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12/10/2022 22:12 A importância e os perigos do lactato no treinamento de natação

A importância e os perigos do
lactato no treinamento de natação
La importancia y los peligros del
lactato en el entrenamiento de natación

*Graduado em Educação Física -


Faculdade Albert Einstein, Brasília
**Especialista em Treinamento de
Força e em Fisiologia do Exercício Paulo
Roberto Silva Barroso*  
  Professor do curso de Educação
Física da Faculdade Albert Einstein, Brasília Maurilio
Tiradentes Dutra**
***Mestre em Educação Física.
Professor do curso de Educação Física
Sebastião
Lobo da Silva***
da Faculdade Albert Einstein,
Brasília
maurilio.dutra@uol.com.br  
(Brasil)

 
Resumo
         
A evolução constante do treinamento que objetiva alcançar
altos índices de resultados sugere um maior controle e cuidado na sua
aplicação. A natação é uma modalidade
esportiva que vem evoluindo a cada
ano e seu treinamento não pode prescindir deste controle rigoroso. Nesse
cenário, a concentração do lactato sanguíneo figura como elemento
importante, tanto no desenvolvimento do sistema anaeróbio lático, quanto como
um dos principais elementos de avaliação, na medida em que pode ser utilizada
para determinar as
zonas de intensidade de treinamento. Em adicional, pode
ajudar a determinar o condicionamento do atleta e até avaliar a sua performance
competitiva. Sendo assim, o presente
  trabalho de revisão bibliográfica buscou
descrever a importância e os perigos do lactato no treinamento de natação de
alto rendimento. Para tanto, foi realizada extensa pesquisa em  
livros e bases de
dados de artigos científicos relacionados ao tema. Foi possível concluir que o
lactato tem grande influência no treinamento de natação, sugerindo a
necessidade de
um controle e aplicação do treinamento cautelosos. De igual
modo, os profissionais devem atentar para a relevância de uma correta
interpretação dos resultados de testes que
utilizam o lactato sanguíneo, no
intuito de minimizarem-se riscos pertinentes ao excesso de treinamento.
         
Unitermos: Treinamento desportivo. Natação. Lactato.
 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 154, Marzo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

     
O controle e o treinamento do sistema anaeróbico lático tornam-se cada vez
mais comuns e com relevante importância na
performance. O uso da
concentração do lactato sanguíneo como indicador da intensidade do
treinamento e condicionamento do
atleta tornou-se imprescindível e comum em
função da facilidade existente para obtenção e análise das amostras,
devido à
utilização dos instrumentos eletrônicos (JACOBS, 1986). De acordo
com Kokobun (1999), o primeiro contato no Brasil com a
análise do lactato foi
em 1980, com muita restrição em função da dificuldade de importação de
materiais. Em 1984, depois de seis
meses, conseguiram-se reproduzir as
técnicas dos pesquisadores internacionais e então, somente em 1988, houve
condições
efetivas de aplicar as análises no esporte.

   
A sofisticação dos treinamentos e a obtenção de altos níveis de
resultados exigem cada vez mais determinação, tempo e esforço
dos atletas
(SILVA; RIBEIRO, 2003). Isso faz com que se torne necessário um maior
controle na definição do treinamento a ser
aplicado, respeitando variáveis
desde o efeito da temperatura da água na performance, produção do lactato e
freqüência cardíaca
(MOUGIOS; DELIGIANNIS, 1993) até o controle do lactato
no organismo infantil e controle do nível de estresse causado pelo
treinamento intenso nessas idades (SILVA; RIBEIRO, 2003).

   
O presente trabalho busca descrever, com base em revisão bibliográfica em
livros, sítios da internet e bases de dados de artigos
científicos
relacionados ao tema, como o treinamento anaeróbio figura num mesociclo de
natação, o processo fisiológico do lactato
na natação e a importância da
treinabilidade do sistema anaeróbio lático para a melhora da performance.
Ademais, aborda
aplicações de treinamentos e séries específicas de
produção, remoção e tolerância ao lactato, a fim de utilizar ao máximo
esse
sistema, bem como a importância do controle do lactato sanguíneo como
indicador de intensidade de esforço para definição das
zonas de
treinamento.

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Periodização

   
Segundo Bompa (2001) o principal objetivo do treinamento é fazer com que o
atleta atinja um alto nível de desempenho, em
especial, na principal
competição e em excelente forma atlética. Para tal, é elaborada a
periodização de treinamento com a divisão
em etapas a fim de atingir
objetivos específicos (TUBINO, 2003).

     
O desenvolvimento de uma periodização começa pelo estabelecimento da
temporada de competições em função de um
calendário. A partir daí surgem
várias nomenclaturas determinando os ciclos de treinamento como a sugerida
por Bartholomeu
Neto et al (2009), que divide 23 semanas de treinamento em:
(i) período de endurance geral; (ii) período de endurance
específica;
(iii) período competitivo e (iv) período de polimento, ou,
segundo Kokobun (1999) (i) pré temporada, (ii) desenvolvimento
aeróbico,
(iii) desenvolvimento anaeróbico, (iv) especifico e (v) competitivo.

Periodização
aplicada à natação

   
Conforme testado por Bartholomeu Neto et al. (2009), uma temporada de 23
semanas (macrociclo) pode ser divida em 4 fases
(mesociclo): (i) endurance
geral, que no macrociclo pode compreender de 15 a 20% do total da
programação, com duração de 4 a
6 semanas; (ii) endurance
especifica com 30 a 40% da programação, com de 4 a 8 semanas de duração;
(iii) período competitivo,
de 6 a 8 semanas, figurando 30% do total; e, (iv)
polimento que compreende de 10% a 15%. A divisão das valências de
treinamento e as formas de aplicação variam desde a preferência do
treinador até a especificidade do atleta.

   
No treinamento de natação, o tipo de microciclo mais usual entre os
treinadores é o microciclo semanal que pode ser dividido de
06 a 10 sessões
semanais, subdividindo-se em treinamento principal e treino complementar
(HANNULA, 1995). Segundo Bompa
(2004), dentro de um microciclo, a dinâmica de
carga de um treinamento também pode variar.

   
As sessões de treinamento podem receber metragens, respeitando a
especificidade, idade e gênero dos atletas em relação ao
período do
treinamento em que se encontram (MAGLISCHO, 1983).

     
Cada período tem seu objetivo específico, como proposto por Bartholomeu Neto
et al. (2009), assim como cada sessão de
treinamento, que pode apresentar
diferentes características fisiológicas.

     
Segundo Maglischo (1983) pode-se notar contribuições das diferentes fontes
energéticas e suas porcentagens nas provas de
natação.

   
Pereira, (1989) definiu que as intensidades de exercícios podem ser expressas
através da concentração de lactato no sangue.
Maglischo (1999) sugere
avaliar a capacidade anaeróbica por meio da análise do lactato sanguíneo
após esforços máximos. Na
natação, a maior parte das provas duram de 20
segundos a 4 minutos (50 a 400m), onde se exige uma utilização tanto das
vias
aeróbicas como anaeróbicas (exceto nas provas de 800 e 1500m, que
utilizam predominantemente o sistema oxidativo).

   
Como hoje em dia existe a facilidade no controle e, também, a importância
eminente do treinamento do sistema anaeróbico
lático na natação, é
importante dar ênfase na aplicação, controle e cuidado deste sistema de
treinamento (OLBRECHT, 2000).

Lactato

   
De acordo com vários pesquisadores, é detectado um aumento de lactato no
sangue após os treinamentos, e sua produção ocorre
principalmente durante a
glicólise anaeróbica, nas fibras musculares brancas (KARLSSON et al., 1972).

   
O lactato difunde-se do músculo em exercício para os capilares, de onde é
transportado para o fígado e, na presença de oxigênio,
é oxidado em
piruvato e então convertido em glicose pela gliconeogênese (STAGNER; TANNER,
2008).

   
Segundo Maglischo (1983), quando o lactato produzido no exercício se acumula
em excesso no sangue alcançando um nível
determinado, ocorre à acidose,
diminuindo o aproveitamento da glicólise anaeróbica deixando os movimentos
mais lentos, menos
potentes e mais dolorosos.
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Pereira (1989) comprovou a importância da avaliação do lactato sanguíneo
na prescrição e controle do treinamento dividindo
em quatro níveis de
intensidade, trabalho aeróbico com lactato até 2 mM, trabalho de baixa
acidose até 4 mM, trabalho de média
acidose até 6 mM e de elevada acidose
superior a 6 mM. Jacobs (1986) por sua vez, afirma que quando a concentração
de lactato
sanguíneo atinge valores superiores à 5mM a fadiga é evidente na
continuação do exercício.

   
As fontes anaeróbicas láticas constituem, na natação, a principal fonte
energética nas distâncias de 100 e 200 metros (nado livre,
estilos e medley)
e com importante papel nas provas de 400 metros (livre e medley) (PLATONOV;
FESSENKO, 2003).

   
Deminice et al. (2005) comprovaram significativas correlações entre o tempo
de execução e o aumento da concentração de
lactato no sangue em séries de
treinamento intervalado de alta intensidade de 100, 200 e 400m nadados.

     
De acordo com Maglischo (1999), existem três maneiras de o atleta retardar os
efeitos do acúmulo do lactato. A primeira
reduzindo a proporção do acúmulo
do lactato (através das séries de produção de lactato), a segunda
aumentando a taxa de
eliminação do lactato nos músculos (séries de
remoção do lactato) e a terceira através do aumento de tolerância ao
acúmulo de
lactato (séries de tolerância ao lactato).

Produção
de lactato

     
Qualquer treinamento com intensidade suficiente para produzir acidose aumenta
a atividade das enzimas anaeróbicas. Em
função disso, o pico de lactato no
sangue pode ser alcançado em séries repetitivas de 50 a 200 metros com
duração de 30 a 90
segundos no esforço máximo. A atividade dessas enzimas
também pode ser aumentada em distâncias maiores desde que seja
desenvolvida
na velocidade máxima ou quase máxima (MAGLISCHO, 1983).

     
Esse tipo de treinamento faz com que os atletas nadem mais rápido no final
das provas de 50 e 100 metros, retardando a
produção de lactato. As
distâncias recomendadas para esse tipo de série ficam entre 25 e 75m,
distâncias que permitem atingir alto
índice de produção de lactato sem uma
grande acidose. Para manter a velocidade máxima na série, o intervalo deve
permanecer
entre 1 e 3 minutos (o esforço deve ser máximo, mas o atleta não
deve sentir dor). O volume total da série fica entre 200 a 600
metros e deve
ter de três a quatro séries na semana para atingir o efeito desejado
(PUSSIELDI, 1998).

   
Maglischo (1999) ainda cita que o treinamento de produção de lactato pode
ser realizado em duas ou três etapas numa série de
treinamento. Para
recuperação, os atletas devem fazer de 10 a 20 minutos de natação
relaxada, a fim de reduzir o lactato
sanguíneo, pois, nesse tipo de série a
acidose eleva-se lentamente, podendo reduzir o efeito do treinamento se as
séries forem mais
longas que a sugerida.

Remoção
do lactato

     
O acúmulo da concentração de lactato faz com que o pH no músculo fique
abaixo da neutralidade provocando a acidose
(KARLSSON et al., 1972).

   
Esse acúmulo no músculo pode se reduzir com a melhora da eficiência da
braçada e adaptação ao ritmo de nado, diminuindo o
consumo de energia e a
necessidade da glicólise anaeróbica (MAGLISCHO, 1983).

   
Existe, também, um tipo de treinamento específico para aumentar o processo
de remoção do lactato no sangue. Consiste em
realização de provas de meio
fundo que fazem com que a eliminação do lactato na musculatura ativa seja
mais eficiente,
aumentando a atuação das enzimas no interior do músculo
(MAGLISCHO, 1983).

   
Segundo Olbrecht (2000), algumas pesquisas revelam que alguns atletas podem
“limpar” mais lactato que os outros e que isso
pode ser em função da sua
capacidade aeróbia superior, podendo, assim, determinar um volume de série
de remoção diferente para
cada atleta.

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Segundo pesquisado por Donnavan; Brooks (1983), o treino de endurance
afeta diretamente a remoção do lactato, reduzindo a
taxa do lactato
sanguíneo. O autor considerou também que esse tipo de trabalho não aumenta
a produção do lactato e sim acelera o
processo de limpeza do mesmo.

   
Levando-se em consideração que nas competições de natação um atleta nada
em média três provas individuais, além das provas
de revezamento, e, ainda,
precisa nadar várias vezes a mesma prova em um curto espaço de tempo
(preliminares, semifinais e
finais), percebe-se a importância do clearance
do lactato e desse tipo de treinamento no contexto da natação
(SOKOLOVAS,
2003), Draper et al. (2006) sugeriram, nos resultados de sua
pesquisa, os benefícios da utilização do descanso ativo de curta
duração
no clearance do lactato logo após a execução de exercícios em
séries eliminatórias, comprovando a importância do
descanso ativo pós e
pré-esforço.

Tolerância
ao lactato

   
Segundo Maglischo (1999), quando ocorre o acúmulo em alto nível do ácido
lactato, produzindo a acidose, o atleta começa a
experimentar a dor. Os
nadadores que têm uma maior capacidade em suportar as dores da acidose são
capazes de produzir mais
lactato, utilizando a glicólise anaeróbica por mais
tempo e conseqüentemente mantendo sua velocidade perto da máxima por muito
mais tempo (característica importante para os velocistas).

     
Esse tipo de treinamento é importante para aumentar a capacidade de
tamponamento, quando o músculo tampona o lactato
retardando o declínio do pH
no músculo. Pesquisas recentes não deixam dúvida de que essa capacidade de
tamponamento é um
mecanismo treinável (MAGLISHO, 1999).

   
Dessa forma, evidencia-se a importância do metabolismo anaeróbico para
atletas velocistas, porém o tempo que o atleta pode
tolerar suas taxas de
lactato pode limitar sua performance (DEMINICE et al. 2007).

   
As séries para treinamento de tolerância ao lactato devem ter um volume
máximo de 300 a 1000 metros, entre 75 e 200 metros a
cada repetição;
pode-se utilizar algumas séries de 50, com duas a quatro repetições e
intervalo curto. Essa série produzirá altos
índices de lactato e
estimularão o processo de tamponamento. O intervalo deve ser longo o
suficiente para a recuperação da
acidose. Cada repetição deve ter de 05 a
15 minutos de recuperação e sendo executado de forma ativa. As repetições
devem ser
nadadas na maior velocidade possível e o atleta deve atingir uma
percepção 10 na escala de esforço de Borg (MAGLISCHO,
1999).

   
Na performance competitiva, não só a capacidade de produzir, mas
também a de sustentar os altos níveis de lactato sanguíneo
nos últimos
metros de prova está associada diretamente com o sucesso da mesma. No estudo
de Deminice et al. (2007) concluiu-se
que, uma das adaptações do treinamento
de tolerância foi a de que os nadadores tornam-se capazes de manter por mais
tempo a
velocidade rápida de produção do lactato, retardando a diminuição
da velocidade de nado. Estes autores testaram a série de
treinamento
intervalado de alta intensidade como índice de determinação da tolerância
à acidose na natação e concluíram que a
determinação dessa tolerância
é um parâmetro útil para a determinação da aptidão anaeróbica e
predição da performance nos
100m, além de ressaltar a importância da
habilidade técnica do nadador a despeito da sua aptidão anaeróbica.

Controle
e aplicações

   
Dentre os diversos métodos de avaliação surgidos com a evolução do
treinamento desportivo, a análise do lactato sanguíneo
vem sendo empregada
em diferentes modalidades como a principal ferramenta de avaliação de
intensidade (OLBRECHT et al.
1985).

   
Maglischo (1999) sugere que o controle das velocidades de treinamento e
administração efetiva do treinamento de endurance
exija um
monitoramento preciso das alterações correntes das capacidades aeróbias e
anaeróbias. Em função de ser o método mais
exato para avaliar essas
tarefas, o teste de lactato sanguíneo vem sendo o mais utilizado na
natação.

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A análise do lactato não é um privilégio dos atletas. Também é
utilizada, segundo Lopes (1999), para avaliar o nível da acidose
metabólica
em doentes críticos e pode ter suas taxas aumentadas em função da hipóxia,
adrenalina, endotoxemia, déficit de
tiamina, alcalose, asma aguda, dentre
outras.

   
Lopes (1999) cita que em repouso a taxa de lactato no sangue é de 2mM e pode
ser alterada em exercícios para até 5mM; acima
desse valor ocorre a acidose,
atingindo uma acidose severa com 10mM. Na literatura específica encontra-se
concentrações, em
atletas de natação, superiores à 12mM após esforço
máximo (COLWIN, 1991), mostrando a complexidade e importância do
controle no
treinamento.

   
O perfil do lactato sanguíneo pode sofrer alterações significativas em 20
semanas de treinamento, mostrando a relação entre esta
variável e os
efeitos do treinamento (PENNY; LEE; SWANWICK, 2001).

   
Os testes sanguíneos podem ser utilizados para melhorar o treinamento de
quatro maneiras: (i) determinando as velocidades de
treinamento, (ii)
monitorando o progresso do treinamento, (iii) diagnosticando os pontos fracos
do treinamento e (iv) comparando
o potencial de desempenho nos atletas
(MAGLISCHO, 1999).

Velocidades
de treinamento

     
As velocidades que influem na intensidade de treinamento podem ser
determinadas diretamente através da
determinação do limiar de lactato
(MAGLISCHO, 1999). O autor sugere um dos testes mais populares para a
determinação do limiar:

6
repetições de 300 m de forma progressiva, com 1 minuto de intervalo
entre eles;

Obtém-se
a amostra de sangue do atleta em repouso, após o aquecimento e antes do
primeiro tiro;

Coleta-se
nova amostra de sangue em cada intervalo dos próximos 5 tiros;

Por
último, amostras do lactato sanguíneo nos 1º, 3º, 5º, 7º e 9º
minutos após o último nado em esforço
máximo;

Observa-se
o “tiro” em que a curva de lactato sanguíneo cresce de forma
significativa;

Calcula-se
a velocidade nadada no tiro em questão, a partir daí, aplica-se essa
velocidade de limiar para as
diferentes distâncias.

   
Além deste, existem diversos protocolos para determinação do limiar (Griess
et al. 1988; Pereira et al. 2002).
Contudo, ainda não existe um
protocolo totalmente preciso (MAGLISCHO, 1999). Esses protocolos podem trazer
conseqüências negativas ao treinamento caso não sejam corretamente
aplicados, pois podem indicar uma
intensidade inadequada para a prescrição
(ALMEIDA et al. 1999).

Progresso
do treinamento

   
O progresso do treinamento pode ser avaliado com a simples comparação de um
teste para outro. Se ocorre um
aumento da concentração de lactato sem
correspondente aumento na velocidade, podemos dizer que houve uma
deterioração da capacidade do atleta. Esse tipo de comparação ajuda na
detecção do problema, possibilitando ao
treinador corrigi-lo durante a
temporada (MAGLISHO, 1999).

Pontos
fracos no programa de treinamento

   
A partir de testes do lactato sanguíneo é possível detectar deficiências
no treinamento por meio da comparação
de um teste para outro. É possível
determinar se a programação está trabalhando mais um sistema de treinamento

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do que outro (sprint x endurance). Os desvios mais comuns no


treinamento de natação são influenciados, ou pelo
fato do nadador não ter
se esforçado suficientemente em um dos testes ou pela piora em sua capacidade
anaeróbica
(MAGLISCHO, 1999).

Comparação
de desempenho

     
A análise de desempenho liga os resultados de testes fisiológicos e
biomecânicos ao desempenho de cada
nadador na competição, bem como sua
evolução dentro de uma competição (STAGNER; TANNER, 2008).

   
Maglischo (1999) sugere a utilização das curvas de velocidade do lactato
para comparar um atleta com outro ou
seu desempenho em uma competição.

Perigos
e cuidados

   
Além da importância do lactato no treinamento, existem alguns cuidados a
serem tomados com o tipo de treinamento e controle
do mesmo. Silva e Ribeiro
(2001) descrevem que em estudos recentes, evidenciou-se a sofisticação dos
treinamentos em função da
obtenção de resultados, exigindo dos atletas
maior determinação, maior carga horária e maior esforço, o que pode
contribuir para o
estresse físico e mental.

   
Em relação à treinabilidade em jovens nadadores, Silva et al. (2007), ao
testarem as respostas agudas pós-exercício dos níveis de
lactato e
creatinofosfoquinase (CPK) de atletas adolescentes, constataram que todos os
aspectos testados indicaram dificuldade em
estabelecer níveis adequados de
intensidade durante a infância e os primeiros anos da adolescência,
sugerindo, assim, cautela na
prescrição de atividades, referenciando-se em
outros indicadores como aspectos do crescimento, amadurecimento biológico e
esforço percebido, a fim de minimizar comprometimentos à saúde dos atletas.

   
Silva e Ribeiro (2001), em pesquisa sobre a reatividade do treinamento
anaeróbico em atletas de natação, concluíram que existe
uma grande
necessidade de pesquisas em relação a esse tipo de aplicação, apontando
estudos, tanto na área de psicologia quanto na
de fisiologia mostrando que as
crianças não estão preparadas para assimilação positiva das cargas de
treinamento com intuito de
adquirir a performance esportiva.

   
Outro fator importante a ser ressaltado, é que, quando ocorre um aumento
súbito no volume ou na intensidade de treinamento
em atletas intensamente
motivados para exceder seus limites, pode ocorrer o supertreinamento ou overtraining,
o que é muito
comum no período de desenvolvimento anaeróbico. Em função
do aumento da intensidade e, por conseguinte, dos níveis de lactato
objetivando desenvolver e aumentar a tolerância ao mesmo e à dor existe a
possibilidade de causar sérios danos físicos e
psicológicos aos atletas
caso não haja controle adequado (MAGLISCHO, 1999).

   
Existem outros fatores externos e psicológicos que não devem ser descartados
em relação ao lactato, como, por exemplo, o
estudo feito por Mougious e
Deligiannis, (1993), que testaram o efeito da temperatura da água na
performance, na produção de
lactato e na freqüência cardíaca nas
intensidades máximas e sub máximas na natação, comprovando que a
temperatura da água
influi diretamente na performance e nos níveis de
lactato no sangue antecipando o ponto de inflexão do lactato e induzindo
aumento precoce da FC quando a temperatura está abaixo do ideal, o que pode
prejudicar o resultado.

Considerações
finais

   
No desenvolvimento deste trabalho de revisão foi descrita a importância do
sistema lático na natação, bem como seus métodos e
aplicações para o
aprimoramento. Além disso, foram descritos os perigos e cuidados em sua
aplicação.

     
Com a evolução do treinamento e avanço tecnológico, tornou-se possível um
maior controle e determinação das formas e
intensidades de treinamento. O
lactato sanguíneo é utilizado para avaliar diferentes situações dentro do
treinamento, desde a
determinação das intensidades até a avaliação da performance
do atleta.

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Por meio da revisão bibliográfica apresentada e analisada neste trabalho,
foi possível concluir que o lactato apresenta hoje um
papel fundamental no
treinamento de natação, mas é muito importante saber respeitar as diversas
variáveis que influenciam nas
avaliações e nos treinamentos como, a idade
biológica do atleta, o gênero, os fatores que cercam os testes, o nível de
estresse, o
condicionamento individual, o estado psicológico na hora do
teste, as temperaturas da água e ambiente, dentre outras. Também são
importantes o cuidado na aplicação dos treinamentos sugeridos e cautela em
sua aplicação e na escolha do melhor protocolo a fim
de se evitar o sobretreinamento.

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Digital · Año 15 · N° 154 | Buenos Aires,
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