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Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro

Módulo de Elasticidade: Dosagem e Avaliação de Modelos de


Previsão do Módulo de Elasticidade de Concretos
Antonio Acacio de Melo Neto (1); Paulo Roberto do Lago Helene (2)

(1) Eng. Civil, Mestrando da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – USP/PCC
email: antonio.melo@poli.usp.br

(2) Professor Titular do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da


USP/PCC, CPGEC-ECCUR
email: paulo.helene@poli.usp.br

Av. Prof. Almeida Prado, Travessa 2 - Edifício da Engenharia Civil - Cidade Universitária - São Paulo -
SP 05508 900 Tel. 11-3091.5459 Fax: 3091.5544

Palavras Chaves:Concreto, Módulo de elasticidade, Dosagem, Modelo de previsão

Resumo

Este trabalho tem como objetivo estudar o comportamento e adequação do


diagrama de dosagem do concreto com relação a uma propriedade específica, o
módulo de elasticidade. Assim como a adequação de alguns modelos de previsão
do módulo de elasticidade baseados na resistência à compressão. Foram
produzidos cinco traços diferentes: inicialmente sendo mantido constante o
abatimento, logo depois sendo mantido constante o fator a/c. Uma análise
comparativa entre os resultados experimentais com os valores previstos por algumas
normas foi realizada, avaliando o nível de precisão das mesmas. Foi observado que
mantendo o fator a/c ou o abatimento do concreto constante, pode-se dosar com
relativa precisão um concreto normal, visando um determinado valor para o Módulo
de Elasticidade. Na maioria dos modelos de previsão estudados, observou-se boas
estimativas do módulo de elasticidade quando comparados com os valores obtidos
no programa experimental. O novo modelo de previsão da NBR 6118:2000 estima
valores de módulo similares aos dos modelos estabelecidos internacionalmente, o
que não ocorria com o modelo antigo da NBR 6118:1978. No entanto, estaria
seguindo também situações especificas de países com condições muito diferentes
do nosso, podendo acarretar erros. Isto ressalta a necessidade de um estudo
abrangente do módulo de elasticidade, incorporando situações e características
especificas do nosso país.
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1 Introdução
As propriedades mecânicas do concreto são a base para que seja dimensionado
uma estrutura de concreto armado. A maioria dos projetos estruturais são feitos com
base na resistência à compressão, sendo esta determinada através de ensaio. Mas
para um cálculo estrutural que se aproximar de uma maneira mais realista do
comportamento do material é de grande importância o conhecimento das
propriedades da deformação do material a ser utilizado, não só a resistência à
compressão, tem-se que conhecer com precisão o módulo de elasticidade, a
retração, a fluência, e outros parâmetros que expressem as condições dos estados
limites de serviço.
As normas atuais, em grande parte, relacionam o módulo de elasticidade de um
concreto com sua resistência à compressão através de formulas matemáticas.
Devido a uma maior complexidade da determinação do módulo de elasticidade do
concreto em relação a determinação de sua resistência à compressão. A grande
maioria dos projetos estruturais utiliza um valor para o módulo de elasticidade obtido
através de formulas matemáticas, tomando como variável a resistência à
compressão.
O conceito de elasticidade é geralmente aplicado a materiais que possuam um
comportamento linear, porém isto somente acontece quando da aplicação de
tensões pequenas, a partir de 50% das tensões aplicadas este conceito de
linearidade pode não ser mais verdade. No caso do concreto, o comportamento
deixa de ser linear um pouco antes de 50% da carga última, comportamento este
explicado por vários estudos sobre o processo de micro-fissuração progressiva do
concreto sob cargas. Por isso alguns preferem denominar “módulo de deformação”
invés de “módulo de elasticidade”. Os materiais constituintes do concreto possuem
módulo de elasticidade muito diferente do módulo de elasticidade do concreto, os
agregados graúdos têm um módulo variando a partir de 35 GPa e a pasta de
cimento variando partir 16 GPa. A deformação do concreto provavelmente será um
valor intermediário entre o módulo do agregado e do módulo da pasta.

2 Módulo de elasticidade
O módulo de elasticidade pode ser definido como sendo a relação entre a tensão
aplicada e deformação instantânea dentro de um limite proporcional adotado
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(MEHTA,1994). O módulo de elasticidade no concreto é dado pela declividade da


curva de tensão-deformação sob um carregamento uniaxial, segundo o que
prescreve a NBR 8522–Concreto –Determinação do Módulo de Deformação Estática
e Diagrama Tensão x Deformação – Método de Ensaio. A mesma determina três
métodos de determinação dos módulos de deformação longitudinal, resumido
segundo HELENE(1998):
§ Módulo de deformação, estático e instantâneo, tangente à origem, também
conhecido como módulo de elasticidade tangente inicial. Do ponto de vista
prático de ensaio corresponde ao módulo de elasticidade cordal entre 0,5 MPa e
0,3 fC e ao módulo de elasticidade secante a 0,3 fC . Convenciona-se indicar este
módulo de deformação por Eci , geralmente expresso em GPa.
§ Módulo de deformação, estático e instantâneo, secante a qualquer porcentagem
de fC. Em geral trabalha-se com o módulo cordal entre 0,5 MPa e 0,4 fC , que é
equivalente ao módulo de elasticidade secante a 0,4 fC, pois esta é geralmente a
tensão nas condições de serviço recomendadas nos códigos e normas de
projeto de estruturas de concreto. Convenciona-se indicar este módulo de
deformação por Ec , geralmente expresso em GPa.
§ Módulo de deformação, estático e instantâneo, cordal entre quaisquer intervalos
de tensão ou deformação específica. Do ponto de vista prático de projeto é
pouco utilizado.

Figura 1 - Gráfico tensão X deformação (MEHTA,1994)

Na Figura 1 pode-se observar os três tipos de determinações do módulo de


elasticidade, sendo a declividade do segmento OD o módulo tangente inicial, a
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declividade da reta correspondente à tensão SO corresponde ao módulo secante e a


declividade da reta TT1 traçada tangente a qualquer ponto da curva tensão X
Deformação corresponde ao modulo tangente. Outros tipos de módulo podem ser
estabelecidos, tais como módulo dinâmico, módulo sob carga de longa duração,
módulo sob impacto, etc., em geral todos de pouca utilização prática.

1.1 Modelos de previsão


Existem vários modelos de previsão do módulo de elasticidade com base na
resistência à compressão, para o nosso estudo iremos analisar o módulo de
elasticidade tangente inicial. Com os resultado do programa experimental, faremos
uma analise destes modelos. Poucos modelos levam em conta o tipo de agregado, o
que pode acarretar em erros de previsão. Foram selecionados alguns modelos de
previsão do módulo de elasticidade tangente inicial (Eci):

(1) Texto da NB 1 da ABNT de 1978


E = 6600 • f c em MPa (Equação 1)
ci
onde fC = fCK + 3,5 MPa

(2) Texto proposto para NB 1 da ABNT de 2000

E = 5600 • f ck em MPa (Equação 2)


ci

(3) Texto do ACI 318 de 1995


E = 4733 • f ck em MPa (Equação 3)
c
Neste caso, o modelo prevê o módulo secante a 45% da fc, mas como a maioria das
normas com modelos de previsão indicam que o módulo tangente inicial é em torno
de 1,1 vezes maior que o módulo secante a 45% da fc, também utilizaremos este
modelo de previsão ajustando para o módulo tangente inicial.

(4) Texto do CEB/FIB Model Code 90, de 1993, Item 2.14.2:


1/3
f 
E = Æ • E •  cm  em MPa (Equação 4)
ci E co f
 cmo 
onde Eco=2,15 x 104 MPa, fcmo= 10 MPa e fcm= fck.
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O fator αE depende da natureza do agregado, sendo: 1,2 para basalto e diabásio, 1,0
para granito e gnaisse, 0,9 para calcário e 0,7 para arenito. No nosso caso
utilizamos agregado de origem granítica, portanto teremos um αE =1,0.
A análise do modelo de previsão da NB 1 1978 e da proposta de revisão da NB 1
2000 foi feita com o intuito de avaliar se a proposta da NB 1 2000 está ou não
condizente com o nosso programa experimental, e para compararmos se antiga NB1
estava destoando dos modelos internacionais. Existem outros modelos de previsão
(Reuss, Voigt) baseados nas frações volumétricas de pasta e de agregados no
volume total de concreto, mas para fazer análise deste modelo teríamos que ter o
módulo de elasticidade da pasta e do agregado, portanto estes modelos não serão
analisados neste trabalho.
Todos os modelos propostos não têm como precisar com certeza o valor do módulo
de elasticidade em função da resistência e do tipo de agregado, por isto mesmo
devemos adotar os valores fornecidos por estes modelos apenas como
aproximações. O ideal seria fizesse um estudo prévio do concreto com o qual iria se
trabalhar, de modo a se fazer uma correlação mais realista, para o seu concreto,
entre a resistência à compressão e o módulo de elasticidade.

3 Programa experimental
3.1 Materiais e dosagem
3.1.1 Materiais
Foi utilizado um cimento Portland composto CP II–E–32, de acordo com a NBR
11578, com as características físicas e mecânicas apresentadas na Tabela 1 :

Tabela 1 - Características Físicas e Mecânicas do Cimento Utilizado(CP II-E-32)


Ensaios Resultados Limites NBR
Finura – Resíduo na peneira 75µm (%) 2,30 ≤ 12%
3
Massa Específica (g/cm ) 3,06 ∗∗∗∗∗∗∗
2 2
Área Específica (cm /g) 3290 ≥ 2600 cm /g
Início de pega (h:min) 2:30 ≥ 1 hora
Fim de pega (h:min) 3:10 ≤ 10 horas
Expansibilidade de Le Chatelier – a Frio (mm) - ≤ 5 mm
Expansibilidade de Le Chatelier – a Quente (mm) 0,0 ≤ 5 mm
3 dias 23,50 ≥ 10 MPa
Resistência `a Compressão (MPa ) 7 dias 29,10 ≥ 20 MPa
28 dias 38,30 ≥ 32 MPa
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Foi utilizado um agregado miúdo natural de origem quartzosa extraído de rio que no
momento de sua utilização tinha umidade zero (processo de secagem em estufa), de
acordo com a NBR 7211. O agregado graúdo usado para a produção do concreto foi
de origem granítica, de acordo com a NBR 7211. As tabelas 2 e 3 apresentam a
caracterização dos mesmos. Foi usada água potável proveniente do abastecimento
da Sabesp e não foi utilizado nenhum tipo de aditivo durante a realização dos
experimentos.

Tabela 2 - Características físicas da areia


Composição granulométrica – Percentagem retida, em massa
Peneira ABNT Individual (%) Acumulada (%)
6,3 0,0 0
4,8 0,3 0
2,4 3,5 4
1,2 11,6 15
0,6 29,2 45
0,3 26,4 71
0,15 19,6 91
Fundo 9,1 100
Dimensão máxima característica (mm) 2,40
Índice de Superfície (MURDOCK) 0,93
Módulo de finura 2,30
Teor de material pulverulento (%) 2,10
Massa específica (kg/dm3) 2,60
Massa unitária (kg/dm3) 1,48

Tabela 3 - Características Físicas da brita

Composição granulométrica – Percentagem retida, em massa


Peneira ABNT Individual (%) Acumulada (%)
25 0,0 0
19 6,8 7
12,5 59,5 66
9,5 26,9 93
6,3 5,6 99
4,8 0,5 99
2,4 0,1 99
1,2 0,0 99
0,6 0,0 99
0,3 0,0 99
0,15 0,3 100
Fundo 0,0 100
Dimensão máxima característica (mm) 25
Módulo de finura 7,0
Teor de material pulverulento (%) 0,01
Massa específica (kg/dm3) 2,78
Massa unitária (kg/dm3) 1,40
Absorção (%) 0,89

3.1.2 Dosagem
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A dosagem foi realizada de acordo com o Método de Dosagem da EPUSP/IPT


(Escola Politécnica da USP e Instituto de Pesquisa Tecnológico). Todos os materiais
empregados na confecção de todos os traços, foram dosados em peso com o auxílio
de uma balança e misturados numa betoneira com capacidade nominal de 300 litros.
As dosagens dos traços foram feitas de modo que fossem obtidos 5 traços,
inicialmente foram dosadas três misturas variando o fator a/c de modo a manter
constante o abatimento (no nosso caso foi optado por um abatimento de 100 ± 10
mm, de acordo com a NBR NM 67). Logo depois foram confeccionados mais dois
traços com o mesmo fator a/c do traço I de modo que tivéssemos três traços com o
mesmo fator a/c variando o abatimento. É de fundamental importância que os traços
sejam feitos variando o fator a/c num momento e variando o abatimento num
momento, isto nos permite fazer uma análise comparativa da dos efeitos dos
parâmetros de dosagem no concreto. Na tabela 3 tem todos os traços produzidos.

Tabela 4 – Dosagem dos concretos

Traços dos Concretos Frescos


Componentes Traço I Traço II Traço III Traço IV Traço V
3
Cimento ( kg/m ) 352 428 308 414 315
3
Areia (kg/m ) 556 492 619 476 633
3
Brita (kg/m ) 1204 1220 1229 1180 1257
3
Água (kg/m ) 225 227 229 264 201
Ar aprisionado (%) 1,4 0,9 1,20 0,3 1,70
a/c (kg/kg) 0,638 0,53 0,744 0,638 0,638
m (kg/kg) 5 4 6 4 6
Slump (cm) 10 ± 1 10±1 10±1 220 60
Peso específico
2337 2370 2384 2337 2410
(kg/m3)
Traço unitário em
1:1,58:3,42:0,638 1:1,15:2,85:0,53 1:2,01:3,99:0,744 1:1,15:2,85:0,638 1:2,01:3,99:0,638
massa

Para todos os traços, o teor de argamassa (cimento+areia)/(cimento+areia+brita) foi


mantido constante em 43%. O teor de ar aprisionado foi medido pelo método
pressiométrico de acordo com os técnicos do CPqDCC (Centro de Pesquisa de
Construção Civil) da EPUSP, onde foram realizados todos os ensaios e produção
dos traços.

3.2 Métodos de ensaios


Foram moldados e capeados com enxofre (NBR 5738) 5 corpos-de-prova cilíndricos
de 100x200 mm para cada traço (ver fig. 2 e 3), com 2 corpos-de-prova sendo
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ensaiados para determinação da resistência à compressão aos 28 dias (NBR5739)


no laboratório do CPqDCC da EPUSP em uma prensa com capacidade para 200
toneladas, para que tivéssemos uma previsão da tensão de ruptura à compressão,
de acordo coma recomendação da NBR 8522. Com os dados da tensão de ruptura à
compressão, podemos calcular o percentual de carga última adequado ao tipo de
determinação do módulo de elasticidade. No nosso caso, foi usada a determinação
através do módulo tangente inicial, utilizando o plano de carga Tipo I.
Para atender esta especificação, foi aplicado um plano de carga variando de 0,5
MPa até 30% da carga última, sendo utilizados 3 corpos-de-prova irmãos, de acordo
com NBR 8522. A cura dos corpos-de-prova foi realizada em câmara úmida (NBR
5738), sendo os corpos-de-prova ensaiados saturados (até 2 horas depois de
retirados da câmara úmida) aos 28 dias na mesma prensa onde foi feito o ensaio de
resistência à compressão. A prensa possui um sistema de controle de carga
aplicada, possibilitando uma maior precisão e facilidade na leitura das deformações.
Estas deformações foram obtidas através de um aparelho eletrônico (LVDT)
aclopado aos corpos-de-prova por meio de anéis (ver Figura 2) presos aos mesmos
por dois pontos diametralmente opostos (02 bases de medidas dependentes), em
seguida foram feitas as conversões dos valores anotados para unidades de
comprimento (mm) com o auxílio de um equipamento para aferição do aparelho.

Figura 2 – Ensaio de módulo de elasticidade, detalhe do sistema de medição das deformações

4 Resultados e discussão
4.1 Análise dos resultados
Para o estudo do módulo de elasticidade, é necessário analisar os fatores que
influem no mesmo, como: natureza do agregado graúdo, diâmetros nominais do
agregado graúdo, estado de umidade, velocidade de aplicação de carga, dimensões
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dos corpos-de-prova, temperaturas de ensaio, etc. Neste trabalho foram analisados


os seguintes fatores influentes no módulo de elasticidade: diferentes relações
água/cimento, diferentes consistências do concreto fresco, diferentes volumes de
pasta por metro cúbico de concreto, diferentes resistências à compressão e
diferentes teores de agregado. Os resultados obtidos para a resistência à
compressão e o módulo de elasticidade estão apresentados na Tabela 5.

Tabela 5 – Resultados experimentais aos 28 dias


Traço I II III IV V
fc28 (MPa) 24,74 27,92 20,32 24,00 24,00
Eci28 (GPa) 22,19 25,54 20,89 16,38 28,97
a/c (kg/kg) 0,638 0,53 0,744 0,638 0,638
Slump (cm) 90 100 95 220 60
m (kg/kg) 5 4 6 4 6
3
Consumo de Cimento ( kg/m ) 352 428 308 414 315
3
Volume de Pasta (L/m ) 339,48 365,34 322,67 395,47 298,97

Com base nos resultados obtidos foram feitos diagramas de dosagem, tanto para
resistência à compressão como para o módulo de elasticidade, de acordo com
MONTEIRO; HELENE (1993). Os mesmos são apresentados com suas respectivas
equações (Lei de ABRAMS, Lei de LYSE e Lei de MOLINARI) obtidas através de
regressão linear, como pode ser visto na Figura 3 e na Figura 4.

fc (MPa) 62,073
f =
32 c
4,406 a/c
Resistência à compressão

R2 = 0,979
28

24

20
C (kg/m3)
Consumo de cimento Relação a/c a/c (kg/kg)
450 400 350 300 250 3 0.50 0.60 0.70 0.80
teor agregado/cimento

-0,816 7
C=1321,244 • m m =9,345 • a/c - 0,956
2
R2 = 0,997 8
m (kg/kg)
R =1

Figura 3 - Diagrama de dosagem para Resistência à compressão (abatimento = cte)


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Ec (GPa)
32

Módulo de Elasticidade
-0,597
28
Eci=17,316 • a/c
R2 = 0,970

24

20
C (kg/m3)
Consumo de cimento Relação a/c a/c (kg/kg)
450 400 350 300 250 3 0.50 0.60 0.70 0.80

teor agregado/cimento
4

-0,816 7
C=1321,244 • m m =9,345 • a/c - 0,956
2
R2 = 0,997 8
R =1
m (kg/kg)

Figura 4 - Diagrama de dosagem para o Módulo de Elasticidade (abatimento =cte)

4.1.1 Influência do Fator a/c, kg/kg


Com um fator a/c constante, uma variação do abatimento provocará uma
conseqüente variação do teor de agregados, como exemplo, a diminuição do
abatimento incorrerá num maior teor de agregados quando for mantido o mesmo
fator a/c. Este aumento do teor de agregados ocasionará um aumento do módulo de
elasticidade quando o abatimento for constante (ver Figura 6). Como esperado, a
diminuição do fator a/c, mantendo constante o abatimento, faz com que se tenha um
aumento do módulo de elasticidade (ver Figura 5 )

32 32
-0,5975 -0,4223
y = 17,316x y = 157,05x
28 28
R2 = 0,9704 2
R = 0,9693
Ec (GPa)

Ec (GPa)

24 24

20 20

16 16

12 12
0,45 0,55 0,65 0,75 0,85 10 70 130 190 250
Fator a/c (kg/kg) Abatimento (mm)

Figura 5 - Gráfico do módulo de elasticidade versus Figura 6 - Gráfico do Módulo de elasticidade versus
o fator a/c (abatimento = cte) o abatimento (a/c = cte)
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É importante ressaltar uma observação mais atenta da Tabela 5, todas as misturas


com a mesma relação água/cimento tiveram resistências bastantes próximas. No
entanto, o teor de agregados influenciou os resultados de módulo, concluindo que a
utilização de modelos de previsão com base na resistência à compressão pode levar
a valores diferentes dos obtidos em ensaios específicos para módulo de
elasticidade. Modelos que introduzem parâmetros relativos a quantidade de
agregados podem ter uma representatividade maior.

4.1.2 Influência do consumo de cimento, em kg/m3


Analisando a Figura 7 e a Figura 8, tem-se duas situações distintas: uma quando se
varia o fator a/c e outra quando se varia o abatimento. Inicialmente analisando para
o fator a/c constante, observa-se uma diminuição do módulo de elasticidade com o
aumento do consumo de cimento. Isto pode ser explicado pelo aumento do consumo
de cimento mantendo constante o fator a/c, o que provoca uma redução do teor de
agregados. Sabe-se que o agregado tem um módulo de elasticidade maior do que o
da pasta de cimento, com a diminuição da quantidade do mesmo ocorre uma já
esperada diminuição do módulo de elasticidade (ver Figura 7).
É importante frisar que esta situação só é válida neste caso específico, onde a
relação água/cimento é mantida constante e ocorre um aumento do consumo de
cimento, esta situação se inverte totalmente quando mantemos o abatimento
constante e aumentamos o consumo de cimento. Neste caso ocorrerá um aumento
do módulo de elasticidade, em razão da diminuição do fator a/c e um aumento do
módulo da pasta de cimento, que irá comandar o aumento neste caso (ver Figura 8).

32 32
-2,0697 0,003x
y = 4E+06x y = 8,2007e
28 28
2
R = 0,9951 R2 = 0,7175
Ec ( GPa)

Ec ( GPa)

24 24

20 20

16 16

12 12
275 325 375 425 275 325 375 425
3 3
Consumo de Cimento ( kg/ m ) Consumo de Cimento ( kg/ m )

Figura 7 - Gráfico do módulo de elasticidade versus Figura 8 - Gráfico do módulo de elasticidade versus
o consumo de cimento (a/c = cte) o consumo de cimento (abatimento = cte)
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4.1.3 Influência do teor de agregados (m)


Analisando a figura 14, observa-se uma diminuição do módulo de elasticidade com o
aumento do teor de agregados para os traços de abatimento constante. Isto no
primeiro momento pode parecer incoerente com as referências convencionais, de
que um aumento da quantidade de agregados, tem-se um aumento do módulo de
elasticidade. A explicação para isto, segundo MONTEIRO; HELENE (1993), é que o
aumento do teor de agregados tem seu efeito positivo prejudicado pelo aumento do
fator a/c para manter um abatimento constante, o que resultará um pasta de cimento
mais fraca, diminuindo o módulo.
Já na situação inversa, fator a/c constante e aumento do teor de agregado, ocorre o
que se pode espera normalmente (ver fig.15): um aumento do módulo em razão da
maior quantidade de agregados graúdo, que possui um módulo de elasticidade
maior do que o da pasta de cimento.

32 32
-0,5
y = 50,622x
28 28
R2 = 0,9718
Ec ( GPa)

Ec ( GPa)

24 24

20 20 1,4039
y = 2,3324x
2
16 16 R = 0,9996

12 12
3 4 5 6 7 3 4 5 6 7
Teor de Agregados Teor de Agregados

Figura 9 - Gráfico do módulo de elasticidade versus Figura 10 - Gráfico do módulo de elasticidade versus
o teor de agregados (abatimento = cte) o teor de agregados (a/c = cte)

4.2 Análise dos modelos de previsão do módulo de elasticidade


Como foi visto anteriormente no item 2, existem diversos modelos de previsão do
módulo de elasticidade apresentados em normas nacionais e estrangeiras. Estes
modelos têm o propósito de economizar o tempo consumido na execução deste
ensaio, através da estimativa do módulo de elasticidade em função da resistência à
compressão.
A análise foi feita pelo seguinte método, com os resultados experimentais obtidos foi
traçado um gráfico relacionando o módulo tangente inicial com a resistência à
compressão, ambos aos 28 dias, como pode ser visto na Figura 11.
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28
0,6002
y = 3,3736x
26 R2 = 0,8733

24

Ec (GPa) 22

20

18
18 20 22 24 26 28 30
Resistência à Compressão ( MPa)

Figura 11 - Gráfico aos 28 dias do módulo de elasticidade versus a resistência à compressão


(abatimento = cte)

Utilizando um software gráfico, entramos com as formulas matemáticas dos modelos


de previsão e traçamos as curvas com base num intervalo de variação da variação
da resistência à compressão aos 28 dias (foi adotado um intervalo de 0 até 60 MPa,
é importante ressaltar que estes modelos são feitos para concretos ditos normais,
não para os concretos de alto desempenho, etc.). O gráfico resultante é apresentado
na Figura 12. Utilizando a equação obtida através de regressão linear dos dados
experimentais e com o auxílio do mesmo software, traçamos a curva dos dados
experimentais junto com as curvas dos modelos de previsão. Este gráfico
comparativo está apresentado na Figura 13.
Módulo de Deformação aos 28 dias (GPa)

60

50

40

30

CEB/FIP Model Code 90


20
NB1 1978

ACI 318
10
NB1 2000

0
0 20 40 60 80
Resistência à Compressão aos 28 dias (MPa)

Figura 12 – Módulo de elasticidade de acordo com modelos de previsão (28 dias)


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Módulo de Deformação aos 28 dias (GPa)


60

50

40

30 CEB/FIP Model Code 90

NB1 1978
20 ACI 318

NB1 2000
10
Resultados Experimentais

0
0 20 40 60 80
Resistência à Compressão aos 28 dias (MPa)

Figura 13 – Módulo de elasticidade de acordo com modelos de previsão e de acordo com os


resultados experimentais obtidos (28 dias)

Os valores experimentais obtidos estão bastantes próximos com os valores previstos


pela proposta da NB 1 2000 e do ACI 318, e que em valores de resistência à
compressão maiores que 40 MPa, a curva de dados experimentais se aproxima
muito da curva do CEB. Observa-se também que a proposta da nova NB 1 é mais
coerente do que a apresentada no texto antigo da NB 1 de 1978, mas ainda
superestima um pouco o valor do módulo.

5 Conclusões
Os resultados experimentais mostraram que dentre os modelos de previsão do
módulo de elasticidade, os que mais se assemelharam aos resultados experimentais
obtidos neste estudo foram o da proposta da NB 1 1997 e o do ACI 318. Pode-se
afirmar que o modelo do CEB também é aceitável e a proposta de mudança da NB 1
realmente é necessária, visto a discrepância da NB 1 de 1978.

A determinação do módulo de elasticidade do concreto se mostrou coerente com os


materiais e dosagem utilizada, os efeitos dos parâmetros de dosagem no módulo de
elasticidade foram analisados sob duas condições fator a/c constante e abatimento
constante. Na Tabela 6 , apresenta-se resumidamente a influência dos parâmetros
de dosagem
Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro

Tabela 6 – Resumo da influência dos parâmetros de dosagem no Módulo de elasticidade

Módulo de Elasticidade
Variação dos parâmetros Variação do Módulo Variação do Módulo
de mantendo mantendo
Dosagem Fator a/c =constante Abatimento =constante
↑  ↓
Fator a/c
↓  ↑
↑ ↓ 
Abatimento
↓ ↑ 

Consumo de ↑ ↓ ↑
cimento ↓ ↑ ↓
Teor de ↑ ↑ ↓
agregados
(m) ↓ ↓ ↑

Volume de ↑ ↓ ↑
pasta ↓ ↑ ↓
Onde: ↑ = Aumento; ↓ = Diminuição;  = Sem análise

Os valores de módulos de deformação em concretos com o mesmo fator a/c, podem


variar muito de acordo com os parâmetros de dosagem, principalmente com o teor
de agregado. O que representa um risco para os modelos de previsão que tomam
como base somente a resistência à compressão. Isto porque com o fator a/c
constante, teremos uma resistência à compressão aproximadamente constante e
valores previstos pelos modelos também, mas como foi apresentado na Tabela 6,
um aumento do teor de agregados num concreto de fator a/c constante acarretará
num aumento do módulo de elasticidade.
Este trabalho não analisou alguns fatores influentes no módulo de elasticidade,
como o módulo e tipo de agregado graúdo, módulo de elasticidade da pasta, entre
outros. O estudo do módulo de elasticidade é muito interessante e polêmico,
merecendo um número maior de estudos e uma maior profundidade na análise da
influência dos parâmetros de dosagem.

6 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Concreto – Determinação do
módulo de deformação estática e diagrama tensão-deformação – NBR 8522. Rio de
Janeiro,1984.
Instituto Brasileiro do Concreto - 44º Congresso Brasileiro

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Determinação da resistência


à compressão de corpos-de-prova cilíndricos de concreto – NBR 5739. Rio de
Janeiro,1994.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto e execução de obras


de concreto armado – NBR 6118. Rio de Janeiro,1978.
Comité Euro-International du Béton. CEB-FIP Model Code 1990. London, Thomas
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HELENE, Paulo R.L.; MONTEIRO, Paulo J.M. Designing Concrete Mixtures for
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n.162, Oct. 1993 p.443-452.

HELENE, Paulo R.L.; TERZIAN, Paulo R. Manual de Dosagem e Controle do


Concreto, Ed. PINI/SENAI, São Paulo, 1993.

HELENE, Paulo R.L. Estudo da Variação do Módulo de Elasticidade do


Concreto com a Composição e Características do Concreto Fresco e
Endurecido. Relatório Técnico do Convênio EPUSP-CPqDCC/ABCP, n.10.122,
1998.

MEHTA, P.K.; MONTEIRO, P.J.M. Concreto: Estrutura, Propriedades e Materiais,


Ed. PINI, São Paulo, 1994.

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NEVILLE, A.M. Propriedades do Concreto, Ed. PINI, São Paulo, 1997.

POWERS, Treval C. The Properties of Fresh Concrete. New York, J. Willey,1968.

SHEHATA, Lídia C.D.; MARTINS, Paulo C.R. Classificação e Propriedades do


Concreto e do Aço. III Simpósio EPUSP sobre Estruturas de Concreto, Adendo,
Dez. 1998.

AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer aos técnicos do laboratório da EPUSP pelo o auxílio na
execução do trabalho experimental.

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