retorn
professora Ana Aragão, para documentar, analisar e dar visibilidade ao trabalho da escola nesse período; escrevemos e
omeço está sendo
publicamos inventado,
um artigo a par�r
no periódico Currículo Semdas raízes
Fronteiras. Comoprofundas que este
artista e como mandelense, projeto
comecei a gravar afirmou
nova versãoao longo
da música “Tudo Bem Ser Diferente”. Apesar do acúmulo de tarefas e do quase esgotamento das energias, as educadoras ainda
uita gente para passar por aqui, e não falo só das pequenas e dos pequenos. A EMEI Nel
encontraram ânimo e criatividade para gravar vídeos que, combinados, se transformaram no clipe da música, marcando o final
ola até para gente
do ano de 2020.crescida, como eu. Gente que vem aprender sobre educação, sobre crian
A história dessa escola, embora já conte com vários capítulos, continua sendo escrita. Isso significa que textos como
os deste livro precisarão continuar surgindo, pois os frutos dessa história, que já são muitos, estão apenas começando a
chegar. No momento em que escrevo estas palavras, as atividades presenciais retornam gradualmente; o recomeço está sendo
inventado, a partir das raízes profundas que este projeto firmou ao longo dos anos. Ainda tem muita gente para passar por
aqui, e não falo só das pequenas e dos pequenos. A EMEI Nelson Mandela é uma escola até para gente crescida, como eu.
Gente que vem aprender sobre educação, sobre criança e sobre sonhar.

Raul canta sua música


com alma e coração
mandelenses.

Raul canta sua música com alma e coração mandelense


287
Lá# De um príncipe africano a
uma viagem espacial
Lá#
Harmonia em De príncipeAngelo
africano a
Augusto da Silva
uma viagem espacial
Angelo Augusto da Silva
Harmonia em

Mesmo antes de meus filhos estudarem na EMEI Nelson Mandela, nós já �nhamos ouvido
falar da escola. Tanto pelas no�cias que corriam pelo bairro sobre a mobilização para a mudança de
nome, após as ofensas nos muros da escola que trazia para o currículo o tema das desigualdades
diferenças
Mesmo e omeus
antes de combate ao racismo,
filhos estudarem como
na EMEI pelasMandela,
Nelson redes sociais e amigos
nós já tínhamos que também
ouvido já conheciam.
falar da escola.
Quanto
Tanto pelas notícias mais próximo
que corriam pelo bairrodasobre
idade do meu filho
a mobilização paraGael mudardedanome,
a mudança crecheapóspara o ensino
as ofensas nosinfan�l, mai
muros danos interessávamos
escola que trazia para o em conhecer
currículo o temaadasescola e a forma
desigualdades, de trabalho
diferenças dos profissionais
e o combate e educadores. E
ao racismo, como
não
pelas redes faltaram
sociais oportunidades,
e amigos que também já seja em eventos e festas abertas à comunidade ou em reuniões com a
conheciam.
Quanto mais próximo da idade do meu filhopar�cipássemos
equipe que também permi�ram que Gael mudar da crecheantespara
mesmo do pequeno
o ensino estar
infantil, mais nosmatriculado
interessávamos emFatoconhecer
é que quanto
a escolamais conhecíamos,
e a forma de trabalhomais desejávamos
dos profissionais que desse Ecerto
e educadores. a vaga para o nosso
não faltaram
pequeno….
oportunidades, seja emeeventos
após muita torcida
e festas deu
abertas à certo! Durante
comunidade ou em dois anos vivemos
reuniões e convivemos
com a equipe que também intensamente
com
permitiram quetodas as oportunidades
participássemos antes mesmopossíveis
do pequeno deestar
trocas, encontros e aprendizados, com todos aquele
matriculado.
ricos
Fato é espaços
que quanto de aprendizagem
mais conhecíamos, proporcionados
mais desejávamos aosquepequenos,
desse certomasatambém
vaga para aoso adultos.
nosso
pequeno…. e após E muita
não foram
torcida poucas
deu certo!asDurante
histórias
doiseanos
conhecimentos, de príncipe
vivemos e convivemos africano
intensamente com atodas
foguete
as e viagem
oportunidades possíveis de trocas, encontros e aprendizados, com todos aqueles ricos espaços de aprendizagem vida a noite
espacial, do corpo humano e seu funcionamento a brinquedos e bonecos que ganham
nessa aos
proporcionados mistura entre
pequenos, mas realidade
também aos e fantasia,
adultos. conhecimento e diversão aprendemos e vimos como são
diferentes e potentes as diferentes formas de se aprender e es�mular a curiosidade, o
E não foram poucas as histórias e conhecimentos, de príncipe africano a foguete e viagem espacial, do
conhecimento e o respeito à diferença desde sempre.
corpo humano e seu funcionamento a brinquedos e bonecos que ganham vida a noite, nessa mistura entre
Orealidade
espaçoe�sico da escola é único, amplo e variado. Associado ao olhar es�mulante do
fantasia, conhecimento e diversão aprendemos e vimos como são diferentes e
educadores tornam-se, além de especiais, oportunidades inesquecíveis para aprendizado
potentes as diferentes formas de se aprender e estimular a curiosidade, o conhecimento e
das crianças e consequentemente dos adultos que podem também junto aos pequeno
o respeito à diferença desde sempre.
olhar de maneira especial cada oportunidade proporcionada pelos espaços e
O espaço físico da escola é único, amplo e variado. Associado ao olhar estimulante
momentos.
dos educadores tornam-se, além de especiais, oportunidades inesquecíveis para
Talvez o aprendizado maior tenha sido como é importante fazermos juntos. O
aprendizados
quanto a presença,das crianças e consequentemente
o ouvido, dos adultos
a fala e a interação emque podem
cada um também
dos momentos va
junto aos pequenos olhar de maneira especial cada oportunidade
tomando corpo e formando a comunidade mandelense de crianças, educadores e proporcionada
pelos espaços
famílias numeprojeto
momentos. de educação pública de qualidade, fortemente marcado po
valores democrá�cos, de maior
Talvez o aprendizado tenha
respeito àssido como é importante
diferenças fazermos
e à convivência juntos.
plural.
O quantoE pora presença,
falar em o ouvido, a fala e a interação
convivência, em diasem tãocada um dosde
di�ceis momentos
pandemia, vai bate uma
tomandode
saudade corpo e formando
tudo a comunidade
o que vivemos e atémandelense de crianças,
do que [ainda] nãoeducadores
vivemos. Pois, após a
e famílias num projeto de educação pública de qualidade,
saída em 2019 do Gael, sua irmã Lara também é uma aluna em 2021 fortemente
marcado
ansiosa por (sóvalores democráticos,
não mais que a de respeitopara
família) às diferenças
desfrutar e àde todas a
convivência plural. que este território de imensa aprendizagem
possibilidades
possibilita. São falar
E por Paulo,emjunho de 2021.
convivência, em dias tão difíceis de
pandemia, bate uma saudade de tudo o que vivemos e até do
que [ainda] não vivemos. Pois, após a saída em 2019 do Gael, sua
irmã Lara também é uma aluna em 2021 ansiosa (só não mais
que a família) para desfrutar de todas as possibilidades que este
território de imensa aprendizagem possibilita.
São Paulo, junho de 2021.

288 288
Sol EMEI Nelson Mandela
um presente para Matias
Magda Figueiredo
Harmonia em

Quando a Cibele Racy me convidou para contar a experiência de ver meu filho estudando na EMEI Nelson
Mandela, me senti honrada.
A EMEI Nelson Mandela sempre foi uma escola muito concorrida e perdi muitas noites de sono à espera
de um “sim”. Mas quando ele chegou, foi um dia de festa e gratidão!
A escola me saltou aos olhos logo no primeiro dia em que pisei lá. Eu tremia inteira e sentia a vibração
ancestral que existe naquele território. De cara, reconheci que todos eram – e são - muito humanos ali, desde a
recepção, a apresentação, tudo feito sem distinção de cor de pele ou cargo. Além disso, as paredes contando a
história da Família Abayomi se conectaram comigo, fizeram me sentir em casa e desejar que ali também fosse a
casa do meu filho.
Sou uma mulher negra e, em 2018, ainda estava perdida em relação às minhas origens, minha cultura e
minha história nesse país. Naquele momento, ainda era embranquecida pela sociedade e pisar naquele espaço
me conectou com minhas raízes, e com meu povo. Depois de visitar tantas escolas, fui tratada de forma diferente
e senti que já fazia parte daquela história, como se tudo me pertencesse.
Lembro-me muito bem do dia em que meu filho Matias foi visitar a escola e viu o parque enorme,
imagens, fotos... ali, ele percebeu que estava num lugar diferenciado. E eu disse a ele: “Aqui, você vai aprender
muito sobre a história da mamãe, dos negros do nosso país que, acredite, são muitos. É uma história que precisa
ser contada, ensinada e levada adiante para a nossa sociedade. O que você vai aprender aqui, ninguém vai tirar
de você”.
Estar na EMEI Nelson Mandela foi um dos melhores presentes que o Matias poderia ter recebido na sua
primeira infância. Colocando-o naquela escola, eu estava dando a chance para que ele pudesse estudar num
ambiente antirracista. E mais, num país onde nossa cultura africana foi apagada, distorcida e negada, ele teria
uma oportunidade única de viver essa cultura de verdade, por meio da alimentação, do desenho, dos projetos,
das festas, das paredes, do chão, das falas das professoras e educadoras da cozinha, da direção, da coordenação,
enfim em todos os lugares da escola.
Quando procurei uma escola para o Matias, eu não queria saber se era longe ou perto, mas queria que
trouxesse cultura, aprendizado, cooperação, frustração, erros, acertos e oportunidades para a criança aprender
sem deixar de ser criança. Será que seria possível ter os dois pilares juntos? A resposta é sim.
O ano de 2019 trouxe experiências e aprendizados que estão com o Matias até hoje e vão sempre estar
com ele, como aprender sobre a melanina, voltar para casa, no dia da beleza, com uma trança rosa no cabelo
e tomar consciência de que essa é uma cor que pode ser usada por todos. Além disso, conheceu mais sobre
grandes personalidades negras, como Nelson Mandela, Dona Ivone Lara e Leci Brandão. A experiência de ser
diretor por um dia deu a ele a autonomia de ser um líder, o abraço da Helô todas as manhãs na porta, o suco
verde da Sol, o pé de amora no quintal da escola, a cozinha experimental, o banho de lama, sem ninguém dizer
que não pode, são memórias como essas que vão ficar nele para sempre e ninguém poderá tirar.

289
E a liderançaE ada Cibele
liderança tornatorna
da Cibele tudotudoisso um
isso um patrimônio,
patrimônio, não só dosnão sófilhos,
nossos doscomo
nossos
tambémfilhos,
de todacomo também de to
a comunidade
unidade do do Bairro
Bairro do do Limão.
Limão. Com ela,Com
aprendiela, aprendi
a agradecer a agradecer
e a reconhecer e a que
as pessoas reconhecer asnopessoas
fazem diferença mundo e queque fazem diferenç
reverbera
em um país. Éem
do e que reverbera isso que
umapaís.
Cibele faz: ela muda
É isso queaqui, mas muda
a Cibele faz: o todo
ela também.
muda aqui, mas muda o todo também.
Eu estava na última reunião de conselho com a Cibele, no fim de 2019, e saímos de lá chorando e nos perguntando
Eu estava na úl ma reunião de conselho com a Cibele, no fim de 2019, e saímos de lá chorando e
como seria a escola sem ela, sem sua energia, sem seu conhecimento, sem sua direção. Nesse ano, a Cibele se aposentou, mas
untando como seria
deixou uma a escola
experiência que sem ela, para
vai demorar semsairsua
de lá.energia, semescola
Ela liderou uma seuverdadeiramente
conhecimento, engajadasem sua direção.
nas questões raciais Nesse a
e se aposentou,
que só existemas
graçasdeixou uma
a ela e a essa experiência
comunidade queque
de educadores vainãodemorar para
desistem de ser sair deporque
antirracistas, lá. esse
Ela éliderou
o único uma e
adeiramentemeio engajada nas questões
de fazer a diferença em nosso paísraciais queosó
:combatendo existe
racismo graças a ela e a essa comunidade de educadore
e o preconceito.
Que esse livro possa incentivar outras escolas a fazerem a diferença, assim como a EMEI Nelson Mandela faz, para
desistem de ser an rracistas, porque esse é o único meio de fazer a diferença em nosso país :combaten
termos a certeza de que não estamos sós. A educação é um caminho, mas ninguém caminha sozinho.
mo e o preconceito.Obrigada, Cibele, por me ensinar tanto!
Que esse livro possa incen var outras escolas a fazerem a diferença, assim como a EMEI Nelson Man
ara termos a certeza de que não estamos sós. A educação é um caminho, mas ninguém caminha sozinho.
Obrigada, Cibele, por me ensinar tanto!

Matias, a resistência e a esperança mandelense

290
Entrelaçadas pelas redes da Educação
Amanda Marques

Re# Entrelaçadas pelas redes da Educação


ra 1997, eu pertencia aos anos ao Ensino Fundamental e até então não havia entendido Amanda Marques

m como acontecia o processo de transição entre a educação infan�l e os anos iniciais.


Harmonia em

ui apaixonada pela história dos bairros, observava dentro de cada região a existência de
ão bonitas e elas me situavam para uma questão de localidade.
empre fui uma criança Era 1997, eu
muito pertencia aos
insegura anos ao Ensino
embora curiosaFundamental e até então nãopor
e interessada haviasituações
entendido muitodebem
como acontecia o processo de transição entre a educação infantil e os anos iniciais. Sempre fui apaixonada pela
agens diferenciadas. Considero que �ve a sorte de receber uma educação que me
história dos bairros, observava dentro de cada região a existência de escolas tão bonitas e elas me situavam para
onasse até a primeira infância
uma questão um olhar mais significa�vo frente aos meus interesses
de localidade.
A minha família sempre foi um
Sempre sustento,
fui uma criança muitoum alicerce
insegura emboraentrecuriosa os pares que
e interessada me faziam
por situações ser
de aprendizagens
diferenciadas. Considero que tive a sorte de receber uma educação que me proporcionasse até a primeira
da pelo contexto educa�vo.
infância um olhar mais significativo frente aos meus interesses pessoais. A minha família sempre foi um sustento,
inda hoje, lembroumde mim
alicerce entrepequenina
os pares que mecom incompletos
faziam ser 7 anoseducativo.
apaixonada pelo contexto de idade na fase da
rta sobre um novo universo, ali sentada
eulembro
Ainda hoje, observando
de mim pequenina que lugar
com incompletos 7 anos deeraidadeaquele
na fase daque meussobre
descoberta
am me deixado porumlongas horaseudo
novo universo, dia, 5observando
ali sentada vezes naquesemana.lugar era aquele que meus pais haviam me deixado por longas
horas do dia, 5 vezes na semana.
abe era tudo tão amplo, repleto de pessoas dis�ntas a minha realidade an�ga de vida
Sabe era tudo tão amplo, repleto de pessoas distintas a minha realidade antiga de vida escolar e
um único registroumdespertava
único registro a minhaaatenção,
despertava minha atenção,simsimum um retrato muito
retrato muito bem emoldurado,
bem emoldurado, sempre inquietava
nquietava profundamente
profundamente o omeu
meu ee porque
porque os adultos
os adultos insistiam em insis�am
deixá-lo foraem deixá-lo
do alcance forapequenas
das crianças do
das crianças pequenas
como eu como eu era
era naquela época? naquela época?
Ah! Eu sempre mantiveAh!meusEu olhossempre
fixados na man�ve
parede daquela meus
Escola,olhos
como se de
fato conhecesse o registro daquele retrato.
a parede daquela Escola,Lembram comodaqueles
se de cabeçalhos
fato conhecesse o registro daquele retrato.
que fazíamos para compor as atividades escolares, pois então eu jamais
embram daquelesconsegui
cabeçalhos
associar queque fazíamos
o nome do “patronopara compor
da minha escola” as a�vidadespelaescolares,
era representado pois
foto que eu vislumbrava
jamais consegui associar
constantemente quenaosecretaria
nomedado “patrono
unidade e por onde daeuminha escola”
passava todos os dias.era representado
Somente na 3ª série da vida
escolar
que eu vislumbrava aprendi a escrever e pronunciar
constantemente na secretariaa palavra da“Engenheiro
unidade HugoeTakahashi”.
por onde Eu nunca o conheci, mas
eu passava
sinto que compartilhamos de uma narrativa tão afetuosa e assertiva pelo que até hoje ele e este espaço ainda
dias. Somente narepresentam
3ª sériepara damim. vida escolar aprendi a escrever e pronunciar a palavra
eiro Hugo Takahashi”. PrometiEu nunca o conheci,
que tentaria masos sinto
descobrir todos que compar�lhamos
nomes poéticos de uma
que assolassem significativamente o meu
tão afetuosa e asser�va pelo
coração pela que até hoje
representatividade ele
e por e este
respeitar meusespaço ainda
sentimentos. Hojerepresentam para mim.
sei que por detrás daquele contexto de
“Patronos” existe uma historicidade, pois o nome que se dá uma escola pertence a alguém que, supostamente,
rome� que tentaria descobrir todos os nomes poé�cos que assolassem
tenha contribuído para melhorias daquele respectivo ambiente, seja na esfera percussora da educação ou do
�vamente o meu coração
bairro, sãopela representa�vidade
como tesouros guardados no TEMPO.e por respeitar meus sen�mentos. Hoje
or detrás daquele contexto de “Patronos”
Recordo-me que no processoexisteda minhaumaformação historicidade,
acadêmica dentro pois o nomeCruzeiro
da Universidade que do seSul –
scola pertence a alguém
Campus Sãoque, Miguelsupostamente, tenha
Paulista, onde residi durante contribuído
5 anos para
“estudando”, duas melhorias
disciplinas foram bem daquele
decisivas para
o ambiente, seja aguçar meu sonho que já estava adormecido, elas estavam intituladas por: “Educação-Não-Formal (Graduação:
na esfera percussora da educação ou do bairro, são como tesouros
2008 a 2011 em Pedagogia) e Aspectos teóricos da Alfabetização Matemática (Pós-Graduação: 2013 a 2014 em
os no TEMPO. Alfabetização e Letramento).
ecordo-me que no processo Nestes doisda minha
intervalos formação
de tempo acadêmica
eu fui convidada a repensardentro
sobre minha davidaUniversidade
no cenário educativo,
do Sul – Campus contemplado
São Miguel Paulista,
de lembranças do onde resididedurante
meu processo alfabetização,5 assim
anosretornei
“estudando”,
às memórias duas
afetivas do

as foram bem decisivas para aguçar meu sonho que já estava adormecido, elas estavam
as por: “Educação-Não-Formal (Graduação: 2008 291 a 2011 em Pedagogia) e Aspectos

da Alfabe�zação Matemá�ca (Pós-Graduação: 2013 a 2014 em Alfabe�zação e


meu Jardim de Infância juntamente com os anos iniciais. Participei de muitos projetos na rede estadual de educação que
fortaleceram meu vínculo com unidades educativas. Além dos estágios que precisavam ser entregues à Universidade obtive
também experiências como (AP = Aluno Pesquisador no Programa Bolsa Alfabetização) e (PA = Professor Auxiliar para o Ensino
Docente). Ambos os projetos me ensinaram muito sobre inspiração pedagógica e de que profissional gostaria de ser depois de
formada.
No ensejo deste tempo tínhamos uma rede social utilizada por milhões de usuários intitulada por: “Orkut”, assim
através de algumas pesquisas inclusive para fazer trabalhos acadêmicos, encontrei a “EMEI Guia Lopes” na época sob a direção
da Professora Cibele Racy. Tratando-se da educação infantil, percebi naquela unidade com um nome tão diferenciado, registros
maravilhosos de crianças frente a construção de um trabalho pedagógico que ousou demarcar meu coração pela sensibilidade
de como eram narradas e demonstradas as marcas da infância. Entre curtidas e publicações ao ler relatos eu conseguia me
emocionar e pressentir a emoção contida para além das palavras nas entrelinhas.
Vi naquele ambiente a escola que eu acreditava para o ensino público de qualidade e comecei a me questionar por que
algumas unidades conseguiam ser tão diferentes e outras eram consideradas como sendo tão “normais”? Para minha surpresa
num dos comentários publicados através das mídias houve uma devolutiva da Professora Cibele Racy, ao ler seu nome na barra
de notificações pensei: meu Deus, vem por aí um rebate ao meu comentário e novamente me surpreendi com a sua resposta:
“Nada aqui se constrói sozinho, a comunidade é o principal ganho para nossa escola ser assim repleta de vida e não pense
você que não temos desafios, pois eles são muitos, mas a política é fazer com que todos acreditem nos projetos que nela são
desenvolvidos e vistam a camisa para executá-los. Por aqui temos profissionais comprometidos que são Servidores Públicos,
ou seja, prestam serviços públicos para a comunidade.” Desde então aquilo nunca mais saiu da minha mente. Confesso que
por se tratar de uma escola de educação infantil, tudo aquilo me impressionou de tal forma, justamente porque eu jamais
havia encontrado alguém que ousasse dividir com tanto orgulho projetos que eram e são executados com o que é essencial:
“Tanto Amor”.
Das ações que trago como lição de vida no ápice do meu profundo respeito e gratidão em ter proporcionado aquele
“like”, moram o encantamento na idealização dos Projetos e na transformação obtida por meio daquela suposta indagação
feita aos professores num fim de tarde dentro do respectivo horário de formação coletiva. Jamais imaginei que a partir de
um diálogo informal, pudessem existir tantas formas promissoras de se descobrir o mundo e de se ressignificar um caminho.
Tenho em meus pensamentos que a turma pioneira do movimento transformador que hoje carrega o nome desta
Escola EMEI Nelson Mandela jamais poderá compreender o “ensejo” que deixou enraizado no coração desta unidade. Houve
sim todo um processo de despedidas e engajamento que foram muito importantes de se realizar junto a Família “Guia Lopes”
com quem membros pertencentes a ele ainda vivem e caminham entre nós, mas a partir da idealização do trabalho com
Projetos e do repensar a educação de primeira infância por meio de questões que precisavam “desvendar paradigmas”
atrelando a implantação de Lei 10.639/03 e 11.645/08 que envolveu significativamente toda a comunidade, aquela escola não
poderia ser reconhecida com outro nome representativo que não fosse do nosso eterno líder africano, símbolo de resistência,
alguém que acreditava no poder transformador da educação como sinal de equidade e que nos deixa um legado de grandes
ensinamentos bem à frente de seu tempo sendo demarcado por tantas gerações.
Participar do movimento orgânico e da historicidade desta Escola só me mostrou o valor sentimental que reside em
cada um de nós, não podemos partir por aqueles que amamos devemos lutar para preservar viva sua memória.
Acredito que os recursos digitais potencializam cada vez mais a inspiração dos nossos sonhos e a transparência no
olhar pela visibilidade de dá aos trabalhos pedagógicos. Para mim, a pintura dos muros ultrapassou as salas de convivência
(sala de aula) e foi além de uma sensação de dever cumprido sabe? Existia ali um sentido para transformar vidas de pessoas
humanas. Vejo nesta EMEI um pouco do que pude aprofundar do meu conhecimento sobre a “Escola da Ponte” vencendo

292
todos os desafios e quebrando todas as barreiras.
Partilhar da sensibilidade de observação feita a partir da publicação dos projetos e pela presente “Pessoa” que não
exercia apenas a demagogia de um papel meramente burocrático de ser chefia imediata de uma Rede Municipal de Ensino,
embora está fosse sua função / cargo, demonstrou-me que ela honrou-me de todas as maneiras possíveis de se representar uma
“Escola”, foi fiel a seus princípios quando me abraçou com o registro da palavra em sua explicação ofertada sobre os Serviços
Públicos prestados à comunidade educativa. Estas foram as falas mais sinceras que eu já pude ler um dia, como devolutiva de
resposta vindas de ALGUÉM, pois eu vi ali apenas um ser humano tratando respeitosamente outro ser humano, disponibilizando
seu tempo para sanar dúvidas fora do horário de trabalho, colocando-se a disposição para trazer sua comunidade para dentro
da sua escola, veja só que extraordinário, uma comunidade para além do seu público-alvo pertencente ao “Bairro do Limão”.
Sinto-me lisonjeada por tudo que aprendi no clique de uma pesquisa de um ambiente virtual e tento multiplicar o que
guardo na memória daquilo que os meus olhos puderam “enxergar”, especialmente dos nomes que trazem na bagagem uma
história real que precisa ser contada ao seu povo.
Considero-me grata a todos os amigos que fiz entre as infâncias a quem pertenço e me emociono sempre ao recordar.
SIM, eles prosseguem sendo a minha total fonte de inspiração. Com a Equipe da EMEI Nelson Mandela ainda que de maneira
virtual, aprendi muito sobre a importância dos detalhes, das “figuras de afeto”.
“FIGURAS DE AFETO” ainda não encontrei uma definição para registrar o valor social que esta singela palavra tem
alcançado em meu coração pelos tempos atuais.
Sou pertencente ao extremo Leste da Cidade de São Paulo, onde resido e atuo como professora, tenho a sorte de ter
encontrado profissionais maravilhosos que abrilhantaram as minhas inquietudes, com este mar de experiências que carrego
por onde vou. Conheci o significado de estar presente nos olhos daqueles que sonham, anseiam, esperam e confiam. Encontro-
me atualmente em locais de áreas bem conhecidas e que ainda acalantam a minh’alma por exatos 30 anos, mas suspiro por
encontrar lugares que ainda me emocionam com a sintonia da descoberta.
Aprendi com a EMEI Nelson Mandela que o sonho é o combustível da vida de quem sonha junto algo que pode ser
compartilhado e que pode ser também um recurso pedagógico. Foi contemplando as mídias sociais que encontrei alicerce
para que a minha fé, porventura, não viesse a esmorecer, ou ainda, que a esperança em dias melhores não pudesse faltar, pois
eu sabia desde o princípio que chegariam dias bons, melhores e mais produtivos.
Sei que Deus me abençoou honrando um dos propósitos do meu coração e há, “Um Amor para Recordar” frente
os meus desejos por uma Educação que transforma o sujeito em sua integralidade. Sinto que há lugares onde temos a
oportunidade de escolha e outros em que somos escolhidos para pertencer e eu jamais vou deixar de permanecer àqueles
onde o meu coração milagrosamente possa se encantar.
Aprendi com a Equipe da EME Nelson Mandela que não se tratava apenas de um projeto para transformar a unidade
escolar, mas a necessidade de oportunizar vez e voz para as relações interpessoais em todos os segmentos. Precisamos retirar
a venda dos nossos olhos para a questão da invisibilidade de uma clientela comunitária, justamente porque existe o pré-
conceito. Precisamos pensar e repensar com humanidade dentro do coletivo, pois ninguém é mais ou menos importante
quando se trata de um agrupamento único.
Onde já se pensou em famílias que pudessem exercer o papel de professores por um dia e sentir o desafio que é
atender a demanda de 30 crianças em uma comunidade?! E ao final de um dia de serviço ser abraçada historicamente por esse
processo com um sorriso impermeável nos olhos? Quem iria pensar em permitir que o educador da limpeza pudesse exercer
práticas de gestão escolar tomando decisões e sendo respeitado no ofício de suas funções que lhe são contempladas além de
higienizar os espaços educativos para o recebimento de crianças? Quando uma criança poderia adentrar a sala da diretora para
escolher com protagonismo algo que em seu olhar precisaria conter no espaço educativo?!

293
Ali eu vi ações para além do pedagógico e percebi que eles todos não eram só pais, responsáveis ou
pladas
para além
aionais escolher de higienizar
da limpeza com os espaços
protagonismo
e cozinha, crianças educa�vos
algoda que empara
comunidade, seu olharo eles
recebimento
eram e são deantes
crianças? de tudo Educadores! Educadores
ntrar a sala dafoi diretora parade escolher com protagonismo algo que emdeseu olhar
que não brincam com as infâncias de agora e nem do amanhã, mas sim as valorizamsobre
fato aprendi por meio uma criança que foi a minha fonte inspiração em sua a escola
plenitude quede ser
�vo?!
r.cebi
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permi�ram sonhar. ou Faz 7 anos que o sorriso de uma criança
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de inspiração sobre a escola A que
crianças
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Faz 7 anos um caminho
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mas simeles as valorizam e são antesem sua Educadores!
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os meus dias.
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do próprio �nha de1agora
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fato está em vista
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que em sua plenitude de ser e existir.
e�do me uma abraçou naTudo
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cadauma essa
�jolinho criança com seu do seuseus 5 anos e só espero queconhecer,
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s para de 2014".
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Tenho comigo
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prestes a completar ela
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encontro Ele
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2014". supostamente
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alguém e sentimento
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porque
a educação
Tenho comigocomoumatodos os dias
um dia essa criançaumacom oração
seu carisma chega a
paz
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elevados quando
para dele
junto me faço
do al�ssimo. recordar, sua presença está nas narra�vas do porque todos os dias umaa
meu sonho com
tar seus
essa 5 me
criança anospossibilitou
com e seusó conhecer,
espero
carisma admirar
que me ela e amar.
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ainda não sabe,
conhecer, mas supostamente
alguém de tão puro há de desconfiar,
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ca, e euuma
Existe tenho paz
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Existe
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me faço anualmente
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dias meoração
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do
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com a estimada
as infâncias RosaadeBranca,
quem e eu tenho
tudo certeza
measensinou de que ele será
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nascimento humano incrível como
da minhame já está sendo.
sobrinha, espero que elas (àsneles
No
al�ssimo.
rdar, decorrer
sua presença 7 anos todas crianças encontrocom aanualmente fazem pensar especialmente
Noestádecorrernas denarra�vas
7 anos todasdo as meu
crianças que encontro anualmente me fazem pensar especialmente neles dois, meu
ossam
meu
ando
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amigofaço anjos, aaporque
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recordar,
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nascimento
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um lugarme ensinouOnde
quequesejasete encontra
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galhosque
o nascimento
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muitassala muitasespero
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caindo caindo
que asaselas
pétalas,
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pétalas, com um comsorriso
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sorriso
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anjos, se transbordante
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porque desconheço que mal cabe
ALGUÉM que
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pétalas, “professora
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ordante encontraremos
que mal quem
cabe no nos
peitodigapela que queremlargura?! serOnde
comose encontram aqueles que dizem todos os
cidadebusco amo”, “estava cheia
transbordante quedemal saudade”,
cabe“que no bom peito quepelavocê veio ou eu estava
largura?! Onde te esperando”!
se encontram Tudo que eu aprendi
aqueles quemora de fatotodos
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te amo”, “estava repensar
Jardim de Infância
onde
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desósaudade”,
é visto uma única “que quem
vez bom
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serãoveio
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algumas memórias, telembranças
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flores eu te amo”, “estava cheia demas saudade”, um“que bom que você veio ou eu estava te esperando”! Tudo
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Jardim outro as
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uma única vez na vida e o resto serão apenas
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“Patronos única vez naque
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entre duas apenas
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lembranças
contadas por outro ALGUÉM.
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que
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Jardim
marcantes
por outro deeInfância
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fimOBRIGADA
princípio
Muito naque maise osó perfeita
fim
por éTUDO!
visto
na mais umaordem
OBRIGADA perfeitaporda
única veztrajetória
ordem
TANTO! na vida
Sempre. deste
e o resto
da trajetória pequeno
serãopequeno
deste e breveeintervalo
apenas breve intervalo de Tempo. de Tempo.
brigada
historicidades
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estes sonhos. Para mim Para foi mimdefoiuma de uma
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foi de euma breve intervalo de Tempo.
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por TANTO! PorSempre. esta inspiração.. Por estes sonhos. Para mim foi de uma
ADA por TUDO! OBRIGADA por TANTO! Sempre. .

294 294
294
Do# Escola onde todas as emoções
precisam ser validadas
Camila Tuchlinski
Harmonia em

Começo esse relato dizendo que é um privilégio ter feito, brevemente, parte do coro das ‘vozes’ da EMEI
Nelson Mandela. Prazer, me chamo Camila Tuchlinski. Entre tantas outras coisas, sou jornalista e psicóloga, ou
vice-versa, já que atuo nas duas áreas atualmente. Porém, vou contar para você como minha caminhada de vida
se cruzou com a história da instituição e de todos aqueles que estiveram comigo naquela verdadeira casa de
saberes. Bom, sem mais delongas, vamos lá.
Era uma tarde de terça-feira do ano de 2016. Eu me preparava para apresentar um programa de notícias
na extinta Rádio Estadão quando parei tudo para assistir uma reportagem na televisão sobre como uma escola
de São Paulo estava preparando uma festa junina diferente, com um resgate da história africana. A repórter
brevemente contou o relato de resistência da Nelson Mandela no combate à discriminação, promovendo a
tolerância na comunidade.
Não me interessei só por ser jornalista e gostar de uma boa história, mas pelo fato de, neste mesmo dia,
minha professora da faculdade ter pedido para que escolhêssemos uma instituição para realizar o estágio em
Psicologia Escolar. Pois é, depois de quase 20 anos havia decidido investir em uma outra profissão para além do
Jornalismo. Como estudante de Psicologia, deveria observar o desenvolvimento infantil e elaborar um projeto
propositivo. Ao ver a reportagem, meu coração disparou e pensei: “por que não telefonar e perguntar se poderia
fazer o estágio lá?”.
Procuro manter em minha mente o lema “o não eu já tenho”, como um artifício para não desistir dos
meus sonhos. Fiquei animada com o rápido retorno e a maneira como Cibele Racy, diretora da instituição, me
respondeu. Convidei uma colega de sala, Maria Cristina Cappello, para estar comigo nessa empreitada. Foi aí que
a EMEI Nelson Mandela abriu as portas para que duas estagiárias pudessem entrar, munidas dos saberes das
aulas de Psicologia Escolar e de artigos científicos voltados para essa área, sem nenhuma ideia do que poderiam
encontrar.
Ah, uma outra ‘conduta’ pessoal e que me ajuda demais: a cada novo contato de vida que faço, procuro
manter minha mente limpa, como se fosse uma folha de caderno em branco, para absorver a mais pura
experiência possível. No entanto, obviamente somos influenciados pelo que vemos, ouvimos e vivemos. Para que
isso não acontecesse, tive de deixar de lado os anos em que estudei em colégios particulares e públicos, minha
convivência com professores da infância, inspetores e diretores. Além disso, busquei não dar muita ênfase a
relatos de colegas estagiários que encontraram resistências em instituições. Muitas vezes, o psicólogo é percebido
com receio por parte de alguns integrantes do coletivo escolar. A figura do profissional pode ser associada à
dificuldade em resolver problemas que afetam o local ou ao diagnóstico vinculado à saúde mental específica de
algumas crianças. Na EMEI Nelson Mandela, ao contrário, tanto diretora quanto coordenadores, professoras e
outros funcionários da escola deram toda atenção e liberdade possível para que fossem observados.
E muita coisa me surpreendeu quando passei pelo portão de ferro verde e olhei atrás dos muros da
escola naquele 2016. A começar pela preocupação das professoras em incluir um conteúdo pedagógico aliado

295
aos conhecimentos essenciais para um bom desenvolvimento humano. Para as educadoras, tudo era oportunidade para o
aprendizado. Na horta, por exemplo, as crianças participavam do processo de plantio das sementes e mudas, assim, poderiam
aprender como se dá a origem da vida e suas particularidades. Na hora das refeições, além de serem encorajadas a experimentar
novos sabores, eram estimuladas a recolher e reciclar o lixo.
Uma outra iniciativa da EMEI foi a criação das chamadas figuras de afeto e que representam a família Abayomi, em
2011, com a chegada do príncipe africano Azizi. Um ano depois, Sofia, outra boneca, se casou com ele e tiveram dois filhos.
Com os personagens, os alunos aprenderam sobre relações familiares e seus desafios. Puderam reconhecer inclusive questões
que viviam em casa. Na Psicologia do Desenvolvimento, a principal estratégia para acessar o mundo interno dos pequeninos é
a utilização de brincadeiras e uma linguagem lúdica. É através da fantasia que a criança se sente à vontade para se expressar.
Muitas atividades propostas que vi também foram de grande valor, como quando as professoras estimulavam os
alunos a serem ‘detetives’ para descobrir as origens da humanidade, das diferenças culturais e étnicas. Destaque para projetos
como o “laboratório da melanina”, que explicava sobre os diversos tons de pele, e para a “máquina do tempo”, feita de
papelão, que os ‘transportavam’ para diversos contextos históricos da humanidade.
Um dia desses, ao visitar a escola, me deparei com uma cena inimaginável para mim até então: as crianças estavam
sentadas no pátio, fazendo uma série de pinturas e colagens sobre o corpo humano e, junto com elas, Cibele Racy. A diretora
da EMEI estava ali, sentada no chão, com as mãos sujas, se divertindo com os alunos. Nos meus tempos de colégio - e aí
minha memória não resistiu e me levou de volta ao meu passado infantil -, diretora de escola, na posição que ocupava, jamais
estaria naquela situação. Jamais. Mas Cibele sempre acreditou no envolvimento de todos os atores no processo educacional.
Inclusive da comunidade. Isso porque, a cada novo ano, quando uma turminha começava, os pais eram recebidos para reuniões
individuais com as professoras. As conversas com os responsáveis eram periódicas, em um claro movimento de aproximação.
No projeto de conclusão de curso da faculdade, elaboramos uma proposta de intervenção cujo objetivo era averiguar
se os hábitos saudáveis de alimentação oferecidos na escola alcançaram as casas dos alunos. Na EMEI Nelson Mandela, eles
plantavam na horta orgânica e eram estimulados a apreciar os alimentos na cozinha da escola. Distribuímos uma série de
questionários para os responsáveis e pudemos notar que muitas crianças pediam para que os pais comprassem mais frutas e
verduras na hora do jantar, por exemplo. Os saberes escolares têm o poder de mudar a vida daqueles que estão na instituição
e fora dela.
No quesito inteligência emocional, pude observar de que maneira o manejo de situações do cotidiano como discussões,
frustrações e ansiedades era feito de forma atenciosa. Se alguma criança apresentasse tristeza, a professora já a chamava para
conversar, em uma espécie de ‘intervenção’ para que os coleguinhas a ajudassem. Naquele momento eu ainda não tinha
repertório suficiente, porém, hoje, como psicóloga com anos de experiência clínica, percebo que, naquele chão, naquele exato
instante, a educadora promovia o que chamamos de terapia de grupo, onde todas as emoções são validadas. E quão rico para
o aluno é perceber que a sociedade pode ser, também, acolhedora. Quantos adultos de hoje, quando crianças, tiveram suas
emoções deixadas de lado e agora têm dificuldade em lidar com rejeição e abandono? Essa é só uma das evidências de que a
inteligência emocional, desde a tenra infância, não é frescura ou um detalhe, mas um investimento necessário.
Aliás, abrindo um parêntese que acho importante. Faço atendimento em psicoterapia com adultos há algum tempo e
percebo diversas demandas emocionais que estão enraizadas na infância e que não foram bem elaboradas: desde o bullying,
passando pela pressão psicológica exercida por alguns colégios e pais que exigem de seus filhos notas altas e se esquecem do
desenvolvimento afetivo, até a intolerância das mais variadas formas.
Levando em conta que a escola é a porta de entrada para o mundo social de qualquer indivíduo, onde ele irá praticar
as habilidades de comunicação e interação com outros da mesma idade, seria necessário que as instituições criassem um

296
samos cuidar dos nossos ferimentos de maneira saudável, com choro e lamentação sim, mas que as cica
m histórias de resiliência.
Os nossos problemas na fase adulta têm 'tentáculos' pra�camente inimagináveis e que tocam a
ncia, de maneira simbólica. Alguém que só consegue se vincular com pessoas tóxicas pode ter sido obri
espaço amplo para discussões e que nenhum aspecto considerado ‘desconfortável’ fosse desconsiderado.
ndo criança, a aceitar que amigos
Relacionamento interpessoalzombassem
nem sempre será dele. Candidato
um campo repleto deaflores.
umaPor vaga pode
vezes, pode seser sen�r
um matoinseguro
cheio de toda ve
à uma entrevista
espinhos e de que emprego
precisaremos pordesviarter
ou sido subes�mado
nos proteger deles para nãopela professora
nos machucar. quando
E se isso �nha
ocorrer, que cincocuidar
possamos anos de idad
mplos sãodos inúmeros.
nossos ferimentos de maneira saudável, com choro e lamentação sim, mas que as cicatrizes virem histórias de resiliência.
Os nossos problemas na fase adulta têm ‘tentáculos’ praticamente inimagináveis e que tocam a nossa infância, de
Enfim, voltando para minha experiência de estágio na Nelson Mandela, quando terminei, meu co
maneira simbólica. Alguém que só consegue se vincular com pessoas tóxicas pode ter sido obrigado, quando criança, a aceitar
ava cheio de esperança e �ve a certeza de que algo muito, mas muito bom para a sociedade estava sendo
que amigos zombassem dele. Candidato a uma vaga pode se sentir inseguro toda vez que vai à uma entrevista de emprego por
A minha vontade era que
ter sido subestimado pelatodas asquando
professora ins�tuições
tinha cinco de
anosensino infan�l
de idade. Os exemplosinves�ssem
são inúmeros. assim em seus alunos. Q
tar para todo mundo, talvez
Enfim, voltando para em
minhauma ingênua
experiência sensação
de estágio na Nelson de quequando
Mandela, o modelo terminei,pudesse,
meu coração de maneira
estava cheio mágic
de esperança
iado por outras e tive ade
escolas certeza
SãodePaulo
que algo muito,
e do mas muito
resto bom para
do Brasil. a sociedade
Sabe aquela estava sendo feito ali. Ade
empolgação minha vontade era
criança? Foi exatame
que todas as instituições de ensino infantil investissem assim em seus alunos. Queria contar para todo mundo, talvez em uma
sen�. Não tenho dúvida de que muitas EMEIs seguem essa fonte de inspiração também.
ingênua sensação de que o modelo pudesse, de maneira mágica, ser copiado por outras escolas de São Paulo e do resto do
Depois daSabe
Brasil. vivência lá, todadevez
aquela empolgação que
criança? Foi alguém
exatamente falava mal
o que senti. Nãodetenhoescola
dúvida de pública,
que muitasme EMEIssen�a desconfortá
seguem essa
eriência fez
fontecom que eu
de inspiração simplesmente não enxergasse mais, por um tempo, a minha própria vivência c
também.
ino público quando Depois da fizvivência
o então
lá, todacolegial. É indiscu�vel
vez que alguém que pública,
falava mal de escola precisamos
me sentiade inúmerosA experiência
desconfortável. avanços. Porém,
eriências fez com que euservir
precisam simplesmente
comonãomo�vadores,
enxergasse mais, por um tempo, a minha própria de
independentemente vivência com o ensino
questões público quando
governamentais. Ao m
fiz o então colegial. É indiscutível que precisamos de inúmeros avanços. Porém, boas experiências precisam servir como
mpo, meu lado racional, mais adulto da mente, sabe o quanto pode ser desafiadora uma mudança estrutura
motivadores, independentemente de questões governamentais. Ao mesmo tempo, meu lado racional, mais adulto da mente,
enda de decisões
sabe o quanto polí�cas. Sei que,uma
pode ser desafiadora sozinhos, nossas opções
mudança estrutural que dependa dedetransformação
decisões políticas. Seisãoque,limitadas, mas não sig
sozinhos, nossas
não possamopçõesocorrer. Plantarsãosementes
de transformação limitadas, masposi�vas
não significaao
quenosso redor
não possam é um
ocorrer. grande
Plantar passo.
sementes positivas ao nosso redor
é um grande
Em 2019, depois passo.de formada e atuando na área como psicóloga, a Cibele me ligou com um co
Em 2019, depois de formada e atuando na área como psicóloga, a Cibele me ligou com um convite irrecusável: fazer
cusável: fazer uma palestra e um bate-papo com pais e professores sobre inteligência emocional. A pro
uma palestra e um bate-papo com pais e professores sobre inteligência emocional. A proposta era mostrar aos adultos que as
mostrar crianças
aos adultos
têm um mundoqueinterno
as crianças
em constantetêm um mundo
transformação. E que esse interno
‘mundinho’,em que constante
logo se tornará umtransformação.
planeta gigante, E que
ndinho', que logo
é passível de se tornará
alegrias, um planeta
muita empolgação, gigante,
mas também é passível
de raiva, de alegrias,
tristeza, frustração muita
e ansiedade. Ah, eempolgação,
como amo conversar mas també
a, tristeza,com
frustração
as pessoas! e ansiedade. Ah, e como amo conversar com as pessoas!

Foi a grandeFoi a oportunidade


grande oportunidade de trazer
de trazer os desafios
os desafios que os
que os responsáveis responsáveis
enfrentam enfrentam
no cotidiano, com no co�diano,
exemplos práticos,
para o manejo das emoções com seus pequeninos dentro de casa e para com os professores na escola. Espero que aquelas
mplos prá�cos, para o manejo das emoções com seus pequeninos dentro de casa e para com os professor
horas de interação tenham acolhido e plantado uma semente que promova a saúde emocional de todos aqueles envolvidos
ola. Espero que aquelas horas de interação tenham acolhido e plantado uma semente que promova a s
com a comunidade escolar. Que honra ter a EMEI Nelson Mandela na minha trajetória profissional e de vida. Que muitas vozes
ocional demais
todos aqueles
como essas possamenvolvidos com
ecoar na educação a comunidade escolar. Que honra ter a EMEI Nelson Mande
brasileira.
ha trajetória profissional e de vida. Que muitas vozes mais como essas possam ecoar na educação brasileir
297

297
Fa#
Fa#
EMEI
EMEI Neldon
Nelson Mandela
Mandela
uma escola de todos ee todas
emem
uma escola de todos
Fernando todas
Oliveira
Camila Tuchlinski

Conheci a EMEI Nelson Mandela através de uma grande amiga, minha segunda mãe,
Harmonia

Dona Ivone Prado, que trabalhava como condutora escolar e prestava serviços para a escola.
Ela sempre me falava emocionada do trabalho que acontecia na EMEI e da diretora, a Cibele.
Harmonia

Conheci
Dizia queameEMEI Nelson Mandela
apresentaria atravése que
à diretora de uma grande amiga,
eu deveria minha
fazer uma segunda mãe,de
apresentação Dona
dançaIvone
lá:Prado,
que trabalhavaD.como condutora
Ivone: escolar
Filho, você e prestava
devia fazer umaserviços para a escola.
apresentação deEla sempre
Jongo lá nameescola.
falava emocionada
Eu vou falardo
trabalhocomqueaacontecia
Cibele! na EMEI e da diretora, a Cibele. Dizia que me apresentaria à diretora e que eu deveria
Fernando:deMas
fazer uma apresentação mãe,
dança lá: não tem ninguém pra dançar comigo...
D. Filho,
D. Ivone: Ivone:você
Leva a Giu
devia (Giu
fazer umaé Giuliana
apresentaçãoe minha companheira).
de Jongo lá na escola. Eu vou falar com a Cibele!
Fernando:
Fernando: Mas mãe,Masnãosetem
eu dançar,
ninguémquem vai tocar
pra dançar o tambor?
comigo...
D. Ivone: Ué, eu toco!
D. Ivone: Leva a Giu (Giu é Giuliana e minha companheira).
Eu não
Fernando: Maslevava muito quem
se eu dançar, a sério,vaimas
tocarela não desis a. Me falava do trabalho que acontecia
o tambor?
na escola contra o racismo, do esforço que fizeram para mudar o nome da escola, que antes
D. Ivone: Ué, eu toco!
chamava-se Guia Lopes, me contava das crianças e que eu deveria conhecer a Cibele.
Eu não levava muito a sério, mas ela não desistia. Me falava do trabalho que acontecia na escola contra
Numa ocasião em que a escola faria uma comemoração, ela insis u tanto, que não ve
o racismo, do esforço
como me esquivar que fizeram
- nãoparasemmudar o nome da
me indispor comescola,
ela.que antes
Então chamava-se
aceitei fazer Guia
umaLopes, me contava
apresentação:
das crianças
chamei e que eu deveria
a Giu conhecer amigas
e mais algumas a Cibele.e fomos dançar Jongo na festa, D. Ivone tocava o tambor
Numa ocasião
comigo. em que a escolaconheci
Nos apresentamos, faria uma comemoração,
a Cibele ela insistiua tanto,
e fui convidado fazer queum não tive com
projeto comoas me
esquivarcrianças,
- não sem me indispor
ensinando com ela.
alguma dançaEntão
daaceitei
culturafazer uma apresentação:
afro-brasileira. chamei
Foi aí que a Giua frequentar
passei e mais algumasa
escola semanalmente e entendi porque da insistência da D. Ivone: a escola
amigas e fomos dançar Jongo na festa, D. Ivone tocava o tambor comigo. Nos apresentamos, conheci a Cibele e era diferente de
tudo oaque
fui convidado já um
fazer nha visto com
projeto em uma escola pública!
as crianças, ensinando alguma dança da cultura afro-brasileira. Foi aí que
Trabalho como professor de
passei a frequentar a escola semanalmente e entendi porqueCapoeira e danças populares
da insistência há alguns
da D. Ivone: anos,
a escola já nhade
era diferente
passado por algumas escolas públicas,
tudo o que já tinha visto em uma escola pública! além de ter estudado em uma, a vida inteira, mas nunca
nha visto uma escola pública com projeto
Trabalho como professor de Capoeira e danças
pedagógico voltado ao an rracismo e isso é muito
populares há alguns anos, já tinha passado por algumas escolas
significa vo, já que a maior parte das crianças
públicas, além de ter
atendidas estudado
pela Nelson emMandela,
uma, a vidasão inteira, mas e
negras
nunca tinha
pardas, vistooriundas
uma escoladapública com projeto
periferia da Zona pedagógico
Norte da
voltadocapital
ao antirracismo e isso é muito
e imigrantes. significativo,
É significa já quemim
vo para a
maior parte das criançashomem
especialmente, atendidasnegro
pela Nelson
que comoMandela, são
a maioria
negrasdas crianças
e pardas, oriundasnegras, descobriu
da periferia da Zona Norte suada etnia
capital e
consequentemente, o racismo nos primeiros
e imigrantes. É significativo para mim especialmente, homem anos
de escola
negro que como aemaioria
sei o quanto issonegras,
das crianças pode descobriu
ser doloroso sua e
etnia edefini vo na formação
consequentemente, do ser social.
o racismo nos primeiros anos de
Nunca nha visto uma
escola e sei o quanto isso pode ser doloroso escola pública na
e definitivo que
trabalhasse a autonomia, a autoconfiança, o empoderamento como vi na EMEI Nelson
formação do ser social.
Mandela, onde as crianças iam para a diretoria não porque fizeram bagunça, mas porque
Nunca tinha visto uma escola pública que trabalhasse a autonomia, a autoconfiança, o empoderamento
como vi na EMEI Nelson Mandela, onde as crianças iam para a diretoria não porque fizeram bagunça, mas porque
queriam conversar com a diretora. As crianças eram “diretoras por um dia” e entendiam o funcionamento da
escola, as responsabilidades, simplesmente fantástico! 298

298
queriam conversar com a diretora. As crianças eram “diretoras por um dia” e entendiam o funcionamento da
Com aquelas crianças
escola, as responsabilidades, aprendi e levei para
simplesmente fantás a vida,
co!que grande parte da educação se dá de forma transversal e não apenas
com
Comosaquelas
ensinamentos objetivos.
crianças aprendi Quando
e leveiuma
paracriança
a vida,vê que
umagrande
pessoa, parte
que normalmente
da educação é tratada
se dá de como irrelevante,
forma sendo
transversal
tratada com
e não apenas comrespeito e quando é dada
os ensinamentos objea elas,
vos.asQuando
crianças,uma
a autonomia
criançade vêfalar
umasobre o mundo
pessoa, que enormalmente
sobre a sociedade, quando
é tratada
suas opiniões sendo
como irrelevante, são ouvidas e abre-se
tratada com um espaçoepara
respeito quandoque elas também
é dada possam
a elas, agir, cria-se
as crianças, um ambientede
a autonomia defalar
transformação
sobre o
muito mais impactante do que apenas quando se opta por ensinar que ter preconceito
mundo e sobre a sociedade, quando suas opiniões são ouvidas e abre-se um espaço para que elas também e discriminar pessoas pela cor ou outra
possamcaracterística,
agir, cria-seé errado.
um ambiente de transformação muito mais impactante do que apenas quando se opta por
Bem, naturalmente, virei fã da EMEI
ensinar que ter preconceito e discriminar Nelson pela
pessoas Mandela, da sua
cor ou diretora
outra Cibele Racy,
caracterís ca, édo seu projeto e mais, entendi o que
errado.
éBem,
uma comunidade
naturalmente, escolar. É comum
virei pensarmos
fã da EMEI Nelson queMandela,
o espaço público
da suaé diretora
público, porque
Cibelenão pertence
Racy, do seu a ninguém,
projeto mas ali se
e mais,
percebe
entendi o quenaéprática e no dia a dia, aescolar.
uma comunidade experiência do público
É comum pertencendo
pensarmos quea todas as pessoas,
o espaço porque
público a EMEI Nelson
é público, porque Mandela
não
é deafato,
pertence de todamas
ninguém, a comunidade:
ali se percebedas crianças,
na prá da caregião Limão/
e no dia Casa
a dia, Verde, das mães
a experiência e pais, das
do público auxiliares de alimpeza,
pertencendo das
todas as
cozinheiras,
pessoas, porque dos funcionários
a EMEI NelsondaMandela
secretaria,édos
de condutores
fato, de toda escolares, das professoras,
a comunidade: das da diretora...
crianças, da região Limão/ Casa
Verde, das mães e pais, das auxiliares de limpeza, das cozinheiras, dos funcionários da secretaria, dos condutores
escolares, das professoras, da diretora...

Professor Fernando e Giu parceiros e membros da família mandelense

299

299
Mi# “Tenho essa escola como referência
de aprendizado e cultura”
Camila Lopes
Harmonia em

Minha filha estudou na escola EMEI Guia Lopes hoje conhecida como Nelson Mandela. Tenho essa escola
como referência de aprendizado e cultura. Nessa escola minha filha teve a oportunidade de expressar seus
sentimentos e seus interesses em aprender sobre o preconceito, racismo, culturas e diferentes religiões.
Tudo isso numa classe com crianças de níveis sociais diferentes, crianças especiais com deficiência, e
cores de peles diferentes. Fantástico isso! São poucas as escolas. Nessa escola tiveram profissionais que se
dedicaram a essas crianças de uma maneira que toda a criança gosta e despertaram nelas a vontade de aprender.
Creio que essas crianças que estudaram nessa escola lembram até hoje dos ensinamentos realizados e de todo
aprendizado sobre as culturas e as diferenças.
Minha filha se desenvolveu muito com um ensino dessa escola, pois ela não só se desenvolveu no
aprendizado, mas também aprendeu como conviver com pessoas de classes diferentes, religiões diferentes e
culturas diferentes. Para esse desenvolvimento da criança, eles também despertam grande participação dos
pais nas atividades. A maneira que é desenvolvido o trabalho dessa escola, nos envolveu muito e deu um grande
interesse nas crianças, além das pinturas.
As letras do alfabeto e números que elas aprendem são passados de uma maneira divertida. Eles
despertam nas crianças a curiosidade, usando materiais como brinquedos, bonecos, músicas, jogos entre outros,
levando para a aula conhecimentos do seu próprio corpo, sobre relação familiar, sobre sua saúde, entre outros
assuntos.
Tudo isso passado para as crianças de uma maneira divertida e seguindo todas as normas educacionais.
São poucas escolas que trabalham esses conteúdos, pois hoje tenho um filho que está na idade de aprendizado
e hoje a escola onde ele estuda não compõe com o mesmo método da escola Nelson Mandela.
Hoje minha filha tem 13 anos que conseguiu uma bolsa grátis na escola Sesi, mérito dela por fazer uma
avaliação e ser aprovada, ela tinha 9 anos de idade. Foi tudo graças as escolas públicas que proporcionaram a
ela um grande conhecimento e despertaram o interesse dela pelos estudos. Na escola onde meu filho estuda
hoje, quando eu pergunto para ele o que ele fez na escola: Qual foi a atividade do dia? Ele sempre me fala as
mesmas coisas: que só brincou, pintou ou assistiu desenho. Minha filha na idade dele, quando vinha para casa e
eu perguntava a ela o que ela tinha feito na escola, ela sempre tinha novidades e atividades para fazer em casa
com os pais. Quando eu falo de escolas que se dedicam e proporcionam uma educação de valor para as crianças,
não quero dizer que é apenas essa escola, digo que ela é um referencial.
Esse projeto deles deveria ser levado para todas as escolas públicas. O índice de analfabetos cresce cada
dia mais em nosso país por falta de interesse das crianças em estudar e dos pais em participar, porque são pouco
incentivados. Acredito que muitas das vezes são métodos fracos e entediantes que não despertam o gosto e
dificultam o aprendizado das crianças, pois existem crianças que têm mais dificuldade em entender e aprender,
por que não oferecer um método mais fácil para elas? O método da escola do Nelson Mandela é trabalhoso,
porque tem que ter muita dedicação, conhecimento e boa vontade de ensinar. Parabéns a diretora Cibele que
começou esse lindo trabalho, que montou uma grande equipe de pessoas capacitadas que se dedicou em fazer
uma escola pública ser um grande potencial para o futuro das crianças.

300
La# Foi lindo de se v
em Palloma Gonça

La# Foi lindo de ver!


Palloma Gonçalves
Harmonia
Em julho de 2017, a procura para minha filha Giovanna de uma escola com real inclusã
em

crianças com deficiência conhecemos a EMEI Nelson Mandela, liderada pela querida dire
Cibele Racy e sua maravilhosa equipe pedagógica que nos recebeu e nos acolheu de braços abe
com muito amor, sabedoria, respeito, competência e dedicação.
Harmonia

Em julhoAde 2017, a procura


primeira turmapara da minha filha Giovanna
Giovanna que nos deacolheu
uma escolaamorosamente
com real inclusão de foicrianças
com as com
Professoras
deficiência conhecemos a EMEI Nelson Mandela, liderada pela querida diretora
Marina. O primeiro dia de aula foi inesquecível em nossas memórias, desde a recepção Cibele Racy e sua maravilhosa
equipe pedagógica que nos recebeu e nos acolheu de braços abertos com muito amor, sabedoria, respeito,
professoras e dos novos amigos, até a conversa que vemos ali na entrada que me deram fo
competência e dedicação.
coragem e confiança para deixar a Gigi na escola sozinha pela primeira vez, sem acompanhá-la.
A primeira turma da Giovanna que nos acolheu amorosamente foi com as Professoras Sol e Marina. O
primeiro dia de Passando as semanas
aula foi inesquecível em nossas iniciais,
memórias, a cada
desde adia e a cada
recepção a vidade
das professoras recebida
e dos por meio de fo
novos amigos,
podíamos
até a conversa observar
que tivemos ali nanientrada
damenteque meoderam
desenvolvimento
força, coragem e dela crescendo
confiança para deixarmuito.
a Gigi naSeu comportam
escola
mudou
sozinha completamente,
pela primeira com muitos ganhos cogni vos e até motores. Tivemos muitos mome
vez, sem acompanhá-la.
inesquecíveis,
Passando as semanas a inclusão
iniciais, aecada
pardiacipação nas aulas
e a cada atividade e a emocionante
recebida por meio de fotos, festa tão esperada
podíamos observar pelas cria
nitidamente o desenvolvimento dela crescendo muito. Seu comportamento
e famílias. E no momento da dança vimos de perto a inclusão acontecer, foi lindo mudou completamente, com muitosde se ver. D
ganhos cognitivos eaté
momento até motores.
o fim doTivemosano, muitos momentosde
ve a certeza inesquecíveis,
que haviaa feitoinclusão e participação
a melhor nas aulas
escolha parae minha filh
a emocionante
vida escolarfesta dela.
tão esperada pelas crianças e famílias. E no momento da dança vimos de perto a inclusão
acontecer, foi lindo de se ver. Deste momento até o fim do ano, tive a certeza de que havia feito a melhor escolha
No ano seguinte, Gigi super adaptada na escola iniciou com sua nova turma co
para minha filha na vida escolar dela.
Professora Alice e sempre tendo o apoio de auxiliares e da AVE, foi mais um início de ano com m
No ano seguinte, Gigi super adaptada na escola iniciou com sua nova turma com a Professora Alice e
sempreamor,
tendocarinho,
o apoio derespeito
auxiliaresàs desigualdades
e da AVE, foi mais ume início
muita deconvivência
ano com muitocom amor,oscarinho,
amigosrespeito
que faziam
às questã
brincareemuita
desigualdades incluir ela nascom
convivência aulas. Gigique
os amigos já era
faziamoutra
questãocriança,
de brincarficava mais
e incluir tempo
ela nas na já
aulas. Gigi escola,
era mais ca
outra atenta e muito
criança, ficava feliz. na
mais tempo Tivemos mais
escola, mais uma
calma, linda
atenta par feliz.
e muito cipação
Tivemos dela
maisna umafesta e a escola arrasou c
linda participação
sempre.
dela na Até oarrasou
festa e a escola término comodo ano, Até
sempre. erao ní do seu
término desenvolvimento
do ano, cogni vocognitivo
era nítido seu desenvolvimento e motor e como mu
motormuitos
como mudou, muitos ganhos gradativos e positivos que ficarão
ganhos grada vos e posi vos que ficarão para sempre na vida dela. para sempre na vida dela.
Chegando ao final doao
Chegando anofinal
comdo explosões
ano come misturas de sentimentos,
explosões e misturas porque sabíamos
de sen que chegaria
mentos, porque o sabíamos
momento da despedida, a Gigi teria que mudar de escola
chegaria o momento da despedida, a Gigi teria que muda
devido a idade, mas com muito orgulho da sua trajetória
escola devido a idade, mas com muito orgulho da sua trajetó
e com a absoluta certeza de dever cumprido com muito
com a absoluta
amor, força, garra ecerteza
dedicaçãode de dever
todos dacumprido
grande e amada com muito a
força, garra
família e dedicação de todos da grande e amada fam
mandelense.
mandelense. Termino registrando meu enorme agradecimento
Termino
com muita gratidãoregistrando
e saudades demeu todos enorme agradecimento
da Família Nelson
muita gra dão e saudades de todos da Família Nelson Mand
Mandela. Os anos de 2017/2018 estarão eternamente
Osguardados
anos deem2017/2018
nossos corações. estarão eternamente guardados
nossos corações.
Família mandelense
com muito
Família orgulho
mandelense
com muito amor.
com muito orgulho
com muito amor

301
301
Re Respeito e interações plenas
Milena Carla Rovaron
Harmonia em

Atuo como professora desde o estágio na faculdade (1996), atuando em escolas particulares e pública
estadual. Quando ingressei na rede municipal (2016), busquei referências para indicações de escolas que
representassem minhas aspirações profissionais.
Assim, a EMEI Nelson Mandela foi a primeira indicação e exatamente no dia em que saiu a confirmação
da minha remoção para o Mandela, tinha um evento na escola! Logo que cheguei, me senti encantada com
o espaço físico, a receptividade dos educadores, as expressões e diálogos que presenciei entre pais e filhos
visitando a exposição dos projetos realizados durante o ano. Nesse dia, tive a certeza da escolha assertiva!
Descrever todas as emoções e transformações que vivenciei no tempo em que estive na EMEI, talvez
tornasse o texto cansativo e não representativo na íntegra de tudo que experienciei, mas alguns momentos
inesquecíveis, merecem registros.
No início do ano letivo, envolvemos as crianças na temática da diversidade dando vida aos bonecos que
fazem parte da escola “Família Abayomi”; os professores que já faziam parte da comunidade escolar, relatavam
as vivências com as figuras de afeto como se fossem reais, e eu tentava compreender, mas confesso que achava
exagero, ou supervalorização desnecessária, mas, era projeto coletivo, então foi incorporado no nosso dia a dia,
sem muita credibilidade na minha concepção, na época.
Conforme combinado, marcamos o dia da recepção da “família Abayomi”, que até então nos enviava
cartas, pois estavam viajando de férias, não estava na escola. Começaram os preparativos para o retorno,
arrumamos a casa da família, preparamos a festa, os convites para crianças e famílias... eu estava envolvida, mas
ainda não convicta que seria um disparador real para temas relevantes.
Finalmente chegou o dia da festa de recepção da Família Abayomi, e me deparei envolvida como se
fossem pessoas reais, e não “bonecos”. Meu coração estava acelerado, eu estava intensa, aguardando-os como
se espera a chegada de pessoas da família que moram distante. Quando o carro adentrou a escola, eu esqueci
completamente das crianças, das famílias... e acompanhei o carro, querendo vê-los, apalpá-los, conversar,
perguntar, abraçar e contemplei na íntegra o quanto o lúdico, o imaginário, se transformam em ações positivas
e significativas para crianças e adultos, superando preconceitos e regras impostas que nos apropriamos e
desconsideram nossa essência como seres vivos.
O projeto seguiu o ano letivo, engajando temas, experiências, diversidades, reconstruções de saberes e
trocas de experiências sem limite de idade, mas respeito e interações plenas.
Conforme o projeto político pedagógico da escola, preparamos um evento representando a diversidade
cultural que valorizamos no dia a dia, envolvidos em experiências, descobertas, preparativos para receber a
comunidade e compartilhar nossas descobertas.
No dia do evento, assim que cheguei na escola, me dirigi para o espaço das apresentações, e
inesperadamente me deparei com músicos, tambores, danças... foi um choque de cultura, crenças, que me
impactaram negativamente, pois virei as costas e fui embora! Sim, eu fui embora indignada, me sentindo
desrespeitada no sentido de minhas crenças, religiosidade e criação.

302
sen ndo desrespeitada no sen do de minhas crenças, religiosidade e criação.
sen ndosendesrespeitada
ndo desrespeitada no senno dosen do de minhas
de minhas crenças, crenças, religiosidade
religiosidade e criação.e criação.
Para minha surpresa, no dia que retornei à escola, como eu já esperava, fui chamada pela Cibele! Com
Para minhaPara minha
surpresa, surpresa,
no dia no quedia que retornei
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como eu como eu já esperava,
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certeza seria repreendida, mas contrariamente ao que eu esperava, fui ques onada de maneira extremamente
certezacerteza seria repreendida,
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de maneira extremamente
extremamente
respeitosa, e esse diálogo, ressignificou temas que eram proibidos na minha concepção, e compreendi na íntegra o
respeitosa,
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pela Cibele! na íntegra
Com certeza na íntegra
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significado de respeito às diferenças diversidades, desprendido de preconceitos.
significado
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desprendido
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de preconceitos.
Depois “daquela” conversa, sai sala da Cibele reflexivadesobre
maneira extremamente
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que eu acreditava diálogo, para
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não aceitar o outro, ou fazer de conta que aceitava.
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de preconceitos. que aceitava.
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Essas vivências descritas, foram disparadores de novas construções, pois eu cheia de regras, conceitos,
Essas
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Essas vivências descritas,
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preconceitos, comecei a ampliar meu olhar para o próximo com respeito, sem me afastar, mas acolher, escutar,
preconceitos,
preconceitos,
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ou fazer comecei
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ampliar
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experienciar novos saberes sobre a cultura humana.
experienciar
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sobre asobre
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de novas construções, pois eu cheia de regras, conceitos, preconceitos,
Minhas crenças permanecem a mesma, mas meu olhar, minha percepção ampliou para muito além dos
Minhas
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acolher, ampliou
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muros da escola e dos documentos, protocolos... o respeito, o colocar-me no lugar do outro, se revelou além do que
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escola escola
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a cultura e dos documentos,
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protocolos... o respeito,
o respeito, o colocar-me
o colocar-me no lugar nodo lugar do se
outro, outro, se revelou
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aprendi nos cursos, nas aulas, nos livros...
aprendiaprendi nos
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livros... a mesma, mas meu olhar, minha percepção ampliou para muito além dos muros da
Encerrei
escola Encerrei
minha trajetória na Emei por mo vos de acúmulo, pois atuando em duas redes de nos ensino, não foi
Encerrei minha
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aulas, nos os horários, mas o que vivenciei foi incorporado na minha prá ca pessoal e profissional e com
possível
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horários, mas o mas o que vivenciei
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E para quem era toda metódica, regrada, cheiana deminha
conceitos, normas... encerreiemeu tempo na Emei Nelson
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E para quem
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profissional
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encerrei certeza
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tempoEmei naNelson
Emei Nelson
Mandelano meucom dia maestria,
a dia. pois estávamos desenvolvendo pesquisas e experiências sobre a Bahia, e a escola
MandelaMandela com maestria,
com maestria, pois estávamos
pois estávamos desenvolvendo
desenvolvendo pesquisas pesquisas e experiências
e experiências sobre sobre
a Bahia, a Bahia,
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estudo. SoliciteiSolicitei
a verbaa paraverbacomprar
para comprar uma piscina
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estávamos externo da escola
desenvolvendo numa
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experiências sobresorvete,
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coco, praia um (piscina),
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transformamos
transformamos o espaço o espaço
externo externo
da escola da escola
numa numa praia, praia, com sorvete,
com sorvete, água de água de praia
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praia (piscina),
sol, sol,
brincadeiras,
investirmosparno cipação
nosso tema das
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Solicitei a verba paradacomprar
escola.uma piscina e transformamos o espaço externo da escola
brincadeiras,
brincadeiras, par cipação
par cipação das crianças
das crianças e educadorese educadores
da escola. da escola.
Essapraia,
numa vivência
com foi inesquecível
sorvete, água de coco,e praia
extrapolou
(piscina),osol,
território escolar,
brincadeiras, pedagógico,
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das crianças um patamar da de respeito à
Essa vivência
Essa vivência foi inesquecível
foi inesquecível e extrapolou
e extrapolou o território
o território escolar, escolar, pedagógico,
pedagógico, para um para
patamar deescola.
um patamar de respeito
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cultura e à humanidade,
Essa vivência foiagregando
inesquecívelem minha vida
e extrapolou saberes
o território para ontem,
escolar, pedagógico,hoje e oum
para amanhã.
patamar de respeito à cultura e à
culturacultura e à humanidade,
e à humanidade, agregando agregando
em minha em minha vida saberes
vida saberes para ontem,
para ontem, hoje e ohoje e o amanhã.
amanhã.
humanidade, agregando em minha vida saberes para ontem, hoje e o amanhã.

303
303
303 303
Formada em Pedagogia com habilitação em Administração Escolar e
Ensino Fundamental I pelas Faculdades Integradas “Campos Salles”,
Formada em Pedagogia com habilitação em Administração Escolar e
concluído em 1997.
Formada Pós-graduada
em Pedagogia em Educação
com habilitação emInfan l pelas Faculdades
Administração Escolar e
Ensino Fundamental I pelas Faculdades Integradas “Campos Salles”,
Metropolitanas Unidas – FMU – concluído em julho/2005. Concluiu
Ensino Fundamental I pelas Faculdades Integradas “Campos Salles”, sua
concluído em 1997. Pós-graduada em Educação Infan l pelas Faculdades
Pós-graduação
concluído - Psicopedagogia
em 1997. Pós-graduada Universidade
em EducaçãoNoveInfandel pelas
JulhoFaculdades
- UNINOVE
Metropolitanas Unidas – FMU – concluído em julho/2005. Concluiu sua
em março/2009. É Mestre em Psicologia da Educação
Metropolitanas Unidas – FMU – concluído em julho/2005. Concluiupela Pon �cia
sua
Pós-graduação - Psicopedagogia Universidade Nove de Julho - UNINOVE
Universidade Católica de São Paulo - PUC – conclusão em maio/2014
Pós-graduação - Psicopedagogia Universidade Nove de Julho - UNINOVE
em março/2009. É Mestre em Psicologia da Educação pela Pon �cia
em março/2009. É Mestre em Psicologia da Educação pela Pon �cia
Universidade Católica de São Paulo - PUC – conclusão em maio/2014
Universidade Católica de São Paulo - PUC – conclusão em maio/2014

304

304
304
Acervo - Mostra Cultural

E
N
S

305
A
I
O
306
NA QUADRA DA ESCOLA
C.A.R.

BOA ESCOLA DEVE SER AQUELA QUE ACEITA O PROJETO QUE ALÉM DE PEDAGÓGICO
SEM DISTINÇÃO TODOS OS TONS, TEM QUE SER POLÍTICO
GÊNEROS E OUTRAS VARIAÇÕES. DEVE TER A FORÇA DE UM ESTRIBILHO
PARA SER CANTADO POR TODAS AS BOCAS.
É ELE QUE FAZ A COMUNIDADE LEVANTAR
E SE UNIR EM UMA ÚNICA VOZ
FAZENDO ACONTECER A UNIÃO DAS TRIBOS,
COMO TECLAS BRANCAS E PRETAS O LEVANTE DAS BANDEIRAS
ACOLHER OS ACORDES, E A COMUNHÃO DAS CORES.
BRINCAR COM
BEMÓIS, SUSTENIDOS
E CRIAR OBRAS DE ARTE
COM AS DISSONÂNCIAS.
CHAMO PARA UM CANTO,
CRIO UM ENREDO
E COM ELE UM REFRÃO:
O TRIO QUE GESTA A AÇÃO
DEVE SOAR À COMUNIDADE VAMOS REVERENCIAR TODOS OS SABERES,
COMO O SAMBA DE UMA NOTA SÓ RECONHECER O SUOR DE TODOS OS FAZERES
E CHEGAR AO SEU PÚBLICO E INUNDAR DE AXÉ OS TERRITÓRIOS SAGRADOS
COM SUTILEZA E DE TODAS AS INFÂNCIAS.
UM PODER CONTAGIANTE

TODA ESCOLA DESSE PAÍS


DEVERIA SER DE SAMBA
E COM SUA ESSÊNCIA
PEDAGOGICAMENTE BRASILEIRA,
VALORIZAR SUAS NEGRITUDES
RECONHECER SUAS BRANQUITUDES
E APRENDER TANTO
QUANTO GOSTA DE ENSINAR.
Bandeira do Grêmio Recreativo Escola de Samba
Criançada Alegre da EMEI Guia Lopes

306
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C O R A L
M U L T I E T Á R I O
Acervo - Mostra Cultural

309
310
Canto coletivo

“Eu me chamo Adriana, tenho 17 anos e fui


aluna da EMEI Nelson Mandela há 13 anos.
Essa escola me proporcionou muitos
momentos de alegria dos quais eu nunca irei
esquecer.
Foi lá que ve meu primeiro contato com sala
de aula, com professores e colegas.
Tenho uma gra dão eterna por essa escola!

as experiências que ve lá.”


Foi um lugar que aprendi muito e levo pra
minha vida

“Oi, eu me chamo Camilly, tenho 13 anos, o


que sinto falta da Emei Nelson Mandela é a
diretora, as professoras e principalmente da
professora Sol e da prô Mari, das festas,
brincadeiras, danças e do Azizi e Sophia.
Gostaria de voltar no tempo pra fazer tudo
de novo, principalmente como o parto da
Sofia. Desde já agradeço a diretora Cibele
pela oportunidade de conviver com todos
vocês, agradeço as professoras e os os pelo
carinho dedicado.
Desde já agradeço a diretora Cibele por fazer
parte da sua história. Amo vocês todos. Bjs e

saudades.”
308
311
“Oi!
Sou Carina, mãe da Pietra, dando uma passada por aqui
pra agradecer por inúmeros momentos na EMEI Nelson
Mandela, professoras e a todos os colaboradores sem
exceção.
Conhecer a Lia de Itamaracá, receber o Prêmio Paulo
Freire da escola, não existem palavras pra agradecer cada
momento na EMEI.
Obrigada mais uma vez a todos que colaboraram e a
Cibele, essa pessoa esplêndida.

Viva a igualdade!

309
312
“Um aprendizado duplo, uma experiência única ao
escolher a escola EMEI Nelson Mandela para minha
filha Milena. Lá aprendemos valores humanos,
inclusão social, família, cidadania e respeito ao meio
ambiente. Ensinando, sem perder o direito de serem
crianças, pois brincadeira é coisa séria! Sob o comando de Cibele
Racy e sua equipe pedagógica me fizeram compreender a
importância do lúdico e da responsabilidade que temos com
nossas crianças. O mundo depende delas e elas de nós.
Obrigado Cibele, obrigado EMEI Nelson Mandela por nos ensinar
a sermos adultos melhores, sem esquecer a criança que está em
nós.” Celso Marques da Silva
Celso e Milena no dia da família

Aprendi sobre a diversidade


“Mesmo sendo muito pequena, minhas lembranças da EMEI
Nelson Mandela são muito boas. Ainda me lembro de vários
momentos bons que eu passei naquele lugar, mas o que eu
levarei para a vida toda será de quando eu ganhei o boneco
Kiriku, aquele é um dos momentos que eu sempre me
recordo. Me lembro de que quando recebi o boneco em
meus braços o meu coração se encheu de alegria, até hoje eu
tenho um grande carinho por aquele local, lá eu aprendi
muitas coisas e ve momentos incríveis. Aprendi sobre a
diversidade, sobre assuntos importantes, sobre o racismo,
isso tudo eu irei levar para a vida toda. Lá, sem dúvidas, é a
melhor escola que eu já estudei. Eu amava ouvir sobre as
histórias dos espantalhos, principalmente da Sofia e do Azizi,
me recordo até hoje de várias histórias. Sempre que eu passo
por lá e vejo a escola me lembro de todos os meus momentos
bons naquele lugar. Sinto muita falta de lá, nunca me
esquecerei de nada que eu aprendi e vivi naquele lugar. —
Cecília de Godoy Garcia, 14 anos” Cecília e seu amigo kiriku no casamento de Azizi e Sofia

310
313
“Olá alunos e alunas da Nelson Mandela!
Aqui quem fala é a Sofia ex-aluna daí.
E hoje eu vou contar minha experiência nessa
escola perfeita e maravilhosa. Quando eu
entrei eu estava muito nervosa, pois nha
medo de não fazer nenhum amigo...e
adivinha? Eu virei amiga de todo mundo!
Então espero que aprendam comigo: não
tenham medo de dar “oi” para alguém daí! Vai
confiante pois todos irão te amar do jei nho
que é.
Bem foi isso... Sofia Palaria de Oliveira
Um beijo e um queijo” em sua primeira guerra de água
Sofia Palaria de Oliveira – 10 anos

“Oi
meu nome é Nayana e tenho 9
anos.
Eu já estudei na EMEI Nelson
Mandela. Lá era muito legal. Tinha
a diretora Cibele ela é muito legal.
Ela inventou o
diretor de escola por
um dia, mas eu não
sei se ainda existe,
porque ela se
aposentou. Lá cada
sala aprendia sobre
um planeta a minha
era o planeta Marte
e lá nha um
parquinho, uma
b r i n q u e d o te c a e
ta m b é m n h a l á
fora. Eu subia na árvore e pegava
amora. Tinha uma biblioteca. Eu
amava lá. Queria ficar lá até o nono
ano. Amava, amava muitooo lá.” Nayana em sua tarde de autógrafo

311
314
“Sou Mayara e estudei na EMEI Nelson Mandela em 2012 e aprendi muitas coisas
lá e fiz muitos trabalhos diferentes. Aprendi a mexer em horta, adubar a terra e
cuidar das plantas. Aprendemos a plantar legumes, verduras e frutas, aprendi a
importância dos alimentos para minha vida. Aprendi também sobre outras
culturas, religiões diferentes e de outros países. Tive um ensinamento sobre
preconceito e racismo e aprendemos como lidar com pessoas diferentes de
outras cores, religiões e deficiências. Eu gostava muito do jeito que eles
ensinavam, porque conseguia entender bem por isso. Gostava de ir para escola
todos os dias era uma maneira diver da com brincadeiras projetos e músicas.
Tinha feiras culturais e exposições dos nossos trabalhos para as mães e pais verem
o que foi passado nas aulas. Gostava muito de fazer os trabalhos, pois era uma
forma de aprendermos mais as coisas de uma forma diferente em grupos ou com
Mayara 14 anos a família ou fora da sala,, no parquinho. Fizemos vários trabalhos: apresentações
de culturas diferentes como japonesas, fizemos também do carnaval,
aprendemos também sobre a gravidez, como nasce uma criança e aprendemos que dá para ver a criança dentro da
barriga com ultrassom. Aprendemos que a mãe tem que ir ao médico para rar a criança da barriga e que para
nascer uma criança precisa de um casal de uma mulher e um homem. Aprendemos sobre a importância de ter uma
família para cuidar da criança. Lá foi onde eu aprendi a escrever e ler fazer contas. Só na EMEI consegui aprender
muitas coisas. Aprende o abc através de músicas, brincadeiras, histórias, leituras e teatros com os professores.
Quando fui para ensino fundamental e isso me ajudou muito pois já cheguei lá sabendo escrever meu nome e já
sabia os números e o abecedário e já estava preparada com apenas seis anos. Graças a esse EMEI gosto muito de
estudar, agora com 14 anos estou estudando no Sesi graças a uma bolsa que consegui. Já estou lá há cinco anos e
isso graça escolas públicas que me incen varam a sempre querer estudar e a importância do estudo na minha vida.

Liberdade,
liberdade
abre as asas
sobre nós e
que a voz da
igualdade
seja sempre a
nossa voz

Samba Enredo
Imperatriz
Leopoldinense

Compositores:
Jurandir/Nil nho
Tristeza/Preto
Jóia/Vicen nho

312
315
“Eu adorava estudar no Nelson Mandela, adorava ficar na
hor nha e nha um pó mágico que fazia os bonecos criarem
vida à noite. Nós brincávamos com os fantoches, já fui diretora
por um dia e adorei. Teve uma vez que
cada sala ia fazer um resumo de um
estado como culinária, dança e minha
sala ficou com Pernambuco. Dancei
frevo e me apaixonei pela cultura e
sonho até hoje em conhecer
Pernambuco. Um dia vou viajar pra lá.
Adorava quando a família Abayomi
chegava no carro e sinto muita
saudade da minha Pro Marina e sinto
saudades da escola. Queria voltar a
estudar no Nelson Mandela.”

Yasmin Frazzato Faustino – 9 anos

“Meu nome é Lucas de Oliveira Mou nho Paschoal, tenho 12 anos. Estudei na " ...ajudei
EMEI GUIA LOPES, quer dizer NELSON MANDELA, dos meus 4 a 6 anos de a
idade. Adorei minhas professoras Elisa, Priscilla, Adriana e Ana, todos os Soa no
funcionários que me tratavam com muito carinho, claro minha diretora
querida, Cibele que sempre estava do meu lado, a escola e os projetos que
parto".
par cipei. O mais importante foi o do Azizi e da Sofia, que veram dois" filhos"
e ajudei a Sofia no parto. Nesse projeto ganhei minha primeira bicicleta, na
escola. Meus pais Patrícia e Vinícius sempre par ciparam comigo nos eventos
da escola, onde ganhamos uma medalha da Família nota 10, nas gincanas da
festa do nascimento dos bebês. Adorava plantar na horta e fazer a
compostagem e separação do lixo para a reciclagem.
E outro momento legal foi meus pais irem na
escola e comerem comigo a alface, que eu e
meus colegas plantamos. Adorava a
brinquedoteca e a sala de leitura da Emília.
Como era bom brincar naquele parque
enorme. Como foi bom ter par cipado de
tudo isso. São momentos que vou levar pra
sempre no meu coração! Saudade e nossos
agradecimentos a todos. Parabéns pela bela
escola.” Um grande abraço.
1ª Turma de Médicos mandelenses

313
316
"Eu lembro de muitas coisas, tem o Tetelo e a Tetela, os dois
espantalhos que são os mascotes da escola. Eles nham ido para
Marte e quando voltaram nós desenhamos marcianos, depois
deles contarem como eles eram. O meu pai também tem uma
grande relação com a EMEI, sendo que ele fez o projeto das hortas e
fazíamos assembleias para decidir o que iríamos plantar. Eu lembro
que a minha sala plantou berinjelas e também teve um dia que eu
fui um chef por um dia, que o meu pai trouxe uma estufa e fiz um
patê de cheiro verde para entregar aos visitantes que iam vindo”
Felipe Fabris Leite Victorino – 16 anos

314
317
Gael o 1º Astronauta mandelense

“A EMEI Nelson Mandela é uma


escola mágica! Eu adorava o Universo
nessa época e a família Abayomi foi
para o espaço e era o que eu adorava!
Construímos um foguete para ajudar
a família Abayomi a voltar e ela voltou
de trajes espaciais.” Gael Cardoso da
Silva, 7 anos

318
315
Homenagem às educadoras da
EMEI Nelson Mandela
Nessa vida pequenina, Vocês me ensinaram a costurar minhas próprias asas,
Vivi mais de meia década. Encaixá-las sozinho em meu corpo
Brinquei, corri e aprendi, E voar com saltos meus.
Que pro mundo mudar, Sem me segurar no alto,
Mudo eu primeiro aqui. Mas confiando que eu conseguiria.
No meu tempo, na minha hora.
De prô em prô, E eu consegui.
Ninguém é igual. Deixo minha cadeira quen nha para a criança que chega,
Nem eu e nem vocês. Pra que ela dedilhe por cada grama,
E sei que dão sempre um jeito Coma cada amora do amanhã
De mostrar que o melhor é ter respeito. E descubra, como eu descobri,
Que somos transformação.
Minha história, nossa história.
Aprendi que enredo de samba é resistência. Com a Família Abayomi, conheci o mundo.
Que abraço e afeto no portão Viajei e dei a volta no globo
São fôlego, coragem e segurança. Enquanto navegava nas estradas mandelenses.
Que meu corpo é minha casa, Livre para ser e estar
Que o mundo é a nossa. Onde sen r pertencer.
E que cuidar do outro é cuidar de mim mesmo.
Vou,
Chorei de medo quando cheguei: Mas sei que nas melodias mais doces da minha infância,
Frio na barriga, lágrimas e saudades. Encontrarei vocês.
Mas recebi colo quente e confiança.
Hoje, saio com peito cheio de esperança. Obrigada por terem escrito esse capítulo lindo, diverso e
resistente em nossa história.
Obrigado por mostrar que imaginação
Também é chave pra ver realidade. Autora:
Por me apresentar o mundo, sem dizer meias verdades. Mayara Neves, mãe do Diego e da Carmen, filho e filha do
Pela riqueza do afeto, papai Rafael – Uma família Mandelense, com certeza!
Que enche barriga e alma até o teto.

Foi nesse parque, nesse chão,


Nos grãos de areia que deixei, levei e segui.
Foi de punhado em punhado que vi,
Através da liberdade,
Que tudo que penso vale sim.

E se do futuro tomo conta,


Guardo histórias em origamis.
Coloridos e diversos,
Como nós,
Únicos!

316
319
320
Acervo - Mostra Cultural

I
M
P
R

321
O
V
I
S
O
322
Improviso Não implique, não replique, modifique!
Cibele Araújo Racy Maria

Improviso é aquele momento em que você é livre para fazer o que vem na cabeça, mas que na verdade não é bem
assim que funciona. Como na música, há uma lógica da qual não se pode fugir. Você vai, vai e no fim volta ao tema. A minha
proposta é não retirar, na revisão, nada do que tenha escrito no primeiro rascunho desse texto, então.... aqui vamos nós!
A história da educação deveria ser feita de histórias sobre a educação, em que fossem registradas as falas de todos
que dela fazem parte.
Os que só estudam sobre ela, os que trabalham, os que pensam sobre ela e os que a fazem acontecer.
Vozes daqueles que a tem como direito, os que a tem como meio de vida e àqueles que a tem como missão.
Todos e todas são indispensáveis para garantir a pluralidade de ideias sobre o que seja educar, ensinar e aprender.
Vozes de grandes e pequenos que se complementam, se ajustam, se confundem, se contrapõem nos interesses que
formam o que chamo de movimento pedagógico.
São movimentos de uma sinfonia muitas vezes de altos decibéis, mas linda quando lembramos de que se trata da
opção que fizemos pelas crianças e adolescentes. Algumas vezes com sons distorcidos pelos contextos históricos que se impõe,
outras por vibrações sonoras límpidas como se tudo convergisse para um futuro promissor.
Educação é relação, mas é feita de sons que elas produzem também.
São os sons que ouvimos de longe nos parques e pátios que denunciam que tem gente feliz em algum território próximo
ou sons acalorados de discussões quando se defende ideias e ideais aos quatorze ou aos sessenta e dois anos de idade. São
crianças e adolescentes que deveriam conviver no mesmo território, mas que a burocracia política-didático-pedagógica insiste
em separar em fases, etapas ou ciclos. Essa convivência que faria toda a diferença, tanto faz para quem redige as legislações
desse país.
São sons que invadem as ruas quando é preciso exigir direitos ou fazer um impactante cortejo de maracatu com a
comunidade para chamar a atenção para algo relevante.
É som que os vizinhos das escolas reconhecem de longe e dispensam relógio para saber que é hora do “recreio”, hora
do café da manhã, porque tem criança entrando na escola ou que já está perto da hora de almoçar quando o movimento
denuncia a agitação da saída. São gritos, murmurinhos, risos e gargalhadas que atravessam os muros e denunciam que ali há
concentração de energia a quem passa desavisado pelas calçadas das escolas.
E como todo o improviso que se preze, lá vou eu voltando para o tema depois de poetizar...
Sempre achei que parques são melhores que quintais. A ideia de sair do reduto familiar me parece sempre mais
audaciosa, mais instigante e libertadora. Aqui quero impor ao termo “libertadora” mais esse significado. Qual de nós, com o
fôlego que tínhamos aos quatro ou oito anos não gostava de fugir do alcance dos olhos dos nossos pais? Era uma aventura, ou
não era? Quem não desviou o olhar ou se fingiu de surdo para não ouvir os pais gritando na beira do mar para sair da água e
ir embora para casa almoçar?
Estar fora do campo de visão familiar algumas horas por dia é libertador. Portanto, carregar o quintal para a escola é
o mesmo que trazer para a “sala de aula” a “tia”, não é não? Por esse e outros tantos motivos, a escola não deve e não pode
ser a extensão de nada. Ela tem que ser o oposto de tudo para ser complemento em alguns casos. Ir além daquilo que já está

323
posto e do que já foi vivido por aqueles que chegam até os seus portões. Oferecer o que normalmente se nega.
Ela precisa
Ela precisaseseconstituir
cons�tuir nono an�doto
antídoto para
para combater
combater o pouco
o pouco que
que se se sabe
sabe e o muito
e o muito que seque se pensa
pensa conhecer.
conhecer.
Enfim, começaria um novo livro a par�r daqui se me aprofundasse nessas reflexões
Enfim, começaria um novo livro a partir daqui se me aprofundasse nessas reflexões e deixasse o pensamento e deixasse
dominaro
pensamento dominar o teclado.
o teclado.
A EMEI Nelson Mandela nasceu como Guia Lopes na época dos Parques Infan�s e espero que con�nue a ser
A EMEI Nelson Mandela nasceu como Guia Lopes na época dos Parques Infantis e espero que continue a ser um para
um para as crianças do Bairro do Limão. Um lindo parque que abriga uma escola de referência na Educação Infan�l.
as crianças do Bairro
Tenho do Limão.
a sensação Um lindo
de que parque
consegui que abriga
reunir uma escola
aqui algumas dasdemuitas
referência na Educação
pessoas Infantil.que, gen�lmente,
importantes
Tenho asuas
emprestaram sensação
vozesdepara
que cantar
conseguiumreunir aquisobre
pouco algumas das muitasque
a educação pessoas importantes
entoamos, que,ogentilmente,
durante tempo queemprestaram
convivemos
suas vozes
nessa para área
imensa cantarverde,
um pouco sobrede
repleta a educação que entoamos,
sons e vidas. Certa dedurante
ser estao tempo
uma dasquemuitas
convivemos nessa da
histórias imensa área verde,
educação que
repleta deser
precisam sons e vidas. Certa
registradas, de ser
espero que esta uma
sirva dedas muitas histórias
inspiração para quedaoutras
educação queaprecisam
surjam ser registradas,
par�r dessa espero que
inicia�va. Histórias de
escolas
sirva de públicas
inspiraçãocontadas
para quepor servidoras
outras surjam ae servidores
partir dessapúblicos.
iniciativa. Histórias de escolas públicas contadas por servidoras e
Ouvimos
servidores públicos. falar sobre as escolas públicas por manchetes de terceiros. Lemos sobre a escola pública nas teses
defendidas por terceiros.
Ouvimos falar sobreChegou
as escolasa hora de por
públicas contarmos
manchetesa nossa própriaLemos
de terceiros. história, afinal
sobre formamos
a escola todos
pública nas aqueles
teses que
defendidas
falam por nósChegou
por terceiros. e de nós, não é?
a hora de contarmos a nossa própria história, afinal formamos todos aqueles que falam por nós e de
Desejo
nós, não é? que algumas prá�cas pedagógicas, dicas, reflexões e provocações (que foram muitas!) desse livro,
soem como uma boa música. Aquela música que a gente analisa a letra, confere o compositor, incorpora para a
Desejo que algumas práticas pedagógicas, dicas, reflexões e provocações (que foram muitas!) desse livro, soem como
nossa vida e, toda vez que toca, sen�mos uma vontade enorme de dançar. Às vezes descobrimos, depois de anos,
uma boa música. Aquela música que a gente analisa a letra, confere o compositor, incorpora para a nossa vida e, toda vez que
que demos uma outra versão à letra, trocando palavras e fazendo algumas adaptações, mas que isso fez todo o
toca, sentimos
sen�do naquele uma vontade enorme
momento. Que seja deassim,
dançar.então!
Às vezes descobrimos, depois de anos, que demos uma outra versão à letra,
trocandoNão
palavras e fazendo
implique, algumas adaptações,
não replique, modifique!mas que isso fez todo o sentido naquele momento. Que seja assim, então!
Não implique,
Faça não replique, modifique!
nosso o que,
Faça nosso o que,

mundo.
todo

de agora,
a partir

é de

Cibele (62) Cibele (62)


Por: Eloisa Rosa Silva (10) Por Cibele A.Racy (7)

319
324
Acervo - Mostra Cultural

325
P A R T I T U R A S
326
AVALIAÇÃO DE EMEI NELSON MANDELA 1a5
DESEMPENHO
Abertura a Mudanças Compreende o Projeto Político Pedagógico da
Consigo me adaptar a unidade por meio da leitura e de sua consulta quando
situações novas e necessário.
mudanças no trabalho, Participa ativamente dos projetos permanentes e
buscando entender e ações coletivas promovidas pela escola.
atender novas demandas e Aceita as intervenções pedagógicas feitas pela gestão
prioridades através da análise da documentação pedagógica que
produz.
Considera como positiva as visitas da gestão aos
diversos espaços escolares nos quais desenvolve suas
propostas de trabalho.
Incorpora novas práticas sempre que necessário ao
aprimoramento de suas atividades profissionais e o
alinhamento com o Projeto Político Pedagógico da
Escola.
CUMPRIMENTO DE Cumpre as atividades contidas na linha de tempo e
PRAZOS espaços, observando os territórios de aprendizagem e
Executo as atividades seus objetivos específicos.
profissionais dentro do Finaliza a elaboração do planejamento semanal na
prazo estabelecido. data especificada pela gestão pedagógica.
Apresenta os relatórios descritivos de seus alunos na
data prevista.
Conclui o fechamento do Diário de Classe no último
dia útil de cada mês, viabilizando as ações
administrativas necessárias.
Apresenta-se ao trabalho no horário de entrada e
saída, sem atrasos ou saídas antecipadas frequentes.
É assídua.
DESENVOLVIMENTO Inscreve-se nos cursos oferecidos pela DRE/SME fora
PROFISSIONAL E PESSOAL: de seu horário de trabalho.
Aproveito as Acompanha as publicações do Diário Oficial da Cidade
oportunidades de realizar de SP através da leitura das mensagens eletrônicas
trabalhos novos ou enviadas e assina todos os comunicados Internos
participar de cursos, elaborados pela escola.
estando atento para Contribui para o enriquecimento e desenvolvimento
avaliar minha postura e dos momentos de formação
atuação profissional. Apresenta disposição para a aprendizagem contínua
tendo em vista a otimização de suas competências
profissionais e superação de dificuldades.

DETERMINAÇÃO - Convoca os pais de seus alunos sempre que


Decido e resolvo necessário, não transferindo, inicialmente, esta
dificuldades no meu responsabilidade à equipe gestora.
trabalho. - Resolve os conflitos presentes na relação entre as
crianças, respeitando-as em suas necessidades,
dificuldades e história de vida.

327322
- Convoca os pais de seus alunos sempre que
necessário, não transferindo, inicialmente, esta
responsabilidade à equipe gestora.
- Resolve os conflitos presentes na relação entre as
crianças, respeitando-as em suas necessidades,
dificuldades e história de vida.
DETERMINAÇÃO - Registra o encontro com os pais e propõe possíveis
Decido e resolvo encaminhamentos que possam auxiliar o
dificuldades no meu desenvolvimento integral da criança, após análise da
trabalho. gestão escolar.
COMPROMISSO Mantem toda a documentação pedagógica da
Assumo minhas unidade, deixando-a disponível para análise e
responsabilidades, intervenção da gestão pedagógica (diário de classe,
estando atento ao portfólio dos alunos, caderno de observação e
exercício do meu papel registro, diário de projeto, semanário, teia de
profissional conhecimento).
Responde às solicitações dos familiares com ética
profissional e bom senso através da agenda.
Observa as expectativas de aprendizagem do quadro
de referência da EMEI GUIA LOPES para conduzir seu
projeto e práticas pedagógicas.
Aproxima sua prática aos seus discursos mantendo a
coerência necessária para um trabalho pedagógico de
qualidade.
Auxilia os alunos que apresentem dificuldades em
qualquer aspecto do seu desenvolvimento,
planejando atividades específicas ou intervindo
através de atitudes positivas para atendê-los em suas
necessidades.
Reconhece em todos os espaços escolares, as diversas
possibilidades do trabalho educativo.
Compreende que sua atuação profissional tem como
foco principal o atendimento integral à criança e,
consequentemente, à qualidade dos serviços
educacionais preconizados pelo projeto pedagógico
desta Unidade Educacional.
Exerce atividades estranhas ao trabalho que
interfiram na execução de suas atribuições, em
especial o uso de celulares, rodas de conversa com os
colegas nos momentos das refeições, nos horários de
brincadeira livre e outros momentos em que deve
exercer a docência.
Realiza registros fotográficos, no mínimo uma vez por
semana, das atividades propostas nos diferentes
espaços escolares e alimenta o portfólio virtual da sua
turma.
Estabelece parcerias com suas colegas de trabalho.
INICIATIVA Procura a gestão pedagógica sempre que encontra
Empreendo esforços para dificuldade em planejar ou executar o projeto didático
resolver as demandas e de seu grupo.

328323
Procura a gestão pedagógica sempre que encontra
dificuldade em planejar ou executar o projeto didático
de seu grupo.
Participa ativamente do planejamento e realização
dos eventos promovidos pela escola.

INICIATIVA Mantem escuta atenta às falas infantis durante a


Empreendo esforços para condução do projeto didático do grupo/classe,
resolver as demandas e solicitando à gestão os materiais necessários para sua
necessidades dos usuários realização.
e da equipe, tão logo elas Apresenta soluções aos problemas e dificuldades
surjam. sempre que julgar necessário, analisando a viabilidade
de suas propostas.
PLANEJAMENTO E Respeita às normas de preenchimento e confecção de
ORGANIZAÇÃO toda a documentação pedagógica determinada pela
Atuo de forma planejada e equipe gestora.
organizada, otimizando Elabora o planejamento semanal numa sequência
tempo e recursos didática que atenda ao projeto de seu grupo/classe e
materiais. ao quadro de referência da Unidade.
Executa as atividades/vivências planejadas e justifica a
sua não realização;
Elabora atividades/vivências observando o tempo de
duração determinado para sua execução.
Considera os recursos materiais existentes na escola
no momento de planejar as atividades/vivências.
Organiza todas as atividades de seus alunos conforme
orientações previstas na Proposta Pedagógica da
escola.
Avalia as atividades propostas e seus resultados até,
no máximo, o dia posterior a sua execução. (pequenos
grupos).
Protagoniza e promove atitudes que envolvam a
manutenção da organização e limpeza dos diversos
ambientes escolares, incluindo-se os armários
coletivos das salas de aula, restaurante, banheiros,
salas de registro, brinquedoteca, sala dos professores,
sala de leitura, parque, cozinha experimental, espaço
de artes, banheiro de funcionários, horta, entre
outros.
TRABALHO EM EQUIPE Mantem uma relação de respeito com todas as
Assumo minhas atividades equipes da unidade e sua comunidade.
dispondo-me a colaborar Evita atitudes ou comportamentos que afetem,
com os membros da negativamente, a imagem da Escola, dos colegas, da
equipe para melhorar o gestão e da Comunidade.
desempenho coletivo. Compartilha com suas crianças a liderança do grupo.
Compartilha suas habilidades com outros membros da
equipe.
Participa das Reuniões do Conselho de Escola

329 324
Mantem uma relação de respeito com todas as
equipes da unidade e sua comunidade .
Evita atitudes ou comportamentos que afetem,
negativamente, a imagem da Escola, dos colegas, da
gestão e da Comunidade.
Compartilha com suas crianças a liderança do grupo.
Compartilha suas habilidades com outros membros da
equipe.
Participa das Reuniões do Conselho de Escola
Participa das reuniões da Associação de Pais e
Mestres.
Fundamenta suas ações nos quatro princípios básicos
para formação de uma equipe de trabalho,
envolvendo todos os funcionários da escola: união,
disciplina, trabalho e profissionalismo.
TRABALHO EM EQUIPE Responsabiliza-se pela criação de vínculos afetivos
Assumo minhas atividades com as famílias e a comunidade escolar
dispondo-me a colaborar Elabora um projeto didático inovador que atenda às
com os membros da expectativas de aprendizagem do quadro de
equipe para melhorar o referência.
desempenho coletivo. Explora, utiliza, organiza e propõe formas criativas de
utilização de todo acervo material, espaços internos
da escola e seu entorno.
Realiza experiências que renovem seu fazer
pedagógico e agucem a curiosidade infantil .
Utiliza-se do encantamento e fantasia para propor
atividades às crianças, envolvendo -se pessoalmente
com as figuras de afeto que compõe o cenário da
Unidade e todas as ações desencadeadas relativas a
elas como demonstração de entendimento do
universo infantil e seus desejos.
RELACIONAMENTO Desenvolve um diálogo franco e aberto entre seus
PESSOAL pares e outras equipes da escola, minimizando
Mantenho bom tensões e fantasias acerca dos relacionamentos no
relacionamento com ambiente de trabalho.
usuários e membros da É capaz de refletir e desencadear ações afirmativas de
equipe de trabalho. combate ao racismo, preconceito e discriminação em
suas várias dimensões, baseadas nos princípios éticos
que norteiam as relações humanas.
Oferece atendimento cordial à Comunidade escolar
Possui senso crítico apurado, sabendo compartilhar
suas opiniões de forma clara e respeitosa a todas as
equipes escolares.
É capaz de manter a isenção e objetividade na análise
de situações no âmbito escolar .

330 325
ccc
FICHA SOCIAL – EMEI NELSON MANDELA

Nome da professora____________________________________________________________________

Nome da criança ________________________________________________Turma________________

Responsável pelas informações___________________________________________________________

1)Profissão da mãe/responsável___________________________________________________________
Possui alguma habilidade que possa compartilhar com a escola? Qual? ___________________________

2)Profissão do pai/responsável ___________________________________________________________


Possui alguma habilidade que possa compartilhar com a escola? Qual? ___________________________

3) Qual o gosto musical de sua família? Existe algum músico/cantor(a) na família? _________________
____________________________________________________________________________________

4) Quando a criança não está na escola, o que ela costuma fazer na maior parte do tempo? ___________
____________________________________________________________________________________

5) Qual o bairro em que a família mora? ______________________ há quanto tempo? ______________

6) Qual a religião/crença da família? ______________________________________________________

7) Quem cuida da criança quando ela não está na escola? Qual o grau de parentesco? ________________
____________________________________________________________________________________

8) Você conhece algum artista que mora no seu bairro ou perto da escola ? Quem? Tem o contato?
____________________________________________________________________________________

9) Você frequenta algum lu gar no seu bairro? Qual/Quais?


____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________

10) Qual o melhor dia da semana para você participar de reuniões e eventos que a escola promove? QUAL
( ) 2ª feira ( ) 3ª feira ( ) 4ª feira ( ) 5ª feira ( ) 6ª feira ( ) sábado ( ) domingo

E o melhor horário?
( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite

11) Nossa escola promove várias atividades. Com qual delas você se identifica?
( ) Contação de histórias ( ) Horta ( ) Artes (pintura, crochê, artesanato)
( ) Culinária ( ) Decoração ( ) Dança e Música ( ) Palestra
( ) Outros ________________
Você poderia nos ajudar em algum evento com as suas habilidades em uma dessas atividades ? Em qual?
____________________________________________________________________________________

12) O que você espera da EMEI Nelson Mandela?


____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________________

331
326
332
333
DIA/MÊS: _______/_______/201 DIA DA SEMANA
SEGUNDA-FEIRA
PROPOSTA DA LINHA DE TEMPO:
( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
TERRITORIO DE APRENDIZAGEM:
DIREITO DE APRENDIZAGEM:

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

DESAFIO PARA AS CRIANÇAS:


CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO

DIA DA SEMANA
DIA/MÊS: _______/_______/201 SEGUNDA-FEIRA

PROPOSTA DA LINHA DE TEMPO:


( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
TERRITORIO DE APRENDIZAGEM:
DIREITO DE APRENDIZAGEM:

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

DESAFIO PARA AS CRIANÇAS:


CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO

334
DIA/MÊS: _______/_______/201 DIA DA SEMANA
TERÇA-FEIRA
PROPOSTA DA LINHA DE TEMPO:
( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
TERRITORIO DE APRENDIZAGEM:
DIREITO DE APRENDIZAGEM:

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

DESAFIO PARA AS CRIANÇAS:


CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO

DIA DA SEMANA
DIA/MÊS: _______/_______/201 TERÇA-FEIRA

PROPOSTA DA LINHA DE TEMPO:


( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
TERRITORIO DE APRENDIZAGEM:
DIREITO DE APRENDIZAGEM:

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

DESAFIO PARA AS CRIANÇAS:


CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO

335
DIA/MÊS: _______/_______/201 DIA DA SEMANA
QUARTA-FEIRA
PROPOSTA DA LINHA DE TEMPO:
( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
TERRITORIO DE APRENDIZAGEM:
DIREITO DE APRENDIZAGEM:

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

DESAFIO PARA AS CRIANÇAS:


CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO

DIA DA SEMANA
DIA/MÊS: _______/_______/201 QUARTA-FEIRA

PROPOSTA DA LINHA DE TEMPO:


( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
TERRITORIO DE APRENDIZAGEM:
DIREITO DE APRENDIZAGEM:

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

DESAFIO PARA AS CRIANÇAS:


CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO

336
DIA/MÊS: _______/_______/201 DIA DA SEMANA
QUINTA-FEIRA
PROPOSTA DA LINHA DE TEMPO:
( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
TERRITORIO DE APRENDIZAGEM:
DIREITO DE APRENDIZAGEM:

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

DESAFIO PARA AS CRIANÇAS:


CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO

DIA DA SEMANA
DIA/MÊS: _______/_______/201 QUINTA-FEIRA

PROPOSTA DA LINHA DE TEMPO:


( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
TERRITORIO DE APRENDIZAGEM:
DIREITO DE APRENDIZAGEM:

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

DESAFIO PARA AS CRIANÇAS:


CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO

337
DIA/MÊS: _______/_______/201 DIA DA SEMANA
SEXTA-FEIRA
PROPOSTA DA LINHA DE TEMPO:
( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
TERRITORIO DE APRENDIZAGEM:
DIREITO DE APRENDIZAGEM:

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

DESAFIO PARA AS CRIANÇAS:


CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO

DIA DA SEMANA
DIA/MÊS: _______/_______/201 SEXTA-FEIRA

PROPOSTA DA LINHA DE TEMPO:


( ) Projeto ( ) Jogos ( ) Registro
TERRITORIO DE APRENDIZAGEM:
DIREITO DE APRENDIZAGEM:

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

DESAFIO PARA AS CRIANÇAS:


CRIANÇAS A SEREM OBSERVADAS:
REGISTRO DE OBSERVAÇÃO

338
PLANEJAMENTO – DIÁRIO DE PROJETO
Qual dia de projeto eu vou registrar no diário?
Que produção as crianças farão para compor a página?
Em que dia as 4 crianças farão as produções?

OBSERVAÇÕES DAS CRIANÇAS DURANTE OS TERRITORIOS DE APRENDIZAGEM para compor o relatório descritivo.

AVALIAÇÃO DA SEMANA
PRECISO PRIORIZAR PARA A PRÓXIMA SEMANA
EM RELAÇÃO AO PROJETO:

EM RELAÇÃO ÀS CRIANÇAS:

339
Projeto Premiado
Azizi Abayomi, um príncipe africano/Família Abayomi, uma família afro-brasileira/Figuras de Afeto
Autora: Cibele Araújo Racy Maria

Os projetos Azizi Abayomi, um príncipe africano e A família Abayomi - uma família afro-brasileira ganharam prêmios,
mas preferi fazer apenas um relato sobre eles, sem falar de seus objetivos específicos e gerais ou replicar tal qual foram
inscritos nos editais dos concursos.
Reservei essas páginas para falar de algo muito mais importante que me inspirou e vem inspirando várias gerações
durante todo esse tempo, inclusive muitas e muitas autoras e autores desse livro. A primeira é desconstruir a máxima que
minha opção ao trabalhar com bonecos foi, exclusivamente, trabalhar com as crianças. Desde cedo soube que, ao estudar a
relação deles com a comunidade escolar, descobriria muito mais sobre mim e sobre os adultos do que sobre o coletivo infantil.
Foi isso que aconteceu e tem acontecido. Esses universos que convivem e tentam aprender e ensinar, que se estranham, às
vezes cansam um ao outro, em outras situações se divertem e passam uma vida toda se enriquecendo tem formas únicas de
interagir, mas em essência, muito próximas de lidar com as afetividades.
A proposta pedagógica da EMEI Nelson Mandela sempre priorizou a ampliação do repertório de nossas crianças e a
ludicidade sempre esteve presente no nosso dia a dia, como deve ser quando se leva a infância a sério.
Entre muitas das formas de expressão, há uma que nós adultos temos muito o que aprender. O jogo simbólico é
uma ferramenta que nossas crianças lançam mão a todo instante com uma habilidade que algumas e alguns de nós não
conseguiremos resgatar de nossas infâncias nem que tentemos durante uma vida toda. Já outras e outros, não conseguem se
esquecer.
Não é difícil compreender, racionalmente, porque paramos de brincar se pensarmos que a maioria de nós já passou
por vários períodos conturbados da experiência humana, a adolescência pode ser um deles, por exemplo, época em que
sonhos podem ser desfeitos e a realidade bate à porta, mesmo que a leves toques.
Mesmo que haja explicações que justifiquem a perda da nossa capacidade imaginativa e a dificuldade de nos
divertirmos “com pouco”, é de se admirar quando olhamos uma criança ficar por horas “pilotando um avião” dentro de uma
caixa de papelão, não é verdade?
Usando de toda a sinceridade, descobri que há muito de negação e inveja nessa afirmação superficial que fazemos
sobre os fazeres lúdicos das crianças.
Diga-me se não é incrível a capacidade que nos fez cozinhar sem saber, provar e gostar da comida feita numa panelinha
vazia? E a capacidade de observação envolvida em tudo isso, então?
Esse projeto das figuras de afeto, que tratou o brincar como coisa séria e como metodologia de trabalho, começou
assim. Com uma diretora que não sabia costurar (mas sou perita quando o assunto é cola quente), que fez bonecos feinhos
(porque não sabia fazer de outro jeito), que se transformaram em símbolo de afeto por gerações, ganharam prêmios e
transformaram uma escola em referência na educação infantil. Isso só pode ser brincadeira, não é?
A maturidade me trouxe, entre outras coisas, um pouco mais de sabedoria e muito mais resistência para lutar pelas
causas que acredito serem justas. Uma delas é pelo direito que todos nós temos à brincadeira. Aquela que beira a ingenuidade
em alguns momentos, isso mesmo, mas que ao mesmo tempo é resistência na essência para quem trabalha com as infâncias.
Foi brincando que, muitas vezes, disse verdades avassaladoras e falando sério, ocultei outras como estratégia.
Foi brincando que provoquei muitas mudanças.
Dedico esse texto a todas as figuras de afeto que não ficaram tão conhecidas como o Príncipe Africano Azizi Abayomi
e sua família, mas foram igualmente importantes para mim e para todas e todos da EMEI Nelson Mandela.
Foi a serviço da pluralidade, da brincadeira e da imaginação que a escola foi invadida por mais de trinta figuras de

340
ficaram ficaram tãotão conhecidas
conhecidas como como o
Abayomi Abayomi e sua e sua família,família, mas mas foram for
para para mim mim e para e para todas todas e todose todos da da EM
Foi brincando eque provoquei muitas mudanças.
afeto,
gente
Foientre
brincando
Dedico
Foi
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bonecosque
esse
brincando
mentira. texto Foi
gente
que a Foi a
de verdade.
provoquei
todas
provoquei a
serviço
as serviço
muitasSim, porque
figuras
muitas da
mudanças.
de da
tem
afeto
mudanças. que plural
pluralida não
Dedico esse texto a todas as figuras de afeto que não
Crianças
anças da da Fundação
Fundação Nelson
Nelson Mandela
Mandela
ficaram tãoFoiimaginação
ficaram Dedicotão pelo imaginação
conhecidas
esse
conhecidasprofundo como
textorespeito
como que
a todas que
o as a escola
aPríncipe
escola
figuras
oàs Príncipe
diferenças que foi
Africano
de afeto
elas
Africano
foi
invadid
que invad
Azizi
Azizi
não
que vieram
vieram visitar
visitar a EMEIa EMEI NelsonNelson Mandela.
Mandela. Abayomi
ficaram etão
e eles surgiam suaconhecidas
família,
a depender mas dacomoforam
situação oigualmente
ePríncipe importantes
da vontadeAfricanodo Azizi
Abayomi e sua
para mim eepara
Abayomi
coletivo.
de de
afeto,
família,
suatodas
afeto,
família,
mas
e todosentre entre
foram
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bonecos bonecos
igualmente
EMEI igualmente
Nelson Mandela. e e
gente gente
importantes
importantes
de
para mimFoi e para todas e da todos da EMEI Nelson Mandela. e da
para mimNum
Foi a
egente
apara gente
serviço
ano,
serviço
todas de
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da
ede
men men
professora
pluralidade,
dara.
pluralidade,
todos EMEI
ganhoura.da
da
Nelsonbrincadeira
uma Mandela.
figura
brincadeira e da
Crianças da Fundação Nelson Crianças da Fundação Nelson Mandela
Mandela imaginação
de afeto,Foique a escola
a serviço
elaborou umada foi invadida
pluralidade,
história de vida poremais da
cuidoude trinta
dela figuras
brincadeira e da
que vieram
Crianças
queCrianças
visitar a EMEI
da Fundação
da Fundação
vieram visitar
Nelson Nelson
Mandela
que vieram
Nelson Mandela.
a EMEI Nelson Mandela
a EMEI Nelson Mandela. imaginação que a escolaFoi
Mandela.
visitar
de afeto,
com suas
imaginação entre quebonecos
crianças.
foi
Erameasgente
a escola
Foi
foi
pelo
invadida
crianças pelo
de da
invadida
profundo
por
verdade. profundo
mais
Fundação
por mais
de
Sim, trinta
deporque
Nelson respe
respeito
figurastem
trinta figuras
degente
afeto, entre bonecos e gente de verdade. Sim, porque tem
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342337
337
337
Projeto Premiado
Radio “Tem Gato na Tuba”
Autora: Deise Regina Ferreira

JUSTIFICATIVA
Constatamos, durante o ano de 2009, a necessidade de garantir que a música ocupasse um lugar de destaque na rotina
e em alguns espaços escolares. Definimos ser necessário um maior investimento nesta área e concluímos que a informática
educativa poderia abarcar para si esta missão. Por meio dos recursos midiáticos que a escola possui, a elaboração de um
projeto específico, para povoar de sons os ambientes escolares, ganhou forma. Surgiu a ideia da construção de um “coreto”,
no parque da Escola, a ser gerenciado pelas crianças nos momentos de brincadeiras livres.
Acompanhando historicamente a idealização e construção dos Coretos, bem como o impacto que a revolução
tecnológica teve sobre seus objetivos iniciais, julgamos ser pertinente utilizá-lo como espaço para a introdução de um projeto
que atenda as Orientações Curriculares – Expectativas de Aprendizagem e Orientações Didáticas e o contido no livro As mídias
no universo infantil – um diálogo possível, ambos elaborados por SME.
Foram incorporados, a esta necessidade da escola, algumas práticas e objetivos do “Programa Nas Ondas Do Rádio”
que preconizam a utilização de algumas linguagens, considerando os meios de comunicação existentes, como forma eficaz
de divulgar e produzir conhecimentos à toda comunidade escolar. Somado à programação da rádio escolar, aparece o
projeto inicial denominado “Monitores Mirins”, cujo princípio básico é o fortalecimento do protagonismo infantil nas diversas
situações escolares. Desta forma, sedimentamos o foco central de nossa proposta pedagógica, qual seja; o de garantir a
participação efetiva da criança nos espaços de convivência criados pela escola, protagonizando ações criativas permeadas pela
responsabilidade, respeito e compromisso.
Os resultados obtidos durante o ano letivo de 2010 foram significativos e a decisão de torná-lo um projeto permanente
é resultado da discussão e desejo de todas(os) as(os) envolvidas(os).
II - OBJETIVOS
- Incrementar o processo criativo por meio da exploração e uso das tecnologias de informação e comunicação;
- Possibilitar o desenvolvimento da expressão comunicativa e criadora por meio do trabalho em equipe;
- Adquirir autonomia na utilização de diversas tecnologias disponíveis;
- Promover a divulgação dos projetos didáticos de cada grupo/classe, garantindo-lhes a integração necessária para seu
enriquecimento, utilizando-se das várias linguagens de comunicação;
- Contribuir para o desenvolvimento da expressividade por meio das linguagens verbal e midiática.
III - ARTICULAÇÃO COM O PROJETO PEDAGÓGICO
A EMEI Guia Lopes adotou a Pedagogia de Projetos para conduzir seus trabalhos tendo, como articuladores das ideias
infantis, os diversos ambientes de convivência criados para enriquecer as experiências de alunos e professores. Neste sentido
o coreto e as atividades planejadas para o espaço, servirão para divulgação dos conhecimentos adquiridos por cada grupo
classe. Entendemos que isto facilitará o intercâmbio entre os grupos, fundamental para a ampliação do repertório cultural de
nossas crianças.
IV- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O projeto “Rádio Tem Gato Na Tuba”, inspirado no Programa nas Ondas do Rádio da Secretaria Municipal de Educação,
envolverá todas as turmas do Infantil II dos dois turnos de funcionamento da escola e acontecerá uma vez por mês com a

343
transmissão, ao vivo, de um programa de rádio. Durante o horário regular de aula, cada grupo classe ficará responsável pela
elaboração e execução da programação do dia.
O Projeto Imprensa Jovem - a equipe é composta por repórteres, entrevistadores, pesquisadores e fotógrafos que tem
por objetivo divulgar as ações e eventos internos e externos à escola, formada por crianças do infantil I.
O Projeto Monitores Mirins envolve todas as crianças dos 3º estágios dos dois turnos de funcionamento da escola. Com
o objetivo de criar um ambiente cooperativo envolvendo todos os grupos, as ações da equipe de monitores mirins preveem o
auxílio às crianças de 1º e 2º estágios nas aulas iniciais de Informática Educativa, bem como a responsabilidade de representar
a escola nos eventos internos e externos. (comissão de recepção e acompanhamento)
V - DETALHAMENTO DAS FASES
OFICINA 1 - Formação de equipes de Trabalho da Rádio Tem Gato Na Tuba
- 1 operador de som – responsável pela colocação de cds com as vinhetas de cada bloco.
- 2 Repórteres da Rádio Tem Gato Na Tuba – gravam entrevistas com os ouvintes da rádio após a apresentação.
- Locutores – responsáveis pela divulgação das notícias do mês.
- Repórteres de campo – realizaram a entrevista, ao vivo, durante a programação de alguma personalidade escolhida pelo
grupo/classe.
- 2 Fotógrafos – registram todos os momentos durante a transmissão do programa. O material produzido será utilizado na
confecção de um mural.
- MCs Mirins – responsáveis pela recepção dos convidados.
- Músicos – responsáveis pela execução da música tema da rádio.
- Cantor(es) – responsáveis por cantar, no microfone, a música tema.
- Maestro/Maestrina - responsáveis pela banda da escola na abertura e fechamento do programa.
OFICINA 2 - Criação da programação fixa da rádio “Tem Gato na Tuba”
Reunião de Pauta (1 semana ou mais)
a) Definição das responsabilidades e funções – o professor recebe do POIE uma Planilha com todas as funções existentes na
rádio. Por meio de eleição, o(a) professor(a) deve registrar o nome dos responsáveis por cada atividade (fotógrafo, repórteres
etc.). O número de crianças para cada função poderá variar de grupo para grupo. Após o preenchimento, a planilha deverá ser
entregue a POIE Deise para os próximos passos.
b) Realização da pesquisa sobre as 5 músicas mais pedidas – o professor deve fazer a pesquisa com seu grupo de crianças
e, após a definição, passar os nomes das músicas ou dos cantores preferidos para a POIE DEISE que ficará responsável pela
devolução de planilhas para a pesquisa de campo.
c) Escolha do entrevistado – as crianças escolhem uma “personalidade” que queiram entrevistar. O(a) Professor(a)deverá
levantar com o grupo quais as perguntas que serão feitas e passá-las para a POIE.
d) Elaboração das notícias – fica sob responsabilidade da POIE a elaboração do texto com as imagens dos locutores escolhidos
para facilitar a leitura pelas crianças.
e) Ensaios – são responsáveis pelos ensaios a POIE e os professores parceiros de cada grupo/classe.
f) Fica sob responsabilidade do(a) professor(a), ensinar a música tema da rádio.
VI – Envolvimento da Família
As famílias serão convidadas a assistir a apresentação de seus filhos.
VII – Resultado
Transmissão Mensal da Rádio Tem Gato Na Tuba
Participação em eventos externos

344
Diretor de Escola por um dia
Autora: Cibele Araújo Racy Maria
Projeto Premiado
Diretor de Escola por um dia
Autora: Cibele Araujo Racy Maria

O projeto pretende criar um mecanismo de participação


efetiva da comunidade e da sociedade civil no cotidiano escolar
I - Jus�fica�va
possibilitando a experiência de acompanhar a rotina de trabalho
O projeto pretende criar um mecanismo de um Diretor de Escola
A Cons�tuição da Rede
Federal de Municipal de Ensino.a Trata-se,
1988 consagrou gestão
de par�cipação efe�va da comunidade e portanto de avançar em direção à conquista de
democrá�ca como princípio norteador das relações humanas uma gestão
da sociedade civil no co�diano escolar democrática,
estabelecidas nasconferindo-lhe transparência
escolas públicas e o espírito
e nos sistemas coletivo
de ensino,
possibilitando a experiência de mas nas tomadasque
sabemos de decisão.
uma ordem cons�tucional, por si, não é
acompanhar a ro�na de trabalho de um suficiente paraJustificativa
garan�r a mudança de paradigmas que
Diretor de Escola da Rede Municipal de habitam o Aco�diano
Constituição escolar
Federale de o caráter centralizador
1988 consagrou e
a gestão
Ensino. Trata-se, portanto de avançar em hierárquico em que
democrática comoessas relações
princípio acontecem.
norteador das relações humanas
direção à conquista de uma gestão Uma gestão
estabelecidas nasdemocrá�ca
escolas públicas se constrói com sucessivas
e nos sistemas de ensino,
democrá�ca, conferindo-lhe tenta�vas
mas sabemos que uma ordem constitucional, por si,entre
de aproximação e a construção de vínculos não aé
transparência e o espírito cole�vo nas comunidade
suficiente epara
os garantir
diversosa mudança
atores escolares. Dá-seque
de paradigmas dehabitam
forma
tomadas de decisão. grada�va e lenta
o cotidiano posto
escolar e o que se centralizador
caráter trata de um processo de
e hierárquico em
sedução em que múl�plos
que essas relações acontecem. interesses estão em jogo e
encontrar pontos de intersecção
Uma gestão democrática requer a corresponsabilidade
se constrói com sucessivas
de todos os envolvidos. Tanto na Lei de Diretrizes
tentativas de aproximação e a construção de vínculos e Basesentre
da
Educação Nacional como em ar�gos que versam
a comunidade e os diversos atores escolares. Dá-se de forma sobre a
consolidação
gradativa e dos
lentaprincípios
posto que sedemocrá�cos nas escolas,
trata de um processo de seduçãoo
Conselho
em quede é citadoestão
Escolainteresses
múltiplos como um einstrumento
em jogo de
encontrar pontos
par�cipação de caráter delibera�vo o que,
de intersecção requer a corresponsabilidade de todos os de fato, não
corresponde à realidade que vivemos. Suas atribuições são
envolvidos. Tanto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
rigorosamente descritas, e a descon�nuidade de polí�cas
Nacional como em artigos que versam sobre a consolidação
públicas exercem um papel fundamental no nível de
dos princípios democráticos nas escolas, o Conselho de Escola
autonomia a ele conferido. Sucessivas administrações
é citado como um instrumento de participação de caráter
intercalam diferentes conotações polí�cas a sua atuação.
deliberativo o que, de fato, não corresponde à realidade que
Historicamente, as reuniões do Conselho de Escola
vivemos. Suas atribuições são rigorosamente descritas, e
não gozam de pres�gio junto às famílias e não contemplam,
a descontinuidade de políticas públicas exercem um papel
na educação infan�l, a par�cipação efe�va das crianças posto
fundamental no nível de autonomia a ele conferido. Sucessivas
que suas pautas de discussão, na maioria das vezes, servem
administrações
apenas para legi�mar intercalam
o que diferentes conotações
está legi�mado pelo político-
poder
partidárias
público. a sua atuação.
Historicamente,
A cultura as reuniões ainda
escolar autocêntrica, do Conselho
mergulhadade Escola
em
não gozam de prestígio junto às famílias
sua própria finitude, desconhece sua comunidade, suas e não contemplam, na
educação
histórias infantil, a participação
e expecta�vas efetiva das
e está distante decrianças posto que
reconhecer os
suas pautas de discussão, na maioria das vezes,
diferentes saberes que poderiam convergir para a resolução servem apenas
para legitimar
de problemas o que estápara
e contribuir legitimado
qualidade pelosocial
poderda público.
educação.

345

340
A cultura escolar autocêntrica, ainda mergulhada em sua própria finitude, desconhece sua comunidade, suas histórias
e expectativas e está distante de reconhecer os diferentes saberes que poderiam convergir para a resolução de problemas e
contribuir para qualidade social da educação.
Refletindo sobre a ideia de que para a participação o único aspecto a ser levado em consideração seja o da competência
técnica, compreendo que a formação desta só é possível quando se cria uma forma sistemática e político-pedagógica do
exercício de participar.
Como proposta de solução para o distanciamento histórico entre a legislação e a realidade, compreendemos que a
consolidação de uma gestão democrática para além de ser um objetivo, é um processo em constante construção e, nesse
sentido, já demos os primeiros passos quando asseguramos a realização de Assembleias Infantis e a Escola de Pais.
Valendo-nos da prerrogativa de autonomia da escola na construção de seu Projeto Político-Pedagógico, surge a
necessidade de exercitar ainda mais a capacidade de escuta e acolhimento à pluralidade de ideias e concepções por meio de
um projeto que coloque crianças, pais e novos atores em contato direto com a Direção Escolar.
O Projeto Político-Pedagógico da EMEI Nelson Mandela deixa claros os objetivos da construção de práticas que
considerem a importância do trabalho coletivo, da convivência respeitosa com a diversidade biológica e cultural para formação
de pessoas que se comprometam com o que é público, portanto, de todos.
O projeto “Diretor de Escola por um dia” pretende estimular o protagonismo de seus diferentes atores por meio de
uma ação política consciente e, portanto, capaz de transformar a realidade.
Acompanhar um dia de trabalho do Diretor de Escola pode subsidiar o coletivo escolar e a comunidade local a participar
efetivamente das tomadas de decisão no espaço escolar e fora dele, apurando o senso crítico, estimulando o surgimento de
novas propostas e formas democráticas de participação, compreendendo-a como um direito humano a ser conquistado.
Moacir Gadotti em seu artigo - Gestão Democrática com Participação Popular no Planejamento e na Organização da
Educação Nacional, diz:
“O princípio da gestão democrática não deve ser entendido apenas como prática participativa e descentralização do
poder, mas como radicalização da democracia, como uma estratégia de superação do autoritarismo, do patrimonialismo, do
individualismo e das desigualdades sociais. Desigualdades educacionais produzem desigualdades sociais”.
Nesse sentido, o projeto atende aos pilares da nossa proposta pedagógica que versam sobre a concepção de educação
e a importância do protagonismo infantil, a relação entre escola e família, o combate ao racismo, ao preconceito e a qualquer
tipo de discriminação, bem como a missão de oferecer serviços educacionais de excelência à comunidade.
II - Objetivo Geral:
Criar condições e um espaço de escuta atenta às diferentes vozes que compõe o universo escolar e a comunidade local
como forma de democratizar as relações humanas e a gestão escolar
III - Objetivos Específicos:
- Legitimar a participação cidadã dos diferentes atores nas tomadas de decisão no âmbito escolar;
- Envolver os diferentes segmentos da sociedade em questões fundamentais para a atingirmos a qualidade social da educação;
- Exercitar a autonomia do pensar e agir de crianças, funcionários, famílias e comunidade local;
- Ampliar o repertório de propostas de solução aos problemas do cotidiano escolar;
- Incorporar projetos e ações que estejam em consonância com o que prevê nossa proposta pedagógica;
- Conquistar parcerias junto à sociedade civil que viabilizem a consolidação de uma escola pública de e para todos;
- Transformar o espaço escolar em um ponto de cultura e lazer para os cidadãos do Bairro do Limão;
- Desconstruir o autoritarismo que reveste a função social, político e pedagógica do Diretor Escolar.

346
IV - Dinâmica Geral do Projeto:
A cada mês um ou mais representantes do coletivo escolar ou da comunidade local é convidado a acompanhar um dia
de trabalho do Diretor da EMEI Guia Lopes, registrando suas atividades de rotina com o objetivo de compartilhar, ao final, quais
as suas impressões sobre a atuação da direção, propondo medidas que visem agilizar procedimentos, descentralizar ações, a
solucionar problemas, e outras sugestões que possam dinamizar os processos de trabalho e garantir o caráter democrático e
participativo da e na gestão escolar.
Durante a experiência, o papel de Diretor é revezado, propondo ao convidado que assuma determinadas tomadas de
decisão.
Ao final de cada dia é feito um relatório avaliativo e propositivo da experiência vivida no qual deve constar as situações
observadas e as propostas de encaminhamento.
A cada representante que participar, corresponde uma reunião de divulgação dos resultados para os demais membros
da equipe escolar, quando for o caso.
As atribuições dos ocupantes do cargo de Diretor de Escola por um dia são comuns a todos os representantes,
independentemente do segmento que represente. Entre elas estão:
- Auxiliar o diretor de Escola na tomada de decisão sobre assuntos de rotina;
- Assumir o papel de interlocutor entre os problemas do grupo que representa e a gestão escolar;
- Propor sugestões que visem a melhoria da qualidade da educação, a saber: em relação aos tempos e espaços, às relações
interpessoais (professor-aluno, aluno-aluno, aluno-diretor) e aos processos de trabalho;
- Assumir a resolução de conflitos durante sua gestão;
- Elaborar um relatório de observação e experiência a ser compartilhado com o coletivo escolar|comunidade local.
Para definir as etapas de implementação do projeto, optei por iniciá-lo com as equipes internas da escola para,
depois, abrir para a participação de outros munícipes, tais como: representantes do Conselho Tutelar, representantes dos
órgãos públicos da região ligados à Saúde, Cultura e Educação, líderes comunitários, comerciantes locais, organizações não
governamentais e autoridades públicas.

V - Etapa de Sensibilização
Fevereiro
Público Alvo: Alunos, Funcionários e Familiares
Nesta fase mobilizaremos o coletivo escolar para a divulgação do projeto “Diretor de Escola por um dia” e seus
objetivos, por meio de uma dinâmica que problematizará algumas situações vividas durante o ano de 2015, confrontando as
soluções propostas pelo novo grupo e as tomadas de decisão que foram assumidas, à época, para avaliação.
O objetivo deste encontro será o de observar a disponibilidade e o interesse de participação, bem como abrir inscrições
aos interessados que representem cada equipe escolar.

VI – Cronograma de Implementação
Fase 1 – Março
Público Alvo: Crianças Matriculadas de 4 a 5 anos
Considerando a especificidade deste grupo de participantes a dinâmica será diferenciada dos demais públicos.
Cada aluno, além de acompanhar por um dia as atividades do Diretor de Escola, recebe uma identificação por quinze
dias que lhe confere a responsabilidade de ser o representante da gestão escolar no turno em que está matriculado.
Os professores são responsáveis em registrar a atuação e as iniciativas do “diretor”.

347
Após os quinze dias, haverá uma reunião para análise dos registros com a direção.
Fase 2 – Maio
Dar atendimento à lista de inscrição dos adultos da escola e dar-lhes posse no cargo, além de convidar familiares para
participar.
VII – Tabulação e Análise de Resultados
Após a realização de todas as reuniões setoriais e análise dos registros, elaborar um plano de ação para análise coletiva
de novos direcionamentos que serão incorporados ao Projeto Político Pedagógico com a devida aprovação do Conselho de
Escola e da Associação de Pais e Mestres.
VIII - Resultados esperados
Que a escola construa coletivamente sua autonomia, constituindo-se como espaço público e político capaz de
transformar a realidade, de tal forma que os processos democráticos vivenciados em seu interior, transponham
seus muros e
integrem-se às
ações da comunidade local.

348
Projeto finalista
SAMBA, SAMBA, SAMBA Ô LELÊ!
Autora: Marina Basques Masella

EMEI Nelson Mandela O trabalho aqui relatado aconteceu durante o primeiro semestre de 2018 na EMEI Nelson
Mandela, localizada no bairro do Limão, zona norte de São Paulo, em uma turma multietária composta por crianças de 4, 5
e 6 anos e uma vez por semana dentro do território de aprendizagem nomeado pela escola de cultura corporal. O público
atendido pela instituição é formado por sujeitos advindos de diferentes camadas sociais, podendo afirmar que uma parcela é
caracterizada por maiores dificuldade no acesso aos serviços públicos, enquanto outra parte apresenta melhores condições
de acesso até mesmo aos serviços vinculados a instituições particulares da região.
A escola pertence ao programa do município de São Paulo intitulado “Escola de tempo Integral”, atendendo as crianças
das 8 às 16 horas, sendo que cada turma possui uma professora que atua das 8 às 12 horas e outra das 12 às 16 horas. Atenta
ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da unidade escolar, considerando o tema do Projeto Especial de Ação (PEA), que no ano
vigente está se dedicando ao estudo de práticas promotoras para a equidade racial e de gênero e permeada pelos princípios
e procedimentos didáticos do Currículo Cultural da Educação Física, elegi como tema de estudo o samba. Essa escolha se deu
após identificar que a EMEI está localizada entre três importantes escolas de samba da região: Mocidade Alegre, Rosas de Ouro
e Império da Casa Verde, espaços muito frequentados pelas famílias e crianças aos finais de semana e período de férias. Com
base nesse cenário, realizei um mapeamento acerca dos conhecimentos referentes a essa prática corporal que circulavam
entre as crianças, perguntando a elas o que sabiam sobre o samba e em que locais podemos sambar.
A primeira criança a falar disse: “Eu sei sambar”, seguida por muitas outras que disseram: “Eu também”. Um menino
afirmou: “As mulheres só vestem pouca roupa”, fala que foi complementada por uma menina que disse: “É verdade, tem uma
fantasia mais maior pro homem”. Outra menina disse que para sambar “tem que arrumar o cabelo, se maquiar... mas a mulher
só! Não o homem”, fala que foi contestada por um menino que rebateu dizendo que “homem pode maquiar também se
quiser”. Em seguida, as crianças começaram a nomear diversos instrumentos musicais que faziam parte do samba, dentre eles,
destacaram o pandeiro, o violão, o tambor e o chocalho. Sobre os locais em que podemos sambar, apareceram as falas “na
escola de samba”, “na rua” e “eles tocam no meu prédio”. No final da conversa, uma criança disse: “Eu conheço a música que
fala samba, samba, samba o lelê” e as demais disseram que também sabiam e todas elas começaram a cantar vários trechos
dessa música fazendo gestos diversos.
Em seguida, propus uma vivência a fim de continuar mapeando os significados que as crianças atribuíam a essa prática
corporal. Para isso, utilizei uma playlist do aplicativo Spotify intitulada “Samba de raiz”, uma caixa de som e as crianças dançaram
durante certo tempo. Deste modo, o trabalho teve como objetivos ampliar e aprofundar os conhecimentos que as crianças já
possuíam sobre o samba, desvelando as gestualidades presentes nessa prática corporal e identificando as narrativas vinculadas
a ela que perpetuam estereótipos de gênero, raça e etnia. Por não possuir muita experiência com a prática corporal escolhida,
procurei aprofundar os meus próprios conhecimentos sobre o samba. Para isso, adquiri dois livros após pesquisa realizada na
internet, intitulados “Uma história do Samba – as origens” de Lira Neto e “Dicionário da história social do Samba” de Nei Lopes
e Luiz Antonio Simas. Além disso, assisti diversos vídeos na internet e conversei com amigos e amigas que frequentam escolas
e rodas de samba de diferentes configurações e em distintas localidades na cidade de São Paulo.
Os dois livros adquiridos foram importantes para que pudesse conhecer mais sobre a história do samba, além de
possuírem imagens que foram muito úteis nos momentos com as crianças. Com base em nesses suportes de pesquisa, elaborei
uma contação de histórias para as crianças procurando construir com elas o percurso e a história do samba no Brasil. Fomos

349
para o gramado da escola, fizemos uma roda e lá utilizando mapas, tecidos, fantoches e brinquedos como recursos, narrei sobre
a condição da chegada dos negros africanos no Brasil, a origem do samba na Bahia pela mistura dos ritmos musicais, o samba
de umbigada, a migração de parcela dessa população para o Rio de Janeiro se desenvolvendo o samba carioca em um espaço
chamado por eles de “Pequena África”, os primeiros instrumentos musicais e a figura de Tia Ciata. As crianças participaram
ativamente dessa contação, com falas e contribuições como: “Eu já fui na Bahia, minha vó mora lá”, “O ano passado a gente
apresentou um samba da Bahia na festa, lembra?”, “Minha vó mora no Rio de Janeiro, mas ela não sabe sambar”, “Eles sentiam
saudades da África e se juntavam pra fazer festa, cantar, dançar, comer...”.
Vale ressaltar que a escola possui um projeto político e pedagógico voltado para a lei 10.639/03, que torna obrigatório o
trabalho com as relações étnico-raciais e a história da cultura africana e afro-brasileira na escola desde a Educação Infantil e que
as crianças, principalmente as mais velhas da turma, já estavam familiarizadas com a discussão de alguns assuntos abordados
por essa contação de história. Quando comentei sobre alguns instrumentos musicais que compõem as músicas de samba
como o ganzá e o reco-reco, muitas crianças disseram não os conhecer. Então, perguntei para a Coordenadora Pedagógica da
escola se ela poderia trazer esses instrumentos para que eu mostrasse as crianças, uma vez que ela é instrumentista em um
grupo de Maracatu e sabia que poderia me ajudar. Assim ela fez e propus uma vivência em que as crianças puderam tocá-los
e descobrir o som que produziam.
Desejosa de que as crianças acessassem outros discursos e fontes diferentes das já recorridas até então, por contatos
que fiz nas redes sociais, consegui que o Kleber, um sambista que integra o grupo amador Descontrole, fosse até a escola
conversar com a turma da sua relação com o samba. As crianças ficaram muito empolgadas com a ideia e elaboramos algumas
perguntas para fazer a ele, dentre elas: Como você conheceu o samba? Quais instrumentos você sabe tocar? Você dança
também? Do que você brincava quando era criança? No dia da visita, Kleber retomou com as crianças alguns aspectos da
história do samba e contou a elas sua história de vida. Disse que desde criança tocava samba com seus familiares, que já
desfilou em diversas escolas de samba da cidade de São Paulo, explicou um pouco como elas funcionam, contou que sabe
tocar 10 instrumentos musicais e que atualmente faz shows em bares, festas, restaurantes e demais estabelecimentos com a
sua banda. Ele também levou seu cavaquinho, explicou um pouco sobre esse instrumento e propôs que fizéssemos uma roda
de samba. As crianças dançaram, cantaram trechos de sambas que ele ensinou, perguntaram sobre as roupas que ele fazia os
shows, quantas tatuagens ele tinha, pediram para segurar seu cavaquinho e para cantar “Samba, samba, samba o lelê”.
Procurando aprofundar os conhecimentos sobre a prática corporal estudada e problematizar algumas questões
levantadas pelas crianças, utilizei a sala multimídia da escola para projetar algumas imagens e conversarmos. Levei imagens
de passistas de escola de samba, de homens e mulheres se arrumando para o desfile, de grupos de samba compostos apenas
por mulheres, grupos compostos por homens e mulheres e de sambas de roda do recôncavo baiano. Em cada uma delas,
parávamos para conversar sobre nossas impressões. Novamente foi levantada a questão da passista estar com pouca roupa e
perguntei para as crianças se elas viam algum problema nesse fato. Uma menina falou: “Quando a gente vai na praia, também
usa roupas parecidas com elas, só que sem o brilho e a maquiagem”, fala que foi complementada por outra menina que
disse: “Igual quando tá calor e a gente tira a blusa no parque”. Conversamos então sobre a importância de sempre respeitar o
corpo da outra pessoa, esteja ela com muita ou com pouca roupa. Falamos também que os desfiles das escolas de samba ou
as diversas rodas de samba existentes são momentos de festa, de celebração e que as pessoas se arrumam, se vestem e se
maquiam de diferentes formas para esse momento e o importante era a pessoa se sentir bem com o jeito que está vestida ou
maquiada, seja homem ou mulher.
Algumas semanas depois, a escola recebeu o convite para assistir gratuitamente a peça “Bento Batuca”, em cartaz
por apenas dois finais de semana no Teatro Jaraguá. Fiquei muito empolgada quando tive contato com a sinopse da peça, uma
vez que seu texto narra a história de Bento, um menino que batuca em tudo e em qualquer lugar desde que nasceu e que ao
receber uma notícia que vira a sua vida de ponta-cabeça, parte em uma viagem a procura da batida do seu coração, passando

350
pela Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro e mergulhando na Capoeira, no Frevo, no Maculelê e no Samba, reencontrando suas
origens. A ida até a peça era mais uma oportunidade de ampliação dos nossos conhecimentos e foi pauta de uma das reuniões
do Conselho de Escola. Após a aprovação, lá fomos nós! As crianças aproveitaram muito o espetáculo e quando o personagem
Bento estava mergulhando na história samba, apareceu a personagem da Tia Ciata e nesse momento vi muitas cabecinhas
virando em minha direção e dizendo: “É a Tia Ciata, prô! É a Tia Ciata!”. As crianças que foram ao teatro receberam a tarefa de
contar para as que não puderam ir um pouco sobre a história e as sensações que tiveram. A peça tinha uma banda ao vivo e as
crianças falaram sobre os instrumentos, as características dos personagens e a viagem realizada por Bento, citando a Tia Ciata
e as roupas que estava vestida. Aproveitei esse momento para contar as crianças que por algum tempo as práticas corporais
retratadas pela peça eram proibidas, que as pessoas que as praticavam tinham que fazer isso escondidas e questionei se elas
sabiam o porquê desse cenário. Um menino disse: “Acho que tinham pessoas que não gostavam do barulho que eles faziam”.
Provoquei perguntando se isso era motivo o suficiente para que eles fossem proibidos de dançar e grande parte das crianças
disseram que não. Foi então que uma menina falou: “Acho que já sei, prô! Era porque eles eram negros né? As pessoas que
dançavam? Aí teve um apartheid igual o do Nelson Mandela na África do Sul!”. As crianças estavam estudando a vida de
Nelson Mandela nesse período e o apartheid era pauta de nossas investigações, possibilitando essa associação. Conversamos
então que apesar de isso ter acontecido há muito tempo, até hoje os negros sofrem racismo e muitas das suas práticas são
tratadas com preconceito. No ano de 2017, as crianças tiveram algumas oficinas de capoeira e samba de umbigada e em vários
momentos de nossas vivências comentavam sobre isso.
Decidi então adentrar nessa modalidade para contemplar a fala das crianças que já estudavam na escola o ano passado
e também as crianças novas. Para isso, fomos até a sala multimídia novamente para assistir dois vídeos: uma entrevista com
uma mulher negra contando brevemente sobre a história e alguns aspectos do samba de umbigada do recôncavo baiano
e outro que mostrava homens e mulheres em uma roda de samba. Pedi para que as crianças que já estudavam na escola
explicarem para as demais o que já sabiam sobre o samba de umbigada e elas fizeram uma pequena demonstração, executando
o movimento da umbigada e dizendo para que ele servia. Após esse momento, fomos para a vivência. A escola possui cerca de
20 saias modelo três Marias que usamos nos eventos culturais e apresentações das crianças e alguns instrumentos musicais
a disposição das professoras. Utilizamos esses materiais e também a caixa de som com o álbum “O Recôncavo Baiano em
Samba de Roda”, do grupo Filhos de Nagô e combinei com a turma que como não havia saias e instrumentos em número
suficiente para todos, iríamos revezar. Na primeira vivência, todas as meninas optaram pela saia e os meninos disputaram
o tempo todo os instrumentos, uma vez que não tinham muitos e alguns ficaram sem. Em uma segunda vivência, fizemos o
mesmo combinado de revezar as saias e instrumentos e reiterei novamente que meninos e meninas poderiam optar por vestir
ou tocar o que desejassem. Dessa vez, um menino quis experimentar a saia, fez alguns giros com ela, mas logo foi escolher
um instrumento. Algumas meninas não quiseram colocar a saia e optaram apenas pelos instrumentos e outras usaram saias e
tocaram instrumentos ao mesmo tempo, criando o nosso próprio jeito de sambar.
Foi interessante perceber que na segunda vivência os meninos também quiseram dançar e estar junto com as meninas,
o que não aconteceu da primeira vez, em que apenas se sentaram todos juntos no chão e ficaram tocando os instrumentos
sem demonstrar interesse por dançar e estarem com elas. Realizamos um registro dessas vivências no portfólio individual
das crianças (caderno grande de desenho fornecido pelo kit de materiais da prefeitura) e as crianças desenharam as saias
ressaltando suas estampas, desenharam e meninos e meninas dançando e usando instrumentos e o gesto da umbigada.
Durante todo o trabalho, as fotografias e os vídeos também foram formas de registro, que nos auxiliaram a desenhar todo o
percurso vivido e a planejar as próximas ações didáticas que faríamos.
Conversando com a Diretora da escola sobre o estudo que estávamos realizando, ela me contou que a avó de uma
menina de outra turma era participante ativa da escola de samba Rosas de Ouro e poderia ser uma ótima oportunidade de
levarmos as crianças até lá. Eu pirei com a ideia e as crianças mais ainda! Conversamos com ela, com a perueira da escola que

351
se dispôs a levar as crianças sem nenhum custo e lá fomos nós conhecer mais sobre as escolas de samba, em especial a Rosas
de Ouro. Fomos até a sala multimídia e vimos uma imagem de satélite do Bairro do Limão, localizando a nossa escola e a quadra
da Rosas de Ouro. Vimos um vídeo que mostrava sua bandeira explicando seu significado, um ensaio acontecendo na quadra
da escola e imagens de um desfile no sambódromo em que analisamos a comissão de frente, o abre-alas e a porta-bandeira, os
carros alegóricos, a rainha da bateria, a bateria e o samba-enredo da escola. Até agora, a visita ainda não aconteceu, pois não
conseguimos uma data e um horário que fosse possível a escola nos receber. Porém, nos garantiram que no início do semestre
que vem a visita acontecerá e espero acrescentar mais algumas linhas nesse relato muito em breve.
Olhando para o percurso traçado com as crianças até aqui durante essa tematização, observo que participamos
de diversas situações didáticas de problematização, ampliação, aprofundamento, mapeamento, registro e avaliação
dos conhecimentos e significados referentes ao samba e aos seus praticantes. Noto que as nossas discussões e vivências
extrapolaram o período que nos dedicamos a esse estudo, uma vez que as crianças se juntam para fazer rodas de samba no
parque, pegam o lixo da sala e materiais não estruturados para batucar e sempre pedem para eu colocar músicas de samba no
meu celular. Outro efeito muito interessante que observei recentemente foi durante a copa do mundo, em que vários meninos
quiseram fazer maquiagem do Brasil no rosto e até mesmo passaram batom verde. Acredito que tudo o que vivemos durante
o estudo do samba contribuiu para aprofundarmos nossos conhecimentos sobre essa prática e ampliar os significados que já
tínhamos sobre ela, tocando em diversas questões que dão sentido ao PPP da escola e o tornam vivo, legitimando a luta de
cada professora e membro da equipe EMEI Nelson Mandela
por uma sociedade
menos desigual.

352
Projeto Premiado
Da sua história para a minha: conhecendo o outro para conhecer a mim mesma/o (Musas Brasileiras)
Autoras: Alice Gomes Signorelli, Ana Cristina Silva Godoy, Carolina Gitahy Hamburger e Priscilla de Lima Rocha

Há oito anos o Projeto Político Pedagógico da EMEI Nelson Mandela tem como um dos focos o trabalho com as
relações étnico-raciais na Educação Infantil. Esse trabalho teve início em 2011 com o estudo da lei 10.639/03 que prevê o
ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras nas escolas.
A história do Brasil, tal como narrada até os dias de hoje, apagou traços fundamentais da luta das pessoas negras no
Brasil e suas contribuições para formação das áreas cultural, social, econômica e política nacionais. Ao longo dos anos, a cultura
negra foi sendo discriminada, marginalizada e até criminalizada.
Entendemos que o Brasil padece de um racismo estrutural que afeta as pessoas de diversas formas desde a primeira
infância. Tanto na mídia como nas escolas, a maneira como as figuras negras são apresentadas e representadas pode determinar
com que aspectos as crianças vão construir suas identidades e referências. Consideramos ser dever da escola recontar essa
história e garantir a representatividade valorizando a negritude e desconstruindo estereótipos.
Ademais, não é raro observar atitudes discriminatórias entre as próprias crianças. Diante dessas situações, se faz
necessário um trabalho pedagógico de problematização junto a elas e de efetuação de ações afirmativas em prol da valorização
e respeito à diversidade.
Além das relações étnico-raciais, também optamos por trabalhar com questões de gênero. Acreditamos que na
sociedade existem padrões que pré-determinam o que as meninas e meninos podem e/ou devem fazer. Esses padrões acabam
por limitar a gama de experiências que elas podem viver e os conhecimentos que podem construir. Também as colocam diante
de expectativas e julgamentos muitas vezes nocivos ao seu bem-estar e processo de aprendizagem. Além disso, historicamente
muito da contribuição das mulheres nas diversas áreas foram apagadas. Acreditamos que nos cabe também resgatá-las.
Diante dessas concepções, consideramos que o projeto “Da sua história para a minha: conhecendo o outro para
conhecer a mim mesmo/a” de 2019 é importante, porque trabalha a representatividade e a autoestima de todas as crianças;
contribui para a criação de um ambiente de respeito que garanta o direito de todas as crianças a uma infância repleta de
experiências e aprendizados significativos; proporciona vivências que enriquecem seu repertório, trazem diversas referências
e proporcionam aprendizados em diversas linguagens e áreas do conhecimento

OBJETIVOS
- Promover a valorização da diversidade;
- Contribuir para a luta contra o racismo;
- Difundir e valorizar aspectos da cultura afro-brasileira;
- Impactar positivamente a comunidade em relação à cultura afro-brasileira;
- Colocar em prática a Lei 10.639/03;
- Contribuir para a desconstrução de estereótipos de raça e gênero;
- Garantir o direito das crianças às múltiplas experiências;
- Contribuir para a construção das identidades das crianças com base em referências positivas;
Valorizar a autoestima das crianças;
- Proporcionar a construção de conhecimentos e saberes nas diversas linguagens e áreas do conhecimento.

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METODOLOGIA
O foco da nossa metodologia gira em torno das Figuras de Afeto: bonecos que servem como estratégia lúdica para que
diversos assuntos possam ser trabalhos com as crianças de maneira simbólica e palpável.
Esses bonecos levam o nome de Família Abayomi que é composta pelo casal Azizi e Sofia e seus filhos Dayó e Henrique,
cada um/a com tons de pele e características próprias, representando a diversidade.
Por meio de narrativas criadas com esses personagens, provocadores são disparados para as crianças com cartas e
outros instrumentos, por exemplo: esse ano, quando as crianças voltaram das férias contamos que a Família Abayomi havia
viajado e quando voltaram, trouxeram presentes para cada turma que dispararam os temais iniciais dos projetos.
Além da Família Abayomi, utilizamos outros recursos metodológicos, são eles:
Planejamento Coletivo: O planejamento coletivo se inicia ao final de cada ano letivo, quando o grupo de professoras e equipe
gestora elaboram a Linha de Referência do projeto, que traça quais serão os temas tratados ao longo do ano. A seleção desses
temas é resultado da observação e avaliação das professoras frente às questões que as crianças trazem no decorrer do ano; a
opinião das famílias e o que a equipe pedagógica acredita ser importante de ser trabalhada.
Linha de Referência: A Linha de Referência organiza, em um primeiro momento, cada etapa do projeto. Colocamos na linha
o que pretendemos trabalhar em cada mês. No entanto, quando damos início ao projeto, essa mesma linha é desmembrada
dando lugar a Teia de Conhecimento.
Teia de conhecimento: A Teia de Conhecimentos é construída no decorrer do ano, os temas iniciais elaborados pela Linha de
Referência, são posicionados de forma a poderem se relacionar. Dessa maneira, os conhecimentos podem ser enriquecidos
com diversas ligações e intersecções, formando uma espécie de teia de aranha. A Teia garante que os projetos de cada turma
sigam caminhos diferentes.
Planejamento Semanal Coletivo: A partir da Teia de Conhecimentos, as professoras realizam o seu Planejamento Semanal em
grupo, em um horário fixo de JEIF. O objetivo de se realizar um planejamento que seja coletivo é a troca entre as professoras,
que contribuem e promovem práticas de compartilhamento entre as turmas, visto que cada grupo percorre um caminho
particular dentro do mesmo projeto.
Trocas de saberes entre as turmas: No decorrer do projeto, ocorrem diversas trocas entre os grupos, nas quais podem
ser utilizadas diferentes linguagens, como cartazes, músicas, experiências, pesquisas, contações de histórias e exposições
de trabalhos. Além dessas trocas cotidianas, realizamos também os Seminários Infantis, nos quais cada turma apresenta ao
restante da escola algo significativo que aprendeu durante o projeto. Diferentemente das trocas cotidianas, esse é um evento
que acontece semestralmente para o qual todas as turmas se planejam e organizam.
Pesquisas: Na rua, na internet, em livros e com as famílias: Como uma forma de valorizar a busca pelo conhecimento, em
alguns momentos do projeto realizamos diversas formas de pesquisas no entorno da escola, nos computadores e enviadas
para serem realizadas em casa. Esta é uma forma de promover a autonomia das crianças, incentivando a pesquisa, envolvendo
a comunidade e as famílias.
Convidados/as: Em alguns momentos é pertinente trazer convidados/as para falar sobre temas relacionados ao projeto com
as crianças. Podem ser especialistas de diversas áreas, familiares e responsáveis pelas crianças, educadores/as da escola.
Rodas de Conversa: As rodas de conversa acontecem quando a professora deseja saber o que as crianças pensam sobre algum
assunto ou quando traz novos dados sobre um assunto já tratado. Nesta proposta, a professora ouve as crianças e anota as
suas falas, pois estas podem determinar os próximos passos do projeto.

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Vídeos: Exibição de vídeos relacionados aos temas trabalhados com objetivo de ilustrar, repertoriar ou promover alguma
provocação.
Festa: A nossa festa é baseada nos temas dos projetos da Unidade, sendo assim toda a sua ambientação é relacionada a eles.
Esse momento também serve como um disparador para os próximos passos do projeto.
CRONOGRAMA
1.fevereiro - reparação da escola para a chegada da Família Abayomi.
2. março e abril - Estudo da biografia das musas de cada turma.
3. maio e junho - Desdobramentos que dependem do caminho que cada turma seguiu, que tem como referência temas
colocados na Linha de Referência, como a melanina, a diversidade cultural, religiões, identidade, diversidades e outros que são
agregados conforme interesse das crianças.
4. julho - Recesso
5. agosto - Preparação para a festa, a festa e os desdobramentos desse momento.
6. setembro e outubro - Biografia das crianças
7. novembro e dezembro - Valores e práticas que queremos deixar no mundo relacionados ao respeito e a diversidade.
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
No final de 2018, cada turma homenageou uma mulher negra de grande importância para a cultura brasileira. Em
2019, decidimos batizar cada turma com o nome dessas musas.
Ao fim de cada ano, as figuras de afeto, realizam uma viagem. Este movimento é proposital, pois o seu retorno garante
o início do projeto do ano seguinte, visto que é de costume que eles tragam presentes que dão pistas a cada grupo do tema
que será trabalhado.
Este ano em seu retorno, a Família Abayomi trouxe um presente para cada grupo, relacionado à vida daquelas musas
citadas anteriormente, o que disparou as pesquisas sobre a biografia de cada uma delas, dando início ao percurso particular
de cada grupo.
Turma Clementina de Jesus - Professora Carolina Hamburger
A turma Clementina de Jesus ganhou da Família Abayomi um lenço branco e um tambor com uma etiqueta dourada
que dizia “Rainha Quelé”. Nos perguntamos: quem será Rainha Quelé? Antes de ir atrás dessa informação, fizemos um
levantamento de como são e o que fazem as rainhas. As crianças fizeram colocações a partir de seus referenciais. Em seguida
foi proposto um jogo: o Jogo das Rainhas. Cada criança tirou um cartão com a imagem de uma rainha diferente. O objetivo
dessa atividade foi que as crianças entendessem que existem e existiram muitas rainhas diferentes e que nem todas atendem
aos estereótipos evidenciados pelas crianças.
Foram apresentadas rainhas de manifestações culturais como a congada, o maracatu e as escolas de samba, rainhas
do samba e do pop, rainhas guerreiras quilombolas que lutaram pelo seu povo, rainhas europeias, rainhas africanas, rainhas
asiáticas, negras, brancas, jovens, idosas. Compusemos um cartaz com essas rainhas e depois confeccionamos um Jogo da
Memória das Rainhas para somar a nossa Ludoteca.
Em seguida, fizemos uma pesquisa na internet e descobrimos que a Rainha Quelé é a Clementina de Jesus. Ao pesquisar
sobre a vida de Clementina de Jesus, descobrimos que ela gravou músicas que ouvia sua mãe cantando enquanto lavava roupa
no rio quando era criança. Fizemos uma atividade na qual as crianças deveriam desenhar uma música de valor afetivo para
elas e foi mandada para casa uma entrevista para as famílias perguntando sobre músicas de suas infâncias. As famílias foram
convidadas para ir à escola cantar e contar para a turma sobre essas músicas. Criamos um repertório de músicas afetivas que

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ouvimos em diversos momentos da rotina. A aproximação da história da Clementina com a vida das crianças foi importante
para que se tornasse mais palpável e significativa.
Quando ouvimos uma das músicas que Clementina aprendeu de sua mãe, “Canto II” do álbum “Canto de Escravos”,
ouvimos uma palavra que as crianças imediatamente reconheceram: Quilombo. Como no jogo das rainhas as crianças
conheceram três rainhas quilombolas, elas já estavam familiarizadas com a palavra, porém não conheciam seu significado.
Decidimos então ir até a sala da Turma Dandara – rainha quilombola – para que nos explicassem o que era um quilombo.
Antes do nosso encontro com a Turma Dandara, descobrimos também que seus avós vieram da África, da região da
Guiné. Questionei: por que eles vieram da África? As crianças levantaram suas hipóteses.
No dia do encontro, a Turma Dandara nos contou a história das africanas e dos africanos que foram trazidos para o
Brasil para trabalhar escravizados. Contou que foram presos, mas que como eram muito inteligentes e lutavam pela liberdade,
muitos conseguiam fugir e construíam quilombos para se refugiar e se organizar. A troca de conhecimento entre as crianças foi
riquíssima. Nesse momento, tivemos a oportunidade de recontar a história negra.
Nesse encontro, nossas duas questões foram respondidas: o que é um quilombo e por que os avós de Clementina
vieram para o Brasil. A teia de conhecimento vai se tecendo conforme as histórias vão se relacionando.
Outra questão surgiu em seguida: o que os avós da Clementina, e outras africanas e africanos, trouxeram consigo para
o Brasil?
As crianças tiveram a ideia de perguntar para a família Abayomi. Então, escrevemos uma carta. A Família Abayomi
logo nos respondeu. Nos contou que as africanas e africanos, na época da escravidão, trouxeram consigo para o Brasil sua
cultura e sabedoria. O que será cultura e conhecimento? As crianças novamente levantaram suas hipóteses. Depois, buscamos
no dicionário. E mais uma vez, a Família Abayomi nos ajudou. Nos mandou imagens para compor um cartaz ilustrando esses
conceitos.
Em seguida, as crianças tiveram a oportunidade de conhecer o mapa mundi. Tinham um desafio: encontrar a África,
a Guiné e o Brasil. Puderam assim, traçar a rota da viagem que fizeram. Depois, conhecemos um livro de mapas diferentes.
Mapas que além de mostrar o território mostram também elementos da cultura de cada lugar. Depois de conhecer o livro que
mostra os mapas com elementos da cultura de cada lugar, as crianças foram convidadas a inventar um lugar, as pessoas que o
habitam, como se vestem, o que comem, onde moram, que músicas tocam etc. e fazer um mapa.
Após descobrirmos que os africanos e as africanas trouxeram consigo para o Brasil suas culturas e conhecimentos,
chegou a hora de conhecer um pouco melhor dessas culturas africanas.
A Família Abayomi nos mandou um livro: “A Semente que Veio da África” e nós lemos a primeira história sobre o
Baobá, a árvore de ponta cabeça que existe em muitos territórios da África.
Conhecemos e brincamos da brincadeira NDULE-NDULE, da Guiné, região de onde vieram os avós da Clementina de
Jesus. Conhecemos também um elemento da cultura de Moçambique: as Capulanas. Tecidos típicos com padrões coloridos
usados como vestimenta, turbantes e para carregar bebês. Em seguida, foram convidadas a criar suas próprias estampas
inspiradas nas referências que tinham visto.
Depois de conhecer elementos de culturas de diferentes regiões do continente africano, as crianças foram apresentadas
novamente ao mapa político da África, que mostra as fronteiras entre os países.
Conversamos sobre as diferentes culturas africanas e pintamos o mapa de acordo com sua diversidade cultural
independente das fronteiras políticas. Ficou bem colorido! Quando ficou pronto, comparamos nosso mapa cultural a outros
tipos de mapa: mapa que mostra o relevo, o clima, o território dos países. Depois identificamos a região de onde vem cada
referência que temos da África: os avós de Clementina, o Azizi Abayomi, o Nelson Mandela, a brincadeira Ndule-Ndule, as
capulanas etc.

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Para finalizar as atividades de projeto do semestre, conhecemos o trabalho do fotógrafo Pierre Verger, que retratou
diferentes aspectos das culturas africanas e afro-brasileiras. As crianças identificaram diversos elementos que conheceram ao
longo desses meses e criaram relações entre eles.
Paralelamente ao projeto, em Cultura Corporal, tivemos um desdobramento e investigamos o Jongo. Durante a
apreciação da música Rainha Quelé, de Dona Ivone Lara (outra musa que dá nome a uma das turmas), descobrimos que
Clementina tem uma forte relação com o Jongo – manifestação cultural de origem afro típica do sudeste do Brasil. Iniciamos
então uma pesquisa sobre essa prática. O primeiro passo foi realizar entrevistas na escola e em seu entorno. Num segundo
momento, fizemos uma pesquisa de imagens na internet. As crianças deveriam digitar a palavra JONGO e apreciar as imagens
que aparecessem. A etapa seguinte foi vivenciar esses elementos observados durante a pesquisa. As crianças foram convidadas
a brincar com os tambores, saias, fogueira ao som de músicas de Jongo. Em outra ocasião, encontramos uma revista na
escola que tinha uma matéria sobre o Jongo, fizemos um jogo com as informações proporcionadas por ela. Assistimos a
documentários e recebemos uma convidada e um convidado para conversar e fazer uma vivência com as crianças.
Turma Dandara - Professora Ana Cristina Godoy
Quando a família Abayomi chegou, já sabíamos que dentro de sua mala havia presentes para todas as turmas. Ao
recebermos o nosso, uma carta nos contava que aqueles objetos tinham relação com nossa musa Dandara. Baseada nos
objetos que a turma recebeu - uma coroa, um mapa de Alagoas, e alguns instrumentos de capoeira - a turma passou a
investigar quais suas origens e a relação desses com Dandara.
Percebemos, então, que não tínhamos muitas informações, foi quando perguntei a Turma como poderíamos descobrir
mais sobre aqueles objetos, sobre Dandara e elas levantaram algumas ideias: “Podemos pesquisar no computador!” e “A gente
pode perguntar pras pessoas!”. Propus então pesquisarmos com as pessoas da escola se elas conheciam Dandara e depois,
em outro momento, perguntar para as pessoas na rua. Criei um quadro de tabulação, onde marcariam sim para quando
conheciam e não quando não conheciam, além de um espaço para escrita. As crianças circularem pela escola, perguntando
para as pessoas adultas e crianças, tabularam respostas e conseguiram algumas informações que transcrevemos para uma
lista: guerreira quilombola; lutou por nós; esposa de Zumbi; rainha do quilombo; rainha de Palmares; lutou pelos negros e lutou
pelos escravos.
Quando saímos para pesquisar na rua, as crianças levaram pranchetas e máquinas fotográficas para registar o
momento. Após a pesquisa concluíram que quase ninguém conhecia Dandara, o que as deixou bem impactadas. Passamos a
fazer pesquisas sobre as únicas informações que tínhamos conseguido e que estavam em nossa lista.
Em roda de conversa, eu perguntava ao grupo o que vinha ser, por exemplo, a palavra “guerreira”. A partir do que elas
sabiam, contribuíam com falas e eu ia levando novas informações e elementos para que compreendessem o que estávamos
aprendendo. Assim fomos descobrindo e pesquisando toda nossa lista. De todas as informações, a que mais chamou a atenção
da turma foi a resposta que alguém deu para a pesquisa que dizia que Dandara havia lutado pelos escravos.
Eu sabia que teria que abordar esse tema, mas como abordar um tema tão complexo com crianças de quatro e cinco
anos de idade? De uma maneira lúdica, fiz uma contação de história com alguns objetos e imagens e contei ao grupo como
os africanos escravizados chegaram ao Brasil. Essa informação logo gerou no grupo o senso de justo e injusto: “Não é justo
Prô as pessoas serem arrancadas da sua família!”, “É muito injusto trabalhar sem receber dinheiro!”. Esse foi um momento
de grande importância para a turma e para o andamento do projeto, pois conseguimos conversar sobre as relações étnico-
raciais e algumas crianças relacionaram essas discussões com suas realidades, trazendo informações cotidianas. Porém, ainda
precisávamos saber o que tudo isso tinha a ver com nossa musa Dandara.
A situação anterior foi importante também, pois fez uma ligação para estudarmos como surgiu o Quilombo dos

357
Palmares. E assim fomos dando continuidade aos novos temas e pesquisas.
Em outro momento recebemos da família Abayomi um livro: “Lendas de Dandara”, da escritora Jarid Arraes. Um livro
de ficção que conta lendas e histórias criadas a partir de poucas informações que se tem sobre Dandara. Então aprendemos
a história de como nasceu Dandara e de como ela foi para o Quilombo dos Palmares. A lenda conta que Dandara foi criada a
partir de um Orixá. Passamos a pesquisar as religiões de matrizes africanas. Chamei um convidado que conversou com a turma
sobre os Orixás e a qual religião pertencem. As crianças passaram a falar de suas religiões e de como eram diferentes da de
Dandara. Percebi que essa era uma nova oportunidade de falar sobre diversidade e as relações, porém agora com enfoque nas
religiões. Assim, as famílias foram convidadas a irem à escola contar sobre suas religiões. Ouvimos evangélicos de diferentes
segmentos, católicos, umbandistas e ateus. Cada pessoa nos contou como funcionava sua religião e no que acreditava, nos
ajudando assim a ampliarmos o tema.
Em outro momento passamos a aprender que, além dessas religiões, existiam outras que pensam diferente, rezam
diferente e frequentam diferentes locais. As crianças tiveram contato por meio de imagens e fotos com hinduísmo, islamismo,
judaísmo. Elas aprenderam que em algumas religiões apenas homens podem frequentar e mulheres não. Passamos então a
discutir sobre relações de gênero: será que existem coisas que apenas homens fazem e que mulheres não podem ou vice-
versa? Por que existem mais histórias sobre Zumbi e poucas informações sobre Dandara, se ambos foram importantes em suas
lutas?
Nesse momento estamos reunindo informações para responder estas questões.
Turma Elza Soares - Professora Alice Gomes Signorelli
O presente que recebemos da família Abayomi foi a biografia da cantora Elza Soares e alguns instrumentos que são
usados no samba, ritmo interpretado pela cantora.
Por meio da biografia de Elza, estudamos sua infância no Rio de Janeiro e os brinquedos e brincadeiras que ela gostava
quando criança. Nesse momento pudemos fazer relações da vida das crianças com a de Elza. Elas levaram para casa uma
entrevista para fazer com algum familiar sobre as brincadeiras que gostava de brincar em sua infância.
Ao estudarmos o Rio de Janeiro (cidade natal da artista), a mãe de uma das crianças, por ser carioca, foi para a escola
contar e mostrar fotografias da cidade da época em que Elza começou sua carreira. Além disso, exploramos mapas, com o
objetivo de aproximar os conhecimentos relacionados a esse instrumento de pesquisa, já que surgiram falas como: “Eu nasci
em São Paulo”, “Eu nasci no bairro do Limão”, “Eu não moro no Rio de Janeiro, eu moro no Brasil”.
Falamos também sobre as rádios, meio de comunicação em que Elza Soares iniciou sua carreira. Muitas crianças não
conheciam esse recurso midiático. Conversamos com a assistente de direção da escola que, há algum tempo, realizou um
projeto que consistia em uma rádio na escola feita para e pelas crianças.
Após estudarmos sobre a infância de Elza Soares, sobre o Rio de Janeiro, as rádios e outras coisas como os lugares
que ela já passou cantando e a origem do samba, perguntei às crianças o que mais elas gostariam de saber sobre a artista.
Algumas disseram que gostariam de aprender a cantar como ela e “brincar com a voz, igual ela faz”. Então realizamos um show
de brincadeira. A turma pode formar grupos para se apresentar, vestir-se como queriam com objetos de nossa brinquedoteca
e escolher as músicas para apresentação.
Até esse momento, não havia proposto problematizações das relações étnico-raciais. O trabalho com as referências
positivas e o vínculo afetivo com uma artista negra de grande importância para a música brasileira tinha sido o foco. Foi então
que tivemos um momento fundamental para que o debate sobre as relações fosse garantido: as crianças receberam uma carta
de Sofia Abayomi na qual ela contava que era amiga de Elza Soares e que a cantora já tinha passado por muitas dificuldades no
decorrer de sua carreira. Entre elas, o fato de que nem sempre podia subir no palco, pois dependia da aprovação dos donos

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dos clubes em que cantava. Eles podiam permitir ou não o protagonismo de uma mulher negra nas apresentações. Ao lermos
essa parte da carta, muitas falas foram feitas por parte das crianças, como: “Não é justo! Todo mundo pode subir no placo”,
“Não é só as pessoas branca que podem ir ao palco”. Até que uma criança disse: “Isso é racismo” (ela já conhecia essa palavra
e seu significado, por estar na escola desde o ano passado). Então passamos a discutir o que é racismo.
No final da carta, Sofia Abayomi escreveu que um dia Elza Soares, mesmo sendo proibida, subiu no palco e devido ao
sucesso que fez com a plateia, os donos do clube não puderam tirá-la de lá. As crianças, muito envolvidas com a situação e com
vínculo afetivo formado pela figura da artista, começaram a gritar: “Elza! Elza!”, demonstrando entusiasmo com a conquista
da artista.
Após esse momento, começamos a falar sobre as diferenças entre as pessoas: pesquisamos o que é melanina e
fizemos uma troca de saberes com o Grupo Ivone Lara que já havia estudado esse tema; vimos a diferença das cores de pele
dos membros da família Abayomi, constatando que existe diversidade mesmo dentro de uma família; lemos livros como “Chico
Juba” e “Você é linda assim”; apreciamos a obra da fotógrafa Angélica Dass que registrou pessoas do mundo todo mostrando
a enorme gama de cores de pele que existe no planeta.
Posteriormente ao estudo da melanina e da exploração dos materiais que mostram a diversidade humana no mundo,
fiz um convite para que as crianças fizessem seus autorretratos. Ocasião em que puderam observar calmamente suas
próprias características e registrá-las no papel, da maneira como conseguiam. Os autorretratos resultaram em um painel
que denominamos de Painel da Diversidade. Então, o semestre foi finalizado com a seguinte questão: “Mas, afinal, o que é
diversidade?”, deixando assim novas oportunidades de aprendizados para o próximo semestre.
Turma Leci Brandão - Professora Priscila Lima
Na chegada de Sofia e Dayó, recebemos um embrulho com um pandeiro e uma música que falava sobre a nossa musa,
Leci Brandão. Imediatamente ao ver o presente, o grupo o relacionou a ela, visto que já havíamos ouvido algumas de suas
músicas e sabíamos que eram samba. A cada dia nos aprofundamos mais nos detalhes da vida de Leci: onde ela nasceu, como e
onde começou a cantar e compor, que instrumentos ela toca. Descobrimos que ela foi a primeira mulher a compor um samba
enredo para a escola de samba Mangueira. Então, as crianças perguntaram se a Sofia Abayomi também tinha sido a primeira
mulher a fazer algo de muito importante. Escrevemos uma carta perguntando para ela.
Sofia nos contou que foi a primeira mulher a conhecer todos os planetas do Sistema Solar. Essa informação fez
referência ao projeto de 2018, no qual a Família Abayomi fez uma viagem para o espaço sideral. Em sua carta, Sofia também
citou outras mulheres que foram pioneiras em diferentes áreas. A que mais chamou a atenção das crianças foi a primeira
árbitra de futebol. Ela gerou bastante discussão entre as crianças que discordavam sobre mulheres poderem ou não jogar
futebol. Durante essa problematização, foram lidas histórias que tratam sobre a temática, exibimos vídeos e fizemos práticas
na quadra. Ao fim, a maioria das crianças concordou que mulheres podem, sim, jogar futebol. Quando chegou a Copa Feminina,
a escola se organizou para exibir os jogos. Essa foi uma ação afirmativa pela igualdade de gênero que impactou positivamente
as crianças.
Continuando a pesquisa sobre a Leci Brandão, descobrimos o envolvimento de nossa musa com o dia do Orgulho
Crespo. Ao saber disso, fizemos algumas rodas de conversa para descobrir porque esse dia existia, o que é, o que representa
o cabelo crespo e por que as pessoas têm cabelos diferentes. Para saber mais, assistimos a um vídeo que nos apresentou a
genética como resposta e então entendemos: cada um tem o cabelo de um jeito pois herda os genes de seus pais. A partir
disso, pensamos o que mais herdamos dos nossos pais, e então as figuras de afeto entraram em cena: identificamos em que os
filhos Henrique e Dayó se pareciam com Azizi e Sofia, seus pais. Elencamos algumas características e para nos aprofundarmos,
realizamos um exame de sangue nos membros da família Abayomi. Em sua análise, identificamos seus genes e um novo

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elemento: a melanina, responsável pela cor da nossa pele, dos cabelos e olhos. Concomitantemente, nos dedicamos a saber
mais sobre o samba, ritmo musical cantado pela nossa musa e sobre a atuação social de Leci Brandão no combate ao racismo
e seu trabalho como deputada estadual.
Ainda há muito que explorar e conhecer sobre a vida da nossa musa no próximo semestre.

AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS


A avaliação dos resultados do projeto acontece de diversas maneiras ao longo do processo:
- Revisitação constante a documentação pedagógica;
- Alimentação da Teia de Conhecimento com os conhecimentos construídos e as novas possibilidades;
- Registro das falas das crianças e observações realizadas no decorrer do projeto, em nosso semanário;
- Análise dos registros realizados pelas crianças (desenhos);
- Devolutiva das famílias: escrita nos relatórios, postagens nas páginas sociais da escola; conversas cotidianas e nas reuniões.

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Projeto Premiado
Jongo: uma roda pela igualdade
Autora: Carolina Gitahy Hamburger

Justificativa
A valorização da cultura brasileira de matriz africana é urgente em uma sociedade que, apesar de majoritariamente
negra discrimina, marginaliza e até criminaliza suas práticas. O racismo estrutural a partir do qual a sociedade brasileira se
constituiu e organizou, atravessa os sujeitos e seus processos de subjetivação desde a primeira infância. A forma como a cultura
negra e seus/suas representantes são apresentados, representados ou invisibilizados, tanto na escola como na mídia, pode
determinar com que aspectos as crianças vão ou não se identificar ao longo de seus processos de construção de identidades
e referências.
O jongo é uma manifestação cultural de matriz africana típica do sudeste do Brasil. Trazida pelas/os africanas/os
escravizadas/os das regiões da Angola e do Congo e ressignificada nas senzalas e ao longo da história, representa a resistência
do povo negro e sua riqueza cultural.
Impedidos de se expressarem durante os dias de trabalho, se reuniam à noite, para firmar suas existências e saudar
sua cultura. Ancestralidade, circularidade, musicalidade, corporeidade, comunitarismo são valores expressos em cada roda de
jongo. O batuque dos tambores, os pontos entoados e os corpos dançantes mantêm viva a memória dessa luta e a potência
dessa cultura.
A narrativa hegemônica sobre a História do Brasil invisibilizou - ou deturpou - a luta das pessoas negras e seus papéis
na formação cultural, intelectual, social, econômica e política nacional. Cabe a escola recontar essa história garantindo
representatividade, valorizando a negritude e desconstruindo estereótipos.
Foi a partir dessas concepções que surgiram as motivações para realização do projeto “Jongo: uma roda pela igualdade”:
- Difundir e valorizar aspectos da Cultura afro-brasileira;
- Impactar positivamente a comunidade em relação à cultura afro-brasileira;
- Contribuir para a valorização da cultura negra para a reparação dessa dívida histórica;
- Contribuir para a luta antirracista;
- Colocar em prática a lei 10.639/03;
- Promover a valorização da diversidade.
OBJETIVOS
Os objetivos do projeto foram selecionados do quadro de referências da EMEI Nelson Mandela. Esse documento
é organizado em quatro eixos que pretendem garantir as crianças experiências diversas, por meio das quais elas possam
desenvolver diferentes potencialidades. São eles: aprender a ser, a conhecer, a fazer e a conviver.
Eixo Aprender a ser: situações em que a criança expressa os saberes, experiências e hipóteses que possui sobre determinado
tema.
Objetivo selecionados:
- Expresse suas ideias, hipóteses e opiniões sobre uma questão apresentada;
- Organize lançamento e fala participando de conversas coletivas;
- Elabore hipóteses sobre as suas Investigações;
- Expresse os conhecimentos que já possui sobre uma prática corporal;
- Realize leituras da prática corporal e seus sujeitos praticantes;

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- Pergunte e questione sempre que sua curiosidade aflorar.
Eixo aprender a conhecer: criação e o aprofundamento dos conhecimentos que as crianças já possuem.
Objetivos selecionados:
- Aprenda a formular perguntas;
- Aprenda a realizar pesquisas e entrevistas;
- Explore diferentes territórios dentro e fora da escola em busca de respostas para suas indagações;
- Adquira autonomia para utilizar os diversos recursos tecnológicos;
- Convide familiares outras educadoras e representantes para compartilharem seu conhecimento sobre uma temática;
- Aprenda sobre as influências da história e cultura africana em nossas vidas;
- Aprofunde seu repertório sobre uma prática corporal;
- Recorra a representantes de práticas corporais para ampliar e aprofundar os seus conhecimentos sobre ela.
Eixo Aprender a fazer: viabiliza experiências que contribuem para a estruturação dos saberes.
Objetivo selecionados:
- Crie formas de registros para suas vivências, ideias, hipóteses e conclusões sobre assuntos relacionados ao projeto
- Construa suportes para comunicação das suas ideias;
- Interaja com os elementos presentes em uma prática corporal;
- Experimente movimentos da prática corporal estudada;
- Vivencie as práticas corporais.
Eixo Aprender a conviver: Aborda os conhecimentos construídos e ressignificados a partir dos demais eixos e como eles
refletem nas interações e no compartilhamento de experiências sociais.
Objetivo selecionados:
- Ressignifique a prática corporal estudada a partir das experiências do grupo;
- Compartilhe com as outras turmas, adultos e famílias saberes construídos ao longo do projeto.

METODOLOGIA
O projeto “Jongo: uma roda de igualdade” se desenvolveu de acordo com as concepções do currículo cultural da
educação física que foi objeto de estudo e formação das professoras nos anos de 2018 e 2019 para efetivação do trabalho com
a cultura corporal na escola. Coaduna também com a metodologia de projeto desenvolvida ao longo dos anos pela Unidade e
que é prevista no projeto político-pedagógico.
O Currículo Cultural
“do princípio de que se a escola for concebida como ambiente adequado para discussão, vivência, ressignificação
e ampliação da cultura corporal, será possível almejar a formação de cidadãos que identifiquem e questionem
as relações de poder que historicamente impediram o reconhecimento das diferenças. Afinal, em uma
sociedade democrática é importante indagar por que determinados esportes, brincadeiras, danças, lutas ou
ginásticas são tidos como adequados ou inadequados” (NEIRA, M. 2011)
Nesse sentido, o trabalho feito nessa perspectiva inicia-se a partir de um mapeamento sobre o que as crianças já
sabem sobre determinada prática. Busca ampliar esses conhecimentos trazendo novas referências e se aprofundando em seus
significados e suas formas de existir. Acaba por trazer novas significações às práticas de acordo com o potencial de criação das
crianças e o que faz sentido para elas em determinado contexto.

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Essa concepção está de acordo com a forma como é concebido o trabalho com projeto na EMEI Nelson Mandela, que:
1) Prevê a escuta atenta às falas infantis para a condução das atividades;
2) Procura repertoriá-las com novos aprendizados sobre o mundo e elas mesmas;
3) Proporciona que as crianças façam as suas próprias leituras e significações sobre determinado assunto;
4) Estimula a reflexão e atuação no fazer social para o compartilhamento de saberes.
A própria organização dos objetivos do quadro de referência dos eixos Ser, Conhecer, Fazer e Conviver revela justamente
essa forma de pensar.
Está previsto na linha de tempo o trabalho com a cultura corporal uma vez por semana. As atividades do projeto “Jongo:
uma roda pela igualdade” se deram nesses momentos como em momentos dedicados às artes e aos registros (atividades
dirigidas realizadas a partir de uma comanda nos cadernos das crianças).
Algumas ferramentas metodológicas utilizadas:
Rodas de conversa: A roda de conversa acontece quando a professora deseja saber o que as crianças pensam sobre algum
assunto ou quando traz novos dados sobre um assunto já tratado. Nesta proposta a professora ouve as crianças e anota suas
falas e reações, pois estas podem determinar os próximos passos do projeto.
Práticas investigativas: Como uma forma de valorizar a busca pelo conhecimento colocar a criança no centro de seu processo
de aprendizagem, em vários momentos do projeto são propostas diversas formas de pesquisas. Entrevistas dentro da escola
e em seu entorno, pesquisas nos computadores, livros e revistas, enviadas para casa etc. Esta é uma forma de promover a
autonomia das crianças, incentivando a pesquisa, envolvendo a comunidade e as famílias.
Vivências com convidadas/os: Em alguns momentos é pertinente trazer convidadas/os para promover vivências sobre os
temas relacionados ao projeto com as crianças. Podem ser especialistas de diversas áreas, familiares e responsáveis pelas
crianças, educadoras/es da escola etc. Essas ações também contribuem para a prática de uma comunidade educativa.
Momentos de Registro: A professora propõe atividade nas quais as crianças são convidadas a registrar de diversas formas
os conhecimentos construídos. Pode ser por meio da expressão artística ou por meio do mundo letrado. São momentos de
sistematização, apropriação e significação dos novos saberes.
Festas: A festa que acontece anualmente é baseada nos temas dos projetos. É um momento importante para compartilhamento
dos projetos com a comunidade.

CRONOGRAMA
Fevereiro: Conhecendo Clementina de Jesus
Março: Música “Rainha Quelé” - “ O que é o jongo?” - Hipóteses das crianças; registro das vivências e aprendizados -
desenhos, pinturas, escritas etc.
Abril: “O que é jongo?” - Entrevistas na escola, na comunidade e pesquisa na internet. “como é uma roda de jongo?”
- Vídeos de rodas de jongo, registros das vivências e aprendizados, desenhos, pinturas, escritas etc.
Maio: Elementos do jongo - vivências com saias, tambores, fogueiras etc. A história do jongo - jogo baseado em
informações de uma revista, registro das vivências e aprendizagens, pinturas, escritas etc.
Maio: Elementos do jongo - vivências com saias, tambores, fogueiras etc. A história do jongo - jogo baseado em
informações de uma revista, registro das vivências e aprendizagens, pinturas, escritas etc.

363
Junho: O jogo na literatura - leitura e apreciação do livro jongo, de Sonia Rosa e Rosinha Campos, O jongo em seus
territórios - comentário social jongo, da comunidade jongo da Serrinha.
Junho/ julho - o Jongo por seus praticantes - vivência com a jongueira Aninha e com o João jongueiro Paulinho, o
jongo pelas crianças da turma Clementina de Jesus, elaboração de apresentação de coreografia e roda de jongo, registro das
vivências e aprendizados.
Agosto: Apresentação da roda de jongo na festa da escola, os pontos de jongo pelas crianças da turma Clementina de
Jesus e ação espontânea de pontos (canções de improviso).

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO
O disparador para pesquisa sobre o Jongo se deu durante a investigação que as crianças estavam fazendo a respeito
de Clementina de Jesus - a musa da turma. Para iniciar a investigação sobre Clementina, foi enviado um presente para
turma: era um lenço, tal qual Clementina usava na cabeça, e um tambor acompanhados do escrito “Rainha Quelé”. Depois
de levantar hipóteses acerca do significado desses presentes e de quem seria a “Rainha Quelé”, propus uma pesquisa na
internet e descobrimos que se trata de um apelido carinhoso atribuído à Clementina de Jesus. Nesse mesmo dia, tomamos
conhecimento da música intitulada “Rainha Quelé” de Dona Ivone Lara. Foi essa música que disparou início do projeto “Jongo:
uma roda pela igualdade”.
No decorrer da semana, depois de escutá-la diversas vezes, paramos para analisar sua letra com o apoio de um cartaz
e destaquei uma estrofe que diz: “Vejo a lua prateada, no terreiro de jongueiro, escutando a sua voz, praguejando o cativeiro”.
Então questionei: “Alguém tem alguma ideia do que seja terreiro de jongueiro?”. Algumas respostas foram: Eu acho que
terreiro é onde as pessoas vive e fica tomando ar e fica brincando o dia inteiro”, “ Eu acho que é casa.” Em seguida perguntei:
“O que vocês acham que é jongo de jongueiro?”. Uma criança respondeu: “Jongo é tipo uma ginga. Tipo, ano passado eu
aprendi com a prô Alice que é ginga. Eu acho que naquela época eles gingavam.” Essa criança estabeleceu uma relação entre
as palavras Jongo e ginga que havia participado vivências de capoeira no ano anterior.
Ao constatar que ninguém sabia ao certo o que era Jongo, perguntei o que poderíamos fazer para descobrir. As
crianças que estavam na escola no ano anterior e, portanto, já tinham familiaridade com ação investigativa disseram: “Temos
que pesquisar!”. Sugeriram algumas formas de pesquisa: na internet, na sala de leitura, perguntando para as pessoas, entre
outras. Decidimos fazer entrevistas, primeiro na escola e depois no entorno do Bairro. A pergunta formulada pelas crianças
foi: “Você sabe o que é Jongo? E Jongueiro?”.
Na escola, as respostas das pessoas que sabiam o que era Jongo variaram entre: é uma dança, é uma dança de origem
africana e é uma dança muito antiga. Na semana seguinte, fizemos a mesma pergunta para pessoas que transitavam no
entorno da escola. Nenhuma das pessoas entrevistadas sabia o que era Jongo. Nesse dia, uma criança falou: “Prô, a gente
precisa contar para todo mundo que é uma dança.” Respondi que realmente precisávamos contar para as pessoas sobre o
Jongo, mas que antes era necessário sabermos mais sobre ele.
Dando continuidade à nossa investigação, propus uma pesquisa na internet na sala das professoras onde havia quatro
computadores disponíveis. As crianças se revezaram em duplas e foram convidadas a digitar a palavra “jongo” no campo de
busca de imagens em uma plataforma digital. Quando apareciam as imagens, as crianças identificaram: “É uma dança! Ô, prô,
Jongo é uma dança!”. Conforme apreciavam as imagens, eu às provocava com perguntas do tipo: O que vocês estão vendo
nessa imagem? O que mais chamou sua atenção nessa? Você já viu isso em algum lugar?
De volta à sala, perguntei para o grupo o que haviam descoberto durante a pesquisa na internet.

364
“Eu vi um monte de mulher dançando de vestido e saia»
“ Eu vi na pesquisa do computador, aí eu vi uma criança dançando com vestido e um tambor»
“Eu vi todo mundo fazendo música»
“Eu vi pessoas dançando em volta de uma fogueira»
“Eu vi com a Isabelly que a gente viu duas fotos, uma era colorida e a outra meio branca, aí era uma roda. Circular, circular»
“Eu vi que tava descalça»

No encontro seguinte, mostrei imagens impressas selecionadas na pesquisa. As crianças logo reconheceram as
imagens e voltaram a apreciá-las. “Eu acho que esse tamborzinho aqui é da Rainha Quelé”, disse uma criança relacionando o
tambor da roda de Jongo ao presente que haviam ganhado sobre a Clementina de Jesus. “Prô, por que eles estão dançando no
meio? Prô!! Eu tava certa, o Jongo é a capoeira!” concluiu a mesma criança que havia associado jongo a ginga.
Propus que as crianças fizessem uma pintura inspirada no que tinham de referência sobre o Jongo até agora. Em
suas produções, as crianças puderam retratar suas impressões sobre os elementos relacionados ao longo, apareceram rodas,
fogueiras, pessoas de saia e tambores. O passo seguinte da nossa investigação foi assistir a um vídeo de uma roda de Jongo.
Durante uma conversa sobre o que havia uma assistido as crianças compartilharam:
“ Eu vi gente dançando. É tipo o samba! Porque é uma dança muito antiga»
“Eu vi pessoas tocando tambor “
“Eu vi um homem e uma mulher dançando no meio da roda “
“ Eu vi pessoas dançando com antiga de um tempo atrás. Girando, girando “
“Eu vi que eles dançavam assim ó “

O que era apenas imagens estáticas ganhou som e movimento. A partir dessa experiência, as crianças começaram a
levar para o corpo as novas referências apresentadas na pesquisa associando-as com seus repertórios pessoais.
No encontro seguinte, na quadra, disponibilizei para as crianças os elementos do Jongo que haviam sido observados
durante os momentos da pesquisa: saias de chita, tambores, fogueira (que construímos com galhos e papéis crepom). Propus
que experimentassem esses elementos ao som de músicas de Jongo. A saia ganhou destaque. Todas as crianças quiseram
vestir, dançar e girar para vê-la rodar. Durante essa vivência, uma criança disse: “ Prô, parece o pagode! Minha mãe adora
pagode. Pagode é tipo samba”.
Na semana seguinte, repetimos a vivência. Combinamos de dançar em roda no começo experimentando a maneira
como havíamos observado no vídeo e nas fotos. Em seguida, as crianças foram convidadas mais uma vez a registrar o que
haviam vivido. Para isso, foram disponibilizados materiais de desenho, retalhos de fitas e galhos.
Após as pesquisas e vivências iniciais, em roda, lancei a pergunta: o que nós aprendemos até agora sobre o Jongo?
As crianças listaram mais uma vez tudo o que já sabiam. No meio das falas uma criança disse: “A gente acha que é uma dança
africana, mas tem que ter certeza”. Dando ouvidos a essa fala, senti que era hora de aprofundar e ampliar os conhecimentos
sobre o Jongo e as características dessa prática corporal.
Para isso, contei com o conteúdo de uma matéria da revista Ciências Hoje intitulada “Jongo, o avô do Samba”. Preparei
cartões com as informações e imagens principais trazidas na revista. Dispus no centro da roda os elementos do jongo que eles
tinham vivenciado: saias, tambores, fogueira e coloquei cada cartão junto de um desses elementos. Antes de começar, contei
para as crianças sobre a matéria e mostrei a revista. Elas ficaram em volta da roda e, cantando uma música do jongo, sorteei

365
algumas delas. Cada criança sorteada escolhia um cartão para que eu lesse e mostrava para turma. Depois, colocamos os
cartões em um papel Kraft para compor um cartaz.
As informações apresentadas nesta atividade, além de trazerem novos conhecimentos, conferiram sentido a muitas
coisas que as crianças já haviam visto e vivido sobre o Jongo e também durante o projeto sobre Clementina de Jesus. Por
exemplo, ao lerem o cartão que dizia que “os africanos e as africanas escravizados/as vindos de regiões como Angola e Congo
desembarcaram no Rio de Janeiro e São Paulo trouxeram consigo a cultura da roda de Jongo”, as crianças puderam associar
essa informação a história da vinda das/dos africanas/os para o Brasil que lhes foi contada pela Turma Dandara durante a
investigação sobre a vida de Clementina.
Com o objetivo de acessar representações do Jongo em outras linguagens fizemos a leitura do livro “Jongo de Sonia
Rosa com ilustrações de Rosinha Campos. É um livro curto com bastante ilustrações que conta a história de um menino que,
desde a barriga, vivia as rodas de Jongo. A leitura do livro foi feita em uma roda próximo ao nosso cartaz, dessa forma, foi
possível estabelecer relações imediatas entre o que aparecia no livro e as informações contidas no cartaz. E também exibimos
o “Documentário Social Jongo”, que retrata a comunidade de Jongo Dito Ribeiro, quando as crianças tiveram a oportunidade
de ouvir e aprender sobre o jogo a partir da fala de quem o vive.
Nessa toada, também convidamos a jongueira Aninha que no ano anterior havia feito uma vivência sobre ancestralidade
com as professoras, para propor uma vivência com a turma. Quando contei às crianças que receberíamos a visita de uma
jongueira elas ficaram muito animadas. Para nos preparar para essa visita, fizemos um levantamento dos conhecimentos
acessados até então e depois as crianças elaboraram perguntas que gostariam de fazer para ela.
“A gente ainda não sabia o que era jongo então a gente pesquisou e descobriu o que que era»
“ Era mulheres dançando descalças»
“Eu vi que tinha tambores e música tipo o samba”
“A gente foi lá fora e perguntou: você sabe o que é o Jongo?”
“ Eu lembro que você trouxe aquela revista que tava escrito do ladinho: o avô do samba»
“Eu vi a África ali»
“ A África é da onde os avós da Clementina veio, mas não é a África do Sul, mas é tipo África do Sul»
“ Depois a gente viu os tambores aqui ó: o pequeno, o médio e o grande. Que nem tava fazendo aqui na África. Aqui na
África os tambor»
“Eu lembro daquele livro da Semente da África»

Ao final, as perguntas elaboradas para Aninha foram:


1) Onde as pessoas escravizadas trabalhavam?
2) No lugar onde você faz Jongo tem fogueira? Você conhece a Clementina?
3) Você dança na roda de Jongo?
4) Por que as rodas de Jongo só podiam ser à noite?

No dia da visita, Aninha chegou caracterizada: de saia e descalça. As crianças logo apontaram para isso: “Por que
você tá descalça?”, “você tá de saia?”. Aninha explicou que o Jongo se dança descalça e a saia é um elemento importante
para dançar. Sentada em roda, Aninha contou a história da vinda das/dos africanas/os para o Brasil. Mais uma vez as crianças
puderam reviver essa história já contada pela turma Dandara. Dessa vez, contada da boca de uma jongueira que relatou que,
nessa vinda, trouxeram o Jongo.
Nesse momento, as crianças puderam associar essa informação a outro conhecimento construído durante a
investigação sobre Clementina. Em determinado contexto, depois de descobrir que seus avós vieram da África escravizados,
nós questionamos: o que os avós da Clementina, e outras africanas e africanos, trouxeram consigo para o Brasil? Concluímos

366
que, africanas e africanos, na época da escravidão trouxeram consigo para o Brasil sua cultura e conhecimento. A partir dessa
fala da Aninha, as crianças puderam associar o jongo à cultura e ao conhecimento trazidos pelos africanos e africanas.
Em seguida, ela respondeu às perguntas elaboradas pelas crianças e depois sugeriu que vestissem as saias. Nesse
momento, contou que a saia deve ser sempre vestida por cima da cabeça e nunca por baixo, pelos pés. Ensinou os passos do
Jongo e explicou a importância de permanecermos sempre em roda. Disse que antigamente era preciso ficar em roda para
proteger uns aos outros.
Consideramos que a vivência com a Aninha foi muito significativa em vários sentidos. Além dela apresentar mais
informações sobre o Jongo e ensinar os passos, a figura dela, mulher negra, em lugar de destaque, de autoridade da prática
estudada é bastante importante quando queremos tratar de representatividade.
Na semana seguinte, professora Cris, da Turma Dandara, que fez aulas de percussão e toca Jongo, sugeriu que eu
convidasse seu professor para tocar e cantar com as crianças. Paulinho veio trazendo o seu tambor. A professora Cris também
participou da vivência. Ele apresentou para as crianças diversos pontos. Mostrou como é o ritmo do tambor e os passos.
Deixou que as crianças tocassem e dançou com elas. O tambor e os pontos foram os que tiveram maior destaque nessa
vivência. A partir desse dia, as crianças passaram a batucar em tudo quanto é lugar (nas mesas, nas panelas do parque, nas
pernas) e cantar as músicas aprendidas.
A vivência com o jongueiro Paulinho se deu na última semana de aula em julho. Quando voltamos às aulas em
agosto, tínhamos que preparar nossa apresentação para festa que aconteceria na terceira semana. Passamos a nos dedicar a
elaboração da nossa dança. As crianças decidiram criar uma coreografia para música “Muriquinho Pequenino”, da Clementina
de Jesus e, em seguida, fazer uma roda de jongo com os passos que aprenderam com Aninha e Paulinho. Tomamos uma
decisão importante de fazer nossa apresentação na calçada da escola, já que, quando fizemos a pesquisa no entorno da escola,
ninguém sabia o que era Jongo, tivemos a ideia de mostrar a todas e todos o que havíamos aprendido sobre o Jongo.
Durante o processo de elaboração da dança e dos ensaios, as crianças começaram, espontaneamente, a improvisar
pontos com base naqueles apresentados por Paulinho.
“A Prô Cris é uma jongueira
ela toca com o Paulinho
ela toca com o Paulinho
ai meu deus do céu
ela toca o tambor”

A apresentação no dia da festa foi um sucesso! Foi bastante emocionante para nós e para as crianças apresentar
o resultado de um processo tão rico e significativo. As crianças estavam apropriadas e desinibidas. Dançaram e cantaram
com propriedade. As famílias e a comunidade que assistiram a apresentação na calçada também se mostraram bastante
comovidas. Foram convidadas a cantar e dançar junto das crianças.
Mesmo depois da festa, no decorrer do ano, em diversos momentos do dia as crianças dançavam e cantavam o Jongo.
Às vezes pediam para que eu organizasse uma roda de Jongo, mas normalmente elas mesmas começavam a cantar e se
aglutinar para dançar. Fazem desenhos que remetem aos Jongo e sempre que veem algo relativo a essa prática fazem questão
de apontar. É evidente como foi um percurso significativo carregado de novos aprendizados e referências.

Avaliação dos resultados


A avaliação dos resultados foi realizada de forma contínua ao longo do projeto por meio da:
1) Visitação constante a documentação pedagógica: planejamento, registro das falas das crianças, registros de observações

367
realizadas no decorrer do semestre;
2) Análise das Produções das crianças (desenhos, pinturas, escritas;
3) Escrita dos relatórios (momento em que paramos para analisar o percurso individual percorrido por cada criança dentro do
projeto coletivo;
4) Conversa com a gestão e outros educadores envolvido.
Posso afirmar que os objetivos foram alcançados. As evidências das aprendizagens alcançadas com o projeto se
apresentam - tal como se devem nessa etapa da educação infantil – nas falas das crianças, em suas produções e nos retornos
das famílias.
Ao longo do projeto, além dos momentos em que eu lançava questionamento às crianças para saber suas ideias
e saberes, houve momentos de retomadas para mapear o que haviam aprendido até então. Falas, como as que seguem,
evidenciam o aprendizado da turma.
“A gente ainda não sabia o que era o Jongo então a gente pesquisou e descobriu o que era”
“A gente foi lá fora e perguntou: você sabe o que é o Jongo?”
“Era mulheres dançando descalças, de saia e com tambor”
“Eu vi que tinha tambores e música tipo samba”
“Eu lembro que você trouxe aquela revista que tava escrito do ladinho: o avô do samba!”
“Depois a gente viu os tambores aqui ó: o pequeno, o médio e o grande. Que nem tava fazendo aqui na África. Tava aqui na
África os tambor”
Nos momentos em que as crianças foram convidadas a registrar seus saberes em desenhos, pinturas ou colagem
suas aprendizagens também ficaram evidenciadas. Quando propus que registrassem a vivência com os elementos do Jongo
apareceram em suas produções os tambores, as saias, a fogueira. Quando pedia que as crianças falassem sobre os desenhos,
suas narrativas também apontavam os conhecimentos adquiridos.
Outras evidências das aprendizagens ocorreram de forma espontânea, revelando significativas foram para as crianças.
Por exemplo, quando desenharam uma roda de Jongo na areia do parque e, em seguida, se organizaram para dançar. Ou
quando começaram a inventar pontos de jongo na sala.
Outras aprendizagens muito simbólicas foram aquelas que empoderaram as crianças e levaram sua autoestima. Se
revelam em falas como:

“Sou uma guerreira igual Dandara! Meu cabelo crespo é igual ao dela “

368
Projeto Premiado
Grupo Lia de Itamaracá: a ciranda de todas as cores
Autora: Lígia Chiavolella Barbosa de Oliveira

O presente projeto foi realizado na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Nelson Mandela situada no Bairro do
Limão na Zona Norte de São Paulo durante todo o ano letivo de 2019. A escola é de período integral e atende, na sua grande
maioria, a comunidade local por meio de 7 grupos multietários compostos por crianças de 4, 5 e 6 anos de idade. Cada turma
possui 2 professoras que atuam em parceria: 8h - 12h é o primeiro turno e 12h - 16h o segundo turno.
A EMEI Nelson Mandela é reconhecida pelo seu histórico de luta pela igualdade, valorização da diversidade e combate
ao racismo na construção diária por uma escola pública de qualidade. O trabalho com a Lei 10.639/03, que determina a
obrigatoriedade da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana no currículo oficial, compõe um dos eixos transversais de
trabalho bem como as relações de gênero.
Desde 2011 a escola se propõe a construir um currículo antirracista e afrocentrado, salientando que o racismo é
estrutural (Almeida, 2018), atingindo todas as relações e podendo ser reproduzido por adultos ou crianças dentro e fora da
escola. Dessa forma, um trabalho antirracista precisa estar em todas as nossas vivências e acontecer na totalidade da sua
comunidade.
Com o intuito de romper com a simbologia professoras-crianças, defendemos que o processo educacional se dá por
meio de todas as relações. Portanto, essa premissa defende que todas somos educadoras de referência para as crianças e
partilhamos coletivamente a responsabilidade na sua educação, independente do segmento de atuação na escola. Dessa
forma, nossa equipe é composta por: professoras, gestoras, educadoras da limpeza, educadoras do apoio e educadoras da
cozinha.
A diversidade e representatividade são necessárias e intencionalmente pensadas para compor os diferentes territórios
de aprendizagem que as crianças terão acesso. Livros, decorações, imagens e brinquedos fazem parte da estrutura material
que garantem, também, a pluralidade da construção de um ambiente que ofereça ampla possibilidade de referências que irão
colaborar na constituição de sua identidade, subjetividade e autoestima.
Diante disto, a “Família Abayomi” é parte fundamental do projeto, e é composta por quatro bonecos de pano em
tamanho real, nossas figuras de afeto: Sofia, Azizi, Dayó e Henrique. Constituem-se como um importante elemento de ludicidade
conferido ao cotidiano escolar, pois oferecem uma terceira possibilidade para além das estabelecidas com as crianças e adultos
da escola. A Família Abayomi traz representatividade por se tratar de uma família afro-brasileira que contribui de forma lúdica
e afetiva para disparar situações e discussões das mais variadas naturezas. Assim, temos nas figuras de afeto um importante
recurso pedagógico, pois diversas temáticas podem ser retratadas a partir delas, garantindo, portanto, um ambiente seguro
no qual as crianças podem expressar, elaborar e ressignificar suas dúvidas, opiniões ou angústias. Na narrativa da escola a
Família Abayomi ganha vida durante a noite, quando a escola está vazia, e a única forma de comunicação com as crianças é por
meio de cartas. No ano de 2019, o projeto coletivo “Modos de conhecer e conviver no mundo: eu, eles, elas e nós” realizado
no segundo turno, período da tarde, compôs o tema transversal sobre a Diversidade Humana e Relações Étnico-Raciais e de
Gênero.
Com o objetivo de trazer novas e potentes referências de mulheres negras de grande relevância para a história e
cultura do país, cada uma das sete turmas foi batizada com o nome de sua madrinha. Esse trabalho narra o percurso do Grupo
Lia de Itamaracá!
Conhecer a biografia de cada madrinha foi o ponto disparador dos projetos de todas as turmas, tal qual sete barcos
partindo do cais. A rota de navegação foi sendo traçada organicamente de acordo com os interesses, falas e situações
protagonizadas pelas crianças.

369
O Grupo Lia de Itamaracá pesquisou, se aprofundou e aprendeu muitos aspectos da vida de sua madrinha. Iniciamos
com uma pesquisa que foi enviada para casa que oportunizou a participação das famílias nesse percurso. Ao longo do processo
várias discussões foram geradas acerca da ciranda: é só brincadeira de menina? É dança? Adulto também brinca? Vivenciamos
a ciranda de muitas formas que foram sendo ressignificadas pelas crianças. A Mayara, educadora da limpeza, foi convidada
para compor os ensaios e ser “a nossa Lia” - como diziam as crianças - na apresentação da dança. Logo outras perguntas
surgiram sobre Lia: “O que ela sempre usa na cabeça? É touca? É pra esconder o cabelo?”
O nosso percurso chegou a uma pergunta sobre a Família Abayomi: por que Dayó e Henrique são irmãos gêmeos e tem
cor de pele diferente? Por que a Lia tem pele escura? Seguimos investigando sobre genética até descobrir sobre a melanina e
sua atuação na cor da pele, olhos e cabelos.
O envolvimento profundo com a biografia da Lia de Itamaracá levou as crianças a se voltarem umas para outras, suas
próprias histórias, famílias, traços e singularidades. A finalização dos projetos culminou na ideia de cada criança construir um
livro contando sua história. Embora tenham gostado, o grupo optou por utilizar como suporte para reunir essas informações
não um livro, mas sim um estandarte como o da Lia. A partir daí as investigações foram voltadas para elas. A maior parte do
estandarte foi composta pelo autorretrato das crianças. Em seguida, decorar o estandarte e acrescentar informações que elas
elegeram como relevantes para contar sua biografia: desenho da família, brincadeiras favoritas, comidas, livro, curiosidades,
uma foto da criança e do grupo Lia reunido.
Conforme consta no Projeto Político Pedagógico (PPP) da nossa escola: “Um projeto de vida a favor das diferenças, da
valorização e respeito de qualquer maneira de existir no mundo e contra qualquer tipo de discriminação e preconceito”. Esse
projeto propiciou às crianças a construção de narrativas e experiências de curiosidade, empatia, afeto, respeito e valorização
da diversidade.
Objetivos:
- Valorizar a história de mulheres negras brasileiras,
- Aplicação da Lei 10.639/03 e combate ao racismo;
- Desconstrução de estereótipos de gênero e valorização da diversidade;
- Promover ações afirmativas e contribuir para a autoestima das crianças;
- Garantir acesso a multiplicidade de territórios e linguagens diversificadas;
- Incentivar e propiciar o protagonismo infantil de forma lúdica;
- Estimular por meio da curiosidade a construção do conhecimento;
- Contribuir na formação de sujeitos empáticos;
- Envolver a comunidade escolar no processo educacional.
Atividades desenvolvidas:
No início do ano letivo a Família Abayomi volta de viagem e traz de presente para o Grupo Lia de Itamaracá uma
saia de chita e a música “Eu sou Lia”. Depois disso, ampliamos a pesquisa com a participação das famílias com resultados
compartilhados durante uma roda de conversa com o grupo.
Em seguida, os olhares se voltaram para investigações acerca da Ilha de Itamaracá no estado de Pernambuco. Esse
momento mobilizou muito as crianças pois várias delas são de famílias vindas desse estado. A fim de oferecer mais possibilidades
de exploração elaborei um jogo da memória com diferentes fotos de referência da Lia, ciranda e da Ilha de Itamaracá para as
crianças jogarem em pequenos grupos.
Em abril as crianças receberam de presente da Dayó um álbum de viagem que mostrava mais fotos e novas informações
sobre a Lia. Além de cantora e compositora as crianças descobriram que ela também foi merendeira, que escreveu um livro,
recebeu muitas homenagens, participou de filmes e viajou o mundo mostrando sua arte.

370
Lia que fomos conhecendo. Discussões sobre danças com poucas ou muita
Discussões
Lia quesobre
fomosdanças
conhecendo.
com poucas
Concomitantemente Discussões
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estereótipos acercao de
intervalo,
surgiram comentários sobre as regras da dança, pois eram muitas pessoas
surgiram
e as regras da comentários
dança, pois eram sobre
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uma dança e brincadeira que têm comocrianças
regras
pessoas da juntas.
dança,
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cantar. Após
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Ao longo do processo as
foram fazendo sobre comoum vídeo dadar
dançar, Lia dançando
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mãos sobre e fazercomo a roda. dançar,
Partedar do asgrupo mãosestava e fazer a roda. Parte do grupo estava
com muitas crianças da sua escola durante
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dançar.
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pessoas juntas. Ao longo do processo asciranda em pares para eavaliar
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371
Em seguida, foi produzido um cartaz com a explicação sobre melanina e melanócitos tendo a Família Abayomi como
ilustração de referência: as crianças definiram que Sofia tinha 1 bolinha vermelha de melanina, Henrique 2, Dayó 3 e Azizi
4. Após algum tempo essa investigação transpôs as figuras de afeto e chegou na Lia. “Quantas bolinhas de melanina a Lia
têm?”. Para responder essa pergunta um novo registro foi feito com as fotos das duas professoras da turma, a coordenadora,
a educadora Mayara e a Lia. Cada criança tinha o desafio de atribuir a quantidade de bolinhas vermelhas para cada pessoa.
Nesse momento as crianças já estavam tentando atribuir a quantidade de melanina de si, da família e das outras crianças.
Introduzi a caixa de gizes com 20 opções de tons de pele.
O movimento inicial das crianças foi comparar cada giz consigo, amigos, professoras e Família Abayomi. Elas estavam
livres para escolher e experimentar desenhar com todos eles. A partir dali os gizes passaram a estar disponíveis ao acesso das
crianças em todas as atividades. Ainda nesse mês, tivemos a grande felicidade de conhecer pessoalmente a Lia de Itamaracá
durante o lançamento de sua biografia em um evento no período da noite no SESC Pinheiros.
Algumas famílias puderam levar as crianças que ficaram extasiadas, assim como as professoras. Em conversa privada
com a Lia pudemos entregar os desenhos que elas enviaram de presente, mostramos um vídeo com recado das crianças e
o diário de projeto da turma - caderno com folhas de tamanho A3 que é alimentado semanalmente pelo grupo com fotos e
produções que relatam o percurso vivenciado. Ela recebeu tudo com muito carinho e alegria, autografou seu livro para o grupo
e gravou um vídeo em resposta às crianças.
A conclusão do projeto teve início em novembro com a confecção do autorretrato para compor o estandarte de cada
uma delas que foi realizado em diferentes etapas: observar suas características no espelho, desenhar em papel tamanho A3,
colorir com a cor de giz que mais se aproximava de seu tom de pele.
No mês de dezembro aconteceu a Mostra Cultural na qual toda a comunidade vem à escola conhecer e prestigiar o
percurso dos projetos ao longo do ano letivo. As crianças puderam compartilhar suas vivências com suas famílias e levar o seu
estandarte que estava exposto para casa. E foi assim que nosso barco aportou no cais.
Resultados obtidos e avaliação:
Os processos de avaliação das propostas e envolvimento das crianças bem como suas aprendizagens acontecem
durante todo o ano por meio de diversos recursos que compõem a documentação pedagógica da escola. Para isso, dispomos
de fotos, observações, escuta atenta da fala das crianças, suas interações e produções.
A Lia de Itamaracá tornou-se uma figura de afeto tão querida quanto a Família Abayomi. A ciranda contribuiu para
a formação da unidade de grupo no qual todos aprenderam a caminhar e dançar juntos, fortalecendo as relações de afeto,
valorizando e respeitando as diferenças à medida que contribuiu para a desconstrução do estereótipo de que a ciranda era
unicamente para meninas.
A participação da educadora Mayara fortaleceu seus laços com a turma como uma educadora de referência que,
para além dos ensaios e dança, passou a ser frequentemente convidada pelas crianças para brincar no parque, compartilhar
descobertas e vivenciar de forma mais íntima a rotina do grupo.
Passada a festa em agosto as crianças passaram a pedir para “brincar de ensaio” tamanho o envolvimento e o desejo
de continuar a dançar e brincar de ciranda.
Durante o processo de investigação sobre o turbante a hipótese inicial de servir para “esconder o cabelo” foi substituída
pela sua valorização e empoderamento tanto do turbante quanto do cabelo crespo. O autorretrato das crianças propiciou o
rompimento com a reprodução de uma estética eurocêntrica e possibilitou a apreciação, valorização e reconhecimento de
suas singularidades.

372
Projeto Permanente
Território de Aprendizagem: Cozinha experimental

DENOMINAÇÃO: Cores e sabores


II – JUSTIFICATIVA: O projeto permanente da horta trouxe consigo atividades de criação e execução de receitas e degustação
dos alimentos produzidos pelos próprios alunos.
As atividades de culinária tornaram-se parte da rotina dos grupos, o que era dificultado pela ausência de um espaço
específico para este fim, no qual as crianças pudessem criar, produzir e experimentar, aprendendo através da arte culinária.
Diante desta dinâmica as professoras e gestão apontaram como solução a criação de um novo espaço que fosse
acessível e apropriado para que as crianças pudessem se desenvolver nesta área com liberdade, sendo-lhes garantida a
efetiva participação em todas as etapas, desde o planejamento até a organização final dos processos culinários. As atividades
experimentais devem ser constantes, pois elas propiciam a possibilidade de investigação do real, dão margem à discussão e à
interpretação dos resultados obtidos, levando a conclusões.
Durante os últimos anos, a cozinha da escola extrapolou sua utilização para além dos produtos da horta, sendo utilizada
como recurso dinâmico e eficiente para explorar novas formas para construção de conhecimento em todos os campos de
experiência, com a terceirização de seus serviços, tornou-se urgente a criação de um território ao ar livre que comportasse um
número grande crianças e ao mesmo tempo garantisse segurança a todas e todos
III – PERÍODO DE REALIZAÇÃO:
Durante todo o ano letivo com periodicidade bimestral.
IV - OBJETIVO GERAL:
Proporcionar a melhoria da qualidade de vida das crianças e da comunidade através da ressignificação da alimentação como
possibilidade de criação e preservação da saúde e das refeições como momentos de socialização e prazer.
V - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Incentivar a criatividade na elaboração de receitas e na apresentação dos pratos;
- Estimular o trabalho coletivo;
- Possibilitar o conhecimento da cultura alimentar dos diferentes povos e regiões;
- Utilizar o espaço para viabilizar a observação, análise, criação de hipóteses experimentos de sensações e descobertas;
- Estimular e dar credibilidade à ousadia das ideias infantis;
- Confirmar hipóteses e criar soluções;
- Vivenciar situações concretas envolvendo conceitos matemáticos;
- Compreender a culinária como expressão artística e cultural de um povo;
- Explorar conceitos científicos por meio da culinária;
- Estimular situações de escrita espontânea e formas convencionais de registro.
VI-RESULTADOS ESPERADOS
Que as crianças se sintam à vontade para realizar experiências culinárias de criação, entendendo os processos culinários

373
como componentes da cultura de um povo por meio da alquimia perfeita entre sabores, essências, cores e formas.
VIII – DETALHAMENTO DE FASES E ETAPAS
1) Sensibilização – No início de cada ano as crianças são envolvidas num ritual de inauguração do espaço da cozinha
experimental que geralmente envolve um personagem criado pela equipe de professores. Neste dia, assistem o passo a passo
de uma receita (leitura da receita, separação dos ingredientes e equipamentos, execução, decoração do prato e degustação).
2) Ampliação de Repertório – Após a escolha da receita alguns passos são fundamentais para que as atividades
atinjam seus objetivos, a saber:
- Hábitos e costumes de diferentes povos e/ou regiões brasileiras (História e Geografia).
- Origem das receitas e/ou de seu ingrediente principal (História e Geografia).
- A temperatura dos alimentos (o fogo).
- Reconhecer a evolução da arte culinária através do tempo e das tecnologias envolvidas durante o processo; (eletrodomésticos:
fogão/fogo; etc).
- Superar o preconceito de alimentos naturais: verduras, legumes entre outros (Ciências Naturais).
- Noções de números, quantidade e medidas (Matemática).
- Escrita espontânea e convencional das receitas (Português).
- Alimentação saudável (Ciências Naturais e Sociais).
- Noções de tempo (Matemática).
- Modelar e decorar os pratos (Artes).
- A Alquimia dos ingredientes (Ciências).
- Cuidados necessários com a higiene e segurança no preparo dos alimentos (Ciências)
- Ampliação de vocabulário (Oralidade).
- Mudança do estado físico da matéria (Ciência).
- Leitura de rótulos e receitas (Leitura e Escrita).
- Reciclagem de embalagens e o lixo orgânico (Ciência).
- Valorização do trabalho em grupo (Ciência).
3) Envolvimento da Família
- Pesquisas sobre hábitos alimentares;
- Participação nos momentos de culinária;
- Envio das receitas criadas ou realizadas pelo grupo/classe através da agenda;
- Contribuições solicitadas por meio da agenda;
- Almoço em família na escola.

IX – CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Para atingirmos os resultados esperados, pensamos em algumas etapas indispensáveis para garantir a participação de
todos durante as aulas de culinária.
1º Passo: Discussão sobre a importância do trabalho em equipe para o sucesso da atividade.
2º Passo: Determinar o dia em que a receita será executada e/ou quantos dias serão necessários para sua realização;
propor o levantamento dos ingredientes necessários que podem ser aqueles descritos na receita ou aqueles desejados pelas
crianças e escrita do bilhete, pela criança, solicitando a colaboração da família (quando necessário).
2º Passo: Levantamento das equipes de trabalho e suas funções de acordo com o modo de preparo estipulado para
cada receita e/ou respeitando a descrição do modo de fazer criada pelas crianças.
- Equipe da Limpeza (lavar, enxugar, secar e guardar os utensílios).
- Equipe da Preparação (dia anterior à execução da receita).

374
- Equipe de Cozinheiros (no dia da execução).
- Equipe de Decoradores (definir de que forma o resultado será apresentado para degustação).
- Equipe de Organizadores (preparação do ambiente e dos utensílios).
3º Passo - Criação de um cartaz permanente na sala de registro com as equipes e os nomes dos alunos que farão parte
de cada uma delas, garantindo o rodízio das funções para todas as crianças.
4º Passo – Varal permanente de textos na Sala de Convivência – anexar a receita junto aos outros portadores
IX – Avaliação
O trabalho com projetos prevê a elaboração de alguns instrumentos que subsidiam a avaliação contínua do trabalho
do professor e da evolução de nossas crianças.
- Avaliação diária das atividades propostas através do planejamento semanal e acompanhamento da execução.
- Acompanhamento, análise e intervenções na construção do portfólio individual do aluno;
- Análise e acompanhamento do portfólio virtual do grupo/classe na web;
- Produções coletivas expostas nos murais e paredes da escola;
- Elaboração e Intervenções nos relatórios individuais dos alunos;
- Elaboração e intervenções nas teias de conhecimento e no Diário de Projeto.

375
Projeto Permanente
Território de aprendizagem: Horta e áreas verdes

DENOMINAÇÃO: A Diversidade na Natureza


II – JUSTIFICATIVA:
A EMEI Nelson Mandela tem como eixo de seu projeto pedagógico o trabalho com a diversidade.
Os projetos permanentes da escola, como a Horta Pedagógica, suscitaram observações curiosas por parte das crianças
que mereceram nossa atenção e organização desse projeto.
A variedade de plantas, árvores, folhagens e bichos, juntamente com nossas incursões para cuidar da horta, garantiram
interesses efetivos por parte das crianças na exploração do ambiente natural.
O desafio agora será lançar um novo olhar, criterioso e científico para a diversidade na natureza, possibilitando
inúmeras descobertas.

III – PERÍODO DE REALIZAÇÃO


Durante o ano letivo com periodicidade semanal.

IV – OBJETIVO GERAL
Propiciar a investigação da natureza, ampliando o tema da diversidade, dando margem a discussões, problematizações
e interpretações dos resultados obtidos, bem como desenvolver o respeito e cuidados à natureza e às relações humanas (como
consequência da analogia dos parâmetros de respeito e cuidados nas relações).

V – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Oportunizar experiências de manejo de uma horta (preparo do solo, plantio, manutenção e colheita);
- Incentivar a observação detalhada da natureza;
- Oportunizar a convivência em grupo e suas implicações;
- Compreender a organização da natureza e suas transformações;
- Incentivar as crianças a perceberem a importância dos cuidados e da preservação ambiental;
- Conhecer e identificar a diversidade presente na natureza e suas implicações (cadeia alimentar, predadores etc.);
- Estimular e dar continuidade à ousadia das ideias infantis ampliando seus conhecimentos;
- Levantar hipóteses e confirmá-las ou não;
- Utilizar os espaços da natureza contidos na escola para viabilizar a observação, análise, criação de hipóteses, experimentos,
sensações e descobertas;
- Enriquecer com textos, livros, imagens e pesquisas a curiosidade infantil acerca dos temas.

VI – RESULTADOS ESPERADOS
Que as crianças desenvolvam atitudes de respeito e cuidados à diversidade na natureza e nas relações sociais,
propiciando um ambiente que as deixe à vontade para colocar seus pensamentos e opiniões de forma clara, com incentivo à
adequação e pertinência aos temas tratados.

376
VII – DETALHAMENTO DE FASES E ETAPAS
1) SENSIBILIZAÇÃO:
No início do ano, as crianças são envolvidas em conhecer e cuidar dos espaços escolares para além da sala de
convivência, principalmente a horta, exercendo o protagonismo infantil nos cuidados e preservação desses locais.
As primeiras atividades são chamadas de sondagem de repertório sobre alguns assuntos, entre elas:
- O que é uma horta;
- O que é um espantalho e para que serve;
- Limpeza do terreno;
- Adubação;
- Plantio;
- Manutenção (rega e retirada de ervas daninhas);
- Colheita;
- Degustação.

2) AMPLIAÇÃO DE REPERTÓRIO
Após as observações e problematizações trazidas pelas crianças a partir de seus conhecimentos prévios e das incursões
à horta, investimos na ampliação desses repertórios por meio de leituras de livros, textos e imagens para que as atividades
atinjam seus objetivos, a saber:
- Modo de organização e vida de alguns animais;
- Diferenciação de seres vivos e não vivos;
- Ampliação de vocabulário;
- Atividades e materiais para alimentar a curiosidade das crianças a respeito dos temas que forem sendo trazidos em rodas de
conversa;
- A relação do homem com a natureza e do homem na sociedade (paralelo com os cuidados também nas relações humanas);
- Função dos seres vivos na natureza e sua contribuição;
- Realização de experimentos simples para comprovação ou não de hipóteses;
- Observação do ambiente natural com propósito a fazer questionamentos e estudá-los;
- Elementos da Natureza (perceber a relação da água com a saúde humana, estimular o uso racional da água);
- Evidenciar a importância do elemento terra para a manutenção da vida;
- Ciclo da Água (- como a água chega na escola; água de reuso, qual o destino do esgoto gerado na escola, importância da água
para o corpo humano, as doenças que podem surgir após enchentes);
- Ocupação Territorial;
- Decomposição de resíduos orgânicos e não orgânicos;
- Reciclagem de lixo;
- Decomposição de resíduos orgânicos e não-orgânicos;
- Reciclagem de papel;
- Alimentos orgânicos e não-orgânicos;
- Alimentação como cultura de um povo – Consumismo/desperdício;
- Fontes de poluição;
- Utilização de queimadas para o desmatamento e alternativas sustentáveis.

377
3) ENVOLVIMENTO DA FAMÍLIA
- Envio de materiais de pesquisa (livros, textos, imagens) solicitados através da agenda;
- Participação em momentos em que seja solicitada a presença dos familiares para enriquecimento do tema;
- Presença das famílias nos momentos de colheita e cozinha experimental;
- Pesquisas;
- Concurso “Master Chef” entre os pais dos diferentes grupos de crianças.

4) PRODUTO/ RESULTADO
- Criação de textos coletivos;
- Produções artísticas variadas;
- Registro do portfólio individual;
- Manutenção do portfólio virtual do grupo (facebook).

5) CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
Tendo em vista a flexibilidade do projeto e a amplitude do tema tratado, cada grupo irá delinear por meio de seus
interesses, o aprofundamento nos temas a serem abordados, a fim de darem contorno aos projetos.
Para garantir os resultados esperados, pensamos em algumas etapas:
1º passo: discussão sobre a importância do trabalho em equipe para o sucesso da atividade;
2º passo: construção da teia de conhecimento que norteará o percurso dos estudos;
3º passo: exposição dos trabalhos construídos.

VIII – AVALIAÇÃO
O trabalho com projetos prevê a elaboração de alguns instrumentos que subsidiam a avaliação contínua do trabalho
do professor e da evolução de nossas crianças.
- Avaliação das atividades propostas por meio do planejamento semanal;
- Acompanhamento, análise e intervenções na construção do portfólio individual do aluno;
- Análise e acompanhamento do portfólio virtual do grupo/classe na web;
- Produções coletivas expostas nos espaços da escola;
- Elaboração e intervenções nos relatórios individuais dos alunos.

378
Projeto Permanente
Território de Aprendizagem: Restaurante

DENOMINAÇÃO: Restaurante (nome definido anualmente, conforme projeto didático)


II – JUSTIFICATIVA:
Promover a aquisição de hábitos alimentares saudáveis, construindo saberes relacionados aos princípios da
sustentabilidade e o combate ao consumismo.

III – Objetivos Específicos


- Aumentar a aceitação de alimentos diferenciados;
- Reduzir o desperdício de alimentos;
- Construir uma consciência corporal que lhe permita conferir importância aos momentos das refeições;
- Introduzir a classificação dos resíduos produzidos, tendo como base os símbolos da coleta seletiva do lixo;
- Participar dos processos de higienização do ambiente tendo o adulto como referência;
- Propriedades e características dos alimentos (cardápio escolar) e sua relação com a saúde integral do homem;
- Identificar a poluição sonora e seus efeitos sobre nosso bem-estar;
- Conquistar autonomia para alimentar-se com garfos e facas;
- Ampliar seu círculo de amizades;
- Diferencie o que é de uso coletivo e individual.

V - Detalhamento | Fases
Fase I – fevereiro (1ª semana do período de acolhimento)
Atividades:
- Vivenciar os momentos das refeições sem que haja nenhum tipo de norma de convivência definida;
- Problematizar as experiências vividas em rodas de conversa com o registro das falas infantis;
- Gravar os momentos das refeições para discutir com as crianças sobre propostas de solução aos problemas detectados
(entrada no galpão, organização para pegar os pratos, mesas, sujeira das mesas, sujeira no chão, barulho, descarte dos resíduos,
entre outros).

Fase II – fevereiro (2ª semana)


Atividades:
- Realização da 1ª Assembleia Infantil para discussão dos problemas levantados e apresentação das propostas de solução às
situações registradas durante a primeira semana de fevereiro. Neste momento devemos perguntar se o galpão se parece com
um restaurante e o que seria preciso para transformá-lo em um ambiente acolhedor e bonito; Confecção dos itens definidos
em Assembleia para ambientação do restaurante por cada grupo de crianças.

379
Fase III – março (1ª semana)
- Implementação dos combinados do restaurante;
- Inauguração do restaurante.

Fase IV – março a dezembro


- Cumprimento e observação dos combinados;
- Registro e avaliação dos avanços da criança para a construção dos relatórios individuais, levando-se em considerações alguns
aspectos: aceitação ou recusa de alimentos; aspectos sobre sua autonomia ao comer; conhecimento e autonomia sobre
onde descartar os diferentes resíduos; controle corporal durante a refeição, controle do volume de voz durante as refeições;
observância dos combinados do restaurante; autonomia e eficiência nos momentos de limpeza do chão e mesas; organização
e limpeza dos utensílios; repetição do cardápio oferecido; progressos quanto a utilização de garfos e facas; formação de grupos
diferentes para os momentos de refeição, entre outros que constem no quadro de referência da EMEI Nelson Mandela.

380
Projeto Permanente
Território de Aprendizagem: Sala de Leitura

DENOMINAÇÃO: A Casa de Kiriku


II – JUSTIFICATIVA:
Durante os últimos anos, ao elaborar os relatórios individuais de nossas criamos, criamos um campo para sugerir aos
pais algumas ações que poderiam auxiliar seus filhos no processo de evolução nas hipóteses da escrita e, consequentemente,
na leitura de mundo e sua diversidade. Constatamos que precisávamos aproximar nossa prática da teoria que defendíamos.
Ora, se indicávamos à família alguns procedimentos que tínhamos como certos, era preciso incorporá-los a nossa rotina
escolar por uma questão de coerência.
Neste sentido, definimos ser necessário o investimento na formação docente que pudesse subsidiar a criação de um
projeto específico para nossa Sala de Leitura. Contando com o profissionalismo de grande parte dos professores, contratamos
duas formadoras para as horas de trabalho coletivo que, por meio de oficinas durante o ano, nos aproximaram do mundo
mágico da contação de história e a necessidade de nos transformarmos em leitores antes de iniciarmos um trabalho efetivo
na sala de leitura.
Após alguns encontros, fizemos nossa inscrição junto à Divisão de Orientação Técnica da Diretoria Regional de Educação
Freguesia/Brasilândia para participarmos do Projeto Entorno de incentivo à leitura. Toda esta dedicação veio de encontro aos
nossos objetivos e resultou na criação de um projeto permanente para nossa escola.
III – Período de Realização
Durante todo o ano letivo.
IV –Objetivo Geral
Tendo em vista o Quadro de Referência desta Unidade Educacional que prevê o incentivo ao gosto pela leitura e
escrita, pretendemos aproximar a criança do universo letrado através de sua participação em práticas sociais de contação e
leitura de histórias, bem como de variadas formas de registro.

V – Objetivos Específicos
- Ampliar o repertório literário;
- Adquirir comportamentos leitores;
- Interagir com o livro de maneira prazerosa, reconhecendo-o como fonte de múltiplas informações e
entretenimento;
- Compartilhar interpretações;
- Dinamizar o processo de autonomia em relação as escolhas e preferências literárias;
- Estimular o prazer em escutar a leitura em voz alta;
- Socializar seus conhecimentos com diferentes parceiros dentro e fora da escola;
- Apreciar e interpretar ilustrações e imagens.
VI – Detalhamento das Fases/Etapas
1) Sensibilização - Reinauguração anual da Sala de Leitura – Preparação de um evento, durante o período de acolhimento,
que desperte o interesse da criança pelo espaço e que, através dele, entre em contato com os combinados que deverão ser
observados durante todas as visitas futuras.

381
2) Ampliação de Repertório/Resgate
a. Releitura dos resumos constantes nesta apostila em que são descritas as etapas de cada dinâmica;
b) Reorganizar o acervo de livros de literatura infantil da Biblioteca do Professor (sala dos professores) observando sua
classificação inicial: Contos de fada, fábulas, aventuras, personificação de elementos da natureza, personificação de objetos,
fatos do cotidiano, fatos históricos, histórias sem texto.

3)Reorganizar a Sala de Leitura - Preparação para as sessões do “Tapete literário” e “Dia da Pesquisa”
a) Sessões de Leitura Compartilhada e seus rituais;
b) Sessões Simultâneas e Procedimentos em relação à leitura de histórias (antes, durante e depois);
c)Contação de Histórias;
d)Ambiente Alfabetizador;
e)“Tapete Encantado” – exploração dos gêneros literários/autores/ilustradores/tipos de ilustração/Tipos de escrita e
formatação do texto;
f) O Dono da História;
g) Procedimentos para o Dia da Pesquisa.

4)Envolvimento da Família
- Por meio de alguns eventos promovidos pela escola como: Dia da Família e Reuniões de Pais e Mestres em que esteja
garantida pelo menos uma atividade prática de leitura ou escrita;
- Empréstimo de livros nos finais de semana (uma criança, em sistema de rodízio, leva o livro em uma sacola contendo: uma
carta explicativa aos pais sobre os procedimentos e regras que envolvem o empréstimo, um livro escolhido pela criança e um
bloco de notas/caderno no qual a criança e família devem registrar o que acharam da experiência/ história;
- Convite aos pais para serem os “Donos da História” em dia de aula.
5)Produto/Resultado – Espera-se que as crianças adquiram comportamentos leitores e demonstrem interesse e curiosidade
pela palavra escrita e falada, reconhecendo a leitura como fonte de prazer e entretenimento, bem como ampliem seu repertório
literário e expressem suas preferências.

VIII – Cronograma de Atividades/Experiências: a ser elaborado durante o ano letivo


IX – Avaliação
O trabalho com projetos prevê a elaboração de alguns instrumentos que subsidiam a avaliação contínua do trabalho
do professor e da evolução de nossas crianças.
- Avaliação diária das atividades propostas através do planejamento semanal;
- Acompanhamento, análise e intervenções na construção do portfólio individual do aluno;
- Análise e acompanhamento do portfólio virtual do grupo/classe na web;
- Produções coletivas expostas nos murais e paredes da escola;
- Elaboração e Intervenções nos relatórios individuais dos alunos.

ENTRANDO EM CONTATO COM AS DINÂMICAS


Antes de iniciarmos o projeto, é importante que todas conheçam a terminologia usada pelos criadores do projeto e
outras criadas por nossa Unidade Educacional no que diz respeito às dinâmicas que serão aplicadas.
I - Leitura Compartilhada – todos os envolvidos (crianças e professores) com o mesmo livro de história.
II - Sessões Simultâneas – dia de leitura, nos diversos espaços escolares, envolvendo todos da escola ao mesmo tempo.

382
II - Tapete Encantado – dinâmica preparada pelo professor tendo um único critério para os livros expostos e que serão
manuseados pelas crianças ( só poesia, só livros sem texto, um único autor, um único ilustrador, uma única editora, etc.).
Variação: após várias sessões você pode alterar a dinâmica e desafiar as crianças a descobrir o que os livros têm em comum.
Qual a característica que todos apresentam.
IV - Dono da História – criação de história por uma ou mais crianças com registro do professor para compartilhar com o grande
grupo.
V - Ambiente Alfabetizador – inúmeras atividades constantes a serem desenvolvidas e expostas no espaço escolar.
VI – Dia da Pesquisa – realização de pesquisa científica sobre o tema que está sendo abordado no projeto didático no arquivo
específico da Sala de Leitura.

I - LEITURA COMPARTILHADA
Cabe esclarecer que os procedimentos que seguem foram resultado da observação e avaliação das sessões de leitura
compartilhada, realizadas desde 2010, portanto, merecem atenção especial de todos os profissionais comprometidos com o
projeto pedagógico de nossa escola. Nosso principal objetivo com esta dinâmica é estimular a aquisição de comportamentos
leitores e para isso é fundamental a observação de todos os itens.

1) Ritual de Iniciação
a - Caso a sessão de leitura compartilhada seja realizada dentro da sala de convivência - Organizar as cadeiras e mesas
de forma que seja possível a formação da uma roda no centro do espaço. Se o professor é a referência do aluno, faz toda a
diferença ele estar manuseando seu livro no mesmo plano que as crianças. A segurança de olhar para o livro do professor e se
“achar” na história, é fundamental.
b- Colocar um tecido (colcha, pedaço de tnt, tapetinhos individuais) no centro da sala para servir de referência para as
crianças formarem a roda e sentirem-se acolhidas e pertencentes ao grupo de leitura. O tapete, que parecia um detalhe, foi
essencial para conferir ao momento o “aconchego”, o conforto que uma boa leitura nos traz. Percebemos que sentar-se em
cima do mesmo tapete, envolveu todos os participantes e definiu a importância de cada um dentro do grupo.
c- Escolher uma música que ficará sendo a marca de seu grupo para o início de uma contação ou leitura de história
(nesta e em outras dinâmicas). Fica a critério do professor cantá-la com seus alunos ou utilizar a aparelhagem de som da sala
(armário coletivo). Ao final da canção, os alunos devem sentar-se em círculo, em volta do tecido.

2) Combinados
a - estabelecer um código com as crianças para definir o exato momento de virar a página do livro (som, gesto, etc.). A
curiosidade em folhear todas as páginas até a última ainda mereceria uma atenção especial. Uma de nossas professoras teve a
brilhante ideia de associar, inicialmente, um som ao momento de virar cada página do livro. Utilizou um chocalho feito de lata
e o sucesso foi absoluto. A leitura ganhou ritmo, concentração e harmonia.
b - Folhear o livro com cuidado, sem amassar, porque eles são de todas as crianças da escola. Nossa experiência indica
que nas primeiras sessões é produtivo que os livros fiquem em cima do tecido durante toda a leitura. Percebemos, através
das filmagens, que os professores que deixavam os livros permanentemente nas mãos das crianças durante a leitura, não
obtinham o mesmo resultado daqueles que combinaram deixá-los em cima do tapete. A concentração não é a mesma.
c- Definir de que forma será feita a devolução dos exemplares após a leitura.

3) Apresentação do Livro
a - Ler o título do livro, o nome do autor, da editora, do ilustrador e fazer comentários sobre eles. (O que será que faz

383
o autor de um livro? E o ilustrador? Vocês já leram algum livro deste autor, vocês conhecem este ilustrador?). Ler ou contar
uma breve biografia de ambos;
b- Ler a sinopse;
c- Explorar a ilustração da capa e contracapa (O que vocês estão vendo? O que será que esta história vai contar?).
Não trabalhar todas as imagens do livro antecipadamente. Isto pode fazer com que as crianças percam o interesse
durante a leitura, além de prolongar demasiadamente a duração da sessão, o que não é recomendável para a faixa etária
envolvida.
d- Socializar o motivo pelo qual escolheu a história ou texto.

4) A Leitura
Anunciar o início da leitura. A partir deste momento o professor deverá estar preparado para enfrentar alguns comportamentos
que merecem atenção especial:
a-Nesta dinâmica é permitido que as crianças façam interferências durante a história, mas cabe ao professor saber
dosá-las. Alguns teóricos acreditam que as interrupções constantes podem comprometer o entendimento do contexto geral
da história. Em outras dinâmicas as interferências não serão desejáveis;
b- Sempre que alguma criança perde a concentração necessária para a leitura, o professor não deve
interromper a leitura para chamar-lhe a atenção, deve sim, chamar-lhe de volta a roda com perguntas pertinentes a
história lida. (conte-nos o que você está vendo nesta ilustração, se você fosse o personagem da história o que você faria?);
c- Caso a criança faça uma interferência que revele o seu não entendimento de alguma parte da história, é possível
retornar à página e reler o texto que responda a sua interpretação/comentário. Aliás, o ir e vir no livro/história é aconselhável
porque configura um comportamento leitor;
d- Antecipação do que está por acontecer na história.

5) Interferências/ Intercâmbio
Após a leitura, é aconselhável iniciar uma roda de conversa sobre o livro, compreendendo a história e as ilustrações,
através de perguntas e desafios. Para conduzi-las, é necessária uma preparação antecipada do professor (veja mais detalhes
em outras dinâmicas)
- Houve alguma coisa que vocês gostaram nesse livro?
- O que lhe chamou a atenção?
- Houve alguma coisa de que você não gostou?
- Houve alguma parte que você achou cansativa?
- Houve alguma coisa que causou espanto? Houve algo que você achou maravilhoso?
- O que você diria ao seu amigo sobre este livro?
- Sobre quem é esta história?
- Em que lugar se passa a história?
- Há quanto tempo você acha que aconteceu esta história?
- Vamos olhar o desenho que o ilustrador fez do personagem tal. Você o imaginava assim?
- Se você fosse tal personagem o que faria na hora que....?
- Vamos imaginar um final diferente para a história?
É claro que, para pensar sobre as questões que interessam ao professor abordar, é necessária a leitura antecipada da
história.

384
.
ha do Livro - Cada professor, em horário e dia determinado pela Coordenação Pedagógica, escolhe
ra ser trabalho e lido para as crianças. Como temos 7 salas, deverá ser observada e garan�da a divers
eros literários (caixas com a classificação) para que todos estejam representados em cada uma das se
II - SESSÕES SIMULTÂNEAS DE LEITURA
adas durante o ano.
Nesta dinâmica a criança terá a oportunidade de escolher a história que deseja ouvir, segundo sua preferência
ejamentoliterária
da Leitura (Professor)
e não, como de costume, pelo voto da maioria ou pela escolha do professor. A sessões acontecem simultaneamente
squisa sobre o autor,
promovendo ilustrador
o envolvimento quea equipe
de toda deverão ser mencionados
de professores, antes do início da leitura;
no mesmo dia e horário.
squisa sobre curiosidades
1)Escolha do Livro - Cadasobre o tema
professor, tratado
em horário no livro;pela Coordenação Pedagógica, escolherá um livro para
e dia determinado
anejamentoser trabalho e lido para as crianças.
das intervenções Como temosantes
possíveis 7 salas, deverá
e após ser observada e garantida
a leitura. Percebaa diversidade
que de gênerosdinâmica,
nesta literários o pro
(caixas com a classificação) para que todos estejam representados em cada uma das sessões organizadas durante o ano.
erá cuidar para que não haja interrupção da leitura feita por ele. As conversas deverão ocorrer antes e
2)Planejamento da Leitura
tura; - Pesquisa sobre o autor, ilustrador que deverão ser mencionados antes do início da leitura;
ompar�lhar a leitura
- Pesquisa sobre escolhida e aso intervenções
curiosidades sobre elaboradas com os colegas professores;
tema tratado no livro;
aborar a resenha do das
- Planejamento livro que será
intervenções colada
possíveis antesno painel
e após dePerceba
a leitura. inscrições.
que nesta dinâmica, o professor deverá cuidar para
que não haja interrupção da leitura feita por ele. As conversas deverão ocorrer antes e após a leitura;
el de Inscrições – Cada Professor confecciona o seu painel (em papel pardo) no qual as crianças farã
- Compartilhar a leitura escolhida e as intervenções elaboradas com os colegas professores;
ões, conforme modelo.
- Elaborar a resenha do livro que será colada no painel de inscrições.
3) Painel de Inscrições – Cada Professor confecciona o seu painel (em papel pardo) no qual as crianças farão suas inscrições,
conforme modelo.

As fichas deverão NoNmomento dato da


A s fich as deverão o m om en
ser colocadas nos
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história.
história. colá-la no painel.

4) Dia das Inscrições – O professor socializa as resenhas dos livros expostos, sem identificar quem será o responsável pela leitura
das histórias. As crianças escolhem a história que querem ouvir e colam a etiqueta com seu nome na ficha correspondente. Os
das Inscrições
professores– das
O crianças
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que aindasocializa as resenhas
não sabem escrever dos deverão
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para que As crianças
não haja confusão na hora daescolhem
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de leitura.
na ficha correspondente.
5) Organização de duplasOs professores
- Após das
a apresentação dos crianças
livros disponíveis,que
o grupoainda
pode senão sabem
organizar escrever
em duplas seu próprio n
ou trios conforme
o livro/suporte escolhido para explorar. Combinar um tempo para a leitura/exploração. Nesta dinâmica não é preciso formação
o fazê-lo pela criança indicando o estágio/sobrenome para que não haja confusão na hora da formaçã
de leitura.
385
da roda convencional utilizada em outras dinâmicas. As crianças podem escolher um canto as Sala de Leitura para analisar o
livro/suporte.
6) Troca de descobertas - Decorrido o tempo estipulado, iniciar a troca de descobertas entre todas as crianças.5) Dia das
Sessões Simultâneas - Cada professor deverá organizar seu grupo de alunos diante das fichas de inscrição escolhidas por eles.
Com todas as crianças reunidas e organizadas no anexo, o professor leitor assume seu novo grupo e dirige-se ao local escolhido
para a leitura. Para que ao final da leitura não haja problemas, o tempo de permanência na atividade de leitura e discussão será
de 20 minutos para todas as sessões. Decorrido este tempo, todas as crianças deverão ser encaminhadas ao corredor do anexo
e o professor titular da classe assume sua turma, levando-a para sala e iniciando o intercâmbio entre leitores.
6) Intercâmbio entre Leitores - Dependendo do tempo que resta, esta dinâmica poderá ser realizada no dia seguinte (não é o
ideal). As crianças contam sobre a leitura que escutaram (com a regra de não contar o final da história) e fazem indicações aos
seus colegas, afinal serão abertas novas inscrições para as sessões simultâneas com os mesmos livros.

III – TAPETE ENCANTADO


Nesta dinâmica o importante é que vários livros ou suportes de textos estejam disponíveis em cima de um tapete com
um único critério de seleção determinado pelo professor. Um dia pode-se apresentar um único autor, um único ilustrador, um
único assunto, por exemplo: Dia da Poesia, Dia do Conto, Dia da Crônica, Dia da Ruth Rocha, ou ainda, eleger um assunto do
interesse da turma e expor no tapete vários portadores que contenham informações sobre ele, por exemplo: jornais, livros,
revistas etc.
1) Escolha do critério da Semana – o professor define qual será o objetivo de sua dinâmica e faz a seleção dos livros/
suportes (por gênero, por autor, por ilustrador, sem texto, contos, por uma cultura, por assunto)
2) Faz a leitura de todos os livros escolhidos para que tenha condição de apresentá-los a seus alunos na hora do Tapete
Encantado.
3) Na Sala de Leitura, organiza o ambiente, expondo os livros em cima do tapete.
4) Inicia a dinâmica explicando qual foi o critério escolhido, apresentando um a um. “Escolhi várias obras de um mesmo
autor”, “Escolhi estes livros pois como estamos estudando a cultura árabe, achei que seria interessante
7) Após a troca, o professor deve discutir os pontos comuns e divergentes entre os livros/suportes (ilustração, cores/
luz/sombra, formatação dos textos, entre outros).
8) Ao final, as crianças escolhem um dos livros, através de votação, para que o professor faça a leitura convencional.

IV – O DONO DA HISTÓRIA
A criança deverá criar uma história tendo como base uma experiência de vida.
a) O professor escreve a história contada pela criança, sendo fiel ao relato sem fazer qualquer tipo de interferência.
b) Abre-se uma roda de perguntas/dúvidas/discussões sobre a história, sendo o professor apenas um mediador da
conversa. Quem responderá às perguntas será o DONO DA HISTÓRIA.
c) O texto produzido deve ser colocado no varal da sala e feitas várias revisões até que o texto se torne compreensível
para o leitor.

V – AMBIENTE ALFABETIZADOR
A construção de um ambiente alfabetizador requer a participação de toda comunidade escolar e a constância na sua
elaboração/renovação. As atividades propostas podem ser realizadas e fixadas em todos os varais existentes na escola, desde
a entrada da escola até o anexo, incluindo-se todos os espaços.

386
1) Varal de Leitura - colocar nos varais todos os textos trabalhados com as crianças, observando a diversidade dos gêneros
(poesias, textos curtos, parlendas, trava-línguas, letras de músicas, textos produzidos pelas crianças, cardápios, linha do tempo
da classe, recorte de revistas e jornais)
2) Varal de Autores - pequenos cartazes contendo: a fotografia do autor, data de nascimento e falecimento, breve
biografia;
3 )Quadro de indicações literárias - após trabalhar com um livro, elaborar em meia folha de sulfite, a indicação de leitura para
outros colegas. Nesta folha ou ficha deverá conter: o título da história, seu autor e os motivos da indicação(exemplo: gostamos
do livro porque...), estágio e professora;
4) Murais - os corredores escolares devem ser uma vitrine do trabalho de cada professor|turma. A Coordenação Pedagógica
indicará os locais em que os trabalhos devem ser expostos e a periodicidade de sua renovação.

VI – DIA DA PESQUISA
1) Escolher o tema a ser pesquisado;
2) Solicitação através da agenda para que os pais enviem material correlato ao tema;
3) Determinar um tempo para a pesquisa;
4) Abrir a roda para compartilhar as descobertas.
OBS: A Escola mantém livros para pesquisa e o professor poderá retirá-los junto à Coordenação Pedagógica, com o devido
registro e data para a devolução.

387
Projeto Permanente
Território de aprendizagem: Escola de pais

DENOMINAÇÃO: Escola de Pais


II – JUSTIFICATIVA:
Uma escola democrática se constrói de forma gradativa e lenta posto que se trata de um processo em que múltiplos
interesses estão em jogo e encontrar pontos de intersecção não é tarefa fácil.
As resistências ficam ainda mais evidentes quando tratamos da educação de crianças de quatro e cinco anos. Ao
mesmo tempo em que as famílias reconhecem a importância da inserção de seus filhos em grupos sociais mais amplos, a
sensação de perda de seus filhos coloca-as numa posição de desconfiança e cobranças que as escolas não estão preparadas
a assumir.
A legislação nacional reconhece, a partir dos anos 90, a importância da família no contexto escolar e cria, para além
da obrigatoriedade, mecanismos para uma participação mais efetiva e afetiva no desenvolvimento das crianças, missão de
qualquer instituição educacional. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394|96), artigo 1º, 2º, 6º e 12; o Estatuto da
Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), nos artigos 4º e 55; o Plano Nacional de Educação e o Regimento Interno das Unidades
Educacionais da Rede Pública de Ensino asseguram o direito e o dever das famílias de participar na construção do Projeto
Político Pedagógico da escola que seus filhos frequentam.
Aqui reside a responsabilidade das escolas públicas em reconhecer que, apesar das disposições legais, cabe a ela
considerar a carga emocional que pesa sobre a família quando realiza o segundo parto de seus filhos, como costumamos dizer.
Esta segunda separação é envolta em sentimentos de incertezas e dúvidas, porque diferentemente dos primeiros
meses de vida, em que a família tem controle absoluto sobre as necessidades e desejos de seu filho, a escola representa o
desconhecido para ambos.
Podemos agregar aos momentos de instabilidade dessa segunda ruptura, o fato de que as famílias atendidas pela
rede pública de ensino, na maioria das vezes, não têm o direito de escolher em qual escola querem matricular seus filhos.
A imposição desta ou daquela escola, baseada na proximidade de sua residência contribui para o aumento de tensões e
resistências nos primeiros contatos entre os pais e a escola.
É certo que a administração pública não teria outra forma de garantir vagas as crianças de zero a seis anos, se não
a de estabelecer critérios para esse atendimento, mas cabe às escolas reconhecerem o alicerce frágil em que esta relação é
inicialmente construída.
Este projeto surge pela necessidade de desconstruir práticas, inverter prioridades e qualificar as relações pessoais no
âmbito escolar e para fora dele.
É preciso que, antes de abrir as portas à comunidade escolar, a equipe de servidores públicos que nela atua, estabeleça
vínculos com a escola o que representa um grande desafio, porque a alta rotatividade de professores na rede inviabiliza esta
construção ou a interrompe ano a ano.
Dessa forma, a “Escola de Pais” ´surge como resultado de um processo iniciado há dez anos e um novo investimento
que visa imprimir qualidade as relações entre escola e família através dos membros da equipe gestora.
Apesar das concepções e práticas que envolvem a criação de uma Escola de Pais serem constantes na EMEI Nelson

388
Mandela, institucionalizá-la foi o primeiro passo para sua incorporação ao Projeto Político- Pedagógico da unidade.
A gestão como leitora assídua e reflexiva da obra de Paulo Freire, acredita ser oportuno trazer sua concepção de
escola como sendo “um modo de ser” que em muito traduz a minha primeira preocupação ao organizar eventos para as
famílias das nossas crianças. Segundo ele: “Não devemos chamar o povo à escola para receber instruções, postulados, receitas,
ameaças, repreensões e punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber que vai além do saber de
pura experiência feita, que leve em conta as suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe transformar-
se em sujeito de sua própria história [...]. A escola deve ser também um centro irradiador da cultura popular, à disposição da
comunidade [...] um centro de debate de ideias, soluções, reflexões, onde a organização popular vai sistematizando sua própria
experiência. A escola não é só um espaço físico. É um clima de trabalho, uma postura, um modo de ser.”(Freire, 1991, p.16).
A prática da escuta da comunidade escolar possível pelos encontros promovidos pela escola, foram adicionadas às
reuniões burocráticas e pouco produtivas dos Conselhos de Escola e Associação de Pais e Mestres.
Com objetivos específicos que se diferenciam daqueles presentes nas Reuniões do Conselho de Escola e da Associação
de Pais e Mestres, abre-se um espaço para escuta dos pais, para a revelação de talentos da comunidade e cria-se a oportunidade
para o protagonismo familiar no que lhe é mais caro: a formação de seus filhos.
Objetivo Geral: Transformar a escola num espaço democrático que acolha diversos atores e a pluralidade de suas ideias.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Detectar as prioridades das famílias em relação à educação de seus filhos;
- Formar os pais nos assuntos de seu interesse e àqueles relacionados à proposta pedagógica da unidade;
- Dialogar acerca de suas necessidades e anseios;
- Criar oportunidades para o protagonismo familiar no âmbito escolar;
- Estreitar os laços afetivos entre os pais e a escola;
- Elevar a autoestima dos pais e das crianças;
- Estabelecer parceria mais efetiva com os membros das famílias que tiverem oportunidade de exercer suas habilidades para
enriquecer os projetos didáticos durante o ano letivo;
- Organizar comissões permanentes para gerenciar ações junto à comunidade e o entorno escolar;
- Ampliar o repertório das famílias sobre os processos de ensino-aprendizagem e a construção do conhecimento;
- Divulgar e refletir sobre o processo de formação dos professores, compartilhando os saberes construídos coletivamente;
- Estimular sua participação crítica na elaboração do Projeto Político Pedagógico e na Avaliação dos Indicadores de Qualidade
da Educação Infantil;
- Estabelecer parcerias com profissionais de outras áreas do conhecimento que promovam o debate de assuntos de interesse
da comunidade;
- Dinamizar a participação das famílias em eventos, antes, destinados aos professores e equipes escolares (Reuniões
Pedagógicas).

METODOLOGIA
A Escola de Pais acontece por meio de encontros ou atividades abertas às famílias e funcionários da escola e podem
ser classificados em seis categorias.
Categoria 1 – Realização de encontros após o horário de funcionamento da escola em que o tema de interesse para o diálogo
e reflexão é definido pelas famílias participantes. Nesses encontros, a gestão ou os professores preparam um material que,
ao mesmo tempo, divulgue conhecimentos produzidos sobre o assunto e incentive a participação dos presentes por meio de

389
desafios. Ao final do encontro, há sempre uma atividade planejada que se inicia no coletivo e segue como “lição de casa” para
os pais. O objetivo destas atividades é sempre o de levar a discussão para casa e possibilitar a participação de outros membros
da família, inclusive da criança.
Categoria 2 – Realização de encontros após o horário de funcionamento da escola em que a escola define o tema a ser
abordado de acordo com a necessidade do projeto didático em andamento. A escola desenvolve alguns projetos didáticos
permanentes, tendo como foco central as relações étnico-raciais e de gênero. Alguns dos encontros são desencadeadores
de discussões pertinentes aos conhecimentos que as crianças estão construindo com seus professores. O objetivo destes
encontros é ampliar o repertório dos pais sobre os temas e incentivá-los à pesquisa para compartilhar com seus filhos.
Categoria 3 – Realização de palestras com convidados especiais que tratam das temáticas definidas pelos pais ou pela escola.
Categoria 4 – Promove a participação dos pais nas rotinas diárias da escola, como protagonistas de ações educativas. A
presença de pais em momentos de brincadeiras, dinâmicas, refeições em que assumem a posição de comando de uma turma
de crianças. Durante as reuniões descobrimos talentos, entre os pais, que são introduzidas nas rotinas das crianças através de
oficinas. Aulas de dança e de consciência corporal já foram iniciadas esse ano.
Categoria 5 – Promoção de Eventos, festas, dinâmicas, gincanas, pesquisas e vivências previstas em calendário escolar ou no
cronograma de ações coletivas dos projetos didáticos definidas durante o ano.
Categoria 6 – Comunicação Virtual Permanente – Portfólios Virtuais são diariamente atualizados contendo fotos e textos para
que as famílias acompanhem as rotinas de seus filhos e possam conversar sobre o que vivem na escola.

RESULTADOS ESPERADOS
- Transformar a Escola em um espaço verdadeiramente democrático através da adoção de dinâmicas que favoreçam os
processos coletivos e participativos de decisão.
- Democratização das relações que se desenvolvem na escola, contribuindo para o aperfeiçoamento administrativo-pedagógico
da EMEI Nelson Mandela.

390
LINHA DE TEMPOS E ESPAÇOS - 1º TURNO
MANHÃ SALA 7 SALA 6 SALA 4 SALA 3 SALA 1 SALA 2 SALA 5

8:00 – 8:15 BANHEIRO+ÁGUA+HIGIENE ROTINA LETRAMENTO ROTINA LETRAMENTO BANHEIRO+ÁGUA+HIGIENE ACOLHIDA ACOLHIDA ACOLHIDA
(GALPÃO)
(ANEXO 1)

8:15 – 8:30 RESTAURANTE|LANCHE ROTINA LETRAMENTO ROTINA LETRAMENTO RESTAURANTE|LANCHE ROTINA LETRAMENTO BANHEIRO+ÁGUA+ BANHEIRO+ÁGUA+
HIGIENE HIGIENE
(GALPÃO) Anexo
8:30 – 8:45 ROTINA LETRAMENTO BANHEIRO+ÁGUA+HIGIENE BANHEIRO+ÁGUA+HIGIENE ROTINA ROTINA LETRAMENTO RESTAURANTE|LANCHE RESTAURANTE|LANCHE
(ANEXO 2) (ANEXO 1) LETRAMENTO
8:45 – 9:00 ROTINA DE LETRAMENTO RESTAURANTE|LANCHE RESTAURANTE|LANCHE ROTINA LETRAMENTO BANHEIRO+ÁGUA+ PARQUE P P A H P
HIGIENE R R R O R
(GALPÃO) O O T R O
9:00 – 9:15 PARQUE P A P Q S A P S. H Q PARQUE RESTAURANTE|LANCHE PARQUE J J E T J
R R R U L R R L O U 15 MINUTOS E E S A E
9:15 – 9:30 PARQUE O T O A E T O E R A PARQUE H Q P S. P PARQUE T T T
15minutos J E J D I E J I T D O U R L R O O O
9:30 – 9:45 PARQUE E S E R T S E T A R PARQUE R A O E O BANHEIRO+ÁGUA
T T A U T U A 15 MINUTOS T D J I J (GALPÃO)
O O O R A R E T E
A A T T
O O
9:45 – 10:00 S H A P P PARQUE PAUSA P P H A P ROTINA ROTINA

391
L O R R R R R O R R LETRAMENTO LETRAMENTO

386
10:00 - 10:15 E R T O O PARQUE C R P P R O O R T O A C R R ROTINA ROTINA
I T E J J 15 MINUTOS U E R R E J J T E J P R U E E LETRAMENTO LETRAMENTO
10:15 - 10:30 T A S E E PARQUE L G O O G A S R T L G G P C P P S. PARQUE
C I J J I O E C I I R U R R L 15 MINUTOS
10:30 - 10:45 P R C Q R HIGIENE O S S R R S C Q J S O S S O L O O E PARQUE
R E U U E Anexo R E E L U U R J C J J I
10:45 - 11:00 O G L A G C R R A P PARQUE G G E L A PARQUE O T PARQUE
J I C D I U E E R R I I I C D 15 MINUTOS R
11:00 – 11:15 E S O R S L G G T O PARQUE S S T O R PARQUE Q A R R H R Q C R S.
R A C I I E J 15 MINUTOS T R A U R E E O E U U E L
11:15 – 11:30 BANHEIRO+ÁGUA+ O S S S PARQUE BANHEIRO+ÁGUA+HIGIENE PARQUE A T G G R G A L G E
HIGIENE R (GAPÃO) D E I I T I D C I I
(ANEXO 1) R S S S A S R O S T
11:30 – 11:45 RESTAURANTE|ALMOÇO PAUSA BANHEIRO+ÁGUA+HIGIENE RESTAURANTE|ALMOÇO BANHEIRO+ÁGUA A A R
(ANEXO 2) (ANEXO 1)

11:45 – 12:00 RESTAURANTE|ALMOÇO BANHEIRO+ÁGUA+HIGIENE PAUSA RESTAURANTE|ALMOÇO PAUSA PAUSA PAUSA


(ANEXO 1)

As colunas internas correspondem aos dias da semana (segunda a sexta)


S LEIT = Sala de Leitura
PROJE = Projeto
CULCOR = Cultura Corporal
REGIS= Registro
LINHA DE TEMPOS E ESPAÇOS - 2º TURNO
TARDE SALA 7 SALA 6 SALA 4 SALA 3 SALA 1 SALA 2 SAL A 5
ALICE KELLY CAROL ANA CRIS PRISCILLA THAMIRES LIGIA
12:00 – 12:15 BANHEIRO RESTAURANTE|ALMOÇO RESTAURANTE|ALMOÇO BANHEIRO PARQUE PARQUE ROTINA
ESCOVAÇÃO ESCOVAÇÃO
(ANEXO 2) (GALPÃO)

12:15 – 12:30 PAUSA RESTAURANTE|ALMOÇO RESTAURANTE|ALMOÇO PARQUE PARQUE PARQUE HIGIENE


15 MINUTOS (ANEXO)

12:30 – 12:45 ROTINA BANHEIRO BANHEIRO PARQUE PARQUE PARQUE RESTAURANTE|ALMOÇO


ESCOVAÇÃO ESCOVAÇÃO 15MINUTOS
(ANEXO 1) (GALPÃO)
12:45 – 13:00 A P P P B PAUSA P R B P L PARQUE HIGIENE BANHEIRO+ÁGUA RESTAURANTEALMOÇO
R R R R R R E R R U 15 MINUTOS (GALPÃO) (GALPÃO) BANHEIRO ESCOVAÇÃO
T O O O I O D I O D
13:00 – 13:15 E J J J N ROTINA J A N J O PAUSA Almoço RESTAURANTE|ALMOÇO P R P C P
S E E E Q E R Q E T R E R U R
T T T U T I U T E O G O L P
O O O E O O E O C J I J T J
13:15 – 13:30 D P P A C P D A ROTINA Almoço RESTAURANTE|ALMOÇO
E S E E
O R R R U R O ESCOVAÇÃO
T T T C T
T O O T L O T (GALPÃO)
o R o O O
E J J E T j E o R
C E S C P
A T C A O

392
O O
R

387
R
13:30 – 13:45 PARQUE PAUSA R R P P P P P B P R BANHEIRO A
P
E E R R R R R R R E ESCOVAÇÃO L
O
D G O O O O O I O G (GALPÃO)
R
I j j j J J N J I
A
13:45 – 14:00 PARQUE ROTINA Q S P R P B C PARQUE
L
15 MINUTOS R E R R U
14:00 – 14:15 PARQUE R B L R R R A R C P O D O I L PARQUE
E R U E E E R E U R j j N C 15 minutos
14:15 – 14:30 LANCHE G I D G D G T G L O BANHEIRO HIGIENE R A Q L R Q O PARQUE
I N O I I E I C J GALPÃO E R U U E R BANHEIRO HIGIENE
Q T S S S S O G T A D D ANEXO
14:30 – 14:45 HIGIENE (ANEXO) E T T R LANCHE I E D O L P R A R LANCHE
C R S S T U R E R E
A O T E D O G T G
C O J I E I
14:45 – 15:00 L R R R C LANCHE LANCHE B C L R A S R A R B L
15:00 – 15:15 U E E E U PARQUE PARQUE R U U E R HIGIENE HIGIENE E R E R U
D D G G L 15 MINUTOS I L D G T (GALPÃO) (GALPÃO) D T G I D
15:15 – 15:30 O A I I C PARQUE PARQUE N C O E LANCHE LANCHE A E I N O
S s O 15 MINUTOS Q O S R S S Q T
R E
15:30 – 15:45 PAUSA PARQUE PARQUE PAUSA PAUSA PAUSA PAUSA

15:45 – 16:00 SAIDA SAIDA SAÍDA SAIDA SAÍDA SAIDA SAIDA


As colunas internas correspondem aos dias da semana (de segunda à sexta-feira)
EIXO APRENDER A CONHECER - EDUCAR PARA O PRAZER DE ENSINAR E APRENDER
EIXO APRENDER A CONHECER - EDUCAR PARA O PRAZER DE ENSINAR E APRENDER

“O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma com a inquietação e curiosidade, como
“O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se confirma com a inquietação e curiosidade, como
inconclusão em permanente movimento na História.”
inconclusão em permanente movimento na História.”
Paulo Freire
Paulo Freire

DIREITOS DE APRENDIZAGEM
DIREITOS DE APRENDIZAGEM
TEMAS TRANSVERSAIS: Relações Étnico-raciais - Questões de gênero - Sustentabilidade e Consumismo
TEMAS TRANSVERSAIS: Relações Étnico-raciais - Questões de gênero - Sustentabilidade e Consumismo

Busque informações com crianças de Observe e relate processos de Formule perguntas Aprenda a formular Aprenda a realizar
Busque informações com crianças de Observe e relate processos de Formule perguntas Aprenda a formular Aprenda a realizar

388
outros grupos, adultos e pessoas da mudança no meio ambiente sobre suas dúvidas e perguntas pesquisas e entrevistas

393
388
outros grupos, adultos e pessoas da mudança no meio ambiente sobre suas dúvidas e perguntas pesquisas e entrevistas
comunidade. curiosidades.
comunidade. curiosidades.
Sugira temas relacionados aos que Construa conceitos do que é Busque com seus Conheça os vários Construa atitudes e
Sugira temas relacionados aos que Construa conceitos do que é Busque com seus Conheça os vários Construa atitudes e
estão sendo discutidos degradável e não degradável e a familiares, respostas e tipos de poluição nos saberes
estão sendo discutidos degradável e não degradável e a familiares, respostas e tipos de poluição nos saberes
relação de ambos com a opiniões sobre o que diferentes espaços ecologicamente
relação de ambos com a opiniões sobre o que diferentes espaços ecologicamente
natureza. viveu na escola. escolares e no mundo. recomendáveis.
natureza. viveu na escola. escolares e no mundo. recomendáveis.
(reciclar, reaproveitar
(reciclar, reaproveitar
e reduzir)
e reduzir)
Perceba, observe, investigue e levante Reconheça e verbalize suas Considere a existência Construa, por meio da Estabeleça relação de
Perceba, observe, investigue e levante Reconheça e verbalize suas Considere a existência Construa, por meio da Estabeleça relação de
hipóteses para solucionar problemas atitudes positivas e negativas e validade de observação, os causa e efeito.
hipóteses para solucionar problemas atitudes positivas e negativas e validade de observação, os causa e efeito.
em relação ao meio ambiente diferentes respostas conceitos e princípios
em relação ao meio ambiente diferentes respostas conceitos e princípios
para uma única da sustentabilidade
para uma única da sustentabilidade
pergunta.
pergunta.
Explore o mundo pelo movimento Expresse sua criatividade na Observe e perceba Conheça a constituição Justifique suas hipóteses
Explore o mundo pelo movimento Expresse sua criatividade na Observe e perceba Conheça a constituição Justifique
frente àssuas hipóteses
experiências
resolução de problemas algumas características do corpo humano. frente às experiências
resolução de problemas algumas características do corpo humano. vividas e ouça a opinião
suas, do ambiente e do a opinião
suas, do ambiente e do vividas edeouça
outros
seu entorno de outros
seu entorno
Desenvolva
Desenvolva o
o senso
senso crítico
crítico frente
frente às
às Identifique
Identifique os
os papéis
papéis sociais
sociais de
de Adquira
Adquira autonomia
autonomia Reconheça
Reconheça aa influência
influência Conheça
Conheça aa cultura
cultura
campanhas publicitárias que
campanhas publicitárias que envolvam
envolvam vários atores
vários atores para
para utilizar
utilizar os
os da
da cultura
cultura indígena
indígena em
em corporal
corporal de
de diferentes
diferentes
alimentação
alimentação diversos
diversos recursos
recursos diversos
diversos aspectos
aspectos da
da povos
povos ou
ou grupos
grupos
tecnológicos
tecnológicos vida
vida cotidiana.
cotidiana.

Participe
Participe de
de ações
ações afirmativas
afirmativas sobre
sobre aa Observe
Observe ee relate
relate processos
processos de
de Construa
Construa umauma imagem
imagem Aprenda
Aprenda sobre
sobre as as Compare
Compare modos
modos de de
sua identidade étnica.
sua identidade étnica. mudança em si
mudança em si ee no no outro
outro positiva de si, testando influências da História vida de
positiva de si, testando influências da História vida de seu grupo seu grupo ee dede
seus
seus limites
limites dede ação
ação ee ee Cultura
Cultura Africana
Africana emem outros
outros
reflexão
reflexão nossas
nossas vidas.
vidas.
Adquira
Adquira autonomia
autonomia para
para utilizar
utilizar os
os Conheça
Conheça aa relação
relação da
da música
música Conheça os aspectos
Conheça os aspectos Conheça
Conheça asas diferentes
diferentes Valorize
Valorize aa história
história dede
diversos recursos tecnológicos
diversos recursos tecnológicos com a cultura de diferentes
com a cultura de diferentes culturais
culturais queque configurações
configurações cada indivíduo
cada indivíduo dentro
dentro
povos
povos configuram
configuram aa cultura
cultura familiares
familiares do
do grupo.
grupo.
de um povo (MÚSICA,
de um povo (MÚSICA,
DANÇA,
DANÇA, RELIGIÃO,
RELIGIÃO,
ETC.)
ETC.)
Construa
Construa uma
uma imagem
imagem positiva
positiva de
de si
si Reconheça
Reconheça ee respeite
respeite as
as várias
várias Identifique
Identifique aa Identifique
Identifique aa igualdade
igualdade Identifique
Identifique asas questões
questões
mesmo
mesmo opiniões sobre um mesmo
opiniões sobre um mesmo pluralidade religiosa e ou desigualdade
pluralidade religiosa e ou desigualdade entre entre de gênero
de gênero na na
assunto.
assunto. aa respeite
respeite meninos
meninos ee meninas
meninas sociedade,
sociedade, na na sua
sua
família
família
Explore Reconheça Sugira Conheça Reconheça

389
Explore o
o mundo
mundo pelo
pelo movimento
movimento Reconheça atitudes
atitudes de
de racismo,
racismo, Sugira temas
temas Conheça osos papéis
papéis Reconheça as as

389
preconceito e discriminação relacionados ao que sociais de cada equipe diferenças

394
preconceito e discriminação relacionados ao que sociais de cada equipe diferenças físicas
físicas ee
estão
estão sendo
sendo discutidos
discutidos ee funcionário
funcionário da da escola
escola respeite-as.
respeite-as.
Conheça
Conheça oo corpo
corpo humano
humano ee suas
suas
possibilidades
possibilidades expressivas
expressivas
ATIVIDADES
ATIVIDADES PERMANENTES
PERMANENTES Participe
Participe de
de situações
situações que
que Discuta
Discuta sobre
sobre valores
valores Avalie
Avalie situações
situações que
que Argumente
Argumente de de forma
forma
Assembleias,
Assembleias, seminários,
seminários, possibilitem a
possibilitem a aquisição
aquisição dede ee atitudes
atitudes essenciais
essenciais envolvam
envolvam oo sentido
sentido de
de criativa e coerente
criativa e coerente
diretor por um dia,
diretor por um dia, rotinas,
rotinas, rodas
rodas de
de confiança para pensar, falar
confiança para pensar, falar ee para
para aa convivência
convivência justiça e igualdade
justiça e igualdade de de para
para resolução
resolução ee
escuta
escuta ee conversa,
conversa, entre
entre outros.
outros. agir.
agir. humana
humana direitos
direitos problemas.
problemas.
Conheça seus
Conheça seus direitos
direitos ee deveres
deveres Considere
Considere as as diversas
diversas Compartilhe
Compartilhe Exercite
Exercite seu
seu poder
poder de
de
ee os reconheça em situações
os reconheça em situações do do práticas sociais
práticas sociais comocomo experiências
experiências com
com análise e decisão
análise e decisão emem
cotidiano
cotidiano essenciais
essenciais ao ao convívio
convívio outras
outras crianças
crianças ee situações
situações concretas.
concretas.
humano.
humano. adultos
adultos
Memorize
Memorize fatos
fatos importantes
importantes de
de Reconheça
Reconheça aa Verbalize
Verbalize qualquer
qualquer Adquira
Adquira autonomia
autonomia
uma história, da
uma história, da sua
sua vida,
vida, da
da importância
importância de de achar
achar atitude
atitude queque oo exponha
exponha para
para utilizar
utilizar os
os
rotina.
rotina. soluções coletivas
soluções coletivas para para aa constrangimento
constrangimento de de diversos recursos
diversos recursos
uma
uma situação-
situação- qualquer
qualquer ordem
ordem ou ou tecnológicos
tecnológicos
problema. que coloque seus (máquina fotográfica,
problema. que coloque seus (máquina fotográfica,
amigos em situação microfones,
amigos em situação microfones,
idêntica. gravadores, aparelhos
idêntica. gravadores, aparelhos
de som, etc.)
de som, etc.)
EIXO APRENDER A FAZER – CUIDAR DO PRESENTE E DO FUTURO

“O mundo que deixaremos para nossos filhos depende dos filhos que deixaremos para o nosso mundo”
Mario Sergio Cortella

DIREITOS DE APRENDIZAGEM (REGISTRO)


TEMAS TRANSVERSAIS: Relações étnico-raciais - Questões de Gênero - Sustentabilidade e Consumismo

Realize registros de ideias, hipóteses e Reduza o desperdício dos Realize registros de Copie palavras Apure seu senso
conclusões coletivas e individuais de alimentos e materiais ideias, hipóteses e contextualizadas ao crítico, analise seus

395
390
assuntos relacionados ao projeto. conclusões coletivas e projeto desejos de consumo e
individuais de assuntos realize campanhas
relacionados ao projeto
Copie palavras contextualizadas ao Participe de experiências que Manipule dados de suas Tenha atitude de Cuide dos materiais
projeto e estabeleça novas relações provoquem sua curiosidade características físicas respeito às diferenças individuais e coletivos
com as que já conhece. e compartilhe modos
de organização e
manutenção
ATIVIDADES PERMANENTES Escute, com atenção, Relate enredos que Fotografe momentos, Escreva cartas às
Assembleias, seminários, histórias, filmes, as falas dos assistiu ou participou pessoas, objetos e o figuras de afeto.
Diretor por um dia, Canal Virtual de colegas e do professor. que lhe for
Comunicação, rotinas, figuras de Afeto, significativo.
rodas de escuta e conversa.
EIXO APRENDER A SER - EDUCAR PARA O AFETO

A vida afetiva e a vida cognitiva são inseparáveis, embora distintas. Elas são inseparáveis porque qualquer troca com o meio supõe simultaneamente
uma estruturação e uma valorização [...]
Piaget aput Vasconcelos(2009)

DIREITOS DE APRENDIZAGEM
TEMAS TRANSVERSAIS: Relações étnico-raciais - Questões de Gênero - Sustentabilidade e Consumismo

Trabalhe dados de sua identidade física Decida sobre situações reais Desenvolva o senso Reflita e opine sobre as Tenha iniciativa de

391
396
e emocional e/ou hipotéticas crítico sobre a questões de gênero desligar a luz dos
programação televisiva e que envolve a natureza diversos espaços
campanhas publicitária. e os seres humanos. escolares
Perceba sua própria evolução e a Atribua significado às Valorize as diferenças de Verbalize o nome dos Reconheça a função
autonomia conquistada durante seus conclusões de sua pesquisa cor, sexo e religião membros de sua social da família e da
anos de vida família escola

Eleve sua autoestima Avalie situações que Decida sobre situações Desconstrua alguns Identifique as funções
envolvam o sentido de reais e/ou hipotéticas estereótipos dos membros de sua
igualdade e desigualdade família
Verbalize as diferenças e semelhanças Reconheça situações de Reconheça suas Conheça a sua cultura Reflita e opine sobre as
entre meninos e meninas e as valorize discriminação no cotidiano características individuais familiar e a de seus questões de gênero
escolar por crianças e adultos e estabeleça as colegas que envolve a natureza
semelhanças e diferenças e os seres humanos.
se comparadas com as
dos colegas
Compare hábitos, costumes e
preferências da vida adulta e da
infância.
ATIVIDADES PERMANENTES Crie códigos que sinalizem os Decida sobre situações Identifique situações Ouça a opinião de
(PRÁTICAS) locais com maior risco para reais e/ou hipotéticas de conflito e resolva outra s crianças e
Assembleias, seminários, sua saúde com independência. adultos sobre suas
Diretor por um dia, Canal Virtual de tomadas de decisão
Comunicação, rotinas, figuras de Afeto,
rodas de escuta e conversa, REGRAS DE
CONVIVÊNCIA E SEGUNRANÇA
Adquira autonomia e segurança para Inicie o desprendimento de Participe das Assembleias Desfrute de todos os Exponha suas opiniões
falar em público seus objetos de transferência Mensais expondo seus espaços escolares com e ideias.
(chupetas, paninhos, mochila) pensamentos, desejos, responsabilidade
sentimentos e
necessidades,
exercitando seu poder de
decisão
Interaja as figuras de afeto de cada Participe das rodas de Relate suas emoções em Responsabilize-se por Ouça a opinião de
ambiente escolar conversa acontecimentos internos seus atos e decisões. outras crianças e
e externos à escola adultos sobre suas
tomadas de decisão
Protagonize ações que envolvam as Sinta-se parte do grupo ou Procure ajuda da equipe Reconheça suas Saiba se locomover

392
figuras de afeto. que seja o seu representante. gestora sempre que próprias sozinho pelos espaços

397
necessitar. conquistas. da escola
Pergunte, questione sempre que sua Participe de Seminários Sinta-se segura durante a Sinta-se seguro para Sinta-se seguro em
curiosidade aflore Infantis, sentindo-se seguro permanência na escola. opinar e propor procurar qualquer
para compartilhar melhorias às rotinas profissional da
conhecimentos e histórias escolares Unidade para auxíliá-la
em suas necessidades
e desejos

Responsabilize-se pelos cuidados às Verbalize situações de Verbalize situações de Tenha liberdade de Compreenda suas
pessoas e à escola desconforto prazer e alegria. escolher a atividade emoções e
que deseja realizar em sentimentos.
alguns momentos da
rotina.
Amplie sua autoconfiança. Assuma a responsabilidade Tenha atitudes de afeto Desconstrua a Discuta relações de
de decidir (diretor de escola entre seus pares. sexualização nas poder entre meninos e
por um dia) relações com o sexo meninas.
oposto.
Sinta-se à vontade para demonstrar Desenvolva a sensibilidade e
afetividade sem distinção de gênero, afeto por meio de
raça, credo e idade. brincadeiras simbólicas.
EIXO APRENDER A CONVIVER - CUIDAR DE SI E DOS OUTROS

“ As crianças têm o direito de expressar-se por meio da brincaderia, do movimento, de conhecer seu corpo cuidando cada vez melhor de si, do outro e
do ambiente”
RCN

D IR EITO S D E A PREN D IZAG EM


TEM AS TRA N SV ERSA IS: Relações étn ico-raciais - Q uestões de G ênero - Su sten tab ilidade e C on su m ism o

R econ heça e resp eite as R econ h eça qu e algu m as C on trole a prod ução d e lixo Reconh eça q u e a U tilize de form a correta e
d iferen tes con figu rações atitud es in d ivid u ais p od em n o am bien te social e organização e a lim p eza d e con scien te as torn eiras q u e
fam iliares d o seu gru p o e n a afetar o m u nd o em q u e dom éstico. m ateriais p odem aju d ar n a são idealizad as p ara o u so
socied ade vivem os sua con servação. racion al d a águ a;
R esp eite o h ab itat n atural R esp eite os organism os P articip e de ações coletivas Estab eleça vín culo afetivo Reconh eça em sí, n os
d os anim ais vivos relativas aos projetos com as figuras de afeto. outros e no m u n d o atitud es
d id áticos d e racism o, p recon ceito e
d iscrim in ação
P articip e d e ações coletivas R esp eite e V alo rize a A ceite ou tros p on tos d e 3 5 Recon h eça e resp eite as Eleve sua au toestim a.

393
relativas aos p rojetos h istória d os m ais velh os vista características físicas de
d id áticos ou tras crian ças e adu ltos.

398
A TIV IDA DES PERM A N EN TES C om p reen da q u e as p essoas C rie form as de b rin car com Estab eleça víncu los afetivos R esp eite os com b in ad os
(P RÁ TIC A S) têm d iferen tes tem p os e as crianças surd as, cegas, com os adu ltos d a escola, esp ecíficos d e cad a esp aço
ritm os p ara d esen volve r cad eiran tes ou com outras com o p rofessor, com os coletivo.
ações e in corp orar atitu d es. lim itações tem porárias o u am igos do grup o e com
definitivas. d iferen tes p arceiros
A m p lie su a au tocon fian ça. P articip e d a elab oração d os Resolva conflitos sem N egocie solu ções com seu s Ten ha atitu d es d e
com b in ad os d e seu gru po u tilizar su a agressividade p arceiros con servação em relação a
tod os os esp aços escolares

A p ren d a a elo gia r as C o m p artilh e seu s A ju d e crian ças e ad u lto s P reserv e o m aterial co letivo P articip e d a o rgan ização e
q u alid ad es d o o u tro co n h ecim en to s co m o u tro s d u ran te a ro tin a e p ro p o n h a so lu çõ es p ara lim p eza d e to d o s o s
gru p o s d e crian ças. su a m an u ten ção am b ien tes esco lares
R ed u za as críticas C o o p ere , en tre seu s p are s, C o n stitu a ad u ltos d e Saib a o q u e é d e u so P articip e ativam en te d a
d estru tivas ao s co legas n a execu ção d e ativid ad es refe rên cia além d e seu s co letivo /in d ivid u al lim p eza d e vário s am b ien tes
(fo fo cas) em vário s m o m en to s d a p ro fesso res esco lares
ro tin a esco lar
V alo rize atitu d es d e R esp eite o s co m b in ad o s e A p ren d a a o u vir o s o u tro s D esen vo lva o esp írito d e A p ren d a a ced er sem se
resp eito ao o u tro to d o s o s p ro fissio n ais so lid aried ad e e co o p e ração sen tir co n trariad o
en vo lvid o s n o m o m en to d as
refeiçõ es
Sin ta-se segu ro p ara
exp erim en tar n o vas
situ açõ es
II –IIDIREITOS
– DIREITOS
DE DE
APRENDIZAGEM
APRENDIZAGEM
– TERRITÓRIOS
– TERRITÓRIOS

Obje�vos
Obje�vos de �esenvolvimento
de �esenvolvimento Sustent�vel
Sustent�vel
Atendidos
Atendidos
pelopelo
Quadro
Quadro
de Referência
de Referência

TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM - BANHEIRO


Adote
Adote
hábitos
hábitos
de de Acione
Acione
a descarga
a descarga Crie Crie
o hábito
o hábito
de pedir
de pedir Picote
Picote
o papel
o papel
toalha
toalha
ou ou Use Use
os cestos
os cestos
de lixo
de lixo Use Use o sabonete
o sabonete líquido
líquido todastodas

399
autocuidado.
autocuidado. sempre
sempre
que que
u lizar
u lizar
os os parapara
ir aoirbanheiro.
ao banheiro. de papel
de papel
higiênico depositar
higiênico parapara depositar
o papel as vezes
o papel as vezes em que
em que for ao
for ao

394
394
394
vasos
vasos
sanitários.
sanitários. sozinha.
sozinha. higiênico.
higiênico. banheiro.
banheiro.
Relacione-se
Relacione-se comcom
os os
diferentes
diferentes atores
atores no no
âmbito
âmbito escolar
escolar
(auxiliares).
(auxiliares).

TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM - TODOS - ROTINA


Conquiste
Conquiste autonomia
autonomia Conviva
Conviva em um
em um Teste Teste possibilidades
possibilidades Avalie
de de Avalie situações
situações Represente
que que Represente situações
situações Tenha
da daTenha liberdade
liberdade de escolher
de escolher
no pensar e agir.
no pensar e agir. ambiente
ambiente ações diferentes
ações diferentes das das envolvam o
envolvam o sen�do sen�do vida real.
vida real. seus brinquedos
seus brinquedos e e
colabora�vo.
colabora�vo. estabelecidas.
estabelecidas. de jus�ça.
de jus�ça. brincadeiras.
brincadeiras.
Aprenda
Aprenda a a Separe
Separe materiais
materiais Forme Forme grupos
grupos comcom Organize
Organize os os
compar�lhar
compar�lhar quebrados
quebrados ou rasgados diferentes
ou rasgadosdiferentes parceiros. brinquedos
parceiros. brinquedos apósapós o uso.
o uso.
seusseus brinquedos.
brinquedos. nos nos diferentes
diferentes
ambientes
ambientes da escola.
da escola.
TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM - CINEMA
Demonstre Assista vídeos e filmes Interprete imagens, Conheça as Emita opiniões sobre o Sugira filmes e vídeos.
compreensão e estabeleça relação fotos, tecnologias de que assis�u.
sobre vídeos, com os temas os propagandas, informação e
filmes, desenhos e pro�etos didá�cos. filmes, histórias. comunicação e os
animações que recursos tecnológicos
tratem da temá�ca. disponibilizados pela
escola e sociedade.

TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM - TODOS - ROTINA


Aprenda a ler e Conheça e aproprie- Conheça as letras do Crie estratégias de Vivencie situações que Arrisque-se a desenhar,
compreender se do sistema de seu nome. leitura e escrita. promovam o brincar e descobrir novas
informações con�das escrita. reconhecimento da formas de aprender.
em gráficos e tabelas. função social da escrita.
Transmita mensagens Contribua durante as Contribua na criação de Interprete letras Organize pensamento e Iden�fique a passagem do

395
curtas com clareza. rodas de conversa textos cole�vos e de música . fala, par�cipando de tempo apoiadas no

400
legendas para fotos. conversas cole�vas. calendário.

Avance na resolução U�lize as unidades de U�lize símbolos Par�cipe da construção Leia textos Localize palavras por meio
de problemas tempo (dia|mês|ano) matemá�cos em diária do quadro da construídos de uma lista.
matemá�cos. para marcar os situações de ro�na do dia. cole�vamente.
acontecimentos pessoais ro�na.
e do grupo.
Perceba a diferença Leia e interprete Reconheça e Reconheça seu nome Reconheça e Crie uma forma de
entre letras, desenh imagens e iden�fique as letras do e de seus amigos. iden�fique as letras de registro de suas vivências.
os e números. símbolos. alfabeto. seu nome.
Registre suas Produza registro sobre Escreva seu nome Arrisque-se na escrita Analise situações Jus�fique sua opção de
experiências em as possíveis soluções ou sem apoio. de palavras. problema no escolha.
relação às leituras de desafios encontrados. co�diano escolar.
histórias (autor,
�tulo).
Sinta-se seguro para Par�cipe na criação Aprenda a compar�lhar Respeite o trabalho do
escrever de textos cole�vos. o computador com seu colega, dividindo
espontaneamente. amigo. espaços e materiais.
TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM - COZINHA EXPERIMENTAL
Conheça e compare Supere Compare noções de peso Teste as possibilidades Execute todos os passos Classifique alimentos
as diferentes preconceitos e medida. de consumo de da culinária (picar, saudáveis e não
culturas alimentares. alimentares. alimentos crus e cortar, descascar, medir, saudáveis.
cozidos. misturar, modelar,
decorar, temperar, entre
outros.
Diferencie cores, Realize a leitura Apure seu senso esté�co Vivencie situações Use de cria�vidade Aprenda a trabalhar
texturas, formas de alguns rótulos. na apresentação dos concretas que na elaboração de em grupos de trabalho.
e aromas. pratos, de obras e envolvam conceitos receitas.
produções do seu grupo matemá�cos.
e de terceiros.
Aguce os Confirme hipóteses Registre suas Conheça os cuidados Mudança do Reações químicas
cinco e crie soluções para experiências culinárias. com a higiene e estado �sico da de ingredientes.
sen�dos. os problemas. segurança alimentar. matéria.
Adquira noções Conheça as Temperatura História da culinária de Reconheça o gênero
de tempo. tecnologias envolvidas dos alimentos. diferentes povos e textual receita e sua
na arte culinária. regiões brasileiras. u�lidade.

396 401
TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM -ESPAÇO DE ARTES
Produza, aprecie e Aprecie diferentes Aprecie diferentes Compare diferentes - Perceba a arte como Observe e recrie diferentes
valorize as diferentes manifestações ar�s�cas linguagens ar�s�cas ar�stas e suas linguagem nos processos texturas, cores e formas da
linguagens ar�s�cas. nas festas, nos rituais, ( teatro, musica, dança produções. de leitura de mundo. natureza e diferentes
nas celebrações. e plás�ca�. objetos.
Execute suas Misture diferentes Invente novas maneiras U�lize diferentes Produza cenários Transforme seus desenhos
produções u�lizando materiais e compar�lhe de u�lizar materiais suportes para suas e figurinos. em instalações ou obras
variadas técnicas. os resultados. conhecidos. pinturas e desenhos. tridimensionais.
Crie e recrie obras de Produza registros com Aprimore seu senso Crie e ilustre suas Seja livre para Sinta prazer na execução
arte. elementos da crí�co e a avaliação próprias produções experimentar todo o de a�vidades ar�s�cas.
natureza. de suas criações. textuais. material disponível.
Use seu Crie coreografias. Crie movimentos Imite movimentos. Explore as possibilidades Explore prá�cas de
conhecimento sobre u�lizando objetos de seu corpo, expressão
as cores e u�lize-o diversos. reconhecendo-o como corporal.
em suas produções. um veículo de
comunicação e
expressão.
TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM - ESPAÇO DE ARTES
Participe de oficinas Interprete imagens Organize suas obras em -
Participe de oficinas Interprete imagens Organize suas obras em -
de criação... (pinturas, esculturas, pastas que conservem a
de criação... (pinturas, esculturas, pastas que conservem a
instalações, fotografias, cronologia em que
instalações, fotografias, cronologia em que
colagens ilustrações, foram realizadas.
colagens ilustrações, foram realizadas.
vídeos)..
vídeos)..

TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM - HORTA - ÁREA VERDE


Amplie sua Conheça a(s) Conheça os processos de Inves�gue a diversidade Conheça, pesquise sobre Estabeleça uma relação de
Amplie sua
capacidade cadeia(alimentar)
Conheça a(s) e a Conheça
cul�vo, os processos de
manutenção e Inves�gue a diversidade
na natureza (cores, Conheça,
os elementos
pesquisedasobre Estabeleça
cuidado com
umaarelação de
natureza.
capacidade
de cadeia(alimentar)
relação ea
de dependência cul�vo, manutenção
degustação de e na natureza (cores,
texturas, formas) e ou os elementos
natureza. da cuidado com a natureza.
de
observação. relação de dependência
dos seres vivos. degustação
alimentos.de texturas, formas)
(flores, folhas,e ou natureza.
observação. dos seres vivos. alimentos. sementes, folhas,
(flores, tamanhos).
sementes, tamanhos).
Observe e analise Observe e provoque Par�cipe de Estabeleça relações Conheça o ciclo da água. Amplie

402
397
Observe e analise
transformações Observe e provoque
transformações no Par�cipe de
processos de Estabeleça relações
entre o homem e Conheça o ciclo da água. Amplie
vocabulário

397
transformações
provocadas pelo transformações no
ambiente natural. processos de
compostagem. o homem e
entrenatureza. vocabulário
cien��co.
provocadas
tempo. pelo ambiente natural. compostagem. natureza. cien��co.
tempo.
Observe a Conheça os diferentes Função dos seres vivos e Realize experimentos Acompanhe e �re Observe as formas de
organização
Observe ea vida Conheça
modos de diferentes
os produção Função dos seres vivos
sua contribuição para ae simples experimentos
Realize para comprovar conclusões
Acompanhesobre
e �rea Observe as formas
reciclagem naturalde
de
organização e vida
dos animais modos de produção sua contribuição para
vida humana a simples para
ou não suascomprovar
hipóteses conclusões sobre
decomposição dea reciclagem natural
elementos naturais de
dos animais vida humana ou não suas hipóteses decomposição
resíduos orgânicosdee não elementos naturais
orgânicos e não
resíduosorgânicos.
orgânicos.
Conheça a�tudes Conheça algumas PANC Reconheça diferenças Reflita sobre questões Conhecer a agricultura Reconheça símbolos de
Conheça a�tudes Conheça algumas PANC Reconheça diferenças Reflita sobre questões Conhecer a agricultura Reconheça símbolos de
posi�vas de (plantas alimen�cias entre os diferentes solos ambientais, alimentares como uma prá�ca social. reciclagem em produtos e
posi�vas de (plantas alimen�cias
não convencionais). entre os diferentes solos ambientais, alimentares como uma prá�ca social. reciclagem em produtos e
conservação do meio e a importância de cada e nutricionais. marcas.
conservação do meio não convencionais). e a importância de cada e nutricionais. marcas.
ambiente. um.
ambiente. um.
Reconheça como os Construa ro�nas Compreender-se como Construa vínculos
Reconheça como os Construa ro�nas Compreender-se como Construa vínculos
modos de produção para viver melhor. parte integrante da afe�vos com o meio
modos de produção para viver melhor. parte integrante da afe�vos com o meio
interferem na natureza. ambiente.
interferem na natureza. ambiente.
saúde do planeta.
saúde do planeta.
TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM - MULTIUSO
Sonorize histórias. ��lize instrumentos Atue como espectador Drama�ze as canções, Expresse suas emoções Expresse, através do
ao cantar. ou ator de pequenas através de gestos livres. através da movimento, os sen�mentos
narra�vas dirigidas. drama�zação de que a música pode
histórias. desencadear.
Amplie seu Desenvolva a Entre em contato com Compare ritmos variados. Conheça os elementos Explore os sons de seu
repertório musical. sensibilidade, a diferentes es�los que compõem uma corpo.
cria�vidade e a musicais e conheça suas apresentação teatral.
imaginação. origens.
Explore algumas Iden�fique seu gosto ��lize a maquiagem Crie enredos para o Saiba usar a própria voz Registre, graficamente, os
técnicas de contação musical e respeite a para compor grupo representar, sem forçá-la ao cantar| sons. (curto, comprido,
de história e preferência do outro. personagens. inserindo conhecimentos falar. grosso, fino).
drama�zação. construídos através do

399 403
projeto didá�co do
grupo.
Conheça o corpo Crie movimentos Imite movimentos. Explore as possibilidades Conheça autores Produza silêncios e sons com
humano e suas u�lizando objetos de seu corpo, e compositores. a voz, o corpo, o entorno e
possibilidades diversos. reconhecendo-o como materiais sonoros.
expressivas. um veículo de
comunicação e
expressão.
Conheça Reconheça a voz como Conheça a história de Improvise letras e Crie textos com rimas. Conheça e memorize
caracterís�cas do um instrumento musical. instrumentos melodias. parlendas.
silencio e dos sons. musicais.
TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM
PARQUE - ANEXO - QUADRA
Brinque. Deixar-se afetar de Estabeleça relação de �den�fique situações de Conheça o nome e as Crie formas de interagir com
forma posi�va pela reciprocidade entre suas conflito e busque pessoas do quadro de crianças que não estão
convivência com o ações e as normas de formas de solução. apoio e as procure para integradas ao grupo por
outro. convivência. auxiliá-las no caso de diferentes razões.
alguma enfermidade ou
dificuldade.
Conviva com Descubra a possibilidade Exercite o papel de Responsabilize-se por �den�fique suas Defina limites para suas
diferentes de brincar com mediador em situações organizar os materiais limitações e ações, considerando
adultos. diferentes parceiros. que exijam negociações. após a brincadeira possibilidades . aspectos de segurança e
(caixas, embalagens, proteção de si e do outro.
baldes, colheres,
panelas e outros).
Sente-se seguro para Estabelece parcerias Assuma a liderança de Crie e recrie brincadeiras. Seja cria�vo criando Sinta-se bem em brincar
u�lizar todos os mais constantes. pequenos grupos. brincadeiras com os sozinho em alguns
brinquedos. brinquedos e momentos.
materiais oferecidos.

400 404
TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM
RESTAURANTE - SAÍDAS PEDAGÓGICAS - OCUPAÇÃO LÚDICA
Adquira hábitos Adquira noções básicas Compreenda os Vença Conheça os itens Utilize os
de organização e princípios do que seja resistências do cardápio talheres
alimentares saudáveis.
limpeza. coletividade e adote alimentares. escolar. adequadamente.
medidas de conservação
e limpeza dos
ambientes.

Experimente os Tenha iniciativa de Classifique o lixo Distribua sua atenção e Adquira autonomia para
alimentos do limpar o que sujou. produzido nas lixeiras interaja com todos de se servir nos horários
cardápio, de coleta seletiva. seu grupo ou com de refeição.
expressando suas crianças das diferentes
preferências. turmas com o mesmo
respeito.
TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM - SALA DE LEITURA
Adquira Conheça a sequência Compare diferentes Conheça as informações Reconheça os vários Perceba a lógica u�lizada
comportamentos cronológica de histórias portadores de textos explícitas num livro portadores / suportes para a organização dos livros
leitores. e narra�vas� começo, e|ou gêneros textuais. (ilustração, nome do de texto. da sala de leitura
meio e fim. autor, editora, �tulo). (Gêneros textuais).
Conheça os Relate experiências, Organize os livros da Sala Sugira alterações nas Acompanhe a narra�va Memorize e retenha dados
elementos que sensações, emoções e de leitura conforme caracterís�cas de um de histórias usando da história ouvida. (autor,
compõem um livro ou sen�mentos através orientações. personagem ou do objetos sonoros. �tulo).
outro material da criação de histórias. enredo.
impresso.
Iden�fique e Antecipe significados de Acompanhe a leitura de Explore diferentes Folheie, Diferencie texto e gravura.
diferencie a um texto a par�r das textos com o dedo portadores de corretamente,
formatação de ilustrações. (esquerda - direita – de texto. materiais impressos.
diferentes cima para baixo).
gêneros textuais.

402 405
Leia textos e imagens, Reconheça a capa do Reconheça U�lize marcas textuais Compar�lhe impressões Compar�lhe as emoções
ainda que de forma livro que escolheu diferentes �pos de conforme o gênero em sobre a história ouvida. que experimentou por meio
não convencional. através da leitura de ilustração. suas narra�vas orais. da história.
imagem.
Discu�r as Escolha um livro para ler Exercite o direito de Compar�lhe Comente, discuta, e Compar�lhe com outras
caracterís�cas e mesmo que de forma escolha de histórias impressões sobre as compar�lhe histórias, turmas a história que criou.
intenções de um não convencional. que deseja ouvir. ilustrações. ideias, produções.
personagem e
relacioná-las com sua
forma de ser e estar
no mundo.
Indique histórias que Compar�lhe histórias
gostou para os baseadas em sua
colegas. experiência, ditando-as
para o professor.
TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM - SALA DE CONVIVÊNCIA
Amplie a noção de Reconheça as regras Aprenda a trabalhar em Aprenda a trabalhar em Busque informações Dialogue sobre assuntos de
Tempo e Espaço. comuns ao grupo e grupo. em revistas, livros, ro�na da escola e de
pequenos grupos.
a sociedade. internet. eventos da sua vida pessoal.
Re�re e guarde seus Antecipe a ro�na escolar. Organize e limpe seus Manuseie o caderno, o Represente quan�dades Par�cipe da construção
pertences na mochila. pertences pessoais| lápis entre outros com a escrita diária do quadro da ro�na
individuais. materiais. convencional. do dia.
Desenvolva e exercite Aprenda e reconheça Copie palavras Recorra ao alfabeto e Grafe numerais e letras Escreva seu nome
estratégias de leitura. seu nome completo no contextualizadas ao material escrito para em situações do com apoio.
momento da chamada. projeto. escrever. co�diano.
Sinta-se seguro para - Conheça alguns Par�cipe de jogos e Classifique itens de Estabeleça relação de Recite a sequência
escrever s�mbolos matemá�cos e brincadeiras de acordo com sua igualdade e numérica.

403 406
espontaneamente os u�lize em situações diferentes culturas. finalidade. desigualdade (mais que , JOGOS
com o reais. JOGOS JOGOS menos que).
acompanhamento do JOGOS JOGOS
professor.
��lize diferentes Represente quan�dades Escreva os resultados de ��lize o número na sua Aja de acordo com as Organize objetos
estratégias para: através de marcação jogos e as regras de função ordinal (1º, 2º). orientações. para facilitar a
juntar, dividir, �rar não convencional. brincadeiras. JOGOS JOGOS contagem.
e recontar. JOGOS JOGOS JOGOS
JOGOS
Aplique em situações
concretas conceitos
como: antes, depois,
durante.
TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM
QUADRA - GRAMADO - CULTURA CORPORAL
Reproduza posturas, Crie registro para os Crie registro para as Reconheça diferentes Cirem sequências Amplie seu repertório de
fotografias, vídeos e movimentos coporais. interações corporais. expressões corporais. corporais para serem movimentos.
seus reproduzidas.
movimentos|estática.

Participe de percurso Conheça o corpo Participe de práticas Investigue seu próprio Explore os cinco Desenvolva atitude
com sequencias de humano e suas corporais. corpo (composição e sentidos (olfato, positiva do seu corpo.
linhas desenhadas no possibilidades constituição). tato, paladar,
chão com diferentes expressivas. audição, visão).
movimentos
sugeridos.

407
404
Fazer imitações Crie movimentos Produza sons com seu O corpo e os Conheça o poder de Conheça princípios
gestuais e|ou de usando objetos ou o corpo. sentimentos, emoções comunicação do corpo básicos de alguns
movimentos . corpo de um parceiro. e necessidades. Símbolos e gestos. esportes de seu interesse.
Reações físicas.

Explore materiais Envolva-se com Combine dois ou mais Perceba seu corpo Aprenda a transformar Crie novas brincadeiras
diversos e os parceiros com movimentos (andar e tendo como referência o ambiente em um com os brinquedos do
movimentos que eles diferentes estágios de bater a bola), (anadar um objeto ou colega cenário para brincar. parque.
podem provocar nos desenvolvimento e de e puxar), correr e (frente, atrás, no alto,
corpos (bolas, codas, consciência corporal. lançar). embaixo,etc).
etc.).
TERRITÓRIO DE APRENDIZAGEM
QUADRA - GRAMADO - CULTURA CORPORAL

Vença Reconheça reações Desenvolva Pular, correr, rolar, Conquistar agilidade e Nomear as partes do
desafios químicas do seu corpo consciência das sentar, engatinhar, equilíbrio. corpo e suas funções.
corporais. diante de algumas diferentes posturas andar.
situações. corporais.

Expresse -se através do Controle, Reconheça e respeite Vivencie a importância Conviva com parceiros Explore seu corpo, suas

408
movimento: Jogos gradualmente o características dos três estágios de outros grupos nos habilidades e desafios.
Corporais, próprio movimento pessoais diferentes corporais: momentos planejados
Coletivos/Cooperativos, aperfeiçoando seus das suas alongamento, o de jogos e
Brincadeiras. recursos de (temperamento, exercício e o berincadeiras.
deslocamento. habilidades). relaxamento.

Conheça diferentes Perceba a função Perceba a função dos


forams de do corpo no dia a órgãos internos.
representação do corpo dia.
humano.
Acervo - Mostra Cultural

409
C O L E T Â N E A
410
Mídias Momentos marcantes da nossa história.

Televisão
TV Cultura - Pichação Nazista nos muros da EMEI Guia Lopes
Record News - Programa Ressoar - Horta Suspensa garantindo acessibilidade.
TV Cultura - Programa Vitrine - Um programa de rádio feito por crianças de 4 e 5 anos Rádio Mirim – Projeto Educomunicação
TVT – ABCD em revista - Preconceito se corta pela raiz
TV Câmara São Paulo - Rádio Tem Gato na Tuba
TV Cultura - Alimentação Saudável - Saúde na Escola
TV Gazeta - Pichações com símbolos nazistas serão investigadas pela polícia
Ler Angola - Internacional - Matéria sobre a Imprensa Jovem da EMEI Nelson Mandela – Bienal do Livro.
Globo - Conversa com Bial - Conheça o trabalho da EMEI Nelson Mandela
TV Brasil - Escola de São Paulo aposta no combate aos estereótipos de maneira original
Globo - Bom dia - SP - Crianças cultivam horta em escola pública da Zona Norte da capital
TV Cultura - Escola Inovadora - EMEI Nelson Mandela – Uma série de reportagens sobre instituições públicas que com muita
criatividade e pouco dinheiro conseguiram ir além do ensino formal.
Globo - SPTV 1ª Edição - Crianças entre 4 e 5 anos da escola municipal Guia Lopes, no bairro do Limão, aprendem brincando
como é que se cuida de uma horta orgânica.
TVT - Escola usa bonecos em aulas sobre África e Cultura a Afro-brasileira – Como Nelson Mandela entrou na história da Escola
TV Brasil - Caminhos da Reportagem - O racismo na Escola
Globo - Sp1 - Cortejo de Maracatu Bloco de Pedra - Celebração pela alteração do nome da escola de EMEI Guia Lopes para
EMEI Nelson Mandela
TV Brasil - Caminhos da Reportagem - 10 anos da animação no Brasil (questões de gênero na ciência)
Globo - Bom Dia Brasil - Parceria Escola-Família
Globo - Programa Bem-estar - Avós ajudam a melhorar a alimentação das crianças em São Paulo

Internet
Change. Org - Só faltava o nome para esta escola ser diferente de todas as outras.
Globo – Portal G1 – Alunos fazem desenhos sobre pichação com frase racista em escola.
Portal Secretaria Municipal de Educação – Mobilização para a alteração do nome da escola.
Revista Carta Fundamental – O professor e a notícia.
BBC News – Crianças reproduzem racismo?
O Estadão – Conteúdo sobre África ainda é escasso.
CEERT - EMEI Guia Lopes e CEERT falam sobre educação e o respeito as diversidades étnico-raciais

411
revista Gestão Escolar - Escola conectada, um link para a aprendizagem.
UOL Educação - Escola pública de São Paulo usa bonecos para discutir racismo na pré-escola.
O Estadão - Conteúdo sobre África ainda é escasso.
InfoGeekie - Congresso Internacional contra a Pobreza no Mundo
Nova Escola Gestão - 9 dicas e 4 modelos de roteiro para mudar o processo de avaliação em sua escola.
Instituto Avisa Lá - O racismo que vem do berço.
Estadão.Edu - Escola inovadora não tem prova ou carteira.
Portal Prefeitura da Cidade de São Paulo - Alunos da EMEI Guia Lopes usam arte coletiva para redecorar escola.
Literatura Suburbana - O escritor Nigeriano Sunny, referência negra na Educação Infantil na EMEI Nelson Mandela.
Portal Prefeitura da Cidade de São Paulo - Comemoração do Centenário de Nelson Mandela.
Diário Oficial da Cidade de São Paulo - Projeto Horta - Página IV
Portal Secretaria Municipal de Educação - Material para o Almanaque 75 anos da Educação Infantil na Cidade de São Paulo. O
Coreto no parque da EMEI Nelson Mandela
CEERT - MEI Guia Lopes promove atividades voltadas a valorização da cultura africana na educação infantil.
Diário Oficial da Cidade de São Paulo - Rádio Tem Gato na Tuba.
Folha de São Paulo - Folhinha - Rádio Infantil Tem Gato na Tuba.
MEC - Revista Educação Infantil Práticas Promotoras de Igualdade Racial - Parceria CEERT/Instituto Avisa Lá/SME.
Estadão - Escola é pichada com suástica nazista.
Revista Virtual Educatrix - Plantar conhecimento para colher aprendizagem.
Revista Carta Capital - As fronteiras da Inclusão - A didática do preconceito.
Educação UOL - Pré-escola usa atividades lúdicas para falar de racismo.
Plataforma Porvir - Inovação em Educação - Usando o faz de conta para falar de racismo.
Portal Secretaria Municipal de Educação - Festa: Ô de casa, posso entrar?
CEERT – O faz de conta para falar de racismo.
Portal Secretaria Municipal de Educação - Projeto “Samba, samba, samba, Ô LÊ, lÊ”
Portal Secretaria Municipal de Educação - Projeto Família Abayomi Viaja pelo Espaço
Fundação Telefônica - Escola Nelson Mandela vira referência na Educação em Cultura da Paz
Portal Lunetas - EMEI Nelson Mandela: educação pública que respeita as diferenças
Portal Muda Tudo - Uma diretora de escola dá exemplo de como mudar a educação.
SPRESSO SP - Educomunicação – Rádio Tem Gato Na Tuba
Globo - G1 - Após ser alvo de racismo escola luta para se chamar Nelson Mandela
Estadão - Crianças fazem passeata para mudar o nome da escola para Nelson Mandela.
MEC - Certificação de Escola Inovadora e Criativa – EMEI Nelson Mandela uma das sete escolas de São Paulo.
Portal Geledés - Eu sou Madiba, sou a voz da igualdade.
Folha de São Paulo - Especial Gestão Escolar - Projeto Diretor de Escola por um dia.
Colaboração - Material de formação de professores - Práticas Pedagógicas para a Educação Integral.
Freguesia News - Escola que foi alvo de racistas, inova de novo - Projeto Diretor de Escola por um dia.
Caindo no Brasil - Educação Inovadora Brasileira - 5 diferenciais da EMEI Nelson Mandela.
Portal Lunetas - A música “Tudo Bem Ser Diferente (EMEI Nelson Mandela)
Fundação Cecilia Souto Vidigal - e-book - Uma escola onde a criança tem vez, voz e a família por perto.
Tempo de Creche - Documentação Pedagógica - Diário de Projeto (Portifólio).

412
Instituto Claro - Educação - Projeto Diretor de Escola por um dia.
Centro Referência em Educação Integral - Como integrar alunos migrantes valorizando suas culturas.
Centro de Referência de Educação Integral - Quatro escolas que mostram que educação democrática é possível
Revista Nova Escola - Como promover hábitos alimentares saudáveis
Portal Aprendiz - Mudar o nome da escola, um processo participativo de reescrita da história.
Portal Aprendiz - Projeto Sonora - Uma viagem por meio do som.
Tempo de Creche - Cultura Brasileira na Educação Infantil, como fazer essa conexão?
Portal Aprendiz - Como praticar uma educação antirracista.
Portal Lunetas - Professora cria máquina de RX para trabalhar igualdade.
APPAI - Associação Beneficente dos Professores Públicos do Estado do Rio de Janeiro - Cadê a igualdade que estava aqui? O
gato comeu.
Revista Nova Escola - Acolha um estagiário
Movimento de Inovação na Educação. Org - Movimento integrador de redes, escolas, profissionais, ativistas e iniciativas sociais
pela transformação da educação em seus diversos campos.
Portal Lunetas - O primeiro dia de aula
Portal Aprendiz - Como praticar uma educação antirracista.
Movimento de Inovação na Educação. Org - Como se dá a inovação no âmbito da gestão.
Observatório do Terceiro Setor - Escola infantil em SP quebra barreiras da educação tradicional.
Fundação Telefônica - 5 lições de Nelson Mandela para crianças, jovens e adultos.
Revista Nova Escola - Como a escola pode se posicionar contra o racismo.
Portal Catraca Livre - EMEI Nelson Mandela, aqui quem traça o percurso é a criança.
Respeitar é preciso. Org - Família Abayomi e Jongo, como a EMEI Nelson Mandela trabalha as relações étnico-raciais.
Site BOL - Vídeo - Alunos da EMEI Nelson Mandela contam magia da escola.
Portal Lunetas - Educação Antirracista.
Observatório do Terceiro Setor - 7 professores brasileiros que você precisa conhecer
Estadão - Depressão, bullying e conflitos nas escolas seriam minimizados com apoio psicológico.
O Globo - Educação Antirracista questiona excesso de referências brancas
Projeto SEI - Sistemas Educacionais Inovadores – Webséries Redes
CEERT. ORG. (vídeo) - Conheça a trajetória do Prêmio Educar para a Igualdade Racial e de gênero
Câmara Municipal de São Paulo - Cem Anos de Paulo Freire
Faculdade das Américas - Trabalho de Educomunicação do curso de Pedagogia
EducaPref SP - SME - Homenagem aos Professores vencedores do Valeu Professor 2011
Professora Deise Regina Ferreira – EMEI Nelson Mandela – Professora de Informática Educativa
Câmara Municipal de São Paulo - Manifestação de apoio à EMEI Nelson Mandela diante da Pichação da Câmara Municipal de
São Paulo.
UENIVSP - Material - Diversidade na Natureza
UNIVESP - Material - Ensino de Ciências: objetivos e conteúdos
UNIVESP - Material - Ensino de Ciências: Interdisciplinaridade e temas transversais
Professores em Ação - Prêmio Azizi Abayomi, um príncipe africano.
MEC - Revista Educação Infantil e práticas promotoras de igualdade racial. Educação Infantil: Experiências de Aprendizagem
MEC - Educação Infantil e práticas promotoras de igualdade racial. Educação Infantil: Gestão e Família

413
MEC - Educação Infantil e práticas promotoras de igualdade racial – Organização dos Espaços físicos e dos materiais.
G1 - Globo - Lista - BBC Britânica – 100 Mulheres Inspiradoras/2020
Narrativas Humanas - Coimbra/Portugal - Conversa com Cibele Racy
EFE - La brasileã que combatió el racismo em la tierna infancia
Canal Lifetime - Prêmio Lifetime Awards – 5 Mulheres protagonistas da América Latina/2021
SAP - Woman Forward - Transformação Social começa com Educação
Fundação Telefônica - Evento Internacional de Educação EnlightED 2021 – Educação Antirracista como instrumento de justiça
Social.
Embasssy of South Africa in Brazil - 01/05/2022 – Visita Cônsul-Geral da África do Sul em São Paulo, o Embaixador Vusi Mavimbela,
CG Tinyiko Kumalo, o Coronel Reginald Sereo e a Primeira Secretária Política, Denisha Reddy à EMEI Nelson Mandela.

Livros
Livro - Prêmio Paulo Freire - Projeto Diretor de Escola por um dia
Livro - História e Historiadores – Ivanio Dickmann
Livro - Racismo e educação: (des)caminhos da Lei n. 10.639/2003 - Teresinha Bernardo
Livro - 1º Prêmio Municipal de Educação em Direitos Humanos - Relato de Experiências

Radios
Rádio Brasil Atual - Escola Municipal tem projeto de Horta e Cozinha Experimental
Observatório do Terceiro Setor - Educação Infantil no Brasil
Observatório do Terceiro Setor - Educação Básica no Brasil
Observatório do Terceiro Setor - Crise na Educação

Vídeos institucionais
Acervo Escolar - Projeto Didático Resgate de Tetelo e Tetela em Marte
Acervo Escolar - Projeto Didático - A Gravidez de Sofia - O Parto
Acervo Escolar - Imprensa Jovem – Repórteres da Rádio Tem Gato na Tuba entrevistam Ana Estela Haddad
Acervo Escolar - Programa da Rádio Tem Gato na Tuba
Acervo Escolar - Cortejo de Maracatu Acervo escolar – Exame Pré-Natal de Sofia
Acervo Escolar - O casamento de Azizi Abayomi e Sofia -rituais de união em várias culturas.
Acervo Escolar - Acolhimento de Dayó e Henrique, filhos de Azizi e Sofia
Acervo Escolar - Reportagem O Grande Desconhecido

Redes sociais
Registro dos trabalhos administrativo-pedagógicos da EMEI Nelson Mandela

414
3
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Vozes da EMEI Nelson Mandela [livro eletrônico] /
autora e organizadora Cibele Araújo Racy Maria. --
São Paulo, SP : Cibele Racy, 2022.
PDF
Vários autores.
ISBN 978-65-00-50633-4
1. Antirracismo 2. Educação infantil 3. Educação -
Finalidade e objetivos 4. Educação - Projetos
5. Prática de ensino 6. Prática pedagógica
7. Professores - Formação I. Maria, Cibele Araújo
Racy. II. Título.
22-123558 CDD-370

Índices para catálogo sistemático:


1. Projetos educacionais : Planejamento e gestão:
Educação 370
Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380
4
4

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