Era de macieiras e o fruto apelava ao pecado... No frio muro de pedra a mulher permitiu entrar Na sua solidão aquele tentador perfume inusitado. Pecar ou não pecar, eis a questão! Porém, sentindo o frio do muro permaneceu Com olhos e mente em deambulação... Um cesto com o fruto proibido à cabeça ergueu E da sombra do lago apreciou a frescura, Transfigurando-se em ninfa do lago desnudada Que ao artista escultor insinuou sua formosura Segredando-lhe a sua solidão, emocionada. De imediato. o artista a salamandra esculpiu Que para ela voltava o olhar com estupefação Enquanto a libelinha a água do poço fruiu E o casal de besouros grávidos de inspiração Sobre uma folha zumbiam em sintonia. As formas de dois peixes surgiram modelados Na mente do escultor, repletos de harmonia Que logo os cinzelou com toques delicados; Depois a linguagem das flores lembrando Uma orquídea branca num vaso criou Também uma hera um caule trepando E ainda uma planta em flor delineou, Todas femininas figuras, símbolo de fertilidade. As pedras falam? Claro que falam! Guardam segredos e histórias mil. Entre pedras deambulei Suas histórias escutei E em versos sem métrica Escrevi a sua poesia. Só, estou agora.