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SEXO E EVOLUÇÃO
Segundo a teoria da seleção natural características que são adaptativas, isto é, que
aumentam a chance de um organismo sobreviver e se reproduzir, tendem a ser
mantidas ao longo do processo evolutivo, enquanto as deletérias, que fazem o oposto,
tendem a ser eliminadas. Entretanto, existem vários casos na natureza de organismos
que possuem características para as quais seria razoável esperar que fossem
eliminadas pela seleção natural. Várias dessas características são encontradas com
frequência em apenas um dos sexos (mais comumente em machos) e Darwin as
chamou de caracteres sexuais secundários. Diferentemente dos caracteres sexuais
primários (como a genitália), os secundários não são essenciais para cruzar, mas
possuem alguma importância para a reprodução.
A reprodução sexuada tem custo, este custo é uma consequência do fato de que
somente metade do material genético de cada indivíduo produzido vem de cada um
dos pais. Um exemplo clássico é a cauda ornamentada do pavão, encontrada apenas
nos machos da espécie. Aparentemente ela é bastante custosa de ser mantida, pois
reduz a mobilidade e a capacidade de voar, torna a ave mais visível (e
consequentemente suscetível a predadores) e provavelmente deve ter um elevado
custo energético.Darwin explicou a evolução dessas características aparentemente
desvantajosas presentes em apenas um dos sexos pela teoria da seleção sexual: nestes
casos a sobrevivência reduzida seria compensada por fornecer uma maior vantagem
reprodutiva. No caso do pavão, apesar de a cauda oferecer desvantagens à
sobrevivência do macho, as fêmeas preferem os machos com caudas longas e vistosas.
A razão sexual dos filhotes é modificada pela seleção natural, onde o dimorfismo
sexual (diferenças entre machos e fêmeas) pode ser mais ou menos acentuado
dependendo do sistema de acasalamento da espécie, o que sugere a importância da
seleção sexual. Em espécies poligâmicas, em que indivíduos de um dos sexos cruzam
com vários parceiros do sexo oposto, as diferenças entre os sexos tendem a ser mais
marcantes. Nas espécies poligínicas (em que um mesmo macho cruza com várias
fêmeas) a seleção atua a favor de características que favoreçam o acesso dos machos
às fêmeas. Já nas poliândricas, em que as fêmeas competem pelos machos, a seleção
sexual é invertida e as fêmeas tendem a ser mais chamativas, porém estes casos são
mais raros.