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CRIATIVIDADE NA ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS

INTRODUÇÃO

Você consegue se lembrar da história favorita da sua infância?


Escreva o nome da sua história favorita e leia para a sala
1. ____________________________________________

O que tornou essa história inesquecível para você?


Contar histórias é certamente uma das maneiras mais prazerosas de
ensinar e, com certeza, uma das mais eficientes. Mesmo nessa era tão ligada
em tecnologia, uma história bem contada ainda possui uma irresistível atração
em todas as idades.
Nesse treinamento vamos compartilhar algumas dicas e ideias para
aprimorar essa estratégia tão eficiente.

1 – JESUS, O CONTADOR DE HISTÓRIAS

Provavelmente o método de ensino mais usado pelo Mestre Jesus foi o


de histórias ou parábolas. Talvez seja isso que o tenha caracterizado como
mestre; as histórias que ele contou, aparentemente, são mais lembradas do que
outros ensinos dele.

Cite três histórias que Jesus contou aqui na terra;


a) _____________________
b) _____________________
c) _____________________

O método de histórias é de grande valor no ensino. Ao mesmo em tempo


que é algo concreto, apela à imaginação e atrai o interesse do ouvinte.

O objetivo deste treinamento é justamente focalizar a questão importante


que envolve criatividade na arte de contar história, para que o assunto ministrado
em sala de aula cause impacto na vida das crianças.

As histórias que Jesus contou foram o cerne de seu ensino. Price define
que as histórias podem ter três funções no ensino: atrair a atenção do aluno,
concretizar um assunto abstrato e até mesmo apresentar toda a matéria a ser
dada. “Cerca de um quarto das palavras de Jesus registradas no evangelho de
Marcos e cerca de metade das registradas por Lucas têm a forma de parábolas”.

Vamos ver três exemplos usados por Jesus usando formas diferentes de
contar a sua história, usando a criatividade:

A) Ele usa a criatividade para atrair atenção


*Um exemplo de ter Jesus usado uma história para atrair a atenção dos alunos
é aquele em que Ele narra de quatro qualidades da terra e da resposta que a
terra semeada deu ao lavrador (Mateus 13.1-9).
Jesus contou essa história e encerrou-a dizendo “quem tem ouvidos ouça”. Mais
tarde, os discípulos pediram ao Mestre a explicação da história – suas atenções
foram atraídas - e Jesus aproveitou para ensinar uma importante lição.

B) Responde à pergunta com criatividade


*Um exemplo de história usada por Jesus para aclarar um fato abstrato é a
parábola do Bom Samaritano, já mencionado em capítulos anteriores. Jesus
respondeu à indagação de certo homem contando-lhe uma história que,
provavelmente estaria clareando a verdade ideológica sobre o preconceito –
problema tão evidente dentre os judeus.

C) Ele usa a criatividade para exortar


*Um exemplo extraordinário de lição inteira dada por meio de histórias encontra-
se em Lucas 15, quando os fariseus e escribas lamentaram o fato de Jesus viver
na companhia da considerada escória da época, o Mestre respondeu a tais
críticas não com argumentos ou censura, e, sim, com três histórias – da moeda
perdida, da ovelha perdida e do filho perdido. Todos eram de grande valor, mas
estavam perdidos, dando ocasião a grande tristeza. Todos foram diligentemente
procurados e achados; e se tornaram objetos de grande regozijo. Na mesma
situação encontravam-se aqueles que conviviam com Jesus, por isso Jesus ia
até eles e usava de misericórdia. Através dessas histórias, o Mestre exortou a
atitude dos religiosos hipócritas que o criticavam. Provavelmente, se Ele não
houvesse lançado mão do método de parábolas não teria encontrado nada tão
eficiente. Jesus foi, sem dúvida, o maior contador de histórias que o mundo já
teve.

2 - O CONTADOR DE HISTÓRIAS

Que em nosso caso, geralmente é o professor, é uma pessoa muito especial.


Ele experimenta em si mesmo muitos significados com as histórias e gera grande
expectativa em seus alunos pelo conhecer e saber. Ao contar histórias ele pode
proporcionar muitos sentimentos e sensações, para isso é necessário:
• Conhecer bem a história; saber mais sobre o assunto tratado na história
• Estimular a imaginação dos ouvintes, saber dramatizar
• Transmitir confiança, motivar a atenção das crianças
• Planejar com antecedência, inovar e variar no uso dos recursos didáticos
• Contar com naturalidade e entusiasmo, modular a voz de forma audível
• Aplicar o ensino na história que os alunos as coloquem em prática.
• Analisar e avaliar como tem sido sua atuação e como as crianças reagem

3 – AS PARTES DE UMA HISTÓRIA


Zezina Bellan argumenta que:

“Cada criança atribui, para uma mesma história, um significado único para a
aprendizagem dos valores embutidos no conto, pois a vivência, os interesses e
as necessidades são individuais. A experiência daquela pequenina vida é
personalizada. A hora da história é o momento da autodescoberta. É o momento
de confrontar as carências, de admitir as perdas e partir em busca de
algo mais... A boa história é aquela que produz emoção. Porque a emoção
produz aprendizagem.”

Uma história da Bíblia narrada oralmente deve ter uma estrutura de quatro
partes essenciais que são: uma introdução, um andamento ou uma sequência
dos acontecimentos, um clímax e uma conclusão ou desfecho.

A introdução é o momento inicial em que o contador atrai atenção dos


seus ouvintes para a história. Sugestões de maneiras para começar sua história:
• Desperte a curiosidade, ou cause expectativa
• Estabeleça um ponto de contato entre a história e a vida de seu aluno
• Apresente o problema e então conte o porquê aconteceu, como foi que
chegou até ali.
• Comece com perguntas, mas controle bem o tempo, pois as respostas
das crianças podem durar muito tempo.
• Comece com uma ilustração.

O andamento é uma sequência de eventos unidos pela linha principal da


história. É uma progressão com um evento levando a outro, e assim mais perto
do clímax. Sugestões:
• Liste os eventos na ordem em que serão ensinados
• Evite detalhes longos e descritivos

O clímax é o ponto mais alto da narrativa, quando as atenções estão


extremamente voltadas para a história. Deve ser recheada de emoção. Vale
lembrar, porém, que o momento do clímax não deve ser longo, para que os
ouvintes não se dispersem.

O desfecho vem logo em seguida, visto que após a tensão do clímax a


tendência é a atenção dos ouvintes se dispersar, independentemente da idade.

4 – PARA CADA IDADE UM TIPO DE HISTÓRIA

Conforme o nível de compreensão, podemos selecionar as histórias bem


como os recursos para contá-las por faixa etária.

Porém, de forma geral quanto mais sentidos estiverem envolvidos, maior


a probabilidade de haver aprendizagem Tuler cita: “Segundo dados divulgados
pela UNESCO, a fixação do aprendizado é, em regra, de: 30% para o que se
ouve; 40% para o que se vê; 50% para o que se vê e se ouve; 70% para o que
se faz, ou seja, aquilo de que se participa diretamente. ” (pg. 42)

A criatividade é muito importante para o professor de crianças, é


necessário variar e inovar os métodos e recursos utilizados no ensino das lições
bíblicas. A Palavra de Deus não muda, mas a forma de apresentá-la é que deve
sofrer modificações.
4.1– De 7 a 8 anos

Nesta idade gostam de histórias de aventuras, humorísticas e com heróis;


anseiam por aprender algo para dividir com outras crianças. Já começam a
dominar a escrita, por isso é uma boa época para estimular a ler as histórias na
própria Bíblia. A interatividade é a palavra-chave.

Ideias que dão certo:

-Narre histórias vestindo-se do personagem principal. Certa vez uma


professora vestiu-se de Dorcas para contar a história para a classe primários.
Anos depois, uma adolescente chegou para ela e disse: eu nunca mais me
esqueci daquela história quando você se vestiu de Dorcas!)

-Narre as histórias fazendo uso de adereços e pedaços de tecido para


incluir as crianças como personagens da história

-Narre as histórias usando fantoches ou bonecos:

#de tecido

#feitos com tubos de papelão

#feitos com embalagens diversas

- Narre as histórias usando bonecos de brinquedo. Você pode usar


retalhos de tecido para vestir bonecos tipo Barbie, caracterizando-os como
personagens da Bíblia. (Atenção: não use bonecos já estereotipados como
Mickey, Mônica...pois as crianças podem pensar que esses personagens são
cristãos)

-Narre as histórias usando objetos. Você pode retirá-los de uma caixa


grande bem enfeitada, ou de dentro de um saco ornamentado. Outra ideia
interessante é o professor confeccionar um macacão ou calça cheia de bolsos
e dele retirar os objetos durante a narrativa

4.2 – De 9 a 11 anos

Apreciam narrativas de aventuras, viagens e histórias com fundo moral.


Gostam de histórias por capítulos, que sempre criam uma expectativa. Devem
ser desafiados a ler suas próprias histórias na Bíblia. Já assimilam o sentido
figurado e entendem alegorias por isso é uma boa idade para ensinar parábolas.
Algumas das sugestões acima podem ser usadas, mas podemos acrescentar
outras como:
-Narrar histórias usando mapas grandes ou globo terrestre. Nessa idade
interessam-se muito por mapas e já têm noção de espaço

-Narre as histórias com maquetes. Você pode até construir a maquete junto
com eles e depois narrar a história

-Narre as histórias usando linha do tempo para organizar fatos e


personagens

-Complemente a narrativa com um filme ou desenho da história, porém


ensine-os a comparar com o texto bíblico, pois muitas vezes o filme pode
acrescentar algo à história que não está na Bíblia. Ainda assim, é um recurso que
aproxima os alunos do contexto da época. (Certa vez os alunos assistiram a um
filme da parábola do Bom Samaritano. No final, a aluna disse: “Puxa eu sempre
ouvi a história, mas agora vendo o filme eu percebo que eu faço a mesma coisa
que o sacerdote quando vejo um mendigo na rua!”)

Álbum seriado ou flip-chart - O álbum seriado é um conjunto de folhas para


ilustrar um assunto através de desenhos, palavras, versículos, figuras, Pontos da
lição, etc... Suas páginas servem como roteiro para o professor.

5 – ALGUMAS IDEIAS PARA CONTAR HISTÓRIAS BÍBLICAS COM


CRIATIVIDADE

Cartazes
O contador as usará facilitando a visualização das crianças. Dê atenção a
sequência dos fatos. Deixe as crianças reorganizarem as figuras da história, na
ordem cronológica dos fatos.
Dobraduras
A ideia de usar o “origami”, a arte japonesa de dobraduras de papel, é muito
interessante e eficaz no ensino. Ela pode ser usada para todas as faixas etárias.
Essa técnica pode ser trazida já pronta pelo professor e usada para o momento
de contar história ou pode ser feita pelos alunos como fixação da história.
Flanelógrafo
Use um quadro de madeira, papelão, e.v.a, isopor, etc... coberto com flanela ou
feltro, onde se aderem as ilustrações das histórias que já estarão preparadas no
verso com lixa ou velcro, para aderir ao painel. Deixe as figuras posicionadas na
sequência que serão utilizadas.
Fantoches e dedoches
São bonecos movimentados pelas mãos e que podem ficar atrás de um cenário
apropriado. As crianças sempre prestam muita atenção ao que o fantoche está
falando e guardam a informação com mais facilidade. Eles devem
estar numa posição adequada, o manipulador deve exagerar nos gestos,
sincronizar voz e boca, por isso é necessário muito treino. Os dedoches são mais
apreciados por crianças pequenas e um pequeno público. O que faz com que
seus dedoches ganhem vida em suas mãos é a criatividade e a imaginação que
você usa na hora da história. Os animais de fantoche não devem se converter.
Avental
O avental para contar histórias é um excelente recurso a ser utilizado na
narração e contos. Pode ser rico em detalhes e bem colorido. Pode ter pedaços
de velcro para fixar as gravuras.
Descartáveis, Recicláveis e Sucatas
Essa técnica além de ser bonita, interessante e motivadora, ainda colabora com
a sustentabilidade do nosso planeta. O planeta pede socorro e nós podemos
colaborar com a natureza utilizando descartáveis na confecção de materiais ricos
e criativos para contar histórias bíblicas. É ético, econômico, divertido e funciona!
Objetos
Podemos utilizar objetos do dia a dia que representem os personagens. Esse
tipo de técnica torna-se muito interessante, prende a atenção dos alunos e é de
fácil preparo e execução. É só usar a criatividade para que toda história bíblica
possa ser contada com essa técnica
Dramatizações
Dramatizar a história usando alguns acessórios enquanto se conta é um recurso
que prende a atenção, encanta e ensina. Você pode ser uma influência muito
importante na vida de uma criança. Que Deus o capacite a ensinar a cada dia.

6 – Considerações finais

Vale lembrar que a escolaridade e a realidade sócio-cultural também


interferem na forma de contar histórias. Certa vez uma missionária em
Moçambique, ao dar um curso para professores de crianças, preocupava-se com
o desinteresse de uma de suas alunas. Foi então que ela descobriu que essa
professora de crianças não sabia ler nem escrever. Essa missionária mudou sua
estratégia e começou a usar gestos para ensinar sobre os livros da Bíblia e essa
aluna tornou-se a melhor aluna, memorizando todos os gestos em tempo
recorde.

Cabe ao professor, então, ser sensível a essas peculiaridades, conhecendo a


realidade de seus alunos.

Também a falta de recursos financeiros não deve ser um obstáculo para contar
história, visto que muitos materiais recicláveis podem ser reaproveitados.
Além disso, o professor deve sempre ter a história bem memorizada, pois contar
é diferente de ler uma história. Mudar tons de voz e dar emoção durante a
narrativa também à torna irresistível.

Afinal, uma história narrada de forma impactante pode fazer com que a criança
ame e tenha prazer na Palavra de Deus.

BIBLIOGRAFIA:
• TULER, Marcos. Recursos Didáticos para a Escola Dominical. Rio de
Janeiro: CPAD, 2003.
• BELLAN Zezina. História Fácil. Z3 Editora e Livrarias Ltda.

• PRICE, J. M. Pedagogia de Jesus. Editora Sabre

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