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A FORMA DA PEDRA

Escutava-se o silêncio -se no original pomar


Era de macieiras e o fruto apelava ao pecado...
No frio muro de pedra a mulher permitiu entrar
Na sua solidão aquele tentador perfume inusitado.
Pecar ou não pecar, eis a questão!
Porém, sentindo o frio do muro permaneceu
Com olhos e mente em deambulação...
Um cesto com o fruto proibido à cabeça ergueu
E da sombra do lago apreciou a frescura,
Transfigurando-se em ninfa do lago desnudada
Que ao artista escultor insinuou sua formosura
Segredando-lhe a sua solidão, emocionada.
De imediato. o artista a salamandra esculpiu
Que para ela voltava o olhar com estupefação
Enquanto a libelinha a água do poço fruiu
E o casal de besouros grávidos de inspiração
Sobre uma folha zumbiam em sintonia.
As formas de dois peixes surgiram modelados
Na mente do escultor, repletos de harmonia
Que logo os cinzelou com toques delicados;
Depois a linguagem das flores lembrando
Uma orquídea branca num vaso criou
Também uma hera um caule trepando
E ainda uma planta em flor delineou,
Todas femininas figuras, símbolo de fertilidade.
As pedras falam? Claro que falam!
Guardam segredos e histórias mil.
Entre pedras deambulei
Suas histórias escutei
E em versos sem métrica
Escrevi a sua poesia.
Só, estou agora.

Marta Oliveira Santos


P.V.24/10/2022

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