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UNIVERSIDADE DE SANTIAGO

BDI
Base de Dados I

Aula Nº1
Docentes: Danielson Alves / Quelito Marcel Varela
… / … / 2022
Sumário
❖Base de Dados
❖Dados vs Informação
❖Objetos de Informação
❖Sistema de Gestão de Ficheiros
❖Sistema de Gestão de Base de Dados
Base de Dados
Existem várias definições de base de dados, mas nesta fase inicial
podemos utilizar a seguinte:

• Uma base de dados é uma coleção organizada de informação


estruturada relacionada entre si que persiste durante um determinado
período de tempo. É gerida por um sistema de Gestão de Base de
Dados (SGBD), que condiciona a forma como se cria, acede modifica
e elimina informação.

• Uma base de dados pode ser definida como um conjunto de ficheiros


relacionados entre si, dividindo a mesma relação geral de contexto,
pois as entidades e eventos descritos são geralmente comuns a todos
os ficheiros em questão.
Dados vs Informação
Dados e informação são coisas distintas. Dados são apenas elementos ou
valores discretos que, isoladamente, não têm qualquer valor, só se
transformam em informação quando relacionados ou interpretados
de alguma forma. Os dados podem ser vistos como a matéria-prima
necessária a esse processamento.

Informação: Constituída por um conjunto de dados com características


específicas, isto é, trata-se de um conjunto de dados significativos e
relevantes para a componente ou sistema a quem se destinam.
Dados vs Informação
Dados significativos: Para serem significativos, os dados devem ser
representados por símbolos compreensíveis, devem ser completos e
devem expressar ideias não ambíguas.

Dados relevantes: são os dados que podem ser utilizados na resolução


dos problemas propostos.

A organização deve selecionar os factos sobre certos eventos e entidades


para satisfazer as suas necessidades de informação.
Dados vs Informação
A informação é encarada, atualmente como um dos recursos mais
importantes de uma organização, contribuindo de uma forma decisiva
para a sua maior ou menor competitividade. Com o aumento da
concorrência é necessário melhorar as capacidades de decisão a todos os
níveis.

Dada a quantidade de informação, a sua complexidade e a frequência com


que se altera cada vez mais a tomada de decisão é um processo complexo.
Deste modo, e para que a informação possa ser utilizada de forma
eficaz na ajuda à tomada de decisão, é necessário que se verifiquem
algumas condições:
Dados vs Informação
Atualidade – dado o dinamismo verificado em todos os sectores da
sociedade em geral e das empresas em particular, o período de validade
da informação é cada vez mais curto. Torna-se necessário dispor de
fontes de informação que acompanhem essas modificações. Só com base
em informação atualizada se podem tomar decisões acertadas.

Correção – não basta que a informação seja atual, é também necessário


que ela seja rigorosa. Só com informação correta se pode decidir com
confiança.

Relevância – a informação deve ser devidamente filtrada de tal forma


que apenas aquela com relevância para cada situação seja considerada.
Dados vs Informação
Disponibilidade – dadas as características do meio envolvente nos dias
de hoje, o processo de tomada de decisão tem que ser quase instantâneo.
Para isso, a informação tem que ser disponibilizada rapidamente, caso
contrário deixa de ser útil.

Legibilidade – a informação só é informação se puder ser interpretada.


Ou seja, a forma como é disponibilizada tem também grande importância.
Objetos de Informação
A necessidade de informação é um fator de sobrevivência para as
empresas mas deve ser "fornecida“ de forma adequada para ser útil.
Os objetos de informação servem como referência para a ação do S.I.

Existem dois tipos de objetos de informação:


• Entidades
• Acontecimentos ou eventos

Entidade: pessoa, coisa ou lugar. Não confundir entidade com o seu


nome. Uma entidade pode pertencer a diferentes categorias.

Evento(acontecimento): algo que ocorre num dado instante.


Objetos de Informação

Atributos:

• As entidades e eventos podem ser reconhecidos, referidos e descritos


em termos dos seus atributos.
• Factos caracterizadores dos objetos de informação.
Objetos de Informação
Tipos de atributos:

• Identificadores: úteis na distinção de objetos.


• Descritores: descrição física dos objetos.
• Localizadores: espaço físico dos objetos.
• Temporais: quando ocorre um evento (tempo).
• Relacionais: permitem relacionar eventos e entidades.
• Classificadores: factos que determinam o modo de relacionamento
entre os objetos de informação e a organização, por categoria ou tipo.
• Condicionais: factos que identificam o objeto de informação,
escolhendo uma de várias alternativas.
Objetos de Informação

Os atributos são usados de forma combinada para descrever, de forma


completa os objetos de informação.

Quanto mais atributos, mais completa é a descrição do objeto de


informação em estudo.
Sistema de Gestão de Ficheiros
Os antecessores, em termos de evolução tecnológica, dos modernos
sistemas de base de dados foram os sistemas de gestão de ficheiros.

Utilizando este tipo de tecnologia, as organizações começaram por


automatizar algumas tarefas que até aí eram realizadas manualmente.
Desta forma, tarefas como o tratamento de dados, devido às suas
características de processamento rotineiro, foram sendo sucessivamente
informatizadas recorrendo a esta tecnologia.
Sistema de Gestão de Ficheiros
Inicialmente, esta informatização resumia-se à simples automatização de
processos manuais, até aí suportados em papel, tal e qual eram executados
anteriormente. O resultado final era que os processos continuavam a ser
executados da mesma forma, só que mais rapidamente.

Como os sistemas eram desenvolvidos autonomamente para cada nova


aplicação identificada, definiam-se novos ficheiros de dados e
desenvolviam-se os programas necessários aos processamentos
específicos.
Sistema de Gestão de Ficheiros
Assim sendo, os sistemas surgiam no panorama informático das
organizações inopinadamente, sem qualquer relação com os sistemas já
existentes, constituindo “ilhas isoladas” entre si.
Sistema de Gestão de Ficheiros
Desta forma, os mesmos dados são armazenados em ficheiros diferentes e
recolhidos em alturas diferentes por diferentes aplicações. Como são
atualizados, independentemente, pelas respetivas aplicações, existem
grandes probabilidades de ocorrerem incoerências, ou seja, a existência
de dados que se contradizem.
Deficiências do Sistemas de Gestão de
Ficheiros
• Redundância. Uma parte substancial da informação tende a ser
necessária para várias funções e por consequência a repetir-se em
vários ficheiros.

• Inconsistência. A repetição de informação levanta a possibilidade das


várias cópias assumirem valores distintos. Nessa situação, toma-se
muito difícil ou mesmo impossível descortinar qual é o valor correto.

• Dificuldade na manipulação da informação. A manipulação da


informação na base de dados torna-se pouco eficiente.
Deficiências do Sistemas de Gestão de
Ficheiros
• Isolamento da informação. Dado que a informação está dispersa por
vários ficheiros, eventualmente com diferentes formatos, torna-se
difícil desenvolver programas de aplicação que manipulem informação
distribuída por várias tabelas.

• Acesso simultâneo. Por questões de eficiência, muitas bases de dados


permitem o acesso simultâneo de vários utilizadores à mesma
informação. Quando dois utilizadores estão a alterar a informação
simultaneamente, podem surgir problemas de inconsistência. Para
evitar este tipo de problemas é necessário que exista uma supervisão
entre os vários programas de aplicação.
Deficiências do Sistemas de Gestão de
Ficheiros
• Problemas de segurança. Os utilizadores da base de dados são muito
diversificados, e cada elemento de informação deve estar disponível
para um determinado número de utilizadores.

• Integridade da informação. A informação introduzida na base de


dados deve cumprir certas condições, as quais devem ser verificados
pelos programas de aplicação.
Sistema de Gestão de Base de Dados
Um Sistema de Gestão de Base de Dados (SGBD) é uma porção de
software que faz a ligação entre os utilizadores, ou programas de
aplicação, e a base de dados propriamente dita. É tarefa do SGBD
conciliar os pedidos de acesso à base de dados originados pelos vários
utilizadores.

A abordagem pelos sistemas de bases de dados tem uma característica


fundamental – os dados são organizados num único conjunto. Isto é, em
vez de estarem separados por várias unidades independentes, os dados
encontram-se integrados numa só unidade de armazenamento.
Adicionalmente, todos os acessos aos dados passam sempre pela entidade
designada Sistema de Gestão de Bases de Dados.
Sistema de Gestão de Base de Dados
Características de um SGBD
Um SGBD deve possuir as seguintes características:

• Permitir a um utilizador autorizado definir a estrutura dos dados mais


adaptada ao problema que tem em mãos. Um utilizador autorizado
deve também poder definir permissões de acesso aos dados, o que
inclui e a sua criação, leitura, modificação e eliminação;

• Permitir a consulta eficiente dos dados, independentemente da forma


como estes estiverem armazenados no suporte físico. Como
consequência, compete ao SGBD escolher a forma mais eficiente de
executar a consulta e de devolver o resultado ao utilizador. O SGBD
deve dispor de uma linguagem de alto nível que permita ao utilizador
especificar o que quer obter como resultado;
Características de um SGBD
• Permitir que a base de dados possa ser recuperada, com o mínimo de
perda de informação possível, quando ocorrem incidentes lógicos ou
físicos. Neste caso, recuperação significa poder reverter o estado da
base de dedos para um estado, anterior no tempo, que seja correto.
Assim, a recuperação não implica que não se perca informação, mas
antes que a base de dedos não fique num estado incorreto;

• Permitir operações simultâneas sobre os dados por parte de vários


utilizadores, isolando mutuamente os seus efeitos e garantindo que, em
caso de erro, não se registem definitivamente os resultados de
operações sem sucesso ou não terminadas.
Perfis de Utilizador de um SGBD
• O administrador da base de dados, que é responsável pela definição
da estrutura dos dados;

• O programador de aplicações, que utiliza as interfaces programáticas


de linguagens disponíveis para consultar os dados;

• O utilizador final, que acede à base de dados da forma mais abstrata


possível, sem conhecimento da sua estrutura ou tecnologia, e sem ter
de se preocupar se as suas ações podem interferir com outros
utilizadores.
Transações
Uma transação é um conjunto atómico de comandos, na medida em que
esta é indivisível e só termina com sucesso se todos os comandos que a
constituem tiverem terminado igualmente com sucesso; caso contrário, a
transação deve ser anulada e os seus efeitos até ao momento retirados da
base de dados, devendo ser executada pelo SGBD exatamente uma vez.

Uma transação pode corresponder a uma sequência de comandos que um


utilizador autorizado à entrar num terminal executa, ou a um programa
que executa um algoritmo com acesso à base de dados. Regra geral, uma
transação é percebida pelo SGBD como uma sequência de leituras e de
escritas.
Características de uma transação
Uma transação deve respeitar as seguintes características, conhecidas no
seu conjunto como ACID:

• Atomicidade: Uma transação pode ser composta por várias operações,


mas o seu resultado deve ser tudo ou nada, ou seja, uma transação é
atómica. Não é possível considerar apenas partes de uma transação
como válidas e descartar outras. O utilizador que submeteu a transação
deve ser sempre informado do resultado da sua execução, seja ele de
sucesso ou insucesso;

• Consistência: Uma transação que termine de uma forma normal


garante que a base de dados fica num estado consistente, ou seja, por
definição, uma transação só confirma dados que respeitem a
consistência da base de dados.
Características de uma transação
• Isolamento: Quaisquer operações dentro de uma transação não são
afetadas por operações de outras transações a decorrer
concorrencialmente. Do ponto de vista de cada transação, a base de
dados está disponível apenas para si.

• Durabilidade: Após uma transação terminar e confirmar os seus


resultados na base de dados, o SGBD deve garantir que esses dados
são persistentes. A durabilidade destes deve ser garantida mesmo na
presença de falhas que ocorram após o fim da transação. Se o
utilizador foi informado do sucesso da transação, esperará sempre que
os dados tenham ficado registados de forma persistente na base de
dados.
Níveis de abstração da Informação
O modo como a informação está fisicamente armazenada não é relevante
para o utilizador da base de dados, antes pelo contrário, só aumenta a
complexidade de operação. Uma função importante do SGBD é
apresentar ao utilizador uma visão abstrata da informação, de forma a
esconder os detalhes de como a informação está fisicamente armazenada
e assim simplificar a ação do utilizador.
Níveis de abstração da Informação
• Nível físico. É o mais baixo nível de abstração e descreve o modo
como a informação está fisicamente armazenada nos meios
apropriados, como o disco duro ou fita magnética.
• Nível concetual. Este nível é intermédio e descreve qual a informação
que está armazenada na base de dados. Corresponde à forma como um
administrador da base de dados se apercebe dos mesmos, podendo
manipular esse nível para otimizar processos, implementar políticas de
segurança e garantir o desempenho da base de dados.
• Nível externo. Também designado por nível de interação ou
visualização, é o nível com maior abstração da informação. A
informação disponível a este nível é ajustada às necessidades e
competências de cada utilizador específico.
Níveis de abstração da Informação
Níveis de Independência da Informação
É frequente que a estrutura de uma base de dados seja alterada ao longo
do tempo para melhor responder aos requisitos que lhe são endereçados, e
assim aumentar a sua capacidade e eficiência. A possibilidade de alterar a
definição de um nível de abstração de informação sem afetar o nível
seguinte designa-se por independência da informação.
Níveis de Independência da Informação
• Independência da informação física. É a capacidade de alterar a
estrutura de armazenamento físico da informação sem alterar a
estrutura ao nível conceptual, e por conseguinte, sem alterar os
programas de aplicação. Alterações ao nível físico são
esporadicamente efetuadas para incrementar a eficiência no
armazenamento da informação.
• Independência da informação lógica. É a possibilidade de alterar a
base de dados ao nível conceptual sem alterar os programas de
aplicação. Esta propriedade é difícil de conseguir, dado que os
programas de aplicação se baseiam na descrição da informação ao
nível conceptual.
Modelo Relacional
O Modelo Relacional, proposto pelo matemático Edgar Codd, da IBM,
em 1969, num relatório da IBM de divulgação reduzida (Codd, 1969),
alterou a forma como se utilizavam as bases de dados, que consistia
essencialmente na manipulação de estruturas físicas, muito próximas da
representação informática em suporte físico.
Ao permitir a utilização de uma linguagem de mais alto nível e abstração,
independente da representação física dos dados, o Modelo Relacional
contribuiu para a vulgarização desta tecnologia, melhorando a
produtividade dos utilizadores das bases de dados.
O Modelo Relacional permite a utilização de uma única estrutura de
dados, chamada tabela, que implementa o conceito de relação, sendo que
uma base de dados é uma coleção de tabelas.
Modelo Relacional

Observe-se a representação
da Tabela DISCIPLINA:

• As colunas identificam as características de uma disciplina, e cada


coluna é encabeçada por um título.
• As linhas, representam as diferentes disciplinas que existem na base de
dados.

Esta representação visual de uma tabela é uma forma conveniente e


simples de compreender a base de dados e esconde os aspetos técnicos da
representação informática desta estrutura. Para um utilizador não técnico,
assemelha-se a uma folha de cálculo.
Vantagens de um SGDB
• Independência dos dados: Esta característica evita que as aplicações
que acedem à base de dados tenham de ser modificadas se a estrutura
física dos dados mudar. Ou seja, mudanças no esquema físico, por
exemplo, não implicam mudanças nos outros níveis da base de dados.
• Verificação de regras de integridade e de segurança: É possível
especificar regras de integridade, como, por exemplo, um preço ser
sempre número positivo, no esquema da base de dados, em vez de ter
de se colocar essa regra em todas as aplicações que manipulam os
preços.
• Acesso eficiente aos dados: O acesso aos dados é decidido pelo
SGBD, permitindo assim escolher as estratégias mais eficientes, não
sendo necessário o utilizador ter de escolher a forma de acesso e de se
preocupar com a sua representação interna;
Vantagens de um SGDB
• Gestão da concorrência e recuperação: Vários utilizadores podem
aceder em simultâneo aos dados sem terem de se preocupar em
sincronizar as suas ações. Por outro lado, o SGBD fica encarregado de
garantir que, em caso de falha, é sempre possível colocar a base de
dados num estado estável;
• Gestão de dados: Várias aplicações podem partilhar os mesmos
dados, com as vantagens de eliminação de redundância, reforço de
coerência e integridade;
• Redução do tempo de desenvolvimento: Ao aliviar o programador
de ter de tomar decisões relativas à forma de armazenamento e acesso
aos dados, diminui o tempo de desenvolvimento e reduz a
probabilidade de erros, permitindo que o programador se concentre no
essencial e na lógica de negócio, deixando as decisões debaixo nível
para o SGBD.
Exemplos de Sistemas de Base de Dados
Exercício
Pretende-se criar um sistema informático para a cantina da Universidade
de Santiago. Os produtos vendidos na Cantina são comprados a diversos
fornecedores com código, nome, endereço. A Cantina possui clientes que
são identificados por código, nome, endereço, telefone. Os produtos
possuem código, descrição, marca, modelo, valor. Os clientes compram
produtos online e presencial. Na compra online os clientes fazem a
compra, mas o levantamento do(s) produto(s) comprado(s) é feito na
cantina.

Identifique as entidades e os seus respetivos atributos.


FIM

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