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Em “O velho e o mar” (1952), o autor Ernest Hemingway conta a história de um velho pescador que

limitado pela idade avançada, vê-se excluído da sua comunidade, contando apenas com um garoto como
verdadeiro amigo que lhe dedica toda admiração, respeito e carinho, sentimentos tais, advindos da
gratidão que o garoto sentia por ter aprendido a pescar com o bom e velho Santiago, por isto o amava e
fazia questão de ajudá-lo sempre e prover-lhe um pouco de comida e água que conseguia no vilarejo da
ilha em que moravam.
Diante dessas circunstancias, o velho Santiago vê-se obrigado a provar que ainda é capaz de
trabalhar e de superar suas limitações físicas impostas pelo tempo.
Ajudado pelo garoto Manolim, o velho prepara seu barco e parte para alto mar em busca do seu
sustento que há muito lhe proporcionava a sobrevivência, isto, de maneira extremamente precária.
Em alto mar, depois de muitas tentativas, finalmente o velho Santiago consegue fisgar um enorme
peixe-espada, e com ele, trava uma árdua luta de três dias, envolvendo paciência, maturidade e
“artimanhas”, até conseguir vencê-lo pelo cansaço.
Todavia, o velho não imaginava o que viria pela frente. Tubarões famintos, atraídos pelo cheiro do
grande peixe-espada que vinha sendo rebocado pela pequena embarcação, aproximaram-se em busca de
alimento.
Armado apenas com uma faca e um par de remos, o velho consegue livrar-se de alguns bichanos,
mas vencido pelo cansaço, pela idade, pela fome e sede, o velho entrega-se exaurido de todas as suas
forças. Os tubarões venceram, devoraram seu precioso peixe-espada, deixaram-lhe apenas a cabeça e
parte do esqueleto.
O velho Santiago consegue chegar à ilha, já à boca da noite, atraca seu barquinho e vai para sua
cabana, deita-se e dorme. Pela manhã todos os pescadores ficam surpresos e questionam entre si –
“Como o velho pôde pescar um animal tão grande?”
O pequeno Manolim corre para a cabana do velho, mas ele ainda dorme, o menino vê o tamanho
da carcaça do peixe percebendo assim, a grande batalha que o velho enfrentara em alto mar, e fica feliz
que Santiago tenha escapado vivo dessa luta. O velho acorda e meio sonolento diz ao menino que a sorte
o abandonara de vez, o garoto cheio de amor, tenta animá-lo, mas o velho já dorme novamente. O garoto,
fora da cabana, chora por ter visto o amigo Santiago alquebrantado pela dura luta de sua vida.

Resumo aleatório

Após longo sofrimento em alto mar, tentando provar sua capacidade, e, exaurido de todas as suas
forças, o velho Santiago chega à sua cabana, acabara de vir do mar. Perdera uma árdua batalha para
alguns tubarões que devoraram um enorme peixe-espada que havia pescado após vários dias em alto
mar. Sobrara apenas a carcaça do grande peixe, o qual chamou a atenção de todos os outros pescadores
pela grandiosidade de seu esqueleto e cabeça. Tal fato fizera com que todos questionassem entre si: -
Como um só homem pôde trazer à praia um peixe tão estupendo!? Não sabiam eles que o velho lutara por
àquele animal até as ultimas forças de seu corpo.
Havia enfrentado a fome, a sede e o desgaste físico até que o grande peixe-espada se rendeu ao
experiente pescador.
Santiago, ajudado pelo garoto Manolim, saíra da ilha disposto a provar que ainda poderia realizar
seu trabalho, e mostrar sue valor às pessoas da sua comunidade, pois todos o tratavam com desprezo e
preconceito pelo fato dele ser um homem velho que, de acordo com a visão dos outros pescadores da ilha,
não servia mais para nada.
Santiago passou três dias de vigília e de luta com o bichano, enfrentado a fome, a sede, o calor do
dia e o frio da noite até que o peixe-espada rendeu-se à sua perspicácia de pescador antigo e conhecedor
das artimanhas do mar.
  
Análise psicológica das personagens

O velho Santiago - Durante todo o tempo em que o velho ficou no mar, deixava vir à tona o diálogo
consigo mesmo, onde, de maneira franca, expunha um misto de medo e coragem, seus valores
psicológicos e sua vontade de superação. O diálogo se dava também com o mar, com céu, com as aves,
com o peixe que pescara e, principalmente, com o seu próprio corpo já surrado e cicatrizado pela dura lida
de sua tarefa, herança de toda uma vida dedicada à arte da pesca.
Na medida em que o combate se desenvolve, o leitor vai embarcando no monólogo interior de
Santiago, em suas dúvidas e angústias e, com as mãos úmidas de sangue o pobre homem, apela para
que a sorte não o abandone. Por fim, o peixe dobra-se à força do pescador. Mas a vitória (ou derrota?)
não está completa – surgem os tubarões, e, em pleno alto mar, trava-se um duelo entre um homem
exaurido de suas forças, mas com o poder de raciocínio, versus o instinto animalesco de ferozes tubarões,
ávidos pela preciosa pesca do velho Santiago.
A persistência e a coragem formam a tônica do caráter desse velho, o amor e a saudade do garoto
que já não o acompanha naquele momento de desespero e de dor, aliados à necessidade de se impor
diante dos outros pescadores, contribuem marcadamente para que o velho lute até quedar exangue,
todavia, ciente de que dera o melhor de si, entregou-se totalmente. Eis a vitória de velho Santiago.

O garoto Manolim – A gratidão e o respeito são a base em que se fundamenta o amor de Manolim
pelo velho Santiago. Tudo isto expressa-se em atitudes de ajuda para proporcionar ao velho amigo, algum
lenitivo que lhe alivie um pouco o sofrimento impostos pela vida. Humildade, bondade e otimismo selam o
marco de amizade entre os dois amigos.
  
O velho e o mar: influência nos dias atuais

O homem hodierno vive num mar de influências onde o que vale é o consumismo, a exploração do
homem pelo homem, a mentira em detrimento da verdade, o famoso “salve-se quem puder”. Todavia o
que nos acalenta é saber que existem, ainda, pessoas que conservam bons hábitos como o da leitura
sadia, onde se pode conhecer as melhores personagens da história que, por intermédio de sua literatura,
puderam exercer algum tipo de influencia positiva na vida de muita gente sedenta por conhecimento e,
acima de tudo, exemplo de caráter, coragem e determinação. É o caso do texto “O velho e o mar” de Ernst
Hemingway.
O autor mostra um texto que nos apresenta a transversatilidade de tempo, onde, o passado e o
presente, misturam-se num só tempo, levando-nos, muitas vezes, a visualizarmos as cenas em que se
desenrola o enredo, como se estivesse acontecendo nos dias de atuais.
Paralelamente à história de Hemingway, o que vemos nos dias de hoje, é uma luta ferrenha pela
sobrevivência da maioria da população brasileira, especialmente os menos favorecidos que buscam
ascender na escala social. Inserida nessa luta, estão os que já passaram dos cinqüenta anos que, no
oceano de desilusões em que estão à deriva e, de acordo com os paradigmas da sociedade hipócrita e
excludente, já tornaram-se obsoletos. O velho Santiago está tão presente em nossos dias como no livro de
Hernest. Podemos vê-los abandonados nos abrigos, nas praças, embaixo dos viadutos e nas calçadas de
nossas cidades. O garoto Manolim está em cada coração bondoso e caridoso que, mesmo sem ter
condições, busca dentro de suas possibilidades, amenizar o sofrimento dos muitos Velhos Santiagos dos
nossos dias.
Todos deveriam ler O velho e o mar, e dele tirar o exemplo de coragem força e determinação. Do
garoto, tirar o exemplo de gratidão, respeito pelos mais velhos, amor e caridade por aqueles que não têm
do que viver. Por essas e outras, Ernest Hemingway se fez um imortal. Um dos grandes vultos do século
XX, um escritor que certamente será lembrado daqui a outros 100 anos, ao lado, por exemplo, do irlandês
James Joyce, de quem foi vizinho quando morou em Paris pela primeira vez. E quando algum crítico
afobado ou presunçoso criticar o mestre por uma publicação póstuma certamente desautorizada, é bom
saber que nem mesmo o rugido dos leões será capaz de silenciar os sinos que hoje dobram por ele.

A época do autor

O ano em que o autor produziu “O velho e o mar”, os Estados Unidos passavam por
acontecimentos marcantes para a história daquele país. A morte de Vincenzo Capone (irmão de Al
Capone); o presidente Truman estabelece a National Security Agency; Ovinis são vistos e fotografados em
New York; o psicopedagogo Jean Piaget publica “Origens da inteligência na Criança”; John F. Kendy
presta juramento como senador no Congresso Americano e a Morte do boxeador norte-americano Jim
Jeffries. Como observamos, o ano de 1952 trouxe para aquele país, fatos que possivelmente não
influenciaram Hemingway a escrever o seu Velho e o mar. Acreditamos que sua influencia maior tenha
sido a infância conturbada por ter vivido em meio aos pobres, o pai era médico e clinicava em bairros
carentes e, vendo de perto a necessidade dos que o cercavam, levou consigo a imagem da carência
humana que, mais tarde, se expressariam no velho Santiago, e no garoto Manolim. 

A mensagem de Ernest Hemingway

O autor passa para nós leitores, os valores de coragem, respeito, amor e compaixão, sentimentos
que nos dias de hoje estão cada vez mais difíceis de encontrarmos. Talvez, influenciado por sua família
Hemingway tenha se revelado nesse trabalho. Exposto a todos, o seu Eu interior, sua vontade de que
fossemos todos gentis, caridosos e amáveis uns com os outros. Ele nos deixa transparecer seu medo de
que as pessoas um dia, o vissem como um velho (ou como o velho Santiago) que não pudesse produzir
mais. A sua vontade de mostrar que o velho também (ou ainda) tem seu valor, porque já deu a sua parcela
de colaboração à sociedade, aparece nas entrelinhas de suas história.
Esse fato pode ser a resposta de tantas incógnitas levantadas sobre o porquê, do autor ter se
suicidado, ou seja, depois de velho, ou por não aceitar seu estado de velhice, ele tenha cometido tal ato.
Todavia o que conta mesmo não é o ato do suicídio em si, mas a mensagem que ele nos deixa
sobre os valores interiores que um ser humano deve ter em seu convívio com colegas, amigos e
desconhecidos. Oxalá que todos possam entender a mensagem do “Velho e o mar” para que o mundo se
torne cada vez melhor.

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