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9cm 16,7cm x 24cm 1,65cm 16,7cm x 24cm 9cm

DA CENA DE CRIME AO TRIBUNAL


DA CENA DE CRIME AO TRIBUNAL TRAJETÓRIAS E CULTURAS FORENSES
“[…] uma obra pioneira no tratamento geral
da nova realidade da organização policial
e investigação criminal, voltada para o século
Polícia de proximidade na cena de crime
Contributo da tecnologia
A ciência e o direito podem ser entendidos como
diferentes sistemas de autoridade, com distintas
culturas e práticas. Desde a última década do século
DA CENA COORDENAÇÃO
Susana Costa

DE CRIME AO
XXI, incidindo sobre realidades polimórficas XX até aos dias de hoje, temos vindo a testemunhar
(In)visibilidades e “zonas cinzentas” Investigadora do Centro de Estudos Sociais
que se interligam e cruzam.” na cena de crime
o desenvolvimento e a expansão dos usos da ciên-
cia e da tecnologia no sistema de justiça criminal, da Universidade de Coimbra. Cocoordena-
O Laboratório de Polícia Científica dora do Núcleo de Estudos de Ciência,
“Este é o tempo de uma outra abordagem do assistindo-se a uma acelerada propensão para a co-
e a investigação criminal Economia e Sociedade. Docente no Mestrado
fenómeno policial e das realidades que lhe produção da ciência e do direito, levando ao
estão conexas. Particularmente no que toca à
investigação criminal, importa enfrentar os
desafios da nova criminalidade.”

José António Henriques dos Santos Cabral


Agressões sexuais
Base de Dados de Perfis de ADN
Partilha transnacional de informação
O contributo do ADN
na investigação criminal
encontro de diferentes atores, saberes e práticas.
Da cena de crime ao tribunal: Trajetórias e culturas
forenses resulta de uma Summer School promovida
por uma parceria entre o Centro de Estudos Sociais
da Universidade de Coimbra e a Escola de Polícia
TRIBUNAL de Criminologia do Instituto Universitário
da Maia. Os seus interesses de investigação
têm-se focado nas relações entre a ciência
e o direito e o uso do ADN na investigação
criminal e no auxílio à justiça, no âmbito dos
estudos sociais da ciência, sociologia da ciên-
Juiz Conselheiro no Supremo Tribunal de Justiça
In Prefácio
Análise de casos mediáticos
da justiça portuguesa
O olhar de diferentes culturas
Judiciária (atualmente, Instituto de Polícia Judi-
ciária e Ciências Criminais). TRAJETÓRIAS cia, sociologia do direito.

M
epistémicas
A tecnologia de ADN no sistema
Este livro coletivo, que parte de um conjunto hete-
rogéneo de saberes, práticas e olhares, proporciona E CULTURAS Filipe Santos
Investigador do Centro de Estudos Sociais
Y

CM

“[…] o livro parte escorado em objetivos claros


de justiça criminal português uma discussão sobre as formas de conhecer e as di-
ferentes experiências vividas em função da posição
ocupada por cada um dos atores que compõem a
FORENSES da Universidade de Coimbra. Cocoorde-
nador do Núcleo de Estudos de Ciência,
Economia e Sociedade. Autor e coautor de
MY

e bem definidos, convidando à leitura e alinhando


cadeia de custódia da prova. Apresentando a sua trajetória desde o local de crime até à
razões de sobra para que tal aconteça.” várias publicações nacionais e internacionais
CY

sua conversão em elemento de prova e decisão judicial, os vestígios de crime são analisados Coordenação: Prefácio de
CMY
José António Henriques dos Santos Cabral sobre tópicos que focam as interseções
através das perspetivas de polícias de investigação criminal e de proximidade, peritos Susana Costa
K
“Penso que é para este desafio, de alteração de Juiz Conselheiro no Supremo Tribunal de Justiça entre a justiça criminal e a ciência forense,
forenses, juristas e sociólogos.
paradigma, que o livro nos convoca. Lançando
Coord.:
Filipe Santos Posfácio de com destaque para os usos das tecnologias
um olhar crítico e sedimentado pela experiência Trata-se de uma excelente ferramenta teórica e prática, pensada como um instrumento Carlos Farinha de ADN em casos criminais, privilegiando
e conhecimento dos intervenientes.” de trabalho destinado não só ao meio académico, estudantes e docentes, mas também
Carlos Ademar Diretor Nacional Adjunto da Polícia Judiciária
abordagens teóricas dos estudos da ciência,

Susana Costa / Filipe Santos / Carlos Ademar


aos profissionais ligados à justiça, ao crime e à investigação criminal, assim como ao sistema tecnologia e sociedade.
Carlos Farinha integrado de emergência médica.
Diretor Nacional Adjunto da Polícia Judiciária
In Posfácio Carlos Ademar
Professor do Instituto de Polícia Judiciária
e Ciências Criminais, Professor Auxiliar Convi-
dado da Academia Militar e da Universidade
Lusófona. Foi investigador criminal no setor
dos homicídios e fundador da revista Investi-
gação Criminal, bem como membro da sua
direção editorial. Além de artigos que versam
a temática profissional, tem obra publicada
nos campos da História e da ficção.
ISBN 978-989-693-097-4
www.pactor.pt

www.pactor.pt 9 789896 930974


Os Capítulos 3, 8, 9 e 10 foram produzidos no âmbito de investigação financiada pela Fundação para a Ciência e a
Tecnologia e por Fundos Europeus no contexto do Projeto Estratégico UID/SOC/50012/2013, da bolsa de doutora-
mento SFRH/BD/72253/2010, da bolsa de pós-doutoramento SFRH/BPD/108667/2015 e dos contratos individuais
DL57/2016/CP1341/CT0004 e CEECIND/03932/2017.

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1.ª edição impressa: outubro 2020

Paginação: Carlos Mendes


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Capa: José Manuel Reis
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5 Agressões Sexuais

Mariana Cunha e Laura Cainé

A violência sexual afeta milhões de indivíduos em todo o mundo in-


Palavras-chave: dependentemente do seu sexo, idade, cultura, religião ou classes
socioeconómicas e educacionais. Apesar de possuir nefastas conse-
quências ao nível da saúde, do bem-estar e da qualidade de vida das
vítimas, a definição e a legislação relativa aos crimes de cariz sexual
Agressões
é bastante controversa nas várias regiões do planeta. Não obstante,
sexuais
em Portugal consideram-se penalmente puníveis os crimes contra a
liberdade sexual (incluem, entre outros, a coação sexual e a violação)
e os crimes contra a autodeterminação sexual (incluem situações
Criminalística relacionadas com crianças e menores, entre eles abusos sexuais,
biológica lenocínio, prostituição e pornografia infantil). A análise do ADN (sigla
de ácido desoxirribonucleico) é fundamental para estabelecer a iden-
tidade do transgressor, uma vez que este pode transferir vestígios
biológicos para o corpo da vítima, para os seus objetos pessoais
Amostras e/ou para o local de crime. Este estudo implica submeter as amos-
biológicas
tras recolhidas a uma série de procedimentos laboratoriais até obter
um perfil genético a partir da caracterização dos marcadores gené-
ticos estudados. Entre outros aspetos relacionados com esta temá-
tica, importa destacar a realização do exame médico-legal e forense
Identificação
genética e ainda a colheita, preservação, conservação e transporte adequado
das amostras biológicas para o sucesso dos estudos genéticos.

Introdução
A violência é um fenómeno complexo e universal que remonta aos primórdios da civiliza-
ção humana e, atualmente, é considerado como um dos principais problemas de saúde
pública no mundo. A nível cultural pode ser um tema bastante controverso, no entanto, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) caracteriza-a com base na saúde e/ou bem-estar
dos indivíduos. Por definição, segundo a organização supramencionada, consiste no uso
intencional de força física ou poder (real ou sob a forma de ameaça), contra si ou contra
outro indivíduo, grupo ou comunidade, que resulte, ou tenha forte probabilidade de resultar,
em lesão, morte, dano psicológico, deficiências no
desenvolvimento ou privação (OMS, 1996). Assim Assim sendo, todas as ações que possam ter
sendo, todas as ações que possam ter implica- implicações na saúde e/ou no bem-estar de um
indivíduo, apesar de culturalmente aceites, são
© PACTOR

ções na saúde e/ou no bem-estar de um indivíduo,


consideradas práticas violentas.
apesar de culturalmente aceites, são consideradas
práticas violentas.

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Da Cena de Crime ao Tribunal: Trajetórias e Culturas Forenses

Por categorização, a violência está dividida em atos infligidos contra o próprio (autoinfligida),
infligidos por outro indivíduo ou por uma pequena comunidade (interpessoal) ou por grupos
maiores de indivíduos ou por Estados (coletiva) (Krug & Dahlberg, 2002).

A violência autoinfligida inclui comportamentos suicidas (ou tentativa) e o autoabuso (e.g.,


automutilação). A natureza destas ações pode estar relacionada com aspetos físicos e psi-
cológicos, negligência e/ou privação (Krug & Dahlberg, 2002).

A violência interpessoal inclui atos violentos praticados entre membros da mesma família
ou parceiros (violência familiar/parceiro íntimo), como a violência doméstica e o abuso de
crianças e idosos. Inclui ainda a designada violência comunitária, quando os atos são come-
tidos por indivíduos não relacionados que se podem ou não conhecer, que englobam atos
aleatórios de violência, violação ou agressão por estranhos e violência em instituições como
escolas, lares de acolhimento, hospitais e prisões (Krug & Dahlberg, 2002).

A violência coletiva é característica de massas e pode ser considerada política (e.g., guerra
e conflitos entre Estados e nações), económica (e.g., ataques com o objetivo de interromper
a atividade económica) e/ou social (e.g., crimes de ódio cometidos por grupos organizados,
atos terroristas). Tanto esta tipologia de violência como a violência interpessoal podem in-
cluir abuso físico, psicológico e/ou sexual bem como negligência (Krug & Dahlberg, 2002).

Violência sexual
Neste contexto insere-se a violência sexual, que afeta milhões de indivíduos em todo o mun-
do, independentemente do seu sexo, idade, estrato social, religioso, cultural, económico
e educacional. De acordo com a OMS, a violência
De acordo com a OMS, a violência sexual con- sexual consiste em qualquer ato, tentativa, insinua-
siste em qualquer ato, tentativa, insinuação ou ção ou comentário sexual indesejado, bem como
comentário sexual indesejado, bem como ou- outras ações direcionadas ao tráfico sexual ou, de
tras ações direcionadas ao tráfico sexual ou, de
algum modo, contra a sexualidade de um indivíduo
algum modo, contra a sexualidade de um in-
divíduo (e.g., mutilação genital), usando a coa- (e.g., mutilação genital), usando a coação, ameaça
ção, ameaça e/ou força física, praticadas por e/ou força física, praticadas por qualquer indivíduo,
qualquer indivíduo, independentemente da sua independentemente da sua relação com a vítima e
relação com a vítima e do local da prática. do local da prática (Jewkes, Sen, & Moreno-Garcia,
2002).

A violência sexual inclui, assim, um vasto espectro de comportamentos violentos, desde a


violação até à morte, em casos extremos, que possuem muitas consequências negativas ao
nível da saúde (física e mental), do bem-estar e qualidade de vida da vítima. Os efeitos são
numerosos e variam entre os indivíduos, podendo ser de curto prazo ou manter-se. Estes
dependem ainda da natureza do abuso sofrido, isto é, da frequência e severidade da prática,
como também da identidade do agressor. Ao nível da saúde sexual e reprodutiva algumas
potenciais consequências são a gravidez indesejada, as infeções sexualmente transmissí-
veis, a disfunção sexual, a interrupção voluntária da gravidez praticada de forma insegura, as
infeções do trato urinário, a infertilidade, entre outras lesões genitais e não genitais. A nível
psicológico os efeitos são igualmente profundos e podem influenciar e/ou alterar o desen-
volvimento pessoal do indivíduo, sendo que os mais frequentes são a depressão, as fobias

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Agressões Sexuais

sociais, a ansiedade, a perturbação de stress pós-traumático, o comportamento suicida e


os distúrbios do sono (OMS, 2003). Existe, ainda, o impacto a nível familiar (e.g., separações
e a exposição dos filhos a um ambiente violento), social (e.g., isolamento e inadaptação so-
cial), laboral (e.g., decréscimo de produtividade) e financeiro (e.g., aumento dos gastos com
hospitalização e medicação) (Miranda, Paula, & Bordin, 2010).

A maioria das vítimas de agressão sexual é do sexo feminino. A nível mundial, estima-se que
35% das mulheres tenha sofrido atos de violência sexual e/ou física por parte de um parceiro
íntimo ou por um desconhecido (OMS, 2013).

No entanto, e apesar da maioria dos perpetradores ser do sexo masculino, não existe um
estereótipo para o agressor. Ou seja, estes comportamentos podem ser cometidos por
qualquer indivíduo, independentemente do seu nível educacional e económico, da sua
religião e/ou posição social. Em alguns casos, o agressor pode ser conhecido da vítima e
até mesmo estar inserido no contexto familiar (e.g., cônjuge, progenitor) ou um desconhe-
cido, apesar de ser menos frequente. As motivações e a natureza do ato cometido variam
entre os agressores, estando frequentemente re-
lacionadas com a expressão de poder, controlo A nível mundial, estima-se que 35% das mu-
e domínio sobre a vítima e, em alguns casos, os lheres tenha sofrido atos de violência sexual
agressores utilizam a violência como meio de al- e/ou física por parte de um parceiro íntimo ou
cançar a gratificação sexual e/ou para descarre- por um desconhecido.
gar frustrações (Jewkes et al., 2002; OMS, 2003).

Apesar da consciente dispersão da violência sexual em todos os países, as suas taxas de


incidência e estimativas de prevalência são bastante limitadas. Tal acontece devido ao ele-
vado número de agressões sofridas que não são denunciadas às autoridades (OMS, 2003).
A não comunicação por parte da vítima às autoridades pode estar relacionada com diversos
fatores, incluindo o constrangimento, a humilhação e o medo da reação dos seus familiares
e amigos (Cabral, 2011), ou ainda ser devida à falta de confiança nos investigadores, polícias
e profissionais da área da saúde (OMS, 2003). Noutros casos, a vítima é intimidada pelo
agressor que a ameaça caso decida expor a situação. A identidade do agressor e a sua pro-
ximidade à vítima são também motivos para a não comunicação (Cabral, 2011; Vieira, 2010).
Outro fator está relacionado com a exigência do processo judicial a que vítima tem de se
expor para comprovar o sucedido e que contribui para o processo de vitimização secundária
(Cabral, 2011; Ribeiro, 2013; Vieira, 2010).

Quanto às situações de abuso de crianças ou menores, as denúncias feitas às autoridades


são ainda menores (OMS, 2003). Tal pode estar relacionado com a idade da vítima e, conse-
quentemente, com a não perceção do que realmente aconteceu e da gravidade da situação
(Vieira, 2010).

A legislação referente às situações de violência se-


xual não é universal e ainda está longe de o ser. A legislação referente às situações de violência
Existem países que possuem leis e procedimentos sexual não é universal e ainda está longe de o
ser.
legais para estes casos específicos, que investem
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parte dos seus fundos com o compromisso de


combater todas as diversas formas de violência sexual e para apoiar as suas vítimas. Nou-
tros, pelo contrário, o tratamento da questão é mais fraco, onde a definição legal de violência

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Da Cena de Crime ao Tribunal: Trajetórias e Culturas Forenses

não abrange todas as formas e circunstâncias, e as provas, quando fornecidas por mulhe-
res, não possuem o mesmo valor (Jewkes et al., 2002).

Situação em Portugal
Em Portugal, de acordo com as disposições legais, os atos violentos de natureza sexual são
considerados como crime e estão inseridos nas secções I e II do Capítulo V do livro II do

L
Código de Processo Penal (CPP) português. A secção I aborda os crimes contra a liberda-
de sexual, que incluem a coação sexual (art.º 163.º), a violação (art.º 164.º), o abuso sexual
de pessoa incapaz de resistência (art.º 165.º), o abuso de pessoa internada (art.º 166.º),

IA
a fraude sexual (art.º 167.º), a procriação artificial não consentida (art.º 168.º), o lenocínio
(art.º 169.º) e a importunação sexual (art.º 170.º).

Na secção II, são abordados os crimes contra a autodeterminação sexual, que incluem o

C
abuso sexual de crianças (art.º 171.º), o abuso sexual de menores dependentes (art.º 172.º),
os atos sexuais com adolescentes (art.º 173.º), o recurso à prostituição de menores (art.º
174.º), o lenocínio de menores (art.º 175.º), a pornografia de menores (art.º 176.º) e o alicia-
EN
mento de menores para fins sexuais (art.º 176.º).

Os crimes previstos nos art.os 163.º a 165.º, 167.º, 168.º e 170.º dependem de queixa, salvo
quando praticados contra menor ou quando resultem em suicídio ou morte da vítima. O cri-
me previsto no art.º 173.º também depende de queixa, salvo quando resultar em suicídio ou
morte do ofendido (art.º 178.º). Nestes casos, a queixa pode ser apresentada ao Ministério
Público (MP), às restantes autoridades judiciárias ou policiais e o respetivo direito perten-
D
ce ao ofendido, maior de 16 anos, ou, em caso de incapacidade, pode ser exercido pelo
seu representante legal (Pinto da Costa, 2008). Como disposto no art.º 41.º do Decreto-Lei
n.º 11/98, de 24 de janeiro, sempre que necessário, os serviços médico-legais podem rece-
FI

ber denúncias de crimes e transmiti-las, no mais curto prazo, ao MP após proceder à perícia
médico-legal e assegurar os meios de prova.

Em Portugal, para que se inicie o procedimento criminal pelos crimes dispostos nos res-
N

tantes artigos e uma vez que são considerados crimes públicos, é apenas necessária a
aquisição da notícia do crime pelas autoridades
Em Portugal, para que se inicie o procedimento judiciárias ou policiais, assim como uma denúncia
criminal pelos crimes dispostos nos restantes
O

feita por qualquer indivíduo, independentemente


artigos e uma vez que são considerados crimes
públicos, é apenas necessária a aquisição da da vontade do ofendido. Perante os crimes que ti-
notícia do crime pelas autoridades judiciárias verem conhecimento durante o exercício das suas
ou policiais, assim como uma denúncia feita funções, as entidades policiais e funcionários pú-
C

por qualquer indivíduo, independentemente da blicos são obrigados a efetuar a denúncia (Pinto da
vontade do ofendido.
Costa, 2008).

Quem praticar os atos descritos nos artigos mencionados anteriormente, é punido com pena
de prisão entre 6 meses e 10 anos, dependendo da respetiva situação. Pode ainda ser “ini-
bido do exercício do poder paternal, de tutela ou curatela e proibido do exercício de funções
que impliquem ter menores sob a sua responsabilidade, educação, tratamento ou vigilância,
durante um período de 2 dias a 15 anos” (art.º 179.º do CPP).

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Agressões Sexuais

Em termos estatísticos, durante o quinquénio 2013 a 2017, a Associação Portuguesa de


Apoio à Vítima (APAV) registou 3948 crimes de cariz sexual, tendo sido considerado como
um dos crimes mais reportados no país. A maioria das vítimas pertencia ao sexo feminino
(92%), sendo que, da totalidade dos casos de abuso a crianças, 79,1% das vítimas eram
meninas e, de entre os casos de adultos, 95,4% das vítimas eram mulheres. No que diz
respeito ao estado civil, as vítimas eram maioritariamente solteiras (36,9%) e, em relação ao
tipo de família, a maioria pertencia a um tipo de família nuclear com filhos (37,6%). Em cerca
de 95% dos casos, o autor do crime pertencia ao sexo masculino (APAV, 2018).

L
Em 2017, foram registados 1070 crimes sexuais, que resultaram num aumento de 93,5%
face ao ano de 2013. Da totalidade dos casos, em 15,5% a vítima e o autor do crime apre-

IA
sentavam uma relação familiar e 22% das situações aconteceram entre cônjuges. O tipo de
abuso mais reportado foi o abuso sexual de crianças (> 14 anos) (22,8%), seguindo-se a
violação (10,3%) e a importunação sexual (7,4%). Apenas em 63,8% das situações foi apre-
sentada queixa/denúncia junto das autoridades (APAV, 2018).

C
Perícias de criminalística biológica de âmbito sexual
EN
A criminalística é, segundo a definição descrita por Villanueva Cañadas, Acosta e Acosta
(1996), “a ciência que estuda os indícios deixados no local do delito, graças aos quais se
pode estabelecer, nos casos mais favoráveis, a identidade do criminoso e as circunstâncias
que concorreram para o referido delito”.

A criminalística biológica ocupa-se exclusivamente do estudo dos vestígios1 de natureza


D
biológica, geralmente recolhidos no local de crime, no corpo e/ou nas peças de vestuário da
vítima ou do suspeito, no sentido de identificar o transgressor através de estudos genéticos.

No âmbito da criminalística biológica, e através de técnicas de Genética e Biologia Forenses,


FI

é possível identificar o autor de uma agressão através da comparação dos perfis genéticos2
do suspeito com os perfis genéticos das amostras biológicas recolhidas. Nesse sentido,
é necessário que as amostras recolhidas possuam material genético, uma vez que o ADN
de cada indivíduo é único (à exceção dos gémeos
N

monozigóticos) e é, salvo casos raros, igual em to- A criminalística é, segundo a definição des-
crita por Villanueva Cañadas, Acosta e Acosta
das as células do organismo, sendo que, por isso, (1996), “a ciência que estuda os indícios dei-
qualquer fluido ou tecido encontrado (e.g., sangue, xados no local do delito, graças aos quais se
sémen, suor, urina, saliva, cabelo, unhas) pode ser
O

pode estabelecer, nos casos mais favoráveis,


usado para efetuar as análises de identificação ge- a identidade do criminoso e as circunstâncias
nética (Lagoa & Pinheiro, 2009). que concorreram para o referido delito”.
C

Numa investigação de agressão sexual, e sendo o principal objetivo comprovar a agres-


são, a realização do exame médico-legal e forense é essencial e indispensável. Este per-
mite a recolha de provas que podem estabelecer a ligação necessária entre o suspeito e
a vítima e/ou o local de crime, contestar álibis e/ou exonerar inocente(s) e ainda propor-
cionar informação adicional relevante para a investigação em curso que possa contestar
© PACTOR

1
Considera-se vestígio todo e qualquer elemento relativo a um alegado crime que possa ser relevante para o decorrer
de uma investigação criminal.
2
Um perfil genético é “uma descrição ou informação relativa a um determinado local ou locais do genoma de um
indivíduo” (Amorim, 2013, p. 1).

95
Da Cena de Crime ao Tribunal: Trajetórias e Culturas Forenses

ou corroborar a veracidade das declarações da vítima, do suspeito e/ou testemunhas


(Regensburguer, 2019).

Segundo a OMS (2003), antes da realização do referido exame é necessário obter o con-
sentimento informado. Em seguida, deve ser feita a análise da situação, recolhendo infor-
mação sobre o histórico médico da vítima e ainda sobre a própria agressão. O exame físico
deve ser bastante minucioso e deve incluir a classificação das lesões e o respetivo registo
fotográfico. Deve ser examinado todo o corpo da vítima, incluindo a região génito-anal, e

L
ainda recolher amostras médicas para fins de diagnóstico e amostras biológicas, que de-
vem ser rotuladas, embaladas e transportadas de

IA
Numa investigação de agressão sexual, e sen- forma a manter a cadeia de custódia das provas.
do o principal objetivo comprovar a agressão, a Quando necessário, devem ser oferecidas à víti-
realização do exame médico-legal e forense é
essencial e indispensável.
ma oportunidades de terapêutica e cuidados de
acompanhamento.

C
A colheita de amostras biológicas deve ser realizada de forma adequada, evitando a con-
taminação e/ou a perda, e tendo em consideração o sexo e idade da vítima, a tipologia da
EN
prática sexual e o tempo decorrido entre o alegado contacto sexual e o exame médico-le-
gal e forense. Para além da colheita, o sucesso dos estudos genéticos está diretamente
dependente do correto acondicionamento, preservação, conservação e transporte destas
amostras (Magalhães, Corte-Real, & Vieira, 2013).

O referido exame é efetuado na perspetiva de se obterem amostras biológicas que possam


conter células do agressor. Por esse motivo, na maioria das perícias procede-se à recolha de
D
zaragatoas da região púbica e oral (e.g., exsudado
Segundo a OMS (2003), antes da realização do vaginal, uretral, bucal e anal) e de limpeza de diver-
referido exame é necessário obter o consenti-
sas regiões da superfície corporal da vítima, de pe-
FI

mento informado.
ças de vestuário da vítima (e.g., cuecas, collants),
de peças de roupa do local onde ocorreu a alegada agressão (e.g., lençóis e cobertores) e
de outros objetos de interesse relevante (e.g., pensos higiénicos, preservativos). À vítima é
ainda recolhida uma zaragatoa com raspado de células da mucosa bucal a fim de ser utiliza-
N

da como amostra de referência da própria (Amorim, 2013).

Uma vez que a maioria destes crimes é cometida por indivíduos do sexo masculino, a pre-
O

sença de sémen é muito valorizada, quer devido à sua especial relevância para comprovar o
contacto sexual, quer para proceder à identificação do suposto agressor através da análise
do material genético. O sémen pode ser recolhido
C

O referido exame é efetuado na perspetiva de nas cavidades internas, externas e/ou nas roupas
se obterem amostras biológicas que possam
da vítima sob a forma de mancha ou fluido (dire-
conter células do agressor.
to ou na forma de mistura com outras secreções)
(Magalhães et al., 2013). Durante a procura e seleção dos vestígios, é importante ter em
consideração que a morfologia da mancha de sémen varia entre os suportes, podendo apre-
sentar-se como uma película fina na pele, como um aglomerado com textura de goma nos
pelos e, nos tecidos, como uma mancha rígida de formas variadas após a secagem (Cainé
& Pinheiro, 2008).

96
Agressões Sexuais

Os comportamentos e as práticas da vítima após a alegada agressão sexual podem interferir


ou mesmo destruir potenciais vestígios biológicos. Até à realização do exame médico-legal
e forense, a vítima não deve (Magalhães et al., 2013):

■■ Tomar banho e/ou lavar qualquer região corporal;


■■ Lavar os dentes;
■■ Limpar e/ou cortar as unhas das mãos;

L
■■ Fazer irrigação vaginal;
■■ Pentear-se;

IA
■■ Mudar de roupa e/ou lavar a roupa utilizada no momento da agressão;
■■ Urinar e/ou defecar e, se necessário, deverá fazê-lo num recipiente limpo e com tampa;
■■ Comer, beber, mascar e/ou fumar;

C
■■ Mexer na cena de crime (e.g., lavar roupas, puxar o autoclismo, esvaziar caixotes do
lixo).

Análise laboratorial do ADN


EN
No decurso das perícias de investigação de criminalística biológica, solicitadas ou não em
contexto de agressão sexual, o material biológico segue uma série de procedimentos labo-
ratoriais até à identificação do perfil genético e formalização do relatório pericial.

Após a observação e descrição do material recebido, o processo inicia-se com a realização


D
de testes preliminares para determinar a natureza da amostra biológica (ver secção “Testes
preliminares”) e, independentemente dos resultados obtidos nestes testes, prossegue-se
para a etapa seguinte, a extração de ADN (ver secção “Extração do ADN”), na qual ocorre
FI

a separação das moléculas de ADN dos restantes componentes celulares. De seguida, pro-
cede-se à quantificação do ADN disponível na(s) amostra(s) extraída(s) (ver secção “Quanti-
ficação do ADN”) e, logo depois, à amplificação da região-alvo (ver secção “Amplificação e
separação do ADN”) num termociclador. Por fim, os produtos amplificados são separados e
N

analisados (ver secção “Amplificação e separação do ADN”), permitindo obter o perfil gené-
tico da amostra biológica relativamente aos marcadores genéticos estudados.

Para as amostras de referência, o percurso laboratorial não inclui as etapas de observação


O

e descrição do material e os testes preliminares.

Testes preliminares
C

O procedimento laboratorial inicia-se com a realização de provas de orientação e de certeza,


no sentido de verificar se existe sémen ou outros vestígios biológicos, como sangue e saliva,
nas amostras recolhidas durante o exame médico-legal e forense à alegada vítima.
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Em relação à pesquisa de vestígios biológicos em peças de vestuário ou em outros suportes


(e.g., cartão, metal), procede-se à irradiação das amostras com luz ultravioleta (UV) através
de instrumentos específicos para o efeito, uma vez que, em princípio, só ocorrerá emissão

97
Da Cena de Crime ao Tribunal: Trajetórias e Culturas Forenses

de fluorescência na presença de material de origem biológica (e.g., sémen, saliva, entre


outros) (Amorim, 2013). Tal acontece devido à forte fotoluminescência característica das
proteínas presentes nestes fluidos corporais.

A saliva é uma secreção aquosa transparente e, por isso, de difícil visualização para o olho
humano. Em muitas amostras de vestígios biológicos, é realizada uma prova que verifica a
presença de amílase, uma enzima que está presente na saliva (Butler, 2005).

L
Apesar de o sangue possuir uma cor bastante característica, pode ser confundido e/ou
misturado com outras soluções de cor semelhante. Noutras situações, o transgressor pode
limpar o local de crime, numa tentativa de encobrir o acontecimento, não deixando vestígios

IA
visíveis de sangue. Para verificar a sua presença em amostras de interesse forense, recor-
re-se à atividade de peroxidase da macromolécula hemoglobina presente no sangue. Tal
envolve o uso de um agente oxidante (e.g., peróxido de hidrogénio) e de um indicador que
muda de cor (ou luminescente) que sinaliza a oxidação catalisada pela hemoglobina (Butler,

C
2005; DuPré, 1996).

Atualmente, para a pesquisa e deteção de sémen, são utilizadas metodologias de orientação


que se baseiam na visualização microscópia de espermatozoides ou na deteção de enzimas
EN
presentes no fluido seminal (Butler, 2005).

Os espermatozoides, após a adição de um corante (eritrosina amoniacal), quando observa-


dos ao microscópio apresentam a cabeça corada de vermelho e a cauda escura. No entanto,
é preciso ter em consideração que existem indivíduos que não possuem espermatozoides
(azoospérmicos), que se submeteram a uma vasectomia ou que possuem baixa contagem
de espermatozoides (oligospérmicos) no ejaculado (Butler, 2005). É, ainda, importante ter
D
em conta que, quando a ejaculação ocorre nas cavidades oral e anal, os espermatozoides
são rapidamente destruídos pelas enzimas salivares e bacterianas (Hampton, 1995). Noutros
casos, os espermatozoides podem sofrer desidratação ou estar fortemente fixados aos su-
FI

portes, dificultando a sua recolha. Por estas razões, a não deteção de espermatozoides não
deve ser determinante, ou seja, não se deve concluir a inexistência de sémen (Butler, 2005).

Das provas de orientação que utilizam a deteção de enzimas, a pesquisa de fosfatase ácida
N

é das mais utilizadas. Esta é uma enzima segregada pela próstata e encontrada em maior
concentração no sémen, mas também noutros fluidos corporais, com capacidade de hidro-
lisar grupos fosfato orgânicos em meio ácido. A deteção da sua atividade é dada pela ob-
servação de uma coloração púrpura e pode ser realizada através de tiras comerciais (Butler,
O

2005).

A deteção do antigénio prostático específico (PSA) é considerada a prova de orientação com


maior sensibilidade para a pesquisa de sémen (Khaldi, Miras, Botti, Benali, & Gromb, 2004).
C

O PSA é uma glicoproteína sintetizada pelo tecido prostático bem como por outras glândulas
(e.g., mamárias, salivares, pâncreas, entre outras) que está presente no sémen. Atualmente,
a deteção de PSA em amostras é realizada através de testes comerciais semelhantes aos
testes de gravidez (Butler, 2005). Ou seja, quando na presença de fluido seminal, é observa-
da uma linha, usualmente de coloração rosa, na janela correspondente ao resultado do teste.

Independentemente dos resultados obtidos nos testes descritos anteriormente, deverá pros-
seguir-se com a investigação genética do material recolhido a fim de identificar o agressor.

98
Agressões Sexuais

Extração do ADN

A extração do material genético presente numa


A extração do material genético presente numa
amostra biológica é considerada a etapa mais im- amostra biológica é considerada a etapa mais
portante do procedimento laboratorial. Esta tem importante do procedimento laboratorial.
como propósito isolar as moléculas de ADN de to-
dos os outros componentes celulares (e.g., proteínas) e ainda remover potenciais inibidores.

L
No contexto das perícias de criminalística biológica, alguns dos inibidores frequentemente
encontrados são a hematina em amostras de sangue, a melanina em amostras de pele e/ou
cabelo, o colagénio e o cálcio em ossos e o corante índigo em tecidos. É fundamental remo-

IA
ver todos os inibidores uma vez que estes podem interferir com as etapas seguintes da aná-
lise de ADN, nomeadamente a sua amplificação. É durante esta fase que o ADN se encontra
mais suscetível à contaminação. Consequentemente, e de forma a evitar a contaminação
cruzada, as amostras objeto de perícias distintas devem ser processadas isoladamente e

C
em separado das amostras de referência. O manuseamento e manipulação das amostras
deve ser sempre realizado com recurso a equipamento de proteção individual descartável
no sentido de evitar a introdução de ADN exógeno na amostra, bem como durante todas as
seguintes etapas laboratoriais (Butler, 2005).
EN
Para a seleção da metodologia de extração a adotar é necessário ter em conta a tipologia e
a natureza da amostra biológica, o suporte em que
se encontra e as condições a que foi exposta. No Para a seleção da metodologia de extração a
geral, o procedimento engloba a lise celular, que adotar é necessário ter em conta a tipologia e
permite a libertação das moléculas de ADN para o a natureza da amostra biológica, o suporte em
D
que se encontra e as condições a que foi ex-
meio, a separação do lisado de ADN dos restantes
posta.
componentes e o isolamento e purificação do mes-
mo (Butler, 2005).
FI

Atualmente, a extração de ADN é realizada por meio de kits comerciais e instrumentos au-
tomáticos que:

■■ Reduzem a possibilidade de contaminação;


N

■■ Permitem a obtenção de uma elevada concentração de ADN por amostra;


■■ Removem uma grande quantidade de inibidores e outras substâncias (e.g., cofatores e
O

nucleases), permitindo uma maior conservação do produto final.

Estes kits têm por base a metodologia de extração através de uma fase sólida3, em que
o ADN se liga seletivamente a uma superfície por alteração do pH do meio e os restantes
C

componentes celulares são “lavados”, permitindo a purificação do ADN. As diferenças entre


os vários kits residem essencialmente na superfície utilizada, podendo recorrer a colunas ou
partículas magnéticas, e na forma de eluição do ADN, que pode ocorrer através de centrifu-
gação ou através de um suporte magnético.
3
Técnica de separação utilizada para isolar compostos de uma solução por meio da absorção de um dos compo-
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nentes a uma superfície sólida pela qual a amostra é passada. Neste caso, podem ficar retidos na superfície sólida
os compostos de interesse ou as impurezas e inibidores presentes na mistura e, caso retenha o componente de
interesse, este é removido numa etapa adicional através da lavagem com um eluente apropriado para o efeito
(Telepchak, August, & Chaney, 2004).

99
Da Cena de Crime ao Tribunal: Trajetórias e Culturas Forenses

Quando as amostras biológicas provêm de uma alegada agressão sexual e a prova de orien-
tação indica a presença de sémen, muitos laboratórios recorrem à lise diferencial ou, como
também é designada, à extração diferencial. Este processo permite a separação entre os
espermatozoides e as células epiteliais (masculinas e femininas) através das diferenças es-
pecíficas que existem na composição das membranas dos dois tipos de células.

Quantificação do ADN

L
Sempre que possível, a quantidade e a qualidade do ADN extraído de uma amostra deve
ser verificada. O conhecimento destes parâmetros pode favorecer os resultados posteriores

IA
ou pode informar de que não será útil prosseguir a análise, nas situações em que não foi
possível obter ADN da amostra em questão.

Apesar de existirem outros métodos, em genética forense, a quantificação por Polymerase


Chain Reaction (PCR) em tempo real é a técnica de eleição, uma vez que permite avaliar,

C
simultaneamente, a quantidade e qualidade de ADN presente numa amostra. Esta técnica
permite monitorizar a acumulação do produto amplificado em tempo real através da deteção
e registo de alterações de fluorescência que ocorrem durante cada ciclo de PCR num instru-
EN
mento automático apropriado para o efeito.

Atualmente existem diversos métodos de deteção e quantificação por fluorescência em tem-


po real que permitem analisar vários parâmetros qualitativos, como o tipo de ADN (humano
ou relativo a outra espécie), o sexo (através das diferenças que existem no gene amelogeni-
na no cromossoma X e Y) e o nível de degradação do ADN.
D

Amplificação e separação do ADN


FI

A amplificação é realizada através da reação de PCR. Esta é uma técnica inicialmente des-
crita por Mullis et al. (1986), que permite gerar milhões de cópias de uma sequência especí-
fica de ADN num curto espaço de tempo. Desde então, este processo enzimático tornou-se
uma mais-valia para a comunidade forense. É bastante comum que os vestígios se encon-
N

trem expostos a fatores ambientais (e.g., temperatura, humidade, radiação), que podem
induzir alterações ao nível molecular das cadeias de ADN e, consequentemente, degradar a
amostra. Nesses casos, a utilização desta técnica possibilita a análise de amostras de baixa
qualidade e quantidade de ADN, uma vez que aumenta o número de cópias de ADN neces-
O

sárias à obtenção de um perfil genético (Butler, 2005).

Este procedimento baseia-se numa série de ciclos de aquecimento e arrefecimento que


ocorrem num termociclador e, durante cada ciclo, o número de moléculas de ADN que
C

contêm a região-alvo duplica, ocorrendo um aumento exponencial ao longo dos ciclos.


A reação pode ser feita para várias regiões-alvo em simultâneo, designando-se por reação
de PCR em multiplex.

A utilização dos kits comerciais para a amplificação do ADN por parte dos laboratórios de
genética forense foi, sem dúvida, uma enorme vantagem, principalmente por a maioria dos
kits possuir misturas pré-feitas dos componentes essenciais à PCR, o que permite simpli-
ficar todo o processo para o operador e ainda evitar possíveis contaminações durante a

100
Agressões Sexuais

preparação dos reagentes (Butler, 2005). O número de regiões-alvo varia de acordo com
a complexidade do kit e, em casos de agressão sexual, como o agressor é na maioria das
vezes do sexo masculino, é habitual escolher um kit comercial que inclua regiões específicas
do cromossoma Y para confirmar a presença de material masculino.

Os produtos de PCR constituem uma mistura de fragmentos de ADN de diversos tamanhos,


consequentemente, é necessário proceder à sua separação e deteção através de eletrofo-
rese capilar num analisador genético automático. A molécula de ADN possui carga elétrica

L
global negativa devido à sua estrutura rica em grupos fosfato. Esta, quando exposta à ação
de um campo elétrico, migra do polo negativo para o positivo ao longo da solução de polí-

IA
mero que preenche o capilar de vidro. Os polímeros em solução permitem a separação dos
fragmentos por tamanhos, pois funcionam como um crivo molecular e dificultam a passa-
gem aos fragmentos de maior tamanho. A deteção de cada fragmento é feita automatica-
mente pelo aparelho.

C
Por fim, obtém-se os perfis genéticos presentes na respetiva amostra biológica na forma
gráfica de eletroferograma. É a interpretação destes resultados que permite concluir sobre
EN
a origem de uma determinada amostra recolhida no local de crime e/ou durante o exame
médico-legal e forense, e ainda verificar se corresponde ou não à amostra de referência do
suspeito deliberado pelo tribunal.

Identificação genética: Marcadores autossómicos e


do cromossoma Y
D

O genoma humano consiste no conjunto de toda a informação genética que está contida
numa célula e engloba o genoma nuclear, presente no interior do núcleo celular, e o genoma
FI

mitocondrial, presente nas mitocôndrias que se en-


O genoma humano consiste no conjunto de
contram dispersas no citoplasma das células. Na
toda a informação genética que está contida
maioria das perícias de criminalística biológica de numa célula e engloba o genoma nuclear, pre-
N

âmbito sexual, recorre-se apenas ao ADN nuclear, sente no interior do núcleo celular, e o genoma
uma vez que o ADN mitocondrial é utilizado ape- mitocondrial, presente nas mitocôndrias que
se encontram dispersas no citoplasma das cé-
nas em situações específicas (e.g., investigação de lulas.
O

maternidade).

No núcleo das células, o ADN encontra-se fortemente compactado e revestido por proteí-
nas específicas, as histonas, que lhe conferem proteção, dando origem a complexos que
C

se designam por cromossomas. Em cada célula somática normal, o ser humano possui
23 pares de cromossomas (46 cromossomas totais) e são denominadas células diploides.
Pelo contrário, as células da linha germinal, ou gâmetas, possuem apenas um conjunto de
23 cromossomas e são designadas por haploides. O zigoto, originado da junção dos gâme-
tas feminino e masculino, é uma célula diploide e cada cromossoma integrante de um par de
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cromossomas é herdado de cada um dos progenitores (Butler, 2005).

101
Da Cena de Crime ao Tribunal: Trajetórias e Culturas Forenses

Com exceção do par sexual, os restantes 22 pares, designados por cromossomas autossó-
micos, são semelhantes em ambos os sexos e são considerados homólogos4. O par de cro-
mossomas sexuais possui características diferentes entre os sexos. Na mulher corresponde
a dois elementos idênticos morfologicamente e em estrutura genética, designados por X. No
homem, o par é constituído pelo cromossoma X e o Y, que apresentam diferenças quer a
nível morfológico quer a nível da informação genética codificada (Butler, 2005).

Nos cromossomas, a informação genética integra duas regiões distintas. A região codifi-

L
cante possui os genes que determinam a expressão de proteínas e encontra-se repartida
em sequências que codificam (exões) e outras estruturais (intrões). A região não codificante

IA
é constituída por sequências repetitivas que são imprescindíveis para a identificação de in-
divíduos, sendo nesta extensão que se encontram os marcadores genéticos com interesse
forense (Butler, 2005). Apenas 0,3% do genoma humano apresenta variações que permitem
distinguir indivíduos (Butler, 2005).

C
As variações ao nível da molécula de ADN ocorrem, principalmente, durante o processo de
divisão celular. Quando estas alterações não são corrigidas pelos mecanismos de repara-
ção e permanecem no genoma são designadas por mutações e formam uma nova variação
EN
do alelo do gene (Martins & Carvalho, 2008). Podem ocorrer tanto na região codificante do
genoma e, consequentemente, afetar os genes codificadores de proteínas e a sua função,
como na região não codificante (McInnes, Nussbaum, & Willard, 2016).

Quando as mutações não provocam mudanças funcionais e são registadas em mais do que
1% da população são denominadas polimorfismos (Martins & Carvalho, 2008; McInnes et
al., 2016). Em contexto forense, e onde o propósito é a identificação individual, utilizam-se
D
principalmente os polimorfismos do tipo Short Tandem Repeat (STR). Estes correspondem
a sequências da região não codificante do genoma e encontram-se tanto nos autossomas
como nos cromossomas sexuais (McClintock, 2014).
FI

Os marcadores STR contêm unidades repetitivas, também designadas por motivos repeti-
tivos, de dois a seis pares de bases (pb), que se repetem sucessivamente e formam repe-
tições de 50 a 300 pb num determinado locus. São classificados de acordo com o número
N

de nucleótidos5 que compõem o motivo de repetição em STR dinucleotídicos (dois nucleó-


tidos), trinucleotídicos (três nucleótidos), tetranucleotídicos (quatro nucleótidos), pentanu-
cleotídicos (cinco nucleótidos) ou hexanucleotídicos (seis nucleótidos) (Goodwin, Linacre, &
O

Hadi, 2007).

O número de vezes que o motivo se repete num determinado locus origina formas alter-
nativas e os alelos são denominados consoante o número de repetições do mesmo (e.g.,
C

4
Cromossomas homólogos são idênticos em estrutura genética e morfologia. A posição cromossómica de uma
determinada sequência de ADN, ou de um marcador genético, denomina-se locus (no plural, loci) e as formas
alternativas em que esta sequência ou marcador se pode apresentar designam-se por alelos e definem o genótipo.
Um locus designa-se por homozigótico quando os alelos presentes são idênticos. Pelo contrário, considera-se
heterozigótico quando apresenta alelos distintos. O perfil genético resulta da combinação dos genótipos obtidos
para diversos loci estudados. No âmbito da identificação genética individual, é muito importante estudar múltiplos
loci de forma a reduzir a possibilidade de correspondência aleatória entre indivíduos não relacionados (Butler, 2005).
5
Os nucleótidos são a unidade estrutural da molécula de ADN. Cada nucleótido é constituído por um grupo fosfato,
um açúcar (desoxirribose) e uma base azotada. As diferenças entre os nucleótidos residem no tipo de base azotada
e existem quatro diferentes: adenina (A), timina (T), guanina (G) e citosina (C). A cada base está associada uma letra
diferente e é com estas letras que se escreve o código genético.

102
Agressões Sexuais

repetição do motivo por cinco vezes, refere-se ao alelo 5) (Bär et al., 1997; Butler, 2009;
Goodwin et al., 2007).

Os STR são muito eficientes na identificação genética individual devido ao seu elevado
polimorfismo, pois o número de repetições do motivo é muito variável entre os indivíduos
permitindo distingui-los. No âmbito das perícias de Genética e Biologia Forenses, utilizam-
-se preferencialmente os STR tetranucleotídicos (e.g., TCTG), pois, relativamente aos di e
trinucleotídicos, têm um maior número de variações alélicas possíveis e, por originarem pro-

L
dutos de PCR de tamanho reduzido, permitem analisar amostras degradadas (Butler, 2005;
Goodwin et al., 2007).

IA
Uma vez que o principal propósito das perícias de alegada agressão sexual é a identifica-
ção do agressor e sendo que, a maioria destas transgressões é cometida por indivíduos
do sexo masculino, a análise genética deve ser complementada com marcadores específi-
cos do cromossoma Y (Y-STR). Estes marcadores

C
são exclusivos dos indivíduos do sexo masculino, Uma vez que o principal propósito das perícias
localizam-se na porção não recombinante do cro- de alegada agressão sexual é a identificação do
mossoma Y e, consequentemente, são herdados agressor e sendo que, a maioria destas trans-
gressões é cometida por indivíduos do sexo
EN
exclusivamente por via paterna. Salvo a ocorrência
de um evento mutacional, são transmitidos inte-
masculino, a análise genética deve ser comple-
mentada com marcadores específicos do cro-
gralmente de geração em geração e, por isso, são mossoma Y (Y-STR).
considerados também como marcadores de linha-
gem (Cainé & Pinheiro, 2008).

Como resultado destes crimes, são frequentemente recolhidos vestígios biológicos que con-
D
sistem em misturas de fluidos biológicos de origem feminina e masculina. Acresce que, na
maioria dos casos, existe uma maior proporção de material biológico de origem feminina, o
que pode estar relacionado com os comportamentos da vítima após a agressão sexual (ver
FI

secção “Perícias de criminalística biológica de âmbito sexual”), com as condições em que


ocorreu a agressão, com o tempo decorrido entre o delito e a colheita e/ou com o próprio
método de colheita das amostras biológicas. Nestas circunstâncias, geralmente, a análise
de marcadores autossómicos resulta na deteção preferencial do perfil do contribuidor maio-
N

ritário (feminino). Pelo contrário, o desequilíbrio entre os contribuidores não afeta a amplifi-
cação dos alelos dos Y-STR, podendo a sua utilização aumentar o sucesso da identificação
do suposto agressor através do seu haplótipo (Cainé & Pinheiro, 2008).
O

Inconvenientemente, todos os indivíduos que pertençam à mesma linhagem paterna parti-


lham a mesma informação genética e, por consequência, possuem o mesmo haplótipo. Tal
dificulta a valorização estatística da prova, uma vez que existindo correspondência entre
C

o haplótipo presente numa amostra objeto de perícia no âmbito de um processo judicial e


o haplótipo do alegado agressor, é impossível excluir como potenciais suspeitos todos os
indivíduos da mesma linhagem paterna (Cainé & Pinheiro, 2008).
© PACTOR

103
Da Cena de Crime ao Tribunal: Trajetórias e Culturas Forenses

Considerações finais
No âmbito dos crimes de natureza sexual, as conclusões obtidas através das perícias de
investigação de criminalística biológica contribuem de forma significativa para a decisão
judicial.

O sémen é, nestes casos, a amostra biológica mais analisada e é muito valorizado devido à
possibilidade de comprovar o contacto sexual e ainda permitir identificar o agressor através

L
de estudos de ADN. Ainda que, após a realização de testes preliminares seja detetada a
inexistência de espermatozoides, é muito importante prosseguir com a perícia, uma vez que
esta ausência de resultados pode estar relacionada com o facto de o indivíduo ser azoos-

IA
pérmico (ausência de espermatozoides no ejaculado seminal), a ejaculação ter ocorrido fora
das cavidades (vaginal, anal e/ou bucal), o uso de preservativo, a destruição de vestígios
masculinos através da lavagem corporal da vítima, entre outros.

C
As perícias de criminalística biológica de âmbito sexual, que têm como principal objetivo a
identificação do agressor, incluem o estudo laboratorial das amostras biológicas recebidas,
a análise e valorização dos resultados obtidos e, por último, a formalização do relatório
pericial que é comunicado ao tribunal. A análise dos resultados, que permite formalizar as
EN
conclusões a posteriori, deve sempre incluir a comparação dos perfis genéticos obtidos das
amostras biológicas sujeitas a análise com o perfil de referência da vítima e do suspeito. A
existência de correspondência (match) entre os perfis genéticos da amostra e do suspeito
conduz à valorização estatística da prova através do teorema de Bayes.

Todavia e, apesar dos notórios avanços na área da genética forense, ainda persistem alguns
D
obstáculos relativamente à identificação inequívoca do agressor no âmbito das perícias cri-
minais de alegada agressão sexual. Nestes incluem-se a interpretação de misturas despro-
porcionais, em que a grande quantidade de material biológico feminino dificulta a obtenção
do perfil genético masculino ao estudar STR autossómicos, e o baixo poder de discrimi-
FI

nação individual dos marcadores específicos do cromossoma Y que dificulta a valorização


estatística da prova quando o perfil da amostra sujeita a exame e o perfil do suspeito são
correspondentes em relação ao haplótipo do cromossoma Y, na ausência de resultados para
os marcadores autossómicos.
N
O

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