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Avaliação – Português

4º ano

Objetivo geral
Ler, produzir e interpretar contos árabes da obra As mil e uma noites.

Objetivos específicos
● Ler um texto de forma autônoma.
● Levantar hipóteses sobre o tema ou assunto desenvolvido.
● Analisar a estrutura de contos que se sobrepõem em torno de uma história principal, perceben-
do a construção de um clímax nessas narrativas.
● Esclarecer o significado de palavras desconhecidas a partir de inferência ou consulta ao dicio-
nário.
● Pensar e falar sobre a própria linguagem, em função do seu uso e de acordo com suas necessi-
dades.
● Analisar os diferentes modos de dizer e as escolhas lexicais para dar maior coerência aos tex-
tos.
● Analisar pontuação dos textos como elementos que garantem a coesão.
● Escrever contos com histórias sobrepostas.
● Apreciar e valorizar os contos árabes da obra As mil e uma noites como formas de comunica-
ção.

A TORRE DAS MIL TRISTEZAS


Um dia, faz luas e luas, a terceira esposa do califa Harun al-Rachid deu à luz uma princesa
que foi chamada de Maimara. A criança, coitada, era de uma feiura incomum e, ao crescer, esse
defeito só se acentuou. Seu pai, consternado, solicitou a opinião dos maiores médicos do Orien-
te. Uns aplicaram à garotinha cremes unguentos que inflamaram sua pele; outros mais lhe pres-
creveram tisanas que turvaram sua tez, amarelando sua língua e desbotaram seus cabelos. Em
suma, os cuidados deles não só foram inúteis como a enfearam mais ainda – se é que isso era
possível.
Diante da impotência dos remédios terrestres, o califa recorreu ao Céu. Arrecadou um
imposto para construir uma mesquita a fim de atrair as boas graças de Alá e decretou um jejum
ilimitado. De dia como de noite, preces se elevavam ao Altíssimo. Queimaram incenso, fizeram
penitência, sacrificaram cordeiros recém-nascidos, tudo em vão: a aparência da princesa não me-
lhorou, muito pelo contrário.
Quando ela fez quinze anos, sua falta de graça era tanta que, apesar do véu, ninguém
conseguia olhar para ela sem estremecer.

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Ora, um dia, uma velha apresentou-se ao califa.


“Comandante dos Crentes”, ela lhe disse, “o eco do seu infortúnio chegou a mim. Tenho
alguns dons legados por minha mãe, que era fada. Quem sabe eu poderia vir em seu socorro?”
Com o coração cheio de esperança, Harun al-Rachid levou a visitante aos aposentos de sua filha.
Depois de tê-la examinado por um longo tempo, a velha suspirou:
“Infelizmente, o mal é pior do que eu pensava. Não está em meu poder mudar o seu rosto,
minha pobre filha, a não ser, porém, quando as lágrimas o inundarem. Então, e só então, as suas
disformidades se apagarão e suas feições se tornarão agradáveis. Mas assim que suas lágrimas
secarem, você retornará à aparência habitual.”
Ao ouvir essas palavras, a princesa caiu no choro. Logo seu nariz encolheu, seus lábios
afinaram, seus olhos foram rodeados de longos cílios. Faces delicadas, um lindo queixo redondo,
uma fronte lisa e arredondada substituíram suas feições medonhas. Em suma, ela ofereceu, dian-
te dos olhos maravilhados de seu pai, o espetáculo encantador de uma beleza sem falhas.
O olhar com que ele a gratificou era tão eloquente que, sem perder um instante, Maimara
pediu um espelho. Ao ver ali seu deslumbrante reflexo, sentiu tanta alegria que suas lágrimas se-
caram. No mesmo instante, assim como a velha previra, ela voltou a ser feia. A tristeza que sentiu
a fez chorar – e, como por encanto, ficou bonita de novo. O que a alegrou, a enfeou, e assim por
diante.
Imaginam-se facilmente por que pavores passou o califa, testemunha dessas mudanças
sucessivas. Tal como fenômeno “moto-contínuo”, a alternância da beleza e da feiura da princesa
poderia durar eternamente se o pai não lhe tivesse arrancado o espelho. Então, frustrada, Maima-
ra chorou sem parar, para grande alívio do pai.
Infelizmente, quando ficou sabendo do prodígio, toda a corte quis assistir à transformação.
Os nobres se amontoavam em volta da pobre coitada, e o mecanismo infernal recomeçou. Como
os gritos de admiração provocados por sua metamorfose a consolaram, Maimara reencontrou
tanto o sorriso quanto o rosto horroroso. E esse semblante foi acolhido com exclamações de hor-
ror, que a entristeceram. E, na mesma hora, isso a embelezou. Uma chuva de aplausos saudou a
mudança.
Como é de imaginar, que se divertissem assim com a princesa não foi do agrado do califa.
Portanto, ele logo dispersou a plateia e, disposto a subtrair Maimara da curiosidade de seu círcu-
lo, mandou trancá-la numa torre alta sem porta nem janelas, tendo como única companhia uma
aia cega.
Passaram-se anos. Nenhuma visita foi distrair as reclusas, cuja comida era transportada
toda noite dentro de uma cesta presa a uma polia, que elas içavam para seu retiro. Assim, a não

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ser o escravo encarregado de abastecê-las, todos a esqueceram.


Naquele triste lugar, Maimara se aborrecia muito. Chorava sem parar e, por conseguinte,
estava sempre bela – o que, porém, não a alegrava, pois todos os espelhos tinham sido banidos
de seu ambiente. Mas nos países vizinhos correu o rumor de que no reino de Harun al-Rachid
uma princesa de beleza incomum vivia trancada numa torre – apelidada “torre das mil tristezas”
– de onde toda noite escapavam soluços, quando a moça confiava sua tristeza às estrelas. Esse
rumor chegou aos ouvidos de Omar, príncipe de Samarcanda. De temperamento ardente, ele re-
solveu soltar a cativa e torná-la sua esposa.
Portanto, partiu numa bela manhã a fim de realizar seu projeto.
Ao chegar ao pé da torre, ficou pensando como, afinal, penetraria ali, e de repente apa-
receu o escravo que levava as provisões. Quando o escravo dava um grito, a cesta descia, e ali
dentro ele colocava carnes, frutas e vinhos finos; logo que a cesta estava cheia, subia pelas nu-
vens.
Foi assim que um plano audacioso germinou no espírito do príncipe. Ele esperou até o dia
seguinte e, no momento do crepúsculo, deu o grito previsto. No mesmo instante a cesta apare-
ceu. Ele se meteu ali dentro, baixou a tampa e foi içado para o alto da torre sem que a aia, que
puxava a corda, desconfiasse da trapaça.
Qual não foi a surpresa de Maimara quando viu surgir um homem, em vez de seu jantar!
Omar, maravilhado com sua graça – bem superior a tudo o que ele imaginara! – não de-
morou a declarar-lhe sua paixão. Ora, toda noite a princesa rezava a Alá para que um belo rapaz
aparecesse e a livrasse de seu destino. Diante da realização de seu desejo, ela se mostrou trans-
figurada de felicidade… e ficou mais medonha do que nunca tinha sido. Quando lhe estendeu os
braços cheia de arrebatamento, o horror do príncipe foi tamanho que ele recuou, tropeçou, caiu
no vazio e quebrou o crânio.
A partir desse dia, a princesa ficou de luto. Chorar aquele noivo perdido tornou-se seu úni-
co objetivo, sua única ocupação. E, como andava inconsolável, desde então o pai lhe permitiu
voltar para a corte. E enquanto ela se debulhava em lágrimas, a toda hora, em qualquer lugar e
em qualquer circunstância, todos a invejavam por possuir, apesar da falta de sorte, as três coisas
a que a criatura humana mais aspira: a beleza, o amor e a liberdade.
GODULE. Contos e lendas das mil e uma noites. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 165- 172.

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De olho no texto
1. Qual era o defeito da filha do califa Harun al-Rachid?
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2. Procure no texto e liste abaixo algumas das tentativas do califa para resolver o problema da
menina:

a) recorrendo a remédios terrestres:


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b) recorrendo ao Céu:
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3. Qual a personagem que tenta ajudar o califa? O que ela faz para amenizar o problema da prin-
cesa?
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4. A partir desse encanto, explique por que começa a ocorrer a alternância da beleza e da feiura
da princesa. O encanto foi eficiente?
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5. Qual o fato que marca a vida da princesa no final, fazendo com que ela retorne ao castelo? O
que a princesa sentiu nesse momento?
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6. Esse é um conto que faz parte do livro As mil e uma noites. Se Sherazade estivesse contando
a história, iria usar um recurso para prender a atenção do rei Shariar. Que recurso seria esse?
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7. Se você tivesse que escolher um trecho da história lida para usar o recurso que Sherazade usa
para prender a atenção do rei, que trecho você escolheria? Justifique sua resposta.
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8) O autor escolheu verbos diferentes para indicar as falas das personagens. Confira:

“Comandante dos Crentes”, ela lhe disse, “o eco do seu infortúnio chegou a mim”.

Depois de tê-la examinado por um longo tempo, a velha suspirou:


“Infelizmente, o mal é pior do que eu pensava”.

Você já sabe que os verbos dicendi, ou seja, os verbos de dizer, podem ser diferentes ao longo
do texto, para transmitir o que as personagens fazem, como elas falam ou que estão fazendo. Es-

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colha verbos diferentes para colocar nos textos abaixo. Mas, atenção: os verbos precisam combi-
nar com a história!

“Comandante dos Crentes”, ela lhe _________________, “o eco do seu infortúnio chegou a mim”.

Depois de tê-la examinado por um longo tempo, a velha _______________: “Infelizmente, o mal é
pior do que eu pensava”.

Padrões da escrita
1. Releia:
“Foi assim que um plano audacioso germinou no espírito do príncipe. Ele esperou até o dia se-
guinte e, no momento do crepúsculo, deu o grito previsto. No mesmo instante a cesta apareceu.
Ele se meteu ali dentro, baixou a tampa e foi içado para o alto da torre sem que a aia, que puxava
a corda, desconfiasse da trapaça.”

2. Imagine que no trecho acima, em vez de um príncipe seriam dois príncipes. Continue o texto
abaixo fazendo as alterações necessárias.
Foi assim que um plano audacioso germinou no espírito dos príncipes.
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3. No texto os diálogos aparecem entre aspas. Transcreva os diálogos abaixo usando os traves-
sões no lugar das aspas:
Ora, um dia, uma velha apresentou-se ao califa.
“Comandante dos Crentes”, ela lhe disse, “o eco do seu infortúnio chegou a mim. Tenho alguns
dons legados por minha mãe, que era fada. Quem sabe eu poderia vir em seu socorro?”

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4. Durante este bimestre, você descobriu como se forma o plural de algumas palavras. Aplique
seus conhecimentos, reescrevendo as palavras abaixo no plural:

● princesa – _________________________
● canal – ____________________________
● atriz – _____________________________
● bagagem – _________________________

Produção de texto
Você já sabe que a obra As mil e uma noites tem uma construção especial: as histórias estão liga-
das a tal ponto que parecem nunca terminar, ou seja, são histórias dentro de outras histórias.

1. Agora a Sherazade é você! Crie uma continuação para fazer parte do livro As mil e uma noites
a partir do final da história “A torre das mil tristezas”.
2. Não se esqueça de criar uma narrativa com elementos e personagens da cultura árabe e de
criar um conflito bem emocionante para prender a atenção do sultão Shariar.
3. Quando acabar, faça uma releitura cuidadosa observando a pontuação e a escrita correta das
palavras.
4. Crie sua história a partir desse trecho que faz parte do final do conto “A torre das mil tristezas”:

A partir desse dia, a princesa ficou de luto. Chorar aquele noivo perdido tornou-se seu único obje-
tivo, sua única ocupação. E, como andava inconsolável, desde então o pai lhe permitiu voltar para
a corte. E enquanto ela se debulhava em lágrimas, a toda hora, em qualquer lugar e em qualquer
circunstância, ...
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